112forma <strong>de</strong> uma rosa com as pétalas brancas,completamente abertas diante <strong>de</strong>le <strong>na</strong> forma <strong>de</strong>um anfiteatro, sendo os anéis mais próximos tãolargos que ele não consegue imagi<strong>na</strong>r aextensão do que está mais distante. Beatrice oconduz ao centro dourado da rosa [...]. (2011,p. 538).E por Dante é cantada no “Paraíso” no terceto abaixo:qual é colui che tace e dicer vole,mi trasse Beatrice, e disse: “Miraquanto è ‘l convento <strong>de</strong> La bianche stole!(Par., XXX, 126-129)Outro tema tratado no livro, e que também po<strong>de</strong> terinfluenciado Dom Pedro II são as reflexões, que constam no prefácio,sobre o ato <strong>de</strong> traduzir. De Simoni comungava com a tese <strong>de</strong> que atradução <strong>de</strong>veria causar um efeito semelhante ao que o origi<strong>na</strong>l teriacausado nos seus leitores, e que, portanto, a tradução <strong>de</strong>veria, tanto noconteúdo, como <strong>na</strong> forma, manter-se fiel ao origi<strong>na</strong>l. Assim, o tradutorcontrapunha-se à corrente francesa conhecida como belles infidèles, quepropunha a <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização das traduções, preservando do texto origi<strong>na</strong>lo conteúdo, ou seja, o princípio da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao espírito, e não à letra.No trecho abaixo, tem-se uma visão geral do pensamento <strong>de</strong> De Simonisobre tradução:[...] não seguimos rigorosamente o preceito dosque aconselham que se vertam os pensamentosdo autor escrevendo <strong>na</strong> língua em que se vertecomo se se compusesse uma obra nessa mesmalíngua. Este preceito é bom e razoável até certoponto, mas errado se se enten<strong>de</strong>r em um senti<strong>dom</strong>ui lato e absoluto; e em lugar <strong>de</strong> dar aqualquer país a obra <strong>de</strong> outro, não lhe daráafi<strong>na</strong>l senão uma obra <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Para pôr em
113prática este preceito é preciso primeiramentesupor que o tradutor está revestido <strong>de</strong> todas asfaculda<strong>de</strong>s e tensões do autor do origi<strong>na</strong>l, edisposto a fazer <strong>na</strong> sua língua <strong>na</strong>tal o que estefez <strong>na</strong> sua própria. Então sim ele po<strong>de</strong>rá verterbem esse autor, porque ele escreverá, porexemplo, em português como este escreveu emitaliano. (1843, p. VIII-IX)Dom Pedro II escolheu traduzir duas das histórias maisafamadas da Divi<strong>na</strong> Comédia: a história <strong>de</strong> amor <strong>de</strong> Paolo e Francescada Rimini, canto V do “Inferno”, vv. 73-142, e a terrível morte doCon<strong>de</strong> Ugolino e seus filhos, canto XXXIII do “Inferno”, vv. 1-90. Nãoexistem elementos para afirmar as razões que levaram à escolha <strong>de</strong>ssesdois cantos. Um indício, como mostram as opções do próprio DeSimoni, é <strong>de</strong> que essas duas histórias da Divi<strong>na</strong> Comédia estavam entreas mais difundidas, e, por conseguinte, entre as mais apreciadas pelosleitores e estudiosos <strong>de</strong> Dante - particularmente a tragédia <strong>de</strong> Paolo eFrancesca -, e que, <strong>na</strong> Europa e em outras partes do mundo, eram daspassagens que mais seduziam tradutores. 39 Acrescente-se ainda que, noséculo XIX, os artistas e os escritores da Europa e do Brasil estavam soba influência do romantismo, e que esses buscavam inspiração em temasda ida<strong>de</strong> média para expressar seu i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> mundo e <strong>de</strong> vida. 40 Ainda éimportante observar que a Itália vivia nessa época o período conhecidopor Risorgimento, quando se intensificaram os esforços pela unificaçãodo país. Thies Schuty, <strong>na</strong> sua resenha Dante nel Risorgimento, traça umpanorama do mito dantesco no período. Mostra um Dante visto como39 Em Portugal, por exemplo, conforme Daniela Di Pasquale no artigo O mito <strong>de</strong> Francesca daRimini em Portugal, publicado <strong>na</strong> revista Babilônia Nº 8/9, entre 1857 e 1896 foram feitas pelomenos catorze publicações <strong>de</strong> traduções portuguesas do canto V do “Inferno” ou <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>le(2010. p. 175)40 Cf. ALENCAR, 1994, p.156.
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