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Atas do IX Simpósio Nacional de Ensino de Física - Axpfep1.if.usp.br

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Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Física<strong>Atas</strong> <strong>do</strong> <strong>IX</strong> Simpósio<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>FísicaAnna M. P. <strong>de</strong> CarvalhoOrganiza<strong>do</strong>raSão Carlos - SP21 a 25 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1991


1PREFÁCIOCom as <strong>Atas</strong> que agora publicamos, preten<strong>de</strong>mos oferecer uma <strong>de</strong>scrição global<strong>do</strong> <strong>IX</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, organiza<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> eComissão <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Física e realiza<strong>do</strong> no Campus da USP emSão Carlos no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 21 a 25 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1991.Apesar <strong>de</strong> procurarmos relatar todas as ativida<strong>de</strong>s programadas - asconferências, as mesas re<strong>do</strong>ndas, os cursos, as comunicações e os painéis, os relatos <strong>do</strong>sgrupos <strong>de</strong> trabalho, a assembléia geral e, até, as exposições realizadas - nunca po<strong>de</strong>remostransmitir, por escrito, a gran<strong>de</strong> animação pre<strong>do</strong>minante no <strong>IX</strong> SNEF, a movimentação<strong>do</strong>s grupos e o calor <strong>do</strong>s questionamentos.Ao organizarmos o <strong>IX</strong> SNEF e ao escolhermos como tema central "A Física naFormação <strong>do</strong> Profissional e <strong>do</strong> Cidadão" procuramos continuar a tradição, já estabelecidanos outros Simpósios, <strong>de</strong> dividirmos as ativida<strong>de</strong>s em três gran<strong>de</strong>s linhas. Assimescolhemos como subtemas a Formação <strong>do</strong> Profissional, a Formação <strong>do</strong> Cidadão e oProfessor: Formação e Prática, que nortearam o trabalho <strong>do</strong> Simpósio.Por outro la<strong>do</strong>, procuramos introduzir algumas inovações como a <strong>de</strong> levarmos oSimpósio <strong>Nacional</strong> para uma cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Procuramos, com isso,alcançar uma maior integração entre os participantes nas horas extra-Simpósio, o quedificilmente é consegui<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> estes se realizam nas gran<strong>de</strong>s capitais. Face a essainovação programamos uma tar<strong>de</strong> para excursões a pontos importantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoCarlos. Esta foi uma ativida<strong>de</strong> amplamente aceita e confirmada nas várias intervenções emoções apresentadas na Assembléia Geral.A elaboração das <strong>Atas</strong> obe<strong>de</strong>ceu, também, critérios próprios. Como nãogravamos nenhuma das ativida<strong>de</strong>s - o que foi intencional - só foram publicadas asparticipações <strong>do</strong>s convida<strong>do</strong>s para as conferências e mesas re<strong>do</strong>ndas, que entregaram àcomissão os seus o riginais. Ao coor<strong>de</strong>nar o trabalho <strong>de</strong> elaboração das <strong>Atas</strong>, procuramosnão só registrar o passa<strong>do</strong>, mas, também, apresentar um <strong>do</strong>cumento importante parafuturos estu<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e o que se pesquisa e trabalha em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física. Para que as <strong>Atas</strong>possam refletir o atual estágio <strong>do</strong> pensamento da nossa comunida<strong>de</strong> fizemos um gran<strong>de</strong>esforço para que as comunicações e painéis fossem publica<strong>do</strong>s em sua íntegra.


2Queremos agra<strong>de</strong>cer, nesta oportunida<strong>de</strong> ao Conselho <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong>Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Financia<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Projetos(FINEP), à Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo (FAPESP), peloapoio da<strong>do</strong> ao <strong>IX</strong> SNEF.Nossos agra<strong>de</strong>cimentos se esten<strong>de</strong>m, também, à Editora Har<strong>br</strong>a Ltda. e, emespecial, à Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Divulgação Científica e Cultural (CDCC) <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong>Física e Química <strong>de</strong> São Carlos - USP, que tão cordialmente nos acolheu em São Carlos.Finalmente queremos agra<strong>de</strong>cer a IBM <strong>do</strong> Brasil pelo apoio financeiro parapublicação das <strong>Atas</strong> <strong>de</strong>ste Simpósio.ANNA MARIA PESSOA DE CARVALHOCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF


