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Ler ao invés de ver - Universidade Tuiuti do Paraná

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Lúcio Kürten <strong>do</strong>s Passos 175diferentes, varian<strong>do</strong> <strong>do</strong> claro <strong>ao</strong> escuro. As fotografiasque anteriormente eram reproduzidas por meio dagravura feita na ma<strong>de</strong>ira, não permitiam que o leitordispensasse sua atenção a elas, em função da baixaqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição e da ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes.É nessa época que se principiam os processos <strong>de</strong>reprodução da imagem e é quan<strong>do</strong> surgem as primeirasconfusões relacionadas às formas <strong>de</strong> impressão eautoria. Primeiro porque não existia algum tipo <strong>de</strong>máquina que não a prensa, para imprimir com qualida<strong>de</strong>a imagem fotográfica. Em segun<strong>do</strong> lugar, gravuristas epintores tinham seus serviços contrata<strong>do</strong>s para, a partir<strong>de</strong> um original fotográfico, reproduzir em ma<strong>de</strong>ira amesma imagem para somente <strong>de</strong>pois ser impressa. Éclaro que a perda <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes e também a co-autoriada imagem <strong>de</strong>scaracterizavam o produto final. Essa<strong>de</strong>scaracterização po<strong>de</strong> ser fundamentada no queWalter Benjamin 4 anos mais tar<strong>de</strong> chamaria <strong>de</strong> perdada aura da obra 5 <strong>de</strong> arte.Mesmo por princípio, a obra <strong>de</strong> arte foi sempre suscetível <strong>de</strong>reprodução. O que uns homens haviam feito, outros podiam refazer.Em todas as épocas discípulos copiaram obras <strong>de</strong> arte a título <strong>de</strong>exercício; mestres as reproduziam para assegurar-lhes difusão;falsários as imitaram para assim obter algum ganho material.As técnicas <strong>de</strong> reprodução são, entretanto, um fenômeno novo, quenasceu e se <strong>de</strong>senvolveu no curso da história, por etapas sucessivas,separadas por longos intervalos, mas num ritmo cada vez maisrápi<strong>do</strong> (BENJAMIM, 2000, p. 222).Essa afirmativa exposta em um <strong>do</strong>s primeirosparágrafos <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> Benjamin revela o queexatamente acontecia na época. Porém, estava sereproduzin<strong>do</strong> também manualmente a partir <strong>do</strong>resulta<strong>do</strong> proporciona<strong>do</strong> pelo aparelho. Era o processoin<strong>ver</strong>so, mas que permitia a difusão da imagem pelosprimeiros órgãos <strong>de</strong> imprensa. Cópias a partir <strong>de</strong>originais, que se transformavam em novas cópias. Atécnica <strong>de</strong> half tone foi o primeiro processo usa<strong>do</strong>para a impressão <strong>de</strong> imagens na imprensa, por meioda xilogravura, utilizada como forma. Assim, asconfusões e disputas por direitos autorais da imagemque aconteciam entre os fotógrafos e pintores estavaminstauradas.A pintura não tinha mais como concorrer com afotografia, pois o olho mecânico assimila melhor erepresenta muito mais rápi<strong>do</strong> que a mão <strong>do</strong> pintor.Com a fotografia, pela primeira vez a mão se liberou das tarefasartísticas essenciais, no que toca a reprodução das imagens, as4 Esta abordagem se dá pelo texto clássico da comunicação redigi<strong>do</strong> por Benjamin nos anos 1940, “A obra <strong>de</strong> arte na era <strong>de</strong> sua reprodutibilida<strong>de</strong>técnica” (2000)5 É importante frisar que nesse perío<strong>do</strong> o fotojornalismo ainda estava se <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> como gênero da fotografia que podia ser consi<strong>de</strong>rada comoum espelho <strong>do</strong> real, muito próximo da pintura, portanto, ainda uma forma <strong>de</strong> arte que acabara <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scoberta.<strong>Tuiuti</strong>: Ciência e Cultura, n. 46, p. 171-185, Curitiba, 2013.

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