11.07.2015 Views

Íntegra do relatório final da CPI do Tráfico de Armas

Íntegra do relatório final da CPI do Tráfico de Armas

Íntegra do relatório final da CPI do Tráfico de Armas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

RELATÓRIO DA COMISSÃO PARLAMENTAR DEINQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR ASORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS DOTRÁFICO DE ARMASRelator: Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTAPresi<strong>de</strong>nte: Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGAN1.ª Vice-Presi<strong>de</strong>nta: Deputa<strong>da</strong> LAURA CARNEIRO2.º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Deputa<strong>do</strong> JOSIAS QUINTAL3.º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Deputa<strong>do</strong> NEUCIMAR FRAGASub-Relatores:- Deputa<strong>do</strong> LUIZ COUTO- Deputa<strong>da</strong> LAURA CARNEIRO- Deputa<strong>do</strong> NEUCIMAR FRAGA- Deputa<strong>do</strong> COLBERT MARTINS- Deputa<strong>da</strong> PERPÉTUA ALMEIDA- Deputa<strong>do</strong> FRANCISCO APPIO- Deputa<strong>do</strong> RAUL JUNGMANN- Deputa<strong>do</strong> JOSIAS QUINTAL- Deputa<strong>do</strong> JÚLIO SEMEGHININOVEMBRO/2006


2Deve-se consi<strong>de</strong>rar que não há coisamais difícil <strong>de</strong> fazer, <strong>de</strong> êxito mais duvi<strong>do</strong>soe mais perigosa <strong>de</strong> conduzir, <strong>do</strong>que levar ao cabo a introdução <strong>de</strong> novasinstituições legais, pois o reforma<strong>do</strong>rencontra inimigos em to<strong>do</strong>s aquelesque <strong>da</strong>s instituições antigas se beneficiavame tíbios <strong>de</strong>fensores em to<strong>do</strong>sos que <strong>da</strong>s novas se beneficiariam.Tal tibieza <strong>de</strong>ve-se, em parte ao temor<strong>do</strong>s adversários, que têm as leis a seufavor, e em parte à increduli<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>shomens, que não acreditam eficientesas coisas novas senão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vê-lassubmeti<strong>da</strong>s a firme experiência.NICCOLÒ DEI MACHIAVELLI – “IL PRINCIPE”


3SUMÁRIO1. PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 189/2005 0052. ATO DA PRESIDÊNCIA 0073. COMPOSIÇÃO DA <strong>CPI</strong> 0084. INTRODUÇÃO 0095. SESSÕES E AUDIÊNCIAS PÚBLICAS 0166. EXPOSIÇÕES E DEPOIMENTOS 0326.1. ESPECIALISTAS 0326.1.1. Luiz Fernan<strong>do</strong> Corrêa 0326.1.2. José Rosalvo Leitão <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> 0346.1.3. Antonio Rangel Ban<strong>de</strong>ira 0406.1.4. Pablo Dreyfus 0446.1.5. Luiz Fernan<strong>do</strong> Ferreira Delazari 0466.1.6. Getúlio Bezerra <strong>do</strong>s Santos 0486.1.7. Diógenes Dantas Filho 0496.2. POLICIAIS E INDICIADOS 0526.2.1. Eliana Apareci<strong>da</strong> Covolo 0527. SUB-RELATORIAS 0537.1. Fronteira Norte (Deputa<strong>do</strong> Luiz Couto) 0537.2. Fronteira com o Paraguai (Deputa<strong>da</strong> Laura Carneiro) 0607.3. Depósitos Institucionais <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (Deputa<strong>do</strong> Neucimar Fraga)7.4. Fronteira com a Argentina (Deputa<strong>do</strong> Colbert Martins) 0727.5. Fronteiras com o Peru e Bolívia (Deputa<strong>da</strong> Perpétua Almei<strong>da</strong>) 0867.6. Fronteira com o Uruguai (Deputa<strong>do</strong> Francisco Appio)7.7. Indústria e Comércio (Deputa<strong>do</strong> Raul Jungmann)7.8. Portos e Aeroportos (Deputa<strong>do</strong> Josias Quintal)7.9. Comunicações em presídios (Deputa<strong>do</strong> Júlio Semeghini) 0958. O MERCADO CRIMINAL DE ARMAS DE FOGO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 1199. A INDÚSTRIA E O COMÉRCIO DE ARMAS DE FOGO NO BRASIL 14110. O CRIME ORGANIZADO 16811. OS ADVOGADOS DO CRIME ORGANIZADO 17412. CONCLUSÕES 182ANEXO I – PROJETOS DE LEI 1971. Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003 modifican<strong>do</strong> a sistemática <strong>de</strong> marcação<strong>de</strong> embalagens <strong>de</strong> munições. 1972. Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, incluin<strong>do</strong> parágrafo único ao art. 13e tipifican<strong>do</strong> penalmente a omissão <strong>de</strong> informação à autori<strong>da</strong><strong>de</strong> policial. 2003. Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, autorizan<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> muniçãoapreendi<strong>da</strong>, em instrução <strong>de</strong> tiro pelos órgãos <strong>de</strong> segurança pública. 2014. Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s arts. 14, 16, 17 e 18, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, tipifican<strong>do</strong>penalmente a posse, o porte, o comércio e trânsito não autoriza<strong>do</strong>s<strong>de</strong> peças e componentes <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, acessórios e explosivos. 2015. Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, tipifican<strong>do</strong> penalmente aposse e o porte <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s 2036. Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, condicionan<strong>do</strong> o acessoaos recursos <strong>do</strong> FNSP à efetiva participação na atualização <strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros<strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong> INFOSEG. 2057. Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, transferin<strong>do</strong> a competênciapara a fiscalização <strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong> tiro e o comércio <strong>de</strong> armas e munições,<strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral. 2068. Acrescenta parágrafo ao art. 24, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> que as armas<strong>do</strong>s acervos <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res <strong>de</strong>verão ser mecanicamente ineficientes para uso. 2089. Acrescenta inciso XII e parágrafo segun<strong>do</strong> ao artigo segun<strong>do</strong> <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003,atribuin<strong>do</strong> ao SINARM competência exclusiva para autorizar e fiscalizar a recarga <strong>de</strong>munição <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porte leves 20810. Acrescenta parágrafo ao art. 42, <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Execução Penal, estabelecen<strong>do</strong>condições para a entrevista reserva<strong>da</strong> <strong>do</strong> preso com seu advoga<strong>do</strong>. 210


11. Responsabiliza penal e administrativamente o Diretor <strong>do</strong> Estabelecimento Penalon<strong>de</strong> for constata<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> qualquer aparelho <strong>de</strong> rádio-comunicação por preso. 21112. Determina a instalação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> rastreamento <strong>de</strong> sinais eletromagnéticosem penitenciárias e dá outras providências. 21313. Tipifica o crime <strong>de</strong> Organização Criminosa e estabelece normas para a suainvestigação e julgamento 21414. Tipifica o crime <strong>de</strong> uso ou porte <strong>de</strong> aparelho <strong>de</strong> comunicação clan<strong>de</strong>stino empresídio 21715. Cria obrigações para advoga<strong>do</strong> e tipifica a conduta <strong>de</strong> receptação qualifica<strong>da</strong> 21816. Torna hedion<strong>do</strong> o homicídio <strong>de</strong> policiais e <strong>de</strong> agentes penitenciários 220ANEXO II - INDICAÇÕES 2211. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> a integração <strong>do</strong>sca<strong>da</strong>stros constantes <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong> SIGMA 2212. Sugere a conveniência <strong>da</strong> intensificação <strong>da</strong>s vistorias aduaneiras em merca<strong>do</strong>riasimporta<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o ingresso clan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e muniçãono País 2233. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> a permanência emvigor <strong>da</strong> Resolução n.º 17-CAMEX 2254. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> a autorização <strong>de</strong>pagamento <strong>de</strong> diárias <strong>de</strong> estadia, alimentação e transporte para fiscais militaresem serviço 2275. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong>Comissão Interparlamentar Conjunta <strong>do</strong> Mercosul 2286. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> o encaminhamento<strong>de</strong> requerimento à Comissão Consultiva prevista na Convenção Interamericanacontra a fabricação e o tráfico ilícitos <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições e outrosmateriais correlatos, visan<strong>do</strong> maior cooperação entre os Esta<strong>do</strong>s signatáriosno combate ao contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições 2307. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> a promoção<strong>de</strong> reuniões conjuntas com autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, judiciárias, <strong>de</strong> membros <strong>do</strong>Ministério Público e <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> sejam discuti<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nçasna legislação vigente relaciona<strong>da</strong> com a fiscalização e controle <strong>de</strong> armas emunições na região <strong>de</strong> fronteira com o Paraguai 2318. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong>uma convenção <strong>de</strong> cooperação com a Bolívia e o Peru, para combater o crimeorganiza<strong>do</strong> e o tráfico <strong>de</strong> armas, drogas e entorpecentes 2349. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong> a implementação<strong>de</strong> programa que avalie a situação <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s a penas <strong>de</strong> reclusão,i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> e provi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a libertação <strong>da</strong>queles que já tenham cumpri<strong>do</strong>a respectiva pena 23510. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Ministério <strong>da</strong> Justiça, relativa à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> sigilo em investigações <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> organizações criminosas 23711. Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Ministério <strong>da</strong>s Comunicações, relativa ainstruções à ANATEL sobre investigação <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> pregressa <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>sque li<strong>da</strong>rão com <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> sigilo telefônico 239ANEXO III – REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO A MINISTRO DE ESTADO 241Solicita o encaminhamento <strong>de</strong> requerimento <strong>de</strong> informações ao Sr. Ministro<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Defesa a respeito <strong>do</strong> acesso <strong>de</strong> Parlamentares <strong>de</strong>sta Casaaos <strong>da</strong><strong>do</strong>s referentes às exportações <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições pelas empresasnacionais fabricantes <strong>de</strong> material bélico 241ANEXO V – ROL DE INDICIADOS 244ANEXO VI - FISCALIZAÇÃO DE ARMAS DE FOGO E PRODUTOS CORRELATOS:UMA POLÍTICA PARA O EXÉRCITO BRASILEIRO 246ANEXO VII – RELATÓRIO DA ASSESSORIA ESPECIAL DA POLÍCIA FEDERAL –ANÁLISE DE EXTRATOS TELEFÔNICOS 284ANEXO VIII – RELATÓRIO DAS OPERAÇÕES POLICIAIS ACOMPANHADASPELA <strong>CPI</strong> 303ANEXO IX – RELATÓRIO DA COMISSÃO DESIGNADA PARA APURAR OVAZAMENTO DE INFORMAÇÕES NA <strong>CPI</strong> 3094


5PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 189, DE 2005(Do Sr. Moroni Torgan e outros)Institui Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a investigar as organizaçõescriminosas, <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas.A Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s resolve:Art. 1º Fica instituí<strong>da</strong> Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a investigaras organizações criminosas, <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas, em franca expansãono País.Art. 2º A Comissão será constituí<strong>da</strong> por vinte e cinco membros e igualnúmero <strong>de</strong> suplentes, com prazo <strong>de</strong> 120 (cento e vinte) dias, prorrogável até ameta<strong>de</strong>, para conclusão <strong>do</strong>s seus trabalhos.Art. 3º Os recursos administrativos e o assessoramento necessários aofuncionamento <strong>da</strong> comissão serão provi<strong>do</strong>s pelo Departamento <strong>de</strong> Comissõese pela Consultoria Legislativa, respectivamente.Art. 4º As <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> funcionamento <strong>da</strong> comissão <strong>de</strong> quetrata esta resolução correrão à conta <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> orçamento <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>sDeputa<strong>do</strong>s.Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOO Brasil atravessa um <strong>do</strong>s piores momentos relaciona<strong>do</strong>s com a segurançapública interna <strong>de</strong> suas gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Não bastassem o alto nível <strong>de</strong><strong>de</strong>semprego e a ineficiência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para combater o crime organiza<strong>do</strong>, vêseque os bandi<strong>do</strong>s estão extremamente organiza<strong>do</strong>s, adquirin<strong>do</strong> inclusive treinamentoespecífico, outrora privilégio <strong>da</strong>s forças policiais e militares, para aumentarseu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo frente à população <strong>de</strong>sprotegi<strong>da</strong> e apavora<strong>da</strong>.O <strong>de</strong>scontrole <strong>de</strong> nossas fronteiras facilita a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armamentos pesa<strong>do</strong>s,<strong>de</strong> manuseio e manutenção especializa<strong>da</strong>s. Mas o que po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong>entrave para a utilização <strong>de</strong>sse armamento por marginais sem o conhecimentobélico necessário abriu uma perigosa porta para o emprego, por parte <strong>do</strong>s barões<strong>do</strong> narcotráfico, que muitas vezes recrutam pessoas especializa<strong>da</strong>s, dis-


6pensa<strong>da</strong>s <strong>do</strong> serviço público, que chegam a ganhar até R$ 8.000,00 por mêspara ministrar cursos <strong>de</strong> guerrilha urbana, operações táticas e manuseio <strong>de</strong>armamento para traficantes.O Jornal Correio Braziliense, no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro passa<strong>do</strong>, publicoumatéria com o título “O Po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> Bala”, <strong>do</strong> jornalista Ricar<strong>do</strong> Miran<strong>da</strong>, que relataque “drogas continuam passan<strong>do</strong> pelas fronteiras e subin<strong>do</strong> os morros <strong>do</strong>Rio, on<strong>de</strong> virou rotina encontrar grana<strong>da</strong>s, minas terrestres e armas que a polícianem sonha em ter. Um <strong>do</strong>s negócios mais rentáveis hoje é ven<strong>de</strong>r munição<strong>de</strong> AR-15, um fuzil <strong>de</strong> uso militar nas mãos <strong>do</strong>s bandi<strong>do</strong>s.” Na mesma reportagem,Milton Olivier, <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> titular <strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Repressão a Ações CriminosasOrganiza<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Rio, afirmou: “já estamos ten<strong>do</strong> problemas com a máfiachinesa vin<strong>da</strong> <strong>de</strong> São Paulo.O ex-secretário nacional antidrogas, o Juiz aposenta<strong>do</strong> Walter Mayerovitch,corrobora com a seguinte afirmação: “nos morros <strong>do</strong> Rio, temos coman<strong>do</strong>s<strong>de</strong> traficantes. Na tríplice fronteira, a máfia russa e as tría<strong>de</strong>s chinesas.Mafiosos italianos continuam passan<strong>do</strong> por aqui. O Brasil é o único país <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> on<strong>de</strong>, além <strong>da</strong> lavagem <strong>de</strong> dinheiro, se faz lavagem <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.”Diante <strong>de</strong>sse quadro, cabe à Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, como representantelegal <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong>, seguin<strong>do</strong> os man<strong>da</strong>mentos constitucionaisconsagra<strong>do</strong>s no art. 58, § 3º, <strong>da</strong> Magna Carta, investigar, por intermédio<strong>de</strong> uma Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito, esse fato tão nocivo à nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.A <strong>CPI</strong> se justifica pelo fato <strong>de</strong> que as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s constituí<strong>da</strong>s nos Esta<strong>do</strong>se nos Municípios encontram-se inertes e impossibilita<strong>da</strong>s operacionalmente<strong>de</strong> restabelecer a or<strong>de</strong>m nos centros urbanos.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em 16 <strong>de</strong> 02 <strong>de</strong> 2005Deputa<strong>do</strong> Moroni Torgan (PFL-CE)


7ATO DA PRESIDÊNCIAConstitui Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a investigar asorganizações criminosas <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas.Satisfeitos os requisitos <strong>do</strong> art. 35, caput e § 4º, <strong>do</strong> Regimento Interno,para o Projeto <strong>de</strong> Resolução (CD) n.º 189, <strong>de</strong> 2005, <strong>do</strong> Sr. Moroni Torgan eoutros, esta Presidência constitui Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>a, no prazo <strong>de</strong> 120 (cento e vinte) dias, investigar as organizações criminosas<strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas, eRESOLVE:I. <strong>de</strong>signar para compô-la, na forma indica<strong>da</strong> pelas Li<strong>de</strong>ranças, os Deputa<strong>do</strong>sconstantes <strong>da</strong> relação anexa;II. convocar os membros ora <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s para a reunião <strong>de</strong> instalação eeleição, a realizar-se no dia 16 <strong>de</strong> março, quarta-feira, às 14h, no Plenário I <strong>do</strong>Anexo II.Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005.SEVERINO CAVALCANTIPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s


8Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a investigar as organizaçõescriminosas <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas. (<strong>CPI</strong> – TRÁFICO DE ARMAS)Presi<strong>de</strong>nte: Moroni Torgan (PFL)1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Laura Carneiro (PFL)2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Josias Quintal (PSB) 3º Vice-Presi<strong>de</strong>nte: Neucimar Fraga (PL)Relator: Paulo Pimenta (PT)TITULARESSUPLENTESPTLuiz Couto PBAntonio Carlos Biscaia RJO<strong>da</strong>ir Cunha MGIriny Lopes ESPaulo Pimenta RSJosé Eduar<strong>do</strong> Car<strong>do</strong>zo SP1 vaga Zico Bronzea<strong>do</strong> ACPMDBGervásio Oliveira APCabo Júlio MGMauro Lopes MGGilberto Nascimento SPNelson Trad MS2 vagas(Deputa<strong>do</strong> <strong>do</strong> PSB ocupa a vaga)Bloco PFL, PRONAAlberto Fraga DF - vaga <strong>do</strong> PTBAbelar<strong>do</strong> Lupion PRLaura Carneiro RJEduar<strong>do</strong> Sciarra PRMoroni Torgan CEOnyx Lorenzoni RSRobson Tuma SPPSDBCarlos Sampaio SPBosco Costa SEJoão Campos GOZulaiê Cobra SP – vaga <strong>do</strong> PTB1 vagaPPNilton Baiano ESFrancisco Appio RSReginal<strong>do</strong> Germano BAMário Negromonte BAPTBArnal<strong>do</strong> Faria <strong>de</strong> Sá SPLuiz Antonio Fleury SP(Deputa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Bloco PFL, PRONA ocupa avaga)(Deputa<strong>do</strong> <strong>do</strong> PSDB ocupa a vaga)PLCoronel Alves APMe<strong>de</strong>iros SPNeucimar Fraga ESWan<strong>de</strong>rval Santos SPPPSColbert Martins BARaul Jungmann PEPSBJosias Quintal RJ - vaga <strong>do</strong> PMDBGonzaga Patriota PEPaulo Baltazar RJPDTPompeo <strong>de</strong> Mattos RSEnio Bacci RSPC <strong>do</strong> BPerpétua Almei<strong>da</strong> AC1 vagaPVEdson Duarte BAJovino Cândi<strong>do</strong> SP


94 - INTRODUÇÃOAs armas parecem estar profun<strong>da</strong>mente mergulha<strong>da</strong>s no patrimônio cultural<strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>. Há quem afirme que as primeiras ferramentas fabrica<strong>da</strong>spelo homem eram armas. <strong>Armas</strong> que aperfeiçoavam o equipamento orgânico<strong>do</strong> homem e lhe permitiam complementar a alimentação com a proteína animal<strong>de</strong> herbívoros, mas também contribuíam para preservar a incolumi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> grupodiante <strong>da</strong> ameaça <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s pre<strong>da</strong><strong>do</strong>res carnívoros.Não há dúvi<strong>da</strong>s, no entanto, <strong>de</strong> que já muito ce<strong>do</strong>, o homem começou ausar suas armas contra os seus semelhantes. Espécie <strong>do</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> acentua<strong>do</strong>sinstintos hierárquico e territorial, a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> certamente usou <strong>de</strong> suas armasprimitivas para assegurar o pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> indivíduo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> grupo familiar,<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> grupo social a que pertencia, e diante <strong>do</strong>s outros grupos com quecompetia pelo espaço vital <strong>da</strong> sobrevivência.Anthony Sampsom, em sua obra “The Arms Bazaar” – (Os Ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res<strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, editora Record -1982), menciona que, no idioma inglês, a palavra“arm” (arma, braço) também era, até o século XIV, usa<strong>da</strong> como sinônimo parao órgão masculino. Isso não é surpreen<strong>de</strong>nte, pois no <strong>de</strong>senvolvimento cultural<strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, o macho <strong>da</strong> espécie, ao mesmo tempo que subjugava a fêmea,também se lançava em competição para impor sua vonta<strong>de</strong> pela forçaaos outros machos, sempre guia<strong>do</strong> pela obediência cega à diretriz primitiva <strong>da</strong>hierarquia grupal. Na genial cena <strong>do</strong>s coveiros, em Hamlet, Shakespeare perpetraum trocadilho infame com a conotação fálica <strong>da</strong> palavra “arm”. A substituição<strong>da</strong>s armas brancas por armas <strong>de</strong> fogo, nos séculos XVI e XVII, não pareceter introduzi<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s mu<strong>da</strong>nças na analogia entre os <strong>do</strong>is significa<strong>do</strong>s. Nalinguagem chula <strong>do</strong> português fala<strong>do</strong> no Brasil, essa ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> semânticasobrevive em expressões como “Eu sou espa<strong>da</strong>!” ou “armar a barraca”.Na formação <strong>da</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, como no resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, omanuseio <strong>da</strong>s armas teve um apelo mítico absur<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>sproporcional ao<strong>da</strong> enxa<strong>da</strong> ou <strong>da</strong> pena. Pela força <strong>da</strong>s armas estruturou-se o perfil <strong>da</strong> hierarquiasocial <strong>do</strong>minante; ocupou-se o espaço que pertencia aos habitantes primitivos;escravizaram-se o índio e o africano; assegurou-se a permanência <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r e <strong>da</strong> riqueza nas mãos <strong>de</strong> poucos.Mais recentemente, valores como a lei, o direito, a <strong>de</strong>mocracia e o méritopela competência vêm se <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> e ocupan<strong>do</strong> o espaço que já foiprivativo <strong>da</strong> força <strong>da</strong>s armas. Hoje, a mulher já não se <strong>de</strong>ixa subjugar por pecu-


10liari<strong>da</strong><strong>de</strong>s anatômicas. A alternativa <strong>de</strong> ascensão ao po<strong>de</strong>r político pela força<strong>da</strong>s armas foi lança<strong>da</strong> no lixo <strong>da</strong> história, ao fim <strong>do</strong>s governos <strong>de</strong>sastrosos e <strong>de</strong>triste lembrança, que pontilharam no mun<strong>do</strong>, no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> quase to<strong>do</strong> o séculopassa<strong>do</strong>.No entanto, seria ingenui<strong>da</strong><strong>de</strong> esperar que um apelo mitológico tão profun<strong>da</strong>menteenraiza<strong>do</strong> em nossa espécie pu<strong>de</strong>sse ser facilmente mu<strong>da</strong><strong>do</strong>. Oensinamento <strong>de</strong> Maquiavel continua sen<strong>do</strong> tão atual hoje quanto era há quinhentosanos. Diz-se que os últimos valores a que o homem se apega em <strong>de</strong>sespero,antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, são as prerrogativas que os distinguem individualmente<strong>de</strong> seus semelhantes. A prerrogativa <strong>de</strong> ter ou portar armas <strong>de</strong>fogo é uma <strong>de</strong>las.O mito sobreviveu sem sobressaltos no Brasil até poucas déca<strong>da</strong>s atrás,enquanto as armas <strong>de</strong> fogo eram escassas e disponíveis apenas aos poucosque podiam pagar por elas. O aumento <strong>da</strong> oferta e a que<strong>da</strong> <strong>do</strong>s preços nosmerca<strong>do</strong>s interno e externo começou a modificar o quadro. Em seu apego arraiga<strong>do</strong>às armas e na <strong>de</strong>fesa incondicional ao seu porte livre, os setores <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que o tempo, a tradição e a cultura tornaram <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong>s armas,não se aperceberam <strong>de</strong> que novos segmentos sociais se dispunham i-gualmente a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus interesses pela força <strong>da</strong>s armas. Interesses inteiramentecontrários ao ambiente <strong>de</strong> paz e tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong> que a maioria <strong>de</strong>sejapara si e para suas famílias. Maquiavel também ensinava que a elite e a massase distinguiam por seus propósitos: a elite estava vocaciona<strong>da</strong> para oprimir asmassas, ao passo que a massa repudiava ser oprimi<strong>da</strong> pela elite. Hoje testemunhamosuma inversão irônica <strong>de</strong>sse preceito: a elite em pânico <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> oseu direito <strong>de</strong> portar armas para não ser oprimi<strong>da</strong> pelo crescente po<strong>de</strong>r arma<strong>do</strong><strong>da</strong>s massas.No começo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> empreendimento empresarial, a oferta segue ospassos <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>. Mas, com o sucesso <strong>do</strong> negócio, é a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> que passaa ser conduzi<strong>da</strong> pela oferta. Esta é uma regra que vale, tanto para biscoitos,quanto para drogas e armas. Concretizou-se, a<strong>final</strong>, o sonho <strong>do</strong> comércio <strong>da</strong>sarmas: to<strong>do</strong>s temem a opressão uns <strong>do</strong>s outros. To<strong>do</strong>s se armam para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os outros. A questão agora é fazer valer o entendimento <strong>de</strong>que o direito <strong>de</strong> alguns ao porte <strong>de</strong> armas é mais legal que o direito <strong>de</strong> outros.Os instrumentos <strong>de</strong> trabalho <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> urbana no Brasil, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oinício <strong>do</strong> século XX e até o <strong>final</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> quarenta, eram a navalha e a


11capoeira. Nos trinta anos seguintes, a tecnologia e o comércio internacionalcolocaram à sua disposição os revólveres <strong>de</strong> calibres .22, .32 e .38. <strong>Armas</strong> fáceis<strong>de</strong> dissimular e com um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo similar ao <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> segurança,embora em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito menor que o <strong>da</strong>s polícias. Nessa época, é <strong>de</strong>se lembrar, a maioria <strong>do</strong>s policiais exerciam a suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sarma<strong>do</strong>s,sem que com isso se expusessem a maiores riscos para a sua vi<strong>da</strong>.Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> oitenta, e mais especificamente, ao seu <strong>final</strong>, as coisasmu<strong>da</strong>ram. A guerra fria, que havia estimula<strong>do</strong> a proliferação <strong>da</strong> fabricação <strong>de</strong>armas leves e automáticas nos países industrializa<strong>do</strong>s, já <strong>da</strong>va sinais aos merca<strong>do</strong>s<strong>de</strong> que estava chegan<strong>do</strong> ao seu fim. Era hora <strong>de</strong> buscar nova clientela.O regime militar no Brasil também terminava, e os integrantes <strong>da</strong>s forçasirregulares que o enfrentaram por mais <strong>de</strong> vinte anos estavam presos juntocom os con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s pela justiça comum, principalmente no sistema prisional <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, numa promiscui<strong>da</strong><strong>de</strong> que permitiu a troca <strong>de</strong> informaçõesque se mostrariam preciosas para a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assaltantes comunsapren<strong>de</strong>ram no convívio prisional a se organizarem, a se relacionarem numespaço mais amplo, com outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, outros Esta<strong>do</strong>s, outros países; a ultrapassaremos limites estreitos <strong>do</strong> ventanista e <strong>do</strong> bate<strong>do</strong>r <strong>de</strong> carteiras. Adquirin<strong>do</strong>nova musculatura, atravessaram a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> oitenta inauguran<strong>do</strong> umnovo patamar <strong>de</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> com uma on<strong>da</strong> <strong>de</strong> assaltos a bancos, numamanifestação <strong>de</strong> competência criminosa ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente cinematográfica.No mun<strong>do</strong>, a recepção <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> pós-guerra ao vício generaliza<strong>do</strong><strong>de</strong> entorpecentes <strong>de</strong>u sobrevi<strong>da</strong> aos movimentos guerrilheiros que enfrentaramos regimes <strong>de</strong> exceção que também atormentaram a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia nos paísesvizinhos. Em especial nos países andinos, geograficamente a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s ao cultivo<strong>da</strong> coca, formaram-se po<strong>de</strong>rosos cartéis <strong>de</strong> drogas, que cresceram à sombra<strong>da</strong> natural fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> institucional <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mocracias restabeleci<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>sca<strong>da</strong> vez mais po<strong>de</strong>rosas estruturas organiza<strong>da</strong>s na resistência arma<strong>da</strong>.Embora <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> categoria <strong>de</strong> país produtor internacional <strong>de</strong>drogas (a produção nacional <strong>de</strong> maconha <strong>de</strong>stina-se exclusivamente ao merca<strong>do</strong>interno), a geopolítica brasileira <strong>de</strong>terminou ao país a condição igualmentelamentável <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> exportação <strong>da</strong> droga. A promiscui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> comérciointernacional <strong>de</strong> drogas com a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> preexistente nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s portuáriasfez renascer as práticas comerciais clan<strong>de</strong>stinas que já haviam si<strong>do</strong><strong>de</strong>staque nos tráficos ilícitos <strong>de</strong> escravos e <strong>de</strong> café. Agora o tráfico estava se


12estabelecen<strong>do</strong> para ficar nas áreas on<strong>de</strong> o Esta<strong>do</strong> havia <strong>de</strong>sisti<strong>do</strong> <strong>de</strong> atuar: osmorros, as favelas, as periferias, as penitenciárias.Com a mistura <strong>de</strong>sses três ingredientes – disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> crescente <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> fogo no merca<strong>do</strong> mundial e nacional; sofisticação gerencial <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>;e surgimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> clan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> drogas -, estava prepara<strong>do</strong>o cal<strong>do</strong> <strong>de</strong> cultura para o crime organiza<strong>do</strong> no Brasil, que, embora distinto <strong>da</strong>máfia italiana e <strong>da</strong>s gangues <strong>de</strong> Detroit, perseguia os mesmos objetivos: aproveitar-se<strong>da</strong>s brechas legais e institucionais para auferir lucros vultosos à margem<strong>da</strong> lei.Hoje, a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> enfrenta o sistema policial com um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogoque, não raramente, o supera. Servin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> armas automáticas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>sou surrupia<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s arsenais militares, a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> marcha a passoslargos para uma autonomia assusta<strong>do</strong>ra, que a capacita a tocaiar viaturas policiais,a atacar <strong>de</strong>legacias, quartéis e penitenciárias com o objetivo <strong>de</strong> arrebatarpresos. Há notícias mesmo <strong>de</strong> uma incipiente capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção artesanal<strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> petar<strong>do</strong>s explosivos. A par <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> armas leves em assaltosindividuais ou organiza<strong>do</strong>s em quadrilha (os arrastões), o emprego <strong>da</strong>quelasarmas mais pesa<strong>da</strong>s (e mais caras), são reserva<strong>da</strong>s também para os combatesentre facções concorrentes pela exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio territorial.Esta escala<strong>da</strong> <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> tem que ser <strong>de</strong>ti<strong>da</strong>.Está comprova<strong>do</strong> que as diferentes mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>(narcotráfico, lavagem <strong>de</strong> dinheiro, roubo <strong>de</strong> cargas, exportação <strong>de</strong> pedras,ma<strong>de</strong>iras e metais preciosos, grilagem <strong>de</strong> terras, tráfico <strong>de</strong> mulheres, tráfico <strong>de</strong>órgãos, etc.) não são estanques. Em maior ou menor escala, to<strong>do</strong>s se relacionamentre si, uns servin<strong>do</strong> ou se complementan<strong>do</strong> aos outros, como ficou bem<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> por ocasião <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pela Comissão Parlamentar<strong>de</strong> Inquérito <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s que investigou o narcotráfico.A esta Comissão cabe agora investigar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> munições, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto <strong>da</strong>s organizações criminosas.Já <strong>de</strong> início, se reconhece que a questão é complexa, porque envolvemúltiplos atores, e é polêmica, porque envolve numerosos interesses antagônicos.A arma já parece se configurar como o novo sonho <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong> brasileiro,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o topo, até a base <strong>da</strong> pirâmi<strong>de</strong> social. As classes mais privilegia-


13<strong>da</strong>s guar<strong>da</strong>m a herança <strong>do</strong>s tempos em que a força era a lei, quan<strong>do</strong> patrimônioseram adquiri<strong>do</strong>s e manti<strong>do</strong>s à bala, quan<strong>do</strong> a or<strong>de</strong>m e a obediência <strong>de</strong>subordina<strong>do</strong>s eram garanti<strong>da</strong>s pela intimi<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> arma. As classes intermediáriasvêem a posse <strong>da</strong> arma (legal ou mesmo clan<strong>de</strong>stina) como uma prerrogativaarrosta<strong>da</strong> contra as classes mais baixas, que não <strong>de</strong>têm o po<strong>de</strong>r econômicoou a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> legal para possuí-las. Já as classes mais baixas vêem asarmas como um último refúgio <strong>de</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong>, seja contra seus pares, seja contraas classes mais eleva<strong>da</strong>s (ninguém, por mais bem situa<strong>do</strong> e corajoso queseja, se aventura a manifestar a arrogância e a prepotência costumeiras quan<strong>do</strong>tem uma pistola sen<strong>do</strong> sacudi<strong>da</strong> raivosamente diante <strong>do</strong> nariz). Sob o impacto<strong>do</strong>s conflitos entre pessoas e entre grupos sociais, o anseio pela posse eporte <strong>da</strong> arma <strong>de</strong> fogo prolifera, tanto entre os chama<strong>do</strong>s “homens <strong>de</strong> bem”,quanto entre os bandi<strong>do</strong>s.Por muito tempo, até 1997, o porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo foi tipifica<strong>do</strong> comouma simples contravenção penal, a quem a polícia não consi<strong>de</strong>rava digna sequer<strong>do</strong>s procedimentos padrão <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> ocorrência. Não se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>ssegmentos tradicionalmente discrimina<strong>do</strong>s pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o porte <strong>de</strong> arma eratolera<strong>do</strong> como uma infração irrelevante. Foi somente a partir <strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>da</strong>déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> oitenta, quan<strong>do</strong> o quadro <strong>de</strong> violência e criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> intensificou asua escala<strong>da</strong> <strong>de</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que o Po<strong>de</strong>r Executivo fe<strong>de</strong>ral encaminhou aoCongresso Nacional uma proposição legislativa no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> agravar o porte<strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo com a tipificação <strong>de</strong> crime. Não foi o bastante para sensibilizaros parlamentares <strong>de</strong> então. A proposição ficou engaveta<strong>da</strong> durante anos, atéque, no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> noventa, o clamor <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>saguou numaenxurra<strong>da</strong> com <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> proposições similares. No meio <strong>da</strong> déca<strong>da</strong>, antenovo recru<strong>de</strong>scimento <strong>da</strong> violência, em particular <strong>do</strong>s homicídios cometi<strong>do</strong>scom arma <strong>de</strong> fogo, a matéria tramitou a toque <strong>de</strong> caixa, ain<strong>da</strong> que relata<strong>da</strong> <strong>de</strong>forma frouxa, temerosa <strong>de</strong> enfrentar as prerrogativas <strong>da</strong>s classes <strong>do</strong>minantes e<strong>de</strong>sconhecen<strong>do</strong> inteiramente a evidência <strong>do</strong> emprego perverso que a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>faria <strong>da</strong>s lacunas premedita<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s no texto legal. Em que pesea frouxidão <strong>da</strong> norma, contra ela se voltaram as críticas <strong>de</strong> quem entendia aposse e porte <strong>de</strong> arma como um direito natural <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão, numa apropriaçãoespúria <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> emen<strong>da</strong> <strong>da</strong> constituição norte-americana.A nova norma, a par <strong>de</strong> tipificar numerosas condutas relaciona<strong>da</strong>s com ouso <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, instituía um sistema <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> fogo, inexistente até então, atribuin<strong>do</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s aos governos estaduaisno senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>strar armas, possui<strong>do</strong>res e porta<strong>do</strong>res autoriza<strong>do</strong>s,


14com vistas a permitir o eventual rastreamento <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s no cometimento<strong>de</strong> crimes. Embora se constituin<strong>do</strong> em avanço consi<strong>de</strong>rável, pelo menosem comparação com o que vigorava anteriormente, a norma logo mostrouque carecia <strong>de</strong> eficácia, pois não serviu, nem para controlar as armas em posse<strong>da</strong> população, nem para refrear a escala<strong>da</strong> <strong>da</strong> violência. Destacava-se notexto vigente a ausência flagrante <strong>de</strong> tipificação <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>fogo.Novas pressões <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, novo cau<strong>da</strong>l <strong>de</strong> proposições apresenta<strong>da</strong>sno Congresso Nacional, e veio à luz o Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento, no <strong>final</strong><strong>de</strong> 2003, uma norma bem mais alenta<strong>da</strong>, com disposições mais severas a respeito<strong>da</strong> autorização para aquisição e porte <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, extensa previsão<strong>de</strong> tipificação <strong>de</strong> condutas proibi<strong>da</strong>s, responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s institucionais e a previsão<strong>de</strong> referen<strong>do</strong> a ser realiza<strong>do</strong> em 2005, para <strong>de</strong>cidir sobre a proibição <strong>de</strong>finitiva<strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo no País. A população rejeitou a proibiçãonas urnas, mas as estatísticas disponíveis vêm <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> uma que<strong>da</strong> significativana aquisição legal <strong>de</strong> armas e na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> homicídios cometi<strong>do</strong>scom armas <strong>de</strong> fogo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a entra<strong>da</strong> em vigor <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento, oqual, em que pese suas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, ficou marca<strong>do</strong> com o rótulo <strong>de</strong> “lei que retiraas armas <strong>do</strong>s homens <strong>de</strong> bem, tornan<strong>do</strong>-os in<strong>de</strong>fesos diante <strong>da</strong> sanha <strong>do</strong>sfacínoras”.Esta Comissão se constitui, portanto, numa contraparti<strong>da</strong> ao Estatuto <strong>do</strong>Desarmamento, apuran<strong>do</strong> as condições que tornarão possível também a exclusão<strong>do</strong> acesso <strong>do</strong>s facínoras às armas <strong>de</strong> fogo. Seus integrantes buscarãoi<strong>de</strong>ntificar, pelas vias <strong>da</strong>s exposições e <strong>de</strong>poimentos em audiências públicas,<strong>da</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos e <strong>da</strong> contribuição <strong>do</strong>utrinária <strong>de</strong> instituições públicase priva<strong>da</strong>s, bem como <strong>de</strong> visitas in loco <strong>de</strong> representantes <strong>da</strong> Comissão:- a origem <strong>da</strong>s armas e munição em po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>;- as rotas <strong>de</strong> transporte <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas e munição;- a origem <strong>do</strong>s recursos financeiros emprega<strong>do</strong>s pelo crime organiza<strong>do</strong> na a-quisição <strong>de</strong> armas e munição;- os vícios funcionais <strong>da</strong>s instituições públicas a quem cabe a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>pela fiscalização e controle <strong>de</strong> armas e munição;- as lacunas legais e administrativas que servem ao tráfico <strong>de</strong> armas e munição;


15- as responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminais pessoais no tráfico <strong>de</strong> armas e munição;- as medi<strong>da</strong>s preventivas e repressivas consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s recomendáveis para impedira atuação <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas e munição.Esta Comissão tratou, portanto, <strong>de</strong> traçar o cenário <strong>do</strong> tráfico ilícito<strong>de</strong> armas e munições no país, a partir <strong>do</strong> que já apontam as pesquisas existentes:circulam entre nós mais <strong>de</strong> 17 milhões <strong>de</strong> armas, sen<strong>do</strong> quase a meta<strong>de</strong>ilegal e, <strong>de</strong>stas, cerca <strong>de</strong> 4 milhões nas mãos <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Em segui<strong>da</strong>, ouviu policiais, militares, especialistas e traficantes, parai<strong>de</strong>ntificar os pontos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas e munições no país, com a inspeçãoin loco por parte <strong>de</strong> vários <strong>do</strong>s Sub-Relatores que investigarem a situação <strong>de</strong>nossas fronteiras. Em conseqüência, po<strong>de</strong>mos apresentar um minucioso mapeamento<strong>da</strong>s locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> fronteira, e <strong>da</strong>s ro<strong>do</strong>vias <strong>de</strong>sguarneci<strong>da</strong>s, por on<strong>de</strong>o contraban<strong>do</strong> chega aos gran<strong>de</strong>s centros <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, como SãoPaulo, Rio e Recife, entre outros. Mas o rastreamento, pioneiro, <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong>armas, por parte <strong>do</strong>s seus fabricantes, e a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong>, entre outras <strong>de</strong>scobertas,revelou que muita arma que entra <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong> é arma <strong>de</strong> fabricaçãonacional, exporta<strong>da</strong> para países vizinhos, como o Paraguai, e que reingressamno país trazi<strong>da</strong>s por agentes <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>.A análise inédita <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 150 mil armas levou esta Comissão a revelaçõessurpreen<strong>de</strong>ntes, e gravíssimas, como a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> que a maioriaesmaga<strong>do</strong>ra <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s com a bandi<strong>da</strong>gem foi originalmente vendi<strong>da</strong>pelas fábricas brasileiras a lojas estabeleci<strong>da</strong>s, e para o próprio Esta<strong>do</strong>,principalmente para suas polícias, e <strong>da</strong>í foram <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s para o crime.Esta <strong>CPI</strong> procurou ir fun<strong>do</strong> na análise <strong>da</strong> atual estrutura <strong>do</strong>s órgãos responsáveispelo combate ao armamento <strong>do</strong> tráfico ilícito <strong>de</strong> armas, e <strong>de</strong>screveaqui uma estrutura em mu<strong>da</strong>nça para melhor, com gran<strong>de</strong>s investimentos <strong>da</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral em inteligência, impulsiona<strong>da</strong> pela nova legislação. Mas quetambém está encontran<strong>do</strong> forte resistência corporativa <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s noque tem <strong>de</strong> mais importante este trabalho: a produção, análise e compartilhamento<strong>da</strong>s informações com os órgãos encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> reprimir o crime organiza<strong>do</strong>arma<strong>do</strong>.Em resumo, o relatório que hora submetemos ao plenário <strong>de</strong>sta ComissãoParlamentar <strong>de</strong> Inquérito, e à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, traçou um quadro sobre o mun<strong>do</strong><strong>da</strong>s armas <strong>do</strong> crime nunca antes realiza<strong>do</strong>, levantamento inicial porque pionei-


16ro, revelan<strong>do</strong> os principais condutos que abastecem <strong>de</strong> armas a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>;avaliou a atual estrutura <strong>de</strong> repressão ao tráfico <strong>de</strong> armas e suas insuficiênciasgritantes; esmiuçou as insuficiências <strong>da</strong> lei <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas; fez um diagnósticoo mais completo possível <strong>do</strong>s problemas enfrenta<strong>do</strong>s para coibir essetráfico; e apresentou propostas para a resolução <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>sses problemase <strong>do</strong>s obstáculos que dificultam o combate ao armamento <strong>da</strong> marginali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Esperamos estar contribuin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, para que o Esta<strong>do</strong> brasileiro enfrentecom eficácia o aumento crescente <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> no país.5. SESSÕES E AUDIÊNCIAS PÚBLICASEm seus trabalhos na busca pelas informações necessárias à compreensão<strong>do</strong> fato a que se dispôs a investigar, bem como às recomen<strong>da</strong>ções afazer, a Comissão realizou 84 sessões, a maioria <strong>de</strong>las públicas, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s aouvir especialistas, autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais e <strong>do</strong> Ministério Público, representantes<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong>, testemunhas e indicia<strong>do</strong>s em crimes relaciona<strong>do</strong>scom o tráfico <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo. A seguir, estão resumi<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s realiza<strong>da</strong>spela Comissão no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> seus trabalhos.1) 16/03/2005- Instalação <strong>da</strong> Comissão; e- Eleição <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong>s Vice-Presi<strong>de</strong>ntes.2) 22/03/2005- Elaboração <strong>do</strong> Roteiro <strong>do</strong>s Trabalhos.3) 29/05/2005- Assuntos Internos;- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.4) 30/03/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong> Senhor LUIZ FERNANDO COR-RÊA, Secretário Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.5) 05/04/2005


17Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.6) 06/04/2005Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.7) 07/04/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong> Senhor Exmo. General JOSÉROSALVO LEITÃO DE ALMEIDA, Diretor <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s(DFPC), pertencente à estrutura organizacional <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Logística<strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército.8) 12/04/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong> Senhor ANTONIO RANGELBANDEIRA, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Desarmamento <strong>do</strong> Viva Rio;- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.9) 13/04/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong> Senhor Dr. LUIZ FERNANDOFERREIRA DELAZARI, Secretário <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná;e Delega<strong>do</strong> GETÚLIO BEZERRA SANTOS, Diretor <strong>da</strong> Diretoria <strong>de</strong> Combate aoCrime Organiza<strong>do</strong> <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.10) 20/04/2005- Toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> “Informante X” (reunião reserva<strong>da</strong>);- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.11) 26/04/2005- Audiência Pública com a presença <strong>da</strong> Sra. ELIANA APARECIDA CO-VOLO;- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.12) 27/04/2005


18- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong>s Senhores VALDIR COPETTINEVES, Tenente-Coronel e ADAIR JOÃO SBARDELA, ex-Cabo <strong>da</strong> Polícia Militar;- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos (não houve).13) 28/04/2005- Audiência Pública com os <strong>de</strong>poentes <strong>da</strong> “Operação Gatilho”: PAULOROBERTO SCHILING DA SILVA, LEANDRO BRUSTOLIN, e ANTONIO FER-REIRA DE FARIAS.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.14) 03/05/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong> Sr. Delega<strong>do</strong> ELIR CLARINDO;- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.15) 04/05/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong>s Srs. HUMBERTO SILVA, e LU-ÍS MÁRIO BELLEZA;16) 05/05/2005- Toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> Depoimentos (em reunião reserva<strong>da</strong>) <strong>do</strong>s Srs. WILSONVASCONCELLOS, OSVALDO FERREIRA DE OLIVEIRA, RICARDO DANTASe MARCO ANTÔNIO DA SILVA TAVARES.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.17) 12/05/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> DIÓGENES DANTAS FILHO,Coronel <strong>do</strong> Exército.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.18) 17/05/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong>s Srs. JOSÉ MÁRCIO FELÍCIO e<strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> RUY FERRAZ FONTES.19) 18/05/2005


19- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> ARTHUR CABRAL, eCARLOS ANTÔNIO LUIZ DE OLIVEIRA, Diretor <strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Repreensãoa <strong>Armas</strong> e Explosivos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.20) 19/05/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong>s Srs. NELSON SITON JÚNIOR,ALESSANDRO SITON e <strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral FERNANDO FRAN-CISCHINI.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.21) 24/05/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> ELSON ALEXANDRE SAYÃO,Diretor <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação e Registros Diversos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>São Paulo, <strong>de</strong> GILSON PITTA LOPES, Chefe <strong>da</strong> 2ª Seção Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>Maior Geral <strong>da</strong> Polícia Militar <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, e <strong>de</strong> ROBERTO DE MELLOANNIBAL, Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia, Titular <strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Produtos.22) 31/05/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> SÉRGIO ASSENÇO DOS SAN-TOS, Diretor Regional <strong>de</strong> Re<strong>de</strong> <strong>da</strong> VIVO, <strong>de</strong> ANTÔNIO CARLOS HAIDAMUSMONTEIRO, Diretor <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Re<strong>de</strong> <strong>da</strong> VIVO, <strong>de</strong> RODRIGO ANDRADECAVALCANTI ARAÚJO, Diretor <strong>de</strong> Operações e Manutenção <strong>de</strong> Re<strong>de</strong> <strong>da</strong>CLARO, <strong>de</strong> STELLA MARIS MANIER, Diretora Jurídica <strong>da</strong> CLARO, <strong>de</strong> ÁLVA-RO PEREIRA DE MORAES, Diretor Técnico <strong>da</strong> Opera<strong>do</strong>ra TIM, e <strong>de</strong> DELMARNICOLETTI, Gerente <strong>de</strong> Relacionamento e Atendimento aos Órgãos Públicos<strong>da</strong> Opera<strong>do</strong>ra TIM.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.23) 01/06/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> RODOLFO WALDECK PENCOMONTEIRO, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Inteligência <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> WALTER DOS SANTOS PARAÍSO, Tenente-Coronel <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Bombeiros <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.


2024) 02/06/2005- Diligência realiza<strong>da</strong> por representantes <strong>da</strong> Comissão na empresa <strong>de</strong>armamentos Forjas Taurus S.A., em Porto Alegre/RS, com visitas em to<strong>da</strong> alinha <strong>de</strong> produção.25) 02/06/2005- Audiência Pública na Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><strong>do</strong> Sul, com a presença <strong>do</strong>s Jornalistas <strong>do</strong> periódico “Zero Hora” HUMBERTOTREZZI, FÁBIO SHAFFNER, MAURO MACIEL (não compareceu - justificouausência) e ALESSANDRA BARROS (não compareceu - justificou ausência);<strong>de</strong> GUILHERME PACÍFICO, Delega<strong>do</strong> Titular <strong>da</strong> Delegacia Especial <strong>de</strong>Roubos <strong>de</strong> Cargas e Defrau<strong>da</strong>ções ao Patrimônio DEIC, <strong>de</strong> Porto Alegre/RS e<strong>da</strong> “Testemunha Z" (<strong>de</strong>poimento colhi<strong>do</strong> em caráter reserva<strong>do</strong>).26) 03/06/2005- Audiência Pública na Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><strong>do</strong> Sul, com a presença <strong>de</strong> FÁBIO MEDINA OSÓRIO, Secretário Adjunto <strong>da</strong>Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, <strong>de</strong> LUCIA-NO FERNANDES MENEZES, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>do</strong> Sul,<strong>de</strong> CARLOS HENRIQUE GROSS, Médico, indicia<strong>do</strong> no inquérito <strong>da</strong> PolíciaCivil <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>do</strong> Sul (não compareceu - justificou ausência), <strong>de</strong> PAU-LO CÉSAR GROSS, Médico, indicia<strong>do</strong> no inquérito <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> SantaCruz <strong>do</strong> Sul (não compareceu - não justificou ausência), <strong>de</strong> EDSON GAR-RASTAZU, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> “Tiro 4 - Clube Gaúcho <strong>de</strong> Caça e Pesca”, <strong>de</strong> JOSÉCARLOS DUARTE, Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração Gaúcha <strong>de</strong> Tiro Prático <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, <strong>de</strong> CARLOS ROBERTO PACHECO DE MELO, Oficialresponsável pelo Serviço <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s <strong>da</strong> TerceiraRegião Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, <strong>de</strong> FRANCISCO ARA-NHA, representante <strong>do</strong> “Instituto Brasil Pró-Vi<strong>da</strong> - Vi<strong>da</strong>, Liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, Segurança",<strong>de</strong> ILDO GASPARETTO, Delega<strong>do</strong> Regional <strong>de</strong> Combate ao Crime Organiza<strong>do</strong>- SR/DPF/RS (<strong>de</strong>poimento colhi<strong>do</strong> em caráter reserva<strong>do</strong>), <strong>de</strong> PEDRO GOL-DEMIR URDANGARIN, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Civil e Correge<strong>do</strong>r-Geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul (<strong>de</strong>poimento colhi<strong>do</strong> em caráter reserva<strong>do</strong>), e <strong>da</strong>“Testemunha Z" (<strong>de</strong>poimento colhi<strong>do</strong> em caráter reserva<strong>do</strong>).27) 07/06/2005


21- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> TAÍS ALVES DA SILVA, presana Delegacia <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Foz <strong>de</strong> Iguaçu, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.28) 08/06/2005- Audiência Pública, acareação entre WALTER DOS SANTOS PARAÍ-SO, Tenente-Coronel <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Bombeiros <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, eTAÍS ALVES DA SILVA, atualmente presa na Delegacia <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Foz <strong>do</strong> Iguaçu, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.29) 15/06/2005- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.30) 16/06/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> SÁLVIO BARBOSA VILAR, presopor envolvimento com tráfico (parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento transcorreu em carátersigiloso), <strong>de</strong> CARLOS HENRIQUE GROSS, médico indicia<strong>do</strong> em inquérito<strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>do</strong> Sul - RS (não compareceu - não justificouausência) e <strong>de</strong> PAULO CÉSAR GROSS, médico indicia<strong>do</strong> no inquérito <strong>da</strong> PolíciaCivil <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>do</strong> Sul - RS (não compareceu - não justificou ausência).- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.31) 23/06/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> RONALDO DUARTE BARSOTTIDE FREITAS (“Naldinho”) e <strong>de</strong> ALEXANDRE GARGANO CAVALHEIRO, Delega<strong>do</strong><strong>de</strong> Polícia Assistente <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Apoio e Proteção à Escola <strong>do</strong> DE-NARC.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.32) 13/07/2005- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.33) 02/08/2005


22- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong>s médicos CARLOS HENRIQUEGROSS e PAULO CÉSAR GROSS (Depoimento adia<strong>do</strong> para a próxima reunião).- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.34) 03/08/2005- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong> médico PAULO CÉSAR GROSS(Não compareceu - justificou ausência).35) 09/08/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> LUIZ FERNANDO MARTINS DEOLIVEIRA, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Novo Hamburgo - RS;- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.36) 10/08/2005- Depoimento <strong>de</strong> testemunha, em caráter reserva<strong>do</strong>;37) 18/08/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> ANDRÉ UBALDINO, Procura<strong>do</strong>r<strong>da</strong> Justiça, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> CAO-CRIMO <strong>de</strong> Minas Gerais, ELDER GONÇALOMONTEIRO DANGELO, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Minas Gerais, e MARCOTÚLIO PRATA (“Pratinha”), ex-policial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.38) 25/08/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> HÉLIO GARCIA ORTIZ, TécnicoJudiciário, aponta<strong>do</strong> como Lí<strong>de</strong>r <strong>da</strong> Máfia <strong>do</strong>s Concursos Públicos, <strong>de</strong>scobertano presente ano, que teria envolvimento com o crime organiza<strong>do</strong>, conformenotícia veicula<strong>da</strong> no periódico Correio Braziliense, <strong>de</strong> 13/07/05 e CELSO FER-RO, Delega<strong>do</strong> Civil <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.39) 01/09/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> CLÓVIS RIBEIRO (“NAI”), NI-COLAU AUN JUNIOR, <strong>de</strong> ISABEL LOURENÇO BARSOTTI (não compareceu


23- justificou ausência) e <strong>de</strong> FERNANDO QUEIROZ SEGÓVIA OLIVEIRA, Chefe<strong>do</strong> Serviço Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> - SENARM/DASP/CGDI.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.40) 15/09/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> PAULO ROBERTO MONTEIRO,comerciante <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s, para prestar esclarecimentos sobre a origem e a <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong>s 500 armas apreendi<strong>da</strong>s em seu po<strong>de</strong>r, em São Paulo e <strong>de</strong> FÁBIOGUIMARÃES, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> 5ª Delegacia <strong>de</strong> Investigações sobre Entorpecentes- DISE/SP (não compareceu - justificou ausência).- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.41) 22/09/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> ROBERTO RAMOS, preso emSão Paulo sob suspeita <strong>de</strong> participação em arrastões a con<strong>do</strong>mínios <strong>de</strong> altoluxo. Durante a revista em sua casa, foi encontra<strong>do</strong> um míssil, com quase <strong>do</strong>ismetros <strong>de</strong> comprimento, e <strong>de</strong> ALDO GALIANO JUNIOR, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> 2ª DelegaciaSeccional <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> São Paulo.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos42) 06/10/2005- Audiência Pública com a presença <strong>da</strong> “Testemunha D", <strong>de</strong> RAFAELFRANCISCO FRANÇA, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Repressão a Entorpecentes- PF/RS, responsável pela Operação Serraluz e <strong>de</strong> GUILHERME PACÍFICODA SILVA, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Roubos a Cargas e Defrau<strong>da</strong>ções, responsávelpela Operação Serraluz.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.43) 20/10/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> HÉLIO SCIELZO BRUNET, envolvi<strong>do</strong>com quadrilha <strong>de</strong> policiais, presa no Rio <strong>de</strong> Janeiro, que repassava armase munições à criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e <strong>de</strong> GILBERTO RIBEIRO, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> PolíciaCivil <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, responsável pela Delegacia <strong>de</strong> Roubos e Furtos <strong>de</strong>Automóveis.


24- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.44) 27/10/2005- Toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> ANDERSON MACEDO MARTINS e <strong>de</strong>ROSILENE FELIZ DE LIMA, ambos com indícios <strong>de</strong> envolvimento em transporte<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1000 cartuchos calibre 9mm, 320 cartuchos 7.62 e vários carrega<strong>do</strong>res<strong>de</strong>ntre os quais <strong>de</strong> fuzil AK-47. Obs.: OS DEPOIMENTOS FORAMREALIZADOS EM REUNIÃO RESERVADA.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.45) 10/11/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> ANTÔNIO ARGEMIRO MAIA e<strong>de</strong> VITÓRIO FERIOTTI JUNIOR, convoca<strong>do</strong>s, presos em flagrante pela PolíciaFe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo na operação <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> CHUMBO GROS-SO II, a qual culminou com a apreensão <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 80 armas <strong>de</strong> diversoscalibres, munições e acessórios, inclusive <strong>de</strong> uso restrito, sem amparolegal, RICARDO CASTILHO DE MORAES HERRERA, convoca<strong>do</strong>, preso comcartuchos <strong>de</strong> diversos calibres, inclusive restritos e <strong>de</strong> CARLOS TADEU TAS-SO, convi<strong>da</strong><strong>do</strong>, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, Chefe <strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Repressãoao Tráfico Ilícito <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>da</strong> Superintendência Regional <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ralem São Paulo.46) 24/11/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> MARCELO FETTER, preso porindícios <strong>de</strong> envolvimento com a quadrilha que atuava no tráfico internacional <strong>de</strong>armas, investiga<strong>da</strong> durante as operações Serraluz e Nóia, no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>Sul.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.47) 01/12/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> NEI MACHADO, preso na Colômbiapor, juntamente com Fernandinho Beira-Mar, fornecer fuzis para asFARCS em troca <strong>de</strong> cocaína, <strong>de</strong> ADRIEL JOSÉ TAPARO, preso em Laranjeiras<strong>do</strong> Sul - PR, com diversas munições, entre elas fuzis, e <strong>de</strong> JOSÉ ALBERTODE FREITAS IEGAS, Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Laranjeiras <strong>do</strong> Sul/PR,


25Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Inquérito Policial instaura<strong>do</strong> para apurar os fatos relaciona<strong>do</strong>s àprisão <strong>de</strong> Adriel José Taparo.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.48) 08/12/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> LUIZ CARLOS DOS SANTOS,ex-Diretor <strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> e Explosivos/RJ e RAUL LUIZDIEFENBACH, Coronel <strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul,<strong>do</strong>no <strong>da</strong> Quality Treinamentos Especializa<strong>do</strong>s Lt<strong>da</strong>., para prestar esclarecimentossobre fatos relaciona<strong>do</strong>s com a apreensão <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 3.000 cartuchos<strong>de</strong> calibre 40 na operação IPERÓ e CHUMBO GROSSO III.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.49) 14/12/2005- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> CLÁUDIO FONTES (“Coroa”),aponta<strong>do</strong> como intermediário <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armas entre policiais <strong>da</strong> DFAE/RJ etraficantes, conforme investigação <strong>da</strong> Operação Java; (não compareceu - justificouausência) e <strong>de</strong> NERY HOMERO ROSSI, preso por envolvimento comquadrilha <strong>de</strong> policiais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro no tráfico <strong>de</strong> armas (nãocompareceu - justificou ausência).- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.50) 16/02/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> VANTUIL LUIS CORDEIRO,Chefe <strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Repressão ao Tráfico Ilícito <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, e <strong>de</strong> MAUROSPÓSITO, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Operações Especiais <strong>de</strong> Fronteira/COESF/DIREX.51) 21/02/2006- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.52) 06 a 08/03/2006- Diligências <strong>da</strong> Comissão <strong>de</strong> Deputa<strong>do</strong>s, forma<strong>da</strong> para eluci<strong>da</strong>r a possívelocorrência <strong>de</strong> vazamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> testemunha <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico<strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, no município <strong>de</strong> Uruguaiana - RS.53) 07/03/2006


26- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> NERY HOMERO ROSSI, envolvi<strong>do</strong>com a quadrilha <strong>de</strong> policiais, preso no Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> repassava armase munições a traficantes e CLÁUDIO FONTE, aponta<strong>do</strong> como intermediáriono tráfico <strong>de</strong> armas entre policiais <strong>da</strong> DFAE/RJ e traficantes <strong>de</strong> drogas atuantesnos morros <strong>do</strong> Turano, Borel e Pavão-Pavãozinho.54) 08/03/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> JAIR DE OLIVEIRA, suspeito porenvolvimento com o tráfico ilegal <strong>de</strong> armas no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.55) 09/03/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> JOSÉ ROBERTO LOPES, Delega<strong>do</strong><strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Araçatuba - SP (não compareceu - justificou ausência);e <strong>de</strong> CARLOS ALBERTO COELHO SALESSE, Capitão <strong>da</strong> Polícia Militar<strong>de</strong> Araçatuba - SP (não compareceu - não justificou ausência).- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.56) 14/03/2006- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.57) 16/03/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> JAIR DE OLIVEIRA, suspeito porenvolvimento com o tráfico ilegal <strong>de</strong> armas no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.58) 22/03/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> JOSÉ ROBERTO LOPES, Delega<strong>do</strong><strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Araçatuba - SP e CARLOS ALBERTO COELHO SA-LESSE, Capitão <strong>da</strong> Polícia Militar <strong>de</strong> Araçatuba - SP.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.59) 30/03/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> CARLOS ALEXANDRE RODRI-GUES, atualmente preso na CDP/Bauru por indícios <strong>de</strong> envolvimento no comércioilegal <strong>de</strong> armas, <strong>de</strong> JULIANA APARECIDA DE CAMARGO, presa na


27Penitenciária Feminina <strong>de</strong> São Bernar<strong>do</strong>, Município <strong>de</strong> Campinas, por indícios<strong>de</strong> envolvimento no comércio ilegal <strong>de</strong> armas, <strong>de</strong> MARCO ANTÔNIO DE OLI-VEIRA, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Águas <strong>de</strong> Santa Bárbara - SP, JOSÉ RO-BERTO LOPES, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>de</strong> Araçatuba - SP e <strong>de</strong> CARLOSALBERTO COELHO SALESSE, Capitão <strong>da</strong> Polícia Militar <strong>de</strong> Araçatuba - SP.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.60) 05/04/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> AILTON JOSÉ DA SILVA, Promotor<strong>da</strong> Justiça Militar, CLÁUDIA MÁRCIA RAMALHO MOREIRA LUZ, Promotora<strong>da</strong> Justiça Militar, IONE DE SOUZA CRUZ MESQUITA, Promotora <strong>da</strong>Justiça Militar, ANA FRIGÉRIO MOLINARI, Promotora <strong>de</strong> Justiça <strong>da</strong> Comarca<strong>de</strong> Praia Gran<strong>de</strong> - SP e JOÃO CARLOS CARDOSO DE CAMPOS, Presi<strong>de</strong>nte<strong>da</strong> Comissão Nacional <strong>de</strong> Segurança.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.61) 19/04/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> AFRÂNIO JOSÉ ESTEVES DOSREIS, Chefe <strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Segurança Postal <strong>da</strong> Empresa Brasileira <strong>de</strong> Correiose Telégrafos – ECT.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.62) 26/04/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> JUSTO ALEXANDER RAMOSRAMIRES e <strong>de</strong> WILLIAM NORBEY NAGLES CÉSPEDES, supostos guerrilheiros<strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s Revolucionárias <strong>da</strong> Colômbia, presos na Superintendência<strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral em Manaus - AM e <strong>de</strong> CARLOS AFONSO GON-ÇALVES GOMES COELHO, Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.63) 03/05/2006- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.64) 10/05/2006


28- Toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> Depoimento (em reunião reserva<strong>da</strong>) <strong>de</strong> RUY FERRAZFONTES, Delega<strong>do</strong> Titular <strong>da</strong> 5ª Delegacia <strong>de</strong> Roubo a Banco <strong>do</strong> DEIC/SP e<strong>de</strong> GODOFREDO BITTENCOURT FILHO, Diretor <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Investigaçõessobre o Crime Organiza<strong>do</strong> (DEIC/SP).- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> LEANDRO LIMA DE CARVA-LHO, preso com gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas e munições (parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimentofoi colhi<strong>do</strong> em caráter reserva<strong>do</strong>).- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.65) 11/05/2006- Diligências no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (Superintendência Regional <strong>da</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral - RJ)- Oitiva com a presença <strong>de</strong> OVÍDIO LORENZO (reconvocação), PolicialCivil preso na Operação Java (<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> munições DFAE/SSP/RJ) e <strong>de</strong> HELIOBRUNET (reinquirição), Policial Civil preso na operação Java (<strong>de</strong>svio <strong>da</strong> muniçõesDFAE/SSP/RJ).66) 12/05/2006- Diligências no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro: Divisão <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong><strong>Armas</strong> e Explosivos (DFAE/SSP/RJ); Serviço <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Exército Brasileiro (SFPC/EB); Con<strong>do</strong>r S/A Indústria Química; eVisita à fábrica em Nova Iguaçu - RJ.67) 17/05/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> ARTHUR VINÍCIUS PILASTRESILVA, ex-funcionário terceiriza<strong>do</strong> <strong>da</strong> empresa que presta serviço <strong>de</strong> sonorizaçãoà Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.68) 18/05/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> FRANCISCO GIACOMINI, Gerente-Geral<strong>de</strong> Certificação e Engenharia <strong>do</strong> Espectro <strong>da</strong> ANATEL, <strong>de</strong> EDIL-SON RIBEIRO DOS SANTOS, Superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Radiofreqüência e Fiscalização<strong>da</strong> ANATEL, <strong>de</strong> ALEXANDRE CABANA QUEIROZ ANDRADE, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<strong>de</strong> Informação e Inteligência Penitenciária <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Justiça e <strong>de</strong>


29MAURÍCIO KUEHNE, Diretor <strong>do</strong> Departamento Penitenciário Nacional <strong>do</strong> Ministério<strong>da</strong> Justiça.69) 23/05/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> SÉRGIO WESLEI DA CUNHA,Advoga<strong>do</strong>, e MARIA CRISTINA DE SOUZA RACHADO, Advoga<strong>da</strong>.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.70) 24/05/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> STELLA MARIS NELSON DEMELLO MANIER, Diretora Jurídica <strong>da</strong> Opera<strong>do</strong>ra CLARO, <strong>de</strong> RODRIGO AN-DRADE CAVALCANTI ARAÚJO, Diretor <strong>de</strong> Operações e Manutenção <strong>de</strong> Re<strong>de</strong><strong>da</strong> Opera<strong>do</strong>ra CLARO, <strong>de</strong> ROBERTO LIMA, Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Opera<strong>do</strong>ra VIVO,<strong>de</strong> MÁRIO CÉSAR PEREIRA DE ARAÚJO, Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Opera<strong>do</strong>ra TIM, <strong>de</strong>JOÃO DE DEUS PINHEIRO DE MACEDO, Diretor <strong>de</strong> Planejamento Executivo<strong>da</strong> Opera<strong>do</strong>ra OI, <strong>de</strong> ANTÔNIO PARRINI PIMENTA, Diretor <strong>de</strong> Engenharia <strong>da</strong>Opera<strong>do</strong>ra OI e <strong>de</strong> LEONARDO DE MENEZES, Professor <strong>de</strong> Engenharia Elétrica<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. Obs.: Participação <strong>da</strong> Comissão <strong>de</strong> SegurançaPública e Combate ao Crime Organiza<strong>do</strong>.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.71) 25/05/2006- Acareação entre os Depoentes SÉRGIO WESLEI DA CUNHA, Advoga<strong>do</strong>,MARIA CRISTINA DE SOUZA RACHADO, Advoga<strong>da</strong>, e <strong>de</strong> ARTHURVINÍCIUS PILASTRE SILVA, ex-funcionário terceiriza<strong>do</strong> <strong>da</strong> empresa que prestaserviço <strong>de</strong> sonorização à Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.72) 31/05/2006- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.73) 01/062006- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.74) 06/06/2006


30- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> PAULO ANTENOR DE OLIVEI-RA, Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato Nacional <strong>do</strong>s Técnicos <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong>FRANCISCO CARLOS GARISTO, Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>do</strong>s PoliciaisFe<strong>de</strong>rais.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.75) 07/06/2006- Audiência Pública com a presença <strong>de</strong> RONALDO LÁZARO MEDINA,Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Administração Aduaneira, representan<strong>do</strong> JORGE AN-TONIO DEHER RACHID, Secretário <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.76) 08/06/2006- Diligência nA Penitenciária <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Bernar<strong>de</strong>s, com a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> preso MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO (reunião reserva<strong>da</strong>).77) 12/07/2006- Audiência Pública com a presença <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s NELSON ROBER-TO VINHA, LIBÂNIA CATARINA FERNANDES, EDUARDO DIAMANTE e VA-LÉRIA DAMMOUS, e <strong>do</strong> Promotor <strong>de</strong> Justiça MÁRCIO KUHNE PRADO JÚ-NIOR (GAERCO <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte - SP)78) 01/08/2006- Audiência Pública, com a presença <strong>de</strong> ANDRÉ LUÍS FELÍCIO, Promotor<strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> GAERCO <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte - SP.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos79) 02/08/2006- Audiência Pública coma a presença <strong>de</strong> LIBÂNIA CATARINA FERNAN-DES COSTA e VALÉRIA DAMMOUS- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos80) 04/09/2006


31- Audiência Pública, com a presença <strong>de</strong> Autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais e Estaduais<strong>da</strong>s Forças Policiais, <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário e <strong>do</strong> Ministério Público que investigamas ações <strong>do</strong> Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital (PCC).81) 05/09/2006- Audiência Pública, com a presença <strong>de</strong> Autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais e Estaduais<strong>da</strong>s Forças Policiais, <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário e <strong>do</strong> Ministério Público que investigamas ações <strong>do</strong> Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital (PCC).82) 06/09/2006- Audiência Pública, com a presença <strong>de</strong> ARIANE DOS ANJOS.- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.83) 07/11/2006- Audiência pública, na Superintendência Regional <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral, com a presença <strong>de</strong>: ALBERTO DORNELES RODRIGUES, <strong>de</strong>NADIM RAYMOND EL HAGE, <strong>de</strong> AMLAURI CARLOS DOS SANTOS, e <strong>do</strong> Delega<strong>do</strong>ADERSON VIEIRA LEITE;- Deliberação <strong>de</strong> requerimentos.84) 08/11/2006- Audiência pública, na Superintendência Regional <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral, com a presença <strong>de</strong>: MICHELLI GONÇALVES IGNÁCIO, <strong>de</strong>WALID RENATO CHEDADE MARQUES, e <strong>de</strong> MARDEM UBIRAJARA BAR-BOSA;- Deliberação <strong>de</strong> Requerimentos.85) 21/11/2006- Apresentação e discussão <strong>do</strong> Relatório Final86) 29/11/2006- Discussão e votação <strong>do</strong> Relatório Final.


326. EXPOSIÇÕES E DEPOIMENTOS6.1. ESPECIALISTAS6.1.1. LUIZ FERNANDO CORRÊA, Secretário Nacional <strong>de</strong> Segurança Publica,ouvi<strong>do</strong> em 30/03/2005.Em sua exposição inicial, o expositor enfatizou o seu empenho na implementação<strong>do</strong> Sistema Único <strong>de</strong> Segurança Pública (SUSP), na busca <strong>da</strong>integração entre as instituições policiais estaduais. Discorreu sobre a fase <strong>de</strong>remo<strong>de</strong>lagem <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> Informações <strong>de</strong> Segurança Pública (IN-FOSEG), já com 27 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s interliga<strong>da</strong>s, sen<strong>do</strong> que 22 já alimentam o sistemaem tempo real, que está disponível para to<strong>do</strong>s os policiais <strong>do</strong> País, em to<strong>do</strong>sos níveis; participam também <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> atualização <strong>da</strong>s informações<strong>do</strong> INFOSEG, a Receita Fe<strong>de</strong>ral, a Polícia Fe<strong>de</strong>ral e as Forças Arma<strong>da</strong>s. ASENASP também presi<strong>de</strong> o Subsistema <strong>de</strong> Inteligência <strong>de</strong> Segurança Pública,<strong>do</strong> Sistema Brasileiro <strong>de</strong> Inteligência (SISBIN). Oferece à <strong>CPI</strong> to<strong>do</strong> o cabe<strong>da</strong>l<strong>de</strong> informações e <strong>de</strong> gerenciamento disponível pela Secretaria em sua estruturaorganizacional. Reconhece os <strong>de</strong>svios e as disfunções <strong>do</strong> sistema nacional<strong>de</strong> polícia, cujos abusos, ineficiência e incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para organizar-se <strong>de</strong> formaeficaz <strong>de</strong>ixaram abertos os caminhos para a organização <strong>do</strong> crime e para oimpério <strong>da</strong> impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Inquiri<strong>do</strong> pelos Deputa<strong>do</strong>s Francisco Appio, Edson Duarte, Luiz Couto, eZulaiê Cobra, acrescentou que o Sistema Nacional Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Veículos emMovimento (SINIVEM) nasceu no âmbito priva<strong>do</strong>, na Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>da</strong>sEmpresas <strong>de</strong> Seguro (FENASEG), visan<strong>do</strong> ao combate à frau<strong>de</strong> nos seguros<strong>de</strong> veículos rouba<strong>do</strong>s. Veículos em trânsito, envolvi<strong>do</strong>s em qualquer ocorrência<strong>de</strong> furto ou roubo, <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s por câmaras instala<strong>da</strong>s na fronteira, que capturan<strong>do</strong>a imagem <strong>da</strong> placa, são confronta<strong>do</strong>s com o banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> ocorrências,passan<strong>do</strong> a informação para o posto <strong>da</strong> Polícia Ro<strong>do</strong>viária Fe<strong>de</strong>ralmais próximo. A SENASP percebeu que o sistema tinha potencial para a repressão<strong>de</strong> muitos outros <strong>de</strong>litos, integran<strong>do</strong>-o com os bancos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> IN-FOSEG e <strong>do</strong> Departamento Nacional <strong>de</strong> Trânsito (DENATRAN) e, assim, amplian<strong>do</strong>sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta e cruzamento <strong>de</strong> informações. O relacionamentopolítico <strong>da</strong> Secretaria com os órgãos <strong>de</strong> segurança pública <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sé muito boa e as eventuais divergências estão sen<strong>do</strong> sana<strong>da</strong>s. Em 2004, porexemplo, um assassino <strong>de</strong> menores foi libera<strong>do</strong> por falta <strong>de</strong> provas em PassoFun<strong>do</strong> (RS), como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> ausência <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre sua vi<strong>da</strong> pregressa,disponível no vizinho esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, cujas instituições policiais não repas-


33saram tempestivamente a informação que constava <strong>de</strong> seus bancos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s.Hoje, o sistema já está operan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma mais eficiente, sen<strong>do</strong> improvável arepetição <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong>slize. Pernambuco, Paraíba e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte,por exemplo, planejam interligar fisicamente seus órgãos <strong>de</strong> inteligência. Istoporque, no Nor<strong>de</strong>ste, em geral não se assaltam bancos, mas está se tornan<strong>do</strong>comum o crime <strong>de</strong> quadrilhas que, com armas obti<strong>da</strong>s no Su<strong>de</strong>ste, tomam pequenasci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Essas quadrilhas estão sen<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s e reprimi<strong>da</strong>s como emprego <strong>da</strong> inteligência integra<strong>da</strong>. Aban<strong>do</strong>namos o chavão bati<strong>do</strong> <strong>de</strong> que“quem tem a informação tem o po<strong>de</strong>r”. Esse é um sistema <strong>de</strong> trabalho policialque <strong>de</strong>ve ser relega<strong>do</strong> ao lixo. A informação tem que circular com segurança eser aplica<strong>da</strong> <strong>da</strong> forma que conduza ao melhor resulta<strong>do</strong> para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, enão para os interesses escusos <strong>de</strong> policiais acomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s. Hoje trabalhamos naárea <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Prova na Fonética Forense. Fala-se muito no empregointerceptação telefônica na inteligência contra o crime organiza<strong>do</strong>, mas muitasvezes se esquece que o recurso só é eficiente se houver peritos capacita<strong>do</strong>s atransformar gravações telefônicas em provas admissíveis em juízo. Está sen<strong>do</strong>percebi<strong>do</strong> um esforço <strong>da</strong>s administrações estaduais no aperfeiçoamento <strong>de</strong>suas <strong>do</strong>utrinas e rotinas <strong>de</strong> procedimentos policiais, nivelan<strong>do</strong> por cima, toman<strong>do</strong>como referências a Polícia Fe<strong>de</strong>ral e a Polícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo. A Secretaria tem participa<strong>do</strong> no âmbito <strong>do</strong> MERCOSUL em eventos on<strong>de</strong>são <strong>de</strong>bati<strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> prevenção e repressão aoterrorismo. Enten<strong>de</strong> que os bancos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong> SIGMA precisamser urgentemente interliga<strong>do</strong>s, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> transparência, principalmente, paraos registros <strong>do</strong> SIGMA, que incluem as armas <strong>de</strong> integrantes <strong>da</strong>s instituiçõesmilitares fe<strong>de</strong>rais e estaduais.Em resumo, a exposição <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente leva às seguintes conclusões: (1)A SENASP tenta, como tantos outros órgãos antes <strong>de</strong>la, coor<strong>de</strong>nar <strong>de</strong> formaeficiente o quadro caótico <strong>da</strong>s instituições <strong>de</strong> segurança pública, abrin<strong>do</strong>, comosempre uma expectativa <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>sta vez, alcançará sucesso; (2) Em quepese as esperanças manifesta<strong>da</strong>s pelo Sr. Secretário, as circunstâncias presentesapontam ain<strong>da</strong> um longo caminho pela frente, pontilha<strong>do</strong> <strong>de</strong> anacronismospessoais e institucionais, que resistem bravamente aos esforços <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizaçãopromovi<strong>do</strong>s pela SENASP; embora os recentes dinamismo e profissionalismo<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral sejam louváveis, o <strong>de</strong>sempenho<strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais instituições policiais <strong>de</strong>ixa muito a <strong>de</strong>sejar; (3) A contribuição representa<strong>da</strong>pelo acesso que o Sr. Secretário abre aos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> constantes <strong>do</strong>INFOSEG é importante, na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> que tais <strong>da</strong><strong>do</strong>s sejam realmente


34confiáveis e atualiza<strong>do</strong>s com regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>; (4) Em que pese a evi<strong>de</strong>nte boavonta<strong>de</strong> expressa<strong>da</strong> pelo Sr. Secretário, não ficaram claras as ações efetivas<strong>da</strong> Secretaria no controle <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e munições, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> pôr emprática as disposições que entraram recentemente em vigor, com a edição <strong>do</strong>Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento e respectivo <strong>de</strong>creto regulamenta<strong>do</strong>r.6.1.2. Expositor General José Rosalvo Leitão <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, Diretor <strong>de</strong> Fiscalização<strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s07/04/2005.(DFPC) <strong>do</strong> Exército, ouvi<strong>do</strong> emEm sua exposição inicial, o <strong>de</strong>poente coloca à disposição <strong>da</strong> comissãoto<strong>da</strong>s as informações que a DFPC pu<strong>de</strong>r reunir no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> contribuir paraque a <strong>CPI</strong> alcance os seus objetivos. Esclarece quais são os fun<strong>da</strong>mentosconstitucionais e legais <strong>do</strong> Exército para fiscalizar produtos controla<strong>do</strong>s. Nessesenti<strong>do</strong> discorre sobre as competências <strong>da</strong> Força: autorizar e fiscalizar a produção,o comércio, a exportação, a importação e o <strong>de</strong>sembaraço alfan<strong>de</strong>gário<strong>de</strong> armas, munições e <strong>de</strong>mais produtos controla<strong>do</strong>s; registrar as armas <strong>de</strong> usorestrito; registrar e ca<strong>da</strong>strar, no Sistema <strong>de</strong> Gerenciamento Militar <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>(SIGMA), as armas <strong>do</strong>s integrantes <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, <strong>da</strong> ABIN, <strong>da</strong> GSI, <strong>do</strong>scoleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res; estabelecer a <strong>do</strong>tação <strong>de</strong> armas <strong>do</strong>sórgãos <strong>de</strong> segurança pública, guar<strong>da</strong>s municipais e agentes prisionais. Paratanto, o Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong>tém o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> polícia administrativa, o quelhe permite, mediante processos administrativos ou <strong>de</strong> sua ação <strong>de</strong> fiscalização,apreen<strong>de</strong>r, interditar, cassar registros e estabelecer multas nas irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>sconstata<strong>da</strong>s. Essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fiscalização se exerce através <strong>da</strong>s<strong>do</strong>ze Regiões Militares e <strong>da</strong>s 225 organizações militares instala<strong>da</strong>s em to<strong>do</strong> oterritório nacional. Esclarece a distinção entre armas <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong> (armascurtas e longas, <strong>de</strong> calibres até .38) e <strong>de</strong> uso restrito (seu uso é autoriza<strong>do</strong> a-penas para as Forças Arma<strong>da</strong>s, órgãos <strong>de</strong> segurança pública e algumas categoriasfuncionais – magistra<strong>do</strong>s, promotores, etc.) <strong>Armas</strong> exclusivas <strong>da</strong> ForçasArma<strong>da</strong>s são as <strong>de</strong> calibre .50 e superiores. To<strong>do</strong>s os fabricantes nacionais <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> fogo ou <strong>de</strong> munições (Forjas Taurus, Rossi, ER Amantino, CBC eBoito) são registra<strong>do</strong>s na DFPC e suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são acompanha<strong>da</strong>s pelosfiscais militares. A IMBEL e a ENGEPRON fabricam munições <strong>de</strong> grosso calibre,específicos para as armas militares. Fornecem seus produtos exclusivamentepara as forças arma<strong>da</strong>s brasileiras e exportam parte <strong>de</strong> sua produção. ACon<strong>do</strong>r e a RJC fabricam grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mão, ofensivas e <strong>de</strong>fensivas, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>sao fornecimento exclusivo para as Forças Arma<strong>da</strong>s. A DFPC também registraduas empresas estrangeiras que importam armas <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong> para ven<strong>da</strong>


35no comércio. Suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são fiscaliza<strong>da</strong>s rigorosamente, com a participação<strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Comércio Exterior (SISCOMEX) e <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral. Excluia conotação <strong>de</strong> brokers para essas empresas, pois enten<strong>de</strong> que o termopresume a ven<strong>da</strong> ilegal <strong>de</strong> armas. De mais a mais, aquelas importações sãofeitas diretamente pelos órgãos <strong>de</strong> segurança pública, mediante autorização efiscalização <strong>da</strong> Diretoria. A DFPC tem controle em tempo real <strong>da</strong> <strong>de</strong>stinação<strong>da</strong>s munições produzi<strong>da</strong>s pela CBC, marca<strong>da</strong>s na forma estabeleci<strong>da</strong> recentementepelo Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento. O acesso a essas informações é restritoao Exército e à Polícia Fe<strong>de</strong>ral. To<strong>da</strong>s essas informações são registra<strong>da</strong>s noSIGMA, que será interliga<strong>do</strong> oportunamente ao SINARM, através <strong>do</strong> INFOSEG,resultan<strong>do</strong> num perfeito controle <strong>da</strong>s armas legais. A Secretaria Nacional <strong>de</strong>Segurança Pública (SENASP) está colocan<strong>do</strong> à disposição <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>Exército a infra-estrutura necessária ao tráfego seguro <strong>de</strong>ssas informações.Compete também ao Exército o ca<strong>da</strong>stro <strong>de</strong> registros no SIGMA, <strong>da</strong>s armasinstitucionais <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, forças auxiliares, Agência Brasileira <strong>de</strong> Inteligência(ABIN) e Gabinete <strong>de</strong> Segurança Institucional (GSI). Nos últimos trêsanos, foram furta<strong>da</strong>s ou rouba<strong>da</strong>s no Exército apenas 17 fuzis automáticos leves(FAL), calibre .762, um mosquetão (MosqueFAL) calibre .762, 21 pistolascalibre 9mm, e uma pistola calibre .380. Dezoito <strong>de</strong>ssas armas já foram recupera<strong>da</strong>s.To<strong>do</strong>s os casos ocorreram com armas distribuí<strong>da</strong>s às guar<strong>da</strong>s em diferentesquartéis. Em nenhum caso, houve furto ou roubo <strong>de</strong> armas em arsenaisou <strong>de</strong>pósitos.Inquiri<strong>do</strong> pelos Deputa<strong>do</strong>s Alberto Fraga, Paulo Pimenta, Neucimar Fraga,Carlos Sampaio e Reginal<strong>do</strong> Germano, o <strong>de</strong>poente acrescentou que a <strong>de</strong>cisão<strong>do</strong> Exército a respeito <strong>da</strong> autorização <strong>do</strong>s policiais militares para adquirirempistolas calibre 40, tal como o que já foi concedi<strong>do</strong> a magistra<strong>do</strong>s e procura<strong>do</strong>res,já está pronta. Aguar<strong>da</strong>m-se os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> consultas feitas aos secretários<strong>de</strong> segurança pública, em face <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas envolvi<strong>da</strong>s,mais <strong>de</strong> 300.000. Que ca<strong>da</strong> fábrica tem um fiscal militar <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> parafazer a fiscalização <strong>de</strong> sua produção e expedição. A saí<strong>da</strong> <strong>de</strong>sse material estácondiciona<strong>da</strong> à autorização expressa <strong>do</strong> Exército, seja para o comércio especializa<strong>do</strong>no País, seja para exportação. Há um sistema <strong>de</strong> controle, o Sistema<strong>de</strong> Controle Fabril (SICOFA), em que as fábricas informam, em tempo real, to<strong>da</strong>a saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições. A ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições para ocomércio especializa<strong>do</strong> também é controla<strong>da</strong> pelo Exército, exigin<strong>do</strong>-se sempreo registro <strong>de</strong> autorização para o funcionamento <strong>do</strong> estabelecimento. O controle<strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> munições no varejo ain<strong>da</strong> é feita no papel, mas está em an<strong>da</strong>men-


36to um processo <strong>de</strong> informatização, com a participação <strong>do</strong>s próprios fabricantes.Já foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um sistema <strong>de</strong> guia <strong>de</strong> tráfico eletrônico, em que to<strong>da</strong> amunição ou to<strong>da</strong> a arma ou to<strong>do</strong> o produto controla<strong>do</strong> que sai <strong>da</strong>s fábricaschega ao conhecimento imediato <strong>da</strong> DFPC e <strong>da</strong>s Regiões Militares. A partir<strong>da</strong>í, a informação é dissemina<strong>da</strong> para a Polícia Ro<strong>do</strong>viária Fe<strong>de</strong>ral e para asReceitas Estaduais, que têm o controle <strong>da</strong> travessia <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias nas divisas<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s. Espera que falhas <strong>de</strong> fiscalização, como a que ocorreu naaquisição irregular <strong>de</strong> munições por atacadista <strong>de</strong> Pernambuco, envolven<strong>do</strong>fábrica sedia<strong>da</strong> no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, não venham a se repetirem. Atualmente,em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> vigência <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento, ven<strong>de</strong>m-se muitopoucas armas e munições. Nas Forjas Taurus a que<strong>da</strong> <strong>de</strong> produção foi <strong>de</strong>20%; na CBC, embora ain<strong>da</strong> não quantifica<strong>da</strong>, a que<strong>da</strong> também foi significativa.Ao longo <strong>de</strong> 20 anos, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas furta<strong>da</strong>s ou rouba<strong>da</strong>s nos estabelecimentos<strong>de</strong> comércio especializa<strong>do</strong> foi relativamente pequena, 872 armas.As Forjas Taurus, a Rossi, a CBC e Boito direcionam a maior parte (60%)<strong>de</strong> suas exportações <strong>de</strong> munições e armas leves e <strong>de</strong> pequeno porte para osEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Europa e Oceania. Para a América Latina as exportações sãomuito restritas; <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, o Brasil não exporta armas para o Paraguai. Parato<strong>da</strong>s as exportações, o Exército exige a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> usuário <strong>final</strong> <strong>do</strong> importa<strong>do</strong>r,e fiscaliza rigorosamente o seu cumprimento. Os fiscais militares abremto<strong>do</strong>s os conteineres que contêm armas e munições importa<strong>da</strong>s, conferin<strong>do</strong>-seos números <strong>de</strong> série e o cumprimento <strong>da</strong>s normas <strong>de</strong> marcação. Em 2004, a-proxima<strong>da</strong>mente 5.000 armas foram importa<strong>da</strong>s, a maior parte para os órgãos<strong>de</strong> segurança pública. Os ca<strong>da</strong>stros <strong>da</strong> DFPC incluem apenas as armas pertencentesaos quadros <strong>de</strong> <strong>do</strong>tação <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, mas não as <strong>da</strong>Marinha e <strong>da</strong> Aeronáutica. Não atribui os eventuais furtos <strong>de</strong> armas nos quartéis(21 pistolas e 17 fuzis) aos quadros profissionais <strong>da</strong> Força, mas tão somenteao envolvimento <strong>de</strong> recrutas com marginais <strong>da</strong> sua vizinhança, nas periferiasurbanas. A aquisição <strong>de</strong> armas e munições por caça<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e coleciona<strong>do</strong>resestá condiciona<strong>da</strong> ao cumprimento <strong>do</strong>s requisitos <strong>de</strong> comprovação<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica e aptidão psicológica, conforme exigi<strong>do</strong> no Estatuto <strong>do</strong>Desarmamento. O Exército não fiscaliza a eventual produção artesanal <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> fogo, pois essa é uma competência <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> segurança pública.Há fiscalização nas fábricas <strong>de</strong> funcionamento regular no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar ofornecimento avulso <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição, como armações, canos e ferrolhos,o que facilitaria a proliferação <strong>de</strong> fabricantes clan<strong>de</strong>stinos. A competênciapara fiscalizar o armamento <strong>da</strong>s empresas priva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> segurança é <strong>da</strong> PolíciaFe<strong>de</strong>ral; o Exército apenas controla a importação <strong>da</strong>s armas por essas empre-


37sas. A interligação prevista em lei entre o SINARM e o SIGMA está em an<strong>da</strong>mento,segun<strong>do</strong> o cronograma estabeleci<strong>do</strong> com prazo prazo até julho <strong>de</strong>steano <strong>de</strong> 2005. Depen<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> interligação por fibra ótica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o prédio <strong>do</strong>Ministério <strong>da</strong> Justiça até o Centro Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Telemática <strong>do</strong> Exército (CITEX).Não tem conhecimento <strong>de</strong> filiais <strong>de</strong> empresas brasileiras estabeleci<strong>da</strong>s no exteriorpara reexportar para o Brasil armas fabrica<strong>da</strong>s no Brasil. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s estatísticos<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> armas nas fábricas nacionais constam <strong>do</strong> Anuário Estatístico<strong>do</strong> Exército, <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> acesso reserva<strong>do</strong>, cujo conteú<strong>do</strong>, no entanto,po<strong>de</strong> ser conheci<strong>do</strong> mediante solicitação ao Po<strong>de</strong>r Judiciário ou <strong>de</strong> qualquerórgão público. Em sete anos, o Exército <strong>de</strong>struiu 748.000 armas, em sua maioria<strong>de</strong> fabricação nacional, mas a quantificação <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> sobre esse materialain<strong>da</strong> está sen<strong>do</strong> organiza<strong>da</strong> em arquivos. Para fins <strong>de</strong> rastreamento, os <strong>da</strong><strong>do</strong>snecessários ficam em po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Justiça, o Exército só recebe, conferee <strong>de</strong>strói. As armas <strong>da</strong> campanha <strong>do</strong> <strong>de</strong>sarmamento foram recebi<strong>da</strong>s sobcompromisso <strong>de</strong> não haver apurações sobre a origem. As fronteiras brasileirassão muito permeáveis. Des<strong>de</strong> o Sul até a Amazônia, as fronteiras secas estãopovoa<strong>da</strong>s, em muitas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s são ruas que estabelecem os limites internacionais:Pedro Juan Caballero - Ponta Porá e Guajará-Mirim - Guayara-Mirim, sãorotas conheci<strong>da</strong>s <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s. Pela quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>países que fazem fronteira com o Brasil, há que se formalizar um acor<strong>do</strong> internacional<strong>de</strong> cooperação entre esses países, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> coibir o tráfico ilícito<strong>de</strong> armas. As normas legais têm que ser mais rígi<strong>da</strong>s. No que se refere á legislação<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas, o Brasil serve <strong>de</strong> exemplo para os países vizinhos.É um assunto para ser enfrenta<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>da</strong>s Relações Exteriores. OsEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s é o maior compra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> armas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>; a população <strong>de</strong> lácompra até fuzil, em qualquer comércio especializa<strong>do</strong>, basta mostrar a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>.O merca<strong>do</strong> americano só aceita a importação <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> empresasque sejam registra<strong>da</strong>s nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Essa é uma exigência <strong>da</strong> legislaçãoamericana. Não haveria como a IMBEL, por exemplo, exportar armas paraos órgãos <strong>de</strong> segurança pública <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, se não tivesse uma ligaçãocom a Springfield. Quem importa as armas <strong>da</strong> IMBEL é a Springfield. ATaurus já montou uma empresa nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s com sócios americanos. ABoito e a E.R. Amantino também têm representantes nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. NaAmérica Latina, as nossas fábricas não conseguem atingir plenamente essesmerca<strong>do</strong>s, mesmo porque existe uma lei que onera tributariamente em 150%qualquer produto brasileiro exporta<strong>do</strong> para esses países <strong>da</strong> América Latina e<strong>do</strong> Caribe. Por outro la<strong>do</strong>, as empresas estrangeiras po<strong>de</strong>m entrar e exportarpara esses países sem sofrer esse ônus tributário. Então, po<strong>de</strong> se encontrar


38em Ponta Porã quaisquer armas, inclusive <strong>da</strong> própria Taurus. Se isso acontecer,não será uma ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>, se essa arma for produzi<strong>da</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,e se a saí<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s obe<strong>de</strong>cer às normas americanas. São normas<strong>de</strong> países outros e não nos compete interferir. O que nos compete é resguar<strong>da</strong>ro País <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong>sses produtos ilegalmente. Esse é o gran<strong>de</strong> objetivo, e aDFPC está pronta para colaborar com a Comissão no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> contribuir paraa criação <strong>de</strong> algum mecanismo eficaz. As fábricas são legalmente obriga<strong>da</strong>s afabricar a armação, cano e ferrolho, que são os componentes essenciais para aprodução <strong>da</strong> arma. Os outros componentes são pequenas peças, parafusos,coronha, cuja produção po<strong>de</strong> ser terceiriza<strong>da</strong>. A Lei Complementar n.º117/2004 <strong>de</strong>u competência ao Exército para atuar em ações subsidiárias <strong>de</strong>segurança pública: fazer patrulhamento, fazer vistorias em veículos, pessoas,aeronaves e fazer apreensões em flagrante <strong>de</strong>lito. Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> é particularmenteimportante nas regiões <strong>da</strong> fronteira <strong>da</strong> Amazônia, mais afasta<strong>da</strong>s <strong>do</strong>scentros urbanos, on<strong>de</strong> os órgãos <strong>de</strong> segurança pública não estão presentes.Foz <strong>do</strong> Iguaçu tem órgãos <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral e <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral. Então, oExército não precisa atuar lá. As rotas <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas não são entra<strong>da</strong>s emgran<strong>de</strong> escala. São entra<strong>da</strong>s — acreditamos, pontuais. É o processo “formiguinha”.Até há alguns anos, era possível a importação <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> recarga,que custam até três mil dólares. A legislação aduaneira dizia que qualquer produtoaté 3 mil dólares po<strong>de</strong>ria entrar sem ter a fiscalização rigorosa. Foi estabeleci<strong>da</strong>uma parceria com a Receita Fe<strong>de</strong>ral e isso já está mu<strong>da</strong><strong>do</strong>, não é maispermiti<strong>da</strong> a entra<strong>da</strong> no País <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> recarga. Existe to<strong>da</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>ilegal na recarga <strong>de</strong> munição, que é um produto essencial para o crime organiza<strong>do</strong>.Não basta ter arma, ele tem <strong>de</strong> ter a munição. E algumas munições <strong>de</strong>armas importa<strong>da</strong>s não existem no comércio. Por exemplo, a HK usa a munição.762 por .39. Não é uma arma usa<strong>da</strong> pelas Forças Arma<strong>da</strong>s, nem pelos órgãos<strong>de</strong> segurança pública. No Brasil, estão registra<strong>da</strong>s 13 fábricas <strong>de</strong> explosivos,produzem dinamite, cartucha<strong>do</strong>s e acessórios para uso em pedreiras e minerações,particularmente. Essas empresas são to<strong>da</strong>s muito bem controla<strong>da</strong>s e regulariza<strong>da</strong>se a vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> nesse problema se resume às pedreiras. Háuma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> enorme <strong>de</strong> pedreiras no Brasil, inclusive clan<strong>de</strong>stinas. Há algumaativi<strong>da</strong><strong>de</strong> também <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> anfo. Anfo é um explosivo fácil <strong>de</strong> produzircom utilização <strong>do</strong> nitrato <strong>de</strong> amônia e qualquer ligante, ela é fácil <strong>de</strong> serproduzi<strong>da</strong> artesanalmente e po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> em qualquer tipo <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> crimeorganiza<strong>do</strong>. Já faz um ano que a DFPC investe no controle <strong>da</strong>s fábricas <strong>de</strong> explosivos,para que também se tenha o conhecimento em tempo real <strong>de</strong> to<strong>da</strong> aprodução, e que to<strong>da</strong> a produção seja marca<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma a permitir o rastrea-


39mento <strong>do</strong> produto até o consumi<strong>do</strong>r <strong>final</strong>. Há registros <strong>de</strong> roubos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>squanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> dinamite em pedreiras, para aten<strong>de</strong>r ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s clan<strong>de</strong>stinas <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> pedra. Não há evidências <strong>de</strong> que esses <strong>de</strong>svios estejam a serviço<strong>do</strong> cometimento <strong>de</strong> infrações que não a <strong>da</strong>s pedreiras clan<strong>de</strong>stinas. Mas estãosen<strong>do</strong> toma<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s para regularizar e controlar este setor. Quanto aoproblema <strong>da</strong> pólvora, esse é complica<strong>do</strong>. É complica<strong>do</strong> porque a pólvora é umproduto fácil <strong>de</strong> ser produzi<strong>do</strong>. Só no pólo <strong>de</strong> Santo Antonio <strong>do</strong> Monte existem60 fábricas <strong>de</strong> artifícios pirotécnicos, com gran<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> pólvora. Há realmenteuma produção ilegal <strong>de</strong> pólvora muito gran<strong>de</strong>, o que é preocupante.Mas a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> tem um la<strong>do</strong> social: são pessoas e famílias produzin<strong>do</strong> o seusustento em fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> quintal. Quan<strong>do</strong> se produz pólvora para fogos <strong>de</strong> artifícios,se produz também para a recarga <strong>de</strong> munição artesanal.Resumi<strong>da</strong>mente, é <strong>de</strong> se concluir <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento que: (1) a DFPC e oComan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong>têm uma consi<strong>de</strong>rável responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> no controle<strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo e munições que, eventualmente, chegam às mãos <strong>da</strong> marginali<strong>da</strong><strong>de</strong>,no entanto, as ações <strong>de</strong>ssas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s são realiza<strong>da</strong>s à sombra <strong>do</strong>sigilo, seus registros são <strong>de</strong> acesso restrito, negan<strong>do</strong>-se ao público informaçõesque são vitais para a compreensão e a <strong>de</strong>fesa contra a violência arma<strong>da</strong>que se abate sobre a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil organiza<strong>da</strong>; (2) em especial, os registros<strong>da</strong> produção <strong>de</strong> armas e munições, inclusive <strong>da</strong>quelas que são objeto <strong>de</strong> exportaçõesfraudulentas, escapam totalmente aos estu<strong>do</strong>s acadêmicos – contribuiçõesque, em países avança<strong>do</strong>s, se constituem em importante contribuiçãopara a análise e solução <strong>de</strong> problemas sociais -, e até mesmo <strong>da</strong>s investigaçõespromovi<strong>da</strong>s pelos órgãos <strong>de</strong> segurança pública; (3) em face <strong>da</strong> pobreza<strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s concretos e <strong>de</strong> afirmações conclusivas, ficou a impressão <strong>de</strong> que afiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s, exerci<strong>da</strong> pela DFPC e pelo Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>Exército, se faz exclusivamente mediante rotinas burocráticas e estéreis <strong>de</strong>preenchimento, encaminhamento e arquivamento <strong>de</strong> planilhas, sem que <strong>de</strong>tais rotinas resultem conhecimentos efetivamente úteis no controle <strong>da</strong>s armas emunições que são fabrica<strong>da</strong>s, comercializa<strong>da</strong>s, exporta<strong>da</strong>s e importa<strong>da</strong>s nopaís; (4) aparentemente, a fiscalização militar só se exerce quan<strong>do</strong> os manifestos<strong>de</strong> carga <strong>de</strong>claram expressamente a existência <strong>de</strong> armas e munições emmerca<strong>do</strong>rias importa<strong>da</strong>s, absten<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> inteligência, similaresàs <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral, capazes <strong>de</strong> prever lotes <strong>de</strong> cargas suspeitas <strong>de</strong> conteremmerca<strong>do</strong>rias clan<strong>de</strong>stinas, que não são, obviamente, <strong>de</strong>clara<strong>da</strong>s; (5) nãoforam esclareci<strong>da</strong>s as dúvi<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s parlamentares a respeito <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s preventivase repressivas contra o eventual uso fraudulento <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> co-


40leciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res para suprir o comércio ilícito <strong>de</strong> armas emunições; (6) a afirmação <strong>de</strong> que a DFPC tem o controle <strong>da</strong> fabricação e <strong>de</strong>stinação<strong>de</strong> munições não foi ratifica<strong>da</strong> pelo conhecimento <strong>da</strong> real que<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>interna por essas merca<strong>do</strong>rias nos anos mais recentes, em especial nocaso <strong>da</strong>s exportações para o Paraguai, o que resultou na edição <strong>da</strong> Resoluçãon.º 17-CAMEX; (7) não ficou claro o empenho <strong>da</strong> DFPC e <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> E-xército em promover o compartilhamento <strong>da</strong>s informações constantes <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro<strong>do</strong> SIGMA com os órgãos <strong>de</strong> segurança pública – o prazo previsto paraa interligação física entre os sistemas se esgotou e ambos permanecem estanques;(8) não ficou esclareci<strong>do</strong> como funciona a sistemática <strong>de</strong> fiscalização (visitasperiódicas, inopina<strong>da</strong>s, providências em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento <strong>da</strong>snormas?) e o apoio logístico (provimento <strong>de</strong> diárias <strong>de</strong> transporte e estadia, ouaceitação <strong>do</strong>s meios ofereci<strong>do</strong>s pelos interessa<strong>do</strong>s fiscaliza<strong>do</strong>s?) aos fiscaismilitares nas fábricas, no comércio especializa<strong>do</strong> e nos usuários finais, inclusivepedreiras, coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res, clubes <strong>de</strong> tiro e caça<strong>do</strong>res; (9) inconsistentea afirmação <strong>de</strong> que os registros <strong>do</strong> SIGMA só se referem às armas <strong>do</strong>sintegrantes <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, pois por força <strong>do</strong> que dispõe o Decreton.º 5.123/2004, cabe ao sistema o registros <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as armas pertencentesaos integrantes <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s; (10) inexplicável, tanto pela falta <strong>de</strong>transparência, quanto pelo manifesto <strong>de</strong>scontrole administrativo, que quase ummilhão <strong>de</strong> armas, <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>s pelo Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército em anos recentes, ain<strong>da</strong>não tenham si<strong>do</strong> contabiliza<strong>da</strong>s em registros arquiva<strong>do</strong>s e acessíveis à consulta;(11) a insinuação <strong>de</strong> que a Resolução n.º 17-CAMEX, que tributa comalíquota <strong>de</strong> 150% as exportações <strong>de</strong> armas e munições para países <strong>da</strong>s Américasque se mostraram pouco confiáveis no cumprimento <strong>da</strong> cláusula <strong>de</strong> usuário<strong>final</strong>, prejudica a indústria nacional <strong>de</strong> armas é preocupante, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>que a DFPC parece priorizar os interesses <strong>do</strong>s fabricantes em prejuízo <strong>da</strong> segurança<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira em geral; (12) a falta <strong>de</strong> previsão <strong>de</strong> açõesefetivas <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong>s <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> explosivos também é preocupante, namedi<strong>da</strong> em que há evidências <strong>de</strong> que esses produtos estão sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong>s pelocrime organiza<strong>do</strong> na fabricação <strong>de</strong> petar<strong>do</strong>s para fins terroristas e <strong>de</strong> arrebatamento<strong>de</strong> presos em penitenciárias.6.1.3. Exposição <strong>do</strong> Sr. Antonio Rangel Ban<strong>de</strong>ira, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Projeto<strong>de</strong> Desarmamento <strong>do</strong> Viva Rio, em 12/04/2005.Em sua exposição inicial, o <strong>de</strong>poente afirma que a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> querepresenta, muito mais que trabalhar no convencimento <strong>de</strong> que a arma é umfator <strong>de</strong> risco para o usuário, se preocupa em <strong>de</strong>sarmar o bandi<strong>do</strong>. Compara o


41merca<strong>do</strong> ilícito <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo com o comércio ilícito <strong>de</strong> drogas. Ao passoque a droga tem to<strong>do</strong> o seu ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> na clan<strong>de</strong>stini<strong>da</strong><strong>de</strong>, as armas têm, via<strong>de</strong> regra, origem legal e eventualmente, em algum momento <strong>de</strong> sua existência,passa para a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A conseqüência disso é que, cria<strong>da</strong>s as condiçõesa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s, a história <strong>da</strong> arma po<strong>de</strong> ser rastrea<strong>da</strong>, apontan<strong>do</strong> as circunstânciase os atores responsáveis pelo <strong>de</strong>svio. Em que pese a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica <strong>do</strong>rastreamento, essa conduta ain<strong>da</strong> é rara nos procedimentos <strong>da</strong>s instituiçõespoliciais. Uma <strong>da</strong>s razões aponta<strong>da</strong>s para isso é a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>procedimentos entre as instituições que fiscalizam a origem <strong>da</strong> arma (Coman<strong>do</strong><strong>do</strong> Exército) e os <strong>da</strong>s que as apreen<strong>de</strong>m nas mãos <strong>da</strong> <strong>de</strong>linqüência (as políciasestaduais e a Polícia Fe<strong>de</strong>ral). A conseqüência é a impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> levantara vi<strong>da</strong> pregressa <strong>do</strong>s milhões <strong>de</strong> armas usa<strong>do</strong>s pelo crime organiza<strong>do</strong>.Estimava-se essa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> em 6 a 30 milhões, uma imprecisão que<strong>de</strong>nunciava a falta <strong>de</strong> controle sobre a matéria. O grupo Viva Rio se impôs atarefa <strong>de</strong> buscar as informações encerra<strong>da</strong>s nas polícias civis e políciasmilitares e, que razões diversas, não são encaminha<strong>da</strong>s para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral,no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> obter uma avaliação mais confiável. Apesar <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o empenho,os resulta<strong>do</strong>s ain<strong>da</strong> têm que ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como estimativas, pois háinformações para as quais não foi possível contornar os obstáculos <strong>do</strong> sigilo,principalmente nas Forças Arma<strong>da</strong>s. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesquisa apontarampara uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 17,4 milhões <strong>de</strong> armas no País, 90% <strong>de</strong>las nas mãos<strong>de</strong> civis. Cinqüenta e um por cento <strong>de</strong>las, quase nove milhões, são ilegais, nãotêm registro, o Esta<strong>do</strong> não sabe quem as tem e o que se faz com elas. Cincomilhões foram incluí<strong>da</strong>s na categoria <strong>de</strong> armas informais, aquelas que foramadquiri<strong>da</strong>s antes <strong>de</strong> 1997, quan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> não existiam as normas que exigiam oregistro. Estão, na melhor <strong>da</strong>s hipóteses, guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s em alguma gaveta epassam <strong>de</strong> geração para geração, sempre na ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>, porque não estãoregistra<strong>da</strong>s. São uma tentação para o assaltante <strong>de</strong> residências, pois apesar <strong>de</strong>antigas, ain<strong>da</strong> são letais e estão a salvo <strong>de</strong> qualquer tentativa <strong>de</strong> rastreamento.De tais estimativas é <strong>de</strong> se concluir que existam pelo menos quatro milhões <strong>de</strong>armas nas mãos <strong>de</strong> bandi<strong>do</strong>s. Uma parte significativa <strong>de</strong>ssas armas, 25%, oumais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong>las, foram legalmente vendi<strong>da</strong>s a ci<strong>da</strong>dãos idôneos, emestabelecimentos comerciais <strong>de</strong> funcionamento regular. Posteriormente, elasforam furta<strong>da</strong>s ou vendi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma irregular. Há evidências <strong>de</strong> que outrafonte <strong>de</strong> armas para a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> são os coleciona<strong>do</strong>res e atira<strong>do</strong>res <strong>de</strong> máfé.Servin<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> legislação vigente, registram-se no Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército eaproveitan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> instituição em exercer uma fiscalizaçãoeficaz, transacionam com bandi<strong>do</strong>s as armas que, em teoria, constituiriam


43rouba<strong>da</strong>s, circulam nas estra<strong>da</strong>s e passam incólumes pelos postos <strong>da</strong> PolíciaRo<strong>do</strong>viária. A fiscalização <strong>do</strong> transporte <strong>do</strong>s produtos <strong>da</strong>s fábricas <strong>de</strong> armas emunições também é muito precário, em razão, principalmente, <strong>da</strong> <strong>de</strong>legaçãoque o Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército faz para as próprias administrações <strong>da</strong>s empresasem fiscalizar esse transporte. É a raposa cui<strong>da</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> rebanho. Caixas <strong>de</strong>armas e munições “se per<strong>de</strong>m” pelo caminho e tu<strong>do</strong> fica por isso mesmo. Nãose po<strong>de</strong> minimizar a preocupação com essas armas <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s fábricasnacionais alegan<strong>do</strong>-se que são <strong>de</strong> pequenos calibres, menos letais que os fuzisautomáticos contraban<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a arma <strong>do</strong> assalto, que aterroriza apopulação é a arma pequena, com que se po<strong>de</strong> circular nas ruas sem levantarsuspeitas. As outras também são importantes, são usa<strong>da</strong>s para matar policiais,nos assaltos a carros-fortes, nas disputas por territórios <strong>do</strong> narcotráfico, mas,em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vítimas, as armas <strong>de</strong> pequenos calibres, nacionais, são asmais letais. A repressão ao contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas é realmente uma tarefamonumental. A fronteira brasileira é o <strong>do</strong>bro <strong>da</strong> americana com o México, e, emque pese to<strong>do</strong> o empenho <strong>da</strong> nação mais rica e po<strong>de</strong>rosa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, aquelafronteira é viola<strong>da</strong> diariamente. O Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento excluiu a condutapenalmente tipifica<strong>da</strong> <strong>do</strong>s “brokers”, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que se trata <strong>de</strong> tráficointernacional <strong>de</strong> armas. Não é bem assim. Os “brokers” são intermediários nomerca<strong>do</strong> atacadista <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições, que agemacoberta<strong>do</strong>s pelo sigilo que é imposto, via <strong>de</strong> regra, pelos próprioscompra<strong>do</strong>res – grupos clan<strong>de</strong>stinos irregulares e não reconheci<strong>do</strong>s pelacomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional e que se propõem a <strong>de</strong>rrubar governos nacionais. Asorganizações arma<strong>da</strong>s que enfrentam o governo colombiano são, certamente,supri<strong>da</strong>s pela ação <strong>do</strong>s “brokers”. A triangulação <strong>do</strong> comércio ilegal que burla aproibição <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições para o Paraguai foiinvestiga<strong>da</strong> por <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Congresso paraguaio, on<strong>de</strong> se constatou aresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> brasileiros nas frau<strong>de</strong>s na exportação e no comércio nafronteira, com a possível participação <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s militares paraguaiascorrompi<strong>da</strong>s. Na Suécia, Noruega, Canadá, EUA, Espanha, Itália, o controle <strong>de</strong>exportação e importação <strong>de</strong> armas não são atribuição <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s,mas <strong>de</strong> comissão <strong>do</strong> parlamento nacional, pois se trata <strong>de</strong> matéria que afeta asegurança e a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> País e <strong>de</strong> outros povos. São <strong>de</strong>cisões políticas enão dita<strong>da</strong>s exclusivamente pelo interesse econômico. Foi <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> peloGoverna<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná que funcionam no Porto <strong>de</strong> Paranaguá, sobos auspícios <strong>de</strong> um corretor <strong>de</strong> importação e exportação <strong>do</strong> Paraguai, leilõessemanais noturnos, on<strong>de</strong> se ven<strong>de</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, armas, drogas, to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>contraban<strong>do</strong>.


