assim, torna-se uma barreira <strong>para</strong> essa pessoa. O excesso <strong>de</strong> ruído po<strong>de</strong> ser uma barreira <strong>para</strong> uma pessoa que escuta mal,e também <strong>para</strong> uma pessoa cega que precisa reconhecer os sons das ativida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> saber on<strong>de</strong> está.Dessa forma, po<strong>de</strong>mos conceituar barreiras como qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, aliberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, a circulação com segurança e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as pessoas se comunicarem ou terem acesso àinformação (BRASIL, 2004, p. 61).É importante consi<strong>de</strong>rar que a eliminação <strong>de</strong> barreiras físicas, nas <strong>escolas</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferentes ações – avaliaçãodos vários ambientes da escola, elaboração <strong>de</strong> projetos, execução <strong>de</strong> obras e sua fiscalização. Consequentemente, <strong>para</strong>projetar novas <strong>escolas</strong> acessíveis e a<strong>de</strong>quar aquelas já existentes, é importante compreen<strong>de</strong>r, em primeiro lugar, asnecessida<strong>de</strong>s oriundas das diferentes <strong>de</strong>ficiências <strong>para</strong>, então, eliminar as barreiras físicas que impe<strong>de</strong>m a inclusão <strong>de</strong>todos os usuários.A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência traz a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a limitação <strong>de</strong> uma pessoa com <strong>de</strong>ficiênciaé <strong>de</strong>terminada pelo ambiente. Desse modo, <strong>de</strong>fine que “[...] pessoas com <strong>de</strong>ficiência são aquelas que têm impedimentos<strong>de</strong> natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, po<strong>de</strong>m obstruir sua participaçãoplena e efetiva na socieda<strong>de</strong> com as <strong>de</strong>mais pessoas” (ONU, Art. 1, 2006).Assim, o mais importante é sempre pensarmos como fazer <strong>para</strong> diminuir o grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> que a pessoa enfrenta<strong>para</strong> realização <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido às características físicas dos ambientes. Se uma escola possui, por exemplo, sala<strong>de</strong> recursos multifuncional, <strong>de</strong>vem ser eliminadas todas as barreiras que possam dificultar o seu acesso por alunos comdiferentes <strong>de</strong>ficiências. Uma porta estreita <strong>de</strong>ve ser substituída por uma que permita a passagem <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas.Se houver escada <strong>para</strong> chegar nessa sala, <strong>de</strong>ve ser construída rampa ou plataforma elevatória; e, no início e final da escadae rampa, <strong>de</strong>ve haver piso tátil alerta <strong>para</strong> informar pessoas com <strong>de</strong>ficiência visual da presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>snível.Os responsáveis pela avaliação da escola, como a direção, pais, professores, equipe pedagógica e usuários, <strong>de</strong>vemi<strong>de</strong>ntificar as barreiras existentes. Além disso, os profissionais responsáveis pelo projeto, como arquitetos e engenheirosdas secretarias ou profissionais liberais, <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>senvolver soluções técnicas a<strong>de</strong>quadas e <strong>de</strong> acordo com as normas.Durante a execução <strong>de</strong> novos projetos ou reformas, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas e cumpridas as especificações técnicasestabelecidas. Os responsáveis por ações <strong>de</strong> fiscalização, como técnicos da prefeitura e equipe da escola ou secretaria <strong>de</strong>educação, a partir do conhecimento da legislação, <strong>de</strong>vem ser capazes <strong>de</strong> avaliar a a<strong>de</strong>quação das soluções implantadas e<strong>de</strong> interferir caso uma especificação técnica não seja cumprida. A responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir obras acessíveis é <strong>de</strong> todosos envolvidos no projeto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem até sua execução.O que é acessibilida<strong>de</strong> <strong>espacial</strong>?Acessibilida<strong>de</strong> <strong>espacial</strong> significa bem mais do que apenas po<strong>de</strong>r chegar ou entrar num lugar <strong>de</strong>sejado. É, também,necessário que a pessoa possa situar-se, orientar-se no espaço e que compreenda o que acontece, a fim <strong>de</strong> encontrar osdiversos lugares e ambientes com suas diferentes ativida<strong>de</strong>s, sem precisar fazer perguntas. Deve ser possível <strong>para</strong> qualquer22
pessoa <strong>de</strong>slocar-se ou movimentar-se com facilida<strong>de</strong> e sem impedimentos. Além disso, um lugar acessível <strong>de</strong>ve permitir,através da maneira como está construído e das características <strong>de</strong> seu mobiliário, que todos possam participar das ativida<strong>de</strong>sexistentes e que utilizem os espaços e equipamentos com igualda<strong>de</strong> e in<strong>de</strong>pendência na medida <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s.A dificulda<strong>de</strong> que a pessoa possui po<strong>de</strong> tanto ser agravada pelas características do lugar como atenuada através<strong>de</strong> soluções que buscam a acessibilida<strong>de</strong> <strong>espacial</strong>. Um aluno, por exemplo, com baixa visão, se entrar num corredor compare<strong>de</strong>s e forro brancos, com piso e portas <strong>de</strong> cor cinza claro, vai ter sua dificulda<strong>de</strong> agravada, pois não existe contraste<strong>de</strong> cores entre piso, pare<strong>de</strong>s e portas. Mas, se o corredor for branco, o piso cinza escuro e as portas coloridas, ele vai po<strong>de</strong>rdistinguir tanto os planos horizontais e verticais como as aberturas.Como existem diversos tipos <strong>de</strong> barreiras, indicamos quatro aspectos que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados <strong>para</strong> permitir aacessibilida<strong>de</strong> <strong>espacial</strong>: orientação <strong>espacial</strong>, <strong>de</strong>slocamento, uso e comunicação.Orientação <strong>espacial</strong>É <strong>de</strong>terminada pelas características ambientais que permitem aos indivíduos reconhecer a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e as funçõesdos espaços, assim como <strong>de</strong>finir estratégias <strong>para</strong> seu <strong>de</strong>slocamento e uso. São importantes a forma, a iluminação, as cores e adisposição dos lugares e equipamentos, assim como as informações escritas ou <strong>de</strong>senhos – letreiros, mapas, imagens – queauxiliam na compreensão dos lugares. Seguem dois <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> alunas com <strong>de</strong>ficiência: uma com <strong>de</strong>ficiência visuale outra com <strong>de</strong>ficiência mental, que comentam suas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> orientação <strong>espacial</strong>.Já estu<strong>de</strong>i o mapa tátil e memorizei o caminho até minha sala <strong>de</strong> aula. É a quartaporta à direita, no corredor central. Mas, se houvesse placas com informação emBraille ao lado <strong>de</strong> cada porta, eu também saberia o que acontece em cada sala.Não sei ler, mas posso saber qual sanitáriousar porque tem um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> umamenina na porta, e eu sou uma menina.23