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O segundo fator de ordem mais ampla a influenciar fortementetransformações no circo-teatro está ligado à ampliação da rede dos meiosde comunicação, que tende a cumprir dominantemente o papel inverso,levando para o interior o universo das grandes cidades. (Merisio, 2001)Maria Lúcia Montes (apud Merisio, 2001) nos traz uma breve reflexão sobre oque é o circo e como ele se constituiu como circo-teatro no decorrer dos tempos,lembrando ainda que hoje em dia alguns circos incluem em seus espetáculosperformances e peças musicais:O circo é antes de tudo arte profissional de palhaços, acrobatas edomadores, mas essa arte, em testemunho de seus próprios produtores,se acha em decadência e o desdobramento da segunda parte doespetáculo, a comédia ou o drama, que convivia com a arte do picadeiro,acabou quase que por eliminá-la do espetáculo, dando origem aos circosteatrosque se especializam unicamente nesta forma de apresentação.Isto aliado à introdução no circo dos cantores de música sertaneja, muitasvezes eles próprios autores de dramas e comédias, é considerado poralguns artistas circenses como a causa da decadência do circo, enquantooutros vêem aí o único caminho para a salvação. O fato é que aconivência entre a arte tradicional do circo e a cultura dos meios decomunicação de massa é complexa e delicada. Como espetáculopropriamente dito e como forma de entretenimento, o circo se acha maispróximo dos produtos da indústria cultural, mas apresenta uma versãoprópria destes no chanchar de um texto ou na paródia de um programa desucesso na tevê. A produção deste espetáculo passa por uma rede queatravessa seletivamente os meios de comunicação de massa e competecom eles por um público acostumado a programas que vão de Zé Betio acantores de música sertaneja, de Barros de Alencar ao Clube dos Artistas,passando por cantores e comediantes, que depois de firmada a suareputação no circo podem ir depois para a tevê, nada excluindo quevoltem ao circo para apresentações esporádicas. (Montes, 1978 apudMerisio, 2001)Sobre a linguagem da música, trago indagações sobre o seu real valor,citando Swanwick quando diz que “todos nós temos bens a negociar com os outrose somos parte de um sistema de mercado, somos parte da vida” (2004, p. 18).Olhando a música como um bem negociável, o autor nos propõe a possibilidade daressignificação musical do sujeito que escuta a canção, da troca que existe entre elae o seu ouvinte. Para o autor, a música pode ser vista como uma antiga forma dediscurso, “um meio no qual as idéias acerca de nós mesmos e dos outros sãoarticulados (sic) em formas sonoras” (2004, p. 19). Logo, a música toma um papelmuito importante em nossas vidas, ela tem a capacidade de nos fazer refletir ecompreender melhor o mundo e nós mesmos.A música faz parte da nossa vida, do nosso sistema cognitivo, “é um caminhode conhecimento, de pensamento, de sentimento” (Swanwick, 2004, p. 23) e, assimcomo as outras artes, desenvolve e possibilita a imaginação, a socialização de33