44Os <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s Alberto Fraga, Moroni Torgan, Paulo Pimenta, LauraCarneiro, Neucimar Fraga, Luiz Couto e Nilton Baiano, manifestaram seuscomentários sobre a exposição.6.1.4. Exposição inicial <strong>do</strong> Sr. Pablo Dreyfus, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Pesquisa<strong>do</strong> Grupo Viva Rio, em 12/05/2005.O Brasil é o segun<strong>do</strong> produtor <strong>de</strong> armas curtas, principalmente <strong>de</strong>revólveres e pistolas, <strong>do</strong> hemisfério oci<strong>de</strong>ntal. Depois <strong>da</strong> Áustria e <strong>da</strong>Alemanha, o Brasil é o terceiro exporta<strong>do</strong>r para os EUA. A situação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>fabricante <strong>de</strong> armas, a par <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> quecaracteriza a segurança pública, coloca o País diante <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>regular fortemente a sua indústria bélica, sob pena <strong>de</strong> contribuirconstantemente para armar as organizações criminosas que agri<strong>de</strong>m asocie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ressalta a importância <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> insipientecapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica <strong>de</strong> rastear o histórico <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>as situações que facilitam a transformação <strong>de</strong> armas legais em armas ilegais.Até 1980, não havia obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> arma, mas foi somente em1997, com a Lei n.º 9.437/1997, que esse registro foi sistematiza<strong>do</strong> ecentraliza<strong>do</strong> no Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SINARM), preven<strong>do</strong>-se, inclusivesanção penal para quem <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> cumprir esse requisito legal. Explana ameto<strong>do</strong>logia que o Grupo Viva Rio usou para mapear as armas passíveis <strong>de</strong>rastreamento, em <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> custódia no Departamento <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong><strong>Armas</strong> e Explosivos (DEFAE) <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. I<strong>de</strong>ntifica as armas<strong>de</strong> fabricação nacional como a maioria <strong>da</strong>s apreendi<strong>da</strong>s, com preferência paraos revólveres nacionais <strong>de</strong> as pistolas <strong>de</strong> fabricação estrangeira, com umcrescimento discreto e continua<strong>do</strong> <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> uso restrito. Além <strong>do</strong>Paraguai, <strong>de</strong>nuncia a vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fronteiras secas com a Bolívia, quenão tem lei <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas, e com o Uruguai, cuja lei éreconheci<strong>da</strong>mente leniente com esse controle. Recomen<strong>da</strong> a atuaçãodiplomática com Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru e Venezuela, nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar as respectivas leis <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas.Os <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s Alberto Fraga, Moroni Torgan, Paulo Pimenta, LauraCarneiro, Neucimar Fraga, Luiz Couto e Nilton Baiano, manifestaram seuscomentários sobre a exposição.Dos <strong>de</strong>poimentos feitos pelos Sr. Antonio Rangel e Pablo Dreyfus, é <strong>de</strong>se concluir que: (1) Os <strong>de</strong>poentes apresentam estimativas que consi<strong>de</strong>ram


45mais confiáveis <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas em po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> população, distinguin<strong>do</strong>as legais e as ilegais, as <strong>de</strong> fabricação nacional e estrangeira; (2) Embora ototal <strong>de</strong> 17,4 milhões armas em circulação ultrapasse a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> conheci<strong>da</strong><strong>da</strong>s instituições públicas encarrega<strong>da</strong>s <strong>do</strong> seu controle, a estimativa <strong>de</strong> quatromilhões <strong>de</strong> armas nas mãos <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> dá uma idéia <strong>da</strong> extensão <strong>do</strong> <strong>de</strong>safioa ser enfrenta<strong>do</strong> pelas políticas e instituições <strong>de</strong> segurança pública; (3) Émuito valiosa a constatação concreta, a partir <strong>de</strong> fatos, <strong>da</strong> origem nacional <strong>de</strong>80% <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s nas mãos <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois aponta as fábricasnacionais <strong>de</strong> armas e munições como um primeiro caminho para a atuaçãoeficaz <strong>de</strong> políticas e instituições quanto a medi<strong>da</strong>s preventivas e repressivas aotráfico <strong>de</strong> armas; (4) As indicações <strong>de</strong> que a fiscalização e o controle <strong>de</strong> armas,<strong>de</strong> munições e <strong>de</strong> explosivos carece <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s e procedimentos eficazes recomen<strong>da</strong>o aperfeiçoamento <strong>da</strong> legislação vigente, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> torná-la maiseficiente; (5) A vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> aponta<strong>da</strong> nos acervos institucionais e pessoais<strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res, clubes <strong>de</strong> tiro, empresas <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> priva<strong>da</strong>e integrantes <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s e Policiais merece ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, tantono senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se limitarem abusos e prerrogativas <strong>de</strong>snecessárias, quanto nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> focalizar as atenções <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> fiscalização nas fontes possíveis<strong>de</strong> <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> armas para a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>; (6) A indicação <strong>de</strong> que as rotasinternas <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s são as ro<strong>do</strong>vias fe<strong>de</strong>rais recomen<strong>da</strong>o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s e procedimentos vigentes na PolíciaRo<strong>do</strong>viária Fe<strong>de</strong>ral; (6) Há indicações que o Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército é excessivamenteconfiante na probi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fábricas nacionais <strong>de</strong> armas e munições,conferin<strong>do</strong>-lhes responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que <strong>de</strong>veriam ser incompatíveis com a situação<strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s fiscaliza<strong>da</strong>s; (7) Ain<strong>da</strong> não há evidência <strong>da</strong> participação <strong>do</strong>s“brokers” na aquisição <strong>de</strong> armas e munições para o crime organiza<strong>do</strong> no Brasil.A <strong>de</strong>man<strong>da</strong> atual ain<strong>da</strong> não é <strong>de</strong> tão gran<strong>de</strong> escala que justifique essa participação.Ao que tu<strong>do</strong> indica, a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> se satisfaz com as aquisições feitas empequenos lotes, no varejo <strong>de</strong> lojas sedia<strong>da</strong>s nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fronteiriças ou na ponta<strong>da</strong>s rotas aéreas para os EUA, além <strong>da</strong>s fontes já cita<strong>da</strong>s anteriormente. Noentanto, a consi<strong>de</strong>rar que a expansão <strong>de</strong> organizações criminosas como o Coman<strong>do</strong>Vermelho e o Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital, sem que haja uma reaçãoeficaz por parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, é possível vislumbrar pelo menos <strong>do</strong>is cenários <strong>de</strong>catástrofe, similares ao que ocorre atualmente na Colômbia, em que o agravamento<strong>do</strong> quadro criminal no País possa elevar a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> a ponto <strong>de</strong> justificara intermediação <strong>de</strong> “brokers”: (7.1) a expansão in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is gruposcriminosos, dividin<strong>do</strong> entre si as regiões metropolitanas, com o <strong>do</strong>mínio local <strong>do</strong>narcotráfico e <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais infrações penais que lhes são peculiares; (7.2) o


46confronto arma<strong>do</strong> direto entre os <strong>do</strong>is grupos, antes ou <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> expansãoin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte sobre outros esta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> fe<strong>de</strong>ração. De qualquer forma, pareceser pru<strong>de</strong>nte antecipar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já a previsão <strong>de</strong> tipificação penal <strong>da</strong> conduta criminosa<strong>do</strong>s “brokers” – intermediação na ven<strong>da</strong> irregular <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s lotes <strong>de</strong>armas e <strong>de</strong> munições para grupos que atuam na ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> e contra os interesses<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. (8) A <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> conteiners noporto <strong>de</strong> Paranaguá, servin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> internacional com o Paraguai égrave, e merece a atenção <strong>do</strong>s órgãos fe<strong>de</strong>rais e estaduais envolvi<strong>do</strong>s, no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> reparar essa brecha na fiscalização aduaneira; (9) É recomendável aconstrução <strong>de</strong> um programa internacional no âmbito <strong>do</strong>s países vizinhos, comvistas a uma formulação coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> <strong>da</strong>s leis locais sobre o controle <strong>de</strong> armas,munições e explosivos.6.1.5. Depoimento <strong>do</strong> Sr. Luiz Fernan<strong>do</strong> Ferreira Delazari, Secretário <strong>de</strong>Segurança Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, em 13/04/2005.Em sua exposição inicial, esclarece que não cabe às polícias civis ou militareso combate direto ao tráfico internacional <strong>de</strong> armas, embora <strong>de</strong>le participe<strong>de</strong> forma integra<strong>da</strong> com os órgãos fe<strong>de</strong>rais, em face, principalmente <strong>da</strong> fronteiraque o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná faz com o Paraguai. Nas operações <strong>de</strong> apreensão<strong>de</strong> armas no esta<strong>do</strong>, oriun<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Paraguai, foi verifica<strong>do</strong> que se trata, em 90%<strong>do</strong>s casos, <strong>de</strong> armas fabrica<strong>da</strong>s no Brasil. Lei estadual assegura uma gratificaçãono valor <strong>de</strong> R$ 100,00 para o policial que apreen<strong>de</strong> uma arma. Em conseqüência,houve um aumento <strong>de</strong> 300% na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s,que passaram <strong>de</strong> 3.400, em 2003, para 12.000, em 2004. Investigações ain<strong>da</strong>em cursos evi<strong>de</strong>nciam que os instrumentos <strong>de</strong> repressão ao contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong>armas na fronteira com o Paraguai são muito frágeis. Há evidência <strong>da</strong> participação<strong>de</strong> integrantes <strong>da</strong> cúpula <strong>da</strong> Polícia Militar no cometimento <strong>do</strong> tráfico internacional<strong>de</strong> armas, atualmente presos e respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a processo. O lagosurgi<strong>do</strong> <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> usina <strong>de</strong> Itaipu é um sério complica<strong>do</strong>r para a repressão<strong>de</strong>ssa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> criminosa, uma vez que é facilmente atravessa<strong>do</strong> porpequenos barcos que transitam entre os <strong>do</strong>is países, a salvo <strong>de</strong> uma fiscalizaçãoeficiente. Os crimes <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armas são complementares,se apoiam mutuamente, e muitas vezes ocorre a troca <strong>de</strong> armas pordrogas na fronteira, assim explican<strong>do</strong> a razão pela qual armas <strong>de</strong> fabricaçãobrasileira são contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Paraguai. Enten<strong>de</strong> que um maior controle<strong>do</strong> tráfico internacional <strong>de</strong> armas na fronteira paraguaia resultará no <strong>de</strong>créscimo<strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> nos gran<strong>de</strong>s centros, em especial, Curitiba,São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro. As instituições <strong>de</strong> segurança pública na região


47fronteiriça <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> carecem <strong>de</strong> instrumentos e meto<strong>do</strong>logias a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s aocombate às mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> crimes que têm características locais muito peculiares.Inquiri<strong>do</strong> pelos Deputa<strong>do</strong>s Eduar<strong>do</strong> Sciarra, Paulo Pimenta, Moroni Torgan,Colbert Martins, Luiz Couto, acrescentou à sua exposição que a proibição<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas para o Paraguai já não surte efeitos, uma vez que umatriangulação com importa<strong>do</strong>res norte-americanos, por exemplo, frustra as intenções<strong>da</strong> norma vigente. <strong>Armas</strong> e munições brasileiras estão disponíveis paraa aquisição sem maiores formali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pelo compra<strong>do</strong>r brasileiro, no comérciovarejista na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> fronteiriça <strong>de</strong> Ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l Leste. O rastreamento <strong>da</strong>s armasapreendi<strong>da</strong>s se constitui em instrumento valioso na i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s rotas<strong>do</strong> tráfico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem, até as mãos <strong>do</strong>s criminosos. Os indicia<strong>do</strong>s <strong>da</strong>Polícia Militar <strong>do</strong> Paraná, por tráfico <strong>de</strong> armas, prestavam serviços <strong>de</strong> segurançarural no Esta<strong>do</strong> e serviam-se <strong>de</strong> sua posição funcional para obter maioresfacili<strong>da</strong><strong>de</strong>s na aquisição <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munição no Paraguai. As informaçõessobre armas e munições brasileiras são o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s análises procedi<strong>da</strong>ssobre as apreensões, mas não há <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre as armas e munições brasileirasefetivamente vendi<strong>da</strong>s no território paraguaio. Em sua opinião o porto <strong>de</strong>Paranaguá funciona como uma aveni<strong>da</strong> <strong>do</strong> tráfico ilícito, inclusive <strong>de</strong> armas.Uma parte <strong>do</strong> porto público foi privatiza<strong>da</strong> e cedi<strong>da</strong> ao Paraguai, como caminho<strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> suas merca<strong>do</strong>rias para o merca<strong>do</strong> internacional. Ampara<strong>do</strong>spelos acor<strong>do</strong>s internacionais com o Paraguai, contêineres trafegam para <strong>de</strong>ntroe para fora <strong>do</strong> País ao largo <strong>da</strong> fiscalização pelos órgãos públicos nacionais.Um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro enclave paraguaio no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná. A partir <strong>da</strong> vigência <strong>do</strong>Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento, há um controle maior sobre as armas <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong>s policiais civis e militares, no entanto, ain<strong>da</strong> é necessário que se discutamem profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> alguns aspectos não completamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, tal como,por exemplo, a limitação <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas que ca<strong>da</strong> policial po<strong>de</strong>adquirir. A sua secretaria não dispõe <strong>de</strong> informações a respeito <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> armas <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s policiais paranaenses (esta é uma atribuição <strong>do</strong>Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, no gerenciamento <strong>do</strong> SIGMA). Das armas institucionais,no entanto, usa<strong>da</strong>s pelos policiais civis e militares, a Secretaria tem controleabsoluto. A prática <strong>do</strong> “bico” por policiais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é proibi<strong>da</strong> no Paraná, noentanto, po<strong>de</strong> ocorrer. A norma vigente a respeito é a sanção rigorosa contraessa conduta. A retenção <strong>do</strong>losa <strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s pelos policiais tem si<strong>do</strong>satisfatoriamente evita<strong>da</strong> pela a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> norma em que o esta<strong>do</strong> paga ao policialpor ca<strong>da</strong> arma apreendi<strong>da</strong>. As polícias estaduais não têm competência pa-


48ra combater o tráfico eventualmente cometi<strong>do</strong> fora <strong>da</strong>s áreas urbanas. Existe oempenho <strong>da</strong> Secretaria na repressão ao tráfico cometi<strong>do</strong> mediante a abor<strong>da</strong>gem<strong>do</strong>s navios cargueiros por pequenos barcos fora <strong>do</strong> porto, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong>spara tanto <strong>do</strong>is motoplana<strong>do</strong>res e quinze barcos leves. Se comprometea provi<strong>de</strong>nciar a apresentação para <strong>de</strong>poimento na Comissão, <strong>do</strong>s militaresque respon<strong>de</strong>m a processo sobre tráfico <strong>de</strong> armas.6.1.6. Exposição <strong>do</strong> Sr. Getúlio Bezerra Santos, Diretor <strong>do</strong> Departamento<strong>de</strong> Combate ao Crime Organiza<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, realiza<strong>da</strong> em13/04/2005.Após a reestruturação feita no Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, foi cria<strong>da</strong>um subsistema <strong>de</strong> repressão ao crime organiza<strong>do</strong>, em especial nas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas e produtos químicos, armas, assaltos a bancos,roubo <strong>de</strong> cargas e lavagem <strong>de</strong> dinheiro. Setenta a oitenta por cento <strong>da</strong>s armascomercializa<strong>da</strong>s ilegalmente no País são fabrica<strong>da</strong>s pelas indústrias nacionais.As armas são apreendi<strong>da</strong>s inci<strong>de</strong>ntalmente em operações <strong>de</strong> repressão àsdrogas, ao contraban<strong>do</strong>, aos assaltos a bancos, a carros <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> valores.Não há registros <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> armas ilícitas para o comércio atacadista.Descreve resumi<strong>da</strong>mente numerosas operações <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral que resultaramna apreensão <strong>de</strong> armas, munições e drogas em diversos pontos <strong>do</strong> territórionacional. Está em an<strong>da</strong>mento um processo <strong>de</strong> inventário <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>spela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, verifican<strong>do</strong> a sua consistência com os bancos <strong>de</strong><strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> SINARM e proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao seu rastreamento. Recursos humanos estãosen<strong>do</strong> capacita<strong>do</strong>s nessa técnica em cooperação com a Organização <strong>da</strong>sNações Uni<strong>da</strong>s e Interpol. Espera-se que ao término <strong>de</strong>sse processo, estejadisponível uma radiografia confiável <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas no Brasil.Inquiri<strong>do</strong> pelos <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s Moroni Torgan, Bosco Costa, Josias Quintal,Paulo Pimenta, Nilton Baiano e Neucimar Fraga, o <strong>de</strong>poente acrescentou queenten<strong>de</strong> que a fiscalização praticamente não existe na fabricação, no transporte,no comércio e no controle <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> munições. Somente <strong>de</strong>poisque a armas transpõem os limites <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> para a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> é queas instituições correm atrás <strong>do</strong> rastreamento. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ônibus <strong>de</strong> cargaque trafegam na fronteira com o Paraguai <strong>de</strong>ixam como única alternativa <strong>de</strong>fiscalização a vistoria por amostragem. Mas não é só em Foz <strong>do</strong> Iguaçu. Háoutras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como Ponta Porá e mais, ao longo <strong>de</strong> 3.500 km <strong>de</strong> fronteiracom a Bolívia e 1.644 km com a Colômbia. Com a nova estrutura <strong>da</strong> PolíciaFe<strong>de</strong>ral, preten<strong>de</strong>-se investir no trabalho <strong>de</strong> inteligência, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> quem


49está trafican<strong>do</strong>, estocan<strong>do</strong>, alugan<strong>do</strong>, terceirizan<strong>do</strong> armas. Uma legislação recenteque <strong>de</strong>u autori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> polícia para as Forças Arma<strong>da</strong>s na faixa <strong>de</strong> fronteirase constitui em contribuição importante para os trabalhos <strong>de</strong> repressãoefetua<strong>do</strong>s pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral. É relutante em consi<strong>de</strong>rar que a solução passepelo fechamento físico <strong>da</strong> fronteira, mediante o patrulhamento intensivo com asForças Arma<strong>da</strong>s, citan<strong>do</strong> para tanto o fracasso <strong>da</strong> iniciativa na fronteira <strong>do</strong>sEUA com o México. Vê como possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais eficazes um aumento <strong>do</strong>sefetivos <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, a ser emprega<strong>do</strong> em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação e,principalmente, na integração operacional <strong>de</strong> inteligência com as <strong>de</strong>mais instituiçõespoliciais.Das exposições apresenta<strong>da</strong>s, é <strong>de</strong> se concluir preliminarmente que:(1) a Polícia Fe<strong>de</strong>ral e as polícias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná vêm realizan<strong>do</strong> o seutrabalho <strong>de</strong> prevenção e repressão ao tráfico <strong>de</strong> armas com entusiasmo e alcançan<strong>do</strong>níveis satisfatórios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho; (2) há que se reconhecer que,por mais motiva<strong>da</strong>s que sejam as instituições, há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> concreta <strong>de</strong> queseus integrantes eventualmente se ren<strong>da</strong>m a <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> conduta e a corrupção,cometen<strong>do</strong> os mesmos ilícitos para os quais foram nomea<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>para combaterem; (3) visualiza-se como improvável que a prevenção e a repressãoao tráfico <strong>de</strong> armas alcancem resulta<strong>do</strong>s aos saltos, mediante o empregomaciço <strong>de</strong> ações ostensivas, sejam policiais ou militares, mas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-setempo, persistência e inteligência para tanto; (4) os testemunhos <strong>de</strong>quem atua na área vêm confirman<strong>do</strong> sistematicamente que os níveis <strong>de</strong> fiscalizaçãoe controle <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições ain<strong>da</strong> é muito falho, haven<strong>do</strong> urgentenecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoamentos na legislação e no gerenciamento <strong>da</strong>s operações;(5) o controle <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> policiais, competência <strong>do</strong>SIGMA se mostra particularmente ineficiente, apontan<strong>do</strong> que a fiscalização <strong>da</strong>sarmas em po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> segmentos muito específicos <strong>do</strong> serviço público resiste ato<strong>da</strong>s as iniciativas <strong>de</strong> controle e manifestan<strong>do</strong> a leniência e o <strong>de</strong>sinteresse naprestação <strong>de</strong> informações que são <strong>de</strong> interesse público à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em geral.6.1.7. 6.15. Depoente Diógenes Dantas Filho, Coronel <strong>de</strong> Infantaria, ouvi<strong>do</strong>em 12/05/2006.Trabalho <strong>de</strong> sua autoria foi menciona<strong>do</strong> em artigo publica<strong>do</strong> na revistaCarta Capital, sob o título “Por terra, ar e mar”, que discorre sobre as rotas <strong>do</strong>tráfico <strong>de</strong> armas e expõe a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fiscalização nas fronteiras, portos eaeroportos. Em sua exposição inicial, esclarece que o seu trabalho “<strong>Armas</strong> <strong>de</strong>Fogo e Produtos Correlatos: Uma Política para o Exército” foi elabora<strong>do</strong> para


50cumprir requisito curricular <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong> e Esta<strong>do</strong>-Maior <strong>do</strong> Exército.Conheceu a sistemática <strong>de</strong> trabalho <strong>da</strong> Diretoria <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> ProdutosControla<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> serviu na 1.ª Região Militar, on<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nou o Serviço <strong>de</strong>Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s, escalão on<strong>de</strong> realmente se exerce afiscalização, e on<strong>de</strong> teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> constatar as burlas pratica<strong>da</strong>s pelosusuários <strong>do</strong> serviço, mediante brechas <strong>da</strong> legislação vigente na época. Enten<strong>de</strong>que, com a recente edição <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento, muitas <strong>de</strong>ssasbrechas foram fecha<strong>da</strong>s.Inquiri<strong>do</strong> pelos Deputa<strong>do</strong>s Moroni Torgan, Paulo Pimenta e ColbertMartins, acrescentou que os funcionários encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>veriam seguir procedimentos padroniza<strong>do</strong>s para evitar a burla pelosusuários. Que parte <strong>do</strong> material que <strong>de</strong>ve ser fiscaliza<strong>do</strong> está guar<strong>da</strong><strong>do</strong> emresidências, o que limita a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> funcionário em realizar vistoriaseficazes quanto às quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s e condições <strong>de</strong> armazenagem. Que enten<strong>de</strong>como necessária a unificação <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> muniçãoem âmbito regional, como nos casos com a Argentina e com o Uruguai, porexemplo, por cujas fronteiras passam irregularmente armas para o Brasil. Queconsi<strong>de</strong>ra recomendável a criação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> intercâmbio, quepo<strong>de</strong>riam contribuir para os sistemas <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> país. Queconfirma a conclusão constante <strong>de</strong> seu trabalho: “o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul é umver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> armas proce<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> Argentina e <strong>do</strong> Uruguai, que se<strong>de</strong>stinam principalmente ao Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo”. (...) “elas passampelas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uruguaiana, Quaraí, Santana <strong>do</strong> Livramento e Chuí, e sãobasicamente transporta<strong>da</strong>s pelas BR-290, BR-153, BR-116 e BR-101” econcor<strong>da</strong> com os repórteres <strong>de</strong> “Zero Hora”, que ratificaram recentemente apermanência <strong>da</strong> mesma situação <strong>de</strong>scrita em 2001. Que a vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>scrita no Aeroporto Tom Jobim, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, também permanece,como foi ratifica<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> Spósito, em seu <strong>de</strong>poimentona <strong>CPI</strong>. Que no Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 2002, a integração <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong> controle<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo por parte <strong>do</strong> Exército, <strong>da</strong> polícia, <strong>do</strong> Ministério Público e <strong>do</strong>judiciário era consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> boa. Que lembra a existência <strong>de</strong> protocolosinternacionais sobre fiscalização na fronteira, assina<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong>Mercosul. Em que pese, no entanto, tais protocolos, há evidências <strong>de</strong> quearmas e munições legalmente exporta<strong>da</strong>s para países vizinhos (Paraguai,principalmente) voltam irregularmente para o Brasil e para as mãos <strong>da</strong>criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Que a legali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> origem <strong>da</strong>s armas e munições (asproduzi<strong>da</strong>s no Brasil e as regularmente importa<strong>da</strong>s) <strong>de</strong>veria permitir o seu


51rastreamento quan<strong>do</strong> surpreendi<strong>do</strong>s na ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas isso ain<strong>da</strong> nãoacontece, mesmo quan<strong>do</strong> a numeração não está raspa<strong>da</strong>, por causa <strong>de</strong>entraves burocráticos e por <strong>de</strong>ficiências na capacitação técnica <strong>do</strong>sfuncionários que atuam nessa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. De qualquer forma, consi<strong>de</strong>raconveniente que se <strong>de</strong>senvolvam formas mais sofistica<strong>da</strong>s <strong>de</strong> marcação, paraevitar a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong> arma, mesmo que seja raspa<strong>da</strong>. Que os <strong>do</strong>zeserviços regionais, com que o Exército fiscaliza produtos controla<strong>do</strong>s, sedistribuem em subseções, para cobrir to<strong>do</strong> o território nacional. Que a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s se inicia nas fábricas e segue omaterial até o <strong>de</strong>sembaraço alfan<strong>de</strong>gário, mas a partir <strong>da</strong>í, não há controle, nãohá escolta. Depois que o navio <strong>de</strong>ixa o porto, po<strong>de</strong> haver o transbor<strong>do</strong> parauma embarcação menor, aí se per<strong>de</strong> o controle. Que consi<strong>de</strong>ra a criação <strong>de</strong>guar<strong>da</strong> costeira uma iniciativa muito promissora na repressão ao tráfico <strong>de</strong>armas. Que a legislação <strong>de</strong>termina que um fiscal, oficial engenheiro militar,permaneça na fábrica para fazer o acompanhamento diário <strong>da</strong> produção. Queno serviço <strong>de</strong> fiscalização regional <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> era afiscalização <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res, exerci<strong>da</strong> medianteguias <strong>de</strong> tráfico, expedição <strong>de</strong> certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> registro, bem como <strong>de</strong> revistas,inspeções (programa<strong>da</strong>s ou inopina<strong>da</strong>s). No, entanto, nunca entrou num clube<strong>de</strong> tiro, sua atuação era feita pela análise <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos gera<strong>do</strong>s pelos fiscaisque realizavam as vistorias. Que o coleciona<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> solicitar a importação <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> fogo através <strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong> tiro, que será autoriza<strong>da</strong> ou não pelaDFPC. Confirma a acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>cumental que permite à <strong>CPI</strong> verificar osregistros <strong>de</strong> quem importou munição recentemente. Que não temconhecimento em <strong>de</strong>talhes <strong>da</strong> Operação Planeta, soube <strong>de</strong>la pelos jornais.Que na elaboração <strong>de</strong> seu trabalho serviu-se <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> terceiros, <strong>de</strong><strong>do</strong>mínio público, mas não fez verificações locais <strong>do</strong>s fatos. Que o trabalhofun<strong>da</strong>mentou-se na legislação que vigorava na época <strong>de</strong> sua elaboração; como Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento, muitas <strong>da</strong>s <strong>de</strong>ficiências que apontou foramsana<strong>da</strong>s, inclusive as referentes ao ingresso <strong>de</strong> grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> procedênciaargentina pela fronteira com o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Que, em 2001, constatou aexistência <strong>de</strong> forte lobby no Congresso Nacional contra a aprovação <strong>do</strong>Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento. Que, apesar <strong>do</strong> avanço representa<strong>do</strong> pelalegislação vigente, ain<strong>da</strong> há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências na fiscalização <strong>de</strong>produtos controla<strong>do</strong>s por falta <strong>de</strong> capacitação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>do</strong>s recursoshumanos. Que, em 1997, constatou a travessia <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo estrangeiras<strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>, <strong>de</strong> calibres 12 e 20, <strong>do</strong> Suriname para o Amapá; no entanto,admite a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que também armas <strong>de</strong> uso restrito sejam


52contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s. Que não se surpreen<strong>de</strong> com o citação <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> umtraficante ouvi<strong>do</strong> na <strong>CPI</strong> (“Marquinho Niterói”), que encomen<strong>do</strong>u 400 fuzis AK-47 no Suriname. Esclarece que as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo em po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>população, constantes <strong>de</strong> seu trabalho, são estimativas feitas a partir <strong>de</strong>informações <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio público. Afirma que esteve em Vila Montevi<strong>de</strong>o, naBolívia, junto à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pláci<strong>do</strong> <strong>de</strong> Castro, no Acre, e verificou que ali asarmas são comercializa<strong>da</strong>s livremente, inclusive por ex-agentes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Afiscalização é tênue porque a fronteira é extensa e <strong>de</strong>spovoa<strong>da</strong>. Que na regiãonorte, as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Belém, Marabá e Abaitetuba centralizam o roubo <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> fogo, posteriormente troca<strong>da</strong>s por drogas na fronteira. Quepermanece ain<strong>da</strong> hoje a situação total ausência <strong>de</strong> controle aduaneiro que<strong>de</strong>screveu nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s gêmeas <strong>de</strong> Tabatinga (Acre) e Letícia (Colômbia). Coma recente legislação que autoriza o Exército a realizar ações policiais na faixa<strong>de</strong> fronteira (Lei Complementar n.º 117/2004), com a regulamentação <strong>da</strong> lei <strong>do</strong>abate e a com a entra<strong>da</strong> em operação <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Vigilância <strong>da</strong> Amazônia(SIVAM), há melhores expectativas <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas nafronteira norte.Resumi<strong>da</strong>mente, o <strong>de</strong>poimento leva a concluir que: (1) a situação <strong>de</strong><strong>de</strong>scalabro <strong>da</strong> fiscalização <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições permanecem hoje asmesmas que as <strong>de</strong>scritas pelo Cel Diógenes em 2001; (2) as maiores vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>sestariam na fronteira sul, com o Uruguai e Argentina, na fronteira oeste,como o Paraguai e Bolívia, na fronteira norte, com a Colômbia e o Suriname,no aeroporto Tom Jobim, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e nos portos marítimos; (3) aentra<strong>da</strong> em vigor <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento contribuiu apenas para reduziras vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas a maioria <strong>de</strong>las ain<strong>da</strong> permanece em razão, principalmente,<strong>da</strong> falta <strong>de</strong> capacitação técnica <strong>do</strong>s funcionários encarrega<strong>do</strong>s <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fiscalização, <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> eficiência <strong>da</strong>s rotinas burocráticas em vigor,e <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> entrosamento entre os órgãos competentes para fiscalizararmas e munições; (4) a rotina <strong>de</strong> procedimentos burocráticos <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>Exército são particularmente ineficientes, porque se fun<strong>da</strong>mentam basicamenteem registros impressos, que po<strong>de</strong>m ser facilmente frau<strong>da</strong><strong>do</strong>s.6.2. POLICIAIS E INDICIADOS6.2.1. Depoente ELIANA APARECIDA COVOLO, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> testemunha,ouvi<strong>da</strong> em 26/04/2005


53Presa em Osasco/SP, num apartamento com 20 armas (inclusive umametralha<strong>do</strong>ra tcheca, calibre .30, duas escopetas “pump”, <strong>de</strong> repetição, duascarabinas, duas espingar<strong>da</strong>s, cinco bombas <strong>de</strong> gás, uma mira telescópica, cincopistolas, oito revólveres, mais <strong>de</strong> mil cartuchos <strong>de</strong> munição). rádios na freqüência<strong>da</strong> polícia, laptops, máquinas fotográficas, filma<strong>do</strong>ras, telefones celulares,drogas e anotações contábeis <strong>do</strong> PCC. As armas estavam em malas. Ocelular usa<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>poente tinha arquivo <strong>de</strong> fotos <strong>da</strong>s armas, presumin<strong>do</strong>-seque servia <strong>de</strong> catálogo para ven<strong>da</strong> ou aluguel <strong>de</strong> armas para quadrilhas empregaremem assaltos e seqüestros.Em sua <strong>de</strong>claração inicial, negou que as armas fossem <strong>de</strong>la, estava a-penas passan<strong>do</strong> alguns dias no apartamento, para se afastar <strong>de</strong> um parenteque a incomo<strong>da</strong>va. Citou outras mulheres, Márcia, Mildri e Andréa que haviaconheci<strong>do</strong> nas filas <strong>de</strong> espera para a penitenciária <strong>de</strong> Iperó, on<strong>de</strong> visitava ocompanheiro, con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por assalto.Questiona<strong>da</strong> pelos Deputa<strong>do</strong>s Paulo Pimenta, Moroni Torgan, Luiz Couto,Alberto Fraga, Denise Frossard, Neucimar Fraga, Zico Bronzea<strong>do</strong>, Pompeo<strong>de</strong> Mattos, acrescentou que as armas pertenciam a um homem que conheceapenas pelo nome <strong>de</strong> “Alemão”; que o celular encontra<strong>do</strong> não é seu e não sabea quem pertence; que a ca<strong>de</strong>rneta com anotações contábeis não era <strong>de</strong>la; quetinha um ca<strong>de</strong>rno com anotações para prestação <strong>de</strong> apoio aos presos (as famíliasque não po<strong>de</strong>m visitar os presos contribuem com pequenas importâncias,com que ela compra suprimentos no merca<strong>do</strong> e remete por SEDEX para ospresos); que as importâncias arreca<strong>da</strong><strong>da</strong>s chegam a R$ 7.000,00 nos dias <strong>de</strong>festa; que nega ter qualquer relação com a ven<strong>da</strong> ou aluguel <strong>de</strong> armas.Do <strong>de</strong>poimento, é <strong>de</strong> se concluir resumi<strong>da</strong>mente que: (1) existe naregião metropolitana <strong>de</strong> São Paulo um sistema organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> armazenagem e<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> armas, munição e <strong>de</strong>mais materiais emprega<strong>do</strong>s na prática crimes;(2) esses <strong>de</strong>pósitos po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> entrepostos para um sistema mais amplo<strong>do</strong> PCC ou <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> e aluguel, uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica que afacção presta esse serviço para quadrilhas autônomas; (3) paralelo ao negóciocom armas, a facção parece exercer uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> assistencial aos presos,com encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>r contribuições e abastecer os presos comsuprimentos <strong>de</strong> boca e lazer a que não têm acesso nas penitenciárias.7. SUB-RELATORIAS7.1. SUB-RELATORIA DA FRONTEIRA NORTE


54I - Introdução:A nossa fronteira Norte caracteriza-se pela ausência <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Públicono controle ao tráfico <strong>de</strong> armas, munições, drogas e outros crimes, ten<strong>do</strong> apenascomo presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, os Batalhões <strong>de</strong> Fronteiras <strong>do</strong> Exército e algunspoucos postos <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral. Nossa fronteira com a Guiana Francesa, oSuriname, Guiana, Venezuela e Colômbia, uma extensa fronteira, on<strong>de</strong> estálocaliza<strong>do</strong> o Projeto Calha Norte, com uma ação importante <strong>do</strong> nosso Exércitoatravés <strong>do</strong>s Pelotões <strong>de</strong> Fronteira e com as operações especiais permanentes<strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, como a Operação COBRA, na fronteira Brasil/Colômbia.Outra é a Operação VEBRA, Venezuela/Brasil. A área TANGO na fronteiraGuiana/Suriname/Brasil. Tu<strong>do</strong> isto é muito pouco para o volume <strong>de</strong> ações criminosas.Daí a importância <strong>de</strong> mais recursos financeiros, humanos e logísticospara <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a nossa soberania e para impedir que a nossa fronteira se transformeem terra <strong>de</strong> ninguém ou <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> que age livremente. É precisocomunhão <strong>de</strong> esforços e integração <strong>da</strong>s ações, sem esta será impossível<strong>de</strong>rrotarmos o inimigo: o crime organiza<strong>do</strong>. O Projeto Calha Norte precisa sercompleta<strong>do</strong> com ações <strong>de</strong> outros órgãos que <strong>de</strong>vem atuar naquela região. Eassim a nossa fronteira Norte, uma porta aberta para ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminosascom gran<strong>de</strong>s conexões entre alguns criminosos brasileiros e outros <strong>do</strong>s paísesali localiza<strong>do</strong>s, entre elas: o tráfico <strong>de</strong> armas e munições, o tráfico <strong>de</strong> entorpecentes,o tráfico <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras e minerais e a lavagem <strong>de</strong> dinheiro.II - As rotas <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas e munições Brasil/Suriname:No dia 16 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006 em audiência pública <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong>, o senhorDelega<strong>do</strong> Mauro Spósito, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Operações Especiais <strong>de</strong> Fronteiras<strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, prestou seu <strong>de</strong>poimento informan<strong>do</strong>que: após ter verifica<strong>do</strong>, em várias faixas <strong>de</strong> fronteira Brasil/Colômbia, Brasil/Venezuela,Brasil/Suriname, Brasil/Suriname/França, um acentua<strong>do</strong> tráfico<strong>de</strong> armas com conexão com o tráfico <strong>de</strong> drogas, a Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>cidiu realizarvárias operações para atuação junto às fronteiras. Foram diversas Operações,entre elas VEBRA, COBRA e a TANGO que atuou em caráter provisório,mas que a PF preten<strong>de</strong> transformá-la em permanente. Com essas Operaçõesa PF conseguiu i<strong>de</strong>ntificar três rotas principais <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas quevêm causan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>da</strong>nos ao nosso País. A primeira rota é a que sai <strong>de</strong>Roterdã, na Holan<strong>da</strong> vai ao Suriname e <strong>do</strong> Suriname, passan<strong>do</strong> por territóriobrasileiro, segue para a Colômbia. A segun<strong>da</strong> rota é a que sai <strong>do</strong> Panamá,passan<strong>do</strong> por <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> território brasileiro in<strong>do</strong> para o Paraguai, ten<strong>do</strong> como


55<strong>de</strong>stino <strong>final</strong> a Colômbia. A rota três sai <strong>da</strong> China, passa por <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> territóriobrasileiro, chegan<strong>do</strong> <strong>final</strong>mente a Colômbia. Estas Operações <strong>de</strong>tectaram queo <strong>de</strong>stino <strong>final</strong> sempre é a Colômbia, porque é on<strong>de</strong> tem hoje o maior número<strong>de</strong> compra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> armas.A PF também fez uma avaliação <strong>do</strong>s principais fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> armas,bem como <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> armamentos. A Alemanha fornece principalmente oAHKG3, que hoje é o melhor fuzil <strong>de</strong> assalto, dito pelos combatentes <strong>de</strong> melhorquali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que tem seus pontos <strong>de</strong> intermediação entre Holan<strong>da</strong> e o Suriname,com <strong>de</strong>stino à Colômbia. Quem hoje paga melhor é o colombiano, tem o melhormerca<strong>do</strong> aberto. A Argentina, que tem como ponto <strong>de</strong> intermediação o Paraguai,<strong>de</strong>stino Colômbia; o Brasil que exporta para o Paraguai, que tambémretorna à Colômbia. A China que exporta ao Paraguai, <strong>do</strong> Paraguai segue aoSuriname, <strong>do</strong> Suriname à Colômbia. Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s ven<strong>de</strong>m ao Panamá.Daquele país passa pela Venezuela e posteriormente chega a Colômbia. ARússia utiliza o território <strong>do</strong> México, a partir <strong>da</strong>i vai ao Peru com <strong>de</strong>stino à Colômbia.O problema maior verifica<strong>do</strong> nas operações <strong>da</strong> PF, na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> comercial<strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas, não é a questão <strong>do</strong> armamento, porque os armamentossão <strong>de</strong> muita duração e permanência. O que faz a riqueza é o comércio <strong>de</strong>munição. Ex. um fuzil dispara por ano, em média, 10 mil cartuchos. A um dólarum cartucho, teremos um consumo <strong>de</strong> 10 mil dólares. Então a essência <strong>do</strong> comércioclan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> armas é a munição. Um outro fator que favorece o comércioilegal <strong>de</strong> armas e munições é o combustível que abastece aeronavesque são usa<strong>da</strong>s pelos traficantes. Basta controlar o combustível que se conseguecontrolar as aeronaves a serviço <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas, munições e drogas.III - Principais fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> muniçãoUm <strong>do</strong>s principais fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> munição é a Líbia, os tripulantes líbios<strong>de</strong> navios petroleiros no porto livre <strong>de</strong> Roterdã, na Holan<strong>da</strong>, negociam facilmentecunhetes e cunhetes <strong>de</strong> munição que seguem <strong>de</strong> Roterdã para o Suriname.Em razão <strong>do</strong> Suriname ter si<strong>do</strong> colônia holan<strong>de</strong>sa tem livre acesso aoporto livre <strong>de</strong> Roterdã, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> traz essa munição para o Suriname e <strong>de</strong> lá envia<strong>da</strong>para a Colômbia. Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s exportam munição para o Panamá.Deste país a munição vai para o Paraguai e <strong>de</strong> lá para a Colômbia.A Coréia, usan<strong>do</strong> o Paraguai e o Equa<strong>do</strong>r, faz chegar armas e muniçõesna Colômbia. O Brasil também é gran<strong>de</strong> produtor <strong>de</strong> munição. A Espanha através<strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r. A Argentina através <strong>do</strong> Paraguai. A Rússia através <strong>da</strong> Holan-


56<strong>da</strong> e <strong>do</strong> Suriname. A China através <strong>do</strong> Panamá e <strong>do</strong> Paraguai. Um exemplo <strong>do</strong>comércio ilegal <strong>de</strong> armas e munições é o Paraguai. As forças arma<strong>da</strong>s paraguaiasque somam um efetivo <strong>de</strong> 12.500, em 2004, pela estimativa <strong>da</strong> PF <strong>do</strong>Brasil foram vendi<strong>da</strong>s naquele país 90 mil armas, muitas <strong>de</strong>las <strong>de</strong> uso exclusivomilitar. As munições vendi<strong>da</strong>s chegaram também ao número <strong>de</strong> 38 milhões<strong>de</strong> cartuchos. Esse comércio beneficiou meia dúzia <strong>de</strong> comerciantes em PedroJuan Caballero e outra meia dúzia em Ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l Este, que nem paraguaiossão. Esse comércio <strong>de</strong> armas e munições é nefan<strong>do</strong>, pois para ser vendi<strong>do</strong> noParaguai passou por nosso país.Temos também muitos <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> munição <strong>de</strong> instituições policiais e <strong>da</strong>sforças arma<strong>da</strong>s.Na maior parte <strong>da</strong>s vezes a moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> troca, a moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> pagamento é acocaína.IV - Conexão tráfico <strong>de</strong> armas e munições com o tráfico <strong>de</strong> drogas. conexãoSuriname/BrasilQuan<strong>do</strong> <strong>da</strong> realização <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Narcotráfico, diligência realiza<strong>da</strong> no dia05/05/2000 no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amapá, em <strong>de</strong>poimento sigiloso, foi constata<strong>da</strong> a e-xistência <strong>de</strong> uma conexão que interligava os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pará e <strong>do</strong> Amapá como Suriname. Nessa diligência, foi verifica<strong>do</strong> que brasileiros <strong>do</strong> Amapá atuavamno tráfico <strong>de</strong> drogas, armas e munição. Entre 1997 e 1998, foi presencia<strong>da</strong> umaOperação que trazia droga <strong>de</strong> Porto Velho/RO para o Amapá e que havia umgrupo <strong>de</strong> traficantes organiza<strong>do</strong> por um <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> brasileiro. Sempre essas O-perações <strong>de</strong> tráfico eram realiza<strong>da</strong>s através <strong>de</strong> aeronaves que faziam o transporte<strong>da</strong> droga. Nessa Operação fazia parte também, um verea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Amapá eum advoga<strong>do</strong> que esteve atuan<strong>do</strong> também no Pará, Amapá e Rondônia. O esquemaSuriname também envolvia Pará e Amapá. Os traficantes <strong>de</strong>stes Esta<strong>do</strong>straficavam através <strong>da</strong> Goiana e <strong>do</strong> Suriname. A droga entrava no Amapá,principalmente por barco ou avião, O contrabandista conheci<strong>do</strong> por “Bahia”,também <strong>de</strong>ste grupo, tinha ligação com um surinamês chama<strong>do</strong> Mungra, cujopai era oficial <strong>de</strong> justiça no Suriname. Esse grupo além <strong>de</strong> mexer com tráfico <strong>de</strong>drogas, também fazia contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> cigarros e armas. Foi <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> nessadiligência a existência <strong>de</strong> muitos brasileiros no Suriname que coman<strong>da</strong>vam tráfico<strong>de</strong> drogas e recrutavam pequenos traficantes no território brasileiro. A maiorparte <strong>da</strong> droga que entrava no Amapá vinha <strong>de</strong> Santarém/PA, geralmentesai <strong>da</strong> Bolívia. O <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Jorge Salomão, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> traficantes


57vendia a droga para o Suriname. Foi verifica<strong>do</strong> também que traficantes brasileirostraziam armas <strong>do</strong> Suriname e trocavam por drogas, em razão <strong>da</strong> facili<strong>da</strong><strong>de</strong>encontra<strong>da</strong> na travessia <strong>da</strong> fronteira. A droga entrava no Suriname através <strong>do</strong>shelicópteros que transportavam garimpeiros brasileiros para aquele país. Osmaiores traficantes <strong>do</strong> Suriname eram brasileiros que residiam naquele país egeralmente entravam e saiam <strong>do</strong> Brasil rapi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> helicóptero, transportan<strong>do</strong>a droga.A conexão Suriname, em diligência feita pela <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Narcotráfico aoAmapá comprovou a tese <strong>da</strong> utilização <strong>do</strong> território <strong>do</strong> Amapá como rota <strong>de</strong>tráfico internacional <strong>de</strong> entorpecentes e armas que eram feito, principalmente,utilizan<strong>do</strong> pequenas embarcações pela região costeira.Devemos incluir nas nossas preocupações ain<strong>da</strong>, a <strong>de</strong>nuncia<strong>da</strong> utilização<strong>de</strong> helicópteros por garimpeiros brasileiros que transportariam entorpecentespara o Suriname, e retornan<strong>do</strong> com armamento, e a precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> fiscalizaçãoexerci<strong>da</strong> pela PF na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Oyapoque/AP, que contava com apenasum agente para guarnecer to<strong>da</strong> uma fronteira. Daí a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maiorsegurança na fronteira por parte <strong>da</strong> PE.A <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Narcotráfico <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, concluí<strong>da</strong> em 2000,constatou uma Conexão Brasil/Suriname, <strong>de</strong> Quadrilhas <strong>do</strong> Crime Organiza<strong>do</strong>,on<strong>de</strong> os grupos atuavam com o tráfico <strong>de</strong> drogas, armas, cigarros e lavagem<strong>de</strong> dinheiro. Destacamos aqui alguns nomes: Dino Bouterse, filho <strong>de</strong> Desi Bouterse,terceiro-secretário <strong>da</strong> Embaixa<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suriname em Brasília, suspeito <strong>de</strong>ter envolvimento com o tráfico <strong>de</strong> drogas <strong>do</strong> seu pai e <strong>de</strong> participar na troca <strong>de</strong>armas rouba<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Exército surinamês por gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cocaína parao cartel <strong>do</strong> Suriname. Contatos com outros traficantes surinameses, a exemplo<strong>de</strong> Ronal<strong>do</strong> Entingh. Melvin Lindscheer, na época chefe <strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong>inteligência, possui até hoje uma Companhia <strong>de</strong> Segurança Patrimonial, li<strong>de</strong>ratambém um esquema <strong>de</strong> “lavagem <strong>de</strong> dinheiro”. Entre outros, Leonar<strong>do</strong> DiasMen<strong>do</strong>nça, chefe <strong>de</strong> to<strong>da</strong> essa quadrilha, brasileiro, intermediário no tráfico <strong>de</strong>armas. Segun<strong>do</strong> a Polícia, era braço brasileiro <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> Bouterse no Brasile quem intermediava a compra <strong>de</strong> cocaína colombiana comercializa<strong>da</strong> no Suriname.Diante <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos, necessário se faz, verificar se as providênciascabíveis foram toma<strong>da</strong>s por parte <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>do</strong>s órgãos fe<strong>de</strong>rais


58e estaduais para coibir, diminuir e reprimir as ações <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> crimes organiza<strong>do</strong>sque atuam nessas áreas <strong>de</strong> fronteiras.Também é preciso que as ações concretas sejam realiza<strong>da</strong>s, em caráter<strong>de</strong> urgência, para atuar no combate permanente ao crime organiza<strong>do</strong> nas fronteirasV - Marquinho Niterói - Conexão Suriname/Rio <strong>de</strong> JaneiroSegun<strong>do</strong> informações publica<strong>da</strong>s pela imprensa, “Marquinho Niterói”,Marcos Antônio <strong>da</strong> Silva Tavares comprava uma tonela<strong>da</strong> <strong>de</strong> cocaína para serdistribuí<strong>da</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Numa <strong>de</strong>gravação telefônica “Marquinho Niterói”encomen<strong>da</strong>va 400 fuzis AR 15. O 1° lote seria <strong>de</strong> 100 fuzis ao preço <strong>de</strong> 115 mildólares e que viriam <strong>do</strong> Suriname. O Rio <strong>de</strong> Janeiro tem mais <strong>de</strong> 500 ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res<strong>de</strong> armas e munições. Contra o senhor Marcos Antônio <strong>da</strong> Silva Tavares,conheci<strong>do</strong> por “Marquinho Niterói” há uma acusação <strong>do</strong> Ministério Público, queo mesmo em companhia <strong>de</strong> “Fernandinho Beira-Mar” controlavam o tráfico <strong>de</strong>drogas e a ven<strong>da</strong> ilegal <strong>de</strong> armas e munições.Grampea<strong>do</strong> pela PF, o traficante “Marquinho Niterói” negociava a compra<strong>de</strong> fuzis AK-47, <strong>de</strong> fabricação russa. Pretendia ain<strong>da</strong> comprar uma aeronavepara trazer o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas <strong>do</strong> Suriname para o tráfico <strong>de</strong> drogas<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.Embora “Marquinho Niterói” tenha nega<strong>do</strong>, está claro que ele mantinhacontato com um traficante que se apresentava como César. Na conversa o“Marquinho Niterói” revelava que queria comprar uma aeronave para trazer asferramentas (armas). Dizia que queria comprar uns bicos e o César respon<strong>de</strong>afirman<strong>do</strong> que o Suriname é a base para o tráfico internacional. “MarquinhoNiterói”’ perguntava para César qual o preço <strong>do</strong> bico, ele respon<strong>de</strong> que o valoré 1.500,00 também tem até <strong>de</strong> 1.000,00.O Ministério Público acredita que o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio foi lotea<strong>do</strong> por <strong>do</strong>istraficantes <strong>de</strong> drogas, Luiz Fernan<strong>do</strong> <strong>da</strong> Costa, “Fernandinho Beira-Mar” e MarcosAntônio <strong>da</strong> Silva Tavares, o “Marquinho Niterói”. Nos trechos <strong>de</strong> conversas<strong>de</strong> bandi<strong>do</strong>s presos em Bangu, mostram que “Marquinho Niterói” compravauma tonela<strong>da</strong> <strong>de</strong> cocaína pura por mês. As gravações foram divulga<strong>da</strong>s ummês <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> Operação Rio Presídio que apreen<strong>de</strong>u celulares <strong>do</strong>s criminosos— a conexão entre tráfico <strong>de</strong> drogas e tráfico <strong>de</strong> armas e munições é patente eusa<strong>da</strong> como moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> troca e <strong>de</strong> pagamento.


59OBS.: “Marquinho Niterói” foi assassina<strong>do</strong> durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento<strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.VI - Conexão Brasil/Venezuela/ColômbiaO tráfico <strong>de</strong> armas e munições entre o Brasil, a Colômbia e a Venezuelaé muito gran<strong>de</strong>. Há uma estreita vinculação entre o tráfico internacional <strong>de</strong> drogase o crescimento <strong>do</strong> comércio ilegal <strong>de</strong> armas e munições. A Colômbia ésempre o <strong>de</strong>stino <strong>final</strong> <strong>da</strong>s rotas <strong>de</strong> tráfico internacional <strong>de</strong> armas e munições.Isto se dá em conseqüência <strong>da</strong>quele país ter os melhores e maiores compra<strong>do</strong>res<strong>de</strong> armas e munições e <strong>de</strong> ser gran<strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> cocaína. As organizaçõesparamilitares e as chama<strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s Revolucionárias entraramno comércio ilegal <strong>de</strong> armas com munições e fazem esta disputa usan<strong>do</strong> acocaína como moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> troca e <strong>de</strong> pagamento. Um exemplo disso é o que a-conteceu no município <strong>de</strong> Cucu (entre as fronteiras Brasil/Venezuela/Colômbia),on<strong>de</strong> militares brasileiros pren<strong>de</strong>ram em flagrante oscolombianos: Justo Alexan<strong>de</strong>r Ramirez e William Norbey Nagles Cespe<strong>de</strong>s eno enfrentamento com as forças militares foi morto um outro conheci<strong>do</strong> porYeison. Com eles foram encontra<strong>do</strong>s armas, munições e armamentos <strong>de</strong> usorestrito militar e gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> numerário.Estes colombianos são acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pertencerem às FARC. Um <strong>de</strong>lesafirma residir em San Felipe que é área controla<strong>da</strong> pelas FARC. Com eles foramapreendi<strong>do</strong>s as seguintes armas e munições: 01 fuzil Fal com brasão <strong>da</strong>República e a inscrição <strong>do</strong> Exército brasileiro; 02 fuzis ParaFal; um revolverTaurus, calibre 38, uma pistola 9mm, 57 cartuchos <strong>de</strong> 9mm, 200 cartuchos <strong>de</strong>22mm, 76 cartuchos 762 e 06 cartuchos 38.De acor<strong>do</strong> com a Policia Fe<strong>de</strong>ral, existem gran<strong>de</strong>s locais escolhi<strong>do</strong>s portraficantes para escoar a droga <strong>da</strong> Colômbia. Os traficantes usam o Alto RioNegro, para se livrarem <strong>da</strong> perseguição na parte norte <strong>da</strong> Colômbia, entran<strong>do</strong>na Venezuela e passan<strong>do</strong> por Roraima. Estes pontos são utiliza<strong>do</strong>s para fugirem<strong>da</strong> perseguição que o governo colombiano está imprimin<strong>do</strong> contra o tráficointernacional <strong>de</strong> drogas.O setor <strong>de</strong> guerrilhas está muito interessa<strong>do</strong> em adquirir armamentos etem facili<strong>da</strong><strong>de</strong> na aquisição <strong>de</strong> armas e munição. A guerrilha negocia livrementea droga. Armamentos são compra<strong>do</strong>s diretamente, e na Venezuela através<strong>do</strong> ouro. São <strong>do</strong>is garimpos na Venezuela, o SIAPA e o ACAPANA. O ourotambém é vendi<strong>do</strong> livremente. Lá a troca é constante e realiza<strong>do</strong> qualquer tipo


60<strong>de</strong> câmbio. Os índios são usa<strong>do</strong>s por traficantes para carregarem drogas etambém são usa<strong>do</strong>s para exploração sexual <strong>do</strong>s coman<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong>s quadrilhasque atuam naquela fronteira. E algo que chama à atenção não somente na região<strong>da</strong> Colômbia, mas na região <strong>da</strong> Guiana e Venezuela. To<strong>da</strong> fronteira é umraio <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> seres humanos, <strong>de</strong> drogas e <strong>de</strong> armas e munições.Um fato que chamou à atenção quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> prisão <strong>de</strong> “Fernandinho Beira-Mar”na Colômbia foi a figura <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s chefes <strong>da</strong>s FARC, “’Nego Acácio”.A troca <strong>de</strong> armas e munições por drogas é evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong>. A presença <strong>de</strong> “Beira-Mar” comprova isto.Ficou comprova<strong>do</strong> que na fronteira <strong>do</strong> Brasil com a Venezuela e Colômbia,há muita facili<strong>da</strong><strong>de</strong> na entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas e munições e drogas. Para tanto,<strong>de</strong>ve haver um combate permanente ao tráfico <strong>de</strong> armas, munições e drogas.As operações <strong>de</strong>vem continuar, mas é importante que as ações <strong>do</strong>s criminosossejam permanentemente investiga<strong>da</strong>s, combati<strong>da</strong>s e puni<strong>do</strong>s os responsáveispor tais crimes.Brasília, 14 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> LUIZ COUTOSub-Relator <strong>da</strong> Subcomissão <strong>da</strong> Fronteira Brasil/ Norte7.2. SUB-RELATORIA DA FRONTEIRA COM O PARAGUAI1. TRÁFICO DE ARMAS NA FRONTEIRA COM O PARAGUAI1.1. IntroduçãoAs investigações já <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s apontam a fronteira com o Paraguaicomo a principal rota <strong>do</strong> tráfico que abastece o merca<strong>do</strong> ilegal <strong>de</strong> armas e militarizao crime organiza<strong>do</strong> e o narcotráfico no Brasil. Foram realiza<strong>da</strong>s 58 reuniões,sen<strong>do</strong> 45 audiências públicas e ouvi<strong>da</strong>s 102 pessoas, entre autori<strong>da</strong><strong>de</strong>scivis, policiais, militares, jornalistas e presos sob suspeita <strong>de</strong> envolvimento como contraban<strong>do</strong>.Apurou-se que o armamento é adquiri<strong>do</strong> com facili<strong>da</strong><strong>de</strong> em Assunção esobretu<strong>do</strong> nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fronteiriças <strong>de</strong> Pedro Juan Caballero e Ciu<strong>da</strong>d Del Este,<strong>de</strong>sembarcan<strong>do</strong> no Brasil através <strong>da</strong> Ponte <strong>da</strong> Amiza<strong>de</strong>, <strong>do</strong> Lago <strong>de</strong> Itaipu e <strong>do</strong>rio Paraná. O transporte é feito por ônibus, barcos, balsas e até por avião. Otransporte pesa<strong>do</strong> é feito por balsas, aguar<strong>da</strong><strong>da</strong>s por caminhões e picapes <strong>do</strong>


61la<strong>do</strong> brasileiro. Os ônibus são os mesmos utiliza<strong>do</strong>s por sacoleiros. É o <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>tráfico “formiguinha”, em que os contrabandistas misturam armas emunições com aparelhos <strong>de</strong> som, roupas e outros objetos para burlar a fiscalização,se houver. Os ônibus costumam cruzar a fronteira em comboios <strong>de</strong> até200 veículos, distantes menos <strong>de</strong> meio metro um <strong>do</strong> outro, dificultan<strong>do</strong> a fiscalização,pois se parar um há o risco <strong>de</strong> colisões em série, com graves transtornos.As armas gran<strong>de</strong>s vêm <strong>de</strong>smonta<strong>da</strong>s, em peças separa<strong>da</strong>s, conduzi<strong>da</strong>spor pessoas diferentes, inclusive mulheres, para impedir a i<strong>de</strong>ntificação. À noite,o transporte costuma ser feito em pequenos barcos, camufla<strong>do</strong>s pela escuridão,que dificulta a vigilância. Os contrabandistas usam ain<strong>da</strong> pequenos aviões,que sairiam <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul em vôos clan<strong>de</strong>stinos e retomariamcom armas e drogas, pousan<strong>do</strong> em aeroportos <strong>de</strong> fazen<strong>da</strong>s <strong>da</strong> fronteira. Tanto<strong>do</strong> la<strong>do</strong> paraguaio, como <strong>do</strong> brasileiro, os criminosos contariam muitas vezescom a conivência policial. Além <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> suborno, há o <strong>de</strong> policiais que fariamvistas grossas, confundin<strong>do</strong> armas com brinque<strong>do</strong>s, eletrônicos, calça<strong>do</strong>s,ferramentas e objetos <strong>do</strong> gênero.1.2. Ven<strong>da</strong>s sem controleA legislação paraguaia é rígi<strong>da</strong> em matéria <strong>de</strong> armas. Além <strong>de</strong> proibir aven<strong>da</strong> a estrangeiros, há restrições para o próprio comércio interno. Os paraguaiossó as po<strong>de</strong>riam comprar mediante a satisfação <strong>de</strong> algumas exigências,como <strong>do</strong>cumentos pessoais, autorização <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s e comprovação<strong>de</strong> curso <strong>de</strong> manuseio <strong>de</strong> armas. Na<strong>da</strong> disso, porém, é respeita<strong>do</strong>. Qualquerum, estrangeiro ou nacional, compra uma arma com extraordinária facili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Fernan<strong>do</strong> Delazari, Secretário <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong> Paraná, constatou issoem audiência pública. Segun<strong>do</strong> ele, tanto armas como munições são adquiri<strong>da</strong>sali até em feiras, como se fossem equipamento eletrônico ou algum "brinquedinho<strong>do</strong> Paraguai." Marcelo Fetter, preso por indícios <strong>de</strong> envolvimento comquadrilha internacional <strong>de</strong> armas testemunha: qualquer ci<strong>da</strong>dão conseguecomprar arma na fronteira <strong>da</strong> Argentina, Uruguai e Paraguai. "Des<strong>de</strong> que vocêtenha dinheiro para comprar, você compra o que quiser." A jornalista DeniseParo confirma em matéria na Gazeta <strong>do</strong> Povo, <strong>do</strong> Paraná, em 11 <strong>de</strong> abril <strong>do</strong>ano passa<strong>do</strong>: "Basta atravessar a Ponte <strong>da</strong> Amiza<strong>de</strong>, ligação entre Brasil e Paraguai,para conseguir revólveres, pistolas e munição <strong>de</strong> qualquer tipo com facili<strong>da</strong><strong>de</strong>."Em Ciu<strong>da</strong>d Del Este, maioria <strong>da</strong>s lojas "sobrevive <strong>da</strong> ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ten<strong>do</strong>como principais clientes os brasileiros". O também jornalista Humberto Trezzi,


62<strong>da</strong> RBS, testemunha essa facili<strong>da</strong><strong>de</strong>: "Nas lojas <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>da</strong> fronteira épossível comprar fuzis originalmente <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à caça, mas ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras máquinas<strong>da</strong> morte, se usa<strong>do</strong>s por criminosos. Po<strong>de</strong>-se também adquirir pistolas<strong>de</strong> calibres proibi<strong>do</strong>s no país, sem maiores exigências além <strong>de</strong> dólares, à vista.Por vezes nem é preciso cruzar a linha divisória, basta encomen<strong>da</strong>r e esperarem casaAlém disso, tanto em Ciu<strong>da</strong>d Del Este, como em Pedro Juan Caballero eem Assunção seriam comuns lojas <strong>de</strong> facha<strong>da</strong>, manti<strong>da</strong>s por contrabandistas,inclusive brasileiros, que ven<strong>de</strong>m para nacionais e estrangeiros sem qualquerescrúpulo. Algumas <strong>de</strong>ssas lojas seriam <strong>de</strong> militares paraguaios, que usariamlaranjas para mantê-las. A testemunha "Ômega", ouvi<strong>da</strong> secretamente, contouisso na <strong>CPI</strong>, dizen<strong>do</strong> que ela própria comprou 1.800 fuzis <strong>de</strong> militares <strong>da</strong>quelepaís. "Eu comprei 1.800 G3 (fuzil alemão) <strong>da</strong> Força Aérea Paraguaia", afirma.Só em Ciu<strong>da</strong>d Del Este e Pedro Juan Caballero há pelo menos <strong>de</strong>zessete lojas<strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s ao comércio <strong>de</strong> armas, algumas <strong>de</strong>las volta<strong>da</strong>s para a importação,segun<strong>do</strong> relatório elabora<strong>do</strong> pela Assessoria Técnica <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral. O relatório,cuja cópia anexamos, dá conta <strong>de</strong> casas <strong>do</strong> gênero ain<strong>da</strong> em Bella Vista,Heman<strong>da</strong>rias, Presi<strong>de</strong>nte Franco e Salto Del Guaira. O <strong>do</strong>cumento contéma <strong>de</strong>nominação e o en<strong>de</strong>reço completo <strong>da</strong>s lojas.Também Encarnación, na fronteira <strong>do</strong> Paraguai com a Argentina, seriaoutro paraíso <strong>de</strong> contrabandistas. Equipe <strong>do</strong> “Zero Hora”, <strong>de</strong> Porto Alegre, li<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>pelo jornalista José Luís Costa, esteve lá e comprovou: "Bastam <strong>do</strong>is minutos<strong>de</strong> conversa ao pé <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> com o balconista para o cliente sair arma<strong>do</strong>até os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Encarnación, a terceira maior ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Paraguai - fronteiracom a Argentina - e uma nova rota <strong>do</strong> tráfico internacional <strong>de</strong> armas. "O jornalistana<strong>da</strong> comprou, mas garante que se quisesse "po<strong>de</strong>ria voltar para casasem ser importuna<strong>do</strong>, trazen<strong>do</strong> uma pistola ou rifle semi-automático AR-15." Àsvezes nem é preciso dinheiro vivo, como afirma Marcelo Fetter. Aceita-se tambémtroca por carros.Não faz muito tempo a <strong>CPI</strong> <strong>da</strong> Pirataria, <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, esteveem Foz <strong>do</strong> Iguaçu, quan<strong>do</strong> constatou, in loco, o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro merca<strong>do</strong> persaque ali funciona. Na época, a <strong>CPI</strong> teve acesso aos <strong>de</strong>pósitos públicos on<strong>de</strong>estavam merca<strong>do</strong>rias apreendi<strong>da</strong>s. São "cotonetes, escovas <strong>de</strong>ntais, cigarros,estampilhas <strong>de</strong> cigarros brasileiros, bolivianos e mexicanos, além <strong>de</strong> CDs, roupase quejan<strong>do</strong>s, tu<strong>do</strong> falso", como consta <strong>do</strong> relatório publica<strong>do</strong> pela Câmara<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s em 2004 (<strong>CPI</strong> <strong>da</strong> Pirataria: relatório - Brasília; Câmara <strong>do</strong>s De-


63puta<strong>do</strong>s, Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Publicações, 2004, Série ação parlamentar, n° 271,p. 32). Além <strong>de</strong> ser fácil comprar, a fiscalização na fronteira é falha. A mesmaequipe <strong>do</strong> “Zero Hora” constatou isso, relatan<strong>do</strong> que <strong>de</strong> Encarnación a PortoAlegre passou por três barreiras sem ter a bagagem revista em qualquer <strong>de</strong>las.Na semana passa<strong>da</strong>, a polícia ro<strong>do</strong>viária fe<strong>de</strong>ral interceptou um carregamento<strong>de</strong> droga e munição, maioria <strong>da</strong> qual <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a armamento pesa<strong>do</strong>,segun<strong>do</strong> noticiou o jornal “O Globo”, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> março último. A apreensão ocorreuna Via Dutra (BR 116), no sul <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. De acor<strong>do</strong> com o jornal, ospoliciais encontraram 4.830 projéteis para fuzis FAL e AR-15, além <strong>de</strong> metralha<strong>do</strong>rae pistola. O material estava no forro <strong>da</strong>s portas e <strong>de</strong>baixo <strong>do</strong>s tapetes<strong>de</strong> um Santana, foi <strong>de</strong>spacha<strong>do</strong> em Foz <strong>do</strong> Iguaçu e proce<strong>de</strong>ria <strong>do</strong> Paraguai.Antes disso, no começo <strong>de</strong>ste ano, a polícia fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>sbaratou quadrilha emSão Paulo, com a qual foram apreendi<strong>da</strong>s vinte e uma caixas <strong>de</strong> munição calibre7.62 NATO, com vinte projéteis ca<strong>da</strong> uma, com as inscrições "Ano 1989" e"Ministério <strong>da</strong> Defesa Nacional - Dirección <strong>de</strong> Industrias Militares - Planta IndustrialPiribebuy", <strong>do</strong> Paraguai, como contém material recebi<strong>do</strong> pela <strong>CPI</strong>.1.3. Leilão <strong>de</strong> armasO contraban<strong>do</strong> não vem só <strong>de</strong> Ciu<strong>da</strong>d Del Este, Juan Caballero, Assunçãoe Encarnación. Boa parte <strong>do</strong> armamento que chega ao País viria também<strong>do</strong> Porto Paranaguá, transforma<strong>do</strong> numa autêntica babel, on<strong>de</strong> semanalmentesão realiza<strong>do</strong>s leilões em que se ven<strong>de</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>: arma, droga, "to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong>."A revelação é <strong>de</strong> Rangel Ban<strong>de</strong>ira e Fernan<strong>do</strong> Delazari. Na versão<strong>de</strong>les, o porto foi parcialmente privatiza<strong>do</strong> e cedi<strong>do</strong> ao Paraguai, que o arren<strong>do</strong>ua uma empresa multinacional. Rangel Ban<strong>de</strong>ira adianta que o Governa<strong>do</strong>rRoberto Requião, <strong>do</strong> Paraná, já pediu providências ao governo fe<strong>de</strong>ral, masna<strong>da</strong> aconteceu ain<strong>da</strong>.1.4. Problema brasileiroSeria ingênuo supor que as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s paraguaias ignoram esses problemas.Tanto os conhecem como os consi<strong>de</strong>ram menos <strong>de</strong>les <strong>do</strong> que nosso.Rangel Ban<strong>de</strong>ira, <strong>do</strong> Viva Rio, conta o constrangimento que passou em 2000,quan<strong>do</strong> esteve com o Presi<strong>de</strong>nte paraguaio com uma comissão <strong>de</strong> alto nível,constituí<strong>da</strong> pelo então Presi<strong>de</strong>nte Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so, para discutirmedi<strong>da</strong>s contra o excesso <strong>de</strong> armas brasileiras contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s <strong>da</strong>quele país.No seu relato, o governante foi curto e grosso: "este é um problema brasileiro,as armas são brasileiras, elas vêm para o Paraguai, os lojistas são brasileiros,


64principalmente na fronteira. Em Pedro Juan Caballero é tu<strong>do</strong> comerciante brasileiroe ven<strong>de</strong> para traficante brasileiro, então o problema é <strong>de</strong> vocês."Apesar disso, a missão brasileira <strong>de</strong>u certo, porque nessa época o Paraguai<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> importar armamento nacional. Des<strong>de</strong> 2000, o Brasil só exportapara as Forças Arma<strong>da</strong>s e órgãos <strong>de</strong> segurança pública, sen<strong>do</strong> um <strong>de</strong>safioi<strong>de</strong>ntificar a origem <strong>de</strong> tantas armas brasileiras ain<strong>da</strong> comercializa<strong>da</strong>s naquelepaís. Até hoje gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> armamento que vem <strong>do</strong> Paraguai é <strong>de</strong> fabricaçãobrasileira. O Paraguai não fabrica armas e a maioria <strong>do</strong>s crimes que aliocorrem é com arma branca. O material sairia <strong>da</strong>qui legalmente, retoman<strong>do</strong>como contraban<strong>do</strong>. Rangel Ban<strong>de</strong>ira disse que em conversa com militares <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro concluiu que parte <strong>de</strong>ssas armas seria <strong>de</strong>svio <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>se <strong>da</strong> polícia; outra parte "é armamento vendi<strong>do</strong> pelo Brasil às ForçasArma<strong>da</strong>s paraguaias e <strong>de</strong> lá vendi<strong>do</strong> para o crime organiza<strong>do</strong> brasileiro". Masele próprio reconhece que isso teria que ser melhor investiga<strong>do</strong>.Quan<strong>do</strong> havia exportações <strong>da</strong>qui, suspeitou-se <strong>do</strong> envolvimento <strong>de</strong> militaresparaguaios no comércio. Tanto que uma <strong>CPI</strong> instituí<strong>da</strong> pelo Congresso <strong>de</strong>lá e presidi<strong>da</strong> pelo Deputa<strong>do</strong> Blas Llano teria si<strong>do</strong> frustra<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> começou achegar em coronéis e generais.Na época, uma <strong>da</strong>s teses <strong>de</strong> Blas Llano foi <strong>de</strong> que gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>armas sequer sairia <strong>da</strong>qui. De <strong>de</strong>z contêineres oito ficariam no Brasil. Haveriaapenas uma simulação <strong>de</strong> remessa, com o armamento permanecen<strong>do</strong> aqui,on<strong>de</strong> seria vendi<strong>do</strong> como se proce<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Paraguai.Com a trégua nas exportações, a tese cai por terra. Outra possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>que po<strong>de</strong>ria explicar a concentração <strong>de</strong> armas brasileiras naquele país: o contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> hoje seria <strong>do</strong>s exce<strong>de</strong>ntes resultantes <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> exportações.A hipótese tem a seu favor o fato <strong>de</strong> a maioria <strong>da</strong>s armas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>sem uso nos morros <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro ter si<strong>do</strong> fabrica<strong>da</strong> entre 90 e 97 evendi<strong>da</strong>s legalmente pelas empresas Perfecta Sami e Agrícola San Felipe, conformelevantamento <strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> Ro<strong>do</strong>lfo Wal<strong>de</strong>ck, <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Segun<strong>do</strong>o policial, "80% <strong>da</strong>s armas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Rio são <strong>de</strong>ssas empresas.Foram vendi<strong>da</strong>s. Quer dizer, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, essas armas foram vendi<strong>da</strong>s legalmentepara o Paraguai e contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s para o Brasil." Outra hipótese, extraí<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento secreto <strong>da</strong> testemunha "Ômega": os contrabandistasmontariam firmas fantasmas em outros países, importan<strong>do</strong> armamento brasileiroatravés <strong>de</strong>las, transferin<strong>do</strong>-o <strong>de</strong>pois para o Paraguai <strong>de</strong> on<strong>de</strong> seria comer-


65cializa<strong>do</strong> para o Brasil. A testemunha informa que quan<strong>do</strong> o Brasil <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>exportar para o Paraguai, o país passou a comprar <strong>de</strong> outros países para ven<strong>de</strong>r,sen<strong>do</strong> aí que começaram a aparecer as firmas fantasmas no estrangeiro.Não há estatísticas nacionais disponíveis, mas Gerson Pitta Lopes, <strong>da</strong>Polícia Militar <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, calcula que 66% <strong>da</strong>s armas que chegam aoBrasil saem <strong>do</strong> Paraguai. Os 34% restantes viriam <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Argentina,Bolívia, Filipinas e Uruguai. Só no Paraná, cerca <strong>de</strong> 90% <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>sem operações contra o contraban<strong>do</strong> proce<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Paraguai e têm oselo <strong>do</strong> Brasil. No Rio, 21% <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> grosso calibre e cano longo, i<strong>de</strong>m. ODelega<strong>do</strong> Carlos Antonio Luiz <strong>de</strong> Oliveira, <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong>pôs que no rastreamento<strong>de</strong> um lote <strong>de</strong> quase mil armas <strong>de</strong> fogo, 80% saíram <strong>do</strong> Paraguai. Sócom o “Fernandinho Beira-Mar” a Polícia Fe<strong>de</strong>ral encontrou uma vez, numcaminhão <strong>de</strong> sua organização, 104 pistolas brasileiras oriun<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Paraguai.Saíram <strong>da</strong>qui e regressaram "já sem i<strong>de</strong>ntificação." O Paraguai seria oprincipal fornece<strong>do</strong>r <strong>da</strong> organização criminosa <strong>de</strong> “Beira-Mar”. O Delega<strong>do</strong> GetúlioBezerra <strong>do</strong>s Santos, <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, teve acesso à sua agen<strong>da</strong> quan<strong>do</strong>ele foi preso na Colômbia. Na agen<strong>da</strong> estavam to<strong>do</strong>s seus contatos para compra<strong>de</strong> armas no país vizinho. Era "uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>da</strong>sarmas que ele comprava no Paraguai", conta o policial.1.5. Rotas <strong>do</strong> crimeParaná, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul seriam as principaisportas <strong>de</strong> ingresso <strong>do</strong> armamento que vem <strong>do</strong> Paraguai. Na edição <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong>abril <strong>de</strong> 2003, “Carta Capital” lista o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> no Paraná e MatoGrosso <strong>do</strong> Sul: Ponta Porã, Guaíra, Campo Gran<strong>de</strong>, Coronel Sapucaia, SeteQue<strong>da</strong>s, Paranhos, Mun<strong>do</strong> Novo, Corumbá, Cáceres, Bela Vista e Foz <strong>do</strong> I-guaçu. Foz <strong>do</strong> Iguaçu "é o centro <strong>de</strong> várias ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, emparticular <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas", diz a revista. Seria uma espécie <strong>de</strong> quartel-general<strong>do</strong>s contrabandistas.Em audiência pública, o Delega<strong>do</strong> Alberto legas, <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, citaas principais rotas <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong>: Paraguai-Foz <strong>do</strong> Iguaçu-Cascavel-BR 277-São Paulo-Rio <strong>de</strong> Janeiro; Paraguai-Guaíra-Umuarama e Paraguai-Lago <strong>do</strong>Itaipu. As quadrilhas sairiam <strong>de</strong> Ciu<strong>da</strong>d Del Este, passam por Foz <strong>do</strong> Iguaçu ouGuaíra, seguin<strong>do</strong> para Cascavel ou Umuarama. Em nenhuma <strong>de</strong>ssas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>shá <strong>de</strong>legacia <strong>da</strong> polícia fe<strong>de</strong>ral. Outra rota, mais recente, seria Paraguai-Argentina-Uruguaiana, no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Esse roteiro começou a ser usa-


66<strong>do</strong> <strong>de</strong> quatro anos para cá, segun<strong>do</strong> a testemunha Alfa, ouvi<strong>da</strong> em caráter reserva<strong>do</strong>pela <strong>CPI</strong>. De acor<strong>do</strong> com ela, os contrabandistas estariam evitan<strong>do</strong> opercurso Paraguai-Mato Grosso ou Foz, atualmente muito vigia<strong>do</strong>. Os produtosvêm pela Argentina, mas são adquiri<strong>do</strong>s no Paraguai. Pela Argentina, "tu<strong>do</strong> élivre. Passa tu<strong>do</strong>, polícia e ninguém fiscaliza na<strong>da</strong>." Nos postos policiais, por<strong>de</strong>z ou vinte reais "ninguém revista o carro", garante a testemunha.No solo nacional, a muamba, cujo principal <strong>de</strong>stino é Rio <strong>de</strong> Janeiro eSão Paulo, passa ora por Campinas e Ribeirão Preto, ora por Juiz <strong>de</strong> Fora. Nasemana passa<strong>da</strong>, a polícia interceptou carregamento na Via Dutra (BR-116),que liga o Rio e São Paulo, apreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> quase cinco mil projéteis, maioria paraarmamento pesa<strong>do</strong>, conforme noticiou “O Globo” (edição <strong>de</strong> 30.03.06, p. 17).O material saiu <strong>de</strong> Foz <strong>do</strong> Iguaçu, on<strong>de</strong> o motorista preso, Antonio Apareci<strong>do</strong>,diz ter si<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong> por um casal para viajar até Resen<strong>de</strong>, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.2. PRINCIPAIS DEPOIMENTOS ENVOLVENDO O PARAGUAI2.1. ANTONIO RANGEL BANDEIRA - Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Desarmamento<strong>do</strong> Viva Rio: falou <strong>de</strong> sua missão ao Paraguai, como integrante <strong>da</strong> comissão<strong>de</strong> alto nível, instituí<strong>da</strong> pelo então Presi<strong>de</strong>nte Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so,para discutir com o governo paraguaio medi<strong>da</strong>s contra o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong>armas <strong>da</strong>quele país. Disse ain<strong>da</strong> que em conversa com militares <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiroconcluíram que as armas <strong>de</strong> fabricação nacional comercializa<strong>da</strong>s no Rio<strong>de</strong> Janeiro po<strong>de</strong>riam resultar, uma parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>polícia, outra parte oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> para as Forças Arma<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Paraguai.2.2. PAULO DREYFUS - Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Pesquisa <strong>do</strong> Viva Rio: propôs umavisita <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> ao Paraguai para constatar in loco a gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armasbrasileiras nas lojas <strong>de</strong> lá. Sugeriu a criação <strong>de</strong> um fórum regional <strong>de</strong> parlamentarespara propor legislação que aten<strong>da</strong> os países <strong>do</strong> Mercosul.2.3. LUIZ FERNANDO FERREIRA DELAZARI - Secretário <strong>de</strong> Segurança Pública<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná: disse que 90 por cento <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s pelapolícia paranaense proce<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Paraguai e são fabrica<strong>da</strong>s no Brasil. Discorreusobre a facili<strong>da</strong><strong>de</strong> para se comprar arma naquele país, bem como sobre osleilões semanais no Porto <strong>de</strong> Paranaguá.2.4. GETÚLIO BEZERRA DOS SANTOS - Diretor <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Combateao Crime Organiza<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral: falou <strong>da</strong> prisão <strong>de</strong> “FernandinhoBeira-Mar” e <strong>da</strong>s relações <strong>do</strong> traficante com o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas <strong>do</strong> Paraguai.


67Revelou ain<strong>da</strong> que muitas armas vêm <strong>de</strong> lá <strong>de</strong>smonta<strong>da</strong>s para impedir a i<strong>de</strong>ntificação.2.5. JOÃO ROSALVO LEITÃO DE ALMEIDA - Diretor <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> ProdutosControla<strong>do</strong>s pelo Exército: conta que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999 o Brasil não exportaarmas para o Paraguai. Para o Paraguai, o Brasil só ven<strong>de</strong> para as Forças Arma<strong>da</strong>se os órgãos <strong>de</strong> segurança. Nossos maiores importa<strong>do</strong>res são os Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s. Praticamente 60 por cento <strong>da</strong> produção nacional vai para os norteamericanos.Exporta-se também para a Europa, Oceania e muito pouco para aAmérica Latina, on<strong>de</strong> os principais consumi<strong>do</strong>res são Argentina, Equa<strong>do</strong>r eChile.2.6. ELIR CLARINDO - Delega<strong>do</strong>: disse que to<strong>da</strong>s as pistolas apreendi<strong>da</strong>s noRio são produto <strong>de</strong> exportações para Paraguai, Argentina ou Bolívia. Suscita ahipótese <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>las não saírem <strong>do</strong> território brasileiro, haven<strong>do</strong> apenasuma simulação <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> para o exterior, inclusive para países mais distantes,como Sri Lanka.2.7. DIÓGENES DANTAS - Coronel <strong>de</strong> Infantaria: fala sobre o papel <strong>do</strong> Uruguaina ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas para o Brasil e mostra sua preocupação com a situação<strong>do</strong> Suriname e <strong>da</strong> Bolívia, on<strong>de</strong> há uma área <strong>de</strong> livre comércio, em que asarmas são comercializa<strong>da</strong>s livremente, inclusive por ex-policiais.2.8. RUY FERRAZ FONTES - Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia: relaciona o tráfico <strong>de</strong> armascom o <strong>de</strong> drogas e revela a montagem <strong>de</strong> operação para pren<strong>de</strong>r contrabandista<strong>de</strong> nome Alejandro, liga<strong>do</strong> ao tráfico internacional.2.9. ARTHUR CABRAL - Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro: discorre sobrea vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> armas norte-americano. Segun<strong>do</strong> ele, osEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s se preocupam muito com o que entra no país, mas falham navigilância sobre o que sai. Apresentou estatística <strong>da</strong>s apreensões <strong>de</strong> armas noRio <strong>de</strong> Janeiro nos anos 2000 (2.229 pistolas, 110 fuzis e 41 submetralha<strong>do</strong>ras),2001 (2.413 pistolas, 140 fuzis e 40 submetralha<strong>do</strong>ras) e 2002 (777 pistolas,41 fuzis e 20 submetralha<strong>do</strong>ras). Disse ain<strong>da</strong> que esse armamento começoua chegar no Brasil nos anos 80, com a explosão <strong>da</strong> cocaína. Referiu-se àinfluência <strong>da</strong> máfia russa no Brasil e à facili<strong>da</strong><strong>de</strong> com que guerrilheiros <strong>da</strong>sFarcs transitam no Brasil. Detalhou o modus operandi <strong>do</strong>s contrabandistas esugeriu medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> combate ao contraban<strong>do</strong>, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> ênfase ao uso <strong>de</strong> pequenosaviões na fronteira, cuja rotina diz conhecer bem por ter residi<strong>do</strong> por algumtempo em Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. Sugestões para enfrentar o problema: aumen-


68tar o efetivo <strong>da</strong> polícia ro<strong>do</strong>viária fe<strong>de</strong>ral nas ro<strong>do</strong>vias; estabelecer maior entrosamentoentre as polícias, as Forças Arma<strong>da</strong>s e o Ministério Público; fortalecera fiscalização nos portos, para combater a pirataria; fiscalizar e manter o controle<strong>da</strong>s aeronaves que cruzam a fronteira diariamente; e atualizar o prontuário<strong>do</strong>s pilotos e <strong>de</strong> seus antece<strong>de</strong>ntes.2.10. VANTUIL LUÍS CORDEIRO - Chefe <strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Repressão ao TráficoIlícito <strong>de</strong> Arma - DARM/DCOR, <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral: falou <strong>da</strong>estrutura <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong>u <strong>de</strong>talhes <strong>da</strong> Operação Chumbo Grosso, emSão Paulo, quan<strong>do</strong> foram apreendi<strong>da</strong>s entre 18 e 19 mil armas, muitas <strong>de</strong>las<strong>de</strong> grosso calibre. Revelou também que essas armas eram encomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s porcriminosos até por celular. "Eles utilizavam um celular, com a fotografia <strong>da</strong> arma,man<strong>da</strong>vam para aquela pessoa". Mesmo que quisesse outra, o cliente seriaatendi<strong>do</strong>. Falou também <strong>da</strong> Operação Gatilho, em que foram apreendi<strong>do</strong>sem torno <strong>de</strong> itens, entre armas e munições. Falou também <strong>da</strong> apreensão <strong>de</strong>grana<strong>da</strong>s oriun<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Paraguai, algumas pela Ponte <strong>da</strong> Amiza<strong>de</strong>, outras viaGuaíra. Disse até que o Dimabel, que é a Diretoria <strong>de</strong> Material Bélico <strong>da</strong>quelepaís enviou e-mail pedin<strong>do</strong> informações sobre as armas apreendi<strong>da</strong>s, pois queriamsaber a origem <strong>de</strong>las no Paraguai.2.11. FERNANDO FRANCISCHINI - Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral: <strong>de</strong>pôs sobrea atuação <strong>do</strong>s contrabandistas na fronteira <strong>do</strong> Paraná com o Paraguai. Disseque os traficantes fazem o transporte em balsas e caminhões, que ficam <strong>do</strong>la<strong>do</strong> brasileiro aguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o carregamento. Também apresentou <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobreo tráfico formiguinha na Ponte <strong>da</strong> Amiza<strong>de</strong>.2.12. GILSON PITTA LOPES - Chefe <strong>da</strong> 2 a Seção Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Maior <strong>da</strong>Polícia Militar <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro: indicou, em termos percentuais, a origem <strong>da</strong>sarmas apreendi<strong>da</strong>s pela PM <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro: 66% <strong>do</strong> Paraguai; 15% <strong>do</strong>sEUA; 9% <strong>da</strong> Argentina; 4% <strong>da</strong> Bolívia; 2% <strong>da</strong>s Filipinas; 2% <strong>do</strong> Uruguai, e 2%<strong>do</strong> Brasil. Citou também as rotas <strong>da</strong>s armas no Brasil para chegarem ao Rio <strong>de</strong>Janeiro.2.13. RODOLFO WALDECK PENCO MONTEIRO - Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Departamento<strong>de</strong> Inteligência <strong>da</strong> Polícia Militar <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro: citou o roteiro <strong>do</strong>contraban<strong>do</strong>: Paraguai, Paraná, São Paulo e Rio. Disse que tem aumenta<strong>do</strong> oarmamento oriun<strong>do</strong> <strong>da</strong> Argentina e que o arsenal usa<strong>do</strong> atualmente nos morros<strong>do</strong> Rio foi fabrica<strong>do</strong> no Brasil entre 1990 e 1997. Foram vendi<strong>da</strong>s pelas empre-


69sas Perfecta Sami e Agrícola San Felipe. Oitenta por cento <strong>da</strong>s armas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s<strong>do</strong> Rio teriam vin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas empresas, segun<strong>do</strong> o policial.2.14. HUMBERTO TREZZI - jornalista <strong>do</strong> Zero Hora, <strong>de</strong> Porto Alegre: testemunhoua facili<strong>da</strong><strong>de</strong> para se comprar armas no Uruguai e na Argentina.2.15. FÁBIO SCHAFFNER - jornalista <strong>do</strong> Zero Hora; reforçou as informações<strong>de</strong> seu colega Humberto Trezzi.2.16. JOSÉ CARLOS DUARTE - Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração Gaúcha <strong>de</strong> TiroPrático <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul: reafirma ser o Paraguai a principal fonte <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>ilegal <strong>de</strong> armas no Brasil.2.17. LUCIANO FERNANDES MENEZES - Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Santa Cruz<strong>do</strong> Sul: <strong>de</strong>talhou a operação realiza<strong>da</strong> pela polícia <strong>de</strong> seu Esta<strong>do</strong>, <strong>da</strong> qual participou,para pren<strong>de</strong>r os irmãos médicos Paulo Gross e Carlos Henrique Gross eapreen<strong>de</strong>r o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> armas que mantinham ilegalmente.2.18. LUIZ FERNANDO MARTINS DE OLIVEIRA - Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia emNovo Hamburgo: relata a apreensão <strong>de</strong> metralha<strong>do</strong>ra calibre .30, enterra<strong>da</strong> porcontrabandistas em fazen<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Arvorezinha, interior <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><strong>do</strong> Sul.2.19. RAFAEL FRANCISCO FRANÇA - fala sobre o bom resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> operaçãoconjunta <strong>da</strong>s polícias fe<strong>de</strong>ral e civil no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> laranjaspor criminosos, para troca <strong>de</strong> carros por armas e drogas na Argentina,Uruguai e Paraguai.2.20. CARLOS TADEU TASSO - Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral: revela a atuação<strong>de</strong> <strong>de</strong>tento <strong>da</strong> penitenciária <strong>de</strong> Iperó, que coor<strong>de</strong>nava <strong>da</strong> prisão o tráfico <strong>de</strong>armas <strong>do</strong> Paraguai. Citou o caso <strong>do</strong> <strong>de</strong>smonte <strong>de</strong> uma arma para ser transporta<strong>da</strong><strong>de</strong> ônibus por quatro mulheres.2.21. JOSÉ ALBERTO DE FREITAS IEGAS - Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral:cita a rota <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong>, a partir <strong>da</strong> Ciu<strong>da</strong>d Del Este. Segun<strong>do</strong> ele, as quadrilhassaem <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> paraguaia, passam por Foz <strong>do</strong> Iguaçu e ingressam noBrasil por Foz ou Guaíra. Diz que o Lago <strong>de</strong> Itaipu facilitou as operações criminosase que a extensão <strong>do</strong> lago dificulta a vigilância <strong>da</strong> polícia. Conta ain<strong>da</strong>que o Paraná é uma <strong>da</strong>s portas <strong>de</strong> ingresso <strong>da</strong>s armas que vêm <strong>do</strong> Paraguai eque o controle na fronteira é <strong>de</strong>ficiente. Conforme legas, são estas as principaisrotas <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong>: Paraguai-Foz <strong>do</strong> Iguaçu-Cascavel-BR 277-São Paulo-


70Rio <strong>de</strong> Janeiro; Paraguai-Guaíra-Umuarama; Paraguai-Lago <strong>de</strong> Itaipu. Ele revelatambém a apreensão <strong>de</strong> armas brasileiras, adquiri<strong>da</strong>s provavelmente noParaguai, em acampamento <strong>do</strong> MST.2.22. MARCELO FETTER - preso sob suspeita <strong>de</strong> envolvimento com o tráficointernacional <strong>de</strong> armas: disse que qualquer ci<strong>da</strong>dão consegue comprar armasnas fronteiras <strong>do</strong> Brasil com a Argentina, Paraguai ou Uruguai, bastan<strong>do</strong> terdinheiro, pois não há fiscalização.2.23. TESTEMUNHA ALFA (RESERVADO): revelou nova rota <strong>do</strong> crime Emvez <strong>de</strong> ingressar no Brasil pelo Mato Grosso ou por Foz <strong>do</strong> Iguaçu, o novo roteiroseria Paraguai-Argentina-Uruguaiana, no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. As armassão adquiri<strong>da</strong>s no Paraguai, mas o transporte passa pela Argentina. Motivo <strong>da</strong>mu<strong>da</strong>nça: a rota <strong>de</strong> Mato Grosso e Foz estaria muito vigia<strong>da</strong>. Se vem por <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> Paraguai, "sai <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Argentina, ali é tu<strong>do</strong> livre" O novo trajeto já estariasen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> há cerca <strong>de</strong> quatro anos.2.24. TESTEMUNHA BETA (RESERVADO): <strong>de</strong>clara-se um combatente <strong>do</strong>contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas. Diz que sua principal rota é por Foz <strong>do</strong> Iguaçu, semfiscalização a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Fala também <strong>da</strong> facili<strong>da</strong><strong>de</strong> em se adquirir uma arma noParaguai. Faz referência ain<strong>da</strong> a <strong>de</strong>núncia que recebeu, sobre a existência <strong>de</strong>armas em acampamentos <strong>do</strong>s Sem-Terra.2.25. TESTEMUNHA DELTA (RESERVADO): refere-se a seus contatos paracompra <strong>de</strong> armas na Bolívia e sobre a entrega <strong>do</strong> armamento em Ribeirão Preto.Nega qualquer aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> policiais, revelan<strong>do</strong>, inclusive, que seu grupo jáper<strong>de</strong>u vários carregamentos.2.26. MÁRIO SPÓSITO - Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Operações Especiais <strong>de</strong> Fronteiras -COESF/DIREX, <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral: discorreu sobre as operações<strong>de</strong>flagra<strong>da</strong>s pela polícia fe<strong>de</strong>ral nas faixas <strong>de</strong> fronteira. Fez referência arotas internacionais <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas, ten<strong>do</strong> a polícia i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> três principais;Roterdã-Suriname-Colômbia; Panamá-Brasil-Paraguai-Colômbia; China-Brasil-Paraguai-Colômbia.2.27. WALDIR COPETTI NEVES - Tenente-Coronel <strong>da</strong> Polícia Militar <strong>do</strong> Paraná:citou o Lago <strong>de</strong> Itaipu como uma <strong>da</strong>s rotas preferi<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s contrabandistasquem operam em seu Esta<strong>do</strong> e mostrou preocupação com acampamentos <strong>de</strong>sem-terra, que também utilizariam armas para <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus interesses.


712.28. TESTEMUNHA ÔMEGA (SECRETO): presa por envolvimento com o tráfico.Conta sua experiência no ramo, gaban<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> sua familiari<strong>da</strong><strong>de</strong> comcontrabandistas conheci<strong>do</strong>s.Revelou que contrabandistas estariam abrin<strong>do</strong> empresas fantasmas emoutros países, para on<strong>de</strong> remeteriam armas <strong>de</strong> fabricação nacional, exportan<strong>do</strong>-as<strong>de</strong> lá, <strong>de</strong>pois para o Paraguai. Diz que as gran<strong>de</strong>s quadrilhas são coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s presídios, por telefone, e ain<strong>da</strong> que há várias casas<strong>de</strong> armas na fronteira que seriam facha<strong>da</strong>s <strong>de</strong> militares paraguaios, que seutilizariam <strong>de</strong> laranjas para mante-las.3. PROPOSTAS1) I<strong>de</strong>ntificar a procedência <strong>da</strong>s armas brasileiras comercializa<strong>da</strong>s no Paraguai,para <strong>de</strong>finir medi<strong>da</strong>s que combatam o problema na origem;2) Criar grupo <strong>de</strong> trabalho no âmbito <strong>da</strong> Comissão Interparlamentar Conjunta<strong>do</strong> Mercosul, objetivan<strong>do</strong> a propositura <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> combate ao contraban<strong>do</strong>na Região;3) Provocar a atuação <strong>da</strong> Comissão Consultiva prevista na Convenção Interamericanacontra a fabricação e o tráfico ilícitos <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>de</strong> fogo, munições,explosivos e outros materiais correlatos, visan<strong>do</strong>, entre outras coisas, maiorcooperação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s signatários no combate ao contraban<strong>do</strong>.4) Promover reuniões com autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, judiciárias e membros <strong>do</strong> MinistérioPúblico e <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral que atuam na fronteira para discussão <strong>de</strong>mu<strong>da</strong>nças na legislação que inibam a ação <strong>do</strong>s criminosos.Sala <strong>da</strong> Comissão, em <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>da</strong> LAURA CARNEIROSub-relatoraANEXORELAÇÃO DOS PRINCIPAIS ESTABELECIMENTOS (LOJAS E IM-PORTADORAS) IDENTIFICADOS PELA POLÍCIA FEDERAL E QUECOMERCIALIZAM ARMAS E MUNIÇÕES NA PRINCIPAIS CIDA-DES FRONTEIRIÇAS COM O PARAGUAI, ARGENTINA E URU-GUAI


72PARAGUAI- FERRETERIA AVENIDA (BELLA VISTA)- TAURUS (CIUDAD DEL LESTE)- CARDUMEN CAZA Y PESCA (CIUDAD DEL LESTE)- FEDERAL CAZA Y PESCA (CIUDAD DEL LESTE)- RUGER CAZA Y PESCA (CIUDAD DEL LESTE)- EL PATO (CIUDAD DEL LESTE)- INTERNACIONAL CAZA Y PESCA (CIUDAD DEL LESTE)- MONDAY (CIUDAD DEL LESTE)- SAN RAMON CAZ Y PESCA (CIUDAD DEL LESTE)- AGROSER (HERNADERÍAS)- ARRIERO (HERNADERÍAS)- BAZAR SILVIA (PEDRO JUAN CABALLERO)- COMANDO CAZA Y PESCA (PEDRO JUAN CABALLERO)- COMBATE CAZA Y PESCA (PEDRO JUAN CABALLERO)- EL HAGE CAZA Y PESCA (PEDRO JUAN CABALLERO)- PERALTA (PEDRO JUAN CABALLERO)- FERRETERIA YGUAZU (PRESIDENTE FRANCO)- JOÃO PASSOS (SALTO DEL GUAIRA)- CASA DE ARMAS (CIUDAD DEL LESTE)- FULMER COMPANY S.A (PEDRO JUAN CABALLERO)- GRUPO EL HAGE SRL (PEDRO JUAN CABALLERO)- SHOPPING CHINA S.A. (PEDRO JUAN CABALLERO)- QUEEN ANNE (SALTO DEL GUAIRA)ARGENTINA- BARBUS ARMEARIA (PASO DE LOS LIBRES)- LOJA MIREGALO (PASO DE LOS LIBRES)- CASA EL PERDIGAL (PASO DE LOS LIBRES)URUGUAI- SINERITZ SRL (RIVERA)- AGRO VETERINÁRIA EL GAÚCHO (RIVERA)- ARMERIA GUNS & AMMO (RIVERA)- CASA AMÉRICA (RIVERA)- AGRO ELETRIC SRL (VILLA VICCHADERO)- JÕ TINNT DOS SANTOS (RIVERA)7.3. SUB-RELATORIA DOS DEPÓSITOS INSTITUCIONAIS DE ARMAS7.4. TRÁFICO DE ARMAS, MUNIÇÕES E EXPLOSIVOS, ENTRE O BRASILE A ARGENTINA1) TráficoBocu<strong>do</strong> é fuzil, vovó é metralha<strong>do</strong>ra antiaérea calibre .30 ou .50, usan<strong>do</strong>estes códigos, assaltantes <strong>de</strong> carros-fortes gaúchos encomen<strong>da</strong>m armas pesa<strong>da</strong>sna Argentina.Os apeli<strong>do</strong>s estão <strong>de</strong>scritos em inquéritos <strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Roubos e asinformações coleta<strong>da</strong>s ganharam atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> com a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> ataques a


73blin<strong>da</strong><strong>do</strong>s. São sete inquéritos (2,8 mil páginas) sobre assaltos a carros-fortes(ocorri<strong>do</strong>s em São Francisco <strong>de</strong> Paula, Venâncio Aires, Caraá, Arvorezinha,Can<strong>de</strong>lária, Barra <strong>do</strong> Ribeira e Antônio Pra<strong>do</strong>). A chave para o esquema <strong>de</strong>compra <strong>de</strong> armas está no <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> uma mulher <strong>de</strong> 43 anos envolvi<strong>da</strong>com a quadrilha <strong>de</strong> José Carlos <strong>do</strong>s Santos, o “Seco”, o foragi<strong>do</strong> número 1, elaé mãe <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s quadrilheiros, preso com um arsenal, e diz ter si<strong>do</strong> procura<strong>da</strong>para intermediar a compra na Argentina, Seco, em troca, arranjaria advoga<strong>do</strong>para o filho <strong>de</strong>la e ela, por sua parte, tentaria achar a melhor rota para a intermediação<strong>de</strong> armas argentinas.Os bandi<strong>do</strong>s disseram a ela que estavam dispostos a pagar R$ 15 milpor uma metralha<strong>do</strong>ra antiaérea, R$ 4 mil por fuzil calibre 7.62, possivelmente<strong>do</strong> exército argentino. Ela disse não ter intermedia<strong>do</strong> e a quadrilha recorreu aum ex-policial.Em artigo "Agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> seguri<strong>da</strong>d en el Mersosur: a triple frontera comoespacio <strong>de</strong> inseguri<strong>da</strong>d regional" Dreyfus explica a importância <strong>da</strong> região <strong>da</strong>Tríplice Fronteira para o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas. Abasteci<strong>da</strong> por uma gran<strong>de</strong>re<strong>de</strong> viária, portuária e aeroportuária e comercial, a região, forma<strong>da</strong> pelas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> Porto Iguaçu, na Argentina, Foz <strong>do</strong> Iguaçu, no Brasil e Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> DeI Leste,no Paraguai, funcionam como corre<strong>do</strong>r para o tráfico <strong>de</strong> drogas e armas.Até a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, o Paraguai era o principal ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armasbrasileiras, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então o Brasil cortou as exportações <strong>de</strong> armas pequenas aopaís, como forma <strong>de</strong> combater o tráfico.Segun<strong>do</strong> ele, para uma arma chegar <strong>da</strong> Tríplice Fronteira ao Rio <strong>de</strong> Janeiro,tem que atravessar pelo menos <strong>do</strong>is mil quilômetros (seis esta<strong>do</strong>s). Issoacontece <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> controle <strong>da</strong>s ro<strong>do</strong>vias nas fronteiras e entre os esta<strong>do</strong>se à corrupção <strong>da</strong>s polícias estaduais e alguns órgãos fe<strong>de</strong>rais. Para o pesquisa<strong>do</strong>ra solução está no intercâmbio <strong>de</strong> informações entre os governos estaduaise fe<strong>de</strong>ral "Não adianta só controlar fisicamente as fronteiras, tem quetrabalhar a inteligência policial, <strong>de</strong>sarticulan<strong>do</strong> as re<strong>de</strong>s no Brasil"A região sul <strong>do</strong> Brasil é também uma <strong>da</strong>s portas <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armamentosfabrica<strong>do</strong>s na Argentina. Levantamento feito pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral i<strong>de</strong>ntificouo envolvimento <strong>de</strong> militares argentinos com o crime no Rio <strong>de</strong> Janeiro, oarmamento sai <strong>da</strong> Argentina, cruza a fronteira com o Paraguai e entra no Brasilpelos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná ou Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.


74Para combater o tráfico internacional <strong>de</strong> armas, a convergência <strong>da</strong>s leis<strong>de</strong> controle <strong>da</strong>s armas entre os países <strong>da</strong> América Latina é fun<strong>da</strong>mental, Dreyfusaponta alguns <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>res comuns:- punir e tipificar o comércio, a produção e o tráfico ilícito;- estabelecer pontos <strong>de</strong> contato e mecanismos <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informaçõesentre os países."A harmonização <strong>da</strong>s leis é importante para não atrapalhar o livre comércionuma região que está se integran<strong>do</strong> economicamente. Fechar as fronteirasé contraproducente" .Os países mais integra<strong>do</strong>s nesse senti<strong>do</strong> são Brasil, Argentina e Chile,que têm as leis <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas mais restritivas, porém outras nações estão<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> leis inspira<strong>da</strong>s no Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento brasileiro,como o Uruguai, disse que "a tendência é que se o estatuto funcionar bem noBrasil, o país se converta em lí<strong>de</strong>r <strong>da</strong> região no controle <strong>de</strong> armas".Outro problema que é nota<strong>do</strong> é que não existe a tradição na América Latina<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> armas <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s e policiais,isso faz com que armas e munições acabem nas mãos <strong>do</strong>s criminosos. Provadisso é que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> investigar por mais <strong>de</strong> um ano o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armas <strong>do</strong>squartéis militares <strong>do</strong> Rio, o Ministério Público Militar elaborou um relatório em2004, propon<strong>do</strong> mais rigor <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s na questão <strong>do</strong> envolvimento <strong>de</strong>militares nesses casos.No ano <strong>de</strong> 2001, a organização brasileira Viva Rio e a organização ArgentinaEspacios (Men<strong>do</strong>za) alertaram sobre a utilização, pelo crime organiza<strong>do</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong> armas militares argentinas e <strong>de</strong> outros países fronteiriços.Foram feitos pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investigação sobre o abastecimento <strong>de</strong> armas aorganizações <strong>do</strong> narcotráfico em São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro. Nos últimos trêsanos, foram contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s para o Brasil, conforme notícia veicula<strong>da</strong> no jornalEsta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, pelo menos 11 mil armas <strong>de</strong> uso militar - fuzis, metralha<strong>do</strong>ras,pistolas, grana<strong>da</strong>s e, principalmente, munições diversas. Essa informaçãoconsta <strong>de</strong> relatórios compartilha<strong>do</strong>s entre os serviços <strong>de</strong> inteligência <strong>do</strong>Brasil, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Argentina. Des<strong>de</strong> 1990 foram abertos cerca <strong>de</strong> 7 milprocessos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a apurar a entra<strong>da</strong>, o comércio e o porte irregular <strong>de</strong> armasespeciais. Essa informação foi passa<strong>da</strong> pelo ex-oficial <strong>da</strong> Gen<strong>da</strong>rmeria <strong>de</strong>


75Fronteras, Piño Gasperine, atual consultor <strong>da</strong> União Européia para assuntos <strong>de</strong>segurança na América Latina.A agili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> negro <strong>de</strong> armas pesa<strong>da</strong>s permitemanobras rápi<strong>da</strong>s como ocorri<strong>da</strong> na Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> DeI Leste que estimula o surgimento<strong>de</strong> novas conexões. Com o fechamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> fronteira norte<strong>do</strong> país pelo Sivam, combina<strong>do</strong> com o po<strong>de</strong>roso reforço <strong>da</strong> presença militarna região, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997 recebeu 23 mil sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s, o tráfico <strong>de</strong> armas re<strong>de</strong>scobriuas rotas <strong>do</strong> Cone Sul.A conexão mais recente é o município argentino <strong>de</strong> Puerto Iguazú, vizinhoa Foz <strong>do</strong> Iguaçu, no Paraná, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é organiza<strong>da</strong> e calma, para chegarali é preciso cruzar a Ruta 12, que atravessa uma reserva florestal conheci<strong>da</strong>por abrigar colônias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s borboletas azuis e amarelas. A mata é <strong>de</strong>nsa,<strong>de</strong>serta, tem um só posto <strong>de</strong> guar<strong>da</strong> e é por ela que passam sistematicamentearmas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s, geralmente por militares e policiais, conforme Gasperine.Disse também que as operações maiores são fecha<strong>da</strong>s no Casino Iguazú,uma construção <strong>de</strong> estilo europeu que funciona <strong>da</strong>s 18 até as 5 horas <strong>da</strong> manhã;o casino fica ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong> alfân<strong>de</strong>ga. Ten<strong>do</strong> em vista que a crise econômicareduziu dramaticamente os salários na Argentina, levan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma muitagente <strong>do</strong>s quadros <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong>fesa a compensar as per<strong>da</strong>s com o tráfico<strong>de</strong> armas, disse um agente <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Investigações Sensíveis <strong>do</strong> PolíciaFe<strong>de</strong>ral.As armas que entram por Puerto Iguazú são americanas, belgas, alemãse <strong>de</strong> fabricação local. Um fuzil Colt M-16A, versão leve <strong>de</strong> tropa pára-quedista,é contraban<strong>de</strong>a<strong>do</strong> por US$ 4 mil, pistolas 9mm <strong>da</strong> Belsa Argentina saem porUS$ 1.300. Uma grana<strong>da</strong> <strong>da</strong> Fabricaciones Militares <strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba (FM-C), mo<strong>de</strong>loFMK-2 custa US$ 200, com <strong>de</strong>tona<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo com três regulagens. Umlote <strong>de</strong> 20 mil projéteis <strong>de</strong> calibres 5.56, 7.62, 9mm e .45 foi vendi<strong>do</strong> a traficantescariocas, em janeiro <strong>de</strong> 2004, por R$ 70 mil, entretanto a entrega foi aborta<strong>da</strong>em Cascavel, no Paraná e o intermediário foi preso. Segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>clarou em<strong>de</strong>poimento, os <strong>do</strong>is fornece<strong>do</strong>res são ex-sargentos <strong>do</strong> exército argentino.Não se po<strong>de</strong> aqui <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> citar que, em 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002, a entãogoverna<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, Benedita <strong>da</strong> Silva, entregou uma lista <strong>de</strong> 3.145armas <strong>de</strong> fabricação Argentina a representantes <strong>do</strong> consula<strong>do</strong> argentino no Rio<strong>de</strong> Janeiro. Lista essa elabora<strong>da</strong> com o apoio a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> “Viva Rio” teve como


76base informações <strong>do</strong> DFAE/RJ, não incluía grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mão e foi encaminha<strong>da</strong>à justiça Argentina seguin<strong>do</strong> os canais diplomáticos normais.Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002, Antônio Werneck, jornalista <strong>de</strong> “O Globo”, publicounotas sobre o crescente número <strong>de</strong> grana<strong>da</strong>s FMK2 <strong>de</strong> fabricação Argentinaencontra<strong>da</strong>s pela Polícia <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro em operações contra o narcotráfico,essas notas tiveram corno base a informações analisa<strong>da</strong> por “Viva Rio”/ISERem conjunto com a Subsecretaria <strong>de</strong> Inteligência <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> SegurançaPública <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. No perío<strong>do</strong> entre janeiro e outubro <strong>de</strong> 2002,foram apreendi<strong>da</strong>s 103 grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mão FMK2, <strong>de</strong> origem argentina. Por outrola<strong>do</strong>, entre janeiro <strong>de</strong> 1995 e outubro <strong>de</strong> 2002, <strong>da</strong> polícia <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro a-preen<strong>de</strong>u 252 grana<strong>da</strong>s FMK2 argentinas em operações contra o narcotráfico.2) Audiências Públicas ocorri<strong>da</strong>s na <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>:- Antônio Rangel (Viva Rio), em 12/04/05 - em seu <strong>de</strong>poimento aconselhou atroca <strong>de</strong> informações entre Comissões Parlamentares <strong>do</strong> Brasil com Comissõescom países limítrofes. Lembra que nesse momento a Argentina vem discutin<strong>do</strong>o assunto.- EIir Clarin<strong>do</strong> (Delega<strong>do</strong>), em 03/05/05 - em seu <strong>de</strong>poimento relatou que como termino <strong>da</strong> Guerras <strong>da</strong>s Malvinas, o Brasil, principalmente o Rio <strong>de</strong> Janeiro,foi invadi<strong>do</strong> pelas pistolas Llamas. Disse que o Exército Argentino, po<strong>de</strong> terperdi<strong>do</strong> o controle e os militares ven<strong>de</strong>ram à vonta<strong>de</strong> armas para os marginaisno Rio <strong>de</strong> Janeiro. Sentiu que houve per<strong>da</strong> <strong>de</strong> controle por parte <strong>da</strong> Argentina,ten<strong>do</strong> em vista que não ocorreu nenhum questionamento sobre o assunto emquestão. Lembrou que <strong>de</strong>pois começaram a aparecer as 9mm, to<strong>da</strong>s as pistolasapreendi<strong>da</strong>s no Rio <strong>de</strong> Janeiro são exporta<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Brasil para o Paraguai,Argentina e Bolívia. Não existe confirmação <strong>da</strong>s firmas que receberam os materiaisse a merca<strong>do</strong>ria foi corretamente recebi<strong>da</strong>. É <strong>de</strong> posição que a indústria<strong>de</strong>ve <strong>da</strong>r informações sobre quem foi o intermediário, quem adquiriu, como foifeito o pagamento, para que aqui no Brasil o material vendi<strong>do</strong> seja realmenteenvia<strong>do</strong> e recebi<strong>do</strong> e não vá parar na mão <strong>da</strong> marginali<strong>da</strong><strong>de</strong>.- Diógenes Dantas Filho (Coronel <strong>de</strong> Infantaria), em 12/05/05 - em seu <strong>de</strong>poimentolembrou que no Governo Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so foram assina<strong>do</strong>sprotocolos no âmbito <strong>do</strong> Mercosul, sen<strong>do</strong> um <strong>de</strong>les sobre o controle <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> fogo e produtos correlatos, assinatura ocorri<strong>da</strong> no Chile. Acha que infelizmenteo objetivo não foi atingi<strong>do</strong>.


77- Arthur Cabral (Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro),em 18/05/05 - Apresenta uma relação <strong>de</strong> armas vendi<strong>da</strong>s, na parte relativa aArgentina relata submetralha<strong>do</strong>ra 9FMK3-FMAP. Trata sobre o possível envolvimento<strong>do</strong> ex-presi<strong>de</strong>nte Carlos Menen e <strong>do</strong> seu superministro Domingos CavaIloem ven<strong>da</strong> ilegal <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> dólares em armamento, talvezproveniente <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.- Gilson Pitta Lopes (Chefe <strong>da</strong> 28 Seção Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Maior Geral <strong>da</strong>Polícia Militar <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro), em 24/05/05 - Informou que as armas estrangeirasque são apreendi<strong>da</strong>s pela Polícia Militar são armas oriun<strong>da</strong>s <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Flóri<strong>da</strong>, Ohio, Maryland), <strong>da</strong> Argentina (Buenos Aires), <strong>da</strong> Bolívia,<strong>do</strong> Uruguai e <strong>da</strong>s Filipinas. Apresenta os percentuais, fican<strong>do</strong> a Argentinacom 9%, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s 15%, Bolívia 4%, Filipinas 2% e o Uruguai com 2%.- Humberto Trezzi (Jornalista <strong>do</strong> diário Zero Hora, <strong>de</strong> Porto Alegre), em02/06/2005. Trezzi foi autor <strong>do</strong> artigo "Fronteira é o supermerca<strong>do</strong> <strong>da</strong>s armas".Disse que um <strong>do</strong>s problemas quanto as armas argentinas é que a caça é libera<strong>da</strong>,<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e tal, as armas <strong>de</strong> grosso calibre circulam livremente<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> País. Lembra que o Brasil tem uma fronteira <strong>de</strong> 1.727 Km com a Argentinae o Uruguai, sen<strong>do</strong> a maior parte <strong>de</strong>la seca. Sen<strong>do</strong> assim é fácil paraqualquer gaúcho atravessar para o outro la<strong>do</strong> e comprar um armamento comose fosse para participar <strong>de</strong> caça<strong>da</strong> e trazer para o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> cá. Descobriu emsuas pesquisas que não precisa nem ir a estes países, o pedi<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser feitopor encomen<strong>da</strong>, basta ir uma vez, ganhar a confiança <strong>do</strong>s lojistas e <strong>de</strong>pois pe<strong>de</strong>por encomen<strong>da</strong>.- Luiz Fernan<strong>do</strong> Martins <strong>de</strong> Oliveira (Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia Civil em NovoHamburgo/RS), em 09/08/05 - Disse que, a partir <strong>de</strong> 2002, ocorreu um aumentosignificativo <strong>de</strong> roubos a estabelecimentos bancários e roubo <strong>de</strong> carrosfortesno Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, mais precisamente na região que formao triângulo rico no Esta<strong>do</strong>, área on<strong>de</strong> circula a maior parte <strong>do</strong> dinheiro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.A questão <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas está intimamente liga<strong>da</strong> a esse tipo <strong>de</strong> crime,on<strong>de</strong> quadrilhas que fazem esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito adquirem armamento, na suagran<strong>de</strong> maioria não fabrica<strong>do</strong>s no Brasil, em países com fronteiras com o Brasil,como Argentina, Uruguai e Paraguai. Entre os anos <strong>de</strong> 2003/4, em função<strong>de</strong> prisão que foram feitas nas referi<strong>da</strong>s quadrilhas, foi apreendi<strong>do</strong> to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>armamento conheci<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>s mais sofistica<strong>do</strong>s. A característica <strong>da</strong> épocaé que os FAL que foram apreendi<strong>do</strong>s eram oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército Argentino,bem como também explosivos TNT e cordéis <strong>de</strong>tonantes que são utiliza<strong>do</strong>s na


78hora <strong>da</strong>s explosões <strong>do</strong>s carros-fortes. Continuan<strong>do</strong> a falar <strong>da</strong> Argentina, tratasobre a fiscalização que a seu ver <strong>de</strong>veria ser maior, vê que o maior <strong>de</strong>scontroleé <strong>da</strong> própria Argentina, pois o controle <strong>da</strong>s armas <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s Argentinasé precário, pois os fuzis FAL, e metralha<strong>do</strong>ras antiaéreas que foramencontra<strong>da</strong>s tinham o brasão <strong>da</strong> Argentina. A .30 (arma <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong>fogo) que foi encontra<strong>da</strong>, tinha o brasão <strong>do</strong> exército, na época inclusive oficiaramo Serviço <strong>de</strong> Informações <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> Militar <strong>do</strong> Sul para que tentassem<strong>de</strong>scobrir com o adi<strong>do</strong> militar <strong>da</strong> Argentina <strong>de</strong> qual quartel ela era oriun<strong>da</strong>, pois<strong>de</strong>ve ter si<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> falta no estoque. Não houve resposta a solicitação. A arma<strong>de</strong>ve ter si<strong>do</strong> utiliza<strong>da</strong> em roubo <strong>de</strong> carro-forte, ela seria coloca<strong>do</strong> em tripé, emcima <strong>de</strong> uma caminhonete, ou era utiliza<strong>da</strong> como uma ban<strong>do</strong>leira a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> nocinto se segurança <strong>do</strong> carro.- Rafael Francisco França (Titular <strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Repressão a Entorpecentes<strong>da</strong> Superintendência <strong>da</strong> PF no RS), em 06/10/05 - Trata no seu <strong>de</strong>poimento<strong>da</strong> operação Serraluz que <strong>de</strong>scobriu o crescente tráfico internacional <strong>de</strong>armas e munições provenientes <strong>da</strong> Argentina e <strong>do</strong> Uruguai. Na evolução <strong>da</strong>Operação foi junta<strong>da</strong> a Operação Noia. As investigações apontaram para a supostaparticipação <strong>de</strong> atravessa<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> intermediários, que conseguiam oacesso às armas <strong>do</strong> Uruguai e Argentina, inclusive com indícios <strong>de</strong> participação<strong>de</strong> forças policiais e militares <strong>da</strong>queles países. Tanto é que uma <strong>da</strong>s armasapreendi<strong>da</strong>s foi uma pistola .45 <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>do</strong> exército argentino, inclusivecom munição argentina. As investigações apontaram para a existência <strong>de</strong>um comércio muito mais intenso aí entre pistolas, fuzis e explosivos. Tambémforam investiga<strong>da</strong>s reven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> carros, que serviam <strong>de</strong> facha<strong>da</strong>, que não tinhamnenhuma movimentação. Os carros utiliza<strong>do</strong>s, como moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> troca,eram Audi, BMW, Toyota e caminhonetes. Eram utiliza<strong>do</strong>s “laranjas” e os carroscirculavam, <strong>de</strong>tectaram inclusive que os carros eram utiliza<strong>do</strong>s para pagarcarregamentos <strong>de</strong> drogas, <strong>de</strong> armas e munições, in<strong>do</strong> para a Argentina, Uruguaie até para o Paraguai, os motoristas levavam e retomavam <strong>de</strong> ônibus.- José Alberto <strong>de</strong> Freitas Iegas (Delega<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral), em01/12/2005 - Disse que sua <strong>de</strong>legacia fica localiza<strong>da</strong> em Guarapuava, fronteiracom a Argentina, fican<strong>do</strong> a trezentos quilômetros <strong>da</strong> fronteira. Nessa área <strong>da</strong>fronteira com a Argentina é <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 180 Km. A região, na sua visão,é uma <strong>da</strong>s mais críticas quanto ao tráfico <strong>de</strong> armas, drogas, lança-perfumee munições. Já existem algumas operações on<strong>de</strong> foram constata<strong>da</strong>s que asmunições - grana<strong>da</strong>s também - são provenientes <strong>da</strong> Argentina. O Paraná éuma porta <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> para armas e munições - a prisão <strong>de</strong> Adriel é uma prova


79disso - a fronteira com a Argentina e com o Paraguai são extremamente permeáveise o controle é falho. As principais rotas Paraguai-Foz através <strong>da</strong> BR-277, fronteira su<strong>do</strong>este Argentina entre outras.- Testemunha X - Trata sobre as rotas. Disse que a maior rota é a Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> DelLeste, porque o Mato Grosso <strong>do</strong> Sul fechou - a polícia militar e civil <strong>da</strong>vam coberturapara os caminhões que estavam sain<strong>do</strong> com ma<strong>de</strong>ira, com carvão, atéa fronteira com o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo ou Paraná. A Fe<strong>de</strong>ral começou a apertaras polícias e a rota foi <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>. Agora estão trazen<strong>do</strong> curtume, couro entran<strong>do</strong>pela Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> DeI Leste, pois no burburinho <strong>da</strong> ponte, milhares <strong>de</strong> pessoaspassan<strong>do</strong> é feito vistoria por amostragem, a polícia não tem condição <strong>de</strong>fiscalizar to<strong>do</strong>s que passam. As armas passam até <strong>de</strong> barco, relata seu exemploque quan<strong>do</strong> veio extradita<strong>do</strong>, sua mulher não conseguiu passar na ponte efez o percurso <strong>de</strong> barco sem problemas, passan<strong>do</strong> para a Argentina e <strong>de</strong> lápara o Brasil.- Waldir Copetti Neves (Depoente), em 27/04/05 - RESERVADO - Disse queexiste um corre<strong>do</strong>r que compreen<strong>de</strong> nosso país, Paraguai, Argentina, on<strong>de</strong> ocontraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas é institucionaliza<strong>do</strong>. As armas passam pelo Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Paraná e vão para outros esta<strong>do</strong>s. A rota é opera<strong>da</strong> pelo Lago, on<strong>de</strong> são utiliza<strong>da</strong>sbalsas.- Paulo Roberto Monteiro (Empresário), em 15/09/05 - Disse no <strong>de</strong>poimentoque dispunha <strong>de</strong> várias armas <strong>de</strong> origem paraguaia e Argentina. Comprou armacalibre .22 e muita munição. Comprou na Argentina um "tijolo" - são vintecaixas <strong>de</strong> bala calibre .22, <strong>de</strong> marca Orbea, argentina, numa feira. Lembra queto<strong>do</strong> ano, no mês <strong>de</strong> agosto ou setembro, tem uma feira na Argentina, num lugarchama<strong>do</strong> Palermo, on<strong>de</strong> se ven<strong>de</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, inclusive armas e munição. Amunição que comprou trouxe <strong>de</strong> avião para o Brasil, na bagagem <strong>de</strong>spacha<strong>da</strong>no avião. Trouxe para uso pessoal.- Testemunha D - <strong>de</strong>poente, em 06/10/05 - RESERVADO - Disse que adquiriuarma <strong>de</strong> um argentino que mora em Libres. Ele consegue o armamento <strong>do</strong> e-xército, num prazo <strong>de</strong> 15 dias, se faz o pedi<strong>do</strong> e quan<strong>do</strong> chega ele avisa. Asarmas são consegui<strong>da</strong>s com um policial <strong>do</strong> exército argentino aposenta<strong>do</strong>. Disseque, em Uruguaiana, o esquema <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armas, droga, roubo <strong>de</strong> cargaé bastante pesa<strong>do</strong>.- Marcello Fetter (preso por indícios <strong>de</strong> envolvimento com quadrilha atuanteno tráfico internacional <strong>de</strong> armas - Operação Serraluz-Nóia), em


8024/11/05 - Disse em seu <strong>de</strong>poimento que qualquer pessoa que for a uma região<strong>de</strong> fronteira, Uruguaiana com a Argentina, Santana <strong>do</strong> Livramento com oUruguai e Foz <strong>do</strong> Iguaçu com o Paraguai, po<strong>de</strong> dizer que quer comprar umaarma (mesmo já ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> preso), consegue com to<strong>da</strong> a facili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> quetenha dinheiro para comprar, consegue o que quiser. A fronteira não tem fiscalização.3) Histórico <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armas argentinas (informações coleta<strong>da</strong>s na<strong>CPI</strong>):- Abril <strong>de</strong> 2001 - Representante <strong>da</strong> ONG “Viva Rio” entrega ao Secretário <strong>de</strong>Inteligência <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Argentina, Carlos Arman<strong>do</strong> Becerra, carta <strong>do</strong> entãoSecretário <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, Cel Josias Quintal (hojeDeputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral), solicitan<strong>do</strong> cooperação para o rastreamento <strong>de</strong> 20 grana<strong>da</strong>sFMK2 <strong>de</strong> fabricação Argentina apreendi<strong>da</strong>s no Rio até abril <strong>de</strong> 2001 e <strong>de</strong>uma lista <strong>de</strong> 1.842 armas <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> fabricação argentina apreendi<strong>da</strong>s no Rioentre março <strong>de</strong> 89 e abril <strong>de</strong> 2000;- Julho <strong>de</strong> 2001 - Por ocasião <strong>da</strong> Conferência <strong>da</strong> ONU sobre Tráfico Ilícito <strong>de</strong><strong>Armas</strong>, o Registro Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>da</strong> Argentina (RENAR) respon<strong>de</strong>u à DelegaçãoBrasileira, informan<strong>do</strong> sobre 222 pistolas <strong>de</strong> marca BERSA, incluí<strong>da</strong>sna listagem acima especifica<strong>da</strong> e exporta<strong>da</strong>s para o Brasil e Paraguai. Nãohouve resposta sobre fuzis <strong>de</strong> assalto e sub-metralha<strong>do</strong>ras, e tampouco sobreas 20 grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mão;- Julho <strong>de</strong> 2002 - Durante a cerimônia <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> 10 mil armas, a entãogoverna<strong>do</strong>ra Benedita <strong>da</strong> Silva fez entrega <strong>da</strong>s listas <strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s noRio a representantes consulares <strong>de</strong> 14 países, solicitan<strong>do</strong> cooperação em seurastreamento. Ao representante argentino, foi entregue lista <strong>de</strong> 3.147 armasapreendi<strong>da</strong>s, entre 1950 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001, conten<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre 317 fuzis<strong>de</strong> assalto e submetralha<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>da</strong>s forças militares e policiaisargentinas. As listas foram produzi<strong>da</strong>s pelo “Viva Rio”, com apoio <strong>do</strong> DFAE.- Agosto <strong>de</strong> 2002 - O “Viva Rio”, em parceria com a ONG “Espacios” (<strong>de</strong> Men<strong>do</strong>za/Argentina)forneceram à Sena<strong>do</strong>ra Diana Conti (FREPASO), membro <strong>da</strong>Comissão <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>, as listagens acima cita<strong>da</strong>s;- Outubro <strong>de</strong> 2002 - Foi realiza<strong>da</strong> reunião <strong>da</strong>s comissões bicamerais <strong>de</strong> SegurançaSuperior e Defesa <strong>do</strong> Congresso argentino para analisar os pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>informação <strong>da</strong> Sena<strong>do</strong>ra Diana Conti e <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r Rubén Martí (UCR) ao po-


81<strong>de</strong>r Executivo sobre as armas argentinas apreendi<strong>da</strong>s no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Foidivulga<strong>do</strong> o <strong>do</strong>cumento "Seguien<strong>do</strong> Ia Ruta <strong>de</strong> las <strong>Armas</strong> Incauta<strong>da</strong>s en Rio <strong>de</strong>Janeiro: Algumas Pistas para Argentina", este <strong>do</strong>cumento teve repercussão nasmídias argentina e brasileira;- Novembro <strong>de</strong> 2002 - Basea<strong>do</strong> em informações produzi<strong>da</strong>s por “Viva Rio”/DFAE,o jornal “O Globo” <strong>de</strong> 3/11, publica o artigo "A Conexão Argentina <strong>da</strong>sGrana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Guerra", que teve gran<strong>de</strong> repercussão na mídia argentina. Além<strong>da</strong>s <strong>de</strong>clarações <strong>da</strong> sena<strong>do</strong>ra Conti, o penalista Ricar<strong>do</strong> Monner Sans entroucom uma <strong>de</strong>núncia na Justiça Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Argentina, exigin<strong>do</strong> uma investigaçãosobre os possíveis <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s militares e policiais. O caso<strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s no Rio (excetuan<strong>do</strong> as grana<strong>da</strong>s) ficou a cargo <strong>do</strong> juizfe<strong>de</strong>ral Norberto Oyharbi<strong>de</strong>;- Dezembro <strong>de</strong> 2002 - Nova matéria em “O Globo” provan<strong>do</strong> que a maioria <strong>da</strong>sgrana<strong>da</strong>s estrangeiras captura<strong>da</strong>s no Rio foram fabrica<strong>da</strong>s na Argentina (mo<strong>de</strong>loFMK2 <strong>da</strong> Fábrica Fray Luis Beltrán) e que foram em sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong> apreendi<strong>da</strong>snas zonas <strong>do</strong> narcotráfico;- Março <strong>de</strong> 2003 - A jornalista Míriam Lewin <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> jornalismo investigativo" Punto.<strong>do</strong>c" <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia televisiva argentina “América TV”. produz umamatéria sobre armas <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> tipo militar e grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> produção argentina.A matéria incluía a filmagem <strong>da</strong>s armas e <strong>da</strong>s grana<strong>da</strong>s e uma entrevista com oentão Secretário <strong>de</strong> Segurança Pública Cel Josias Quintal;- Abril <strong>de</strong> 2003 - O Deputa<strong>do</strong> (VCR) Carlos Iparaguirre, membro <strong>da</strong> Comissão<strong>de</strong> Defesa e Segurança Interna <strong>do</strong> Congresso Argentino entregou em mãos aum pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> “Viva Rio”, uma cópia <strong>do</strong> processo administrativo sobre investigaçãorealiza<strong>da</strong> por diversas agências <strong>do</strong> Governo Argentino sobre o pedi<strong>do</strong><strong>de</strong> rastreamento <strong>de</strong> armas e grana<strong>da</strong>s argentinas efetua<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong>2001. O processo <strong>de</strong>monstra que submetralha<strong>do</strong>ras, fuzis e grana<strong>da</strong>s foramproduzi<strong>do</strong>s na Argentina e <strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s por forças policiais e militares argentinas,ten<strong>do</strong> como <strong>de</strong>stino <strong>final</strong> o narcotráfico no Rio <strong>de</strong> Janeiro. No mesmo mês, emuma operação conjunta <strong>da</strong> Superintendência <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio e <strong>da</strong>Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública, são apreendi<strong>da</strong>s 50 grana<strong>da</strong>s FMK2 <strong>de</strong> origemargentina que se <strong>de</strong>stinavam a traficantes <strong>da</strong> Vila <strong>do</strong> João. A Polícia Fe<strong>de</strong>rali<strong>de</strong>ntifica <strong>do</strong>is oficiais militares argentinos envolvi<strong>do</strong>s no tráfico <strong>da</strong>s grana<strong>da</strong>s.Foram apreendi<strong>do</strong>s, conforme informação <strong>do</strong> Gabinete <strong>do</strong> Coman<strong>da</strong>nte <strong>do</strong>Exército, o fuzil automático leve (FAL), calibre 7.62mm, número <strong>de</strong> série


82771534, marca<strong>do</strong> com o brasão <strong>do</strong> Exército Argentino, apreendi<strong>do</strong> em Cascavel/PR;a Pistola Colt, calibre .45 mo<strong>de</strong>lo 1927, com inscrições" Ejército Argentino",Sist. Colt Cal 11,25mm, D.G.F.M., apreendi<strong>do</strong> em Passo Fun<strong>do</strong>/RS. EmFlorianópolis foi apreendi<strong>da</strong> pistola calibre .45 ACP marca HAFDASE, mo<strong>de</strong>loBellester-Molina, Indústria Argentina, conten<strong>do</strong> inscrição "Ejército Argentino"(la<strong>do</strong> direito <strong>do</strong> ferrolho) e <strong>do</strong>is jogos <strong>de</strong> números <strong>de</strong> série, um relativo ao exército"28139" (la<strong>do</strong> direito <strong>da</strong> armação) e outro relativo ao fabricante 55417 (la<strong>do</strong>esquer<strong>do</strong> <strong>da</strong> armação), a arma foi pericia<strong>da</strong>.- 2004 - (RESERVADO) Foram apreendi<strong>da</strong>s pela Polícia Civil <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s sob a custódia <strong>do</strong> DFAE/PCERJ, cerca <strong>de</strong> três mil armas. Pistolasfabrica<strong>da</strong>s pela empresas Bersa S.A. e Fabricaciones Militares <strong>de</strong> Ia Argentina(FM) estão entre as armas mais usa<strong>da</strong>s pelos traficantes. A Bersa teriacomo importa<strong>do</strong>r oficial <strong>do</strong> Paraguai a empresa Perfecta Sami, em Assunção.Estas armas estariam sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s por oficiais argentinos, com intuito <strong>de</strong>serem envia<strong>da</strong>s com aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>s militares paraguaios, para traficantes <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. Nesse esquema as armas seriam encaixota<strong>da</strong>s na Argentina e cruzariama fronteira com o Paraguai, on<strong>de</strong> seriam postas em caminhões, que atravessariamo Rio Paraná por balsas e chegariam à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaira/PR. Osveículos percorreriam, alternativamente, rotas que passam por Curitiba/PR ouGuarapuava/PR, com <strong>de</strong>stino a São Paulo/SP e ao Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ, pela ViaDutra. O elo entre os militares paraguaios e argentinos e os traficantes brasileirosseria o “Vavá” - responsável pelo transporte <strong>da</strong>s armas. Conforme informações<strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército foi apreendi<strong>do</strong> em Goiânia/GO o fuzil, portátil,calibre 7,62mm, número <strong>de</strong> série 16.342, <strong>de</strong> provável origem Argentina.- 2005 - Conforme o Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, foi apreendi<strong>da</strong> pistola calibre 9mm,oxi<strong>da</strong><strong>da</strong>, grava<strong>da</strong> com os números 7.996 e 004.496, com inscrição "FábricaMilitar <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> Portatiles DM Rosário DGFM", com o brasão <strong>da</strong> RepúblicaArgentina - Polícia Fe<strong>de</strong>ral, apreendi<strong>do</strong>s em Doura<strong>do</strong>s/MS. Foi apreendi<strong>da</strong> pelaSegun<strong>da</strong> Seção <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong>-Geral <strong>da</strong> Polícia Militar <strong>de</strong> Minas Gerais uma pistolasemi automática, Cal .9mm, marca DM Rosário Indústria Argentina, semnumeração, pertencente à Polícia Fe<strong>de</strong>ral Argentina; o material foi encontra<strong>do</strong>com menor apreendi<strong>do</strong>, no bairro <strong>de</strong> Concórdia em Belo Horizonte. A Superintendência<strong>da</strong> PF em Palmas/TO, apreen<strong>de</strong>u uma pistola, Calibre 9mm Luger <strong>da</strong>"Fábrica Militar <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> Portatiles DM Rosário DGFM", número <strong>de</strong> série07.134.332 em assalto ocorri<strong>do</strong> a carro-forte na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Gurupi/TO em março<strong>de</strong> 2005, a arma não consta <strong>do</strong>s bancos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s, nem tem especificações <strong>de</strong>que seja <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s Argentina


834) Grana<strong>da</strong>s apreendi<strong>da</strong>s: (Documento RESERVADO):A vigilância <strong>do</strong> DPF sobre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s traficantes <strong>de</strong> armas levou os policiaisa apreen<strong>de</strong>r em abril, na Via Dutra, 50 grana<strong>da</strong>s argentinas FMK2 e cerca<strong>de</strong> 20 mil cartuchos <strong>de</strong> fuzil. Os agentes fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong>scobriram que os traficantescariocas envolvi<strong>do</strong>s com essa transação eram liga<strong>do</strong>s ao Terceiro Coman<strong>do</strong>(TC), no Complexo <strong>da</strong> Maré. No ano <strong>de</strong> 2004 foram apreendi<strong>da</strong>s 787 grana<strong>da</strong>s,<strong>da</strong>s quais 81 são <strong>de</strong> origem argentina, em contraparti<strong>da</strong> com 22 <strong>do</strong> Paraguai.Ocorreu uma pequena diminuição em relação as grana<strong>da</strong>s estrangeirasem 2003, que foram 164 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A grana<strong>da</strong> argentina mo<strong>de</strong>lo FMK2, produzi<strong>da</strong>pela Fábrica Militar FRA Y LUIS BELTRAN, é a grana<strong>da</strong> <strong>de</strong> origem estrangeiramais apreendi<strong>da</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001. A principal apreensãoocorreu em abril <strong>de</strong> 2003, com a interceptação, no Jardim América, <strong>de</strong> um caminhãocom 50 grana<strong>da</strong>s que teriam si<strong>do</strong> encomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo traficante Linho,<strong>do</strong> complexo <strong>da</strong> Maré, pertencente à facção ADA/TC.5) Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s - ONU:Convenção <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s contra o Crime Organiza<strong>do</strong> Transnacional- Decreto n° 5.015 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004 - ratificação feita pelo Brasil àConvenção <strong>da</strong> ONU contra o Crime Organiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> 15/11/2000 em New York.(A convenção entrou em vigor internacional em 29/09/03 e no Brasil em28/02/04). A Convenção foi a resposta <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional à crescenteglobalização <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>. Os grupos criminosos têm se apropria<strong>do</strong><strong>do</strong> avanço tecnológico nos transportes e na comunicação para <strong>de</strong>senvolvernovas maneiras <strong>de</strong> organizar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e potencializar seus ganhos.6) Mercosul:6.1. Mercosul/CMC/Dec. 15/04 - Memorandum <strong>de</strong> Entendimento para o intercâmbio<strong>de</strong> informações sobre a fabricação e o tráfico ilícito <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo,munições e explosivos relaciona<strong>do</strong>s com os Esta<strong>do</strong>s-Parte <strong>do</strong> Mercosul. Sãoresponsáveis pelas informações:- Na Argentina: Secretaria <strong>de</strong> Seguri<strong>da</strong>d Interiores <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong> Justiça,Seguri<strong>da</strong>d Y Derechos Humanos; Ministerio <strong>de</strong> Defesa; Direción Nacional<strong>de</strong> Inteligencia Estratégica;- No Brasil: Secretaria Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong>Justiça (SENASP); Direção <strong>de</strong> Combate ao Crime Organiza<strong>do</strong> <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>-


84ral; Ministério <strong>da</strong> Defesa (Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército); Agência Brasileira <strong>de</strong> Inteligência(ABIN);6.2. Protocolo que proíbe a produção e o tráfico ilícito <strong>de</strong> armas. O acor<strong>do</strong> foifirma<strong>do</strong> em 2003. O Brasil e a Argentina assinaram o acor<strong>do</strong>, mas ain<strong>da</strong> nãoratificaram o <strong>do</strong>cumento. O Paraguai e o Uruguai sequer assinaram o protocolo<strong>da</strong> convenção;6.3. BRA/RLA/S06 - Parcerias UNODC e PNUD – Com duração prevista <strong>de</strong>janeiro a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006. Projeto <strong>de</strong> assistência preparatória que tem comoobjetivo concluir a Ratificação <strong>da</strong> Convenção <strong>da</strong> ONU contra o Crime Organiza<strong>do</strong>Transnacional e seus três protocolos nos países <strong>do</strong> Mercosul (Argentina,Brasil, Paraguai e Uruguai). Coletará informações e realizará seminário paraanálise <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s e produzirá projeto <strong>de</strong> cooperação.7) Legislação brasileira:- Decreto nº 3.229, <strong>de</strong> 29/10/1999 - Promulga a Convenção Interamericanacontra a fabricação e o tráfico ilícito <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições, explosivos eoutros materiais correlatos, concluí<strong>da</strong> em Washington, em 14 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>1997.- Decreto Legislativo nº 58 <strong>de</strong> 18/08/1999 - Aprova o texto <strong>da</strong> Convenção Interamericanacontra a fabricação e o tráfico ilícito <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições eexplosivos e outros materiais correlatos, concluí<strong>da</strong> em Washington em 14 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 1997.- Decreto Legislativo nº 36 <strong>de</strong> 22/02/2006 - Aprova o texto <strong>do</strong> Protocolo contraa Fabricação e o Tráfico Ilícito <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>de</strong> Fogo, suas Peças e Componentese Munições, complementan<strong>do</strong> a Convenção <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s contra o CrimeOrganiza<strong>do</strong> Transnacional, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Assembléia-Geral, em 31 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>2001 e assina<strong>do</strong> pelo Brasil em 11 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2001.8) Legislação Argentina:Na Argentina as Leis nº 23.554, <strong>de</strong> Defesa Nacional, e nº 24.059, <strong>de</strong> SegurançaInterior, tem constituí<strong>do</strong> fun<strong>da</strong>mentos para aju<strong>da</strong>r a fazer o controle <strong>da</strong>segurança. Na Argentina, como em outros países latino-americanos, o estabelecimento<strong>da</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s corpos policiais e forças <strong>de</strong> segurança às ForçasArma<strong>da</strong>s, assim como a condução militar <strong>do</strong>s organismos <strong>de</strong> inteligênciacivil, constituem uma conseqüência <strong>da</strong>s <strong>do</strong>utrinas <strong>de</strong> segurança continental. O


85incremento <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> violência no nível urbano a mais <strong>de</strong> uma déca<strong>da</strong> éuma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s oficiais, entre 1990 e 2001, a taxa <strong>de</strong> registros<strong>de</strong>lituosos se elevou <strong>de</strong> 1.722 a 3.160 para ca<strong>da</strong> 100.000 habitantes, isto é umincremento <strong>de</strong> 83%. A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos contra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s no mesmo perío<strong>do</strong>subiu 104% e a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos a pessoas aumentou 114%.Um <strong>do</strong>s pontos que tem si<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> é a diminuição <strong>do</strong> porte <strong>de</strong> armapara particulares - a regulamentação mais restritiva <strong>de</strong> armas é uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>,isso sem <strong>de</strong>sconhecer a utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s reformas ao Código Penal introduzi<strong>da</strong>spela Lei nº 25.086. Parece necessária a regulamentação mais restritivasobre e posse <strong>da</strong>s armas (art. 14 <strong>da</strong> Lei n° 20.429), on<strong>de</strong> foi incluí<strong>da</strong> a categoria<strong>de</strong> "uso civil condicional" e especialmente as autorizações para porte <strong>de</strong>armas. Deve ser reexamina<strong>do</strong> a atual situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> RegistroNacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (RENAR), on<strong>de</strong> é proposta a transferência <strong>de</strong>le para o Ministerio<strong>de</strong> Justicia, Seguri<strong>da</strong>d y Derechos Humanos.- Ley nº 20.429, <strong>de</strong> 21/05/73 (controle <strong>de</strong> armas, explosivos e materiais afins).- Mesa Temática Sobre Seguri<strong>da</strong>d Ciu<strong>da</strong><strong>da</strong>na - Documento Base, <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong>2003.9) Propostas:- Criação <strong>de</strong> Grupo <strong>de</strong> trabalho, no âmbito <strong>do</strong> Mercosul, que terá como objetivoa compatibilização nas legislações nacionais <strong>de</strong> pontos em comum a seremimplenta<strong>do</strong>s;- Troca <strong>de</strong> informações constante entre os Ministérios <strong>da</strong> Justiça <strong>do</strong>s Países-Parte <strong>do</strong> Mercosul, sobre a apreensão <strong>de</strong> armas e explosivos, prisões <strong>de</strong> traficantes,bem como intercâmbio <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre apreensão <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> origem<strong>do</strong>s países partes em seu país;- Troca <strong>de</strong> informações entre as Receitas Fe<strong>de</strong>rais <strong>do</strong>s Países Membros <strong>do</strong>Mercosul, objetivan<strong>do</strong> a melhoria <strong>da</strong> fiscalização <strong>da</strong>s fronteiras e <strong>da</strong>s movimentações<strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armas;- Ação junto ao Parlatino <strong>do</strong>s parlamentares que estão envolvi<strong>do</strong>s nos trabalhos<strong>de</strong> combate ao tráfico ilícito <strong>de</strong> armas, munições e explosivos, para queseja feita uma reunião específica sobre o tema.Brasília, 20 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2006.


