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Esta revista faz parte integrante da edição 1402, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011 do JORNAL DE LERIA e não po<strong>de</strong> ser vendida separadamente


COMÉRCIO INTERNACIONALPAINEL DOS EMPRESÁRIOSENTREVISTAS■ Rui Filinto, director-geral do grupo Key Plastics■ Carlos Gouveia, director-geral da Schaeffler,■ Marcelo Sousa, director-executivo da Matcerâmica■ José Leitão Amaro, presi<strong>de</strong>nte do Grupo DerovoBONS EXEMPLOS: DE LEIRIA PARA OMUNDOOUTROS PRODUTOS:CONHECIMENTO, ARTE E TECNOLOGIAMAIS INTERNACIONAISA IMAGEM DE PORTUGAL NO MUNDOEMPRESÁRIOS ACONSELHAMCONHECIMENTO PROFUNDODOS PAÍSESENERGIAS RENOVÁVEIS E ENGENHARIASUBAQUÁTICA ASSUMEM DESTAQUENERLEI APOIA EMPRESAS QUE QUEREMINTERNACIONALIZAR-SEEDITORIALNuma altura em que as dificulda<strong>de</strong>s sãoimensas e o pessimismo <strong>de</strong> muitos portuguesestem aumentado em proporção inversaà auto-estima, é sempre bom terconhecimento <strong>de</strong> projectos que têm alcançadoêxito e perceber que é possível superaras adversida<strong>de</strong>s. Ou seja, apesar <strong>de</strong>normalmente serem as noticias negativas <strong>de</strong>encerramento <strong>de</strong> empresas e <strong>de</strong> pessoas acair no <strong>de</strong>semprego a ter mais eco na comunicaçãosocial, contribuindo para inundara população <strong>de</strong> anti-<strong>de</strong>pressivos, averda<strong>de</strong> é que também temos, em váriossectores, muitas empresas altamente inovadorase competitivas no mercado global,conseguindo, algumas <strong>de</strong>las,exportar praticamente a totalida<strong>de</strong> da suaprodução.São vários os exemplos disso mesmo nodistrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, contribuindo para queesta região seja exce<strong>de</strong>ntária em termos<strong>de</strong> comércio internacional e possibilitandoque as exportações tenham crescido41% nos últimos cinco anos, aumentandoo seu peso no contexto nacionalem 0.5% no mesmo período.Estes factos <strong>de</strong>vem ser merecedores <strong>de</strong>orgulho e admiração, ainda para mais sabendo-seque as empresas do distrito <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> sempre se <strong>de</strong>senvolveram fora dasombra do Estado, pouco beneficiando<strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> subsídio ou apoiosmais institucionais.No fundo, o <strong>de</strong>senvolvimento do tecidoempresarial do distrito e a qualificação ediferenciação <strong>de</strong> muitas das suas empresastêm acontecido mais por iniciativa individuale pelas características empreen<strong>de</strong>doras<strong>de</strong> muitos empresários do que peloproteccionismo e subsidio<strong>de</strong>pendênciaque são observados noutros pontos doPaís, principalmente em Lisboa.Como se po<strong>de</strong> perceber por alguns dostrabalhos publicados nesta revista, muitosdos empresários <strong>de</strong>sta região não esperaramque fossem criadas as agências <strong>de</strong>apoio à internacionalização ou qualquertipo <strong>de</strong> diplomacia direccionada para aeconomia para se fazerem ao mundo.Antes do fenómeno da globalização, muitosjá colocavam os seus produtos nosmais diversos mercados, mesmo nos maisfechados e <strong>de</strong> difícil acesso, como nos antigospaíses comunistas do Leste europeu.É essa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antecipaçãodos acontecimentos e <strong>de</strong> pensamento estratégico,que tanto tem faltado na economiaportuguesa, que permitiu que hojetenhamos no distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> empresáriosque começaram do nada a li<strong>de</strong>rar empresassólidas, com produtos inovadorese altamente competitivos. Produtos essesque contribuem verda<strong>de</strong>iramente paraatenuar o défice da balança comercial nacional,ao contrário dos produtos nãotransaccionáveis que têm sido, erradamente,a gran<strong>de</strong> aposta da economia portuguesanas últimas duas décadas. ■João NazárioFicha Técnica:Edição: Jorlis - Edições e Publicações, Lda. . Director: José Ribeiro Vieira . Coor<strong>de</strong>nação: João Nazário . Redacção: Célia Marques, Helena Silva, Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong> . ServiçosComerciais: Ferreira Branco, Rui Pereira . Projecto Gráfico: Marta Silvério . Paginação: Isilda Trinda<strong>de</strong>, Rita Carlos . Impressão: Multiponto . Tiragem: 15.000 . N.º<strong>de</strong> Registo 109980 . Depósito Legal n.º 5628/84 . Distribuição: <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, Edição n.º 1402 <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011.MAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 3


COMÉRCIOINTERNACIONALMARINHA GRANDE É A GRANDEMOLA DO COMÉRCIO INTERNACIONALDO DISTRITOA Marinha Gran<strong>de</strong> é a gran<strong>de</strong> mola impulsionadora do comércio internacional no distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. A tradição fortemente exportadoramantém-se e sobrepõe-se em muito ao volume <strong>de</strong> compras ao exterior. Os números estão aí para o comprovar.DRA Marinha Gran<strong>de</strong> é, <strong>de</strong> longe, o concelhoque mais contribui para a situação favoráveldo comércio internacional do distrito, aoapresentar um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 251 milhões<strong>de</strong> euros cerca <strong>de</strong> 93% do saldo comercial<strong>de</strong> 265 milhões <strong>de</strong> euros do distrito naqueleperíodo.Embora o concelho <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> tenha tambémum forte contributo para as exportações(exporta 313 milhões <strong>de</strong> euros, muitopróximo dos 366 milhões <strong>de</strong> euros vendidospela Marinha Gran<strong>de</strong>), o seu pendormais importador (importa 443 milhões <strong>de</strong>euros, face a apenas 115 milhões <strong>de</strong> eurosda Marinha Gran<strong>de</strong>), conduzem o concelhoa um défice comercial <strong>de</strong> 129 milhões <strong>de</strong>euros, o maior do distrito.De salientar, no entanto, que tanto o concelho<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, como o da Marinha Gran<strong>de</strong>viram o seu saldo comercial melhorar nosúltimos cinco anos (em 75 e 112 milhões <strong>de</strong>euros, respectivamente) e ambos em resultado<strong>de</strong> uma subida <strong>de</strong> quase 50% nas suasexportações, face a uma ascensão poucosignificativa das suas compras ao exterior.O segundo maior exce<strong>de</strong>nte comercial, aseguir à Marinha Gran<strong>de</strong>, pertence a Porto<strong>de</strong> Mós (39 milhões <strong>de</strong> euros), seguido <strong>de</strong>Peniche (31 milhões <strong>de</strong> euros). Dos 16 concelhosdo distrito, apenas três apresentamdéfice comercial: <strong>Leiria</strong> (-129 milhões <strong>de</strong>euros), Nazaré (-13 milhões <strong>de</strong> euros) e Batalha(-5 milhões <strong>de</strong> euros).Espanha surge como principal <strong>de</strong>stino ex-A MARINHA GRANDE É, DELONGE, O CONCELHOQUE MAIS CONTRIBUI PARAA SITUAÇÃO FAVORÁVELDO COMÉRCIO INTERNACIO-NAL DO DISTRITO,AO APRESENTAR UM EXCE-DENTE DE 251 MILHÕESDE EUROS EM 20104. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


COMÉRCIOINTERNACIONALportador em oito dos concelhos, sendo interessanteconstatar que o Brasil surgecomo principal mercado <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong>Óbidos e do Bombarral, ao absorver mais<strong>de</strong> 80% das vendas ao exterior daquelesconcelhos, tratando-se, em ambos os concelhos,<strong>de</strong> produtos Vegetais, nomeadamentefruta. Ainda assim, o concelho daMarinha Gran<strong>de</strong> é o que mais contribuipara as vendas do distrito para fora daUnião Europeia.<strong>Leiria</strong> tem sexto melhor saldo comercialdo paísEm 2010, o distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> apresentou osexto melhor saldo comercial do país, a seguira Aveiro, Braga, Coimbra, Setúbal eBeja, este último não tanto pelo contributodas exportações, mas pelo reduzido nível<strong>de</strong> importações, ou não fosse o distrito portuguêsque menos importa. Coimbra – queexporta pouco mais que <strong>Leiria</strong> e tem as exportaçõesconcentradas em 60% na indústriada pasta e papel – ultrapassa a cida<strong>de</strong>do Lis em matéria <strong>de</strong> saldo comercial, sobretudopelo lado das importações, umavez que compra ao exterior menos umterço que <strong>Leiria</strong>.A explicação para o posicionamento <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> no ranking, po<strong>de</strong>rá estar, segundoMárcio Lopes, docente <strong>de</strong> Economia naESTG, no facto do valor acrescentado dosprodutos exportados pelo distrito não sermuito elevado. «O valor acrescentado danossa indústria é médio. Coimbra, porexemplo, exporta sobretudo papel, que éuma das indústrias <strong>de</strong> maior valor acrescentadoem Portugal, uma vez que a ca<strong>de</strong>ia<strong>de</strong> valor é quase totalmente nacional,da matéria-prima ao papel», explica.Neste conjunto dos seis distritos com melhorsaldo comercial, <strong>Leiria</strong> é o quinto quemais contribui para as exportações nacionaise o terceiro que menos contribuipara as importações, logo a seguir a Bejae Coimbra.Centrando ainda a análise nos seis distritoscom melhor saldo comercial, constata-seque <strong>Leiria</strong> foi o segundo queregistou a melhor performance neste indicadorentre 2005 e 2010, tendo-o vistoprogredir em 265 milhões <strong>de</strong> euros, faceaos 585 milhões <strong>de</strong> euros <strong>de</strong> Aveiro.No que toca à análise dos distritos quemais exportaram, <strong>Leiria</strong> ocupava no final<strong>de</strong> 2010, a sétima posição, tendo à suafrente os distritos <strong>de</strong> Lisboa, Porto,Aveiro, Setúbal, Braga e Coimbra. Estessete distritos, por si só, são responsáveispor 87% das exportações portuguesas.Do grupo dos sete distritos mais exportadores,<strong>Leiria</strong> foi o que registou a segundamaior subida <strong>de</strong> exportações entre2005 e 2010 (+41%), a seguir a Lisboa(+51%).▼▼▼EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL POR CONCELHOConcelho Exportações 2010 % Distrito Var. Exp. Importações 2010 % Distrito Saldo comerc. 2010Alcobaça 135.576.237 11% 21% 118.020.435 12% 17.555.802Alvaiázere 287.810 0% 33% 133.245 0% 154.565Ansião 19.228.954 2% -10% 16.828.008 2% 2.400.946Batalha 40.180.592 3% -13% 45.544.165 5% -5.363.573Bombarral 22.358.381 2% 118% 8.146.745 1% 14.211.636Caldas Rainha 80.897.659 6% 14% 64.067.029 6% 16.830.630Castanheira Pêra 1.615.753 0% -45% 807.735 0% 808.018Figueiró Vinhos 1.238.879 0% 121% 13.253 0% 1.225.626<strong>Leiria</strong> 313.409.916 25% 49% 442.809.224 45% -129.399.308Marinha Gran<strong>de</strong> 366.338.290 29% 48% 115.059.186 12% 251.279.104Nazaré 2.712.165 0% -19% 15.245.672 2% -12.533.507Óbidos 10.671.435 1% 16% 8.513.940 1% 2.157.495Pedrógão Gran<strong>de</strong> 12.126.558 1% 1213% 2.265 0% 12.124.293Peniche 76.358.134 6% 65% 45.245.432 5% 31.112.702Pombal 103.680.413 8% 51% 76.515.934 8% 27.164.479Porto <strong>de</strong> Mós 70.190.607 6% 62% 30.734.289 3% 39.456.318Fonte INE; valores em euros salvo indicação em contrário, análise a preços correntesPUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 5


COMÉRCIOINTERNACIONALMáquinas e mol<strong>de</strong>s na li<strong>de</strong>rançaE que exporta o distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>? Vamosa produtos. Em 2010, o lugar cimeiro pertenciaà secção <strong>de</strong> Máquinas, Aparelhos eMol<strong>de</strong>s, que foi responsável por 20% dasexportações do distrito.O segundo conjunto <strong>de</strong> produtos mais exportadospertence à secção <strong>de</strong> Pedra, Cerâmicae Vidro, que apesar <strong>de</strong> ter caído 4%face aos cinco anos anteriores, representaESTATÍSTICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DO DISTRITO DE LEIRIA2010 Var. 2005/2010Exportações 1.256.871.783 41%Peso das exportações no total nacional 3,4% 0,5%Exportações extra-comunitárias 289.177.826 80%Peso das exportações extra-comunitárias no total do distrito 23% 18%Importações 987.686.557 11%Peso das Importações no total nacional 2% 0%Saldo da Balança Comercial 269.185.226 6950%EXPORTAÇÕES DO DISTRITO DE LEIRIA POR SECÇÃOSecção 2010 Var. 2005/2010 Peso nas Exp. Extra U.EMáquinas, Aparelhos e Mol<strong>de</strong>s 250.178.810 16% 20% 28%Pedra, Cerâmica e Vidro 203.029.905 -4% 16% 20%Plástico 188.115.519 77% 15% 18%Metais 163.632.015 140% 13% 31%Indústria Alimentar e Bebidas 74.875.703 303% 6% 12%Indústria Quimica e Conexa 69.449.396 75% 5% 11%Produtos Reino Vegetal 66.732.534 89% 5% 28%Material <strong>de</strong> Transporte 46.435.242 91% 4% 31%Animais e Produtos do Reino animal 39.762.728 -18% 3% 18%Calçado 37.516.045 29% 3% 7%Têxteis 30.108.453 -29% 2% 14%Ma<strong>de</strong>ira 26.533.410 71% 2% 19%IMPORTAÇÕES DO DISTRITO DE LEIRIA POR SECÇÃOSecção 2010 Var. 2005/2010 Peso nas Imp.Plástico 204.815.551 38% 21%Máquinas, Aparelhos e Mol<strong>de</strong>s 147.188.289 -9% 15%Metais 112.768.148 -7% 11%Indústria Química e Conexa 102.483.384 156% 10%Produtos Reino Vegetal 70.814.365 41% 7%Animais e Produtos do Reino animal 69.312.718 2% 7%Material <strong>de</strong> Transporte 54.274.177 0% 5%Têxteis 51.986.747 -7% 5%Indústria Alimentar e Bebidas 33.952.592 112% 3%Ma<strong>de</strong>ira 27.348.403 -13% 3%Pedra, Cerâmica, Cimento e Vidro 23.754.372 -34% 2%Calçado 21.218.421 -5% 2%Fonte INE; valores em euros salvo indicação em contrário, análise a preços correntesainda 16% das exportações do distrito. Oterceiro lugar pertence ao Plástico (15%) eo quarto aos metais (13%).A maior subida entre as secções mais exportadasregistou-se no sector da IndústriaAlimentar e Bebidas, que cresceu mais<strong>de</strong> 300%, seguida dos Metais, que subiram140%, <strong>de</strong>stacando-se ainda a evolução positivadas secções <strong>de</strong> Material <strong>de</strong> Transporte(91%), Produtos Vegetais (89%),Plástico (77%) e Produtos da Indústria Químicae Conexa (74%).As maiores quedas, por seu lado, pertencemao sector dos Têxteis (-29%), seguidodos Animais e Produtos do Reino Animal (-18%) e Pedra, Cerâmica e Vidro (-4%).<strong>Leiria</strong> aproveita ciclo ascen<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> Angola e BrasilNo que toca a <strong>de</strong>stinos <strong>de</strong> exportação,Espanha, Alemanha e França figuram notopo do ranking, a beneficiar da proximida<strong>de</strong>geográfica a Portugal. No seu conjunto,estes países absorvem mais <strong>de</strong> 60%das exportações do distrito e aumentaram,nos últimos cinco anos e a taxasentre os 40 e os 50%, o volume <strong>de</strong> comprasque fazem no distrito.Em quarto lugar enquanto <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> exportaçãosurge Angola, país para o qualas exportações do distrito cresceram378% nos últimos cinco anos. De <strong>de</strong>stacartambém o Brasil, que passou a absorver2% das exportações do distrito,resultado <strong>de</strong> uma subida <strong>de</strong> vendas paraaquele país na or<strong>de</strong>m dos 270% nos últimoscinco anos. O mesmo suce<strong>de</strong>u com<strong>de</strong>stinos como Marrocos e Hong Kong,que apesar <strong>de</strong> absorverem (cada um)apenas 1% das exportações <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, registaramuma subida <strong>de</strong> 113% e 510%,respectivamente, entre 2005 e 2010.«Apesar <strong>de</strong> haver ainda uma forte prepon<strong>de</strong>rânciado mercado espanhol nocomércio internacional do distrito, o tecidoempresarial aproveitou, nos últimosanos, o ciclo positivo <strong>de</strong> países como Angola,Brasil e Hong Kong para diversificaros mercados <strong>de</strong> exportação», justificaMárcio Lopes.O resultado <strong>de</strong>ste esforço <strong>de</strong> diversificação<strong>de</strong> mercados está patente na evoluçãodas exportações extracomunitáriasno distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, que subiram 80%entre 2005 e 2010 (muito acima da subida<strong>de</strong> 48% registada no país), passando a representar23% do total vendas ao exterior.As secções que, em termos percentuais,mais produto colocam fora da União Europeia,são as <strong>de</strong> Material <strong>de</strong> Transporte(31%), Metais (31%), Produtos Vegetais(28%) e Máquinas Aparelhos e Mol<strong>de</strong>s(28%).Ainda em matéria <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> exportações,<strong>de</strong>staque para as quedas registadas▼▼▼6. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


COMÉRCIOINTERNACIONALEVOLUÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL POR DISTRITO ENTRE 2005 E 2010Distrito Saldo Comerc. 2010 Var. 2005/2010 Exportações 2010 Var. 2005/2010 Importações 2010 Var. 2005/2010Aveiro 1.739.602.060 585.053.829 4.762.075.537 14% 3.022.473.477 0%Braga 1.723.010.319 201.392.896 3.887.830.053 13% 2.164.819.734 13%Coimbra 674.285.546 213.395.189 1.362.177.369 39% 687.891.823 33%Setúbal 582.483.531 -12.376.179 3.963.352.522 17% 3.380.868.991 22%Beja 391.157.992 158.871.736 460.797.666 66% 69.639.674 53%<strong>Leiria</strong> 269.185.226 265.367.124 1.256.871.783 41% 987.686.557 11%Viseu 189.991.303 48.228.050 1.021.573.688 15% 831.582.385 11%Évora 187.969.387 -5.368.387 389.429.187 15% 201.459.800 40%Castelo Branco 182.422.188 45.771.337 301.941.883 29% 119.519.695 24%Viana Castelo 138.325.880 -47.371.032 956.071.828 40% 817.745.948 65%Bragança 135.653.191 132.044.753 257.633.849 462% 121.980.658 189%Vila Real 648.903 -14.397.118 47.814.040 -34% 47.165.137 -18%Guarda -8.953.655 -14.473.211 184.862.307 80% 193.815.962 99%Portalegre -19.750.128 -5.975.431 138.120.576 9% 157.870.704 13%Açores -75.311.595 -24.461.500 74.535.009 82% 149.846.604 63%Ma<strong>de</strong>ira -80.700.040 -216.398.509 54.998.429 -81% 135.698.469 -14%Faro -106.886.411 -25.841.012 81.718.030 5% 188.604.441 19%Santarém -219.959.322 -1.748.692 840.519.772 17% 1.060.479.094 13%Porto -860.171.778 930.747.198 5.653.804.545 10% 6.513.976.323 -6%Estrangeiro * -2.975.820.503 -1.017.068.668 2.875.967.091 -30% 5.851.787.594 -3%Lisboa -22.155.775.628 -1.504.649.003 8.201.667.516 51% 30.357.443.144 16%Portugal -20.288.593.534 -46.459.573 36.773.762.680 18% 57.062.356.214 11%Fonte INE; valores em euros salvo indicação em contrário, análise a preços correntesPUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 7