aprendizados, a relação que da música com o mundo, o despertar de nossossentimentos. É por meio de metáforas que nos relacionamos com a arte, e é nesseprocesso que temos a possibilidade de ver as coisas e pensá-las de forma diferente,de forma pessoal e de acordo com nossas bagagens culturais e de aprendizadosque formamos ao longo da vida e que nos constitui como sujeitos. É a partir dessesconhecimentos prévios que reconhecemos formas e as associamos às linguagens.É a partir das semelhanças entre as coisas que aprendemos a formar opensamento metafórico, “o processo metafórico reside no coração da ação criativa,capacitando-nos a abrir novas fronteiras, tornando possível para nós reconstruiridéias, ver as coisas de forma diferente” (Swanwick, 2004, p. 26), possibilitando aosujeito tornar-se cada vez mais humano. O processo musical metafórico acontecequando escutamos notas como melodias, e essas nos remetem a alguma emoçãoou sentimento. O sujeito assume uma nova relação com a música, ressignificaçãode acordo com suas experiências e, quando escuta os sons da música, prestandoatenção nos sons isoladamente, percebendo “um sentido de peso, espaço, tempo efluência. Normalmente fazemos isso facilmente, exceto quando a música é muitodiferente para nós” (idem, 2004, p. 30). É por esse processo metafórico que ocriador de música e o ouvinte percebem o verdadeiro valor da música para si, pois éum valor que se dá de maneira dialógica.O autor também nos remete à questão da diversidade cultural e suasinfluências nos modos de fazer e ouvir música. Sendo a música um discursometafórico, ela pode ir além da sua ideia inicial e ser compreendida de diferentesmaneiras, conforme cada um que a escuta.A música não somente possui um papel na reprodução cultural e afirmaçãosocial, mas também potencial para promover o desenvolvimento individual,a renovação cultural, a evolução social, a mudança. (Swanwick, 2004, p.40)Para Swanwick, a música “como todas as formas de discurso liga o espaçoentre indivíduos e entre diferentes grupos culturais” (2004, p. 42). Muitas pessoas secaracterizam e se formam como sujeitos participativos de grupos sociais por meio damúsica, mas o importante é que aconteça a troca entre “grupos sonoros”, para quese transcenda a realidade e se recriem novas maneiras de pensar e ver o diferente,para que enfim se crie uma bagagem musical.34

O segundo fator de ordem mais ampla a influenciar fortementetransformações no circo-teatro está ligado à ampliação da rede dos meiosde comunicação, que tende a cumprir dominantemente o papel inverso,levando para o interior o universo das grandes cidades. (Merisio, 2001)Maria Lúcia Montes (apud Merisio, 2001) nos traz uma breve reflexão sobre oque é o circo e como ele se constituiu como circo-teatro no decorrer dos tempos,lembrando ainda que hoje em dia alguns circos incluem em seus espetáculosperformances e peças musicais:O circo é antes de tudo arte profissional de palhaços, acrobatas edomadores, mas essa arte, em testemunho de seus próprios produtores,se acha em decadência e o desdobramento da segunda parte doespetáculo, a comédia ou o drama, que convivia com a arte do picadeiro,acabou quase que por eliminá-la do espetáculo, dando origem aos circosteatrosque se especializam unicamente nesta forma de apresentação.Isto aliado à introdução no circo dos cantores de música sertaneja, muitasvezes eles próprios autores de dramas e comédias, é considerado poralguns artistas circenses como a causa da decadência do circo, enquantooutros vêem aí o único caminho para a salvação. O fato é que aconivência entre a arte tradicional do circo e a cultura dos meios decomunicação de massa é complexa e delicada. Como espetáculopropriamente dito e como forma de entretenimento, o circo se acha maispróximo dos produtos da indústria cultural, mas apresenta uma versãoprópria destes no chanchar de um texto ou na paródia de um programa desucesso na tevê. A produção deste espetáculo passa por uma rede queatravessa seletivamente os meios de comunicação de massa e competecom eles por um público acostumado a programas que vão de Zé Betio acantores de música sertaneja, de Barros de Alencar ao Clube dos Artistas,passando por cantores e comediantes, que depois de firmada a suareputação no circo podem ir depois para a tevê, nada excluindo quevoltem ao circo para apresentações esporádicas. (Montes, 1978 apudMerisio, 2001)Sobre a linguagem da música, trago indagações sobre o seu real valor,citando Swanwick quando diz que “todos nós temos bens a negociar com os outrose somos parte de um sistema de mercado, somos parte da vida” (2004, p. 18).Olhando a música como um bem negociável, o autor nos propõe a possibilidade daressignificação musical do sujeito que escuta a canção, da troca que existe entre elae o seu ouvinte. Para o autor, a música pode ser vista como uma antiga forma dediscurso, “um meio no qual as idéias acerca de nós mesmos e dos outros sãoarticulados (sic) em formas sonoras” (2004, p. 19). Logo, a música toma um papelmuito importante em nossas vidas, ela tem a capacidade de nos fazer refletir ecompreender melhor o mundo e nós mesmos.A música faz parte da nossa vida, do nosso sistema cognitivo, “é um caminhode conhecimento, de pensamento, de sentimento” (Swanwick, 2004, p. 23) e, assimcomo as outras artes, desenvolve e possibilita a imaginação, a socialização de33

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