86Deputa<strong>do</strong> COLBERT MARTINS - PPS/BA7.5. SUB-RELATÓRIO DA ÁREA DE FRONTEIRA BRASIL/PERU/BOLÍVIAl. INTRODUÇÃOA Sub-relatoria <strong>da</strong> Área <strong>de</strong> Fronteira Brasil/Peru/Bolívia foi cria<strong>da</strong> a partir<strong>da</strong> <strong>de</strong>signação pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito, Sr. Deputa<strong>do</strong>Moroni Torgan, com base no art. 57, II, <strong>do</strong> Regimento Interno <strong>da</strong> Câmara<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.Ao Sub-relatório sobre Área <strong>de</strong> Fronteira Brasil/Peru/Bolívia interessaanalisar o tráfico <strong>de</strong> armas e munições nas fronteiras <strong>de</strong>stes países, os mecanismosutiliza<strong>do</strong>s, as apreensões realiza<strong>da</strong>s e i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s pela comissão e<strong>de</strong>mais questões pertinentes ao assunto.O principal enfoque <strong>de</strong>sta Relatoria Parcial, no curto perío<strong>do</strong> que tevepara <strong>de</strong>senvolver seus trabalhos, foi buscar indícios <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> armas no Brasile a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> governo brasileiro na região.Antes <strong>de</strong> analisar os fatos e os <strong>do</strong>cumentos disponíveis, <strong>de</strong>sejamos solicitarlicença para tecermos alguns comentários sobre os princípios que regemos trabalhos <strong>de</strong>sta <strong>do</strong>uta comissão.A constatação feita pela ONU <strong>de</strong> que o Brasil ocupa o primeiro lugar nomun<strong>do</strong> em homicídios pratica<strong>do</strong>s por armas <strong>de</strong> fogo e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> chocante <strong>da</strong>proliferação <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo reabriu o <strong>de</strong>bate sobre armas e criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> nopaís.O recente referen<strong>do</strong> popular realiza<strong>do</strong> no Brasil aprofun<strong>do</strong>u o <strong>de</strong>bate <strong>da</strong>sarmas e expôs <strong>de</strong> forma nua e crua o sentimento <strong>de</strong> insegurança <strong>da</strong> populaçãobrasileira em relação a proteção ofereci<strong>da</strong> pelo Esta<strong>do</strong>. O povo está amedronta<strong>do</strong>com a escala<strong>da</strong> <strong>da</strong> violência no Brasil. Ao mesmo tempo, a população<strong>de</strong>monstrou não acreditar que as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> segurança possam enfrentar ecombater à criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira firme e eficaz.O recente caso <strong>do</strong>s ataques <strong>do</strong> PCC em São Paulo é um exemplo dramático<strong>da</strong> ousadia <strong>do</strong>s criminosos e <strong>do</strong> <strong>de</strong>srespeito aos direitos e garantias individuaise coletivas. A Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito surgiu como uma


87resposta a esta <strong>de</strong>sesperança <strong>de</strong> nossa gente. É necessário investigar os motivos<strong>de</strong> tanta insegurança e como po<strong>de</strong>mos aperfeiçoar os serviços estataispara impedir a proliferação <strong>de</strong> armas na mão <strong>de</strong> criminosos e seus atos violentos.O Esta<strong>do</strong> Brasileiro precisa levar alento a sua população.Combater o tráfico <strong>de</strong> armas é um elemento importante para quebrar aca<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> violência <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> e <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas e entorpecentes.Sem a arma como instrumento propulsor <strong>da</strong> violência, os criminosos nãoteriam condições <strong>de</strong> intimi<strong>da</strong>r o povo e as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Combater o tráfico <strong>de</strong>armas no Brasil é atingir a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas suas pernas e nos seus braços, é<strong>de</strong>ixá-los mais frágeis.Um controle maior sobre a produção nacional e internacional <strong>de</strong> armas esua comercialização nos parece uma <strong>da</strong>s chaves para retirar as armas <strong>do</strong>sbandi<strong>do</strong>s. Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ISER, feita pelos sociólogos Leandro Piquet Carneiro eIgnácio Cano, revelou que 78% <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s pela polícia são <strong>de</strong>procedência nacional e, geralmente, rouba<strong>da</strong>s. Segun<strong>do</strong> a divisão <strong>de</strong> ProdutosControla<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Polícia Civil, cerca <strong>de</strong> 77.000 armas foram rouba<strong>da</strong>s, furta<strong>da</strong>sou extravia<strong>da</strong>s em 1998, apenas no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, realimentan<strong>do</strong> omerca<strong>do</strong> ilegal Se levarmos ain<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração que as armas atualmentenas mãos <strong>do</strong>s criminosos, em gran<strong>de</strong> parte, são as que um dia foram legais eque foram rouba<strong>da</strong>s ou furta<strong>da</strong>s, chegaremos à conclusão <strong>de</strong> que um controlegeral <strong>da</strong> produção e <strong>da</strong> comercialização <strong>de</strong> armas e munições legais po<strong>de</strong>rágerar uma que<strong>da</strong> nas armas em mãos criminosas.Além disso, se combinarmos ao aperfeiçoamento <strong>do</strong>s controles <strong>da</strong> produçãoe <strong>da</strong> comercialização uma amplo e eficiente controle <strong>da</strong>s fronteiras, portose aeroportos brasileiros, po<strong>de</strong>remos retirar as armas <strong>de</strong> circulação e ofereceremosa população brasileira segurança, resgatan<strong>do</strong> a confiança nas instituições.Este é o papel <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> armas, <strong>da</strong>r uma contribuição paramelhorar a segurança pública no País. É uma honra contribuir com esta nobremissão.Nosso relatório buscará cumprir as seguintes metas :A) I<strong>de</strong>ntificar o tráfico e/ou indícios <strong>de</strong> tráfico na área <strong>de</strong> fronteira <strong>do</strong> Brasil, Peru,Bolívia;B) Avaliar a fiscalização <strong>do</strong> Governo Brasileiro na região;


88C) Apresentar sugestões ao relator;Vamos ao trabalho!!!!II. O TRÁFICO DE ARMAS NA FRONTEIRA DO BRASIL, PERU E BOLÍVIA.Um <strong>do</strong>s principais subsídios para a analisar o tráfico nesta fronteira po<strong>de</strong>ser encontra<strong>do</strong> no trabalho "Fiscalização <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>de</strong> Fogo e Produtos Correlatos:Uma Política para o Exército Brasileiro <strong>do</strong> Coronel <strong>de</strong> Infantaria DiógenesDantas Filho. O trabalho foi inclusive matéria <strong>de</strong> reportagem <strong>da</strong> revista CartaCapital, <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003.O trabalho lista algumas <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s óbvias <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s armasno Brasil:a) os 16.000 Km <strong>de</strong> fronteiras terrestres, gran<strong>de</strong> parte em linha seca evários locais <strong>de</strong> passagem;b) o litoral extenso com cerca <strong>de</strong> 7.400 km;c) A fronteira Amazônica é uma <strong>da</strong>s áreas passíveis <strong>de</strong> utilização pelotráfico <strong>de</strong> armas pela existência <strong>de</strong> extensa malha hidroviária e diversos campos<strong>de</strong> pouso.Centraremos, reafirman<strong>do</strong> os objetivos <strong>de</strong>sta sub-relatoria, nosso estu<strong>do</strong>na região fronteiriça que envolve o Brasil, Peru e Bolívia, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a análise<strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais regiões e problemáticas para nossos nobres Pares <strong>da</strong> comissão.A fronteira Brasil-Peru possui 2.995 Km e a fronteira Brasil-Bolívia 3.423Km. Nesta região <strong>de</strong> fronteira, foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s indícios <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armascomo <strong>de</strong>screveremos a seguir:No Acre, há indícios <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong> armas no País pelos municípios<strong>de</strong> Basiléia, Pláci<strong>do</strong> <strong>de</strong> Castro e Epitaciolândia ou através <strong>de</strong> pistas <strong>de</strong> pousoclan<strong>de</strong>stinas;Em Rondônia, as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Guajará-Mirim, Costa Marques e Pitangueirassão lista<strong>da</strong>s como portas <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas advin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Bolívia.São cita<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> as principais ro<strong>do</strong>vias utiliza<strong>da</strong>s pelo tráfico: BR-364,BR-425 e BR-429.


89O Tráfico seria feito para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Brasil através <strong>de</strong> bases nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>sgêmeas em Cobija (BO) / Basiléia (AC); Guayaramerin (BO) / Guajará-Mirim(RO); Vila Montevi<strong>de</strong>o (BO) / Pláci<strong>do</strong> <strong>de</strong> Castro (AC); Puerto Suarez (BO) /Corumbá (MS) e San Matias (BO) / Cáceres (MT).Além <strong>de</strong>stas informações, o referi<strong>do</strong> trabalho aponta indícios que o contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> armas em Rondônia, seria realiza<strong>do</strong> com a participação <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>spúblicas e reven<strong>de</strong><strong>do</strong>res <strong>de</strong> armas. Uma informação que enten<strong>de</strong>mosimportante transcrever neste relatório para futuras investigações <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ralé a afirmação que no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, particularmente nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>Belém, Abaetetuba e Marabá, é gran<strong>de</strong> a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas rouba<strong>da</strong>s e envia<strong>da</strong>sàs gangues <strong>de</strong> Macapá (AP) ou para o interior <strong>da</strong> Amazônia, chegan<strong>do</strong>a Colômbia e o Peru, em troca <strong>de</strong> droga.Além <strong>de</strong>stes indícios, consta <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, em resposta ao Ofício n° 171 <strong>de</strong> 29<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005, relatório n° 130/05/DEl/PC/RO <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Rondônia, a apreensão <strong>de</strong> 70 bombas <strong>de</strong> dinamite, 600 cartuchos 762, 01 rifleWinchester, 150 cordões <strong>de</strong> espoleta, 06 gan<strong>do</strong>las, 20 chapéus camufla<strong>do</strong>s, 01capacete militar, 01 colete, 12 peças <strong>de</strong> plástico e 09 coquetéis molotov.Outro Ofício n° 717 <strong>de</strong> 19 abril <strong>de</strong> 2005 <strong>da</strong> Superintendência Regional <strong>da</strong>Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Rondônia em resposta ao Ofício n° 129 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong>março <strong>de</strong> 2005 <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong> nos dá notícia <strong>da</strong> instauração <strong>de</strong> 116 inquéritos pertinentesa apreensão <strong>de</strong> armas, munições, explosivos e drogas, bem como onome <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s. Pela relevância <strong>de</strong>stas informações, trataremos o referi<strong>do</strong>relatório como anexo a este trabalho (Anexo l).No esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre, Ofício n° 225 <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2005 <strong>da</strong> Secretaria<strong>de</strong> Justiça e Segurança Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre em resposta ao Ofício n°172 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2005 <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> - Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> informa as apreensõesocorri<strong>da</strong>s naquele esta<strong>do</strong> entre 2000 e 2005, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com tabela abaixo:Tabela 1 - Apreensões <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>de</strong> Fogo no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre <strong>de</strong> 2000 a2005 por tipo <strong>de</strong> arma.TIPO DE ARMA TOTALRevólver 725Pistola 82Espingar<strong>da</strong> 440Garrucha 43Metralha<strong>do</strong>ra 02Escopeta 281Rifle 55Fuzil 2


90TOTAL 1.630Desta forma, apesar <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s e as informações constantesnesta <strong>CPI</strong> não serem <strong>de</strong>finitivos sobre o grau <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armasnesta região, po<strong>de</strong>mos aferir que existem indícios graves <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tráfico<strong>de</strong> armas na região, merecen<strong>do</strong> atenção maior <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s.III. FISCALIZAÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO NA FRONTEIRA BRA-SIL/PERU/BOLÍVIAConhecer a estrutura atual <strong>de</strong> segurança <strong>da</strong>s fronteiras brasileiras é fun<strong>da</strong>mentalpara localizar as falhas na fiscalização e os investimentos necessáriospara criar as condições satisfatórias para proteção a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>de</strong> nosso paíse <strong>da</strong> nossa população.Nosso foco aqui é segurança pública nas fronteiras e não segurança nacionalque envolve uma análise sobre as forças arma<strong>da</strong>s e suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Apesar <strong>de</strong> levarmos em consi<strong>de</strong>ração o trabalho <strong>da</strong>s forças arma<strong>da</strong>s na região,inclusive na repressão ao tráfico, nosso foco é a polícia fe<strong>de</strong>ral e as políciasestaduais. Outra limitação <strong>de</strong> análise é a região-foco <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>sta relatoria;não estu<strong>da</strong>remos o trabalho <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong>s 16 mil Km <strong>de</strong> fronteira, mastão somente os mais <strong>de</strong> 6.000 Km que envolvem a fronteira Brasil / Peru / Bolívia.É importante consignar algumas questões <strong>de</strong> âmbito geral que subsidiamnossa análise sobre a fiscalização <strong>do</strong> governo nas fronteiras brasileiras. Emprimeiro lugar, registramos que no ano <strong>de</strong> 2003 foi cria<strong>da</strong> a Divisão <strong>de</strong> Repressãoao Tráfico Ilícito <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> no âmbito <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral com a competência<strong>de</strong> planejar, orientar, coor<strong>de</strong>nar, avaliar e promover as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais<strong>de</strong> prevenção, investigação e persecução ao crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong>sarmas <strong>de</strong> fogo,munições, acessórios e a outros crimes correlatos. Isto <strong>de</strong>monstra umatendência <strong>do</strong> governo brasileiro.Em segun<strong>do</strong> lugar, registramos a criação <strong>da</strong> Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> OperaçõesEspeciais <strong>de</strong> Fronteiras em setembro <strong>de</strong> 2003 no âmbito <strong>da</strong> polícia fe<strong>de</strong>ral coma meta <strong>de</strong> combater o crime organiza<strong>do</strong>.Vejam que estas medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>monstram uma <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> governofe<strong>de</strong>ral em combater o crime <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas e proteger as fronteiras <strong>do</strong>país <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> segurança pública. Nos parece que o grau <strong>de</strong> implementação<strong>da</strong>s ações concretas ain<strong>da</strong> é lento e <strong>de</strong>ve ser acelera<strong>do</strong>, porém a


91vonta<strong>de</strong> política fica explícita guan<strong>do</strong> nos <strong>de</strong>bruçamos sobre as políticas <strong>de</strong>segurança pública <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral.Numa primeira inferência sobre a proteção <strong>da</strong>s fronteiras brasileiras, <strong>de</strong>tectamosque <strong>do</strong>s 52 postos <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral previstos pelo governo para suavigilância, somente 23 estão em funcionamento até o momento. Segun<strong>do</strong> oDelega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral Mário Spósito, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> operações especiais <strong>de</strong> fronteiras,o cronograma <strong>de</strong> implantação está sen<strong>do</strong> segui<strong>do</strong> e espera-se que até2007 to<strong>do</strong>s os postos estejam implanta<strong>do</strong>s.A Policia Fe<strong>de</strong>ral informa ain<strong>da</strong> que está <strong>da</strong>n<strong>do</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> para as operaçõescom os países que representam maior risco: Peru e Colômbia. Por essemotivo, as operações que controlam a fronteira com esses <strong>do</strong>is países são asúnicas que já têm to<strong>do</strong>s os postos implementa<strong>do</strong>s. Spósito argumenta que boaparte <strong>da</strong> cocaína consumi<strong>da</strong> no mun<strong>do</strong> tem origem colombiana e que o Peru éuma <strong>da</strong>s principais rotas <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas e armas que passam pelo Brasilrumo à Europa e aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. O <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> adverte para o fato <strong>de</strong> queos criminosos utilizam também outros países vizinhos ao Brasil como rota,mesmo que com menor intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>.O controle <strong>da</strong>s fronteiras é feito pelas Forças Arma<strong>da</strong>s e pela PF, quemuitas vezes organizam operações conjuntas. A avaliação <strong>da</strong>s duas instituiçõesé que, se o efetivo fosse maior, o combate ao tráfico <strong>de</strong> drogas e armas eà imigração ilegal seria mais eficaz. "Na Argentina eles têm mais <strong>de</strong> 35 mil policiaisfe<strong>de</strong>rais, aqui temos que nos virar com cerca <strong>de</strong> 12 mil", afirmação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>Fe<strong>de</strong>ral Mauro Spósito, em reportagem <strong>do</strong> Correio Braziliense <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong>maio passa<strong>do</strong>.Na região sobre análise <strong>de</strong>sta relatoria a Polícia Fe<strong>de</strong>ral tem duas operaçõesespeciais em conjunto com o exército. A PEBRA, Fronteira <strong>do</strong> Brasilcom o Peru que tem oitos postos em funcionamento, com efetivos entre 32 e120 homens, e BRABO, Fronteira <strong>do</strong> Brasil com a Bolívia, com previsão <strong>de</strong> 13postos, estan<strong>do</strong> apenas seis em funcionamento, e efetivo não divulga<strong>do</strong>.Este postos têm à disposição, além <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>res e diversos equipamentos,helicópteros e barcos, se necessário, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong>localização <strong>de</strong> suas operações. A Operação PEBRA surge <strong>da</strong> estratégia <strong>de</strong>combater o narcotráfico e também ações <strong>de</strong> guerrilheiros <strong>do</strong> grupo Sen<strong>de</strong>roLuminoso. Segun<strong>do</strong> Spósito, um ataque <strong>do</strong> Sen<strong>de</strong>ro a um quartel <strong>do</strong> exército


92peruano, no <strong>final</strong> <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2005, na região <strong>do</strong> Ayacucho, a 250 km <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>brasileira <strong>de</strong> Cruzeiro <strong>do</strong> Sul, preocupou as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais <strong>da</strong> fronteira.A PEBRA busca neutralizar o fluxo <strong>de</strong> pasta-base <strong>do</strong> território peruanopara o brasileiro <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao incremento <strong>do</strong>s plantios no Peru e visa dinamizarain<strong>da</strong> o intercâmbio policial fronteiriço, em razão <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> queligará o Brasil ao Pacífico, pelo Acre.A Operação BRABO, junção <strong>da</strong>s iniciais <strong>de</strong> Brasil e Bolívia, <strong>de</strong>senvolverámedi<strong>da</strong>s policiais e sociais na fronteira entre os <strong>do</strong>is países, envolven<strong>do</strong> osesta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Rondônia, Acre, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Mato Grosso.Será implanta<strong>do</strong> o Centro Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fiscalização Fe<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>sações conjuntas <strong>da</strong> PF com outros órgãos - Incra, Ibama, Receita Fe<strong>de</strong>ral,Delegacia <strong>do</strong> Trabalho, Vigilância Sanitária e INSS. O prédio ficará em CostaMarques (RO) e será construí<strong>do</strong> em um terreno <strong>do</strong>a<strong>do</strong> pela prefeitura.A Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>finiu oito metas como parte <strong>da</strong> Operação BRABO:- i<strong>de</strong>ntificar e obstruir os sistemas produtivos <strong>de</strong> drogas;- <strong>de</strong>sarticular organizações criminosas transnacionais <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s ao tráfico<strong>de</strong> armas, entorpecentes e crimes conexos;- impedir a transferência para o Brasil <strong>da</strong>s bases operacionais <strong>do</strong> narcotráficoboliviano;- coibir o <strong>de</strong>svio e o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtos químicos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s àprodução <strong>de</strong> droga;- resguar<strong>da</strong>r a faixa <strong>de</strong> fronteira <strong>de</strong> imigrações clan<strong>de</strong>stinas;- evitar confrontos com a população indígena e a violação <strong>de</strong> suas áreasprotegi<strong>da</strong>s;- precaver <strong>da</strong>nos ao meio ambiente;- evitar a transferência <strong>de</strong> cultura <strong>da</strong> violência e <strong>do</strong> narcotráfico na região.Paralelamente às ações <strong>da</strong> BRABO, a PF vai instalar a Operação Ribeirinho,cujo objetivo é afastar a população tradicional <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, auxilian<strong>do</strong>-osnas suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s básicas, <strong>do</strong>an<strong>do</strong> produtos e objetos que são


93essenciais na floresta, como pilhas, linha, anzol, roupas e diversos outros equipamentosutiliza<strong>do</strong>s no dia-a-dia.Outras operações importantes i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s foram a operação JAVARque visou a realização <strong>de</strong> patrulhamento contínuo <strong>do</strong> Rio Javari, que <strong>de</strong>limitagran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> fronteira Brasil-Peru e Operação Mamoré, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Rondôniaque objetivou combater o crime organiza<strong>do</strong>, particularmente ao narcotráfico,à lavagem <strong>de</strong> dinheiro, ao comércio ilegal <strong>de</strong> armas e pedras preciosas.Apreen<strong>de</strong>u três pessoas com 200 quilates <strong>de</strong> diamantes e armas na região <strong>de</strong>espigão <strong>do</strong> Oeste, em Rondônia.Estas foram as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s no âmbito <strong>de</strong>sta sub-relatoria naregião, isto não significa dizer que nosso rol foi exaustivo, porém enten<strong>de</strong>mosque <strong>de</strong>mos <strong>de</strong>staque as principais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Brasileiro na região.IV. SUGESTÕES AO RELATORUma <strong>da</strong>s evidências <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s pelo trabalho <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong> é a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> anível mundial relativa ao controle <strong>do</strong> comércio internacional <strong>de</strong> armas, inclusivenas fronteiras brasileiras. As tentativas <strong>de</strong> criar uma convenção internacionalsobre o rastreio <strong>de</strong> armas foi frusta<strong>da</strong> pelo bloco árabe e americano.Nos encontros entre esta <strong>CPI</strong> e o representantes <strong>do</strong>s países referi<strong>do</strong>sneste relatório ocorri<strong>do</strong>s no Itamaraty, ficou claro a baixa fiscalização nas fronteiras,particularmente nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s gêmeas cita<strong>da</strong>s neste <strong>do</strong>cumento, bem como,a ausência <strong>de</strong> um intercâmbio permanente <strong>de</strong> informações relativas aotráfico <strong>de</strong> armas entre os países <strong>do</strong> Brasil, <strong>da</strong> Bolívia e <strong>do</strong> Peru.Diante disto, sugerimos ao relator indicação ao governo Brasileiro nosenti<strong>do</strong> que envi<strong>de</strong>mos esforços para a criação <strong>de</strong> uma Convenção <strong>de</strong> cooperaçãoentre Brasil, Bolívia e Peru para o combater o crime organiza<strong>do</strong> e otráfico <strong>de</strong> armas, drogas e entorpecentes.Outra sugestão ao relator é a apresentação ao governo brasileiro <strong>de</strong>uma indicação solicitan<strong>do</strong> a instalação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os postos <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ralnas fronteiras, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as previsões <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Justiça.Solicitar ao governo brasileiro um plano para <strong>do</strong>brar os efetivos <strong>da</strong> Políciafe<strong>de</strong>ral em <strong>do</strong>is anos.Garantir intensa fiscalização pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> ponte que ligao Acre ao PERU.


94Realizar parcerias com as populações ribeirinhas e indígenas para ocombate ao tráfico <strong>de</strong> drogas e <strong>de</strong> armas.V. CONCLUSÕESA investigação que realizamos po<strong>de</strong> constatar o perigo que paira sobrenossas cabeças na fronteira entre o Brasil, o Peru e a Bolívia. A fiscalizaçãoain<strong>da</strong> insuficiente possibilita um corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> para as armas <strong>de</strong> fogo eum chamariz para os traficantes.De acor<strong>do</strong> com os trabalhos, as apreensões aferi<strong>da</strong>s e os relatos na <strong>CPI</strong>não se i<strong>de</strong>ntificou uma situação epidêmica, como po<strong>de</strong>mos verificar na fronteirasul <strong>do</strong> país, no entanto, é preocupante as condições atuais <strong>de</strong> fiscalização naregião.É urgente e necessário ampliar a proteção <strong>da</strong>s fronteiras brasileiras comestes países, sob pena, <strong>de</strong> escancararmos nosso país ao tráfico internacional<strong>de</strong> drogas e <strong>de</strong> armas. Com a ampliação <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> fiscalização na regiãosul <strong>do</strong> país, os traficantes po<strong>de</strong>rão migrar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a fronteiraamazônica com maior intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>vemos estar prepara<strong>do</strong>s.Reconhecemos os esforços <strong>do</strong> governo brasileiro nos últimos anos paramelhorar a segurança nas fronteiras, as Operações BRABO, PEBRA, Mármoree Ribeirinho representam um avanço significativo, porém ain<strong>da</strong> é insuficiente.Ampliar os efetivos e os postos na fronteira <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, celebrar os a-cor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> colaboração com as Repúblicas Peruanas e Bolivianas são metasain<strong>da</strong> não alcança<strong>da</strong>s que <strong>de</strong>vem ser persegui<strong>da</strong>s incessantemente.O tráfico <strong>de</strong> armas no Brasil é um mal que se alastra em to<strong>da</strong>s as regiõese o instrumento <strong>de</strong> força <strong>do</strong>s criminosos <strong>de</strong> nosso país. Desarmá-los é papel<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Brasileiro.O Brasil <strong>de</strong>ve preparar-se melhor para esta tarefa. Inteligência, tecnologiae firmeza no combate ao crime é o caminho mais acerta<strong>do</strong> para vencermosesta batalha.Esta sub-relatoria <strong>de</strong>ixa esta humil<strong>de</strong> contribuição às conclusões <strong>de</strong>sta<strong>CPI</strong> e fica à disposição para esclarecimentos e críticas.Deputa<strong>da</strong> PERPÉTUA ALMEIDASub-Relatora


957.6. SUB-RELATÓRIO DA ÁREA BRASIL/URUGUAI7.7. SUB-RELATÓRIO DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO7.8. SUB-RELATÓRIO DOS PORTOS E AEROPORTOS7.9. SUB-RELATÓRIO DE COMUNICAÇÕES EM PRESÍDIOS1. Antece<strong>de</strong>ntesUma <strong>da</strong>s preocupações <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua instalação,foi traçar um diagnóstico <strong>da</strong> logística <strong>de</strong> comunicação <strong>da</strong>s organizaçõescriminosas - primordialmente <strong>da</strong>queles mais liga<strong>do</strong>s ao tráfico. Durante as investigações,ganhou relevância o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mecanismos utiliza<strong>do</strong>s por li<strong>de</strong>rançascriminosas sob custódia que, apesar <strong>de</strong> estarem em estabelecimentosprisionais, conseguiam enviar suas or<strong>de</strong>ns e coor<strong>de</strong>nar diversas ações externasaos presídios.Além disso, acontecimentos como a on<strong>da</strong> <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong> ataques <strong>da</strong>organização criminosa Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital (PCC) nos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e outros, ocorri<strong>da</strong> no mês <strong>de</strong>maio, reforçaram essa linha <strong>de</strong> investigações. As investigações preliminares <strong>da</strong>polícia <strong>de</strong>monstraram que a organização <strong>do</strong>s ataques e a or<strong>de</strong>m para o início<strong>da</strong>s ações <strong>do</strong> PCC contra o ci<strong>da</strong>dão e o po<strong>de</strong>r público partiram <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>estabelecimentos prisionais. E o principal instrumento <strong>de</strong> comunicação utiliza<strong>do</strong>pelas li<strong>de</strong>ranças <strong>da</strong> facção criminosa foi o telefone sem fio, como os quais pu<strong>de</strong>ramorquestrar a on<strong>da</strong> <strong>de</strong> atenta<strong>do</strong>s que assolou vários esta<strong>do</strong>s.Foi em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a essas constatações que <strong>de</strong>cisões judiciaisnos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Espírito Santo e <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong>terminaramo bloqueio imediato <strong>do</strong>s sinais <strong>de</strong> celulares nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> presídiosem diversas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior e até mesmo na capital <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul,Campo Gran<strong>de</strong>. Como as <strong>de</strong>cisões judiciais <strong>de</strong>viam ser cumpri<strong>da</strong>s imediatamente,e não havia tempo hábil para se elaborarem ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros projetos para obloqueio <strong>de</strong> sinais em estabelecimentos prisionais, a solução a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> parabuscar evitar a comunicação foi a <strong>de</strong> impedir a origem e terminação <strong>de</strong> chama<strong>da</strong>snas Estações Rádio-Base (ERBs) ou em setores que <strong>da</strong>vam cobertura aospresídios cita<strong>do</strong>s nas <strong>de</strong>cisões. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram eficiência apenasmo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, já que outras formas <strong>de</strong> comunicação ou até mesmo a utilização <strong>de</strong>celulares "incrementa<strong>do</strong>s", com maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recepção e transmissão,


96passaram a ocorrer no interior <strong>do</strong>s presídios. Além disso, diversos mora<strong>do</strong>res<strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s como Campo Gran<strong>de</strong>, no Mato Grosso <strong>do</strong> Sul; <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Wenceslau,laras, Araraquara, São Vicente e Franco <strong>da</strong> Rocha, em São Paulo; e <strong>de</strong>Vila Velha e Viana, no Espírito Santo, ficaram impossibilita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> utilizaremseus aparelhos celulares <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong> antenas que atendiam àssuas locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Portanto, algumas questões pairavam no ar. Como garantir um bloqueioefetivo <strong>de</strong> comunicações em estabelecimentos prisionais sem trazer qualquerprejuízo aos mora<strong>do</strong>res <strong>da</strong>s imediações <strong>de</strong>sses estabelecimentos? Como estabeleceruma política pública efetiva <strong>de</strong> combate ao uso <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong>comunicação por presidiários em custódia? Essas e outras questões relativasàs comunicações passaram a estar ca<strong>da</strong> vez mais presentes nas discussões<strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, fruto não apenas <strong>da</strong>s investigações realiza<strong>da</strong>s nos últimos meses, mastambém <strong>do</strong> clamor popular em busca <strong>de</strong> respostas às perguntas aqui levanta<strong>da</strong>s.Exatamente por isso, foi realiza<strong>da</strong> uma Audiência Pública na <strong>CPI</strong> em sua66.ª reunião, realiza<strong>da</strong> em 24 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006, para discussão <strong>do</strong> tema. Participaram<strong>da</strong> audiência, como palestrantes convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s, o Professor <strong>de</strong> EngenhariaElétrica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, Leonar<strong>do</strong> Menezes, e os seguintes representantes<strong>de</strong> opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia celular:CLARO- Dra. Stella Maris Nelson <strong>de</strong> Mello Manier (Diretora Jurídica)- Rodrigo Andra<strong>de</strong> Cavalcanti Araújo (Diretor <strong>de</strong> Operações e Manutenção <strong>de</strong>Re<strong>de</strong>.0I- João <strong>de</strong> Deus Pinheiro <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> (Diretor <strong>de</strong> Planejamento Executivo)- Antônio Parrini Pimenta (Diretor <strong>de</strong> Engenharia)VIVO- Roberto Lima (Presi<strong>de</strong>nte)TIM- Mário César Pereira <strong>de</strong> Araújo (Presi<strong>de</strong>nte)Na audiência, ficou clara uma posição bastante conflituosa entre os palestrantes,cujas opiniões variaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a visão otimista <strong>da</strong> plena viabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> projetos que visassem ao bloqueio às comunicações em presídios, com umcusto <strong>de</strong> baixo a mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, até uma abor<strong>da</strong>gem mais pessimista, segun<strong>do</strong> aqual projetos <strong>de</strong>ssa monta seriam dispendiosos e inviáveis. Porém, mais <strong>do</strong>que simplesmente gerar a polêmica saudável, que leva à discussão <strong>de</strong> proble-


97mas e ao conflito <strong>de</strong> idéias, era intuito <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, ao propor o tema "bloqueio <strong>de</strong>celulares", chegar a conclusões sobre quais medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>veriam ser toma<strong>da</strong>s emcurto, médio e longo prazos. Ain<strong>da</strong> que houvesse discussões sobre a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>ou não <strong>do</strong> bloqueio <strong>de</strong> celulares, existia um consenso <strong>de</strong> que ações enérgicas<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>veriam ser toma<strong>da</strong>s para coibir ao máximo a utilização <strong>de</strong> e-quipamentos <strong>de</strong> comunicação em presídios. Restava, portanto, discutir <strong>de</strong> maneiramais ampla e aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> quais ações <strong>de</strong>veriam ser toma<strong>da</strong>s para tantoe se o bloqueio <strong>de</strong> celulares era <strong>de</strong> fato uma <strong>da</strong>s políticas a serem a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s.Devi<strong>do</strong> às muitas dúvi<strong>da</strong>s que ain<strong>da</strong> restaram após a realização <strong>da</strong> audiênciapública, a presidência <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> nomeou uma sub-relatoria responsávelpor discutir a questão "comunicações nos presídios". Foi <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> relator oDeputa<strong>do</strong> Júlio Semeghini, e como membros os Deputa<strong>do</strong>s Arnal<strong>do</strong> Faria <strong>de</strong>Sá, Carlos Sampaio, Alberto Fraga e Coronel Alves. No âmbito <strong>de</strong>ssa subrelatoria,foi cria<strong>do</strong> na mesma ocasião um Grupo <strong>de</strong> Trabalho para discutir especificamenteas técnicas para o bloqueio <strong>de</strong> comunicações em presídios. Ogrupo foi forma<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os integrantes <strong>da</strong> sub-relatoria <strong>de</strong> comunicaçõesnos presídios, além <strong>de</strong> representantes <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> celular, <strong>da</strong> AgênciaNacional <strong>de</strong> Telecomunicações (Anatel), <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimentoem Telecomunicações (CPqD), integrantes <strong>de</strong> Secretarias <strong>de</strong> SegurançaPública pesquisa<strong>do</strong>res, contan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> com o apoio <strong>da</strong> Consultoria Legislativa<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.Note-se que <strong>do</strong> projeto inicial "bloqueio <strong>de</strong> celulares", avançou-se paraalgo mais amplo - "controle <strong>da</strong>s comunicações e seu bloqueio". Esse segun<strong>do</strong>tema foi escolhi<strong>do</strong> como o eixo a guiar as discussões <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho,que <strong>de</strong>veria discutir as diferentes técnicas e soluções que po<strong>de</strong>riam ser aplica<strong>da</strong>spara o alcance <strong>de</strong>sse fim. É ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que não se po<strong>de</strong> negar que a tecnologiacelular é a mais utiliza<strong>da</strong> para a realização <strong>de</strong> comunicações em presídio,e esse foi o tema principal <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as discussões <strong>do</strong> grupo. No entanto <strong>de</strong>vemosressaltar que justamente esta tecnologia permite a ação <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong>inteligência <strong>da</strong>s Secretarias <strong>de</strong> Segurança através <strong>de</strong> monitoramento e escuta.Somente em 2005 foram atendi<strong>da</strong>s mais <strong>de</strong> 1.200.000 solicitações <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>sque permitiram a atuação <strong>de</strong>stas no combate ao crime organiza<strong>do</strong>. Mas háque se ter em mente que ela é apenas uma <strong>de</strong>ntre diversas outras formas quepo<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s por presidiários para se comunicarem com o exterior <strong>de</strong>estabelecimentos prisionais. E mesmo quan<strong>do</strong> falamos exclusivamente sobrecelulares, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> não existe uma, e sim várias tecnologias, o que já exigiriapor si só uma visão, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista tecnológica, bem mais abrangente.


982. Tecnologia emprega<strong>da</strong>Em termos <strong>de</strong> princípios, bloquear o uso <strong>de</strong> celulares é bastante similara bloquear qualquer outro tipo <strong>de</strong> comunicação por rádio. Basicamente, umtelefone celular funciona como um aparato <strong>de</strong> comunicação que se utiliza <strong>de</strong>uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação por rádio provi<strong>da</strong> por uma infra-estrutura <strong>de</strong> torres ebases transmissoras e receptoras - conheci<strong>da</strong>s como estações rádio-base(ERB). A instalação <strong>de</strong>ssas ERBs provê uma locali<strong>da</strong><strong>de</strong> com diversas pequenasáreas ou células - <strong>da</strong>í o nome celular - que juntas tornam o serviço disponívelem uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> área maior.Um bloquea<strong>do</strong>r <strong>de</strong> celular transmite na mesma freqüência <strong>de</strong> rádio utiliza<strong>da</strong>por um telefone celular, o que impossibilita a sua comunicação com aERB mais próxima. Desse mo<strong>do</strong>, o bloquea<strong>do</strong>r satura o telefone celular transmitin<strong>do</strong>um sinal na mesma freqüência em que ele funciona, mas com informaçõesembaralha<strong>da</strong>s que não po<strong>de</strong>m ser transforma<strong>da</strong>s pelo aparelho em umsom compreensível.Contu<strong>do</strong>, algumas características técnicas <strong>da</strong> telefonia sem fio fazemcom que essa aparente simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> para o bloqueio <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> comunicaçãoseja ilusória. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, trata-se <strong>de</strong> uma tarefa bastante complexa, queexige a elaboração <strong>de</strong> projetos muito bem planeja<strong>do</strong>s e executa<strong>do</strong>s para quesejam bem sucedi<strong>do</strong>s - pois <strong>de</strong>vem consi<strong>de</strong>rar, além <strong>da</strong> própria vertente tecnológica,também as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> caba presídio e o ambiente no qual foramconstruí<strong>do</strong>s. Por exemplo, os telefones celulares são projeta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> aobterem ganhos <strong>de</strong> recepção, por meio <strong>do</strong> aumento automático <strong>de</strong> suas potências,sempre que <strong>de</strong>tectam que<strong>da</strong> <strong>de</strong> sinal ou presença <strong>de</strong> interferências - portanto,um bloquea<strong>do</strong>r tem <strong>de</strong> ter a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer essa tentativa<strong>do</strong>s aparelhos e proce<strong>de</strong>r a um aumento <strong>de</strong> potência na mesma medi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> a manter esse aparelho bloquea<strong>do</strong>. Além disso, quan<strong>do</strong> falamos em "freqüência",há <strong>de</strong> se ter em mente que telefones celulares operam em um sistemaconheci<strong>do</strong> como "full-duplex- services", que significa que eles usam duasfreqüências distintas para recepção e envio <strong>de</strong> informações. Um sistema <strong>de</strong>bloqueio, portanto, <strong>de</strong>ve ter a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bloquear ambas as freqüências,<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a impedir completamente qualquer tipo <strong>de</strong> comunicação sem fio.Porém o maior problema relativo à tecnologia celular é, sem dúvi<strong>da</strong>, amultiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnologias disponíveis, que funcionam nas mais diversasfreqüências. No Brasil, temos quatro tecnologias celulares em operação: GSM,CDMA, TDMA e AMPS. As faixas <strong>de</strong> freqüência nas quais as opera<strong>do</strong>ras estão


99autoriza<strong>da</strong>s a prestarem o Serviço Móvel Celular e o Serviço Móvel Pessoalsão estabeleci<strong>da</strong>s pela Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações. A Resolução376, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2004, estabelece as seguintes faixas:Tabela I - Faixas <strong>de</strong> radiofreqüência <strong>do</strong> SMPTransmissão <strong>da</strong> Estação Móvel(MHz)Transmissão <strong>da</strong> Estação RádioBase (MHz)Subfaixa A824 a 835 869 a 880845 a 846,5 890 a 891,5Subfaixa B835 a 845 880 a 890846,5 a 849 891,5 a 894Subfaixa D910 a 912,5 955 a 957,51710 a 1725 1805 a 1820Subfaixa E912,5 a 915 957,5 a 9601740 a 1755 1835 a 1850898,5 a 901 943,5 a 946Há que se ressaltar também que, apesar <strong>de</strong> a tecnologia celular ser largamentea mais utiliza<strong>da</strong> por <strong>de</strong>tentos em estabelecimentos prisionais para secomunicarem com o exterior <strong>do</strong>s presídios, ela não é a única. Há diversas outrasformas <strong>de</strong> comunicações sem fio que são ou po<strong>de</strong>m vir a ser utiliza<strong>da</strong>spara esse fim - cite-se, por exemplo, a telefonia via satélite, o "wireless localloop" (WLL, espécie <strong>de</strong> acesso fixo sem fio), o trunking, <strong>de</strong>ntre diversos outros.Portanto, uma tecnologia <strong>de</strong> bloqueio, para ser efetivamente bem sucedi<strong>da</strong>,<strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> bloquear não apenas to<strong>da</strong>s as freqüências <strong>da</strong> telefonia celular,mas também qualquer outra utiliza<strong>da</strong> para a realização <strong>de</strong> comunicaçõessem fio.Finalmente, é necessário lembrar que será necessário criar mecanismoseficientes para a manutenção e a atualização <strong>do</strong>s equipamentos nos projetosque visem ao controle <strong>da</strong>s comunicações em presídio. Isso só é possível seto<strong>da</strong> alteração <strong>de</strong> sinal - causa<strong>da</strong> pela entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma nova tecnologia, pelaexploração <strong>de</strong> uma nova faixa <strong>de</strong> sinal ou até mesmo pela simples instalação<strong>de</strong> novas ERBs ou o aumento <strong>de</strong> potência <strong>da</strong>s estações já existentes - redun<strong>da</strong>rem uma revisão <strong>do</strong>s projetos instala<strong>do</strong>s nos presídios potencialmente atingi<strong>do</strong>spor essas eventuais mu<strong>da</strong>nças.Somente assim será possível garantir o contínuo funcionamento, <strong>de</strong> maneiraa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, <strong>do</strong>s equipamentos <strong>de</strong> controle e bloqueio <strong>da</strong>s comunicaçõesnesses estabelecimentos. Portanto, as opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> comunicações sem fiotêm uma responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> gran<strong>de</strong> para a garantia <strong>do</strong> sucesso <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>projeto, já que ela tem a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manter to<strong>da</strong>s as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s nele


100envolvi<strong>da</strong>s informa<strong>da</strong> sobre as alterações efetua<strong>da</strong>s em suas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicações.3. Experiências prévias em bloqueio às comunicações em presídios emoutros países e lições para o BrasilEm diversos países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a utilização <strong>da</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> telefoniacelular para fins ilícitos têm si<strong>do</strong> um assunto bastante <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>. Uma <strong>da</strong>s maiorespreocupações, a exemplo <strong>do</strong> que ocorre no Brasil, é a utilização <strong>de</strong> celularespor presidiários, o que tem possibilita<strong>do</strong> ações coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>como a que ocorreu recentemente em vários esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> País. Alémdisso, não apenas no Brasil mas em diversas partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, celulares temsi<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s por presidiários para ameaçar pessoas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, principalmentetestemunhas <strong>de</strong> crimes, extorquir ci<strong>da</strong>dãos e para organizar fugas.Porém uma outra preocupação que também tem incentiva<strong>do</strong> pesquisassobre mecanismos <strong>de</strong> bloqueio às comunicações é a sua utilização para ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sterroristas - seja na organização, seja na própria execução <strong>de</strong> atenta<strong>do</strong>s.Basta lembrar que o atenta<strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong> na estação <strong>de</strong> Atocha, em Madri, capitalespanhola, foi orquestra<strong>do</strong> e realiza<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> um sistema remoto <strong>de</strong> acionamento<strong>de</strong> explosivos ativa<strong>do</strong> por um celular.Aqui, nos centramos no primeiro aspecto - o crescente uso <strong>de</strong> celularespor presidiários, algo que tem si<strong>do</strong> constata<strong>do</strong> em diversos estabelecimentosprisionais ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Analisamos abaixo as ações efetua<strong>da</strong>s para obloqueio às comunicações em presídios <strong>de</strong> <strong>do</strong>s países paradigmáticos: Israel eFrança.IsraelEm Israel, o controle sobre a utilização <strong>de</strong> celulares por presidiários émaior em estabelecimentos nos quais con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s por terrorismo estão sobcustódia. Segun<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Serviço Prisional <strong>de</strong> Israel (Israel Prison Serviço),<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2003 a junho <strong>de</strong> 2004, 394 telefones celulares foram apreendi<strong>do</strong>s.Contu<strong>do</strong>, na primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2004, foi possível notar um <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong>50% nas apreensões nas prisões nas quais havia presos <strong>de</strong> maior periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Essa redução, segun<strong>do</strong> as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s israelenses, ocorreu <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aimplementação <strong>de</strong> várias medi<strong>da</strong>s nos presídios <strong>de</strong> segurança máxima, tais


101como o estabelecimento <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> revista mais rigorosos, a instalação<strong>de</strong> cabines <strong>de</strong> isolamento nas salas <strong>de</strong> visita e a implementação <strong>de</strong> umprograma <strong>de</strong> bloqueio <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> celulares, que utilizou equipamentos <strong>de</strong> baixae <strong>de</strong> alta potência.A experiência israelense mostra que não há soluções únicas para to<strong>do</strong>sos estabelecimentos prisionais. Diversos foram os projetos e soluções implementa<strong>do</strong>s,que incluem diversas ações como a utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong>metais, aparelhos <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> celulares em funcionamento e diversos tipos<strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> baixa e <strong>de</strong> alta potência. Atualmente, bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong>celulares estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os presídios <strong>de</strong> segurança máxima<strong>de</strong> Israel ou até mesmo no perímetro externo <strong>de</strong> alguns estabelecimentos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>smais críticos, com resulta<strong>do</strong>s bastante significativos - ain<strong>da</strong> que ain<strong>da</strong>sejam relata<strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> apreensões <strong>de</strong> celulares nesses presídios, porémem um número consi<strong>de</strong>ravelmente menor <strong>do</strong> que anteriormente à instalação <strong>de</strong>bloquea<strong>do</strong>res.FrançaO caso "Antônio Ferrera" foi o estopim para que se iniciasse uma intensadiscussão sobre a utilização <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares nos presídios franceses.Em abril <strong>de</strong> 2003, a fuga <strong>do</strong> mafioso italiano Antônio Ferrera <strong>da</strong> ala <strong>de</strong>segurança máxima <strong>do</strong> presídio <strong>de</strong> Fresnes, numa ação cinematográfica, queincluiu trocas <strong>de</strong> tiros, explosões <strong>de</strong> grana<strong>da</strong>s e a <strong>de</strong>struição <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong>cela <strong>de</strong> Antônio Ferrera, teve enorme repercussão em to<strong>da</strong> a França e expôs avulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema prisional que era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> "a prova <strong>de</strong> fugas".O mafioso italiano foi recaptura<strong>do</strong> logo <strong>de</strong>pois e retornou à prisão. Durantea apuração <strong>do</strong> acontecimento, ficou comprova<strong>do</strong> que to<strong>da</strong> a ação <strong>de</strong> fugafoi coman<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo próprio Antônio Ferrera, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> ala <strong>de</strong> segurançamáxima, utilizan<strong>do</strong> um telefone celular. Assim, o sistema prisional francês resolveu,<strong>de</strong> maneira emergencial, instalar bloquea<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> utilização<strong>de</strong> celulares em to<strong>do</strong>s os presídios <strong>de</strong> segurança máxima <strong>do</strong> país. A soluçãotecnológica implementa<strong>da</strong> foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> no próprio País - um dispositivobatiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> "Sirjam 11", produzi<strong>do</strong> pela empresa francesa Chatain Blanchon - enão é exatamente um bloquea<strong>do</strong>r, mas um rastrea<strong>do</strong>r. O equipamento permite<strong>de</strong>tectar o sinal <strong>de</strong> um telefone celular em uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> área e estima umraio no qual o celular <strong>de</strong>ve estar localiza<strong>do</strong>. Uma vez <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> essa área,


102uma força especial age, utilizan<strong>do</strong> um <strong>de</strong>tector portátil <strong>de</strong> curto alcance, paraassim localizar a apreen<strong>de</strong>r o telefone celular que está ilicitamente em funcionamentoem um estabelecimento prisional.Os exemplos franceses e israelenses levam a algumas conclusões muitoimportantes que, quan<strong>do</strong> confronta<strong>da</strong>s com as reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras, resultamem diversas lições bastante significativas. A experiência internacional e tambéma <strong>do</strong> Brasil <strong>de</strong>ixam claro que, antes <strong>de</strong> mais na<strong>da</strong>, é necessário estabelecerclaramente qual será o escopo <strong>de</strong> uma política que redun<strong>de</strong> na instalação eoperação <strong>de</strong> equipamentos bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares. Para tanto, é precisocriar uma classificação abrangente <strong>do</strong> que seriam os "presidiários <strong>de</strong> alto risco",para po<strong>de</strong>r assim administrar melhor esse grupo especial.Tu<strong>do</strong> aponta para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um controle mais rigoroso apenaspara o grupo <strong>de</strong> presidiários <strong>de</strong> alto risco. Não apenas em Israel e na França,mas também em países como a Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Reino Uni<strong>do</strong>e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, a conclusão <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> segurança é queesforços para o bloqueio às comunicações <strong>de</strong>vem ser envi<strong>da</strong><strong>do</strong>s apenas emcasos especiais e em estabelecimentos prisionais seleciona<strong>do</strong>s, nos quais e-xista um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> presidiários <strong>de</strong> risco. Assim, <strong>de</strong>vem ser seleciona<strong>do</strong>scomo prioritários os presídios <strong>de</strong> segurança máxima - porém, é necessárioque o Esta<strong>do</strong>, por meio <strong>de</strong> sua política prisional, possa garantir que to<strong>do</strong>s ou aomenos quase to<strong>do</strong>s os presidiários potencialmente mais perigosos estejam sobum regime <strong>de</strong> confinamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, que possibilite a utilização racional eeficiente <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> estratégia.Nos <strong>de</strong>mais presídios, apenas soluções mais orto<strong>do</strong>xas, tais como ummaior rigor na revista, a instalação <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> metais nas entra<strong>da</strong>s e ummaior controle no contato <strong>do</strong>s presos com seus visitantes parece ser o suficiente.Também tem si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s com sucesso, nesses casos, aparelhosmais simples, que não são capazes <strong>de</strong> bloquear sinais <strong>de</strong> celulares, e sim apenas<strong>de</strong> rastrear a sua utilização em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> espaço. Alia<strong>do</strong> a pequenos<strong>de</strong>tectores portáteis <strong>de</strong> sinais, tal solução tem se mostra<strong>do</strong> bastante eficientepara se aumentar bastante a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> usos ilícitos <strong>de</strong> celulares em presídioe a apreensão <strong>de</strong>sses aparelhos.Porém a conclusão mais importante é que qualquer projeto que tenhacomo objetivo instalar uma infra-estrutura para o bloqueio às comunicações em


103estabelecimentos prisionais só po<strong>de</strong>rá ter sucesso se houver cooperação entreto<strong>do</strong>s os entes envolvi<strong>do</strong>s - primordialmente o Congresso Nacional, as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> segurança pública, os órgãos regula<strong>do</strong>res <strong>da</strong>s telecomunicações, asadministrações prisionais e os opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> telefonia celular. To<strong>do</strong>s essesentes têm uma função primordial para o sucesso <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> política, e a falta<strong>de</strong> colaboração <strong>de</strong> qualquer um <strong>de</strong>les é o suficiente para inviabilizar programaspara a operação <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares. Não po<strong>de</strong>mos nos esquecerain<strong>da</strong> <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong> legislação penal, para <strong>da</strong>r o suporte necessário paraas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Segurança Pública.4. Soluções tecnológicas e projetos aplicáveis aos estabelecimentos prisionaisno BrasilTo<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s realiza<strong>da</strong>s pela <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> – com <strong>de</strong>staquepara o Grupo <strong>de</strong> Trabalho para a discussão <strong>do</strong> tema "comunicações nospresídios" - geraram um mapeamento bastante amplo <strong>da</strong>s tecnologias atualmenteemprega<strong>da</strong>s para o bloqueio às comunicações em presídios. Após aanálise <strong>de</strong>ssas alternativas, <strong>de</strong>stacamos as seguintes, que po<strong>de</strong>m ter gran<strong>de</strong>utili<strong>da</strong><strong>de</strong> no sistema prisional brasileiro:Bloquea<strong>do</strong>res inteligentesA última geração <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> bloqueio às comunicações é compostapor bloquea<strong>do</strong>res inteligentes, conheci<strong>do</strong>s como Low Power Jammers. Essesbloquea<strong>do</strong>res consistem basicamente em uma solução tecnológica comduas vertentes integra<strong>da</strong>s: uma que <strong>de</strong>tecta sinais <strong>de</strong> terminais móveis e outraque bloqueia o sinal <strong>de</strong> um telefone específico. Atualizações recentes <strong>de</strong> softwaree hardware tornam possível ain<strong>da</strong> não apenas o bloqueio, mas até mesmoa monitorização <strong>de</strong> diálogos o que, com autorização judicial, po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong>para a gravação <strong>de</strong> conversas entre presidiários, algo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valiapara os serviços <strong>de</strong> inteligência.Bloquea<strong>do</strong>res irrestritosEsses bloquea<strong>do</strong>res são utiliza<strong>do</strong>s para inviabilizar qualquer comunicaçãosem fio em uma faixa <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>, em um certo espaço <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>.Trata-se <strong>de</strong> um equipamento consi<strong>de</strong>ravelmente mais simples <strong>do</strong> queos bloquea<strong>do</strong>res inteligentes - basicamente, eles funcionam como emissores<strong>de</strong> on<strong>da</strong>s <strong>de</strong> rádio, que interferem nas on<strong>da</strong>s normais emiti<strong>da</strong>s pelas estações


104transmissoras, impossibilitan<strong>do</strong> assim a correia recepção <strong>de</strong> sinais pêlos aparelhossem fio.Rastreamento <strong>de</strong> comunicações sem fioUm sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> comunicações sem fio consiste em um <strong>de</strong>tector<strong>de</strong> alta sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> instala<strong>do</strong> em posições estratégicas no interior <strong>de</strong>um estabelecimento prisional. Tratam-se <strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> reduzi<strong>da</strong>s dimensões,capazes <strong>de</strong> rastrear to<strong>da</strong>s as emissões eletromagnéticas em uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>freqüência preestabeleci<strong>da</strong>, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> uma área na qual estáa fonte <strong>de</strong> emissões. Esse sistema po<strong>de</strong> ser conecta<strong>do</strong> a um computa<strong>do</strong>r, quedispara um alarme sempre que uma emissão eletromagnética suspeita seja<strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>.Detectores portáteis <strong>de</strong> comunicações sem fioTrata-se <strong>de</strong> um aparelho pequeno, cujas dimensões são similares a <strong>de</strong>um telefone celular convencional. Trata-se <strong>de</strong> um sensor <strong>de</strong> radiofreqüênciacapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar emissões em diversas faixas <strong>de</strong> freqüência, porém com umalcance bastante limita<strong>do</strong> - normalmente não superior a 30 metros. Esses <strong>de</strong>tectoresportáteis têm si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s conjuntamente com equipamentos <strong>de</strong> rastreamento.O equipamento fixo é responsável pela <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> uma emissãosuspeita, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> uma área na qual está a origem <strong>da</strong> emissão. Em segui<strong>da</strong>,uma força policial é <strong>de</strong>staca<strong>da</strong> para, utilizan<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectores portáteis, vasculhara área indica<strong>da</strong> em busca <strong>do</strong> aparelho emissor, localizá-lo e apreendêlo.5. Proposições legislativas sobre o temaCom base no conhecimento prévio adquiri<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong>s discussões realiza<strong>da</strong>sno Grupo <strong>de</strong> Trabalho, bem como nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> sub-relatoria <strong>de</strong>"comunicações nos presídios" <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, passamos a analisaras proposições legislativas existentes no Parlamento sobre bloqueio <strong>de</strong>comunicações em estabelecimentos prisionais. Os objetivos primordiais foram,por um la<strong>do</strong>, colher sugestões <strong>da</strong>s propostas apresenta<strong>da</strong>s por Deputa<strong>do</strong>s eSena<strong>do</strong>res e, ao mesmo tempo, buscar <strong>da</strong>r uma coesão às diversas proposiçõesdistintas sobre o tema.


105Devi<strong>do</strong> à bagagem <strong>de</strong> conhecimento acumula<strong>da</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s trabalhos<strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, a sub-relatoria <strong>de</strong> "comunicações nos presídios"tornou-se uma instância que po<strong>de</strong>ria agregar gran<strong>de</strong> valor a essas proposições,geran<strong>do</strong> assim uma proposta mais amadureci<strong>da</strong> e coesa <strong>do</strong> Parlamentopara a solução <strong>de</strong>sse grave problema <strong>de</strong> segurança pública.A pesquisa realiza<strong>da</strong> pelo Grupo <strong>de</strong> Trabalho encontrou quatro projetos<strong>de</strong> Lei em tramitação sobre o tema "bloqueio <strong>de</strong> celulares" em tramitação noParlamento - três na Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s e um no Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral. Sãoeles o PL 3.645/04, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Carlos Nar<strong>de</strong>s; PL 7.037/06, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong>Luiz Antônio Fleury; PL 1.705/03, <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Joaquim Francisco; e PLS137/06, <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r Ro<strong>do</strong>lpho Tourinho. Existiam ain<strong>da</strong> algumas proposiçõesarquiva<strong>da</strong>s, bem como vários requerimentos <strong>de</strong> informação e indicações <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>saos ministérios <strong>da</strong> Justiça e <strong>da</strong>s Comunicações solicitan<strong>do</strong> ações <strong>do</strong>Executivo para o bloqueio às comunicações em presídios.De maneira resumi<strong>da</strong>, os teores <strong>do</strong>s projetos eram os seguintes:PL 3.645/04A proposição <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Carlos Nar<strong>de</strong>s visa alterar o art. 4° <strong>da</strong> Lei n1°10.792, <strong>de</strong> 1° <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, que "altera a Lei n1° 7.210, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> junho<strong>de</strong> 1984 - Lei <strong>de</strong> Execução Penal e o Decreto-Lei n° 3.689, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> outubro<strong>de</strong> 1941 - Código <strong>de</strong> Processo Penal e dá outras providências". O texto atual<strong>do</strong> parágrafo 4° <strong>da</strong> Lei n° 10.792/03 é o seguinte:Art. 4º Os estabelecimentos penitenciários, especialmente os <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao regimedisciplinar diferencia<strong>do</strong>, disporão, <strong>de</strong>ntre outros equipamentos <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res<strong>de</strong> telecomunicações para telefones celulares, rádio-transmissores e outrosmeios, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s no art. 60, § 1 º <strong>da</strong> Lei 9.472, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997.O objetivo <strong>da</strong> proposição é especificar tecnicamente quais serão essesmeios utiliza<strong>do</strong>s para o bloqueio previsto no art. 4°. Para tanto, traz previsõessobre potências, faixas <strong>de</strong> radiofreqüência, interferências, especificações ehomologação pelo órgão regula<strong>do</strong>r.Na Comissão <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, aproposição recebeu parecer pela aprovação, com substitutivo. O relatório <strong>do</strong>Deputa<strong>do</strong> Gilberto Nascimento, aprova<strong>do</strong> pela Comissão, optou pela apresentação<strong>de</strong> substitutivo por consi<strong>de</strong>rar que "os <strong>de</strong>talhamentos técnicos introduzi-


106<strong>do</strong>s pelo Projeto <strong>de</strong> Lei estariam mais bem posiciona<strong>do</strong>s na legislação infralegal".O relatório também ressalta que o texto original <strong>da</strong> Lei n° 10.792/03 jáseria suficiente para coibir esse tipo <strong>de</strong> uso <strong>da</strong> tecnologia em prol <strong>do</strong> crime,embora observe que o cumprimento <strong>do</strong> que nela está disposto ain<strong>da</strong> não setornou reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas premissas, o substitutivo mantém a re<strong>da</strong>ção atual <strong>do</strong>Art. 4° <strong>da</strong> Lei n° 10.792/03, porém lhe acrescenta um parágrafo único no qualestabelece um prazo <strong>de</strong> seis meses, conta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> publicação <strong>da</strong> Lei, para ainstalação <strong>do</strong>s equipamentos bloquea<strong>do</strong>res.PL 7.037/06Essa proposição, <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Luiz Antônio Fleury, modifica aLei Geral <strong>de</strong> Telecomunicações (Lei n1° 9.472, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997) paratornar atribuição <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviço móvel o bloqueio <strong>de</strong> sinal nas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>sprisionais. Tal obrigação é feita por meio <strong>da</strong> adição <strong>do</strong> § 4° ao Art. 136<strong>da</strong> LGT, com re<strong>da</strong>ção na qual diz que "cabe às presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviço móvel obloqueio <strong>de</strong> seus sinais <strong>de</strong> transmissão nas cercanias <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s prisionais".Apresentan<strong>do</strong> em 16 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006, o Projeto foi apensa<strong>do</strong> ao PL 3.645/04.PL 1.705/03A exemplo <strong>do</strong>s Projetos <strong>de</strong> Lei anteriormente lista<strong>do</strong>s, o PL 1.705/03, <strong>do</strong>Deputa<strong>do</strong> Joaquim Francisco, também tem como objetivo principal a instalação<strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> radiocomunicações nos estabelecimentospenitenciários <strong>do</strong> País. O prazo para a instalação <strong>de</strong>sses bloquea<strong>do</strong>res seria<strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos, conta<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong> publicação <strong>da</strong> Lei. O diferencial <strong>da</strong> proposiçãoestá na fonte <strong>de</strong> recursos para essa instalação - o Fun<strong>do</strong> Penitenciário Nacional(FUNPEN), instituí<strong>do</strong> pela Lei Complementar n° 79, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>1994.PLS 173/06Tal como o PL 7.037/06, O PLS 137/06, <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r Ro<strong>do</strong>lphoTourinho, estabelece como obrigação <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia móvel a instalação<strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res em estabelecimentos prisionais. O prazo para essainstalação é <strong>de</strong> 180 dias após a publicação <strong>da</strong> Lei, e a inobservância <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ver sujeitaria as opera<strong>do</strong>ras a penas <strong>de</strong> multa fixa<strong>da</strong>s em regulamento, não


107inferiores a R$ 30 mil e não superiores a R$ 150 mil. Já a persistência <strong>do</strong> <strong>de</strong>scumprimentopo<strong>de</strong>ria sujeitar as opera<strong>do</strong>ras à per<strong>da</strong> <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> exploração<strong>do</strong> serviço.6. Possíveis fontes <strong>de</strong> recurso para a implantação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> bloqueio<strong>de</strong> comunicações em estabelecimentos prisionaisUma preocupação que sempre <strong>de</strong>ve estar na mente <strong>de</strong> um planeja<strong>do</strong>r<strong>de</strong> políticas públicas é a garantia <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> recursos que possa viabilizara implementação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> política <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Mais que isso, tambémé necessário levar em conta as <strong>de</strong>spesas continua<strong>da</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssaimplementação. Exatamente por isso, foi uma <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalhoe <strong>da</strong> sub-relatoria <strong>de</strong> "comunicações nos presídios" <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong><strong>Armas</strong> o levantamento <strong>de</strong> possíveis fontes <strong>de</strong> recursos que po<strong>de</strong>riam ser utiliza<strong>do</strong>sem projetos para o bloqueio <strong>de</strong> comunicações em estabelecimentos prisionais.Inicialmente, foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s as seguintes possíveis fontes <strong>de</strong> recursos:O Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Universalização <strong>da</strong>s Telecomunicações (FUST), instituí<strong>do</strong> pela Lein° 9.998/00; o Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fiscalização <strong>da</strong>s Telecomunicações (FISTEL), instituí<strong>do</strong>pela Lei n° 5.070/66; o Fun<strong>do</strong> para o Desenvolvimento Tecnológico <strong>da</strong>s Telecomunicações(FUNTTEL), instituí<strong>do</strong> pela Lei n1° 10.052/00; e o Fun<strong>do</strong> PenitenciárioNacional (FUNPEN), instituí<strong>do</strong> pela Lei Complementar n° 79, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong>janeiro <strong>de</strong> 1994. Posteriormente, foi feita uma análise pormenoriza<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssesquatro fun<strong>do</strong>s, levan<strong>do</strong> em conta não apenas o seu arcabouço legal, mas tambémas preocupações políticas que motivaram sua construção e os objetivos<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> a que se propõem.Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Universalização <strong>da</strong>s Telecomunicações (FUST)O artigo 1° <strong>da</strong> lei <strong>do</strong> FUST <strong>de</strong>fine com sua <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> "proporcionar recursos<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a cobrir a parcela <strong>de</strong> custos exclusivamente atribuível aocumprimento <strong>da</strong>s obrigações <strong>de</strong> universalização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> telecomunicaçõesque não possam ser recupera<strong>da</strong>s com a exploração eficiente <strong>do</strong> serviço".Portanto, logo no início <strong>do</strong> diploma legal que regula o fun<strong>do</strong>, temos um entravebastante importante à eventual utilização <strong>de</strong> seus recursos para a instalação <strong>de</strong>equipamentos bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares em estabelecimentos prisionais.


108Mais à frente, em seu artigo 5°, o texto legal estabelece os programas,projetos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>rão receber recursos <strong>do</strong> FUST - são 13 ao to<strong>do</strong>.O inciso X, por tratar <strong>da</strong> segurança pública, chegou a ser cita<strong>do</strong> na audiênciapública <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> realiza<strong>da</strong> no dia 24 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006 como uma possível permissãolegal para se utilizar os recursos <strong>do</strong> FUST para a instalação <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res.Contu<strong>do</strong>, não bastasse o que já prevê a Lei em seu art. 1", a re<strong>da</strong>ção<strong>de</strong>sse inciso não <strong>de</strong>ixa dúvi<strong>da</strong>s quanto ao seu <strong>de</strong>stino:Art. 5° Os recursos <strong>do</strong> FUST serão aplica<strong>do</strong>s em programas, projetos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sque estejam em consonância com plano geral <strong>de</strong> metas para universalização <strong>do</strong>sserviços <strong>de</strong> telecomunicações ou suas ampliações que contemplarão, entre outros, osseguintes objetivos:/.............................................................................................................X - implantação <strong>de</strong> acessos individuais para órgãos <strong>de</strong> segurançapúblicaPortanto, somente uma profun<strong>da</strong> alteração no texto <strong>da</strong> Lei n° 9.998, <strong>de</strong>17 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000, po<strong>de</strong>ria possibilitar a utilização <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> FUST nainstalação e operação <strong>de</strong> equipamentos bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares em estabelecimentosprisionais. Além <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> implementar tais alterações emum curto espaço <strong>de</strong> tempo, <strong>de</strong>staque-se a inconformi<strong>da</strong><strong>de</strong> política <strong>de</strong> se utilizarum recurso que <strong>de</strong>veria servir à ampliação <strong>da</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> telecomunicaçõespara o bloqueio às comunicações - teríamos, nesse caso, um <strong>de</strong>svirtuamento<strong>do</strong> próprio cerne conceituai <strong>de</strong> um fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa natureza. Desse mo<strong>do</strong>, a<strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> e a sua sub-relatoria <strong>de</strong> "comunicações nos presídios"Concluíram não ser viável nem correta a utilização <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FUST paraprojetos que visem ao bloqueio às comunicações em estabelecimentos prisionais.Além disso, afirma que não é aconselhável a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> uma estratégiaque vise à alteração <strong>da</strong> Lei n° 9.998/00 para tornar possível tal intento.Quadro <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção e dispêndio <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FUST(valores em milhões <strong>de</strong> reais)ANO 2001 2002 2003 2004 2005Arreca<strong>da</strong>ção1.045 1.099 530 711 596Dispêndio 0 0 0 0 0Fonte: AnatelFun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fiscalização <strong>da</strong>s Telecomunicações (FISTEL)A Lei n° 5.070, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1966, que "cria o Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fiscalização<strong>da</strong>s Telecomunicações e dá outras providências" estabelece que os recursos


109<strong>de</strong>sse fun<strong>do</strong> serão utiliza<strong>do</strong>s para "cobrir <strong>de</strong>spesas feitas pelo Governo Fe<strong>de</strong>ralna execução <strong>da</strong> fiscalização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> telecomunicações, <strong>de</strong>senvolver osmeios e aperfeiçoar a técnica necessária a essa execução".Mais à frente, a legislação <strong>de</strong>ixa claro que essas atribuições estão à cargo<strong>da</strong> Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações, que aplicarão com exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong>os recursos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FISTEL. É isso o que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> artigo3° <strong>do</strong> diploma legal, que em quatro alíneas estabelece ain<strong>da</strong> as seguintes possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>stinação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>:a) instalação, custeio, manutenção e aperfeiçoamento <strong>da</strong> fiscalização <strong>do</strong>s serviços<strong>de</strong> telecomunicações existentes no País;b) aquisição <strong>de</strong> material especializa<strong>do</strong> necessário aos serviços <strong>de</strong> fiscalização;c) fiscalização <strong>da</strong> elaboração e execução <strong>de</strong> planos e projetos referentes àstelecomunicações;d) atendimento <strong>de</strong> outras <strong>de</strong>spesas correntes e <strong>de</strong> capital por ela realiza<strong>da</strong>s noexercício <strong>de</strong> sua competência.Portanto, em uma análise inicial, po<strong>de</strong>ria parecer que tais previsões impossibilitariama utilização <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> FISTEL em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relativas aobloqueio às comunicações em presídios. Contu<strong>do</strong>, há que se ter uma avaliaçãoconjunta <strong>do</strong> panorama legal sobre o assunto. Analisemos agora o que diz oartigo 4° <strong>da</strong> Lei n° 10.792, <strong>de</strong> 1° <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, que "altera a Lei n°7.210, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1984 - Lei <strong>de</strong> Execução Penal e o Decreto-Lei no.3.689, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1941 - Código <strong>de</strong> Processo Penal e dá outras providências".Art. 4° Os estabelecimentos penitenciários, especialmente os <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao regimedisciplinar diferencia<strong>do</strong>, disporão, <strong>de</strong>ntre outros equipamentos <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res<strong>de</strong> telecomunicações para telefones celulares, rádio-transmissores e outrosmeios, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s no art. 60, § 1° <strong>da</strong> Lei n° 9.472, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997.Ora, à luz <strong>de</strong>ssa previsão, po<strong>de</strong>mos ter a seguinte conclusão: o correio,<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> legislação <strong>de</strong> telecomunicações, é que telefones celulares,rádio-transmissores ou qualquer outro tipo <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> telecomunicaçõesnão estejam operantes no interior <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a <strong>de</strong>tentos emestabelecimentos prisionais. Portanto, cabe ao Governo Fe<strong>de</strong>ral e mais especificamenteà Anatel promover ações <strong>de</strong> fiscalização, com o intuito <strong>de</strong> aferir se oprevisto no artigo 4° <strong>da</strong> Lei n° 10.792, <strong>de</strong> 1° <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003 está <strong>de</strong> fatosen<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong>. E como se tratam <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> fiscalização, na<strong>da</strong> impe<strong>de</strong> quea Anatel utilize recursos <strong>do</strong> FISTEL para promover esse tipo <strong>de</strong> fiscalização.


110Há <strong>de</strong> se ressaltar, no entanto, que não po<strong>de</strong> pairar qualquer tipo <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>em relação à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Agência por essa fiscalização. Alémdisso, é necessário <strong>de</strong>ixar claro como se <strong>da</strong>rão as parcerias necessárias a implementação<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> bloqueio às comunicações entre a agência e asSecretarias <strong>de</strong> Segurança Públicas Estaduais, além <strong>de</strong> estabelecer regras precisaspara a utilização <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FISTEL pela própria Anatel ou por suasenti<strong>da</strong><strong>de</strong>s parceiras. Assim, com um ambiente legal claro e bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> sobreo assunto, será possível à Anatel promover o monitoramento <strong>de</strong> estabelecimentosprisionais, com utilização <strong>de</strong> verbas <strong>do</strong> FISTEL inclusive para a aquisição<strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> monitorização.Portanto, o Grupo <strong>de</strong> Trabalho e a sub-relatoria <strong>de</strong> "comunicações nospresídios" propõe que seja altera<strong>da</strong> a Lei n° 5.070, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1966, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>claro que as verbas <strong>do</strong> FISTEL po<strong>de</strong>rão ser utiliza<strong>da</strong>s em projetos quevisem ao correto funcionamento <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> telecomunicações, inclusivepara impedir a operação <strong>de</strong> serviços em locais e condições nas quais possamtrazer malefícios à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Subsidiariamente, <strong>de</strong>cretos regulamentem o artigo4° <strong>da</strong> Lei n° 10.792, <strong>de</strong> 2003 e a Lei 5.070, <strong>de</strong> 1966, para que não pairemdúvi<strong>da</strong>s quanto à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Anatel pela fiscalização <strong>do</strong> seu cumprimento.Quadro <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção e dispêndio <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FISTEL(valores em bilhões <strong>de</strong> reais)ANO 2001 2002 2003 2004 2005Arreca<strong>da</strong>ção4.430 2.694 1.288 1.987 2.056Dispêndio* 225 258 231 252 231Fonte: Anatel * Dispêndio total <strong>da</strong> AnatelFun<strong>do</strong> para o Desenvolvimento Tecnológico <strong>da</strong>s Telecomunicações(FUNTTEL)Os fins primordiais <strong>do</strong> FUNTTEL, estabeleci<strong>do</strong>s pela Lei n° 10.052, <strong>de</strong>28 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2000, são "estimular o processo <strong>de</strong> inovação tecnológica,incentivar a capacitação <strong>de</strong> recursos humanos, fomentar a geração <strong>de</strong> empregose promover o acesso <strong>de</strong> pequenas e médias empresas a recursos <strong>de</strong> capital,<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a ampliar a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> indústria brasileira <strong>de</strong> telecomunicações".Portanto, ten<strong>do</strong> em vista esses objetivos, po<strong>de</strong>mos concluir que hoje nãoé possível a utilização <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> FUNTTEL para a aquisição <strong>de</strong> equipa-


111mentos bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares. Contu<strong>do</strong>, isso não significa que verbas <strong>de</strong>ssefun<strong>do</strong> não possam ser utiliza<strong>da</strong>s em um programa mais amplo, que venha acontribuir significativamente para uma política integra<strong>da</strong> <strong>de</strong> combate à utilização<strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> comunicações por <strong>de</strong>tentos em estabelecimentos prisionais.Uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> mais óbvia é o fomento à produção <strong>de</strong> tecnologianacional <strong>de</strong> bloqueio. Ten<strong>do</strong> em vista o relevante interesse público <strong>do</strong> assuntoe o notável estímulo à indústria nacional que a liberação <strong>de</strong> verbas <strong>do</strong> FUNT-TEL para esse tipo <strong>de</strong> projeto traria, nos parece plenamente justificável, tanto<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> mérito quan<strong>do</strong> legal, a abertura <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito <strong>do</strong>FUNTTEL para esse fim - <strong>de</strong>s<strong>de</strong>, é claro, que o po<strong>de</strong>r público aprove projeto <strong>de</strong>instituição interessa<strong>da</strong> em linhas <strong>de</strong> financiamento para esse tipo <strong>de</strong> pesquisa.Porém o maior benefício oriun<strong>do</strong> <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FUNTTELmuito provavelmente não estaria no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> equipamentos, e simna capacitação <strong>de</strong> recursos humanos para a operação e o aperfeiçoamento<strong>de</strong>sses equipamentos. Ao estabelecer que as verbas <strong>do</strong> FUNTTEL po<strong>de</strong>m serutiliza<strong>da</strong>s para "incentivar a capacitação <strong>de</strong> recursos humanos", acreditamosque está aberta essa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, que será <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para a operacionalização<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> bloqueio. Acrescente-se que a disposição <strong>do</strong> CPqDem contribuir para esse tipo <strong>de</strong> projeto é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia e facilita sobremaneiraa utilização <strong>de</strong> recursos provenientes <strong>do</strong> FUNTTEL para esse fim, já que a instituiçãotem acesso privilegia<strong>do</strong> legalmente garanti<strong>do</strong> a tais recursos.Portanto, para que se utilizem verbas <strong>do</strong> FUNTTEL em programas <strong>de</strong>bloqueio às comunicações em estabelecimentos prisionais, o Grupo <strong>de</strong> Trabalho,e a sub-relatoria <strong>de</strong> "comunicações nos presídios" enten<strong>de</strong> que são necessáriossomente procedimentos no âmbito <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, sem qualquernecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> legislação. Basicamente, precisa-se <strong>da</strong> elaboração<strong>de</strong> um programa relativo à tecnologia <strong>de</strong> bloqueio, com a inclusão <strong>de</strong>ssetipo <strong>de</strong> dispêndio nas normas <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong>, normas essassujeitas a aprovação <strong>do</strong> Conselho Gestor <strong>do</strong> FUNTTEL.Quadro <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção e dispêndio <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FUNT-TEL (valores em milhões <strong>de</strong> reais)ANO 2001 2002 2003 2004 2005Arreca<strong>da</strong>ção126,99 202,9 214,4 242,15 272,1Dispêndio* - 13,52 10,5 14,7 102,02Fonte: Balanço Geral <strong>da</strong> União - CGU


112Fun<strong>do</strong> Penitenciário Nacional (FUNPEN)Instituí<strong>do</strong> pela Lei Complementar n° 79, <strong>de</strong> 07 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1994, oFUNPEN é geri<strong>do</strong> pelo Departamento Penitenciário Nacional, órgão liga<strong>do</strong> aoMinistério <strong>da</strong> Justiça. Dentre suas possíveis aplicações, <strong>de</strong>stacamos:a) construção, reforma, ampliação e aprimoramento <strong>de</strong> estabelecimentospenais;b) aquisição <strong>de</strong> material permanente, equipamentos e veículos especializa<strong>do</strong>simprescindíveis ao funcionamento <strong>de</strong> estabelecimentos penais.Ten<strong>do</strong> em vista a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> premente <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>resem estabelecimentos prisionais e a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> imposta pelo artigo 4° <strong>da</strong>Lei 10.792/03, enten<strong>de</strong>mos que os recursos <strong>do</strong> FUNPEN po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s,sem qualquer necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alteração na legislação, para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> projetos que impeçam a utilização <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> comunicação por<strong>de</strong>tentos em presídios.Quadro <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção e dispêndio <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FUN-PEN (valores em milhões <strong>de</strong> reais)ANO 2001 2002 2003 2004 2005Arreca<strong>da</strong>ção288,29 308,75 216,03 166,15 224,09Dispêndio* 265,24 132,92 121,43 146,23 159,07Fonte: Departamento Penitenciário Nacional7. Estratégia <strong>de</strong> açãoApós to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> e <strong>da</strong> sua subrelatoria<strong>de</strong> comunicações em presídios, chegou-se à conclusão <strong>de</strong> que há umconjunto <strong>de</strong> soluções capazes <strong>de</strong> coibir ou até mesmo <strong>de</strong> eliminar a utilização<strong>de</strong> telefones celulares ou <strong>de</strong> qualquer outro tipo <strong>de</strong> comunicação móvel empresídios. Também está claro que há fontes <strong>de</strong> recursos que po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>spara a aquisição <strong>de</strong> projetos completos, instalação <strong>da</strong> infra-estrutura compra<strong>do</strong>s equipamentos necessários a implementação <strong>de</strong> uma política efetiva <strong>de</strong>bloqueio às comunicações nos estabelecimentos prisionais <strong>do</strong> País e para amanutenção e operação <strong>do</strong>s mesmos.Essas são conclusões <strong>de</strong> diversas discussões no âmbito <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico<strong>de</strong> armas, <strong>de</strong> sua subcomissão sobre "comunicações nos presídios", <strong>do</strong>


113grupo <strong>de</strong> trabalho que discutiu a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> bloqueio às comunicações e <strong>da</strong>audiência pública realiza<strong>da</strong> para a discussão <strong>do</strong> tema em 24 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2006.Também foram fun<strong>da</strong>mentais a análise <strong>do</strong> panorama internacional sobre o temae os contatos manti<strong>do</strong>s com as Opera<strong>do</strong>ras, com a Aca<strong>de</strong>mia, com o Centro<strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), com a A-gência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações, com o Ministério <strong>da</strong> Justiça e com diversassecretarias <strong>de</strong> segurança pública estaduais.Em primeiro lugar, é necessário criar uma estrutura local em ca<strong>da</strong> Esta<strong>do</strong>,que possa especificar as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para ca<strong>da</strong> presídio no qual se preten<strong>da</strong>instalar uma infra-estrutura <strong>de</strong> bloqueio às comunicações. A reali<strong>da</strong><strong>de</strong>prisional brasileira é bastante heterogênea - há presídios <strong>do</strong>s mais diversostamanhos, que abrigam presos <strong>do</strong>s mais diversos níveis <strong>de</strong> periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, queestão próximas ou afasta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> centros urbanos, que ocupam uma vasta áreaou apenas um pequeno terreno, etc. Além disso, é necessária a elaboração <strong>de</strong>projetos específicos que levem em conta as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong>na qual estejam instala<strong>do</strong>s os presídios, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir um bloqueio efetivono interior <strong>do</strong>s estabelecimentos prisionais, sem comprometer a livre utilização<strong>do</strong>s Serviços <strong>de</strong> Telecomunicações em sua vizinhança.Também é necessário ter em mente que não basta instalar - é necessáriauma constante manutenção e atualização <strong>do</strong>s equipamentos responsáveispelo bloqueio às comunicações, bem como um sistema completo <strong>de</strong> supervisãoe controle. As primeiras tentativas <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> equipamento noBrasil são paradigmáticas. Nos anos <strong>de</strong> 2001 e 2002, alguns presídios nos esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> São Paulo instalaram bloquea<strong>do</strong>res, porém asexperiências foram, sem exceção, mal sucedi<strong>da</strong>s. A criação <strong>de</strong> novas faixas <strong>de</strong>freqüência e a entra<strong>da</strong> em operação <strong>de</strong> celulares no sistema GSM tornaramto<strong>da</strong> a infra-estrutura estala<strong>da</strong> rapi<strong>da</strong>mente obsoleta, o que redun<strong>do</strong>u em seu<strong>de</strong>smantelamento.Portanto, é necessária uma constante atualização tecnológica, com vistasao bloqueio <strong>de</strong> novas freqüências e tecnologias que porventura venham aser explora<strong>da</strong>s não apenas pelas opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> celulares, mas por to<strong>da</strong>s asempresas presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> telecomunicações sem fio. Também énecessário ter em mente que não basta a infra-estrutura: o capital humano,forma<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> treinamento <strong>de</strong> pessoas aptas a operarem a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>menteos equipamentos <strong>de</strong> bloqueio nos presídios, também é fun<strong>da</strong>mental.


114Finalmente, há que se ressaltar as pré-condições necessárias para aimplementação <strong>do</strong> programa aqui proposto. Em resumo, são as seguintes:- Ação <strong>do</strong> Congresso Nacional modifican<strong>do</strong> o arcabouço legal referente à LegislaçãoPenal;- Ação <strong>da</strong> Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações para a homologação <strong>do</strong>sequipamentos necessários ao bloqueio <strong>de</strong> comunicações em presídios;- Ação <strong>da</strong> Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações para a certificação <strong>de</strong> empresasautoriza<strong>da</strong>s a projetar, fabricar a instalar equipamentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aobloqueio <strong>de</strong> comunicações;- Implementações, nas políticas <strong>de</strong> segurança pública estaduais e fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>classificações <strong>de</strong> periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> presos sob custódia e estabelecimento <strong>de</strong>uma lista <strong>de</strong> presídios nos quais serão confina<strong>do</strong>s os presidiários que <strong>de</strong>vempermanecer em estabelecimentos <strong>de</strong> segurança máxima;- Decreto regulamentan<strong>do</strong> o artigo 4° <strong>da</strong> Lei n.° 10.792, <strong>de</strong> 2003 e <strong>da</strong> Lei 5.070,<strong>de</strong> 1966, estabelecen<strong>do</strong> a competência <strong>da</strong> Anatel pela fiscalização <strong>do</strong> funcionamento<strong>de</strong> terminais sem fio em presídios e permitin<strong>do</strong> a utilização <strong>de</strong> verbasoriun<strong>da</strong>s <strong>do</strong> FISTEL para tal fim;Assim, chegamos conjuntamente à seguinte proposta <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong> bloqueio às comunicações nos municípios brasileiros:Fase 1 - Seleção <strong>do</strong>s presídios participantes <strong>do</strong> projeto e <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>sprojetos-piloto.As secretarias <strong>de</strong> segurança pública estaduais <strong>de</strong>verão, como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>inicial <strong>do</strong> projeto, elaborar uma lista conten<strong>do</strong> os presídios nos quais julga necessáriaa instalação <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> RF, bem como as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>equipamentos <strong>de</strong> vistoria, monitoramento, supervisão, e <strong>de</strong>tecção. Dentre essespresídios, será indica<strong>do</strong> um para ser um projeto-piloto. O Ministério <strong>da</strong> Justiçae a Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações escolherão, <strong>de</strong>ntre os presídiosindica<strong>do</strong>s, aqueles que mais se a<strong>de</strong>qüem à implementação experimental<strong>do</strong>s primeiros projetos para o bloqueio <strong>de</strong> comunicação.Fase 2 - Elaboração <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s técnicos, homologação <strong>de</strong> produtos e certificação<strong>de</strong> empresas pela Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações.A Anatel já conta hoje com uma extensa lista <strong>de</strong> equipamentos bloquea<strong>do</strong>res<strong>de</strong> RF homologa<strong>do</strong>s e certifica<strong>do</strong>s pela agência. Contu<strong>do</strong>, muitas <strong>de</strong>ssascertificações já expiraram, sen<strong>do</strong> necessário, portanto, um novo chamamento


115aos fabricantes que queiram renovar suas homologações <strong>de</strong> equipamentos,ten<strong>do</strong> em vista a futura implantação <strong>de</strong> projetos visan<strong>do</strong> o bloqueio às comunicaçõesem diversos presídios brasileiros. Ain<strong>da</strong> durante as discussões <strong>do</strong> Grupo<strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a discutir as comunicações nos presídios, os representantes<strong>da</strong> Agência já haviam se comprometi<strong>do</strong> a proce<strong>de</strong>r esse chamamento,e <strong>de</strong> fato as renovações <strong>de</strong> certificações já estão em curso.Ten<strong>do</strong> em mãos uma lista mínima <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> diversas especificaçõesque po<strong>de</strong>rão ser utiliza<strong>do</strong>s para o bloqueio às comunicações, a Anatelestará apta a elaborar uma espécie <strong>de</strong> projeto-guia, que será utiliza<strong>do</strong> pelassecretarias estaduais para a elaboração <strong>de</strong> seus projetos específicos para ca<strong>da</strong>presídio. Nesse projeto-guia, serão lista<strong>do</strong>s os equipamentos que po<strong>de</strong>rão serutiliza<strong>do</strong>s, as suas especificações técnicas, bem como informações necessáriasà elaboração <strong>do</strong>s projetos pêlos Esta<strong>do</strong>s.Fase 3 - Especificação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pelas secretarias estaduais <strong>de</strong>segurança pública.Com base nas instruções elabora<strong>da</strong>s e publica<strong>da</strong>s pela Anatel, as secretariasestaduais <strong>de</strong> segurança especificaram as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas parao bloqueio <strong>da</strong>s comunicações para os presídios nos quais as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>segurança julgaram ser necessário a instalação <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> equipamento.Tais projetos <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s e indicar precisamente qual tipo <strong>de</strong> equipamentoserá necessário.Fase 4 - Escolha <strong>da</strong>s empresas e produtosEm procedimento <strong>de</strong> escolha pública com critérios claros e transparentes,realiza<strong>do</strong> entre as empresas certifica<strong>da</strong>s e com equipamentos homologa<strong>do</strong>spela Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações e levan<strong>do</strong>-se em conta asnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s aponta<strong>da</strong>s pelas secretarias <strong>de</strong> segurança para ca<strong>da</strong> presídio,serão escolhi<strong>do</strong>s os executantes <strong>do</strong>s projetos. As empresas escolhi<strong>da</strong>s elaborarãoentão os projetos específicos para ca<strong>da</strong> presídio.Fase 5 - Submissão <strong>do</strong>s projetos à Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações(Anatel).Os projetos contrata<strong>do</strong>s pelas secretariais estaduais <strong>de</strong> segurança públicaserão submeti<strong>do</strong>s à Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações, que os avalia-


116rá <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as premissas técnicas elabora<strong>da</strong>s pela Agência. Caso existamincorreções ou possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aperfeiçoamento nos projetos, a própriaAnatel irá realizar as correções técnicas necessárias, ten<strong>do</strong> como base a busca<strong>da</strong> maior eficiência ao menor gasto.Fase 6 - Avaliação e aceite <strong>do</strong>s projetos pela Anatel e liberação <strong>da</strong>s verbas<strong>do</strong> FISTEL para a execução <strong>do</strong>s projetos.Uma vez avalia<strong>do</strong>s e aceitos os projetos apresenta<strong>do</strong>s pelas secretarias<strong>de</strong> segurança pública, a Agência emitirá o aceite, por meio <strong>do</strong> instrumento legalmais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o enten<strong>de</strong>r <strong>da</strong> Anatel. Somente com esse aceiteserá possível às secretarias <strong>de</strong> segurança pública estaduais dispor <strong>do</strong>s recursosnecessários para a efetiva implementação <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> bloqueio às comunicações.Contu<strong>do</strong>, temos aqui duas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A primeira é a liberação <strong>da</strong>sverbas para os Esta<strong>do</strong>s, para que eles proce<strong>da</strong>m à compra <strong>do</strong>s equipamentos.Contu<strong>do</strong>, essa escolha po<strong>de</strong> redun<strong>da</strong>r em per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> escala em encarecimento<strong>do</strong>s equipamentos, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>r uma alteração na legislação que regulao FISTEL, já que os recursos <strong>de</strong>sse fun<strong>do</strong> atualmente po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s exclusivamentepela Anatel.Uma outra possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é que a própria Anatel compre os equipamentose <strong>de</strong>pois os repasse aos Esta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Essaalternativa, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r baratear o programa, já que os equipamentos com amesma especificação serão adquiri<strong>do</strong>s conjuntamente, não gera problemaslegais para a utilização <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FISTEL, já que a utilização <strong>da</strong>s verbas<strong>do</strong> fun<strong>do</strong> serão efetua<strong>da</strong>s pela própria agência. Enten<strong>de</strong>mos que essa segun<strong>da</strong>opção, portanto, é a mais recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>.Fase 7 - Execução <strong>do</strong>s projetos aprova<strong>do</strong>s pelas empresas seleciona<strong>da</strong>s.Libera<strong>da</strong>s as verbas e adquiri<strong>do</strong>s os equipamentos, as secretarias <strong>de</strong>segurança pública estaduais estarão aptas a contratar a instalação, operação emanutenção, com seus próprios recursos, para os equipamentos <strong>de</strong> bloqueioàs comunicações. Nesse caso, po<strong>de</strong>rão ser celebra<strong>do</strong>s convênios entre os Esta<strong>do</strong>se escolas <strong>de</strong> engenharia, escolas técnicas ou qualquer outra enti<strong>da</strong><strong>de</strong>que lhes possa <strong>da</strong>r suporte.. As opera<strong>do</strong>ras ficariam então responsáveis pordisponibilizar informações sobre suas re<strong>de</strong>s para operacionalização <strong>do</strong>s equi-


117pamentos. Os representantes <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia se <strong>de</strong>clararam dispostosa manter tais informações sempre atualiza<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> forma a garantir aa<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s sistemas, o que seria <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para o sucesso <strong>do</strong> programa.Fase 8 - Vistoria e liberação <strong>de</strong> funcionamento pela Agência Nacional <strong>de</strong>Telecomunicações.Termina<strong>da</strong> a instalação, as secretarias <strong>de</strong> segurança pública solicitariama vistoria <strong>da</strong> Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações para po<strong>de</strong>rem então iniciara operação <strong>do</strong>s equipamentos <strong>de</strong> bloqueio. Esse é um procedimento padrão,utiliza<strong>do</strong> atualmente inclusive para a instalação <strong>de</strong> emissoras <strong>de</strong> radiodifusão,<strong>de</strong> estações Rádio-Base <strong>de</strong> telefonia celular e <strong>de</strong> outros equipamentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>sà utilização <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> rádio regularmente outorga<strong>da</strong>spela agência. Nesse caso especifico, contu<strong>do</strong>, essa vistoria <strong>da</strong> Anatel se fazain<strong>da</strong> mais necessária, ten<strong>do</strong> em vista que ela é quem administrará a utilização<strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FISTEL para a instalação <strong>da</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> bloqueio às comunicaçõesem estabelecimentos prisionais. Caberá à Agência, assim, nãoapenas vistoriar se as instalações estão corretamente instala<strong>da</strong>s conforme osprojetos técnicos apresenta<strong>do</strong>s, mas também se os recursos emprega<strong>do</strong>s nosprojetos estão sen<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s <strong>da</strong> melhor maneira possível, <strong>de</strong> forma probae eficiente.Fase 9 - Manutenção e atualização <strong>da</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> bloqueio às comunicaçõesCaberá aos Esta<strong>do</strong>s, isola<strong>da</strong>mente ou em parceria com empresas, escolas<strong>de</strong> engenharia, escolas técnicas ou qualquer outra enti<strong>da</strong><strong>de</strong> que lhes possa<strong>da</strong>r suporte, manter em funcionamento os equipamentos <strong>de</strong> bloqueio às comunicaçõesinstala<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong> programa que aqui <strong>de</strong>senhamos. Tambémestará a seu cargo, <strong>de</strong>sta vez em parceria com o Po<strong>de</strong>r Público Fe<strong>de</strong>ral, a mo<strong>de</strong>rnização<strong>da</strong> infra-estrutura, sempre que se fizer necessária a substituição ouo acréscimo <strong>de</strong> novos equipamentos, com vistas a aumentar o escopo <strong>de</strong> formas<strong>de</strong> comunicação sem fio e <strong>da</strong>s freqüências a serem bloquea<strong>da</strong>s. Para tanto,serão repeti<strong>do</strong>s os mesmos procedimentos <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> projetos técnicos,levan<strong>do</strong>- se em conta os novos equipamentos a serem acrescenta<strong>do</strong>s esen<strong>do</strong> necessário o aval <strong>da</strong> Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações para a efetivação<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças.


1188. Cronograma <strong>de</strong> implementação e custos estima<strong>do</strong>sAÇÃOPERÍODOSeleção <strong>do</strong>s presídios participantes <strong>do</strong> projeto e <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s Agosto e setembro <strong>de</strong> 2006projetos-piloto.Elaboração <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s técnicos e certificação/homologação <strong>de</strong> Agosto e setembro <strong>de</strong> 2006produtos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao bloqueio às comunicação pela Anatel.Contratação <strong>do</strong>s projetos pelas secretarias estaduais <strong>de</strong> segurançapública.Outubro a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006Submissão <strong>do</strong>s projetos à Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações.Dezembro <strong>de</strong> 2006Avaliação e aceite <strong>do</strong>s projetos pela Anatel. Janeiro e fevereiro <strong>de</strong> 2007Liberação <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FUTTEL e compra <strong>do</strong>s equipamentos Março e abril <strong>de</strong> 2007necessários à instalação <strong>do</strong>s projetos-piloto.Execução <strong>do</strong>s projetos-piloto aprova<strong>do</strong>s, vistoria e liberação <strong>de</strong> Maio a julho <strong>de</strong> 2007funcionamento pela Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações.Avaliação <strong>do</strong>s projetos-piloto e elaboração <strong>de</strong> novos estu<strong>do</strong>s Agosto a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007técnicos com base nesses projetos pioneiros.Publicação <strong>de</strong> novas diretrizes <strong>da</strong> Anatel para a execução <strong>do</strong>s Janeiro <strong>de</strong> 2008<strong>de</strong>mais projetos <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> bloqueio às comunicaçõesem presídios.Liberação <strong>da</strong>s verbas <strong>do</strong> FUNTTEL e compra <strong>do</strong>s equipamentosnecessários à instalação <strong>do</strong>s projetos restantes.Fevereiro e março <strong>de</strong> 2008Execução <strong>do</strong>s projetos aprova<strong>do</strong>s, vistoria e liberação <strong>de</strong> funcionamentopela Agência Nacional <strong>de</strong>Abril a julho <strong>de</strong> 2008Telecomunicações.As estimativas iniciais realiza<strong>da</strong>s pelo Grupo <strong>de</strong> Trabalho que discutiuméto<strong>do</strong>s para bloqueio às comunicações em presídios estimou que para projetosmais simples - por exemplo para presídios afasta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> centres urbanos e<strong>de</strong> estações Rádio-Base <strong>de</strong> celulares - o custo para a implementação <strong>de</strong> umprojeto <strong>de</strong> bloqueio seria em torno <strong>de</strong> R$ 300 mil. Na outra ponta, composta poraqueles presídios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte situa<strong>do</strong>s em áreas com cobertura <strong>de</strong> to<strong>da</strong>sas opera<strong>do</strong>ras, em to<strong>da</strong>s as faixas <strong>de</strong> freqüência e localiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro ou muitopróximo <strong>de</strong> centros urbanos, esse gasto po<strong>de</strong>ria chegar a até R$ 1 milhão.A média seria um gasto <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente R$ 500 mil. Portanto, paraa instalação <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares em 4 (quatro) ou 5 (cinco) presídiosque compra <strong>do</strong>s equipamentos necessários à instalação <strong>do</strong>s projetos-piloto,seriam gastos entre R$ 2 e 2,5 milhões. Este, portanto, seria o dispêndio estima<strong>do</strong>para o primeiro ano <strong>do</strong> projeto.Já no ano <strong>de</strong> 2008, a expectativa é que seja instala<strong>da</strong> a infra-estrutura<strong>de</strong> bloqueio às comunicações em to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>mais presídios. A partir <strong>de</strong> umaestimativa <strong>de</strong> que sejam escolhi<strong>do</strong>s 600 presídios em to<strong>do</strong> o País para que façamparte <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares - númeroesse que consi<strong>de</strong>ramos até mesmo superior ao que efetivamente <strong>de</strong>verá ser<strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>do</strong> pelas secretarias públicas estaduais -, calculamos um dispêndio <strong>de</strong>R$ 300 milhões.


119Temos no total, portanto, um gasto estima<strong>do</strong> em R$ 302,5 milhões paraum perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2 anos, <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006 a agosto <strong>de</strong> 2008. Trata-se <strong>de</strong> umaparcela ínfima <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> FISTEL para o mesmo perío<strong>do</strong>. Apenas parase ter uma idéia, a arreca<strong>da</strong>ção prevista para o fun<strong>do</strong> no biênio 2007-2008 é <strong>de</strong>aproxima<strong>da</strong>mente R$ 4 bilhões. Portanto, os investimentos necessários para seinstalar bloquea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celulares em mais <strong>de</strong> 600 presídios em to<strong>do</strong> o Brasilrepresentaria apenas 7,55% <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> no mesmo perío<strong>do</strong>.Sala <strong>da</strong> Comissão, em <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> JÚLIO SEMEGHINISub-Relator8. O MERCADO CRIMINAL DE ARMAS DE FOGO NA CIDADE DO RIO DEJANEIROIntroduçãoTrata-se <strong>de</strong> texto <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> sobre trabalho realiza<strong>do</strong> por Patrícia S.Rivero, Doutora em Sociologia e pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> ISER, com vistas a examinaro merca<strong>do</strong> e o uso ilegais <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo negocia<strong>da</strong>s pelo crime na ci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Em seu trabalho, que foi encaminha<strong>do</strong> à Presidência <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>pelo Sr. Antônio Rangel, <strong>do</strong> Grupo Viva Rio, para servir <strong>de</strong> subsídio à elaboração<strong>do</strong> Relatório, a Autora compara os ca<strong>da</strong>stros <strong>da</strong>s armas registra<strong>da</strong>s e os<strong>da</strong>s acautela<strong>da</strong>s nos <strong>de</strong>pósitos <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,para chegar a uma estimativa <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>do</strong>s tipos preferenciais <strong>de</strong> armasilegais em circulação no município. Calculou também a proporção <strong>de</strong> armas<strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o crime, assim como proce<strong>de</strong>u a uma análise <strong>da</strong>evolução histórica <strong>de</strong>ssas armas.Foram <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s, assim, as principais mu<strong>da</strong>nças no perfil <strong>da</strong>s armasusa<strong>da</strong>s no crime no Rio <strong>de</strong> Janeiro (por país <strong>de</strong> fabricação, tipo, calibre e marca),i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>-se os preços com o qual essas armas são negocia<strong>da</strong>s nosmerca<strong>do</strong>s criminais. Posteriormente, esses os preços foram compara<strong>do</strong>s aospreços nos merca<strong>do</strong>s legais e foram levanta<strong>do</strong>s os elementos que po<strong>de</strong>m interferircom as variações <strong>de</strong> preços nos merca<strong>do</strong>s criminais:


120- quais <strong>de</strong>ssas armas que são negocia<strong>da</strong>s no crime são utiliza<strong>da</strong>s pela PolíciaMilitar, pela Polícia Civil e/ou pelas FFAA (Fuzileiros Navais, Aeronáutica, E-xército);- os significa<strong>do</strong>s que as armas têm nos merca<strong>do</strong>s criminais e quais <strong>de</strong>las sãoas mais valoriza<strong>da</strong>s pelos criminosos;- quais são os principais critérios que influem na valorização diferencial <strong>da</strong>sarmas no merca<strong>do</strong> criminoso <strong>do</strong> Rio.O merca<strong>do</strong> criminal <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogoAs armas <strong>de</strong> fogo se tornam merca<strong>do</strong>rias políticas quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s enegocia<strong>da</strong>s no crime, pois o seu preço já não só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>s leis <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>,mas também <strong>de</strong> avaliações estratégicas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>do</strong> recurso potencial à violência.Consta em algumas análises sociológicas que a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeirose caracteriza historicamente pelos altos índices <strong>de</strong> ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>, tanto <strong>da</strong>mão-<strong>de</strong>-obra, quanto <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias negocia<strong>da</strong>s. Outras análises atribuemnão só ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas a to<strong>do</strong> o País, a peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento<strong>da</strong>s normas em várias esferas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, particularmente no âmbito econômico.Portanto, não é estranho que, nesse contexto favorável à <strong>de</strong>sregulamentação<strong>do</strong>s intercâmbios econômicos, também as armas <strong>de</strong> fogo sejam negocia<strong>da</strong>silegalmente.Por outro la<strong>do</strong>, armas <strong>de</strong> fogo são utiliza<strong>da</strong>s pelas diferentes facções <strong>do</strong>narcotráfico, no mais <strong>da</strong>s vezes nas periferias aban<strong>do</strong>na<strong>da</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>, comoforma <strong>de</strong> garantir e afirmar o seu po<strong>de</strong>r territorial e permitir o livre comércio <strong>de</strong>drogas, enfrentan<strong>do</strong>, tanto a polícia, como as facções rivais, o que estabelecenessas áreas, especialmente nas favelas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro um esta<strong>do</strong> permanente<strong>de</strong> conflito arma<strong>do</strong>. Como resulta<strong>do</strong>, o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro é a uni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> fe<strong>de</strong>ração que apresenta as taxas mais altas <strong>de</strong> mortes por arma <strong>de</strong>fogo, e as favelas <strong>do</strong> município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro têm taxas <strong>de</strong> mortes por arma<strong>de</strong> fogo só comparáveis aos países em guerra.O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas transações econômicas reflete as características gerais<strong>de</strong> um tipo específico <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, o merca<strong>do</strong> criminal. Em primeiro lugar, tratase<strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> que cumpre as regras <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s informais, ilegais ecriminais. Um merca<strong>do</strong> on<strong>de</strong> se combinam dimensões políticas e econômicas,<strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que um recurso (ou um custo) político se reflete em valor <strong>de</strong> troca.Negociar armas é negociar a força que seria <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>do</strong> po<strong>de</strong>restatal <strong>de</strong> polícia. Se o Esta<strong>do</strong> tem o monopólio <strong>do</strong> uso <strong>da</strong> força, a negociação


121<strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> força não só compete com o Esta<strong>do</strong>, mas contrapõe-se a elemediante um ato criminal. Mais ain<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa negociação vai criar umaforça <strong>de</strong> controle territorial como é o tráfico <strong>de</strong> drogas na gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>speriferias nos maiores a<strong>de</strong>nsamentos urbanos <strong>do</strong> País.Em tais condições, o uso <strong>da</strong> força, monopólio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, lhe é expropria<strong>do</strong>,seja por membros <strong>do</strong> próprio Esta<strong>do</strong> (corrupção), ou por indivíduos externosao Esta<strong>do</strong> (as gran<strong>de</strong>s transações <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas que entramnas favelas cariocas, por terra ou por mar).As armas, os preços e os símbolosCombinaram-se meto<strong>do</strong>logias quantitativas e qualitativas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> queo estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s bases <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo foi complementa<strong>do</strong> pelas informaçõesobti<strong>da</strong>s em entrevistas e grupos focais, realiza<strong>da</strong>s com agentes sociaispróximos às armas que circulam no crime.Uma parte <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> se concentra na análise <strong>de</strong>scritiva <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobrearmas <strong>de</strong> fogo que constam <strong>da</strong>s bases <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> armas acautela<strong>da</strong>s e registra<strong>da</strong>s<strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> e Explosivos <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro (DFAE). A partir <strong>de</strong>ssas bases, foram traça<strong>do</strong>s os perfis <strong>da</strong>s armasacautela<strong>da</strong>s e registra<strong>da</strong>s, possibilitan<strong>do</strong> a posterior análise e projeção paraestu<strong>da</strong>r em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> o perfil <strong>da</strong>s armas que circulavam irregularmente naci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Trabalhou-se na análise <strong>da</strong>s armas acautela<strong>da</strong>s queforam apreendi<strong>da</strong>s em situação criminal, o que requereu uma primeira análise<strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong>ssas armas recolhi<strong>da</strong>s a <strong>de</strong>pósito, para se po<strong>de</strong>r diferenciar asque foram efetivamente envolvi<strong>da</strong>s em crime.Outra parte <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s baseia-se no cálculo estimativo. Nesteestu<strong>do</strong> estimou-se, em primeiro lugar a proporção <strong>de</strong> armas que eram acautela<strong>da</strong>sno município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, já que esse <strong>da</strong><strong>do</strong> não aparecia nas bases.Também se aplicou o méto<strong>do</strong> estimativo <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> armas em circulaçãono Brasil, e esse méto<strong>do</strong> foi recria<strong>do</strong> para obter-se uma estimativa <strong>da</strong>s armasque circulavam no crime no município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.Para a abor<strong>da</strong>gem específica <strong>do</strong> valor <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo no merca<strong>do</strong>criminal obtiveram-se informações sobre os preços <strong>da</strong>s armas, e a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>análise estu<strong>da</strong><strong>da</strong> foram os próprios atores e testemunhas <strong>do</strong>s fatos (jovens"consultores <strong>de</strong> favelas" e policiais que fazem o trabalho operacional nas fave-


122las), que conhecem e têm informações em primeira mão sobre as transações<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo feitas pelos criminosos nas favelas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.Nesta parte <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foram utiliza<strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> pesquisa <strong>do</strong> tipo qualitativo,como a realização <strong>de</strong> grupos focais e <strong>de</strong> entrevistas com "informantesqualifica<strong>do</strong>s" e histórias <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Essas técnicas foram modifica<strong>da</strong>s parcialmentee utiliza<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma pouco convencional e bastante hetero<strong>do</strong>xa, como forma<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação a um objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> por vezes ambíguo ou <strong>de</strong> difícil abor<strong>da</strong>gemem campo.Com os policiais, trabalhou-se em grupos focais, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma son<strong>da</strong>gema respeito <strong>da</strong> melhor meto<strong>do</strong>logia a ser emprega<strong>da</strong> no trabalho com essesagentes e com os temas abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s por essa pesquisa. Na aplicação <strong>do</strong>s gruposfocais foram abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s diferentes técnicas. Além <strong>da</strong> entrevista coletiva quesupõe a realização <strong>do</strong> grupo focal, também se fez a exposição prévia <strong>do</strong> tema<strong>de</strong> pesquisa com os entrevista<strong>do</strong>s e trabalho em subgrupos para po<strong>de</strong>r ter oreconhecimento <strong>da</strong>s armas e <strong>de</strong>terminar os preços.Com os jovens <strong>da</strong>s favelas, que conhecem armas <strong>de</strong> fogo e seu uso pelonarcotráfico, a meto<strong>do</strong>logia foi diferente. Chegou-se à conclusão <strong>de</strong> que seriamelhor trabalhar com ca<strong>da</strong> um individualmente, durante perío<strong>do</strong>s mais longos,como forma <strong>de</strong> criar espaços <strong>de</strong> diálogo e comunicação. Foram, portanto,aplica<strong>da</strong>s as técnicas <strong>de</strong> entrevista e histórias <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, e o trabalho com ca<strong>da</strong>um <strong>de</strong>les esten<strong>de</strong>u-se durante vários meses, até se estabelecer um vínculomais estreito que permitisse um melhor ambiente <strong>de</strong> confiança, favorável aotrabalho <strong>de</strong> pesquisa.Para <strong>de</strong>stacar as regras e os processos lógicos que funcionam no merca<strong>do</strong>criminal <strong>de</strong> armas, foi feito um levantamento <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong> mesmo tipo,mo<strong>de</strong>lo e calibre <strong>de</strong> armas nos merca<strong>do</strong>s legais, nacional e internacional. Nessecontraponto, foi possível <strong>de</strong>terminar, com maior clareza, os critérios específicos<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s criminais. Junto com a in<strong>da</strong>gação sobre os preços com quese negociavam as armas nos merca<strong>do</strong>s criminais, também foram levanta<strong>da</strong>sinformações sobre o significa<strong>do</strong> que as armas tinham para os próprios agentesenvolvi<strong>do</strong>s no uso ou mais próximos <strong>da</strong>s armas nas favelas. Foram levanta<strong>da</strong>squestões subjetivas associa<strong>da</strong>s aos sentimentos que as armas <strong>de</strong>spertavam,as imagens que passavam, as sensações que conferiam àqueles que as usavam.Também in<strong>da</strong>gou-se acerca <strong>do</strong> conhecimento que os atores sociais envolvi<strong>do</strong>stinham <strong>da</strong>s armas, assim como <strong>da</strong>s transações que se realizavam.


