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Íntegra do relatório final da CPI do Tráfico de Armas

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184e <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas, levaram a facção a um <strong>de</strong>staque nacional e, emface <strong>de</strong> ações similares às pratica<strong>da</strong>s por terroristas, internacional.Como em qualquer outra mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crime organiza<strong>do</strong>, as facçõescriminosas em questão <strong>de</strong>verão ser eficazmente reprimi<strong>da</strong>s, evitan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>custo que suas ações resultem em prejuízos para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e em pressõesinadmissíveis sobre o po<strong>de</strong>r público. No entanto, a peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong> prisional <strong>de</strong>ssamo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crime recomen<strong>da</strong> ações específicas para isso, tanto <strong>do</strong> la<strong>do</strong>preventivo, quanto <strong>do</strong> repressivo.Bandi<strong>do</strong>s não nascem bandi<strong>do</strong>s. Nascem crianças, como to<strong>da</strong>s as outrascrianças, com sua inocência, sua curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil, sua confiança ilimita<strong>da</strong>no próximo e com to<strong>da</strong> a sua potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> como ser humano. São os golpes<strong>de</strong> indiferença, <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no, <strong>de</strong> violência, <strong>de</strong> negação aos direitos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,alia<strong>do</strong>s ao natural inconformismo <strong>da</strong> a<strong>do</strong>lescência, que con<strong>de</strong>nam umcontingente ca<strong>da</strong> vez mais significativo <strong>da</strong>s proles nas cama<strong>da</strong>s menos favoreci<strong>da</strong>sa um caminho sem volta para o crime. Há, portanto, que se atuar <strong>de</strong>cisivamenteno processo, disputan<strong>do</strong> palmo a palmo com o crime a posse <strong>de</strong> coraçõese mentes <strong>de</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes carentes <strong>de</strong> orientação para umavi<strong>da</strong> produtiva em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> limites, <strong>de</strong> afeto, <strong>de</strong> sustento material.É irônico que o Esta<strong>do</strong> só se apresente para cumprir esse papel <strong>de</strong>poisque o a<strong>do</strong>lescente já se envolveu com o crime e é lança<strong>do</strong> ao léu, nas instituiçõespretensamente competentes para ressocializar menores infratores. Quasesempre, essa manifestação tardia e, via <strong>de</strong> regra, incompetente, está fa<strong>da</strong><strong>da</strong> aofracasso: o menor infrator se torna um adulto criminoso, que irá freqüentar osistema prisional e ser recruta<strong>do</strong> pelas facções criminosas. Tão importantequanto a repressão ao criminoso que se organiza, é evitar o crescimento <strong>do</strong>squadros <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e nisso, o Esta<strong>do</strong> Brasileiro tem falha<strong>do</strong> <strong>de</strong> formalamentável. A iniciativa <strong>de</strong> programas sociais <strong>de</strong> assistência à infância e a<strong>do</strong>lescência,<strong>de</strong> políticas públicas para um crescimento vigoroso <strong>do</strong>s empregos e<strong>da</strong> formação profissional estão além <strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong>, mas não po<strong>de</strong> se<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mencionar que as questões levanta<strong>da</strong>s no <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s investigaçõesnão po<strong>de</strong>m ser soluciona<strong>da</strong>s com o emprego exclusivo <strong>de</strong> ações policiais e <strong>de</strong>agravamentos <strong>da</strong>s normas penais. Na situação crítica que o País atravessa,elas têm o seu espaço como ações <strong>de</strong> emergência, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o a-gravamento <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> violência, <strong>de</strong> proteger a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sanha criminosae <strong>de</strong> preservar a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, mas é preciso admitir que as soluçõesduráveis virão somente a longo prazo e que incluirão, necessariamente,modificações profun<strong>da</strong>s na infra-estrutura social vigente.

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