na popular, <strong>em</strong>bora a <strong>dos</strong>ag<strong>em</strong> <strong>em</strong>pregada de seus princípiosativos deva ser s<strong>em</strong>pre pequena a moderada 153 .Pela descrição geográfica citada, é pouco provável que setrate de uma outra espécie de Abuta, da região amazônica, aA. grandifolia (Mart.) Sandw., mencionada como auxiliar notratamento de dores abdominais e epigastralgia 154 .De qualquer forma, somos leva<strong>dos</strong> a considerar esta plantacomo um simples nativo do Brasil, acrescentado a outrasplantas também americanas da Triaga Brasílica, como ver<strong>em</strong>osmais adiante.Mil-homensA literatura consultada para identificação botânica sugereum único gênero, ArististoloclochiaL., família Aristolochiaceae,para a planta citada como mil-homens. Várias espécies dogênero Arististoloclochiasão oriundas da Europa e Ásia. Há representantesautóctones, mas não se pode afirmar com certezaque a mil-homens utilizada na Triaga seja nativa do Brasil155 .Na América do Sul, o gênero ArististoloclochiaL. é comum noVale do Amazonas, no Peru, na Bolívia e Colômbia. Algunsrepresentantes são também encontra<strong>dos</strong> nos cerra<strong>dos</strong> brasileiros156 . De modo genérico, as Arististoloclochiareceb<strong>em</strong> as denominaçõescorriqueiras de papo-de-peru, angelicó, jarrinha,mil-homens, cipó-paratudo, cipó-milhome, crista-de-galo,cipó-branco e camará-açú 157 ._______________________153H. F. Leitão Filho et al., op. cit., vol. 3, p. 771.154Paulo B. Cavalcante & P. Frikel, op. cit., p. 42.155O gênero Aristolochia será discutido <strong>em</strong> maiores detalhes oportunamente. Vidediscussão acerca da aristolóquia redonda, nesta Seção.156Mário Guimarães Ferri, Espécies do cerrado, p. 42.157Edvaldo Rodrigues de Almeida, Plantas medicinais brasileiras: conhecimentospopulares e científicos, p. 278. Estes nomes, entretanto, geram confusãotaxonômica. Camará, por ex<strong>em</strong>plo, pode ser igualmente identificada como cambará(Gochnatia sp, família Asteraceae; H. F. Leitão Filho et al., op. cit., vol. 2, pp. 381-3; ou Lantana camara L.; S. Schvartsman, Plantas venenosas, p. 158); o cipóparatudoestá comentado neste trabalho; crista-de-galo também pode ser a espécieCelosia cristata L., família Amaranthaceae (H. Lorenzi & H. M. de Souza, Plantasornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras, p. 104), ou Heliotropiumtransalpinum Vell. (S. Schvartsman, op. cit., p. 67).84 - 15/04/2009
Acredita-se que os indígenas conheciam o valor medicinaldas aristolóquias, as quais eram denominadas, por váriastribos, como “urubu-cáá” ou “anhangapotira” 158 . G. Piso eG. Marcgrave citam a aristolóquia, genericamente, por nomesindígenas s<strong>em</strong>elhantes, cuja etimologia não foi possívelprecisar: o primeiro traz o termo “ambuay<strong>em</strong>bo”, e o segundo,“amuar<strong>em</strong>bo” 159 .Langsdorff faz menção ao uso de várias espécies dearistolóquias com <strong>em</strong>prego medicinal pelos habitantes daregião sudeste do Brasil, no início do século XIX 160 .F. C. Hoehne faz um extenso levantamento da famíliaAristolochiaceae. Em seu trabalho, sugere vários nomes popularespara as aristolóquias: milhomens, papo-de-peru,abútua, jarrinha, mata-porcos, raiz-pereira, parreira-brava 161 .______________________158Os vocábulos pod<strong>em</strong> ser traduzi<strong>dos</strong> como “erva do diabo” ou “flor do diabo”,respectivamente (Luís Caldas Tibiriçá, Dicionário tupi-português, pp. 25 e 130).159G. Piso, História natural e médica da Índia Ocidental, p. 260; G. Marcgrave,História natural do Brasil, p. 15.160Danuzio Gil Bernardino da Silva, Os diários de Langsdorff, vol. 1, p. 379.161F. C. Hoehne, Flora Brasilica: Aristolochiaceas, pp. 15, 43-141. O autor faz umaampla revisão do gênero, citando as seguintes espécies: Aristolochia gigantea Mart. &Zucc. (papo-de-peru, milhomens); A. elegans Mast. (jarrinha); A. killipiana O. C.Schmidt (jarrinha); A. deltoidea H.B.K. (jarrinha); A. weddellii Duchtr. (papo-deperu);A. cymbifera Mart. & Zucc. (angelicó, papo-de-peru, milhome, raiz de milhomens);A. brasiliensis Mart. & Zucc. (mil-homens [Joaquim Monteiro Caminhoá,op. cit., p. 3120, diz que talvez esta espécie de Aristolochia seja a verdadeira milhomens],milhomens, cipó-paratudo [não confundir com a espécie Drimys winterForst., família Magnoliaceae, denominada popularmente casca-de-anta ou pauparatudo;Edvaldo Rodrigues de Almeida, op. cit., p. 127], papo-de-peru, raiz de SãoDomingos); A. galeata Mart. & Zucc. (crista-de-galo, papo-de-peru, milhomes); A.malmeana Hoehne (milhomens, papo-de-peru); A. lingulata Ule (paratudo, urubucáá);A. ridicula N. E. Brown (jarrinha); A. hypoglauca Kuhlm. (jarrinha); A.nevesarmondiana Hoehne (jarrinha); A. acutifolia Duchtr. (jarrinha); A. burchelliiMast. (jarrinha); A. wendeliana Hoehne (jarrinha); A. macrota Duchtr. (jarrinha); A.papillaris Mast. (jarrinha, jericó, angelicó); A. tamnifolia Duchtr. (jarrinha); A. pubescensWilld. (jarrinha); A. peltato-deltoidea Hoehne (jarrinha); A. disticha Mast. (cipó-decobra[F. C. Hoehne, op. cit., pp. 106 e 136, parece mencionar este “cipó-de-cobra”indistintamente <strong>em</strong> relação ao “cipó contra-cobra”. G. Marcgrave, op. cit., p. 25, dizque o cipó de cobras é a caapeba, erva de Nossa Senhora; os comentadores de FreiCristóvão de Lisboa, Historia <strong>dos</strong> animaes, e arvores do Maranhaõ, pp. 298-9, suger<strong>em</strong>a espécie Salacia laevigata DC., família Celastraceae, para as gravuras constantesdas páginas supramencionadas da obra de Cristóvão de Lisboa], jarrinha); A.filipendulina Duchtr. (jarrinha, batuinha); A. birostris Duchtr. (angelicó, jarrinha); A.curviflora Malme (jarrinha); A. silvatica Barb. & Rdr. (urubu-caá, cipó contra-cobra);A. cl<strong>em</strong>atitis L. (aristolóquia). Curiosamente, Hoehne não cita a espécie Aristolochiaesperanzae O. Ktze., citada por M. G. Ferri (Mário Guimarães Ferri, op. cit., p. 42)como uma das aristolóquias do cerrado brasileiro, cujos nomes populares admit<strong>em</strong> assinonímias papo-de-peru, cachimbo-de-turco, mil-homens e jarrinha.15/04/200985
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