CONFERÊNCIAS


5O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no Terceiro GrauFernan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Souza BarrosInstituto <strong>de</strong> Física - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroAbordam-se inicialmente algumas caracteristicas <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong> terceiro grau noBrasil, salientan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>is aspectos: sua ineficiência e sua baixa p riorida<strong>de</strong> para oaprendiza<strong>do</strong> em ambiente <strong>de</strong> laboratório, principalmente no ciclo profissional. A seguir, é<strong>de</strong>talhada uma proposta <strong>de</strong> laboratórios didáticos para o ciclo pro fissional, atualmente emfase <strong>de</strong> montagem no Instituto <strong>de</strong> Física da UFRJ.As montagens <strong>do</strong>s currículos <strong>de</strong> Física das nocgas universida<strong>de</strong>s foram realizadascom boas motivações e a partir <strong>de</strong> objetivos váli<strong>do</strong>s. Entretanto, quan<strong>do</strong> se contempla oconjunto e se examinam suas omissões e <strong>de</strong>ficiências, esses curriculos não são motivo <strong>de</strong>orgulho para a maioria <strong>do</strong>s professores que contribuíram para suas construções.Dois aspectos inquietantes <strong>de</strong>sses curriculos serão aborda<strong>do</strong>s aqui. O primeiroestá relaciona<strong>do</strong> com a gran<strong>de</strong> va rieda<strong>de</strong> das disciplinas oferecidas na maio ria <strong>de</strong>ssescursos e pelo amplo espectro <strong>de</strong> tópicos e/ou temas que são aborda<strong>do</strong>s em sala <strong>de</strong> aula.Como regra geral, praticamente todas as disciplinas são o<strong>br</strong>igatórias; o númeroreduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> eletivas transforma estas últimas também em o<strong>br</strong>igatórias, já que o total <strong>de</strong>créditos exigi<strong>do</strong>s para conclusão <strong>do</strong> curso não possibi lita outra opção ao estudante.Submete-se aqui a conjectura <strong>de</strong> que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um méto<strong>do</strong> didático muitopeculiar, esse gran<strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> disciplinas requer também um enorme tempo <strong>de</strong>permanência em sala <strong>de</strong> aula. Esta correlação não é uma necessida<strong>de</strong> incontornável; elanão ocorre nos bons cursos fora <strong>do</strong> país - e não se po<strong>de</strong> dizer que esses últimos ensinem"menos Física" aos seus alunos. O que ocorre no nosso caso é que toda maté ria tem queser "trabalhada" pelo professor, em sala <strong>de</strong> aula, sob pena <strong>de</strong> não ser reconhecida peloaluno com algo "digno <strong>de</strong> sua atenção". Matéria não apresentada em perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> aulas<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser relevante para o aluno já que "não po<strong>de</strong> cair na prova".Frequentemente, quan<strong>do</strong> se aborda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir o tempo <strong>de</strong>permanência <strong>do</strong>s alunos em sala <strong>de</strong> aula, mencionam-se os aspectos váli<strong>do</strong>s, porémin<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s <strong>de</strong> possibi litar "liberda<strong>de</strong> intelectual" para os alunos e <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> "espaço"para trabalhos e/ou projetos espontâneos. O ponto que se <strong>de</strong>seja enfatizar aqui,entretanto, é que a gran<strong>de</strong> ênfase para a ativida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula, isto é, da posturapassiva <strong>do</strong>s nossos alunos, retira <strong>do</strong>s próprios alunos a c o-responsabilida<strong>de</strong> pela execução<strong>do</strong>s programas das disciplinas. Criamos, pela rotina das aulas, a imagem burocrática <strong>de</strong>