COMÉRCIOINTERNACIONAL▼▼▼nesta meia década para países como EstadosUnidos (-3%), Reino Unido (-24%), Itália(-10%) e Bélgica (-33%).China é quinto maior fornecedordo distritoQuanto aos países <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provêem osprodutos importados, no topo, e <strong>de</strong>forma distanciada, surge Espanha, representando37% do total importado e comum crescimento <strong>de</strong> 7% face a 2005. Deseguida surgem a Alemanha (9%), França(8%) e Itália (8%), embora as importações<strong>de</strong>stas proveniências tenham caído entre15 a 17% nos últimos cinco anos. A per<strong>de</strong>rterreno estiveram também a Bélgica(-11%) e os Estados Unidos (-25%). Estasquebras serão resultado da conquista <strong>de</strong>terreno por parte da China, mercado queven<strong>de</strong>u para <strong>Leiria</strong> mais 308% face a2005, tendo passado a ser o quinto mercadofornecedor do distrito, com 7% dasimportações totais. Em gran<strong>de</strong> escaladaestá também o Brasil, responsável por5% das vendas a <strong>Leiria</strong>, num crescimento<strong>de</strong> quase 100% nos últimos cinco anos.Pouco expressivo (ven<strong>de</strong> apenas 1% <strong>de</strong>tudo o que o distrito compra), mas tambémem crescimento, está a Índia, cujasvendas avançaram 129% na última meiadécada.O distrito <strong>de</strong> Leria apresenta um saldocomercial positivo com países como Alemanha(129 milhões <strong>de</strong> euros), França(125 milhões <strong>de</strong> euros), Angola (72 milhões<strong>de</strong> euros), Reino Unido (32 milhões<strong>de</strong> euros) e Estados Unidos (32 milhões<strong>de</strong> euros). Já em situação <strong>de</strong>ficitária estácom a China (-56 milhões <strong>de</strong> euros), Itália(-50 milhões <strong>de</strong> euros), Brasil (-31 milhões<strong>de</strong> euros), Países Baixos (-21 milhões <strong>de</strong>euros), Espanha (-17 milhões <strong>de</strong> euros) eBélgica (-3 milhões).Matérias-primas e maquinaria no topodas importaçõesCurioso é olhar para as secções que o distrito<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> importa e constatar que sãopraticamente as mesmas que exporta.A composição das importações reflecte opeso da indústria na economia do distrito– mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> das importações dizemrespeito a matérias-primas como o plásticoe os metais, bem como a maquinaria,mol<strong>de</strong>s e produtos químicos – evi<strong>de</strong>nciandoum mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comércio internacionalintra-industrial. Mas existe outraexplicação: a segmentação.«Os números sugerem que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>comércio internacional do distrito assentaem vantagens competitivas muito bemsegmentadas. É um mo<strong>de</strong>lo sofisticado<strong>de</strong> especialização e segmentação. Porexemplo, o distrito exporta mol<strong>de</strong>s sobretudopara o sector automóvel, e importamol<strong>de</strong>s para outros sectores. Asindústrias do distrito são competitivas emnichos <strong>de</strong> mercado específicos», explicaainda Márcio Lopes.Entre as principais secções que participamno comércio internacional do distrito,as que apresentam um saldoEXPORTAÇÃO | PRINCIPAIS DESTINOS E SECÇÕEScomercial positivo são as <strong>de</strong> Pedra Cerâmicae Vidro (180 milhões <strong>de</strong> euros), Metais(61 milhões <strong>de</strong> euros), MáquinasAparelhos e Mol<strong>de</strong>s (45 milhões <strong>de</strong>euros), Indústria Alimentar e Bebidas (41milhões <strong>de</strong> euros) e Calçado (17 milhões<strong>de</strong> euros).Já com saldo comercial negativo surgema Indústria Química e conexa (-32 milhões<strong>de</strong> euros), os Animais e Derivados (-29 milhões <strong>de</strong> euros), os Têxteis (-22milhões <strong>de</strong> euros), o Plástico (-17 milhões<strong>de</strong> euros), o Material <strong>de</strong> Transporte (-8milhões <strong>de</strong> euros), os Vegetais (-4 milhões<strong>de</strong> euros) e a Ma<strong>de</strong>ira (800 mileuros).As maiores subidas <strong>de</strong> importações facea 2005, em termos percentuais, perten-Concelho Destino % Exp. Secção % Exp.Alcobaça Espanha 24% Pedra, Cerâmica e Vidro 30%Alvaiázere Alemanha 27% Plástico 58%Ansião Espanha 40% Ma<strong>de</strong>ira 22%Batalha França 39% Pedra, Cerâmica e Vidro 37%Bombarral Brasil 44% Produtos Reino Vegetal 96%Caldas da Rainha Alemanha 61% Máquinas, Aparelhos e Mol<strong>de</strong>s 53%Castanheira <strong>de</strong> Pêra Espanha 58% Ma<strong>de</strong>ira 56%Figueiró dos Vinhos Espanha 60% Ma<strong>de</strong>ira 65%<strong>Leiria</strong> Espanha 32% Plástico 31%Marinha Gran<strong>de</strong> Espanha 34% Máquinas, Aparelhos e Mol<strong>de</strong>s 31%Nazaré EUA 23% Animais e Produtos do Reino Animal 49%Óbidos Brasil 40% Produtos do Reino Vegetal 83%Pedrógão Gran<strong>de</strong> Dinamarca 33% Ma<strong>de</strong>ira 91%Peniche França 51% Indústria Alimentar e Bebidas 63%Pombal Espanha 34% Indústria Química e Conexa 22%Porto <strong>de</strong> Mós Espanha 15% Plástico 38%IMPORTAÇÃO | PINCIPAIS ORIGENS E SECÇÕESConcelho Origem % Imp. Secção % Imp.Alcobaça Espanha 34% Produtos Reino Vegetal 36%Alvaiázere China 53% Plástico 42%Ansião Espanha 53% Plástico 33%Batalha Espanha 33% Têxteis 35%Bombarral Espanha 73% Produtos Reino Vegetal 53%Caldas da Rainha Espanha 44% Máquinas, Aparelhos e Mol<strong>de</strong>s 31%Castanheira <strong>de</strong> Pêra Índia 52% Têxteis 83%Figueiró dos Vinhos Estados Unidos 92% Produtos diversos 58%<strong>Leiria</strong> Espanha 34% Plástico 28%Marinha Gran<strong>de</strong> Espanha 33% Plástico 37%Nazaré Espanha 40% Animais e Produtos do Reino Animal 84%Óbidos Espanha 78% Produtos Reino Vegetal 32%Pedrógão Gran<strong>de</strong> Venezuela 100% Produtos diversos 100%Peniche Espanha 46% Animais e Produtos do Reino Animal 43%Pombal Espanha 40% Indústria Quimica e Conexa 18%Porto <strong>de</strong> Mós Espanha 34% Indústria Quimica e Conexa 50%Fonte INE; valores em euros salvo indicação em contrário, análise a preços correntes8. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


COMÉRCIOINTERNACIONALcem aos produtos da Indústria Químicae Conexa, seguida dos produtosda Indústria Alimentar,enquanto as maiores <strong>de</strong>scidas,também em termos percentuais,estarão relacionadas com a quebrano sector da construção, uma vezque pertencem à secção <strong>de</strong> Pedra,Cerâmica, Vidro e Cimento, logoseguida das Máquinas, Aparelhose Metais, registando-se tambémum <strong>de</strong>créscimo, embora menor,nos Têxteis e no Calçado. ■Célia MarquesPRINCIPAIS DESTINOS DE EXPORTAÇÃO DE LEIRIA EM 2010País Exportações Var. 2005/2010 Peso nas Exp.Espanha 346.082.143 43% 28%Alemanha 212.919.067 58% 17%França 203.799.892 45% 16%Angola 72.557.434 378% 6%Reino Unido 59.678.680 -24% 5%Estados Unidos 44.726.014 -3% 4%Países Baixos 39.470.051 63% 3%Itália 28.050.080 -10% 2%Brasil 22.158.400 271% 2%Bélgica 17.609.904 -33% 1%Marrocos 13.590.289 113% 1%Suíça 13.206.038 44% 1%Hong-Kong 11.456.807 510% 1%China 11.440.420 22% 1%PRINCIPAIS ORIGENS DE IMPORTAÇÕES DE LEIRIA EM 2010País Importações Var. 2005/2010 Peso nas Imp.Espanha 363.210.672 7% 37%Alemanha 83.530.463 -17% 9%França 79.403.945 -16% 8%Itália 77.799.265 -15% 8%China 66.999.579 308% 7%Países Baixos 65.891.378 24% 7%Brasil 53.276.497 98% 5%Reino Unido 27.672.242 23% 3%Bélgica 20.857.581 -11% 2%Índia 13.941.969 129% 1%Estados Unidos 13.190.958 -25% 1%Fonte: INE; valores em euros; análise a preços correntes * Informação estimada, operadores <strong>de</strong>sconhecidos ou resi<strong>de</strong>ntes no estrageiro e informação sujeitaa segredo estatísticoCaracterização do comérciointernacional do distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>*1 – Exportações compostas essencialmente por produtos industriais <strong>de</strong>médio valor acrescentado2 – Comércio intra-industrial (importação <strong>de</strong> matérias-primas, ferramentase equipamento industrial e exportação do produto transformado)3 - Mo<strong>de</strong>lo sofisticado <strong>de</strong> especialização e segmentação (exportação <strong>de</strong> produtospara nichos <strong>de</strong> mercado específicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado sector e importaçãodos restantes produtos <strong>de</strong>sse mesmo sector)4 – Esforço <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos <strong>de</strong> exportação para fora da União Europeia.*por Márcio Lopes, docente na ESTGPUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 9


PAINELDOS EMPRESÁRIOSA APOSTA NAS EXPORTAÇÕESDEVE FAZER-SE NUM ESTADODE MATURIDADE E NÃO DE AFLIÇÃOTornar os seguros <strong>de</strong> crédito mais flexíveis, qualificar as condições laborais e a gestão das empresas, melhorar a justiça,fortalecer a imagem da marca Portugal e comprar o que é português. Estas são apenas algumas medidas que se po<strong>de</strong>mtomar para que o País se torne mais exportador e menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das importações. É preciso não esquecer que Portugalprecisa também <strong>de</strong> simplificar e ajudar mais as suas empresas, criando custos <strong>de</strong> contexto mais competitivos. "Somoso País da OCDE on<strong>de</strong> o trabalho e os custos <strong>de</strong> produção directos são os mais elevados". E, como diz um empresário, aaposta nas exportações <strong>de</strong>ve fazer-se num estado <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> e não <strong>de</strong> aflição, como alternativa única para a sobrevivência.QUE MEDIDAS DEVEM SER TOMADAS PARA MELHORAR A BALANÇA COMERCIALPORTUGUESA?Jorge Martinspresi<strong>de</strong>nte da Inteplástico,Marinha Gran<strong>de</strong>O País tem <strong>de</strong> ser mais competitivo e produzirmais para substituir as importações na área daagricultura e das pescas. E ser mais competitivoé simples: tem <strong>de</strong> passar por melhores condiçõesna justiça e laborais e também pela qualida<strong>de</strong>da gestão das nossas empresas. Nãopo<strong>de</strong>mos esquecer que as medidas relativamenteàs questões laborais são muito importantespois estamos a pagar horas extraordináriasbastante mais elevadas em relação aos paísescom quem concorremos. Mas são muitos os factores<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> em Portugal, que passam,também, pela parte interna das empresas,como o seu seber, a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovaçãoe <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do produto, <strong>de</strong> forma aconseguirem a diferenciação relativamente àconcorrência. Já provámos que somos capazes,que temos qualida<strong>de</strong>, que somos criaticos e inovadores.É possível aumentar as exportações,pois são o nosso futuro. O mercado interno é pequenoe com as expedições para o exteriortemos <strong>de</strong> compensar as importações alimentarese <strong>de</strong> energia, que representam uma elevadafactura!Luís MenesesAdministrador do GrupoMeneses,Porto <strong>de</strong> MòsO acordo com a Troika no âmbito do plano <strong>de</strong>ajuda externa a Portugal, terá <strong>de</strong> ser rigorosamenteexecutado e <strong>de</strong> preferência superado emtermos económicos. Portugal tem <strong>de</strong> recuperarurgentemente a sua credibilida<strong>de</strong> e imagem.Medidas ao nível da celerida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> dajustiça, infra-estruturas a<strong>de</strong>quadas a um Pais <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> exportadora, incentivos fiscais ao investimentoe empreendorismo, valorização e regulaçãoque fomente o consumo dos nossosprodutos/serviços, valorização do trabalho e conhecimentocontra a <strong>de</strong>pendência do empregoe dos subsídios.10. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


PAINELQUE MEDIDAS DEVEM SER TOMADAS PARA MELHORAR A BALANÇA COMERCIALPORTUGUESA?Carlos Conceiçãoadministrador da Publicenso,Grupo Lena, <strong>Leiria</strong>O aumento das exportações só po<strong>de</strong> ser sistemáticoe consequente, se for fruto <strong>de</strong> uma estratégiacoerente e bem <strong>de</strong>finida que envolva todos os parceirosenvolvidos. O Estado, na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> umapolítica <strong>de</strong> simplificação <strong>de</strong> processos, <strong>de</strong> apoios eincentivos claros e <strong>de</strong> apostas estratégicas na marcaPortugal; as associações <strong>de</strong> empresas, no envolvimentoobjectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> mercados paraprodutos e serviços específicos; os bancos, como facilitadores<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> crédito e <strong>de</strong> cobrançamais competitiva e transparente. Não existe uma estratégianacional <strong>de</strong> acção para a exportação, pelafraca diplomacia económica que exercemos; a promoçãoe divulgação dos produtos ou serviços on<strong>de</strong>somos potencialmente exportadores também nãose faz, pelo que temos vivido essencialmente da dinâmicae vonta<strong>de</strong> empresarial. Precisamos, em primeirolugar, <strong>de</strong> eixos claros para a economianacional. Portugal precisa <strong>de</strong> simplificar e ajudar maisas suas empresas, criando custos <strong>de</strong> contexto maiscompetitivos. Somos o país da OCDE on<strong>de</strong> o trabalhoe os custos <strong>de</strong> produção directos são os mais elevados.A aposta nas exportações <strong>de</strong>ve fazer-se numestado <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> e não <strong>de</strong> aflição, como alternativaúnica para a sobrevivência, fruto dum processobem planeado e organizado. É necessáriopensar diferente, apostar em mercados on<strong>de</strong> possamoscompetir e acrescentar produtos ou serviçose não encarar a exportação para mercados menos<strong>de</strong>senvolvidos, numa perspectiva <strong>de</strong> “escoar” osprodutos ou serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior. Anteslevar a excelência, pois essa é a melhor forma <strong>de</strong>continuar a exportar para os mercados. Precisamos<strong>de</strong> fomentar a exigência e a celerida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processos.É necessário mais paciência e persistência, poispor vezes, a <strong>de</strong>mora e os obstáculos, internos e externos,são muitos.A<strong>de</strong>lino CarvalhoPresi<strong>de</strong>nte do Conselho<strong>de</strong> Administraçãoda Eurekaplast, <strong>Leiria</strong>No curto prazo, para promover as exportações,parece-me importante que os seguros <strong>de</strong> créditosejam mais flexíveis, sempre evi<strong>de</strong>ntemente<strong>de</strong>ntro das regras pru<strong>de</strong>ntes. (Segurar clientesinsolventes seria transferir valor para o estrangeiro).A AICEP <strong>de</strong>verá aumentar a promoção dos produtose serviços portugueses, já que os custossão inabordáveis para muitas empresasindividualmente.Eventualmente, apoios fiscais aosexportadores <strong>de</strong>ntro das regras comunitárias.Mas eu acredito pouco em voluntarismos, sloganse iniciativas repentistas. Verda<strong>de</strong>iramente,uma economia sustententável, que exporte eque substitua importações, que crie emprego,só a teremos quando eliminarmos a sério milhares<strong>de</strong> centros <strong>de</strong> custo totalmente inúteis na administraçãocentral e local, milhares <strong>de</strong>assessores, quando <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> pagar funcionáriospúblicos ‘’em trabalho sindical’’, <strong>de</strong> fazerParcerias Público Privadas (PPP) com contratosleoninos para os parceiros ‘’amigos’ e quando tivermosum sistema <strong>de</strong> justiça. Sem isso, o quese po<strong>de</strong> fazer não passa <strong>de</strong> paliativos.Paulo SismeiroDirector Geraldo Grupo Auto Júlio, <strong>Leiria</strong>Tornar Portugal um País mais exportador é <strong>de</strong>extrema importância para o <strong>de</strong>senvolvimento daeconomia nacional, bem como melhorar a imagemda marca Portugal. Para que isto se possatornar uma realida<strong>de</strong> teremos <strong>de</strong> ter um aumento<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> das empresas e fazeruma aposta muito forte na inovação. Deveremosapostar fortemente na divulgação e na comunicaçãodos nossos produtos. Desta forma po<strong>de</strong>remosapresentar produtos competitivos e <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> a muitos mercados que têm economiasem crescimento. Infelizmente não foi istoque aconteceu nos últimos 12 anos on<strong>de</strong>, praticamente,não houve uma evolução consi<strong>de</strong>rávelnas exportações.12. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


AS GRANDESMUDANÇASNA EDUCAÇÃOQUE MEDIDAS DEVEM SER TOMADAS PARA MELHORAR A BALANÇA COMERCIALPORTUGUESA?Luís Silvériopresi<strong>de</strong>nte da Luís Silvérioe Filhos, NazaréPara tornarmos o País mais exportador e menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntedas importações é necessário que as nossasempresas sejam mais competitivas e para queisso seja possível, antes <strong>de</strong> qualquer outra medida,é urgente que as cargas fiscais nos sejam favoráveis.Não é possível trabalhar com cargas fiscaismais elevadas do que as que são praticadas nosmercados externos. Por outro lado, é imprescindívelque as empresas procurem nos mercados internosos produtos, as matérias-primas com que trabalhame só recorram à importação em último recurso. Omesmo conselho dou a todos os portugueses. Secomprarem produtos portugueses estarão a daroportunida<strong>de</strong>s à nossa economia. No nosso caso,que é o mercado do peixe fresco e congelado, sórecorremos à importação quando não temos ofertaem Portugal. A verda<strong>de</strong> é que não é fácil concorrercom o estrangeiro, on<strong>de</strong> a concorrência é enormee os preços são mais baixos, pelas taxas <strong>de</strong> esforçosmenos elevadas que apresentam. A nossa empresatem alguma sorte porque, apesar <strong>de</strong> exportar, encontraainda no mercado nacional uma gran<strong>de</strong>parte dos seus clientes.PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 13


PAINELQUE MEDIDAS DEVEM SER TOMADAS PARA MELHORAR A BALANÇA COMERCIALPORTUGUESA?Filipe Ribeiroadministrador da CarSag,AlfeizerãoQuando falamos <strong>de</strong> exportação, <strong>de</strong>veríamos falarem igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> circunstâncias com os países comquem estabelecemos relações comerciais e isso nãoacontece, a começar pelo IVA que não cobramosaos nossos parceiros <strong>de</strong> negócios, mas que pagámosem Portugal. Por outro lado, o País <strong>de</strong>veria repensara política <strong>de</strong> flexibilização laboral,principalmente na activida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> me incluo, aagrícola, pois sabemos que existem momentos <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> trabalho e outros <strong>de</strong> paragem quase completa,o que nos retira competitivida<strong>de</strong> e, consequentemente,dificulda<strong>de</strong>s em penetrar nomercado externo. Um dos nossos handicaps é a dimensãodas nossas proprieda<strong>de</strong>s, pelo que <strong>de</strong>veríamospensar no associativo, mas <strong>de</strong> uma formamais comercial, como associações empresariais.Portugal tem hoje um mercado aberto, que é o dapêra, pelo que tem <strong>de</strong> prevalecer a qualida<strong>de</strong> e nãoo preço. O now how e a formação são muito importantespara nos conseguirmos impor como umPaís exportador e convencer-nos que só sendo eficientesé que seremos reconhecidos. Não concordocom uma marca única, pois os clientes <strong>de</strong>vem teropção <strong>de</strong> escolha num mercado forte e competitivo.Fracisco Van Zellerpresi<strong>de</strong>nte do Conselho para aPromoção da InternacionalizaçãoSem falar, ainda, do aumento das exportações, é urgenteque quem exporta se esforce para prepararos seus produtos internamente. Por outro lado,todos os cidadãos terão <strong>de</strong> fazer um esforço em escolherprodutos portugueses. Tudo isto contribuiriapara reduzir as importações! Nas exportações oproblema é mais sério e gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> está nacompetitivida<strong>de</strong>, que não se resolve <strong>de</strong> um dia parao outro. É preciso dimensão, que não temos. Recordoa Lactogal, o exemplo mais flagrante <strong>de</strong>como um sector que se concentrou e se transformounuma gran<strong>de</strong> empresa Ibérica. Temos os têxteisno Norte, que se juntaram para fazer umagran<strong>de</strong> empresa. Isto <strong>de</strong>veria ser estendido aos móveis,à cerâmica e a outras indústrias sem capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> exportação. Era, também, necessário o surgimento<strong>de</strong> novos produtos. Estamos a exportarprodutos, com gran<strong>de</strong> concorrência e com margenspequenas. Um dos <strong>de</strong>feitos da estatística é que nãodiz quanto é que ganhamos em exportação e se calharnão estamos a ganhar nada. Se não houvermargem, as empresas não inovam e não reinvestem.Todo este conjunto po<strong>de</strong> parecer complexo,mas tem a ver com a atitu<strong>de</strong>. De escolher um produtoportuguês no supermercado ou um automóvelfabricado em Portugal, a começar pelo Governo.Depois há o sistema <strong>de</strong> compras nacional, que écego, e compra o mais barato e não <strong>de</strong>via ser.PUB14. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


ENTREVISTANÃO SE PODE IR PARA PAÍSES DIFÍCEISSEM SE TER MASSA CRÍTICA E DIMENSÃORui Filinto, director-geral do grupo Key PlasticsA inteligência emocional aliada à capacida<strong>de</strong> técnica são dois pilares que, em conjunto, irão dar futuro a Portugal. Rui Filintoacrescenta, ainda, que os portugueses surpreen<strong>de</strong>m quando estão perante ambientes mais exigentes, pois "quandoexiste facilitismo, toda a gente arreia". Consi<strong>de</strong>ra inevitável que a pequena e média empresa procure nos mercados africanose outros idênticos as suas oportunida<strong>de</strong>s, por não ter estrutura, nem recursos "para fazer gran<strong>de</strong>s voos". Mas, adverte,"olhem para eles como parceiros e não como gente que é preciso aproveitar a curto prazo".As exportações nacionais aumentaram 17%nos primeiros três meses <strong>de</strong>ste ano, faceao mesmo período <strong>de</strong> 2010. Este cenário vaimanter-se, tendo em conta a actual conjunturaeconómica do País?Vai manter-se, pelo menos, até ao Verão.Depois vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do resultado dos<strong>de</strong>sequilíbrios mundiais, sobre os quaisainda ninguém conseguiu fazer uma avaliaçãocorrecta. A economia alemã estáO QUE ACONTECEUNO JAPÃO CRIOUOPORTUNIDADESACRESCIDAS ÀS EMPRESASEUROPEIAS,NOMEADAMENTE NAINDÚSTRIA AUTOMÓVELRICARDO GRAÇA/ARQUIVOforte e o que aconteceu no Japão criouoportunida<strong>de</strong>s acrescidas às empresaseuropeias, nomeadamente na indústriaautomóvel. Há condições para continuara crescer, embora o que está acontecerno Norte <strong>de</strong> África, com o preço do petróleo,e os problemas do Euro e tudo oque está acontecer na economia americanasejam <strong>de</strong>masiados impon<strong>de</strong>ráveisque po<strong>de</strong>m arrefecer a economia.Mesmo assim, acredito que teremos umperíodo <strong>de</strong> crescimento sustentado atéao final do ano!▼▼▼MAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 15