123Obtiveram-se também informações que <strong>de</strong>ixaram claras as características atribuí<strong>da</strong>sao conflito no qual as armas eram utiliza<strong>da</strong>s.Também foram realiza<strong>da</strong>s entrevistas com agentes policiais civis quecui<strong>da</strong>vam <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> armas e com agentes <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, que gerenciavamas informações sobre apreensões <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo. As informaçõesobti<strong>da</strong>s, embora escassas, foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> nessa pesquisa.Foram usa<strong>da</strong>s, portanto, <strong>de</strong> forma alterna<strong>da</strong>, técnicas e análises quantitativase qualitativas, ambas interagin<strong>do</strong> entre si e se complementan<strong>do</strong>.O <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo para o crimeChama a atenção o crescimento <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> armas que são acautela<strong>da</strong>sem situação criminal. Entre as armas <strong>de</strong> fogo acautela<strong>da</strong>s, 81% aparecemcomo armas que nunca tiveram registro, e só 19% <strong>da</strong>s acautela<strong>da</strong>s são armascom registro prévio. Portanto, um quinto <strong>da</strong>s armas relaciona<strong>da</strong>s a crimes foramadquiri<strong>da</strong>s legalmente.Freqüentemente se noticia sobre armas rouba<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s instituições policiaise <strong>de</strong>pois apreendi<strong>da</strong>s em crimes ou <strong>de</strong> armas exibi<strong>da</strong>s pela polícia comorecentemente apreendi<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>pois reconheci<strong>da</strong>s como armas pertencentes aoacervo <strong>da</strong> polícia. Uma in<strong>da</strong>gação mais apura<strong>da</strong> <strong>da</strong> situação <strong>da</strong>s armas acautela<strong>da</strong>spela polícia permitiu melhorar a organização <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s e obter mais informaçãosobre o <strong>de</strong>stino real <strong>de</strong>ssas armas.É necessário <strong>de</strong>stacar que as armas acautela<strong>da</strong>s são aquelas apreendi<strong>da</strong>spela polícia por se encontrarem em situação irregular: falta <strong>de</strong> registro, porteilegal ou apreendi<strong>da</strong> em situação <strong>de</strong> crime. Por compor o universo <strong>da</strong> ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>,as características <strong>da</strong>s armas acautela<strong>da</strong>s são importantes para introduziro objetivo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Por isso, são apresenta<strong>do</strong>s alguns <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s que mostramas porcentagens <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>ntre as acautela<strong>da</strong>s que tiveram registro algumavez. Configuram-se assim as dimensões <strong>do</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armas, ou seja, aproporção <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> logo que em algum momento foram legais e passaramà ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Depois <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>puração e limpeza <strong>da</strong>s bases <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s,constatou-se que, <strong>da</strong>s armas acautela<strong>da</strong>s, 81% aparecem como armas quenunca tiveram registro e só 19% são armas com registro prévio. Desses 81%<strong>de</strong> acautela<strong>da</strong>s sem registro já foram retira<strong>do</strong>s <strong>da</strong> contagem 7,7% <strong>de</strong> armasque foram <strong>de</strong>volvi<strong>da</strong>s ao proprietário e 0,2% que foram incorpora<strong>da</strong>s ao patri-


124mônio (armas que foram para perícia e ain<strong>da</strong> não se <strong>de</strong>terminou se estavamenvolvi<strong>da</strong>s em crime). Das armas <strong>de</strong> fogo acautela<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, entre 1951 e 2003, apenas 19% eram registra<strong>da</strong>s.A porcentagem <strong>de</strong> armas que nunca tiveram registro, e aparecem nocrime, é muito eleva<strong>da</strong>, cerca <strong>de</strong> 81%. Mas não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser significativa a porcentagemrestante, 19%, que alguma vez tiveram registro e, portanto, em algummomento foram legais e posteriormente <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s para a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> e ocrime.É <strong>de</strong> se concluir, portanto, a ausência <strong>de</strong> controle eficaz pelos órgãos aquem são atribuí<strong>do</strong>s esses encargos. Para se evitarem a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> e o <strong>de</strong>svio,serão necessários controles <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os locais on<strong>de</strong> são produzi<strong>da</strong>s as armas,até o comércio e as rotas por on<strong>de</strong> elas entram (fronteiras entre esta<strong>do</strong>s e países),assim como <strong>da</strong>s instituições públicas e priva<strong>da</strong>s que utilizam armas <strong>de</strong>fogo.As marcas <strong>de</strong> nascimento e a letali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s armas <strong>do</strong> crimeA maioria <strong>da</strong>s armas são revólveres <strong>de</strong> origem brasileira, mas sua participação<strong>de</strong>cresce no perío<strong>do</strong> mais recente. A porcentagem <strong>de</strong> pistolas e fuzis,por sua vez, tem um crescimento acelera<strong>do</strong> na última déca<strong>da</strong>. Apesar disso, ofuzil continua a ser o tipo <strong>de</strong> arma com a menor proporção. Aumenta a presença<strong>de</strong> armas artesanais, o que mostra um crescimento <strong>da</strong> ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> tambémna produção <strong>de</strong> armas. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s revelam, <strong>de</strong> to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, a crescente letali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong>s armas utiliza<strong>da</strong>s no crime.<strong>Armas</strong> <strong>de</strong> fogo acautela<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por país <strong>de</strong>origem (1951 a 2003)PAÍS DISTRIBUIÇÃO PAÍS DISTRIBUIÇÃOBRASIL 81% ARGENTINA 2%EUA 7% ALEMANHA 1%ESPANHA 3% ITÁLIA 1%BÉLGICA 3% OUTROS 2%Por país <strong>de</strong> origem, a maioria <strong>da</strong>s armas acautela<strong>da</strong>s no esta<strong>do</strong> entre1951 e 2003 é <strong>de</strong> fabricação nacional, segui<strong>da</strong>s em menor proporção por aquelas<strong>de</strong> fabricação americana e pelas <strong>de</strong> origem espanhola e belga. No caso <strong>da</strong>sespanholas, como será verifica<strong>do</strong> mais adiante, há armas acautela<strong>da</strong>s muitoantigas, talvez estoques restantes <strong>da</strong> guerra civil espanhola e outros mais recentes,produto <strong>da</strong> crise <strong>da</strong>s empresas produtoras <strong>de</strong> armas na região <strong>de</strong> El-


125bar, no norte <strong>da</strong> Espanha. As armas belgas, mais mo<strong>de</strong>rnas e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> fogo, po<strong>de</strong>m estar relaciona<strong>da</strong>s a contraban<strong>do</strong>s recentes e também a roubose <strong>de</strong>svios <strong>da</strong>s forças <strong>de</strong> segurança para o crime. Também se encontram,em menor porcentagem (2%), armas provenientes <strong>da</strong> Argentina, o que faz pensarnas rotas <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> armas entre países fronteiriços no Mercosul.<strong>Armas</strong> <strong>de</strong> fogo acautela<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por tipo(1951 a 2003)TIPO DISTRIBUIÇÃO TIPO DISTRIBUIÇÃOREVÓLVER 67% CARABINA 1%PISTOLA 16% FUZIL 1%ESPINGARDA 7% METRALHADORA 1%GARRUCHA 6% OUTROS 1%A maioria está composta por revólveres (67%), o que tem relação com otipo <strong>de</strong> arma produzi<strong>da</strong> no Brasil. Depois seguem as pistolas, com uma porcentagembem menor (16%), mas importante, em relação aos outros tipos <strong>de</strong> arma.Espingar<strong>da</strong>s e garruchas, também a maioria <strong>de</strong> origem nacional, seguemem importância, com 6% e 7% respectivamente. As carabinas, os fuzis e submetralha<strong>do</strong>rascompõem o panorama contribuin<strong>do</strong> com porcentagens ain<strong>da</strong>menores (1% <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tipo). É interessante avaliar essas porcentagens por perío<strong>do</strong>,para verificar o quanto esse quadro se modifica e quais tipos têm aumenta<strong>do</strong>nos últimos tempos.<strong>Armas</strong> <strong>de</strong> fogo acautela<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por tipo(1951 a 2003)TIPODISTRIBUIÇÃO1951/1992 1993/2003REVÓLVER 73% 63%PISTOLA 12% 20%GARRUCHA 9% 2%ESPINGARDA 4% 10%CARABINA 1%FUZIL - 2%METRALHADORA E SUBMETRALHADORA - 1%OUTROS 1% 1%Efetivamente, há algumas modificações substanciais no tipo <strong>de</strong> armasacautela<strong>da</strong>s no último perío<strong>do</strong>. Cresce a porcentagem <strong>de</strong> pistolas em <strong>de</strong>trimento<strong>da</strong> proporção <strong>de</strong> revólveres. Por outro la<strong>do</strong>, se os fuzis não aparecem noprimeiro perío<strong>do</strong>, já no segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> representam 2% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> armas.Ambos os fatos são confirma<strong>do</strong>s pelas informações qualitativas disponíveis.


126Prosseguin<strong>do</strong> o exame sobre as características <strong>de</strong>ssas armas, po<strong>de</strong>-severificar que, entre as pistolas, pre<strong>do</strong>minam as marcas nacionais e, entre osfuzis, as marcas estrangeiras, embora a tendência seja o aumento <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>calibres cujo uso é proibi<strong>do</strong> para os civis:Pistolas acautela<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por calibre e marca(1951 – 2003)CALIBRE (TIPO) DISTRIBUIÇÃO CALIBRE (TIPO) DISTRIBUIÇÃO7,65 (FN, Taurus, Beretta) 8.000 a 9.000 .22 (Beretta) 2.000 a 3.0006,35 browning (Beretta) 6.000 a 7.000 .40 S&W (Taurus) Menos <strong>de</strong> 1.000.380 (Taurus 6.000 a 7.000 .38 curto (Taurus) Menos <strong>de</strong> 1.0009mm (Taurus, Lugger, 5.000 a 6.000 .38 longo (Colt, FN) Menos <strong>de</strong> 1.000S&W, Norinco, Glock).45 ACP (Colt) 2.000 a 3000De qualquer forma, a maioria <strong>da</strong>s pistolas acautela<strong>da</strong>s é <strong>de</strong> origem nacional,e a marca Taurus é uma <strong>da</strong>s mais encontra<strong>da</strong>s. Também aparecem aspistolas <strong>da</strong> IMBEL, reforçan<strong>do</strong> a presunção <strong>de</strong> roubos e <strong>de</strong>svios, já que essetipo <strong>de</strong> pistola é <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>da</strong>s forças <strong>de</strong> segurança nacionais (ForçasArma<strong>da</strong>s e Polícia Militar).Pistolas acautela<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por calibre e marca(1993 – 2003)CALIBRE (MARCA) DISTRIBUIÇÃO CALIBRE (MARCA) DISTRIBUIÇÃO.380 (Taurus, IMBEL) 5.000 a 6.000 .22 (Beretta) Menos <strong>de</strong> 1.0009mm (Taurus, Norinco, 4.000 a 5.000 .40 S&W (Taurus, Menos <strong>de</strong> 1.000S&W, Glock)Glock)7,65 browning (Taurus, 3.000 a 4.000 .38 curto (Taurus) Menos <strong>de</strong> 1.000FN, Beretta, Walther).45 ACP (Colt, Lhama, 1.000 a 2.000 .32. curto (Taurus, Colt, Menos <strong>de</strong> 1.000Glock, Springfield)FN)6,35 browning (Taurus,Beretta, FN)1.000 a 2.000 .357 magnum (DesertEagle)Menos <strong>de</strong> 1.000No caso <strong>do</strong>s fuzis, o perfil é outro:Fuzis acautela<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por marca e país <strong>de</strong> origem(1993 – 2003)MARCA E ORIGEM QUANTIDADE MARCA E ORIGEM QUANTIDADECOLT (EUA) 400 a 450 HK (ALEMANHA) 100 a 150RUGER (EUA) 350 a 400 FN (BÉLGICA) 100 a 150IMBEL (BRASIL) 200 a 250 FM (ARGENTINA) 50 a 100NORINCO (CHINA) 150 a 200 AK-47 (URSS) 50 a 100BUSHMASTER (EUA) 150 a 200


127Há um claro pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s fuzis <strong>de</strong> origem americana (<strong>da</strong>s marcas Colte Ruger), segui<strong>do</strong>s em menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> por aqueles <strong>da</strong> indústria nacional (<strong>da</strong>Imbel) e em terceiro lugar pelos fuzis <strong>de</strong> origem chinesa (Norinco). Portanto,além <strong>de</strong> ser armas que se <strong>de</strong>sviaram para o crime, neste caso há armas que<strong>de</strong>vem entrar no país via contraban<strong>do</strong>. Essas informações parecem constatar osuposto aumento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo <strong>do</strong> narcotráfico nas favelas <strong>do</strong> Rio, já que amaioria são armas utiliza<strong>da</strong>s em guerras e conflitos bélicos no mun<strong>do</strong> e fazemparte <strong>do</strong> que na literatura internacional se <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> armas pequenas <strong>de</strong>estilo militar (Small Arm Survey, cap. l, 2002).Traça<strong>do</strong> o perfil sintético <strong>da</strong>s armas acautela<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, a continuação <strong>de</strong>sta pesquisa focaliza as armas que foram acautela<strong>da</strong>sno município <strong>do</strong> Rio e basicamente aquelas que correspon<strong>de</strong>m aos últimos<strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> apreensão, para <strong>de</strong>pois analisar especificamente as armas acautela<strong>da</strong>se que são parte <strong>do</strong> crime.O Rio <strong>de</strong> Janeiro, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e suas armasA participação <strong>da</strong>s armas com registro, acautela<strong>da</strong>s em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> crime,aumentou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro perío<strong>do</strong> (1951-1981) até o último (1993-2003), em53%.A maioria <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s são <strong>de</strong> origem brasileira (76%), segui<strong>da</strong>s<strong>da</strong>s provenientes <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (10%) e <strong>da</strong>s que vêm <strong>de</strong> países vizinhos,como Argentina (3%). A maioria são revólveres (61%) e pistolas (27%).Os fuzis têm as maiores porcentagens <strong>de</strong> aumento nos últimos <strong>de</strong>z anos, e amaioria é <strong>de</strong> origem americana, indican<strong>do</strong> o aumento <strong>da</strong> letali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s armas<strong>do</strong> crime.Existem 4,3 armas <strong>de</strong> fogo por ca<strong>da</strong> 10 habitantes homens, entre 15 e65 anos, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, e mais <strong>de</strong> 17% <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo quecirculam na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> são usa<strong>da</strong>s para cometer crimes. Existe disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>sarmas na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, e a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que sejam utiliza<strong>da</strong>s em atos criminososé <strong>de</strong> quase 1 para 6.<strong>Armas</strong> que circulam no município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroComo esse estu<strong>do</strong> concentra-se na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e não noEsta<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s estimativos calculou-se a proporção <strong>de</strong> armas a-cautela<strong>da</strong>s que foram acautela<strong>da</strong>s na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, isolan<strong>do</strong> aquelas que estavamenvolvi<strong>da</strong>s em crime. Também foi mediante a aplicação <strong>de</strong>sses méto<strong>do</strong>s que


128se chegou à estimativa <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas em circulação no município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro.O interesse <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> é o universo <strong>de</strong> armas que circulam no município<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e nas armas que são objeto <strong>de</strong> troca ou negociação no merca<strong>do</strong>criminal, já que o estu<strong>do</strong> particular <strong>do</strong>s valores econômicos e simbólicos<strong>de</strong>ssas armas recai naquelas que pertencem ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trocas e <strong>de</strong> câmbiono espaço criminal, particularmente nas favelas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Conhecen<strong>do</strong>as proporções <strong>de</strong> armas em circulação no município <strong>do</strong> Rio e particularmenteno crime obtiveram-se os seguintes valores estima<strong>do</strong>s para as armasem circulação por habitante:Estimativa <strong>de</strong> Estimativa <strong>de</strong> <strong>Armas</strong><strong>do</strong> Crime em habitantes mas por habitan-Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Ar-<strong>Armas</strong> emcirculação no Circulação no no Município te (Município <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio (homens 15- Rio <strong>de</strong> Janeiro,Rio <strong>de</strong> Janeiroi<strong>da</strong><strong>de</strong>) anos i<strong>da</strong><strong>de</strong>)<strong>de</strong> Janeiro 65 anos <strong>de</strong> homens 15-65998.621 159.723 2.130.062 43,6 armas c/100 habitantesNúmero <strong>de</strong> <strong>Armas</strong><strong>do</strong> Crime por Habitantehomens, 15-65 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>,no Município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro)7,5 armas c/ 100habitantesA opção <strong>de</strong> estimar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas totais e <strong>do</strong> crime em circulaçãono município <strong>do</strong> Rio ficar relaciona<strong>da</strong> à população masculina maior <strong>de</strong> 15anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> município baseia-se no fato <strong>de</strong> que as principais vítimas <strong>de</strong>morte por arma <strong>de</strong> fogo no Brasil serem homens e jovens (entre 15 e 29 anos<strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>). Também se projetaram as proporções estima<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas <strong>do</strong> crime,no universo <strong>da</strong>s armas em circulação no município <strong>do</strong> Rio, para configurar asdimensões <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> criminal <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Também se in<strong>da</strong>gou <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que essas armas <strong>do</strong> crime naci<strong>da</strong><strong>de</strong> fossem produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios. A porcentagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio foi calcula<strong>da</strong> entreas armas que circulavam no crime no município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, projetan<strong>do</strong>nelas as proporções <strong>de</strong> armas acautela<strong>da</strong>s em situação criminal e quetiveram registro em algum momento (79% e 21%, respectivamente). A porcentagem<strong>de</strong> armas que se <strong>de</strong>sviam <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o crime na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é ain<strong>da</strong>maior <strong>do</strong> que a porcentagem observa<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas que se <strong>de</strong>sviam para a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong>no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio (21% e 19% respectivamente). A complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> re<strong>de</strong>urbana, on<strong>de</strong> se concentra a maior parte <strong>do</strong> conflito arma<strong>do</strong>, contribui para oaumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio. Por outro la<strong>do</strong>, já no momento em que a arma é <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>,está haven<strong>do</strong> um ato criminoso, portanto, é mais provável que ela esteja sen<strong>do</strong><strong>de</strong>svia<strong>da</strong> para entrar no circuito criminal.


129É bastante interessante observar o padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio através <strong>do</strong> tempo,olhan<strong>do</strong> a evolução <strong>da</strong>s armas que foram acautela<strong>da</strong>s em crime mas tinhamregistro, que, portanto passaram <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o crime. A evolução <strong>da</strong>quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1951 a 2003 mostra uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>próxima <strong>de</strong> zero até 1966, um crescimento para o patamar <strong>de</strong> 400 a 500 <strong>de</strong>1972 a 1996 e um crescimento linear e acentua<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> então, com umpico <strong>de</strong> quase 1.800 em 2002 e 1.000 em 2003.O ano <strong>de</strong> 1972 coinci<strong>de</strong> com a entra<strong>da</strong> maciça <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas nasfavelas cariocas, especialmente volta<strong>da</strong>s para o tráfico <strong>de</strong> maconha. O outroaumento importante <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o crime acontecenos anos <strong>de</strong> 1981 e 1982, quan<strong>do</strong> começa a se generalizar o tráfico <strong>de</strong> cocaína.Daí em diante, a tendência é <strong>de</strong> crescimento contínuo, chaman<strong>do</strong> a atençãoa enorme expansão durante a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990, quan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armaspara a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> chega aos níveis máximos. Na medi<strong>da</strong> em que aumenta acriminali<strong>da</strong><strong>de</strong> com arma <strong>de</strong> fogo, também aumenta o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armas. Tratan<strong>do</strong>-se<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, a tendência clara tem si<strong>do</strong> a <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> fogo <strong>do</strong>s grupos e facções que controlam o tráfico na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esse aumentotem si<strong>do</strong> quantitativo (maior número <strong>de</strong> armas) e também qualitativo (mais armascom po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo maior). Isto, soma<strong>do</strong> a políticas <strong>de</strong> segurança públicaquase sempre volta<strong>da</strong>s para a repressão e o confronto, contribuem para o aumento<strong>da</strong>s armas também por parte <strong>do</strong>s criminosos. O aumento <strong>do</strong> <strong>de</strong>svio, a-lém <strong>de</strong> estar acompanha<strong>do</strong> não só <strong>de</strong> uma maior <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por armas na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>relativa ao tipo <strong>de</strong> confronto que está acontecen<strong>do</strong>, também po<strong>de</strong> estar relaciona<strong>do</strong>com a corrupção <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s aparelhos <strong>de</strong> segurança públicos ou priva<strong>do</strong>sque alimentam com armas o crime, assim como com a ocorrência <strong>de</strong><strong>de</strong>litos <strong>de</strong> roubo <strong>de</strong> armas.Na medi<strong>da</strong> em que o tráfico <strong>de</strong> drogas avança em alguns pontos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,e os lucros <strong>de</strong>sse tráfico aumentam, a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios via corrupçãoou roubo também será <strong>de</strong> crescimento, estimula<strong>do</strong>s pela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> lucro e facilita<strong>do</strong>s pela falta <strong>de</strong> organização e cui<strong>da</strong><strong>do</strong> no controle <strong>do</strong>s estoques<strong>de</strong> armas.A tabela introduz o universo <strong>da</strong>s armas que foram acautela<strong>da</strong>s no crimeatravés <strong>do</strong> tempo, mostran<strong>do</strong> a origem <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu país <strong>de</strong>origem.País <strong>de</strong> 1951 a 1980 1981 a 1992 1993 a 2003origem Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> % Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> % Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> %


130País <strong>de</strong> 1951 a 1980 1981 a 1992 1993 a 2003origem Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> % Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> % Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> %Brasil 17.626 72,10 23.966 79,76 27.764 75,12EUA 1.843 7,54 2.203 7,33 3.835 10,38Argentina 379 7,03 576 1,92 1.053 2,85Espanha 1.718 7,01 989 3,29 923 2,50Bélgica 1.714 1,84 1.122 3,75 760 2,06Itália 450 1,66 340 1,13 375 1,01Alemanha 405 0,65 125 1,45 668 1,81Rep Tcheca 159 0,36 64 0,42 178 0,48França 87 0,03 163 0,21 60 0,16Artesanais 7 0,15 23 0,54 320 0,87Áustria 37 0,08 13 0,08 423 1,14Reino Uni<strong>do</strong> 19 - 1 0,04 10 0,03Polônia 1 - 23 - 1 -Israel - - 1 0,08 164 0,44Japão - - - - 1 -China - - - - 310 0,84Rússia - - - - 60 0,16Suíça - - - - 19 0,05Chile - - - - 15 0,04Suécia - - - - 8 0,02Egito - - - - 7 0,02Coréia - - - - 3 0,01Filipinas - - - - 1 -Iugoslávia - - - - 1 -TOTAL 24.445 100 30.046 100 36.959 100O que primeiro chama a atenção é a altíssima porcentagem <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>fabricação brasileira acautela<strong>da</strong>s no crime. Novamente, a informali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas, roubos, <strong>de</strong>svios (produtos <strong>da</strong> corrupção interna), to<strong>do</strong>s sinais<strong>de</strong> falta <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> armamento, po<strong>de</strong>m estar incidin<strong>do</strong>. A proporção<strong>de</strong>ssas armas tem um aumento consi<strong>de</strong>rável no segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> avaliação,novamente acompanhan<strong>do</strong> o aumento <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Por outro la<strong>do</strong>, as armas <strong>de</strong> origem americana, com uma porcentagembem menor, são as segun<strong>da</strong>s em importância <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s armas em mãos <strong>do</strong>scriminosos. Isto não só <strong>de</strong>monstra a evasão <strong>de</strong> fiscalização e o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong>armas, como também o perfil <strong>da</strong>s armas que são usa<strong>da</strong>s no crime na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.As armas americanas ten<strong>de</strong>m a aumentar ao longo <strong>do</strong>s anos. Em gran<strong>de</strong> parte,são pistolas automáticas e fuzis, <strong>de</strong> alta letali<strong>da</strong><strong>de</strong>.As armas <strong>de</strong> fabricação argentina aparecem em terceiro lugar, confirman<strong>do</strong>a presença <strong>de</strong> armas provenientes <strong>de</strong> países limítrofes no crime carioca.Depois, as <strong>de</strong> fabricação espanhola, <strong>de</strong>ntre as quais muitas que chegaramao Brasil no início <strong>do</strong> século XX, e muitas fabrica<strong>da</strong>s e utiliza<strong>da</strong>s na guerra civilespanhola. Finalmente, são contabiliza<strong>da</strong>s as armas restantes <strong>da</strong> falência <strong>da</strong>s


131indústrias artesanais <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, fun<strong>da</strong>mentalmente localiza<strong>da</strong>s no PaísBasco, que fazem com que as armas espanholas apareçam em número expressivoain<strong>da</strong> no último perío<strong>do</strong>.Perfil <strong>da</strong>s armas acautela<strong>da</strong>s no crime, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, porpaís <strong>de</strong> origem (1993 – 2003)PAÍS DE ORIGEM PARTICIPAÇÃO PAÍS DE ORIGEM PARTICIPAÇÃOBRASIL 76% ALEMANHA 2%EUA 10% ÁUSTRIA 1%ARGENTINA 3% ITÁLIA 1%ESPANHA 2% OUTROS 3%BÉLGICA 2%A tabela seguinte <strong>de</strong>screve as características <strong>de</strong>ssas armas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> como país <strong>de</strong> fabricação, na última déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> acautelamento.<strong>Armas</strong> <strong>de</strong> fogo acautela<strong>da</strong>s no crime na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por tipoe por perío<strong>do</strong> (1993 a 2003)1951 – 1980 1981 – 1992 1993 – 2003TIPO Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> % Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> % Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> %Revólver 16.868 69,00 23.197 77,20 22.402 60,61Pistola 3.495 14,30 3.802 12,65 9.865 26,69Garrucha 378 1,54 1.080 3,60 1.617 4,38Arma tiro a tiro 3.433 14,04 953 3,17 264 0,71Carabina 196 0,80 627 2,09 466 1,26Metralha<strong>do</strong>ra 12 0,05 97 0,32 442 1,20Submetralha<strong>do</strong>ra 8 0,03 77 0,26 192 0,52Garruchão 17 0,07 56 0,19 23 0,06Escopeta 4 0,02 43 0,14 25 0,07Fuzil 7 0,03 3827 0,13 1.579 4,27Rifle 17 0,07 27 0,09 11 0,03Artesanal 5 0,02 22 0,06Mosquetão 2 0,01 14 0,05 9 0,02Caneta 1 0,00 2 0,01 4 0,01Bazuca 4 0,01 10 0,02Lança-grana<strong>da</strong> 2 0,01Outros 6 0,02 19 0,06 16 0,04Sem informação 1 0,00 5 0,02 10 0,03TOTAL 24.445 100 30.046 100 36.959 100A importância <strong>do</strong>s revólveres <strong>de</strong>ntre as armas acautela<strong>da</strong>s é visível, comum fluxo <strong>de</strong> crescimento no segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> e uma diminuição no último. Aspistolas também aparecem em proporções importantes e, contrariamente aosrevólveres, <strong>de</strong>crescem no segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> para crescer bastante no último,duplican<strong>do</strong> as proporções <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> anterior. As garruchas, armas mais antigas,crescem <strong>de</strong> forma constante, fun<strong>da</strong>mentalmente no segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Asarmas tiro-a-tiro, pelo contrário, diminuem bastante. Chama a atenção o gran<strong>de</strong>crescimento <strong>do</strong>s fuzis ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os perío<strong>do</strong>s, em especial, no último.


132Também crescem em proporções importantes as submetralha<strong>do</strong>ras. O crescimento<strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is últimos tipos <strong>de</strong> arma acompanha a entra<strong>da</strong> <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong>cocaína nas favelas <strong>do</strong> Rio, assim como o crescimento <strong>da</strong> violência arma<strong>da</strong>nessas áreas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Pistolas e revólveres acautela<strong>do</strong>s em crime, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroTIPOQUANTIDADE1951 - 1980 1981 – 1992 1992 - 2003REVÓLVER 16.868 (82,84%) 23.197 (85,92%) 22.402 (69,43%)PISTOLA 3.495 (17,16%) 3.802 (14,08%) 9.865 (30,57%)A mu<strong>da</strong>nça <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> arma no último perío<strong>do</strong> para armas <strong>de</strong> maior po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> fogo e maior letali<strong>da</strong><strong>de</strong> aparece claramente nos quadros. O crescimento<strong>de</strong> pistolas acautela<strong>da</strong>s, em relação a revólveres, é mais uma prova <strong>do</strong> aumento<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo <strong>da</strong>s armas <strong>do</strong> crime na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.O crescimento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> fuzis acautela<strong>do</strong>s é também aponta para oagravamento <strong>do</strong> conflito criminal na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os fuzis também são armas associa<strong>da</strong>sa conflitos arma<strong>do</strong>s internacionais e carregam, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista simbólico,uma tradição <strong>de</strong> letali<strong>da</strong><strong>de</strong> relaciona<strong>da</strong> à guerra ou à guerrilha.TIPOQUANTIDADE1951 - 1980 1981 – 1992 1992 - 2003METRALHADORA/SUBMETRALHADORA 20 (74,07%) 174 (82,08%) 1.579 (71,35%)FUZIL 7 (25,93%) 38 (17,92%) 634 (28,65%)As taxas <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> letali<strong>da</strong><strong>de</strong> em mãos <strong>do</strong>crime se constitui em fator <strong>de</strong> enorme relevância na elaboração <strong>de</strong> políticaseficazes <strong>de</strong> segurança pública (controle <strong>de</strong> tráfico, segurança nas fronteiras,controle <strong>de</strong> importação, <strong>de</strong> produção e comercialização <strong>de</strong> armas, planejamento<strong>da</strong>s aquisições <strong>de</strong> armas e munições pelas forças <strong>de</strong> segurança).Há um claro pre<strong>do</strong>mínio <strong>da</strong>s pistolas <strong>de</strong> origem nacional, que ten<strong>de</strong>m acrescer com o passar <strong>do</strong> tempo. E o crescimento <strong>da</strong>s pistolas acautela<strong>da</strong>s nocrime se dá entre aquelas <strong>de</strong> calibres cujo uso tem si<strong>do</strong> proibi<strong>do</strong> à populaçãocivil. Resultam, portanto, <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> território nacional ou <strong>de</strong> triangulaçãocom países importa<strong>do</strong>res, mais provavelmente vizinhos. De qualquerforma, na última déca<strong>da</strong>, também cresce o número <strong>de</strong> pistolas <strong>de</strong> origem americana(S&W, Ruger, Colt), <strong>de</strong> origem chinesa (Norinco), belga (FN) e espanhola(Llama). São to<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>da</strong>s forças policiais e militares, automáticase <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo e letali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Pistolas acautela<strong>da</strong>s no crime na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por calibre emarca


133TIPOQUANTIDADE(Calibre e marca) 1981 - 2002 1993 – 20037,65 (FN, Taurus, Beretta) 1.546 1.4926,35 browning (Beretta, FN) 1.186 516.22 (Beretta) 435 2069mm (Taurus, S&W, Norinco, Ruger) 287 2.943.45 acp (Lhama, Colt) 188 1.105.380 (Taurus, IMBEL) 43 3.06832 curto (Colt) 297,63mm (Mauser) 27.38 curto (Taurus) 64.40SW (Taurus) 363Outros 55 106No caso <strong>do</strong>s fuzis, só po<strong>de</strong>mos ter um claro panorama na última déca<strong>da</strong>,on<strong>de</strong> o número <strong>de</strong>stes entre as armas acautela<strong>da</strong>s no crime começa a ser expressivo.Fuzis acautela<strong>do</strong>s na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, por calibre e marcaTIPOQUANTIDADE(Calibre e marca)233 (Ruger, Colt) 6737,62 (Norinco, IMBEL, HK-47) 6795,56 (Colt, IMBEL) 192.30 (Garand) 19Outros 65No caso <strong>do</strong>s fuzis, diferente <strong>da</strong>s pistolas, há uma clara pre<strong>do</strong>minância<strong>da</strong>s marcas provenientes <strong>de</strong> países estrangeiros. A maioria é <strong>de</strong> fabricaçãoamericana, segui<strong>da</strong> pelos fuzis fabrica<strong>do</strong>s na China, Alemanha e Rússia, to<strong>do</strong>sAK-47 ou cópia <strong>de</strong>sse padrão. Entre eles também se encontra o fuzil <strong>da</strong> Imbel,nacional, <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>do</strong> Exército e <strong>da</strong> Polícia Militar, mas que tem umafreqüência importante entre as armas acautela<strong>da</strong>s em atos criminais na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.As características e origens <strong>do</strong>s fuzis acautela<strong>do</strong>s em crime na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> reafirmamhipóteses <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio ou roubos acometi<strong>do</strong>s por ou contra as forças <strong>de</strong> segurançanacionais, assim como também <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> e tráfico <strong>de</strong> armas,realiza<strong>do</strong> através <strong>de</strong> fronteiras não protegi<strong>da</strong>s e <strong>do</strong>s pontos principais <strong>de</strong> comunicaçãocomercial com o mun<strong>do</strong> (portos e aeroportos). Portanto, esses <strong>da</strong><strong>do</strong>sapontam também para a existência <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s criminais internacionais e nacionaisvincula<strong>da</strong>s com diferentes níveis <strong>de</strong> corrupção nacional.Os valores <strong>da</strong>s armasO valor total <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> criminal <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, nos últimos <strong>de</strong>z anos foi estima<strong>do</strong> em R$ 158.222.215,00 ou U$88.392.299,00, mais <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> custo direto total real <strong>da</strong> violênciano Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1995.


134A soma <strong>do</strong>s preços médios no merca<strong>do</strong> criminal é superior à soma <strong>do</strong>spreços médios no merca<strong>do</strong> legal. As pistolas no merca<strong>do</strong> criminal são maisbaratas que no merca<strong>do</strong> legal. Os fuzis, as metralha<strong>do</strong>ras e as submetralha<strong>do</strong>rassão mais caras no merca<strong>do</strong> criminal em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> sobre-valorização <strong>de</strong>ssetipo <strong>de</strong> arma pelo tráfico <strong>de</strong> drogas nas favelas, assim como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s a-ções específicas <strong>da</strong> polícia na repressão <strong>de</strong>sse merca<strong>do</strong>. No caso <strong>do</strong>s revólveres,as diferenças <strong>de</strong> preços entre os merca<strong>do</strong>s não são muito gran<strong>de</strong>s, possivelmenteporque são armas geralmente negocia<strong>da</strong>s em segun<strong>da</strong> mão e porquehá uma <strong>de</strong>svalorização simbólica <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> arma. Os índices <strong>de</strong> variação<strong>de</strong> preços <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> legal são menores <strong>do</strong> que os índices <strong>de</strong> variação <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> criminal.As armas mais letais que aparecem no merca<strong>do</strong> criminal são tambémaquelas utiliza<strong>da</strong>s pelas polícias civil e militar assim como pelas forças arma<strong>da</strong>s<strong>do</strong> Brasil. A maioria <strong>de</strong>las, são provenientes <strong>de</strong> países estrangeiros. Elasapresentam um eleva<strong>do</strong> índice <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> preço no merca<strong>do</strong> criminal e sãomuito valoriza<strong>da</strong>s.OS PREÇOS DAS ARMAS DE FOGO NO MERCADO CRIMINALARMA PREÇO MÉDIO MAIOR PREÇO MENOR PREÇORevólver R$ 383,00 R$ 667,00 R$ 175,00Pistola R$ 1.593,00 R$ 2.750,00 R$ 433,00Fuzil R$ 8.559,00 R$ 12.000,00 R$ 4.786,00Submetralha<strong>do</strong>raMetralha<strong>do</strong>raR$ 5.352,00 R$ 13.000,00 R$ 3.000,00OS PREÇOS DAS ARMAS DE FOGO NO MERCADO LEGALARMA PREÇO MÉDIO MAIOR PREÇO MENOR PREÇORevólver R$ 415,00 R$ 687,00 R$ 280,00Pistola R$ 2.350,00 R$ 7.800,00 R$ 777,00Fuzil R$ 3.061,00 R$ 8.482,00 R$ 718,00Submetralha<strong>do</strong>raMetralha<strong>do</strong>raR$ 1.875,00 R$ 2.491,00 R$ 1.465,00As pistolas no merca<strong>do</strong> criminal são mais baratas que no merca<strong>do</strong> legal.A diferença <strong>de</strong> preços entre o merca<strong>do</strong> criminal e o merca<strong>do</strong> legal são bemmaiores, e as pistolas no merca<strong>do</strong> legal são muito mais caras. No merca<strong>do</strong> legal,as pistolas são valoriza<strong>da</strong>s por sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tiro, o material com quesão construí<strong>da</strong>s (no caso <strong>da</strong>s pistolas Glock, feitas <strong>de</strong> carbono, material que é


135capaz <strong>de</strong> passar pelos <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> metal sem ser percebi<strong>do</strong>) e também porseus acessórios (silencia<strong>do</strong>r, mira laser, carrega<strong>do</strong>r automático etc.). Porém,essa diferença <strong>de</strong> preço entre um merca<strong>do</strong> e outro parece ser mais justifica<strong>da</strong>em função <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> pistolas que há no merca<strong>do</strong> criminoso (segun<strong>do</strong>a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s). No merca<strong>do</strong> legal é muito difícil e custoso adquirirpistolas, sobretu<strong>do</strong> porque a maioria é <strong>de</strong> calibres <strong>de</strong> uso restrito, o querestringe a ven<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssas armas só a quem tem autorização para seu registro eporte. Por haver restrições para a ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s pistolas, os preços sãomais eleva<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> legal e, portanto, influem sobre os preços médios<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> arma.Tal como ocorre com as pistolas, os fuzis, as metralha<strong>do</strong>ras e as submetralha<strong>do</strong>rassão mais caras no merca<strong>do</strong> criminal, e isto segue a lógica sobrevalorização<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> arma pelo tráfico <strong>de</strong> drogas nas favelas, assim comopela polícia que <strong>de</strong>senvolve operações nessas áreas.Os revólveres são também mais caros no merca<strong>do</strong> legal <strong>do</strong> que no criminal,mas são bem mais baratos <strong>do</strong> que as pistolas. O seu baixo preço se explicapela quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> arma que circula no crime (são 61% <strong>do</strong> total<strong>de</strong> armas acautela<strong>da</strong>s no crime). No caso <strong>do</strong>s revólveres, as diferenças <strong>de</strong>preços entre os diferentes merca<strong>do</strong>s não são muito gran<strong>de</strong>s e o preço inferior<strong>do</strong>s revólveres no merca<strong>do</strong> criminal parece estar melhor explica<strong>do</strong> pelo maioríndice <strong>de</strong> variação (no merca<strong>do</strong> legal, o maior e o menor preço estão mais perto<strong>da</strong> média <strong>do</strong> que no merca<strong>do</strong> criminal, cujos preços estão mais polariza<strong>do</strong>s).A lógica aparentemente arbitrária <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> criminal, o tipo <strong>de</strong> revólver (geralmenteobsoleto ou muito antigo) e o fato <strong>da</strong> arma negocia<strong>da</strong> ser geralmente<strong>de</strong> segun<strong>da</strong> mão, contribui para abaixar os preços. Há, também, no merca<strong>do</strong>criminal, uma <strong>de</strong>svalorização subjetiva <strong>do</strong>s revólveres em relação às armasautomáticas, <strong>de</strong> maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> aparência mais pesa<strong>da</strong> (maior tamanho,maior o simbolismo <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r). Além disso, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> legal<strong>de</strong> revólveres, há varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que hoje são valoriza<strong>da</strong>s como armas <strong>de</strong> coleção,ou seja, quanto mais antigas, maior é o seu valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>. Esse valor, nomerca<strong>do</strong> criminal, per<strong>de</strong>-se diante <strong>de</strong> outros critérios <strong>de</strong> valorização.MARCAMODELOPreços médios <strong>de</strong> pistolas no merca<strong>do</strong> criminalPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)S&W .40 1.450,00 Bersa 9mm 925,00 Coonam 357 2.750,00FN 9mm 1.280,00 Taurus 357 433,00 Colt 9mm 1.325,00


136Browning 9mm 1.367,00 Springfield 9mm 1.750,00 Ruger 9mm 1.325,00S&W 9mm 1.260,00 Cz 9mm 2.250,00 Glock 9mm 1.667,00IMBEL 9mm 1.033,00 Star 9mm 450,00 Desert Eagle 357 2.750,00Taurus 9mm 1.314,00 Tanfloglio 9mm 2.250,00 Taurus .40 1.600,00Beretta 9mm 1.244,00 Jericho 9mm 2.250,00 Colt .45 acp 900,00Sig Sauer 9mm 1.575,00 Hecler Koch 9mm 2.250,00MARCAMODELOPreços médios <strong>de</strong> revólveres no merca<strong>do</strong> criminalPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)Rossi .38 586,00 Taurus.32 300,00 Rossi .32 300,00Bagual .38 350,00 Taurus .22 TR 225,00 Rossi .22 LR 225,00Rossi 357 667,00 Taurus 357 MG 467,00 S&W .38 600,00Taurus .38 388,00 INA .32 150,00 INA .38 200,00MARCAMODELOPreços médios <strong>de</strong> fuzis no merca<strong>do</strong> criminalPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)HK .233 10.000,00 AK-47 7,62 7.000,00 AKM 7,62 11.000,00Sig Sauer 7,62 8.200,00 FN 5,56 6.334,00 Steyr 5,56 12.000,00AK-47 223 7.500,00 FAMAE .223 10.000,00 Armalite 5,56 8.000,00Colt 5,56 9.000,00 Ruger .223 4.786,00 AKS 7,62 12.000,00Norinco 7,62 8.600,00 Fal 5,56 8.750,00 FMAP 7,62 12.000,00FN Fal .223 7.667,00 HK G3 9.375,00 Sig Sauer 7,62 9.000,00IMBEL Fal 7,62 7.800,00 Armalite M16 .223 9.000,00Preços médios <strong>de</strong> submetralha<strong>do</strong>ras calibre 9mm, no merca<strong>do</strong> criminalMARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)MARCAMODELOPREÇOMÉDIOCRIMINAL(R$)IMBEL/INA 3.034,00 Star 6.500,00 Intratec 7.000,00Beretta 4.067,00 FMK 6.000,00 INA/IMBEL/ITAJUBÁ 4.000,00Taurus MT12 5.000,00 Ingram 6.500,00 M3 USA 1.000,00Uzi 3.333,00 HK 5.000,00Uru 5.500,00 FAMAE 3.000,00FN (metralha<strong>do</strong>ra 7,62) 13.000,00Os índices <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> preços no merca<strong>do</strong> criminal são superioresaos índices <strong>de</strong> variação que se apresentam no merca<strong>do</strong> legal <strong>de</strong> armas. Osmaiores índices <strong>de</strong> variação são os <strong>da</strong>s pistolas, que oscilam entre 80 e 60%.Os menores índices são os <strong>do</strong>s fuzis, entre menos <strong>de</strong> 60% e 40%. Portanto,existe uma espécie <strong>de</strong> consenso estabeleci<strong>do</strong> acerca <strong>do</strong>s preços pelos quais<strong>de</strong>vem ser negocia<strong>da</strong>s. O preço que gera menos divergências parece ser o <strong>do</strong>sfuzis, cujos preços são muito valoriza<strong>do</strong>s, se compara<strong>do</strong>s com os preços nomerca<strong>do</strong> legal (está supervaloriza<strong>do</strong> neste senti<strong>do</strong>). A visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> simbólica <strong>do</strong>


137fuzil contribui para essa valorização. Parece haver ain<strong>da</strong> outra explicação paraessa menor variação <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s fuzis nesse merca<strong>do</strong>, e tem a ver com amenor varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> fuzis que circulam nessas áreas. Como muitos<strong>de</strong>sses fuzis são utiliza<strong>do</strong>s por forças <strong>de</strong> segurança aumenta, a preocupaçãocom a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>svio ou <strong>do</strong> roubo <strong>de</strong> armas, o que po<strong>de</strong> influenciar amenor variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus preços. O caso <strong>da</strong> altíssima variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> preços<strong>da</strong>s pistolas po<strong>de</strong> ser explica<strong>do</strong> fun<strong>da</strong>mentalmente pela também gran<strong>de</strong>varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pistolas que aparecem nesse merca<strong>do</strong>.As armas em que há um maior número <strong>de</strong> coincidências entre as acautela<strong>da</strong>sno crime e as utiliza<strong>da</strong>s por uma força policial são as <strong>da</strong> Polícia Civil.Isto po<strong>de</strong> ocorrer, não necessariamente porque as armas <strong>de</strong>ssa polícia estejammais sujeitas a roubo ou <strong>de</strong>svio <strong>do</strong> que as armas <strong>da</strong>s outras forças, mas porqueas armas <strong>da</strong> Polícia Civil são mais heterogêneas e, entre elas, as <strong>da</strong>s torçasespeciais <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Polícia Civil são as mais ambiciona<strong>da</strong>s pelo tráfico, porseu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo, mas também por sua aparência e sofisticação. São armas,muitas <strong>de</strong>las fuzis, <strong>de</strong> origem estrangeira, que não são utiliza<strong>da</strong>s por outrasforças.Assim, essas armas também são as que po<strong>de</strong>m estar chegan<strong>do</strong> àsmãos <strong>do</strong> tráfico via contraban<strong>do</strong>. De qualquer forma, chama a atenção que esteseja justamente o tipo <strong>de</strong> arma usa<strong>da</strong> pela Polícia Civil, cuja função é mais investigativa<strong>do</strong> que repressiva e <strong>de</strong> confronto, e as que mais coinci<strong>de</strong>m com asarmas acautela<strong>da</strong>s em situação criminal (são 18 coincidências entre as armas<strong>de</strong>ssa força e as acautela<strong>da</strong>s em crime, contra 9 e 8 <strong>da</strong> Polícia Militar e <strong>da</strong>sForças Ama<strong>da</strong>s, respectivamente).Já no caso <strong>da</strong>s armas utiliza<strong>da</strong>s pela Polícia Militar, a maioria <strong>da</strong>s coincidênciasencontram-se entre as armas fabrica<strong>da</strong>s no Brasil, muitas <strong>de</strong>las também<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo, como o Fuzil FAL .762, também muito valoriza<strong>do</strong>pelos traficantes, principalmente por seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo e sua durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Mas também há revólveres Taurus e pistolas IMBEL ou Taurus, que são utiliza<strong>da</strong>spor essa força e também são armas apreendi<strong>da</strong>s em crime.ConclusõesQuanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s para o uso no crimeCresceu a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas que são acautela<strong>da</strong>s em situação criminal.Em conseqüência, cresceu também o <strong>de</strong>svio, uma vez que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> armas que tinham registro e foram acautela<strong>da</strong>s no crime aumentou em 53%,


138<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> avaliação (1951-1981) até o mais recente (1993-2003). Sintomaticamente, o número <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s <strong>de</strong>cresceu bastanteentre 1997 e 1998, com a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> legislação sobre controle <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>fogo no Brasil. Nos últimos anos, houve o maior aumento, sobretu<strong>do</strong> em 2002,segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> sensível <strong>de</strong>clínio em 2003.Perfil <strong>da</strong>s armas usa<strong>da</strong>s no crimeMu<strong>do</strong>u o perfil <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s por país <strong>de</strong> origem na última déca<strong>da</strong>.Aumentou a porcentagem <strong>de</strong> armas brasileiras que são apreendi<strong>da</strong>s nocrime, mas na última déca<strong>da</strong> essas armas são apenas três pontos percentuaisa mais <strong>do</strong> que no perío<strong>do</strong> inicial (no primeiro representavam 72% e no último75% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> armas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>). As armas fabrica<strong>da</strong>s nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>slhes seguem em menor proporção, ten<strong>do</strong> o seu maior aumento na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong>1993 a 2003.Mu<strong>da</strong> o perfil <strong>da</strong>s armas por tipo. Os revólveres <strong>de</strong>cresceram no total <strong>de</strong>armas para ca<strong>da</strong> perío<strong>do</strong> (no último perío<strong>do</strong> diminuem na proporção 16,6 pontospercentuais), e na evolução histórica têm um crescimento lento (crescem24,7%), com uma pequena que<strong>da</strong> no último perío<strong>do</strong> em relação à déca<strong>da</strong> anterior,em favor <strong>do</strong> crescimento eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> pistolas (64,6% em relação ao primeiroperío<strong>do</strong> e 61,5% cm relação ao segun<strong>do</strong>). Os fuzis crescem acelera<strong>da</strong>mente:81% <strong>do</strong> primeiro para o segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, e 98% <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> para o terceiroperío<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o tipo <strong>de</strong> arma que teve maior crescimento. Apesar disso, continuaa ser o tipo <strong>de</strong> arma em menor proporção (representa no último perío<strong>do</strong>4,3% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> armas).Aumenta a presença <strong>de</strong> armas artesanais, o que mostra um aumento <strong>da</strong>ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> também na produção <strong>de</strong> armas. Esses <strong>da</strong><strong>do</strong>s constatam que aumentamas pistolas (maioria <strong>de</strong> origem brasileira), os fuzis e submetralha<strong>do</strong>ras(armas mais letais, em sua maioria <strong>de</strong> origem americana) e também as armasartesanais. Portanto, houve maior <strong>de</strong>svio e aumento <strong>da</strong> letali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s armasno merca<strong>do</strong> criminal.Letali<strong>da</strong><strong>de</strong>Ao longo <strong>do</strong> tempo, mu<strong>da</strong>m os calibres, as marcas e os países <strong>de</strong> origem.As pistolas geralmente são <strong>de</strong> calibres restritos e mais letais que os revólveres;entre os fuzis acautela<strong>do</strong>s no crime, pre<strong>do</strong>minam as armas <strong>de</strong> origemestrangeira, provenientes, principalmente, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (Colt e Ruger).


139Os fuzis <strong>de</strong> origem brasileira que mais aparecem entre os acautela<strong>do</strong>sno crime são o 7.62 <strong>da</strong> FAL IMBEL (usa<strong>do</strong> pela Polícia Militar <strong>do</strong> Rio e pelasForças Arma<strong>da</strong>s brasileiras, especialmente pela Marinha) e o 5.56mm (mo<strong>de</strong>losMD1 e MD2 <strong>da</strong> Imbel, usa<strong>do</strong> pela Polícia Militar <strong>do</strong> Rio).O fuzil estrangeiro que pre<strong>do</strong>mina entre as armas acautela<strong>da</strong>s no crimeé o HK G3, usa<strong>do</strong> também pela Marinha e pela Força Aérea Brasileira, e o AR15 / M 16 usa<strong>do</strong> por forças especiais <strong>da</strong> polícia no Brasil.As armas mais letais que aparecem no merca<strong>do</strong> criminal são tambémaquelas utiliza<strong>da</strong>s pelas polícias civil e militar assim como pelas forças arma<strong>da</strong>s<strong>do</strong> Brasil.A maioria <strong>de</strong>las são provenientes <strong>de</strong> países estrangeiros.As armas usa<strong>da</strong>s pelas forças <strong>de</strong> segurança, quan<strong>do</strong> aparecem no merca<strong>do</strong>criminal, atingem os maiores índices <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> preços.As porcentagens <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo acautela<strong>da</strong>s no crime e que são usa<strong>da</strong>spelas forças policiais e militares nacionais são as seguintes: 39% <strong>do</strong>s fuzis,35% <strong>da</strong>s pistolas, 22% <strong>da</strong>s submetralha<strong>do</strong>ras e 4% <strong>do</strong>s revólveres.As armas usa<strong>da</strong>s pelas forças <strong>de</strong> segurança são as mais caras no merca<strong>do</strong>criminal e coinci<strong>de</strong>m com as que são mais valoriza<strong>da</strong>s nesse merca<strong>do</strong>.Preços <strong>do</strong>s armas no merca<strong>do</strong> criminalOs índices <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> preços no merca<strong>do</strong> criminal são, em geral,superiores aos índices <strong>de</strong> variação apresenta<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> legal <strong>de</strong> armas.Há armas cujos preços variam menos (os revólveres fazem parte <strong>de</strong>sse grupo)e outras cuja variação apresenta gran<strong>de</strong> discrepância em relação aos valorespelos quais serão negocia<strong>da</strong>s, como no caso <strong>do</strong>s fuzis cujo preço é altamentevaloriza<strong>do</strong>, se compara<strong>do</strong> com o preço <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> legal.Na formação <strong>do</strong>s preços no merca<strong>do</strong> criminal, há elementos <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>e valorização <strong>do</strong>s grupos sociais envolvi<strong>do</strong>s, fazen<strong>do</strong> com que os preços<strong>da</strong>s armas subam ou <strong>de</strong>sçam, em comparação com os preços no merca<strong>do</strong> legal.O preço aumenta na medi<strong>da</strong> em que as armas têm as características quesão valoriza<strong>da</strong>s pelos agentes sociais que as utilizam: po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo, durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,letali<strong>da</strong><strong>de</strong>.


140Por outro la<strong>do</strong>, elementos tipicamente merca<strong>do</strong>lógicos influenciam ospreços, como o aumento <strong>da</strong> circulação <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> arma em <strong>de</strong>trimento<strong>de</strong> outro (maior oferta); embora a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria estejarelaciona<strong>da</strong> com as características aponta<strong>da</strong>s anteriormente.As armas mais caras são as mais letais e, também, aquelas cuja circulaçãocresceu no merca<strong>do</strong> criminal, na última déca<strong>da</strong>.Os índices <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> preços <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> legal são menores <strong>do</strong> queos índices <strong>de</strong> variação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> criminal. Isto confirma a maior heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> merca<strong>do</strong> criminal <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo em relação ao merca<strong>do</strong> legal.O merca<strong>do</strong> criminal <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro movimentavalores muito altos, estima<strong>do</strong> em US$ 88.392.299,00, que contribuemsignificativamente para a reprodução <strong>da</strong> violência e <strong>do</strong> crime.Uso <strong>de</strong> força e a simbologia <strong>da</strong> arma <strong>de</strong> fogoNo contexto relacional violento, a arma aparece como um objeto rápi<strong>do</strong> eefetivo para a "resolução" <strong>do</strong> conflito através <strong>da</strong> anulação <strong>do</strong> "inimigo", quesempre é o diferente e o estranho.Há a motivação individual e a interiorização <strong>da</strong>s regras socialmentetransmiti<strong>da</strong>s a respeito <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> <strong>da</strong> arma <strong>de</strong> fogo. Variáveis macro, comoíndices <strong>de</strong> violência na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, pobreza e <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social, ou micro (correspon<strong>de</strong>ntesà esfera <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> ator), como as experiências particulares<strong>do</strong>s atores sociais, suas histórias <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro e fora <strong>da</strong> instituição, suasvivências no exercício <strong>do</strong> serviço ou como ci<strong>da</strong>dãos, influenciam o uso <strong>da</strong> arma<strong>de</strong> fogo.A relação com a arma <strong>de</strong> fogo associa<strong>da</strong> a eventos letais, propriamenterepressivos como os "confrontos arma<strong>do</strong>s", chama a atenção para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> preparo profissional <strong>da</strong>s forças <strong>de</strong> segurança, fato reconheci<strong>do</strong> pelospróprios agentes.O "uso <strong>da</strong> força pela polícia" se estabelece em relação <strong>de</strong> direta proporcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>ao "uso <strong>da</strong> força contra a polícia", aumentan<strong>do</strong> as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>violência contra a população, assim como também os índices <strong>de</strong> vitimizaçãopolicial.Na aplicação <strong>de</strong> políticas, como a "guerra contra o crime”, o lugar <strong>de</strong> trabalho<strong>da</strong> polícia e o espaço <strong>de</strong> vitimização <strong>da</strong> população confun<strong>de</strong>m-se. A ar-


141ma <strong>de</strong> fogo, neste caso, aparece como matéria externalizante <strong>da</strong>s ações policiaise po<strong>de</strong> mostrar a<strong>de</strong>quação ou <strong>de</strong>svio à norma. Nessa tensão, as condições<strong>de</strong> porte e uso <strong>da</strong> arma <strong>de</strong> fogo mostram situações para<strong>do</strong>xais que sintetizamtanto o <strong>de</strong>srespeito à norma geral (incluí<strong>da</strong>s ações <strong>de</strong> violência e/ou corrupção)como a improvisação <strong>da</strong>s ações na "linha <strong>de</strong> frente".No uso <strong>da</strong> arma, tanto pela polícia como pelo tráfico, acabam revalorizan<strong>do</strong>conceitos militaristas como "combate", "inimigo", "confronto”A <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> conflito, similar para policiais e para os jovens <strong>da</strong>s favelas,contribui para sua prolongação e também faz com que ca<strong>da</strong> vez seja maisletal, <strong>de</strong>man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> armas mais caras, com maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo e produzin<strong>do</strong>mais mortes.Para o jovem <strong>da</strong> favela, "sem chances", como eles mesmos <strong>de</strong>finem, oacesso à arma e a entra<strong>da</strong> para a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> funcionam no imaginário comoum caminho <strong>de</strong> curto prazo para a rápi<strong>da</strong> ascensão, obtenção <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo,prestígio, po<strong>de</strong>r, dinheiro, mulheres, respeito. Valores que exaltam a i-magem <strong>do</strong> guerreiro, a virili<strong>da</strong><strong>de</strong>, coragem, fazem <strong>da</strong> arma <strong>de</strong> fogo um elementofun<strong>da</strong>mental na construção <strong>da</strong> masculini<strong>da</strong><strong>de</strong>, tanto no caso <strong>do</strong>s policiaiscomo no <strong>do</strong>s jovens <strong>da</strong>s favelas que usam ou admiram quem usa armas <strong>de</strong>fogo.O merca<strong>do</strong> ilegal <strong>de</strong> armas, um exemplo típico <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> criminoso,visualiza aquilo que <strong>de</strong>ve permanecer invisível: a corrupção ou, no mínimo, aausência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a invisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s que, carentes <strong>de</strong> componentesreflexivos, põem à prova a legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema.Talvez, na maioria <strong>do</strong>s casos, a violência não seja mais <strong>do</strong> que uma prova<strong>de</strong> força que põe em questão o conjunto <strong>do</strong> sistema, <strong>de</strong> forma esporádica epontual, sem levantar nenhum argumento moral. Para outros, uma forma <strong>de</strong>não <strong>de</strong>saparecer <strong>da</strong> re<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar rastros, os rastros pre<strong>da</strong>tórios <strong>da</strong> morteviolenta.9. A INDÚSTRIA E O COMÉRCIO DE ARMAS DE FOGO NOBRASILIntroduçãoTexto <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> sobre trabalho elabora<strong>do</strong> por Pablo Dreyfus, BenjaminLessing e Júlio César Purcena, pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> ISER, encaminha<strong>do</strong> pelo


142Sr. Antônio Rangel, <strong>do</strong> Grupo Viva Rio, à Presidência <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, para servir <strong>de</strong>subsídios à elaboração <strong>do</strong> Relatório.Apesar <strong>de</strong> não ser o único país assola<strong>do</strong> pela difusão <strong>da</strong> violência arma<strong>da</strong>,o Brasil é um entre os poucos que também possui uma gran<strong>de</strong> e prósperaindústria <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte (APPL). Este fato singular tem diversasimplicações para as questões relativas a essas armas no país. No nível maisimediato, está fican<strong>do</strong> claro que as armas <strong>de</strong> pequeno porte produzi<strong>da</strong>s noBrasil - especialmente as <strong>de</strong> cano curto — são a maioria <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogorelaciona<strong>da</strong>s às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminosas. Usan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s mais violentos esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Brasil como exemplo, em 2002 foram apreendi<strong>da</strong>s 37.418 armas <strong>de</strong> pequenoporte no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo e 18.056 no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Emambos os casos, mais <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong>las foram fabrica<strong>da</strong>s no Brasil, e mais <strong>de</strong> 80%eram revólveres e pistolas, com uma pre<strong>do</strong>minância clara <strong>do</strong>s revólveres. Istocontraria o que já foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> senso comum, e em parte divulga<strong>do</strong> pelaprópria indústria <strong>de</strong> armas: que criminosos usam armas automáticas importa<strong>da</strong>spara cometer crimes, enquanto ci<strong>da</strong>dãos honestos usam armas <strong>de</strong> fogobrasileiras registra<strong>da</strong>s para uso legítimo <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa. Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, as própriasempresas brasileiras, fabricantes <strong>de</strong> APPL, produzem uma gran<strong>de</strong> percentagem<strong>da</strong>s armas responsáveis pelos astronômicos níveis <strong>de</strong> violência arma<strong>da</strong>no Brasil.Ao mesmo tempo, a indústria <strong>de</strong> APPL sempre foi parte, e hoje é o setormais ativo, <strong>de</strong> um complexo industrial-militar maior, cujo <strong>de</strong>senvolvimento ecrescimento foi, por sua vez, forma<strong>do</strong> pela história política <strong>do</strong> Brasil no século20 e, especialmente, pelas políticas <strong>do</strong> regime autoritário em vigência <strong>de</strong> 1964a 1985. O papel central que a indústria <strong>de</strong> armas teve como um to<strong>do</strong>, nos planoseconômicos e estratégicos <strong>do</strong>s sucessivos governos militares, refletiu-seprofun<strong>da</strong>mente em to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>de</strong> como se li<strong>da</strong> com armas <strong>de</strong> pequenoporte no Brasil: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as políticas <strong>de</strong> registro, o controle <strong>da</strong> posse e o porte <strong>de</strong>arma, até a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> procedimentos e norma para a classificação <strong>da</strong> exportação<strong>de</strong> armas nas estatísticas oficiais <strong>de</strong> comércio; <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu status no CódigoPenal, até a própria estrutura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.A indústria brasileira <strong>de</strong> APPL é, em gran<strong>de</strong> parte, o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s políticaspromulga<strong>da</strong>s nos anos 70, volta<strong>da</strong>s principalmente para a criação <strong>de</strong> umaindústria militar <strong>do</strong>méstica <strong>de</strong> armas, e apenas indiretamente preocupa<strong>da</strong> comas armas <strong>de</strong> pequeno porte per se. Ironicamente, foi a indústria <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>


143pequeno porte que sobreviveu às indústrias militares pesa<strong>da</strong>s, vin<strong>do</strong> a <strong>do</strong>minara produção <strong>de</strong> armas.Hoje em dia, a indústria brasileira <strong>de</strong> APPL é composta por algumaspoucas empresas e <strong>do</strong>mina<strong>da</strong> por apenas duas: Forjas Taurus S.A. e a CompanhiaBrasileira <strong>de</strong> Cartuchos (CBC). Estas empresas são quase monopóliospara, respectivamente, armas <strong>de</strong> cano curto e munições para APPL e ambascontinuam manten<strong>do</strong> fortes laços com instituições brasileiras <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e segurançapública. A outra peça importante no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> APPL, a Indústria <strong>de</strong>Material Bélico (IMBEL), é uma empresa pública, administra<strong>da</strong> pelo Ministério<strong>da</strong> Defesa, com fortes laços com o Exército, e é em gran<strong>de</strong> parte uma produtora<strong>de</strong> armas e munições militares. Juntas, elas aju<strong>da</strong>ram o Brasil a consoli<strong>da</strong>rsua posição como um produtor e exporta<strong>do</strong>r médio <strong>de</strong> APPL, o segun<strong>do</strong> maiorno Continente Americano.Como esta indústria alcançou o seu tamanho atual? Por que é tão concentra<strong>da</strong>?Quais são seus principais merca<strong>do</strong>s e como eles mu<strong>da</strong>ram através<strong>do</strong> tempo? Quais empresas <strong>de</strong>terminam o merca<strong>do</strong> legal <strong>de</strong> APPL no Brasil?Quais são as principais características <strong>de</strong>stas empresas? A indústria contamais com o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico ou com o estrangeiro? A indústria é competitivae inova<strong>do</strong>ra? Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção, subsídios e incentivos <strong>do</strong> governo?Quan<strong>do</strong> e como o Brasil se tornou um ator importante no merca<strong>do</strong> mundial <strong>de</strong>APPL? Quais são as perspectivas para o tamanho e a dinâmica <strong>da</strong> indústriaem termos <strong>da</strong> evolução <strong>do</strong>s controles <strong>do</strong>mésticos e internacionais? As indústriasAPPL brasileiras serão capazes <strong>de</strong> acompanhar a competição internacional<strong>de</strong> outros produtores médios emergentes?Na busca por respostas a essas perguntas, é preciso ressaltar os obstáculosapresenta<strong>do</strong>s pelo alto nível <strong>de</strong> sigilo e confi<strong>de</strong>nciali<strong>da</strong><strong>de</strong> com os quais aquestão <strong>da</strong>s APPL tem si<strong>do</strong> tradicionalmente trata<strong>da</strong> pelo governo. <strong>Armas</strong>sempre foram <strong>da</strong> esfera militar, a qual, por sua vez, tratou a proteção <strong>da</strong> indústriabélica como uma priori<strong>da</strong><strong>de</strong>. Isto resultou em uma situação na qual civis,mesmo ministros civis, simplesmente não po<strong>de</strong>m ter acesso a informações relevantes.Em outros casos, parece que o que <strong>de</strong>veria ser informação públicanão está disponível porque não foi coleta<strong>da</strong> e tabula<strong>da</strong> com eficiência. Ao <strong>final</strong>,restam ao pesquisa<strong>do</strong>r algumas lacunas que precisam ser preenchi<strong>da</strong>s comestimativas cautelosas, fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s em meto<strong>do</strong>logia científica aprova<strong>da</strong>. A eventualimprecisão resultante é o preço que se paga ao investigar matéria cujos<strong>de</strong>tentores <strong>do</strong> conhecimento sonegam impunemente suas informações.


144Pequeno Histórico <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> Leves e <strong>de</strong> Pequeno Porte noBrasilComo em muitos países latino-americanos, a indústria <strong>do</strong>méstica <strong>de</strong> armasno Brasil é essencialmente um fenômeno <strong>do</strong> século 20, nasci<strong>do</strong> nos anos30, junto com as estratégias <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> importações. Antes <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong>,o Brasil <strong>de</strong>pendia quase que inteiramente <strong>de</strong> importações <strong>da</strong> Europa e <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s para equipar suas Forças Arma<strong>da</strong>s. No entanto, as raízes <strong>de</strong>sua atual posição <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio regional na produção <strong>de</strong> armas estão em suahistória. Particularmente na história <strong>de</strong> suas Forças Arma<strong>da</strong>s, as quais são osprincipais articula<strong>do</strong>res e arquitetos <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> armas <strong>do</strong> país. A primeirafabrica <strong>de</strong> pólvora apareceu no perío<strong>do</strong> colonial, quan<strong>do</strong> a corte portuguesamu<strong>do</strong>u-se para o Rio <strong>de</strong> Janeiro durante as guerras napoleônicas. No <strong>final</strong> <strong>do</strong>século XIX, a Guerra <strong>do</strong> Paraguai (1865-1870) e o estabelecimento <strong>da</strong> Repúblicaatravés <strong>de</strong> um movimento militar (1889), surgiram forças militares fortes ecentraliza<strong>da</strong>s, capazes <strong>de</strong> exprimir uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> percebi<strong>da</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<strong>de</strong> armas. A cessação completa e abrupta <strong>do</strong> suprimento <strong>de</strong> armas vin<strong>da</strong>s<strong>da</strong> Europa e <strong>do</strong>s EUA, durante a Primeira Guerra Mundial, tornou evi<strong>de</strong>ntea necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma indústria nacional <strong>de</strong> armas.Enquanto isso, imigrantes europeus no sul e su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil se tornaramos primeiros produtores priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> armas no País: nos anos 20, a empresaBoito, Rossi e a Fábrica Nacional <strong>de</strong> Cartuchos, começaram a produzir armase munições. Em 1937, a Forjas Taurus começou a sua produção. Surpreendi<strong>do</strong>pela capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> bélica <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> pelo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo durantea breve Revolução Constitucionalista, o Exército Brasileiro abriu suas primeirasfábricas <strong>de</strong> APPL.Durante a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, teóricos econômicos e políticos estavamcomeçan<strong>do</strong> a criar o que viria mais tar<strong>de</strong> a ser conheci<strong>da</strong> como a DoutrinaBrasileira <strong>de</strong> Segurança Nacional (DSN), um projeto abrangente que incluíao <strong>de</strong>senvolvimento econômico, a industrialização, e a criação <strong>de</strong> uma indústriabélica nacional. As armas eram i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s como uma indústria-chavepara o <strong>de</strong>senvolvimento, não só fortalecen<strong>do</strong> as Forças Arma<strong>da</strong>s brasileiras elhes <strong>da</strong>n<strong>do</strong> uma autonomia crescente <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e <strong>da</strong> Europa, mastambém trazen<strong>do</strong> novas tecnologias, com efeitos colaterais positivos para aindústria brasileira como um to<strong>do</strong>. Esta <strong>do</strong>utrina não seria completamente implementa<strong>da</strong>até <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> instalação <strong>do</strong> governo militar em 1964. Mas aspectos<strong>de</strong> sua agen<strong>da</strong> política — protecionismo, investimentos governamentais emsetores chave, transferência <strong>de</strong> tecnologia e substituição <strong>de</strong> importações — já


145eram vistos nos governos Vargas e Kubitschek (1956-1961), especialmentenos setores básicos <strong>da</strong> indústria pesa<strong>da</strong> como aço, petróleo, energia e infraestrutura.Neste perío<strong>do</strong> houve a abertura <strong>de</strong> uma subsidiária local <strong>da</strong> empresa italianaPietro Beretta em São Paulo (<strong>final</strong>mente compra<strong>da</strong> pela Taurus em 1980)e a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Indústria Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (INA), priva<strong>da</strong>, que produziu umavariação <strong>da</strong> submetralha<strong>do</strong>ra Madsen 1950. calibre .45.Enquanto os perío<strong>do</strong>s Vargas e Kubitschek foram importantes para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Brasil, foram as políticas econômicas agressivamente protecionistas<strong>do</strong> regime militar (1964-1985) que ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente assentaram asfun<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> indústria diversifica<strong>da</strong> e volta<strong>da</strong> para exportações, tal como existehoje.Diferentes versões <strong>da</strong> <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> segurança nacional conduziram as políticas<strong>de</strong> virtualmente to<strong>da</strong>s os regimes militares <strong>do</strong> Cone Sul durante os anos60, 70 e 80. A<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>do</strong>utrinas militares francesas e americanas <strong>de</strong> contra-inteligência<strong>do</strong> <strong>final</strong> <strong>do</strong>s anos 50 e 60, a principal idéia era usar as políticasnacionais econômicas, sociais e políticas para uma guerra total contra a ameaça<strong>da</strong> expansão comunista (uma ameaça torna<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> mais real com o sucesso<strong>da</strong> Revolução Cubana em 1959). O <strong>de</strong>senvolvimento econômico tornou-seum front <strong>de</strong>ssa guerra, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a lógica <strong>da</strong> <strong>do</strong>utrina, segun<strong>do</strong> a qual oatraso econômico e a pobreza <strong>de</strong>ixam a porta aberta à infiltração comunista.Na versão brasileira <strong>da</strong> DSN, o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e, especialmente,o <strong>de</strong>senvolvimento industrial, eram formas <strong>de</strong> promover os interessespermanentes <strong>da</strong> nação até o ponto no qual o país (<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a seu tamanho, recursosvaria<strong>do</strong>s, localização e especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s estratégicas) alcançaria a gran<strong>de</strong>zanacional e assim seria respeita<strong>do</strong> como um po<strong>de</strong>r regional com projeçãoglobal. A indústria <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa era vista não apenas como catalisa<strong>do</strong>ra para o<strong>de</strong>senvolvimento econômico e tecnológico, mas também como uma maneira <strong>de</strong>estabelecer o po<strong>de</strong>rio nacional. O resulta<strong>do</strong> <strong>final</strong> foi uma visão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentonacional - incluin<strong>do</strong> a indústria priva<strong>da</strong> - subordina<strong>da</strong> à estrutura <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Técnicos civis e militares, forma<strong>do</strong>s nos institutos técnicos <strong>da</strong>s ForçasArma<strong>da</strong>s, foram transferi<strong>do</strong>s para empresas priva<strong>da</strong>s ou semi-priva<strong>da</strong>s como aENGESA (transporte militar e veículos blin<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> transporte) e EMBRAER(aviões civis e militares). O governo militar <strong>de</strong>fendia - e algumas empresas pri-


146va<strong>da</strong>s negociaram com sucesso — joint ventures com empresas estrangeiras eacor<strong>do</strong>s para transferência <strong>de</strong> tecnologia.Patrice Franko-Jones explica:"A parceria entre o Esta<strong>do</strong> e as empresas em ca<strong>da</strong> etapa <strong>do</strong> processo permitiu que oBrasil <strong>de</strong>senvolvesse tecnologias militares nacionais. O controle <strong>da</strong>s tecnologias <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>sespecificamente para condições <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong> promove o uso duplo<strong>de</strong>stes produtos em outros setores, uma taxa maior <strong>de</strong> "spin-offs" <strong>de</strong> pesquisa emprodutos e processos para outras indústrias, e mantém reservas <strong>de</strong> moe<strong>da</strong> estrangeira.Em parceria com o Esta<strong>do</strong>, as empresas brasileiras podiam <strong>de</strong>senvolver tecnologiasnacionais apropria<strong>da</strong>s às restrições econômicas <strong>do</strong> país bem como à <strong>de</strong>man<strong>da</strong>militar. Com uma visão clara <strong>do</strong> objetivo <strong>de</strong> autonomia, foram negocia<strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong>transferência internacional que maximizavam o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação <strong>da</strong>s empresasbrasileiras para controlar a tecnologia importa<strong>da</strong>."No caso <strong>da</strong>s indústria APPL, a aquisição <strong>de</strong> tecnologia estrangeira tomoumais um caminho: a compra <strong>de</strong> empresas brasileiras por produtores estrangeiros,segui<strong>da</strong> anos <strong>de</strong>pois por sua "repatriação". Este processo começouem 1936, quan<strong>do</strong> a principal empresa priva<strong>da</strong> nacional <strong>de</strong> munições, a CompanhiaBrasileira <strong>de</strong> Cartuchos (CBC), foi vendi<strong>da</strong> para a Remington ArmsCompany and Imperial Chemical Industries, para <strong>de</strong>pois ser repatria<strong>da</strong> em1980 com apoio financeiro <strong>de</strong> bancos estatais. Um processo semelhante foiobserva<strong>do</strong> na principal produtora <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> cano curto, a Forjas Taurus,vendi<strong>da</strong> no início <strong>do</strong>s anos 70 para a Smith & Wesson c "renacionaliza<strong>da</strong>"(compra<strong>da</strong> por acionistas brasileiros) em 1977.Estes casos são vistos mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente abaixo.Des<strong>de</strong> seu início, o regime militar promoveu e ampliou políticas protecionistaspara a indústria nacional <strong>de</strong> armas. Estas políticas foram particularmentefortes para as APPL, para as quais o regime buscava a auto-suficiência total. OExército, a partir <strong>de</strong> 1934 torna<strong>do</strong> responsável por controlar e monitorar a produção,importação, exportação e ven<strong>da</strong>s <strong>do</strong>mésticas <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s,(os quais incluíam as APPL e outros produtos industriais estratégicos perigosos),a partir <strong>de</strong> 1965 editou o regulamento R-105. Uma <strong>da</strong>s cláusulas chaves<strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong>clara que "como a indústria nacional é capaz <strong>de</strong> suprir omerca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico então, em princípio, a importação <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porte, espingar<strong>da</strong>se munições para civis não <strong>de</strong>ve ser autoriza<strong>da</strong>".Perceben<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alcançar economias <strong>de</strong> escala em processos<strong>de</strong> produção tecnologicamente complexos, com altos custos <strong>de</strong> pesquisae <strong>de</strong>senvolvimento, o regime voltou-se para as exportações para a baixa


147<strong>de</strong>man<strong>da</strong>. Em 1974, o governo militar implementou a Política Nacional <strong>de</strong> Exportação<strong>de</strong> Material <strong>de</strong> Emprego Militar (PNEMEM), uma série <strong>de</strong> incentivos aprodutores priva<strong>do</strong>s e estatais para a exportação <strong>de</strong> armas. Em 1975, as ForçasArma<strong>da</strong>s reorganizaram suas fábricas <strong>de</strong> armas em uma única empresa, aIMBEL, e, durante to<strong>da</strong> esta déca<strong>da</strong>, a cooperação entre institutos militares <strong>de</strong>pesquisa, organizações industriais e o Banco Nacional <strong>de</strong> DesenvolvimentoEconômico (BNDE) levou ao <strong>de</strong>senvolvimento e consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> novas empresasprodutoras <strong>de</strong> armas. O BNDE também proveu capital, em 1980, para quebrasileiros recomprassem o controle <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong> CBC, a única produtora <strong>de</strong>munição para armas <strong>de</strong> pequeno porte. Outros fatores que impulsionaram o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa brasileira foram a <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong>s EUA <strong>de</strong>limitar a transferência <strong>de</strong> tecnologia militar para o Brasil e a renúncia <strong>do</strong> governobrasileiro ao acor<strong>do</strong> militar <strong>de</strong> 1952 com os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, em 1977.A cooperação entre o Esta<strong>do</strong> e o setor priva<strong>do</strong> envolveu fluxos importantes<strong>de</strong> recursos, tecnologia e pessoal.ESTADO: Estratégia NacionalProteção <strong>da</strong> indústriaApoio Assessoria Técni-Diploma-Merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>-nacional financeica/Pesquisae cia Comésticosgaran-através <strong>da</strong> Legislaçãoro (BN- Desenvolvimento mercial ti<strong>do</strong>s e protegi<strong>do</strong>s(Decreto R-105)DES) (Institutos Tecnológicos<strong>da</strong>s ForçasArma<strong>da</strong>s)(Forças Ar-ma<strong>da</strong>s, policiaise merca<strong>do</strong> civil)EMPRESAS PRIVADAS: Gerenciamento <strong>da</strong> Produção e Estratégias Comerciais<strong>Armas</strong> Know how e <strong>de</strong>senvolvimentotecnológicoPrestígio e po<strong>de</strong>r regionalSubstituição <strong>de</strong> importaçõese entra<strong>da</strong> <strong>de</strong>divisasNesse acor<strong>do</strong>, o Esta<strong>do</strong> provê:- Proteção contra a competição estrangeira, através <strong>de</strong> legislação.- Apoio financeiro e facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para empresas nacionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.- Consultoria técnica e apoio à pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, principalmenteatravés <strong>do</strong>s institutos tecnológicos <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s.- Diplomacia comercial para a promoção <strong>de</strong> exportações.- Deman<strong>da</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno, mediante aquisições <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, emanten<strong>do</strong> os merca<strong>do</strong>s policiais e civis protegi<strong>do</strong>s, no caso específico <strong>da</strong>s armas<strong>de</strong> pequeno porte.Em troca, as empresas priva<strong>da</strong>s provêm:


148- <strong>Armas</strong>.- Novas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico.- Prestígio internacional e po<strong>de</strong>r militar regional.- Substitutos para importações, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a balança comercial.- Receita e, no caso <strong>da</strong>s exportações, reservas em moe<strong>da</strong> estrangeira.Apesar <strong>de</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> alta tecnologia como outros setores <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa,a indústria <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte pô<strong>de</strong> se beneficiar <strong>de</strong>stas iniciativas,"pegan<strong>do</strong> uma carona" no chama<strong>do</strong> milagre econômico anima<strong>do</strong> pelacrescente indústria brasileira <strong>de</strong> armas. Nos anos 80, a indústria <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa valorizou-serapi<strong>da</strong>mente ao exportar equipamento militar pesa<strong>do</strong> para o OrienteMédio durante a guerra Irã-Iraque. O <strong>final</strong> <strong>da</strong> guerra foi segui<strong>do</strong> por um perío<strong>do</strong><strong>de</strong> reajustamento no qual algumas empresas <strong>de</strong> equipamento militar pesa<strong>do</strong>fecharam ou foram a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s para a produção civil. Ao mesmo tempo, a reduçãosúbita e abrupta <strong>do</strong>s gastos militares que acompanhou o <strong>final</strong> <strong>do</strong> regime ea transição para a <strong>de</strong>mocracia, em 1985, também contribuiu para o <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong>setor industrial <strong>de</strong> armas pesa<strong>da</strong>s.Com a transição, alguns elementos <strong>da</strong> parceria entre o Esta<strong>do</strong> e a indústriapriva<strong>da</strong>, estabeleci<strong>da</strong> pelo governo militar, <strong>de</strong>sapareceram, enquanto outrosapareceram. Fortalecer a indústria brasileira <strong>de</strong> armas como uma forma <strong>de</strong> alcançar"gran<strong>de</strong>za" <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um <strong>do</strong>s princípios que <strong>do</strong>minantes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>(apesar <strong>de</strong>sta mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> ain<strong>da</strong> prevalecer em alguns setores militares e diplomáticos).Subsídios consistentes às empresas <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>sapareceram, àmedi<strong>da</strong> que os orçamentos militares diminuíram, e a perseguição <strong>do</strong> objetivo<strong>de</strong> prestígio e po<strong>de</strong>r regional se tornou basicamente um assunto econômico ediplomático.Brasil: participação <strong>do</strong>s gastos <strong>de</strong> segurança pública e <strong>de</strong>fesa nacionalno orçamento fe<strong>de</strong>ral (1980 – 2004)ANO % ANO % ANO % ANO % ANO %1980 8,94 1985 9,33 1990 2,23 1995 5,38 2000 3,371981 8,89 1986 6,51 1991 4,43 1996 4,99 2001 3,101982 10,44 1987 6,99 1992 2,73 1997 3,84 2002 2,871983 9,98 1988 7,41 1993 2,95 1998 3,36 2003 2,351984 10,42 1989 3,57 1994 4,20 1999 3,30 2004 2,05Mas, em que pese a que<strong>da</strong> na participação financeira no setor, permaneceua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> militar <strong>de</strong> influenciar as questões nacionais relaciona<strong>da</strong>s àsegurança pública. Concluí<strong>da</strong> a transição para a <strong>de</strong>mocracia, os militares mantiveramo controle <strong>do</strong> monitoramento e registro <strong>da</strong> produção, ven<strong>da</strong>s <strong>do</strong>mésti-


149cas e exportações <strong>de</strong> APPL. Hoje, é ain<strong>da</strong> o Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>,por exemplo, que tipos <strong>de</strong> armas as polícias po<strong>de</strong>m usar e se elas po<strong>de</strong>m importá-las<strong>de</strong> países estrangeiros. Também é o Exército quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> que tipos<strong>de</strong> APPL os civis po<strong>de</strong>m possuir e portar.Ao longo <strong>do</strong>s anos 90, apesar <strong>de</strong> ter perdi<strong>do</strong> sua margem <strong>de</strong> superiori<strong>da</strong><strong>de</strong>em armas pesa<strong>da</strong>s convencionais, o Brasil estava bem estabeleci<strong>do</strong> comoum ator global médio no merca<strong>do</strong> internacional <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os merca<strong>do</strong>s policial e civil, sobretu<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,oferecem uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> mais estável e confiável que os ciclos <strong>de</strong> compras esporádicastípicos <strong>da</strong>s armas militares pesa<strong>da</strong>s, a indústria APPL no Brasil parecehaver alcança<strong>do</strong> sua sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a médio e longo prazos, ao contrário<strong>de</strong> sua irmã maior. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, no imenso merca<strong>do</strong> norte-americano, aTaurus garantiu um nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para pistolas e revólveres <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>a preços competitivos. No entanto, ain<strong>da</strong> nessa déca<strong>da</strong>, houve um encolhimento<strong>da</strong>s exportações <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, principalmente, à pari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> brasileiraem relação ao dólar a partir <strong>de</strong> 1994.Em 1999, com a <strong>de</strong>preciação <strong>do</strong> real em relação a moe<strong>da</strong> americana,ressurgiram as exportações, que cresceram continuamente, <strong>de</strong> US$ 57 milhõesnaquele ano, para US$ 94 milhões em 2003. Os anos 90 também foram umtempo <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção: hoje a indústria brasileira <strong>de</strong> APPL está concentra<strong>da</strong>em três gran<strong>de</strong>s empresas: Taurus, CBC e Imbel. Apesar <strong>de</strong> apenas a Imbelser estatal, a CBC e a Taurus mantém contatos próximos com os militares brasileiros,ten<strong>do</strong> assim uma gran<strong>de</strong> influência nas políticas <strong>do</strong>mésticas e nas relaçõesexteriores. A indústria também tem o seu próprio lobby, que atua ostensivamentena oposição à legislação <strong>do</strong>méstica <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas.A Indústria Brasileira <strong>de</strong> APPL (1983 – 2003)ProduçãoDe acor<strong>do</strong> com as estatísticas oficiais disponíveis, em 2001, o total <strong>de</strong>ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> APPL não militares, munições e peças produzi<strong>da</strong>s nacionalmente,foi <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> US$ 100,3 milhões. Uma gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sta produção provavelmentefoi exporta<strong>da</strong>: o governo brasileiro relatou em 2001 um total <strong>de</strong> exportações<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte e itens militares <strong>de</strong> US$ 62,5 milhões, ou62,3% <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s totais. Os números po<strong>de</strong>riam ser ain<strong>da</strong> maiores, já que astransferências <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> a esta<strong>do</strong> não são incluí<strong>da</strong>s nas estatísticas publica<strong>da</strong>ssobre comércio.


150Principais produtoresIndústria <strong>de</strong> Material Bélico <strong>do</strong> Brasil (IMBEL) - É uma empresa estatal comlaços com o Ministério <strong>da</strong> Defesa, especificamente com o Exército Brasileiro.Além <strong>de</strong> explosivos comerciais, acessórios e cargas para munição pesa<strong>da</strong>,propulsores para mísseis e foguetes, equipamentos eletrônicos e <strong>de</strong> comunicaçãoe outros equipamentos militares pesa<strong>do</strong>s, a IMBEL fabrica e fornece fuzisFAL calibres 7,62, 5,56 e .22 (este último para treinamento) para uso militar,bem como uma linha <strong>de</strong> pistolas com mo<strong>de</strong>los basea<strong>do</strong>s na Colt .45, disponíveisnos calibres .45, .40 e 9mm para uso policial e militar (M911 Al, IMBEL MSl, M973 e variantes) e calibre .380 para uso civil (MD l N, GC, MD1, e variantes).Nos anos 90, a fábrica <strong>de</strong>senvolveu um fuzil <strong>de</strong> assalto MD97LC 5,56mmque po<strong>de</strong>rá ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> em breve pelo Exército Brasileiro como sua arma <strong>de</strong>assalto padrão. Uma versão carabina <strong>do</strong> fuzil será vendi<strong>da</strong> para uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>spolícias estaduais.Até 2004, a IMBEL possuía 30% <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong> CBC. Também, até 2004a IMBEL tinha uma joint venture (South American Ordnance) com a Royal Ordnance(RO), uma subsidiária <strong>da</strong> British Aerospace Defense Group, e a SchahinParticipações, uma empresa brasileira. Além <strong>de</strong> fornecer munição para artilhariamilitar pesa<strong>da</strong> para a RO, a empresa distribui outros produtos <strong>da</strong> IMBEL nomun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>, inclusive APPL e munição. As APPL <strong>da</strong> IMBEL são muito popularesentre forças arma<strong>da</strong>s e policiais <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul.As armas <strong>de</strong> pequeno porte <strong>da</strong> IMBEL são produzi<strong>da</strong>s na fábrica <strong>de</strong> Itajubá,em Minas Gerais. A fábrica começou como Arsenal Militar Itajubá, emjulho <strong>de</strong> 1934 e era administra<strong>da</strong> pelo Exército. Nos anos 30, Itajubá produziufuzis <strong>de</strong> ação a ferrolho Mauser sob contrato <strong>de</strong> licenciamento com a DeutschWafren und Munitionsfabrik (DWM). A produção <strong>de</strong> Mauser parou <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> IIGuerra Mundial. Em 1960, começou a produção <strong>de</strong> pistolas semi-automáticasColt .45 M911A1 para as Forças Arma<strong>da</strong>s brasileiras (cerca <strong>de</strong> 50.000 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>sain<strong>da</strong> estão em serviço). Em 1964 foi assina<strong>do</strong> um contrato <strong>de</strong> licenciamentocom a FN Herstal para a produção <strong>de</strong> fuzis FAL 7,62. Pelo menos200.000 foram produzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964 até 1983, e ain<strong>da</strong> está em produção.A IMBEL foi cria<strong>da</strong> em 1977, reunin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os arsenais e fábricas <strong>de</strong>armas <strong>do</strong> Exército. Em 1983, a empresa sofreu uma crise financeira provoca<strong>da</strong>pela interrupção <strong>da</strong>s compras <strong>do</strong> Exército, nesta época seu principal cliente.Durante os anos 80 a IMBEL se endivi<strong>do</strong>u muito com o governo brasileiro, oque, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a lei, impediu a empresa <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r armas a instituições


151estatais (tais como a polícia). Para ilustrar a permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> entre as indústrias<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa priva<strong>da</strong>s e estatal, no início <strong>do</strong>s anos 80 a direção <strong>da</strong> IMBEL foi <strong>da</strong><strong>da</strong>a José Luiz Whitaker Ribeiro, também presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> ENGESA, uma empresapriva<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa especializa<strong>da</strong> na fabricação <strong>de</strong> tanques. Foi nesta época quea fábrica <strong>de</strong> munições <strong>da</strong> IMBEL, em Realengo, foi <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong> e seu equipamentoincorpora<strong>do</strong> à CBC em troca <strong>de</strong> 30% <strong>da</strong>s ações ordinárias <strong>da</strong> empresapara a IMBEL.Depois <strong>da</strong> reorganização promovi<strong>da</strong> por Whitaker, o controle <strong>da</strong> IMBELfoi novamente passa<strong>do</strong> a seu conselho <strong>de</strong> administração.Em 1985, a IMBEL iniciou uma parceria com a empresa americana S-pringfield Armory, para a distribuição <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 200 variações <strong>da</strong> pistola Colt.45 no merca<strong>do</strong> civil americano. Em 1998, a pistola IMBEL .45 foi a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> comoa arma <strong>de</strong> porte oficial <strong>da</strong> equipe <strong>de</strong> resgate <strong>de</strong> seqüestra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FBI. Aspistolas são entregues ao FBI pela Springfield Armory. Atualmente <strong>de</strong> 75% a95% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> fábrica <strong>de</strong> Itajubá vem <strong>da</strong> exportação <strong>de</strong> variações <strong>da</strong> pistolaColt M911A1. De acor<strong>do</strong> com a Small Arms Survey 2002, mais <strong>de</strong> 90% <strong>da</strong>s2.000 pistolas calibre .45 que a empresa exporta mensalmente vão para o merca<strong>do</strong>americano, e entre 40% a 50% <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> empresa é exporta<strong>da</strong>.Durante os anos 90, graças aos lucros <strong>da</strong>s exportações, a empresa gradualmentecomeçou a pagar sua dívi<strong>da</strong> com o governo brasileiro. Através <strong>de</strong>um plano <strong>de</strong> pagamento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> negocia<strong>do</strong> com o Exército e <strong>de</strong> um planoagressivo <strong>de</strong> reorganização, a empresa foi novamente autoriza<strong>da</strong> a ven<strong>de</strong>r paraórgãos estatais. De acor<strong>do</strong> com o recentemente organiza<strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong>Controle Fabril <strong>do</strong> Exército (SICOFA) a IMBEL relatou uma produção <strong>de</strong>334.534 armas <strong>de</strong> pequeno porte produzi<strong>da</strong>s entre julho <strong>de</strong> 1977 e junho <strong>de</strong>2004.Forjas Taurus - A Taurus é a maior produtora <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> cano curto, com 24mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> revólver e 14 <strong>de</strong> pistolas. A empresa foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em Porto Alegre,em 1937, como uma fábrica <strong>de</strong> ferramentas. Depois <strong>da</strong> II Guerra Mundial, começoua produzir revólveres, alcançan<strong>do</strong> uma produção <strong>de</strong> larga escala em1951. Em 1964 a empresa já havia consoli<strong>da</strong><strong>do</strong> sua posição no merca<strong>do</strong> nacional,amplia<strong>do</strong> e mo<strong>de</strong>rniza<strong>do</strong> sua fábrica, e intensifica<strong>do</strong> a produção. Durantea turbulência política <strong>do</strong>s anos 60 houve um aumento no controle <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s<strong>do</strong>mésticas <strong>de</strong> armas, numa época em que a empresa ain<strong>da</strong> não possuíauma estrutura a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para competir no merca<strong>do</strong> internacional. Nestas cir-


152cunstâncias, a maioria <strong>da</strong>s cotas <strong>da</strong> empresa foi vendi<strong>da</strong> para a Smith & Wessonno início <strong>do</strong>s anos 70.Em 1977, a empresa brasileira Polimetal adquiriu o controle acionário <strong>da</strong>Taurus, "renacionalizan<strong>do</strong>" a empresa e to<strong>do</strong> o know-how que havia si<strong>do</strong> transferi<strong>do</strong>sob a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> S&W. A Taurus continuou a se expandir, compran<strong>do</strong>o grupo britânico IFESTEEL e, em 1980, compran<strong>do</strong> a subsidiária brasileira<strong>da</strong> Beretta. Com esta compra, a Taurus incorporou mais máquinas e tecnologiae começou a produzir pistolas Beretta licencia<strong>da</strong>s (M2) e submetralha<strong>do</strong>ras9mm (M 12). Ambas as compras foram cruciais para acumular a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>produção e know-how que a Taurus tem hoje em dia.O nome Taurus tornou-se reconheci<strong>do</strong> internacionalmente, especialmentenos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. A Forjas Taurus possui a Taurus Holding, que controlaa Taurus International Manufacturing Inc. (TIMI), subsidiária <strong>da</strong> Taurus Brasileira.ATIMI está instala<strong>da</strong> em Miami e composta <strong>de</strong> uma fábrica que monta armasespecialmente para o merca<strong>do</strong> americano, e um distribui<strong>do</strong>r para as armasTaurus fabrica<strong>da</strong>s no Brasil. Em 1997, a Taurus comprou <strong>da</strong> Rossi as patentes,projetos e direitos <strong>de</strong> produção para suas armas curtas, tornan<strong>do</strong>-se aúnica fornece<strong>do</strong>ra brasileira <strong>de</strong> revólveres. Em 2002, a Taurus teve ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>US$ 43,9 milhões e lucro <strong>de</strong> US$ 13,6 milhões, tornan<strong>do</strong>-se umas <strong>da</strong>s maisbem sucedi<strong>da</strong>s empresas brasileiras <strong>do</strong> ano. A Forjas Taurus tem uma parceriaestratégica com a Fabrica Maestranzas <strong>de</strong>l Ejército (FAMAE), uma estatal chilena,para produzir a submetralha<strong>do</strong>ra MT-40 .40 e a carabina CT40 .40 noBrasil, com peças feitas no Chile e no Brasil.No <strong>final</strong> <strong>do</strong>s anos 90, a Taurus começou a diversificar e mo<strong>de</strong>rnizar suaprodução além <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los tradicionais <strong>da</strong> Beretta, para conter a ameaça <strong>da</strong>competição com pistolas Glock 25 importa<strong>da</strong>s para o merca<strong>do</strong> civil. Nesta época,não havia pistolas <strong>de</strong> polímero <strong>de</strong> fabricação nacional e a taxa <strong>de</strong> câmbiotornava as importações baratas. A Taurus reagiu com calibres novos e <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>tais como o .40 e a a<strong>do</strong>ção, no <strong>final</strong> <strong>do</strong>s anos 90, <strong>de</strong> novas tecnologias, incluin<strong>do</strong>a fabricação <strong>de</strong> pistolas <strong>de</strong> polímeros e/ou titânio. A isto <strong>de</strong>ve ser a-crescenta<strong>da</strong> uma linha <strong>de</strong> revólveres confiáveis e <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Através <strong>de</strong>uma combinação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> padrões "clássico mas confiável" e "na mo<strong>da</strong>e <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>", a Taurus conseguiu um nicho no merca<strong>do</strong> americano.A Taurus é a jóia <strong>da</strong> coroa <strong>da</strong> indústria APPL brasileira (e, até um certoponto, <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> armas como um to<strong>do</strong>). Ela consoli<strong>do</strong>u sua posição no


153crucial merca<strong>do</strong> americano <strong>de</strong> armas curtas, abrin<strong>do</strong> a Taurus InternationalManufacturing Inc. (TIMI), sua subsidiária em Miami, em 1983. Conquanto suaprodução total <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte em termos unitários não é conheci<strong>da</strong>,po<strong>de</strong>-se estimar esses <strong>da</strong><strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong>s informações publica<strong>da</strong>s pela Comissão<strong>de</strong> Valores Mobiliários (CVM).Forjas Taurus: produção estima<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas curtas1984 – 2003ANO QUANTIDADE ANO QUANTIDADE1984 73.000 1994 340.0001985 134.000 1995 273.0001986 235.000 1996 189.0001987 286.000 1997 179.0001988 419.000 1998 210.0001989 369.000 1999 254.0001990 193.000 2000 233.0001991 291.000 2001 242.0001992 378.000 2002 311.0001993 385.000 2003 224.000Mas com to<strong>do</strong> o seu sucesso e a aparente estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seu quinhão <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> externo, a Taurus parece estar cercan<strong>do</strong> suas apostas. Nos últimosanos tem diversifica<strong>do</strong> sua produção a áreas relaciona<strong>da</strong>s não apenas a armas<strong>de</strong> fogo, mas como coletes a prova <strong>de</strong> bala, capacetes, blin<strong>da</strong>gem para carros,ferramentas <strong>de</strong> mão e ferramentas para máquinas.FORJAS TAURUSTaurus Holding, Inc.Famasti Taurus Ferra-Taurus Blin<strong>da</strong>gensWotan Máquinas Lt<strong>da</strong>.Taurus Internationalmentas S.A.TaurusTaurus-Manufactoring Inc.CapacetesPlast Lt<strong>da</strong>.Lt<strong>da</strong>.Apesar <strong>do</strong> nome oficial <strong>da</strong> corporação também ser Forjas Taurus, emsuas <strong>de</strong>clarações financeiras a Taurus faz uma distinção entre a soma <strong>de</strong> to<strong>da</strong>sas suas operações, referi<strong>da</strong> como 'Grupo Taurus', e seu negócio com armas <strong>de</strong>fogo, referi<strong>do</strong> como Forjas Taurus. Isto permite que se observem as operações<strong>da</strong> empresa e se possa <strong>de</strong>terminar a importância relativa <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogopara a empresa como um to<strong>do</strong>.


154Enquanto o Grupo Taurus como um to<strong>do</strong> está se expandin<strong>do</strong> em geral, areceita líqui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo está cain<strong>do</strong>.Forjas Taurus: participação <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porte nas ven<strong>da</strong>s líqui<strong>da</strong>s <strong>do</strong>Grupo Taurus (1986 – 2003)ANO PARTICIPAÇÃO ANO PARTICIPAÇÃO1986 74% 1995 69%1987 70% 1996 65%1988 67% 1997 53%1989 70% 1998 56%1990 61% 1999 60%1991 63% 2000 50%1992 69% 2001 45%1993 59% 2002 60%1994 78% 2003 41%Companhia Brasileira <strong>de</strong> Cartuchos (CBC) - A CBC é a única produtora brasileira<strong>de</strong> munições para o merca<strong>do</strong> civil. Além <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>munições para armas <strong>de</strong> pequeno porte, a CBC produz 18 mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> espingar<strong>da</strong>e 4 mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> rifles. Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1926 como Fábrica Nacional <strong>de</strong> Cartuchose Munições Lt<strong>da</strong>., foi vendi<strong>da</strong> em 1936 para a Remington Arms Companye Imperial Chemical Industries, que trouxeram nova tecnologia e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> produção para a empresa. Ten<strong>do</strong> consoli<strong>da</strong><strong>do</strong> sua posição como produtora<strong>de</strong> cartuchos, em 1960 começou a produzir uma pequena linha <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> cano longo, inician<strong>do</strong> exportações em 1966. A empresa foi renacionaliza<strong>da</strong>em 1980 e, em 1988, tornou-se uma empresa <strong>de</strong> capital aberto.Em 2002, a CBC teve um lucro <strong>de</strong> US$ 3 milhões e ven<strong>da</strong>s líqui<strong>da</strong>s <strong>de</strong>US$ 41,2 milhões. Das suas ven<strong>da</strong>s, 43,13% eram exportações, 28,87% emven<strong>da</strong>s para o merca<strong>do</strong> civil nacional, e 37% para o po<strong>de</strong>r público. 86,8% <strong>da</strong>sven<strong>da</strong>s eram <strong>de</strong> munições. De acor<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Diretoria <strong>de</strong> Fiscalização<strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s (DFPC), a CBC produziu 58.830 armas <strong>de</strong> canolongo entre maio <strong>de</strong> 2003 e novembro <strong>de</strong> 2004.Como no caso <strong>da</strong> Forjas Taurus, é possível estimar a produção total apartir <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s financeiros arquiva<strong>do</strong>s na CVM:CBC: Produção estima<strong>da</strong> <strong>de</strong> cartuchos (1987 – 2003)ANO QUANTIDADE ANO QUANTIDADE1987 307.000.000 1996 228.000.0001988 289.000.000 1997 202.000.000


1551989 266.000.000 1998 221.000.0001990 56.000.000 1999 197.000.0001991 185.000.000 2000 230.000.0001992 164.000.000 2001 234.000.0001993 247.000.000 2002 289.000.0001994 232.000.000 2003 259.000.0001995 187.000.000A CBC não é a única empresa brasileira <strong>de</strong> APPL compra<strong>da</strong> por estrangeirose <strong>de</strong>pois renacionaliza<strong>da</strong> (a Taurus foi compra<strong>da</strong> pela Smith & Wessonno início <strong>do</strong>s anos 70 e voltou a ter controle brasileiro em 1977), mas ela é, talvez,um caso clássico <strong>de</strong> cooperação entre uma empresa priva<strong>da</strong>, os militarese o governo (neste caso, uma extensão <strong>do</strong>s militares.) Em 1980, a IMBEL, u-san<strong>do</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico, comprou aCBC <strong>de</strong> seus proprietários estrangeiros. Como parte <strong>do</strong> negócio, a CBC assumiua produção <strong>de</strong> munições 7,62mm <strong>da</strong> IMBEL. Em 1988, as ações <strong>da</strong> empresapassaram a ser negocia<strong>da</strong>s no merca<strong>do</strong> e, um ano mais tar<strong>de</strong>, o grupoArbi, através <strong>da</strong> DFV Participações S.A., comprou 70% <strong>da</strong>s ações com direito avoto. A IMBEL manteve 30% <strong>do</strong> controle sobre a CBC, e uma boa parte <strong>do</strong>conselho <strong>da</strong> empresa era composto por militares <strong>da</strong> ativa e reforma<strong>do</strong>s. Finalmente,em abril <strong>de</strong> 2004, a IMBEL ven<strong>de</strong>u a maior parte <strong>de</strong> suas ações remanescentesà PCDI Participações Lt<strong>da</strong>. (Esta ven<strong>da</strong> foi provavelmente motiva<strong>da</strong>pelo <strong>de</strong>sejo <strong>da</strong> IMBEL <strong>de</strong> pagar sua dívi<strong>da</strong> com o governo fe<strong>de</strong>ral, que a impossibilitava<strong>de</strong> fazer contratos com instituições policiais estaduais.)Então, quem controla a CBC agora? Quem são DFV e PCDI? A DFV écontrola<strong>da</strong> por uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> conheci<strong>da</strong> como DBB, as iniciais <strong>de</strong> Daniel BenasayagBirmann, que é o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> grupo Arbi. (Sandra Salm é uma investi<strong>do</strong>rapriva<strong>da</strong> e Antônio Barres é o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> CBC.) A DBB, por sua vez, é<strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> quase total <strong>da</strong> Charles Limited, localiza<strong>da</strong> nas Ilhas Virgens, umparaíso fiscal.Da mesma forma, a PCDI pertence quase inteiramente à firma estrangeiraBrookmon (99,9%), cuja nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> não está <strong>de</strong>clara<strong>da</strong>. As <strong>de</strong>mais açõespertencem a Frank <strong>de</strong> Luca (0,10%), membro <strong>do</strong> conselho <strong>de</strong> administração <strong>da</strong>DF Vasconcelos.Ama<strong>de</strong>o Rossi - A Rossi ven<strong>de</strong>u sua produção <strong>de</strong> armas curtas à Taurus, mascontinua a produzir espingar<strong>da</strong>s e rifles, que são 70% <strong>de</strong> suas ven<strong>da</strong>s totais.Possui algumas empresas controla<strong>da</strong>s não relaciona<strong>da</strong>s a armas. A empresa


156sofreu uma per<strong>da</strong> <strong>de</strong> US$ 14 milhões em 2001, o último ano para o qual sãoencontra<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis. A Rossi exporta 77,3% <strong>de</strong> sua produção, 50%<strong>da</strong> qual é vendi<strong>da</strong> através <strong>da</strong> Braztech Inc., uma distribui<strong>do</strong>ra americana.Pequenos Fabricantes:E.R. Amantino & Cia. / Boito - E.R. Amantino é o produtor <strong>da</strong> linha Boito <strong>de</strong>espingar<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caça, muito populares em seu esta<strong>do</strong> natal, o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>Sul. A empresa produz os mo<strong>de</strong>los A-680, A-681, Era 2001, Miura I, Miura II,Pump BSA-5T-84, Reúna, e a pistola B-300.Companhia <strong>de</strong> Explosivos Valparaiba (CEV) - A CEV é uma produtora <strong>de</strong>grana<strong>da</strong>s e morteiros. De acor<strong>do</strong> com a Jane's Infantry Weapons 2001/2, aCEV produz grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mão M3 e M4 bem como grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> morteiro TIR60 AE M3, TIR 81 AE M4, e TIR 81 AE M7. Também produziram uma linha <strong>de</strong>grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> gás para uso anti-motim. Em 1997, a CEV anunciou que seu mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> sub-metralha<strong>do</strong>ra, Mtr M9 M1-CEV9, estava pronto para ser vendi<strong>do</strong>.No entanto, não se teve mais notícias <strong>de</strong>ste item <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998.Mekanica/Bilbao - Essas duas pequenas empresas estavam envolvi<strong>da</strong>s naprodução <strong>da</strong> submetralha<strong>do</strong>ra URU Mo<strong>de</strong>lo II 9mm, a Mekanica <strong>de</strong> 1979 a1988, e a Bilbao, que comprou os direitos <strong>da</strong> Mekanica, em 1988. Em 1997, aMekanica Indústria e Comércio entrou num acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> URU com aAma<strong>de</strong>o Rossi.Produção e Ven<strong>da</strong>sOs <strong>da</strong><strong>do</strong>s mais abrangentes e atuais sobre a produção total <strong>de</strong> APPL noBrasil vem <strong>da</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Indústria Anual - Produto. Infelizmente, esta série sócomeçou a ser divulga<strong>da</strong> em 1998. Basea<strong>do</strong>s em uma pesquisa <strong>da</strong>s maioresinstalações <strong>de</strong> produção industrial <strong>do</strong> país, organiza<strong>da</strong> por ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica,estes números oferecem o melhor retrato <strong>da</strong> produção total recente <strong>de</strong> AP-PL.Brasil: produção <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo (a preços constantes em 2003)1998/ 2003ANO PRODUÇÃO ANO PRODUÇÃO1998 R$ 232.021.000,00 2001 R$ 277.175.000,001999 R$ 316.383.000,00 2002 R$ 377.158.000,002000 R$ 221.196.000,00


157Não há <strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis anteriores a 1998, mas é possível estimar aevolução histórica <strong>da</strong> indústria APPL analisan<strong>do</strong>-se os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo Econômico<strong>de</strong>cenal.Brasil: produção <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte (preços constantes em 2003)1950 - 1985ANO PRODUÇÃO ANO PRODUÇÃO1950 R$ 15.900.000,00 1975 R$ 90.700.000,001960 R$ 46.200.000,00 1980 R$ 211.800.000,001970 R$ 60.800.000,00 1985 R$ 211.800.000,00Tanto os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> PIA, quanto os <strong>do</strong> Censo, estão <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s estritamenteem termos <strong>de</strong> valores. Para sem estimar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> APPL produzi<strong>da</strong>é necessário ter acesso aos <strong>da</strong><strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s pelo Exército, que é, pelalegislação vigente, o responsável pela monitoração e licenciamento <strong>da</strong> produção,ven<strong>da</strong>, transporte e exportação <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s, entre as quais asAPPL. Teoricamente, o Anuário Estatístico <strong>do</strong> Exército (AnEEx), contém o registro<strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as armas <strong>de</strong> fogo e cartuchos <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>s noBrasil. Na prática, para alguns anos não há <strong>da</strong><strong>do</strong>s chave <strong>de</strong> regiões produtoras<strong>de</strong> APPL. Além disso, a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército é bem o-paca, dificultan<strong>do</strong> a avaliação <strong>da</strong> confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, estes<strong>da</strong><strong>do</strong>s foram durante muito tempo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s um segre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e ofato <strong>de</strong> terem si<strong>do</strong> disponibiliza<strong>do</strong>s para este estu<strong>do</strong> já é, em si, um sinal anima<strong>do</strong>r.Enquanto as lacunas e as variações <strong>de</strong>stes números não permite concluir<strong>de</strong>finitivamente sobre a produção <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, está claro que a tendênciageral é <strong>de</strong> alta, com a produção média mais ou menos <strong>do</strong>bran<strong>do</strong> <strong>de</strong>400.000 para 800.000 por ano nas três déca<strong>da</strong>s apresenta<strong>da</strong>s aqui. Além disso,está claro que a produção <strong>de</strong> armas curtas é chave neste aumento: a produçãomédia <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> cano longo se manteve essencialmente constante.Quanto às munições, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> AnEEx são ain<strong>da</strong> menos esclarece<strong>do</strong>res:O que parece ser claro a partir <strong>de</strong>stes números e que, com exceção <strong>do</strong>perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> turbulência pré-1975 e excetuan<strong>do</strong> os anos 1982-1985, a produção<strong>de</strong> munições é quase que inteiramente composta <strong>de</strong> cartuchos a bala.


158Resumin<strong>do</strong>, a produção <strong>de</strong> APPL no Brasil tem cresci<strong>do</strong> continuamente,em especial durante o auge <strong>do</strong> regime militar (1974-1983), chegan<strong>do</strong> ao valoratual <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> US$ 100 milhões por ano.3.3 O Tamanho <strong>da</strong> Indústria APPL Brasileira em ContextoEnquanto o nível <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> Brasil o torna um produtor <strong>de</strong> tamanhomédio <strong>de</strong> APPL o segun<strong>do</strong> maior no Continente Americano — e um ator regional<strong>do</strong>minante, é importante perceber o quão pequeno é o papel <strong>da</strong>s armas naeconomia como um to<strong>do</strong>. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a produção <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porteé uma parte infinitesimal <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica total. Seguem-se as divisõesbásicas <strong>da</strong> economia brasileira.SETORA economia brasileira (PIB), por setor (2002)INDÚS- SERVI- ADMINISTRAÇÃO AGROPECU- CONSTRUÇÃOTRIA ÇOS PÚBLICAÁRIACIVIL29% 41% 15% 8% 7%PARTI-CIPAÇÃOExpandin<strong>do</strong>-se o setor "Indústria":SUBSETOR PARTICIPAÇÃO SUBSETOR PARTICIPAÇÃOProdutos alimentícios e 18% Máquinas e equipamentos5%bebi<strong>da</strong>sProdutos químicos 13% Celulose, papel e 4%produtos <strong>de</strong> papelVeículos automotores, reboques9% Artigos <strong>de</strong> borracha e 3%e carroceriasmateriais plásticosCoquerias, refino <strong>de</strong> petróleo8% Material eletrônico e 3%e produção <strong>de</strong> álcoolequipamentos <strong>de</strong> co-municaçõesIndústria extrativa 8% Outras 22%Metalurgia básica 7%“Máquinas e Equipamentos”, a classe <strong>de</strong> produtos à qual a APPL pertence,perfaz apenas 5% <strong>da</strong> produção industrial, compara<strong>da</strong> à 9% <strong>do</strong>s automóveise 7% para aço e outros produtos metálicos. Mas ain<strong>da</strong> está entre asmaiores classes <strong>de</strong> produtos.No entanto, quan<strong>do</strong> se prossegue na <strong>de</strong>composição <strong>de</strong>ssa divisão, a indústria<strong>de</strong> APPL surge como uma parcela muito pequena:SUBSETOR PARTICIPAÇÃO SUBSETOR PARTICIPAÇÃOMotores, bombas, 23,19% Máquinas e equipamentos9.82%compressores e equipamento<strong>de</strong> transmissão<strong>de</strong> uso naextração <strong>de</strong> minério econstruçãoMáquinas e equipamentos<strong>de</strong> uso geral20,22% Máquinas-ferramentas 4.17%


159Eletro<strong>do</strong>mésticos 14,94% <strong>Armas</strong> e munições 0,97%Tratores, máquinas 14,39% Equipamentos militares0,25%equipamentos paraagriculturaOutras máquinas <strong>de</strong> 12,05%uso específicoObviamente a produção <strong>de</strong> APPL tem pouca importância puramente e-conômica para o Brasil como um to<strong>do</strong>: representa menos <strong>de</strong> 1% <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong>produtos ao qual pertence (máquinas c equipamentos), e meros 0,048% <strong>do</strong>total <strong>da</strong> produção industrial. Alem disso, <strong>da</strong>s 268 classes <strong>de</strong> produtos industriaisnas estatísticas oficiais <strong>do</strong> Brasil, "<strong>Armas</strong> <strong>de</strong> Fogo e Munições" estão no222° lugar, logo após relógios e meias. Importantes indústrias brasileiras taiscomo automóveis, equipamentos e refinaria <strong>de</strong> petróleo são classes <strong>de</strong> maiormagnitu<strong>de</strong>.É claro que o Brasil não é uma exceção. A indústria APPL americana, amaior <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, tem se mostra<strong>do</strong> insignificante no contexto <strong>da</strong> economia americanacomo um to<strong>do</strong>.Comércio ExteriorNo geral, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s oficiais sobre comércio exterior são bem superioresem termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento e anos disponíveis que os <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre produção even<strong>da</strong>s. Há um conjunto completo <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s para to<strong>da</strong>s as exportações e importaçõesbrasileiras por país e por código <strong>de</strong> exportação disponível para operío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1982 - 2003.No entanto, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre comércio exterior apresentam suas própriasdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Uma análise cui<strong>da</strong><strong>do</strong>sa <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s oficiais sugere fortemente quegran<strong>de</strong>s ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas militares pesa<strong>da</strong>s ocasionalmente são classifica<strong>da</strong>serroneamente sob subtítulos que correspon<strong>de</strong>m a APPL, enquanto que as exportações<strong>de</strong> armas curtas são sistematicamente classifica<strong>da</strong>s erroneamentecomo rifles <strong>de</strong> caça.Se o Brasil é um exporta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> APPL <strong>de</strong> porte médio no nível global,<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua região é absolutamente <strong>do</strong>minante, quase 10 vezes maior que oseu competi<strong>do</strong>r mais próximo:América Latina: distribuição <strong>da</strong>s exportações <strong>de</strong> APPL em 2002 (totalexporta<strong>do</strong>: US$ 73,9 milhões)PAÍS DISTRIBUIÇÃO PAÍS DISTRIBUIÇÃO


160BRASIL 84% MÉXICO 4%ARGENTINA 9% CHILE 2%Quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ramos que uma boa parte <strong>da</strong>s exportações chilenas sãocompostas por submetralha<strong>do</strong>ras FAMAE fabrica<strong>da</strong>s em parceria com a Taurus,e o fato que as exportações mexicanas são quase que inteiramente compostas<strong>de</strong> munições, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira extensão <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio regional <strong>do</strong> Brasil ficaain<strong>da</strong> mais evi<strong>de</strong>nte.A importância <strong>da</strong>s exportações <strong>de</strong> APPL por empresas brasileiras ficaclara em suas próprias <strong>de</strong>clarações financeiras sobre a divisão <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s entreos três principais merca<strong>do</strong>s para os quais estas companhias ven<strong>de</strong>m: merca<strong>do</strong>civil <strong>do</strong>méstico, po<strong>de</strong>r público (torças arma<strong>da</strong>s e policiais) e merca<strong>do</strong> externo(exportação). Apesar <strong>de</strong> não estarem disponíveis para to<strong>da</strong>s as empresasem to<strong>do</strong>s os anos, estes <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong>ixam muito claro que a indústria brasileira <strong>de</strong>armas está ca<strong>da</strong> vez mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>s exportações. A Forjas Taurus, especialmente,parece ser um empreendimento essencialmente volta<strong>do</strong> para asexportações. Enquanto os merca<strong>do</strong>s civil e público <strong>do</strong>mésticos têm si<strong>do</strong> avi<strong>da</strong>menteprotegi<strong>do</strong>s pelas políticas comerciais brasileiras, o que certamente garanteuma importante base <strong>de</strong> clientes, uma parte ca<strong>da</strong> vez maior <strong>da</strong> receitaestá vin<strong>do</strong> <strong>da</strong>s exportações.Forjas Taurus: Ven<strong>da</strong>s líqui<strong>da</strong>s por segmento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>,1983/2003ANO SEGMENTO DE MERCADO (%)EXPORTAÇÃO PODERPÚBLICOMERCADOCIVIL1983 40% 18% 42%1984 27% 22% 51%1985 34% 20% 46%1986 52% 14% 34%1987 56% 13% 31%1988 58% 13% 29%1989 55% 14% 32%1990 52% 14% 34%1991 63% 11% 26%1992 74% 8% 18%1993 75% 8% 18%1994 63% 11% 26%1995 51% 15% 34%1996 51% 15% 34%1997 53% 24% 24%1998 51% 34% 15%1999 67% 17% 17%2000 63% 24% 13%2001 63% 20% 17%


1612002 74% 9% 17%2003 65% 12% 23%A CBC, única produtora brasileira <strong>de</strong> munição <strong>de</strong> uso civil, também estáconfiante nas exportações, mas não com a mesma intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A <strong>de</strong>man<strong>da</strong>civil e governamental por munições absorve uma parte significativamente maior<strong>de</strong> sua produção.CBC: Distribuição <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s líqui<strong>da</strong>s por segmento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>(1996 - 2003)ANOSEGMENTO DE MERCADO (%)EXPORTAÇÃO PODERPÚBLICOMERCADOCIVIL1996 50% 18% 32%1997 18% 28% 54%1998 40% 28% 32%1999 39% 18% 43%2000 47% 22% 31%2001 34% 28% 38%2002 34% 37% 29%2003 47% 26% 27%Fica, portanto, evi<strong>de</strong>nte a pre<strong>do</strong>minância relativa <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo sobreas munições nas exportações <strong>de</strong> APPL. A evidência <strong>da</strong> conclusão, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,naturalmente, <strong>da</strong> confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s informações. Merece consi<strong>de</strong>ração ofato <strong>de</strong> que as munições são um item importante na logística <strong>do</strong>s conflitos arma<strong>do</strong>s,setor que, por razões óbvias, opera em baixo perfil, com a mínimatransparência. Caso a indústria nacional <strong>de</strong> munições se preste a ser mais um<strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res ocultos para as partes em conflito no mun<strong>do</strong>, as consi<strong>de</strong>raçõesacima <strong>de</strong>vem ser reavalia<strong>da</strong>s.Consi<strong>de</strong>rações à parte, trata-se, portanto, <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> saudável, estávele, no geral, em expansão. Vale consi<strong>de</strong>rar que o forte efeito <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong>câmbio brasileira sobre a negociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suas exportações não teve efeito<strong>de</strong>cisivo. É <strong>de</strong> especial interesse aqui o perío<strong>do</strong> inicial, em 1994, quan<strong>do</strong> oBrasil implementou o Plano Real, substituin<strong>do</strong> sua moe<strong>da</strong> moribun<strong>da</strong> pelo realque foi atrela<strong>do</strong> ao dólar americano. Esta pari<strong>da</strong><strong>de</strong> se manteve até início <strong>de</strong>1999. Com a moe<strong>da</strong> manti<strong>da</strong> artificialmente acima <strong>do</strong> seu valor real, os brasileirosse viram com um enorme po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra, enquanto os exporta<strong>do</strong>res brasileirostinham dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para competir sem baixar seus preços. Certamenteparece razoável concluir que uma dinâmica pareci<strong>da</strong> ocorreu com o merca<strong>do</strong>exporta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> APPL: nos anos seguintes à <strong>de</strong>preciação <strong>do</strong> real, as exportações<strong>de</strong> APPL se recuperaram <strong>de</strong> forma constante. Por outro la<strong>do</strong>, fica evi<strong>de</strong>nte que,


162neste setor <strong>da</strong> economia, a taxa <strong>de</strong> câmbio é apenas um entre os muitos fatoresque afetam as exportações.Des<strong>de</strong> o <strong>final</strong> <strong>do</strong>s anos 80, os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s se tornaram o principalcliente <strong>da</strong>s APPL brasileiras, e esta tendência aprofun<strong>do</strong>u-se consi<strong>de</strong>ravelmente<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>preciação <strong>do</strong> real, em 1999. A maioria <strong>da</strong>s exportações para osEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s representam ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas curtas <strong>da</strong> Taurus.Brasil x Forjas Taurus: Exportações <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte emmilhões <strong>de</strong> US$ (preços constantes <strong>de</strong> 2003), para os EUA(1988 – 2003)ANO EXPORTAÇÕES PARA OS EUABRASIL FORJAS TAURUS1988 US$ 39.000.000,00 US$ 23.000.000,001989 US$ 33.000.000,00 US$ 22.000.000,001990 US$ 33.000.000,00 US$ 21.000.000,001991 US$ 35.000.000,00 US$ 25.000.000,001992 US$ 43.000.000,00 US$ 21.000.000,001993 US$ 46.000.000,00 US$ 35.000.000,001994 US$ 49.000.000,00 US$ 45.000.000,001995 US$ 39.000.000,00 US$ 20.000.000,001996 US$ 38.000.000,00 US$ 15.000.000,001997 US$ 27.000.000,00 US$ 12.000.000,001998 US$ 28.000.000,00 US$ 20.000.000,001999 US$ 34.000.000,00 US$ 25.000.000,002000 US$ 34.000.000,00 US$ 21.000.000,002001 US$ 34.000.000,00 US$ 20.000.000,002002 US$ 46.000.000,00 US$ 26.000.000,002003 US$ 36.000.000,00 US$ 20.000.000,00A América Latina também tem si<strong>do</strong> um merca<strong>do</strong> importante para o Brasilatravés <strong>do</strong>s anos, mas, recentemente, ce<strong>de</strong>u em importância para o merca<strong>do</strong>americano. Isto po<strong>de</strong> ser indicativo <strong>de</strong> uma mu<strong>da</strong>nça qualitativa na indústriaAPPL brasileira: um movimento na direção <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,mais caros, como um reconhecimento positivo <strong>de</strong> suas marcas nos merca<strong>do</strong>sinternacionais.O ano <strong>de</strong> 2003 marcou uma reversão <strong>de</strong>sta tendência principalmente<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma gran<strong>de</strong> remessa <strong>de</strong> munições para a Colômbia, um <strong>do</strong>s palcos<strong>de</strong> conflitos localiza<strong>do</strong>s a que já se referiu acima. Assim, é muito ce<strong>do</strong> para dizerse isto marca uma nova tendência ou se, simplesmente, foi um ano excepcional.


