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Aspectos teóricos e metodológicos da relação entre o

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Considerando conjuntamente os três efeitos supramencionados, observa-se um impacto total<strong>da</strong> saúde sobre a distribuição de rendimentos igual a 2,08%. Neste caso, se fossem elimina<strong>da</strong>s asdiferenças <strong>entre</strong> saudáveis e doentes na probabili<strong>da</strong>de de participar <strong>da</strong> força de trabalho, na quanti<strong>da</strong>deoferta<strong>da</strong> de trabalho e na produtivi<strong>da</strong>de, seria observa<strong>da</strong> uma redução de 2,08% na desigual<strong>da</strong>de derendimentos. A magnitude desse valor é significativa, e equivale a 69,33% <strong>da</strong> variação observa<strong>da</strong> nocoeficiente de Gini na déca<strong>da</strong> de 90.O principal mecanismo pelo qual o estado de saúde afeta a distribuição de ren<strong>da</strong> no Brasilocorre através <strong>da</strong> exclusão dos indivíduos do mercado de trabalho. Este efeito é mais proeminente<strong>entre</strong> os adultos, sobretudo os idosos, cujo efeito total é igual a 7,44%. O maior impacto observado<strong>entre</strong> os idosos se deve à exclusão mais acentua<strong>da</strong> <strong>da</strong> força de trabalho neste grupo etário em relaçãoaos demais. Este resultado reflete a maior vulnerabili<strong>da</strong>de do estado de saúde desses indivíduos. Nestafaixa de i<strong>da</strong>de, além <strong>da</strong> proporção de doentes ser mais eleva<strong>da</strong>, em geral, a doença é mais grave,tendendo a gerar algum tipo de incapaci<strong>da</strong>de física ou cognitiva, impedindo que esses indivíduoscontinuem participando <strong>da</strong> força de trabalho.De acordo com o estudo, como se trata de um grupo de i<strong>da</strong>de mais avança<strong>da</strong>, o estado desaúde, em certa medi<strong>da</strong>, representa os investimentos em saúde realizados ao longo de todo o ciclo devi<strong>da</strong> do indivíduo. Nesse sentido, políticas públicas que visam reduzir o nível de desigual<strong>da</strong>de deren<strong>da</strong> no país deveriam também contemplar políticas que tenham como objetivo melhorar a saúde deto<strong>da</strong> a população. O desenvolvimento dessas políticas é importante, sobretudo tendo em vista o rápidoprocesso de envelhecimento observado no país nas últimas déca<strong>da</strong>s. Como o envelhecimentopopulacional aumenta a vi<strong>da</strong> ativa <strong>da</strong>s pessoas, a saúde se torna ca<strong>da</strong> vez mais uma importantevariável. A presença de algum problema de saúde pode reduzir a vi<strong>da</strong> ativa dos idosos, tendo efeitosadversos sobre os rendimentos individuais, e consequentemente, sobre o nível de desigual<strong>da</strong>de deren<strong>da</strong>. Além disso, alguns estudos têm evidenciado que no Brasil as transferências intergeracionaisdomiciliares ocorrem predominantemente dos idosos para os mais jovens, sendo esta umaparticulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de brasileira. Essa constatação mostra a importância dos rendimentos dosidosos no orçamento familiar. Assim, a presença de alguma doença que exclua esses indivíduos domercado de trabalho irá afetar o nível de bem estar tanto dos idosos, como também dos seusfamiliares.Os resultados encontrados em Noronha (2005), <strong>entre</strong>tanto, não são conclusivos. Existem ain<strong>da</strong>algumas restrições metodológicas que precisam ser avalia<strong>da</strong>s de forma a obter resultados maisprecisos. A primeira dificul<strong>da</strong>de é que, neste estudo, tanto os indicadores de distribuição de ren<strong>da</strong>como os de pobreza foram calculados com base nos rendimentos salariais, não sendo portanto umamedi<strong>da</strong> apropria<strong>da</strong> do bem estar. Para tanto, seria necessário calcular esses indicadores a partir <strong>da</strong>ren<strong>da</strong> familiar per capita, o que requer a estimação dos rendimentos não salariais para os indivíduosdoentes, tendo em vista a sua relação com o estado de saúde. A concessão de um benefício, comoaposentadoria por invalidez, está associa<strong>da</strong> à presença de alguma doença que exclui os indivíduos domercado de trabalho. Quando os rendimentos hipotéticos para os indivíduos doentes são estimados, orecebimento deste benefício deixa de ser justificável. Assim, seria necessário subtrair esse tipo derendimento não-salarial do indivíduo doente. Os autores reconhecem essa limitação do trabalho. Mas,infelizmente, as informações sobre a aposentadoria presentes na base de <strong>da</strong>dos utiliza<strong>da</strong> permitemapenas verificar se o indivíduo recebe ou não esse benefício, não sendo possível distinguir <strong>entre</strong> osdiferentes tipos, tais como, aposentadoria por i<strong>da</strong>de, tempo de contribuição e por invalidez.24

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