ENTREVISTAConsi<strong>de</strong>ra que os factores da economia internacionalserão mais <strong>de</strong>terminantes queos problemas inerentes, por exemplo, àcrise em Portugal?O mercado tem <strong>de</strong> crescer, mas Portugalcomeça a ter um conjunto <strong>de</strong> empresas,em vários sectores <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, queconseguem exportar já não pela mão-<strong>de</strong>--obra barata mas pelo seu valor acrescentado.O País tem <strong>de</strong> incorporar umnível <strong>de</strong> engenharia e <strong>de</strong> tecnologia elevadoe isso já existe em Portugal. E vaisurpreen<strong>de</strong>r muita gente. Acredito, também,que surjam novas gerações que arrisquemmais e que tenham uma visão domundo diferente. Só não nos apercebemosdisso ainda. Acredito mais nisso doque no discurso e atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas eentida<strong>de</strong>s que têm mais visibilida<strong>de</strong> hojeem dia na comunicação social. Essas vãocontar menos para o que vai ser o futurodo País do que aquelas que não aparecemmas que estão realmente a fazer umtrabalho importante.Os portugueses estão preparados para trabalharem ambientes mais exigentes e maisglobais?Hoje é preciso ter um nível <strong>de</strong> preparaçãomuito elevado, mas também muitainspiração, intuição, emoção e paixão,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que isso não torne as <strong>de</strong>cisões irracionais.Essas são qualida<strong>de</strong>s dospovos latinos. A inteligência emocionalaliada à capacida<strong>de</strong> técnica – hoje muitomais <strong>de</strong>senvolvida em Portugal e atravessadapor várias gerações – é que vão darfuturo a este País. Por outro lado, os portuguesesprecisam <strong>de</strong> ambientes exigentespara dar o melhor <strong>de</strong> si. Quandoexiste facilitismo, toda a gente arreia, vaiapanhar sol, <strong>de</strong>ixa para amanhã aquiloque po<strong>de</strong> fazer hoje. Quando se está perantesituações difíceis como as que sevivem hoje, e à semelhança do que aconteceunas <strong>de</strong>scobertas do século XV, po<strong>de</strong>mossurpreen<strong>de</strong>r muita gente. Se nãotivermos adversários à altura, exigimosmenos <strong>de</strong> nós. Se tivermos adversáriostão bons como nós, teremos orgulho emser melhores que eles.A Key Plastic exporta 100% do que produz eestá ligada a um sector que viveu gran<strong>de</strong>sdificulda<strong>de</strong>s, o automóvel. Como conseguiumanter-se no mercado e continuar a crescer?Acreditando num projecto em que ninguémacreditou na sua fase <strong>de</strong> arranque! Eu e aminha família acreditámos e hoje ainda cá estamosnum projecto com êxito! Temos, aonível dos auto-rádios, 20% <strong>de</strong> quota <strong>de</strong> mercadoeuropeu. Somos lí<strong>de</strong>res europeus e umdos três lí<strong>de</strong>res mundiais. É preciso ter visãoestratégica e gostar muito do que se faz! Devemosser inquietos, nem que tenhamos <strong>de</strong>enfrentar toda a gente e a nós próprios, perseguindoas nossas convicções.Como perspectiva o futuro das empresasmais pequenas e eventualmente menosconsolidadas?Embora afastado da realida<strong>de</strong> da pequenaempresa e <strong>de</strong>sta região, fruto daminha vida e da minha activida<strong>de</strong>, disse,há cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, que as gran<strong>de</strong>s empresasse <strong>de</strong>vem globalizar e ir para mercadosmuito difíceis como a Ásia, ospaíses <strong>de</strong> Leste, Índias, Chinas e outros...No entanto, não se po<strong>de</strong> ir para essespaíses sem se ter massa crítica e dimensão.As pequenas e médias empresas(PME) têm <strong>de</strong> voltar a África, dizia então!Têm <strong>de</strong> ser as primeiras a ir, com uma atitu<strong>de</strong>séria, para trabalhar aquele mercadoa médio e longo prazo. Não ir como propósito <strong>de</strong> "sacar" apenas o que épossível a curto prazo. Passaram muitosanos até que se tornou inevitável apostarno mercado <strong>de</strong> África, que hoje já começaa ser difícil, pois as oportunida<strong>de</strong>stambém têm um timming.PerfilConsi<strong>de</strong>ra que as PME per<strong>de</strong>ram a suaoportunida<strong>de</strong> no mercado africano?É inevitável que as PME continuem a procurarnos mercados africanos e outrosidênticos as suas oportunida<strong>de</strong>s. A pequenaempresa não tem possibilida<strong>de</strong>s,não tem estrutura, não tem recursos parafazer gran<strong>de</strong>s voos. E o mercado portuguêsé pequeno e está em crise. O mercadoespanhol também já teve o seutempo e todos sabemos que os espanhóissão muito proteccionistas das suasempresas. Só vejo duas hipóteses: uma éos portugueses começarem a comprarprodutos e marcas portugueses, investindotambém nos seus empregos. A segundaé não per<strong>de</strong>rem a esperança nospaíses africanos e olharem para elescomo parceiros e não como gente que épreciso aproveitar a curto prazo.Mas entre os países africanos, quais são osque elege?Depen<strong>de</strong> dos sectores <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>... Naturalmenteque Angola tem muito dinheiro,mas é um mercado muito difícil. Eu, porexemplo, se fosse mais novo e se saísse daactivida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> estou hoje, escolhia Moçambique.Um país mais tranquilo, menos<strong>de</strong>senvolvido, mas mais estável. Acreditoque esse país, um dia, vai saltar. Há-<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrirgás, petróleo ou outra coisa qualquer.Depois está próximo <strong>de</strong> África do Sul, quevai surpreen<strong>de</strong>r muita gente no futuro. ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>Rui Filinto é director-geral <strong>de</strong> um grupo global que trabalha para clientes globais, como Alemanha,França, Itália, Estados Unidos, China, México, Japão... é um homem do mundo e "semmedo". Este ano, 50% dos resultados do Grupo Key Plastics vêm da Ásia, diz, a poucas horasantes <strong>de</strong> apanhar o avião que o levaria ao Oriente, on<strong>de</strong> tem um escritório (no Japão) e umajoint-venture (na China). Trabalha com emoção, com paixão e intuição, mas, acima <strong>de</strong> tudo,acredita nos projectos em que se envolve. Fala <strong>de</strong> um volume <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> 72 milhões <strong>de</strong>euros este ano, mas recorda com orgulho: "estou a li<strong>de</strong>rar um negócio que começou em 2009com 86 milhões <strong>de</strong> euros e o meu objectivo é chegar aos 164 milhões <strong>de</strong> euros em 2013. E vouconseguir". Como? "Os clientes acreditam em nós, temos um gran<strong>de</strong> capital <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>em Portugal, somos o centro <strong>de</strong> competências, somos os lí<strong>de</strong>res e os clientes procuram fornecedoresa nível global com visibilida<strong>de</strong>. Temos <strong>de</strong> garantir esse serviço pois ao fazer isso estamosa trazer valor acrescentado para Portugal". Esta socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direito português é umadas maiores empregadoras do distrito com 650 trabalhadores, na se<strong>de</strong>, em <strong>Leiria</strong>, e 100 emVendas Novas, investindo em pessoal qualificado e em inovação e <strong>de</strong>senvolvimento. ■16. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


ENTREVISTAAS NOSSAS EMPRESAS EXPORTADORASVÃO TER UM GRANDE ANOCarlos Gouveia, director-geral da Schaeffler, fábrica <strong>de</strong> rolamentos <strong>de</strong> Caldas da RainhaNão é uma empresa vulgar. Privilegia um rigoroso controlo dos custos, a flexibilida<strong>de</strong> laboral através <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong>horas, o pagamento <strong>de</strong> salários elevados, produtivida<strong>de</strong>, qualida<strong>de</strong> e tecnologia <strong>de</strong> ponta. A antiga fábrica <strong>de</strong> rolamentosRol, hoje do grupo alemão Schaeffler, é lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> produção para o mercado europeu, mas está também presente, nos EstadosUnidos, Brasil, China, Índia, Indonésia e Vietname. Em tempos <strong>de</strong> crise, Carlos Gouveia fala <strong>de</strong> novos investimentos eda realida<strong>de</strong> empresarial portuguesa, acreditando que 2011 vai ser um gran<strong>de</strong> ano para as empresas exportadoras.milhões <strong>de</strong> euros. De qualquer forma, é preciso consolidar o projecto,pois tudo o que é muito rápido po<strong>de</strong> ser perigoso. Não concordocom gran<strong>de</strong>s processos <strong>de</strong> reengenharia e <strong>de</strong>pois correr orisco <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> <strong>de</strong>itar tudo abaixo.REDUZIR CUSTOS NÃO SIGNIFICA FAZERDESPEDIMENTOS, NEM BAIXAR SALÁRIOS. HÁQUE BAIXAR CUSTOS NAS ADMINISTRAÇÕES ENA ESTRUTURA. HÁ EMPRESAS QUE TÊM MAISDIRECTORES DO QUE PESSOALNA PRODUÇÃODRApós uma queda na produção, em 2009, a Schaeffler <strong>de</strong> Caldas da Rainhavoltou aos níveis anteriores à crise. Como conseguiu recuperar aempresa?Com o apoio das pessoas e, também, porque a economia começoua estabilizar na Europa e no mundo. Neste momento, estamos a trabalharpara 82 milhões <strong>de</strong> rolamentos/ano. O ano passado produzimos61 milhões. Estamos a preparar-nos para investir 16 milhões <strong>de</strong>euros para chegarmos aos 100 milhões <strong>de</strong> rolamentos/ano, mas essameta será apenas para 2012. Esperava investir já este ano 12 milhões<strong>de</strong> euros, mas não será possível porque se registaram atrasos na entregados equipamentos. Este ano, vamos investir apenas seis a seteCom as alterações ocorridas na economia internacional, a empresa sentiunecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reajustar a sua estratégia ao nível do produto e daabordagem aos mercados?Claro. Em 2008, no início da crise, já tinha sido lançado um novo rolamentocom um novo <strong>de</strong>sign, muito importante porque nos fez sairda crise rapidamente. Somos a única fábrica do grupo a produzi-lo.É mais barato e tem mais qualida<strong>de</strong> e, por isso, foi bem aceite nomercado. Por outro lado, tivemos <strong>de</strong> nos posicionar, alargando onosso mercado. Antes trabalhávamos exclusivamente para a Europa,Estados Unidos e Brasil e hoje estamos com uma gran<strong>de</strong> componente<strong>de</strong> exportação para a Índia (17 milhões <strong>de</strong> rolamentos) e paraa China, sobretudo, para fábricas alemãs. Por incrível que pareça, começámos,também, a ven<strong>de</strong>r peças para a Suzuki, para o Vietnamee para Indonésia. Mas o nosso principal mercado ainda é o europeu,com cerca <strong>de</strong> 70% da produção, quer para o sector automóvel, querpara outras gran<strong>de</strong>s áreas, como os electrodomésticos.As exportações portuguesas têm vindo a aumentar. Como perspectiva ofuturo do País ao nível do mercado exportador?Acredito que vai continuar a crescer, porque nos mercados internacionaisa retoma é muito forte. Houve um gran<strong>de</strong> receio <strong>de</strong> arrefe-18. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


ENTREVISTAcimento da activida<strong>de</strong> económica a seguir ao Tsunami no Japão porquevárias marcas <strong>de</strong> automóveis tiveram <strong>de</strong> parar a produção. Mas até essasituação está a normalizar-se. A realida<strong>de</strong> lá fora não tem nada a ver coma crise que vivemos em Portugal. Lá fora não há crise! Apesar das empresasportuguesas exportarem muito para Espanha, que também nãoestá bem, aquele País vai recuperar rapidamente. Estou convicto que asnossas empresas exportadoras vão ter um gran<strong>de</strong> ano.Que medidas se po<strong>de</strong>m tomar para que o País se torme ainda mais exportadore menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das importações?Só se consegue exportar com preço e qualida<strong>de</strong>. Nós, por exemplo, recorremosà importação <strong>de</strong> componentes da Ásia. Antes vinham da Alemanhae hoje vêm da Coreia e alguns da China, do Japão, do Vietnamee da Índia. Reduzir custos não significa fazer <strong>de</strong>spedimentos, nem baixarsalários. Há que baixar custos nas administrações e na estrutura. Há empresasque têm mais directores do que pessoal na produção. Isso nãofaz sentido. Há, por outro lado, jovens muito criativos e não se tira partido<strong>de</strong>les. Depois, as empresas ficam à espera dos apoios do Estado, mas oEstado não po<strong>de</strong> apoiar tudo. Aconselho as empresas a tentarem o mercadodirecto. Há muitos agentes em Portugal, que absorvem muitos custos.O problema é que o tecido empresarial português está muito<strong>de</strong>gradado.Quer concretizar?Os antigos industriais portugueses fugiram para outros mercados, paraa banca ou para o comércio. A indústria foi muito retalhada e convinhasaber porquê. O Governo po<strong>de</strong> fazer o diagnóstico e tentar perceberporque é que se <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> investir na gran<strong>de</strong> indústria. Convém saberpor que que é que os gran<strong>de</strong>s capitalistas a abandonaram. A indústriatem <strong>de</strong> ser dinamizada e acarinhada. Não po<strong>de</strong>mos ser um País <strong>de</strong> serviços,on<strong>de</strong> quase só há companhias <strong>de</strong> seguros e <strong>de</strong> telemóveis. A Auto--Europa instalou-se cá e foi uma gran<strong>de</strong> alavanca para o País. Porque éque não apareceu mais nenhuma? Temos <strong>de</strong> reflectir sobre isso! É porcausa da mão-<strong>de</strong>-obra? Sabemos que não é assim tão cara! Temos maispotencial que a Eslováquia e outros países que estão a ser vistos comooportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio! ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>PerfilLicenciado em Engenharia Electrotécnica, Carlos Gouveia foi bebermuito da sua cultura empresarial à Alemanha, mas, também, à empresaque hoje li<strong>de</strong>ra e a que está ligado há 32 anos. "O meu chefe eraalemão", diz, bem humorado. A Schaeffler passou por momentos difíceisem 2009, recorrendo ao lay-off durante 16 dias. Ele próprio sesubmeteu a esse regime, alegando que "o sol quando nasce é paratodos". Uma postura que, aliada à garra e à objectivida<strong>de</strong> que o caracterizam,levou a que a empresa rapidamente recuperasse, prevendoque chegue ao fim <strong>de</strong>ste ano com um volume <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong>46 milhões <strong>de</strong> euros e com uma produção <strong>de</strong> 100% para exportação."Nada seria possível sem a ajuda das 386 pessoas que constituemesta gran<strong>de</strong> equipa", diz, ainda, o director-geral da empresa. ■PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 19


ENTREVISTAA REGULAÇÃO INTERNACIONALMATA AS EMPRESASMarcelo Sousa, director-executivo da MatcerâmicaPresente em cerca <strong>de</strong> 40 países, ven<strong>de</strong>ndo directamente para 28, a Matcerâmica é hoje uma das maiores empresas dosector das louças da Europa. Viveu a crise <strong>de</strong> 2009, mas em 2010 reverteu a situação e as perspectivas para 2011 sãoainda melhores. A concepção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produto e a inovação <strong>de</strong>terminaram o êxito da empresa, mas a dispersão<strong>de</strong> mercados é essencial, para não criar <strong>de</strong>masiada exposição às crises <strong>de</strong> cada país.PerfilLURDES TRINDADEA Matcerâmica é hoje uma das maiores empresasno segmento das louças…Somos, ao nível da região, a maior empresanesta área, a maior em Portugal etambém na Península Ibérica. Não temosdados oficiais, mas presumimos quesomos a maior da Europa. Estou a falar nonosso segmento, na louça utilitária, poistrabalhamos muito pouco a área <strong>de</strong>corativa.O abandono do <strong>de</strong>corativo foi, aliás,um dos factores do sucesso da empresa,permitindo-nos ser hoje o maior exportadornacional em louça <strong>de</strong> mesa, com 20%do total das exportações nacionais nestaárea.A que se <strong>de</strong>veu a mudança <strong>de</strong> estratégia?Quando começámos com a nova gestãoda empresa, em finais <strong>de</strong> 2000, o entendimentofoi no sentido <strong>de</strong> abandonar a área<strong>de</strong>corativa porque houve a percepção <strong>de</strong>que esse produto não tinha valor acrescentadosuficiente e não ia ter sucesso nofuturo. O que se confirmou, pois as empresas<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sse produto,foram as que tiveram mais dificulda<strong>de</strong>s eas que mais fecharam. Os asiáticos passarama dominar o mercado do exterior(vaso) e no interior surgiram novos conceitose a <strong>de</strong>coração tornou-se mais minimalista.É uma área muito difícil não só emtermos <strong>de</strong> mercado, mas também <strong>de</strong> processoprodutivo, porque é a menos tecnológicae que exige mão-<strong>de</strong>- -obraelevadíssima.Esse foi o principal problema da indústria cerâmica?Muitas empresas não resistiram porquenão anteciparam estratégias, não mudaram<strong>de</strong> posicionamento, não diferenciaramo produto para ganhos <strong>de</strong>Marcelo Sousa, director-executivo daMatcerâmica e vice-presi<strong>de</strong>nte da AssociaçãoPortuguesa <strong>de</strong> Cerâmica, é orosto <strong>de</strong> uma equipa que não temeparcerias. Pelo contrário, privilegia-as,pois enten<strong>de</strong> que se o País tiver umsector forte todos ficarão a ganhar. AMactcerâmica inicou a activida<strong>de</strong> há 11anos, em resultado da transformação<strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> industrial do GrupoFaiart, então vocacionada para a produção<strong>de</strong> vasos e artigos <strong>de</strong>corativos.Hoje, tem um imenso portfólio <strong>de</strong> louçautilitária em faiança, tendo como basenovos paradigmas <strong>de</strong> mercado, mas,acima <strong>de</strong> tudo, uma visão estratégicaestruturada. A concepção e <strong>de</strong>senvolvimentodo produto, o <strong>de</strong>sign, a tecnologia,a formação <strong>de</strong> recursoshumanos e o marketing são algunsconceitos que contribuiram para ultrapassardificulda<strong>de</strong>s. A empresa abriuum showroom nos Estados Unidos,associou-se a um dos mais mediáticos<strong>de</strong>signers internacionais, ven<strong>de</strong>umarca e não se coibiu <strong>de</strong> associar aosseus produtos o nome <strong>de</strong> Portugal. Etem produtos no Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna<strong>de</strong> Nova Iorque, através <strong>de</strong> maisuma parceria com a a Corticeira Amorime <strong>de</strong> que resultou a colecção AlmaGémea. Peças que combinam faiançacom cortiça e que provam que a marcaPortugal é sólida e robusta. Basta quehaja estratégia, inovação e visão para alevar ao Mundo. ■20. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


ENTREVISTAcompetências na área do <strong>de</strong>sign e dosacabamentos, com novas técnicas e outrotipo <strong>de</strong> estruturas… Surgiu uma nuvem associadaà cerâmica, pois cada vez que fechavauma empresa, a situação erageneralizada a toda a indústria, ficando asensação <strong>de</strong> que a cerâmica era toda má.Não é verda<strong>de</strong>, pois a cerâmica está viva evai continuar. E muito mais agora: em 2010a cerâmica utilitária/<strong>de</strong>corativa cresceu nasexportações 24%, tendo sido dos sectoresque mais aumentou em Portugal, recuperandoa quebra <strong>de</strong> 2009. O primeiro trimestre<strong>de</strong>ste ano regista dados aindasuperiores.Essas não foram as únicas razões que afectaramo sector?Não. Temos uma regulação internacionalque mata as empresas, pois exigem-noscondições e regras <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, ambientaise sociais que não têm paralelo nos paísesasiáticos. Eles não têm qualquerexigência e o seu produto é muito maisbarato. A regulação dos mercados tem <strong>de</strong>O PROBLEMA É QUE NESTEMUNDO GLOBALIZADO,QUANDO HÁ UM PROBLEMANUM MERCADO,ELE RAPIDAMENTESE ARRASTA A OUTROser mudada, tem <strong>de</strong> haver mecanismos <strong>de</strong>diferenciação que não se prendam com asquotas <strong>de</strong> importação, pois não po<strong>de</strong>mosproibir que os outros exportem. A questãoé o nivelamento. Em 2009, a Comissão Europeiajá reconheceu e introduziu taxas <strong>de</strong>importação ao produto, para a louça epara outras áreas. E, neste momento háprocessos antidumping em curso. Um foiganho para a área da cerâmica. Outro,mais difícil, está a caminho para a área dalouça.Apesar <strong>de</strong>stas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> concorrênciae da crise internacional, a Matcerâmica manteve-seno mercado..Temos acumulado um volume <strong>de</strong> exportaçãosuperior a 100 milhões <strong>de</strong> euros e anossa taxa <strong>de</strong> exportação é <strong>de</strong> 97%. Osnossos produtos estão em cerca 40 países,28 dos quais directamente. A empresa, em2001 e 2002, teve gran<strong>de</strong>s prejuízos, masem 2003 começou a recuperar, até 2008.Em 2009, sofreu também a crise, com umaquebra <strong>de</strong> 60%. Foi difícil resistir, porque omercado parou. Em 2010, conseguimos invertera situação e estamos com boasperspectivas para 2011. A dispersão mercadosé importante para não termos umaexposição muito gran<strong>de</strong>. O problema éque neste mundo globalizado, quando háum problema num mercado, ele rapidamentese arrasta a outro. Há que ser pru<strong>de</strong>ntee contido e, acima <strong>de</strong> tudo, teratitu<strong>de</strong> e perspectivar as acções e os factorescríticos e <strong>de</strong> sucesso para o futuro. ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 21


ENTREVISTAEMPRESAS DEVEM POSICIONAR-SECOM A AGILIDADE DOS PEQUENOS FELINOSJosé Leitão Amaro, presi<strong>de</strong>nte do Grupo DerovoCom 102 trabalhadores em Portugal e 75 em Espanha, o Grupo Derovo é hoje uma das maiores unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produçãodo País. José Leitão Amaro, presi<strong>de</strong>nte do Conselho <strong>de</strong> Administração, atribui responsabilida<strong>de</strong> aos níveis <strong>de</strong> exigênciaimpostos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, porque a qualida<strong>de</strong> e a inovação não são apenas um conjunto <strong>de</strong> regras que se têm <strong>de</strong> cumprir.“São uma forma <strong>de</strong> estar na activida<strong>de</strong> económica, que tem <strong>de</strong> ser vivida pela administração e pela maioria dos colaboradores,com gran<strong>de</strong> clareza e alinhamento”. Na área da exportação, aconselha, as empresas <strong>de</strong>vem posicionar-se coma agilida<strong>de</strong> dos pequenos felinos e com acções cirúrgicas <strong>de</strong> conquista <strong>de</strong> espaço.socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidiram <strong>de</strong>senvolver o projecto com níveis máximos <strong>de</strong>exigência, sendo, também, <strong>de</strong>cisiva a contratação da equipa e o seuenvolvimento nestes objectivos. A qualida<strong>de</strong> e a inovação não sãoapenas um conjunto <strong>de</strong> regras que se têm <strong>de</strong> tentar cumprir. Sãouma forma <strong>de</strong> estar na activida<strong>de</strong> económica, que tem <strong>de</strong> ser vividapela administração e pela maioria dos colaboradores, com gran<strong>de</strong>clareza e alinhamento. O cumprimento <strong>de</strong> regras ou manuais é umaconsequência natural.DRO grupo Derovo nasceu da união <strong>de</strong> quase 100 por cento das empresasdo sector para produzir ovo pasteurizado. No início <strong>de</strong> 2010 os accionistasrepresentavam 95 por cento dos produtores <strong>de</strong> ovos do País. Estaforma <strong>de</strong> organização empresarial po<strong>de</strong> ser o futuro das empresas doPaís?O caso da Derovo não é facilmente repetível. Foi possível reunir aquase totalida<strong>de</strong> dos produtores nacionais, graças a um trabalho intenso<strong>de</strong> muita gente, mas também por uma situação conjuntural específica<strong>de</strong> mercado e alteração legislativa, no sector avícola nacional.As empresas portuguesas têm na gran<strong>de</strong> maioria uma pequena oumédia dimensão, naturalmente ajustada à dimensão do mercado nacional,que trás problemas <strong>de</strong> organização, <strong>de</strong> gestão, <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>financeira ou comercial e marketing. Não é fácil juntar numprojecto conjunto todos os operadores <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada fileira<strong>de</strong> activida<strong>de</strong> económica. É, no entanto, possível encontrar parceirosconcorrentes ou complementares que permitam reestruturar o posicionamentono mercado e aquisição <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s e competênciaspara enfrentar as novas realida<strong>de</strong>s do mercado on<strong>de</strong> se actua ouon<strong>de</strong> se preten<strong>de</strong> entrar.A aposta em inovação e <strong>de</strong>senvolvimento tem sido um factor diferenciadore importante para a posição que ocupa no mercado nacional e internacional?Estava-se a entrar num novo negócio (complementar à activida<strong>de</strong>madura da produção <strong>de</strong> ovos) e os responsáveis à data da criação da“Os portugueses têm<strong>de</strong> ter a preocupação e orgulho<strong>de</strong> consumir produtos nacionais”A sintonia entre o po<strong>de</strong>r político, o mundo empresarial e os trabalhadoresé quase inexistente em Portugal, on<strong>de</strong>, para agravara situação, o discurso político não tem sido mobilizador e cada umvive a sua realida<strong>de</strong>, sentindo-se <strong>de</strong>sresponsabilizado no contributoque <strong>de</strong>veria dar a este <strong>de</strong>sígnio que tem que ser conjunto.José Leitão Amaro presi<strong>de</strong> a um grupo <strong>de</strong> empresas que apresentaum volume <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> 66 milhões <strong>de</strong> euros, com umapercentagem <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> 50% do que produz. Meta<strong>de</strong> dasua produção <strong>de</strong>stina-se ao mercado nacional, o que significaque um dos <strong>de</strong>sígnios que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> para o País, pelo menos emrelação aos seus produtos, se cumpre. “Os portugueses têm <strong>de</strong>ter a preocupação e orgulho <strong>de</strong> consumir produtos nacionais”.Mas as empresas também têm “<strong>de</strong> ser estimuladas (mas tambémempurradas) a unirem esforços para po<strong>de</strong>rem ser mais activase competitivas no mercado externo. Só assim seremoscapazes <strong>de</strong> diminuir o <strong>de</strong>sequilíbrio”. Lembrando que Portugal éum País pequeno e com uma economia pequena, o empresário,que admite que “a resistência à mudança é uma característicados humanos e tem que ser levada em conta se queremos alteraro paradigma em que temos vivido”, aconselha ainda: na áreada exportação, a generalida<strong>de</strong> das empresas <strong>de</strong>ve posicionarsecom a agilida<strong>de</strong> dos pequenos felinos e acções cirúrgicas <strong>de</strong>conquista <strong>de</strong> espaço. ■22. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


