o processo criativo na tradução de dom pedro ii ... - NUPROC - UFSC
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Ao que parece, o Imperador não traduzia com o objetivo <strong>de</strong>fama literária, nem mesmo com a ambição <strong>de</strong> publicar livros. Traduziapor prazer, para trei<strong>na</strong>r o conhecimento e a fluência nos vários idiomasem que discorria, mas, como homem da política, provavelmente, <strong>na</strong>escolha dos textos, a i<strong>de</strong>ologia 27 também lhe falava.A microanálise das traduções assi<strong>na</strong>la a tendência do tradutorem manter a similarida<strong>de</strong> com as características do origi<strong>na</strong>l do qualtraduzia, ou seja, mantinha com este uma relação formal, procurandoconservar-lhe o conteúdo, tal como se apresentava, observada adisposição espacial da métrica e, sempre que possível, a sonorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rimas. Denota-se a influência da escola francesa <strong>de</strong> versificação, comseus versos alexandrinos.No quadro abaixo constam três traduções dos versos fi<strong>na</strong>is docanto V do “Inferno” da Divi<strong>na</strong> Comédia <strong>de</strong> Dante Alighieri: a dopróprio Dom Pedro II, a do contemporâneo José Pedro Xavier Pinheiroe a <strong>de</strong> Italo Eugênio Mauro, feita cerca <strong>de</strong> 100 anos <strong>de</strong>pois dasprimeiras; po<strong>de</strong>-se perceber o esforço poético do Mo<strong>na</strong>rca em produziruma tradução fluente, muito próxima do origi<strong>na</strong>l, respeitando a métricae a ento<strong>na</strong>ção silábica.8727 O termo “i<strong>de</strong>ologia” é usado aqui no sentido que Venuti lhe dá em A Invisibilida<strong>de</strong> doTradutor: um conjunto <strong>de</strong> valores, crenças e representações sociais que são concretizados <strong>na</strong>experiência vivida e servem, em última instância, os interesses <strong>de</strong> uma classe social. Em outraspalavras, a i<strong>de</strong>ologia é constituída, <strong>de</strong> um lado por cada um dos momentos em uma práticasocial e, <strong>de</strong> outro lado, pelas relações <strong>de</strong> produção ou pelas relações <strong>de</strong> classe <strong>na</strong>s quais essaprática é situada, e atua como mediadora entre esses dois termos (1995, p. 116).