163É interessante notar que, quan<strong>do</strong> se separam as exportações <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> fogo e peças <strong>da</strong>s <strong>de</strong> munições, os padrões <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s alvo para exportaçãoque emergem são bem diferentes. Claramente, o <strong>do</strong>mínio norteamericanosobre as exportações globais <strong>de</strong> APPL é composto quase que inteiramente<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e peças, enquanto a América Latina tornou-se ca<strong>da</strong>vez mais uma compra<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> munições. O merca<strong>do</strong> brasileiro <strong>de</strong> munições émuito mais volátil e varia<strong>do</strong> que o <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo. Isto po<strong>de</strong> ser verifica<strong>do</strong> apartir <strong>da</strong> maior variação <strong>do</strong>s principais importa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> munições, compara<strong>do</strong>scom os <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> togo e peças.É evi<strong>de</strong>nte, também, o crescente <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s EUA entre os importa<strong>do</strong>res<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, em oposição à relativa diversificação <strong>do</strong>s importa<strong>do</strong>res<strong>de</strong> munições. É importante notar que o Paraguai, vizinho <strong>do</strong> Brasil, aparece emto<strong>do</strong>s os quatro quadros abaixo. O Paraguai tem uma <strong>da</strong>s menores ren<strong>da</strong>s percapita <strong>da</strong> região e uma população <strong>de</strong> apenas 7 milhões <strong>de</strong> habitantes. O paísnão está em guerra e não registra altos índices <strong>de</strong> mortes relaciona<strong>da</strong>s a armas<strong>de</strong> fogo. Claramente, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> APPL importa<strong>da</strong>s exce<strong>de</strong> em muitoas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> país, oferecen<strong>do</strong> mais evidências <strong>do</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> APPL <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> lícito para o ilícito no Paraguai. Boa parte <strong>da</strong>s APPL, <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s voltavapara o Brasil, levan<strong>do</strong>-o, <strong>final</strong>mente, a cancelar as exportações <strong>de</strong> armaspara seu vizinho em 2000 (Resolução n.º 17-CAMEX).Brasil: Os <strong>de</strong>z maiores importa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e partes, a preçosconstantes em 2003 (1982 a 2003)PAÍSEXPORTAÇÕES1982/1992 1993/2003EUA US$ 318.800.000,00 US$ 434.700.000,00Bélgica US$ 40.100.000,00 US$ 16.300.000,00Suécia US$ 34.000.000,00Líbia US$ 26.400.000,00Argentina US$ 15.300.000,00 US$ 18.900.000,00Peru US$ 13.300.000,00 US$ 6.800.000,00Paraguai US$ 13.100.000,00 US$ 26.900.000,00Áustria US$ 12.800.000,00Canadá US$ 10.200.000,00Alemanha US$ 10.200.000,00 US$ 20.000.000,00Venezuela US$ 11.700.000,00África <strong>do</strong> Sul US$ 11.500.000,00Tailândia US$ 8.200.000,00Filipinas US$ 5.900.000,00


164Brasil: Os <strong>de</strong>z maiores importa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> munições, a preços constantes<strong>de</strong> 2003 (1982 a 2003)PAÍSEXPORTAÇÕES1982/1992 1993/2003Bélgica US$ 18.800.000,00 US$ 12.400.000,00Paraguai US$ 10.400.000,00 US$ 8.300.000,00Chipre US$ 10.000.000,00Colômbia US$ 7.800.000,00 US$ 34.100.000,00Paquistão US$ 7.800.000,00EUA US$ 5.000.000,00 US$ 25.900.000,00Catar US$ 4.400.000,00Líbia US$ 2.800.000,00Reino Uni<strong>do</strong> US$ 2.500.000,00Malásia US$ 2.200.000,00Arábia Saudita US$ 17.000.000,00Alemanha US$ 13.000.000,00Angola US$ 12.200.000,00Emira<strong>do</strong>s Árabes US$ 10.900.000,00Argentina US$ 10.400.000,00Argélia US$ 6.800.000,00A Colômbia é outro caso interessante. A extensão <strong>da</strong>s exportações paraeste país na segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s anos 90 po<strong>de</strong>ria ser explica<strong>da</strong> pela dinâmica<strong>de</strong> seu conflito interno. Foi constata<strong>do</strong> que a INDUMIL (a empresa APPL colombianaestatal) está importan<strong>do</strong> componentes <strong>de</strong> munições <strong>da</strong> CBC paracompletar pedi<strong>do</strong>s para cartuchos 9mm e 5,56mm para tropas operan<strong>do</strong> emáreas <strong>de</strong> conflito.Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s constantes <strong>do</strong>s quadros referem-se às exportações regulares,autoriza<strong>da</strong>s por ambos os respectivos governos. Há, no entanto, que se cogitara respeito <strong>da</strong>s exportações irregulares, efetua<strong>da</strong>s para os grupos que promoveminsurreições internas, e que não po<strong>de</strong>m ser contabiliza<strong>da</strong>s abertamente.Esta é a área <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong>s “brokers”. Ain<strong>da</strong> que não existam evidências <strong>do</strong>cumentais,não seria surpreen<strong>de</strong>nte que as indústrias brasileiras <strong>de</strong> APPL tenhamrealiza<strong>do</strong> exportações irregulares para grupos que atuaram, ou ain<strong>da</strong>atuam, contra seus governos, na América Latina, na Ásia e na África. O únicoobstáculo institucional existente para evitar esse procedimento é a fiscalizaçãomilitar <strong>da</strong>s fábricas, cuja transparência permanece questionável.4. Conclusões


165No livro Arms and the State: Patterns of Military Production and Tra<strong>de</strong>,Keith Krause cria um mo<strong>de</strong>lo teórico para enten<strong>de</strong>r e explicar as formas <strong>de</strong>produção e transferência <strong>de</strong> armas. Com uma visão histórica a nível global, suaobra enfoca o setor <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa como um to<strong>do</strong>, com <strong>de</strong>staque nos equipamentose armas militares pesa<strong>do</strong>s. Krause classifica a estrutura <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> armase transferência <strong>de</strong> armas entre países, nas seguintes categorias:Fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> primeira linha - criam inovações tecnológicas (expan<strong>de</strong>m afronteira tecnológica)Fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> linha - produzem armas na fronteira <strong>de</strong> expansãotecnológica (através <strong>da</strong> transferência tecnológica) e as a<strong>da</strong>ptam às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>sespecíficas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>Fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> terceira linha - copiam e reproduzem tecnologias existentes(através <strong>da</strong> transferência <strong>de</strong> tecnologia ou <strong>de</strong> projeto), mas não <strong>do</strong>minam osprocessos subjacentes <strong>de</strong> inovação ou a<strong>da</strong>ptação.Clientes fortes - obtêm (através <strong>da</strong> transferência <strong>de</strong> material) e usam armas.Clientes fracos - obtêm armas mo<strong>de</strong>rnas, mas não po<strong>de</strong>m usá-las ou nemchegam a obtê-las.São três as forças i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s como motiva<strong>do</strong>ras para a produção ecomércio internacional <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições:- A busca <strong>de</strong> riqueza;- A busca <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r;- Vencer uma guerra.No caso específico <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> terceira linha, há diversas motivaçõessecundárias a serem consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s:- Garantir um suprimento contínuo <strong>de</strong> armas para conter ameaças à segurança;- Fornecer um símbolo ou índice <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r internacional ou regional efetivo;- Catalisar esforços <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização econômica;- Desenvolver tecnologias e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais;- Substituir os produtos importa<strong>do</strong>s, obten<strong>do</strong> sal<strong>do</strong> comercial positivo e melhoran<strong>do</strong>a balança <strong>de</strong> pagamento.No caso mais específico <strong>do</strong> Brasil, po<strong>de</strong>-se acrescentar:- Construir a nação e o Esta<strong>do</strong>;- Concretizar um "<strong>de</strong>stino manifesto" <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r regional.O Brasil e a Argentina são os <strong>do</strong>is únicos países latino-americanos queconseguiram <strong>de</strong>senvolver (durante o mesmo perío<strong>do</strong> histórico) importantes


166complexos militares - industriais. Mas só o Brasil (em parte, graças a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> conciliar e coor<strong>de</strong>nar o setor público e priva<strong>do</strong>), conseguiu criar umgran<strong>de</strong> merca<strong>do</strong> exporta<strong>do</strong>r com "equipamentos (militares) relativamente simples,baratos e fáceis <strong>de</strong> manejar", como diz Patrice Franko-Jones.Tanques leves, sistemas <strong>de</strong> foguetes <strong>de</strong> artilharia para fogo <strong>de</strong> saturaçãoe aviões <strong>de</strong> treinamento militar conseguiram boa exportação nessa déca<strong>da</strong>para um nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> internacional concentra<strong>do</strong> na região <strong>do</strong> Golfo Pérsico.Com o fim <strong>da</strong> guerra Irã-Iraque, os entraves macroeconômicos e a falta <strong>de</strong>um forte apoio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> no início <strong>da</strong> transição para a <strong>de</strong>mocracia, acabaramcom o complexo industrial militar brasileiro orienta<strong>do</strong> para a exportação. Aomesmo tempo, uma combinação <strong>de</strong> saltos tecnológicos no setor, falta <strong>de</strong> retornonas exportação <strong>de</strong> armamento pesa<strong>do</strong> e cortes <strong>do</strong> apoio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, frustraramuma série <strong>de</strong> projetos dispendiosos (tais como o carro <strong>de</strong> combate Osório).O Brasil continuou a ser um produtor <strong>de</strong> terceiro escalão no campo <strong>de</strong> armasconvencionais pesa<strong>da</strong>s. O mesmo po<strong>de</strong> ser dito sobre as armas militares <strong>de</strong>pequeno porte e leves, apesar <strong>do</strong> sucesso <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo FAL MD97L, <strong>da</strong> IMBEL.Este, embora <strong>de</strong> certa forma similar (segun<strong>do</strong> os fabricantes, tão bom quanto)ao M-16, ao AR-70, ao Galil e ao FNC, está a anos <strong>de</strong> distância <strong>da</strong> terceira,quarta e quinta geração <strong>de</strong> fuzis, tais como o XM-8 / G-36 (Alemanha) e o Tavor(Israel), que têm tecnologia <strong>de</strong> ponta, como componentes em polímero modular,mira <strong>de</strong> ponto vermelho ou (Rail Interface System).A situação <strong>da</strong> indústria especializa<strong>da</strong> em armas curtas é um pouco diferente.Como não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> alta tecnologia, característico<strong>de</strong> outros setores <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, seus fabricantes conseguiram "pegar uma carona"no chama<strong>do</strong> milagre econômico surgi<strong>do</strong> com a crescente indústria brasileira <strong>de</strong>armas na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80. A partir <strong>de</strong> 1990, o Brasil tinha perdi<strong>do</strong> sua posiçãoprivilegia<strong>da</strong> em armas convencionais pesa<strong>da</strong>s, mas estava bem situa<strong>do</strong> comoum ator global <strong>de</strong> porte médio no merca<strong>do</strong> internacional <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequenoporte. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> civil e <strong>da</strong> polícia (sobretu<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s)que oferece uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> mais estável e confiável <strong>do</strong> que os ciclos esporádicos<strong>de</strong> compra típicos <strong>da</strong>s armas militares pesa<strong>da</strong>s, a indústria APPL noBrasil parece ter consegui<strong>do</strong> uma "sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>" a médio e longo prazo,que sua "irmã maior" (a indústria <strong>de</strong> armas pesa<strong>da</strong>s) não conseguiu. Assim, noimenso merca<strong>do</strong> norte-americano, a Taurus garantiu um nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> parapistolas e revólveres <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> a preços competitivos.


167Embora a maioria <strong>da</strong>s transferências <strong>da</strong> APPL brasileira sejam para usopolicial e civil, permanece váli<strong>do</strong> o que afirmou o Small Arms Survey:"Embora o merca<strong>do</strong> civil forme, certamente, a maior parte <strong>do</strong> negócio <strong>de</strong> armas leves nomun<strong>do</strong>, responsável por mais <strong>de</strong> 80% <strong>da</strong> produção anual, são as inovações <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> militarque geralmente <strong>de</strong>finem o que há <strong>de</strong> mais avança<strong>do</strong> na tecnologia <strong>de</strong> armas leves.”A aplicação <strong>de</strong> avanços tecnológicos militares na área <strong>de</strong> armas para omerca<strong>do</strong> civil permite que se a<strong>da</strong>ptem as consi<strong>de</strong>rações teóricas <strong>de</strong> Krausepara a produção e comércio militar no setor específico <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> pequenoporte. A marca Taurus (maior fabricante e exporta<strong>do</strong>ra) a<strong>do</strong>tou na segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong><strong>do</strong>s anos 90 to<strong>da</strong>s as importantes inovações em armas militares <strong>de</strong> portena produção <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porte para civis:- Travas <strong>de</strong> segurança confiáveis;- Produção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los mais leves e compactos;- Uso <strong>de</strong> materiais à base <strong>de</strong> polímero;- Introdução <strong>de</strong> materiais leves como o titânio e compósitos.A empresa também conseguiu introduzir um novo produto <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>a preços competitivos no merca<strong>do</strong> norte-americano. No momento, o Brasilé o único produtor latino-americano importante <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno portepara o merca<strong>do</strong> civil e policial que <strong>do</strong>mina a tecnologia <strong>de</strong> armas curtas <strong>de</strong> polímero,compostos plásticos e titânio. Nesse merca<strong>do</strong> específico, com poucosentraves tecnológicos, parece que o Brasil tem potencial para passar <strong>do</strong> terceiropara o segun<strong>do</strong> escalão como produtor.Embora seja tenta<strong>do</strong>r concluir que a indústria APPL obteve sucesso on<strong>de</strong>a indústria <strong>de</strong> armas pesa<strong>da</strong>s não teve, tal conclusão iria tol<strong>da</strong>r as diferençasentre os <strong>do</strong>is merca<strong>do</strong>s. A<strong>final</strong>, o Brasil jamais sonhou exportar armas militarespesa<strong>da</strong>s para os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (embora permaneça competin<strong>do</strong> com osfornece<strong>do</strong>res internacionais <strong>de</strong> aeronaves militares <strong>de</strong> treinamento) e, mesmohoje, sua industria APPL <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>da</strong> importação norte-americana. Alémdisso, a maioria <strong>de</strong>ssas importações são para ven<strong>da</strong> no merca<strong>do</strong> civil, que representauma fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> segura, diferencia<strong>da</strong> <strong>do</strong>s clientes militares nopaís e fora <strong>de</strong>le, com seus ciclos periódicos <strong>de</strong> compra. Por esse motivo, é improvávelque as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fabris e comerciais <strong>da</strong> Taurus venham a ser afeta<strong>do</strong>spelo crescente controle <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> pequeno porte no Brasil. Sobre CBC,também não pesam gran<strong>de</strong>s ameaças, apesar <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>pendência maior <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> interno, já que a maior parte <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s está direciona<strong>do</strong> para o merca<strong>do</strong>cativo e bem protegi<strong>do</strong> <strong>da</strong> segurança pública.


168Por outro la<strong>do</strong>, os princípios básicos <strong>da</strong> DSN <strong>de</strong> certa forma se exauriramno caso <strong>da</strong> Taurus e <strong>da</strong> CBC. Ambas conseguiram obter know-how quan<strong>do</strong>eram proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estrangeiros, ambas foram renacionaliza<strong>da</strong>s (no caso<strong>da</strong> CBC, através <strong>de</strong> recursos públicos) e ambas hoje <strong>de</strong>sfrutam — embora comdimensões diversas - altos lucros nas ven<strong>da</strong>s no merca<strong>do</strong> exporta<strong>do</strong>r, que po<strong>de</strong>musar para obter economia <strong>de</strong> escala e para financiar mais pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento.Por outro la<strong>do</strong>, o princípio central <strong>do</strong> DSN fracassou: o sucesso<strong>de</strong>ssas empresas particulares <strong>de</strong> armas não se traduziu num <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico nacional, menos ain<strong>da</strong> contribuiu para a segurança interna.10. O CRIME ORGANIZADOO conceito <strong>de</strong> crime organiza<strong>do</strong>, tal como entendi<strong>do</strong> no fato <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>que é o objeto <strong>da</strong>s investigações <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong>, é aquele que está, no momento,diretamente relaciona<strong>do</strong> com as associações estabeleci<strong>da</strong>s entre os internos<strong>do</strong> sistema prisional brasileiro. A elas se atribuem ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminosas emamplo espectro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tráfico <strong>de</strong> drogas, a corrupção <strong>de</strong> agentes públicos, osseqüestros, os assaltos, a lavagem <strong>de</strong> dinheiro, até o tráfico <strong>de</strong> armas. Tambémse atribui a essas associações um caráter assistencial aos presos e aseus familiares, o que serve <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira eficaz para o aliciamento <strong>de</strong> novosassocia<strong>do</strong>s num ambiente carente <strong>de</strong> infra-estrutura social.Enten<strong>de</strong>-se que esse tipo <strong>de</strong> associação criminosa tem a sua origem nascondições lastimáveis em que foram manti<strong>do</strong>s os presos na antiga penitenciária<strong>da</strong> Ilha Gran<strong>de</strong>, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. O local serviu, por bastante tempo comoisolamento <strong>de</strong> presos políticos e <strong>de</strong> infratores <strong>de</strong> alta periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que contribuiupara <strong>de</strong>senvolver laços <strong>de</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> entre indivíduos que se consi<strong>de</strong>ravamobjeto <strong>de</strong> exclusão, injustiça e opressão. Por esse erro <strong>da</strong> administraçãopública, o País paga até hoje.A gestação <strong>da</strong>s facções criminosas sedia<strong>da</strong>s no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>moroupelo menos <strong>de</strong>z anos, até que, <strong>de</strong>smorona<strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> repressão cria<strong>do</strong>s peloregime militar, instalou-se na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> uma on<strong>da</strong> <strong>de</strong> assaltos a bancos, numadisputa por recursos financeiros que sustentaria o próximo passo <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>:o <strong>do</strong>mínio pelos pontos <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> drogas, em especial <strong>da</strong> cocaínaimporta<strong>da</strong> para consumo interno, e na intermediação a droga exporta<strong>da</strong> paraos EUA. Estava presente também uma disputa arma<strong>da</strong> pela li<strong>de</strong>rança <strong>da</strong>sfacções egressas <strong>da</strong>s penitenciárias: o Coman<strong>do</strong> Vermelho, o Terceiro Coman<strong>do</strong>,etc. Desses embates, resultou, já no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, o pre<strong>do</strong>mínio<strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> Vermelho, situação para a qual contribuíram inteligentes


169ações logísticas <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> armas e munições para equipar os “sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s<strong>do</strong> crime”. Há fortes indícios <strong>de</strong> que o Coman<strong>do</strong> Vermelho entabulou entendimentospara expandir as suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o seu <strong>do</strong>mínio em São Paulo, mas,aparentemente, essa pretensão foi <strong>de</strong>ti<strong>da</strong> pelo surgimento <strong>de</strong> outra facção,que, embora similar em suas origens e objetivos, era estranha ao Rio <strong>de</strong> Janeiro.O Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital foi cria<strong>do</strong> em 1993 por alguns reclusosque habitavam o estabelecimento penal <strong>de</strong> segurança máxima <strong>de</strong> Taubaté. Ogrupo se expandiu rapi<strong>da</strong>mente, sob o coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus fun<strong>da</strong><strong>do</strong>res. Na Penitenciária<strong>de</strong> Taubaté, os presos transitavam aos milhares, vin<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s mais diversasuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s prisionais <strong>de</strong> São Paulo. Era ali que as a<strong>de</strong>sões se multiplicavamatravés <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “batismo”, ou seja, um ritual <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> para a organização.A expansão vertiginosa foi gran<strong>de</strong>mente facilita<strong>da</strong> pelo surgimento <strong>da</strong>telefonia móvel celular, que permitiu aos lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> PCC passar or<strong>de</strong>ns e controlara massa carcerária <strong>de</strong> forma muito célere e abrangente. Ao passo que oComan<strong>do</strong> Vermelho precisou <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos para crescer a ponto <strong>de</strong> exercer o<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> sistema prisional e enfrentar as instituições naci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, o PCC precisou <strong>de</strong> apenas meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse tempo parafazer o mesmo no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Até os “batismos” eram feitos portelefone.Erros administrativos graves, como os cometi<strong>do</strong>s pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s fluminenses,contribuíram também para a disseminação <strong>do</strong> i<strong>de</strong>ário <strong>da</strong> nova facção.Muitos <strong>do</strong> principais lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> PCC foram removi<strong>do</strong>s para outros Esta<strong>do</strong>s(Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Distrito Fe<strong>de</strong>ral) em1997 e 1998, quan<strong>do</strong> começaram a eclodir as primeiras rebeliões em presídiospaulistas, já atribuí<strong>da</strong>s à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> organização <strong>do</strong> PCC. O mesmo aconteceuapós a mega-rebelião <strong>do</strong>s presídios, em 2001.Com essa <strong>de</strong>scentralização, surgiram os chama<strong>do</strong>s "pilotos", presidiáriosque, não obstante possuíssem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> man<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s presídios quecoman<strong>da</strong>vam, seguiam as or<strong>de</strong>ns emana<strong>da</strong>s pela li<strong>de</strong>rança centraliza<strong>da</strong> <strong>da</strong>facção. Sua participação foi essencial na consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> organização criminosa.Não <strong>de</strong>morou para que o PCC ultrapassasse os muros <strong>da</strong>s ca<strong>de</strong>ias e seocupasse <strong>do</strong> controle <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminosas que antes eram pratica<strong>da</strong>s <strong>de</strong>forma dispersa e <strong>de</strong>sorganiza<strong>da</strong>, locupletan<strong>do</strong>-se assim <strong>do</strong>s ilícitos.


170Em 1998, foi cria<strong>da</strong> a "caixinha <strong>do</strong> PCC”, contribuição obrigatória para osassocia<strong>do</strong>s, no valor <strong>de</strong> R$ 25,00 (vinte e cinco reais). No ano <strong>de</strong> 2000, a taxajá obrigava familiares <strong>de</strong> presos e ex-<strong>de</strong>tentos. Divulgou-se um “estatuto”, on<strong>de</strong>a direção <strong>da</strong> facção estabelecia <strong>de</strong> forma draconiana o funcionamento <strong>de</strong>suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e as obrigações <strong>de</strong> seus associa<strong>do</strong>s. Em suma, gra<strong>da</strong>tivamentefoi se forman<strong>do</strong> um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro exército paralelo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> legítimo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Direito.As instituições policiais iniciaram a análise mais séria <strong>do</strong> PCC a partir <strong>de</strong>2001, após a rebelião inicia<strong>da</strong> na Penitenciária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ouuma surpreen<strong>de</strong>nte on<strong>da</strong> <strong>de</strong> violência que alcançou rapi<strong>da</strong>mente outras 26 U-ni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Prisionais paulistas, duran<strong>do</strong> quase uma semana e causan<strong>do</strong> inúmerasmortes.A resposta ao intrigante mistério <strong>da</strong>s comunicações entre os presidiários,que se suas celas organizaram um movimento simultâneo em quase to<strong>do</strong> oesta<strong>do</strong>, surgiu através <strong>de</strong> um trabalho que vinha sen<strong>do</strong> sigilosamente <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>no DEIC, fun<strong>da</strong><strong>do</strong> em diversas interceptações <strong>de</strong> celulares introduzi<strong>do</strong>sclan<strong>de</strong>stinamente nos estabelecimentos penais, mormente com relação aosaparelhos que eram utiliza<strong>do</strong>s pelos componentes <strong>do</strong> PCC. Verificou-se, aolongo <strong>da</strong>s investigações, que os internos <strong>do</strong> sistema penitenciário, com intuito<strong>de</strong> equacionar o problema cria<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas impostas pelo dispendiosouso <strong>da</strong> telefonia móvel e aproveitan<strong>do</strong>-se maliciosamente <strong>de</strong> um serviçodisponibiliza<strong>do</strong> pelas prove<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telecomunicação fixa, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> "transferência<strong>de</strong> chama<strong>da</strong>s", acabaram por tecer uma surpreen<strong>de</strong>nte e eficiente re<strong>de</strong><strong>de</strong> comunicação clan<strong>de</strong>stina no interior <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Prisionais.O altíssimo custo <strong>da</strong> telefonia móvel impunha um óbice intransponívelaos seus clientes encarcera<strong>do</strong>s. Os interessa<strong>do</strong>s e seus familiares não tinhamcomo pagar as contas gera<strong>da</strong>s pelo uso <strong>do</strong>s celulares <strong>da</strong> categoria pós-paga e,rapi<strong>da</strong>mente eram alija<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s benefícios disponibiliza<strong>do</strong>s pela telefonia móvel,inutilizan<strong>do</strong> o aparelho que fôra, com tantas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, introduzi<strong>do</strong> na Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>Prisional. O mesmo ocorria com os pré-pagos, pois os seus créditos exauriam-serapi<strong>da</strong>mente com a utilização contínua <strong>do</strong> sistema, muito comum entreos presos, e o seu procedimento <strong>de</strong> recarga era dispendioso e burocrático, impon<strong>do</strong>,também, barreiras insuperáveis aos seus usuários.O problema foi soluciona<strong>do</strong> pelos criminosos com a habilitação <strong>de</strong> linhasfixas, em nome <strong>de</strong> assinantes fictícios, instala<strong>da</strong>s inicialmente nos en<strong>de</strong>reços


171<strong>do</strong>s familiares <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s, que se encarregavam <strong>de</strong> operá-los, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>e transferin<strong>do</strong> chama<strong>da</strong>s a cobrar, que eram realiza<strong>da</strong>s pêlos usuários <strong>do</strong> sistemai<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>. Destarte, os presos programavam ligações a cobrar <strong>de</strong> seuscelulares clan<strong>de</strong>stinos para essas bases constituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> linhas fixas, solicitan<strong>do</strong>ao opera<strong>do</strong>r que transferisse a chama<strong>da</strong> para o interlocutor <strong>de</strong> seu interesse,envian<strong>do</strong> os encargos <strong>de</strong>ste serviço para a conta <strong>do</strong> telefone fixo frau<strong>da</strong><strong>do</strong>.Com o passar <strong>do</strong>s meses, o débito lança<strong>do</strong> e não quita<strong>do</strong> gerava o cancelamento<strong>da</strong> habilitação fixa eiva<strong>da</strong> <strong>de</strong> vícios em seu ca<strong>da</strong>stro. <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> produzirquaisquer ônus para os seus usuários. Os protagonistas <strong>de</strong>stes episódios,a fim <strong>de</strong> impedir a interrupção <strong>de</strong>sta prestação <strong>de</strong> serviço aos sentencia<strong>do</strong>s,limitavam-se a constituir novas habilitações fixas fraudulentas, programan<strong>do</strong>-ascom o objetivo <strong>de</strong> transferir as chama<strong>da</strong>s para os celulares clan<strong>de</strong>stinos<strong>do</strong>s internos, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente preserva<strong>do</strong>s.No entanto, num primeiro momento, o sistema produziu um efeito secundário,inespera<strong>do</strong> e <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>r para seus frau<strong>da</strong><strong>do</strong>res. A forma <strong>de</strong> comunicaçãotelefônica instala<strong>da</strong> exigia a intermediação <strong>de</strong> pessoas que respondiampelas transferências manuais <strong>de</strong> chama<strong>da</strong>s, permitin<strong>do</strong> o rastreamento o seurastreamento e prisão em flagrante. A subseqüente investigação policial expôsos responsáveis pela organização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminosas.Mas, logo em segui<strong>da</strong>, o sistema evoluiu, corrigin<strong>do</strong> essa vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Agora, as transferências eram automáticas, não haven<strong>do</strong> mais necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> se manter alguém operan<strong>do</strong> as centrais. A transferência era programa<strong>da</strong>ain<strong>da</strong> no poste <strong>de</strong> transmissão, potencializan<strong>do</strong> as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas i<strong>de</strong>ntificações,tanto <strong>da</strong>s linhas como <strong>do</strong>s executores <strong>da</strong> frau<strong>de</strong>. Nascia, portanto, umapotente re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicações, apoia<strong>da</strong> pelas telefonias móvel e fixa, apta ainterligar to<strong>da</strong> massa carcerária e seus parceiros criminosos em frações <strong>de</strong> minutos,geran<strong>do</strong> por conseqüência uma complexa malha <strong>de</strong> relacionamento entreos associa<strong>do</strong>s.Usan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse novo instrumento, a faccção passou a praticar, reitera<strong>da</strong>mente,milhares <strong>de</strong> extorsões, visan<strong>do</strong> auferir "créditos" para o uso <strong>de</strong> seuscelulares pré-pagos clan<strong>de</strong>stinos. Do interior <strong>da</strong>s prisões efetuavam ligaçõespara empresas diversas, escolhi<strong>da</strong>s por meio <strong>de</strong> listas telefônicas ou aponta<strong>da</strong>smediante "levantamento" externo feito por associa<strong>do</strong>s em liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mediantegrave ameaça e em nome <strong>do</strong> PCC, exigiam a aquisição <strong>de</strong> cartões, paraque lhes fossem forneci<strong>da</strong>s as senhas <strong>de</strong> recarga. Hoje, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> formamais precária essa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação ain<strong>da</strong> sobrevive.


172Uma <strong>da</strong>s primeiras ações policiais efetiva<strong>da</strong>s para combater a organizaçãocriminosa PCC foi o ataque a essas "centrais", então principal instrumento<strong>de</strong> integração <strong>do</strong>s membros <strong>da</strong> facção. O inquérito policial 136/2000, instaura<strong>do</strong>na 5.ª Delegacia especializa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Divisão <strong>de</strong> Investigações <strong>de</strong> Crimes contrao Patrimônio, <strong>do</strong> DEIC, relata<strong>do</strong> em junho <strong>de</strong> 2001, revelou a existência <strong>da</strong>re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação clan<strong>de</strong>stina, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> os autores <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos pratica<strong>do</strong>s.No ataque às centrais, duas gran<strong>de</strong>s operações foram <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>da</strong>spelo DEIC. Descobertos os en<strong>de</strong>reços <strong>da</strong>s mesmas, foram eles alvos <strong>de</strong> buscaon<strong>de</strong> foi encontra<strong>da</strong> e apreendi<strong>da</strong> farta e compromete<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>cumentação, a-lém <strong>de</strong> objetos que materializaram <strong>de</strong> vez a existência <strong>do</strong> PCC e seu alto grau<strong>de</strong> organização. Cerca <strong>de</strong> cinqüenta <strong>de</strong>ssas centrais telefônicas foram <strong>de</strong>sarticula<strong>da</strong>sna Capital paulista e em outros municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> (Guarulhos. Arujá,In<strong>da</strong>iatuba, Embú-Guaçu, São Vicente, Araraquara, entre outros). Forami<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s e presas quarenta e cinco pessoas, entre familiares, associa<strong>do</strong>s econtrata<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PCC, que operavam as centrais.Durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s trabalhos, e principalmente no processo<strong>de</strong> investigação <strong>da</strong>s centrais, foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s 21 (vinte e uma) contas bancáriaspertencentes a integrantes <strong>da</strong> facção. As contas eram utiliza<strong>da</strong>s paraguar<strong>da</strong>r e contabilizar parte <strong>do</strong>s lucros obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos pratica<strong>do</strong>s.To<strong>da</strong>s foram bloquea<strong>da</strong>s por or<strong>de</strong>m judicial, mediante representação elabora<strong>da</strong>pela autori<strong>da</strong><strong>de</strong> policial responsável pelas investigações.Entre os lances <strong>de</strong> impacto imputa<strong>do</strong>s ao PCC, <strong>de</strong>staca-se o brutal e covar<strong>de</strong>assassinato <strong>do</strong> Juiz Correge<strong>do</strong>r <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte, emmarço <strong>de</strong> 2003, por or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> li<strong>de</strong>rança <strong>do</strong> PCC. O magistra<strong>do</strong> era conheci<strong>do</strong>por sua conduta firme e rigorosa no tratamento com os presos sob sua jurisdição,tanto na apuração <strong>de</strong> suas condutas disciplinares como nas eventuais solicitações<strong>de</strong> transferências. Ele havia nega<strong>do</strong> a transferência <strong>do</strong> irmão <strong>do</strong> lí<strong>de</strong>r"Marcola". Vários outros pedi<strong>do</strong>s também foram in<strong>de</strong>feri<strong>do</strong>s por sua iniciativa.A facção ousou esten<strong>de</strong>r suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fora <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, obten<strong>do</strong>, nocaso <strong>do</strong> assalto aos cofres <strong>do</strong> Banco Central, em Fortaleza, um sucesso quepo<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> espetacular. No entanto, a tentativa <strong>de</strong> repetição <strong>da</strong> façanhaem Porto Alegre e em Maceió, foram eficientes impedi<strong>da</strong>s pelas ações<strong>de</strong> inteligência policial. Duas tentativas <strong>de</strong> lotes vultosos <strong>de</strong> armas e munições,a partir <strong>do</strong> Paraguai, também foram intercepta<strong>da</strong>s pelas instituições policiais.


173No <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s investigações e <strong>do</strong> combate à facção <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> PrimeiroComan<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital - PCC, já é <strong>de</strong> se perceber os traços gerais <strong>de</strong> suaestrutura, bem como as suas características mais peculiares como organizaçãocriminosa.- No PCC há hierarquia atuante, eficiente e obe<strong>de</strong>ci<strong>da</strong> (os lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>terminam,os pilotos retransmitem a or<strong>de</strong>m e os sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s cumprem as missões).- As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são planeja<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma empresarial com objetivo <strong>de</strong> lucro;a caixinha <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção obrigatória, não apenas se presta à <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> aliciamento pelo seu caráter assistencial, mas também e principalmente, seconstitui em receita.- Uso eficiente <strong>do</strong>s meios tecnológicos coloca<strong>do</strong>s à disposição <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>em geral (centrais, celulares etc...).- Sistemas <strong>de</strong> seleção e recrutamento e divisão <strong>de</strong> tarefas.- Corrupção <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público (sistemas policial, penitenciário e judicial).- Prestação <strong>de</strong> assistência aos associa<strong>do</strong>s (aju<strong>da</strong> financeira, alimentos,condução, tratamento médico, educação, inclusive <strong>de</strong> nível superior para qualificaros seus quadros).O avanço <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> merece uma reflexão minuciosa <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, em relação à repressão criminal. A união <strong>de</strong> esforços <strong>da</strong>sdiversas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo, Legislativo e Judiciário, responsáveispelo sistema <strong>de</strong> segurança pública, e a utilização <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s mais céleres eeficazes no combate a essas facções faz-se premente.O quadro presente é dinâmico, ain<strong>da</strong> não há expectativas <strong>de</strong> fatos consuma<strong>do</strong>s.A situação presente, que é séria, po<strong>de</strong>rá se agravar ou encontrarsoluções para o retorno a condições toleráveis <strong>de</strong> paz social e <strong>de</strong> respeito à lei.Há menos <strong>de</strong> vinte anos, a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong> surgiu no sistema prisional<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Há menos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, o PCC iniciou suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminosas.Em ambos os casos, a incompetência administrativa <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r públicocontribuiu para o crescimento <strong>da</strong>s facções, seja pela omissão, incompetênciaou dispersão <strong>de</strong> esforços.Há pouco mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, a Polícia Fe<strong>de</strong>ral atravessava uma fase <strong>de</strong>incertezas e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrédito, por conta <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças ain<strong>da</strong> enraiza<strong>da</strong>s no regimemilitar. Por ocasião <strong>do</strong> escân<strong>da</strong>lo <strong>do</strong> SIVAM, em 1996, a atuação <strong>do</strong> órgão foi


174pífia, <strong>de</strong>sacredita<strong>da</strong> e omissa. No entanto, a partir <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> reorganizaçãoque foi marca<strong>da</strong> pela Operação Mosaico, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, quan<strong>do</strong> foiinflingi<strong>do</strong> um golpe po<strong>de</strong>roso na criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> fluminense, a atuação <strong>do</strong> órgãosofreu uma nova inflexão. Iniciativas posteriores, que incluíram novas li<strong>de</strong>ranças,aumento <strong>de</strong> efetivos e processos <strong>de</strong> reestruturação interna colocaram aPolícia Fe<strong>de</strong>ral num novo patamar <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Hoje são poucas as críticasque e po<strong>de</strong>m apontar na instituição. Infrações pratica<strong>da</strong>s por seus integrantessão apura<strong>da</strong> com isenção e corta-se na própria carne. Operações são <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s<strong>de</strong> norte a sul, não poupan<strong>do</strong> contas bancárias e parti<strong>do</strong>s políticos.Aparentemente, esse salto <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> foi o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s reflexões e<strong>da</strong> inconformi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s li<strong>de</strong>ranças há <strong>de</strong>z anos, diante <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios e<strong>de</strong> incertezas que acometiam a instituição.É <strong>de</strong> se presumir que a situação presente po<strong>de</strong> produzir resulta<strong>do</strong>s semelhantesnas instituições policiais estaduais a braços com o <strong>de</strong>safio <strong>do</strong> crimeorganiza<strong>do</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, as ações <strong>do</strong> PCC em São Paulo e <strong>do</strong> CV no Rio <strong>de</strong>Janeiro, cometen<strong>do</strong> atos que submetem as instituições policiais ao vexame e asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> ao terror, se constituem num tiro no próprio pé. Gradualmente, aspolícias fluminense e paulista aperfeiçoam seus méto<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>puram suas ban<strong>da</strong>spodres, <strong>de</strong>spertam para o seu ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro papel <strong>de</strong> guardiães <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m e<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. O exemplo se espalha pelas <strong>de</strong>mais instituições.As facções criminosas po<strong>de</strong>m ter planta<strong>do</strong> as sementes <strong>de</strong> sua própria <strong>de</strong>struiçãoe, no <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> tempo, num futuro que não se espera muito distante, virarãopó.8.4. OS ADVOGADOS DO CRIME ORGANIZADOEm 10/05/2006, foram toma<strong>do</strong>s na Comissão os <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong>s Delega<strong>do</strong>s<strong>do</strong> DEIC/SP Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> Bittencourt Filho e Ruy Ferraz Fontes, e <strong>de</strong> LeandroLima <strong>de</strong> Carvalho, preso sob acusação <strong>de</strong> ser um mata<strong>do</strong>r a serviço <strong>do</strong>Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital (PCC). Parte <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos foram realiza<strong>do</strong>sem sessão reserva<strong>da</strong>, em face <strong>de</strong> sua importância no esclarecimento <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> arespeito <strong>da</strong> atuação <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res <strong>da</strong> organização criminosa em São Paulo.Como se soube mais tar<strong>de</strong>, a gravação <strong>da</strong>s sessões reserva<strong>da</strong>s foramvendi<strong>da</strong>s naquela mesma tar<strong>de</strong> por um técnico <strong>de</strong> som <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s,corrompi<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is advoga<strong>do</strong>s (SÉRGIO WESLEI DA CUNHA e MARIACRISTINA DE SOUZA RACHADO) que, estan<strong>do</strong> presentes durante a sessão


175ostensiva, foram retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> plenário <strong>da</strong> Comissão ao ter início a sessão reserva<strong>da</strong>.Na noite <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> maio, o Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital (PCC), facçãocriminosa que <strong>do</strong>mina os presídios paulistas, iniciou uma série <strong>de</strong> ataques apoliciais e rebeliões nas penitenciárias <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. A ação foi orquestra<strong>da</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s presídios <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Venscelau e Presi<strong>de</strong>nte Bernar<strong>de</strong>s, peloschefes <strong>da</strong> organização, entre eles Marcos William Herbas Camacho, o “Marcola”.Foram embosca<strong>do</strong>s e mortos 42 agentes públicos, entre policiais, agentespenitenciários, guar<strong>da</strong>s metropolitanos e um bombeiro, quan<strong>do</strong> em serviçoou <strong>de</strong> folga, em diversos pontos <strong>da</strong> capital paulista. No quarto dia <strong>de</strong> ação <strong>do</strong>PCC, São Paulo viveu o caos: os criminosos incendiaram quase cem ônibus e20 agências bancárias. Lojas e escolas fecharam mais ce<strong>do</strong> por causa <strong>do</strong> terrorimposto pelos bandi<strong>do</strong>s e a maior metrópole brasileira ficou vazia em plenasegun<strong>da</strong>-feira.As rebeliões nas penitenciárias extravasaram <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo ealcançaram instalações prisionais nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná e Mato Grosso <strong>do</strong>Sul.Ao que se sabe, a articulação <strong>de</strong>ssas ocorrências foi feita através <strong>de</strong>comunicação por telefonia celular e por mensageiros que visitavam os presídios,inclusive advoga<strong>do</strong>s.Houve rumores <strong>de</strong> que os ataques e <strong>da</strong>s rebeliões só foram suspensosem razão <strong>de</strong> um acor<strong>do</strong> feito pelo Esta<strong>do</strong> diretamente com as li<strong>de</strong>ranças criminosasencarcera<strong>da</strong>s. Também houve rumores semelhantes, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> entreinstituições públicas e li<strong>de</strong>ranças criminosas, quan<strong>do</strong> os fuzis rouba<strong>do</strong>s <strong>do</strong> E-xército, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, foram encontra<strong>do</strong>s no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> uma operaçãoain<strong>da</strong> não bem esclareci<strong>da</strong>.Seguiu-se intensa reação <strong>da</strong> polícia paulista, e, na semana <strong>de</strong> 12 a 20<strong>de</strong> maio, morreram 152 suspeitos, <strong>do</strong>s quais 85 acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ligação com afacção criminosa.No último dia 28 <strong>de</strong> junho, a polícia paulista saiu novamente às ruas ematou 13 pessoas liga<strong>da</strong>s à organização criminosa, numa ação <strong>de</strong> represáliaque classificou como preventiva.


176Mais recentemente, três agentes penitenciários foram mortos fora <strong>de</strong>serviço, ao que tu<strong>do</strong> indica, por or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> PCC. Tais eventos repetiram-se poralgum tempo, manten<strong>do</strong> a taxa <strong>de</strong> um homicídio por dia, numa atitu<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>riaser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong> terrorista, similar à <strong>da</strong> resistência iraquiana contra astropas <strong>de</strong> ocupação.Diante <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que os eventos <strong>de</strong>flagra<strong>do</strong>s pelo PCC tivessemsi<strong>do</strong> causa<strong>do</strong>s pelo vazamento <strong>da</strong>s informações obti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma fraudulentapelos <strong>do</strong>is advoga<strong>do</strong>s, ambos foram convoca<strong>do</strong>s ain<strong>da</strong> no mês <strong>de</strong> maiopara prestar <strong>de</strong>poimentos em audiência pública, a respeito <strong>do</strong>s fatos. No <strong>de</strong>curso<strong>de</strong>sta e <strong>de</strong> outra audiência, quan<strong>do</strong> foi feita a acareação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is causídicoscom o funcionário acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> corrupção passiva, foi constata<strong>do</strong> por estacomissão que:- A Dra. Maria Cristina representa Marcos Willian Herbas Camacho,“Marcola", preso, e acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser um <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res e fun<strong>da</strong><strong>do</strong>res <strong>do</strong> PCC; alegaque seus honorários são pagos mensalmente pela tia <strong>do</strong> preso;- O Dr. Sérgio Weslei representa Leandro Lima <strong>de</strong> Carvalho, o preso ouvi<strong>do</strong>na sessão reserva<strong>da</strong> que foi vendi<strong>da</strong> pelo funcionário <strong>da</strong> Câmara; tem registroscriminais em sua folha corri<strong>da</strong>, que alega referir-se a perío<strong>do</strong> anterior àsua situação <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>; residin<strong>do</strong> em São Paulo, graduou-se na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul;- Os <strong>do</strong>is advoga<strong>do</strong>s já se encontraram pelo menos uma vez na penitenciáriaon<strong>de</strong> “Marcola” está preso, precisamente na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> seu aniversário;- Ambos negam a corrupção <strong>do</strong> funcionário, em que pese as evidênciasque houve o envolvimento e o pagamento <strong>de</strong> duzentos reais por <strong>do</strong>is CDs copia<strong>do</strong>snas <strong>de</strong>pendências <strong>de</strong> uma loja no Shopping Pátio Brasil, no centro comercial<strong>de</strong> Brasília (há registros <strong>do</strong>s três, por câmaras <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o instala<strong>da</strong>s noscorre<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Câmara e <strong>do</strong> Shopping);- O Dr. Weslei foi preso em flagrante durante a acareação, por <strong>de</strong>sacatoao Deputa<strong>do</strong> Arnal<strong>do</strong> Faria <strong>de</strong> Sá.Em face <strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong>, uma representação <strong>de</strong> Parlamentares <strong>da</strong> Comissãocompareceu à sessão plenária <strong>do</strong> Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Brasil, em 06/06/2006, on<strong>de</strong> expôs algumas questões relaciona<strong>da</strong>s com asativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>s que patrocinam causas criminais <strong>de</strong> acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pertenceremao crime organiza<strong>do</strong>. Tais questões <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> informações extraí-


177<strong>da</strong>s <strong>de</strong> exposições e <strong>de</strong>poimentos presta<strong>do</strong>s à <strong>CPI</strong> em audiências públicas, eestão nuclea<strong>da</strong>s em torno <strong>do</strong>s seguintes temas:- revista pessoal a que são submeti<strong>do</strong>s os advoga<strong>do</strong>s, previamente aoseu contato com os presos que representam, à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s penitenciárias;- a apuração <strong>da</strong> origem ilícita <strong>do</strong>s recursos financeiros emprega<strong>do</strong>s peloscriminosos no pagamento <strong>do</strong>s honorários <strong>do</strong>s seus advoga<strong>do</strong>s;- a criação <strong>de</strong> varas especializa<strong>da</strong>s no julgamento <strong>de</strong> crimes pratica<strong>do</strong>spor acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pertencerem ao crime organiza<strong>do</strong>;- o papel <strong>de</strong> “pombo correio”, a que se submetem alguns advoga<strong>do</strong>scriminalistas, servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> mensageiros para os integrantes <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>,mesmo para aqueles reclusos em penitenciárias <strong>de</strong> segurança máxima,que não permitem outra forma <strong>de</strong> comunicação entre os criminosos presos eentre esses e o mun<strong>do</strong> exterior;- a reforma <strong>da</strong> legislação penal, inclusive <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Execução Penal.No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates, já ficou clara uma posição geral conserva<strong>do</strong>rae corporativista, assumi<strong>da</strong> pelos conselheiros, para os quais as prerrogativas eos direitos conquista<strong>do</strong>s pela classe <strong>de</strong>vem ser preserva<strong>do</strong>s a qualquer custo.Cogitou-se, no entanto, <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que as revistas aos advoga<strong>do</strong>ssejam feitas com uso <strong>de</strong> equipamentos eletrônicos, assim preservan<strong>do</strong> a suadigni<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal e profissional. Foram aponta<strong>do</strong>s também casos que evi<strong>de</strong>nciama atuação <strong>do</strong> crime na formação <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>s no sistema universitário,inclusive público, o que foi corrobora<strong>do</strong> pelos Parlamentares que lembraram os<strong>de</strong>poimentos presta<strong>do</strong>s na <strong>CPI</strong> pelo Dr. Weslei, advoga<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>que foi acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> corromper um funcionário <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s parater acesso à gravação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>poimento em sessão reserva<strong>da</strong>.Ao <strong>final</strong> <strong>da</strong> sessão, foi <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> a criação <strong>de</strong> uma comissão especial <strong>de</strong>conselheiros, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a prestar colaboração com a <strong>CPI</strong> nas questões queforam aponta<strong>da</strong>s.Em 21/06/2006, foi apresenta<strong>do</strong> o relatório <strong>da</strong> comissão cria<strong>da</strong>, on<strong>de</strong>,resumi<strong>da</strong>mente, foi relata<strong>do</strong> o que se segue.Quanto à revista <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>s, recomen<strong>do</strong>u-se pela sua admissibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que realiza<strong>da</strong> com o uso <strong>de</strong> meios eletrônicos, “<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se respei-


178te a digni<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal e profissional <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>”, e que seja completa<strong>da</strong> coma revista <strong>do</strong> preso, logo após a entrevista com o seu representante jurídico.Quanto à origem ilícita <strong>do</strong>s recursos utiliza<strong>do</strong>s no pagamento <strong>de</strong> honorários,recomen<strong>do</strong>u-se pela sua rejeição, por inconstitucionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, por prejudicara ampla <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> e por prejudicar o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>scriminalistas. Foi cita<strong>da</strong> proposição <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral cujajustificação manifesta que “é uma medi<strong>da</strong> necessária para coibir os abusos verifica<strong>do</strong>squan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s criminosos valem-se <strong>do</strong> produto <strong>de</strong> seus crimes parapagar honorários milionários a advoga<strong>do</strong>s que, sem levar em conta princípioséticos e morais que <strong>de</strong>vem nortear o exercício <strong>da</strong> advocacia, dão prevalência ainteresses pessoais e vantagens materiais, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> procedência criminosa”.Recomen<strong>da</strong>, ao <strong>final</strong>, o emprego, pelo Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> instrumentos como oconfisco <strong>de</strong> bens e valores que incluem os recursos ilícitos <strong>da</strong>s organizaçõescriminosas, ignoran<strong>do</strong> que, em tal instância, a <strong>da</strong> con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>finitiva, essesrecursos já foram irrecuperavelmente dilapi<strong>da</strong><strong>do</strong>s, inclusive pela cobrança <strong>do</strong>shonorários.Quanto à criação <strong>de</strong> varas especializa<strong>da</strong>s para o crime organiza<strong>do</strong>, a recomen<strong>da</strong>ção<strong>da</strong> comissão <strong>de</strong> conselheiros foi pela rejeição, apontan<strong>do</strong>-se paratanto os argumentos <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> varas superpo<strong>de</strong>rosas e inflexíveis, e <strong>da</strong>pulverização <strong>de</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em prejuízo <strong>da</strong> justiça comum que ficaria semcausas para julgar. Conclui recomen<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a reserva <strong>da</strong> pena <strong>de</strong> reclusão apenaspara os criminosos perigosos, “para os autores <strong>de</strong> crimes graves, pois éimpossível ingressar na prisão e sair <strong>de</strong> lá melhor, ou, pelo menos, menos pior<strong>do</strong> que entrou”.Quanto ao problema <strong>do</strong>s celulares nas penitenciárias, a comissão recomen<strong>da</strong>que as prisões sejam construí<strong>da</strong>s fora <strong>da</strong> zona urbana, pois em taiscasos não haverá maiores dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em bloquear os aparelhos <strong>de</strong> comunicação.A recomen<strong>da</strong>ção ignora o seu la<strong>do</strong> prático: a maioria <strong>da</strong>s penitenciáriasjá estão engolfa<strong>da</strong>s pela zona urbana. A solução implicaria a <strong>de</strong>molição <strong>da</strong>maior parte <strong>do</strong> sistema prisional e a sua reconstrução em áreas rurais ermas. Apar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s financeiras na implementação <strong>de</strong>sta solução, é <strong>de</strong> se cogitarque, on<strong>de</strong> quer que sejam construí<strong>da</strong>s tais prisões, mais ce<strong>do</strong> ou mais tar<strong>de</strong>serão alcança<strong>da</strong>s pela periferia <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s em crescimento.Quanto ao problema <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s mensageiros, os conselheiros reconhecemque são tão quadrilheiros quanto os criminosos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>ven-


179<strong>do</strong> receber o mesmo tratamento jurídico e penal. No entanto, consi<strong>de</strong>ram “inadmissívelque se preten<strong>da</strong> violar o sigilo profissional genericamente e qualqueroutra prerrogativa <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s, a pretexto <strong>de</strong> atingir um ou outro (nocaso 34) advoga<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>srespeitan<strong>do</strong> to<strong>da</strong> uma classe <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> quinhentosmil em to<strong>do</strong> o Brasil”. Conclui congratulan<strong>do</strong>-se com a classe, “são 34 (trinta equatro) advoga<strong>do</strong>s, para um universo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 500.000 (quinhentos mil) advoga<strong>do</strong>s”,e prossegue “que bom seria que to<strong>do</strong>s os segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>brasileira tivesse um percentual tão pequeno <strong>de</strong> criminosos como o referi<strong>do</strong>”.Quanto à reforma <strong>da</strong> legislação penal, os conselheiros apresentaramcopiosas citações, concluin<strong>do</strong> que “é <strong>de</strong> se repetir que o Direito Penal não po<strong>de</strong>,a nenhum título e sob pretexto, abrir mão <strong>da</strong>s conquistas históricas consubstancia<strong>da</strong>sna garantias fun<strong>da</strong>mentais referi<strong>da</strong>s ao longo <strong>de</strong>ste trabalho.Por outro la<strong>do</strong>, não há o convencimento <strong>de</strong> que o Direito Penal, que se fun<strong>da</strong>mentana culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, seja instrumento a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente eficiente para combatera mo<strong>de</strong>rna criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, inclusive a <strong>de</strong>linqüência econômica. A insistência<strong>de</strong> governantes em utilizar o Direito Penal como panacéia <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os malesnão resolverá a insegurança <strong>de</strong> que é toma<strong>da</strong> a população, e o máximo quese conseguirá será <strong>de</strong>struir o Direito Penal se forem elimina<strong>do</strong>s ou <strong>de</strong>srespeita<strong>do</strong>sos seus princípios fun<strong>da</strong>mentais.”A conclusão <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong> a respeito <strong>da</strong>s questões que envolvem a advocacia<strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> é <strong>de</strong> que a sua solução não contará com a colaboraçãoefetiva <strong>do</strong> órgão representativo <strong>da</strong> advocacia no país. Suas posições sãoconserva<strong>do</strong>ras no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> preservar o status quo que assegura as prerrogativase o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> seus associa<strong>do</strong>s. A evidência <strong>do</strong>s prejuízosque <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m representar para a segurança<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, parecem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s irrelevantes pelo órgão <strong>de</strong>classe.É <strong>de</strong> se concluir que a complacência com que o órgão trata os profissionaisque claramente se <strong>de</strong>cidiram freqüentar o ambiente infracional, usan<strong>do</strong> asprerrogativas <strong>da</strong> classe em proveito próprio na prática <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminosas.A situação não é nova nem original. Em mea<strong>do</strong>s <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> oitenta,Guaracy Minardi, hoje diretor <strong>do</strong> Instituto Latino Americano <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>spara a Prevenção e Tratamento <strong>do</strong> Delinqüente (ILANUD), <strong>de</strong>cidiu realizar umtrabalho <strong>de</strong> campo na Polícia Civil <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>ntro um programa <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>no Instituto <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Sociais na Unicamp. Para tanto, pres-


180tou concurso público para ingressar no quadro <strong>de</strong> investiga<strong>do</strong>res <strong>do</strong> órgão,ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> em cargo lota<strong>do</strong> em distrito policial na periferia <strong>da</strong> capital.Em tais condições, teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar, em primeira mão, quais asdiferenças entre a organização formal e informal <strong>da</strong> instituição policial. A transcriçãoque se segue foi extraí<strong>da</strong> <strong>do</strong> capítulo inicial <strong>de</strong> livro que publicou posteriormenterelatan<strong>do</strong> essa experiência, sob o título “Tiras, Gansos e Trutas”.OS ATORESSymbiose ou simbiose, s.f. (gr. sun=com e bios=vi<strong>da</strong>).Associação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is ou mais organismos diferentes, que lhespermite viver.Essa relação entre seres, cuja <strong>de</strong>finição foi obti<strong>da</strong> no Dicionário Enciclopédico LelloUniversal, é a que mais perto chega <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver o relacionamento especial existenteentre os quatro principais personagens <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um DP <strong>da</strong> capital: ladrões, advoga<strong>do</strong>s<strong>de</strong> porta <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia, gansos e policiais corruptos.Nosso primeiro passo para enten<strong>de</strong>r o processo biológico que os une é o <strong>de</strong> <strong>de</strong>finirprovisoriamente ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s participantes.Ladrão (truta) — Criminoso profissional, cujos rendimentos provêm exclusivamente<strong>da</strong> ação ilegal, geralmente roubo, furto, receptação e tráfico <strong>de</strong> entorpecentes. Possuiantece<strong>de</strong>ntes criminais.Advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> porta <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia (<strong>de</strong>vo) — Advoga<strong>do</strong> criminalista, <strong>de</strong> parcos conhecimentosprofissionais, que ron<strong>da</strong> distritos em busca <strong>de</strong> clientes. Freqüentemente possuivínculos quase empregatícios com uma ou mais quadrilhas.Ganso — Elemento que obtém sua ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> informações à polícia. Algunspossuem carteirinha forneci<strong>da</strong> pela polícia que os i<strong>de</strong>ntifica como inspetores <strong>de</strong> quarteirão,auxiliares leigos <strong>da</strong> polícia.Policial corrupto — Funcionário <strong>da</strong> Polícia Civil que recebe dinheiro ou favores <strong>de</strong>criminosos e contraventores. Não tratamos aqui <strong>do</strong>s policiais militares que agem <strong>de</strong>forma similar, o que não significa que inexistam ou sequer sejam em pequeno número.Simplesmente não se encaixam no esquema por possuírem ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diferentes.No dizer <strong>de</strong> uma autori<strong>da</strong><strong>de</strong> policial, que preferiu não se i<strong>de</strong>ntificar, essa relação nãoseria exatamente uma simbiose, <strong>da</strong><strong>do</strong> que três participantes — advoga<strong>do</strong>s, policiais egansos — parasitariam as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um quarto, o truta. Ele seria o único a trabalharno meio, ten<strong>do</strong> que sustentar os outros. Trata-se, porém, <strong>de</strong> um engano. Ca<strong>da</strong>um a sua maneira auxilia a sobrevivência <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais, como po<strong>de</strong>mos observar noscasos cita<strong>do</strong>s abaixo.a) Uma ron<strong>da</strong> policial civil, composta <strong>de</strong> cinco investiga<strong>do</strong>res e quatro gansos, <strong>da</strong>vabati<strong>da</strong>s nos bares <strong>de</strong> uma favela para encontrar armas.Enquanto os <strong>de</strong>mais estavam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um bar, um <strong>do</strong>s gansos notou um carro queera dirigi<strong>do</strong> por conheci<strong>do</strong> ladrão. Chamou um <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res e ambos cercaramo veículo, forçan<strong>do</strong> o motorista a <strong>de</strong>scer. Desprovi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos ele foi força<strong>do</strong>,ali mesmo, a confessar que se tratava <strong>de</strong> um carro rouba<strong>do</strong> recentemente.A partir <strong>de</strong>sse momento to<strong>do</strong>s os participantes <strong>da</strong> ação policial se <strong>de</strong>sinteressaram <strong>da</strong>procura <strong>de</strong> armas e conduziram o ladrão ao DP. Após breve conversa com o chefe<strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res ficou estabeleci<strong>do</strong> que ele seria envia<strong>do</strong> para a carceragem comnome suposto, pois era procura<strong>do</strong> pelo ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, e os investiga<strong>do</strong>res entrariam emcontato com seu advoga<strong>do</strong>, que traria o dinheiro <strong>do</strong> acerto.Na manhã seguinte o <strong>de</strong>vo trouxe o dinheiro, obti<strong>do</strong> com parentes <strong>do</strong> preso, e que estavaguar<strong>da</strong><strong>do</strong> para essas emergências.Entregou ao chefe <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res, que repartiu <strong>do</strong>is terços, aproxima<strong>da</strong>mente,entre os investiga<strong>do</strong>res. O terço restante foi entregue aos gansos. Os honorários <strong>do</strong>


181advoga<strong>do</strong> já haviam si<strong>do</strong> separa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> antemão. O ladrão foi solto sem que nenhumpapel registrasse sua passagem pelo DP. O proprietário <strong>do</strong> carro <strong>de</strong>u uma recompensaaos investiga<strong>do</strong>res pela <strong>de</strong>volução <strong>do</strong> mesmo.b) Uma advoga<strong>da</strong> telefonou a um investiga<strong>do</strong>r informan<strong>do</strong> on<strong>de</strong> ele po<strong>de</strong>ria encontrarum cliente seu, suspeito <strong>de</strong> vários roubos e mortes. Alegou que recebera muito poucopelos trabalhos anteriores, e precisava <strong>de</strong>le preso para ganhar mais.Para disfarçar que o ladrão havia si<strong>do</strong> <strong>de</strong>dura<strong>do</strong>, três investiga<strong>do</strong>res pararam no localon<strong>de</strong> ele se encontrava (em frente a um estádio <strong>de</strong> futebol) e revistaram várias pessoas.Mesmo não encontran<strong>do</strong> na<strong>da</strong> <strong>de</strong> incrimina<strong>do</strong>r ele foi preso sob a alegação <strong>de</strong>que era cambista. Conduzi<strong>do</strong> ao DP foi reconheci<strong>do</strong> por um ganso, já inteira<strong>do</strong> <strong>da</strong> situação.Após o costumeiro pau noturno, ele confessou um homicídio e três ou quatro roubos.Só então sua advoga<strong>da</strong> foi chama<strong>da</strong> para mediar o acerto. Do dinheiro recebi<strong>do</strong> elaficou com meta<strong>de</strong>, os investiga<strong>do</strong>res, o ganso e um escrivão ficaram com o resto. Aparticipação <strong>do</strong> escrivão foi <strong>de</strong> fazer um inquérito com falhas para que o ladrão tivessepossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absolvição na justiça.Esses <strong>do</strong>is casos não são hipotéticos, ocorreram. Tem para nós o interesse <strong>de</strong> mostrara participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os simbiotas. Algumas vezes o acerto é feito sem advoga<strong>do</strong>,outras sem ganso, mas ladrão e policial são participantes necessários. Não a-dianta ao ladrão pagar para um ganso, já que eles não têm po<strong>de</strong>r para liberar umpreso.Quanto ao advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> porta <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia, sua participação se limita à intermediação.Ele não conhece outro recurso para libertar o ladrão a não ser o acerto. No máximopo<strong>de</strong> tentar um habeas corpus para seu cliente.A <strong>de</strong>pendência entre os quatro simbiotas fica mais clara se estu<strong>da</strong>rmos orelacionamento <strong>de</strong>les dividin<strong>do</strong>-os em pares: policial corrupto/ganso e advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong>porta <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia/ladrão. Dessa forma ficam juntos os atores que trabalham maisintimamente liga<strong>do</strong>s.................................................................................Advoga<strong>do</strong>/trutaGeralmente o ladrão tem seu advoga<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong>, ao qual paga uma quantia <strong>de</strong>quan<strong>do</strong> em quan<strong>do</strong>. Ao ser preso ele, por intermédio <strong>do</strong> carcereiro, o chama. Quan<strong>do</strong>não são os próprios policiais que efetuaram a prisão a chamar o advoga<strong>do</strong>.Assim como to<strong>do</strong> ladrão tem seu território, os advoga<strong>do</strong>s <strong>de</strong> porta <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia tambémo têm, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> um ou mais DPs em que tenham conhecimento com algunsfuncionários. Ao que tu<strong>do</strong> indica, o principal motivo <strong>do</strong> ladrão restringir suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sa uma <strong>da</strong><strong>da</strong> região é que lá os colegas o respeitam, ele é alguém. Quan<strong>do</strong> ultrapassaas fronteiras po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>safia<strong>do</strong> por um qualquer, que não o conhece nemrespeita. Os motivos <strong>de</strong> seu advoga<strong>do</strong> são diversos. O primeiro é que como seus clientesvão presos sempre nos mesmos DPs, não existe motivo para ele atuar em outros.O segun<strong>do</strong> é que num DP on<strong>de</strong> não conheça ninguém o advoga<strong>do</strong> fica <strong>de</strong>sorienta<strong>do</strong><strong>de</strong> início. Per<strong>de</strong> a iniciativa, não sabe quem procurar para o acerto. Po<strong>de</strong> ser queno novo DP os <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s X e Y não aceitem suborno. Existem, em suma, vários impon<strong>de</strong>ráveis,<strong>do</strong>s quais é melhor manter-se distante. Isso não significa que eles nãoatuem em DPs <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s, mas simplesmente que procuram evitá-los. A não serquan<strong>do</strong> um cliente habitual lá se encontra preso.Para enten<strong>de</strong>r a relação entre eles tem-se <strong>de</strong> levar em conta que o ladrão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>muito mais <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> que o contrário. Num <strong>de</strong>sentendimento o máximo que po<strong>de</strong>acontecer com o advoga<strong>do</strong> é ficar sem receber, per<strong>de</strong>r um cliente. O ladrão po<strong>de</strong> veraumentan<strong>do</strong> em muito o tempo em que fica <strong>de</strong>ti<strong>do</strong> para averiguação, o que implica,muitas vezes, em ser submeti<strong>do</strong> a um maior número <strong>de</strong> sessões no pau-<strong>de</strong>-arara.A longo prazo o ladrão tem <strong>de</strong> pensar na sua sentença, que varia muito mais em função<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> fazer um acerto <strong>do</strong> que <strong>de</strong> conhecimento legal.


182Isso porque a promotoria <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> quase exclusivamente <strong>do</strong> inquérito policial paraapresentar um caso em juízo. O acerto que retira provas <strong>do</strong>s autos, omite testemunhas,ou coisa <strong>do</strong> tipo, po<strong>de</strong> beneficiar o ladrão com a <strong>de</strong>squalificação <strong>de</strong> seu crime,<strong>de</strong> roubo para furto, por exemplo, ou mesmo com a sentença <strong>de</strong> inocência.Um caso típico <strong>de</strong> trabalho bem executa<strong>do</strong> por um <strong>de</strong>sses advoga<strong>do</strong>s ocorreu em umhomicídio. Um indivíduo, que chamaremos <strong>de</strong> C, matou um antigo colega <strong>de</strong> cela,que após a saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> prisão estava an<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com sua mulher. O crime ocorreu emuma pa<strong>da</strong>ria, durante o dia, mas as duas testemunhas não pu<strong>de</strong>ram ver o assassino.A primeira pista surgiu quan<strong>do</strong> a irmã <strong>da</strong> vítima disse que ele estava com me<strong>do</strong> <strong>de</strong>um tal C, que saíra <strong>da</strong> prisão recentemente. Verifican<strong>do</strong> no DP, foi <strong>de</strong>scoberto que os<strong>do</strong>is tinham si<strong>do</strong> colegas <strong>de</strong> cela e tentou-se localizar C. Ele foi preso no dia seguintecom uma arma <strong>do</strong> mesmo calibre <strong>da</strong> usa<strong>da</strong> no homicídio. O <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> responsávelpelo inquérito resolveu fazer um flagrante, já que ain<strong>da</strong> não haviam <strong>de</strong>corri<strong>do</strong> 24 horas<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o crime. Durante a feitura <strong>do</strong> flagrante houve uma informação telefônicaanônima <strong>de</strong> que o acusa<strong>do</strong> havia se gaba<strong>do</strong> <strong>do</strong> homicídio quan<strong>do</strong> bebia em outra pa<strong>da</strong>ria.O garçom <strong>da</strong> dita pa<strong>da</strong>ria foi localiza<strong>do</strong> e confirmou no inquérito que C disserater mata<strong>do</strong> um sujeito no dia anterior. C confessou, com me<strong>do</strong> <strong>do</strong> pau.Ten<strong>do</strong> confessa<strong>do</strong>, passaram a existir quatro provas contra ele: 1) o testemunho <strong>da</strong>irmã <strong>da</strong> vítima; 2) a arma apreendi<strong>da</strong>, que po<strong>de</strong>ria ser a <strong>do</strong> crime, 3) o testemunho <strong>do</strong>garçom; 4) a própria confissão. Meses <strong>de</strong>pois só restava a confissão, que po<strong>de</strong> sernega<strong>da</strong> em juízo. O testemunho <strong>da</strong> irmã nem foi anexa<strong>do</strong> ao inquérito, a arma sumiu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> <strong>de</strong>legacia e o garçom <strong>de</strong>sdisse em juízo o que havia afirma<strong>do</strong>, alegan<strong>do</strong>ter si<strong>do</strong> força<strong>do</strong> no DP a testemunhar <strong>da</strong>quela maneira. Que o garçom mu<strong>da</strong>sse <strong>de</strong>idéia é compreensível, a causa po<strong>de</strong>ria ser me<strong>do</strong> <strong>de</strong> C, mas a omissão <strong>do</strong>testemunho <strong>da</strong> irmã <strong>da</strong> vítima e o sumiço <strong>da</strong> arma antes <strong>de</strong> ir para a balística indicama possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um acerto. Por coincidência ou não, o advoga<strong>do</strong> que tratou <strong>do</strong>caso era muito liga<strong>do</strong> a vários funcionários, sen<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> com freqüência quan<strong>do</strong>um preso não possuía <strong>de</strong>fensor.Um caso como esse, se fosse <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> por meios absolutamente legais, implicariaem tentar relaxar o flagrante, fazer com que houvesse or<strong>de</strong>m judicial para a soltura <strong>do</strong>preso, que aguar<strong>da</strong>ria o julgamento em liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, Quan<strong>do</strong> em juízo, o advoga<strong>do</strong> tentariainvali<strong>da</strong>r as provas testemunhais, dizer que a confissão fora obti<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma ilegal,o que <strong>de</strong> fato aconteceu, e também negar que a arma estivesse com seu cliente,caso fosse constata<strong>do</strong> seu uso no crime. Esses méto<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>riam até <strong>da</strong>r resulta<strong>do</strong>,mas não seriam tenta<strong>do</strong>s por um advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> porta <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia. A forma <strong>de</strong> atuar queeles empregam é o acerto, que é mais rápi<strong>do</strong>, garanti<strong>do</strong> e, principalmente, lucrativo.9. CONCLUSÕESA partir <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as participações, públicas e priva<strong>da</strong>s, pessoais e institucionais,direta ou indiretamente envolvi<strong>da</strong>s nos fatos registra<strong>do</strong>s, e que contribuírampara informar esta <strong>CPI</strong> a respeito <strong>do</strong> grave problema <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armase <strong>de</strong> munições <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, chegou-se a algumasconclusões e recomen<strong>da</strong>ções.Tipificação <strong>do</strong> crime cometi<strong>do</strong> pelas organizações criminosasAin<strong>da</strong> há in<strong>de</strong>finição jurídica e semântica quanto à <strong>de</strong>finição formal <strong>do</strong>que seja crime organiza<strong>do</strong>. A grosso mo<strong>do</strong>, a questão se resumiria a estu<strong>da</strong>r aviolência e a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> pratica<strong>da</strong>s em grupo, em nível mais agrega<strong>do</strong> <strong>do</strong>que o <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> no Código Penal como o pratica<strong>do</strong> em quadrilhas ou ban<strong>do</strong>s. A


183gran<strong>de</strong> característica <strong>de</strong>ssa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> criminosa é a operação em amplo espectro,aproveitan<strong>do</strong>-se inteligentemente <strong>da</strong>s lacunas <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong>s pela legislaçãoe pela atuação institucional, servin<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra marginal, <strong>de</strong>squalifica<strong>da</strong>e <strong>de</strong>scartável que é abun<strong>da</strong>nte nas condições <strong>de</strong> miséria, e valen<strong>do</strong>-seinstrumentos lícitos para sustentar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> criminosa. Este é o retrato <strong>do</strong>narcotráfico, por exemplo, que emprega mão-<strong>de</strong>-obra miserável em suas bocas-<strong>de</strong>-fumoe como “sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s”, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m com fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> canina os interesses<strong>da</strong> quadrilha frente à polícia e aos concorrentes. Como já ficou bem<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em <strong>CPI</strong> anterior, o narcotráfico opera em amplíssimo espectro,esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> bairro a bairro, <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> em ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> país em país. Onarcotráfico vale-se <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r econômico para corromper e intimi<strong>da</strong>r, tantopessoas, quanto instituições. Também se serve <strong>da</strong>s facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s institucionaispara transportar merca<strong>do</strong>rias, para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus interesses jurídicos e paralegalizar seus ganhos. Finalmente, o narcotráfico organiza estruturas arma<strong>da</strong>spara assegurar os respectivos territórios on<strong>de</strong> atual, enfrentan<strong>do</strong> a resistência e<strong>de</strong>safio <strong>da</strong>s instituições públicas e <strong>da</strong> concorrência no crime.Outro viés <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> é o crime <strong>do</strong> “colarinho branco”, que,para<strong>do</strong>xalmente, causa prejuízos tão ou mais maléficos para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e oEsta<strong>do</strong> quanto o narcotráfico. Desvios abomináveis <strong>de</strong> recursos públicos setornaram possíveis com a participação ativa <strong>de</strong> membros <strong>da</strong> Magistratura e <strong>de</strong>autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res Legislativo e Executivo, em quaisquer <strong>da</strong>sesferas <strong>da</strong> fe<strong>de</strong>ração. A apropriação <strong>de</strong> recursos que são obti<strong>do</strong>s com o suor<strong>do</strong>s contribuintes representa um <strong>da</strong>no incomensurável nas expectativas <strong>de</strong>crescimento <strong>da</strong> economia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> bem-estar <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Frau<strong>de</strong>s emlicitações milionárias matam tanto ou mais ci<strong>da</strong>dãos e crianças brasileirosquanto as armas nas mãos <strong>do</strong>s narcotraficantes.Este não é, no entanto, o fato <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> que é objeto <strong>da</strong> presente<strong>CPI</strong>, e, <strong>de</strong> mais a mais, está sen<strong>do</strong> satisfatoriamente enfrenta<strong>do</strong> pelas instituiçõesfe<strong>de</strong>rais competentes, aí incluí<strong>do</strong>, com mereci<strong>do</strong> <strong>de</strong>staque, o Departamento<strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral.O crime organiza<strong>do</strong> com que se <strong>de</strong>parou a <strong>CPI</strong> em seus trabalhos <strong>de</strong> investigaçãofoi aquele cuja mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> está indissoluvelmente vincula<strong>da</strong> ao sistemapenitenciário nacional, muito especialmente, o sistema penitenciário <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Trata-se <strong>de</strong> facção criminosa cria<strong>da</strong> por presos há poucomais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, no interior <strong>de</strong> penitenciária localiza<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté.Des<strong>do</strong>bramentos posteriores, que contaram com a colaboração <strong>de</strong> criminosos


184e <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas, levaram a facção a um <strong>de</strong>staque nacional e, emface <strong>de</strong> ações similares às pratica<strong>da</strong>s por terroristas, internacional.Como em qualquer outra mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crime organiza<strong>do</strong>, as facçõescriminosas em questão <strong>de</strong>verão ser eficazmente reprimi<strong>da</strong>s, evitan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>custo que suas ações resultem em prejuízos para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e em pressõesinadmissíveis sobre o po<strong>de</strong>r público. No entanto, a peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong> prisional <strong>de</strong>ssamo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crime recomen<strong>da</strong> ações específicas para isso, tanto <strong>do</strong> la<strong>do</strong>preventivo, quanto <strong>do</strong> repressivo.Bandi<strong>do</strong>s não nascem bandi<strong>do</strong>s. Nascem crianças, como to<strong>da</strong>s as outrascrianças, com sua inocência, sua curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil, sua confiança ilimita<strong>da</strong>no próximo e com to<strong>da</strong> a sua potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> como ser humano. São os golpes<strong>de</strong> indiferença, <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no, <strong>de</strong> violência, <strong>de</strong> negação aos direitos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,alia<strong>do</strong>s ao natural inconformismo <strong>da</strong> a<strong>do</strong>lescência, que con<strong>de</strong>nam umcontingente ca<strong>da</strong> vez mais significativo <strong>da</strong>s proles nas cama<strong>da</strong>s menos favoreci<strong>da</strong>sa um caminho sem volta para o crime. Há, portanto, que se atuar <strong>de</strong>cisivamenteno processo, disputan<strong>do</strong> palmo a palmo com o crime a posse <strong>de</strong> coraçõese mentes <strong>de</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes carentes <strong>de</strong> orientação para umavi<strong>da</strong> produtiva em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> limites, <strong>de</strong> afeto, <strong>de</strong> sustento material.É irônico que o Esta<strong>do</strong> só se apresente para cumprir esse papel <strong>de</strong>poisque o a<strong>do</strong>lescente já se envolveu com o crime e é lança<strong>do</strong> ao léu, nas instituiçõespretensamente competentes para ressocializar menores infratores. Quasesempre, essa manifestação tardia e, via <strong>de</strong> regra, incompetente, está fa<strong>da</strong><strong>da</strong> aofracasso: o menor infrator se torna um adulto criminoso, que irá freqüentar osistema prisional e ser recruta<strong>do</strong> pelas facções criminosas. Tão importantequanto a repressão ao criminoso que se organiza, é evitar o crescimento <strong>do</strong>squadros <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e nisso, o Esta<strong>do</strong> Brasileiro tem falha<strong>do</strong> <strong>de</strong> formalamentável. A iniciativa <strong>de</strong> programas sociais <strong>de</strong> assistência à infância e a<strong>do</strong>lescência,<strong>de</strong> políticas públicas para um crescimento vigoroso <strong>do</strong>s empregos e<strong>da</strong> formação profissional estão além <strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong>, mas não po<strong>de</strong> se<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mencionar que as questões levanta<strong>da</strong>s no <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s investigaçõesnão po<strong>de</strong>m ser soluciona<strong>da</strong>s com o emprego exclusivo <strong>de</strong> ações policiais e <strong>de</strong>agravamentos <strong>da</strong>s normas penais. Na situação crítica que o País atravessa,elas têm o seu espaço como ações <strong>de</strong> emergência, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o a-gravamento <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> violência, <strong>de</strong> proteger a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sanha criminosae <strong>de</strong> preservar a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, mas é preciso admitir que as soluçõesduráveis virão somente a longo prazo e que incluirão, necessariamente,modificações profun<strong>da</strong>s na infra-estrutura social vigente.


185De imediato, portanto, a <strong>CPI</strong> apresenta sugestões ao Po<strong>de</strong>r Executivo epropõe iniciativas legislativas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoar disposições vigentes <strong>da</strong>legislação penal e <strong>de</strong> execução penal: (1) tipificar penalmente as condutas ilícitas<strong>da</strong>s facções <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>; (2) tipificar penalmente o terrorismo criminal,à parte <strong>do</strong> rol <strong>do</strong>s crimes políticos; (3) preservar o Regime DisciplinarDiferencia<strong>do</strong>, com vistas a romper a comunicação <strong>da</strong>s li<strong>de</strong>ranças criminosaspresas com seus braços arma<strong>do</strong>s em liber<strong>da</strong><strong>de</strong>; (4) com o mesmo objetivo,disciplinar o ingresso e uso <strong>de</strong> dispositivos <strong>de</strong> rádio-comunicação nas penitenciárias,bem como as entrevistas entre os presos e seus advoga<strong>do</strong>s; (5) propora reinserção <strong>do</strong> parágrafo único <strong>do</strong> art. 112, <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Execução Penal, quetrata <strong>do</strong> exame criminológico como requisito para a progressão <strong>de</strong> regime, epara a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> condicional, uma vez que se constataram riscos para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>com a concessão indiscrimina<strong>da</strong> <strong>do</strong> benefício; (6) sugerir o intensificação<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> penas alternativas à restrição <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, nos crimes <strong>de</strong> menorpotencial ofensivo, com vistas a otimizar o emprego <strong>da</strong>s vagas disponíveis nosistema prisional, a par <strong>de</strong> evitar a contaminação <strong>de</strong> infratores primários peloconvívio <strong>de</strong> criminosos contumazes; (7) sugerir o fiel cumprimento pelo Esta<strong>do</strong><strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Execução Penal, assim manifestan<strong>do</strong> a sua disposição <strong>de</strong> cumprir oque está posto em lei; (8) sugerir a implementação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> assistênciajurídica aos apena<strong>do</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o prolongamento in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>do</strong>tempo <strong>de</strong> internação; (9) sugerir o cumprimento <strong>do</strong>s orçamentos aprova<strong>do</strong>spara as áreas <strong>de</strong> segurança pública, justiça e sistema penitenciário, no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> evitar que as <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembolso prejudiquem a implementaçãoeficiente <strong>do</strong>s programas aprova<strong>do</strong>s; (10) sugerir a implementação <strong>de</strong> carreirasvincula<strong>da</strong>s ao serviço penitenciário, não apenas <strong>de</strong> carcereiros, mastambém e principalmente <strong>de</strong> assistentes a que se refere o Capítulo II, <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong>Execução Penal; (11) sugerir a implementação <strong>de</strong> carreiras vincula<strong>da</strong>s ao a-companhamento <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s em regime semi-aberto e aberto, bem como<strong>da</strong>queles que receberam o benefício <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> condicional; (12) sugerir aindicação <strong>de</strong> cargos <strong>de</strong> direção em estabelecimentos penais segun<strong>do</strong> critériostécnicos e <strong>de</strong> mérito, restritos aos quadros <strong>de</strong> carreiras vincula<strong>da</strong>s ao serviçopenitenciário, <strong>de</strong>sta forma extinguin<strong>do</strong> a indicação política <strong>de</strong> dirigentes incompetentespara o exercício <strong>do</strong> cargo.Tráfico <strong>de</strong> armasComo bem coloca<strong>do</strong> pelo Deputa<strong>do</strong> Moroni Torgan, em seu requerimentopela instalação <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, o fato que se apura é o crescimento <strong>de</strong>scontrola<strong>do</strong>


186<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e munição nas mãos <strong>de</strong> bandi<strong>do</strong>s que se organizam contraas instituições e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Neste senti<strong>do</strong>, as investigações não foram conclusivas quanto à i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> um sistema organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> aquisição e distribuição <strong>de</strong> armas e munição,tal como aconteceu com as investigações sobre o narcotráfico. Em relaçãoao contraban<strong>do</strong>, em que pese a ocorrência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is flagrantes <strong>de</strong> apreensãovultosa <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições, provavelmente <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>brasileira, há praticamente um consenso <strong>de</strong> que a gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>s aquisiçõessão feitas em pequenas parti<strong>da</strong>s (não mais que <strong>de</strong>z armas por vez) equanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s um pouco mais expressivas <strong>de</strong> munição (no mais <strong>da</strong>s vezes centenas,no máximo alguns milhares <strong>de</strong> cartuchos). Mas o rastreamento <strong>de</strong> milhares<strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s pela polícia com criminosos, a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong> aosseus fabricantes e à DFPC <strong>do</strong> ministério <strong>da</strong> Defesa, revelou que a maioria esmaga<strong>do</strong>ra<strong>de</strong>ssas armas é <strong>de</strong> fabricação nacional, <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s aqui mesmo, apartir <strong>de</strong> lojistas inescrupulosos, empresas <strong>de</strong> segurança priva<strong>da</strong> sem controlea<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e, o mais grave, <strong>da</strong>s forças <strong>de</strong> segurança pública, principalmente <strong>da</strong>Polícia Militar e <strong>do</strong> Exército.As fontes i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas e munições para o crime organiza<strong>do</strong>são muito diversifica<strong>da</strong>s, pulveriza<strong>da</strong>s, tanto no território nacional, quanto noexterior. A grosso mo<strong>do</strong> são as seguintes as principais fontes <strong>de</strong> fornecimento<strong>de</strong> armas e munições para o crime organiza<strong>do</strong>:- Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fronteiriças com países vizinhos na América <strong>do</strong> Sul (Uruguai, Argentina,Paraguai, Bolívia, Peru e Suriname) e terminais <strong>de</strong> vôos internacionais nosEUA (principalmente na Flóri<strong>da</strong>), servin<strong>do</strong>-se <strong>da</strong>s <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> fiscalização econtrole pelos órgãos públicos, bem como <strong>da</strong> conivência criminosa <strong>de</strong> lojas quecolocam seus interesses comerciais acima <strong>do</strong>s preceitos éticos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.As merca<strong>do</strong>rias são adquiri<strong>da</strong>s diretamente pelos interessa<strong>do</strong>s ou por terceiros,sen<strong>do</strong> transporta<strong>da</strong>s clan<strong>de</strong>stinamente por via aérea e/ou terrestre. As operaçõespo<strong>de</strong>m contar com a cobertura <strong>de</strong> integrantes corrompi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> instituiçõespúblicas, ou simplesmente contar com a sorte e com a notória ineficiência <strong>do</strong>smecanismos <strong>de</strong> fiscalização aduaneira e ro<strong>do</strong>viária.- Desvios <strong>de</strong> armas e munições pertencentes aos patrimônios <strong>da</strong>s forças arma<strong>da</strong>se policiais. Nesses casos, as operações têm conta<strong>do</strong>, na maioria <strong>da</strong>s vezes,com a conivência <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res corruptos, que subtraem armas e munições<strong>de</strong> suas respectivas repartições para repassá-los à criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Há ca-


187sos registra<strong>do</strong>s, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s<strong>de</strong> uso restrito, por policiais, mesmo saben<strong>do</strong>-se que tais armas serão eventualmenteusa<strong>da</strong>s para atacar policiais. Há registros mais raros <strong>de</strong> incursões <strong>de</strong>marginais em organizações militares com o objetivo específico <strong>de</strong> roubar armase munições.- Desvios <strong>de</strong> armas pertencentes aos patrimônios <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> segurançapriva<strong>da</strong>, <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong>s ou mal administra<strong>da</strong>s. Em que pese a inclusão <strong>de</strong> disposiçãoespecífica no Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar a ocorrência<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>svios, ain<strong>da</strong> não ficou comprova<strong>da</strong> a sua eficácia.- Desvios <strong>de</strong> armas compra<strong>da</strong>s por militares e policiais para uso priva<strong>do</strong>, pelavigência <strong>de</strong> portaria <strong>da</strong> época <strong>do</strong> regime militar, que permite a estas categoriaso privilégio <strong>de</strong> comprar armas diretamente <strong>da</strong> fábrica, sem controle <strong>do</strong> SI-NARM.- Desvios <strong>de</strong> armas pertencentes aos acervos <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res eclubes <strong>de</strong> tiro, servin<strong>do</strong>-se para tanto <strong>da</strong> fiscalização ineficiente <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong><strong>do</strong> Exército.- Instalações clan<strong>de</strong>stinas <strong>de</strong> recarga <strong>de</strong> munição, geralmente associa<strong>da</strong>s aclubes <strong>de</strong> tiro e <strong>de</strong> caça, bem como empresas <strong>de</strong> treinamento <strong>de</strong> tiro que atuamjunto a empresas <strong>de</strong> segurança priva<strong>da</strong>.- Fabricação artesanal <strong>de</strong> armas. A tecnologia e a mão-<strong>de</strong>-obra especializa<strong>da</strong>sdisponíveis, os prazos longos e os altos custos <strong>de</strong> fabricação ain<strong>da</strong> não permitema produção em escala significativa, que se resume a petar<strong>do</strong>s explosivos earmas grosseiras (garruchas e armas <strong>de</strong> caça).- Furtos e roubos <strong>de</strong> armas e munições pertencentes a pessoas físicas e jurídicas(comércio <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong> caça e pesca). Eventualmente os prejuízos são<strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s falsamente, e os riscos <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong> são evita<strong>do</strong>s pela conivênciacriminosa <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tentores legalmente registra<strong>do</strong>s.- Falsas per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas por profissionais a quem é autoriza<strong>do</strong> o porte <strong>de</strong> arma<strong>de</strong> fogo: policiais, vigilantes, guar<strong>da</strong>s municipais etc. Também nesses casos,a comunicação <strong>da</strong>s per<strong>da</strong>s servem para encobrir ven<strong>da</strong>s clan<strong>de</strong>stinas efeitas ao largo <strong>de</strong> registro nos ca<strong>da</strong>stros <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>.- Desvios <strong>de</strong> lotes irregularmente fabrica<strong>do</strong>s, ao largo <strong>da</strong> fiscalização pelo Coman<strong>do</strong><strong>do</strong> Exército, <strong>de</strong> armas, munições e explosivos.


188- Desvio durante o transporte, seja para o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico, seja para exportação,<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao controle precário exerci<strong>do</strong> pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s.- Triangulações internacionais que burlam a proibição <strong>de</strong> exportações <strong>de</strong> armase <strong>de</strong> munições para pessoas físicas e comerciais nos países <strong>da</strong> América Latinae Caribe (Resolução CAMEX n.º 17). Nesses casos, as merca<strong>do</strong>rias são formalmenteexporta<strong>da</strong>s para terceiros países e redireciona<strong>do</strong>s para o comércio<strong>de</strong> fronteira no Paraguai, principalmente. Há relatos não comprova<strong>do</strong>s, masbastante plausíveis, <strong>de</strong> que essas exportações não são realmente efetiva<strong>da</strong>s, eas merca<strong>do</strong>rias são transporta<strong>da</strong>s diretamente <strong>da</strong> fábrica para o consumi<strong>do</strong>rbrasileiro, sem sequer chegar a sair <strong>do</strong> território nacional.- Houve algumas especulações, plausíveis mas não comprova<strong>da</strong>s, a respeito<strong>do</strong> tráfico marítimo <strong>de</strong> armas e munições. Nesses casos, as armas e principalmenteas munições. Embarcações <strong>de</strong> pequeno porte abor<strong>da</strong>m navios ao largo<strong>da</strong> costa, transferin<strong>do</strong> entre si cargas clan<strong>de</strong>stinas. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> serve para burlara fiscalização aduaneira <strong>de</strong> importação, por a carga ilícita é retira<strong>da</strong> <strong>do</strong> navioantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> no porto, e também para mascarar falsas exportações,quan<strong>do</strong> as embarcações retiram as cargas <strong>de</strong> bor<strong>do</strong> antes <strong>do</strong> navio seguir paraseu porto <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino.A conclusão é que a aquisição <strong>de</strong> armas e munições pelo crime organiza<strong>do</strong>acontece <strong>de</strong> forma não sistematiza<strong>da</strong>, em pequenos lotes, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s asuprir necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s imediatas <strong>de</strong> recompletamento ou <strong>de</strong> pequena expansão.Ressalva<strong>da</strong> a constatação <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> facção criminosa paulista, no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> criar arsenais para seu próprio uso (assaltos e operações arrebatamento<strong>de</strong> presos <strong>da</strong> facção, por exemplo) ou para negociar o seu aluguel para criminosos“in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes”, não há evidências <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> sistemas logísticosextensos <strong>de</strong> aquisição e estocagem, tal como ocorre, por exemplo, num grupoarma<strong>do</strong> como as Forças Arma<strong>da</strong>s Revolucionárias <strong>da</strong> Colômbia (FARC). Noentanto, essa constatação não exime a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e a conveniência <strong>de</strong> quese tipifique penalmente a conduta <strong>do</strong>s “brokers” <strong>do</strong> tráfico internacional <strong>de</strong> armas,intermediários que negociam a compra e ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s lotes <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> fogo, em geral <strong>de</strong> forma irregular e opaca, burlan<strong>do</strong> os órgãos responsáveispela fiscalização aduaneira e tributária, permitin<strong>do</strong> o ingresso <strong>de</strong>ssasmerca<strong>do</strong>rias no País (ou saí<strong>da</strong> regular, com retorno irregular) e resultan<strong>do</strong> noaumento <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rio bélico <strong>da</strong>s facções criminosas.


189São óbvias e inquestionáveis, tanto a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, quanto a conveniência<strong>de</strong> que produtos diretamente relaciona<strong>do</strong>s com a <strong>de</strong>fesa nacional sejamfiscaliza<strong>do</strong>s por um órgão fe<strong>de</strong>ral e, em especial, por aquele on<strong>de</strong> já estão centraliza<strong>do</strong>sto<strong>do</strong>s os assuntos relaciona<strong>do</strong>s com aquela função essencial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,no caso, o Ministério <strong>da</strong> Defesa, por intermédio <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exércitoe <strong>da</strong> Diretoria <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s.A primeira questão que surge é a importância que armas leves e muniçõestambém representam para os órgãos encarrega<strong>do</strong>s <strong>da</strong> função tambémessencial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que é a segurança pública <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> que hoje sãoencarrega<strong>do</strong>s, no Brasil, o Ministério <strong>da</strong> Justiça e as Secretarias Estaduais <strong>de</strong>Segurança Pública. A segun<strong>da</strong> é a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação organização sistemáticae inteligente <strong>de</strong>sses órgãos para que a prevenção e a repressão ao crimesejam eficientes, eficazes e satisfatórios aos anseios <strong>da</strong> população.A bem ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o trabalho em equipe, multidisciplinar, nunca foi o forte<strong>da</strong>s instituições públicas brasileiras, em especial as policiais. Atuação organiza<strong>da</strong>,sistemática e inteligente implica o compartilhamento <strong>de</strong> informações criteriosamenteca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s, atualiza<strong>da</strong>s e constantemente disponíveis aos órgãosinteressa<strong>do</strong>s e habilita<strong>do</strong>s a esse conhecimento, o que se tornou tecnicamenteexeqüível, nos anos mais recentes, mediante o emprego intensivo <strong>do</strong>srecursos <strong>da</strong> informática. No entanto, a experiência vem <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que aresistência <strong>da</strong>s instituições militares levam ao paroxismo a obsessão pelo sigilo<strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Com a entra<strong>da</strong> em vigor <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, a matéria relaciona<strong>da</strong>com armas <strong>de</strong> fogo foi regulamenta<strong>da</strong> pelo Po<strong>de</strong>r Executivo na forma <strong>do</strong> Decreton.º 5.123/2004, que criou o Sistema <strong>de</strong> Gerenciamento Militar <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>(SIGMA), um sistema gerencia<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>da</strong> Defesa, através <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong><strong>do</strong> Exército e <strong>da</strong> Diretoria <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s, emparalelo com o Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SINARM), gerencia<strong>do</strong> pelo Ministério<strong>da</strong> Justiça.Nos termos <strong>da</strong>quele <strong>de</strong>creto, o SIGMA, “instituí<strong>do</strong> no Ministério <strong>da</strong> Defesa,no âmbito <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, com circunscrição em to<strong>do</strong> o territórionacional, tem por <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> manter ca<strong>da</strong>stro geral, permanente e integra<strong>do</strong> <strong>da</strong>sarmas <strong>de</strong> fogo importa<strong>da</strong>s, produzi<strong>da</strong>s e vendi<strong>da</strong>s no país, <strong>de</strong> competência <strong>do</strong>SIGMA, e <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo que constem <strong>do</strong>s registros próprios.”


190Cabe, portanto ao SIGMA, o ca<strong>da</strong>stramento e o gerenciamento <strong>da</strong>s armas<strong>de</strong> fogo institucionais, <strong>de</strong> porte e portáteis, constantes <strong>de</strong> registros próprios,em especial as pertencentes:- às Forças Arma<strong>da</strong>s;- às Polícias Militares e Corpos <strong>de</strong> Bombeiros Militares;- à Agência Brasileira <strong>de</strong> Inteligência;- ao Gabinete <strong>de</strong> Segurança Institucional <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> República.Também serão ali ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s e gerencia<strong>da</strong>s as armas <strong>de</strong> fogo pessoais,pertencentes <strong>do</strong>s integrantes:- <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s;- <strong>da</strong> Agência Brasileira <strong>de</strong> Inteligência;- <strong>do</strong> Gabinete <strong>de</strong> Segurança Institucional <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> República,constantes <strong>de</strong> registros próprios;As atribuições <strong>do</strong> SIGMA se esten<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong>:- às informações relativas às exportações <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições e<strong>de</strong>mais produtos controla<strong>do</strong>s- as armas <strong>de</strong> fogo importa<strong>da</strong>s ou adquiri<strong>da</strong>s no país para fins <strong>de</strong> testese avaliação técnica;- as armas <strong>de</strong> fogo obsoletas.- as armas <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res;- as armas <strong>de</strong> fogo <strong>da</strong>s representações diplomáticas.A situação que ora se apresenta, no entanto, é um enclausuramento i-nexplicável <strong>da</strong>s informações registra<strong>da</strong>s no SIGMA, o que é, no mínimo estranho,pois não se vislumbram riscos para a <strong>de</strong>fesa nacional no compartilhamento<strong>da</strong>s informações lista<strong>da</strong>s acima com o Ministério <strong>da</strong> Justiça e com o SI-NARM. O caso particular sigilo que cerca as informações a respeito <strong>de</strong> importaçõese exportações <strong>de</strong> empresas priva<strong>da</strong>s corrobora as suspeitas <strong>de</strong> relaçõesmais que funcionais entre o órgão fiscaliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s eas empresas que fabricam e comercializam armas e munições. Em sua exposiçãona <strong>CPI</strong>, o Exº. Sr. General Diretor <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s,ain<strong>da</strong> no início <strong>de</strong> 2005, argumentou que a interligação entre os sistemaera iminente, aguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se apenas a conclusão <strong>de</strong> um elo físico a ser estendi<strong>do</strong>entre os prédios <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, no Setor Militar Urbano <strong>de</strong> Brasíliae o prédio <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Justiça, na Esplana<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Ministérios, uma extensão<strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente cinco quilômetros. Até o momento em que e redigeeste Relatório, não se tem conhecimento formal <strong>da</strong> interligação entre os <strong>do</strong>issistemas. Consta que há disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> restrita <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> SIGMA através<strong>do</strong> INFOSEG, o que <strong>de</strong> forma alguma correspon<strong>de</strong> ao que <strong>de</strong> início se propôs


191no SINARM. Esse foi cria<strong>do</strong> para ser “o” ca<strong>da</strong>stro nacional <strong>de</strong> armas. Em regra,o sistema gerencia a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s armas registra<strong>da</strong>s, existentes no País. Porocasião <strong>da</strong> regulamentação <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento, uma visão distorci<strong>da</strong><strong>de</strong>sse propósito criou um sistema que, ao invés <strong>de</strong> estar incluí<strong>do</strong> no SI-NARM, fez-se paralelo àquele. Hoje, tramitam na Casa proposições on<strong>de</strong> categoriasfuncionais preten<strong>de</strong>m raivosamente transferir o gerenciamento <strong>de</strong> suasarmas para o SIGMA, certamente por enten<strong>de</strong>rem que o gerenciamento militaré mais con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte que o SINARM. Num movimento <strong>de</strong> concatena<strong>do</strong> esistemático <strong>de</strong> enfraquecimento e burla, tanto <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento,quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> SINARM, vão-se crian<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, exceções funcionais à regrageral <strong>da</strong> proibição <strong>do</strong> porte <strong>de</strong> arma, e por outro, transferin<strong>do</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> controle, <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> gerenciamento civil para o sistema militar.Há algumas questões procedimentais que merecem ser avalia<strong>da</strong>s naforma como a fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s é conduzi<strong>da</strong> pelo Coman<strong>do</strong><strong>do</strong> Exército. A carência <strong>de</strong> pessoal habilita<strong>do</strong> e <strong>de</strong> meios materiais limitam severamentea eficácia e a eficiência <strong>de</strong>ssa fiscalização. Em que pese a estrutura<strong>de</strong> fiscalização esteja nas mãos <strong>de</strong> oficiais engenheiros militares gradua<strong>do</strong>s emmecânica <strong>de</strong> armamento, química ou metalurgia, a capilarização <strong>da</strong> fiscalizaçãoé, via <strong>de</strong> regra, coloca<strong>da</strong> nos ombros <strong>de</strong> oficiais subalternos, que, na maioria<strong>da</strong>s vezes, não têm curso superior e são facilmente engabela<strong>do</strong>s ou corrompi<strong>do</strong>spelos estabelecimentos fiscaliza<strong>do</strong>s (fabricação e comércio <strong>de</strong> armase munições, pedreiras, construtoras, fabricantes <strong>de</strong> fogos <strong>de</strong> artifício, clubes <strong>de</strong>tiro, armeiros, coleciona<strong>do</strong>res etc.) que fabricam, comerciam, possuem ou fazemuso <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, as carências materiais e logísticas<strong>de</strong>terminam que as vistorias <strong>de</strong> fiscalização sejam episódicas, muitomais espaça<strong>da</strong>s no tempo <strong>do</strong> que o simples bom senso recomen<strong>da</strong>ria, com<strong>da</strong>ta e horário marca<strong>do</strong>s e, absur<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os absur<strong>do</strong>s, realiza<strong>do</strong>s comtransporte coloca<strong>do</strong> à disposição ao fiscal pelo próprio fiscaliza<strong>do</strong>.Há evidências <strong>de</strong> que essa relação <strong>de</strong> interesses comuns entre fiscal efiscaliza<strong>do</strong> está em vias <strong>de</strong> prejudicar uma medi<strong>da</strong> que em boa hora foi toma<strong>da</strong>.A Resolução n.º 17-Camex, <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento, Indústria eComércio, estabeleceu a alíquota <strong>de</strong> 150% para as operações <strong>de</strong> exportação<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo <strong>do</strong> Brasil para o Paraguai, exceto quan<strong>do</strong> a aquisição for feitapor instituições militares ou policiais. A edição <strong>da</strong> norma foi conseqüência <strong>da</strong>s<strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> lotes <strong>de</strong> armas e munições exporta<strong>do</strong>s para o Paraguai eram<strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s para o merca<strong>do</strong> interno clan<strong>de</strong>stino, antes mesmo <strong>de</strong> atravessar afronteira. Essa exportação <strong>de</strong> conveniência também colocava nos balcões <strong>da</strong>s


192lojas paraguaias merca<strong>do</strong>rias que eram facilmente adquiri<strong>do</strong>s por brasileirosem simples visitas às ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fronteiriças.Por pressão <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> munição e <strong>de</strong> armas, setores <strong>do</strong> governopreparam a anulação <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> que vinha dificultan<strong>do</strong> a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s bandi<strong>do</strong>s,acostuma<strong>do</strong>s a abastecerem seus arsenais no merca<strong>do</strong> livre <strong>de</strong> armas nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>sfronteiriças <strong>do</strong> Paraguai. São as armas que saem <strong>do</strong>s pátios <strong>da</strong>s ForjasTaurus e <strong>da</strong> CBC, atravessam a fronteira em Foz <strong>do</strong> Iguaçu e, <strong>de</strong> Ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong>lLeste, retornam, contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s por sacoleiros e “formiguinhas”. A <strong>de</strong>núnciapública, e a posição firme e oportuna <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Justiça contra a manobra,adiou a revogação <strong>da</strong> Resolução, mas não se sabe até quan<strong>do</strong>.Essas pressões já se manifestavam por ocasião <strong>do</strong> Seminário <strong>de</strong> Mobilizaçãoe Indústria <strong>de</strong> Defesa, promovi<strong>do</strong> recentemente pela Comissão <strong>de</strong> RelaçõesExteriores e <strong>de</strong> Defesa Nacional, <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s. Ali, a AssociaçãoBrasileira <strong>de</strong> Indústrias <strong>de</strong> Defesa (ABINDE) já apontava essa Resoluçãocomo um empecilho para os seus interesses e clamava pelo apoio <strong>do</strong> Ministério<strong>da</strong> Defesa para revogá-la. Alegavam que a Resolução 17 prejudica aindústria nacional, que precisa exportar mais para ganhar escala e competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Mas o principal <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>ssas ven<strong>da</strong>s é a exportação para os Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s, um merca<strong>do</strong> muito mais lucrativo. Na América Latina, a indústria brasileiranunca per<strong>de</strong>u acesso ao merca<strong>do</strong> <strong>da</strong>s diversas Forças Arma<strong>da</strong>s e policiais.Esse comércio não foi afeta<strong>do</strong> pela alíquota. Porém, as forças públicas<strong>de</strong>sses países estão trocan<strong>do</strong> as importações <strong>de</strong> armas brasileiras por outrosfornece<strong>do</strong>res.A Venezuela importou 100 mil fuzis <strong>da</strong> Rússia. A Colômbia tem convênios<strong>de</strong> comércio com a Espanha e o Paraguai, e também compra fuzis <strong>de</strong> Taiwan.A Bolívia compra armamentos <strong>de</strong> Israel e <strong>da</strong> China. Os países <strong>da</strong> AméricaCentral compram em Israel e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Não é, portanto, ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> armas indiretamente para a marginali<strong>da</strong><strong>de</strong>nacional, nas lojas <strong>de</strong> fronteira <strong>do</strong>s países vizinhos, que a indústria brasileira <strong>de</strong>armas leves vai ganhar competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Como em qualquer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômicasaudável, o crescimento <strong>de</strong>corre <strong>da</strong> expansão <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s conquista<strong>do</strong>s,oferecen<strong>do</strong>-se condições mais vantajosas para as forças militares e policiais<strong>da</strong> América Latina, a assim <strong>de</strong>slocar os fornece<strong>do</strong>res mais distantes. É in-


193sano usar interesses comerciais para justificar ações <strong>de</strong> completo <strong>de</strong>sprezopela paz e bem-estar <strong>do</strong> povo brasileiro.Segun<strong>do</strong> as <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> representantes <strong>da</strong> Receita, a fiscalização alfan<strong>de</strong>gáriae aduaneira em portos e aeroportos brasileiros é feita por amostragem,segun<strong>do</strong> um programa <strong>de</strong> inteligência que, entre outros parâmetros, consi<strong>de</strong>rao histórico, a folha corri<strong>da</strong>, <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>s transporta<strong>do</strong>res <strong>da</strong>merca<strong>do</strong>ria interna<strong>da</strong>. Assim, uma parte (pequena) <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria é vistoria<strong>da</strong>em <strong>de</strong>talhe, outra (pequena, também) é vistoria<strong>da</strong> por amostragem e a maiorparte passa apenas pela conferência <strong>do</strong>cumental. Esta sistemática já foi comprova<strong>da</strong>pela <strong>CPI</strong> que investigou recentemente a pirataria.De lá para cá, não houve maiores alterações. A aquisição <strong>de</strong> 13 escanea<strong>do</strong>res<strong>de</strong> contêineres, há mais ou menos <strong>de</strong>z anos, não trouxe maiores alteraçõespara essa sistemática, uma vez que, conforme <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> em audiênciapública, nenhum <strong>de</strong>les está em operação, seja por <strong>de</strong>feito técnico, por falta <strong>de</strong>opera<strong>do</strong>res habilita<strong>do</strong>s ou por mero <strong>de</strong>sinteresse. A vistoria, ain<strong>da</strong> que eletrônica,sempre <strong>de</strong>termina atrasos nos procedimentos aduaneiros, o que se constituiem custos para a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> comercial e <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> impostos, quesão os objetivos realmente prepon<strong>de</strong>rantes, tanto <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, quanto <strong>da</strong> iniciativapriva<strong>da</strong>.Há registros <strong>de</strong> apreensões, principalmente nos postos <strong>de</strong> fronteira <strong>do</strong>oeste paranaense e <strong>do</strong> sul gaúcho, no portos <strong>de</strong> Santos, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Sepetiba,com um perfil característico <strong>de</strong> apreensão <strong>de</strong> armas em Foz <strong>do</strong> Iguaçue <strong>de</strong> apreensão <strong>de</strong> munição nos portos. No total geral <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias apreendi<strong>da</strong>s,os órgãos aduaneiros estimam em fração <strong>de</strong> porcento as apreensões<strong>de</strong> armas e munições, o que não se constitui em incentivo para investimentosem aperfeiçoamentos técnicos e administrativos nesse senti<strong>do</strong>. Aparentemente,aqui se aplica a lei <strong>do</strong>s custos marginais crescentes. Ante a expectativa <strong>de</strong>que um investimento vultoso nos procedimentos <strong>de</strong> fiscalização resultará empequeno acréscimo na arreca<strong>da</strong>ção aduaneira, a instituição parece acomo<strong>da</strong>rsecom o presente status quo. Há que se sacudir os órgãos <strong>de</strong> fiscalização a-duaneira <strong>de</strong> sua acomo<strong>da</strong>ção. Na equação <strong>do</strong>s custos crescentes, é precisoconsi<strong>de</strong>rar as per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> ingresso <strong>de</strong> armas no País.A rigor, <strong>do</strong> que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> <strong>da</strong>s exposições feitas aos Parlamentares<strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, evitar o ingresso <strong>de</strong> armas e munições contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s não se constituiem priori<strong>da</strong><strong>de</strong> para a receita. O seu negócio é arreca<strong>da</strong>r sem prejudicar o


194comércio <strong>de</strong> importação e, principalmente, <strong>de</strong> exportação. <strong>Armas</strong> e muniçõesque eventualmente matam brasileiros é um outro ramo <strong>de</strong> negócio, que é atribuição<strong>de</strong> outra instituição. Difícil, portanto, vislumbrar esforços efetivos <strong>da</strong> receitapara prevenir e reprimir o ingresso <strong>de</strong> armas e munições no País. Tal comouma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> outras merca<strong>do</strong>rias consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s irrelevantes para a arreca<strong>da</strong>ção(espécimes <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora silvestres, por exemplo), quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s <strong>de</strong> armas e munições são contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s e circulam impunementepelas nossas ro<strong>do</strong>vias. Não há indícios <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s sérias e eficazespara evitar que essa situação se perpetue.A omissão <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral no controle <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas éagrava<strong>da</strong> pela política ultrapassa<strong>da</strong> <strong>do</strong> Itamaraty, que prioriza a exportação <strong>de</strong>armas e munições sem qualquer preocupação com a letali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sses produtos,que não po<strong>de</strong>m ser vendi<strong>do</strong>s para ditaduras que reprimem seus povos, emuito menos para governos que não exercem controle efetivo sobre seus estoques<strong>de</strong> armas, como o Paraguai, que acabam regressan<strong>do</strong> ao Brasil para a-gravar ain<strong>da</strong> mais a insegurança <strong>da</strong> nossa população.A fiscalização <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias ilícitas em geral, e <strong>de</strong> armas e muniçõesem particular, é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> altamente insatisfatória nas ro<strong>do</strong>vias fe<strong>de</strong>rais, estaduaise municipais, não poupan<strong>do</strong> quaisquer <strong>da</strong>s instituições policiais e aduaneiras<strong>de</strong> críticas ao seu <strong>de</strong>sempenho funcional, apenas ressalva<strong>da</strong> a PolíciaFe<strong>de</strong>ral, que com seu serviço <strong>de</strong> inteligência, tem viabiliza<strong>do</strong> as poucas ocorrências<strong>de</strong> apreensões em trânsito.Casos relata<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram que produtos controla<strong>do</strong>s circulam emfun<strong>do</strong>s falsos <strong>de</strong> caminhões, com <strong>do</strong>cumentos frau<strong>da</strong><strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> raramentesurpreendi<strong>do</strong>s pela autori<strong>da</strong><strong>de</strong> policial ou fiscaliza<strong>do</strong>ra. Um fluxo quase ininterrupto<strong>de</strong> ônibus <strong>de</strong> sacoleiros <strong>de</strong>ixam a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Foz <strong>do</strong> Iguaçu em direção àcapital paulista ou ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, carregan<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>rias irregulares, alimentan<strong>do</strong>o comércio clan<strong>de</strong>stino, frustran<strong>do</strong> a concorrência <strong>do</strong> comércio regulare disseminan<strong>do</strong> as imagens <strong>da</strong> impuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> incompetência <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>sem impor a lei a to<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma igualitária, <strong>de</strong>mocrática e republicana.A <strong>CPI</strong> constatou, portanto, que as armas que ingressam no país, o fazemprincipalmente pelas travessias terrestres nas fronteiras, em especial emFoz <strong>do</strong> Iguaçu – Ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong>l Leste. Embora vários <strong>de</strong>poimentos tenham revela<strong>do</strong>que, como o crime sempre se <strong>de</strong>sloca quan<strong>do</strong> reprimi<strong>do</strong>, hoje é mais intensoo contraban<strong>do</strong> vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraguai, passan<strong>do</strong> pelo nor<strong>de</strong>ste <strong>da</strong> Argentina, e


195penetran<strong>do</strong> no Brasil pela ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Uruguaiana, <strong>da</strong>í alcançan<strong>do</strong> Curitiba, SãoPaulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Vitória e Recife, e outros centros <strong>de</strong> concentração <strong>do</strong>crime organiza<strong>do</strong>, sem serem molesta<strong>do</strong> pela Polícia Ro<strong>do</strong>viária Fe<strong>de</strong>ral. Porsua vez, a munição chega nos portos e aeroportos on<strong>de</strong> não funcionam os e-quipamentos eletrônicos <strong>de</strong> vistoria <strong>de</strong> porão. Em ambos os casos, a merca<strong>do</strong>riaclan<strong>de</strong>stina chega aos centros consumi<strong>do</strong>res – Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo– pela via ro<strong>do</strong>viária.Também no caso <strong>do</strong> transporte ro<strong>do</strong>viário, como já se expôs anteriormente,armas e munições são itens consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s itens pouco significativos nouniverso <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias que circulam na malha ro<strong>do</strong>viária nacional. Fiscalizaçãomais rigorosa implica atrasos e engarrafamentos. O eventual aumento <strong>da</strong>sapreensões não são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s compensa<strong>do</strong>res numa comparação entrecustos e benefícios.Mais uma vez, a segurança <strong>da</strong> população é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> irrelevante diante<strong>da</strong> maior representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s interesses priva<strong>do</strong>s.A tradição brasileira na fabricação artesanal <strong>de</strong> armas tem se limita<strong>do</strong> àsespingar<strong>da</strong>s “pica-pau”, produtos primitivos usa<strong>do</strong>s até passa<strong>do</strong> recente comoarmas leves <strong>de</strong> caça na área rural. A atual <strong>de</strong>man<strong>da</strong> ilícita por armas <strong>de</strong> fogo,<strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r arma<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, tem incentiva<strong>do</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que hoje dispõe <strong>de</strong> mecânicos <strong>de</strong> armamentoaposenta<strong>do</strong>s em instalações fabris legais, e que são leva<strong>do</strong>s a trabalharpara a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> por força <strong>da</strong> insuficiência <strong>do</strong>s recursos necessários àsua subsistência. Outra fonte <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra aproveitável para essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>são os mestres artífices dispensa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suas funções nas Forças Arma<strong>da</strong>s aocabo <strong>de</strong> nove, <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> serviço, e, até mesmo os cabos armeiros que sãodispensa<strong>do</strong>s a ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>ze meses <strong>do</strong> serviço militar obrigatório.Embora haja uns poucos registros <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong> produção artesanal<strong>de</strong> armas, os resulta<strong>do</strong>s são <strong>de</strong> pouca efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em razão, principalmente <strong>da</strong>complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> infra-estrutura necessária a um processo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tecnologiassi<strong>de</strong>rúrgicas e metalúrgicas avança<strong>da</strong>s. A atuação mais preocupante éo emprego <strong>de</strong> especialistas forma<strong>do</strong>s com investimentos públicos e priva<strong>do</strong>scomo armeiros <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, consertan<strong>do</strong> e manten<strong>do</strong> a eficiência operacional<strong>da</strong>s armas <strong>da</strong> clan<strong>de</strong>stini<strong>da</strong><strong>de</strong>. Houve um caso registra<strong>do</strong> <strong>de</strong> tentativa<strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> um foguete com cabeça explosiva, <strong>de</strong> pólvora branca, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>a invadir uma instalação prisional no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Foi


196apreendi<strong>do</strong> tempestivamente e verifica<strong>da</strong> a sua incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vôo, emboraeficiente como petar<strong>do</strong> explosivo para a <strong>de</strong>struição <strong>da</strong>s muralhas <strong>do</strong> presídio.Os relatos <strong>de</strong>monstraram duas situações preocupantes: a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> uso, pelo crime organiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> artesãos <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, força<strong>do</strong>s em razão<strong>da</strong>s circunstâncias, a colocar suas habilitações técnicas a serviço <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>;a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos explosivos, certamente <strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sua <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> lícita, para o uso pela criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> a incompetência<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s.No que se refere, portanto, ao tráfico <strong>de</strong> armas, <strong>de</strong> munições e explosivos,a <strong>CPI</strong> apresenta sugestões ao Po<strong>de</strong>r Executivo e propõe iniciativas legislativasno senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoar disposições <strong>da</strong> legislação vigente: (1) sugerir,instrumentalizan<strong>do</strong> para tanto as respectivas instituições, a intensificação <strong>da</strong>fiscalização e controle aduaneiro em portos, aeroportos e travessias <strong>de</strong> fronteira;(2) sugerir o apoio logístico aos fiscais militares, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar quesuas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sejam <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> apoio em transporte, estadia e alimentaçãopelas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s fiscaliza<strong>da</strong>s; (3) sugerir o incremento <strong>da</strong>s ações policiaisna apreensão <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> munições; (4) sugerir que as guar<strong>da</strong>spermanentes <strong>da</strong>s organizações militares empreguem armas longas <strong>de</strong> menorapelo para a criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>; (4) sugerir procedimentos mais eficientes no controle<strong>de</strong> armas orgânicas e apreendi<strong>da</strong>s, em po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s instituições policiais; (5)sugerir que a Polícia Fe<strong>de</strong>ral exerça maior controle sobre os acervos <strong>de</strong> armasem po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s empresas priva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> segurança; (6) sugerir que a Polícia Fe<strong>de</strong>ralexerça maior controle repressivo sobre o funcionamento <strong>de</strong> empresas irregulares<strong>de</strong> segurança priva<strong>da</strong>; (7) alterar a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento,transferin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral, a fiscalização,o controle e a autorização <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong>caça e pesca, <strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong> tiro, <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> atira<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>s acervos <strong>de</strong>coleciona<strong>do</strong>res, e <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> explosivos; (8) alterar a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Estatuto<strong>do</strong> Desarmamento, com a inclusão <strong>de</strong> disposições <strong>de</strong> controle mais efetivo sobreas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> recarga <strong>de</strong> munição; (9) tipificar penalmente a conduta <strong>de</strong>fabricação irregular <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo (recarga); (10) sugerir a intensificação<strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> apuração, responsabilização, in<strong>de</strong>nização e recuperação <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> fogo perdi<strong>da</strong>s por servi<strong>do</strong>res públicos autoriza<strong>do</strong>s legalmente ao porte;(11) sugerir a intensificação <strong>da</strong> fiscalização militar nas <strong>de</strong>pendências <strong>do</strong>sfabricantes <strong>de</strong> armas, munições e explosivos, com vistas a ve<strong>da</strong>r as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> lotes não <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s; (12) sugerir a permanência emvigor <strong>da</strong> Resolução n.º 17 (CAMEX); (13) sugerir a inclusão, nas agen<strong>da</strong>s <strong>do</strong>


197Mercosul e <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s bilaterais com os países vizinhos, <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate sobre aelaboração <strong>de</strong> normas regionais <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo,munições e explosivos; (13) Sugerir integrar o banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s,SIGMA, ao banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, SINARM, como <strong>de</strong>terminaa nova lei <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas; (14) Sugerir que o governo <strong>de</strong>termineque a Força Aérea e a Marinha forneçam suas informações sobre armas pequenase munição, principalmente <strong>da</strong>quelas <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s, ao SIGMA e ao SI-NARM, já que o órgão que <strong>de</strong>veria centralizar as informações sobre armas <strong>da</strong>sForças Arma<strong>da</strong>s, a DFPC <strong>do</strong> ministério <strong>da</strong> Defesa, não conta com as informações<strong>da</strong> Força Aérea nem <strong>da</strong> Marinha, fecha<strong>da</strong>s num corporativismo ultrapassa<strong>do</strong>e inadmissível, pois inviabiliza o rastreamento <strong>de</strong>ssas armas pelo PolíciaFe<strong>de</strong>ral, contribuin<strong>do</strong> para a impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>; (15) sugerir a realização, to<strong>do</strong>s osanos, <strong>de</strong> um mês <strong>de</strong> campanha <strong>de</strong> entrega voluntária <strong>de</strong> armas, em vista <strong>do</strong>sucesso <strong>da</strong> iniciativa realiza<strong>da</strong> no ano passa<strong>do</strong>, que recolheu e <strong>de</strong>struiu, meiomilhão <strong>de</strong> armas, reduzin<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> mortos por arma <strong>de</strong> fogo no país; (16)sugerir a inclusão, nas agen<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Mercosul e <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s bilaterais com ospaíses vizinhos, <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate sobre a elaboração <strong>de</strong> normas regionais <strong>de</strong> controle<strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições e explosivos, bem como <strong>da</strong> harmonização<strong>da</strong>s suas leis <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas; (17) Sugerir que a diplomacia brasileiraenvi<strong>da</strong> esforços para a implantação <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Informação sobre <strong>Armas</strong>(SISME), no Grupo <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>do</strong> Mercosul, e contribua para aassinatura <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> sobre Comércio Internacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (Arms Tra<strong>de</strong>Treaty), no âmbito <strong>da</strong> ONU.Em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>rações apresenta<strong>da</strong>s, este Relator submeteà apreciação <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> a proposição <strong>de</strong> 16 Projetos <strong>de</strong> Lei, 11 Requerimentos <strong>de</strong>Indicação, um Requerimento <strong>de</strong> Informação a Ministro <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e um rol COM16 indiciamentos penais, com os quais preten<strong>de</strong> contribuir para sanar omissõese distorções aponta<strong>da</strong>s na legislação e nos procedimentos administrativos emvigor.Sala <strong>de</strong> Comissão, em 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


198ANEXO IPROJETOS DE LEI1. PROJETO DE LEI: Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, modifican<strong>do</strong> asistemática <strong>de</strong> marcação <strong>de</strong> embalagens <strong>de</strong> munições.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º10.826/2003, modifican<strong>do</strong> a sistemática <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> embalagens <strong>de</strong> munições.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Revogue-se o parágrafo primeiro <strong>do</strong> art. 23, <strong>da</strong> Lein.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.Art. 2.º O parágrafo segun<strong>do</strong> <strong>do</strong> art. 23, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826,<strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:“§ 2.º.To<strong>da</strong>s as munições comercializa<strong>da</strong>s no País <strong>de</strong>verãoestar acondiciona<strong>da</strong>s em embalagens com sistema <strong>de</strong>código <strong>de</strong> barras, grava<strong>do</strong> na caixa, e com i<strong>de</strong>ntificação<strong>do</strong> lote e <strong>do</strong> adquirente grava<strong>do</strong>s no culote <strong>do</strong>s projéteis,na forma <strong>do</strong> regulamento <strong>de</strong>sta Lei.”Art. 3.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicaçãoJUSTIFICAÇÃOEm sua re<strong>da</strong>ção atual, os §§ 1.º e 2.º <strong>do</strong> art. 23 prevêemque somente a munição adquiri<strong>da</strong> pelas pessoas e órgãos referi<strong>do</strong>s no art. 6°contenha marcação no próprio estojo (órgãos <strong>de</strong> segurança pública, <strong>de</strong> segurançanacional, <strong>de</strong> segurança priva<strong>da</strong> e esportistas - art. 23, § 2° <strong>da</strong> Lei n.°10.826/03), o que impe<strong>de</strong> que a munição vendi<strong>da</strong> ao ci<strong>da</strong>dão comum seja rastrea<strong>da</strong>em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio ilícito, já que basta <strong>de</strong>struir sua embalagem, únicolocal on<strong>de</strong> é possível a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> fabricante e <strong>do</strong> adquirente (através <strong>de</strong>sistema <strong>de</strong> código <strong>de</strong> barras).Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nteDeputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


1992. PROJETO DE LEI: Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, incluin<strong>do</strong>parágrafo único ao art. 13 e tipifican<strong>do</strong> penalmente a omissão <strong>de</strong> informação àautori<strong>da</strong><strong>de</strong> policial.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º10.826/2003, incluin<strong>do</strong> parágrafo único aoart. 13 e tipifican<strong>do</strong> penalmente a omissão<strong>de</strong> informação à autori<strong>da</strong><strong>de</strong> policial.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se o seguinte parágrafo único ao art.13, <strong>da</strong> lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003:“Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrem o proprietário<strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo e o proprietário ou diretor responsável<strong>de</strong> empresa <strong>de</strong> segurança e transporte <strong>de</strong> valores que<strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> registrar ocorrência policial e <strong>de</strong> comunicar àPolícia Fe<strong>de</strong>ral per<strong>da</strong>, furto, roubo ou outras formas <strong>de</strong>extravio <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, acessório ou munição que estejamsob sua guar<strong>da</strong>, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ocorri<strong>do</strong> o fato.”Art. 2.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOApesar <strong>da</strong> obrigação <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> segurança públicaem prestarem informações à Polícia Fe<strong>de</strong>ral em 48 horas (art. 17, § 1° <strong>do</strong> Dec.n.° 5.123/04), para fins <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>stro no SINARM (art. 10, § 1°, inciso. II; art. 1°,§ 3° <strong>do</strong> Dec. n.° 5.123/04), esse preceito não está sen<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong>, o que <strong>de</strong>svirtuaa <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Sistema como ca<strong>da</strong>stro confiável <strong>de</strong> informações sobrearmas <strong>de</strong> fogo.A sanção penal tornará mais efetivo o cumprimento <strong>de</strong>ssaobrigação <strong>do</strong> proprietário, que apesar <strong>de</strong> já estar prevista no art. 17, caput, e §3° <strong>do</strong> Decreto. n.° 5.123/04 (não ten<strong>do</strong> ain<strong>da</strong>, portanto, força cogente).A cominação <strong>de</strong> sanção tem por escopo não só manter afi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> SINARM, como também <strong>de</strong> evitar os conheci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>svios<strong>de</strong> armas sob a alegação <strong>de</strong> extravio, em que o possui<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> registrarocorrência ou mesmo faz o registro tardio quan<strong>do</strong> se vê na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>informar ao Esta<strong>do</strong> sobre o para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> sua arma.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


2003. PROJETO DE LEI: Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, autorizan<strong>do</strong> ouso <strong>de</strong> munição apreendi<strong>da</strong> em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> instrução <strong>de</strong> tiro pelos órgãos <strong>de</strong>segurança pública.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º10.826/2003, autorizan<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> muniçãoapreendi<strong>da</strong> em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> instrução <strong>de</strong> tiropelos órgãos <strong>de</strong> segurança pública.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se o seguinte parágrafo segun<strong>do</strong> aoart. 25, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003:“§ 2.º A munição apreendi<strong>da</strong>, entregue ou encontra<strong>da</strong>, cujoscalibres sejam compatíveis com as armas <strong>de</strong> fogo pertencentesaos quadros <strong>de</strong> material <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> segurançapública, po<strong>de</strong>rão ser-lhes cedi<strong>da</strong>s para uso exclusivoem a<strong>de</strong>stramento <strong>de</strong> tiro nos termos <strong>do</strong>s programasinstitucionais <strong>de</strong> instrução.”Art. 2.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃORespeita<strong>do</strong>s os argumentos que ve<strong>da</strong>m a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cessão <strong>da</strong>sarmas apreendi<strong>da</strong>s, entregues e encontra<strong>da</strong>s para uso pelos órgãos <strong>de</strong>segurança pública, é conveniente e oportuno que a munição tenha tratamentodiferencia<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong> calibre a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> às armas e uso oficial <strong>da</strong>spolícias e que o emprego <strong>da</strong> munição seja exclusivo em programasinstitucionais <strong>de</strong> treinamento.Preserva-se o emprego institucional <strong>da</strong> munição, evitan<strong>do</strong>-se retornoin<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> para o comércio, e preserva-se a segurança <strong>do</strong>s policiais, que nãoparticiparão <strong>de</strong> enfrentamentos arma<strong>do</strong>s com munição <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>questionável.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator4. PROJETO DE LEI: Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s arts. 14, 16, 17 e 18, <strong>da</strong> Lei n.º10.826/2003, tipifican<strong>do</strong> penalmente a posse, o porte, o comércio e trânsito nãoautoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> peças e componentes <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, acessórios e explosivos.


201PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s arts. 14, 16, 17e 18, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, tipifican<strong>do</strong> penalmentea posse, o porte, o comércio etrânsito não autoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> peças e componentes<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, acessórios e explosivos.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o O art. 14, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>2003, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:“Art. 14. Portar, <strong>de</strong>ter, adquirir, fornecer, receber, ter em<strong>de</strong>pósito, transportar, ce<strong>de</strong>r, ain<strong>da</strong> que gratuitamente,emprestar, remeter, empregar, manter sob guar<strong>da</strong> ou o-cultar arma <strong>de</strong> fogo, acessório, munição ou equipamento<strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>, ou suas peças e componentes, sem autorizaçãoe em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>terminação legal ou regulamentar:Pena - reclusão, <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is) a 4 (quatro) anos, e multa.Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável,salvo quan<strong>do</strong> a arma <strong>de</strong> fogo estiver registra<strong>da</strong> emnome <strong>do</strong> agente.”Art. 2.º. O art. 16, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2003, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:“Art. 16. Possuir, <strong>de</strong>ter, portar, adquirir, fornecer, receber,ter em <strong>de</strong>pósito, transportar, ce<strong>de</strong>r, ain<strong>da</strong> que gratuitamente,emprestar, remeter, empregar, manter sob suaguar<strong>da</strong> ou ocultar arma <strong>de</strong> fogo, acessório, munição ouequipamento <strong>de</strong> uso proibi<strong>do</strong> ou restrito, ou suas peças ecomponentes, sem autorização e em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>terminaçãolegal ou regulamentar:Pena - reclusão, <strong>de</strong> 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.”Art. 3.º. O art. 17, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2003, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:


202“Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,ocultar, ter em <strong>de</strong>pósito, <strong>de</strong>smontar, montar, remontar,adulterar, ven<strong>de</strong>r, expor à ven<strong>da</strong>, ou <strong>de</strong> qualquer forma u-tilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>comercial ou industrial, arma <strong>de</strong> fogo, acessório,munição, explosivo ou equipamento, ou suas peças ecomponentes, sem autorização ou em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>terminaçãolegal ou regulamentar:Pena - reclusão, <strong>de</strong> 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafoúnico. Equipara-se à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> comercial ou industrial,para efeito <strong>de</strong>ste artigo, qualquer forma <strong>de</strong> prestação<strong>de</strong> serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan<strong>de</strong>stino,inclusive o exerci<strong>do</strong> em residência.”Art. 4.º. O art. 18, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2003, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:“Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entra<strong>da</strong> ou saí<strong>da</strong><strong>do</strong> território nacional, a qualquer título, <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo,acessório, munição, explosivo ou equipamento, ou suaspeças e componentes, sem autorização <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>competente:Pena - reclusão <strong>de</strong> 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.”Art. 5.º. Esta lei entra em vigorJUSTIFICAÇÃOO fato <strong>de</strong> não ser tipifica<strong>da</strong> a posse ou porte <strong>de</strong> tal tipo <strong>de</strong>material encoraja os <strong>de</strong>linqüentes a realizarem o transporte <strong>de</strong> armas, munição,acessórios ou explosivos <strong>de</strong>smonta<strong>do</strong>s ou por etapas, visan<strong>do</strong> coibir a fiscalizaçãoe evitar a incidência <strong>do</strong> crime.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator5. PROJETO DE LEI: Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> art. 16, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003,tipifican<strong>do</strong> penalmente a posse e o porte <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produtoscontrola<strong>do</strong>s.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> art. 16, <strong>da</strong> Lei n.º10.826/2003, tipifican<strong>do</strong> penalmente a possee o porte <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s.


203O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o O art. 16, <strong>da</strong> Lei n.º 10.2003, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2003, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:“Art. 16. Possuir, <strong>de</strong>ter, portar, adquirir, fornecer, receber,ter em <strong>de</strong>pósito, transportar, ce<strong>de</strong>r, ain<strong>da</strong> que gratuitamente,emprestar, remeter, empregar, manter sob suaguar<strong>da</strong> ou ocultar arma <strong>de</strong> fogo, acessório, munição ouequipamento <strong>de</strong> uso proibi<strong>do</strong> ou restrito, ou suas peças ecomponentes, sem autorização e em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>terminaçãolegal ou regulamentar:Pena - reclusão, <strong>de</strong> 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafoúnico. Nas mesmas penas incorre quem:I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, munição, acessório ouartefato;II - modificar as características <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, <strong>de</strong> formaa torná-la equivalente a arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso proibi<strong>do</strong> ourestrito ou para fins <strong>de</strong> dificultar ou <strong>de</strong> qualquer mo<strong>do</strong> induzira erro autori<strong>da</strong><strong>de</strong> poli<strong>da</strong>), perito ou juiz;III - possuir, <strong>de</strong>tiver, fabricar ou empregar artefato explosivoou incendiário, ou suas peças e componentes, semautorização ou em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>terminação legal ouregulamentar;IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma<strong>de</strong> fogo, munição, acessório ou artefato com numeração,marca ou qualquer outro sinal <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação raspa<strong>do</strong>,suprimi<strong>do</strong> ou adultera<strong>do</strong>;V - ven<strong>de</strong>r, entregar ou fornecer, ain<strong>da</strong> que gratuitamente,arma <strong>de</strong> fogo, acessório, munição ou explosivo a criançaou a<strong>do</strong>lescente;VI - possuir, <strong>de</strong>tiver, fabricar ou empregar equipamentopara recarga <strong>de</strong> munição ou <strong>de</strong> explosivo, sem autorizaçãoou em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>terminação legal ou regulamentar;VII - produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,ou adulterar, <strong>de</strong> qualquer forma, munição ou explosivo.Art. 2.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOO fato <strong>de</strong> não ser tipifica<strong>da</strong> a posse ou porte <strong>de</strong> tal tipo <strong>de</strong>material encoraja os <strong>de</strong>linqüentes a utilizarem equipamentos <strong>de</strong> uso exclusivopara <strong>de</strong>fesa policial e militar, a produzirem munição sem qualquer tipo <strong>de</strong> con-


204trole estatal, e a realizar o transporte <strong>de</strong> explosivos <strong>de</strong>smonta<strong>do</strong>s ou por etapas.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator6. PROJETO DE LEI: Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º 10.201/2001, condicionan<strong>do</strong>o acesso aos recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública à efetivaparticipação na atualização <strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong> INFOSEG.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Lei n.º10.201/2001, condicionan<strong>do</strong> o acesso aosrecursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Nacional <strong>de</strong> SegurançaPública à efetiva participação na atualização<strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong> INFOSEG.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o O parágrafo terceiro, <strong>da</strong> Lei n.º 10.201, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 2001, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:§ 3.º. Só terão acesso aos recursos <strong>do</strong> FNSP:I – o ente fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> que tenha instituí<strong>do</strong>, em seu âmbito,plano <strong>de</strong> segurança pública e que tenha participa<strong>do</strong> efetivamente,no exercício anterior, <strong>da</strong> atualização <strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros<strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> Informações <strong>de</strong> SegurançaPública (INFOSEG) e <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SI-NARM);II – o Município que mantenha guar<strong>da</strong> municipal, visan<strong>do</strong>à obtenção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s a que se refere o parágrafo anterior.Art. 2.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃONo <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, ficou evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong> a ineficiência <strong>do</strong>satuais sistemas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas (SINARM/DPF, SIGMA/EB,SINPRO/DPF).O parágrafo 3°, <strong>do</strong> Art. 17 <strong>do</strong> Decreto 5.123/2004 <strong>de</strong>termina a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> comunicação imediata à Polícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> qualquer apreensão <strong>de</strong>arma por qualquer autori<strong>da</strong><strong>de</strong>. Entretanto, conforme observa<strong>do</strong> em vários <strong>de</strong>-


205poimentos e <strong>do</strong>cumentos, as polícias civis <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s não vêem cumprin<strong>do</strong>satisfatoriamente com a obrigação. Como o dispositivo encontra-se apenas noDecreto e não na lei, e não haven<strong>do</strong> sanção para seu <strong>de</strong>scumprimento, ocorrefalha no sistema <strong>de</strong> controle.Em resposta a algumas solicitações feitas pela <strong>CPI</strong>, a própria PolíciaFe<strong>de</strong>ral respon<strong>de</strong> com base em informações sobre apreensões <strong>de</strong> armas, orabasea<strong>da</strong> em um sistema i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> como SINPRO, ora se utilizan<strong>do</strong> <strong>do</strong> SI-NARM.Ficou <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> a duplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas, sem uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informações,evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> que os <strong>do</strong>is não estão interliga<strong>do</strong>s. Ficou comprova<strong>do</strong> através<strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento a essa <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> chefe <strong>do</strong> SINARM FERNANDO SEGÓVIA,que o SINARM não é um sistema ágil com relação a busca <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s estatísticos.Segun<strong>do</strong> o Secretário Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública LUIZ FERNANDOCORRÊA, hoje é utiliza<strong>do</strong> o projeto SINIVEM no combate ao crime <strong>de</strong> tráfico<strong>de</strong> drogas e armas, também segun<strong>do</strong> o secretário tal projeto foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>inicialmente com a parceria priva<strong>da</strong>, hoje sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> por alguns órgãospúblicos, <strong>de</strong>ntre eles a PRF que também é parceira no projeto. contu<strong>do</strong> muitosoutros órgãos que po<strong>de</strong>riam estar se utilizan<strong>do</strong> <strong>de</strong> tal ferramenta não estão,tais como as Secretarias <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s, bem como a PolíciaFe<strong>de</strong>ral. A SENASP colocou o acesso ao SINIVEM juntamente com o IN-FOSEG o que facilitará para os órgãos supracita<strong>do</strong>s, visto que o acesso aoINFOSEG é fácil.O projeto SINIVEM consiste basicamente em câmeras coloca<strong>da</strong>s estrategicamenteem postos <strong>da</strong> PRF e pedágios a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar com maior precisãoveículos utiliza<strong>do</strong>s no crime organiza<strong>do</strong>. A Polícia Fe<strong>de</strong>ral não é signatária<strong>do</strong> convênio. Segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>clarações <strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> MAURO SPÓSITO, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<strong>de</strong> Operações <strong>de</strong> Fronteira, ao jornal Correio Braziliense, 27/03/06, "asci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fronteiriças servem para escoar veículos furta<strong>do</strong>s e/ou rouba<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Brasil". É notório que os veículos furta<strong>do</strong>s e/ou rouba<strong>do</strong>s no Brasil servem <strong>de</strong>moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> troca para a aquisição <strong>de</strong> armas e drogas nos países vizinhos. Ficaum questionamento sobre o porquê <strong>da</strong> não participação <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral atéa presente <strong>da</strong>ta no sistema SINIVEM, eis que em auxilian<strong>do</strong> no combate a saí<strong>da</strong><strong>de</strong> veículos rouba<strong>do</strong>s/furta<strong>do</strong>s estaria agin<strong>do</strong> indiretamente na repressão aotráfico <strong>de</strong> armas.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator7. PROJETO DE LEI: Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s arts. 2.º, 9.º e 24, <strong>da</strong> Lei n.º10.826/2003, transferin<strong>do</strong> a competência para fiscalização <strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong> tiro e<strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> armas e munições, <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército para a PolíciaFe<strong>de</strong>ral.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)


206Altera a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s arts. 2.º, 9.º e24, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, transferin<strong>do</strong> acompetência para fiscalização <strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong>tiro e <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> armas e munições, <strong>do</strong>Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se ao art. 2.º, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, os seguintes incisos XII, XIII e XIV:“XII – autorizar e fiscalizar o comércio <strong>de</strong> armas e munições<strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>;XIII – autorizar e fiscalizar o funcionamento <strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong>tiro, inclusive o registro e porte <strong>de</strong> trânsito arma <strong>de</strong> fogo<strong>de</strong> atira<strong>do</strong>res.XIV – registrar e conce<strong>de</strong>r o porte <strong>de</strong> trânsito <strong>de</strong> arma <strong>de</strong>fogo para representantes estrangeiros em competição internacional<strong>de</strong> tiro realiza<strong>da</strong> no território nacional.”Art. 2.º. O art. 9.º, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2003, passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:“Art. 9.º. Compete ao Ministério <strong>da</strong> Justiça a autorização<strong>do</strong> porte <strong>de</strong> arma para os responsáveis pela segurança <strong>de</strong>ci<strong>da</strong>dãos estrangeiros em visita ou sedia<strong>do</strong>s no Brasil e,ao Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, nos termos <strong>do</strong> regulamento <strong>de</strong>staLei, o registro e a concessão <strong>de</strong> porte <strong>de</strong> trânsito <strong>de</strong>arma <strong>de</strong> fogo para coleciona<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res.”O art. 24, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003,passa a vigorar com a seguinte re<strong>da</strong>ção:“Art. 24. Excetua<strong>da</strong>s as atribuições a que se refere o art.2.º <strong>de</strong>sta Lei, compete ao Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército autorizare fiscalizar a produção, exportação, importação, <strong>de</strong>sembaraçoalfan<strong>de</strong>gário <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong>mais produtoscontrola<strong>do</strong>s, inclusive o registro e o porte <strong>de</strong> trânsito <strong>de</strong>arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res.”Art. 3.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOConforme verifica<strong>do</strong> em vários <strong>de</strong>poimentos presta<strong>do</strong>s nesta <strong>CPI</strong> por autori<strong>da</strong><strong>de</strong>sespecialistas em segurança pública, a fiscalização no comércio <strong>de</strong>armas e munições, bem como em clubes e estan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tiro, em território nacional,tem se mostra<strong>do</strong> ineficiente.Enten<strong>de</strong>mos que isso acontece por causa <strong>da</strong> dispari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> objetivosentre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> essencialmente civis <strong>do</strong>s clubes <strong>de</strong> tiro e <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong>


207armas e munição <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>, e a organização essencialmente militar <strong>do</strong>sórgãos <strong>de</strong> fiscalização pertencente à estrutura <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército. Acreditamosque, a atuação <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral nesses encargos permitirá um resulta<strong>do</strong>mais eficiente <strong>do</strong> que os atuais, mesmo porque, a fiscalização <strong>de</strong> clubes<strong>de</strong> tiro não difere significativamente <strong>da</strong> que o órgão já realiza nos cursos <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> vigilantes.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator8. PROJETO DE LEI: Acrescenta parágrafo ao art. 24, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003,<strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> que as armas <strong>do</strong>s acervos <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res <strong>de</strong>verão ser mecanicamenteineficientes para uso.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Acrescenta parágrafo ao art. 24, <strong>da</strong>Lei n.º 10.826/2003, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> que asarmas <strong>do</strong>s acervos <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res <strong>de</strong>verãoser mecanicamente ineficientes parauso.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se os seguintes parágrafo primeiro esegun<strong>do</strong> ao art. 24, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003:“§ 1.º. O mecanismo <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo pertencentes aoacervo <strong>do</strong>s coleciona<strong>do</strong>res serão obrigatoriamente modifica<strong>do</strong>sno senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> torná-las indisponíveis para o disparo.§ 2.º. A modificação a que se refere o § 1.º <strong>de</strong>verá ser a-prova<strong>da</strong> pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral.”Art. 2.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃODepoimentos presta<strong>do</strong>s nesta <strong>CPI</strong>, bem como casos investiga<strong>do</strong>s pelapolícia e acompanha<strong>do</strong>s pela <strong>CPI</strong>, mostram que a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> na fiscalizaçãojunto aos coleciona<strong>do</strong>res <strong>de</strong> armas fazem <strong>de</strong>sses ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras fontes <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio<strong>de</strong> armas e munições com <strong>de</strong>stino ao crime organiza<strong>do</strong>.


208Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator9. PROJETO DE LEI: Acrescenta inciso XII e parágrafo segun<strong>do</strong> ao art. 2.º, <strong>da</strong>Lei n.º 10.826/2003, atribuin<strong>do</strong> ao SINARM competência exclusiva paraautorizar e fiscalizar a recarga <strong>de</strong> munição <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porte leves.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Acrescenta inciso XII e parágrafo segun<strong>do</strong>ao art. 2.º, <strong>da</strong> Lei n.º 10.826/2003, a-tribuin<strong>do</strong> ao SINARM competência exclusivapara autorizar e fiscalizar a recarga <strong>de</strong> munição<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porte leves.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se os seguintes inciso XII e parágrafosegun<strong>do</strong>, renumeran<strong>do</strong> o parágrafo único, ao art. 2.º <strong>da</strong> Lei n.º 10.826, <strong>de</strong> 23<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003:“XII – autorizar o funcionamento e fiscalizar instalações <strong>de</strong>recarga <strong>de</strong> munição <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porte leves.”........................§ 2.º A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recarga <strong>de</strong> munição <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> porteleves é ve<strong>da</strong><strong>da</strong> em ambientes resi<strong>de</strong>nciais e <strong>de</strong> acessopúblico, sen<strong>do</strong> restrita a:I – clubes <strong>de</strong> tiro, <strong>de</strong> funcionamento autoriza<strong>do</strong> pelo órgãocompetente;II – fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> tiro, <strong>de</strong> funcionamento autoriza<strong>do</strong> peloórgão competente;III – órgãos <strong>de</strong> segurança pública, sob responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> respectivo diretor ou <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>;IV – empresas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> vigilantes.”Art. 2.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOA ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recarga pa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> grave precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> na fiscalização.Ao atira<strong>do</strong>r, por exemplo, é faculta<strong>da</strong> a aquisição <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> material, objetivan<strong>do</strong> a recarga durante to<strong>do</strong> o ano <strong>de</strong>sportivo.Há regulamentação esparsa sobre a matéria, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pólvoraque o atira<strong>do</strong>r tem permissão para adquirir, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cápsulas vazias <strong>de</strong>que po<strong>de</strong> dispor, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espoletas etc. São to<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s insumos,materiais <strong>de</strong> recarga. Só que esses materiais, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> não são <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mentecontrola<strong>do</strong>s e muitos <strong>de</strong>les são vendi<strong>do</strong>s abertamente nas lojas <strong>de</strong>


209armas, munições e artigos <strong>de</strong> caça e pesca, praticamente sem nenhum controle<strong>do</strong> balcão.Há registros <strong>de</strong> apreensões que evi<strong>de</strong>nciam esse <strong>de</strong>scontrole, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>atira<strong>do</strong>r, autoriza<strong>do</strong> a recarregar uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-<strong>de</strong>fini<strong>da</strong> paraseu treinamento, acabou por produzir munições para treinamentos <strong>de</strong> escolasou cursos sem a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> autorização e em número superior ao <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> em seucertifica<strong>do</strong>. Essa recarga foi realiza<strong>da</strong> sem a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> autorização e tampouco sesabe qual a procedência <strong>do</strong>s estojos (<strong>de</strong> uso restrito) que o mesmo se utilizoupara confeccioná-las. A matéria é trata<strong>da</strong> na Portaria n° 1024, <strong>de</strong> 04.12.1997,<strong>do</strong> DFPC/EB, Normas para Recarga <strong>de</strong> Munição, mas carece <strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>fiscalização, razão pela qual a Relatoria <strong>de</strong>sta <strong>CPI</strong> se <strong>de</strong>cidiu por estabelecernova sistemática para a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator10. PROJETO DE LEI: Acrescenta parágrafo ao art. 42, <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> ExecuçãoPenal, estabelecen<strong>do</strong> condições para a entrevista reserva<strong>da</strong> <strong>do</strong> preso com oseu advoga<strong>do</strong>.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Acrescenta parágrafo ao art. 42, <strong>da</strong>Lei <strong>de</strong> Execução Penal, estabelecen<strong>do</strong> condiçõespara a entrevista reserva<strong>da</strong> <strong>do</strong> presocom o seu advoga<strong>do</strong>.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se o seguinte parágrafo único ao art.42, <strong>da</strong> Lei n.º 7.210, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1984, (Lei <strong>de</strong> Execução Penal):“Parágrafo único. A entrevista pessoal e reserva<strong>da</strong> a quese refere o inciso IX será realiza<strong>da</strong> obrigatoriamente em<strong>de</strong>pendência exclusiva para esse fim, condiciona<strong>da</strong> a:I – apresentação <strong>de</strong> procuração legal, que <strong>de</strong>screva expressamenteas relações jurídicas entre o preso e seu advoga<strong>do</strong>;II - revista prévia <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>, com <strong>de</strong>tetor <strong>de</strong> metais eletrônico;III – revista prévia e posterior <strong>do</strong> preso, por quaisquermeios consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s pela diretoria <strong>do</strong> estabelecimentopenal.Art. 2.º. Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.


210JUSTIFICAÇÃOEm que pese a importância <strong>da</strong> atuação <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> na garantia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> direito, fatos recentes, em que esses profissionais têmsi<strong>do</strong> flagra<strong>do</strong>s distribuin<strong>do</strong> telefones celulares e outros itens proibi<strong>do</strong>s a posse<strong>do</strong>s presos pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s prisionais, apontam que integrantes <strong>da</strong> classeforam contamina<strong>do</strong>s pelos interesses espúrios <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>.Há mesmo registros <strong>de</strong> que marginais, se servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> corrupção e frau<strong>de</strong>sem exames vestibulares e concursos, vêm estruturan<strong>do</strong> um sistema <strong>de</strong>assessoria jurídica para criminosos, inclusive os reclusos em penitenciáriasconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> segurança máxima.Esse <strong>de</strong>svirtuamento <strong>da</strong> atuação <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> já não permite que esseprofissional seja consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um ci<strong>da</strong>dão acima <strong>de</strong> qualquer suspeita, comotem si<strong>do</strong> a tradição <strong>da</strong> carreira jurídica. É no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> prevenir os <strong>da</strong>nos queesses maus profissionais possam eventualmente causar ao sistema judicial epenitenciário nacionais, que nos levaram a apresentar esta proposição.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator11. PROJETO DE LEI: Responsabiliza penal e administrativamente o Diretor<strong>do</strong> Estabelecimento Penal on<strong>de</strong> for constata<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> qualquer aparelho <strong>de</strong>rádio-comunicação por preso.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Responsabiliza penal e administrativamenteo Diretor <strong>do</strong> Estabelecimento Penalon<strong>de</strong> for constata<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> qualquer aparelho<strong>de</strong> rádio-comunicação por preso.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se o seguinte parágrafo único ao art.87, <strong>da</strong> Lei n.º 7.210, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1984, (Lei <strong>de</strong> Execução Penal):“Parágrafo único. É ve<strong>da</strong><strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> qualquer aparelho<strong>de</strong> rádio-comunicação pelo preso em penitenciárias administra<strong>da</strong>spela União, pelos Esta<strong>do</strong>s ou pelo Distrito Fe<strong>de</strong>ral.Art. 2.º. Acrescente-se o seguinte artigo 350-A, ao texto<strong>do</strong> Decreto-Lei n.º 3.914 (Código Penal), <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1941:“Art. 350-A Omitir-se o Diretor <strong>de</strong> Penitenciária, em seu<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> ve<strong>da</strong>r ao preso recluso o acesso qualquer aparelho<strong>de</strong> rádio-comunicação, sem prejuízo <strong>da</strong>s sanções administrativasprevistas:Pena: <strong>de</strong>tenção, <strong>de</strong> três meses a um ano.”


211Art. 3.º. Esta Lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOA questão <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> rádio-comunicação emgeral, e <strong>de</strong> telefones celulares em particular, foi <strong>de</strong>bati<strong>da</strong> exaustivamente pela<strong>CPI</strong>. No <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s discussões constatou-se que tais instrumentos têm permiti<strong>do</strong>que, reitera<strong>da</strong>s vezes, li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> facções <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, mesmoreclusas em suas celas <strong>de</strong> segurança máxima, consigam articular seus integrantescom a eficiência necessária para que rebeliões eclo<strong>da</strong>m ou sejam suspensas,a apenas uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, em três importantes esta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>fe<strong>de</strong>ração.Como o uso <strong>de</strong> tais instrumentos <strong>de</strong> comunicação já sãoproibi<strong>do</strong>s pelas respectivas administrações prisionais, buscou-se apurar, asrazões <strong>de</strong>sses acontecimentos, que se mostraram capazes <strong>de</strong> frustrar to<strong>do</strong> umaparato legal e administrativo vigente, e resultan<strong>do</strong> em gravíssimas per<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> patrimônio público ao longo <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> uma semana <strong>de</strong> tumultosorquestra<strong>do</strong>s pelo crime organiza<strong>do</strong> em São Paulo.Ao <strong>final</strong> <strong>da</strong>s apurações, verificaram-se duas <strong>da</strong>s principaiscausas que resultam no acesso <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s presos a telefones celulares:a omissão <strong>da</strong> diretoria <strong>do</strong>s estabelecimentos no exercício <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>verlegal e o <strong>de</strong>scompromisso <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia celular com os interesses<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil em geral. Uns alegam a falta <strong>de</strong> recursos humanos emateriais para atuarem com eficiência na vigilância <strong>do</strong>s interna<strong>do</strong>s, outras alegamsua condição <strong>de</strong> empresas volta<strong>da</strong>s para o objetivo <strong>de</strong> administrar <strong>de</strong> formalucrativa a prestação <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> comunicação, o que exclui a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> negar o acesso à comunicação.Diante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos, esta <strong>CPI</strong> consi<strong>de</strong>ra que osmais altos interesses <strong>do</strong> Parlamento fe<strong>de</strong>ral coinci<strong>de</strong>m com o bem estar <strong>do</strong> povobrasileiro, acossa<strong>do</strong> que está por facções criminosas que agem à margem<strong>de</strong> qualquer controle, e não com as conveniências <strong>de</strong> segmentos que limitamsua atuação aos interesses próprios e imediatos.O exercício <strong>de</strong> função pública pressupõe a <strong>de</strong>terminaçãoem cumprir as normas legais e não o escapismo <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sculpas fáceis e irresponsáveis.A prestação <strong>de</strong> serviços públicos sob a forma <strong>de</strong> concessão,como é o caso <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia celular não se constitui empreben<strong>da</strong> graciosa e irresponsável, mas encargo a ser exerci<strong>do</strong> em estritocumprimento às normas emana<strong>da</strong>s pelo po<strong>de</strong>r público. Nas atuais circunstâncias,o po<strong>de</strong>r público já externou o seu entendimento <strong>de</strong> que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>comunicação assegura<strong>da</strong> pela telefonia móvel resulta em per<strong>da</strong>s irrecuperáveis<strong>de</strong> vi<strong>da</strong>s e em severos prejuízos para o erário público.São essas as razões que, no entendimento <strong>da</strong> Relatoria<strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, justificam a apresentação <strong>de</strong>sta proposição.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


21212. PROJETO DE LEI: Determina a instalação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> rastreamento <strong>de</strong>sinais eletromagnéticos em penitenciárias e dá outras providências.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Determina a instalação <strong>de</strong> sistemas<strong>de</strong> rastreamento <strong>de</strong> sinais eletromagnéticosem penitenciárias e dá outras providências.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Acrescente-se o seguinte parágrafo único ao art.87, <strong>da</strong> Lei n.º 7.210, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1984, (Lei <strong>de</strong> Execução Penal):“Parágrafo único. É obrigatória a instalação <strong>de</strong> sistemas<strong>de</strong> rastreamento <strong>de</strong> sinais eletromagnéticos em to<strong>da</strong>s aspenitenciárias administra<strong>da</strong>s pela União, pelos Esta<strong>do</strong>s oupelo Distrito Fe<strong>de</strong>ral, aptos a acusar e i<strong>de</strong>ntificar emissõesoriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> estações base <strong>de</strong> telefonia celular,na formaestabeleci<strong>da</strong> em regulamento.”Art. 2.º. As opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia celular cujos sinais forem<strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong>s estabelecimentos penais a que se refereo parágrafo único <strong>do</strong> art. 87, <strong>da</strong> Lei n.º 7.210, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1984, (Lei <strong>de</strong>Execução Penal), serão sanciona<strong>da</strong>s administrativamente na forma prevista emregulamento.Art. 3.º. Esta Lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOA questão <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> rádio-comunicação emgeral, e <strong>de</strong> telefones celulares em particular, foi <strong>de</strong>bati<strong>da</strong> exaustivamente pela<strong>CPI</strong>. No <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s discussões constatou-se que tais instrumentos têm permiti<strong>do</strong>que, reitera<strong>da</strong>s vezes, li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> facções <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, mesmoreclusas em suas celas <strong>de</strong> segurança máxima, consigam articular seus integrantescom a eficiência necessária para que rebeliões eclo<strong>da</strong>m ou sejam suspensas,a apenas uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>, em três importantes esta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>fe<strong>de</strong>ração.Como o uso <strong>de</strong> tais instrumentos <strong>de</strong> comunicação já sãoproibi<strong>do</strong>s pelas respectivas administrações prisionais, buscou-se apurar, asrazões <strong>de</strong>sses acontecimentos, que se mostraram capazes <strong>de</strong> frustrar to<strong>do</strong> umaparato legal e administrativo vigente, e resultan<strong>do</strong> em gravíssimas per<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> patrimônio público ao longo <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> uma semana <strong>de</strong> tumultosorquestra<strong>do</strong>s pelo crime organiza<strong>do</strong> em São Paulo.Ao <strong>final</strong> <strong>da</strong>s apurações, verificaram-se duas <strong>da</strong>s principaiscausas que resultam no acesso <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s presos a telefones celulares:a omissão <strong>da</strong> diretoria <strong>do</strong>s estabelecimentos no exercício <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>verlegal e o <strong>de</strong>scompromisso <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia celular com os interesses<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil em geral. Uns alegam a falta <strong>de</strong> recursos humanos emateriais para atuarem com eficiência na vigilância <strong>do</strong>s interna<strong>do</strong>s, outras alegamsua condição <strong>de</strong> empresas volta<strong>da</strong>s para o objetivo <strong>de</strong> administrar <strong>de</strong> formalucrativa a prestação <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> comunicação, o que exclui a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> negar o acesso à comunicação.


213Diante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos, esta <strong>CPI</strong> consi<strong>de</strong>ra que osmais altos interesses <strong>do</strong> Parlamento fe<strong>de</strong>ral coinci<strong>de</strong>m com o bem estar <strong>do</strong> povobrasileiro, acossa<strong>do</strong> que está por facções criminosas que agem à margem<strong>de</strong> qualquer controle, e não com as conveniências <strong>de</strong> segmentos que limitamsua atuação aos interesses próprios e imediatos.O exercício <strong>de</strong> função pública pressupõe a <strong>de</strong>terminaçãoem cumprir as normas legais e não o escapismo <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sculpas fáceis e irresponsáveis.A prestação <strong>de</strong> serviços públicos sob a forma <strong>de</strong> concessão,como é o caso <strong>da</strong>s opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia celular não se constitui empreben<strong>da</strong> graciosa e irresponsável, mas encargo a ser exerci<strong>do</strong> em estritocumprimento às normas emana<strong>da</strong>s pelo po<strong>de</strong>r público. Nas atuais circunstâncias,o po<strong>de</strong>r público já externou o seu entendimento <strong>de</strong> que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>comunicação assegura<strong>da</strong> pela telefonia móvel resulta em per<strong>da</strong>s irrecuperáveis<strong>de</strong> vi<strong>da</strong>s e em severos prejuízos para o erário público.São essas as razões que, no entendimento <strong>da</strong> Relatoria<strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, justificam a apresentação <strong>de</strong>sta proposição.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator13. PROJETO DE LEI: Tipifica o crime <strong>de</strong> Organização Criminosa e estabelecenormas para sua investigação e julgamento.PROJETO DE LEI Nº , DE 2006(Da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito Destina<strong>da</strong> a Investigar as OrganizaçõesCriminosas <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Tipifica o crime <strong>de</strong> Organização Criminosae estabelece normas para sua investigaçãoe julgamento.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Esta lei tipifica o crime <strong>de</strong> Organização Criminosae estabelece normas para sua investigação e julgamento.Art. 2º O Decreto-Lei 3.688, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1941,passa a vigorar acresci<strong>do</strong> <strong>do</strong> seguinte Art. 288 A:“ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


214Art. 288 A . Participar <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> pessoas que, emcontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> propósitos, se aliem na prática <strong>de</strong> crimese nas diversas formas <strong>de</strong> acobertamento <strong>do</strong>s mesmos efruição <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s, forman<strong>do</strong> estrutura corporativapara obtenção e distribuição <strong>de</strong> recursos financeiros ouvantagens <strong>de</strong> quaisquer natureza.Pena – Reclusão <strong>de</strong> 6 ( seis) a 12 ( <strong>do</strong>ze) anos.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem colabora, auxilia,divulga, incentiva, faz apologia ou se beneficia <strong>de</strong> qualquermo<strong>do</strong> <strong>da</strong> ação <strong>de</strong> organizações criminosas.§ 2º Aplica-se em <strong>do</strong>bro a pena àquele que utiliza méto<strong>do</strong>s<strong>de</strong> terrorismo no interesse <strong>de</strong> organizações criminosas.”Art. 3º À investigação e julgamento <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> OrganizaçãoCriminosa será <strong>da</strong><strong>da</strong> total priori<strong>da</strong><strong>de</strong>, observan<strong>do</strong>-se as seguintes regras:I - as autorizações judiciais para escuta telefônica po<strong>de</strong>mser <strong>da</strong><strong>da</strong>s por até 90 ( noventa) dias;II – haverá presunção relativa <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> patrimônio<strong>do</strong>s membros <strong>de</strong> organização criminosa, caben<strong>do</strong> seu imediato confisco;III – até a <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> origem <strong>do</strong> patrimônio, po<strong>de</strong> o julga<strong>do</strong>r<strong>de</strong>terminar o seqüestro cautelar <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os bens <strong>de</strong> réus <strong>de</strong> OrganizaçãoCriminosa;IV – as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais terão imediato acesso a to<strong>da</strong>sas informações telefônicas <strong>de</strong> interesse <strong>da</strong> investigação, inclusive localizaçãogeográfica <strong>de</strong> telefones móveis celulares;V – sigilo absoluto sobre as apurações oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> escutatelefônica, sob pena <strong>de</strong> crime funcional.Art. 5º O processo e julgamento <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s nestalei serão feitos por Varas Especializa<strong>da</strong>s em Organizações Criminosas.Parágrafo Único. As Varas <strong>do</strong> caput terão plantões permanentes<strong>de</strong> Juízes.


215Art. 6º . Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOAo <strong>final</strong> <strong>de</strong> seu processo investigatório, esta <strong>CPI</strong> tem comomissão constitucional apresentar soluções legislativas para as gravíssimasquestões que analisou. Tipificar o crime <strong>de</strong> Organizações Criminosas é essencialpara que se inicie um novo tempo <strong>de</strong> repressão a essa calami<strong>da</strong><strong>de</strong> socialque só fez crescer nos últimos anos.É preciso explicitar na Lei Penal, <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe tratamento diferencia<strong>do</strong>e muito mais grave, que beneficiar-se <strong>da</strong> ação <strong>de</strong> OrganizaçõesCriminosas é muito diferente <strong>do</strong> simples crime <strong>de</strong> quadrilha ou ban<strong>do</strong>. Procuramos<strong>de</strong>finir o que seja Organização Criminosa a partir <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> fenômenoem to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. A dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> conceitual é imensa, especialmente noque tange a não engessar <strong>de</strong>mais o tipo, possibilitan<strong>do</strong> que novas formas <strong>de</strong>atuação <strong>do</strong>s criminosos encontrem válvulas <strong>de</strong> escapeOptamos por criar <strong>de</strong>finição abrangente, que cremos serásuficientemente a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para nortear o julga<strong>do</strong>r na correta i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>fenômeno, sem prendê-lo a <strong>de</strong>finições muito pontuais. O que caracteriza asorganizações criminosas é a associação para a prática contínua <strong>de</strong> crimes,mas não só isso: ela se organiza em uma base corporativa, com distribuição <strong>de</strong>trabalho e funções e sempre visan<strong>do</strong> sua continui<strong>da</strong><strong>de</strong>, seja com a arreca<strong>da</strong>ção<strong>de</strong> mais recursos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> crime, seja com a lavagem <strong>do</strong> dinheiro, sejacom a obtenção <strong>de</strong> vantagens <strong>de</strong> quaisquer naturezas que garantam a sobrevivência<strong>da</strong> organização em si.Também propomos que qualquer pessoa que colabore ouse beneficie <strong>da</strong> atuação <strong>da</strong> organização criminosa tenha pena equivalente à <strong>do</strong>agente que efetivamente participa. Trata-se <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> mera conduta.Tipificamos, também, o terrorismo no interesse <strong>de</strong> organizaçõescriminosas, que se distingue <strong>da</strong>quele que ocorre por intenções políticas,e implicará no <strong>do</strong>bro <strong>da</strong> pena <strong>do</strong> caput.Sugerimos também diversas normas para possibilitarmaior agili<strong>da</strong><strong>de</strong> nas investigações e julgamento, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a sugestões recebi<strong>da</strong>s<strong>de</strong> inúmeras autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s que <strong>de</strong>puseram perante nossa Comissão.Cremos que a modificação legislativa aqui apresenta<strong>da</strong><strong>de</strong>ve ser sobremo<strong>do</strong> valiosa para que se crie uma efetiva reação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>ao avanço <strong>da</strong>s organizações criminosas, geran<strong>do</strong> sua conseqüente extinção.Por to<strong>do</strong> o exposto, conclamamos os Nobres Pares a a-provarem este Projeto.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nteDeputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


21614. PROJETO DE LEI: Tipifica o crime <strong>de</strong> uso ou porte <strong>de</strong> aparelho <strong>de</strong>comunicação clan<strong>de</strong>stino em presídio.PROJETO DE LEI N o , DE 2006(Da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito Destina<strong>da</strong> a Investigar as OrganizaçõesCriminosas <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Tipifica o crime <strong>de</strong> uso ou porte <strong>de</strong>aparelho <strong>de</strong> comunicação clan<strong>de</strong>stino empresídio.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Esta Lei tipifica o crime <strong>de</strong> uso ou porte <strong>de</strong> aparelho<strong>de</strong> comunicação clan<strong>de</strong>stino em presídio.Art. 2º O Decreto-Lei 2848, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1940,passa a vigorar acresci<strong>do</strong> <strong>do</strong> seguinte Art. 350 A“USO OU PORTE DE APARELHO DE COMUNICAÇÃOCLANDESTINOArt. 350 A . Utilizar ou portar aparelho <strong>de</strong> comunicaçãonão autoriza<strong>do</strong> em presídio.PENA – reclusão, <strong>de</strong> 4 a 8 anos, e multa”Art.3º . Esta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOAs ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s facções criminosas como o PCC, querecentemente criou ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro caos na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, têm como pilarnotoriamente conheci<strong>do</strong> a utilização <strong>de</strong> celulares em presídios.Nosso Projeto tipifica a conduta <strong>de</strong> usar ou portar celular,ou outros aparelhos <strong>de</strong> comunicação, clan<strong>de</strong>stinamente em presídio como crimecom pena gravíssima. Cremos que tal medi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sencorajará especialmenteas pessoas que visitam ou prestam assistência aos criminosos con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s <strong>de</strong>se arriscarem a receber pena pesa<strong>da</strong>.Para combater esse tipo <strong>de</strong> crime organiza<strong>do</strong> é essencialque se tomem to<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s possíveis para <strong>de</strong>sbaratar as quadrilhas. Crian<strong>do</strong>empecilhos para os colabora<strong>do</strong>res, estaremos arrancan<strong>do</strong> as raízes <strong>de</strong>ssasfacções criminosas e tornan<strong>do</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mais segura.


217Pelo exposto conclamamos nossos Nobres Pares a aprovarema medi<strong>da</strong>.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nteDeputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator15. PROJETO DE LEI: Cria obrigações para advoga<strong>do</strong> e tipifica a conduta <strong>de</strong>receptação qualifica<strong>da</strong>.PROJETO DE LEI Nº , DE 2006(Da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito Destina<strong>da</strong> a Investigar as OrganizaçõesCriminosas <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Cria obrigações para advoga<strong>do</strong> e tipificaa conduta <strong>de</strong> receptação qualifica<strong>da</strong>.O Congresso Nacional <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Esta Lei cria obrigações para advoga<strong>do</strong>s, modifican<strong>do</strong>o Estatuto <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil, e tipifica conduta <strong>de</strong> receptaçãoqualifica<strong>da</strong>.Art. 2º A Lei 8.906, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994, passa a vigoraracresci<strong>da</strong> <strong>do</strong> seguinte Art. 7º A :“Art. 7º A . São <strong>de</strong>veres <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>:I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a digni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> profissão, zelan<strong>do</strong> pelo seu caráter <strong>de</strong> essenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>e indispensabili<strong>da</strong><strong>de</strong>;II - atuar com <strong>de</strong>stemor, in<strong>de</strong>pendência, honesti<strong>da</strong><strong>de</strong>,<strong>de</strong>coro, veraci<strong>da</strong><strong>de</strong>, leal<strong>da</strong><strong>de</strong>, digni<strong>da</strong><strong>de</strong> e boa-fé;III - velar por sua reputação pessoal e profissional;IV - empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamentopessoal e profissional;V - contribuir para o aprimoramento <strong>da</strong>s instituições, <strong>do</strong>Direito e <strong>da</strong>s leis;VI - estimular a conciliação entre os litigantes, prevenin<strong>do</strong>,sempre que possível, a instauração <strong>de</strong> litígios;VII - aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;


218VIII - abster-se <strong>de</strong>:a) utilizar <strong>de</strong> influência in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>, em seu benefício ou <strong>do</strong>cliente;b) patrocinar interesses liga<strong>do</strong>s a outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s estranhasà advocacia, em quetambém atue;c) vincular o seu nome a empreendimentos <strong>de</strong> cunho manifestamenteduvi<strong>do</strong>so;d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, amoral, a honesti<strong>da</strong><strong>de</strong> e adigni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> pessoa humana;e) enten<strong>de</strong>r-se diretamente com a parte adversa que tenhapatrono constituí<strong>do</strong>, sem oassentimento <strong>de</strong>ste.IX - pugnar pela solução <strong>do</strong>s problemas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia epela efetivação <strong>do</strong>s seusdireitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.X – não aceitar em pagamento por seus serviços numeráriooriun<strong>do</strong> <strong>de</strong> atos ilícitos;XI – submeter-se à revista quan<strong>do</strong> em visita a estabelecimentos<strong>de</strong> segurança.”Art. 3º O Art. 180 <strong>do</strong> Decreto-Lei 2.848, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 1940, passa a vigorar acresci<strong>do</strong> <strong>do</strong> seguinte § 7º:“Art.180................................................................................§ 7º Incorre nas mesmas penas <strong>do</strong> § 1º o advoga<strong>do</strong> querecebe honorários que são resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> atos ilícitos. (NR)”Art. 4º . Esta Lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOA participação <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>s nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s OrganizaçõesCriminosas foi uma <strong>da</strong>s conclusões cabais <strong>de</strong>sta Comissão. O fenômenoé gravíssimo, visto que compromete profissão garanti<strong>do</strong>ra <strong>da</strong>s liber<strong>da</strong><strong>de</strong>sfun<strong>da</strong>mentais e que não po<strong>de</strong> ser macula<strong>da</strong> pela ação <strong>do</strong>s corruptores.É necessário lembrar que a profissão <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong> foi “eleita”para servir <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação entre presos que chefiam as organizaçõesque combatemos exatamente pela mobili<strong>da</strong><strong>de</strong>, facili<strong>da</strong><strong>de</strong> e relativa intocabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> que gozam os advoga<strong>do</strong>s. Chegamos a apurar algo impensável:membros <strong>da</strong>s quadrilhas cursam facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> direito e vão obter inscrição nosquadros <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil apenas para facilitar e proteger asações <strong>do</strong>s criminosos.


219Esta Comissão não <strong>de</strong>seja, <strong>de</strong> forma alguma, tolher a liber<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s, mas sim proteger os bons profissionais, pela puniçãoexemplar <strong>do</strong>s que <strong>de</strong>linqúem. Para isso, estamos propon<strong>do</strong> o presente Projeto,para que constem <strong>do</strong> Estatuto <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s não apenas o direito<strong>de</strong>stes, mas também seus <strong>de</strong>veres. Hoje os <strong>de</strong>veres <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s estão e-lenca<strong>do</strong>s apenas no Código <strong>de</strong> Ética e Disciplina, emiti<strong>do</strong> pela OAB como Resolução,mas sem força <strong>de</strong> lei. Cremos ser importante <strong>de</strong>ixar explicito na letra<strong>da</strong> Lei que advoga<strong>do</strong>s têm <strong>de</strong>veres, <strong>de</strong>ntre os quais recusar-se a receber honoráriosque sejam provenientes <strong>de</strong> atos ilícitos e submeter-se à revista quan<strong>do</strong>em visita a estabelecimentos <strong>de</strong> segurança.Cremos que esta mu<strong>da</strong>nça é fun<strong>da</strong>mental para que hajaaperfeiçoamento legislativo no tratamento <strong>do</strong> tema. A ninguém a lei dá apenasdireitos, mas também <strong>de</strong>veres, nota<strong>da</strong>mente quan<strong>do</strong> se tratam <strong>da</strong>queles quecolaboram com a administração <strong>da</strong> Justiça, pela própria natureza <strong>de</strong> sua profissão.Também propomos a tipificação <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> receptaçãoqualifica<strong>da</strong>, em que incorreria o advoga<strong>do</strong> que recebesse honorários provenientes<strong>de</strong> atos ilícitos.Por to<strong>do</strong> o exposto, e cren<strong>do</strong> ser essenciais estas mu<strong>da</strong>nças,conclamamos os Nobres Pares a aprovarem esta proposição.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nteDeputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator16. PROJETO DE LEI: Torna hedion<strong>do</strong> o homicídio <strong>de</strong> policiais e <strong>de</strong> agentespenitenciários.PROJETO DE LEI Nº , DE 2006(Da C.P.I. – Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Torna hedion<strong>do</strong> o homicídio <strong>de</strong>policiais e <strong>de</strong> agentes penitenciários.O CONGRESSO NACIONAL <strong>de</strong>creta:Art. 1 o Esta lei acrescenta o homicídio <strong>de</strong> policiais e <strong>de</strong>agentes penitenciários ao rol <strong>do</strong>s crimes hedion<strong>do</strong>s.


220Art. 2 o O artigo 1 o <strong>da</strong> Lei 8.072, <strong>de</strong> 1990, passa a vigoraracresci<strong>do</strong> <strong>do</strong> seguinte inciso:”VIII – homicídio, quan<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> contra policial ouagente penitenciário.”Art. 3 oEsta lei entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.JUSTIFICAÇÃOAs ações <strong>de</strong>flagra<strong>da</strong>s pela organização criminosa “PrimeiroComan<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital” – P.C.C., em maio <strong>de</strong>ste ano, contra policiais e agentespenitenciários <strong>de</strong>monstraram a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> agravar as penas (e a forma<strong>de</strong> seu cumprimento) <strong>da</strong>queles que matam agentes <strong>da</strong> segurança pública.Assim, esta Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito contacom o apoio <strong>do</strong>s membros <strong>de</strong>sta Casa no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> aprovação <strong>de</strong>ste projeto<strong>de</strong> lei.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nteDeputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelatorANEXO II - INDICAÇÕES1. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>a integração <strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros constantes <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong> SIGMA.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a integração <strong>do</strong>sca<strong>da</strong>stros constantes <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong>SIGMA.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a conveniência <strong>da</strong> integração <strong>do</strong>sca<strong>da</strong>stros constantes <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong> SIGMA.


221Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nteDeputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelatorINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a conveniência <strong>da</strong> integração<strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros constantes <strong>do</strong> SINARM e <strong>do</strong>SIGMA.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong> Defesa:Com a edição <strong>do</strong> Decreto n.º 5.123/2004, que regulamentou o Estatuto<strong>do</strong> Desarmamento, o Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército criou o Sistema <strong>de</strong> GerenciamentoMilitar <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SIGMA), a quem cabe ca<strong>da</strong>strar os registros <strong>da</strong>s armas institucionais<strong>de</strong> porte <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>s Polícias Militares, <strong>do</strong>s Corpos <strong>de</strong>Bombeiros Militares, <strong>da</strong> Agência Brasileira <strong>de</strong> Inteligência, <strong>do</strong> Gabinete <strong>de</strong> SegurançaInstitucional <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> República, bem como as armas pessoais<strong>do</strong>s integrantes <strong>de</strong>ssas instituições. São também ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s no SIGMA asarmas e munições exporta<strong>da</strong>s pela indústria nacional, as importa<strong>da</strong>s ou adquiri<strong>da</strong>spara fins <strong>de</strong> testes e avaliação técnica, as obsoletas e as pertencentes acoleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res, caça<strong>do</strong>res e representantes diplomáticos.Por ocasião <strong>da</strong> criação <strong>do</strong> SIGMA, há <strong>do</strong>is anos, era <strong>de</strong> se pressuporque ambos os sistemas, SINARM e SIGMA compartilhassem as informações<strong>de</strong> seus ca<strong>da</strong>stros a fim <strong>de</strong> permitir o rastreamento <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s nocometimento <strong>de</strong> infrações penais e o conseqüente levantamento <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>posse até a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> possível autor <strong>do</strong> crime. Este foi objetivo que levoua criação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is sistemas.No entanto, com o atraso <strong>da</strong> disponibilização <strong>da</strong>s informações constantes<strong>do</strong> SIGMA, frustraram-se até agora as expectativas <strong>de</strong> que o Estatuto <strong>do</strong>Desarmamento pu<strong>de</strong>sse exibir resulta<strong>do</strong>s concretos no aperfeiçoamento <strong>da</strong>persecução criminal e <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Foram numerosos os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> Delega<strong>do</strong>s nesta Comissão, quese ressentiram <strong>do</strong> malogro na <strong>final</strong>ização <strong>de</strong> uma iniciativa que se mostrava tãopromissora. Quaisquer <strong>da</strong>s armas ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s no SIGMA estão sujeitas a seremfurta<strong>da</strong>s, rouba<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>svia<strong>da</strong>s, usa<strong>da</strong>s no cometimento <strong>de</strong> crimes, comoficou bem <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em recente assalto a organização militar <strong>do</strong> Exército noRio <strong>de</strong> Janeiro, em que mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z fuzis foram surrupia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> patrimônio <strong>da</strong>quelaforça.Em exposição realiza<strong>da</strong> em 2005, nesta Comissão, o Diretor <strong>de</strong> Fiscalização<strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s estimava que essa interligação <strong>de</strong> sistemas eraiminente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte apenas <strong>de</strong> uma ligação física entre os prédios <strong>do</strong> Co-


222man<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército e <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Justiça. Mais um ano se passou, e o controle<strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo no País permanece incompleto, pa<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> <strong>da</strong>s antigas<strong>de</strong>ficiências. Crimes são pratica<strong>do</strong>s e a impuni<strong>da</strong><strong>de</strong> se perpetua. Foi emface <strong>de</strong> tais circunstâncias que ilustre Deputa<strong>do</strong> Paulo Pimenta, Relator <strong>de</strong>ssa<strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presente Indicação em seu Relatório Final.Sugerimos a V. Exª. que consi<strong>de</strong>re como prioritária a criação <strong>da</strong>s condiçõesadministrativas necessárias à imediata integração <strong>do</strong>s registros pertencentesaos ca<strong>da</strong>stros <strong>do</strong> SIGMA aos bancos <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> SINARM, completan<strong>do</strong>assim a criação <strong>de</strong> um sistema que foi concebi<strong>do</strong> como nacional em suaorigem, e que, no entanto, gerencia hoje apenas uma parte <strong>do</strong>s registros <strong>de</strong>armas no País.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente a to<strong>da</strong> aatenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator2. INDICAÇÃO: Sugere a conveniência <strong>da</strong> intensificação <strong>da</strong>s vistorias aduaneirasem merca<strong>do</strong>rias importa<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o ingresso clan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> fogo e munição no País.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a intensificação<strong>da</strong>s vistorias aduaneiras em merca<strong>do</strong>riasimporta<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o ingressoclan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e munição noPaís.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a intensificação <strong>da</strong>s vistorias aduaneirasem merca<strong>do</strong>rias importa<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o ingresso clan<strong>de</strong>stino<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e munição no País.


223Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a conveniência <strong>da</strong> intensificação<strong>da</strong>s vistorias aduaneiras em merca<strong>do</strong>riasimporta<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar o ingressoclan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e muniçãono País.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>:A <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> foi cria<strong>da</strong> ante a evidência <strong>do</strong> ingresso <strong>de</strong>quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s crescentes <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo clan<strong>de</strong>stinas que acabam nas mãos<strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, o que resulta em enorme prejuízo para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.No <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s audiências públicas com que os parlamentares <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>procuraram se informar sobre as dimensões <strong>do</strong> problema, assistimos a exposiçõesfeitas por funcionários diretamente envolvi<strong>do</strong>s com a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> aduaneiraem portos e aeroportos e ficamos preocupa<strong>do</strong>s com a relativa facili<strong>da</strong><strong>de</strong> comque os importa<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e munição conseguemburlar a fiscalização. Soubemos que a maioria <strong>do</strong>s aeroportos não dispõe <strong>de</strong><strong>de</strong>tetores por on<strong>de</strong> passem obrigatoriamente cargas e bagagem (vistoria <strong>de</strong>porão). Que os scanners <strong>de</strong> Raios X, adquiri<strong>do</strong>s há menos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, paravistoriar conteiners em portos e nas travessias terrestres no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul,estão inoperantes, ou por serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s obsoletos, ou por apresentarem<strong>de</strong>feitos técnicos, ou por carecerem <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra especializa<strong>da</strong> para operálos.Ficou-nos a impressão <strong>de</strong> que, uma vez que as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> apreensões<strong>de</strong> armas e munição são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s pequenas, quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong>scom o universo <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria que ingressa no País, a administração alfan<strong>de</strong>gárianão cogita <strong>de</strong> maiores esforços e investimentos para ampliar a fiscalizaçãonessa direção. Julgamos que tal entendimento como extremamente <strong>da</strong>nososaos interesses <strong>do</strong> povo brasileiro, pois ca<strong>da</strong> arma que ingressa <strong>de</strong>sautoriza<strong>da</strong>menteem território nacional põe em risco a vi<strong>da</strong> e a integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> umainfini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos, ao passo que ca<strong>da</strong> cartucho possui em potencial o po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> causar a morte <strong>de</strong> mais um brasileiro.Foi em face <strong>do</strong>s evi<strong>de</strong>ntes prejuízos que esta linha <strong>de</strong> ação po<strong>de</strong>ria representarpara a segurança pública, e diante <strong>da</strong> óbvia conveniência <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>sos esforços <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vam ser eficientemente direciona<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> privar o crime organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> espaço para realizar seus objetivos, que o ilustreDeputa<strong>do</strong> Paulo Pimenta, Relator <strong>de</strong>ssa <strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presenteIndicação em seu Relatório Final.


224Sugerimos, portanto, a V. Exª., em que pese a já reconheci<strong>da</strong> eficiênciacom que os órgãos aduaneiros exercem suas atribuições na fiscalização <strong>do</strong>ingresso <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias clan<strong>de</strong>stinas em território nacional, que suas operaçõessejam intensifica<strong>da</strong>s na medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> imenso <strong>da</strong>no que o acesso <strong>de</strong> armas emunições importa<strong>da</strong>s irregularmente pelo crime organiza<strong>do</strong> representa para asegurança <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente a to<strong>da</strong> aatenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator3. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>a permanência em vigor <strong>da</strong> Resolução n.º 17-CAMEX.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a permanência emvigor <strong>da</strong> Resolução n.º 17-CAMEX.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a permanência em vigor <strong>da</strong> Resoluçãon.º 17-CAMEX.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a permanência em vigor <strong>da</strong>Resolução n.º 17-CAMEX.


225Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>:A Resolução n.º 17-CAMEX foi edita<strong>da</strong> diante <strong>da</strong> lamentávelconstatação <strong>de</strong> que, por meio <strong>de</strong> expedientes irregulares, armas <strong>de</strong> fogo emunição exporta<strong>da</strong> pelas indústrias brasileiras (Forjas Taurus e CompanhiaBrasileira <strong>de</strong> Cartuchos) chegavam às mãos <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong>.A <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> foi cria<strong>da</strong> ante a evidência <strong>da</strong>ineficácia <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Público no emprego <strong>do</strong>s instrumentos institucionais <strong>de</strong> controle<strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições, o que vem permitin<strong>do</strong> o seu acesso pelo crimeorganiza<strong>do</strong>, e resultan<strong>do</strong> em enormes prejuízos para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.Ficou comprova<strong>do</strong>, no <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>s audiências públicascom que os parlamentares <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> procuraram se informar sobre as dimensões<strong>do</strong> problema, que a fronteira Brasil-Paraguai representa uma gran<strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> País ao acesso clan<strong>de</strong>stino <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> às armas e muniçõeslivremente comercia<strong>da</strong>s nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s paraguaias fronteiriças.Foram constata<strong>do</strong>s fortes indícios <strong>de</strong> que as merca<strong>do</strong>riasexporta<strong>da</strong>s pelas indústrias bélicas nacionais eram transporta<strong>do</strong>s por via terrestrepara o Paraguai e aí adquiri<strong>da</strong>s, no comércio varejista, por ci<strong>da</strong>dãos brasileirosque os levavam, em pequenos lotes, para as mãos <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> noRio <strong>de</strong> Janeiro em São Paulo. Esta foi a razão que <strong>de</strong>terminou a edição <strong>da</strong> Resoluçãon.º 17-CAMEX, que ve<strong>da</strong> a exportação <strong>de</strong> armas e munições brasileirasa países <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul e Caribe. Graças a essa feliz iniciativa, secouseuma <strong>da</strong>s mais importantes fontes <strong>de</strong> armas para o crime organiza<strong>do</strong>.No entanto, é sabi<strong>do</strong> que já se cogita <strong>de</strong> revogar aquelaResolução, em atendimento aos clamores <strong>da</strong>s indústrias <strong>de</strong> armas e com acomplacência <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, como ficou <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em seminário<strong>de</strong> indústrias <strong>de</strong> material <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, promovi<strong>do</strong> recentemente nesta Casa pelaComissão <strong>de</strong> Relações Exteriores e <strong>de</strong> Defesa Nacional.Enten<strong>de</strong>mos a revogação <strong>da</strong> Resolução n.º 17-CAMEXcomo extremamente <strong>da</strong>nosa aos interesses nacionais, pois seria mais umacontribuição para o agravamento <strong>do</strong> atual quadro <strong>de</strong> insegurança que assola asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. Mais <strong>de</strong> 40.000 brasileiros morrem a ca<strong>da</strong> ano, vítimas <strong>de</strong>homicídios cometi<strong>do</strong>s com arma <strong>de</strong> fogo. A análise estatística <strong>da</strong>s apreensões<strong>de</strong> armas em operações policiais apontam para uma incidência <strong>de</strong> quase 80%<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> origem nacional, o que atesta a permanência <strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong>correntes<strong>do</strong> <strong>de</strong>scontrole vigente anteriormente à vigência <strong>da</strong>quela norma legal.Revogá-la seria um retrocesso inominável. Seria um escárnio aos esforços institucionaisos quais, ain<strong>da</strong> que requeren<strong>do</strong> aperfeiçoamentos, vêm alcançan<strong>do</strong>vitórias significativas contra o po<strong>de</strong>r arma<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong>os mais altos interesses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mentea to<strong>da</strong> a atenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


2264. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>a autorização <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> diárias <strong>de</strong> estadia, alimentação e transportepara fiscais militares em serviço.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a autorização <strong>de</strong>pagamento <strong>de</strong> diárias <strong>de</strong> estadia, alimentaçãoe transporte para fiscais militares emserviço.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a autorização <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong>diárias <strong>de</strong> estadias e transporte para fiscais militares.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a autorização <strong>de</strong> pagamento<strong>de</strong> diárias <strong>de</strong> estadias e transporte para fiscaismilitares.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong> Defesa:No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s por esta Comissão, a partir <strong>da</strong> oitiva<strong>de</strong> numerosas exposições e <strong>de</strong>poimentos, bem como <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>cumental,concluiu-se que uma parte extremamente significativa <strong>do</strong> controle que oEsta<strong>do</strong> exerce sobre os <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições e explosivos:coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res, caça<strong>do</strong>res, comércio especializa<strong>do</strong>, clubes <strong>de</strong> tiro,usuários priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> explosivos.Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fiscalização é exerci<strong>da</strong> por fiscais militares, eventualmenteengenheiros militares <strong>do</strong> Exército, lota<strong>do</strong>s nos quadros <strong>do</strong>s serviços regionais<strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s, mas, em sua gran<strong>de</strong> maioria,oficiais subalternos pertencentes aos quadros <strong>da</strong>s organizações militares <strong>do</strong>Exército sedia<strong>da</strong>s nos mais distantes recantos <strong>do</strong> território nacional.Tem si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> que, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> tornar viável um programa <strong>de</strong> visitasminimamente freqüente, em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seis meses, os or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>de</strong><strong>de</strong>spesas, à míngua <strong>de</strong> recursos para sustentar as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> transporte e


227estadia <strong>do</strong>s fiscais <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s, aceitam que tais <strong>de</strong>spesas corram por conta<strong>da</strong>s pessoas ou <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s fiscaliza<strong>da</strong>s.Do que nos foi apresenta<strong>do</strong> em nossos trabalhos, é <strong>de</strong> se concluir queessa prática é extremamente <strong>da</strong>nosa à eficácia <strong>da</strong> fiscalização, uma vez que asvisitas ocorrem em <strong>da</strong>tas e horários <strong>de</strong> conhecimento prévio <strong>do</strong>s fiscaliza<strong>do</strong>s.Há que se presumir, inclusive, que essa relação promíscua entre fiscal e fiscaliza<strong>do</strong>possa levar a situações limite, <strong>de</strong>generan<strong>do</strong> em corrupção, assim extinguin<strong>do</strong>quaisquer possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> refrear os ímpetos <strong>de</strong> quem se serve <strong>da</strong>legislação especial referente à posse e uso <strong>de</strong> armas, munições e explosivospara <strong>da</strong>r vazão a práticas criminosas extremamente prejudiciais para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Foi em face <strong>do</strong>s evi<strong>de</strong>ntes prejuízos que esta prática corrente representapara a segurança pública, e diante <strong>da</strong> óbvia conveniência <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os esforços<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vam ser eficientemente direciona<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> privar ocrime organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> espaço para realizar seus objetivos, que o ilustre Deputa<strong>do</strong>Paulo Pimenta, Relator <strong>de</strong>ssa <strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presente Indicaçãoem seu Relatório Final.Temos conhecimento <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s orçamentárias que o Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>Exército enfrenta, o que se constitui em obstáculo relevante à implementação<strong>de</strong> um cronograma mais liberal em relação à previsão <strong>do</strong>s recursos necessáriosao pagamento <strong>da</strong>s diárias <strong>de</strong> transporte e estadia para os fiscais, mas respeitosamenteacreditamos que somente tal medi<strong>da</strong> po<strong>de</strong>rá assegurar a in<strong>de</strong>pendência<strong>do</strong>s fiscais militares para programar visitas inopina<strong>da</strong>s e realmenteeficazes na prevenção e na repressão <strong>do</strong>s ilícitos pratica<strong>do</strong>s pelas pessoas eenti<strong>da</strong><strong>de</strong>s sujeitas à fiscalização <strong>de</strong>sse Ministério.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente to<strong>da</strong> a a-tenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator5. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>a criação <strong>de</strong> Comissão Interparlamentar Conjunta <strong>do</strong> Mercosul.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> ComissãoInterparlamentar Conjunta <strong>do</strong> Mercosul.


228Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> trabalho noâmbito <strong>da</strong> Comissão Interparlamentar <strong>do</strong> Mercosul, objetivan<strong>do</strong> a propositura<strong>de</strong> normas comuns <strong>de</strong> combate ao contraban<strong>do</strong> na região <strong>da</strong> fronteira com oParaguai, em especial, o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a criação <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> trabalhono âmbito <strong>da</strong> Comissão InterparlamentarConjunta <strong>do</strong> Mercosul.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong>s Relações Exteriores:No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s por esta Comissão, a partir <strong>da</strong> oitiva<strong>de</strong> numerosas exposições e <strong>de</strong>poimentos, bem como <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>cumental,i<strong>de</strong>ntificou-se a gran<strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> região fronteiriça com o Paraguaino que se refere ao contraban<strong>do</strong> em geral e, especificamente, ao contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> munições.Em que pese os esforços, tanto <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, quanto <strong>da</strong> ReceitaFe<strong>de</strong>ral, a região se constitui em significativa rota para o tráfico <strong>da</strong>s armas e<strong>da</strong>s munições que chegam aos arsenais <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> nas principaisregiões metropolitanas <strong>do</strong> País. Há consenso nesta Comissão, <strong>de</strong> que parte <strong>do</strong>insucesso <strong>de</strong>ssas instituições na repressão eficiente <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>scaminho<strong>de</strong>corre <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> uma política comum entre os <strong>do</strong>is países. É nessesenti<strong>do</strong> que se concluiu pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> que se provi<strong>de</strong>nciem instrumentoslegais e procedimentais eficazes no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reprimir uma práticacriminosa que traz prejuízos para as duas nações.Em face <strong>de</strong> tais circunstâncias, e diante <strong>da</strong> óbvia conveniência <strong>de</strong> queto<strong>do</strong>s os esforços <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vam ser eficientemente direciona<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> privar o crime organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> espaço para realizar seus objetivos, que o ilustreDeputa<strong>do</strong> Paulo Pimenta, Relator <strong>de</strong>ssa <strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presenteIndicação em seu Relatório Final.Acreditamos que a criação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> âmbito <strong>da</strong>Comissão Interparlamentar Conjunta <strong>do</strong> Mercosul, será uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>alcance <strong>da</strong> discussão <strong>de</strong> novos méto<strong>do</strong>s e novas normas legais, que a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>sem comum acor<strong>do</strong> entre as partes, resultariam em enorme contribuição para aeficácia <strong>da</strong> fiscalização e o controle <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias através <strong>da</strong> fronteira,minimizan<strong>do</strong> assim as lacunas <strong>de</strong> que se servem os criminosos para burlara legislação e os interesses soberanos <strong>de</strong> ambos os países.


229Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente to<strong>da</strong> a a-tenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator6. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>o encaminhamento <strong>de</strong> requerimento à Comissão Consultiva prevista naConvenção Interamericana contra a fabricação e o tráfico ilícitos <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>fogo, munições e outros materiais correlatos, visan<strong>do</strong> maior cooperação entreos Esta<strong>do</strong>s signatários no combate ao contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> o encaminhamento<strong>de</strong> requerimento à Comissão Consultivaprevista na Convenção Interamericana contraa fabricação e o tráfico ilícitos <strong>de</strong> armas<strong>de</strong> fogo, munições e outros materiais correlatos,visan<strong>do</strong> maior cooperação entre osEsta<strong>do</strong>s signatários no combate ao contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> o encaminhamento <strong>de</strong> requerimentoà Comissão Consultiva prevista na Convenção Interamericana contra a fabricaçãoe o tráfico ilícitos <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições e outros materiais correlatos,visan<strong>do</strong> à maior cooperação entre os Esta<strong>do</strong>s signatários no combate aocontraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere o encaminhamento <strong>de</strong> requerimentoà Comissão Consultiva prevista naConvenção Interamericana contra a fabrica-


230ção e o tráfico ilícitos <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo,munições e outros materiais correlatos, visan<strong>do</strong>à maior cooperação entre os Esta<strong>do</strong>ssignatários no combate ao contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong>armas e <strong>de</strong> munições.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong>s Relações Exteriores:No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s por esta Comissão, a partir <strong>da</strong> oitiva<strong>de</strong> numerosas exposições e <strong>de</strong>poimentos, bem como <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>cumental,i<strong>de</strong>ntificou-se a gran<strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> região fronteiriça com o Paraguaino que se refere ao contraban<strong>do</strong> em geral e, especificamente, ao contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> munições.Em que pese os esforços, tanto <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, quanto <strong>da</strong> ReceitaFe<strong>de</strong>ral, a região se constitui em significativa rota para o tráfico <strong>da</strong>s armas e<strong>da</strong>s munições que chegam aos arsenais <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> nas principaisregiões metropolitanas <strong>do</strong> País. Há consenso nesta Comissão, <strong>de</strong> que parte <strong>do</strong>insucesso <strong>de</strong>ssas instituições na repressão eficiente <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>scaminho<strong>de</strong>corre <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> uma política comum entre os <strong>do</strong>is países. É nessesenti<strong>do</strong> que se concluiu pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> que se provi<strong>de</strong>nciem instrumentoslegais e procedimentais eficazes no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reprimir uma práticacriminosa que traz prejuízos para as duas nações.Em face <strong>de</strong> tais circunstâncias, e diante <strong>da</strong> óbvia conveniência <strong>de</strong> queto<strong>do</strong>s os esforços <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vam ser eficientemente direciona<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> privar o crime organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> espaço para realizar seus objetivos, que o ilustreDeputa<strong>do</strong> Paulo Pimenta, Relator <strong>de</strong>ssa <strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presenteIndicação em seu Relatório Final.Acreditamos como oportuna e conveniente a iniciativa <strong>de</strong> que se provoquea atuação <strong>da</strong> Comissão Consultiva prevista na Convenção Interamericanacontra a fabricação e o tráfico ilícitos <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições, explosivos eoutros materiais correlatos, visan<strong>do</strong>, entre outras coisas, à maior cooperação<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s signatários no combate ao contraban<strong>do</strong>. Enten<strong>de</strong>mos que estaserá uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance na discussão <strong>de</strong> novos méto<strong>do</strong>s e novasnormas legais, que a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s em comum acor<strong>do</strong> entre as partes, resultariamem enorme contribuição para a eficácia <strong>da</strong> fiscalização e o controle <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong>merca<strong>do</strong>rias através <strong>da</strong> fronteira, minimizan<strong>do</strong> assim as lacunas <strong>de</strong> que se servemos criminosos para burlar a legislação e os interesses soberanos <strong>de</strong> ambosos países.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente to<strong>da</strong> a a-tenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


2317. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>a promoção <strong>de</strong> reuniões conjuntas com autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, judiciárias, <strong>de</strong>membros <strong>do</strong> Ministério Público e <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> sejam discuti<strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças na legislação vigente relaciona<strong>da</strong> com a fiscalização e controle <strong>de</strong>armas e munições na região <strong>de</strong> fronteira com o Paraguai.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a promoção <strong>de</strong> reuniõesconjuntas com autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais,judiciárias, <strong>de</strong> membros <strong>do</strong> Ministério Públicoe <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> sejam discuti<strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças na legislação vigente relaciona<strong>da</strong>com a fiscalização e controle <strong>de</strong>armas e munições na região <strong>de</strong> fronteiracom o Paraguai.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a promoção <strong>de</strong> reuniões conjuntascom autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, judiciárias, <strong>de</strong> membros <strong>do</strong> Ministério Público e <strong>da</strong>Receita Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> sejam discuti<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças na legislação vigente relaciona<strong>da</strong>com a fiscalização e controle <strong>de</strong> armas e munições na região <strong>de</strong> fronteiracom o Paraguai.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a promoção <strong>de</strong> reuniões conjuntascom autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, judiciárias,<strong>de</strong> membros <strong>do</strong> Ministério Público e <strong>da</strong> ReceitaFe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> sejam discuti<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nçasna legislação vigente relaciona<strong>da</strong>com a fiscalização e controle <strong>de</strong> armas emunições na região <strong>de</strong> fronteira com o Paraguai.Excelentíssima Senhora Ministra <strong>da</strong> Casa Civil <strong>da</strong> Presidência<strong>da</strong> República:No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s por esta Comissão, a partir <strong>da</strong> oitiva<strong>de</strong> numerosas exposições e <strong>de</strong>poimentos, bem como <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>cumen-


232tal, i<strong>de</strong>ntificou-se a gran<strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> região fronteiriça com o Paraguaino que se refere ao contraban<strong>do</strong> em geral e, especificamente, ao contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> munições.Em que pese os esforços, tanto <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, quanto <strong>da</strong> ReceitaFe<strong>de</strong>ral, a região se constitui em significativa rota para o tráfico <strong>da</strong>s armas e<strong>da</strong>s munições que chegam aos arsenais <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> nas principaisregiões metropolitanas <strong>do</strong> País.Há consenso nesta Comissão, <strong>de</strong> que parte <strong>do</strong> insucesso <strong>de</strong>ssas instituiçõesna repressão eficiente <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>scaminho <strong>de</strong>corre <strong>da</strong> falta<strong>de</strong> uma política comum entre os órgãos públicos que atuam na fiscalização econtrole <strong>da</strong>s armas e munições que transitam entre os <strong>do</strong>is países.Embora as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, judiciárias e os membros <strong>do</strong> MinistérioPúblico e <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral atuem satisfatoriamente <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s normas <strong>de</strong>suas respectivas instituições, enten<strong>de</strong>mos que os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seus esforçosconjuntos seriam mais expressivos se fossem coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s em torno <strong>de</strong> umobjetivo comum.É nesse senti<strong>do</strong> que se concluiu pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> que seprovi<strong>de</strong>nciem instrumentos legais e procedimentais eficazes no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reprimiruma prática criminosa que traz prejuízos para as duas nações vizinhas.Em face <strong>de</strong> tais circunstâncias, e diante <strong>da</strong> óbvia conveniência <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s osesforços <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vam ser eficientemente direciona<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> privaro crime organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> espaço para realizar seus objetivos, que o ilustre Deputa<strong>do</strong>Paulo Pimenta, Relator <strong>de</strong>ssa <strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presente Indicaçãoem seu Relatório Final.Acreditamos, portanto, como oportuno e conveniente que se promovamreuniões entre os integrantes <strong>da</strong>quelas instituições, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, maisque trabalhar la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>, trabalhem em conjunto, enfrentan<strong>do</strong> assim a crescentecapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> organização <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> pelos criminosos. Enten<strong>de</strong>mosque esta será uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance na discussão <strong>de</strong> novos méto<strong>do</strong>se novas normas legais, que, a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s em comum acor<strong>do</strong> entre as instituições,resultariam em enorme contribuição para a eficácia <strong>da</strong> fiscalização e o controle<strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias através <strong>da</strong> fronteira, minimizan<strong>do</strong> assim as lacunas <strong>de</strong>que se servem os criminosos para burlar a legislação e os interesses soberanos<strong>de</strong> ambos os países.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente to<strong>da</strong> a a-tenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator


2338. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>a criação <strong>de</strong> uma convenção <strong>de</strong> cooperação com a Bolívia e o Peru, paracombater o crime organiza<strong>do</strong> e o tráfico <strong>de</strong> armas, drogas e entorpecentes.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> umaconvenção <strong>de</strong> cooperação com a Bolívia e oPeru, para combater o crime organiza<strong>do</strong> e otráfico <strong>de</strong> armas, drogas e entorpecentes.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> uma convenção <strong>de</strong>cooperação com a Bolívia e o Peru, para combater o crime organiza<strong>do</strong> e o tráfico<strong>de</strong> armas, drogas e entorpecentes.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a criação <strong>de</strong> uma convenção<strong>de</strong> cooperação com a Bolívia e o Peru, paracombater o crime organiza<strong>do</strong> e o tráfico <strong>de</strong>armas, drogas e entorpecentes.Excelentíssima Senhora Ministra <strong>da</strong> Casa Civil <strong>da</strong> Presidência<strong>da</strong> República:No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s por esta Comissão, a partir <strong>da</strong> oitiva<strong>de</strong> numerosas exposições e <strong>de</strong>poimentos, bem como <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>cumental,i<strong>de</strong>ntificou-se a gran<strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> região fronteiriça com a Bolívia eo Peru, no que se refere ao contraban<strong>do</strong> em geral e, especificamente, ao contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong> munições.Em que pese os esforços, tanto <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, quanto <strong>da</strong> ReceitaFe<strong>de</strong>ral, a região se constitui em significativa rota para o tráfico <strong>da</strong>s armas e<strong>da</strong>s munições que chegam aos arsenais <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong> nas principaisregiões metropolitanas <strong>do</strong> País.Há consenso nesta Comissão, <strong>de</strong> que parte <strong>do</strong> insucesso <strong>de</strong>ssas instituiçõesna repressão eficiente <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>scaminho <strong>de</strong>corre <strong>da</strong> falta


234<strong>de</strong> uma política comum entre os órgãos públicos que atuam na fiscalização econtrole <strong>da</strong>s armas e munições que transitam entre os três países envolvi<strong>do</strong>s.Embora as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, judiciárias e os membros <strong>do</strong> MinistérioPúblico e <strong>da</strong> Receita Fe<strong>de</strong>ral atuem satisfatoriamente <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s normas <strong>de</strong>suas respectivas instituições, enten<strong>de</strong>mos que os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seus esforçosconjuntos seriam mais expressivos se fossem coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s em torno <strong>de</strong> umobjetivo comum, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelas nações soberanas diretamente interessa<strong>da</strong>s narepressão aos atos ilícitos pratica<strong>do</strong>s por traficantes internacionais <strong>de</strong> armas,drogas e entorpecentes.É nesse senti<strong>do</strong> que se concluiu pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> que seprovi<strong>de</strong>nciem instrumentos legais e procedimentais eficazes no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reprimiruma prática criminosa que traz prejuízos para as duas nações vizinhas.Em face <strong>de</strong> tais circunstâncias, e diante <strong>da</strong> óbvia conveniência <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s osesforços <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vam ser eficientemente direciona<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> privaro crime organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> espaço para realizar seus objetivos, que o ilustre Deputa<strong>do</strong>Paulo Pimenta, Relator <strong>de</strong>ssa <strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presente Indicaçãoem seu Relatório Final.Acreditamos, portanto, como oportuna e conveniente que se promovamreuniões entre os integrantes <strong>da</strong>quelas instituições, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, maisque trabalhar la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>, trabalhem em conjunto, enfrentan<strong>do</strong> assim a crescentecapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> organização <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> pelos criminosos. Enten<strong>de</strong>mosque esta será uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance na discussão <strong>de</strong> novos méto<strong>do</strong>se novas normas legais, que, a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s em comum acor<strong>do</strong> entre as instituições,resultariam em enorme contribuição para a eficácia <strong>da</strong> fiscalização e o controle<strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias através <strong>da</strong> fronteira, minimizan<strong>do</strong> assim as lacunas <strong>de</strong>que se servem os criminosos para burlar a legislação e os interesses soberanos<strong>de</strong> ambos os países.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente to<strong>da</strong> a a-tenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator9. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>r Executivo, sugerin<strong>do</strong>a implementação <strong>de</strong> programa que avalie a situação <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s a penas<strong>de</strong> reclusão, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> e provi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a libertação <strong>da</strong>queles que játenham cumpri<strong>do</strong> a respectiva pena.REQUERIMENTO(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Po<strong>de</strong>rExecutivo, sugerin<strong>do</strong> a implementação<strong>de</strong> programa que avalie a situação <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>sa penas <strong>de</strong> reclusão, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>


235Senhor Presi<strong>de</strong>nte:e provi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a libertação <strong>da</strong>queles quejá tenham cumpri<strong>do</strong> a respectiva pena.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação anexa, sugerin<strong>do</strong> a implementação <strong>de</strong> programa queavalie a situação <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s a penas <strong>de</strong> reclusão, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> e provi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong>a libertação <strong>da</strong>queles que já tenham cumpri<strong>do</strong> as respectivas penas.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.DEPUTADO MORONI TORGANPRESIDENTE DA <strong>CPI</strong>DEPUTADO PAULO PIMENTARELATORINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> )Sugere a implementação <strong>de</strong> programaque avalie a situação <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s apenas <strong>de</strong> reclusão, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> e provi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong>a libertação <strong>da</strong>queles que já tenhamcumpri<strong>do</strong> as respectivas penas.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Justiça:No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s por esta Comissão, a partir <strong>da</strong> oitiva<strong>de</strong> numerosas exposições e <strong>de</strong>poimentos, bem como <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>cumental,constatou-se a existência <strong>de</strong> situações em que presos permanecem emreclusão apesar <strong>de</strong> já <strong>de</strong>corri<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> a que foram con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s. Tal aconteceem razão <strong>do</strong> <strong>de</strong>scontrole <strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>stros <strong>do</strong>s reclusos em parte <strong>do</strong>s estabelecimentospenais <strong>do</strong> Brasil.Essa é uma circunstância que, além <strong>de</strong> in<strong>de</strong>sculpavelmente injusta,compromete o Esta<strong>do</strong> brasileiro em sua credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> no cumprimento <strong>da</strong>s leisvigentes. Não raras vezes, esses fatos são lança<strong>do</strong>s contra as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s penitenciáriase judiciárias, como argumentos para reações violentas e criminosas,na forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobediência civil que <strong>de</strong>genera em rebeliões e ações terroristas.É evi<strong>de</strong>nte que o Esta<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> se conformar e ser con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntecom atos criminosos, qualquer que sejam os argumentos alega<strong>do</strong>s em sua <strong>de</strong>fesa.Tais atos são criminosos, ilegais, pratica<strong>do</strong>s em prejuízo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<strong>do</strong> patrimônio público e <strong>da</strong> credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> pública. Não há e nãopo<strong>de</strong> haver quaisquer contemporizações a esse respeito. No entanto, enten<strong>de</strong>mosque a perpetuação <strong>de</strong>ssas situações implicam sérios riscos para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>e o Esta<strong>do</strong>. Em primeiro lugar, submete-se o preso injustiça<strong>do</strong> aos riscosinerentes ao ambiente carcerário, reconheci<strong>da</strong>mente violento. Em segun<strong>do</strong>


236lugar, a administração pública se expõe a reparações civis pelos <strong>da</strong>nos e prejuízoscausa<strong>do</strong>s aos presos in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente encarcera<strong>do</strong>s. Em terceiro lugar, ficamcomprometi<strong>da</strong>s vagas prisionais <strong>de</strong> que o Esta<strong>do</strong> precisa <strong>de</strong>sespera<strong>da</strong>mentepara fazer cumprir man<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> prisão pen<strong>de</strong>ntes. Em quarto lugar,como já foi aponta<strong>do</strong>, caracteriza-se uma situação <strong>de</strong> injustiça que contribuipara agravar o quadro <strong>de</strong> violência carcerária.É nesse senti<strong>do</strong> que se concluiu pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> que seprovi<strong>de</strong>nciem instrumentos legais e procedimentais eficazes no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitarque perdure a ocorrência <strong>de</strong> situações tão constrange<strong>do</strong>ras. Em face <strong>de</strong> taiscircunstâncias, e diante <strong>da</strong> óbvia conveniência <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os esforços <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vam ser eficientemente direciona<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> privar o crimeorganiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> espaço para realizar seus objetivos, que o ilustre Deputa<strong>do</strong> PauloPimenta, Relator <strong>de</strong>ssa <strong>CPI</strong>, se <strong>de</strong>cidiu a incluir a presente Indicação em seuRelatório Final.Na certeza <strong>de</strong> que nossa sugestão será avalia<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> os mais altosinteresses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, agra<strong>de</strong>cemos antecipa<strong>da</strong>mente to<strong>da</strong> a a-tenção que V. Exª. <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r em sua análise.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator10. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Ministério <strong>da</strong> Justiça,relativa à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sigilo em investigações <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>organizações criminosas.REQUERIMENTO(Da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito Destina<strong>da</strong> a Investigar as OrganizaçõesCriminosas <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Ministério<strong>da</strong> Justiça, relativa à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> sigilo em investigações <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>organizações criminosas.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação em anexo, sugerin<strong>do</strong> ao Ministério <strong>da</strong> Justiça a a<strong>do</strong>-


237ção <strong>de</strong> medias garanti<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> sigilo em investigação <strong>de</strong> organizações criminosas.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelatorINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito Destina<strong>da</strong> a Investigar as OrganizaçõesCriminosas <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Sugere ao Ministério <strong>da</strong> Justiça a a-<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s garanti<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> sigilo nainvestigação <strong>de</strong> organizações criminosas emaior celeri<strong>da</strong><strong>de</strong> na construção e aparelhamento<strong>de</strong> presídios fe<strong>de</strong>rais.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong> Justiça:A Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a investigara atuação <strong>da</strong>s organizações criminosas <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas chega à conclusão<strong>de</strong> seus trabalhos com uma recomen<strong>da</strong>ção que reputa imprescindível: aa<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s muito mais eficazes e enérgicas que as atualmente emprática para garantir o sigilo nas investigações relativas à atuação <strong>da</strong>s organizaçõescriminosas.Durante to<strong>da</strong> esta investigação parlamentar sentimos queas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policias estão <strong>de</strong>sprepara<strong>da</strong>s para garantir o sigilo absoluto <strong>da</strong>sinvestigações, muitas vezes colaboran<strong>do</strong> para que ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> retaliação <strong>da</strong>sorganizações criminosas aconteçam, inclusive <strong>de</strong> maneira espetacular, comoocorreu no ano corrente no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Para que o combate a essas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s seja realmente e-ficiente, é preciso que muitas medias sejam toma<strong>da</strong>s administrativamente, entreas quais sugerimos:- preparação <strong>de</strong> policiais em cursos específicos sobre aação <strong>de</strong> organizações criminosas e seu modus operandi- preparação <strong>de</strong> policias para li<strong>da</strong>r com a imprensa;


238- a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s disciplinares mais rígi<strong>da</strong>s contraos que violarem o sigilo <strong>da</strong>s investigações;- que se evitem sempre que possível a divulgação <strong>de</strong>conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s escutas telefônicas, a fim <strong>de</strong> não prejudicaro resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s investigações. Muitas vezes adivulgação pela imprensa alerta os criminosos, quemodificam seus méto<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> frustrar os méto<strong>do</strong>s<strong>de</strong> apuração policial. Tal orientação <strong>de</strong>ve ser <strong>da</strong><strong>da</strong> nasAca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> Polícia e nas Escolas <strong>da</strong> Magistratura eMinistério Público;- que se acelere a construção e equipamento <strong>de</strong> presídiosfe<strong>de</strong>rais, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s por esta <strong>CPI</strong> vitais para ocombate à ação <strong>da</strong>s Organizações Criminosas.Estamos certos <strong>de</strong> que a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>ssas medi<strong>da</strong>s colaborarásobremo<strong>do</strong> para que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira triunfe na luta pela segurançae paz social.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator11. INDICAÇÃO: Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Ministério <strong>da</strong>sComunicações, relativa a instruções à ANATEL sobre investigação <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>pregressa <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s que li<strong>da</strong>rão com <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> sigilo telefônico.REQUERIMENTO(Da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito Destina<strong>da</strong> a Investigar as OrganizaçõesCriminosas <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Senhor Presi<strong>de</strong>nte:Requer o envio <strong>de</strong> Indicação ao Ministério<strong>da</strong>s Comunicações, relativa a instruçõesà ANATEL sobre investigação <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>pregressa <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s que li<strong>da</strong>rão com<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> sigilo telefônico.Nos termos <strong>do</strong> art. 113, inciso I e § 1 o , <strong>do</strong> Regimento Interno<strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, requeiro a V. Exª. seja encaminha<strong>da</strong> ao Po<strong>de</strong>rExecutivo a Indicação em anexo, sugerin<strong>do</strong> ao Ministério <strong>da</strong>s Comunica-


239ções que <strong>de</strong>termine regras para a ANATEL investigar a vi<strong>da</strong> pregressa <strong>de</strong> funcionáriosque li<strong>da</strong>rão com <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> sigilo telefônico.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelatorINDICAÇÃO N o , DE 2006(Da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito Destina<strong>da</strong> a Investigar as OrganizaçõesCriminosas <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>)Sugere ao Ministério <strong>da</strong>s Comunicaçõesque <strong>de</strong>termine regras para a ANATELinvestigar a vi<strong>da</strong> pregressa <strong>de</strong> funcionáriosque li<strong>da</strong>rão com <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> sigilo telefônico.Excelentíssimo Senhor Ministro <strong>da</strong>s Comunicações:No curso <strong>da</strong> investigação parlamentar a que proce<strong>de</strong>mos,mostrou-se fenômeno preocupante o fato <strong>de</strong> que a as organizações criminosasestão esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> seus tentáculos para tentar cooptar e corromper to<strong>da</strong>s asinstituições que possam contribuir para sua extinção.No caso que se refere à área <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>sse Ministério,cremos que a ANATEL <strong>de</strong>va ser preveni<strong>da</strong> para criar mecanismos que impeçamo que já vem acontecen<strong>do</strong>: que as organizações criminosas infiltrempessoas <strong>de</strong> sua confiança em cargos nas telefônicas, a fim <strong>de</strong> acobertarem oufalsearem <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> investigação resultante <strong>da</strong> quebra <strong>de</strong> sigilo telefônico ou <strong>de</strong>escutas telefônicas.Assim, sugerimos que to<strong>da</strong>s as empresas <strong>de</strong> telefonia <strong>do</strong>país recebam instruções sobre méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> pregressa <strong>de</strong>emprega<strong>do</strong>s, a fim <strong>de</strong> evitar a infiltração <strong>de</strong> agentes <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, quejá estão tentan<strong>do</strong> evitar as escutas telefônicas e frustrar as investigações policiais.Contamos com sua pronta atuação para extinguirmos asações <strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>, em prol <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> segura e em paz.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANDeputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTA


240Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>RelatorANEXO IIIREQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES A MINISTRO DE ESTADOREQUERIMENTO: Solicita o encaminhamento <strong>de</strong> requerimento <strong>de</strong> informaçõesao Sr. Ministro <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Defesa a respeito <strong>do</strong> acesso <strong>de</strong> Parlamentares<strong>de</strong>sta Casa aos <strong>da</strong><strong>do</strong>s referentes às exportações <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> muniçõespelas empresas nacionais fabricantes <strong>de</strong> material bélico.COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO – TRÁFICO DEARMASREQUERIMENTOSenhor Presi<strong>de</strong>nte:Solicita o encaminhamento <strong>de</strong> requerimento<strong>de</strong> informações ao Sr. Ministro <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Defesa a respeito <strong>do</strong> acesso <strong>de</strong>Parlamentares <strong>de</strong>sta Casa aos <strong>da</strong><strong>do</strong>s referentesàs exportações <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> muniçõespelas empresas nacionais fabricantes<strong>de</strong> material bélico.Requeiro a V. Exa., nos termos <strong>do</strong> art. 50 <strong>da</strong> ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral e na forma <strong>do</strong>s arts. 36, 115 e 116 <strong>do</strong> Regimento Interno, que, ouvi<strong>da</strong> aMesa, sejam solicita<strong>da</strong>s informações ao Sr. Ministro <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Defesa nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> esclarecer esta Casa quanto às providências necessárias para permitiro acesso <strong>de</strong> Parlamentares <strong>de</strong>sta Casa aos <strong>da</strong><strong>do</strong>s comerciais referentesàs exportações <strong>de</strong> armas e <strong>de</strong> munições pelas empresas nacionais fabricantes<strong>de</strong> material bélico.No <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>sta Comissão, foi verifica<strong>da</strong>a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que armas e munições produzi<strong>da</strong>s pelas fábricas nacionais<strong>de</strong> material bélico chegam clan<strong>de</strong>stinamente às mãos <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pela via<strong>da</strong> frau<strong>de</strong> aos procedimentos alfan<strong>de</strong>gários legalmente estabeleci<strong>do</strong>s. Em diligênciasprocedi<strong>da</strong>s por Parlamentares <strong>de</strong>sta Comissão nas se<strong>de</strong>s <strong>da</strong>s empresasForjas Taurus e Companhia Brasileira <strong>de</strong> Cartuchos, informações específicasa respeito <strong>da</strong>s respectivas exportações nos foram nega<strong>da</strong>s sob a alegação<strong>de</strong> que tal acesso é regula<strong>do</strong> com exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército.


241Efetivamente, por força <strong>da</strong> legislação em vigor, a fiscalizaçãoe o controle <strong>de</strong>ssas empresas é um encargo <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército,que o exerce através <strong>da</strong> Diretoria <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s(DFPC). Expediram-se, então requerimentos formais ao órgão, explicitan<strong>do</strong>-seas informações solicita<strong>da</strong>s e as razões <strong>da</strong> Comissão para conhecê-las. No entanto,até o presente momento, já na iminência <strong>do</strong> esgotamento <strong>do</strong> prazo regimentalpara a conclusão <strong>do</strong>s trabalhos <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, tais solicitações ain<strong>da</strong> não foramatendi<strong>da</strong>s.Reiteramos enten<strong>de</strong>rmos que o conhecimento <strong>de</strong> tais informaçõesé essencial para que sejam esclareci<strong>da</strong>s as fontes e as rotas queabastecem o crime organiza<strong>do</strong> com as armas e munições usa<strong>da</strong>s contra a populaçãoem geral e contra os integrantes <strong>da</strong>s instituições policiais em particular.Levantamentos fun<strong>da</strong><strong>do</strong>s em estatísticas confiáveis revelam que cerca <strong>de</strong> 80%<strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> pequeno porte e respectiva munição, apreendi<strong>da</strong>s em <strong>de</strong>corrência<strong>do</strong> cometimento <strong>de</strong> crimes, é <strong>de</strong> origem nacional.Em face <strong>da</strong> conclusão <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>sta Comissão, solicitoque a resposta <strong>do</strong> Sr. Ministro <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Defesa seja encaminha<strong>da</strong> àComissão <strong>de</strong> Relações Exteriores e <strong>de</strong> Defesa Nacional, a quem caberá a divulgação<strong>da</strong> informação aos Srs. Parlamentares.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006.Deputa<strong>do</strong> MORONI TORGANPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>Deputa<strong>do</strong> PAULO PIMENTARelator <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>


242ANEXO IVROL DE INDICIADOSEm função <strong>do</strong> constante <strong>do</strong>s autos <strong>de</strong>sta Comissão Parlamentar<strong>de</strong> Inquérito, são indicia<strong>do</strong>s os integrantes <strong>da</strong> lista a seguir. Esclareça-seque essas pessoas já são objeto <strong>de</strong> inquéritos e processos em outrasinstâncias e que o indiciamento a que são submeti<strong>do</strong>s nesta C.P.I. <strong>de</strong>corre <strong>da</strong>autonomia <strong>do</strong> inquérito parlamentar.1 – Carlos Henrique Gross, médico, e 2 – Paulo Henrique Gross, médico, comoincursos nos artigos 14 (porte ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>), 16(posse ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso restrito, 17 (comércio ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong>fogo) e 18 (tráfico internacional <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo) <strong>da</strong> Lei nº 10.826, <strong>de</strong> 2003.Os irmãos Gross armazenavam enorme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>armas em suas residências e em um <strong>do</strong>s carros que usavam. A maior parte<strong>de</strong>ssas armas não possuía registro. Foram apreendi<strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> uso restrito e<strong>de</strong> uso exclusivo <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s. Esse armamento entrava no Rio Gran<strong>de</strong><strong>do</strong> Sul através <strong>da</strong> fronteira com o Uruguai; nesse país as mesmas eram registra<strong>da</strong>sem nome <strong>de</strong> “laranjas”.3 – Walter <strong>do</strong>s Santos Paraíso, tenente-coronel <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Bombeiros <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro, como incurso nos artigos 16 (posse ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> usorestrito), 17 (comércio ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo) e 18 (tráfico internacional <strong>de</strong> arma<strong>de</strong> fogo) <strong>da</strong> Lei nº 10.826, <strong>de</strong> 2003.O tenente-coronel Paraíso, conheci<strong>do</strong> pelas alcunhas“Coroa” e “Coman<strong>da</strong>ntão” nas Favelas <strong>do</strong> Taquaral e Coréia, em Sena<strong>do</strong>r Câmara,principal reduto <strong>do</strong> traficante Robson André <strong>da</strong> Silva (“Robinho Pinga”),forneceu fuzis e aparelhos <strong>de</strong> comunicação a traficantes <strong>de</strong> drogas <strong>da</strong> cita<strong>da</strong>área. O próprio tenente-coronel promovia a “importação” <strong>da</strong>s armas, através <strong>da</strong>fronteira com o Paraguai, em Foz <strong>do</strong> Iguaçu.4 – Hélio Scielzo Brunet, policial civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, como incursono artigo 17 (comércio ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo) <strong>da</strong> Lei nº 10.826, <strong>de</strong> 2003.Brunet dirigia o Serviço <strong>de</strong> Armamento Patrimonial <strong>da</strong> Divisão<strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> e Explosivos <strong>da</strong> Polícia Civil <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro. Desviou armas que estavam sob sua custódia, entregan<strong>do</strong>-as atraficantes <strong>de</strong> drogas.


2435 – Marcos Willians Herbas Camacho (“Marcola”), presidiário, como incursonos artigos 121, § 2º, I (homicídio qualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação<strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>), 331 (<strong>de</strong>sacato) e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal.Lí<strong>de</strong>r <strong>da</strong> organização criminosa “Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong>Capital” – P.C.C. No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste inquérito parlamentar, esta Comissão constatoua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> “Marcola” nos crimes pratica<strong>do</strong>s pelo PCC, que porele é coman<strong>da</strong><strong>do</strong>. Individualmente, é responsável e aqui também indicia<strong>do</strong> por<strong>de</strong>sacato, que cometeu ao longo <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento à C.P.I.6 – Maria Cristina <strong>de</strong> Souza Racha<strong>do</strong>, advoga<strong>da</strong>, como incursa nos artigos121, § 2º, I (homicídio qualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilhaarma<strong>da</strong>), 317 (corrupção ativa) e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal; e 7 –Sérgio Weslei <strong>da</strong> Cunha, advoga<strong>do</strong>, como incurso nos artigos 121, § 2º, I (homicídioqualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>), 317(corrupção ativa) e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal.De advoga<strong>do</strong>s, Maria Cristina e Sérgio Weslei têm apenasa carteira <strong>da</strong> O.A.B.; na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, são integrantes <strong>da</strong> organização criminosa“PCC”. foram eles que corromperam funcionário <strong>da</strong> Câmara, obten<strong>do</strong> a gravação<strong>de</strong> sessão reserva<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta Comissão e divulgan<strong>do</strong>-a junto aos lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong>“Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital”, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as rebeliões e os tumultosque assombraram o país, em maio <strong>de</strong>ste ano.8 – Valéria Dammous, advoga<strong>da</strong>, como incursa nos artigos 121, § 2º, I (homicídioqualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>) e 354(motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal; 9 – Libânia Catarina Fernan<strong>de</strong>s Costa,advoga<strong>da</strong>, como incursa nos artigos 121, § 2º, I (homicídio qualifica<strong>do</strong>), 288,parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>) e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong>Código Penal; 10 – Eduar<strong>do</strong> Diamante, advoga<strong>do</strong>, como incurso nos artigos121, § 2º, I (homicídio qualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilhaarma<strong>da</strong>) e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal; 11 – Ariane <strong>do</strong>s Anjos, advoga<strong>da</strong>,como incursa nos artigos 121, § 2º, I (homicídio qualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafoúnico (formação <strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>), 299 (falsi<strong>da</strong><strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica), 304(uso <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento falso) e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal; 12 – SuzanaVolpini Micheli, advoga<strong>da</strong>, como incursa nos artigos 121, § 2º, I (homicídioqualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>), 299 (falsi<strong>da</strong><strong>de</strong>i<strong>de</strong>ológica), 304 (uso <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento falso) e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong>


244Código Penal.Mais advoga<strong>do</strong>s integrantes <strong>da</strong> organização criminosa“PCC”. Além <strong>de</strong> garantirem as comunicações entre os lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> PCC, elespróprios integram, como correias <strong>de</strong> transmissão, a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> organização.As advoga<strong>da</strong>s Ariane e Suzana, a par disso, valeram-se <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentosconten<strong>do</strong> falsas <strong>de</strong>clarações para avistarem-se com lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> PCC empresídios paulistas.13 – Orlan<strong>do</strong> Mota Júnior, (“Macarrão”), presidiário, como incurso nos artigos121, § 2º, I (homicídio qualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilhaarma<strong>da</strong>), e 354 (motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal; 14 – Cláudio Rolim <strong>de</strong>Carvalho, (“Polaco”), presidiário, como incurso nos artigos 121, § 2º, I (homicídioqualifica<strong>do</strong>), 288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>), e 354(motim <strong>de</strong> presos) <strong>do</strong> Código Penal; 15 – An<strong>de</strong>rson <strong>de</strong> Jesus Parro, (“Moringa”),presidiário, como incurso nos artigos 121, § 2º, I (homicídio qualifica<strong>do</strong>),288, parágrafo único (formação <strong>de</strong> quadrilha arma<strong>da</strong>), e 354 (motim <strong>de</strong> presos)<strong>do</strong> Código Penal.Lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> P.C.C., <strong>de</strong>terminaram as rebeliões <strong>de</strong> Mirandópolise Itirapina.16 – Arthur Vinícius Silva, ex-técnico <strong>de</strong> som <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, comoincurso no artigo 317 (corrupção passiva) e 325, § 2º (violação <strong>de</strong> sigilo funcionalqualifica<strong>do</strong>).Técnico <strong>de</strong> som que ven<strong>de</strong>u a advoga<strong>do</strong>s integrantes <strong>do</strong>PCC gravação <strong>de</strong> reunião reserva<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta C.P.I.


245ANEXO VIFISCALIZAÇÃO DE ARMAS DE FOGO E PRODUTOS CORRELATOS: UMAPOLÍTICA PARA O EXÉRCITO BRASILEIROCel Inf Diógenes Dantas FilhoTrabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso apresenta<strong>do</strong> à Escola <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong>e Esta<strong>do</strong>-Maior <strong>do</strong> Exército para a obtenção parcial <strong>do</strong> Certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong>Especialização em Política, Estratégia e Alta Administração Militar.RESUMOUma <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong> violência é o fácil acesso <strong>da</strong>s pessoas às armas <strong>de</strong> fogo.Cabe ao Exército Brasileiro a missão institucional <strong>de</strong> fiscalizar armamentos.Esta tarefa resultou <strong>da</strong> Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> São Paulo, em 1932,sen<strong>do</strong> ratifica<strong>da</strong> posteriormente pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1934. Para melhorcompreensão <strong>do</strong> leitor são cita<strong>do</strong>s os principais aspectos <strong>da</strong> legislação,incluin<strong>do</strong> o que <strong>de</strong>fine o Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>de</strong> Fogo (SINARM) quetipificou como crime portar armamento sem autorização. Pela lei, compete aoExército o controle <strong>da</strong>s armas <strong>do</strong>s seus integrantes, <strong>do</strong>s coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res,caça<strong>do</strong>res e <strong>do</strong> armamento <strong>da</strong>s Forças Auxiliares.Registram-se algumas formas <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> armas e a maneira como as organizaçõescriminosas se abastecem <strong>de</strong>las. Visualiza-se o Serviço <strong>de</strong> Fiscalização<strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército e suas principais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s eirregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s cometi<strong>da</strong>s por seus usuários. Finalmente, propõe-se uma políticapara o Exército cumprir eficazmente a sua missão <strong>de</strong> fiscaliza! as armas <strong>de</strong>fogo e produtos correlatos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a contribuir, inclusive, com a SegurançaPública na redução <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>.1. INTRODUÇÃOUma <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong> violência é o acesso fácil que as pessoas têm às armas <strong>de</strong>fogo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ci<strong>da</strong>dão comum até os agentes <strong>do</strong> crime.A arma <strong>de</strong> fogo foi uma gran<strong>de</strong> revolução tecnológica que acarretou mu<strong>da</strong>nçasprofun<strong>da</strong>s na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média, pela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> causar <strong>da</strong>nos.A Revolução Industrial contribuiu para a gênese <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno armamento. SamuelColt, em 1836, patenteou um mecanismo que conseguiu maior número <strong>de</strong>tiros sem a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recarregar a arma antes <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> disparo.


246A arma curta, maneja<strong>da</strong> por apenas uma <strong>da</strong>s mãos, e a longa, utiliza<strong>da</strong> pelasduas, ambas consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s leves, são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância no índice <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>,principalmente no Crime Organiza<strong>do</strong> (CO), nos conflitos internos enos atos terroristas.Os criminosos utilizam em suas ações <strong>de</strong>lituosas armas <strong>de</strong> uso proibi<strong>do</strong> quantoao calibre e ao funcionamento, a fim <strong>de</strong> possuir maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>fogo.Enquanto a munição comum <strong>de</strong> baixa veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> expeli<strong>da</strong> <strong>de</strong> um revólver provocaferimento linear, a oriun<strong>da</strong> <strong>de</strong> um fuzil ou metralha<strong>do</strong>ra estraçalha o teci<strong>do</strong>orgânico e exige tratamento médico especializa<strong>do</strong>, sobrecarregan<strong>do</strong> o já precárioatendimento público nos hospitais.O tráfico <strong>de</strong> armas apresenta-se como o mais rentável ramo <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> CO etem prospera<strong>do</strong> após o término <strong>da</strong> bipolari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>do</strong>utrinas <strong>de</strong>mocrática esocialista, então li<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s, respectivamente, pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>da</strong> América(EUA) e pela União <strong>da</strong>s Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).Os efeitos maléficos <strong>da</strong>s Organizações Criminosas (ORCRIM) sobre a humani<strong>da</strong><strong>de</strong>obrigaram as Organizações Internacionais (01) tais como a Organização<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU) e a Organização <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Americanos (OEA) adirecionarem suas atenções também para o CO.As estatísticas brasileiras registram que aproxima<strong>da</strong>mente 70% (setenta porcento) <strong>do</strong>s crimes são cometi<strong>do</strong>s com o uso <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e circulam, a-proxima<strong>da</strong>mente, vinte milhões <strong>de</strong> armas ilegais no País. Estes <strong>da</strong><strong>do</strong>s ganhamenorme significa<strong>do</strong> ao se atentar para o fato <strong>de</strong> existirem somente cerca <strong>de</strong><strong>do</strong>is milhões <strong>de</strong> armas regulamenta<strong>da</strong>s, sem contar as existentes nas ForçasArma<strong>da</strong>s e nas Forças <strong>de</strong> Segurança Pública.No Brasil, pelo uso <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, ocorrem cerca <strong>de</strong> quarenta e cinco milóbitos por ano. Observe-se que durante to<strong>do</strong> o conflito <strong>do</strong> Vietnã morreram cinqüentae oito mil norte-americanos e que, na Colômbia, anualmente, existemtrês mil per<strong>da</strong>s humanas no combate entre as forças envolvi<strong>da</strong>s.A origem <strong>da</strong> violência é multifaceta<strong>da</strong> e tem como principais causas o gran<strong>de</strong>efetivo populacional nos centros urbanos, o <strong>de</strong>semprego, a falência <strong>do</strong> sistemaeducacional, a lentidão <strong>da</strong> justiça, a impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, a ausência <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público,o anacronismo <strong>da</strong> legislação, o caos <strong>do</strong> sistema prisional e o <strong>de</strong>srespeito à autori<strong>da</strong><strong>de</strong>a ponto <strong>de</strong> existirem coman<strong>do</strong>s paralelos em gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s.


247A propósito <strong>de</strong>sse tema o Ministro-chefe <strong>do</strong> Gabinete <strong>de</strong> Segurança Pública,General Alberto Car<strong>do</strong>so, (apud VELLOSO; ALBUQUERQUE, 2000, p.165),assim se referiu a respeito:[ ...] a violência é o problema que mais preocupa a opinião pública. Apesar <strong>da</strong>relevância <strong>do</strong> assunto, o Brasil não possui uma Política Nacional <strong>de</strong> SegurançaPública, que sirva <strong>de</strong> referência para uma estratégia. Ao concluir por essanecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, é importante que se caracterize a crise <strong>da</strong> segurança, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> osprincipais óbices à redução <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os legisla<strong>do</strong>res precisam estar sintoniza<strong>do</strong>s com os anseios <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Algunsprojetos <strong>de</strong> lei a respeito <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas tramitam no CongressoNacional, visan<strong>do</strong> a frear a violência com armas <strong>de</strong> fogo, mas têm si<strong>do</strong> continuamenteposterga<strong>do</strong>s.O Exército Brasileiro é um <strong>do</strong>s partícipes <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SI-NARM), caben<strong>do</strong>-lhe a fiscalização direta <strong>da</strong>s armas <strong>do</strong>s coleciona<strong>do</strong>res, Atira<strong>do</strong>rese Caça<strong>do</strong>res (CAC), o controle <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> seus integrantes e <strong>da</strong>s Forças<strong>de</strong> Segurança Pública.O presente trabalho tem por objetivo expor a problemática <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Sistema,particularmente <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Fiscalização <strong>do</strong>s Produtos Controla<strong>do</strong>s (SFPC),e apresentar uma proposta para otimizá-Io principalmente na área <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> Exército Brasileiro. Para tanto, o autor se baseia em trabalho <strong>de</strong>pesquisa e na experiência profissional adquiri<strong>da</strong> durante seis anos, em diferentesníveis, em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste Sistema tão complexo e relativamente <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>.2 . HISTÓRICOA Segurança Pública no Brasil há muito tempo vem sen<strong>do</strong> relega<strong>da</strong> a um planosecundário.A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sempre acreditou nos resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> repressão. Quan<strong>do</strong> surgia umproblema, anulavam-se as conseqüências <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> as causas em segun<strong>do</strong>plano, caracterizan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, <strong>de</strong>scaso no que tange às medi<strong>da</strong>s preventivas.No perío<strong>do</strong> ditatorial <strong>de</strong> Getúlio Vargas (1930-1945), a Segurança Pública ganhounovos contornos e, em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s fases, como no Esta<strong>do</strong> Novo, emmuito se aproximou <strong>da</strong> própria Segurança <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.