ENTREVISTAComo tem sentido o peso dos acontecimentos a nível nacional e internacionaldos últimos anos?Os acontecimentos que têm afectado a economia internacional e nacional<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007, são a consequência da falta <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>do mo<strong>de</strong>lo económico adoptado pela maioria dos agentes económicos.Este mo<strong>de</strong>lo suporta a especulação, o <strong>de</strong>sajustamento entrea criação <strong>de</strong> riqueza e o consumo, enquanto a economia regional ouglobal está a crescer. Quando este crescimento pára ou aparece algumafalta <strong>de</strong> confiança, todo o equilíbrio, artificialmente criado, se<strong>de</strong>smorona e põe a nu a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> do sistema. A Derovo não tem<strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> sentir os efeitos <strong>de</strong>stes acontecimentos. Nomeadamenteem Espanha, o entusiasmo à volta do sector imobiliário, levou umnúmero imenso <strong>de</strong> empresários a retirar recursos financeiros e focalizaçãodos seus negócios tradicionais, para alimentar o seu envolvimentono processo especulativo da Imobiliária. A Derovo beneficiou<strong>de</strong>ssa situação, porque três dos seus concorrentes mais relevantesnaquele país entraram em dificulda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>ixaram a activida<strong>de</strong>. Emcontrapartida, a redução do consumo generalizado e as restrições vividaspelo sistema financeiro têm dificultado o <strong>de</strong>senvolvimento donosso projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Quais as estratégias que a Derovo tem seguido perante essas mudanças?O nosso projecto <strong>de</strong> internacionalização tem aproveitado esta conjunturapara tomar novas posições no mercado Ibérico, a par <strong>de</strong> umaprofunda análise <strong>de</strong> toda a envolvente económica e financeira. Estamos,neste momento, numa fase <strong>de</strong> consolidação da produção, quepassou <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> em Portugal para mais três unida<strong>de</strong>s, nasAstúrias, na Catalunha e em Madrid. Estamos também num processo<strong>de</strong> ajustamento do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão, que necessita <strong>de</strong> se adaptara esta nova realida<strong>de</strong>. É importante resistir a novos <strong>de</strong>safios, que nossurgem <strong>de</strong> diversas geografias, até termos consolidado o perímetro<strong>de</strong> operações, <strong>de</strong> produtos e <strong>de</strong> mercados que hoje temos <strong>de</strong> gerir.Os portugueses estão preparados para trabalhar em ambientes mais exigentes?Os portugueses têm <strong>de</strong>monstrado uma enorme capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>adaptação a novas realida<strong>de</strong>s e têm <strong>de</strong>monstrado, quer ao nível <strong>de</strong>gestão quer ao nível operacional, em empresas portuguesas e no estrangeiroque conseguem ser tão bons como os melhores. Paradoxalmentecontinuamos com redundantes problemas <strong>de</strong>produtivida<strong>de</strong> e parece que não somos capazes <strong>de</strong> sair <strong>de</strong>ste círculovicioso. A alteração <strong>de</strong>ste paradigma, está intimamente ligado à alteraçãoda dimensão e do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão das nossas empresas.A formação dos empresários e dos seus colaboradores, o medo <strong>de</strong>assumir novos <strong>de</strong>safios e o receio <strong>de</strong> partilhar informação, negóciose activos, têm levado as empresas a não encontrarem a solução a<strong>de</strong>quadae a mostrarem que são capazes <strong>de</strong> “saltar” para novos ambientes.Temos, no entanto, todos os dias notícias <strong>de</strong> novas empresasque ganham mercados e se afirmam em sectores exigentes e altamentecompetitivos. ■ Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 23


BONS EXEMPLOSDE LEIRIA PARA O MUNDOApesar da crise que, no geral, o País atravessa e das dificulda<strong>de</strong>s que o tecido empresarial tem vivido, com muitas empresas a encerraremou em contracção <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, há também vários exemplos <strong>de</strong> crescimento e prosperida<strong>de</strong>. No distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> existem diversasempresas que se têm afirmado no contexto internacional e que têm contribuído positivamente para atenuar o défice da balançacomercial portuguesa, muitas vezes exportando para mercados inesperados.Aposta precoce nas exportações foi sinónimo <strong>de</strong> crescimentoe esta nota-se na qualida<strong>de</strong>", <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.Por outro lado, as exportações <strong>de</strong>ram à Carfiuma preparação gran<strong>de</strong> para ir percebendoe adoptando estratégias face às alteraçõesda economia mundial. "Tivemos que nos iradaptando para continuar a crescer", explica,frisando que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter cimentadoa sua posição nos mercados convencionais,a Carfi está agora a procurar fazê-lo nosemergentes. Aponta o Japão como um dosexemplos. "Tem um grau <strong>de</strong> exigênciaenorme mas temos conseguido respon<strong>de</strong>re <strong>de</strong>senvolver os nossos negócioslá", conta. ■Helena SilvaARQUIVO/JLFunciona <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1982 com o nome Carfi,mas a sua activida<strong>de</strong> começou em 1975, <strong>de</strong>dicando-seao ramo dos mol<strong>de</strong>s e plásticos.Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 90 que se <strong>de</strong>dica à produçãocompleta, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimentodo produto ao fabrico e entrega, segundoGuida Figueiredo, administradora e responsávelcomercial do grupo.Com a entrada no ano 2000, a empresaacrescentou valor à sua produção. Criounovas valências, com a entrada <strong>de</strong> <strong>de</strong>signerse passou a <strong>de</strong>dicar-se, entre outras coisas,também ao registo <strong>de</strong> patentes. Houve,então, uma separação por áreas <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>se a divisão da empresa principal emcinco unida<strong>de</strong>s. Nasceu o grupo Carfi.Uma das unida<strong>de</strong>s foi constituída na Polónia,país que se assumiu como estratégicopara os negócios da Carfi. A empresa faz, aí,produção <strong>de</strong> plástico em série, preparando--se, este ano, para ampliar a área produtiva.Guida Figueiredo consi<strong>de</strong>ra que a apostanas exportações foi "fulcral" para fazer evoluira empresa ao longo dos anos. Mas ocrescimento <strong>de</strong>veu-se a uma alteração <strong>de</strong>estratégia, conta. "Deixámos <strong>de</strong> exportarpor exportar e passámos a fazê-lo acrescentandovalor aos nossos produtos", explica.Isso traduziu-se numa alteração dos mercados.Se, no início da década <strong>de</strong> 80, a Europareunia os principais clientes, hoje o mercadoda Carfi esten<strong>de</strong>-se a países como a China,Índia, Japão, Coreia do Sul, Tunísia, Líbia,Brasil, México e Estados Unidos da América.ExigênciaGuida Figueiredo consi<strong>de</strong>ra também que asrelações internacionais obrigaram a empresaa criar níveis <strong>de</strong> exigência muito gran<strong>de</strong>sque, ao longo dos anos, foram "muito importantes"para cimentar o seu crescimento."Quando se está em mercados tão competitivosé-se obrigado a marcar pela diferençaCarfiData fundação da empresa: 1982 (com a actual <strong>de</strong>signação)Volume negócios 2010: 13 milhões <strong>de</strong> eurosPercentagem das exportações: 98%Principais mercados: Europa, China, India, Japão,Coreia do Sul, Tunísia, Líbia, Brasil, México, EstadosUnidosNúmero trabalhadores: 220 (70 na unida<strong>de</strong> da Polónia)Inovar em produtos própriosA inovação é uma priorida<strong>de</strong> da Carfi. Na sua estratégia<strong>de</strong> acrescentar qualida<strong>de</strong> ao que produz, a empresainiciou, nos últimos anos, uma aposta nacriação <strong>de</strong> produtos próprios e exclusivos.O E-Lock é um dos exemplos. Trata-se <strong>de</strong> uma fechaduraelectrónica, que po<strong>de</strong> ser usada em residênciasou no meio empresarial.Começou a ser <strong>de</strong>senvolvida há três anos, por umaequipa multidisciplinar da empresa. Está, actualmente,em comercialização no mercado nacional,em lojas <strong>de</strong> chaves e fechaduras, <strong>de</strong>vendo iniciar,em breve, a venda na Alemanha, Polónia e Holanda.Trata-se <strong>de</strong> um dispositivo sem chave, com código<strong>de</strong> acesso, que se monta fácil e rapidamente emqualquer tipo <strong>de</strong> porta. O sistema é alimentado a pilhas,não tendo, por isso, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligaçõeseléctricas e tem uma garantia <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>três anos. Permite criar códigos numéricos específicospara cada utilizador, estando já, em estudo, aevolução para a adopção <strong>de</strong> um sistema bio-métrico(impressão digital).Para além <strong>de</strong> inovador, foi concebido para ter umpreço atractivo, tendo um valor <strong>de</strong> mercado inferioraos 70 euros. ■24. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


BONS EXEMPLOSGarantir valor acrescentado nos projectos internacionaisDR"Ven<strong>de</strong>r competências" é para Jorge Santos,director-geral da empresa <strong>de</strong> plásticosVipex, o caminho para singrar no mercadointernacional. Ser competitivo, sustenta,não implica, apenas, apresentar o melhorpreço ao cliente. Mas é, sobretudo, reuniruma oferta completa <strong>de</strong> serviços que garantavalor acrescentado.A Vipex foi criada na Marinha Gran<strong>de</strong>, em1993. Suce<strong>de</strong>u, no mesmo local, a umaoutra empresa <strong>de</strong> plásticos, a Vidroplás.Herdou da extinta unida<strong>de</strong> a estratégia internacional,<strong>de</strong> trabalhar com gran<strong>de</strong>s marcasestrangeiras.Começou por funcionar na base da subcontrataçãopor gran<strong>de</strong>s empresas, comoa inglesa Amaray, para a qual <strong>de</strong>senvolveu,entre outros, um projecto para criação <strong>de</strong>caixas em plástico para ví<strong>de</strong>os e cassetes.A Danone, em Espanha, foi outro exemplo.E enquanto Vipex alterou também o conceito<strong>de</strong> trabalhar, apostando na concepção,<strong>de</strong>senvolvimento, engenharia doproduto e produção. De simples fabricante,a empresa passou a assumir-secomo "parceira dos fabricantes", contaJorge Santos, director-geral da Vipex.E tem vindo a apostar nas exportações. Oano passado, estas representaram 75% dototal da produção da empresa quando, em2000, ascendiam a 63%.Em 1993, com a aposta nos produtos domésticos,os principais clientes situavamseem Espanha, França, Alemanha, Holandaou Suíça.Os produtos foram mudando, uma vez que"os hábitos <strong>de</strong> consumo vão-se alterando"e seguiram-se novas áreas <strong>de</strong> negócio.VipexData fundação da empresa: 1993Volume negócios 2010: 7,3 milhões <strong>de</strong> eurosPercentagem das exportações: 75%Principais mercados: EuropaNúmero trabalhadores: 60▼▼▼PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 25


BONS EXEMPLOSOs países-alvo foram-se mantendo. Sobretudopor uma questão logística. O custo <strong>de</strong>transporte (quase exclusivamente rodoviário)faz com que a aposta se situe em paísesmais próximos, explica o responsável.Espanha já foi o principal mercado mastem, actualmente, um peso mais baixo. "Éum país com algumas particularida<strong>de</strong>s queprocuramos enten<strong>de</strong>r, uma vez que se assumecom um potencial <strong>de</strong> praticamente17 mercados diferentes. Praticamente umpor cada região", explica. Des<strong>de</strong> o anopassado que a empresa voltou a incrementara sua aposta ali, realizando acções econtactos.A crescerEntre 2008 e 2010, a empresa investiu cerca<strong>de</strong> três milhões <strong>de</strong> euros em projectos <strong>de</strong>expansão, mo<strong>de</strong>rnização e no <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> novas abordagens <strong>de</strong> negócio."Parar não é solução", consi<strong>de</strong>ra, acreditandoque a crise que o país atravessa é, sobretudo,<strong>de</strong> valores. "Temos que ser nós,portugueses, a resolver. E como? Aumentandoa competitivida<strong>de</strong> das empresas edo trabalho", <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>."Para exportar, é preciso, por um lado, umaestrutura financeira sustentada e umagran<strong>de</strong> pro-activida<strong>de</strong>, mas também umaatenção permanente <strong>de</strong> forma a anteciparo futuro dos mercados", consi<strong>de</strong>ra.Jorge Santos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> ainda que a competitivida<strong>de</strong>tem que ganhar-se com uma diversida<strong>de</strong><strong>de</strong> ofertas e serviços e não com opreço."A nossa estratégia, mesmo em termos <strong>de</strong>futuro da empresa, passa por disponibilizaruma solução integrada e um trabalho <strong>de</strong>parceria com o cliente", explica ainda. ■Helena SilvaFormar para aumentar a competitivida<strong>de</strong>O percurso da empresa tem sido pautado pelo crescimento. Começou com menos <strong>de</strong> 50funcionários e, actualmente, tem 60. Um quadro <strong>de</strong> pessoal muito coeso, composto porfuncionários que se foram mantendo ao longo dos anos, e com os quais a empresa foi procurandomelhorar as competências."A formação tem sido uma gran<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> na Vipex", explica o responsável, frisando que"os novos <strong>de</strong>safios exigem uma melhoria das competências, não só das técnicas, mas tambéma nível <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> trabalho".O caminho, consi<strong>de</strong>ra, passa por eliminar do país o contexto da baixa produtivida<strong>de</strong>."As empresas, e sobretudo as exportadoras, têm que ter um alto nível <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>",afirma. Por isso, o esforço tem que centrar-se "numa organização interna, <strong>de</strong> forma a atingirmelhores resultados com menos esforço", diz ainda. ■PUB26. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


BONS EXEMPLOSPedras da serra <strong>de</strong> Aire para a ChinaDRCrescer no mercado chinês e, nos próximoscinco anos, duplicar o volume <strong>de</strong> negóciosnaquele país é o objectivo da Filstone. A empresa<strong>de</strong> pedra, que é hoje um grupo empresarial,tem uma filial naquele país eprepara-se para entrar em novos mercados,como a Índia, a Rússia e o BrasilRicardo Jorge cresceu no meio da indústria<strong>de</strong> extracção da pedra, nas serras <strong>de</strong>Aire e Can<strong>de</strong>eiros. O negócio a que se<strong>de</strong>dica, agora com a sua própria empresa,a Filstone, vai já na quarta geração.Começou com o bisavô e foicrescendo na família.Em 2002, o empresário criou a Filstone,em Alcane<strong>de</strong>, em conjunto com o pai e oavô. Exportar para a China era o seu objectivo.Tinha iniciado contactos comaquele mercado em 1998, através <strong>de</strong> algunstrabalhos que <strong>de</strong>senvolveu com oJapão, e acreditou no seu potencial.No primeiro ano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, a Filstoneregistou um volume <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> 300mil euros. Mais <strong>de</strong> 90% da produção foipara o mercado chinês. No ano seguinte,os negócios cresceram para 2,5 milhões<strong>de</strong> euros. E a China manteve-se comomercado principal.A empresa é hoje uma das principaisvinte unida<strong>de</strong>s portugueses que, no sectorexportam para aquele país. E RicardoJorge acredita que há condições para"continuar a crescer nesse mercado", esperando,nos próximos cinco anos, duplicaros negócios lá. Pelo menos, até2020. Nessa altura, arrisca prever, "aChina será reconhecida como a primeirapotência do mundo". Por isso, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>a importância das empresas nacionaisirem conquistando ali posição, afirmando-sepelos seus bons produtos. "Éum mercado com uma dimensãoenorme", lembra.A empresa registou um volume <strong>de</strong> negócios<strong>de</strong> cinco milhões <strong>de</strong> euros, em 2010.Exporta 100% da sua produção, 70% <strong>de</strong>forma directa e os restantes <strong>de</strong> forma indirecta.O mercado chinês absorve praticamentea totalida<strong>de</strong> da produção.Trata-se <strong>de</strong> um bom mercado, na ópticado empresário. "Hoje em dia, fabrica-semuito bem e com boa qualida<strong>de</strong>. Aconselhoos empresários, <strong>de</strong> todos os ramos<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, a conhecer as potencialida<strong>de</strong>sdo mercado chinês", refere.Grupo FilstoneData fundação da empresa: 2002Volume negócios 2010: 5 milhões <strong>de</strong> eurosPercentagem das exportações: 100%Principais mercados: ChinaNúmero trabalhadores: 26DRNovos mercadosApesar do sucesso registado na China,Ricardo Jorge consi<strong>de</strong>ra que é precisoapostar noutros mercados. "Só assim aempresa conseguirá crescer", <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.Uma das possibilida<strong>de</strong>s é a Índia. A empresaestá, neste momento, a estabelecerali contactos e a fazer uma exaustivaabordagem <strong>de</strong>sse mercado. "O fundamental,como foi na China, é encontrarali o parceiro certo. Nem que levetempo, a estratégia tem que passar poraí", <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.Mas o empresário não <strong>de</strong>scarta outraspossibilida<strong>de</strong>s, como o Brasil ou a Rússia,on<strong>de</strong> está, também, a começar a <strong>de</strong>senvolvercontactos.Ricardo Jorge consi<strong>de</strong>ra a aposta nosmercados internacionais fundamentalpara o crescimento das empresas. "Omercado nacional é muito pequeno,muito limitado", afirma, consi<strong>de</strong>randoque as exportações permitem "valorizaros produtos e tornar as empresas maisrentáveis". ■Helena SilvaA boa pedra nacional"O melhor calcário do mundo está em Portugal".Esta é a convicção <strong>de</strong> Ricardo Jorge. O administradorda Filstone explica que a pedra nacionaltem características únicas <strong>de</strong> resistência, uniformida<strong>de</strong>ou brilho, que a distinguem.O mármore português, consi<strong>de</strong>ra ainda, é também"conhecido pela gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>".Um valor que é reconhecido e que tem colocadoa pedra nacional entre as <strong>de</strong>z melhores domundo.Por isso, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que é necessária uma estratégia<strong>de</strong> promoção que incremente as vendas. Econsi<strong>de</strong>ra que a China é, actualmente, o melhormercado.Afirma também que, em Portugal, "há muitasempresas, muito boas, e com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>para exportar".A principal concorrência neste sector vem <strong>de</strong> Espanha,Turquia, Egipto, Paquistão e Brasil. ■28. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


BONS EXEMPLOSTrês empresas unidas para exportar frutaDRFrutus. Eurohorta. O Melro. Três empresas,do ramo frutícola - a primeira do Cadavale as outras do Bombarral - uniramesforços com um objectivo comum: levarmais longe os seus produtos. Ganhar dimensãoe incrementar os seus negócios.Assim nasceu, em Julho <strong>de</strong> 2010, a Triportugal,com se<strong>de</strong> no Bombarral. É umagrupamento complementar <strong>de</strong> empresas,que se <strong>de</strong>dica à comercialização dosprodutos - sobretudo a pêra rocha - paraos mercados internacionais.Armando Torres Paulo, um dos administradorese lí<strong>de</strong>r da Frutus, explica que ostrês empresários conseguiram pôr <strong>de</strong>parte as rivalida<strong>de</strong>s e adoptar uma estratégiacomum: estar juntos para competirno mercado mundial.Para além da pêra rocha, o objectivo é<strong>de</strong>senvolver o comércio <strong>de</strong> outras frutas,como a maçã, ameixa ou pêssego. Nofundo, os principais produtos frutícolasnacionais."Fomo-nos conhecendo ao longo dosanos e fomos aumentando o respeitopelo negócio uns dos outros. Apesar dadimensão interessante que as nossas empresasjá têm, achámos que podíamosmelhorar se nos uníssemos", recorda.Torres Paulo garante que a aposta temsido a correcta e, este ano, a empresa esperaum volume <strong>de</strong> negócios na or<strong>de</strong>mdos 18 a 20 milhões <strong>de</strong> euros.TriportugalData fundação da empresa: 2010Volume negócios 2010: 12 milhões (seis meses <strong>de</strong>activida<strong>de</strong>)Percentagem das exportações: 80%Principais mercados: Europa (Inglaterra, França,Irlanda, Polónia) e BrasilNúmero trabalhadores: 200Alargar mercadosO mercado inglês era já o principal para astrês empresas. Mas com a estratégia conjuntaconseguiram crescer ainda mais naquelepaís. É sobretudo a pêra rocha queagrada aos ingleses. A fruta está nos principaissupermercados e até nas escolas.Em conjunto, estão agora a <strong>de</strong>sbravaroutros mercados. Como o Brasil. E preparam-separa incrementar a estratégiaem França, Irlanda ou Polónia.Cerca <strong>de</strong> 80% da produção é para exportação.Desse valor, 40% vai para omercado inglês. "Crescer gradual e consistentemente"é o objectivo que traçarampara aquele país.A Triportugal, conta ainda, "tem permitidoestreitar mais o diálogo com os clientes, aumentara qualida<strong>de</strong> e a resposta".Para o empresário, a dimensão dos negóciossó se consegue quando a estratégiapassa por colocar os produtos em váriosmercados. Sobretudo no estrangeiro. "Portugalnão tem dimensão suficiente. E apostarnum só mercado internacional po<strong>de</strong> serperigoso porque as crises acontecem portodo o lado", <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. ■Helena SilvaUma parceriacom saldo positivoA entrada <strong>de</strong> um novo parceiro na Triportugal éuma das opções em estudo para o <strong>de</strong>senvolvimentoda empresa que passará, assim, a sercomposta por quatro empresas.Armando Torres Paulo, um dos administradores,consi<strong>de</strong>ra que o alargamento da parceria"faz sentido porque há um entendimento, entretodos os parceiros, das vantagens <strong>de</strong>ssa estratégia".O balanço <strong>de</strong>sta parceria entre as três empresas,que leva um ano, tem, segundo o responsável, umsaldo positivo.Mas este trabalho <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong>, sustenta,só se justifica se "os donos das empresasforem abertos e tiverem confiança em si própriose nos seus projectos".Para se associar, os empresários têm ainda queter a noção que "mesmo gran<strong>de</strong>s, a sua dimensãoé pequena e que po<strong>de</strong>m beneficiar juntando--se com outros que partilhem o mesmo espírito".■MAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 29