6dada". ^',bu'.ete-se aqui ente aspect: como um iator para a 's.eliriência dc; r,os;o' !^s nc .– "sos, -: : r r, rsabili;?: • : ,'•,s alums : • oriente t • via 3e reEinarar o4. esc. . .a sal: la. Vet . r t .. .e e•:; +e é fác_i .. cn<strong>de</strong>r a ••t,teqt- ae .••• • ,s, j não rjuao capa:~:•::(1cr•art. iecer ". • 'has erim..r.. et: queesp:. • : u eu-cent .: ofun.'r .. <strong>de</strong>w . asu. ,: c iltec ' ro imp::, • ,.a¡;• ' prr!• •? rr " com a . .. .?::o em. ,12 aula. :.'Stu seria r ,rmvação p.r;, iracor'' h, ifi re d' •. , res gr •_ .. .-r prex:., -s nos cu •., 1 ,.aQos <strong>de</strong> cursos<strong>br</strong>. .. r'or: •.• . ^rn er,;. • .ica <strong>de</strong> i- • •.. • . .::, <strong>do</strong>s c..J-tíc rlos, gr.e rr s.sos alurto z nr,opo:-;.:•e rr: :!ficie : . t tonon _".ectu • .. <strong>de</strong>se. ~ • "terra •. 'tiro!" <strong>de</strong>s textosdid;.ncia chit •••,.: .;r..posiç . _rand y. ,. crusida<strong>de</strong> •,• r:e aos ^a-.at,,;ne, _ . . t • .oar • t+rofe:.•u • , e,n it , reis rs ;,^n:rraçõF , :e fürmuln• e di:so', !:: :,;:e u<strong>do</strong> ,. . ser rr. , par, r• . .;cr.sos a:,. -. .-..,e retar: n. : . espons 3.'. . ^, qu° : le-•cria P : . .r <strong>de</strong> estt_.t.,ntcsum ui, r,. nos qt • I ti atir.t • . ' .: e Cicl ) • . , ' ;'; ofis,i•.; .: f', senão s;. :eladr ^r a': _ da • . src. <strong>de</strong>s:: ,; rc:amas` i: r, :: meth": !unção p,tr^ umpr „ -le dc , .:r as ;•r+ s cvrn:. :u_ s ds ,coos <strong>de</strong>tr pr_ iúv'.:' s aluno: r..- :•o aprerWrz. ;!ci^So, rossíN irelr salaelir red. . nas . . ., s par :ir' a - a cri». r rk+:<strong>de</strong> r;.m . • .,•n , • ss - , • „ ansid• ir.. z ,,ossit i •- sdc <strong>de</strong> , sdc, di .. . Ulnas •: , :, _ .I vidz ; :: r: tcia ;. r -us profr•.°••.lib; 'rorári .., . r


7quesito <strong>de</strong> número <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> aulas práticas. Citan<strong>do</strong> um único exemplo, o da instituição<strong>do</strong> autor, <strong>do</strong>s 130 tséditns necessários para se obter o diploma <strong>de</strong> bacharel em Física,apenas 10 são <strong>de</strong> aulas em laborató rios didáticos. Voltan<strong>do</strong> d coestão ria; custo, to<strong>do</strong>saqueles que realmente lidaram comi esses laberatórios sabeïrs, entretanto, que, com umesforço contirria<strong>do</strong>, goautias mo<strong>do</strong>.. tas e uma rt.tina <strong>de</strong> manutenção bem estabelecida,po<strong>de</strong>m^s <strong>do</strong> -los r.:.r experiências tAduticameote ficas. O ..ices irreal corr. os nossosparcos r.a'rsos é ? "cuida sistem4tica aos cs(áiogos <strong>de</strong> it:Arartentos iiidúücos", esteritual <strong>de</strong> tentativas trestradas <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> instrumentos com verbas que são"acenadas" ocasionalmente pelos órgãos responsáveis. Isto não significa que <strong>de</strong>veríamosesquecer a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verbas para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nosso ensino. Seexaminarmos as generosas folhas <strong>de</strong> pagamentos <strong>de</strong> nossas universida<strong>de</strong>s, atualmente nacasa <strong>do</strong>s bilhões <strong>de</strong> cruzeiros mensais, não estaria fora da rea lida<strong>de</strong> aumentarsubstanciaimente os fe:-ursos para laboratórios didáticos, com um enxugamento racional<strong>de</strong>ssas f,-,lhas. Portanro, acredita-se que a resposta para a pergunta inicial, <strong>do</strong> porquê parao número tão limita<strong>do</strong> <strong>de</strong> aulas práticas <strong>do</strong>s nossos cursos <strong>de</strong> Física, esteja fo rtementecorrelacionada com a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nosso compromisso pedagógico. Um laboratóriorequer t-atalho continua<strong>do</strong> e rotinas <strong>de</strong> manutenção. Ele não po<strong>de</strong> ser improvisa<strong>do</strong> noinício <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> letivo. Esta carência <strong>do</strong>s nossos curriculos, po rtanto, tem como um <strong>do</strong>sfatorec mor jantes o nosso próprio comportamento como corpo <strong>do</strong>cente, pelo menos nasuniversida<strong>de</strong>. púbicas,.Apresentamos a seguir urna proposta <strong>de</strong> laboratórios para o ciclo pro fissional <strong>do</strong>curso <strong>de</strong> Física, ora cio implantação por uma equipe <strong>de</strong> professores <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Físicada UT'iZJ'. Entre as metivações par% a proposta em curso, saizntaremes aqui apenasduas.1. Valorização <strong>do</strong> trabalho prático. Logo no início <strong>do</strong> ciclo profissional (5° perío<strong>do</strong>),quan<strong>do</strong> o aluno começa a se i<strong>de</strong>ntificar com 'seu curso <strong>de</strong> Física", é comum não existirespaço para traba!t.os práticos. Existem, som, muitas disciplinas inircdutórias aosforma'.ismos fisico-matemáticos. N.v quinto e sonso perío<strong>do</strong>s, os estudantes ainda nãoestão comprometi<strong>do</strong>s com as "opções para pós-graduação' e ainda respon<strong>de</strong>m aosestímuios sem compromissos imediatos. A inexistência <strong>de</strong> trabalhos práticos nessessemestres, sc nosso ver, cempror_io'c a postura pc°fissional <strong>do</strong> i::taro físico.2. Atualização tecnolórica. Os atuais laboratórios didáticos estão cont ribuin<strong>do</strong> para umaverdareira "barreira .lufarei" entre nosso aluncs e a realida<strong>de</strong> das tecnologias correntes,para não se falar <strong>do</strong> imenso abismo que existe entre esses laboratórios e os laboratórios<strong>de</strong> pesquisa universitários. Um aios propósitos <strong>do</strong> projeto é <strong>de</strong> atenuar este "gap",permitin<strong>do</strong> uma iniciação à linguagem <strong>do</strong>s dispositivos na época correta.Com estas metas, e atentan<strong>do</strong>-se para o fato <strong>de</strong> que seria impossível amontagem <strong>de</strong> laboratórios que a<strong>br</strong>angessem to<strong>do</strong> o elenco <strong>de</strong> te cnologias mo<strong>de</strong>rnas


