A PNSN foi realiza<strong>da</strong> em 1989 e possui cobertura nacional. As informações sobre o estado desaúde dos indivíduos presentes nessa base de <strong>da</strong>dos são medi<strong>da</strong>s antropométricas de peso e de altura(Kassouf, 1999). A PPV foi realiza<strong>da</strong> em 1996 abrangendo apenas as regiões nordeste e sudeste. Asinformações são auto-reporta<strong>da</strong>s e contemplam as seguintes medi<strong>da</strong>s do estado de saúde: estado desaúde auto avaliado; presença de doenças crônicas e problemas funcionais e hábitos dos indivíduos(Andrade, 2002).A PNAD tem periodici<strong>da</strong>de anual e possui ampla cobertura nacional e a ca<strong>da</strong> ano apresentaum suplemento contendo informações sobre temas específicos, sendo que em 1981, 1986, 1988, 1998e em 2003, o tema abor<strong>da</strong>do é a saúde. Em 1981, 1986 e 1988, as perguntas presentes nos suplementosreferem-se a características mais específicas <strong>da</strong> saúde, tais como gravidez e parto, e à utilização dosserviços de saúde, não contendo informações mais amplas que permitam mensurar o estado de saúdedos indivíduos (Andrade, 2002)Em 1998 e 2003, o questionário do suplemento saúde foi ampliado, fornecendo um conjuntobastante detalhado do estado de saúde dos indivíduos, contemplando cinco tipos de variáveis autoreporta<strong>da</strong>s: estado de saúde auto avaliado, número de dias acamado, restrição de ativi<strong>da</strong>des habituaispor motivo de saúde, presença de doença crônica e problemas de mobili<strong>da</strong>de física (Quadro 2). Oestado de saúde auto avaliado proporciona uma medi<strong>da</strong> mais ampla <strong>da</strong> condição de saúde. Muitoembora esta variável tenha uma conotação mais subjetiva, d<strong>entre</strong> as medi<strong>da</strong>s disponíveis na PNAD, éa única capaz de considerar todos os tipos de morbi<strong>da</strong>de.As demais medi<strong>da</strong>s, a despeito de serem mais objetivas, também apresentam limitações. Apresença de doença crônica está muito condiciona<strong>da</strong> ao acesso aos serviços de saúde, uma vez quedepende do diagnóstico médico para detectá-la, e ao estágio em que a doença se encontra. Se ossintomas estiverem controlados, nem sempre a presença <strong>da</strong> doença irá gerar per<strong>da</strong>s de bem estar.QUADRO 2Medi<strong>da</strong>s de Saúde Presentes na PNAD 1998 e PNAD 2003VariávelEstado de saúde autoavaliadoDias acamadoDias sem realizarativi<strong>da</strong>des habituaisPresença de doençacrônicaProblemas demobili<strong>da</strong>de físicaDescriçãoIndivíduos classificam sua saúde como muito boa, boa, regular, ruim e muito ruimA PNAD 98 e 2003 in<strong>da</strong>ga se o indivíduo esteve acamado nas duas últimas semanas queantecederam a pesquisa e quantos dias permaneceu acamado nesse período. Além deperguntar o motivo pelo qual esteve nessa condiçãoA PNAD 98 e 2003 in<strong>da</strong>ga se o indivíduo deixou de realizar tarefas habituais por motivo dedoença nas duas últimas semanas que antecederam a pesquisa e quantos dias deixou derealizar essas ativi<strong>da</strong>des nesse período. Ademais, a pesquisa pergunta o motivo pelo qual oindivíduo esteve nesta condição.A PNAD 98 e 2003 in<strong>da</strong>ga sobre a presença de 12 doenças crônicas: doença do coração,diabetes, coluna, tendinite, artrite ou reumatismo, tuberculose, câncer, hipertensão, cirrose,bronquite ou asma, doença renal e depressão.A PNAD 98 e 2003 in<strong>da</strong>ga aos indivíduos com i<strong>da</strong>de superior a catorze anos se elesnormalmente têm dificul<strong>da</strong>de para alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro; para correr,levantar objetos pesados, praticar esportes ou realizar trabalhos pesados; para empurrar mesaou realizar consertos domésticos, <strong>entre</strong> outras.28