BONS EXEMPLOSSocem <strong>de</strong>finiu Europa como priorida<strong>de</strong> internacionalLonge vai o tempo em que a empresa seconfinava a uma pequena oficina, na zona daMaceira, <strong>Leiria</strong>. Por <strong>de</strong>cisão dos então cincosócios, quer as instalações quer as máquinas,pagavam rendas. "Decidimos não comprarnada", explicou Luís Febra,administrador e fundador da Socem, empresado ramo dos mol<strong>de</strong>s e plásticos.Foi em 1986 que a empresa iniciou a sua activida<strong>de</strong>.E fê-lo, sempre, <strong>de</strong> olhos postos nomercado internacional. Nessa altura, recordaLuís Febra, a estratégia assentou por divergirdas restantes empresas do sector que, nasua generalida<strong>de</strong>, trabalhavam para os EstadosUnidos da América."Definimos a Europa como estratégia, focando-nos,sobretudo, nos países baixos",recorda, sublinhando que o objectivo já era,então, atingir o mercado alemão. "Mas nãoera fácil lá chegar", constata. Chegaram láalguns anos mais tar<strong>de</strong>, já na década <strong>de</strong> 90.Nos primeiros anos, apenas 20% da produçãoda empresa era directa para exportação.Os restantes 80% eram-no por via indirecta,sendo subcontratada por empresas nacionaisque, <strong>de</strong>pois, colocavam os produtosnos mercados internacionais.Ao quarto ano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, a situação inverteu-see a Socem passou a trabalhar, directamente,com os clientes estrangeiros. Asexportações indirectas passaram a representar,apenas, 20% do total produzido parao estrangeiro.Luís Febra consi<strong>de</strong>ra que este foi um primeiropasso para o crescimento que se seguiunos anos seguintes. Mas não só.A estratégia da empresa divergiu tambémem relação aos produtos que, então, a indústria<strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s adoptava como prioritários."A indústria dos brinquedos era, então,a mais representativa, mas nós arriscámos<strong>de</strong>dicar-nos às indústrias <strong>de</strong> componentesmais técnicos, como a automóvel", explica.Estratégia diferenciadoraÉ que, para Luís Febra, para que uma empresaalcance sucesso não é suficiente abraçaro mercado internacional. "Temos quetentar diferenciar-nos e afirmar-nos", <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.No início da década <strong>de</strong> 90, a Socem foi pioneiranos sistemas <strong>de</strong> engenharia inversa,Um quarto <strong>de</strong> século <strong>de</strong> sucessosDRuma tecnologia que veio revolucionar aforma <strong>de</strong> trabalhar os mol<strong>de</strong>s.Em 1994, alargou a sua acção à América latina,inaugurando uma fábrica <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s em 1998. A partir <strong>de</strong> 2000, apostounuma filial na Alemanha e uma parceriano México.Actualmente, a Socem congrega um grupo<strong>de</strong> empresas, abarcando todas as fases <strong>de</strong>produção da indústria <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s. Emprega230 pessoas, 170 das quais só na área dosmol<strong>de</strong>s.Este grupo teve, em 2010, um volume <strong>de</strong> negócios<strong>de</strong> quase 15 milhões <strong>de</strong> euros, dosquais cerca <strong>de</strong> três milhões são oriundos dotrabalho realizado na fábrica do Brasil.As exportações representam 99% do totalproduzido.É por isto que Luís Febra consi<strong>de</strong>ra que a estratégia<strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> uma empresatem que assentar no mercado internacional,mas sempre "com uma abordagem própria".A ligação ao estrangeiro, diz ainda, permitecriar uma agilida<strong>de</strong> diferente e ensina as empresasa "ver à distância e sempre focadasnas melhores soluções". ■Helena SilvaGrupo SocemData fundação da empresa: 1986Volume negócios 2010: 14,865 milhões <strong>de</strong> eurosPercentagem das exportações: 99%Principais mercados: Europa, América do Sul(<strong>de</strong>staque para Brasil e México)Número trabalhadores: 230A empresa comemora este ano os 25 anos, com um programa recheado <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s e quese esten<strong>de</strong> até Novembro, mês que assinala a efeméri<strong>de</strong>.Foram, na óptica do administrador, 25 anos <strong>de</strong> crescimento e que prepararam a empresapara abraçar, com optimismo, o futuro. "Estamos hoje a trabalhar para que a empresa seja,cada vez mais, mais ágil, mais virtual, mais tech e também mais fluída no que toca às áreasdo conhecimento e da informação", sublinha Luís Febra.O responsável <strong>de</strong>staca ainda que uma das priorida<strong>de</strong>s será manter a actual filosofia <strong>de</strong> motivaçãodos colaboradores. "Só assim enten<strong>de</strong>mos o sucesso", frisa.Do programa <strong>de</strong> comemorações fazem parte passeios que reúnem os funcionários e as famílias,bem como torneios <strong>de</strong>sportivos entre outras activida<strong>de</strong>s. ■30. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


BONS EXEMPLOSResíduos para a China e Europatrabalhavam com o mercado chinês "nãohavia esta necessida<strong>de</strong> porque a exigêncianão era tão gran<strong>de</strong>".Espanha e Alemanha são, actualmente,os principais países europeus para on<strong>de</strong>a Metal Marinha exporta.Marco Pereira conta ainda que a concorrência,neste sector, é gran<strong>de</strong>. Para alémdas empresas nacionais, também as espanholas"vêm cá buscar matériaprima",frisa.DRSempre a crescerDes<strong>de</strong> a sua fundação, a Metal Marinhatem pautado a sua história por um crescimentopermanente.Em 2009, o volume <strong>de</strong> negócios ascen<strong>de</strong>ua 30 milhões <strong>de</strong> euros e, no ano seguinte,subiu para 62 milhões.A evolução tem-se notado, até, no quadro<strong>de</strong> pessoal. A empresa arrancou com trêsfuncionários e tem, actualmente, 17.■Helena SilvaA Metal Marinha foi criada em 2003,tendo a China como mercado estratégico.Para ali exportou, nos primeirosanos, 90% da sua produção. Mas as restriçõesà importação que aquele paísadoptou, o ano passado, levaram a empresamarinhense a reformular a sua estratégia.Hoje, exporta sobretudo para aEuropa.A China foi, no início da sua activida<strong>de</strong>, omercado <strong>de</strong> eleição da Metal Marinha.Para ali era exportada cerca <strong>de</strong> 90% daprodução da empresa <strong>de</strong> resíduos metálicosda Marinha Gran<strong>de</strong>, conta MarcoAlexandre, gerente e director comercial,adiantando que esta foi, até, uma das primeirasempresas do sector a exportarpara a China.Contudo, no início <strong>de</strong> 2010, toda a estratégiateve que ser reformulada, quandoaquele país criou um conjunto <strong>de</strong> restriçõesà entrada <strong>de</strong> produtos estrangeiros."A Europa já fazia parte dos nossos clientesmas era um mercado on<strong>de</strong> trabalhávamospouco. Tivemos que incrementarali os negócios", explica. A China representa,hoje, apenas <strong>de</strong>z por cento das exportaçõesda empresa.Mas a alteração do mercado representouuma alteração <strong>de</strong> procedimentos, umavez que se trata <strong>de</strong> um mercado mais exigente."Implicou investimento. Pon<strong>de</strong>rámos e<strong>de</strong>cidimos adquirir, já este ano, duasnovas máquinas para melhorar a qualida<strong>de</strong>da matéria-prima. Conseguimosque vá mais limpa e com mais qualida<strong>de</strong>",conta, sublinhando que quandoMetal MarinhaData fundação da empresa: 2003Volume negócios 2010: 62 milhões <strong>de</strong> eurosPercentagem das exportações: 99%Principais mercados: Europa e ÁsiaNúmero trabalhadores: 17Exigências ambientais burocráticas"Em Portugal, a burocracia é um dos principais entraves ao bom andamento dos negócios",consi<strong>de</strong>ra Marco Pereira, sublinhando que as coisas são ainda "mais complicadas" quando sefala em questões ambientais."Claro que é importante cumprir as regras fundamentais. Somos os primeiros a dizê-lo e a pô--lo em prática", assegura. Consi<strong>de</strong>ra, no entanto que "sempre que é necessário qualquer procedimento,a papelada é muita e ninguém se enten<strong>de</strong>".Os exemplos são muitos, garante. E o resultado é que muitas empresas acabam por evitar onegócio."Haveria formas <strong>de</strong> simplificar os processos e isso é, no fundo, aquilo que pedimos: queremosproteger o ambiente mas precisamos <strong>de</strong> regras mais claras e menos burocráticas", afirma.Outra das dificulda<strong>de</strong>s com que o sector se <strong>de</strong>para e que, conta o empresário, tem levado a algunsencerramentos, é o preço das matérias-primas. Em 2010, os valores <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> materiaiscomo o cobre ou o alumínio, aumentaram muito e para muitas empresas "foi impossívelsobreviver". Este ano, esclarece, "a situação está mais controlada". ■32. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


BONS EXEMPLOSQueremos crescer em AngolaQuando em 2002 Carlos Lemos fez um cruzeiropelas Caraíbas, estava longe <strong>de</strong> imaginarque um dia se transformaria noadministrador <strong>de</strong> uma das maiores empresasprestadoras <strong>de</strong> serviços em Angola.Como responsável pela CPS - Consultores<strong>de</strong> Informática, sentiu que o mercado na regiãoe no País começava a ser pequenopara <strong>de</strong>senvolver a sua principal área <strong>de</strong> negócio,então a formação profissional. "EmMiami, conheci um português radicado emAngola e duas semanas <strong>de</strong>pois visitei opaís, fiquei maravilhado, apesar da <strong>de</strong>stuição”,conta o empresário que, em 2003, adquiriua Gestinfor.Em Angola emprega mais <strong>de</strong> 1500 pessoas,prevendo chegar ao fim do ano com umvolume <strong>de</strong> facturação <strong>de</strong> 35 mihões <strong>de</strong> dólares.Em Portugal, a CPS tem a se<strong>de</strong> em<strong>Leiria</strong> e abriu escritório em Lisboa, mantendoa vocação no sector da formação.Abrange, contudo, as áreas da consultoria<strong>de</strong> gestão e implementação <strong>de</strong> sistemas informáticos,sendo também fornecedora daGestinfor.Carlos Lemos explica que a CPS continuaem "franco crescimento", com uma facturação<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2.1 milhões <strong>de</strong> euros,mas é em Angola que quer continuar a in-▼▼▼LURDES TRINDADEPUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 33


BONS EXEMPLOS▼▼▼vestir nos sectores da formação profissional,recrutamento <strong>de</strong> pessoal, recursos humanos,man power e consultoria einformática.O empresário não faz investimentos a curtoprazo e a sua permanência em Angola éprova disso. Admite que só faz sentidoestar num país estrangeiro se estiver concentradona sua estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Foi, aliás, essa a razão que o levoua diversificação as áreas <strong>de</strong> negócioquando se apercebeu que a aposta exclusivano sector petrolífero po<strong>de</strong>ria ser arriscada.Actualmente, direcciona parte do trabalho,também, para a área portuária, comclientes como a Getma e a 5M e, ainda,para a banca. "Estamos a trabalhar com asmelhores empresas do mundo, como é ocaso da GE e da Petrobras", diz, acreditandoque "não é empresário quem quer".Vive-se o ambiente dos negócios "que nosé favorável ou não. O que fui fazendo é oespelho dos meus pais e avós. Investiamcuidadosamente, responsabilizando-secom os fornecedores e cumprindo escrupulosamente.Esse foi o ensinamento máximo.Somos uma empresa muito gran<strong>de</strong> enão temos dívidas a fornecedores"."Crescer em Angola" é o seu objectivopelo que Soyo é agora a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Carlos Lemos. Numa "ruela" que "nãochega a ser cida<strong>de</strong>", na província <strong>de</strong> Cabinda,mas que será "o maior centro industrial<strong>de</strong> África", está a nascer a terceiramaior fábrica <strong>de</strong> gás do mundo. É naquelelocal que o empresário, está a construir umapartohotel, um centro <strong>de</strong> formação e umgran<strong>de</strong> escritório, maior que o da CPS em<strong>Leiria</strong>. ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>PUBDificulda<strong>de</strong>snos vistos obrigaa trabalhar em re<strong>de</strong>Quando lhe perguntámos <strong>de</strong> que forma aGestinfor contribuía para a balança comercialportuguesa, Carlos Lemos respon<strong>de</strong>uque, além <strong>de</strong> dar emprego amuitos portugueses, que <strong>de</strong>positam noPaís gran<strong>de</strong> parte dos seus salários, aempresa angolana importa também produtose serviços nacionais, nomeadamenteda CPS.Além disso, na própria CPS, em <strong>Leiria</strong>,além dos 39 funcionários da empresamãe, trabalham seis pessoas que constituemo núcleo duro da empresa angolana.Por uma razão simples: adificulda<strong>de</strong>s que os empresários começama ter em conseguir os vistos paraAngola. "Não percebi ainda se os angolanosnos querem lá ou não, a verda<strong>de</strong> éque nos estão a levantar muitas dificulda<strong>de</strong>spara obtermos vistos para recrutarmostrabalhadores. Temos avantagem <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>rmos serviços e <strong>de</strong>po<strong>de</strong>rmos trabalhar em re<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong>Portugal, seguindo o exemplo <strong>de</strong> muitasempresas, algumas multinacionais". ■CPSData <strong>de</strong> formação da Empresa (grupo): 1992Volume <strong>de</strong> Negócios: Cerca <strong>de</strong> 27 milhões <strong>de</strong>eurosPercentagem <strong>de</strong> exportação: 3%Mercados: Portugal e AngolaNúmero <strong>de</strong> Trabalhadores: Mais <strong>de</strong> 150034. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


BONS EXMPLOSInautom abre sucursais no mercado internacionalpara Taiwan para serem transformados emequipamentos.As máquinas <strong>de</strong> injecção são certificadas <strong>de</strong>acordo com as regras da União Europeia.LURDES TRINDADESe uns invertem caminho nos investimentosque tinham preparado para os países doMagrebe, a Inautom, resolveu continuar coma sua aposta em Marrocos, abrindo recentementeuma <strong>de</strong>legação em Casablanca. Émais uma a juntar às cinco sucursais que possuiem vários países europeus e africanos,on<strong>de</strong> Angola assume relevo. A principal máquina<strong>de</strong> injecção que comercializa é produzidaem Taiwan, mas o now how é ma<strong>de</strong> inPortugal.Abriu a primeira <strong>de</strong>legação na Suécia hácerca <strong>de</strong> 11 anos e, a partir daí, não parou <strong>de</strong>procurar novos mercados internacionaispara marcar presença física, "com poucoscustos, mas com bons resultados". Comse<strong>de</strong> na Corga, Batalha, a Inautom começou,contudo, pelo mercado espanhol eapostando mais tar<strong>de</strong> no alemão, em resultadoda participação numa feira local. Seguiram-sea Inautom Baltic (Estónia, Letónia,Lituânia e São Petersburgo) e a InautomMosco. Como <strong>de</strong>stinos, tem, ainda, Ucrânia,Angola, Moçambique e, mais recentemente,Marrocos, através da criação da Nova Magrebe."É um mercado interessante, comquem nos enten<strong>de</strong>mos muito bem", sublinhaJorge Júlio, sócio-gerente da empresa,lembrando que as sucursais que mantémnos vários países "não são estruturas pesadas,pelo que se existir algum sobressalto,os recursos humanos rapidamente serão retirados".Em causa nestes mercados está a comercializaçãoda marca EuroInj, numa parceria coma Lien Yu Machinery Co Ltd, que Jorge Júlioconheceu há mais <strong>de</strong> 20 anos, quandopouco ou nada se ouvia falar em equipamentochinês. "Todas as componentes electrónicas,<strong>de</strong> software e hidráulica dasmáquinas são ma<strong>de</strong> in Portugal, com oscomponentes e aços escolhidos por indicaçãoda empresa portuguesa", explica. Só aprodução é feita em Taiwan. "No início nãofoi fácil impormos as nossas exigências <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>, porque em Taiwan não estavampreparados para lidar com os europeus, <strong>de</strong>vidoàs diferenças culturais, mas rapidamentenos adaptámos uns aos outros",explica o engenheiro electrotécnico e antigoquadro da extinta Carvalho e Catarro. Foi,aliás, nessa empresa que adquiriu muito donow how que aplica aos projectos que enviaInautomData fundação da empresa: 1986Volume negócios 2010: 5 milhões <strong>de</strong> eurosPercentagem das exportações: 50%Principais mercados: Sucursais na Suécia, Estóniae Rússia, Angola, Moçambique e MarrocosNúmero trabalhadores: 15Internacionalização foi apenas um complementoA entrada no mercado internacional surgecomo um complemento à activida<strong>de</strong> da empresaporque, <strong>de</strong> acordo com o responsável,as vendas em Portugal não se têmressentido com a crise. "Vivíamos bem como mercado português, on<strong>de</strong> temos 750 máquinas<strong>de</strong> injecção vendidas, e até aumentámosas vendas", diz o empresário,lembrando, contudo, que a sua área <strong>de</strong> negócioé distinta da maioria. O que marca,aliás, a diferença da empresa é a venda personalizadae a assistência técnica, 24 horaspor dia e ao fim-<strong>de</strong>-semana. A diferenciaçãosurge também da "experiência na montagem<strong>de</strong> fábricas completas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong>águas à alimentação automática <strong>de</strong> matérias-primas,instalação <strong>de</strong> máquinas e a suarobotização". ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>Crescer em AngolaA Inautom ven<strong>de</strong> para Angola há cerca <strong>de</strong> 20anos, tendo começado as relações comaquele país com a comercialização <strong>de</strong> equipamentousado. Hoje tem 42 máquinas novas<strong>de</strong> injecção instaladas, mas o objectivo é continuara crescer naquele mercado. Há doisanos, instalou duas empresas chave-na-mãopara o GRM – Gabinete <strong>de</strong> Recuperação Nacionale entrou num gran<strong>de</strong> grupo angolano<strong>de</strong> capitais portugueses. O mês passado fechouum negócio <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> eurospara uma unida<strong>de</strong> completa <strong>de</strong> sopro e <strong>de</strong>pete, para a execução <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> higienepessoal e doméstico.Além dos negócio <strong>de</strong> vendas das máquinas<strong>de</strong> injecção, sopro e sopradoras <strong>de</strong> pete (garrafas),possui também um <strong>de</strong>partamento autónomo<strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> ferramentas para aindústria <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s e serralharias. Continua,ainda, na sua aposta <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> máquinasusadas. ■36. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


BONS EXEMPLOSYudo Eu valoriza marca portuguesa no mercado externoDRApesar <strong>de</strong> ligada a um grupo sul coreado, aYudo Eu afirma-se como uma empresa portuguesa,valorizando a sua marca junto domercado exterior como uma mais-valia. NaMarinha Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007, facturou 4.5milhões <strong>de</strong> euros em 2010, prevendo umaumento <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> euros até ao final<strong>de</strong>ste ano. Recentemente, investiu emnovas instalações, permitindo-lhe aumentara capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção, diversificar aárea <strong>de</strong> negócio e criar um showroom paratoda a Europa.Tendo como principal activida<strong>de</strong> a fabricação<strong>de</strong> canais quentes para mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> injecção,a Yudo Eu, adquiriu, recentemente,as antigas instalações da Somoltec, na MarinhaGran<strong>de</strong>, com o objectivo <strong>de</strong> aumentara capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção em Portugal,mas, acima <strong>de</strong> tudo, para introduzir a fabricação<strong>de</strong> um novo conceito <strong>de</strong> fornecimento<strong>de</strong> sistemas, o Hot Half. O início <strong>de</strong>uma nova área <strong>de</strong> negócio <strong>de</strong> equipamentosauxiliares esteve, ainda, na base do investimento<strong>de</strong>sta empresa que pertencegrupo Yudo, <strong>de</strong> origem sul coreana. Aliás, acriação <strong>de</strong> um Show Room para toda a Europavai dotar a empresa e o grupo a quepertence <strong>de</strong> um espaço que mostre, <strong>de</strong>forma integrada, todas as suas áreas <strong>de</strong> negócio.As que são <strong>de</strong>senvolvidas em Portugale no resto do mundo!Yudo Eu▼▼▼Data fundação da empresa: Abril 2007Volume negócios 2010: 4.5 milhões 2010Percentagem das exportações: 90%Principais mercados: Europa Oci<strong>de</strong>ntal (Portugal,Espanha, França, Reino Unido, Itália, Alemanha,Turquia, República Checa, Polónia); Irão, África doSul e BrasilNúmero trabalhadores: 43PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 37


BONS EXEMPLOSCom a mudança <strong>de</strong> instalações para o novo espaço, aquelaque é consi<strong>de</strong>rada "a maior fabricante <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> injecçãoem Portugal, em linha com sua posição <strong>de</strong> maior fabricantemundial", prevê, também, a criação <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> testespara novas soluções, ensaios <strong>de</strong> clientes, quer ao nível <strong>de</strong> sistemasquer ao nível <strong>de</strong> matérias primas, para que seja escolhidaa melhor solução com os dados mais fi<strong>de</strong>dignospossíveis, explicam os responsáveis da empresa presidida porJosé Dantas.Mais e melhores condições para os colaboradores - principaismotores do crescimento da Yudo Eu. Estas são outras preocupaçõesda empresa da Marinha Gran<strong>de</strong>, que foi consi<strong>de</strong>radauma das Melhores Empresas para Trabalhar no início <strong>de</strong>ste anopela revista Exame, tendo ficado, ainda, em 5º lugar na categoriadas Indústrias Transformadoras Portuguesas.Actualmente, a empresa fabrica mais <strong>de</strong> 250 sistemas <strong>de</strong> injecçãopor mês, tendo crescido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007 em produção e em volume<strong>de</strong> negócios em cerca <strong>de</strong> 20% ao ano. Apesar <strong>de</strong> ligada aum grupo sul coreado, a Yudo Eu "tem-se afirmado como umaempresa portuguesa" que tem funcionado como um factor <strong>de</strong>valorização da marca e com um novo prestígio reconhecido noexterior pelos clientes e pelo mercado em geral, revelam os responsáveis.■Competitivida<strong>de</strong> acrescida aos mol<strong>de</strong>sA Yudo Eu está e9m funcionamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007, em resultado doPlano Global Lea<strong>de</strong>r estabelecido em 2005 pelo grupo Yudo <strong>de</strong> origemSul Coreana, que passava por aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção,então concentrada na Ásia. O objectivo passava pelainstalação <strong>de</strong> uma fábrica na Europa, adaptando a produção e oproduto às exigências do mercado europeu. A escolha acabou porrecair na Marinha Gran<strong>de</strong>, ficando inserida no cluster dos mol<strong>de</strong>s.Permitia-lhe, assim, um acesso facilitado a fornecedores, clientese mão-<strong>de</strong>-obra com experiência em tecnologias essenciais ao fabricodos sistemas <strong>de</strong> injecção. Com um investimento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>dois milhões <strong>de</strong> euros, estabeleceu-se a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção daMarinha Gran<strong>de</strong> para abastecimento da Europa, mas também doBrasil, Médio Oriente e África do Sul. A instalação da fábrica emPortugal veio permitir a redução <strong>de</strong> prazos <strong>de</strong> entrega e aumentara flexibilida<strong>de</strong> e a costumização do produto ao mercado europeu. AYudo EU, que tem nos fabricantes <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s os seus clientes <strong>de</strong>primeira linha, veio reforçar a sua presença no mercado e trazeruma competitivida<strong>de</strong> acrescida à indústria <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s europeia nogeral e à portuguesa em particular. ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>PUB38. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


