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Aspectos teóricos e metodológicos da relação entre o

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3.2. Efeito <strong>da</strong> Distribuição de Ren<strong>da</strong> sobre o Estado de SaúdeO impacto <strong>da</strong> distribuição de ren<strong>da</strong> sobre o estado de saúde tem sido bastante estu<strong>da</strong>do naliteratura empírica internacional, especialmente em países mais desenvolvidos. No entanto, não háain<strong>da</strong> um consenso acerca <strong>da</strong> existência dessa relação uma vez que a literatura empírica aponta tantoevidências de que a desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> afeta o estado de saúde, como evidências de que essarelação não é significativa 30 . Diversos trabalhos têm criticado as evidências encontra<strong>da</strong>s na literaturaquanto à existência <strong>da</strong> relação <strong>entre</strong> a desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> e estado de saúde, apontando problemastanto na metodologia para estimar essa relação, quanto na definição <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> utiliza<strong>da</strong> para mensurar adesigual<strong>da</strong>de. 31A dificul<strong>da</strong>de na escolha do método de estimação decorre <strong>da</strong> natureza hierárquica dos <strong>da</strong>dos.Essa característica é observa<strong>da</strong> quando a análise refere-se a variáveis medi<strong>da</strong>s em níveis distintos deagregação. Quando analisamos o efeito <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> sobre o estado de saúde, estamosavaliando a relação <strong>entre</strong> uma variável medi<strong>da</strong> no nível agregado e outra medi<strong>da</strong> no nível individual.A maior parte dos estudos existentes na literatura empírica, que analisa o efeito <strong>da</strong> distribuição deren<strong>da</strong> sobre o estado de saúde, ignora essa característica e utiliza informações medi<strong>da</strong>s em apenas umnível 32 .Esse tipo de análise apresenta dificul<strong>da</strong>des tanto conceituais como estatísticas 33 . A dificul<strong>da</strong>deconceitual é que utilizar informações medi<strong>da</strong>s apenas no nível agregado pode implicar na ocorrênciade falácia ecológica. A falácia ecológica corresponde a inferências a respeito de relações no nívelagregado que na reali<strong>da</strong>de refletem relações no nível individual. Particularmente, quando utilizamosapenas os <strong>da</strong>dos agregados para avaliar o efeito <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> sobre o estado de saúde, essaanálise estaria refletindo também a natureza <strong>da</strong> relação <strong>entre</strong> o nível de ren<strong>da</strong> individual e o estado desaúde. Como a relação <strong>entre</strong> essas duas variáveis é côncava, ou seja, o impacto de variações no nívelde ren<strong>da</strong> sobre o estado de saúde é maior nas cama<strong>da</strong>s de ren<strong>da</strong> mais baixa, e como as regiões commaiores desigual<strong>da</strong>des de ren<strong>da</strong> têm uma proporção eleva<strong>da</strong> de pobres, o nível de saúde médio tende aser menor. Nesse caso, a relação <strong>entre</strong> a desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> e nível médio de saúde estaria, nareali<strong>da</strong>de, refletindo em parte a relação <strong>entre</strong> o nível de ren<strong>da</strong> individual e a saúde individual.Por outro lado, ao utilizarmos apenas informações individuais, estaríamos incorrendo emfalácia atomística, na qual conclusões extraí<strong>da</strong>s de relações no nível individual estariam na reali<strong>da</strong>derefletindo as relações contextuais. A falácia atomística ocorre porque a relação <strong>entre</strong> duas variáveisanalisa<strong>da</strong>s no nível individual difere <strong>da</strong> relação observa<strong>da</strong> <strong>entre</strong> essas mesmas variáveis medi<strong>da</strong>s noâmbito macro.Um exemplo de falácia atomística aplica-se à relação <strong>entre</strong> o nível de ren<strong>da</strong> e a mortali<strong>da</strong>depor doença coronária cardíaca. Na análise realiza<strong>da</strong> no nível individual, a correlação <strong>entre</strong> essas duas30 A literatura empírica internacional sobre o efeito <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> e saúde é bastante extensa. Para uma revisãocompleta acerca dos trabalhos existentes ver Kawachi, Kennedy e Wilkinson (1999), Lynch et al (2004), Wilkinson(1996).31 Judge, 1995, Gravelle, 1998, Deaton, 2001, Deaton e Paxson, 2001, Deaton, 2002, Mellor e Milyo, 2001, Delajara, 2002.32 Ver, por exemplo, Rodgers, 1979, Waldmann, 1992, Wilkinson, 1992, Bem-Shlomo, White e Marmot, 1996, Kaplan et al,1996, Kennedy, Kawachi e Prothrow-Stith, 1996, Lynch et al, 1998.33 Hox, 1995.16

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