8(dispositivos e processos), planejam-se três laboratórios para os três primeiros semestres<strong>do</strong> ciclo profissional, com sessões <strong>de</strong> quatro horas por semana.O primeiro laboratório seria uma introdução às técnicas <strong>de</strong> Eletrônica mo<strong>de</strong>rna,analógica e digital. O propósito principal seria <strong>de</strong> iniciar os estudantes ao tratamentoeletrônico da informação gerada por transdutores, e à codificação da mesma(quantificação ou digitalização) por processos digitais. Além <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> conversão,os trabalhos práticos com Eletrônica digital permitiriam uma iniciação ao "hardware"essencial para técnicas <strong>de</strong> interfaceamento entre computa<strong>do</strong>res e equipamentos.As práticas iniciais <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> laboratório estão relacionadas com técnicasópticas; uma área muito presente em tecnologias mo<strong>de</strong>rnas e que não recebe umtratamento atualiza<strong>do</strong> nos laboratórios <strong>de</strong> ensino. Preten<strong>de</strong>-se enfatizar conceitos <strong>de</strong>medidas ópticas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> filtros especiais até aplicações <strong>de</strong> coerência espacial e daespectroscopia interferencial.Este segun<strong>do</strong> laboratório seria complementa<strong>do</strong> por um conjunto <strong>de</strong> práticasrelacionadas às proprieda<strong>de</strong>s macroscópicas <strong>de</strong> materiais. A novida<strong>de</strong> aqui seria aparticipação <strong>do</strong> estudante na preparação das amostras, e <strong>de</strong> iniciação às técnicas <strong>de</strong>caracterização das mesmas. Trata-se <strong>de</strong> práticas que serão viabilizadas (construção emontagem) com equipamentos e/ou oficinas existentes no Instituto <strong>de</strong> Física, bemsemelhantes às existentes em muitas universida<strong>de</strong>s <strong>br</strong>asileiras.O terceiro e último laboratório será monta<strong>do</strong> para apresentação <strong>de</strong> fenômenosquânticos básicos e para iniciação à Física da radiação. Este é um laboratórioconvencional, comum à maioria <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Física e que exige maior investimento emequipamentos.Helio Salim <strong>de</strong> Amorico, Miguel Alexandre Novak, Ricar<strong>do</strong> Borges Banhem e Fernan<strong>do</strong><strong>de</strong> Souza Barros


