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Íntegra do relatório final da CPI do Tráfico de Armas

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41merca<strong>do</strong> ilícito <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo com o comércio ilícito <strong>de</strong> drogas. Ao passoque a droga tem to<strong>do</strong> o seu ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> na clan<strong>de</strong>stini<strong>da</strong><strong>de</strong>, as armas têm, via<strong>de</strong> regra, origem legal e eventualmente, em algum momento <strong>de</strong> sua existência,passa para a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A conseqüência disso é que, cria<strong>da</strong>s as condiçõesa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s, a história <strong>da</strong> arma po<strong>de</strong> ser rastrea<strong>da</strong>, apontan<strong>do</strong> as circunstânciase os atores responsáveis pelo <strong>de</strong>svio. Em que pese a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica <strong>do</strong>rastreamento, essa conduta ain<strong>da</strong> é rara nos procedimentos <strong>da</strong>s instituiçõespoliciais. Uma <strong>da</strong>s razões aponta<strong>da</strong>s para isso é a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>procedimentos entre as instituições que fiscalizam a origem <strong>da</strong> arma (Coman<strong>do</strong><strong>do</strong> Exército) e os <strong>da</strong>s que as apreen<strong>de</strong>m nas mãos <strong>da</strong> <strong>de</strong>linqüência (as políciasestaduais e a Polícia Fe<strong>de</strong>ral). A conseqüência é a impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> levantara vi<strong>da</strong> pregressa <strong>do</strong>s milhões <strong>de</strong> armas usa<strong>do</strong>s pelo crime organiza<strong>do</strong>.Estimava-se essa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> em 6 a 30 milhões, uma imprecisão que<strong>de</strong>nunciava a falta <strong>de</strong> controle sobre a matéria. O grupo Viva Rio se impôs atarefa <strong>de</strong> buscar as informações encerra<strong>da</strong>s nas polícias civis e políciasmilitares e, que razões diversas, não são encaminha<strong>da</strong>s para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral,no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> obter uma avaliação mais confiável. Apesar <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o empenho,os resulta<strong>do</strong>s ain<strong>da</strong> têm que ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como estimativas, pois háinformações para as quais não foi possível contornar os obstáculos <strong>do</strong> sigilo,principalmente nas Forças Arma<strong>da</strong>s. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesquisa apontarampara uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 17,4 milhões <strong>de</strong> armas no País, 90% <strong>de</strong>las nas mãos<strong>de</strong> civis. Cinqüenta e um por cento <strong>de</strong>las, quase nove milhões, são ilegais, nãotêm registro, o Esta<strong>do</strong> não sabe quem as tem e o que se faz com elas. Cincomilhões foram incluí<strong>da</strong>s na categoria <strong>de</strong> armas informais, aquelas que foramadquiri<strong>da</strong>s antes <strong>de</strong> 1997, quan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> não existiam as normas que exigiam oregistro. Estão, na melhor <strong>da</strong>s hipóteses, guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s em alguma gaveta epassam <strong>de</strong> geração para geração, sempre na ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>, porque não estãoregistra<strong>da</strong>s. São uma tentação para o assaltante <strong>de</strong> residências, pois apesar <strong>de</strong>antigas, ain<strong>da</strong> são letais e estão a salvo <strong>de</strong> qualquer tentativa <strong>de</strong> rastreamento.De tais estimativas é <strong>de</strong> se concluir que existam pelo menos quatro milhões <strong>de</strong>armas nas mãos <strong>de</strong> bandi<strong>do</strong>s. Uma parte significativa <strong>de</strong>ssas armas, 25%, oumais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong>las, foram legalmente vendi<strong>da</strong>s a ci<strong>da</strong>dãos idôneos, emestabelecimentos comerciais <strong>de</strong> funcionamento regular. Posteriormente, elasforam furta<strong>da</strong>s ou vendi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma irregular. Há evidências <strong>de</strong> que outrafonte <strong>de</strong> armas para a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> são os coleciona<strong>do</strong>res e atira<strong>do</strong>res <strong>de</strong> máfé.Servin<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> legislação vigente, registram-se no Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército eaproveitan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> instituição em exercer uma fiscalizaçãoeficaz, transacionam com bandi<strong>do</strong>s as armas que, em teoria, constituiriam

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