de greco-romana, estavam restritas ao uso externo, pois eramconsideradas venenosas” 126 .Admite-se que a literatura <strong>dos</strong> simples foi primordialmenteinfluenciada por Dioscórides (século I d.C.) e Galeno (séculoII d.C.), e continuou <strong>em</strong> voga por toda a Europa e mundoárabe durante a Idade Média, até início do século XX, <strong>em</strong>alguns locais.A. M. Alfonso-Goldfarb, ao comentar sobre matéria médicae farmácia no século IX entre os árabes, afirma que ouso <strong>dos</strong> simples, deriva<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> três reinos (animal, vegetal <strong>em</strong>ineral), não era muito freqüente entre os médicos da tradicionalescola greco-latina. As propriedades, porém, destescompostos, quando combina<strong>dos</strong> uns aos outros, erammuito numerosas. Quando dois, três ou quatro (ou mais)simples são mescla<strong>dos</strong> entre si, as propriedades resultantesnão são mais as <strong>dos</strong> simples que compuseram a combinação.Aqui, não se pretende referenciar pura e simplesmentea teoria aristotélica das potencialidades — há que se considerara hipótese de que as novas propriedades não estejamlatentes nos simples, porém na mistura deles e a partir doque vai ocorrer com esta combinação 127 .________________________126Paulo Alves Porto, “O laboratório farmacêutico de J. B. von Helmont”, in A. M.Alfonso-Goldfarb & M. H. R. Beltran, orgs., O laboratório, a oficina e o ateliê, p.88. Vide também A. M. Alfonso-Goldfarb, “Entre griegos y bárbaros: eternascuestiones historiográficas sobre materia médica y farmacia”, in P. Aceves-Pastrana,ed., Tradiciones e intercambios científicos, vol. 5, pp. 17-8 e 26, acerca da Materiamedica escrita por Dioscórides. A obra de Dioscórides s<strong>em</strong>pre foi consideradacomo sendo o ex<strong>em</strong>plo mais primoroso de organização antiga exclusivamentededicada ao t<strong>em</strong>a de matéria médica, na qual os fármacos são organiza<strong>dos</strong> deacordo com a ação terapêutica. Entretanto, somente com os estu<strong>dos</strong> da químicano século XVIII, da farmacognosia no século XIX e da fitoquímica no século XXé que se pode decifrar a chave do sist<strong>em</strong>a de Dioscórides.127A. M. Alfonso-Goldfarb, “Materia médica y farmacia en el siglo IX árabe: uncomposito del saber antiguo”, in P. Aceves-Pastrana, ed., Construyendo las cienciasquímicas y biológicas, p. 14.72 - 15/04/2009
Curvo S<strong>em</strong>edo, <strong>em</strong> finais do século XVII, e vários outroscirurgiões portugueses da primeira metade do século XVIII,escreveram uma literatura de terapêutica prática onde seencontram simples e compostos utiliza<strong>dos</strong> <strong>em</strong> cirurgias eoutras intervenções médicas. Entre eles, pod<strong>em</strong>-se citar J. F.de Moura e J. L. Correia. J. P. F. S. Dias afirma que o Coletâneofarmacêutico, obra de António Martins Sodré, de 1735, trazinicialmente conceitos farmacêuticos básicos sobre os medicamentos,diferenciando-os <strong>dos</strong> alimentos e venenos 128 .A. L. Janeira, ao comentar sobre os simples, afirma adicotomia básica encontrada <strong>em</strong> suas propriedades medicinais:os simples nunca poderão ter uma identidade neutra,já que contém virtude e serv<strong>em</strong>, portanto, como fármacos,ou “porque <strong>em</strong>pestam de vício e são, portanto, veneno” 129 .A substituição de simples, como já diss<strong>em</strong>os anteriormente,não deve ter sido um processo de ocorrência pontual e instantânea.Muitos simples <strong>em</strong>prega<strong>dos</strong> <strong>em</strong> receitas antigasforam cedendo lugar a outros, de uso s<strong>em</strong>elhante ou comeficácia superior 130 . Além disso, a presença de produtos oriun<strong>dos</strong>das Novas Terras <strong>em</strong> obras de autores europeus <strong>dos</strong> séculosXVI a XVIII traz à tona fatos relevantes. Em primeiro________________________128De José Ferreira de Moura, cirurgião <strong>em</strong> Lisboa, cita-se Sintagma CirúrgicoTeórico-Prático de João de Vigo, obra na qual se encontram capítulos como “Danatureza <strong>dos</strong> simplices, muyto proveytosos para o uso pratico na arte da Cirurgia”,”Do Antidotario” e “Catalogo de unguentos, <strong>em</strong>plastos etc.”; de João Lopes Correia,cita-se Castelo Forte contra todas as enfermidades (J. P. S. Dias, “Terapéuticaquímica y polifarmacia en Portugal”, op. cit., p. 83; J. P. F. S. Dias, op. cit., p. 136.O nome completo da obra de António Martins Sodré, de 1735, é CollectaneoPharmaceutico. Dividido <strong>em</strong> duas partes, nas quaes se acharão as melhores perguntase respostas, e algumas eleições de simples, com suas explicaçoens ao texto deMesue, tiradas <strong>dos</strong> melhores autores antigos, e modernos da Arte Pharmaceutica.Obra utilissima para se examinar<strong>em</strong> os novos Professores da mesma Arte. Foi oprimeiro livro destinado exclusivamente ao preparo <strong>dos</strong> aprendizes farmacêuticospara os exames ante o físico-mor (J. P. F. S. Dias, op. cit., p. 136).129A. L. Janeira, Jardins do saber e do prazer, p. 17.130A. M. Alfonso-Goldfarb, <strong>Livro</strong> do Tesouro de Alexandre, p. 196, nota 426, aocomentar sobre “o tratamento do louco” e o <strong>em</strong>prego do óleo de nozes nessareceita: “[...] o azeite de oliva seria um bom substituto para o óleo de nozes” (grifonosso).15/04/200973
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