(Asteraceae), Pericallis malviflora (L’Her) B. Nord., conhecidopopularmente como cabaceira, figueiró, figueira-brava,malvavisco ou malvão-da-rocha 247 .Serafim Leite nos informa que a raiz de malvaísco era obtidade Portugal 248 .JaborandiO jaborandi é uma entre tantas outras plantas da floranacional que apresentam, ao pesquisador, o probl<strong>em</strong>a deidentificação botânica. Como ver<strong>em</strong>os adiante, a tentativade identificar corretamente o jaborandi, <strong>em</strong> todo o territórionacional, t<strong>em</strong> esbarrado <strong>em</strong> obstáculos de ord<strong>em</strong>nomenclatural. Recent<strong>em</strong>ente, M. L. L. Rodrigues discutiuamplamente a questão, trazendo à tona um fato de relevância:[...] <strong>em</strong> relação ao jaborandi, são conhecidas atualmentevárias espécies de plantas que receb<strong>em</strong> essenome genérico. Essas espécies pertenc<strong>em</strong> às famíliasdas Rutáceas e Piperáceas 249 .Levando-se <strong>em</strong> consideração a referência geográficafornecida por Serafim Leite, que afirma ter sido a raiz dojaborandi encontrada “[...] na quinta do Collegio da Bahia,Pernambuco e sertão”, portanto o Nordeste do Brasil, serãoconsideradas, na discussão abaixo, apenas as espécies cujalocalização atual restrinja-se a tal região. Excetuaram-se,então, espécies das d<strong>em</strong>ais regiões brasileiras 250 .________________________G. S. Sousa afirma que o jaborandi é uma erva247F. Weberling & H. O. Schwantes, op. cit., p. 101.248Serafim Leite, Artes e ofícios, p. 300.249M. L. L. Rodrigues, op. cit., pp. 78-80. Em sua dissertação de mestrado, a autoradiscute alguns aspectos da abordag<strong>em</strong> feita por G. Piso e outros autores, como G.Marcgrave e A. Laguna, por ex<strong>em</strong>plo, de espécies da flora brasileira nativas, comoo jaborandi e a ipecacuanha; no capítulo final de seu trabalho há a discussão daidentificação botânica e seus probl<strong>em</strong>as.250Serafim Leite, Artes e ofícios, p. 300. Considerou-se genericamente o Nordestedo Brasil devido à proximidade da Bahia e de Pernambuco, e ao fato de que o sertão<strong>dos</strong> séculos XVII e XVIII muito provavelmente compreendia as regiões do agrestee da caatinga nordestina.106 - 15/04/2009
que faz arvore de altura de um hom<strong>em</strong> e lança umavara <strong>em</strong> nós como canas, por onde estalam muitocomo as apertam [...] cheira à hortelã francesa, et<strong>em</strong> a aspereza da hortelã ordinaria; [...] qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong>a boca danada, ou chagas nela, mastigando as folhasdesta erva [...] a cura muito depressa 251 .C. O. Gomes faz uma referência a Simão de Vasconcelos,jesuíta do século XVII, afirmando que este padre, desconhecendoas descrições de G. S. Sousa, citou de passag<strong>em</strong> a planta,s<strong>em</strong>, contudo, especificar suas propriedades terapêuticas 252 .G. Piso cita a planta como “iaborandi guaçu”, afirmandoque a erva tornou-se uma verdadeira panacéia, tamanho oabuso a que chegaram holandeses e portugueses no uso rotineiro253 . J. M. C. Veloso recorre à descrição de G. Piso, alegan<strong>dos</strong>er o jaborandi uma planta sialagoga, catártica,carminativa e um alexifármaco, além de ser diaforética,diurética e com ação sudorípara 254 . As propriedades medici-_______________________251G. S. de Sousa, op. cit., pp. 208-9 (grifo nosso). O cronista afirma, ainda, que naBahia do século XVI podiam ser encontradas ervas denominadas pelos índiosjaborandiba, muito parecidas com as plantas de jaborandi, as quais foram reconhecidaspelos que andaram na Índia como bethele. Segundo ele, “qu<strong>em</strong> se lava comela cozida nas partes eivadas do fígado, lhas cura <strong>em</strong> poucos dias; e cozi<strong>dos</strong> os olhose comestos, são saníssimos para este mal do fígado; e mastigadas estas folhas etrazidas