o processo criativo na tradução de dom pedro ii ... - NUPROC - UFSC
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173adotar uma estratégia <strong>de</strong> tradução <strong>de</strong> tipo estrangeirizante, mesmoquando traduziu literalmente palavras, expressões e versos que possamcausar certo estranhamento ao leitor <strong>na</strong>tivo brasileiro. O público quepretendia atingir com a tradução da tragédia <strong>de</strong> Paolo e Francesca, eoutros trabalhos, não era o leitor médio <strong>de</strong> literatura do século XIX, masa elite literária <strong>de</strong> escritores e intelectuais que admirava no país, nosEstados Unidos e, particularmente, <strong>na</strong> Europa. Seu foco não eradiretamente o polissistema literário brasileiro, mas a elite criadora dopolissistema literário oci<strong>de</strong>ntal. Sergio Romanelli, no seu artigo Entrelínguas e culturas: as traduções <strong>de</strong> Dom Pedro II, fala do <strong>de</strong>sejo doImperador <strong>de</strong> fazer parte da aristocracia mundial <strong>de</strong> literatos:Dom Pedro II é um artista irreverente, mascontido pelo seu papel <strong>de</strong> Imperador; é <strong>de</strong>ssaaristocracia invisível que provavelmente queriaser parte, uma aristocracia sem po<strong>de</strong>r, semtítulos, uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> literatos queestabelece e consagra os gran<strong>de</strong>s escritores(2012, p.196).Desse modo, a tradução funcio<strong>na</strong>ria como um passaporte <strong>de</strong>ingresso nesse seleto clube que <strong>de</strong>sejava frequentar. Buscavareconhecimento, mais do que notorieda<strong>de</strong>, embora, se ela viesse, pareceque não a rejeitaria, uma vez que aceitou que seus netos publicassem asua obra.A literatura traduzida <strong>na</strong> Europa - após o advento das bellesinfidèles, <strong>na</strong> França do século XVII, e dos princípios da traduçãoapregoados por Tytler 52 , <strong>na</strong> Inglaterra do fi<strong>na</strong>l do século XVIII - entra52Alexan<strong>de</strong>r Fraser Tytler (1747–1813). “Em 1791, Tytler escreve The principles oftranslation e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> três princípios: 1) a tradução <strong>de</strong>ve fazer uma transcrição completa daidéia da obra origi<strong>na</strong>l; 2) o estilo e o modo da escrita <strong>de</strong>vem ser os mesmos do origi<strong>na</strong>l; 3) atradução <strong>de</strong>ve conservar toda a <strong>na</strong>turalida<strong>de</strong> do origi<strong>na</strong>l” (GUERINI, 2007. p. 19).