WIP9Qual o Papel da Ciência na Formação Básica?João ZaneticInstituto <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo1. IntroduçãoNa conferência anterior Lizete Aularo pautou seu discurso so<strong>br</strong>e o mote "ocidadão como sujeito da história"^ 1). Declaro que o mesmo tema está subjacente a tu<strong>do</strong>que direi a seguir: encaro o cidadão contemporâneo, inclusive como aluno <strong>de</strong> nossasescolas, como um ativo participante na transformação social e não como um meroelemento <strong>de</strong> segunda categoria sujeita<strong>do</strong> pela história.Ainda pensan<strong>do</strong> no teor da conferência da Lizete, particularmente com relaçãoao <strong>de</strong>bate que a finalizou, ficou clara a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conscientizar nossa populaçãoquanto ao papel que cabe à escola pública nessa luta pela transformação <strong>de</strong> nossasocieda<strong>de</strong>. Apenas para dar um exemplo das dificulda<strong>de</strong>s que encontraremos nesseterreno - o <strong>de</strong> trazer a população para a luta na <strong>de</strong>fesa e pela melhoria das condições <strong>de</strong>ensino da escola pública - basta mencionar que, no município <strong>de</strong> São Paulo, numaenquete recentemente realizada que buscava localizar as priorida<strong>de</strong>s da populaçãopaulistana, a educação ficou num distante sétimo lugar. Esse resulta<strong>do</strong> é, e não é,espantoso. E, na medida em que acredito na importância da educação na formação básica<strong>do</strong> cidadão contemporâneo. Não é, quan<strong>do</strong> tomamos por base as lamentáveis condições<strong>de</strong> vida, ou melhor, <strong>de</strong> so<strong>br</strong>evivência em que se encontra a maioria da população e <strong>do</strong>bombar<strong>de</strong>io "educacional" perpetra<strong>do</strong> pelos diversos meios <strong>de</strong> comunicação,particularmente a televisão, caixa <strong>de</strong> Pan<strong>do</strong>ra que ainda é um animal não <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>apesar <strong>de</strong> estar mais presente nos lares <strong>do</strong> que "o melhor amigo <strong>do</strong> homem".2.0 papel tradicionalmente atribuí<strong>do</strong> à ciência na formação básica.Ao iniciar a preparação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta conferência, preocupei-me em tentaraban<strong>do</strong>nar o lugar-comum das respostas freqüentemente dadas à pergunta-tema: "Qual opapel da ciência na formação básica?" Creio que não consegui realizar bem meu intento eassim ofereço aqui o rascunho da minha preparação.E comum respon<strong>de</strong>rmos a essa questão apelan<strong>do</strong> a várias dimensões,presumidas como importantes para o cidadão contemporâneo compreen<strong>de</strong>r a ciência. Eisalgumas <strong>de</strong>las:


loi. vivemos numa época fortemente influenciada/<strong>de</strong>terminada pela ciência; é o"homo cientificus", categoria aparentemente superior <strong>do</strong> "homo sapiens";ii. a natureza é basicamente explicada pela ciência, isto é, esta permite umdiálogo inteligente com aquela;iii. a tecnologia, presente na nossa realida<strong>de</strong>, é fortemente lastreada na ciência;iv. o méto<strong>do</strong> cientffico po<strong>de</strong> ser facilmente transferível para outras ativida<strong>de</strong>shumanas;v. a ciência favorece o uso <strong>do</strong> discurso racional, da razão;vi. a ciência permite um diálogo com o cotidiano vivencia<strong>do</strong>;vii. a ciência enriquece e promove a imaginação;viii. a ciência <strong>de</strong>sperta a observação cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> trabalho com aexperimentação;ix. a Ciência promove o pensamento critico;x. a Ciência favorece a luta pela transformação social;xi. a Ciência tem... mil e uma utilida<strong>de</strong>s.Acredito que ninguém <strong>de</strong>scartará esses papéis da Ciência na formação básica.Certamente alguns enfatizarão mais uns <strong>do</strong> que outros ou ainda acrescentarão mais itensa essa lista. Quer referencia<strong>do</strong>s à Física, Química ou Biologia, papéis como estes sãopermanentemente menciona<strong>do</strong>s.Po<strong>de</strong>ria terminar a palestra neste ponto, acrescentan<strong>do</strong> apenas algumaspon<strong>de</strong>rações so<strong>br</strong>e o que po<strong>de</strong>ria ser entendi<strong>do</strong> por cidadão, Ciência e formação básica.Este XI SNEF, realiza<strong>do</strong> agora em 1991, representa a maiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes nossosencontros, já que o primeiro realizou-se há exatamente 21 anos(2). Em to<strong>do</strong>s essessimpósios, a atribuição <strong>de</strong> tais papéis à Física era uma constante. No entanto, cabe aquiuma pergunta: será que algum <strong>de</strong>sses itens aí lista<strong>do</strong>s é realmente atingi<strong>do</strong> em nossassalas <strong>de</strong> aula? Eu diria que não. E provável que se nessa lista estivesse o papel da"Ciência ser necessária para realizar os exames vestibulares", este seria o único item que,em <strong>de</strong>terminadas situações, seria aponta<strong>do</strong> como plenamente ou parcialmente, atingi<strong>do</strong>pelo ensino <strong>de</strong> fisica. Isto seria satisfatório?