na boca, tiram a dor de dentes”. A descrição deste autor r<strong>em</strong>ete-nos àfamília Piperaceae, que t<strong>em</strong> como uma das características morfológicas mais conspícuasa presença de nós entre folhas e ramos.252A obra de Simão de Vasconcelos, citada por C. O. Gomes, é Crônica da Companhiade Jesus do Estado do Brasil, de 1663. A passag<strong>em</strong> mencionada traz: “As maiservas não posso descrever, porei só os nomes: o camará [...], avenca, erva de cobras,erva <strong>dos</strong> ratos, erva do bicho, erva pulgueira, salsaparrilha, cipó de camaras, bethele,pimenta [...] gengibre, caiapiá, caapéba, caraóba, caatimaí, caátaia, jetica, urucatu,jaborandi, nhambi, tajóba, jeçapeinimboia [...] Todas estas ervas são medicinais,das mais conhecidas e usadas, de virtudes tão raras, que fora necessário umDioscórides para descrevê-las” (grifo nosso).253G. Piso, História Natural e Médica da Índia Ocidental, <strong>Livro</strong> IV, cap. XLVII, p. 216.Piso escreve: “Radix valet contra venena [...] fere veneni per sudores & urinas exturbat”(“A raiz é um contraveneno [...] que elimina o veneno através do suor e da urina”). M.L. L. Rodrigues, op. cit., p. 43, afirma que “Piso foi o primeiro a descrever a ipecacuanha[...] e também foi o primeiro a descrever as propriedades sialagogas e diaforéticas dojaborandi”.2554Frei J. M. da C. Veloso, op. cit., p. 129.15/04/2009107
- Page 1 and 2:
As plantas brasileiras,os jesuítas
- Page 3 and 4:
As plantas brasileiras,os jesuítas
- Page 5 and 6:
[...] antes que houvesse estes Gale
- Page 7 and 8:
À minha esposa Darlene dedico este
- Page 9 and 10:
AGRADECIMENTOSListar todas as pesso
- Page 11 and 12:
SumárioRESUMO ....................
- Page 13 and 14:
RESUMOEste trabalho constitui uma a
- Page 15 and 16:
INTRODUÇÃOAs plantas medicinais b
- Page 17 and 18:
de Veneza e de Roma, por exemplo, n
- Page 19 and 20:
feitas a tais princípios ativos em
- Page 21 and 22:
OS ÍNDIOS BRASILEIROS E SEUS REMÉ
- Page 23 and 24:
medicinais, muito antes da chegada
- Page 25 and 26:
1. As plantas do Brasil e seu poten
- Page 27 and 28:
holandeses ou mesmo de brasileiros,
- Page 29 and 30:
O principal estímulo para os estud
- Page 31 and 32:
matas em plantas medicinais e a man
- Page 33 and 34:
e fenômenos atmosféricos 32 . Con
- Page 35 and 36:
podem ter “copiado” a medicina
- Page 37 and 38:
A BOTICA DO COLÉGIO DE JESUSCur mo
- Page 39 and 40:
Os jesuítas, portanto, tinham de o
- Page 41 and 42:
nentes curativos seja uma premissa
- Page 43 and 44:
podiam fazer com o conhecimento adq
- Page 45 and 46:
foi-se enriquecendo, sobressaindo-s
- Page 47 and 48:
que no Brasil setecentista os jesu
- Page 49 and 50:
As boticas jesuíticas, embora tenh
- Page 51 and 52:
Fora dos Colégios, as boticas só
- Page 53 and 54:
porém desde 1730 o brasileiro usav
- Page 55 and 56: Na Europa do século XVII, por exem
- Page 57 and 58: Duas características interessantes
- Page 59 and 60: As Collecções de Receitas do Col
- Page 61 and 62: A TRIAGA BRASÍLICANas veredas há
- Page 63 and 64: cimo de ingredientes, entretanto, n
- Page 65 and 66: de preparação dos ingredientes. O
- Page 67 and 68: J. P. S. Dias comenta que a “teri
- Page 69 and 70: possuíam ação específica, como
- Page 71 and 72: nas acrescentaram novos bezoártico
- Page 73 and 74: Curvo Semedo, em finais do século
- Page 75 and 76: objetivo foi o de fornecer um pano-
- Page 77 and 78: zentos e cinqüenta anos. Nesse per
- Page 79 and 80: material coletado em campo, em esp
- Page 81 and 82: AbutuaAs fontes consultadas para id
- Page 83 and 84: Diversamente dos autores supramenci
- Page 85 and 86: Acredita-se que os indígenas conhe
- Page 87 and 88: F. C. Hoehne, entretanto, afirma qu
- Page 89 and 90: CapebaA capeba parece-nos ser ident
- Page 91 and 92: plo, associam a pariparoba à espé
- Page 93 and 94: É, portanto, um dos simples da Tri
- Page 95 and 96: vários locais onde cresce espontan