248A partir <strong>de</strong> 1930, incrementaram-se as Secretarias <strong>de</strong> Segurança Pública(SSP), reunin<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as forças policiais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> Esta<strong>do</strong> um só órgão, sob ocoman<strong>do</strong> único, <strong>de</strong>svinculan<strong>do</strong> os assuntos <strong>da</strong> segurança <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão <strong>da</strong>s Secretarias<strong>de</strong> Justiça.No dia 9 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1932, eclodiu a revolução arma<strong>da</strong> em São Paulo, em prol<strong>da</strong> reconstitucionalização <strong>do</strong> País. Em conseqüência <strong>do</strong> conflito, coube ao E-xército a missão <strong>de</strong> controlar as armas pelo Regulamento para Fiscalização <strong>de</strong>Produtos Controla<strong>do</strong>s (R/105), cria<strong>do</strong> pelo Decreto n.º 24.602, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>1934 e recepciona<strong>do</strong> como lei pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> mesmo ano.A partir <strong>de</strong> 1946, logo após a Segun<strong>da</strong> Gran<strong>de</strong> Guerra, com a re<strong>de</strong>mocratização<strong>do</strong> País, o assunto passou a ter novos matizes, sen<strong>do</strong> abor<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> formamais direta e mo<strong>de</strong>rna, particularmente com a edição <strong>de</strong> leis a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s e coerentescom o momento vivi<strong>do</strong>. Como exemplo, po<strong>de</strong>-se citar a própria ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1946 e o Código <strong>de</strong> Processo Penal <strong>de</strong>ste mesmo ano.O mun<strong>do</strong> bipolariza<strong>do</strong> não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> trazer reflexos para o quadro <strong>da</strong>política nacional. Assim, o Brasil foi atingi<strong>do</strong> pela dicotomia <strong>do</strong> capitalismo ecomunismo. No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sses anos, a Segurança Pública ganhou importânciano perío<strong>do</strong> entre 1964 e 1985, confundin<strong>do</strong>-se na prática com a própria SegurançaPública ou até mesmo com a sua Defesa, em face <strong>da</strong> ameaça <strong>de</strong> expansão<strong>do</strong> comunismo internacional.É oportuno citar o entendimento <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong>fesa, assim o então ministro<strong>da</strong> Defesa Elcio Alvares (apud VELLOSO; ALBUQUERQUE, 2000, p.156157)se expressou:A segurança é uma condição na qual a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> não está submeti<strong>da</strong> a riscos eameaças, sejam <strong>de</strong> origem militar, econômica, política ou psicossocial, não haven<strong>do</strong>assim obstáculos ao progresso, ao <strong>de</strong>senvolvimento e ao bem estar. É <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>,relaciona<strong>da</strong> com o êxito <strong>da</strong>s políticas <strong>de</strong> governo.A <strong>de</strong>fesa, por sua vez, pressupõe um conjunto <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, medi<strong>da</strong>s e ações a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>spara superar tais ameaças e garantir a segurança. Depen<strong>de</strong> essencialmente, <strong>de</strong>instrumentos prepara<strong>do</strong>s para essa resposta.A Segurança é, portanto. é um esta<strong>do</strong>, ao passo que a <strong>de</strong>fesa é um ato dirigi<strong>do</strong>contra <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> ameaça, caracteriza<strong>da</strong> e dimensiona<strong>da</strong>.Passa<strong>do</strong>s os anos <strong>do</strong>s Governos Militares, a Segurança Pública <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ter oseu componente i<strong>de</strong>ológico e fixou-se na problemática <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>.O Decreto n.º 93.188, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1986, tratou <strong>da</strong> organização básica<strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Exército, atribuin<strong>do</strong>-lhe competência, em consonância com aPolítica <strong>de</strong> Segurança Nacional e <strong>de</strong> conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com os planos e diretrizes


249aprova<strong>do</strong>s pelo Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República, <strong>de</strong> autorizar a fabricação <strong>de</strong> produtoscontrola<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> fiscalizar a sua produção e comercialização.A. Constituição Brasileira <strong>de</strong> 1988, no inciso XXI <strong>do</strong> artigo 22, estabelece quecompete privativamente à União legislar a respeito <strong>de</strong> normas gerais <strong>de</strong> organização,efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização <strong>da</strong>s políciasmilitares e <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> bombeiros militares. Também compete à União,<strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>legável, autorizar e fiscalizar a produção e o comércio <strong>de</strong> materialbélico, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu inciso VI <strong>do</strong> artigo 21. Porém, estas atribuições <strong>de</strong>certa forma já estavam prescritas na Constituição <strong>de</strong> 1934.A Exposição <strong>de</strong> Motivos n.º 004/90 <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> República, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong> 1990, confirmou a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército na emissão <strong>de</strong> autorizaçãopara exportação <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s, não relaciona<strong>do</strong>s como material<strong>de</strong> emprego militar, e na fiscalização <strong>de</strong>les.Em 1997, a OEA aprovou o Regulamento Mo<strong>de</strong>lo para o Controle <strong>de</strong> MovimentoInternacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> <strong>de</strong> Fogo e a Convenção Interamericana que regula oassunto. O primeiro <strong>do</strong>cumento estabelece as normas internacionais para controle<strong>de</strong> armas enquanto o segun<strong>do</strong> preconiza os conceitos básicos a seremsegui<strong>do</strong>s pelas nações signatárias. Neste mesmo ano foi promulga<strong>da</strong> a Lei n.º9.437, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> fevereiro, que instituiu o Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> ( SI-NARM), regulamenta<strong>da</strong> pelo Decreto n° 2.222, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> maio.A lei n.º 9.649, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1998, que trata <strong>da</strong> organização <strong>da</strong> Presidência<strong>da</strong> República e <strong>do</strong>s Ministérios, no seu artigo 14 atribui ao Exército a fiscalização<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que envolvem armas, munições, explosivos e outros produtos<strong>de</strong> interesse militar.A Medi<strong>da</strong> Provisória n.º 17/99-6, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999, transformou o Ministério<strong>do</strong> Exército em Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exército, manten<strong>do</strong> a sua competência paraautorizar e fiscalizar a fabricação <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s.O Decreto n.º 3.466, <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2000, ratifica as referi<strong>da</strong>s missões.O Regulamento <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s (R/105) sofreu váriasatualizações, a mais recente pelo Decreto n.º 3.665, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>2000, sem modificar qualquer <strong>da</strong>s atribuições <strong>do</strong> Exército.Na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a penetração <strong>da</strong>s organizações criminosas nas diversas cama<strong>da</strong>ssociais, o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> corrupção, a busca por maior espaço e po<strong>de</strong>r político, a


250facili<strong>da</strong><strong>de</strong> em se ganhar ilicitamente e movimentar, rapi<strong>da</strong>mente, significativacifra financeira fazem com que tais organizações extrapolem a simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>crime comum e passem a ameaçar a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> político-social-econômica <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong>s, organiza<strong>do</strong>s ou não. Para os criminosos não existe respeito aos limitesterritoriais, aos costumes nacionais, aos governos constituí<strong>do</strong>s e ao povo<strong>de</strong> maneira geral, ocorren<strong>do</strong>, ca<strong>da</strong> vez mais, o uso <strong>da</strong> tecnologia na busca <strong>do</strong>lucro rápi<strong>do</strong>, crian<strong>do</strong>-se até a figura <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Crime Organiza<strong>do</strong> Transnacional(COT).Também não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar a ameaça latente às nossas fronteiras, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>à proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com países produtores <strong>de</strong> drogas, liga<strong>do</strong>s ao contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong>armas. Esta ameaça se espalha pelo Sertão Pernambucano (Polígono <strong>da</strong> Maconha)e outras regiões nor<strong>de</strong>stinas, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se pelas gran<strong>de</strong>s metrópoles,em especial São Paulo/SP e Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ, com reflexos, inclusive, no sistemafinanceiro nacional pela facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lavagem <strong>de</strong> dinheiro em paraísosfiscais."O Brasil diz não à violência!" Assim se expressou o Ministro <strong>da</strong> Justiça ao lançaro Plano Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública, em 2001, conforme o compromisson.º 2 - Desarmamento e Controle <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>.Do exposto, verifica-se que o Exército Brasileiro, como instituição presente emto<strong>do</strong> território nacional, apresentan<strong>do</strong> boa capilari<strong>da</strong><strong>de</strong> e dispon<strong>do</strong> <strong>de</strong> engenheirosem especial na área química e especialistas em armamento, recebeu<strong>da</strong> União a atribuição <strong>de</strong> exercer a fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>1934, como medi<strong>da</strong> preventiva <strong>de</strong> Segurança Pública e Garantia <strong>da</strong> Lei e <strong>da</strong>Or<strong>de</strong>m.3 PRINCIPAIS ASPECTOS DA LEGISLAÇÃOA respeito <strong>do</strong> controle <strong>de</strong> armamento existem duas correntes: uma que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>a aquisição <strong>de</strong> arma como prerrogativa <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão, inseri<strong>da</strong> no bojo <strong>do</strong>sdireitos e <strong>da</strong>s garantias individuais, típico <strong>da</strong> cultura cívica <strong>do</strong>s estaduni<strong>de</strong>nses,e outra que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, como uma concessão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a posse, a aquisição e oporte <strong>de</strong> arma que só po<strong>de</strong>m ser obti<strong>do</strong>s sob critérios rígi<strong>do</strong>s e específicos.3.1. REGULAMENTO PARA FISCALIZAÇÃO DE PRODUTOSCONTROLADOS (R105)O regulamento tem por <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> estabelecer as normas necessárias para acorreta fiscalização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s exerci<strong>da</strong>s por pessoas físicas e jurídicas,


251que envolvam produtos controla<strong>do</strong>s pelo Exército Brasileiro. Estabelece os objetivosno âmbito nacional, tais como obtenção <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> Exércitonas áreas <strong>de</strong> Mobilização Industrial, <strong>de</strong> Material Bélico e <strong>de</strong> Segurança Interna,o conhecimento e a fiscalização <strong>da</strong> estrutura organizacional e <strong>do</strong> funcionamento<strong>da</strong>s fábricas <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s. O referi<strong>do</strong> regulamento tambémprevê a fiscalização <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s com a recuperação, manutenção, exportação,importação, manuseio, uso esportivo, colecionamento, <strong>de</strong>sembaraço alfan<strong>de</strong>gário,armazenamento, comércio e o tráfego <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s.O Exército Brasileiro tem a prerrogativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir sobre os produtos que <strong>de</strong>vamser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s controla<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> uso restrito, bemcomo o registro <strong>de</strong> pessoas (físicas e jurídicas) que queiram exercer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>scom os produtos controla<strong>do</strong>s.Para melhor compreensão, são cita<strong>da</strong>s algumas <strong>de</strong>finições constantes <strong>do</strong> artigo3° <strong>do</strong> R/105: [...]XL Certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> Registro CR : <strong>do</strong>cumento hábil que autoriza as pessoas físicas oujurídicas à utilização industrial. armazenagem. comércio, exportação, importação,transporte, manutenção, recuperação e manuseio <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s peloExército;XLI coleciona<strong>do</strong>r: pessoa física ou jurídica que coleciona armas, munições, ou viaturasblin<strong>da</strong><strong>da</strong>s, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente registra<strong>do</strong> e sujeito às normas baixa<strong>da</strong>s pelo Exército [...];LlV Guia <strong>de</strong> Tráfego: <strong>do</strong>cumento que autoriza o tráfego <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s [...] ;LXIX Produto controla<strong>do</strong> pelo Exército: produto que, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>struiçãoou outra proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>va ter seu uso restrito a pessoas físicas e jurídicas legalmentehabilita<strong>da</strong>s, capacita<strong>da</strong>s técnica, moral e psicologicamente, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantira segurança social e militar <strong>do</strong> país [...] ;LXXVI Tráfego: conjunto <strong>de</strong> atos relaciona<strong>do</strong>s com o transporte <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>se compreen<strong>de</strong> as fases <strong>de</strong> embarque, trânsito, <strong>de</strong>sembarque e entrega [...] ;LXXIX Uso permiti<strong>do</strong>: a <strong>de</strong>signação " <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>" é <strong>da</strong><strong>da</strong> aos produtos controla<strong>do</strong>spelo Exército. cuja utilização é permiti<strong>da</strong> a pessoas físicas em geral, bem como apessoas jurídicas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a legislação normativa <strong>do</strong> Exército;LXXX Uso proibi<strong>do</strong>: a antiga <strong>de</strong>signação "<strong>de</strong> uso proibi<strong>do</strong>" é <strong>da</strong><strong>da</strong> aos produtos controla<strong>do</strong>spelo Exército <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s como li<strong>de</strong> uso restrito";LXXXI Uso restrito: a <strong>de</strong>signação "<strong>de</strong> uso restrito" é <strong>da</strong><strong>da</strong> aos produtos controla<strong>do</strong>spelo Exército que só po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s pelas Forças Arma<strong>da</strong>s ou autoriza<strong>do</strong>s peloExército, algumas Instituições <strong>de</strong> Segurança, pessoas jurídicas habilita<strong>da</strong>s e pessoasfísicas habilita<strong>da</strong>s (Decreto n.º 3.665, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2000. p.6)Os protocolos <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> e Produtos Controla<strong>do</strong>s(SFPC) somente aceitam a <strong>do</strong>cumentação para o registro quan<strong>do</strong> previamenteexamina<strong>da</strong> por agentes <strong>do</strong> serviço para verificarem se estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com alegislação. Este <strong>do</strong>cumento é concedi<strong>do</strong> pelo coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Região Militar(RM) <strong>de</strong> vinculação <strong>do</strong> usuário e impresso em duas vias, sen<strong>do</strong> a primeira <strong>do</strong>interessa<strong>do</strong> e a segun<strong>da</strong> <strong>do</strong> Serviço. O coman<strong>da</strong>nte regional po<strong>de</strong> <strong>de</strong>legar esta


252competência. a qual <strong>de</strong>verá ser publica<strong>da</strong> em boletim para evitar problemasadministrativos ou judiciários.Nenhuma pessoa po<strong>de</strong> ter mais <strong>de</strong> um certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> registro em um mesmoMunicípio. Os certifica<strong>do</strong>s são numera<strong>do</strong>s pelo SFPC/RM, e para obtê-Io tornasenecessário anexar os seguintes <strong>do</strong>cumentos: <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> i<strong>do</strong>nei<strong>da</strong><strong>de</strong>,compromisso <strong>de</strong> submissão às normas vigentes, certidões <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntescriminais forneci<strong>da</strong>s pela justiça fe<strong>de</strong>ral, estadual. militar e eleitoral e uma <strong>de</strong>claração<strong>de</strong> que não esteja respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a inquérito policial.O artigo 145 <strong>do</strong> R/105 conce<strong>de</strong> ao Departamento Logístico (D Log) <strong>do</strong> Exércitoa responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> autorizar a aquisição na indústria, <strong>de</strong> armas, munições,acessórios e equipamentos <strong>de</strong> uso restrito por parte <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> governo noâmbito fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal, não integrantes <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s.Pelo artigo 146 <strong>do</strong> mesmo regulamento, o Coman<strong>da</strong>nte <strong>do</strong> Exército po<strong>de</strong>rá autorizara referi<strong>da</strong> aquisição por pessoas físicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s categorias profissionais,como juízes, <strong>de</strong>sembarga<strong>do</strong>res, procura<strong>do</strong>res e parlamentares, parauso próprio, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que comprovem a sua necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>.3.2 SISTEMA NACIONAL DE ARMASA Lei n.º 9.437, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1997, institui o Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>(SINARM), estabelece condições para registro e porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo,<strong>de</strong>fine crimes e dá outras providências.No seu artigo 3º, consta que é obrigatório o registro <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo no órgãocompetente, exceto as consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s obsoletas.O parágrafo 1º <strong>do</strong> artigo 3º <strong>do</strong> Decreto n.º 2.222, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1997, queregulamenta o SINARM, esclarece que armas obsoletas são as fabrica<strong>da</strong>s hámais <strong>de</strong> cem anos, sem condições <strong>de</strong> funcionamento eficaz e cuja munição nãoseja mais <strong>de</strong> produção comercial.Os proprietários <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso restrito ou proibi<strong>do</strong> <strong>de</strong>verão fazer seuca<strong>da</strong>stro como atira<strong>do</strong>res, coleciona<strong>do</strong>res ou caça<strong>do</strong>res no Exército Brasileiro.A autorização para portar arma <strong>de</strong> fogo terá eficácia temporal limita<strong>da</strong>, conformeprevisto no artigo 7° <strong>da</strong> Lei e no artigo 13 <strong>do</strong> Decreto, relativos ao SINARM,ten<strong>do</strong> os seguintes requisitos mínimos indispensáveis: apresentação <strong>do</strong> certifica<strong>do</strong><strong>de</strong> registro <strong>da</strong> arma <strong>de</strong> fogo, ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong> no Sistema; comprovação <strong>de</strong>i<strong>do</strong>nei<strong>da</strong><strong>de</strong>; antece<strong>de</strong>ntes criminais forneci<strong>do</strong>s pela Justiça Fe<strong>de</strong>ral, Estadual,


253Militar e Eleitoral; <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> não estar respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a inquérito policial ou aprocesso criminal; <strong>do</strong>cumento comprobatório <strong>de</strong> comportamento social produtivo;comprovação <strong>da</strong> efetiva necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> portar arma; capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica eaptidão psicológica para manuseio. <strong>da</strong> arma <strong>de</strong> fogo; comprovação <strong>de</strong> pagamento<strong>da</strong> taxa estipula<strong>da</strong> para concessão <strong>do</strong> porte.Segun<strong>do</strong> o artigo 10 <strong>da</strong> Lei, a pena é <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> um a <strong>do</strong>is anos e multapara quem possuir, <strong>de</strong>tiver, portar, fabricar, adquirir, ven<strong>de</strong>r, alugar, expor àven<strong>da</strong> ou fornecer, receber, ter em <strong>de</strong>pósito, transportar, ce<strong>de</strong>r (ain<strong>da</strong> que gratuitamente),emprestar, remeter, empregar, manter sob guar<strong>da</strong> e ocultar arma<strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>, sem a autorização. e em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>terminaçãolegal ou regulamentar.Cabe ressaltar que no "caput" <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> artigo somente consta a palavra arma<strong>de</strong> fogo, não fazen<strong>do</strong> qualquer alusão a munições e acessórios, o que dificultao enquadramento no porte <strong>de</strong> munição.Pela Lei, no seu artigo 13, compete ao Exército Brasileiro autorizar e fiscalizara produção e o comércio <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e <strong>de</strong>mais produtos controla<strong>do</strong>s, inclusiveo registro e o porte <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> Coleciona<strong>do</strong>res, Atira<strong>do</strong>rese Caça<strong>do</strong>res (CAC).Pelo artigo 16 <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> Lei, cabe ao Exército autorizar, excepcionalmente, aaquisição <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso proibi<strong>do</strong> ou restrito. Porém, o artigo 7° <strong>do</strong>Decreto n.º 2.222 autoriza o registro <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> arma por policiais . fe<strong>de</strong>raisem órgão especializa<strong>do</strong> <strong>da</strong> própria Polícia. Tal fato contribui para o enfraquecimento<strong>do</strong> controle pela Instituição.Com a Lei SINARM, o Exército passou a compartilhar com a Polícia Fe<strong>de</strong>ral afiscalização <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> somente com aresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s seus pertencentes a seus integrantes, aos CAC e àsForças Auxiliares, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, assim, em universo menor, exercer melhor amissão institucionaliza<strong>da</strong> em 1934.3.3 PORTARIA MINISTERIAL n.º 767, DE 4 DE DEZEMBRO DE 1998Esta Portaria dispõe a respeito <strong>da</strong> regulamentação <strong>do</strong> SINARM no âmbito <strong>do</strong>Exército. O seu artigo 2.º <strong>de</strong>termina que o registro <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo <strong>do</strong>s militares<strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s e Auxiliares seja publica<strong>do</strong> em Boletim Reserva<strong>do</strong> ,com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> proprietário.


254As Regiões Militares <strong>de</strong>verão realizar o ca<strong>da</strong>stramento <strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo <strong>do</strong>smilitares, coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res, sob sua jurisdição, por meio<strong>do</strong>s seus SFPC que <strong>de</strong>verão estar interliga<strong>do</strong>s à Diretoria <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong>Produtos Controla<strong>do</strong>s (DFPC), pelo Sistema Militar <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SIMARM) que éparte <strong>do</strong> SINARM.O Coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> Operações Terrestres (COTER) <strong>de</strong>verá coor<strong>de</strong>nar o ca<strong>da</strong>stramento<strong>da</strong>s armas <strong>de</strong> fogo <strong>do</strong>s policiais e bombeiros militares e provi<strong>de</strong>nciar aremessa <strong>de</strong>stes <strong>da</strong><strong>do</strong>s ao SFPC/RM a que estiver vincula<strong>da</strong> a respectiva CorporaçãoMilitar.Ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dão idôneo só po<strong>de</strong> ser proprietário <strong>de</strong>, no máximo, seis armas <strong>de</strong> usopermiti<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> duas armas <strong>de</strong> porte, duas armas <strong>de</strong> caça <strong>de</strong> alma raia<strong>da</strong> eduas armas <strong>de</strong> caça <strong>de</strong> alma lisa. Excetuam-se as armas <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong> registra<strong>da</strong>spor civis e militares, durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> "anistia" <strong>da</strong> lei SINARM,que po<strong>de</strong>rão permanecer com seus proprietários, mesmo exce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>sautoriza<strong>da</strong>s pela legislação em vigor, impedin<strong>do</strong>, entretanto, a aquisição<strong>de</strong> novas armas até or<strong>de</strong>m em contrário.Os coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res têm seus limites <strong>de</strong> armas regula<strong>da</strong>sem legislação específica.O <strong>de</strong>sfazimento <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo adquiri<strong>da</strong> no comércio po<strong>de</strong>rá ser feito imediatamente,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam observa<strong>da</strong>s as exigências conti<strong>da</strong>s na legislação. vigente. Porém, as armas adquiri<strong>da</strong>s diretamente na indústria só po<strong>de</strong>rão sertransferi<strong>da</strong>s a outra pessoa, em princípio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>corri<strong>do</strong>s quatro anos <strong>de</strong>seu primeiro registro para evitar lucros com a sua ven<strong>da</strong>.A legislação que trata <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res éflexível, dúbia e facilita a ven<strong>da</strong> e a <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> armas, propician<strong>do</strong> aos usuários<strong>de</strong> má-fé mascararem irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s, principalmente com armas e munições.Os casos excepcionais serão <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong>s pelo Departamento logístico, conformeprevisto no parágrafo 2.º <strong>do</strong> artigo 13 <strong>da</strong> Portaria. Cita-se como exemplo o <strong>de</strong>stino<strong>da</strong>s armas automáticas registra<strong>da</strong>s irregularmente por coleciona<strong>do</strong>res eque não po<strong>de</strong>m permanecer em suas coleções. Neste caso, o D. Log po<strong>de</strong> optarem: apreen<strong>de</strong>r o armamento e instaurar processo administrativo a fim <strong>de</strong>apurar a irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>; <strong>de</strong>terminar a transformação <strong>do</strong> funcionamento <strong>da</strong>s armasem semi-automáticas, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aos coleciona<strong>do</strong>res <strong>de</strong> se


255submeterem a atual legislação; ou ain<strong>da</strong> recolher as armas para torná-Ias inoperantes,<strong>de</strong>volven<strong>do</strong>-as posteriormente.4. FORMAS DE OBTENÇÃO DE ARMAS DE FOGOConforme verifica<strong>do</strong> no capítulo anterior, a legislação impõe rigores para umapessoa obter arma <strong>de</strong> fogo, porém os agentes <strong>do</strong> crime não se submetem às<strong>de</strong>terminações legais, pois necessitam <strong>de</strong> armas para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus pontos<strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> drogas, coação psicológica <strong>da</strong> população, afirmação e aumento<strong>de</strong> prestígio junto à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, assaltos a bancos e a carros-fortes, seqüestros<strong>de</strong> pessoas com po<strong>de</strong>r econômico para extorqui-Ias, contraban<strong>do</strong> e <strong>de</strong>litosconexos.Os responsáveis pela repressão ao CO estão preocupa<strong>do</strong>s com o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong>srestos <strong>do</strong> arsenal <strong>da</strong> antiga União <strong>da</strong>s Repúblicas Socialistas Soviéticas(URSS), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> várias armas têm si<strong>do</strong> rouba<strong>da</strong>s e vendi<strong>da</strong>s no merca<strong>do</strong> negro,movimentan<strong>do</strong> enorme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro.Para combater a violência pratica<strong>da</strong> com armas <strong>de</strong> fogo, o Esta<strong>do</strong> tem quemanter o controle <strong>de</strong>las. O tráfico <strong>de</strong> armas é um ilícito que, normalmente, inicia-secom uma ação legal, emigran<strong>do</strong> para a ilegali<strong>da</strong><strong>de</strong> durante a comercialização.Diferentemente <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas em que to<strong>da</strong>s as suas fases sãoilegais.O contraban<strong>do</strong> é ca<strong>da</strong> vez maior e convém citar, inclusive, a gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> armas <strong>de</strong> CAC registra<strong>da</strong>s no SIMARM/SINARM, ampara<strong>do</strong>s pela "anistia"mas sem <strong>do</strong>cumentação legal.Atualmente, utiliza-se o conceito <strong>de</strong> conexão em substituição ao <strong>de</strong> rota, pois oprimeiro é mais dinâmico, enquanto o segun<strong>do</strong> é estático. Na conexão, o maisimportante são as pessoas e não os locais, principalmente pela gran<strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z<strong>do</strong>s contrabandistas.Deve-se ressaltar que o contraban<strong>do</strong> é a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria no país quan<strong>do</strong>sua importação é proibi<strong>da</strong> e que no <strong>de</strong>scaminho po<strong>de</strong> ser legalmente importa<strong>da</strong>,<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> pagar os tributos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s.4.1 TRÁFICO DE ARMAS NAS AMÉRICASNos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>da</strong> América (EUA), o ci<strong>da</strong>dão, a princípio, tem o direito <strong>de</strong>possuir arma <strong>de</strong> fogo. Dos 50 (cinqüenta) Esta<strong>do</strong>s , apenas 10 ( <strong>de</strong>z) controlam


256a compra e o porte <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> maneira satisfatória e 15 (quinze) combatem ouso <strong>de</strong> armamento por menores <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> com leis específicas.A Associação Nacional <strong>do</strong> Rifle (NRA) <strong>de</strong>senvolve um po<strong>de</strong>roso lobby contra o<strong>de</strong>sarmamento, financia<strong>do</strong> pela indústria <strong>de</strong> armas, ten<strong>do</strong> como alia<strong>da</strong>s aConstituição que garante o direito <strong>de</strong> portar armas <strong>de</strong> fogo, e a cultura <strong>do</strong> manuseio<strong>de</strong>las passa<strong>da</strong> pelos próprios familiares.Os EUA possuem aproxima<strong>da</strong>mente 1200 (mil e duzentos) fabricantes registra<strong>do</strong>se cerca <strong>de</strong> 120.000 (cento e vinte mil) estabelecimentos licencia<strong>do</strong>s,sen<strong>do</strong> lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> produção e exportação <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e produtos correlatos.As autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais norte-americanas calculam que, aproxima<strong>da</strong>mente,seis milhões <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo são adquiri<strong>da</strong>s anualmente nos EUA por ci<strong>da</strong>dãose que muitas acabam nas mãos <strong>de</strong> intermediários a serviço <strong>de</strong> contrabandistas.As inúmeras lojas <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas na fronteira com o México são as principaisfornece<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s fuzis AR-15 que entram inclusive no Brasil.A fiscalização interna e o controle <strong>da</strong>s exportações estaduni<strong>de</strong>nses são ineficientes.Já na América <strong>do</strong> Sul, particularmente no Paraguai, os contrabandistas criamfirmas com "facha<strong>da</strong>" <strong>de</strong> loja <strong>de</strong> caça e pesca em Assunção, Pedro Juan Caballero,Ciu<strong>da</strong>d Del Leste, Bela Vista, on<strong>de</strong> normalmente ven<strong>de</strong>m armas e muniçõesem pequenas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s e/ou servem <strong>de</strong> intermediários para a ven<strong>da</strong>em ataca<strong>do</strong>. O comércio é alimenta<strong>do</strong> por coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res, caça<strong>do</strong>res,garimpeiros e ci<strong>da</strong>dãos comuns que compram armas para auto<strong>de</strong>fesa. Há,também, outra clientela forma<strong>da</strong> por narcotraficantes, seqüestra<strong>do</strong>res e assaltantes<strong>de</strong> bancos, que compram as armas <strong>de</strong> calibres proibi<strong>do</strong>s (fuzis, metralha<strong>do</strong>rase escopetas), por meio <strong>de</strong> operações e esquemas bem organiza<strong>do</strong>s.Existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conivência <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s governamentais paraguaiascom o contraban<strong>do</strong>, particularmente na faixa <strong>de</strong> fronteira.No que se refere à Bolívia, a Zona <strong>de</strong> Livre Comércio, existente no Departamento<strong>de</strong> Pan<strong>do</strong>, propicia um comércio sem controle, principalmente em Cobijase Vila Montevi<strong>de</strong>o. As ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong> La Sierra e Puerto Suarezsão pontos <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong> armas para o Brasil.


257A Argentina é um <strong>do</strong>s países exporta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> armas e produtos correlatos,também <strong>de</strong> emprego militar. Nos anos <strong>de</strong> 2000 e 2001 foram <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s inúmerasgrana<strong>da</strong>s argentinas no Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ.O Uruguai igualmente é um gran<strong>de</strong> entreposto <strong>de</strong> comércio ilegal <strong>de</strong> armas e,principalmente, <strong>de</strong> munição pelas facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s alfan<strong>de</strong>gárias, fronteiras em linhaseca e vias aquáticas.Os grupos narcoterroristas, paramilitares e <strong>de</strong>linqüentes comuns transformarama Colômbia no maior merca<strong>do</strong> ilícito <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> armas.Os rios, principalmente o Amazonas e o Putumayo, assim como as pistas <strong>de</strong>pouso não-homologa<strong>da</strong>s, são muito utiliza<strong>do</strong>s para o transporte ilegal <strong>de</strong> armase munições.No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1997 a 2000, foram encontra<strong>do</strong>s com as Forças Arma<strong>da</strong>s Revolucionárias<strong>da</strong> Colômbia (FARC) vários fuzis vin<strong>do</strong>s ilegalmente <strong>do</strong> Surinameem troca <strong>de</strong> drogas. Após rastreamento, constatou-se que o referi<strong>do</strong> armamentofoi exporta<strong>do</strong> legalmente pelo Brasil para o Suriname, em déca<strong>da</strong>s passa<strong>da</strong>s,sen<strong>do</strong> transferi<strong>do</strong> para as FARC durante o governo corrupto <strong>de</strong> Bouterse.4.2 TRÁFICO DE ARMAS NO BRASILOs locais que possuem armas são alvos, prioritários, <strong>de</strong> roubo, como estabelecimentos<strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> armamento, fôros judiciais que guar<strong>da</strong>m armas que sãoobjetos <strong>de</strong> crimes, <strong>de</strong>legacias policiais, residências <strong>de</strong> militares, coleciona<strong>do</strong>res,atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res e Organizações Militares (OM).As lojas <strong>de</strong> armas e munições, empresas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> vigilantes e firmas <strong>de</strong>gestão <strong>de</strong> segurança costumam sanar suas irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s nos estoques <strong>de</strong>seus produtos, como se houvesse roubo ou furto.No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1998 a 2001, foram rouba<strong>do</strong>s/furta<strong>do</strong>s e recupera<strong>do</strong>s os seguintesarmamentos <strong>da</strong>s OM <strong>do</strong> Exército, conforme po<strong>de</strong> se observar na tabela aseguir:Tabela n.º 1 – <strong>Armas</strong> rouba<strong>da</strong>s e recupera<strong>da</strong>sARMAS 1998 1999 2000 2001 TOTAL(furta<strong>da</strong>s erouba<strong>da</strong>s)TOTAL(Recupera<strong>da</strong>s*)FAL 04 09 13 04 30 12PARA-FAL 02 - - 04 06 06PISTOLA 13 15 08 04 40 16MOSQUEFAL 03 01 - 01 05 02


258TOTAL 22 25 21 13 81 36Fonte: Gabinete <strong>do</strong> Coman<strong>da</strong>nte <strong>do</strong> Exército* Referem -se às recuperações <strong>de</strong> armamentos ocorri<strong>da</strong>s nos anos <strong>de</strong> 2000 e 2001.Um percentual expressivo <strong>do</strong> armamento exporta<strong>do</strong> para o Paraguai e a Bolíviatem retoma<strong>do</strong> ao Brasil clan<strong>de</strong>stinamente, principalmente os <strong>de</strong> calibre proibi<strong>do</strong>.Tal fato tem si<strong>do</strong> noticia<strong>do</strong> com alar<strong>de</strong> pela imprensa.O <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> "armas rejeita<strong>da</strong>s" na área <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a duplicação<strong>de</strong> numeração por parte <strong>de</strong> funcionários inescrupulosos <strong>da</strong> própria empresasão outras formas <strong>de</strong> obtenção e ven<strong>da</strong> ilegal <strong>de</strong> armamento. Não se <strong>de</strong>ve esquecer,conforme revela<strong>do</strong> pelo jornal "O Globo", <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2000, o<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> munição <strong>de</strong> fuzil <strong>da</strong> fábrica Companhia Brasileira <strong>de</strong> Cartuchos(CBC) que foi parar nas mãos <strong>de</strong> bandi<strong>do</strong>s.Normalmente, as notas fiscais e vias <strong>de</strong> tráfego seguem tramitação legal, porémparte ou até mesmo a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos controla<strong>do</strong>s seguem para acomercialização ilegal.As principais causas <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas no Brasil são ocrescimento <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> com a expansão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s organizaçõescriminosas; a permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s quase 16.000 (<strong>de</strong>zesseis mil) Km <strong>de</strong>fronteiras terrestres, com gran<strong>de</strong> parte em linha seca e com inúmeros locais <strong>de</strong>passagem para os países vizinhos; o litoral extenso com cerca <strong>de</strong> 7.400 (setemil e quatrocentos) Km e sem Guar<strong>da</strong> Costeira;. a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com países quefacilitam a importação <strong>de</strong> armas; e o atrativo <strong>do</strong> lucro certo e eleva<strong>do</strong>. Oproblema é agrava<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>ficiente sistema <strong>de</strong>' proteção e vigilância <strong>da</strong>fronteira, em particular na Região Amazônica, on<strong>de</strong> existem numerososcampos <strong>de</strong> pouso clan<strong>de</strong>stinos e farta malha hidroviária. A tu<strong>do</strong> isso somam-seas áreas <strong>de</strong> pobreza sem oferta <strong>de</strong> trabalho, a fiscalização ineficaz, acorrupção, a impuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e o fraco aparato <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> segurança pública.Po<strong>de</strong>-se citar também as múltiplas funções <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral preconiza<strong>da</strong>s naConstituição Fe<strong>de</strong>ral (apud, Brasil, 2002, p. 90-91).“§1° A polícia fe<strong>de</strong>ral, instituí<strong>da</strong> por lei como órgão permanente, organiza<strong>do</strong> e manti<strong>do</strong>pela União e estrutura<strong>do</strong> em carreira, <strong>de</strong>stina-se a:I - . apurar infrações penais contra a or<strong>de</strong>m política e social ou em<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> bens, serviços e interesses <strong>da</strong> União ou <strong>de</strong> suas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s autárquicase empresas públicas, assim como outras infrações cuja a prática tenha repercussãointerestadual ou internacional e exija repressão uniforme , segun<strong>do</strong> se dispuser emlei;


259II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes e drogas afins, o contraban<strong>do</strong>e o <strong>de</strong>scaminho, sem prejuízo <strong>da</strong> ação fazendária e <strong>de</strong> outros órgãos públicos nasrespectivas áreas <strong>de</strong> competência;III - exercer as funções <strong>de</strong> policia marítima, aeroportuária e <strong>de</strong> fronteira;IV- exercer, com exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, as funções <strong>de</strong> polícia judiciária <strong>da</strong> União.”A respeito <strong>de</strong>sta Polícia o professor <strong>do</strong> Instituto Fernand Brau<strong>de</strong>l <strong>de</strong> EconomiaMundial e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r policial <strong>da</strong> Secretaria <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Segurança Pública<strong>de</strong> São Paulo, Cel PM José Vicente <strong>da</strong> Silva Filho (apud VELLOSO; ALBU-QUERQUE, 2000, p. 191), assim se pronuncia:[...] A Polícia Fe<strong>de</strong>ral, com um reduzi<strong>do</strong> efetivo <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> sete mil integrantes,não po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r conta <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as suas atribuições, que vão <strong>da</strong> burocracia <strong>da</strong> expedição<strong>de</strong> passaportes e <strong>do</strong> controle <strong>de</strong> estrangeiros até a repressão ao tráfico <strong>de</strong> drogas,contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas, passan<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> aeroportos clan<strong>de</strong>stinos,problemas com índios e sofistica<strong>do</strong>s crimes políticos e financeiros. Perdi<strong>da</strong> nessediversifica<strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> missões a Polícia Fe<strong>de</strong>ral mal consegue <strong>da</strong>r conta <strong>de</strong> açõespontuais em crimes políticos e financeiros <strong>de</strong> repercussão, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> abertas asfronteiras ao tráfico <strong>de</strong> drogas, ao contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas e pouco fazen<strong>do</strong> para atuarno crime organiza<strong>do</strong>, que ultrapassa as fronteiras estaduais.O contraban<strong>do</strong> é realiza<strong>do</strong> por via terrestre, aérea e aquática.A via terrestre ro<strong>do</strong>viária é a mais utiliza<strong>da</strong> pelo tráfico, por causa <strong>da</strong> gran<strong>de</strong>capilari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> re<strong>de</strong> viária e pelo número <strong>de</strong> veículos que nela circulam, facilitan<strong>do</strong>a redução <strong>do</strong> volume <strong>da</strong> carga e <strong>do</strong> risco <strong>de</strong> per<strong>da</strong>, sem falar na tênuefiscalização ro<strong>do</strong>viária no País.As armas são conduzi<strong>da</strong>s por pessoas, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s na gíria <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong>"matutos" <strong>do</strong> armamento, que o disseminam pelos diversos meios <strong>de</strong> transporte.O tráfico <strong>de</strong> armas nos Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, Paraíba e Pernambuco vem se caracterizan<strong>do</strong> pela atuação<strong>de</strong> quadrilhas em assaltos a estabelecimentos comerciais e financeiros, a carros-fortes,a veículos <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> cargas, a ônibus e , até mesmo, a quartéis.As Polícias Civil e Militar <strong>do</strong> Amapá têm apreendi<strong>do</strong> armas <strong>de</strong> calibre 12, proce<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> Caiena/Guiana Francesa.Suspeita-se que o Coman<strong>do</strong> Vermelho (CV) seja responsável pela entra<strong>da</strong> <strong>de</strong>armas dá calibre 7,62mm, 5,56mm e metralha<strong>do</strong>ra UZI, por meio <strong>de</strong> quadrilhasque atuam na região Norte e Nor<strong>de</strong>ste.


260A capital <strong>do</strong> Ceará tem se caracteriza<strong>do</strong> pelo comércio ilícito <strong>de</strong> armas, chegan<strong>do</strong>a haver feiras no centro urbano com a participação <strong>de</strong> policiais inescrupulosos.A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Mossoró/RN, pela localização estratégica, torna-se ponto <strong>de</strong> passagempara o tráfico <strong>de</strong> armas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à parte su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Ceará e à regiãoalto oeste <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, on<strong>de</strong> a incidência <strong>de</strong> assaltos a agênciasbancárias é eleva<strong>da</strong>.Em Pernambuco, os Municípios <strong>de</strong> Cabrobó e Orobó, integrantes <strong>do</strong> "polígono<strong>da</strong> maconha", são responsáveis pelo tráfico <strong>de</strong> armas nessa região.No Nor<strong>de</strong>ste, é preocupante a confecção artesanal <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> caça para sobrevivênciafamiliar nas regiões carentes, além <strong>do</strong> uso indiscrimina<strong>do</strong> <strong>de</strong> armamentopelas chama<strong>da</strong>s quadrilhas "Coman<strong>do</strong> Caipira" e "Coman<strong>do</strong> Norte/Nor<strong>de</strong>ste".Na linha <strong>de</strong> fronteira, o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas tem cresci<strong>do</strong> juntamente com os<strong>de</strong>mais crimes. No Amazonas, os principais locais <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas sãoTabatinga, campos <strong>de</strong> pouso clan<strong>de</strong>stinos e o Aeroporto Internacional <strong>de</strong> Manaus.Pelo Acre, as armas penetram no País por Brasiléia, Pláci<strong>do</strong> <strong>de</strong> Castro e Epitaciolândiaou através <strong>de</strong> pistas <strong>de</strong> pouso.Em Rondônia, as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Guajará-Mirim, Costa Marques e Pitangueiras sãoas portas <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas que vêm <strong>da</strong> Bolívia.As principais ro<strong>do</strong>vias utiliza<strong>da</strong>s pelo tráfico <strong>de</strong> armas são: BR-364, principaleixo ro<strong>do</strong>viário que dá aceso ao Acre; BR-425, que liga Guajará-Mirim à BR-364; e a BR-429, que liga Costa Marques à BR-364.Há suspeita <strong>de</strong> que o contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas em Rondônia recaia sobre agentes<strong>da</strong> lei que se organizam em diferentes grupos, entre os quais se <strong>de</strong>stacampresta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> segurança para empresas e narcotraficantes, quadrilhas<strong>de</strong> assaltantes a bancos, e reven<strong>de</strong><strong>do</strong>res <strong>de</strong> armas.No Mato Grosso, os traficantes <strong>de</strong> armas atuam em menor escala, limitan<strong>do</strong>-sea obter uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s encomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s para uso <strong>de</strong> terceiros, utilizan<strong>do</strong> principalmenteas BR-163, 364 e 070, bem como as MT-130 e 270.


261Há indício <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong> no aeroporto <strong>de</strong> Cannaraná em Cuiabá/MT, noscampos <strong>de</strong> pouso não-homologa<strong>do</strong>s e nos Municípios <strong>de</strong> Itiquira/MT e NovaGaliléia/MT.Em Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (MS), as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ponta Porã, Campo Gran<strong>de</strong>, CoronelSapucaia, Sete Que<strong>da</strong>s, Paranhos, Mun<strong>do</strong> Novo, Corumbá, Cáceres eBela Vista são portas <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> armas ilegais. Muitas <strong>de</strong>las, proce<strong>de</strong>ntes<strong>do</strong> Paraguai, com <strong>de</strong>stino às regiões su<strong>de</strong>ste e leste <strong>do</strong> País, passam pelo MS.As ro<strong>do</strong>vias BR-060, 163, 262 são muito utiliza<strong>da</strong>s para esse ilícito.O Paraná faz parte <strong>da</strong> tríplice fronteira Argentina, Brasil e Paraguai. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> Foz <strong>do</strong> Iguaçu é centro <strong>de</strong> várias ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> CO, em particular a <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong><strong>de</strong> armas.As principais ro<strong>do</strong>vias utiliza<strong>da</strong>s são as BR-153, 277 e 369. A BR-277, que ligaFoz <strong>do</strong> Iguaçu a Paranaguá, favorece o tráfico pela existência <strong>do</strong> porto que oferecefranquias aduaneiras ao Paraguai.A maioria <strong>da</strong>s armas apreendi<strong>da</strong>s é <strong>de</strong> fabricação brasileira, exporta<strong>da</strong>s para oParaguai e que retomam em situação irregular. Há também apreensão <strong>de</strong> armasargentinas que entram no Brasil por Foz <strong>do</strong> Iguaçu/PR.O Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul é um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro corre<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s armas proce<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> Argentinae <strong>do</strong> Uruguai e que se <strong>de</strong>stinam, principalmente, ao Rio <strong>de</strong> Janeiro eSão Paulo.As armas a<strong>de</strong>ntram no Brasil pelas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uruguaiana, Quaraí, Santana <strong>do</strong>Livramento e Chuí e são basicamente transporta<strong>da</strong>s pelas ro<strong>do</strong>vias BR -290,153, 116 e 101.Em 1997, o emprego <strong>de</strong> grana<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mão nos assaltos a bancos e carrosfortesem São Paulo foi alarmante. Houve um acréscimo superior a 60% emrelação ao ano anterior. Muitas <strong>de</strong>ssas grana<strong>da</strong>s haviam si<strong>do</strong> exporta<strong>da</strong>s nadéca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970 para Bolívia e retomaram ao Brasil ilegalmente.O merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro é um <strong>do</strong>s maiores consumi<strong>do</strong>res <strong>da</strong> América Latina<strong>de</strong> armas contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s. As mesmas são compra<strong>da</strong>s por traficantes,assaltantes, seqüestra<strong>do</strong>res, policiais, empresas <strong>de</strong> segurança, coleciona<strong>do</strong>res,atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res.


262A Polícia <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro apreen<strong>de</strong>u , nos anos <strong>de</strong> 2000 e 2001, gran<strong>de</strong>quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armamento e produtos correlatos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong>Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública.O quadro <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas no Brasil é preocupante, particularmenteno Rio <strong>de</strong> Janeiro, a ponto <strong>do</strong> então Governa<strong>do</strong>r Marcello Alencar haver propostoao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República o emprego <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s no combateà tal prática criminosa.Dessa forma, verifica-se que as armas são transporta<strong>da</strong>s pelas principais ro<strong>do</strong>viasbrasileiras que possuem uma tênue fiscalização <strong>da</strong>s Polícias Ro<strong>do</strong>viáriaFe<strong>de</strong>ral e Estadual, ten<strong>do</strong> as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s gêmeas como pontos <strong>de</strong> ligação com ospaíses lin<strong>de</strong>iros. É o caso, por exemplo, <strong>de</strong> Pedro Juan Caballero/PY para PontaPorã/MS; <strong>de</strong> Capitan Ba<strong>do</strong>/PY para Coronel Sapucaia/MS; <strong>de</strong> Pin<strong>do</strong>ty Porã/PYpara Sete Que<strong>da</strong>s/MS; <strong>de</strong> Ipê-Jhu/PY para Paranhos/MS; <strong>de</strong> Ciu<strong>da</strong>d <strong>de</strong>lLeste/PY para Foz <strong>do</strong> Iguaçu/PR; <strong>de</strong> Salto <strong>de</strong>l Guayra/PY para Guaíra/PR; <strong>de</strong>Salto <strong>de</strong>l Guayra/PY para Mun<strong>do</strong> Novo/MS; <strong>de</strong> Bella Vista/PY para Bela Vista/MS;<strong>de</strong> Cobija/BO para Brasiléia/AC; <strong>de</strong> Guayaramerin/BO para Guajará-Mirim/RO; <strong>de</strong> Vila Montevidéo/BO para Pláci<strong>do</strong> Castro/AC; <strong>de</strong> Puerto Suarez/BOpara Corumbá/MS; <strong>de</strong> San Matias/BO para Cáceres/MT; <strong>de</strong> Puerto I-guaçu/AR para Foz <strong>do</strong> Iguaçu/PR; <strong>de</strong> Paso <strong>de</strong> Los Libres/AR para Uruguaiana/RS;<strong>de</strong> Rivera/UR para Santana <strong>do</strong> Livramento/RS; <strong>de</strong> Artigas/UR paraQuaíra/RS; <strong>de</strong> Rocha/UR para Chuí/RS; e <strong>de</strong> Letícia/CO para Tabatinga/AM.O armamento adquiri<strong>do</strong> <strong>do</strong>s EUA e <strong>do</strong> México entra, por via aérea, principalmentepelos Aeroportos Internacionais e, em particular, pelo Aeroporto <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro ou passan<strong>do</strong> por Buenaventura/COL e <strong>de</strong>sta ci<strong>da</strong><strong>de</strong> penetra noBRASIL em pequenos aviões que aterrizam em pistas clan<strong>de</strong>stinas na Amazôniae no Mato Grosso. Em fevereiro <strong>de</strong> 1997, foram apreendi<strong>do</strong>s 13 (treze) fuzisHK G3 no interior <strong>de</strong> uma aeronave Sêneca que caíra em Pontes <strong>de</strong> Lacer<strong>da</strong>/MT.Segun<strong>do</strong> o sobrevivente, o armamento seria troca<strong>do</strong> por droga com asForças Arma<strong>da</strong>s Revolucionárias <strong>da</strong> Colômbia (FARC). Em 1998, uma aeronavecivil proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Barcelos/AM foi apreendi<strong>da</strong> em Itatituba/PA após <strong>de</strong>ixararmas naquela ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.O tráfico aéreo sempre foi facilita<strong>do</strong> pela inexistência <strong>de</strong> um eficaz Sistema <strong>de</strong>Vigilância Aérea na faixa <strong>da</strong> fronteira e pela ineficácia <strong>da</strong> lei <strong>de</strong> abate <strong>de</strong> aeronaves<strong>do</strong> CO. Agora, com a implantação <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Vigilância <strong>da</strong> Amazônia(SIVAM), espera-se que tão grave problema seja, ao menos, minimiza<strong>do</strong>.


263Por via aquática, o armamento oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s EUA, <strong>do</strong> México e Panamá entra,basicamente, pelos portos <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ, <strong>de</strong> Sepetiba/RJ e <strong>de</strong> Santos/SPou é joga<strong>do</strong> no mar próximo ao litoral, sen<strong>do</strong> recolhi<strong>do</strong> pelos contrabandistas.Tal ação é facilita<strong>da</strong> pela inexistência <strong>de</strong> uma guar<strong>da</strong> costeira e pelararefeita presença <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral.No Pará, particularmente nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Belém, Abaetetuba e Marabá, é gran<strong>de</strong>a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas rouba<strong>da</strong>s e que são envia<strong>da</strong>s às gangues <strong>de</strong> Macapá/APou para o interior <strong>da</strong> Amazônia, através <strong>do</strong> rio Amazonas, chegan<strong>do</strong> àColômbia e ao Peru, normalmente em troca <strong>de</strong> droga.Convém registrar, ain<strong>da</strong>, já ter ocorri<strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas até pelo correio, viaSEDEX, envolven<strong>do</strong> sócios <strong>de</strong> clubes <strong>de</strong> tiro.O Merca<strong>do</strong> Comum <strong>do</strong> Cone Sul (MERCOSUL) oferece maior liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>comércio, propician<strong>do</strong> um aumento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ilícitas <strong>de</strong> armas nos paíseslin<strong>de</strong>iros.A violência com armas <strong>de</strong> fogo reflete negativamente na segurança pública ecomeça a ameaçar o po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.O contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> armas é um problema transnacional, conforme <strong>de</strong>claração<strong>do</strong> Senhor Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República <strong>do</strong> Brasil na Reunião <strong>de</strong> Cúpula <strong>da</strong>s Américas- em Santiago <strong>do</strong> Chile - que resultou na assinatura <strong>da</strong> <strong>de</strong>claração presi<strong>de</strong>ncialsobre combate à fabricação e ao tráfico ilícito <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo, munições,explosivos e outros materiais correlatos. Em conseqüência, foi assina<strong>do</strong>o Acor<strong>do</strong> nº 04/98 que versa sobre mecanismo conjunto <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> compra<strong>do</strong>rese ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> material entre os países membros <strong>do</strong> MERCO-SUL, Chile e Bolívia.5. SISTEMA DE FISCALIZAÇÃO DE ARMAS DE FOGOAs ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro e <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> competência <strong>do</strong> Exército são supervisiona<strong>da</strong>spelo Departamento Logístico (DLog) por intermédio <strong>de</strong> sua Diretoria<strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s (DFPC).As ações <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s são executa<strong>da</strong>s pelas RegiõesMilitares por intermédio <strong>da</strong>s Re<strong>de</strong>s Regionais <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> ProdutosControla<strong>do</strong>s constituí<strong>da</strong>s pelos seguintes órgãos: Serviços <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong>Produtos Controla<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Região Militar (SFPC/RM), <strong>da</strong> Guarnição (SFPC/Gu),<strong>da</strong> Delegacia <strong>de</strong> Serviço Militar (SFPC/Del SM), <strong>da</strong> Fábrica Civil (SFPC/FC) e


264<strong>do</strong> Posto <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s (PFPC). O Exército conta,atualmente, com 357 (trezentos e cinqüenta e sete) SFPC.A experiência, no âmbito <strong>de</strong> 1.ª RM, mostrou a ineficácia <strong>do</strong> SFPC/Del SM porfalta <strong>de</strong> estrutura para a fiscalização, pelo pouco interesse <strong>de</strong> Delega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Serviço Militar (Del SM) pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e pelo <strong>de</strong>spreparo em se impor na coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fiscalizar armas <strong>de</strong> fogo e produtos correlatos.Na locali<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> intenso controle, inexistência <strong>de</strong> OrganizaçãoMilitar (OM) ou fiscalização <strong>de</strong>ficitária exerci<strong>da</strong> por um Dei SM, po<strong>de</strong>seinstalar Posto <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s que apresente avantagem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>stinar exclusivamente à fiscalização, porém requer recursospara estabelecer a sua estrutura.Conforme o artigo 22 <strong>do</strong> R/105, são elementos auxiliares <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong>produtos controla<strong>do</strong>s as associações, confe<strong>de</strong>rações, fe<strong>de</strong>rações ou clubes <strong>de</strong>coleciona<strong>do</strong>res, atira<strong>do</strong>res e caça<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente registra<strong>do</strong>s no Exército.Na prática, verifica-se que tais responsáveis invocam muito mais a prerrogativa<strong>de</strong> auxiliar na fiscalização <strong>do</strong> que efetivamente realizá-Ia.Uma <strong>da</strong>s competências <strong>do</strong>s integrantes <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> ProdutosControla<strong>do</strong>s é vistoriar o acervo <strong>do</strong> usuário, quan<strong>do</strong> necessário e sempre quepossível.As vistorias po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> rotina ou inopina<strong>da</strong>s, estas <strong>de</strong> difícil realizaçãoquan<strong>do</strong> o acervo <strong>do</strong> usuário estiver em residências, sen<strong>do</strong> mais usuais emestabelecimentos comerciais. O sistema não po<strong>de</strong> abrir mão <strong>de</strong> realizar avistoria por ser um instrumento eficaz <strong>da</strong> fiscalização.5.1 PRINCIPAIS IRREGULARIDADESOs usuários <strong>do</strong> SFPC cometem, normalmente, as seguintes irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s:- não comunicar previamente a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço;- não aten<strong>de</strong>r às normas <strong>de</strong> segurança exigi<strong>da</strong>s pela legislação;comprar, ven<strong>de</strong>r, trocar ou emprestar armas e munições sem autorização <strong>do</strong>SFPC;- impetrar recursos sem fun<strong>da</strong>mento e sem amparo contra agentes administrativosna fiscalização <strong>do</strong> cumprimento <strong>da</strong> lei, principalmente na constatação <strong>de</strong>irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s em estabelecimentos comerciais;- transportar armas e produtos correlatos sem guia <strong>de</strong> autorização;


265- <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar a renovação <strong>do</strong> certifica<strong>do</strong> registro (CR) nos prazosestabeleci<strong>do</strong>s. Basta citar que na 18 RM, em 2001, na<strong>da</strong> menos <strong>do</strong> que 118(cento e <strong>de</strong>zoito) atira<strong>do</strong>res, 71 (setenta e um) coleciona<strong>do</strong>res e 6 (seis) caça<strong>do</strong>res<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> renovar os seus CR;- <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> solicitar o cancelamento <strong>do</strong> registro e <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar o <strong>de</strong>sfazimento<strong>do</strong> acervo;- importar armas e produtos correlatos sem licença prévia;- registrar arma sem origem comprova<strong>da</strong>, ato conheci<strong>do</strong> pela expressão "esquentararmas";- <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> comunicar roubo ou furto <strong>de</strong> arma <strong>do</strong> acervo. A título <strong>de</strong> exemplo, ojornal "O Dia", <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2001, publicou que por ocasião <strong>de</strong> assalto auma residência foi apreendi<strong>da</strong> uma pistola Taurus que pertencia a um coleciona<strong>do</strong>re atira<strong>do</strong>r registra<strong>do</strong> no . SFPC/1, que não participou o <strong>de</strong>saparecimento<strong>da</strong> arma e que já tinha si<strong>do</strong> vistoria<strong>do</strong> anteriormente sem que fosse constata<strong>da</strong>qualquer falta;- utilizar guia <strong>de</strong> autorização como porte <strong>de</strong> arma;- transportar arma em condições <strong>de</strong> uso imediato. O SFPC/1 realizou, em 2001,a apreensão <strong>de</strong> quatro armas longas automáticas pertencentes a coleciona<strong>do</strong>rpor estarem municia<strong>da</strong>s, ao serem leva<strong>da</strong>s para serem pericia<strong>da</strong>s. O referi<strong>do</strong>armamento era utiliza<strong>do</strong> na segurança pessoal <strong>do</strong> coleciona<strong>do</strong>r, personali<strong>da</strong><strong>de</strong>expressiva na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> carioca. Outro significativo exemplo <strong>de</strong>sta irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>foi a autuação em flagrante, pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> atira<strong>do</strong>res conduzin<strong>do</strong>em ônibus na<strong>da</strong> menos <strong>do</strong> que 12 (<strong>do</strong>ze) grana<strong>da</strong>s, 11 (onze) pistolas, 1(uma) submetralha<strong>do</strong>ra, 1 (uma) carabina e 415 (quatrocentos e quinze) cartuchospara pistola Magnum 357;- <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> orientar os familiares para comunicarem o seu falecimento noSFPC, para o <strong>de</strong>sfazimento <strong>do</strong> acervo;- falsear <strong>do</strong>cumentos. O jornal "O Dia", <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000, publicou aprisão <strong>de</strong> um elemento com aproxima<strong>da</strong>mente vinte mil munições para fuzisAR15, AK47, FAL e pistolas 9mm e 45, em residência que servia <strong>de</strong> paiol paraa criminal i<strong>da</strong><strong>de</strong>. O <strong>de</strong>linqüente foi preso com uma carteira <strong>de</strong> sócio <strong>de</strong> clube <strong>de</strong>tiro e acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser armeiro <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> armas, embora na<strong>da</strong> constasse noSFPC a seu respeito;- utilizar armamento <strong>do</strong> acervo em segurança priva<strong>da</strong>. Na área <strong>da</strong> 1 ª RM, umpolicial militar foi preso em flagrante cometen<strong>do</strong> este <strong>de</strong>lito; e ven<strong>de</strong>r armas <strong>do</strong>acervo <strong>de</strong> CAC faleci<strong>do</strong>s. Convém citar o caso <strong>da</strong> viúva <strong>de</strong> um coleciona<strong>do</strong>rsuspeito <strong>de</strong> envolvimento com traficantes, que ven<strong>de</strong>u ou <strong>do</strong>ou parte <strong>do</strong> acervopara agentes <strong>do</strong> crime.5.2 PRINCIPAIS DIFICULDADESPor ser o Brasil uma Fe<strong>de</strong>ração, a fiscalização <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo é compartimenta<strong>da</strong>pelos órgãos <strong>de</strong> segurança pública fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipaisnão haven<strong>do</strong> uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> procedimentos por falta <strong>de</strong> espírito cooperativo,


266coesão e uni<strong>da</strong><strong>de</strong>, dificultan<strong>do</strong> a aplicação <strong>da</strong> legislação específica, principalmenteo R/105.As Secretarias <strong>de</strong> Segurança Pública Estaduais, o Departamento <strong>de</strong> PolíciaFe<strong>de</strong>ral, a Receita Fe<strong>de</strong>ral e o Departamento <strong>de</strong> Operações <strong>do</strong> Comércio Exteriornão cumprem eficazmente as <strong>de</strong>terminações constantes <strong>do</strong>s artigos 32, 33,35 e 37 <strong>do</strong> R/105 quanto à colaboração que <strong>de</strong>vem prestar ao Exército a respeito<strong>da</strong> fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s.Gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armamento é apreendi<strong>da</strong> pela polícia e sua remessapara o Exército é posterga<strong>da</strong> e, até mesmo, evita<strong>da</strong>. Muita munição é armazena<strong>da</strong>em locais ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s comprometen<strong>do</strong> a segurança, sem que o Exércitotome conhecimento e providências em tempo hábil. Em conseqüência, hágran<strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> para o rastreamento <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> armamento e munição,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fabricante até o compra<strong>do</strong>r e ou <strong>de</strong>tentor.É visível o <strong>de</strong>sconhecimento <strong>da</strong> legislação <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>sjudiciárias e pelo Ministério Público. Po<strong>de</strong>m-se citar o acautelamento <strong>de</strong>armas apreendi<strong>da</strong>s e a permissão <strong>de</strong> uso concedi<strong>da</strong> por uma Juíza, acatan<strong>do</strong>solicitação <strong>de</strong> Promotores <strong>de</strong> Justiça, para que agentes <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral eCivil <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro ficassem como fiéis <strong>de</strong>positários <strong>de</strong> cem armas <strong>de</strong> calibrerestrito, várias <strong>de</strong>las com numeração raspa<strong>da</strong>. Porém, o Sistema <strong>de</strong> Fiscalizaçãonão permite a <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> armas com números raspa<strong>do</strong>s, por prejudicaro controle, a i<strong>de</strong>ntificação e o rastreamento.Existem inúmeros problemas <strong>de</strong> justiça <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s cometi<strong>da</strong>spelos CAC e que questionam a aplicação <strong>da</strong>s normas vigentes. É o caso<strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>r que possui arma irregular ou obti<strong>da</strong> ilegalmente, mas invocana justiça o seu direito <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Seria o mesmo que alguém reclamar nopo<strong>de</strong>r judiciário a posse <strong>de</strong> sua cocaína apreendi<strong>da</strong> por policiais. Inicialmente,a justiça conce<strong>de</strong> liminar por <strong>de</strong>sconhecer a legislação e o assunto, bem <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong>por advoga<strong>do</strong>s especialistas que omitem <strong>da</strong><strong>do</strong>s importantes como otermo <strong>de</strong> compromisso <strong>do</strong> usuário <strong>de</strong> submeter-se às exigências <strong>do</strong> Exército.Em 2001, somente no SFPC/1, os CAC propuseram duas ações populares,quatro man<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> segurança e uma ação cautelar contra o Exército.Fatos <strong>de</strong>sta natureza consomem gran<strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s fiscaliza<strong>do</strong>res e<strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais para respon<strong>de</strong>rem às ações judiciais.


267Convém citar, ain<strong>da</strong>, os seguintes óbices para a otimização <strong>da</strong> fiscalização <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> fogo e produtos correlatos:- falta <strong>de</strong> recursos orçamentários;- escassez <strong>de</strong> pessoal com vivência profissional no Sistema;alta rotativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntre os agentes fiscaliza<strong>do</strong>res, principalmente no Exército;- priori<strong>da</strong><strong>de</strong> secundária para tão importante ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que interfere, até, na segurançapública;- ingerência no Sistema <strong>da</strong> parte <strong>de</strong> pessoas influentes, particularmente <strong>de</strong> u-suários <strong>do</strong> mesmo;- legislação complexa, confusa e pouco difundi<strong>da</strong>;- localização <strong>de</strong> acervos <strong>de</strong> armamento em residências <strong>do</strong>s CAC, dificultan<strong>do</strong> avistoria e <strong>da</strong>n<strong>do</strong> margem a ações judicias por invasão a <strong>do</strong>micílio;- <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> compromisso assumi<strong>do</strong> por escrito, pelos usuários, aoingressarem no Sistema.5.3 . APREENSÃOAs autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais, militares, alfan<strong>de</strong>gárias e as que receberem <strong>de</strong>legação<strong>de</strong> polícia têm competência para apreen<strong>de</strong>r produtos controla<strong>do</strong>s nas suas á-reas <strong>de</strong> atuação, quan<strong>do</strong> não aten<strong>de</strong>rem às especificações <strong>da</strong> legislação.A apreensão não isenta os infratores <strong>da</strong>s penali<strong>da</strong><strong>de</strong>s previstas no Regulamento<strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong> Produtos Controla<strong>do</strong>s e na legislação penal. Ela será feitamediante a lavratura <strong>do</strong> Termo <strong>de</strong> Apreensão, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a caracterizar perfeitamentea natureza <strong>do</strong> material e as circunstâncias em que foi apreendi<strong>do</strong>.As autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s militares e policiais prestarão to<strong>da</strong> a colaboração possível àsautori<strong>da</strong><strong>de</strong>s alfan<strong>de</strong>gárias, visan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>scoberta e a apreensão <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong>s<strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s.Conforme estabelece o artigo 246 <strong>do</strong> R/105, os produtos controla<strong>do</strong>s apreendi<strong>do</strong>spelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s competentes <strong>de</strong>verão ser encaminha<strong>do</strong>s aos <strong>de</strong>pósitos epaióis <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> Exército, mediante autorização <strong>da</strong>s RM.Em conseqüência, o Coman<strong>do</strong> Regional Militar <strong>de</strong>ve tomar conhecimento <strong>da</strong>sapreensões, provi<strong>de</strong>nciar rastreamento, no caso <strong>de</strong> armas, grana<strong>da</strong>s e outrosprodutos correlatos, bem como man<strong>da</strong>r estocá-Ios a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente em locaisapropria<strong>do</strong>s, liberan<strong>do</strong> a Força Auxiliar Pública <strong>de</strong> tal responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Entretanto,a Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro(SSP/RJ) apreen<strong>de</strong>u 251 (duzentas e cinqüenta e uma) grana<strong>da</strong>s em 1998,223 (duzentas e vinte três) em 1999 e 515 (quinhentas e quinze) em 2000, ar-


268mazenan<strong>do</strong>-as no Esquadrão Anti-bombas sem condições <strong>de</strong> aclimatação esegurança.Por outro la<strong>do</strong>, não existe cobrança <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito para o material apreendi<strong>do</strong>,apesar <strong>do</strong>s custos e riscos envolvi<strong>do</strong>s.O parágrafo 50 <strong>do</strong> artigo 246 sinaliza o apoio ao <strong>de</strong>sarmamento. As armas quetêm a numeração raspa<strong>da</strong> não <strong>de</strong>vem ter outra <strong>de</strong>stinação, senão a <strong>de</strong>struição.Assim, o Exército permanece aIinha<strong>do</strong> à Política <strong>de</strong> Desarmamento <strong>do</strong> Governoe aos anseios <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, reduzin<strong>do</strong> as ofertas <strong>de</strong> armas no merca<strong>do</strong> pormeio <strong>de</strong>sse mecanismo. Em 2000, o Exército <strong>de</strong>struiu na<strong>da</strong> menos <strong>do</strong> que155.745 (cento e cinqüenta e cinco mil setecentos e quarenta e cinco) armas.No caso <strong>de</strong> a arma ser distribuí<strong>da</strong> para o órgão que fez a apreensão, <strong>de</strong>ve seradiciona<strong>do</strong> em seu número um código que a i<strong>de</strong>ntifique por ter passa<strong>do</strong> poruma redistribuição.A Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro apreen<strong>de</strong>ugran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e produtos correlatos em 2001, conformeas tabelas abaixo:Tabela n° 2 - Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s por mês.MESESJan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. TOTAL1.232 1.146 1.365 1.282 1.417 1.559 1.368 1.473 1.346 1.685 1.555 1.368 16.796Fonte: SSP/RJTabela n.º 3 - Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas nacionais e estrangeiras apreendi<strong>da</strong>sMÊS NACIONAL ESTRANGEIRASEM IDEN-TIFICACÃOTOTALJan. 711 102 419 1.232Fev. 667 93 386 1.146Mar 764 153 448 1.365Abr. 704 104 474 1.282Mai. 685 118 614 1.417Jun. 681 107 771 1.559Jul. 537 89 742 1.368Ago. 516 89 868 1.473Set. 507 81 758 1.346Out. 645 86 954 1.685Nov. 608 66 881 1.555Dez. 502 61 805 1.368Total 7.527 1.149 8.120 16.796Fonte: SSP/RJTabela n° 4 - Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> grana<strong>da</strong>s apreendi<strong>da</strong>s


269MESESJan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.Total62 44 52 43 61 33 46 51 39 44 32 24 531Fonte: SSP/RJTabela n.º 5 - Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> munições apreendi<strong>da</strong>sMESESJan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Total7.772 6.062 10.911 13.645 21.663 11.176 10.556 11.137 8.913 7.884 8.224 8.275 126.218Fonte: SSP/RJAs principais armas estrangeiras apreendi<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro são<strong>da</strong> seguinte procedência:- <strong>da</strong> Alemanha: fuzil HK - G3, fuzil Mause, pistola Walther PPK e rifle HK;- <strong>da</strong> Argentina: pistola Bersa, pistola e metralha<strong>do</strong>ra FMAP, revólveres Doberman,Dectetive e Jaguar;- <strong>da</strong> Áustria: pistola Glock;- <strong>da</strong> Bélgica: espingar<strong>da</strong> Rayard Demi Bloc, fuzil e pistola FN (Fabrique NationaleD’Armes <strong>de</strong> Guerre), pistola Browning;- <strong>da</strong> China: fuzil e pistola Norinco;- <strong>da</strong> Espanha: pistolas Llama, Star, Astra, Liberty e submetralha<strong>do</strong>ra Star;- <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Norte: carabina Wichester, espingar<strong>da</strong>sMaverick, Remington, Winchester Hassberg, Mosberg, fuzis Ruger, AR-15,Colt, pistolas Ruger, Colt, Smith Wesson, Winchester, Magnum, rifle Remington,submetralha<strong>do</strong>ras Intratec e Ingran;- <strong>da</strong> França: espingar<strong>da</strong> e revólver Acier e Bayard, pistola Manurhin;- <strong>de</strong> Israel: pistola e fuzil Uzi, pistola Jericho;- <strong>da</strong> Itália: carabina, espingar<strong>da</strong> e pistola Beretta;- <strong>da</strong> Rússia: fuzil AK-47;- <strong>da</strong> Suiça: pistola Sig Sauer;- <strong>da</strong> Ex- Tchecoslováquia: pistola CZ e Ceska.Verifica-se que a gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armas e munições apreendi<strong>da</strong>s no Rio<strong>de</strong> Janeiro são nacionais e po<strong>de</strong>-se inferir que o mesmo ocorre em to<strong>do</strong> Brasil.Em 2001, foram rastrea<strong>da</strong>s somente 162 (cento e sessenta e duas) armas adquiri<strong>da</strong>spor pessoas jurídicas e 28 (vinte e oito) por pessoas físicas, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>ínfima diante <strong>do</strong> total <strong>de</strong> armamento apreendi<strong>do</strong>.A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Inteligência, o rigor alfan<strong>de</strong>gário e a atualização <strong>da</strong> legislaçãoespecífica são fun<strong>da</strong>mentais à eficácia <strong>da</strong> apreensão <strong>de</strong> armamento e munição,bem como à melhoria <strong>de</strong> seu rastreamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a origem.5.4 BENEFíCIO E CUSTO


270Os recursos financeiros oriun<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s taxas <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s são insuficientespara subsidiar às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> SFPC cujos custos diretos e indiretossão eleva<strong>do</strong>s.Até março <strong>de</strong> 2001, 6.059 (seis mil e cinqüenta e nove) coleciona<strong>do</strong>res, 6789(seis mil setecentos e oitenta e nove) atira<strong>do</strong>res, 2.619 ( <strong>do</strong>is mil seiscentos e<strong>de</strong>zenove) caça<strong>do</strong>res, 208 ( duzentos e oito) armeiros estavam. ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>s noExército, sen<strong>do</strong> responsáveis por 121.867 (cento e vinte e uma mil oitocentas esessenta e sete) armas.<strong>Armas</strong> <strong>de</strong> fogo, munição e seus acessórios são caros. Inúmeros CAC são profissionaisliberais, oficiais <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s e Auxiliares, juízes, <strong>de</strong>sembarga<strong>do</strong>res,promotores e empresários.Os locais e os perío<strong>do</strong>s permiti<strong>do</strong>s à caça são ca<strong>da</strong> vez mais escassos e normalmentenos locais são cobra<strong>da</strong>s taxas, além <strong>do</strong>s naturais custos <strong>de</strong> viagens.Assim, po<strong>de</strong>-se inferir que os usuários <strong>do</strong> SFPC encontram-se numa classeeconômica privilegia<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> pagar taxas <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> valor igual às<strong>da</strong>s instituições coirmãs, pois as cobra<strong>da</strong>s pelo Exército são irrisórias, conformeexemplifica<strong>do</strong> no quadro abaixo.Tabela n.º 6 - Comparação <strong>de</strong> taxas cobra<strong>da</strong>s em 2001ATIVIDADEEXÉRCITO BRASILEIRO(Basea<strong>do</strong> no DEC n.º3.665/2000)POLÍCIA FEDERAL(Basea<strong>do</strong> na Lei n.º9437/1997)Vistoria em firma R$ 85,00 R$ 1.060,00Autorização <strong>de</strong> compra <strong>de</strong>R$ 51,00 R$ 186,56armas e muniçõesGuia <strong>de</strong> tráfego R$ 8,00 R$ 106,00Alvará/CR R$ 76,00 R$ 530,00Registro <strong>de</strong> arma R$ 17,00 R$ 18,02Fonte: Coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> Apoio Regional <strong>da</strong> 1ª RMAtualmente, o orçamento <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> às Forças Arma<strong>da</strong>s é reduzidíssimo e seas taxas <strong>de</strong> fiscalização cobra<strong>da</strong>s pelo Exército fossem iguais às <strong>da</strong> Lei SI-NARM, utiliza<strong>da</strong> pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, a arreca<strong>da</strong>ção seria muito melhor. Destaforma, o Sistema receberia a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>do</strong>tação <strong>de</strong> material para cumprir a fiscalizaçãocom maior eficácia, contan<strong>do</strong> com filma<strong>do</strong>ras, grava<strong>do</strong>res, máquinasfotográficas, computa<strong>do</strong>res, veículos, mobiliários compatíveis e outros. Apesar<strong>do</strong>s baixos valores <strong>da</strong>s taxas existentes, o Exército arreca<strong>do</strong>u R$ 1.778.409,00(um milhão setecentos e setenta e oito mil quatrocentos e nove reais) no ano2001.


271A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fiscalização não po<strong>de</strong> ser uma sobrecarga para o Exército, umprejuízo à União, e por isso a taxa <strong>de</strong> cobrança pela prestação <strong>do</strong>s serviços<strong>de</strong>ve ser compatível e <strong>de</strong>stinar-se ao custeio e à manutenção <strong>do</strong> serviço. Porexemplo, o SFPC <strong>da</strong> 1ª RM, que não é o maior em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> usuários,arreca<strong>do</strong>u mensalmente em 2001 cerca <strong>de</strong> R$ 11.000,00 (onze mil reais) e dispõe<strong>de</strong> um efetivo <strong>de</strong> 24 militares que percebem, também mensalmente, R$52.130,00 (cinqüenta e <strong>do</strong>is mil e cento e trinta reais). Tu<strong>do</strong> isto sem contabilizaros custos diretos <strong>de</strong> fiscalização.5.5 JORNALISMO INVESTIGATIVOO jornalismo investigativo exerce papel importante na fiscalização <strong>do</strong>s produtoscontrola<strong>do</strong>s. Porém, <strong>de</strong>ve-se ter cui<strong>da</strong><strong>do</strong> com suas informações. Vejamosalguns exemplos.Um jornal publicou uma relação <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res e seus respectivos acervos,provavelmente forneci<strong>da</strong> por ex-agente administrativo <strong>do</strong> serviço que representavainteresse <strong>de</strong> coleciona<strong>do</strong>res com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilizar o SFPC, pora<strong>do</strong>tar medi<strong>da</strong>s eficazes <strong>de</strong> controle. O fato <strong>de</strong>u margem a um IPM e constatou-seque os <strong>da</strong><strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s estavam <strong>de</strong>satualiza<strong>do</strong>s há mais <strong>de</strong> cinco a-nos.Em 1995, 369 (trezentas e sessenta e nove) armas chegaram ao aeroporto <strong>do</strong>Galeão, provenientes <strong>da</strong> fábrica chinesa Norinco, en<strong>de</strong>reça<strong>da</strong>s a 157 (cento ecinqüenta e sete) coleciona<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Associação Brasileira <strong>de</strong> Coleciona<strong>do</strong>res<strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (ABCA). Jornais e emissoras <strong>de</strong> TV veicularam a possível ligação<strong>de</strong>sta Associação com traficantes <strong>de</strong> armas. A Polícia Fe<strong>de</strong>ral abriu inquérito,ain<strong>da</strong> em an<strong>da</strong>mento, mas na<strong>da</strong> foi prova<strong>do</strong> até agora sobre a existência <strong>de</strong>ilícito. Segun<strong>do</strong> assessoria jurídica <strong>da</strong> ABCA, a celeuma foi cria<strong>da</strong> por haverréplicas, no carregamento, <strong>do</strong> rifle semi-automático AK-47 muito usa<strong>do</strong> por traficantes<strong>do</strong> crime organiza<strong>do</strong>. O fato trouxe, também, gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste para oExército, por ser o responsável pela autorização e fiscalização <strong>de</strong> tal armamento.Em 2001, foi divulga<strong>da</strong>, em jornal, uma operação <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral estouran<strong>do</strong>uma fábrica <strong>de</strong> recarga on<strong>de</strong> existiam equipamentos <strong>de</strong> cartuchos <strong>de</strong> fuzis AR-15, HK, FAL, e pistolas, além <strong>de</strong> cápsulas <strong>de</strong> teflon que se tornam invisíveisaos <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> metais. A referi<strong>da</strong> fábrica havia si<strong>do</strong> monta<strong>da</strong> por um sol<strong>da</strong><strong>do</strong><strong>da</strong> Aeronáutica habilita<strong>do</strong> no reparo <strong>de</strong> armamentos e, segun<strong>do</strong> a polícia,


272também possuía registro <strong>de</strong> atira<strong>do</strong>r e autorização para trabalhar somente comrecarga <strong>de</strong> munição para revólveres calibre .38 e 380.Em 2002, uma revista <strong>de</strong> expressiva circulação criticou as Portarias n.º 24-DMB, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2000, e a <strong>de</strong> n.º 002-DLog, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>2001, por autorizarem o registro <strong>de</strong> armas semi-automáticas e <strong>de</strong> uso exclusivo<strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, anteriormente proibi<strong>do</strong> a coleciona<strong>do</strong>res. O autor <strong>da</strong> referi<strong>da</strong>matéria chegou a <strong>de</strong>clarar que o mesmo governo que tenta mobilizar a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>em prol <strong>do</strong> controle <strong>de</strong> armas também favorece a circulação <strong>de</strong> arsenalpesa<strong>do</strong>.Recentemente, a imprensa noticiou que um atira<strong>do</strong>r teve sua arma apreendi<strong>da</strong>por não apresentar <strong>do</strong>cumentos comprobatórios <strong>de</strong> posse. Apesar disto, asautori<strong>da</strong><strong>de</strong>s judiciárias consi<strong>de</strong>raram o usuário fiel <strong>de</strong>positário e <strong>de</strong>terminaramque fosse expedi<strong>da</strong> a guia <strong>de</strong> tráfego especial para que a arma fosse utiliza<strong>da</strong>em competição, ignoran<strong>do</strong> as informações presta<strong>da</strong>s pelo Exército.A exploração <strong>de</strong> notícias sensacionalistas sobre o controle <strong>de</strong> armas às vezesdistorce os fatos e <strong>de</strong>sgasta a boa imagem <strong>do</strong> Exército na fiscalização <strong>de</strong> material<strong>de</strong> tanto risco.6. UMA POLÍTICA PARA O EXÉRCITO BRASILEIRO (PROPOSTA)A fiscalização <strong>do</strong> Exército a respeito <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e produtos correlatostem uma legislação ampla, complexa e alguns órgãos <strong>de</strong> cooperação. Segueseuma proposta <strong>de</strong> política para que o SFPC se torne um instrumento eficazna fiscalização.ENUNCIADO Nº 1 - CAPACITAR O SISTEMA DE FISCALIZAÇÃO DE AR-MAS DE FOGO E PRODUTOS CORRELATOS PARA ATUAR EFICAZMEN-TEAÇÕES- valorizar os recursos humanos;- aprimorar a estrutura organizacional <strong>do</strong> sistema, tornan<strong>do</strong>-a mo<strong>de</strong>rna,racional, eficaz e suficientemente flexível para po<strong>de</strong>r evoluir <strong>da</strong> estrutura atualpara a necessária, com a máxima presteza;- <strong>do</strong>tar o sistema <strong>de</strong> meios e materiais mo<strong>de</strong>rnos, a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s aosdiversos ambientes operacionais, buscan<strong>do</strong> complementar as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;- articular e organizar o Sistema em to<strong>do</strong> b País, observan<strong>do</strong> as característicasgeográficas e as implicações para o preparo e o emprego em ca<strong>da</strong> área <strong>de</strong> fiscalização;- estimular o comprometimento <strong>de</strong> tão importante responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>entre to<strong>do</strong>s os integrantes <strong>do</strong> Sistema;


273- capacitar o Sistema a atuar eficazmente com os SFPC regionais em operaçõescombina<strong>da</strong>s com o Ministério Público Militar e Fe<strong>de</strong>ral e Órgãos <strong>de</strong> SegurançaPública (OSP);- <strong>do</strong>tar o Sistema <strong>de</strong> viaturas e materiais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para não sobrecarregar asOM que participam <strong>do</strong> SFPC, favorecen<strong>do</strong>-Ihes o cumprimento <strong>da</strong> missão institucional.- ampliar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong> Sistema mediante o recebimento <strong>de</strong> pessoalnecessário;- estabelecer efetivo no quadro complementar <strong>de</strong> pessoal (QCP) para afiscalização <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e produtos correlatos;- mo<strong>de</strong>rnizar o Sistema <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong> e Controle <strong>do</strong> SFPC, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-o <strong>da</strong>s condiçõesindispensáveis à otimização <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>cisório, entre as quais a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> processamento <strong>da</strong> informação em "tempo real" e interligá-Io aospartícipes;- incrementar a fiscalização em to<strong>do</strong>s os níveis, fugin<strong>do</strong> <strong>da</strong>s rotinasburocráticas e realizan<strong>do</strong> inspeções inopina<strong>da</strong>s;- aten<strong>de</strong>r os pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> apoio <strong>do</strong>s OSP, particularmente nas regiões <strong>de</strong> fronteirase estra<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a minimizar o contraban<strong>do</strong> e o transporte ilegal <strong>de</strong> armaspara os gran<strong>de</strong>s centros urbanos;- divulgar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s e sualegislação em to<strong>da</strong>s as escolas <strong>do</strong> Exército;- não registrar armas sem origem legal;- tornar mais ágil o processo <strong>de</strong> rastreamento <strong>de</strong> armas e produtos correlatos afim <strong>de</strong> melhorar e aumentar o acompanhamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fabricante até o compra<strong>do</strong>re ou <strong>de</strong>tentor;- aumentar as exigências para uma pessoas tornar-se CAC;- estimular a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> armas apreendi<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a reduzir aoferta;- conhecer mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente os usuários <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Fiscalização a fim<strong>de</strong> obter maiores <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre os mesmos; e- reunir periodicamente. os chefes <strong>de</strong> diferentes níveis <strong>do</strong> Sistema para. a troca<strong>de</strong> informações <strong>do</strong>s principais assuntos atinentes à fiscalização.ENUNCIADO N° 2 - CAPACITAR E VALORIZAR OS RECURSOS HUMANOSAÇÕES- motivar o pessoal para o cumprimento <strong>de</strong> sua missão;- estimular a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança <strong>do</strong>s militares em to<strong>do</strong>s os níveis hierárquicos,particularmente nos <strong>de</strong> chefia;- <strong>de</strong>senvolver uma instrução volta<strong>da</strong> para o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> fiscalização;- buscar o permanente aperfeiçoamento profissional e a ascensão funcional <strong>do</strong>indivíduo;- proporcionar uma base humanística, científica e tecnológica, necessária àcultura técnico-profissional <strong>do</strong> agente <strong>do</strong> sistema, buscan<strong>do</strong> a sua melhor habilitaçãopara o <strong>de</strong>sempenho funcional;- propiciar ensino e especialização para os quadros , buscan<strong>do</strong> atingir alto nível<strong>de</strong> capacitação operacional e tecnológica;- selecionar os recursos humanos com base em critérios éticos, visan<strong>do</strong> a asseguraratributos morais, físicos e psicológicos compatíveis com as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>do</strong> Sistema, evitan<strong>do</strong> possíveis atos <strong>de</strong> corrupção;


274- orientar os agentes administrativos para se relacionarem somente funcionalmentecom os usuários <strong>do</strong> Sistema;- <strong>de</strong>terminar aos agentes administrativos para não receberem qualquer presente<strong>do</strong>s usuários <strong>do</strong> Sistema mesmo que a título <strong>de</strong> mimo;- instruir aos agentes administrativos a respeito <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contrainteligência;- proporcionar assistência jurídica aos integrantes <strong>do</strong> Sistema sempre que sefizer necessário;- priorizar e valorizar o trabalho <strong>da</strong> equipe;- minimizar a alta rotativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s agentes administrativos <strong>do</strong> Sistema; e- <strong>de</strong>senvolver o espírito <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> equipe com as Forças <strong>de</strong> SegurançaPública, visan<strong>do</strong> à permanente eficiênCia operacional.ENUNCIADO N° 3 - MANTER-SE INTEGRADO À SOCIEDADE, COMO UMREPRESENTANTE DO EXÉRCITO BRASILEIROAÇÕES- li<strong>de</strong>rar e coor<strong>de</strong>nar eventos públicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> armas;- manter a presença em to<strong>do</strong>s os quadrantes <strong>do</strong> território <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;- preservar a permanente i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> Sistema com as aspirações nacionais;- ampliar o relacionamento <strong>do</strong> pessoal <strong>do</strong> Sistema com os diversos segmentosrepresentativos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira;- constituir um vetor <strong>de</strong> irradiação e <strong>de</strong> eficaz instrumento para a propagação<strong>da</strong> formação cívica e moral, <strong>do</strong> amor à Pátria e <strong>da</strong> exata compreensão <strong>da</strong> importância<strong>do</strong> Sistema para o País;- estimular os CAC a promoverem eventos com exposições e competições em<strong>da</strong>tas cívicas; e- fiscalizar os eventos promovi<strong>do</strong>s pelos CAC.ENUNCIADO N° 4 - PRESERVAR A HISTÓRIA DO ARMAMENTOAÇÕES- estimular o trabalho <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res <strong>da</strong> história <strong>do</strong> armamento em. geral;- contribuir para a memória e a história <strong>da</strong>s armas;- estreitar o relacionamento cultural com enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s nacionais e estrangeirasque tratam <strong>de</strong> armas e produtos correlatos;- induzir e permitir que os CAC criem centros históricos <strong>de</strong> armamento; incentivaraos CAC para retirarem os acervos <strong>da</strong>s residências, colocan<strong>do</strong>-os em centroshistóricos, por questões <strong>de</strong> segurança; estimular a realização <strong>de</strong> exposiçõese <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo e produtos controla<strong>do</strong>s com a máximasegurança, a fim <strong>de</strong> difundir a história <strong>do</strong> armamento; e- mostrar à opinião pública o valor <strong>da</strong> arma na <strong>de</strong>fesa nacional e na segurançapública. -ENUNCIADO N° 5 - MELHORAR E PRESERVAR A IMAGEM JUNTO À OPI-NIÃO PÚBLICA E SENSIBILIZAR A SOCIEDADE QUANTO À IMPORTÂN-CIA DA FISCALIZAÇÃO


275AÇÕES- difundir ao público externo a imagem. <strong>de</strong> um sistema operacional, interliga<strong>do</strong>aos objetivos nacionais;- mostrar a importância <strong>do</strong> Sistema no combate ao tráfico <strong>de</strong> armas e à criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>;- divulgar. para to<strong>do</strong>s os públicos. as principais ações realiza<strong>da</strong>s pelo Sistema<strong>de</strong> repercussão nacional e internacional;- promover a permanente integração <strong>do</strong>s SFPC com os seus públicos;- respon<strong>de</strong>r, quan<strong>do</strong> for o caso e com oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. ao questionamento <strong>do</strong>sdiversos segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>;- buscar manter, junto à opinião pública, altos níveis <strong>de</strong> credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> Sistema;- apoiar e incentivar o <strong>de</strong>sarmamento;- incrementar o emprego <strong>de</strong> armas não-letais pelas Forças <strong>de</strong> . Segurança; esolicitar a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>utrinária <strong>do</strong> uso <strong>da</strong>s armas não-letais às formações <strong>de</strong>controle <strong>de</strong> distúrbios civis e <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> resgate.ENUNCIADO N° 6 - REDUZIR O HIATO TECNOLÓGICO DO SISTEMAAÇÕES- ampliar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> tecnológica <strong>do</strong> Sistema para fins operacionais nas áreas em que for <strong>de</strong>fic- melhorar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s com a mobilização <strong>de</strong> armamento, munição e produtos co- contribuir para a melhoria <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial <strong>do</strong> País, agilizan<strong>do</strong>,por exemplo, o <strong>de</strong>sembaraço <strong>do</strong>s produtos importa<strong>do</strong>s e exporta<strong>do</strong>s;- aumentar a integração com as Forças <strong>de</strong> Segurança Pública, principalmentenos assuntos relativos a controle <strong>de</strong> armas. para possibilitar troca <strong>de</strong> experiênciase aperfeiçoamento tecnológico;- <strong>de</strong>senvolver novos projetos <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> Sistema, priorizan<strong>do</strong> aqueles queapresentem relação custo-benefício favorável, curto prazo <strong>de</strong> maturação e queaten<strong>da</strong>m a uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>;- privilegiar a indústria nacional quanto à aquisição <strong>de</strong> armamento, munição eprodutos correlatos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s mesmos e os preços sejamcompetitivos com os <strong>da</strong> indústria estrangeira;- estimular a indústria nacional a fabricar armas não-letais;- absorver novas tecnologias para melhorar o controle <strong>do</strong> Sistema; e usufruir <strong>da</strong>tecnologia <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Integração Nacional <strong>de</strong> Informações <strong>de</strong> Justiça e SegurançaPública (INFOSEG) para possibilitar a obtenção <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s precisos <strong>do</strong>susuários.ENUNCIADO N° 7 - AUMENTAR A PROJEÇÃO DO SISTEMA NO CONCER-TO NACIONAL E SUA APROXIMAÇÃO COM OS DEMAIS ÓRGÃOS DESEGURANÇA PÚBLICAAÇÕES- projetar a imagem <strong>de</strong> um Sistema operacional que busque a sua constantemo<strong>de</strong>rnização, comprometimento com os objetivos nacionais e participação no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> segurança <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão;- participar <strong>de</strong> ações e operações coerentes com a legislação e o or<strong>de</strong>namentojurídico;


276- promover relações <strong>de</strong> cooperação <strong>do</strong>s SFPC regionais com os OSP mediantereuniões e conferências;- contribuir com os. esforços <strong>do</strong>s governos fe<strong>de</strong>ral e estaduais para a SegurançaPública, particularmente no controle <strong>de</strong> armas, munições e produtos correlatos;- realizar palestras para diversos segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> a respeito <strong>da</strong> problemática<strong>do</strong> armamento, mostran<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão e colaboraçãocom o sistema <strong>de</strong> fiscalização; e- ligar o SFPC ao INFOSEG com a <strong>final</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar se os usuários têmantece<strong>de</strong>ntes criminais que os impossibilitem <strong>de</strong> integrar o Sistema.ENUNCIADO N° 8 - DESENVOLVER UMA LEGISLAÇÃO DINÂMICA, MO-DERNA E AJUSTADA A REALIDADE NACIONALAÇÕES- <strong>de</strong>senvolver legislação específica para o Sistema que permita uma fiscalizaçãoeficaz;- estimular a pesquisa e a formulação <strong>de</strong> legislação volta<strong>da</strong>s para o controle <strong>de</strong>armas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a contribuir para a evolução <strong>da</strong> <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> segurança pública,enfatizan<strong>do</strong> sua mo<strong>de</strong>rnização;- atualizar permanentemente a legislação sobre armas e produtos correlatos,em consonância com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, visan<strong>do</strong> a aumentar o controle especificamentesobre munição e material <strong>de</strong> recarga;- dinamizar o processo <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> vistorias, formulação e vali<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><strong>do</strong>cumentação relativa. aos CAC;- preservar o Sistema <strong>de</strong> Fiscalização em to<strong>do</strong> o País, mediante a legislaçãocom a criação <strong>de</strong> uma massa crítica que integre conhecimento <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> controle <strong>do</strong>s CAC;- nivelar os valores <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Exército aos <strong>da</strong> Lei SINARM,a fim <strong>de</strong> propiciar melhores condições <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong> Sistema; revogar oart. 22 <strong>do</strong> R/105 que consi<strong>de</strong>ra as associações, confe<strong>de</strong>rações ou clubes <strong>de</strong>CAC como auxiliares <strong>de</strong> fiscalização; estabelecer na legislação a cobrança <strong>de</strong>taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos aos <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> materiais apreendi<strong>do</strong>s; e- criar legislação para regular o uso <strong>da</strong> Internet pelos usuários <strong>do</strong> Sistema epara, inclusive, punir os que a contrariarem.ENUNCIADO N° 9 - MODERNIZAR E RACIONALIZAR A ESTRUTURA OR-GANIZACIONAL E OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOSAÇÕES- mo<strong>de</strong>rnizar e racionalizar a organização básica <strong>do</strong> Sistema e as estruturasorganizacionais em to<strong>do</strong>s os escalões, crian<strong>do</strong> também uma assessoria jurídica;- aperfeiçoar o funcionamento administrativo <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe um enfoque sistêmico afim <strong>de</strong> otimizar o processo <strong>de</strong>cisório e reduzir os trâmites burocráticos;- integrar o Sistema ao esforço nacional <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, mediante a a<strong>de</strong>quação<strong>do</strong>s princípios <strong>de</strong> administração à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total, em to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>da</strong> fiscalização;- aperfeiçoar e agilizar o processo administrativo, particularmente nas situações<strong>de</strong> prazo exíguo e exigências judiciais;


277- aproximar o SFPC <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário e <strong>do</strong> Ministério Público, mostran<strong>do</strong> aproblemática <strong>da</strong> fiscalização para melhor compreendê-Ia;- manter estreita ligação com as Seções <strong>de</strong> Inteligência <strong>do</strong> Exército, particularmentecom as <strong>da</strong>s RM;- aumentar o número <strong>de</strong> vistorias inopina<strong>da</strong>s;- reestruturar e racionalizar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fiscalização;- intensificar o processo <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong> Sistema Militar <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SIMARM)e integrá-Io com o Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SINARM); conhecer <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>menteo roteiro <strong>da</strong>s armas, valen<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Inteligência, paramanter-se atualiza<strong>do</strong> com a sua problemática;- restringir a compartimentação ora existente no controle <strong>do</strong> armamento, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong><strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais explícito as responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong>s Instituiçõesenvolvi<strong>da</strong>s nesta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>;- controlar por intermédio <strong>do</strong>s SFPC/RM o trâmite <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a <strong>do</strong>cumentação <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> a facilitar a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s responsáveis- pela expedição e seu manuseio; e- ca<strong>da</strong>strar os agentes administrativos <strong>do</strong> SFPC <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Portaria n.º011, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2001, que aprova as Instruções Gerais para Salvaguar<strong>da</strong><strong>de</strong> Assuntos Sigilosos.7. CONCLUSÕESComo vimos, a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército na fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>soriginou-se em conseqüência <strong>da</strong> Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> 1932já que, até então, o governo não dispensava maior atenção a problema <strong>de</strong> talenvergadura.A legislação existente é ampla e complexa, dá margem a interpretações diferentesquanto à guar<strong>da</strong>, ao controle, ao rastreamento e à fiscalização <strong>de</strong> armamento<strong>de</strong> uso restrito, além <strong>de</strong> ser até <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong> por autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>sno Sistema. Ela é benevolente com os CAC que juntamente com os fabricantesrealizam forte lobby no Congresso Nacional para a manutenção <strong>do</strong>status quo.A corrupção existente, o aumento <strong>da</strong> criminal i<strong>da</strong><strong>de</strong>, a falta <strong>de</strong> segurança, o<strong>de</strong>srespeito ao princípio <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, as facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s fronteiriças, ocontraban<strong>do</strong>, o comércio ilegal <strong>de</strong> armas associa<strong>do</strong> ao tráfico <strong>de</strong> drogas, àsgran<strong>de</strong>s cifras envolvi<strong>da</strong>s e à lavagem <strong>de</strong> dinheiro sujo contribuem para aentra<strong>da</strong> ilegal no País <strong>de</strong> enorme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armamento e munição. Aposição geográfica <strong>do</strong> Brasil, a falta <strong>de</strong> presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> rincãobrasileiro e o não cumprimento <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s internacionais, particularmente <strong>do</strong>Mercosul, facilitam.e estimulam a ação criminosa.Infelizmente, não existe uma fiscalização a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> sobre a fabricação, trânsito,manuseio e rastreamento <strong>do</strong> armamento e <strong>da</strong>. munição.


278As ações <strong>de</strong>lituosas chegam a comprometer as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s comerciais, o transporte<strong>de</strong> carga e o funcionamento <strong>de</strong> colégios, aumentan<strong>do</strong> o custo <strong>da</strong> segurança,tanto pública quanto priva<strong>da</strong>.Os agentes arma<strong>do</strong>s <strong>do</strong> crime <strong>de</strong>safiam o Esta<strong>do</strong>, chegan<strong>do</strong> a constituir umpo<strong>de</strong>r paralelo em alguns esta<strong>do</strong>s-membros <strong>da</strong> União.Os militares reagem a se envolver com a repressão à criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O Paísnão tem efetivamente polícia aérea nem guar<strong>da</strong>s <strong>de</strong> litoral e <strong>de</strong> fronteira.O tráfico <strong>de</strong> armas contribui para agravar os óbices <strong>da</strong> Segurança Pública jáincluí<strong>da</strong> no rol <strong>do</strong>s principais problemas brasileiros.O SFPC não recebe a priori<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária <strong>do</strong> Governo, e até <strong>do</strong> Exército,nem mesmo diante <strong>da</strong> grave conjuntura nacional caracteriza<strong>da</strong> pela insegurança.Faltam recursos <strong>de</strong> to<strong>da</strong> or<strong>de</strong>m para o exercício <strong>de</strong> uma fiscalização eficaz.Por outro la<strong>do</strong>, há <strong>de</strong>spreparo e falta <strong>de</strong> motivação <strong>do</strong>s agentes administrativos,normalmente compulsa<strong>do</strong>s para o exercício <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e sujeitos àalta rotativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os CAC e os clubes que os congregam aproveitam-se <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>ficiências paraburlarem a lei e contribuem, direta ou indiretamente, para o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> armamentoaté <strong>de</strong> uso restrito.As vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> Sistema são muitas e os agentes <strong>do</strong> crime sabem aproveitá-Iaspara seus fins espúrios.Sistematicamente, a imprensa investigativa noticia inúmeras irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s,contravenções e crimes que comprometem a imagem <strong>de</strong> governos, em diferentesníveis, <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s policiais e até mesmo <strong>do</strong> Exército.Em conseqüência, algo <strong>de</strong>ve ser feito com urgência para a mu<strong>da</strong>nça <strong>do</strong> statusquo que tanto contribui para o aumento <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> em nosso País.A maioria <strong>do</strong>s Exércitos <strong>da</strong> América Latina tem, também, a missão <strong>de</strong> controlararmas <strong>de</strong> fogo e produtos correlatos e o Exército Brasileiro <strong>de</strong>ve ter uma políticaeficaz que oriente seus agentes <strong>de</strong> fiscalização.A Constituição Fe<strong>de</strong>ral atribui às Forças Arma<strong>da</strong>s a missão <strong>de</strong> Garantia <strong>da</strong> Leie <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m, e o Exército, com a missão <strong>de</strong> fiscalizar produtos controla<strong>do</strong>s,também tem, indiretamente, responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> na Segurança Pública. O estágio


279<strong>da</strong> prevenção é muito mais econômico que o <strong>da</strong> repressão. A manutenção <strong>da</strong>paz exige esforço semelhante ao <strong>do</strong> emprego para o combate.Alguns sociólogos - que se dizem especialistas em Segurança Pública - afirmamque o Exército é prepara<strong>do</strong> para matar. Enganam-se, pois a Força Terrestretem a missão primordial <strong>de</strong> manter a paz.O Exército <strong>de</strong>ve mostrar que é capaz, também, <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r eficazmente afiscalização <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo . e produtos correlatos. Por intermédio <strong>de</strong>ssamissão secundária, face à ausência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ameaças iminentes, a Instituiçãoteria mais uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> confirmar seu eleva<strong>do</strong> conceito junto à o-pinião pública, neutralizan<strong>do</strong> o revanchismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinforma<strong>do</strong>s e incrédulos.As armas <strong>de</strong> fogo usa<strong>da</strong>s em prol <strong>da</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> são instrumentosnecessários para manutenção <strong>da</strong> paz, mesmo quan<strong>do</strong> ceifam vi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> agentes<strong>do</strong> crime. Nesta situação, os <strong>de</strong>fensores <strong>do</strong>s direitos humanos po<strong>de</strong>m lamentaras per<strong>da</strong>s, porém não abominam as armas controla<strong>da</strong>s e emprega<strong>da</strong>s judiciosamente.Na seção anterior apresentamos sugestões, sob a forma <strong>de</strong> ações até mesmopolíticas, para melhorar o. Sistema nas suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relativas à legislação, àestrutura organizacional,. aos recursos humanos e financeiros, à fiscalização,ao funcionamento, ao relacionamento <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e órgãos envolvi<strong>do</strong>s nocontrole <strong>do</strong> armamento, munição e produtos controla<strong>do</strong>s.O SFPC articula<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> território nacional po<strong>de</strong> ser um excelente agente <strong>de</strong>comunicação social <strong>do</strong> Exército se realizar uma fiscalização produtiva, contribuin<strong>do</strong>para manter a boa imagem <strong>da</strong> Instituição que atualmente conta com eleva<strong>do</strong>índice <strong>de</strong> credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os agentes <strong>da</strong> administração <strong>de</strong>vem ter em mente que a Instituição tem <strong>de</strong> serpreserva<strong>da</strong> e que os interesses individuais não po<strong>de</strong>m estar acima <strong>de</strong>la.O aumento <strong>do</strong>s valores <strong>da</strong>s taxas <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s permitirá <strong>do</strong>tar as OM<strong>de</strong> material e meios a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, bem como qualificar o pessoal para tornar afiscalização mais operacional, <strong>de</strong>sencorajan<strong>do</strong> o usuário <strong>de</strong> burlar a legislação.O conhecimento <strong>da</strong>s indústrias que fabricam armas <strong>de</strong> fogo, munições e produtoscorrelatos propiciará valioso subsídio para a avaliação <strong>de</strong> seu potencial emobilização em caso <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>.


280O controle <strong>do</strong> armamento existente nas Forças Auxiliares possibilitará maiorinteração com essas Forças e. com os órgãos <strong>de</strong> Inteligência, permitin<strong>do</strong> conhecero seu po<strong>de</strong>r e, também, o cenário <strong>de</strong> ameaça com armas <strong>de</strong> fogo que,se extravia<strong>da</strong>s, irão certamente cair nas mãos <strong>de</strong> agentes <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> e<strong>da</strong> violência.Para evitar mal maior é preciso AGIR com presteza e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para eliminaras atuais vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um Sistema tão relevante, complexo, <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>e, lamentavelmente, relega<strong>do</strong> a plano secundário.REFERÊNCIASDiógenes Dantas Filho - Cel Inf- ARAÚJO, Vera. As novas grana<strong>da</strong>s <strong>do</strong> tráfico. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.1, 9jun. 2002.- ARMAS <strong>de</strong> fogo, fora <strong>do</strong> controle. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p. 6, 13 maio2002.- BARROS, João Antônio. Arsenais <strong>do</strong>mésticos. O Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 4 jun.2000. Ca<strong>de</strong>rno Especial, p.1.- Em nome <strong>da</strong> paz. O Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 4 jLin. 2000. Ca<strong>de</strong>rno Especial,p.2.- Quarenta minutos <strong>de</strong> terror. O Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.1, 3 mar. 2001.- Rio, o paiol <strong>da</strong>s grana<strong>da</strong>s. O Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.26, 3 set. 2000.- BARROS, Miguel Daladier. Política nacional <strong>de</strong> segurança publica. RevistaJurídica Consulex, Brasília, DF, ano 6 , n. 133, p. 34-37 , 31 jun. 2002.- BARTOLOMEU, Brito. <strong>Armas</strong> apreendi<strong>da</strong>s com bandi<strong>do</strong>s e libera<strong>da</strong>s pela justiçaestão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>da</strong>s pelo BOPE. O Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.8, 12 out.2000.- BRASIL. Constituição (1988). Constituição <strong>da</strong> República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil:promulga<strong>da</strong> em 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1988: atualiza<strong>da</strong> até a Emen<strong>da</strong> Constitucionaln. 35, <strong>de</strong> 20-12-2001. 18. ed. Brasília, DF: Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, Coor<strong>de</strong>nação<strong>de</strong> Publicações, 2002.- Decreto n.º 2.222, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> maio 1997.Regulamenta a Lei n.º 9.437 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 1997. Diário Oficial [<strong>da</strong>] República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília,DF, 8 maio 1997. Disponível em :. Acesso em: 24jun. 2002.- BRASIL. Decreto n.º 3.665, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2000. Estabelece normaspara a fiscalização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s exerci<strong>da</strong>s por pessoas físicas e jurídicas queenvolvam produtos controla<strong>do</strong>s pelo Exército Brasileiro. Diário Oficial [<strong>da</strong>] RepúblicaFe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, v. 126, n. 223, p. 2009,21 novo 2000.Seção 1._____. Decreto n.º 2.910, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998. Estabelece normas paraa salvaguar<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos, materiais, áreas, comunicações e sistemas<strong>de</strong> informação <strong>de</strong> natureza sigilosa e dá outras providências. Diário Oficial [<strong>da</strong>]República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, 29 <strong>de</strong>z. 1998._____. Lei n.º 9.437, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1997. Institui o Sistema Nacional <strong>de</strong><strong>Armas</strong> (SINARM) e estabelece condições para o registro e o porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong>fogo, <strong>de</strong>fine crimes e dá outras providências. Diário Oficial [<strong>da</strong>] República Fe<strong>de</strong>-


ativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, 20 fev. 2000. Disponível em:. Acesso em: 24 jun.2002._____. Portaria n. ° 767 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998. Dispõe sobre a regulamentação<strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (SINARM) e dá outras providências. DiárioOficial [<strong>da</strong>] República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, 10 <strong>de</strong>z. 1998.- BRITO, Bartolomeu. Polícia usa fuzil <strong>do</strong> tráfico. O Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p. 8, 12out. 2000.- CAPEZ, Fernan<strong>do</strong>. Arma <strong>de</strong> fogo: comentário à Lei n.o 9.437. 2 ed. atual. São. Paulo: Saraiva. 2002.- CARNEIRO, Luiz Orlan<strong>do</strong>. No alvo <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> armas. Jornal <strong>do</strong> Brasil,Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.14, 17 fev. 2001.- CASTRO, Adler Homero Fonseca; BITTENCOURT, José Neves. <strong>Armas</strong> ferramentas<strong>da</strong> paz e <strong>da</strong> guerra. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Biblioteca <strong>do</strong> Exército, 1991.- COLÔMBIA. A sorte está lança<strong>da</strong>. Jornal <strong>do</strong> Brasil, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p. A 10, 11ago. 2002.- DANTAS FILHO, Diógenes. Entrevista com o Sr. coman<strong>da</strong>nte <strong>de</strong> Apoio Regional<strong>da</strong> 18 RM, General <strong>de</strong> Briga<strong>da</strong> Mauro Patrício Barroso, maio 2002._____. Entrevista com o Sr. diretor <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> produtos controla<strong>do</strong>s,General <strong>de</strong> Briga<strong>da</strong> José Rosalvo Leitão <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, maio 2002._____. Entrevista com o Sr. coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmamento e controle<strong>de</strong> armas <strong>da</strong> organização não-governamental Viva Rio, Dr. Antônio RangelBan<strong>de</strong>ira._____. Entrevista com o ex-coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> 6ª Região Militar, General <strong>de</strong> DivisãoR/1 Agenor Homem <strong>de</strong> Carvalho, jul. 2002.____. Entrevista com o ex-coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> 8ª Região Militar, General <strong>de</strong> Briga<strong>da</strong>R/1 Sylvio Heitor Ramos, jul. 2002.____. Entrevista com Sr. chefe <strong>do</strong> Departamento Logístico, General <strong>de</strong> ExércitoCláudio Barbosa <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong>, set. 2002.- DIAS, Maurício. Contraban<strong>do</strong> à base <strong>de</strong> liminar: justiça <strong>de</strong>volve carabina semregistro apreendi<strong>da</strong> pelo Exército.. .Revista Carta Capital, São Paulo Ano 8, n.183, 3 abro 2002._____. Desarmamento está sain<strong>do</strong> pela culatra. Revista Carta Capital, SãoPaulo, Ano 8, n. 178, p. 28-29, 27 fev. 2002.- DUZENTOS tiros contra a prefeitura. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p. 14, 25 jun.2002.- DREYFUS, Pablo G. <strong>Armas</strong> leves: uma mo<strong>da</strong> letal. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro,p.7, 3 maio 2002.- FORA <strong>de</strong> controle. <strong>Armas</strong> <strong>de</strong> fogo. O Globo. Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.06, 13 maio2002.mar. 2002.- GARCIA, Renato. <strong>Armas</strong> contraban<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s viajam <strong>de</strong> ônibus <strong>do</strong> Paraguai parao Brasil. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.30, 28 jan. 2001.- GUSMÃO, Fábio. Arma russa é mo<strong>da</strong> no Rio. Extra, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.7,25fev. 2001.- Instruções gerais para salvaguar<strong>da</strong> <strong>de</strong> assuntos sigilosos. Boletim <strong>do</strong> Exército,. Brasília, n4, p.8 - 44, 26 jan. 2001.- LOTT JUNIOR, John R. Mais armas, menos crimes? São Paulo: Makron Books,1999.281


- LAFER, Celso. Comércio, <strong>de</strong>sarmamento e direitos humanos. São Paulo: Paze Terra,1999.- LEON, Flávia. Munição na mira <strong>do</strong> Congresso. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.15,14 fev. 2002.- OLIVEIRA, João Alexandre Voss <strong>de</strong>; GOMES, Gerson Dias; FLORES, ÉricoMarcelo. Tiro <strong>de</strong> combate policial: uma abor<strong>da</strong>gem técnica. Erechim: São Cristóvão,2001.PAGLlUCA, José Carlos Goobis. <strong>Armas</strong>: aspectos jurídicos e técnicos. SãoPaulo: J. Oliveira, 2002.PINHEIRO, João. Coleção <strong>de</strong> armas estão sob suspeita. Jornal <strong>do</strong> Brasil, Rio<strong>de</strong> Janeiro, p.18, 21 jan. 2001._____Exército apura liberação <strong>de</strong> armas ilegais. Jornal <strong>do</strong> Brasil, Rio <strong>de</strong> Janeiro,p.14, 26 mar. 2001._____Exército facilita a posse <strong>de</strong> armamento. Jornal <strong>do</strong> Brasil, Rio <strong>de</strong> Janeiro,p.19, 16 fev. 2001._____Portaria garante registro <strong>de</strong> AR-15. Jornal <strong>do</strong> Brasil, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.18,27 <strong>de</strong>z. 2000.- RAMALHO, Sérgio. Entra<strong>da</strong> libera<strong>da</strong> para armeiro <strong>do</strong> tráfico. O Dia, Rio <strong>de</strong>Janeiro,p.8, 8 <strong>de</strong>z. 2000._____Oitocentos tiros por minuto: importa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Fuzil M4chega ao Rio em setembro. O Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p. 8, 8 <strong>de</strong>z. 2001.- Tráfico <strong>de</strong> drogas chega a U$ 500 bilhões. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> S. Paulo, São Paulo,p.1, 8 set. 2000.- VELLOSO, João Paulo <strong>do</strong>s Reis; ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti <strong>de</strong>.Pobreza, . .ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e segurança. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 2000.- WERNER, Luciana. <strong>Armas</strong> com maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fogo dificultam atendimento abalea<strong>do</strong>s. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p.13, 15 jul. 2002.- WERNEK, Antônio. A conexão Miami <strong>da</strong>s armas. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 10jun. 2001._____ A conexão paraguaia. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, p. 20, 11 ago. 2002.- “O Rio está per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a guerra contra o tráfico? O confronto entre o po<strong>de</strong>r <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> crime”. O Globo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 16 jun. 2002. Ca<strong>de</strong>rno Especial,p. 6.282


283ANEXO VIIRELATÓRIO DA ASSESSORIA ESPECIAL DA POLÍCIA FEDERALANÁLISE DE EXTRATOS TELEFÔNICOSBrasília/DF, 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.DoAoAss.: APF Eduar<strong>do</strong> Remus Cidreira: DPF Emerson Gonçalves <strong>de</strong> Aquino: Análise <strong>do</strong> extrato telefônico <strong>de</strong> ARIANE DOS ANJOSSenhor Delega<strong>do</strong>,Para consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> V.Sa., informo que efetuan<strong>do</strong> análise sobre os extratostelefônicos <strong>do</strong>s terminais abaixo relaciona<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Advoga<strong>da</strong> ARIANE DOS ANJOS,suspeita <strong>de</strong> participar <strong>da</strong> facção criminosa <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital – PCC, bemcomo <strong>de</strong> ter participação nas tratativas sobre o assassinato <strong>do</strong> Juiz Correge<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Comarca <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>ntePru<strong>de</strong>nte/SP, ANTONIO MACHADO JOSÉ DIAS, ocorri<strong>do</strong> em 14/03/2003, às 18:30 hs, quan<strong>do</strong> omesmo retornava para sua casa, foi observa<strong>do</strong> o que segue:• Efetuan<strong>do</strong>-se a análise <strong>da</strong>s ligações origina<strong>da</strong>s/recebi<strong>da</strong>s nos dias 14 e 15/03/2003, <strong>do</strong> terminal16 9766-4332 (abaixo relaciona<strong>do</strong>), cuja proprietária é ARIANE DOS ANJOS, principalmente,na hora <strong>do</strong> assassinato <strong>do</strong> Juiz Correge<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte, constatamos a existência <strong>de</strong>alguns números <strong>de</strong> telefones que tinham gran<strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> ligações;• Observou-se que o usuário <strong>do</strong> terminal telefônico 11 9550-7804, no perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre27/12/2002 e 21/03/2003, efetuou contato (origina<strong>do</strong> ou recebi<strong>do</strong>) com o telefone 16 9766-4332,<strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cita<strong>da</strong> advoga<strong>da</strong>, por 287 (duzentos e oitenta e sete) vezes, conforme cópia <strong>da</strong>análise <strong>de</strong> ligações, em anexo;• Que durante o dia 27 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2002 e 31 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2003, ocorreram 103 contatos entrereferi<strong>do</strong>s telefones;• No mês <strong>de</strong> fevereiro (01 a 25/02/2003) ocorreram 167 ligações;• Estranhamente, no mês <strong>de</strong> março, os contatos cessaram, retornan<strong>do</strong> somente no dia 05/03, quan<strong>do</strong>ocorreram 04 ligações, to<strong>da</strong>s origina<strong>da</strong>s <strong>do</strong> aparelho pertencente a ARIANE DOS ANJOS;• Após o dia 05, somente no dia 14/03, à partir <strong>da</strong>s 11:03:36 horas foi observa<strong>do</strong> novo contato entretais telefones, que foram em número <strong>de</strong> 5, to<strong>do</strong>s origina<strong>do</strong>s pelo telefone 11 9550-7804, sen<strong>do</strong>certo que o último contato ocorreu exatamente às 18:31:30 horas, ou seja, segun<strong>do</strong>s após amorte <strong>do</strong> Juiz;• Que tal contato ocorreu imediatamente após o recebimento <strong>de</strong> uma ligação origina<strong>da</strong> pelo telefonenº 16 9116-1645, cujo ca<strong>da</strong>stro estava em nome <strong>de</strong> PRISCILA MARIA DOS SANTOS,companheira <strong>do</strong> LUIS HENRIQUE, o LH, um <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> PCC;• Os contatos com cita<strong>do</strong> terminal telefônico só voltaram a ocorrer no dia 21/03/2003, quan<strong>do</strong>houve 08 ligações e, após essa <strong>da</strong>ta, não se observou novos contatos.• Outra situação que “salta” aos olhos durante a observação <strong>do</strong> extrato telefônico <strong>de</strong> ARIANEDOS ANJOS é o fato <strong>de</strong> que o usuário <strong>do</strong> terminal 12 3911-7018, em nome <strong>de</strong> JALMIRFRANCISCO SILVA GESSO – ME, CNPJ 01.833.232/0001-93, sito à Rua Monte Paschoal,280, São José <strong>do</strong>s Campos/SP, efetuou 58 ligações entre origina<strong>da</strong>s e recebi<strong>da</strong>s, conforme cópia<strong>da</strong> análise, em anexo, para o telefone 16 9766-4332, somente no perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre osdias 25/02/2003 e 20/03/2003;• Que no dia <strong>do</strong> assassinato <strong>do</strong> Juiz Correge<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte/SP, ocorreram 10 ligaçõesnos momentos que antece<strong>de</strong>ram àquele episódio.