PUBLIREPORTAGEMISICOM APOSTA EM PRODUTO PRÓPRIOPARA CONQUISTAR MERCADOCom duas décadas <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, a Isicom tem pautado a sua história por um crescimento sustentado e baseado na criaçãodas melhores soluções para as empresas nacionais. O ElStation é um dos exemplos. Trata-se <strong>de</strong> um sistema único einovador, <strong>de</strong>senvolvido pela empresa e com aplicação na indústria metalomecânica, sobretudo nas empresas <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>se plásticos. Promover a sua expansão no mercado internacional é a meta da empresa.esforço próprio, a sua campanha <strong>de</strong> promoçãointernacional."Exportar é o nosso objectivo, até porqueo mercado nacional já conhece onosso sistema", explica.DRO ElStation é um sistema que automatiza,simplifica e reduz o tempo do processo<strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> eléctrodos. Compartes mecânicas e electrónicas, apresentavalências várias e permite, porexemplo, dar uma melhor performanceàs máquinas CNC, que equipam as empresas<strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s e plásticos. Foi <strong>de</strong>senvolvidohá cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos e tem vindoa ser sempre aperfeiçoado, constituindohoje uma resposta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>para o sector da metalomecânica.Em Portugal, este sistema está presenteem cerca <strong>de</strong> seis <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> empresas.E algumas unida<strong>de</strong>s estrangeiras tambémjá o adoptaram, em França, Brasil eEspanha.Incrementar mais as vendas fora do paísé o objectivo da empresa, conta PauloFerreira, sócio-gerente da Isicom.Mas para alcançar esse objectivo, a empresanecessita <strong>de</strong> apoio, refere ainda."Sem ajuda, é complicado <strong>de</strong>senvolveruma estratégia internacional consistente",<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, explicando que quando se vaipara o mercado externo sozinho, o processo<strong>de</strong>senrola-se com maior lentidão.As expectativas <strong>de</strong> alterar esse cenário assentavamnuma candidatura que a Isicomapresentou, no âmbito do Quadro <strong>de</strong> ReferênciaEstratégico Nacional (QREN) para"EXPORTAR É O NOSSOOBJECTIVO, ATÉ PORQUEO MERCADO NACIONALJÁ CONHECE O NOSSOSISTEMA"a realização <strong>de</strong> feiras no estrangeiro, on<strong>de</strong>promoveria o sistema ElStation. Esse projectofoi reprovado o ano passado e a empresaprepara-se, agora, para iniciar, comVinte anos <strong>de</strong> crescimentoA Isicom foi criada em 1991. Hoje, é umgrupo empresarial que tem, para já, duasempresas: a Isicom IT, que <strong>de</strong>senvolve aparte das infra-estruturas e do hardware,e é representante, entre outros, do softwarePHC; e a Isicom Tec, que se <strong>de</strong>dicaao software <strong>de</strong> Cad e Cam, comercializaa marca Solid Works e <strong>de</strong>senvolve o sistemaElStation. O grupo, que tem crescido<strong>de</strong> forma continuada e consolidada,tem, hoje, 26 trabalhadores.Em 2010, teve um volume <strong>de</strong> negócios<strong>de</strong> 1,8 milhões <strong>de</strong> euros. Trabalha praticamente100% para o mercado nacional,on<strong>de</strong> tem cerca <strong>de</strong> oito centenas <strong>de</strong>clientes.Paulo Ferreira conta que as perspectivaspara este ano são <strong>de</strong> crescimento, naor<strong>de</strong>m dos 10 a 15%. O responsável sublinhaque o grupo trabalha com um sector- da metalomecânica - que, pela forteligação ao estrangeiro tem <strong>de</strong>monstradobons resultados. "Sentimos que as empresasestão com mais confiança para investir",consi<strong>de</strong>ra.A Isicom começou por ser uma pequenaunida<strong>de</strong>, especializada em montagem <strong>de</strong>hardware e software <strong>de</strong> gestão. A partir<strong>de</strong> 1994, <strong>de</strong>u um salto com a introduçãodas tecnologias Cad e Cam e a forte ligaçãoàs indústrias <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s e plásticos.De tal forma que estas tecnologiasacabaram por ter uma importância suficientepara que a Isicom se alargassenum grupo e fosse criada uma unida<strong>de</strong>autónoma só para dar resposta a estesprojectos: a Isicom Tec. ■40. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


OUTROS PRODUTOSCONHECIMENTO, ARTE E TECNOLOGIAMAIS INTERNACIONAISNovos produtos ganham peso no distritoO perfil das exportações no País e na região têm tendência para mudar. Máquinas, aparelhos e mol<strong>de</strong>s dominam o topodos rankings no distrito, mas há cada vez mais produtos com potencial exportador. Conhecimento, arte, tecnologia,vinho, calçado são apenas alguns produtos/serviços com gran<strong>de</strong>s perspectivas diferenciadoras nos mercados internacionais.Criativida<strong>de</strong>, inovação e <strong>de</strong>senvolvimento não faltam na região. Basta que os empresários se consciencializem quea internacionalização "não é hoje uma opção para as empresas e para a realização <strong>de</strong> negócios, mas é e <strong>de</strong>ve passar aser a forma <strong>de</strong> estar das empresas".Nuno Mangas, presi<strong>de</strong>nte do IPLSe olharmos para os produtos que o distritomais exportou em 2010, veremos que notopo na lista continuam as máquinas, aparelhose mol<strong>de</strong>s, seguindo-se a pedra, a cerâmicae o vidro. Plásticos e metais situam-seem terceiro lugar, mas na lista surgem outrasáreas referidas pelo Instituto Nacional <strong>de</strong> Estatística(INE) como sendo as que mais registaramsubidas, como a indústria alimentar ebebidas, os metais, o material <strong>de</strong> transporte,os produtos vegetais, o plástico e os produtosda indústria química. De fora, ficam osserviços, o calçado, a arte e até o vinho, pelomenos como produto isolado.As áreas do conhecimento, como é o casodos equipamentos <strong>de</strong>senvolvidos no InstitutoPolitécnico <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, com tecnologiaA CRIAÇÃO DE UM PAÍSMENOS DEPENDENTE DEUM OU DOIS PRODUTOSEXPORTADORES É O QUEPORTUGAL PRECISAprópria e que são vendidos para o estrangeiro,também não constam na listagem dosprodutos mais internacionais. Mas a verda<strong>de</strong>RICARDO GRAÇA/ARQUIVOé que existem e constribuem, cada vez mais,para alterar o perfil das exportações em Portugal.São pequenos nichos ainda, mas queten<strong>de</strong>m a ganhar dimensão. Não só pelonível tecnológico que muitas empresas portuguesasjá dispõem, mas pela crescenteprocura <strong>de</strong> parcerias com universida<strong>de</strong>s, politécnicose centros <strong>de</strong> investigação e pelacriativida<strong>de</strong> que muitos empresários já <strong>de</strong>monstramno <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtose serviços diferenciadores. Isto, apesar <strong>de</strong>Nuno Mangas, presi<strong>de</strong>nte do Institudo Politécnico<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, revelar que nas áreas do negócioem si, poucos empresários procuram,ainda, apoio na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação aliinstalada.O que falta aos novos produtos do distritopara competir no estrangeiroA alteração do paradigma da internacionalizaçãoem Portugal, proporcionando dimensãoàs empresas, através <strong>de</strong> fusões eparcerias, e aposta na inovação, é essencialpara que o País se torne diferenciador e maiscompetitivo em qualquer mercado. A i<strong>de</strong>ia é<strong>de</strong> António Poças, administrador do GrupoinCentea, que aplicou esta metodologia nasua empresa em 1988, ao privilegiar as parcerias,muitas com concorrentes suas. Sóassim se torna possível criar escala <strong>de</strong> mercado,com produtos diferenciadores e inovadores.De facto, a criação <strong>de</strong> um País menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> um ou dois produtos exportadoresé o que Portugal precisa, na óptica <strong>de</strong>Elsa <strong>de</strong> Morais Sarmento, do Gabinete <strong>de</strong>Estratégias e Estudos (GEE) do Ministério daEconomia, que consi<strong>de</strong>ra que há um con-42. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


OUTROS PRODUTOSjunto <strong>de</strong> bens que Portugal po<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r láfora com mais facilida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> ser lí<strong>de</strong>rapenas em dois: cortiça e nas fibras sintéticas.Há muitos outros que a economia tempara oferecer ao exterior, segundo a "Base<strong>de</strong> dados dos produtos portugueses commaior vantagem comparativa revelada",on<strong>de</strong> a especialista baseou o seu estudo, e,para citar apenas alguns, refiram-se os produtoscerâmicos, tabaco e sucedâneos manufacturados,bebidas, líquidos alcoólicos evinagres, obras <strong>de</strong> pedra, gesso e matériassemelhantes, entre muitos outros. Mais umavez, faltam os serviços, as tecnologias, asartes, o conhecimento...In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> tudo isto, o País temsabido tirar partido do comércio externo,pelo menos no primeiro trimestre <strong>de</strong>ste ano,cujos dados mostram que aumentou as exportaçõesem cerca <strong>de</strong> 17% face ao períodohomólogo, atenuando, assim, o défice dabalança comercial em 342,4 milhões <strong>de</strong>euros, segundo o INE.EM 2009, FOI RESPONSÁVELPELA SUBMISSÃO DE 16 PA-TENTES AO INSTITUTO NA-CIONAL DE PROPRIEDADEINDUSTRIAL, SENDO, NO PRI-MEIRO TRIMESTRE DESSEANO, A INSTITUIÇÃO (...)DO PAÍS QUE MAIS PEDIDOSSUBMETEU<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> projectos para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> produtos, gran<strong>de</strong> parte da áreamédica e apoio e idosos, equipamentos <strong>de</strong>resolução <strong>de</strong> problemas relacionados com aactivida<strong>de</strong> empresarial, sendo que muitas<strong>de</strong>stas empresas são exportadoras. Ou seja,se até aqui Portugal era um País importador<strong>de</strong> tecnologia e quase todas as empresas daregião importavam equipamentos para fazerprototipagem, hoje a situação inverteu-se,porque muito do conhecimento produzidono IPL é exportado através das empresasparceiras.Empresas não procuram apoio a negócios▼▼▼PUBConhecimento e tecnologia ma<strong>de</strong> in <strong>Leiria</strong>Conscientes da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversificação,os empresários da região têm sabidotirar partido do Centro para o DesenvolvimentoRápido e Sustentado <strong>de</strong> Produto, doInstituto Politécnico <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> (IPL), criadopara <strong>de</strong>senvolver produtos, materiais e processos.Porque o mundo tem cada vez maisprodutos e máquinas inovadoras ma<strong>de</strong> in<strong>Leiria</strong>. Chegam às lojas, laboratórios e linhas<strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> indústrias <strong>de</strong> vários paísese são oriundos <strong>de</strong> empresas que se queapoiam naquela que foi consi<strong>de</strong>rada umadas três melhores unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigaçãoem engenharia mecânica do País.Nuno Mangas, presi<strong>de</strong>nte do IPL, explicaque aquele centro está aberto às empresascom problemas na sua área <strong>de</strong> especialida<strong>de</strong>,a que o conhecimento actual aindanão tenha conseguido dar resposta ou umaresposta a<strong>de</strong>quada. "O número <strong>de</strong> pedidos<strong>de</strong> patentes que o centro tem conseguido<strong>de</strong>senvolver mostra que está no caminhocerto" e que as empresas têm sabido aproveitaras suas potencialialida<strong>de</strong>s.Em 2009, foi responsável pela submissão <strong>de</strong>16 patentes ao Instituto Nacional <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong>Industrial, sendo, no primeiro trimestre<strong>de</strong>sse ano, a instituição universitária ou politécnicado País que mais pedidos submeteu.Até Setembro <strong>de</strong> 2010, foram submetidosmais 26 projectos por empresas da região,com quem o centro mantém parcerias. SãoMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 43


OUTROS PRODUTOSMas se aquele centro tem registado umaforte afluência <strong>de</strong> empresários, o mesmo nãoacontece com o Center of Research on InternationalBusiness & Strategy, também do IPL,que surgiu para investigar e alavancar conhecimentocientífico, colaborar na formaçãoavançada, apoiar e incentivar estudantes nainvestigação e divulgar o conhecimento junto<strong>de</strong> organizações privadas e públicas, empresariaise académicas na área dos negócios internacionais(comércio, investimento emobilida<strong>de</strong> internacional) e competitivida<strong>de</strong>global. "Ao contrário do que acontece noutrasáreas, ainda não há muita procura porparte dos empresários nesta área dos negóciosem concreto", revela Nuno Mangas,adiantando que este centro se justifica pelanecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expansão internacional daeconomia nacional e das empresas portuguesase do apoio à internacionalização poruma comunida<strong>de</strong> científica nacional. "Sabemosque ciência, indústria ou comércio, por siO MUNDO DE HOJE NÃOSE CONSTRÓI COMSUJEITOS ISOLADOS,MAS COM GRUPOS DEPESSOAS, A FUNCIONAREMEM REDE, COM UMAELEVADA TAXA DE TROCADE INFORMAÇÃOsó, pouco po<strong>de</strong>m fazer", adverte o responsável,consi<strong>de</strong>rando que a internacionalização"não é hoje uma opção para asempresas e para a realização <strong>de</strong> negócios,mas já é e <strong>de</strong>ve passar a ser a forma <strong>de</strong> estardas empresas".Consi<strong>de</strong>rando que o conhecimento <strong>de</strong>senvolvidoem Portugal nessa matéria "é aindareduzido”, Nuno Mangas explica que, emtermos práticos, “são colocadas à disposiçãodos empresários estratégias já utilizadas poroutros que po<strong>de</strong>m servir como mo<strong>de</strong>los parao <strong>de</strong>senvolvimento da sua própria estratégia”.O mundo <strong>de</strong> hoje não se constrói comsujeitos isolados, mas com grupos <strong>de</strong> pessoas,a funcionarem em re<strong>de</strong>, com uma elevadataxa <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informação. "Esta éuma verda<strong>de</strong> em todos os domínios e naconstrução do conhecimento ainda se tornamais evi<strong>de</strong>nte e relevante, pois as novasi<strong>de</strong>ias são geradas a partir do confronto <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ias pré-existentes", diz o responsável, paraquem o alargamento dos conhecimentos eda capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar sinergias e novo conhecimentorepresenta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>“pôr a região nos mapas” internacionais. ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>inCentea exportaserviços e tecnologiaExportar tecnologia. Apesar <strong>de</strong> possuir empresas em Cabo Ver<strong>de</strong>, Moçambiquee Angola, a inCentea exporta fundamentalmente serviços <strong>de</strong>consultoria e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aplicações. Foi construíndo o seu percursocom base em troca <strong>de</strong> participações ou com integração <strong>de</strong> empresasconcorrentes, num processo completamente inovador num Paíscom um tecido empresarial que é, ainda, avesso às parcerias. Uma posturaque, segundo António Poças, surgiu naturalmente, mas <strong>de</strong> formapensada e estruturada. "Após o MBO efectuado por um conjunto <strong>de</strong> colaboradoresda Leirisic em 2000, percebemos que era fundamentalcrescer e o processo escolhido foi este! I<strong>de</strong>ntificámos as áreas <strong>de</strong> competência,as áreas geográficas e as empresas que nos interessavam einiciámos os contactos."O processo ganhou vida própria e o grupo inCentea é hoje constituído por13 empresas, embora trabalhe "muito <strong>de</strong> perto com mais seis empresasque são accionistas no projecto internacional".A inCentea iniciou alguns projectos internacionais em 2000, mas foi em2007 que nasceu o Primacis. António Poças explica que o projecto "surgiuda vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir uma i<strong>de</strong>ia empresarial inovadora, sustentadana cooperação entre diversas PME’s (concorrentes em Portugal)mas com projectos internacionais convergentes.De tal forma as coisas têm corrido bem que, em 2010, "as participadastiveram uma facturação consolidada <strong>de</strong> três milhões <strong>de</strong> euros, dos quais64% em serviços. António Poças explica que as participadas internacionaistiveram um volume <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> 2,9 milhões <strong>de</strong> euros e, <strong>de</strong>stevalor, um milhão <strong>de</strong> euros foi exportado <strong>de</strong> Portugal. O restante correspon<strong>de</strong>a compras nos vários países. "Fazendo as contas constata-seRICARDO GRAÇA/ARQUIVOque, dos 64% <strong>de</strong> serviços, cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> são feitos com recursos locaise a outra meta<strong>de</strong> com recursos portugueses".Actualmente, a inCentea "tem em mãos meia dúzia <strong>de</strong> novos projectos,alguns a aguardar financiamento e/ou novos sócios". Assim, neste contexto“rico <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias", diz não sentir necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajustar a estratégia,pois o mercado que mais o preocupa é o português. "O que só reforça onosso empenhamento nos mercados externos on<strong>de</strong> estamos ou paraon<strong>de</strong> queremos ir."O Grupo inCentea conta actualmente com 190 trabalhadores, acumulandoum volume <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> euros, com uma percentagem<strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> 30%. ■44. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


OUTROS PRODUTOSVinho precisa <strong>de</strong> um cluster que impeça compras noutros mercadosNo distrito, a Vidigal Wines (Caves Vidigal)exporta quase toda a sua produção (90%),para <strong>de</strong>stinos como a Escandinávia, Angola,Alemanha, França, Holanda, Estados Unidos,China, Japão, Canadá, Brasil e Finlândia. "Estamosespalhados pelo mundo", revela AntónioLopes, director da empresa, para quemos números que Portugal apresenta relativamenteàs exportações <strong>de</strong> vinho são ainda"uma ninharia" comparando com outros países.As razões que aponta para esta situação referem-se,por um lado, ao facto <strong>de</strong> o País "serainda um gran<strong>de</strong> importador <strong>de</strong> vinho", especialmente<strong>de</strong> Espanha, "o que não contapara a balança comercial portuguesa", e,também, a algumas <strong>de</strong>ficiências do sector. Otamanho da proprieda<strong>de</strong> é uma das primeirasdificulda<strong>de</strong>s que o empresário aponta,consi<strong>de</strong>rando que 30 hectares é o mínimorentável no País. Outro obstáculo pren<strong>de</strong>-secom a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> castas existenteem Portugal e que, segundo o empresário,po<strong>de</strong> significar que se tenta"transformar um <strong>de</strong>feito numa virtu<strong>de</strong>. Nãohá no mundo mais <strong>de</strong> 15 castas para fazerbom vinho e quando dizemos que temosentre 200 ou 300 estamos a admitir que estamosa fazer mau vinho".O trabalho feito nos últimos anos pelos enólogosé apreciável e conduziu a uma qualida<strong>de</strong>média bastante satisfatória, mas nãopo<strong>de</strong>mos confudir qualida<strong>de</strong> com estilo",explica ainda o empresário, que refere queas características das castas e do clima predominantementeatlântico dão ao vinho umcarácter rústico, uma especificida<strong>de</strong> nossaque se po<strong>de</strong>ria impor se fossemos um Paíscom pujança sócio-económica.Referindo-se à imagem <strong>de</strong> Portugal, AntónioLopes lembra que os exportadores "têm <strong>de</strong>ven<strong>de</strong>r o vinho apesar <strong>de</strong> ser português enão por ser português" e esse "é o maior entraveàs exportações", porque no País não seaproveitam os sucessos que se têm e não seé exigente o suficiente. "Temos políticos quese têm preocupado pouco com a imagemdo País", além <strong>de</strong> que não temos uma quota<strong>de</strong> mercado nos respectivos países que justifiqueque uma qualquer ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> supermercadosou <strong>de</strong> lojas imponha o nossoproduto ao consumidor.O que falta então para que isso possa acontecer?"Falta o que já houve na MarinhaGran<strong>de</strong>. Um cluster numa área geográficapequena. Se quiser uma garrafa, tenho <strong>de</strong> aOS EXPORTADORES "TÊMDE VENDER O VINHO APE-SAR DE SER PORTUGUÊS ENÃO POR SER PORTUGUÊS"mandar vir <strong>de</strong> Itália, porque aqui ninguémme oferece essa possibilida<strong>de</strong>. Temos vidrobarato, mas falta diversida<strong>de</strong>".Apesar <strong>de</strong> tudo, a produção da VidigalWines situa-se em cerca <strong>de</strong> três milhões <strong>de</strong>garrafas, o que para António Lopes é razoável.Contudo, para ser um negócio rentável,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria "subir o preço", o queé "impensável". Esse seria o caminho parapo<strong>de</strong>r gerar lucros suficientes para gran<strong>de</strong>sinvestimentos, para estudos tecnológicos epara contribuir na criação <strong>de</strong>sse cluster. "Seriamprecisas margens bem maiores." ■▼▼▼LUR4DES TRINDADEPUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 45