113. Crítica ao ensino <strong>de</strong> Ciência.Nestes últimos dias, estive len<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> volume da autobiografia <strong>do</strong> escritorbúlgaro-austríaco Elias Canetti. Trata-se <strong>de</strong> seu livro Uma luz em meu ouvi<strong>do</strong>. Como olivro refere-se ao perío<strong>do</strong> da juventu<strong>de</strong> <strong>do</strong> autor, nele se encontram muitas passagensreferentes às suas experiências educacionais. Narra, por exemplo, a insistência <strong>de</strong> sua mãepara que seguisse uma carreira científica, o estu<strong>do</strong> da Química. Ele <strong>de</strong>ixa claro que nãoera sua inclinação natural, porém nessa época"...ainda alimentava o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber e me apropriar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que valia a penaconhecer no mun<strong>do</strong>.. "(3)Apesar <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer todas as áreas <strong>do</strong> saber e estar disposto aapren<strong>de</strong>r algo so<strong>br</strong>e a Química, Canetti não guarda boas lem<strong>br</strong>anças <strong>de</strong> seu professor edas aulas <strong>de</strong> Química, como po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> suas palavras:.. pouco me so<strong>br</strong>ou <strong>de</strong> suas aulas além das fórmulas da água e <strong>do</strong> áci<strong>do</strong>sulfúrico e seus movimentos, durante as poucas experiências que ele nos <strong>de</strong>monstrou, meenchiam <strong>de</strong> repugnância."(3)E o que ficou como visão da Química? Ele próprio respon<strong>de</strong>:"...em vez <strong>de</strong> adquirir uma pequena noção <strong>de</strong> Química, ficou-me um verda<strong>de</strong>irovácuo <strong>de</strong> conhecimentos. 43)Será que o professor <strong>de</strong> Química <strong>de</strong> Canetti era tão mau assim ou ele atribui aomensageiro uma crítica que <strong>de</strong>ve ser dirigida à mensagem? Claro que há professores quenos inspiram as mais negativa reações. Lem<strong>br</strong> o-me <strong>de</strong> vários professores das mais diversasáreas <strong>do</strong> conhecimento, que não podiam estar <strong>de</strong>sempenhan<strong>do</strong> a tarefa <strong>de</strong> iniciar alguémno ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelar um mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> escondi<strong>do</strong> por trás da aparência ingênua <strong>do</strong>audível, visível e palpável. Mas havia também aqueles esforça<strong>do</strong>s e organiza<strong>do</strong>s quetambém não conseguiam <strong>de</strong>spertar em seus alunos a menor chama <strong>de</strong> interesse. Amensagem que eles tentavam passar para sua turma não era <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> algum a<strong>de</strong>quada.Não é comum ouvirmos as queixas <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes <strong>de</strong> hoje contra as aulas <strong>de</strong> Física,Matemática, Química, como também contra as <strong>de</strong> História, Português e Educação Física?Todas as disciplinas são criticadas, mas as exatas ganham a disputa <strong>de</strong> qual é a mais<strong>de</strong>testada. Não seria a mensagem, o conteú<strong>do</strong> escolar, as informações processadas pelaescola que estariam fora <strong>de</strong> lugar?