- Page 97 and 98: de dispersão primária nos bosques
- Page 99 and 100: G. S. Sousa atesta a presença da s
- Page 101 and 102: As propriedades medicinais do limã
- Page 103 and 104: Zingiberaceae), é conhecido antigo
- Page 105: a Alta Idade Média e por muito tem
- Page 109 and 110: do gênero Piper, especialmente Pip
- Page 111 and 112: conhecida como cássia, fedegoso, f
- Page 113 and 114: nome vulgar a várias plantas difer
- Page 115 and 116: espontânea, porém, do sul da Bahi
- Page 117 and 118: estrelamin, empregada como tônica
- Page 119 and 120: caprae (L.) Sweet 298 , e a batatin
- Page 121 and 122: pelos indígenas, que sabiam, há m
- Page 123 and 124: mencionada como cipó, e foi uma da
- Page 125 and 126: indica qualquer erva ou planta medi
- Page 127 and 128: Outra denominação encontrada foi
- Page 129 and 130: Garcia da Orta afirmou que a origem
- Page 131 and 132: F. J. C. Aulete afirma que o vocáb
- Page 133 and 134: Diversamente, C. T. Rizzini cita a
- Page 135 and 136: Flor de noz moscadaA moscadeira é
- Page 137 and 138: ora se saiba que o açafrão é cul
- Page 139 and 140: pectivamente, o feijão e a soja, o
- Page 141 and 142: Aparece em herbários antigos, como
- Page 143 and 144: es, porém, são reconhecidas botan
- Page 145 and 146: NhambuzÀ luz da taxonomia atual, n
- Page 147 and 148: ca do Sul, muito antes da chegada d
- Page 149 and 150: aia, feito de sementes de dormideir
- Page 151 and 152: Serafim Leite afirma que os catarro
- Page 153 and 154: mentada anteriormente, outra planta
- Page 155 and 156: Almessega da IndiaA almécega-da-Í
- Page 157 and 158:
Terra sigilladaAs chamadas terras s
- Page 159 and 160:
crim é a tintura de essência de a
- Page 161 and 162:
PindaibaJá discutida anteriormente
- Page 163 and 164:
SalvaA salva ou sálvia é uma plan
- Page 165 and 166:
& Otto e N. forgetiana Hort. são i
- Page 167 and 168:
PindaibaJá discutida anteriormente
- Page 169 and 170:
do em talhas com a “terceira part
- Page 171 and 172:
e experimentado remedio” para enf
- Page 173 and 174:
CONSIDERAÇÕES FINAISO homem deve
- Page 175 and 176:
tas. Não pudemos inferir acertadam
- Page 177 and 178:
quantidade de ingredientes não bra
- Page 179 and 180:
submetidas a condições climática
- Page 181 and 182:
primeiro de tantos outros que possa
- Page 183 and 184:
BIBLIOGRAFIAABBEVILLE, Claude d’.
- Page 185 and 186:
_____ & C. A. Maia, orgs. História
- Page 187 and 188:
_____. “Virtudes curativas de alg
- Page 189 and 190:
BOMTEMPO, José Maria. Compendios d
- Page 191 and 192:
_____. “Nota sobre a droga uirár
- Page 193 and 194:
CRUZ, G. L. Dicionário das plantas
- Page 195 and 196:
DI STASI, Luiz Claudio, org. Planta
- Page 197 and 198:
FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viag
- Page 199 and 200:
GIRRE, Loïc. Traditions et propri
- Page 201 and 202:
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raíze
- Page 203 and 204:
LEITE, Serafim. Artes e Ofícios do
- Page 205 and 206:
_____. “Las ‘nuevas medicinas
- Page 207 and 208:
géographe de l’Amerique espagnol
- Page 209 and 210:
plantas úteis do Estado de São Pa
- Page 211 and 212:
PUIG-SAMPER, Miguel Ángel & F. Pel
- Page 213 and 214:
Universidade Católica de São Paul
- Page 215 and 216:
SILVA, Danuzio Gil Bernardino da, o
- Page 217 and 218:
São Paulo, Companhia das Letras, 1
- Page 219 and 220:
APÊNDICE IIDENTIFICAÇÃO BOTÂNIC
- Page 221 and 222:
_____________________2Como foi disc
- Page 223 and 224:
_______________________4Gêneros na
- Page 225 and 226:
_______________________7Há a tend
- Page 227 and 228:
APÊNDICE IITRANSCRIÇÃO DA TRIAGA
- Page 229 and 230:
[p. 400]Triaga BrasilicaCELEBERRIMA
- Page 231 and 232:
de nhambuz viij "semente de urucu s
- Page 233 and 234:
Far-se-há do seguinte modoÀs prim
- Page 235 and 236:
Triaga Brasilica reformadaEsta hé
- Page 237 and 238:
em quatro horas, athé se sentir al
- Page 239 and 240:
Pernambuco e sertão.Raiz de jarril