OUTROS PRODUTOSCalçado da Beneditaabranda fornecimentoao EstadoArte mais internacional com Galeria 57Não há estatísticas em Portugal sobre a exportação<strong>de</strong> arte, mas existem já muitas galeriascujo principal mercado é o internacional.Exportar arte, dar visibilida<strong>de</strong> aos artistasportugueses no estrangeiro e aumentaras suas potencialida<strong>de</strong>s na integração <strong>de</strong> colecçõespúblicas e privadas é cada vez mais oobjectivo <strong>de</strong> quem trabalha com este mercado.Em <strong>Leiria</strong>, a Galeria 57, um espaço quenasceu em 1997 com o objectivo <strong>de</strong> promoverjovens artistas emergentes e <strong>de</strong> trabalharcom nomes já consagrados, há muito que internacionalizaa arte dos seus artistas.Ao longo <strong>de</strong> 13 anos <strong>de</strong> trabalho, os responsáveisperceberam que não podiam focar-seapenas no mercado nacional. A arte "é umproduto fácil <strong>de</strong> internacionalizar e possível <strong>de</strong>exportar, porque trabalha com a sensibilida<strong>de</strong>das pessoas, com capacida<strong>de</strong> técnica e com oque é bom ou mau", sublinha José Vicente,director criativo da galeria. Adverte, contudo,que a questão do ser bom ou mau "não é tãosubjectivo como se pensa", pois a arte "temtécnica, estética e capacida<strong>de</strong> ou não para <strong>de</strong>senhar,fotografar, pensar o ví<strong>de</strong>o, em suma,para se saber estruturar uma i<strong>de</strong>ia".A galeria está presente em vários países, mascom especial incidência no Oriente. Não é poracaso. "Apostamos muito no Oriente, porquea arte portuguesa é muito difícil <strong>de</strong> exportar,não pela qualida<strong>de</strong> dos artistas, mas peloselevados preços que, ao longo dos anos, têmpraticado". Apostar na Europa "seria como investirem Portugal, pois o contexto social, económicoe político é muito similar". José Vicentediz que, neste momento, os artistasportugueses conseguiram igualar os preçosaos dos artistas do Oriente, que são muitobons e, curiosamente, também aos europeusque têm a arte mais barata que Portugal. "Opapel da galeria é aconselhar os artistas abaixar os seus preços, mas sem pôr emcausa a qualida<strong>de</strong> ".A Galeria 57, que exporta cerca <strong>de</strong> 70% dos"seus" produtos, tem marcado presença naFeira Internacional <strong>de</strong> Arte Contemporânea<strong>de</strong> Itália, <strong>de</strong> Milão e <strong>de</strong> Bolzano, assim comona Feira Internacional <strong>de</strong> Arte Contemporânea<strong>de</strong> Xangai. Tem protocolos com o Museu<strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna da Baía e com instituições<strong>de</strong> arte contemporânea que trabalham comvários organismos <strong>de</strong> outros países.Além disso, possui a sua se<strong>de</strong> em Macauon<strong>de</strong> concentra todas as suas obras, queexpõe em várias salas com quem trabalhahabitualmente. Além <strong>de</strong> Macau, a galeria estápresente em Hong-Kong e em Itália. Participaainda todos os anos numa feira em Espanhae trabalha com a Fundação Oriente <strong>de</strong> Macauem Portugal.No futuro, os seus projectos passam por Angolae outros mercados africanos e, também,pelo Brasil. "Todos os anos temos levadoobras <strong>de</strong> artistas estrangeiros, <strong>de</strong> Moçambiquee do Brasil, a outros países, nomeadamentea Macau. A i<strong>de</strong>ia é internacionalizarestes artistas e <strong>de</strong>pois apostar nesses paísescom artistas nossos", diz. ■LURDES TRINDADENa Benedita, uma das freguesia mais industrializadasda zona Oeste, cluster dacutelaria e do calçado, surgem várias empresason<strong>de</strong> a inovação não tem paralelocom outros locais do País, principalmentena área do calçado, cujas exportaçõesportuguesas cresceram 20% noprimeiro trimestre <strong>de</strong>ste ano face ao períodohomólogo do ano anterior, segundoo Instituto Nacional <strong>de</strong> Estatística(INE). Um <strong>de</strong>sempenho que resulta, emgran<strong>de</strong> medida, <strong>de</strong> uma aposta consistentena promoção internacional, como<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u em comunicado a AssociaçãoPortuguesa dos Industriais do Calçado(APICCAPS).Actuando numa activida<strong>de</strong> tradicional, aSerralheiro e Irmãos tem inovado numtipo <strong>de</strong> produto completamente diferente,<strong>de</strong>stinado a militares e bombeiros,um nicho <strong>de</strong> mercado que cresceu nosúltimos anos, mas que recententementesofreu uma quebra <strong>de</strong>vido à crise internacional.Mesmo assim, segundo ManuelSerralheiro, sócio-gerente da empresa,90% da produção <strong>de</strong>stina-se, ainda, aomercado externo.E porque sofreu este sector uma retracção,enquanto os restantes nichos <strong>de</strong>mercado – com mais marca e moda – registaramaumentos <strong>de</strong> produção? "Estamos<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos governos dosvários países, pois fornecemos militarese bombeiros. E como os orçamentosestão cortados, isso tem-nos afectadoem Portugal e no resto da Europa.Actualmente, a Serralheiro e Irmãos temuma encomenda para o governo holandês,"está tudo aprovado, mas está à espera<strong>de</strong> verbas para <strong>de</strong>sbloquear oprocesso". Representa cerca <strong>de</strong> 20 milpares, que correspon<strong>de</strong> à produção <strong>de</strong>um ano naquela empresa. Na Serralheiroe Irmãos, que emprega cerca <strong>de</strong> 35 pessoas,o volume <strong>de</strong> negócios é <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> euros.Nos últimos anos, e tendo em conta a"crise" neste nicho <strong>de</strong> mercado, os ir-46. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


OUTROS PRODUTOSLURDES TRINDADE/ARQUIVOmãos Serralheiro (Manuel e Lino) preocuparam-seem diversificar a área <strong>de</strong> negócio,voltando-se para outros produtos,também direccionados a um público específico,mas civil. Calçam pessoas que se<strong>de</strong>dicam à equitação, às motas, à agriculturae a tudo o que está relacionado comtempos-livres e que exija calçado resistente.Porque a diferença do seu calçadoestá nas peles utilizadas e nas solas, quesão adaptadas a todo o tipo <strong>de</strong> terrenosdifíceis. Também ven<strong>de</strong>m clássico emoda, embora em menores quantida<strong>de</strong>s.Os seus clientes são essencialmente europeus(Espanha, França, Bélgica, Holandae Alemanha), mas já trabalharampara o Médio Oriente, um mercado queneste momento que está parado.Por outro lado, a empresa usa ainda o sistemaGoodyear na construção dos seusmo<strong>de</strong>los, um processo que permite umgrau <strong>de</strong> conforto superior, em que o pé éisolado termicamente. Mo<strong>de</strong>los que têmsido <strong>de</strong>senvolvidos com a colaboração<strong>de</strong> um estilista/mo<strong>de</strong>lista e do <strong>de</strong>partamentodo Centro Tecnológico do Calçado<strong>de</strong> Portugal. "Optámos por estesistema <strong>de</strong> construção do calçado por teruma qualida<strong>de</strong> diferente e também portradição <strong>de</strong> família", diz o responsável,que herdou a empresa criada pelo pai em1957. ■PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 47


A IMAGEMDE PORTUGALNO MUNDOEMPRESÁRIOS NACIONAISSÃO 'EMBAIXADORES' PELO MUNDODe um <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> sol e calor, on<strong>de</strong> sobressaía o Algarve, Portugal foi-se afirmando como país <strong>de</strong> tecnologia e qualida<strong>de</strong>.Os empresários não têm dúvidas que essa alteração se <strong>de</strong>veu, em muito, ao seu papel ao longo das últimas décadas.Hoje, olham com algum receio para a frágil situação económica nacional que, consi<strong>de</strong>ram, po<strong>de</strong> gerar <strong>de</strong>sconfiança juntodos clientes internacionais e reflectir-se negativamente nos negócios.num mercado <strong>de</strong> 10 milhões e não, como<strong>de</strong>veria, num mercado <strong>de</strong> abertura europeiae pensando em 400 milhões",afirma."Se pensarmos que os espanhóis, aqui aolado, já pensam <strong>de</strong> outra forma, percebemoson<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> a gran<strong>de</strong> diferença <strong>de</strong>estratégia. Que faz toda a diferença", sustenta.Pensar europeu é, pois, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safiopara este empresário."Mas falta ambição nacional", constata,frisando que "falta, também, incentivopara 'pensar Europa'".José Frazão, administrador da ExposalãoEram os jogadores <strong>de</strong> futebol e algunsclubes nacionais e treinadores o tema <strong>de</strong>conversa lá fora. José Frazão, administradordo Centro <strong>de</strong> Exposições da Batalha(Exposalão) que, há 18 anos, promove feirasnacionais e internacionais, recordaesse tempo, que coincidiu com o inícioda sua activida<strong>de</strong> empresarial. "De Portugal,pouco mais se sabia e pouco seouvia dizer a não ser, talvez, o bom climapara fazer férias", conta.A mudança, consi<strong>de</strong>ra, surgiu há poucomais <strong>de</strong> uma década. Não só pelo papeldas empresas nacionais que começarama incrementar o trabalho no exterior mas,e sobretudo, "com o aparecimento <strong>de</strong>feiras sectoriais e com a presença <strong>de</strong> empresasnacionais"."Começou a haver notícias. Os jornaiseconómicos falam das empresas nacionaisnesses países e as notícias ajudam edão a conhecer uma nova realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Portugal", <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.Para José Frazão, um país tem que afirmar-se<strong>de</strong>sta forma. Mais pela pujançaeconómica do que, até, pela História. "Ahistória do país, que é antiga, é importantemas não tem peso suficiente", assegura.A par das feiras e do trabalho <strong>de</strong> cadaempresário, sublinha ainda o papel <strong>de</strong>instituições com a Agência para o Investimentoe Comércio Externo (AICEP).Mas, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, "o país tem que fazer maisqualquer coisa". Sobretudo o tecido empresarialportuguês, sustenta. "A gran<strong>de</strong>maioria dos empresários tem uma visão'muito portuguesa'. E focaliza a sua acçãoRICARDO GRAÇA/ARQUIVOO papel dos empresáriosJoaquim Martins, administrador da empresa<strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s Famol<strong>de</strong>, mostra-seconvicto <strong>de</strong> que os negócios acabam por"passar um bocado ao lado da imagemque o país tem hoje, em resultado dacrise financeira". Isto porque acredita queao longo dos anos as empresas nacionaissouberam afirmar-se nos mercados internacionaispela qualida<strong>de</strong> e bom <strong>de</strong>sempenho.Contudo, lamenta que, "uma vez mais, otecido empresarial não tenha sido ouvidoAO LONGO DOS ANOS ASEMPRESAS NACIONAISSOUBERAM AFIRMAR-SENOS MERCADOSINTERNACIONAIS PELAQUALIDADEE BOM DESEMPENHO48. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


A IMAGEMDE PORTUGALNO MUNDOno momento <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões sobre orumo do país para sair da crise". A experiênciados empresários nesta matéria,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, "<strong>de</strong>veria começar a ser levadaem conta".Para Joaquim Martins, que fundou a Famol<strong>de</strong>em 1984, a imagem do país no estrangeirotem passado por várias etapas.Os mol<strong>de</strong>s tiveram, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, umaboa reputação, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. "Na década <strong>de</strong>80, éramos reconhecidos, sobretudo pelopreço competitivo, mas também pelosexcelentes recursos e bons produtos ",conta. E isso era notório sobretudo na Europa.Na década seguinte, o preço já não era oprincipal factor - até porque havia a concorrênciaasiática -, mas valorizavam-severtentes como a data <strong>de</strong> entrega e aqualida<strong>de</strong> do produto. Foi nessa ocasiãoque a forte ligação às empresas internacionais<strong>de</strong> topo alavancou a indústria <strong>de</strong>mol<strong>de</strong>s nacional para fazer melhor."Houve uma forte aposta na qualida<strong>de</strong>,Joaquim Martins, administrador da Famol<strong>de</strong>na diferenciação. Conseguíamos fazerbem e trabalhar diferente e era essa aimagem que havia", recorda.Nos anos seguintes, toda a indústriaapostou na presença em feiras internacionais.O que ajudou a cimentar a imagem<strong>de</strong> excelência do sector a nívelinternacional.▼▼▼PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 49


A IMAGEMDE PORTUGALNO MUNDOARQUIVO/JLPedro Custódio, administrador da ManulenaControloHoje, explica o empresário, há um novomo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio na Europa. Que é perigoso,adverte. Trata-se do fornecimentodo produto sem o pagamento. Estechega, por vezes, a <strong>de</strong>morar um ano emeio a chegar. "Contudo, na Ásia é tudopago a tempo", sublinha, consi<strong>de</strong>randoque, a prazo, esta situação vai complicara vida das empresas portuguesas.Actualmente, há também alterações anível da garantia da qualida<strong>de</strong>. "É tudomais rígido", assegura."As empresas nacionais são constantementeauditadas pelos seus clientes paraconseguirem estar nos mercados internacionais.E são os próprios clientes que se<strong>de</strong>slocam a Portugal para fazer essas avaliações",explica.Joaquim Martins enaltece o papel da regiãoon<strong>de</strong> a sua empresa se insere, consi<strong>de</strong>randoque, ao longo dos anos, o eixo<strong>Leiria</strong>-Marinha Gran<strong>de</strong> soube afirmar-seno panorama internacional pela sua dinâmicaempresarial. E não tem dúvidas <strong>de</strong>que é reconhecido no estrangeiro. Nocaso dos mol<strong>de</strong>s, junta-se a este eixo azona <strong>de</strong> Oliveira <strong>de</strong> Azeméis. E, no seuconjunto, "são referências no estrangeiropela qualida<strong>de</strong>".Produto nacional reconhecidoPedro Custódio é administrador da empresa<strong>de</strong> ceras e velas Manulena que, nosúltimos anos, tem <strong>de</strong>senvolvido o seu trabalhojunto do mercado inglês. Este responsáveldiz ter encontrado sempre “boareceptivida<strong>de</strong>” aos produtos portugueses.“O que é português tem um bom posicionamento.As gran<strong>de</strong>s marcasinglesas, por exemplo, procuram muito aindústria nacional”, contaPara Pedro Custódio, a imagem das empresasnacionais não tem sido afectadapela crise financeira do país. “Há muitosanos que se tem consolidado a imagemempresarial do país e junto <strong>de</strong> alguns nichos<strong>de</strong> mercado Portugal é visto comomarca <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>”, esclarece. Por isso,diz, “ainda não se sente – pelo menos noEvolução positivaLuís Febra, administrador do grupo empresarialSocem, consi<strong>de</strong>ra que a imagemdo país tem evoluído no estrangeiro."Há uns anos, Portugal era o Algarve, osol e a praia. Hoje, é um país mo<strong>de</strong>rno ecompetitivo a nível tecnológico e empresarial",<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.Há mais <strong>de</strong> duas décadas que este empresáriotrabalha com os mercados internacionaise explica que, junto dospaíses mais pequenos da Europa, Portugal"é olhado <strong>de</strong> igual para igual". A diferençanota-se em países como aAlemanha, acrescenta. "Os alemães reconhecema nossa qualida<strong>de</strong> a nível tecnológicoe industrial mas num patamarinferior ao seu", adianta.Já Jorge Santos, director-geral da empresa<strong>de</strong> plásticos Vipex conta que asempresas que nunca trabalharam comPortugal ten<strong>de</strong>m a, numa primeira fase,olhar com alguma <strong>de</strong>sconfiança os empresáriosportugueses. Mas a i<strong>de</strong>ia altera-sequando começam a conhecer asempresas nacionais e a sua forma <strong>de</strong>trabalhar. Sobretudo no sector on<strong>de</strong> seinsere a Vipex, nos plásticos e mol<strong>de</strong>s.Apesar disso, todo o contacto com empresasno estrangeiro tem que ser bemacautelado, adverte. "Nem todas as experiênciasforam boas e, por isso, temosque estar atentos. E muitas vezes, temosque alterar uma má imagem que ficou",esclarece.Para este empresário, toda a situação <strong>de</strong>crise financeira por que passa o nossopaís po<strong>de</strong> prejudicar a imagem internacionale, consequentemente, gerar <strong>de</strong>sconfiançae ter impacto negativo nosnegócios. "Ainda não se nota mas estamospreparados para possíveis problemas<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> que tal situaçãovenha a gerar", afirma, consi<strong>de</strong>rando queos empresários que exportam enfrentam,neste momento, um trabalho redobrado:"temos que trabalhar a imagemdo país, contrariar toda a negativida<strong>de</strong>que lhe está associada e afirmar a qualida<strong>de</strong>das nossas empresas".E, neste aspecto, consi<strong>de</strong>ra que os empresáriostêm estado - e continuam -"muito à frente das instituições oficiais".■50. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


A IMAGEMDE PORTUGALNO MUNDOa baixo preço”, afirma, mostrando-se convicto<strong>de</strong> que tal prática acaba por dar ai<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que é esse o produto nacional, oque não correspon<strong>de</strong> à verda<strong>de</strong>. Trata-se,no seu enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> uma situação que precisa<strong>de</strong> ser alterada. E mostra-se convicto<strong>de</strong> que “as novas gerações, que já começama adoptar novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> trabalharno estrangeiro, saberão fazê-lo”.Mas essa questão não interfere com a imagemglobal do país. “Há uma boa receptivida<strong>de</strong>a Portugal: é tido como um paísafectuoso e on<strong>de</strong> a qualida<strong>de</strong> tem subidomuito nos últimos anos”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. Paraessa boa imagem contribui, entre outrosfactores, a língua portuguesa. “É umagran<strong>de</strong> vantagem competitiva e que, emmuitos casos, po<strong>de</strong> ajudar a ultrapassar outras<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s que existem no país”. ■Helena SilvaPUBDRJosé Ribeiro Vieira, administradorda Movicortes, com Catarina Vieira,responsável pela Herda<strong>de</strong> do Rocimnosso sector - nenhuma penalização nosnegócios em resultado das notícias quetêm sido difundidas sobre a crise nopaís”. Admite, no entanto, que, no futuroe a manter-se a situação, talvez isso venhaa mudar. “Mas os empresários que exportamestão conscientes disso e saberãoencontrar uma forma <strong>de</strong> contornar essasituação”, consi<strong>de</strong>ra.O empresário acredita ainda que a região<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> é conhecida no exterior. E que temconseguido afirmar-se pela qualida<strong>de</strong> e dinamismodas suas empresas, sobretudo <strong>de</strong>sectores como os mol<strong>de</strong>s ou plásticos.Qualida<strong>de</strong> que importa fazer crescerJosé Ribeiro Vieira, administrador da Movicortestem uma opinião diferente em relaçãoà forma como são vistos os produtosnacionais. “Há ainda, nalguns mercados,uma certa i<strong>de</strong>ntificação do produto portuguêscom alguma baixa qualida<strong>de</strong>”, consi<strong>de</strong>ra.E aponta os vinhos como exemplo.“Continua a exportar-se baixa qualida<strong>de</strong> eMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 51


EMPRESÁRIOSACONSELHAMCOMO COMPETIR EM MERCADOS COMDIFERENÇAS CULTURAIS GIGANTESCASEmpresários aconselham conhecimento profundo dos paísesA internacionalização é, cada vez mais, um imperativo nos actuais conceitos <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> e do <strong>de</strong>senvolvimentosustentado das empresas, num contexto <strong>de</strong> globalização das tecnologias e dos mercados e da mundialização da concorrência.No actual contexto nacional, e para as PME em particular, porque são a base do tecido empresarial português,mais do que um <strong>de</strong>sígnio, é uma necessida<strong>de</strong>, apresentando-se como condição <strong>de</strong> sobrevivência das empresas. Mas,não basta querer. É necessário que as empresas portuguesas consigam competir com êxito em mercados com diferençasculturais e sociais gigantescas, com níveis tecnólogicos e <strong>de</strong> inovação elevados e com finanças e logística completamentediversas. É, necessário, antes <strong>de</strong> iniciar um processo <strong>de</strong> internacionalização. conhecer bem os mercados e só <strong>de</strong>poisavançar!Uma históriacom Álvaro Cunhalna BulgáriaDRAntónio Santos, presi<strong>de</strong>nte da Tecmol<strong>de</strong>,terá sido um dos primeiros empresários a entrarno mundo global. Apesar <strong>de</strong> em 1968,quando nasceu a empresa, já existirem os“famigerados” intermediários <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s -"que se limitavam, a comprar no mais barato,e a ven<strong>de</strong>r pelo melhor preço" - a Tecmol<strong>de</strong>surgiu com um novo conceito. Então já eraconsi<strong>de</strong>rada uma “One Man Show”, emtudo semelhante ao que é hoje. "Fazia <strong>de</strong>tudo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os <strong>de</strong>senhos, ao acompanhamentodas encomendas, experiências dosmol<strong>de</strong>s, buscar e levar clientes...". E a procura<strong>de</strong> novos mercados já era política daempresa, <strong>de</strong> tal forma que actualmente, possuiclientes em 43 mercados. Exporta, hoje,98% da sua produção, tendo só muito recentementecomeçado a fazer projectos paraclientes locais.Uma empresa global que nos últimos seteanos viu o mundo atravessar sobressaltosque afectaram as economias e a forma comose abordam os mercados. Começou com a<strong>de</strong>svalorização do dólar americano e com acrise nos Estados Unidos que se alastrou àEuropa. E se nos países <strong>de</strong> Leste nunca haviacrise e a China não era um problema grave,nos últimos anos, tem vindo a afectar todo osistema mundial económico. A economia nacionalnão ficou imune a estas mudanças,pelo que, hoje, abordar novos mercados e aforma como se faz é <strong>de</strong>terminante.Em 1985, a Tecmol<strong>de</strong> fornecia mol<strong>de</strong>sà Bulgária e António Santos <strong>de</strong>slocouseao país para visitar um cliente. Teve<strong>de</strong> apanhar dois aviões, um nas linhasaéreas romenas, para Berlim Leste, edaí, nas linhas aéreas búlgaras paraSofia. "Embarquei em Lisboa, estiveno avião cerca <strong>de</strong> uma hora e apareceo Dr. (Álvaro) Cunhal com o seu secretario".Já no voo para Sofia, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ter parado em Berlim – "viajava entãoem primeira classe, o empresáriosentou-se na segunda fila e, momentos<strong>de</strong>pois, chegou, <strong>de</strong> novo, ÁlvaroCunhal e o secretário, nunca pensandoque viajava com ele um português.Finalmente, chegaram a Sofia. Lá fora,um gran<strong>de</strong> aparato - "não era porminha causa" – e, estranhamente, ahospe<strong>de</strong>ira não <strong>de</strong>ixou sair ninguém,à excepção <strong>de</strong> Álvaro Cunhal, o seusecretário e... António Santos. "Seguiatrás <strong>de</strong>les… Desci as escadas e comeceia receber beijos e flores e camaradapara aqui e para acolá. Porforça, queriam meter-me num carro.Eu agra<strong>de</strong>cia os beijinhos e dizia nomeu russo 'não obrigado, eu vou noautocarro', e eles 'não camarada está52. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


EMPRESÁRIOSACONSELHAMali o seu carro'!".Depois <strong>de</strong> muita insistência, entrou noautocarro… Chegou ao hotel, novagran<strong>de</strong> recepção, uma suite e sorrisose António Santos sempre retribuindo,pois como lembra, "temos <strong>de</strong> se respeitaro hábitos locais". Já no quarto, sabiaque não podia fazer chamadas internacionaissem pedir ao operador, o quepodia <strong>de</strong>morar dias. Mesmo assim,marcou o 351 e o número <strong>de</strong> casa e conseguiufalar. "Fiquei convencido quepensavam que eu fazia parte da comitiva…".Até hoje não sabe ainda, porqueà noite, quando ia a sair do hotel, maltinha andado 200 metros <strong>de</strong> táxi, foimandado parar por um polícia. "Perguntou-mepara on<strong>de</strong> ia, eu perguntei oque se passava… ele nem respon<strong>de</strong>u.Mal cheguei a sair do hotel... Estavam àminha espera para me trazer <strong>de</strong>volta…".■Por isso, António Santos aconselha os empresáriosque preten<strong>de</strong>m iniciar-se no mundodas exportações a conhecerem bem o produtoque se quer ven<strong>de</strong>r no estrangeiro e asaber se existem mercados que os possamcomprar, quer pelo preço, quer pela qualida<strong>de</strong>e pela inovação. Depois, é necessário"avaliar a gran<strong>de</strong>za do mercado e, também,a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r em termos <strong>de</strong>produção nacional", explica, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndoque a procura <strong>de</strong> contactos locais, <strong>de</strong> pessoasou empresas representantes que conheçamos possíveis compradores é essencial paraabrir portas. "Catálogos, e-mails e outras ferramentasdo género já não funcionam, emboranecessárias para a apresentação dasempresas. Uma boa página web, realista, lowprofile, mas credível", adianta, ainda, o empresário,para quem as visitas regulares aospaíses on<strong>de</strong> foram encontrados interessescomuns, o falar cara-a-cara com os interessados,o saber ven<strong>de</strong>r bem o produto tecnicamentee o ser fluente em inglês, pelo menos,são ainda factores que <strong>de</strong>terminam o sucessoda internacionalização das empresas."Deixar no cliente, bem marcada, a impressão<strong>de</strong> serieda<strong>de</strong>, honestida<strong>de</strong> e transparência".Eis outros conselhos <strong>de</strong>terminantes,pois <strong>de</strong> "se o cliente ficar com essa percepçãoé o primeiro gran<strong>de</strong> passo para um negóciofuturo". Mas, cuidado, é bom ser-seambicioso, mas os empresários não <strong>de</strong>vem"querer logo <strong>de</strong> início uma encomendamuito gran<strong>de</strong>. Há que dar a possibilida<strong>de</strong> aocliente <strong>de</strong> experimentar e fazer tudo paraque a primeira experiência seja um sucesso,pois as outras virão <strong>de</strong>pois".É preciso visitar, visitar, falar comos mesmos muitas vezesE o que fazer perante culturas, hábitos e costumosdiferentes? "Temos <strong>de</strong> as respeitar.Em Roma, faz como os romanos….", sublinhaAntónio Santos, que ao longo <strong>de</strong>stesmais <strong>de</strong> 40 anos <strong>de</strong> globalização sempre procurou"compreen<strong>de</strong>r a mentalida<strong>de</strong> docliente, ser humil<strong>de</strong>, mas sem per<strong>de</strong>r a suaprópria personalida<strong>de</strong>". É isto mesmo queaconselha aos empresários, não sem lhesdizer, ainda, que <strong>de</strong>vem "encarar com a▼▼▼PUBMAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 53


