Ler ao invés de ver - Universidade Tuiuti do Paraná
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184<strong>Ler</strong> <strong>ao</strong> invés <strong>de</strong> <strong>ver</strong>: pressupostos...para contemplar elementos já vistos. Assim, o “antes” se torna“<strong>de</strong>pois”, e o “<strong>de</strong>pois” se torna o “antes”. O tempo projeta<strong>do</strong> peloolhar sobre a imagem é o eterno retorno. O olhar diacroniza asincronicida<strong>de</strong> imagética por ciclos. (2002, p. 8)Então, mesmo Barthes (1984) não admitin<strong>do</strong> e paratal fazen<strong>do</strong> uso da subjetivida<strong>de</strong> sobre a existência <strong>de</strong>punctum em imagens <strong>de</strong> jornalismo, o argumento acimareforça a i<strong>de</strong>ntificação por pontos preferenciais para oqual se ten<strong>de</strong> a direcionar o olhar.6 Por que ler <strong>ao</strong> invés <strong>de</strong> <strong>ver</strong>?Até aqui foram apresentadas algumas basesteóricas que po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> suporte para o início<strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> análise fotográfica, <strong>de</strong> forma que aspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abordagem são ilimitadas. Dosconceitos teóricos apresenta<strong>do</strong>s surge a proposta<strong>de</strong> reflexão sobre como se <strong>de</strong>ve ou não consumiruma imagem fotográfica. Contu<strong>do</strong>, é observávelque uma das condições existentes para o receptorinterpretar imagens publicadas na imprensa é queas mesmas <strong>de</strong>spertem no leitor um mínimo <strong>de</strong>interesse. Conforme apresenta<strong>do</strong> acima, para seler imagens é preciso aprofundar-se no estu<strong>do</strong> e nasituação sociocontextual em que se apresentam osreferentes.Antes <strong>de</strong> se iniciar um estu<strong>do</strong> por meio da fotografia, éimprescindível reconhecê-la como <strong>do</strong>cumento histórico,como fragmento <strong>de</strong> algo que, <strong>de</strong> fato, já aconteceu. Taisfatores são condição sine quanon para o pesquisa<strong>do</strong>r. Oconjunto <strong>de</strong> saberes já adquiri<strong>do</strong> na trajetória individualpo<strong>de</strong> muitas vezes não ser suficiente para o entendimento<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> da mensagem fotográfica, dadaa gran<strong>de</strong> carga <strong>de</strong> significações possíveis que po<strong>de</strong>massumir os referentes representa<strong>do</strong>s na imagem.Nesse contexto incita-se a busca permanente pelaampliação <strong>do</strong> repertório <strong>de</strong> signos <strong>do</strong> interessa<strong>do</strong> emler figuras, em face da crescente produção e reprodução<strong>de</strong> imagens. A fotografia não é mais complemento ouacessório visual <strong>de</strong> uma página incompleta. O textovisual nela “escrito”, por meio da interpretação da cena,cuja matéria prima é a luz, tem <strong>de</strong> ser li<strong>do</strong> na íntegra.O conjunto <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s que dá origem a uma fotoé complexo <strong>de</strong>mais para ser apenas visto. Porém, nãose trata <strong>de</strong> ler tu<strong>do</strong> o que se publica, que se recebe ouque se compartilha. O trabalho <strong>de</strong> análise inicia-se pelocritério da seleção e, claro, este, muitas vezes, po<strong>de</strong> nãoser subjetivo.<strong>Tuiuti</strong>: Ciência e Cultura, n. 46, p. 171-185, Curitiba, 2013.