A dificul<strong>da</strong>de de se utilizar como medi<strong>da</strong> de saúde problemas de mobili<strong>da</strong>de física é queexistem diversas morbi<strong>da</strong>des que não se traduzem em limitações físicas e em geral, as doenças queacarretam restrições de ativi<strong>da</strong>des acometem mais os idosos, não sendo, portanto um bom indicadorpara o restante <strong>da</strong> população. No caso <strong>da</strong>s variáveis “dias acamados” e “dias sem realizar ativi<strong>da</strong>deshabituais” por motivo de saúde, como o período de referência considerado na PNAD é muito curto,mensuram a presença de alguma doença ocorri<strong>da</strong> no curto prazo, sendo pouco precisa para avaliar oestoque de saúde dos indivíduos.5. CONSIDERAÇÕES FINAISEste trabalho tem como objetivo apresentar as principais questões teóricas e metodológicasenvolvi<strong>da</strong>s na análise <strong>da</strong> relação <strong>entre</strong> a distribuição de ren<strong>da</strong> e o estado de saúde. Como é observado,os estudos que buscam entender em que medi<strong>da</strong> o estado de saúde precário afeta a desigual<strong>da</strong>de deren<strong>da</strong> são ain<strong>da</strong> escassos. A maior parte dos trabalhos preocupa-se em estu<strong>da</strong>r apenas a causali<strong>da</strong>deinversa dessa relação, ou seja, o efeito <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> sobre o estado de saúde. Os resultadosencontrados <strong>entre</strong>tanto não são conclusivos, na medi<strong>da</strong> em que esses estudos encontram evidênciastanto <strong>da</strong> presença do efeito <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> sobre o estado de saúde, assim como evidênciasde que esse efeito não é significativo.Os principais resultados encontrados na literatura empírica nacional sugerem que no Brasil, oestado de saúde, ao mesmo tempo em que afeta a distribuição de ren<strong>da</strong>, é também afetado por estadesigual<strong>da</strong>de. Nesse sentido, é possível observar a presença de um ciclo vicioso, no qual adesigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> afeta o estado de saúde individual, que por sua vez afeta a capaci<strong>da</strong>de degeração de rendimentos salariais. Na medi<strong>da</strong> em que essas per<strong>da</strong>s incidem de forma diferencia<strong>da</strong> sobrericos e pobres, contribuem para acentuar a desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong>. Esses resultados apontam para umduplo custo social <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong>. O primeiro se deve ao impacto <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong>sobre o estado de saúde. Residir em locali<strong>da</strong>des mais desiguais acarreta uma per<strong>da</strong> de bem estar paraos indivíduos devido às questões sociais intrínsecas à pior distribuição de ren<strong>da</strong>, tais como nível decriminali<strong>da</strong>de, menor coesão social, maior nível de stress. Essas características, que por si só afetam onível de bem estar, têm seu efeito potencializado por afetar o estado de saúde individual. O segundocusto social provém <strong>da</strong> relação <strong>entre</strong> o estado de saúde e a capaci<strong>da</strong>de de geração de rendimentos.Como viver em socie<strong>da</strong>des mais desiguais implica em um pior estado de saúde, é possível que esseefeito se traduza em um menor nível de riqueza para essas locali<strong>da</strong>des, uma vez que a saúde precáriaimplica em per<strong>da</strong> de rendimentos individuais. Esses resultados reforçam a importância em sedesenvolver políticas públicas que visam reduzir a desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> o que teria efeitos sobre onível de bem estar <strong>da</strong> população, potencializados por melhoras do estado de saúde e por aumentar acapaci<strong>da</strong>de de geração de rendimentos individuais, sobretudo nas cama<strong>da</strong>s de ren<strong>da</strong> mais baixa. Namedi<strong>da</strong> em que a saúde afeta a distribuição de ren<strong>da</strong>, essas políticas deveriam buscar promover umaredução <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de social em saúde e no acesso aos serviços deste setor. A estrutura do sistemade saúde pode interferir nessa desigual<strong>da</strong>de devido aos impactos positivos do consumo de cui<strong>da</strong>dosmédicos sobre o estado de saúde.29
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