12E claro que não se po<strong>de</strong> ignorar o fato <strong>de</strong> que vivemos, por diferentesmotivações, um perío<strong>do</strong> em que a busca "<strong>de</strong>sinteressada" <strong>do</strong> conhecimento passa por umacrise. Não vou me a<strong>de</strong>ntrar nesse tema agora. Porém, acredito que esse vazio <strong>de</strong>conhecimento <strong>de</strong>va-se também à escolha <strong>de</strong> temas, à sua não contextualização, seja comrelação ao cotidiano vivencia<strong>do</strong> por quem está sen<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> numa <strong>de</strong>terminada área <strong>do</strong>saber, seja com relação à evolução <strong>do</strong> conhecimento acumula<strong>do</strong> ao longo da História.O que Canetti i<strong>de</strong>ntificou em seu professor <strong>de</strong> Química po<strong>de</strong> ser relaciona<strong>do</strong> às"idéias inertes" salientadas por Whitehead em sua crítica a uma educação não significativapara o aluno e também, certamente, para o professor. São essas conceituações "vazias",pretensamente substantivas que, através da educação formal praticada em nossas escolas,é "<strong>de</strong>positada" nas cabeças pretensamente vazias das crianças e a<strong>do</strong>lescentes, "à laeducação bancária", criticada por Paulo Freire...Saben<strong>do</strong> que o 2° grau é fortemente influencia<strong>do</strong> pelos exames vestibulares,cumpre o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> física que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> <strong>do</strong>s últimos exames algum <strong>do</strong>s elementosque compõem o quadro acima indica<strong>do</strong>? Se tomarmos também os livros didáticos maisvendi<strong>do</strong>s como medida <strong>do</strong> que ocorre em sala <strong>de</strong> aula, ce rtamente a resposta éextremamente negativa.Aqui é preciso fazer justiça a alguns <strong>do</strong>s autores <strong>de</strong>sses livros didáticos quealertam no prefácio que:"O livro é <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aos estudantes que, em suas futuras carreiras e em suaformação profissional, irão precisar da Física e àqueles que <strong>de</strong>verão enfrentar os examesvestibulares ao fim <strong>do</strong> seu curso <strong>de</strong> 2° grau"(4)O problema é que tais livros acabam sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s não apenas nos cursinhos -uma aberração <strong>de</strong> nosso sistema educacional - mas também nas escolas <strong>de</strong> 2° grau que<strong>de</strong>veriam estar voltadas para a educação científica básica. Acredito que a forma<strong>do</strong>minante <strong>de</strong> ensino, baseada nos conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sses livros, é responsável pelo vazio <strong>de</strong>conhecimento, pelas idéias inertes, acima menciona<strong>do</strong>s.Einstein também não tecia comentários muito favoráveis à instrução científica -seu curso superior - <strong>de</strong> sua época, como atestam suas palavras:.. como estudantes, éramos o<strong>br</strong>iga<strong>do</strong>s a acumular essas noções em nossasmentes para os exames. Esse tipo <strong>de</strong> coerção tinha (para mim) um efeito frustrante.Depois <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> nos exames finais, passei um ano inteiro durante o qualqualquer consi<strong>de</strong>ração so<strong>br</strong>e problemas científicos me era extremamente <strong>de</strong>sagradável.Porém, <strong>de</strong>vo dizer que na Suíça essa coerção era bem mais <strong>br</strong>anda que em outros países,on<strong>de</strong> a verda<strong>de</strong>ira criação científica é completamente sufocada... Na verda<strong>de</strong>, é quase um


