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Livro em formato PDF - Fernando Santiago dos Santos

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Não se pode afirmar que os jesuítas estabeleci<strong>dos</strong> no Brasilatinham-se à teoria humoralista, <strong>em</strong> voga na Europa àsua época. Abre-se, aqui, um questionamento para novosestu<strong>dos</strong>: até que ponto os jesuítas aceitaram o sist<strong>em</strong>a decura <strong>dos</strong> índios, ou simplesmente adotaram suas plantasmedicinais e tentaram, de certa forma, encaixá-las no sist<strong>em</strong>agalênico 489 ?Ao estudarmos a receita, uma questão mostrou-se pertinente:por que os jesuítas utilizaram tantas plantas nativasbrasileiras para a confecção da Triaga? Vimos que o envio desimples da Europa e de outra partes do mundo esbarrava <strong>em</strong>alguns obstáculos. O primeiro deles era a distância da Metrópolee as longas viagens de navio, o que favorecia a putrefação<strong>dos</strong> produtos. O outro eram as doenças tipicamentetropicais, desconhecidas <strong>dos</strong> europeus e para as quais a medicinapraticada no Velho Mundo talvez não tivesse eficácia.Além do mais, dev<strong>em</strong>os considerar a opinião de muitos pesquisadorescont<strong>em</strong>porâneos ao defend<strong>em</strong> a idéia de que, no<strong>em</strong>prego das ervas para a confecção de r<strong>em</strong>édios, uma regraque vale, <strong>em</strong> geral, é a de que se deve <strong>em</strong>pregar as plantasnativas, porque são muito melhores que as exóticas, já queas primeiras são mais ativas. O fato é que se acredita ocorrer<strong>em</strong>variações a nível de produção de compostos medicinais,tais como óleos, princípios ativos, essências etc., <strong>em</strong> plantas_______________________489A este respeito, M. L. L. Rodrigues, “Guilherme Piso e o conhecimento da floramedicinal brasileira no século XVII (1638-1644)”, p. 82, escreve: “com relação aouso terapêutico da flora brasileira, Piso afirma que os íncolas administravam medicamentosde qualidade quente para curar doenças de qualidade fria. Este aspectonos sugere que, apesar de estar <strong>em</strong> contato direto com uma forma de curar que lheera desconhecida, Piso não se preocupou <strong>em</strong> compreender os princípios que estavampor trás da prática terapêutica <strong>dos</strong> índios brasileiros. Parece-nos que ele identificouessa forma de curar no modelo aceito por uma parte <strong>dos</strong> estudiosos, adeptosda teoria humoralista de Galeno” (grifo nosso).178 - 15/04/2009

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