284Após tais consi<strong>de</strong>rações, e ten<strong>do</strong> plena convicção <strong>de</strong> que, com análise maisapura<strong>da</strong> <strong>do</strong>s contatos efetua<strong>do</strong>s por cita<strong>da</strong> advoga<strong>da</strong> e seus interlocutores, é gran<strong>de</strong> a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> servincula<strong>do</strong> o nome <strong>da</strong> nomina<strong>da</strong> no assassinato <strong>do</strong> Juiz Correge<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte/SP, este Agentesugere, SMJ, o levantamento <strong>do</strong>s extratos telefônicos <strong>do</strong>s terminais 12 3911-7018, 16 9116-1645 e 119550-7804 e o respectivo “cruzamento” <strong>da</strong>s ERBs utiliza<strong>da</strong>s por cita<strong>do</strong>s aparelhos (os móveis) no dia emque ocorreu a morte <strong>do</strong> Juiz Correge<strong>do</strong>r.1691138867Tipo CELULARCi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASIL1633311105Tipo LINHA FÍSICACi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASILComentários: instala<strong>do</strong>, à época, na Aveni<strong>da</strong> Barroso, 334, Sala 4, Centro.1697661277Tipo CELULARCi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASIL1633327029Tipo LINHA FÍSICACi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASILComentários: instala<strong>do</strong> à Aveni<strong>da</strong> Dr. Leite <strong>de</strong> Moraes, 179, Vila Xavier.1697664332Tipo CELULARCi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASIL1697334998Tipo CELULARCi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASIL1697335099Tipo CELULARCi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASIL1633228971Tipo LINHA FÍSICACi<strong>da</strong><strong>de</strong> ARARAQUARAEsta<strong>do</strong> SPPaís BRASIL


285Comentários: instala<strong>do</strong> no en<strong>de</strong>reço situa<strong>do</strong> à Aveni<strong>da</strong> XV <strong>de</strong> Novembro, 1424, Bairro São José.Telefone: 16 9766-4332, em nome <strong>de</strong> ARIANE DOS ANJOSData: entre 14 e 15/03/2003Relatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuas - 74Chama<strong>da</strong>sFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 162327029 14/03/2003 08:43:48 14/03/2003 08:49:08 00:05:20Recebi<strong>da</strong> 1435522037 14/03/2003 09:18:25 14/03/2003 09:25:46 00:07:21Recebi<strong>da</strong> 1435522037 14/03/2003 09:25:51 14/03/2003 09:26:04 00:00:13Recebi<strong>da</strong> 1435522037 14/03/2003 09:26:41 14/03/2003 09:32:35 00:05:54Recebi<strong>da</strong> 1195394811 14/03/2003 10:15:13 14/03/2003 10:15:13 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195394811 14/03/2003 10:15:41 14/03/2003 10:24:49 00:09:08Recebi<strong>da</strong> 1195394811 14/03/2003 10:15:59 14/03/2003 10:25:08 00:09:09Feita 1997588568 14/03/2003 10:22:27 14/03/2003 10:26:02 00:03:35Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 11:03:36 14/03/2003 11:03:39 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 11:03:42 14/03/2003 11:03:44 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 122210321 14/03/2003 11:04:13 14/03/2003 11:04:24 00:00:11Recebi<strong>da</strong> 122210321 14/03/2003 11:04:21 14/03/2003 11:04:31 00:00:10Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 12:30:42 14/03/2003 12:30:45 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 12:30:55 14/03/2003 12:30:57 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:52:40 14/03/2003 15:52:40 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:52:47 14/03/2003 15:52:47 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:54:09 14/03/2003 15:54:23 00:00:14Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:54:13 14/03/2003 15:54:27 00:00:14Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:56:19 14/03/2003 15:56:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:56:24 14/03/2003 15:56:24 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:43:07 14/03/2003 16:43:07 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:43:29 14/03/2003 16:43:29 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:44:43 14/03/2003 16:44:43 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:46:14 14/03/2003 16:46:14 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 162350692 14/03/2003 18:04:14 14/03/2003 18:04:14 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 162350692 14/03/2003 18:04:35 14/03/2003 18:04:35 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1691166142 14/03/2003 18:05:34 14/03/2003 18:05:34 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1691166142 14/03/2003 18:06:01 14/03/2003 18:06:01 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 162350692 14/03/2003 18:06:30 14/03/2003 18:06:30 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1691161645 14/03/2003 18:31:14 14/03/2003 18:31:22 00:00:08Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 18:31:30 14/03/2003 18:31:34 00:00:04Feita 162327029 14/03/2003 18:51:45 14/03/2003 18:52:01 00:00:16Recebi<strong>da</strong> 162327029 14/03/2003 19:11:05 14/03/2003 19:16:11 00:05:06Recebi<strong>da</strong> 162350575 14/03/2003 19:42:31 14/03/2003 19:42:32 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 162350575 14/03/2003 19:47:28 14/03/2003 19:47:43 00:00:15Recebi<strong>da</strong> 1169823532 14/03/2003 21:42:46 14/03/2003 21:51:12 00:08:26Recebi<strong>da</strong> 162369049 14/03/2003 21:50:22 14/03/2003 21:50:35 00:00:13Feita 162371946 15/03/2003 10:32:48 15/03/2003 10:33:18 00:00:30Feita 162327029 15/03/2003 10:39:30 15/03/2003 10:39:50 00:00:20Recebi<strong>da</strong> 162327029 15/03/2003 10:45:34 15/03/2003 10:46:31 00:00:57Feita 162371606 15/03/2003 10:46:54 15/03/2003 10:47:30 00:00:36Feita 162375473 15/03/2003 10:47:39 15/03/2003 10:47:39 00:00:00Feita 162375473 15/03/2003 10:47:45 15/03/2003 10:47:45 00:00:00Feita 162375473 15/03/2003 10:48:27 15/03/2003 10:48:27 00:00:00Feita 162375473 15/03/2003 10:49:19 15/03/2003 10:49:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 162244194 15/03/2003 10:55:49 15/03/2003 10:57:36 00:01:47Feita 1691161645 15/03/2003 11:00:07 15/03/2003 11:00:07 00:00:00Feita 162371946 15/03/2003 11:03:19 15/03/2003 11:03:19 00:00:00Feita 1697842486 15/03/2003 11:04:22 15/03/2003 11:08:04 00:03:42Recebi<strong>da</strong> 162327029 15/03/2003 11:05:16 15/03/2003 11:05:49 00:00:33Feita 1162454091 15/03/2003 11:15:04 15/03/2003 11:15:04 00:00:00Feita 162327029 15/03/2003 11:15:31 15/03/2003 11:16:17 00:00:46Recebi<strong>da</strong> 162327029 15/03/2003 11:17:06 15/03/2003 11:18:00 00:00:54Feita 162227463 15/03/2003 11:27:53 15/03/2003 11:27:53 00:00:00Feita 162227463 15/03/2003 11:28:35 15/03/2003 11:28:35 00:00:00País


286Feita 162227463 15/03/2003 11:29:43 15/03/2003 11:38:57 00:09:14Recebi<strong>da</strong> 162327029 15/03/2003 12:17:40 15/03/2003 12:17:54 00:00:14Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 12:49:36 15/03/2003 12:50:10 00:00:34Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 13:56:03 15/03/2003 13:56:03 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 13:57:33 15/03/2003 13:57:33 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 14:00:46 15/03/2003 14:01:00 00:00:14Feita 1691161645 15/03/2003 14:30:25 15/03/2003 14:30:38 00:00:13Recebi<strong>da</strong> 1239111965 15/03/2003 14:45:47 15/03/2003 14:45:47 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1162454091 15/03/2003 14:55:05 15/03/2003 14:57:39 00:02:34Recebi<strong>da</strong> 162367501 15/03/2003 16:00:33 15/03/2003 16:01:11 00:00:38Feita 1697842486 15/03/2003 16:45:48 15/03/2003 16:47:29 00:01:41Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:01:34 15/03/2003 17:01:34 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:04:04 15/03/2003 17:04:04 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:24:55 15/03/2003 17:24:55 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:36:02 15/03/2003 17:36:02 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:37:14 15/03/2003 17:37:14 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:41:19 15/03/2003 17:41:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 18:24:30 15/03/2003 18:26:31 00:02:01Recebi<strong>da</strong> 162327029 15/03/2003 19:40:42 15/03/2003 19:40:53 00:00:11É a Informação.Número: 1697664332 – ARIANE DOS ANJOSNúmero: 1239117018Relatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuas - 58Chama<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>Feitas/Recebi<strong>da</strong>sData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1239117018 25/02/2003 14:05:19 25/02/2003 14:05:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 11/03/2003 09:06:30 11/03/2003 09:06:30 00:00:00Feita 1239117018 11/03/2003 13:45:52 11/03/2003 13:51:38 00:05:46Feita 1239117018 12/03/2003 18:25:41 12/03/2003 18:25:41 00:00:00Feita 1239117018 12/03/2003 18:28:33 12/03/2003 18:28:33 00:00:00Feita 1239117018 12/03/2003 18:31:48 12/03/2003 19:40:16 01:08:28Feita 1239117018 13/03/2003 09:11:17 13/03/2003 09:12:05 00:00:48Recebi<strong>da</strong> 1239117018 13/03/2003 17:28:43 13/03/2003 17:29:11 00:00:28Recebi<strong>da</strong> 1239117018 13/03/2003 17:28:53 13/03/2003 17:29:21 00:00:28Recebi<strong>da</strong> 1239117018 13/03/2003 18:01:42 13/03/2003 18:14:05 00:12:23Recebi<strong>da</strong> 1239117018 13/03/2003 18:01:52 13/03/2003 18:14:14 00:12:22Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:52:40 14/03/2003 15:52:40 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:52:47 14/03/2003 15:52:47 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:54:09 14/03/2003 15:54:23 00:00:14Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:54:13 14/03/2003 15:54:27 00:00:14Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:56:19 14/03/2003 15:56:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 15:56:24 14/03/2003 15:56:24 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:43:07 14/03/2003 16:43:07 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:43:29 14/03/2003 16:43:29 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:44:43 14/03/2003 16:44:43 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 14/03/2003 16:46:14 14/03/2003 16:46:14 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 12:49:36 15/03/2003 12:50:10 00:00:34Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 13:56:03 15/03/2003 13:56:03 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 13:57:33 15/03/2003 13:57:33 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 14:00:46 15/03/2003 14:01:00 00:00:14Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:01:34 15/03/2003 17:01:34 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:04:04 15/03/2003 17:04:04 00:00:00País


287Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:24:55 15/03/2003 17:24:55 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:36:02 15/03/2003 17:36:02 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:37:14 15/03/2003 17:37:14 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 17:41:19 15/03/2003 17:41:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 15/03/2003 18:24:30 15/03/2003 18:26:31 00:02:01Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 17:42:28 16/03/2003 17:42:28 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 18:55:16 16/03/2003 18:55:16 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 18:56:34 16/03/2003 18:56:34 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 19:16:15 16/03/2003 19:16:15 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 19:17:10 16/03/2003 19:17:10 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 19:17:56 16/03/2003 19:17:56 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 19:41:37 16/03/2003 19:41:37 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 19:54:28 16/03/2003 19:54:28 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 16/03/2003 20:08:15 16/03/2003 20:08:15 00:00:00Feita 1239117018 17/03/2003 11:23:03 17/03/2003 11:28:30 00:05:27Feita 1239117018 17/03/2003 12:48:41 17/03/2003 12:52:18 00:03:37Recebi<strong>da</strong> 1239117018 18/03/2003 11:46:37 18/03/2003 11:46:37 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 18/03/2003 14:24:23 18/03/2003 14:24:51 00:00:28Recebi<strong>da</strong> 1239117018 18/03/2003 17:06:26 18/03/2003 17:06:26 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 18/03/2003 19:18:48 18/03/2003 19:18:48 00:00:00Feita 1239117018 18/03/2003 22:04:20 18/03/2003 22:06:17 00:01:57Recebi<strong>da</strong> 1239117018 19/03/2003 06:32:54 19/03/2003 06:32:54 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 19/03/2003 06:34:11 19/03/2003 06:34:43 00:00:32Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 08:50:41 20/03/2003 08:51:04 00:00:23Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 08:50:47 20/03/2003 08:51:10 00:00:23Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 12:12:57 20/03/2003 12:13:14 00:00:17Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 12:13:11 20/03/2003 12:13:28 00:00:17Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 12:52:57 20/03/2003 12:52:57 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 12:53:02 20/03/2003 12:53:02 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 12:53:27 20/03/2003 12:53:41 00:00:14Recebi<strong>da</strong> 1239117018 20/03/2003 12:53:34 20/03/2003 12:53:49 00:00:15Número: 1697664332 – ARIANE DOS ANJOSNúmero: 1195507804Feitas/RecebidtelefoneNúmero <strong>de</strong>asData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1195507804 27/12/2002 13:25:30 27/12/2002 13:25:30 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/12/2002 13:25:36 27/12/2002 13:25:36 00:00:00Feita 1195507804 27/12/2002 13:33:18 27/12/2002 13:33:18 00:00:00Feita 1195507804 27/12/2002 13:34:23 27/12/2002 13:34:23 00:00:00Feita 1195507804 27/12/2002 13:35:52 27/12/2002 13:35:52 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 30/12/2002 15:56:14 30/12/2002 15:56:37 00:00:23Feita 1195507804 03/01/2003 21:07:39 03/01/2003 21:07:39 00:00:00Feita 1195507804 04/01/2003 15:28:52 04/01/2003 15:31:00 00:02:08Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/01/2003 19:33:01 05/01/2003 19:33:02 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 08/01/2003 20:10:56 08/01/2003 20:10:57 00:00:01Feita 1195507804 09/01/2003 07:52:30 09/01/2003 07:52:30 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/01/2003 08:11:45 09/01/2003 08:11:45 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/01/2003 08:12:23 09/01/2003 08:12:28 00:00:05Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/01/2003 08:12:38 09/01/2003 08:12:40 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/01/2003 08:14:31 09/01/2003 08:14:31 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/01/2003 08:15:05 09/01/2003 08:15:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/01/2003 08:15:27 09/01/2003 08:15:27 00:00:00Feita 1195507804 09/01/2003 08:43:57 09/01/2003 08:46:27 00:02:30Feita 1195507804 10/01/2003 17:28:04 10/01/2003 17:28:04 00:00:00Feita 1195507804 10/01/2003 18:12:35 10/01/2003 18:12:35 00:00:00País


Feita 1195507804 10/01/2003 18:13:03 10/01/2003 18:13:03 00:00:00Feita 1195507804 10/01/2003 18:13:59 10/01/2003 18:13:59 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 16/01/2003 16:47:23 16/01/2003 16:47:25 00:00:02Feita 1195507804 20/01/2003 11:50:37 20/01/2003 11:55:45 00:05:08Feita 1195507804 20/01/2003 11:54:13 20/01/2003 11:58:09 00:03:56Feita 1195507804 20/01/2003 11:57:25 20/01/2003 11:57:40 00:00:15Recebi<strong>da</strong> 1195507804 20/01/2003 14:59:49 20/01/2003 14:59:51 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 20/01/2003 15:00:39 20/01/2003 15:00:43 00:00:04Feita 1195507804 20/01/2003 15:01:40 20/01/2003 15:02:16 00:00:36Recebi<strong>da</strong> 1195507804 20/01/2003 15:02:48 20/01/2003 15:02:50 00:00:02Feita 1195507804 20/01/2003 15:02:58 20/01/2003 15:02:58 00:00:00Feita 1195507804 20/01/2003 15:03:34 20/01/2003 15:03:40 00:00:06Feita 1195507804 21/01/2003 14:49:01 21/01/2003 14:49:01 00:00:00Feita 1195507804 21/01/2003 14:49:08 21/01/2003 14:49:08 00:00:00Feita 1195507804 21/01/2003 14:50:18 21/01/2003 14:50:18 00:00:00Feita 1195507804 21/01/2003 14:55:32 21/01/2003 14:55:32 00:00:00Feita 1195507804 21/01/2003 14:57:37 21/01/2003 14:57:37 00:00:00Feita 1195507804 21/01/2003 14:58:00 21/01/2003 14:58:01 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/01/2003 14:58:06 21/01/2003 14:58:07 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/01/2003 15:46:56 21/01/2003 15:46:56 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/01/2003 15:48:01 21/01/2003 15:48:01 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/01/2003 15:48:36 21/01/2003 15:48:38 00:00:02Feita 1195507804 21/01/2003 15:48:58 21/01/2003 15:51:19 00:02:21Recebi<strong>da</strong> 1195507804 22/01/2003 15:05:16 22/01/2003 15:05:18 00:00:02Feita 1195507804 22/01/2003 15:05:42 22/01/2003 15:07:28 00:01:46Recebi<strong>da</strong> 1195507804 22/01/2003 22:55:05 22/01/2003 22:55:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 22/01/2003 22:56:18 22/01/2003 22:56:20 00:00:02Feita 1195507804 22/01/2003 22:58:13 22/01/2003 23:00:41 00:02:28Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 08:53:55 23/01/2003 08:53:57 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 16:17:41 23/01/2003 16:17:43 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 18:15:18 23/01/2003 18:15:20 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 18:16:09 23/01/2003 18:16:09 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 19:11:11 23/01/2003 19:11:13 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 22:24:12 23/01/2003 22:24:14 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 22:24:19 23/01/2003 22:24:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 23/01/2003 22:24:26 23/01/2003 22:24:26 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 11:10:20 24/01/2003 11:10:22 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 11:10:33 24/01/2003 11:10:35 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 11:54:56 24/01/2003 11:55:01 00:00:05Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 11:55:11 24/01/2003 11:55:14 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 11:55:33 24/01/2003 11:55:36 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 11:55:45 24/01/2003 11:55:47 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 13:13:05 24/01/2003 13:13:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 13:14:26 24/01/2003 13:14:26 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 13:14:49 24/01/2003 13:14:49 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 14:04:37 24/01/2003 14:04:42 00:00:05Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 14:04:54 24/01/2003 14:04:54 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 14:05:19 24/01/2003 14:05:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 14:15:05 24/01/2003 14:15:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 15:06:29 24/01/2003 15:06:29 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 15:12:02 24/01/2003 15:12:02 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 15:12:27 24/01/2003 15:12:27 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 15:25:21 24/01/2003 15:25:21 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 15:29:10 24/01/2003 15:29:10 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/01/2003 16:02:52 24/01/2003 16:02:52 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 25/01/2003 08:20:17 25/01/2003 08:20:17 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 25/01/2003 10:43:05 25/01/2003 10:43:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 25/01/2003 11:42:29 25/01/2003 11:42:29 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 25/01/2003 20:47:45 25/01/2003 20:47:45 00:00:00288


Feita 1195507804 26/01/2003 22:31:03 26/01/2003 22:31:03 00:00:00Feita 1195507804 26/01/2003 23:26:30 26/01/2003 23:26:48 00:00:18Recebi<strong>da</strong> 1195507804 26/01/2003 23:57:01 26/01/2003 23:57:01 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:35:59 27/01/2003 13:35:59 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:36:46 27/01/2003 13:36:46 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:37:39 27/01/2003 13:37:39 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:38:52 27/01/2003 13:38:52 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:39:35 27/01/2003 13:39:35 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:43:11 27/01/2003 13:43:11 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:43:16 27/01/2003 13:43:16 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 27/01/2003 13:44:33 27/01/2003 13:44:35 00:00:02Feita 1195507804 27/01/2003 13:47:20 27/01/2003 13:47:27 00:00:07Recebi<strong>da</strong> 1195507804 28/01/2003 10:04:05 28/01/2003 10:04:08 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 28/01/2003 10:04:16 28/01/2003 10:04:16 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 28/01/2003 10:04:23 28/01/2003 10:04:23 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 28/01/2003 12:16:42 28/01/2003 12:16:45 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 28/01/2003 12:16:46 28/01/2003 12:16:48 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 28/01/2003 12:18:01 28/01/2003 12:18:04 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 28/01/2003 12:18:06 28/01/2003 12:18:08 00:00:02Feita 1195507804 28/01/2003 12:18:20 28/01/2003 12:19:08 00:00:48Recebi<strong>da</strong> 1195507804 29/01/2003 16:43:00 29/01/2003 16:43:02 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 30/01/2003 10:26:00 30/01/2003 10:26:02 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 31/01/2003 10:41:54 31/01/2003 10:41:58 00:00:04Recebi<strong>da</strong> 1195507804 31/01/2003 10:42:25 31/01/2003 10:42:27 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 01/02/2003 21:09:43 01/02/2003 21:09:43 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 01/02/2003 21:10:09 01/02/2003 21:10:09 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 01/02/2003 21:10:55 01/02/2003 21:10:55 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 11:09:34 02/02/2003 11:09:34 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 11:10:22 02/02/2003 11:10:22 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 11:11:03 02/02/2003 11:11:03 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 13:12:05 02/02/2003 13:12:07 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 13:12:18 02/02/2003 13:12:20 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 13:13:32 02/02/2003 13:13:34 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 13:13:36 02/02/2003 13:13:36 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:21:46 02/02/2003 13:21:46 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:23:15 02/02/2003 13:23:15 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:25:02 02/02/2003 13:25:02 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:25:18 02/02/2003 13:25:18 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:25:24 02/02/2003 13:25:24 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:25:41 02/02/2003 13:25:41 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:25:47 02/02/2003 13:25:47 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:25:54 02/02/2003 13:25:54 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:26:04 02/02/2003 13:26:04 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:26:25 02/02/2003 13:26:25 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:26:41 02/02/2003 13:26:41 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:37:14 02/02/2003 13:37:14 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:39:37 02/02/2003 13:39:37 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 13:49:46 02/02/2003 13:49:46 00:00:00Feita 1195507804 02/02/2003 14:59:07 02/02/2003 14:59:07 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 19:17:35 02/02/2003 19:17:38 00:00:03Feita 1195507804 02/02/2003 19:17:52 02/02/2003 19:18:46 00:00:54Recebi<strong>da</strong> 1195507804 02/02/2003 22:47:29 02/02/2003 22:47:31 00:00:02Feita 1195507804 02/02/2003 22:47:51 02/02/2003 22:49:36 00:01:45Feita 1195507804 02/02/2003 23:25:36 02/02/2003 23:26:18 00:00:42Recebi<strong>da</strong> 1195507804 04/02/2003 08:08:45 04/02/2003 08:08:45 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 04/02/2003 08:49:29 04/02/2003 08:49:29 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 04/02/2003 08:49:38 04/02/2003 08:49:38 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 04/02/2003 08:50:07 04/02/2003 08:50:07 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 04/02/2003 09:41:09 04/02/2003 09:41:09 00:00:00289


Recebi<strong>da</strong> 1195507804 04/02/2003 10:26:59 04/02/2003 10:27:01 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 10:47:06 05/02/2003 10:47:06 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 10:47:42 05/02/2003 10:47:42 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 10:47:59 05/02/2003 10:48:00 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 10:48:24 05/02/2003 10:48:26 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 10:57:51 05/02/2003 10:57:51 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 10:58:15 05/02/2003 10:58:15 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 11:00:12 05/02/2003 11:00:12 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 11:46:37 05/02/2003 11:46:39 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 11:47:04 05/02/2003 11:47:06 00:00:02Feita 1195507804 05/02/2003 11:47:07 05/02/2003 11:47:58 00:00:51Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 14:01:57 05/02/2003 14:01:59 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 14:02:05 05/02/2003 14:02:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 14:02:39 05/02/2003 14:02:39 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 14:04:03 05/02/2003 14:04:05 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 14:05:48 05/02/2003 14:05:52 00:00:04Recebi<strong>da</strong> 1195507804 05/02/2003 14:07:11 05/02/2003 14:07:12 00:00:01Feita 1195507804 05/02/2003 14:07:18 05/02/2003 14:07:23 00:00:05Feita 1195507804 06/02/2003 20:55:28 06/02/2003 20:55:28 00:00:00Feita 1195507804 06/02/2003 21:04:07 06/02/2003 21:04:07 00:00:00Feita 1195507804 06/02/2003 21:04:15 06/02/2003 21:04:15 00:00:00Feita 1195507804 06/02/2003 21:04:21 06/02/2003 21:04:21 00:00:00Feita 1195507804 06/02/2003 21:08:10 06/02/2003 21:08:10 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 08/02/2003 14:06:23 08/02/2003 14:06:23 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 08/02/2003 18:00:28 08/02/2003 18:00:28 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 09:36:25 09/02/2003 09:36:26 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 11:30:49 09/02/2003 11:30:49 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 12:17:03 09/02/2003 12:17:03 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 19:35:08 09/02/2003 19:35:08 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 19:35:39 09/02/2003 19:35:39 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 19:36:15 09/02/2003 19:36:15 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 19:43:02 09/02/2003 19:43:02 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 19:45:16 09/02/2003 19:45:16 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 19:53:27 09/02/2003 19:53:27 00:00:00Feita 1195507804 09/02/2003 20:08:41 09/02/2003 20:08:41 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 09/02/2003 20:22:06 09/02/2003 20:22:08 00:00:02Feita 1195507804 09/02/2003 20:22:13 09/02/2003 20:24:09 00:01:56Recebi<strong>da</strong> 1195507804 10/02/2003 11:40:37 10/02/2003 11:40:41 00:00:04Feita 1195507804 10/02/2003 11:40:42 10/02/2003 11:40:42 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 10/02/2003 11:40:42 10/02/2003 11:40:42 00:00:00Feita 1195507804 10/02/2003 11:41:04 10/02/2003 11:41:04 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 10/02/2003 11:41:05 10/02/2003 11:41:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 10/02/2003 11:41:19 10/02/2003 11:41:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 10/02/2003 11:41:27 10/02/2003 11:41:27 00:00:00Feita 1195507804 10/02/2003 11:41:38 10/02/2003 11:41:38 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 10/02/2003 12:20:14 10/02/2003 12:20:17 00:00:03Feita 1195507804 10/02/2003 12:20:15 10/02/2003 12:20:28 00:00:13Recebi<strong>da</strong> 1195507804 11/02/2003 10:24:05 11/02/2003 10:24:07 00:00:02Feita 1195507804 11/02/2003 10:24:27 11/02/2003 10:24:27 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 11/02/2003 10:26:19 11/02/2003 10:26:22 00:00:03Feita 1195507804 11/02/2003 10:26:22 11/02/2003 10:26:55 00:00:33Feita 1195507804 11/02/2003 12:30:42 11/02/2003 12:31:01 00:00:19Recebi<strong>da</strong> 1195507804 11/02/2003 12:30:42 11/02/2003 12:30:43 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 11/02/2003 16:16:55 11/02/2003 16:16:57 00:00:02Feita 1195507804 11/02/2003 16:17:06 11/02/2003 16:17:35 00:00:29Recebi<strong>da</strong> 1195507804 11/02/2003 21:00:02 11/02/2003 21:00:03 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 10:13:01 12/02/2003 10:13:03 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 12:18:58 12/02/2003 12:18:58 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 12:19:35 12/02/2003 12:19:35 00:00:00290


Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 12:21:36 12/02/2003 12:21:37 00:00:01Feita 1195507804 12/02/2003 12:21:48 12/02/2003 12:22:23 00:00:35Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 16:41:13 12/02/2003 16:41:17 00:00:04Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 19:49:31 12/02/2003 19:49:31 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 19:49:59 12/02/2003 19:49:59 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 19:50:18 12/02/2003 19:50:20 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 12/02/2003 21:30:43 12/02/2003 21:30:45 00:00:02Feita 1195507804 13/02/2003 09:14:00 13/02/2003 09:14:00 00:00:00Feita 1195507804 13/02/2003 09:14:16 13/02/2003 09:20:57 00:06:41Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/02/2003 09:53:38 14/02/2003 09:53:38 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/02/2003 09:54:51 14/02/2003 09:54:51 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/02/2003 09:54:55 14/02/2003 09:54:55 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/02/2003 09:56:20 14/02/2003 09:56:22 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/02/2003 11:05:01 14/02/2003 11:05:03 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 16/02/2003 09:10:57 16/02/2003 09:10:57 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 16/02/2003 18:12:27 16/02/2003 18:12:29 00:00:02Feita 1195507804 16/02/2003 22:35:40 16/02/2003 22:35:40 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 08:19:41 17/02/2003 08:19:41 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 08:19:47 17/02/2003 08:19:47 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 08:19:55 17/02/2003 08:19:55 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 08:20:32 17/02/2003 08:20:32 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 08:30:43 17/02/2003 08:30:43 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 13:24:27 17/02/2003 13:24:27 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 13:24:42 17/02/2003 13:24:42 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 13:24:50 17/02/2003 13:24:50 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 13:25:02 17/02/2003 13:25:02 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 13:25:16 17/02/2003 13:25:16 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 13:25:21 17/02/2003 13:25:28 00:00:07Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 13:25:32 17/02/2003 13:25:38 00:00:06Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 17:05:34 17/02/2003 17:05:37 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 17:41:31 17/02/2003 17:41:32 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 19:55:35 17/02/2003 19:55:35 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 19:55:50 17/02/2003 19:55:50 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 17/02/2003 19:57:03 17/02/2003 19:57:03 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 18/02/2003 11:10:59 18/02/2003 11:10:59 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 18/02/2003 11:16:39 18/02/2003 11:16:43 00:00:04Feita 1195507804 18/02/2003 11:16:51 18/02/2003 11:16:52 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 18/02/2003 11:18:00 18/02/2003 11:18:01 00:00:01Feita 1195507804 18/02/2003 11:18:10 18/02/2003 11:19:06 00:00:56Recebi<strong>da</strong> 1195507804 18/02/2003 16:30:04 18/02/2003 16:30:04 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 18/02/2003 16:30:38 18/02/2003 16:30:40 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 18/02/2003 17:43:06 18/02/2003 17:43:06 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 20/02/2003 21:14:10 20/02/2003 21:14:11 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/02/2003 14:17:37 21/02/2003 14:17:37 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/02/2003 14:17:57 21/02/2003 14:17:58 00:00:01Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/02/2003 14:48:57 21/02/2003 14:48:57 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 22/02/2003 14:28:10 22/02/2003 14:28:12 00:00:02Feita 1195507804 23/02/2003 16:25:30 23/02/2003 16:25:30 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:26:33 23/02/2003 16:26:33 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:26:44 23/02/2003 16:26:44 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:26:49 23/02/2003 16:26:49 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:26:55 23/02/2003 16:26:55 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:27:01 23/02/2003 16:27:01 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:27:53 23/02/2003 16:27:53 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:27:59 23/02/2003 16:27:59 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:28:05 23/02/2003 16:28:05 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:28:10 23/02/2003 16:28:10 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:28:21 23/02/2003 16:28:21 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:29:14 23/02/2003 16:29:14 00:00:00291


292Feita 1195507804 23/02/2003 16:29:20 23/02/2003 16:29:20 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:30:48 23/02/2003 16:30:48 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:31:49 23/02/2003 16:31:49 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:31:54 23/02/2003 16:31:54 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:32:04 23/02/2003 16:32:04 00:00:00Feita 1195507804 23/02/2003 16:33:27 23/02/2003 16:33:27 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/02/2003 13:23:57 24/02/2003 13:23:57 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/02/2003 13:24:19 24/02/2003 13:24:19 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/02/2003 15:58:55 24/02/2003 15:58:55 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/02/2003 15:59:00 24/02/2003 15:59:00 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/02/2003 16:58:05 24/02/2003 16:58:05 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 24/02/2003 22:08:12 24/02/2003 22:08:12 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 25/02/2003 10:15:25 25/02/2003 10:15:27 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 25/02/2003 10:17:37 25/02/2003 10:17:39 00:00:02Feita 1195507804 05/03/2003 10:24:45 05/03/2003 10:24:45 00:00:00Feita 1195507804 05/03/2003 12:25:02 05/03/2003 12:25:02 00:00:00Feita 1195507804 05/03/2003 12:25:23 05/03/2003 12:25:23 00:00:00Feita 1195507804 05/03/2003 12:25:46 05/03/2003 12:25:46 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 11:03:36 14/03/2003 11:03:39 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 11:03:42 14/03/2003 11:03:44 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 12:30:42 14/03/2003 12:30:45 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 12:30:55 14/03/2003 12:30:57 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 14/03/2003 18:31:30 14/03/2003 18:31:34 00:00:04Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/03/2003 21:33:18 21/03/2003 21:33:20 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/03/2003 21:33:35 21/03/2003 21:33:39 00:00:04Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/03/2003 21:33:58 21/03/2003 21:34:00 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/03/2003 21:35:12 21/03/2003 21:35:12 00:00:00Feita 1195507804 21/03/2003 21:35:34 21/03/2003 21:35:34 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1195507804 21/03/2003 21:35:53 21/03/2003 21:35:53 00:00:00Feita 1195507804 21/03/2003 21:38:26 21/03/2003 21:38:26 00:00:00Feita 1195507804 21/03/2003 21:38:47 21/03/2003 21:38:47 00:00:00ASSESSORIA ESPECIAL DA POLÍCIA FEDERALBrasília/DF, 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.DoAoAss.: APF Eduar<strong>do</strong> Remus Cidreira: DPF Emerson Gonçalves <strong>de</strong> Aquino: Relatório sobre o contato existente entre os advoga<strong>do</strong>s suspeitos <strong>de</strong> pertencerem ao PrimeiroComan<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital – PCC.Senhor Delega<strong>do</strong>,Após a compilação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s que recebemos referentes aos advoga<strong>do</strong>s suspeitos<strong>de</strong> fazerem parte <strong>da</strong> facção criminosa conheci<strong>da</strong> por Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital – PCC, informoque, após análise <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s e extratos telefônicos <strong>do</strong>s nomina<strong>do</strong>s, foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s os contatosabaixo relaciona<strong>do</strong>s e em gráfico, em anexo.Observou-se que existe um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> chama<strong>da</strong>s entre celulares <strong>do</strong> mesmo<strong>do</strong>no, como é o caso <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s JOSÉ CLAUDIO BRAVOS, SUZANA MILLER VOLPINI eARIANE DOS ANJOS, levan<strong>do</strong> a crer que alguns aparelhos, em nome <strong>de</strong>les, estaria sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> porterceiros.


293Outrossim, informo que tais <strong>da</strong><strong>do</strong>s não condizem com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que, conformeé sabi<strong>do</strong> por V.Sa., durante tratativas <strong>de</strong> assuntos em que não seja interessante a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>sinterlocutores, é praxe <strong>da</strong>s pessoas liga<strong>da</strong>s ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime utilizarem telefones, principalmente osmóveis, não i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s ou ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>s em nome <strong>de</strong> terceiros.Número: 1196866685 – ANSELMO MAIANúmero: 1131064644 – MARIO SERGIO MUNGIOLIRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1131064644 19/02/2002 13:33:02 19/02/2002 13:33:08 00:00:06Recebi<strong>da</strong> 1131064644 08/04/2002 10:26:42 08/04/2002 10:27:13 00:00:31Recebi<strong>da</strong> 1131064644 08/04/2002 11:56:35 08/04/2002 11:57:05 00:00:30Recebi<strong>da</strong> 1131064644 08/04/2002 11:56:37 08/04/2002 11:57:11 00:00:34Recebi<strong>da</strong> 1131064644 08/04/2002 13:17:27 08/04/2002 13:25:57 00:08:30Recebi<strong>da</strong> 1131064644 08/04/2002 13:17:32 08/04/2002 13:26:05 00:08:33Recebi<strong>da</strong> 1131064644 09/04/2002 10:11:46 09/04/2002 10:17:00 00:05:14Recebi<strong>da</strong> 1131064644 09/04/2002 10:11:48 09/04/2002 10:17:01 00:05:13Recebi<strong>da</strong> 1131064644 10/04/2002 10:49:58 10/04/2002 11:23:23 00:33:25Recebi<strong>da</strong> 1131064644 16/04/2002 15:44:07 16/04/2002 15:46:00 00:01:53Recebi<strong>da</strong> 1131064644 16/04/2002 15:44:38 16/04/2002 15:46:31 00:01:53Número: 1897736913 – ADRIANO SOARESNúmero: 1897023136 – EDUARDO DIAMANTERelatório <strong>de</strong> Chama<strong>da</strong>s<strong>da</strong>ta mutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Feita 1897023136 06/06/2006 21:56:16 06/06/2006 21:58:53 00:02:37PaísPaísNúmero: 182214558 – THIAGO ROCHA DA SILVANúmero: 1897822072 – VALÉRIA DAMOUSRelatório <strong>de</strong> <strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>s mutuasFeitas/RecebI<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> telefoneDataHoraHora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> chama<strong>da</strong>DuraçãoPaísFeita189782207214/03/200513:26:3514/03/2005 13:26:3500:00:00


294Feita189782207214/03/200513:26:3714/03/2005 13:26:3700:00:00Feita189782207231/03/200519:24:4431/03/2005 19:24:4400:00:00Feita189782207220/09/200512:30:3820/09/2005 12:30:3800:00:00PaísPaísPaísNúmero: 1897822072 – VALÉRIA DAMOUS-Número: 182214558 – THIAGO ROCHA DA SILVARelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 182214558 14/03/2005 13:26:35 14/03/2005 13:26:35 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 182214558 14/03/2005 13:26:37 14/03/2005 13:26:37 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 182214558 31/03/2005 19:24:44 31/03/2005 19:24:44 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 182214558 20/09/2005 12:30:38 20/09/2005 12:30:38 00:00:00Número: 1236353237 – JULIANA QUEIROZ AMORIMFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1236353237 30/11/2005 08:34:56 30/11/2005 08:34:56 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1236353237 30/11/2005 08:35:27 30/11/2005 08:35:27 00:00:00Número: 1633228971 – ARIANE DOS ANJOSFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1633228971 30/11/2005 16:40:41 30/11/2005 16:40:41 00:00:00Número: 1497211797 – ABRAÃO SAMUEL REISNúmero: 1633311105 – ARIANE DOS ANJOSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração Paístelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1633311105 12/06/2002 19:08:30 12/06/2002 19:15:30 00:07:00Recebi<strong>da</strong> 1633311105 12/06/2002 19:08:38 12/06/2002 19:20:51 00:12:13Número: 1697661277 – ARIANE DOS ANJOSFei- Número <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração País


295PaísPaísPaísPaísPaístas/Recebi<strong>da</strong>s telefonechama<strong>da</strong>Feita 1697661277 19/06/2002 13:57:02 19/06/2002 13:57:05 00:00:03Feita 1697661277 22/06/2002 12:03:06 22/06/2002 12:04:51 00:01:45Feita 1697661277 03/07/2002 16:34:31 03/07/2002 16:37:06 00:02:35Feita 1697661277 04/07/2002 15:48:52 04/07/2002 15:48:54 00:00:02Feita 1697661277 04/07/2002 15:49:12 04/07/2002 15:51:28 00:02:16Feita 1697661277 05/07/2002 09:42:04 05/07/2002 09:42:19 00:00:15Recebi<strong>da</strong> 1697661277 26/07/2002 12:35:42 26/07/2002 12:35:42 00:00:00Número: 1167211763 – JACQUELINE TERÊNCIOFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1167211763 12/04/2002 08:35:21 12/04/2002 08:47:17 00:11:56Recebi<strong>da</strong> 1167211763 18/11/2002 09:33:23 18/11/2002 09:33:23 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1167211763 18/11/2002 09:35:10 18/11/2002 09:35:10 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1167211763 18/11/2002 09:52:43 18/11/2002 09:53:07 00:00:24Recebi<strong>da</strong> 1167211763 18/11/2002 10:43:26 18/11/2002 10:43:26 00:00:00Número: 1131064644 – MARIO SÉRGIO MUNGIOLIFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Feita 1131064644 03/07/2002 11:13:33 03/07/2002 11:14:01 00:00:28Recebi<strong>da</strong> 1131064644 03/07/2002 12:58:30 03/07/2002 12:58:30 00:00:00Feita 1131064644 16/07/2002 21:28:01 16/07/2002 21:28:29 00:00:28Recebi<strong>da</strong> 1131064644 17/07/2002 11:57:20 17/07/2002 12:01:03 00:03:43Recebi<strong>da</strong> 1131064644 23/10/2002 16:27:01 23/10/2002 16:27:25 00:00:24Número: 112575870 – IRACEMA VASCIAVEONúmero: 1633327029 – ARIANE DOS ANJOSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1633327029 03/11/2004 12:59:42 03/11/2004 13:00:42 00:01:00Número: 1633327029Feitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1633327029 03/11/2004 12:59:42 03/11/2004 13:00:42 00:01:00Número: 1167211763 – JACQUELINE TERÊNCIONúmero: 1897023136 – EDUARDO DIAMANTERelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1897023136 05/06/2006 07:47:24 05/06/2006 07:47:26 00:00:02Número: 1236353237 – JULIANA QUEIROZ AMORIMNúmero: 1897822072 – VALÉRIA DAMOUSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1897822072 30/11/2005 08:34:56 30/11/2005 08:34:56 00:00:00Feita 1897822072 30/11/2005 08:35:27 30/11/2005 08:35:27 00:00:00Número: 1633228971 – ARIANE DOS ANJOSFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>PaísPaís


296PaísPaísPaísRecebi<strong>da</strong> 1633228971 26/01/2006 01:13:36 26/01/2006 00:43:48 00:07:00Recebi<strong>da</strong> 1633228971 06/02/2006 22:27:54 06/02/2006 22:32:54 00:05:00Recebi<strong>da</strong> 1633228971 06/02/2006 22:50:00 06/02/2006 23:18:00 00:28:00Número: 1697334998 – ARIANE DOS ANJOSFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1697334998 14/03/2006 15:37:03 14/03/2006 15:37:03 00:00:00Feita 1697334998 11/05/2006 06:44:19 11/05/2006 06:47:43 00:03:24Feita 1697334998 13/05/2006 01:17:46 13/05/2006 00:38:53 00:00:00Feita 1697334998 13/05/2006 01:44:02 13/05/2006 00:55:48 00:03:47Recebi<strong>da</strong> 1697334998 17/05/2006 14:17:48 17/05/2006 14:18:09 00:00:21Feita 1697334998 06/06/2006 20:09:21 06/06/2006 20:09:21 00:00:00Feita 1697334998 06/06/2006 20:12:39 06/06/2006 20:12:56 00:00:17Feita 1697334998 06/06/2006 20:15:09 06/06/2006 20:15:27 00:00:18Recebi<strong>da</strong> 1697334998 07/06/2006 12:28:12 07/06/2006 12:28:12 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1697334998 20/06/2006 09:38:16 20/06/2006 09:38:34 00:00:18Feita 1697334998 20/06/2006 11:34:23 20/06/2006 11:34:23 00:00:00Feita 1697334998 22/06/2006 09:50:37 22/06/2006 09:51:23 00:00:46Feita 1697334998 22/06/2006 09:50:52 22/06/2006 09:51:38 00:00:46Recebi<strong>da</strong> 1697334998 22/06/2006 16:44:04 22/06/2006 16:44:04 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1697334998 23/06/2006 18:27:36 23/06/2006 18:27:39 00:00:03Feita 1697334998 28/06/2006 21:10:57 28/06/2006 21:34:43 00:23:46Feita 1697334998 29/06/2006 21:08:48 29/06/2006 21:08:55 00:00:07Número: 1633327029 – ARIANE DOS ANJOSFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1633327029 17/12/2005 11:48:42 17/12/2005 11:49:42 00:01:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 27/12/2005 10:05:24 27/12/2005 10:10:24 00:05:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 26/01/2006 23:13:42 26/01/2006 23:13:42 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 13/02/2006 21:59:00 13/02/2006 23:09:00 01:10:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 20/02/2006 07:38:24 20/02/2006 07:41:24 00:03:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 20/02/2006 08:44:18 20/02/2006 08:45:18 00:01:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 21/02/2006 21:04:12 21/02/2006 21:11:12 00:07:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 21/02/2006 21:12:06 21/02/2006 21:12:06 00:00:00Número: 1236744246 – JULIANA QUEIROZ AMORIMNúmero: 1633327029 – ARIANE DOS ANJOSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1633327029 27/12/2005 12:20:42 27/12/2005 12:21:42 00:01:00Número: 1132718487 – MARCIO DOS SANTOS VIDALNúmero: 1332199412 – MONICA FIORERelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1332199412 06/06/2005 16:59:46 06/06/2005 16:59:50 00:00:04PaísNúmero: 1131064644 – MARIO SÉRGIO MUNGIOLINúmero: 1196866685 – ANSELMO MAIARelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFei- Número <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração País


297PaísPaísPaísPaístas/Recebi<strong>da</strong>s telefonechama<strong>da</strong>Feita 1196866685 19/02/2002 13:33:02 19/02/2002 13:33:08 00:00:06Feita 1196866685 08/04/2002 10:26:42 08/04/2002 10:27:13 00:00:31Feita 1196866685 08/04/2002 11:56:35 08/04/2002 11:57:05 00:00:30Feita 1196866685 08/04/2002 11:56:37 08/04/2002 11:57:11 00:00:34Feita 1196866685 08/04/2002 13:17:27 08/04/2002 13:25:57 00:08:30Feita 1196866685 08/04/2002 13:17:32 08/04/2002 13:26:05 00:08:33Feita 1196866685 09/04/2002 10:11:46 09/04/2002 10:17:00 00:05:14Feita 1196866685 09/04/2002 10:11:48 09/04/2002 10:17:01 00:05:13Feita 1196866685 10/04/2002 10:49:58 10/04/2002 11:23:23 00:33:25Feita 1196866685 16/04/2002 15:44:07 16/04/2002 15:46:00 00:01:53Feita 1196866685 16/04/2002 15:44:38 16/04/2002 15:46:31 00:01:53Número: 1697664332 – ARIANE DOS ANJOSFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1697664332 22/11/2002 12:15:40 22/11/2002 12:19:21 00:03:41Feita 1697664332 01/08/2003 18:13:51 01/08/2003 18:13:51 00:00:00Feita 1697664332 01/08/2003 18:14:02 01/08/2003 18:14:02 00:00:00Feita 1697664332 11/08/2003 17:26:35 11/08/2003 17:33:57 00:07:22Número: 1497211797 – ABRAÃO SAMUEL REISRelatório <strong>de</strong> Chama<strong>da</strong>s<strong>da</strong>ta mutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1497211797 03/07/2002 11:13:33 03/07/2002 11:14:01 00:00:28Feita 1497211797 03/07/2002 12:58:30 03/07/2002 12:58:30 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1497211797 16/07/2002 21:28:01 16/07/2002 21:28:29 00:00:28Feita 1497211797 17/07/2002 11:57:20 17/07/2002 12:01:03 00:03:43Feita 1497211797 23/10/2002 16:27:01 23/10/2002 16:27:25 00:00:24Número: 1131013004 – MARIO SÉRGIO MUNGIOLINúmero: 1697661277 – ARIANE DOS ANJOSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1697661277 31/07/2002 11:23:03 31/07/2002 11:23:29 00:00:26Número: 1332199412 – MONICA FIORENúmero: 1132718487 – MARCIO DOS SANTOS VIDALRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1132718487 06/06/2005 16:59:46 06/06/2005 16:59:50 00:00:04Número: 1173379191 – SUZANA MILLER VOLPININúmero: 1633228971 – ARIANE DOS ANJOSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1633228971 05/12/2005 16:00:24 05/12/2005 16:00:24 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1633228971 05/12/2005 16:00:30 05/12/2005 16:00:58 00:00:28País


298PaísPaísPaísNúmero: 1199054565 – SUZANA MILLER VOLPININúmero: 1633327029 – ARIANE DOS ANJOSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1633327029 30/03/2005 10:20:00 30/03/2005 10:20:00 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 08/04/2005 20:17:15 08/04/2005 20:17:15 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1633327029 22/12/2005 21:05:14 22/12/2005 21:05:16 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1633327029 22/12/2005 21:05:25 22/12/2005 21:05:25 00:00:00Número: 1897023136 – EDUARDO DIAMANTENúmero: 1167211763 – JACQUELINE TERÊNCIORelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1167211763 05/06/2006 07:47:24 05/06/2006 07:47:26 00:00:02Número: 1897736913 – ADRIANO SOARESFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1897736913 06/06/2006 21:56:16 06/06/2006 21:58:53 00:02:37Número: 1697334998 – ARIANE DOS ANJOSNúmero: 1434138060 – JOSÉ CLAUDIO BRAVOSRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1434138060 05/06/2006 10:09:34 05/06/2006 10:11:14 00:01:40Número: 1236353237 – JULIANA QUEIROZ AMORIMFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duraçãotelefonechama<strong>da</strong>Feita 1236353237 14/03/2006 15:37:03 14/03/2006 15:37:03 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1236353237 11/05/2006 06:44:19 11/05/2006 06:47:43 00:03:24Recebi<strong>da</strong> 1236353237 13/05/2006 01:17:46 13/05/2006 00:38:53 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1236353237 13/05/2006 01:44:02 13/05/2006 00:55:48 00:03:47Feita 1236353237 17/05/2006 14:17:48 17/05/2006 14:18:09 00:00:21Recebi<strong>da</strong> 1236353237 06/06/2006 20:09:21 06/06/2006 20:09:21 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1236353237 06/06/2006 20:12:39 06/06/2006 20:12:56 00:00:17Recebi<strong>da</strong> 1236353237 06/06/2006 20:15:09 06/06/2006 20:15:27 00:00:18Feita 1236353237 07/06/2006 12:28:12 07/06/2006 12:28:12 00:00:00Feita 1236353237 20/06/2006 09:38:16 20/06/2006 09:38:34 00:00:18Recebi<strong>da</strong> 1236353237 20/06/2006 11:34:23 20/06/2006 11:34:23 00:00:00Recebi<strong>da</strong> 1236353237 22/06/2006 09:50:37 22/06/2006 09:51:23 00:00:46Recebi<strong>da</strong> 1236353237 22/06/2006 09:50:52 22/06/2006 09:51:38 00:00:46Feita 1236353237 22/06/2006 16:44:04 22/06/2006 16:44:04 00:00:00Feita 1236353237 23/06/2006 18:27:36 23/06/2006 18:27:39 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1236353237 28/06/2006 21:10:57 28/06/2006 21:34:43 00:23:46Recebi<strong>da</strong> 1236353237 29/06/2006 21:08:48 29/06/2006 21:08:55 00:00:07PaísPaísNúmero: 1633327029 – ARIANE DOS ANJOSNúmero: 1199054565 – SUZANA MILLER VOLPINIRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFei- Número <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração País


299Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1236353237 17/12/2005 11:48:42 17/12/2005 11:49:42 00:01:00Feita 1236353237 27/12/2005 10:05:24 27/12/2005 10:10:24 00:05:00Feita 1236353237 26/01/2006 23:13:42 26/01/2006 23:13:42 00:00:00Feita 1236353237 13/02/2006 21:59:00 13/02/2006 23:09:00 01:10:00Feita 1236353237 20/02/2006 07:38:24 20/02/2006 07:41:24 00:03:00Feita 1236353237 20/02/2006 08:44:18 20/02/2006 08:45:18 00:01:00Feita 1236353237 21/02/2006 21:04:12 21/02/2006 21:11:12 00:07:00Feita 1236353237 21/02/2006 21:12:06 21/02/2006 21:12:06 00:00:00Número: 1236744246 – JULIANA QUEIROZ AMORIMNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1236744246 27/12/2005 12:20:42 27/12/2005 12:21:42 00:01:00PaísPaísPaístas/Recebi<strong>da</strong> telefonechama<strong>da</strong>sFeita 1199054565 30/03/2005 10:20:00 30/03/2005 10:20:00 00:00:00Feita 1199054565 08/04/2005 20:17:15 08/04/2005 20:17:15 00:00:00Feita 1199054565 22/12/2005 21:05:14 22/12/2005 21:05:16 00:00:02Feita 1199054565 22/12/2005 21:05:25 22/12/2005 21:05:25 00:00:00Número: 112575870 – IRACEMA VASCIAVEOFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 112575870 03/11/2004 12:59:42 03/11/2004 13:00:42 00:01:00Número: 1236353237 – JULIANA QUEIROZ AMORIMFeitas/Recebi<strong>da</strong>telefoneNúmero <strong>de</strong>sFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero: 1633228971 – ARIANE DOS ANJOSNúmero: 1173379191 – SUZANA MILLER VOLPINIRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração Paístelefonechama<strong>da</strong>Feita 1173379191 05/12/2005 16:00:24 05/12/2005 16:00:24 00:00:00Feita 1173379191 05/12/2005 16:00:30 05/12/2005 16:00:58 00:00:28Número: 112575870 – IRACEMA VASCIAVEOFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração Paístelefonechama<strong>da</strong>Feita 112575870 10/11/2004 16:52:00 10/11/2004 16:53:00 00:01:00Número: 1236353237 – JULIANA QUEIROZ AMORIMFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração Paístelefonechama<strong>da</strong>Feita 1236353237 26/01/2006 01:13:36 26/01/2006 00:43:48 00:07:00Feita 1236353237 06/02/2006 22:27:54 06/02/2006 22:32:54 00:05:00Feita 1236353237 06/02/2006 22:50:00 06/02/2006 23:18:00 00:28:00Número: 1897822072 – VALÉRIA DAMOUSFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração Paístelefonechama<strong>da</strong>Feita 1897822072 30/11/2005 16:40:41 30/11/2005 16:40:41 00:00:00Número: 1697661277 – ARIANE DOS ANJOSNúmero: 1131013004 – MARIO SÉRGIO MUNGIOLIRelatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuasFei- Número <strong>de</strong> Data Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong> Duração País


300PaísNúmero: 1633311105 – ARIANE DOS ANJOSNúmero: 1497211797 – ABRAÃO SAMUEL REISRelatório <strong>de</strong> Chama<strong>da</strong>s<strong>da</strong>ta mutuastas/Recebi<strong>da</strong>s telefonechama<strong>da</strong>Recebi<strong>da</strong> 1131013004 31/07/2002 11:23:03 31/07/2002 11:23:29 00:00:26Número: 1497211797 – ABRAÃO SAMUEL REISFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoRecebi<strong>da</strong> 1497211797 19/06/2002 13:57:02 19/06/2002 13:57:05 00:00:03Recebi<strong>da</strong> 1497211797 22/06/2002 12:03:06 22/06/2002 12:04:51 00:01:45Recebi<strong>da</strong> 1497211797 03/07/2002 16:34:31 03/07/2002 16:37:06 00:02:35Recebi<strong>da</strong> 1497211797 04/07/2002 15:48:52 04/07/2002 15:48:54 00:00:02Recebi<strong>da</strong> 1497211797 04/07/2002 15:49:12 04/07/2002 15:51:28 00:02:16Recebi<strong>da</strong> 1497211797 05/07/2002 09:42:04 05/07/2002 09:42:19 00:00:15Feita 1497211797 26/07/2002 12:35:42 26/07/2002 12:35:42 00:00:00Feitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1497211797 12/06/2002 19:08:30 12/06/2002 19:15:30 00:07:00Feita 1497211797 12/06/2002 19:08:38 12/06/2002 19:20:51 00:12:13PaísÉ o Relatório.ASSESSORIA ESPECIAL DA POLÍCIA FEDERALBrasília/DF, 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.Do : APF Eduar<strong>do</strong> Remus CidreiraAo : DPF Emerson Gonçalves <strong>de</strong> AquinoAss. : Análise <strong>do</strong>s contatos efetua<strong>do</strong>s pela Ass. <strong>do</strong>s Reeducan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo com osAdvoga<strong>do</strong>s suspeitos <strong>de</strong> integrarem o Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital – PCCSenhor Delega<strong>do</strong>,Após analise <strong>do</strong>s extratos telefônicos <strong>da</strong> Associação <strong>do</strong>s Familiares <strong>do</strong>s Reeducan<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo e <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os advoga<strong>do</strong>s lista<strong>do</strong>s como suspeitos <strong>de</strong> integrarem a facção criminosaconheci<strong>da</strong> como Primeiro Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Capital – PCC, constatou-se que apenas Ivan Raymondi Barbosa,CPF nº 162.323.008-07 fez contato com aquela Associação, conforme relação abaixo e gráfico emanexo.Outrossim, informo que tais <strong>da</strong><strong>do</strong>s não condizem com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que, comoé sabi<strong>do</strong> por V.Sa., a esmaga<strong>do</strong>ra maioria <strong>da</strong>s pessoas que se valem <strong>de</strong> telefones (principalmente os móveis)para fazer qualquer tipo <strong>de</strong> contato que não seja interessante que se saiba o en<strong>de</strong>reço ou localização<strong>do</strong> chama<strong>do</strong>r/interlocutor, bem como para que não se possa fazer qualquer tipo <strong>de</strong> associação com uma ououtra pessoa, acabam utilizan<strong>do</strong> telefones celulares em nome <strong>de</strong> terceiros.Número: 1131206325Número: 1332258528Relatório <strong>de</strong> Chama<strong>da</strong>s<strong>da</strong>ta mutuas - 2


301Chama<strong>da</strong>sFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1332258528 20/12/2005 12:23:06 20/12/2005 12:24:06 00:01:00Feita 1332258528 10/02/2006 17:06:12 10/02/2006 17:06:12 00:00:00Número: 1132560069Número: 1332258528Relatório <strong>de</strong><strong>da</strong>taChama<strong>da</strong>smutuas - 1Chama<strong>da</strong>sFeitas/Recebi<strong>da</strong>sNúmero <strong>de</strong>telefoneData Hora Hora e <strong>da</strong>ta fim <strong>de</strong>chama<strong>da</strong>DuraçãoFeita 1332258528 23/11/2005 20:01:06 23/11/2005 20:07:06 00:06:00PaísPaísÉ o Relatório.


302ANEXO VIIRELATÓRIO DAS OPERAÇÕES POLICIAIS ACOMPANHADAS PELA <strong>CPI</strong>OPERAÇÕES POLICIAIS E APREENSÃO DE ARMASDes<strong>de</strong> sua instalação, em 16 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005, até a presente<strong>da</strong>ta, a <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> acompanhou 31 operações policiais e-xecuta<strong>da</strong>s em vários Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> território nacional, relaciona<strong>da</strong>s com o tema<strong>de</strong>sta Comissão.Observou-se, conforme relatório <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> em anexo, as seguintes estatísticas:Foram apreendi<strong>da</strong>s 281 armas longas, assim distingui<strong>da</strong>s:a) <strong>de</strong> fabricação nacional : 67b) <strong>de</strong> fabricação estrangeira : 126c) não i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s : 87d) <strong>de</strong> fabricação artesanal : 01ARMAS LONGASFAB. NACIONAL(23,84%)FAB. ESTRAN-GEIRA (44,83%)NÃO IDENTIFI-CADAS (30,96%)FAB. ARTESANAL(0,35%)Foram apreendi<strong>da</strong>s 450 armas curtas, assim distingui<strong>da</strong>s:a) <strong>de</strong> fabricação nacional : 107b) <strong>de</strong> fabricação estrangeira : 245c) não i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s : 96


303d) <strong>de</strong> fabricação artesanal : 02ARMAS CURTASFAB. NACIONAL(23,77%)FAB. ESTRAN-GEIRA (54,44%)NÃO IDENTIFI -CADAS (21,33%)FAB. ARTESANAL(0,44%)Foram apreendi<strong>da</strong>s 1.276.149 munições, assim distingui<strong>da</strong>s:a) <strong>de</strong> fabricação nacional : 1.144.378 (Operação Gatilho)b) <strong>de</strong> fabricação nacional : 9.936b) <strong>de</strong> fabricação estrangeira : 48.767c) não i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s : 73.068MUNIÇÕES APREENDIDAS5,73%3,82%0,78%OPER. GATILHOFAB. NACIONALFAB. ES-TRANGEIRANÃO IDENTIFI-CADAS89,67%Foram apreendi<strong>do</strong>s outros materiais bélicos:a) Míssil cal. 90 mm : 01 <strong>de</strong> fabricação artesanalb) Lança Foguete : 02 <strong>de</strong> fabricação artesanalc) Lança Foguete Rocket : 01 fabrica<strong>do</strong> nos USA


304De um total <strong>de</strong> 317 armas <strong>de</strong> fabricação estrangeira i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s, foramconstata<strong>da</strong>s as seguintes origens: USA (47,96%), Alemanha (12,30%), Bélgica(8,20%), Itália (6,30%), Áustria (5,05%), França (4,10%), Tchecoslováquia(4,10%), Espanha (3,16%), Argentina (1,90%), China (1,90%) e Dinamarca,Inglaterra, Israel, México e URSS, soman<strong>do</strong> 5,03%.ORIGEM DAS ARMASUSA (47,96%)ALEMANHA (12,30%)BELGICA (8,20%)ITALIA (6,30%)AUSTRIA (5,05%)FRANÇA (4,10%)TCHEK (4,10%)ESPANHA (3,16%)ARGENTINA (1,90)CHINA (1,90%)OUTROS (5,03%)De um total <strong>de</strong> 48.767 munições <strong>de</strong> fabricação estrangeira i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s,foram constata<strong>da</strong>s as seguintes origens: USA (33,54%), México (17,93%), Filipinas(14,50%), Bélgica (12,57%) Inglaterra (8,50%), Alemanha (3,82%), Finlândia(3,78%), , Argentina (1,30%), Austrália (1,02%), Espanha (0,99%) e Portugal,França, Itália e Tchecoslováquia, soman<strong>do</strong> 2,05%.


305ORIGEM DAS MUNIÇÕESUSA (33,54%)MEXICO (17,93%)FILIPINAS (14,50%)BELGICA (12,57%)INGLATERRA (8,50%)ALEMANHA (3,82%)FINLANDIA (3,78%)ARGENTINA (1,30)AUSTRALIA (1,02%)ESPANHA (0,99)OUTROS (2,05%)7) Das 31 operações policiais trata<strong>da</strong>s no relatório, apurou-se as seguintesorigens:a) entra<strong>da</strong> pelo Paraguai: 10b) entra<strong>da</strong> pela Argentina: 02c) entra<strong>da</strong> pelo Uruguai: 01d) entra<strong>da</strong> pela Venezuela: 01e) armas interna<strong>da</strong>s no Brasil : 17


306ROTA DE ENTRADA32,26%54,84%PARAGUAIURUGUAIARGENTINAVENEZUELANÃO IDENTI -FICADAS3,23%6,45%3,23%5,88%2,33%0,82%7,39%PARAGUAIURUGUAIARGENTINAVENEZUELANÃO IDEN-TIFICADAS83,58%8) Em números quantitativos, em relação à entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> 731 armas apreendi<strong>da</strong>s,foram apura<strong>da</strong>s as seguintes origens: Paraguai: 54 armas, Uruguai:43, Argentina: 17, Venezuela: 06, Não i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s: 6119) Em números quantitativos, em relação à entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> 131.771 muni-ENTRADA DE ARMASções apreendi<strong>da</strong>s (aqui excluí<strong>da</strong>s as apreendi<strong>da</strong>s na “Operação Gatilho”), foramapura<strong>da</strong>s as seguintes origens: Paraguai: 55.943 armas, Uruguai: 5.261,ENTRADA DE MUNIÇÕESArgentina: 300, Venezuela: 354, Não i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s: 69.913controla<strong>do</strong>s.O presente relatório não abor<strong>do</strong>u explosivos e outros materiais42,45%53,06%3,99% 0,27% 0,23%PARAGUAIURUGUAIARGENTINAVENEZUELANÃO IDENTI-FICADAS


307Sala <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, 20 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.Orlan<strong>do</strong> Rincon JuniorProcura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> NacionalAssessor <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>


308ANEXO IXRELATÓRIO DA COMISSÃO DESIGNADA PARA APURAR O VAZAMENTODE INFORMAÇÕES NA <strong>CPI</strong>A comissão <strong>de</strong> <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> por esta <strong>CPI</strong> e forma<strong>da</strong> pelos <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>sPaulo Pimenta, Colbert Martins e Francisco Áppio, para eluci<strong>da</strong>r supostaocorrência <strong>de</strong> vazamento <strong>de</strong> informações, visitou o município <strong>de</strong> Uruguaiana-RS,nos dias 7 e 8 <strong>de</strong> marco <strong>de</strong> 2006, tomou <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s osenvolvi<strong>do</strong>s no episódio, conforme relatório abaixo, a fim <strong>de</strong> esclarecer os fatos.RelatórioAos dias 7 e 8 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2006, para apurar <strong>de</strong>nuncias feitas pelo SenhorFelipe <strong>da</strong> Silva Vieira, cognomina<strong>do</strong> por esta Comissão <strong>de</strong> “TestemunhaZ”, que após prestar <strong>de</strong>poimento a <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Trafico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, alegou ter sofri<strong>do</strong>atenta<strong>do</strong> contra a sua vi<strong>da</strong> e coagi<strong>do</strong> a mu<strong>da</strong>r o <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong>; acusouo <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral POMPEO DE MATTOS, membro <strong>de</strong>sta comissão <strong>de</strong> terforneci<strong>do</strong> cópia <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> em caráter sigiloso a Comissão;posteriormente, acrescentou em novo <strong>de</strong>poimento ter visto cópia <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimentonas mãos <strong>da</strong>s pessoas que acusou; afirmou, ain<strong>da</strong>, ter presencia<strong>do</strong>conversa telefônica entre um <strong>do</strong>s acusa<strong>do</strong>s e o próprio <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong>Mattos, on<strong>de</strong> o parlamentar admitia o vazamento e, inclusive, cobrava gratificaçãopelos serviços presta<strong>do</strong>s.De posse <strong>do</strong>s sucessivos <strong>de</strong>poimentos <strong>da</strong> “Testemunha Z”, que encontram-seanexo, analisamos a prévia <strong>de</strong>fesa encaminha<strong>da</strong> pelo <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo<strong>de</strong> Mattos, que buscou abor<strong>da</strong>r ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s acusações e <strong>de</strong>monstrar, nasua ótica, a insustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Segue In Verbis, a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> parlamentar:Excelentíssimo SenhorDeputa<strong>do</strong> MORONI TORGANMD Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>CÂMARA DOS DEPUTADOS DF.Senhor Presi<strong>de</strong>nte:


309É na condição <strong>de</strong> membro titular <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> DO TRÁFICO DE ARMAS queme dirijo a Vossa Excelência para expor e ao <strong>final</strong> solicitar o seguinte:1 - Que, em <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 24.11.2005 foi forma<strong>do</strong> no âmbito <strong>da</strong> Comissãoum "grupo <strong>de</strong> diligência" integra<strong>do</strong> pelos eminentes colegas LUIZ COUTO,LAURA CARNEIRO e RAUL JUNGMANN, com o intuito <strong>de</strong> apurar assunto discuti<strong>do</strong>naquela reunião sem mencionar o fato especificamente.2 - Que, no dia 29.11.2005 fui convi<strong>da</strong><strong>do</strong> pelos colegas para uma"reunião reserva<strong>da</strong>" marca<strong>da</strong> para o dia 30.11.2005 (<strong>do</strong>c. anexo), on<strong>de</strong> comparecie me foi dito que havia <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> uma testemunha <strong>de</strong> que eu teria vaza<strong>do</strong>informação <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, porém, não sen<strong>do</strong> me apresenta<strong>do</strong> qualquer <strong>do</strong>cumentoou <strong>de</strong>poimento que formalizasse a possível <strong>de</strong>núncia. Mesmo sem conhecera acusação, refutei <strong>de</strong> pleno para os colegas qualquer atitu<strong>de</strong> nestesenti<strong>do</strong>, pois nunca <strong>de</strong>i informação ou revelei <strong>do</strong>cumentos reserva<strong>do</strong>s <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>(anexo 01).3 - Que, em <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 06.12.2005, após várias tentativas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>obter informação junto a <strong>CPI</strong> acerca <strong>da</strong>s supostas acusações, sem sucesso,em que pese ser membro titular <strong>da</strong> mesma, formalizei requerimento que foi <strong>de</strong>feri<strong>do</strong>por Vossa Excelência, quan<strong>do</strong> então tomei conhecimento <strong>da</strong>s acusaçõesatravés <strong>da</strong>s cópias <strong>do</strong>s vários <strong>de</strong>poimentos presta<strong>do</strong>s pela "TestemunhaZ"(anexo 02).4 - Que, ante a calúnia, a mentira, a infâmia e a injustiça reagi <strong>de</strong>plano, pois não telefonei nem recebi telefonema <strong>de</strong> bandi<strong>do</strong> algum, tampoucoforneci <strong>do</strong>cumentos reserva<strong>do</strong>s <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, razão pela qual tomei as seguintes atitu<strong>de</strong>s:a) - Disponibilizei meu sigilo telefônico publicamente.b) - Requeri a oitiva <strong>da</strong> "Testemunha Z" no mesmo dia (06.12.2005),quan<strong>do</strong> recebi cópia <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos que, aliás, só através <strong>de</strong>ste requerimentoque levou o n.º 173/05, é que fiquei saben<strong>do</strong> que a tal testemunha se chamava"Felipe <strong>da</strong> Silva Vieira" (anexo 03).c) - Requeri o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> Sr. Jair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues também nodia 06.12.2005, sen<strong>do</strong> o requerimento <strong>de</strong> n.º 174/05 (<strong>do</strong>c. anexo) adita<strong>do</strong> paraouvir também o advoga<strong>do</strong> Dr. José Maurício Braccini, pois o suposto telefonemapela <strong>de</strong>núncia <strong>da</strong> "Testemunha Z" teria parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> telefone convencional <strong>do</strong>escritório <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>, cuja ligação foi feita na sua presença pelo Sr. Jair <strong>do</strong>s


310Santos Rodrigues e o sistema "viva voz" <strong>do</strong> aparelho foi aciona<strong>do</strong> para ele, "Z",ouvir a conversa (anexos 04 e 05).d) - Requeri a quebra <strong>do</strong> sigilo <strong>do</strong> telefone n.º (55) 3411.4743, que estálocaliza<strong>do</strong> na Rua 15 <strong>de</strong> Novembro n.º 2240, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Uruguaiana (RS)on<strong>de</strong> situa-se o escritório <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partiu a "suposta" ligação paramim no dia 05.11.2005 (um sába<strong>do</strong> a tar<strong>de</strong>) pelo que se <strong>de</strong>duz <strong>da</strong> <strong>de</strong>núncia(anexo 6-A).e) - Requeri ain<strong>da</strong>, diligências <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, para confirmar se existeno escritório <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> só este telefone, assim como a confirmação <strong>de</strong>stenúmero, "pois quem não <strong>de</strong>ve não teme" (anexo 6).5 - Que, pelo que se <strong>de</strong>nota, as providências requeri<strong>da</strong>s não prosperaramna <strong>CPI</strong>, possivelmente pelo fato <strong>de</strong> a mesma ter entra<strong>do</strong> em recesso.Ocorre que a repercussão <strong>do</strong>s fatos não parou, e eu fui injustamente, sem provase sem a menor análise, con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> e execra<strong>do</strong> publicamente pela mídia,especialmente pela revista "Isto É" em reitera<strong>da</strong>s reportagens.6 - Que, diante disso valen<strong>do</strong>-me <strong>da</strong> experiência <strong>de</strong> quem atuou porcerca <strong>de</strong> 3 (três) anos na <strong>CPI</strong> DO NARCOTRÁFICO tão bem conduzi<strong>da</strong> porVossa Excelência, na condição <strong>de</strong> relator, e <strong>de</strong>pois por quase 02 (<strong>do</strong>is) anostrabalhan<strong>do</strong> na CPMI DO ROUBO DE CARGAS presidi<strong>da</strong> pelo honra<strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>rRomeu Tuma, fui a campo buscar provas e <strong>do</strong>cumentos que <strong>de</strong>smascarasseessa calúnia, pois a mentira tem pernas curtas e a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>mora, maschega, e neste caso veio a cavalo e a galope e por isso chegou mais rápi<strong>do</strong>.A ACUSAÇÃO1 - A "testemunha Z" prestou 04 (quatro) <strong>de</strong>poimentos, sen<strong>do</strong> 1 (um)na <strong>CPI</strong>, 2 (<strong>do</strong>is) na Procura<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> República <strong>de</strong> Uruguaiana e mais um naPolícia Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uruguaiana a saber:O primeiro <strong>de</strong>poimento em <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 02.e 03 <strong>de</strong> 06/05 no âmbito <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>com mais <strong>de</strong> 130 páginas on<strong>de</strong> acusa meio mun<strong>do</strong>, e especialmente este Sr.Jair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues, entre outros empresários e personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uruguaiana.O segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento em <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 07.11.2005 na Se<strong>de</strong> <strong>da</strong> Procura<strong>do</strong>ria<strong>da</strong> República, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Uruguaiana (RS), <strong>de</strong>sdizen<strong>do</strong> o que disse, quan<strong>do</strong>retirou as acusações que havia feito na <strong>CPI</strong> contra o Sr. Jair <strong>do</strong>s Santos Rodri-


311gues, e agora acusa o Sr. Caio Repiso Riela, ex-<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral e último prefeito<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Uruguaiana-RS (anexo 13).O terceiro <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> também perante a Procura<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> República<strong>de</strong> Uruguaiana (RS), no dia 21.11.2005, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sdiz o que havia ditona mesma Procura<strong>do</strong>ria dias antes e volta a reafirmar o <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong>na <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>, acusan<strong>do</strong> o Sr. Jair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues e agoralivran<strong>do</strong> a cara <strong>do</strong> ex-prefeito Caio Riela, usan<strong>do</strong> como justificativa <strong>de</strong> que o<strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> dia 06.11.2005 só o fez porque foi constrangi<strong>do</strong> a fazê-lo, porqueo advoga<strong>do</strong> Dr. José Maurício Braccini e o Sr. Jair <strong>do</strong>s Santos Rodriguestinham cópia <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> na <strong>CPI</strong>, inclusive revela<strong>do</strong> expressõesque leu no <strong>do</strong>cumento vin<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, pois lhe foi dito que este <strong>do</strong>cumentohavia si<strong>do</strong> forneci<strong>do</strong> pelo Deputa<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos. Note-se, "neste <strong>de</strong>poimentonão mencionou absolutamente na<strong>da</strong> sobre a existência <strong>de</strong> telefonema eou conversa telefônica on<strong>de</strong> envolvesse meu nome em que pese a longa e <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>oitiva" (anexo 14).O quarto <strong>de</strong>poimento que foi presta<strong>do</strong> no outro dia, ou seja 22.11.2005,agora perante a Polícia Fe<strong>de</strong>ral em Uruguaiana (RS) quan<strong>do</strong> então amplia o<strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> dia anterior numa série <strong>de</strong> aspectos com relação a mim, reafirmouque o Sr. Jair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues lhe disse que teve acesso ao <strong>do</strong>cumentoatravés <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos, sem <strong>da</strong>r os <strong>de</strong>talhes <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentocomo havia dito na Procura<strong>do</strong>ria e acrescentou uma "suposta" conversaque teria havi<strong>do</strong> entre mim e o empresário Jair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues, numaligação feita por ele <strong>do</strong> escritório <strong>do</strong> Dr. José Maurício Braccini, no telefoneconvencional e colocou a interlocução no sistema "viva voz" <strong>do</strong> aparelho, e queele escutou a conversa cujas palavras "ridículas" <strong>de</strong>screve, que diga-se <strong>de</strong>passagem, se um <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> tiver uma conversa <strong>de</strong>sse tipo com alguém que a<strong>CPI</strong> que ele integra esteja investigan<strong>do</strong> não merece só a cassação, pois estarásuici<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se. Veja, que só agora neste quarto <strong>de</strong>poimento é que foi acrescenta<strong>do</strong>o tal telefonema com a suposta conversa envolven<strong>do</strong> meu nome, fato relevanteque ele não mencionou no <strong>de</strong>poimento na Procura<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> Repúblicano dia anterior ou porque esqueceu <strong>de</strong> falar, ou porque não houve o telefonema,e ele em conseqüência disso inventou (anexo 15).OS FATOS E A VERDADE1 - A "Testemunha Z", que havia ingressa<strong>do</strong> no programa <strong>de</strong> proteçãoas testemunhas em Brasília, <strong>de</strong>sistiu <strong>do</strong> benefício e voltou para Uruguaiana


312(RS), <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser "bandi<strong>do</strong> arrependi<strong>do</strong>" e voltan<strong>do</strong> ao seu cotidiano, bastaver a sua ficha criminal que preenche 09 (nove) páginas inclusive com con<strong>de</strong>naçãopor homicídio, e olha que ele só tem 26 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> (anexo 09).2 - Chegan<strong>do</strong> em Uruguaiana-RS nos meses <strong>de</strong> setembro ou outubro,procurou ou foi procura<strong>do</strong> pelo Sr. Jair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues a quem havia<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>, (ver bilhete em anexo que foi entregue à Procura<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> República<strong>de</strong> Uruguaiana pelo Dr. José Maurício Braccini, que segun<strong>do</strong> ele foi<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> por "Z" embaixo <strong>da</strong> porta <strong>do</strong> seu escritório como sinal para manter umcontato) e em <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 05.11.2005 (um sába<strong>do</strong> a tar<strong>de</strong>) compareceu no escritório<strong>de</strong> advocacia <strong>do</strong> Dr. José Maurício Braccini, on<strong>de</strong> possivelmente fizeram umentendimento entre eles no que resultou no <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> dia 07.11.2005 (umasegun<strong>da</strong>-feira) na Procura<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> República, livran<strong>do</strong> a cara <strong>do</strong> empresárioJair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues (anexo 11).3 - Feito o <strong>de</strong>poimento em 07.11.2005 trouxe uma cópia com o intuito<strong>de</strong> receber a sua parte, <strong>do</strong> empresário ou <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>, é o que se <strong>de</strong>nota <strong>do</strong>4º <strong>de</strong>poimento (anexo 15) quan<strong>do</strong> se refere ao pagamento <strong>de</strong> R$ 10.000,00(<strong>de</strong>z mil reais) que lhe havia si<strong>do</strong> prometi<strong>do</strong>. Como o pagamento não aconteceu,a "Testemunha Z" aguar<strong>do</strong>u uma ou duas semanas e voltou a Procura<strong>do</strong>ria<strong>da</strong> República e botou fogo no circo, como justificativa <strong>da</strong>s repeti<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nçasnos conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos, falou <strong>da</strong>s cópias supostamente vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong><strong>CPI</strong>, diga-se <strong>de</strong> passagem uma boa <strong>de</strong>sculpa.4 - No quarto <strong>de</strong>poimento a "Testemunha Z" cria o telefonema, queaté po<strong>de</strong> ter existi<strong>do</strong> como farsa, como montagem, como patranha, sen<strong>do</strong> omeu nome usa<strong>do</strong>, mas nunca por ligação ou conversa que eu tenha manti<strong>do</strong>com alguém.A MENTIRA, A FARSASão duas farsas, duas mentiras pratica<strong>da</strong>s contra mim pela "TestemunhaZ", que foram cria<strong>da</strong>s por ele ou que tomaram parte o Sr. Jair <strong>do</strong>s SantosRodrigues e o advoga<strong>do</strong> Dr. José Maurício Braccini.A primeira mentira, está no <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> dia 21.11.2005 na Procura<strong>do</strong>ria<strong>da</strong> República, quan<strong>do</strong> a "Testemunha Z" diz que o advoga<strong>do</strong> o levou até oescritório e lhe mostrou cópia <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos inclusive com timbre e com asseguintes <strong>de</strong>scrições: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO / CÂMA-RA DOS DEPUTADOS / BRASILIA / TÊRMO DE DECLARAÇÃO PRESTADA


313PELO SR. FELIPE DA SILVA VIEIRA e ain<strong>da</strong> a expressão "AOS CUIDADOSDO JAIR" (anexo 14).Esta é também a primeira farsa, senão vejamos, as quatro primeiras expressõesé senso comum que por lógica <strong>de</strong>veria fazer parte <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> um<strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> numa <strong>CPI</strong> <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, localiza<strong>da</strong> em Brasília,não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> faltar obviamente o nome <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente. Ocorre, que não háuma página sequer que conste conjuntamente estas expressões, e o que é pior,não há em página alguma a expressão por extensa "COMISSÃO PARLA-MENTAR DE INQUÉRITO", mais, não há curiosamente em uma página sequera expressão "BRASILIA", e o que é fatal, não consta em nenhum lugar <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimentona <strong>CPI</strong> a expressão "TÊRMO DE DECLARAÇÃO PRESTADA PELOSR. FELIPE DA SILVA VIEIRA", aliás, o próprio nome <strong>de</strong> Felipe <strong>da</strong> Silva Vieiranão era sequer menciona<strong>do</strong> na <strong>CPI</strong>, a tal ponto <strong>de</strong> que eu mesmo só fiquei saben<strong>do</strong>o nome <strong>da</strong> "Testemunha Z", quan<strong>do</strong> requeri sua oitiva em <strong>de</strong>zembro,pois nos <strong>de</strong>poimentos <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> ele foi cognomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> "TESTEMUNHA Z".É mais <strong>do</strong> que evi<strong>de</strong>nte que a "Testemunha Z", ou inventou isso tu<strong>do</strong> ouinventaram o <strong>do</strong>cumento para impressiona-la, pois o que ela <strong>de</strong>screve que leunão foi absolutamente nenhum <strong>do</strong>cumento <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, o que prova que nem o empresárionem quem quer que seja teve acesso ao <strong>de</strong>poimento <strong>da</strong> "TestemunhaZ" na <strong>CPI</strong>.Isso tu<strong>do</strong> não passou <strong>de</strong> bandi<strong>da</strong>gem, sen<strong>do</strong> meu nome usa<strong>do</strong> criminosamente,e o que é pior, tu<strong>do</strong> isso divulga<strong>do</strong> na mídia como se ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro fosse,sem a menor preocupação <strong>de</strong> uma simples análise, <strong>de</strong> uma simples comparação<strong>do</strong> que foi dito pela "Testemunha Z" no <strong>de</strong>poimento na Procura<strong>do</strong>ria ena Polícia Fe<strong>de</strong>ral em Uruguaiana com o que está escrito no <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong>na <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>. Sou vítima <strong>da</strong> mais vil calúnia, pois se consi<strong>de</strong>roucomo ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras afirmações infun<strong>da</strong><strong>da</strong>s, <strong>de</strong>sconexas, um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iroabsur<strong>do</strong> dito por um bandi<strong>do</strong> sem o menor escrúpulo.A segun<strong>da</strong> mentira ocorreu quan<strong>do</strong> a "Testemunha Z" relata o tal telefonema,dizen<strong>do</strong> o seguinte: Na mesma ocasião JAIR ligou, <strong>do</strong> telefone fixo <strong>do</strong>escritório <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> BRACCINI, na presença <strong>do</strong> <strong>de</strong>clarante, para o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>POMPEO DE MATTOS; Que JAIR colocou o telefone no viva-voz, a fim <strong>de</strong>mostrar ao <strong>de</strong>clarante que ele realmente conhecia o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>; Que JAIR faloucom POMPEO sobre a <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> e perguntou sobre o habeas<strong>da</strong>ta que seu advoga<strong>do</strong> havia impetra<strong>do</strong> para ter acesso integral aos <strong>de</strong>poi-


314mentos <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>; QUE POMPEO disse-lhe que o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> MORONI talvez não<strong>de</strong>ferisse o pedi<strong>do</strong>, mas que mesmo assim JAIR receberia os <strong>do</strong>cumentos a-través <strong>do</strong> próprio POMPEO; que POMPEO disse que MORONI é muito amigo<strong>de</strong> CAIO RIELA; que POMPEO perguntou a JAIR sobre o "meu presentinho" eJAIR respon<strong>de</strong>u que estava certo, e POMPEO respon<strong>de</strong>u que "isto é muito importante".RIDÍCULO, RIDÍCULO O RELATO. Se eu fosse protagonista <strong>de</strong> umaconversa telefônica, ain<strong>da</strong> mais nestes termos, com alguém que é investiga<strong>do</strong>na <strong>CPI</strong> em que atuo, seria o fim <strong>de</strong> mim mesmo, é como pedir para morrer (anexo15).Tu<strong>do</strong> isso se constitui na segun<strong>da</strong> farsa, pois a "Testemunha Z" inventoueste diálogo ou alguém se fez passar por mim no outro la<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma ligaçãopara <strong>de</strong> novo impressiona-la, fazen<strong>do</strong> parecer que o empresário tinha o quequisesse <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>. Isso é maquiavélico, bandi<strong>da</strong>gem e banditismo. Não falei comninguém e ninguém falou comigo sobre isso, nem por telefone ou qualquer outromeio.A VERDADEO diabo sabe fazer a panela mas não apren<strong>de</strong>u a fazer a tampa, entãoquan<strong>do</strong> o cal<strong>de</strong>irão ferve o que tem <strong>de</strong>ntro salta p'ra fora e o conteú<strong>do</strong> se revela,senão vejamos:1) A própria <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong> "Testemunha Z" <strong>do</strong> que leu como sen<strong>do</strong>cópia <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> na <strong>CPI</strong>, mostra que o papel queleu, se é que leu, não tem na<strong>da</strong> a ver com o <strong>de</strong>poimento que prestou à <strong>CPI</strong>,nem era <strong>do</strong>cumento algum pertencente a <strong>CPI</strong>, pois aquelas expressões nãoconstam na transcrição <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>poimento na <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>.Mesmo que a "Testemunha Z" tenha li<strong>do</strong>, ou não, o <strong>do</strong>cumento que dizlhe foi mostra<strong>do</strong>, ou ain<strong>da</strong> que tenha inventa<strong>do</strong> isso tu<strong>do</strong>, o seu preciosismo <strong>de</strong><strong>de</strong>screver em <strong>de</strong>talhes as expressões <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento é a prova <strong>final</strong>, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>irae cabal <strong>de</strong> que o que ele <strong>de</strong>screve como <strong>do</strong>cumento <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, não é e nem nuncafoi produzi<strong>do</strong>s pela <strong>CPI</strong>, ESTA É A VERDADE, A VERDADE VERDADEIRAE A PROVA DEFINITIVA DA ARMAÇÃO.2) A transcrição textual que a "Testemunha Z" faz <strong>da</strong>s palavras efrases que diz ter ouvi<strong>do</strong> no suposto diálogo entre o empresário e um outro interlocutor,é tão risível como inacreditável e só po<strong>de</strong> ser fruto <strong>de</strong> um ato maquiavélicoou invenção sua, pois tive acesso a conta telefônica <strong>do</strong> escritório <strong>do</strong> Dr.


315José Maurício Braccini, cuja linha tem o n.º (55) 3411.4743 e está registra<strong>da</strong>em nome <strong>de</strong> Fátima Teresa Braccini (anexo 12) mas localiza<strong>do</strong> no seu en<strong>de</strong>reço,e não há nem nunca houve qualquer ligação para telefone algum que mepertença, aliás o próprio advoga<strong>do</strong> em carta ao Procura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> República <strong>de</strong>Uruguaiana-RS (anexo 10) franqueou a lista <strong>do</strong> telefone (cuja cópia requeri eobtive <strong>da</strong> Procura<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> República) e foi enfático em dizer que nunca fezligações para meu escritório político, gabinete ou celular, etc... ESTA É AVERDADE.Fui então e me sinto CALUNIDADO, INJURIADO, VILIPENDIADO equero que a <strong>CPI</strong> por <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro apure to<strong>da</strong>s estas informações que aqui passei,e reafirmo com a absoluta convicção <strong>de</strong> que estou com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.ADVERTÊNCIAPor fim, quero afirmar que a <strong>CPI</strong> <strong>de</strong>ve continuar suas investigações sobretu<strong>do</strong> no que disse a "Testemunha Z', mas com ressalvas e cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s, poisoutros como eu po<strong>de</strong>m ser vitimas <strong>da</strong>s suas "loucas imaginações", pois se trata<strong>de</strong> alguém que está no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> crime e não me<strong>de</strong> conseqüências <strong>do</strong> que diznem tampouco <strong>do</strong> que faz, e para isso quero advertir sobre alguns fatos.a) - Há um longo <strong>de</strong>poimento relata<strong>do</strong> pela "Testemunha Z" no MinistérioPúblico Estadual <strong>de</strong> Uruguaiana (RS) em 1998, já naquela época com apenas20 (vinte) anos mentia, fantasiava, viajava, etc, basta ler o <strong>de</strong>poimento (cópiaanexa), muito pareci<strong>do</strong> com o que prestou à <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> (anexo07).b) - Tem uma ficha criminal <strong>de</strong> 09 (nove) folhas ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>por assassinato, estelionato, etc. (cópia em anexo).c) - Tem um lau<strong>do</strong> psicológico negativo mostran<strong>do</strong> ser uma pessoa inconfiável(cópia em anexo), <strong>do</strong>cumento elabora<strong>do</strong> por profissional <strong>da</strong> área, apedi<strong>do</strong> <strong>da</strong> Justiça (anexo 08).d) - Só no caso <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Tráfico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong> fez 04 (quatro) <strong>de</strong>poimentosconflitantes, mentirosos e malucos, ora acusan<strong>do</strong> um ora acusan<strong>do</strong> outro, misturan<strong>do</strong>fatos ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros com invenções produzin<strong>do</strong> a meia ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que émuito pior que a mentira. Ven<strong>de</strong>u <strong>de</strong>poimento, pois o que disse na Procura<strong>do</strong>ria<strong>da</strong> República em Uruguaiana (RS) livran<strong>do</strong> o empresário Jair Rodrigues,pelo que se <strong>de</strong>nota foi para receber ou extorquir R$ 10.000,00 reais e comonão lhe foi pago mu<strong>do</strong>u a versão imediatamente, (anexos 14, 15 e 16).


316e ) - Agora mesmo no dia 23.01.2006 foi preso quan<strong>do</strong> saia <strong>da</strong> casa <strong>de</strong>PAULO BOZO, exatamente aquele que "A Testemunha Z" havia <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> no<strong>de</strong>poimento <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> como sen<strong>do</strong> quadrilheiro <strong>do</strong> PCC, bandi<strong>do</strong> e assassino. Oque estava fazen<strong>do</strong> lá? "Ver <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> páginas 15;16;17;27;28 e 29" <strong>da</strong>"Testemunha Z" na <strong>CPI</strong> (anexo 16).f ) - Neste mesmo dia, a sua prisão em flagrante pela polícia militar emUruguaiana (RS) <strong>de</strong>u-se por estar portan<strong>do</strong> 02 (duas) carteiras falsas <strong>de</strong> PolicialFe<strong>de</strong>ral, carteira <strong>de</strong> funcionário <strong>da</strong> Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Viamão (RS), carteira<strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> tira<strong>da</strong> em Brasília pelo que se soube falsa, alegou que recebeu<strong>do</strong>cumentos <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral em Brasília, apresentou notas fiscais supostamentepagas pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, enfim está preso por estelionato, crimepelo qual está sen<strong>do</strong> processa<strong>do</strong> (cópia <strong>do</strong> flagrante/anexos 17 e 19).g) - A "testemunha Z" já respon<strong>de</strong> por processo semelhante em função<strong>de</strong> a poucos anos atrás ter se passa<strong>do</strong> por Oficial <strong>do</strong> Exército em Uruguaiana(RS), com carteirinha falsa, com far<strong>da</strong>mento <strong>do</strong> exército e tu<strong>do</strong> o mais, fazen<strong>do</strong>compras e <strong>da</strong>n<strong>do</strong> golpe no comércio em nome <strong>do</strong> Exército (ver cópia e <strong>do</strong> noticiário<strong>de</strong> jornal <strong>da</strong> época/ anexo 18).h) - Tu<strong>do</strong> isso e muito mais que nem vou <strong>de</strong>screver aqui, é o retrato <strong>da</strong>"Testemunha Z" e olha que ela só tem 26 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, repito. A <strong>CPI</strong> semquerer, se não tiver cui<strong>da</strong><strong>do</strong> vai alimentar um monstro, crian<strong>do</strong> problemas paraele e para a própria <strong>CPI</strong>.FINALMENTE, solicito a Vossa Excelência a imediata <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> umgrupo <strong>de</strong> colegas para comparecer em Uruguaiana (RS) e em "in loco" apurarto<strong>do</strong>s estes fatos que relatei, inclusive, para ouvir a "Testemunha Z" que se dizameaça<strong>da</strong> <strong>de</strong> morte, (pois diante <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o aconteci<strong>do</strong> é possível mesmo queela corra este risco, ain<strong>da</strong> mais estan<strong>do</strong> presa com muitos que sabem ser elaum "alcagüete" e po<strong>de</strong>m querer elimina-la). A última notícia que se tem <strong>da</strong>"Testemunha Z" é que ela teria tenta<strong>do</strong> se matar na ca<strong>de</strong>ia (ver notícia <strong>do</strong> jornallocal/anexo 20).Quero, por <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro e em <strong>de</strong>finitivo, que o caso seja encerra<strong>do</strong>, mascom a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, com a transparência e com as luzes necessárias e suficientepara clarear e esclarecer as coisas, especialmente para esta <strong>CPI</strong>, para a Câmara<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s e para a opinião pública, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> conta <strong>da</strong> FARSA, DAARMAÇÃO, DA PATRANHA e <strong>da</strong> CALÚNIA DA QUAL FUI VÍTIMA, para quepossa <strong>de</strong>sta forma, o quanto antes, reparar a minha honra.


317Brasília, DF 31 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006POMPEO DE MATTOSDeputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ra/Titular <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>PS. Com cópia para o Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, Deputa<strong>do</strong> Al<strong>do</strong>Rebelo e para o Correge<strong>do</strong>r, Deputa<strong>do</strong> Ciro Nogueira <strong>da</strong> Câmara.Os <strong>de</strong>poimentos toma<strong>do</strong>s em Uruguaiana, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>Sul, em 7 e 8 <strong>de</strong> marco <strong>de</strong> 2006.Felipe <strong>da</strong> Silva Vieira/testemunha Z - testemunhaEm <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> a <strong>CPI</strong> durante os trabalhos em Uruguaiana, oSr. Felipe <strong>da</strong> Silva Vieira reafirmou as acusações <strong>de</strong> vazamento <strong>de</strong> informaçõescontra o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos; alegou ter si<strong>do</strong> ameaça<strong>do</strong> pelo Sr.Jair Rodrigues, assim que retornou a Uruguaiana, após ter aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> o programa<strong>de</strong> proteção à testemunhas <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral; disse que Jair afirmousaber <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento que ele havia presta<strong>do</strong> em Brasília; que a informação teriasi<strong>do</strong> repassa<strong>da</strong> pelo <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos; disse que ao ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong>por Jair foi confronta<strong>do</strong> com o que acredita ser o <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> a<strong>CPI</strong>; afirmou que presenciou conversa telefônica entre Jair Rodrigues e o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>Pompeo <strong>de</strong> Mattos, através <strong>do</strong> sistema viva-voz; confronta<strong>do</strong> com a contatelefônica que apontava inexistir registro <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> ligação telefônica a partir<strong>do</strong> telefone fixo <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> Jair Rodrigues, argumentou que a conversaocorreu em um telefone celular <strong>de</strong> Jair; afirmou que nunca disse que a conversaocorreu pelo telefone fixo e que isso está escrito no <strong>de</strong>poimento que <strong>de</strong>u aoMinistério Publico por equivoco <strong>do</strong>s promotores e <strong>do</strong> escrivão; negou ter <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>um bilhete em baixo <strong>da</strong> porta <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> Braccini, <strong>do</strong>cumento este apresenta<strong>do</strong>por Jair, on<strong>de</strong> ele, Felipe, se oferecia para fazer revelações sobre asinvestigações <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>; disse que foi força<strong>do</strong>, por Jair, a escrever o bilhete paraisentar o empresário <strong>de</strong> uma possível acusação <strong>de</strong> coação; afirmou tambémque prestou sucessivos <strong>de</strong>poimentos conflitantes ao Ministério Público e a PolíciaFe<strong>de</strong>ral por ter sofri<strong>do</strong> ameaças a sua vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> sua família, mas admitiuter recebi<strong>do</strong> a promessa <strong>de</strong> pagamento <strong>da</strong> importância <strong>de</strong> R$ 10 mil reais paramu<strong>da</strong>r o <strong>de</strong>poimento; alegou ter sofri<strong>do</strong>, também, um atenta<strong>do</strong> contra a suavi<strong>da</strong> logo que retornou para Uruguaiana; admitiu que foi preso portan<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentosfalsos <strong>de</strong> agente fe<strong>de</strong>ral, mas que o uso <strong>de</strong>stes era um estratagema <strong>de</strong>


318proteção contra a investi<strong>da</strong> <strong>de</strong> policiais corruptos que ele havia <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> anteriormente;que sua prisão foi uma represália <strong>de</strong>sses policiais e que a ação<strong>de</strong>les foi premedita<strong>da</strong>, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sacreditá-lo frente a <strong>CPI</strong> e o MinistérioPúblico.Luiz Carlos Repiso Riela - testemunhaO ex-prefeito <strong>de</strong> Uruguaiana e ex-<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral Caio Riela, em <strong>de</strong>poimento,foi questiona<strong>do</strong> sobre as acusações feitas pela Testemunha Z, emum <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos ao Ministério Público e respon<strong>de</strong>u que acredita que seunome foi usa<strong>do</strong> com o fim <strong>de</strong> atingir a sua imagem; relatou que durante o perío<strong>do</strong>em que foi prefeito sofreu voraz perseguição pelos órgãos <strong>de</strong> imprensa <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, particularmente, pelo jornal pertencente ao empresário Jair Rodrigues;relatou quem em setembro <strong>de</strong> 2005, ao embarcar para Uruguaiana, na ro<strong>do</strong>viária<strong>de</strong> Porto Alegre, foi abor<strong>da</strong><strong>do</strong> por uma pessoa <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, que mais tar<strong>de</strong>ficou saben<strong>do</strong> tratar-se <strong>da</strong> Testemunha Z; foi informa<strong>do</strong> pela mesma, <strong>de</strong>forma espontânea e repentina, <strong>de</strong> que tinha noticias bombásticas, <strong>de</strong> que haveriauma <strong>de</strong>vassa em Uruguaiana, uma espécie <strong>de</strong> operação, inclusive, com arealização <strong>de</strong> prisões na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; o <strong>de</strong>poente disse que a Testemunha Z apresentou-secomo agente <strong>da</strong> Policia Fe<strong>de</strong>ral ou como protegi<strong>do</strong> <strong>da</strong> Policia Fe<strong>de</strong>ral;que informou a Testemunha Z <strong>de</strong> que estava apressa<strong>do</strong> e não po<strong>de</strong>ria <strong>da</strong>rcontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> a conversa, mas que tinha escritório em Uruguaiana e lá po<strong>de</strong>riaser encontra<strong>do</strong>; que algumas semanas <strong>de</strong>pois a Testemunha Z dirigiu-se aoescritório <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente apresentan<strong>do</strong>-se como Agente <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, episódiopresencia<strong>do</strong> por várias pessoas presentes ao local; informa<strong>do</strong> por suasecretária <strong>de</strong> que um agente <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral o aguar<strong>da</strong>va, o <strong>de</strong>poente pensoutratar-se <strong>de</strong> algum ato oficial e por isso recebeu o visitante; que neste momentoa Testemunha Z i<strong>de</strong>ntificou-se como “Felipe, a Testemunha Z, reafirman<strong>do</strong>que estava para acontecer uma gran<strong>de</strong> operação, com agentes <strong>de</strong> Brasília,em to<strong>da</strong> a região <strong>da</strong> fronteira e que haveria várias prisões; o <strong>de</strong>poentedisse que informou a Testemunha Z <strong>de</strong> que não estava interessa<strong>do</strong> no assuntoou preocupa<strong>do</strong> com a suposta operação, encerran<strong>do</strong> a conversa em segui<strong>da</strong>;contou que dias <strong>de</strong>pois, recebeu uma chama<strong>da</strong> em seu celular <strong>da</strong> TestemunhaZ; que não estranhou, pois, seu número <strong>de</strong> telefone e amplamente conheci<strong>do</strong>na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; que ao telefone a Testemunha Z voltou a falar na suposta operaçãoe afirmou que a ação se <strong>da</strong>ria já no dia seguinte; disse que realmente ouviufalar <strong>de</strong> algumas prisões feitas no Esta<strong>do</strong> e na região, o que o fez pensar que adita Testemunha Z era realmente uma pessoa bem informa<strong>da</strong>; que surpreen<strong>de</strong>u-secom a entrevista <strong>do</strong> Sr. Jair Rodrigues em que afirmava que o <strong>de</strong>poente


319era o orienta<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Testemunha Z; que somente nesse momento e que <strong>de</strong>scobriuque aquele rapaz que o abor<strong>do</strong>u na ro<strong>do</strong>viária, no escritório e pelo celularera tal Testemunha Z; sobre o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos disse que não temintimi<strong>da</strong><strong>de</strong> com ele, mas que teve longa convivência parlamentar, durante oitoanos na Assembléia Legislativa e <strong>do</strong>is anos em Brasília; que nunca viu na<strong>da</strong>que <strong>de</strong>sabonasse a conduta <strong>do</strong> <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos,muito pelo contrario;Marieli Corrales Abad - testemunhaConvoca<strong>da</strong> a <strong>de</strong>por a Sra. Marieli Corrales Abad, prestou <strong>de</strong>poimento einformou que teve um relacionamento com o Sr. Jair Rodrigues e que este relacionamento<strong>de</strong>u origem a uma filha; disse que esteve algumas vezes no escritório<strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> Braccini, mas não lembrava <strong>de</strong> ter encontra<strong>do</strong> outra pessoaalem <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>; que em uma <strong>da</strong>s vezes Jair Rodrigues estava no escritório;afirmou não ter visto Felipe, a Testemunha Z em nenhuma ocasião; negouque alguma vez o Sr. Jair Rodrigues ou o advoga<strong>do</strong> Braccini tenham cita<strong>do</strong>o nome <strong>de</strong> alguém chama<strong>do</strong> Felipe; que nunca conheceu ninguém com essenome;José Maurício Braccini - testemunhaConvoca<strong>do</strong> a <strong>de</strong>por o Dr. José Maurício Braccini disse que conheceu oSr. Felipe <strong>da</strong> Silva Vieira, dia 5 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2005, sába<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> este oprocurou em sua casa; que Felipe apresentou-se como uma testemunha protegi<strong>da</strong>pela Policia Fe<strong>de</strong>ral; que sabia que o <strong>de</strong>poente era advoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> Jair Rodrigues;que <strong>de</strong>sejava modificar os termos <strong>de</strong> um <strong>de</strong>poimento que havia presta<strong>do</strong>a <strong>CPI</strong> <strong>do</strong> Trafico <strong>de</strong> <strong>Armas</strong>; que para provar que era mesmo quem estavadizen<strong>do</strong> apresentou termos <strong>de</strong> compromisso <strong>da</strong> <strong>CPI</strong>, termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento,recortes <strong>de</strong> jornais on<strong>de</strong> aparecia encapuza<strong>do</strong>; que após convencer-se queFelipe era uma testemunha <strong>da</strong> <strong>CPI</strong> conduziu-a seu escritório on<strong>de</strong> ouviu longorelato <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>poimentos a <strong>CPI</strong> e a Policia Fe<strong>de</strong>ral; disse que Felipe reafirmouo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r seus <strong>de</strong>poimentos porque <strong>de</strong>sejava ir embora <strong>de</strong> Uruguaianae sentia-se ameaça<strong>do</strong>; que ofereceu-se para contatar a Policia Fe<strong>de</strong>ral,o que foi rejeita<strong>do</strong> por Felipe que dizia não querer este contato, pois, já havia<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento a PF e esse era um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos que pretendiamodificar; que então optou por contatar a Procura<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> Republica <strong>de</strong> Uruguaiana,mas como era sába<strong>do</strong>, lembrou <strong>de</strong> uma amiga “promoter” que trabalhavanum conheci<strong>do</strong> restaurante <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, freqüenta<strong>do</strong> por advoga<strong>do</strong>s, pro-


320motores e juízes e que po<strong>de</strong>ria fornecer o telefone <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s procura<strong>do</strong>res;que nesse meio tempo achou pru<strong>de</strong>nte gravar as <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Felipe; queentregou cópia <strong>de</strong>sta gravação para a Polícia Fe<strong>de</strong>ral; disse que como nãoconseguiu contato com nenhum procura<strong>do</strong>r no fim <strong>de</strong> semana conduziu Felipea procura<strong>do</strong>ria na segun<strong>da</strong>-feira; que após prestar <strong>de</strong>poimento a Procura<strong>do</strong>ria,Felipe insistiu em procurá-lo, mostran<strong>do</strong> cópia <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento e alegan<strong>do</strong> queagora precisava <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>, que não podia ficar sem ser aju<strong>da</strong><strong>do</strong>; contou queFelipe ao perceber que não obteria nenhum dinheiro, ameaçou mu<strong>da</strong>r novamente;disse que Felipe continuou in<strong>do</strong> regularmente ao seu escritório, buscan<strong>do</strong>aproximação, inclusive, convi<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-o para sair na noite; que dias <strong>de</strong>pois,foi abor<strong>da</strong><strong>do</strong> por um radialista <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que mostrou um <strong>de</strong>poimento queFelipe havia <strong>da</strong><strong>do</strong> em 1998, perante o Ministério Público Estadual, acusan<strong>do</strong><strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> empresários <strong>de</strong> trafico <strong>de</strong> drogas; nesse momento o <strong>de</strong>poente disseter se <strong>da</strong><strong>do</strong> conta <strong>de</strong> que Felipe já era uma pessoa conheci<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,pois, anos atrás envolveu-se em uma gran<strong>de</strong> confusão ao fazer-se passar porcoronel <strong>do</strong> exército e aplicar golpes no comercio local em nome <strong>de</strong> um falsoconvênio militar; <strong>de</strong> posse <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>cumentos, o <strong>de</strong>poente afirmou ter procura<strong>do</strong>o Procura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Republica que havia toma<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Felipe econta<strong>do</strong> acerca <strong>do</strong>s antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>le, e que o procura<strong>do</strong>r teria dito que já tinhaconhecimento disso; disse que não sabia que havia <strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento contraseu cliente, Jair, na <strong>CPI</strong>; que buscou junto a <strong>CPI</strong> obter informações sobre ocaso, sem sucesso; que enquanto diligenciava junto a <strong>CPI</strong> recebeu telefonema<strong>de</strong> Felipe dizen<strong>do</strong> que sabia quem eram os supostos contatos <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente emBrasília; que Felipe afirmou saber <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> através <strong>do</strong> <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Dornelles; sobreo <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos, o <strong>de</strong>poente afirmou que o conheceu em umjantar <strong>da</strong> Seccional <strong>da</strong> OAB, em Uruguaiana, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>s contatos com a testemunhaFelipe; que nunca conversou com o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> por telefone; que os extratos<strong>da</strong> conta telefônica provam que a testemunha Felipe mentiu em seu <strong>de</strong>poimentoao Ministério Publico, quan<strong>do</strong> relatou ter presencia<strong>do</strong> uma supostaligação telefônica para o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>, feita <strong>do</strong> telefone <strong>de</strong> seu escritório; que nuncateve o nome e o telefone <strong>do</strong> <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo anota<strong>do</strong> em qualquer agen<strong>da</strong>telefônica e que disponibilizava esses registros a <strong>CPI</strong>;Beatriz Pereira - testemunhaEm <strong>de</strong>poimento a <strong>CPI</strong>, a Sra. Beatriz Pereira revelou que trabalha como“promoter” em um restaurante <strong>de</strong> Uruguaiana; que em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> dia, quenão sabe precisar exatamente quan<strong>do</strong>, recebeu um telefonema <strong>do</strong> Sr. Jair Rodriguespedin<strong>do</strong> o numero <strong>de</strong> celular <strong>de</strong> um Procura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> República que era


321freqüenta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> restaurante; disse que mantêm em sua agen<strong>da</strong> os telefones <strong>de</strong>diversas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e pessoas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> local, freqüenta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> restaurante;que conhecia bem o Sr. Jair Rodrigues porque foi funcionária <strong>do</strong> restaurante<strong>de</strong> seu filho no passa<strong>do</strong>; que <strong>de</strong>sconhecia qualquer informação relaciona<strong>da</strong>com as investigações.Jair <strong>do</strong>s Santos Rodrigues - testemunhaO Sr. Jair Rodrigues, convoca<strong>do</strong> pela comissão, compareceu para prestar<strong>de</strong>poimento; disse que até o acontecimento <strong>do</strong>s fatos relaciona<strong>do</strong>s com osuposto vazamento <strong>de</strong> informações no âmbito <strong>da</strong> comissão, não conhecia o Sr.Felipe <strong>da</strong> Silva Vieira, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Testemunha Z; disse que certo dia estavaem uma lancheria, no centro <strong>de</strong> Uruguaiana, quan<strong>do</strong> um homem <strong>de</strong> aparênciafísica forte, tocou em seu ombro e entregou-lhe um bilhete que dizia: “PoliciaFe<strong>de</strong>ral, Brasília, contato urgente”; que esta pessoa disse ser <strong>do</strong> serviço secreto<strong>da</strong> Policia Fe<strong>de</strong>ral e que tinha informações <strong>de</strong> que estavam arman<strong>do</strong> contrao <strong>de</strong>poente; que o <strong>de</strong>poente estava para ser preso; que logo <strong>de</strong>pois a TestemuhaZ procurou o advoga<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente, Dr. Braccini, contan<strong>do</strong> a mesmahistória; disse que a Testemunha Z o procurou várias vezes repetin<strong>do</strong> a mesmahistória, o que teria <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poente preocupa<strong>do</strong>; que causou-lhe surpresaa versão conta<strong>da</strong> pela Testemunha Z, <strong>de</strong> que teria i<strong>do</strong> <strong>de</strong>por na <strong>CPI</strong> pelasmãos <strong>do</strong> ex-<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> e ex-prefeito Caio Riela, aproveitan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> amiza<strong>de</strong>com o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Comissão, <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Moroni Torgan; que induzi<strong>do</strong> por Rielafez graves acusações contra o <strong>de</strong>poente; que biela buscava vingança peloduro tratamento que Jair e seu jornal <strong>de</strong>ram ao ex-prefeito durante sua administração;que ligou para a “promoter” Beatriz Pereira, sua amiga pessoal, pedin<strong>do</strong>o numero <strong>de</strong> celular <strong>de</strong> um Procura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Republica em Uruguaiana;confirmou que emprestou um grava<strong>do</strong>r para que seu advoga<strong>do</strong> gravasse as<strong>de</strong>claracões <strong>da</strong> Testemunha Z, antes <strong>de</strong> levá-la ao Ministério Público e que feza <strong>de</strong>gravação <strong>do</strong> áudio; negou taxativamente que tivesse feito a suposta ligaçãotelefônica para o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos; disse que a checagem <strong>do</strong>stelefones comprova a falsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s acusações; disse que tentou ligar para o<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> 2 meses antes <strong>do</strong>s contatos com a Testemunha Z, sem êxito, masque encontrou o parlamentar em Porto Alegre, dias <strong>de</strong>pois; que perguntou ao<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> sobre as investigações e que ele foi evasivo na resposta, dizen<strong>do</strong>não estar inteira<strong>do</strong> <strong>da</strong>s investigações sobre o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul; informoupossuir 4 telefones celulares, to<strong>do</strong>s <strong>de</strong> marca motorola; que não sabe se osseus aparelhos possuem o recurso <strong>de</strong> viva-voz, que se tem, não sabe usar;disse que neste perío<strong>do</strong> vem sen<strong>do</strong> ameaça<strong>do</strong>, por telefone e pessoalmente;


322que inclusive procurou a policia e registrou ocorrência; disse que soube por seuadvoga<strong>do</strong> <strong>de</strong> que havia <strong>de</strong>nuncias contra o <strong>de</strong>poente; disse que a informaçãovazou porque foram ouvi<strong>da</strong>s 15 testemunhas <strong>de</strong> Uruguaiana e elas <strong>de</strong>pois passarama contar o que sabiam; revelou que buscou mais informações pelos canaisoficiais; que após o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Moroni Torgan in<strong>de</strong>ferir o pedi<strong>do</strong>, ingressoucom uma medi<strong>da</strong> judicial no tribunal; argumentou que se tivesses realmenteobti<strong>do</strong> cópias <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos com o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos, não teria anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer a justiça; questiona<strong>do</strong> sobre quem era Mauro Portela,informou tratar-se <strong>de</strong> um amigo <strong>do</strong> turfe; disse não saber se o amigo MauroPortela conhecia algum <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>; não lembra se pediu para ele procurar algum<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> em busca <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>; admitiu que procurou muita gente em busca <strong>de</strong>apoio, inclusive, o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo, mas que o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> não foi receptivo;que a atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> parlamentar o inibiu <strong>de</strong> tal forma que em outro encontro socialque tiveram na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ijuí, o <strong>de</strong>poente não ousou tocar no assunto outravez; disse que em principio <strong>de</strong>u atenção a Testemunha Z porque ela trazia informaçõesque o <strong>de</strong>poente não havia consegui<strong>do</strong> por canais oficiais, mas quecom o tempo percebeu que a Testemunha Z queria era extorquir-lhe dinheiro;confirmou a que o advoga<strong>do</strong> Braccini pediu um grava<strong>do</strong>r portátil, <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong>poente, para gravar as <strong>de</strong>claracões <strong>da</strong> Testemunha Z; <strong>de</strong>smentiu aversão <strong>da</strong> Testemunha Z <strong>de</strong> que a gravação teria si<strong>do</strong> feita em um grava<strong>do</strong>r <strong>de</strong>mesa antigo no escritório <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>; disse que nunca existiu grava<strong>do</strong>r <strong>de</strong>mesa no escritório <strong>do</strong> Dr. Braccini; pergunta<strong>do</strong> sobre seus telefones, o <strong>de</strong>poenterelacionou os números que possuía e disponibilizou as faturas <strong>da</strong>s contas;questiona<strong>do</strong> sobre a falta <strong>de</strong> alguns extratos, comprometeu-se a envia-los a<strong>CPI</strong>; disse que <strong>de</strong>sconfia que tu<strong>do</strong> isso é uma armação para <strong>de</strong>smoralizá-lo esuspeita <strong>da</strong> participação <strong>do</strong> ex-<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Caio Riela no episódio; disse acreditar,também, que há interesse em atingir o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo; disse que Pompeoé inocente e que ele não vazou nenhuma informação; mesmo quan<strong>do</strong>procura<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>poente não forneceu nenhum <strong>da</strong><strong>do</strong> que pu<strong>de</strong>sse beneficiá-lo.Paulo Roberto Francisco Pinto - testemunhaConvoca<strong>do</strong> para <strong>de</strong>por, compareceu e afirmou conhecer o Sr. Felipe Vieira<strong>da</strong> Silva apenas <strong>de</strong> vista e que foi abor<strong>da</strong><strong>do</strong> por ele algumas vezes; confirmouque Felipe saía <strong>de</strong> sua casa quan<strong>do</strong> foi preso, mas que na visita <strong>de</strong>lenão chegou a conversar sobre qualquer assunto; que Felipe sempre apareciapara falar coisas estranhas, sem muito senti<strong>do</strong>; que às vezes se apresentavacomo policial, <strong>da</strong>va informações sobre pessoas e fatos, que o <strong>de</strong>poente <strong>de</strong>sconhecia;afirmou que não conhecia o Sr. Jair Rodrigues; admitiu já ter si<strong>do</strong> preso


323algumas vezes sob a acusação <strong>de</strong> roubo e assalto; disse nunca ter ti<strong>do</strong> envolvimentocom comércio ou tráfico e armas e não tem relação com pessoas queatuam nesse seguimento; questiona<strong>do</strong>, contou que no dia que Felipe foi presoao sair <strong>da</strong> casa <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente, havia se apresenta<strong>do</strong> como policial fe<strong>de</strong>ral emostra<strong>do</strong> duas carteiras <strong>da</strong> corporação;Jose Delamiro Oliveira - testemunhaO <strong>de</strong>poente confirmou ser policial militar e relatou diversas apreensões<strong>de</strong> armas na região <strong>de</strong> Uruguaiana; disse que não conhecia pessoalmente o Sr.Jair Rodrigues, mas que sabia que ele era uma pessoa proeminente na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>local; sobre Felipe Vieira <strong>da</strong> Silva, o <strong>de</strong>poente disse conhecê-lo <strong>de</strong> várias<strong>de</strong> prisões e inquéritos por <strong>de</strong>litos relaciona<strong>do</strong>s ao art. 171 <strong>do</strong> Código Penal(estelionato); disse <strong>de</strong>sconhecer que Felipe atuasse como informante <strong>da</strong> PolíciaMilitar; o <strong>de</strong>poente afirmou ter certeza disso, pois, integra o serviço <strong>de</strong> inteligência<strong>da</strong> PM; afirmou que Felipe foi preso pela última vez, porque ao percebera aproximação <strong>do</strong>s policiais fugiu e, após persegui<strong>do</strong>, foi apanha<strong>do</strong> pelaguarnição; que neste momento portava <strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong> PolíciaFe<strong>de</strong>ral; o <strong>de</strong>poente revelou não ter participa<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta prisão e que nunca tevecontato pessoal com Felipe ou qualquer um <strong>de</strong> seus familiares; disse, inclusive,<strong>de</strong>sconhecer que a mãe <strong>de</strong> Felipe ou outro familiar tenha registra<strong>do</strong> ocorrênciapolicial por supostas ameaças feitas por ele ou outros PMs; sobre eventual tráfico<strong>de</strong> armas na fronteira, o <strong>de</strong>poente disse que a inteligência <strong>da</strong> Polícia Militarnão possui informações que apontem para a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s responsáveis poresta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, nem sabe <strong>de</strong>talhar um “modus operandi” <strong>de</strong> atuação;Jorge Alberto Bastos Pereira - testemunhaO <strong>de</strong>poente informou que na condição <strong>de</strong> sargento <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar,aposentou-se no ano <strong>de</strong> 2005, após servir os últimos 5 anos <strong>da</strong> carreira, <strong>de</strong>1999 à 2005, em Uruguaiana, atuan<strong>do</strong> no serviço <strong>de</strong> inteligência <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong>Militar; admitiu que pela falta <strong>de</strong> fiscalização na região <strong>de</strong> fronteira, o município<strong>de</strong> Uruguaiana oferece facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o trânsito <strong>de</strong> armas e drogas; contouque ao chegar a Uruguaiana, em 1999, ficou saben<strong>do</strong> <strong>da</strong> reputação <strong>de</strong> Felipe,que tinha ganho notorie<strong>da</strong><strong>de</strong> por aplicar golpes ao se fazer passar por oficial <strong>do</strong>exército; que Felipe costumava oferecer-se para passar informações para ospoliciais, mas que suas histórias eram, em sua maioria fantasiosas; que, porisso, optou por afastá-lo <strong>do</strong> convívio com os policiais, não fazen<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> suasinformações; que, em 2005, iniciou-se uma investigação pelo serviço <strong>de</strong> inteli-


324gência <strong>da</strong> Polícia Militar para apurar informações <strong>de</strong> que Felipe havia aponta<strong>do</strong>PMs <strong>de</strong> Uruguaiana como envolvi<strong>do</strong>s em crimes; que por orientação <strong>de</strong> seucoman<strong>da</strong>nte, o <strong>de</strong>poente levou intimações à residência <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>, por váriasvezes, sem encontrá-lo; que obteve em uma <strong>de</strong> suas buscas por Felipe,um número <strong>de</strong> telefone, pelo qual conseguiu falar com Felipe e informou-lhe <strong>de</strong>que <strong>de</strong>veria prestar <strong>de</strong>poimento ao coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> BM em Uruguaiana; que Felipealegou ao <strong>de</strong>poente que estava sob proteção <strong>da</strong> polícia e forneceu o telefone<strong>de</strong> um <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>, para que fosse feito contato; que o <strong>de</strong>poente ligou para o telefoneindica<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> quem aten<strong>de</strong>u, supostamente um <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>, que <strong>de</strong>smentiua história conta<strong>da</strong> por Felipe, isentan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> qualquer responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelaguar<strong>da</strong> <strong>de</strong> Felipe e alegan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconhecer o para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>le; afirmou que após<strong>da</strong>r baixa <strong>da</strong> corporação não teve mais contato com Felipe, nem com familiares<strong>de</strong>le; que, casualmente, encontrou Felipe em uma casa comercial <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>;que não participou <strong>do</strong> episódio <strong>da</strong> prisão <strong>de</strong> Felipe, pois, já havia <strong>da</strong><strong>do</strong> baixa <strong>da</strong>Briga<strong>da</strong> Militar, mas referiu ter fica<strong>do</strong> saben<strong>do</strong> <strong>da</strong> existência <strong>da</strong>s carteiras falsaspor ex-colegas <strong>de</strong> far<strong>da</strong>; disse conhecer o Sr. Jair Rodrigues porque ele éuma pessoa conheci<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; afirmou <strong>de</strong>sconhecer <strong>de</strong>talhes sobre qualquerinvestigação acerca <strong>de</strong> Jair; que o setor <strong>de</strong> inteligência <strong>da</strong> Polícia Militarnão proce<strong>de</strong>u qualquer tipo procedimento em relação a Jair;Adriana Farias <strong>da</strong> Silva - testemunhaA <strong>de</strong>poente, que é policial militar, afirmou não conhecer o Sr. Jair pessoalmente,apenas por nome; sobre Paulo Bozo, afirmou tratar-se <strong>de</strong> um criminoso<strong>de</strong> alta periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que já reincidiu em diversos crimes na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Uuguaiana;disse ter conheci<strong>do</strong> Felipe, durante o episódio que resultou na prisão<strong>de</strong>le; relatou que fazia policiamento ostensivo nas imediações <strong>da</strong> casa <strong>de</strong> PauloBozo e que ao visualizar uma moto sair <strong>da</strong> casa buscaram abordá-la; que ocondutor <strong>da</strong> moto iniciou uma fuga que acabou aborta<strong>da</strong> pela <strong>de</strong>poente e <strong>de</strong>maispoliciais que a acompanhavam; que os policiais não sabiam tratar-se <strong>de</strong>Felipe, a “Testemunha Z”, pois, usava capacete; que ao ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong> pelospoliciais, Felipe i<strong>de</strong>ntificou-se como policial fe<strong>de</strong>ral, que estava à serviço <strong>do</strong><strong>de</strong>lega<strong>do</strong> Farney; que para convencer os policias <strong>de</strong> que era realmente um a-gente fe<strong>de</strong>ral, apresentou 2 carteiras <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação; que em segui<strong>da</strong>, foi conduzi<strong>do</strong>à <strong>de</strong>legacia e autua<strong>do</strong> em flagrante; que nunca tinha visto Felipe antes,nem ouvi<strong>do</strong> falar <strong>de</strong>le e <strong>de</strong> suas ações;Rudinei Goulart Bastos - testemunha


325O <strong>de</strong>poente informou que trabalhava como autônomo, ora como <strong>de</strong>senhista,ora como reven<strong>de</strong><strong>do</strong>r <strong>de</strong> vidros ou carros usa<strong>do</strong>s; afirmou não conhecero Sr. Jair Rodrigues pessoalmente, apenas, já ouviu seu nome, pois, trata-se<strong>de</strong> uma pessoa conheci<strong>da</strong> em Uruguaiana; disse que conheceu Felipe quan<strong>do</strong>,cerca <strong>de</strong> 3 anos atrás, este esteve em sua casa queren<strong>do</strong> comprar drogas; quedisse a Felipe que não tinha envolvimento com entorpecentes; que a partir <strong>de</strong>stedia sua casa, aparentemente, passou a ser monitora<strong>da</strong> por veículos <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s;que anotou as placas <strong>de</strong> alguns e informou à polícia; que foi informa<strong>do</strong>tratar-se <strong>de</strong> carros com chapas frias; que em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento foi informa<strong>do</strong>por policiais militares, acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Felipe, que os veículos eram<strong>da</strong> polícia e realizavam investigações sigilosas nas imediações <strong>de</strong> sua casa;que os policiais disseram que Felipe também era policial; disse que sabia Felipeera a “Testemunha Z”, pois, isso era <strong>de</strong> conhecimento geral em Uruguaiana;segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>poente, Felipe é um falastrão, dizia para to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que era policialfe<strong>de</strong>ral, <strong>da</strong>va carteira<strong>da</strong>, usava coletes <strong>da</strong> polícia e tinha atitu<strong>de</strong>s que ofizeram conheci<strong>do</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>;Francisco Carlos Alegre Recoba - testemunhaO <strong>de</strong>poente, conheci<strong>do</strong> como “Bolão”, admitiu ter si<strong>do</strong> preso duranteuma operação <strong>da</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> “operação Serraluz-Nóia”, quebuscou <strong>de</strong>sbaratar uma quadrilha <strong>de</strong> tráfico internacional <strong>de</strong> drogas; que tambémesteve preso por 85 dias e aguar<strong>da</strong> o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo em liber<strong>da</strong><strong>de</strong>;disse não saber porque foi preso, nem porque seu nome foi envolvi<strong>do</strong> no caso;confirmou já ter si<strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por tráfico <strong>de</strong> drogas e que, atualmente, estáem liber<strong>da</strong><strong>de</strong> condicional.Ramão Carlos Sar<strong>da</strong> Garcia - testemunhaO <strong>de</strong>poente confirmou ser um armeiro, que fez curso nas forças arma<strong>da</strong>s,com licença legal renova<strong>da</strong> até 2007, inclusive, armas <strong>de</strong> uso restrito; queconserta armas, principalmente, <strong>de</strong> marcas nacionais; disse que só trabalhacom armas registra<strong>da</strong>s e que isso ficou constata<strong>do</strong> durante a ”operação Serraluz-Nóia”,quan<strong>do</strong> sua oficina sofreu uma busca e apreensão por parte <strong>da</strong> polícia,que só encontrou armas <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s e legais.CONCLUSÕESCom base nas informações e <strong>de</strong>poimentos toma<strong>do</strong>s em Uruguaiana-RSe <strong>do</strong>cumentos analisa<strong>do</strong>s fica evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que não foram produzi<strong>da</strong>s provas


326<strong>da</strong> participação <strong>do</strong> <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Matos (PDT-RS) no suposto vazamento<strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> Sr. Felipe <strong>da</strong> Silva Vieira. Nenhuma testemunha ouvi<strong>da</strong>comprovou os fatos reafirma<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>poimento pelo <strong>de</strong>nunciante. Trata-se,portanto, <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>núncia sem provas e sem testemunhas;Tampouco a análise <strong>da</strong>s contas telefônicas <strong>do</strong>s acusa<strong>do</strong>s confirmou a supostaligação entre o Sr. Rodrigues e o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos;Assim, somos pela inclusão <strong>de</strong>stas conclusões no relatório <strong>final</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>propor o arquivamento <strong>da</strong> <strong>de</strong>núncia contra o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Pompeo <strong>de</strong> Mattos, porabsoluta falta <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mentação.Paulo Pimenta Francisco Appio Colbert MartinsDep. Fe<strong>de</strong>ral PT/RS Dep. Fe<strong>de</strong>ral PP/RS Dep. Fe<strong>de</strong>ral PPS/BA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!