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Aspectos teóricos e metodológicos da relação entre o

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Este artigo apresenta mais quatro seções, além desta introdução. Na próxima seçãoprocuramos discutir como a teoria econômica justifica a relação <strong>entre</strong> a desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> e oestado de saúde. Na seção 3, apresentamos os principais métodos econométricos utilizados neste tipode análise, enfatizando as dificul<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s na estimação e as evidências empíricas encontra<strong>da</strong>sna literatura. Discutimos também os indicadores comumente construídos para mensurar o estado desaúde, já que a relação <strong>entre</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> e saúde depende do indicador de saúde utilizado.Na seção 4, procuramos contextualizar essa questão para a reali<strong>da</strong>de brasileira, apresentando asprincipais evidências empíricas encontra<strong>da</strong>s para o país. Apresentamos também as principais bases de<strong>da</strong>dos presentes no país que fornecem informações sobre as características de saúde dos indivíduos.Na última seção faremos as considerações finais.2. ASPECTOS TEÓRICOS ENVOLVIDOS NA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O ESTADODE SAÚDE E A DISTRIBUIÃO DE RENDA2.1. Efeito do Estado de Saúde sobre a Desigual<strong>da</strong>de de Rendimentos IndividuaisO estado de saúde precário gera per<strong>da</strong>s expressivas de rendimentos individuais. Esse resultadoé observado em diversos estudos microeconômicos desenvolvidos para o Brasil e para países comdistintos níveis de desenvolvimento 3 . A existência dessa relação pode alterar a distribuição de ren<strong>da</strong> seas per<strong>da</strong>s de rendimentos afetarem de forma diferencia<strong>da</strong> os grupos socioeconômicos.A literatura existente aponta pelo menos três canais através dos quais o estado de saúde afetaos rendimentos: produtivi<strong>da</strong>de, número de horas oferta<strong>da</strong>s de trabalho e a decisão de participar naforça de trabalho 4 . De acordo com a teoria do capital humano, a produtivi<strong>da</strong>de do trabalhador estádiretamente relaciona<strong>da</strong> ao estoque de capital humano o qual depende, d<strong>entre</strong> outros fatores, dosinvestimentos realizados ao longo do ciclo de vi<strong>da</strong>, tais como escolari<strong>da</strong>de, treinamento profissional,hábitos de vi<strong>da</strong> saudáveis, aquisição de bens e serviços de saúde. Ter boa saúde determina um estoquede capital humano mais elevado, gerando, portanto maior produtivi<strong>da</strong>de 5 . Em uma economia onde osfatores de produção são remunerados segundo sua produtivi<strong>da</strong>de marginal, a taxa salarial será maiorquanto melhor for o estado de saúde.A saúde também pode afetar a produtivi<strong>da</strong>de indiretamente. Primeiro, através de seu efeitosobre o nível de investimento nos demais componentes do capital humano, como por exemplo,escolari<strong>da</strong>de 6 . Indivíduos doentes investem menos em educação reduzindo ain<strong>da</strong> mais a probabili<strong>da</strong>de3 Ver como exemplo, Luft (1975) e Haveman et al (1993) que encontram evidências para os Estados Unidos, Schultz (2002)para Ghana, Brasil e Estados Unidos, Murrugarra e Valdivia (1999), para o Peru, Ivaschenko (2003) para a Ucrânia eKassouf (1999), Alves e Andrade (2003) e Rivera e Currais (2005) para o Brasil.4 Uma outra forma em que a saúde afeta os rendimentos salariais é através <strong>da</strong> escolha ocupacional (Strauss e Thomas, 1998,Murrugarra e Valdivia, 1999).5 O capital humano refere-se ao conjunto de habili<strong>da</strong>des e capaci<strong>da</strong>des do indivíduo que afeta a sua produtivi<strong>da</strong>de e dependedos investimentos realizados ao longo do ciclo de vi<strong>da</strong>, tais como em educação, treinamento profissional, e em saúde. Essesinvestimentos são comparáveis à aquisição de meios de produção (capital físico) na medi<strong>da</strong> em que aumentam aprodutivi<strong>da</strong>de. A diferença é que o capital humano é indissociável do indivíduo (Schultz, 1961 e Becker, 1964).6 Basov (2002).7

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