EMPRESÁRIOSACONSELHAMmesma cara uma gran<strong>de</strong> encomenda ouuma queixa <strong>de</strong> um cliente e resolver primeiroo problema e <strong>de</strong>pois procurar diplomaticamenteo culpado, que normalmente não seencontra". Diz, ainda, que se <strong>de</strong>ve evitar"uma prática enraizada no espírito dos portugueses,segundo a qual a culpa é sempredos outros. E muitas vezes não é!". Os empresários<strong>de</strong>vem "avaliar bem o problema,<strong>de</strong>tectar as faltas do cliente, mas não asapontar <strong>de</strong> imediato, tentando resolver asnossas e <strong>de</strong>pois, suavemente, começar amostrar os eventuais <strong>de</strong>svios do cliente, sempretendo em conta que os clientes nuncacometem erros!"A procura <strong>de</strong> novos mercados e <strong>de</strong> novosclientes não é uma tarefa fácil e tem <strong>de</strong> sepreparar com alguns anos <strong>de</strong> antecedência."É preciso visitar, visitar, falar com os mesmosmuitas vezes nem que seja só para beber umchá ou um café e então temos duas hipóteses:ou eles nos põem na rua ou nos dão umaoportunida<strong>de</strong>. Um trabalho <strong>de</strong> prospecçãoque fazemos ao longo dos anos <strong>de</strong>moramuito tempo a dar resultados…".Os portugueses são fantásticosno relacionamento com outras culturasJoaquim Menezes fez a sua primeira viagema Itália em 1971, ainda ao serviço da Aníbal H.Abrantes como director-técnico da empresa,para avaliar e preparar o dossier <strong>de</strong> aquisiçãodaquela que veio a ser a primeira máquina<strong>de</strong> medição tridimensional. Mas a Iberomol<strong>de</strong>s,quando foi fundada em Setembro <strong>de</strong>1975, começou <strong>de</strong> imediato obter encomendas,<strong>de</strong>stinadas na totalida<strong>de</strong> ao mercadoexterior. "A primeira encomenda foipara a Suécia, mas o nosso mercado predominante,foi <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, os Estados Unidos",diz o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um grupo que na suahistória conta com um conjunto <strong>de</strong> empresascom mol<strong>de</strong>s exportados para mais <strong>de</strong>100 países e que conta, actualmente comuma facturação total superior a 70 milhões <strong>de</strong>euros.Pelo elevado número <strong>de</strong> países on<strong>de</strong> está eesteve presente, Joaquim Menezes aconselhaos empresários a "estarem muito conscientesda qualida<strong>de</strong> e competitivida<strong>de</strong>global dos seus produtos". Adverte quehoje, genericamente, em todos os mercados,"a qualida<strong>de</strong> percepcionada não é apenas aque se atinge no produto", mas abrange,cada vez mais e <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>terminante osserviços - antes e pós venda -, bem como aproximida<strong>de</strong> em sentido muito lato com ocliente. Por isso, é imperioso que se conheçamuito bem a sua cultura, os seus hábitos, asatisfação da organização do cliente peranteos produtos e a sua utilização, tentando percebero mercado do cliente, as suas especificida<strong>de</strong>se tendências.Para Joaquim Menezes, os empresários portuguesesnão têm gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em relacionar-secom povos <strong>de</strong> culturas diferentes.Os portugueses são interculturais por natureza."São fantásticos no relacionamentocom outras culturas. Acho que faz parte donosso ADN, darmo-nos bem com toda agente... a história das Descobertas, a formacomo ao longo <strong>de</strong> séculos nos relacionamoscom culturas tão variadas pelo mundo inteiro,são disso facto evi<strong>de</strong>nte. Adaptamo-RICARDO GRAÇA"O horário tão rigorosonão contemplavaida ao wc"Joaquim Menezes tomou contacto, pelaprimeira vez, com o rigor e a disciplinados japoneses, quando em 1995, frequentouno Japão.No primeiro dia, recebeu o horário com oprograma final e <strong>de</strong>talhado ao minuto docurso. Para cada dia, "eram páginas e páginas<strong>de</strong> instruções que não <strong>de</strong>ixavamqualquer margem <strong>de</strong> dúvida, nem <strong>de</strong>imaginação, a qualquer dos participantes".explica. A acompanhar os formandos,um monitor da escola auxiliava-osna comunicação e garantia que tudo corriacom o rigor do programa. Só que…os participantes, europeus, não eram, <strong>de</strong>todo, um grupo homogéneo. Além doportuguês – Joaquim Menezes –, haviafranceses, italianos, gregos, finlan<strong>de</strong>ses,alemães, holan<strong>de</strong>ses, suecos... Enfim,"uma mistura suficiente <strong>de</strong> culturas parapôr o nosso guia em estado <strong>de</strong> stresspermanente".Numa das <strong>de</strong>slocações fora da escola,um dos italianos <strong>de</strong>cidiu ir à casa <strong>de</strong>banho, já na estação <strong>de</strong> comboios antesda partida. Imagine-se o pânico totalquando se <strong>de</strong>u pela sua falta. É que "o horáriotão rigoroso não contemplava ida aowc". Resultado: "o guia ficou em transe echorou <strong>de</strong> nervos e raiva, perante o arsurpreso do resto do grupo europeu. Estavafrustrado e acabrunhado por não tercumprido a missão que lhe estava acometida".Joaquim Menezes conta esta "estória"com graça e recorda-a com uma dassuas experiências mais "fantásticas",lembrando, contudo, que no Japão, osentido <strong>de</strong> missão e rigor no cumprimento<strong>de</strong> instruções é algo quase “incompreensível”nas culturas latinascomo a portuguesa. "O tempo para nós é'redondo'. A disciplina, planeamento epreparação para qualquer tarefa, é algo,que mesmo hoje, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> me surpreen<strong>de</strong>rno Japão ... nem os alemães selhes aproximam!!!", afirma o empresário.54. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


EMPRESÁRIOSACONSELHAMUm tradutorem Moscovo quefez Erasmus emPortugalDRAdaptamo-nos facilmente ao essencial dasoutras culturas e respeitamo-las, sem, contudo,<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> manter traços marcantes daquiloque somos".É preciso tempo, paciência, persistência,organização e calma... muita calma"Fundada em 1989, a EIB, empresa industrial<strong>de</strong> borracha, encontrou na internacionalizaçãoa sua preferência <strong>de</strong> actuação, exportandoprincipalmente para a Europa. Àmedida que os anos passaram, ficou conhecidapela qualida<strong>de</strong> dos seus produtos, fornecendoalgumas multinacionais, umapolítica que ainda hoje mantém. Inglaterra,França, Espanha, Alemanha e Finlândia sãopaíses on<strong>de</strong> a sua presença é mais forte,tendo iniciado também relações com Marrocos.Tiago Pires,o jovem director comercial daempresa, diz não se sentir "à vonta<strong>de</strong>"para aconselhar os empresários, consi<strong>de</strong>ra,contudo, que "o mais importantequando se vai para um novo país é recolhero máximo <strong>de</strong> informação sobre omesmo e conhecer bem o mercado". Ocontacto com câmaras <strong>de</strong> comércio, com aAICEP e com associações sectoriais é <strong>de</strong>terminante,mas mais importante é "otempo, a paciência, a persistência, a organizaçãoe a calma... muita calma".Tiago Coutinho refere, ainda, que um empresárionão <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>slocar-se em negóciospara um país diferente do seu semreunir o máximo <strong>de</strong> informação possívelsobre a sua cultura e mesmo sobre a suareligião. "Se estás em Roma sê Romano",aconselha, à semelhança <strong>de</strong> António Santos,lembrando que os nossos empresáriosprecisam, cada vez mais, <strong>de</strong> apoios paraajuda à exportação e para o investimentoque envolva inovação e <strong>de</strong>senvolvimento,pois "a nossa 'guerra' tem <strong>de</strong> passar pelaqualida<strong>de</strong> dos produtos e isto só se conseguecom tecnologia <strong>de</strong> ponta capaz <strong>de</strong>igualar, pelo menos, a existente noutrospaíses".Quanto a este aspecto, Tiago Coutinhoconsi<strong>de</strong>ra que os empresários <strong>de</strong>vem encarara inovação a par da contratação dosmais jovens. "Eles po<strong>de</strong>m não ter a experiência,mas têm a criativida<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong>servir o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada empresa<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada área".Felizmente para o jovem director comercialda EIB, a empresa on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolve asfunções "representa uma pequena parceladaquelas que têm open mind e arriscamem novas i<strong>de</strong>ias e que, obviamente, nãopo<strong>de</strong>rão advir apenas <strong>de</strong> pessoas commais experiência, muitas com vícios e, porisso, com mais dificulda<strong>de</strong>s em contornare ultrapassar certas situações". Esta é, nasua opinião, mais do que a língua, a culturaou os hábitos e costumes, "a gran<strong>de</strong>barreira que ainda nos separa das gran<strong>de</strong>sempresas estrangeiras, que constantementecontratam jovens e que arriscam naconcretização <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios. Nofundo ser empreen<strong>de</strong>dor, um termo quegosta tanto <strong>de</strong> se usar em Portugal, passaobviamente por aqui". ■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>As missões empresariais constituemum dos instrumentos queTiago Coutinho consi<strong>de</strong>ra fundamentalpara a prospecção <strong>de</strong> novosmercados e, por isso, uma das históriasque tem para contar enquadra-senuma <strong>de</strong>ssas viagens quevez a Moscovo, organizada pelaAICEP.Se há característica que os portuguesescomeçam a ter é o domíniodas línguas, essencial na sua comunicaçãocom o exterior, ao contráriodo que acontece na Rússiaon<strong>de</strong> poucos falam inglês. "É impossívelcomunicar sem o auxílio<strong>de</strong> um tradutor", diz o jovem, contandoque as próprias ruas têm osnomes em cirílico (alfabeto russo)e, portanto, até para uma pessoase <strong>de</strong>slocar <strong>de</strong> um lado para ooutro se torna complicado. "Ummapa po<strong>de</strong> muito bem não ser suficientee o trânsito é caótico o quetorna a opção táxi bastante <strong>de</strong>morada…",diz.Como Tiago Coutinho conheciaestes aspectos porque estudou omercado antes <strong>de</strong> partir para Moscovo,aviou-se em terra, como secostuma dizer. "Contratámos juntoda embaixada um intérprete quetinha feito Erasmus na Universida<strong>de</strong>do Minho e era <strong>de</strong> Moscovo efalava perfeitamente Português,conhecia bastante bem a cida<strong>de</strong>, oque se revelou <strong>de</strong>terminante parao cumprimento dos objectivos daviagem no tempo pré-estabelecido".■MAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 55


INSTITUIÇÕESLOJA DE EXPORTAÇÃO DE LEIRIAPROCURADA POR MAISDE 250 EMPRESAS DA REGIÃOEnergias Renováveis e Engenharia subaquática assumem <strong>de</strong>staqueDos contactos estabelecidos, as energias renováveis e a engenhariasubaquática são os dois sectores mais diferenciadoresque têm chegado à Loja <strong>de</strong> Exportação <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, apesar <strong>de</strong>acorrerem àquele serviço empresas <strong>de</strong> variadíssimas áreas <strong>de</strong>activida<strong>de</strong> que procuram na exportação uma oportunida<strong>de</strong> paraexpansão dos seus negócios.Segundo os dados fornecidos pelo Gabinete <strong>de</strong> Comunicaçãoda AICEP, durante este primeiro ano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> o balanço “éfrancamente positivo”, constatando-se que as empresas “valorizamo contacto presencial e a proximida<strong>de</strong>”, pois os empresários“gostam <strong>de</strong> associar um rosto ao apoio que recebem”.Pela experiência <strong>de</strong>ste ano <strong>de</strong> funcionamento, os mercadosAS EMPRESAS “VALORIZAM O CONTACTOPRESENCIAL E A PROXIMIDADE”,POIS OS EMPRESÁRIOS “GOSTAM DEASSOCIAR UM ROSTO AO APOIO QUE RECEBEM”mais procurados pelos empresários da região têm sido Marrocos,Moçambique, Angola, Cabo Ver<strong>de</strong>, Brasil, Espanha, Alemanha,Reino Unido, França, Japão e Emirados Árabes Unidos.A funcionar há cerca <strong>de</strong> um ano, a Loja <strong>de</strong> Exportação <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>,que junta as competências do IAPMEI e da AICEP, foi procuradapor mais <strong>de</strong> 250 empresários que optaram pelo atendimentopersonalizado para apoio à sua activida<strong>de</strong> exportadora. Aqueleserviço estabeleceu, ainda, mais <strong>de</strong> 8.000 contactos, através <strong>de</strong>respostas a pedidos telefónicos, por correio electrónico e atravésda divulgação <strong>de</strong> acções da AICEP (Agência para o Investimentoe Comércio Externo <strong>de</strong> Portugal). Destacam-se, entre osprodutos entregues às empresas, mais <strong>de</strong> 700 listas <strong>de</strong> clientesestrangeiros e a participação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 70 empresas em duasacções próprias <strong>de</strong> capacitação empresarial.Estratégias e contactos com parceiros locais“Apoiar tecnicamente as PME na sua abordagem a mercadosinternacionais, ajudando-as na formulação <strong>de</strong> estratégias e nocontacto com parceiros locais”. Este é um dos objectivos dasLojas da Exportação, mas é no âmbito exclusivo da AICEP, queos empresários po<strong>de</strong>m obter informação e apoio sobre produtos/serviçosfacilitadores do processo <strong>de</strong> internacionalização,nas suas diversas fases: no saber, agir, promover e ven<strong>de</strong>r. Deum conjunto vastos <strong>de</strong> produtos/serviços disponíveis, <strong>de</strong>staca--se a informação sobre mercados externos, nomeadamente listas<strong>de</strong> potenciais clientes; consultoria regulamentar; idoneida<strong>de</strong>comercial <strong>de</strong> potenciais clientes/parceiros externos; e inscrição/participaçãonas activida<strong>de</strong>s promocionais e <strong>de</strong> capacitaçãoorganizadas pela agência.A Loja <strong>de</strong> Exportação <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> funciona no edifício da Nerlei,que possui, também ela, um conjunto <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> apoio à internacionalização.■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>56. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011


INSTITUIÇÕESCHOOSE PORTUGAL É IMAGEM DE MARCANO ESTRANGEIRONerlei apoia empresas que querem internacionalizar-seA Nerlei tem associado a si um projecto, inovador, o Choose Portugal, uma <strong>de</strong>signação que actua como imagem <strong>de</strong>marca em todas as iniciativas que organiza em países estrangeiros com diversas empresas nacionais. Oferece, ainda,um conjunto <strong>de</strong> serviços através do Departamento <strong>de</strong> Apoio à Internacionalização (DAI).Missões são um ponto <strong>de</strong> partidapara a internacionalizaçãoAs participações em feiras e missões empresariais organizadas pelaNerlei preten<strong>de</strong>m ser um ponto <strong>de</strong> partida para um primeiro contactocom agentes económicos <strong>de</strong> mercados com um elevado potencialpara as empresas portuguesas e/ou mercados poucotrabalhados e com especificida<strong>de</strong>s muito próprias, além <strong>de</strong> se constituiremcomo forma <strong>de</strong> consolidação da presença em mercados tradicionaison<strong>de</strong> se faz sentir uma forte concorrência internacional.Na organização <strong>de</strong>stas missões empresariais, a Nerlei, em conjuntocom empresas consultoras conhecedoras dos mercados em causa,<strong>de</strong>fine uma agenda individual <strong>de</strong> contactos para cada empresa participante,tendo em conta os objectivos que esta <strong>de</strong>fine quando seinscreve na missão. "É uma forma <strong>de</strong> actuação, que a distingue <strong>de</strong>outras entida<strong>de</strong>s que prestam serviços idênticos, e que garante àsempresas participantes uma maior eficácia dos contactos <strong>de</strong>senvolvidose um maior retorno do investimento efectuado", explicam osresponsáveis da Nerlei.A Associação Empresarial da Região <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> <strong>de</strong>fine, ainda, uma▼▼▼PUBAS PARTICIPAÇÕES EM FEIRAS E MISSÕES EMPRE-SARIAIS ORGANIZADAS PELA NERLEI PRETENDEMSER UM PONTO DE PARTIDA PARA UM PRIMEIROCONTACTO COM AGENTES ECONÓMICOS DEMERCADOS COM UM ELEVADO POTENCIALA Nerlei (Associação Empresarial da Região <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>), através do Departamento<strong>de</strong> Apoio à Internacionalização (DAI), tem apoiado e fomentadoo processo <strong>de</strong> internacionalização das empresas da regiãoatravés <strong>de</strong> serviços que vão da organização <strong>de</strong> feiras internacionais,à dinamização <strong>de</strong> missões empresariais a mercados prioritários e realização<strong>de</strong> seminários e workshops. Activida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser candidatadasa programas nacionais ou comunitários, no sentido <strong>de</strong>minimizar os custos para as empresas, funcionando como um incentivoà sua participação nestes projectos <strong>de</strong> internacionalização.Assim, no âmbito das candidaturas que nos últimos anos a Nerleitem apresentado ao Sistema <strong>de</strong> Incentivos à Qualificação e Internacionalização<strong>de</strong> pequenas e médias empresas (PME) do QREN, aNerlei criou um projecto inovador, o Choose Portugal, que actuacomo imagem <strong>de</strong> marca em todas as iniciativas que organiza em paísesestrangeiros com empresas nacionais.As activida<strong>de</strong>s integradas no Choose Portugal 2011 englobaram já,a feira internacional Ambiente, em Frankfurt, Alemanha, que <strong>de</strong>correuem Fevereiro, com a participação <strong>de</strong> 26 empresas portuguesas,mas prevêem a realização <strong>de</strong>, pelo menos, oito missões empresariaisa Espanha, Moçambique, Brasil, EUA, Angola, França, Marrocose Argélia. As empresas que integrarem estas acções vão beneficiar <strong>de</strong>uma comparticipação que varia entre os 40 e os 45 por cento das<strong>de</strong>spesas elegíveis, sendo a taxa <strong>de</strong> reembolso <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> acordocom a certificação PME. Esta situação resulta da submissão a candidaturano âmbito do sistema <strong>de</strong> incentivos do QREN.MAIO 2011 . JORNAL DE LEIRIA . 57


INSTITUIÇÕESNovos ServiçosSolicitação <strong>de</strong> visto para Angola;Desenvolvimento do processo <strong>de</strong> solicitação<strong>de</strong> visto ordinário e <strong>de</strong> curtaduração exigido para a entrada <strong>de</strong> cidadãosnacionais em Angola.PUBDRFeira Internacional Ambiente, em Frankfurt, Alemanha, foi uma activida<strong>de</strong> do Choose Portugalagenda comum a todas as empresas que integramcada uma das missões, on<strong>de</strong> sãoprevistas reuniões com entida<strong>de</strong>s locais,como câmaras <strong>de</strong> comércio, associaçõesempresariais, institutos <strong>de</strong> promoção do investimento,bancos e, também, com os <strong>de</strong>legadosda AICEP nos países em causa.Com esta agenda, <strong>de</strong> carácter mais institucional,a Nerlei preten<strong>de</strong> proporcionar àsempresas uma perspectiva sobre a cultura,os hábitos, os costumes, o ambiente políticoe económico.A participação nestas acções é apenas o primeiropasso para a entrada num novo mercado,contudo, estes processos exigem umtrabalho contínuo por parte das empresas.De qualquer forma, o processo <strong>de</strong> consultoriaespecializada disponibilizado pela Nerleipressupõe um acompanhamento <strong>de</strong>dicadoàs empresas participantes antes, durante eaté três meses após a sua participação nestaacção.A Nerlei tem registado uma crescente a<strong>de</strong>sãoàs suas iniciativas, significando que asempresas "têm reconhecido o esforço <strong>de</strong>senvolvidono apoio aos seus processos <strong>de</strong>internacionalização", estando i<strong>de</strong>ntificadasvárias empresas que, após participarem nassuas acções, "<strong>de</strong>senvolveram e mantêm relaçõescomerciais com os mercados visitadose algumas que estão implantadasnesses países", explicam os seus responsáveis.■Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>Certificados <strong>de</strong> origem;Disponibilização através do site daNerlei do pedido <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> certificados<strong>de</strong> origem, que permite aosexportadores nacionais atestar a origemdos seus produtos. O documentoé fornecido pelo exportador e utilizadopelo importador.Organização <strong>de</strong> missões individuais amercados externos;Serviço que coloca à disposição dasempresas a organização <strong>de</strong> visitas individuaisa mercados externos. As acçõesserão <strong>de</strong>senvolvidas numaóptica individualizada e mediante solicitaçãoexpressa da empresa, po<strong>de</strong>ndoassumir a forma <strong>de</strong> prestação<strong>de</strong> serviço para empresas que possuamum projecto individual <strong>de</strong> apoio.Organização <strong>de</strong> participações individuaisem feiras internacionais;Serviço que disponibiliza às empresasa organização <strong>de</strong> todas as etapasinerentes à participação numa feirainternacional (aluguer <strong>de</strong> espaço nafeira, contacto com fornecedores <strong>de</strong>stand, viagens e alojamento, promoção,etc.). Po<strong>de</strong>rá assumir a forma <strong>de</strong>prestação <strong>de</strong> serviço para empresasque possuam um projecto individual<strong>de</strong> apoio.Recepção <strong>de</strong> missões empresariaisestrangeiras:Fomento à recepção <strong>de</strong> empresáriose membros <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s estrangeirascom actuação na área empresarial(Câmaras <strong>de</strong> Comércio eIndústria, Associação Empresariais,Centros <strong>de</strong> Apoio ao Investimento,entre outros).58. JORNAL DE LEIRIA . MAIO 2011

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