13milagre que os méto<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> instrução não tenham extermina<strong>do</strong> completamentea sagrada se<strong>de</strong> <strong>do</strong> saber, pois essa planta frágil da curiosida<strong>de</strong> cientifica necessita, além <strong>de</strong>estímulo, especialmente liberda<strong>de</strong>; sem ela fenece e morre. É um grave erro supor que asatisfação <strong>de</strong> observar e pesquisar po<strong>de</strong> ser promovida por meio da coerção e da noção <strong>do</strong><strong>de</strong>ver."(5)Como alterar essa situação? Como lidar com esse para<strong>do</strong>xo? A área <strong>do</strong> sabertida como a mais importante (pelo menos segun<strong>do</strong> o referencial <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong>Ciência) é a menos amada pelos alunos!Como e por quê, apesar da constatação <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>ficiência, essa forma e esseconteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciência são tão fortes e pre<strong>do</strong>minantes? É por causa da moda, dainércia educacional, <strong>do</strong> vestibular, <strong>do</strong>s baixos salários, da classe <strong>do</strong>minante?4.0 Latim e o ensino <strong>de</strong> Ciência.Outro dia, ainda pensan<strong>do</strong> no preparo <strong>de</strong>sta palestra, li um artigo <strong>de</strong> ErnstMach, basea<strong>do</strong> numa conferência por ele proferida a professores secundaristas alemães,em 1886. Mach abordava os papéis <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong> latim e das Ciências, comparan<strong>do</strong> asrazões apresentadas em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> primeiro e comentan<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> introdução <strong>do</strong>ensino das segundas.Apesar <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> um filósofo conserva<strong>do</strong>r, tanto é que seu méto<strong>do</strong> foicritica<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, por Lenin em seu Materialismo e empiriocriticismo(6) e, por outro,por Einstein em suas Notas autobiográficasts} . Mach é um intelectual importante para osque se <strong>de</strong>dicam à Física, seu ensino, sua história e sua filosofia. Em particular, sua o<strong>br</strong>amais fundamental, The science of mechanics, publicada em 1893, exerceu forte influênciaso<strong>br</strong>e os físicos que foram responsáveis pelas mudanças ocorridas na Física no começo<strong>de</strong>ste século, como reconhece Einstein na o<strong>br</strong>a acima mencionada. Mach também foi um<strong>de</strong>fensor da introdução da Ciência na educação geral.Pelo artigo <strong>de</strong> Mach, apren<strong>de</strong>mos que o latim teria si<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong> naeducação pela Igreja Católica e junto com ele, e através <strong>de</strong>le, veio o ensino <strong>de</strong> toda acultura antiga e posteriormente também a medieval. Era a língua oficial <strong>do</strong>s "scholars" edas escolas. Fazia o papel que hoje é, <strong>de</strong> certa forma, <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelo inglês. Asgran<strong>de</strong>s o<strong>br</strong>as eram escritas em latim. Newton, por exemplo, no foral <strong>do</strong> século XVII,escreveu seu livro fundamental, 'Principia, em latim. Por diversas razões, até porinfluência da no<strong>br</strong>eza que se sentia marginalizada, pois não o entendia, o latim foi fican<strong>do</strong>restrito aos profissionais que se <strong>de</strong>dicavam ao estu<strong>do</strong> das civilizações da Antigüida<strong>de</strong>.Havia também outras razões que levavam ao aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong>ssa lingua como idioma culto


14universal. Galileu, por exemplo, escreveu suas duas últimas o<strong>br</strong>as, Diálogos e Discursos,em italiano, pois pretendia, assim proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, atingir um maior número <strong>de</strong> estudiosos.Apesar da utilização <strong>de</strong> outras linguas no interior das escolas, o latim,juntamente com o grego, permaneceu no currículo tradicional com papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque,equivalente ao das Ciências na época contemporânea. Aliás, até há bem poucos anos,mesmo entre nós, aqui no Brasil, o latim marcava sua presença, já não como o eixo <strong>do</strong>currículo, mas como aprendiza<strong>do</strong> necessário para a formação geral <strong>de</strong> qualquer indivíduo.Nas escolas eram ensina<strong>do</strong>s, e <strong>de</strong>cora<strong>do</strong>s, os paradigmas das <strong>de</strong>clinações.Mach afirma que, além da forte motivação "oorporativista", os que <strong>de</strong>fendiam oensino <strong>do</strong> latim, no final <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, atribuíam-lhe um papel que indicava os "bonsresulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tal instrução". Diz Mach:"... o resulta<strong>do</strong> principal obti<strong>do</strong>, peto atual méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> estudar línguas antigas(latim e grego), é que... aguça-se a atenção e aprimora-se o exercicio <strong>do</strong> julgamento pelaprática <strong>de</strong> subsumir casos particulares sob casos gerais, e <strong>de</strong> distinguir entre diferentescasos."(7)Mach atribula ao ensino <strong>de</strong>ssas linguas antigas, particularmente <strong>do</strong> latim, duasdimensões que se complementavam:i. meto<strong>do</strong>lógicaü. conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> conhecimento das civilizaçõesPorém nessa época a Ciência já participava na transformação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e nasua explicação. Dai a <strong>de</strong>fesa que Mach faz da sua inserção na educação geral. Para ele, aCiência, no que <strong>de</strong>z respeito principalmente à dimensão "conteú<strong>do</strong>", começava a ser maisimportante que o latim, pois, sem a Ciência,"... um homem permanece um estrange iro total no mun<strong>do</strong> em que vive, umestrangeiro da civilização <strong>de</strong> seu tempo..."(8)Mas ele adianta que não é apenas por favorecer esse entendimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> esua civilização que a Ciência (Matemática, Física, Química e Biologia) é importante. Paraele, é igualmente básico"... o cultivo formal que vem <strong>de</strong>stes estu<strong>do</strong>, o fortalecimento da razão e <strong>do</strong>julgamento, o exercício da imaginação. 8)


15Mach chama a atenção para o fato <strong>de</strong> que não se podia mais continuar<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o ensino <strong>do</strong> latim com base no exercício <strong>do</strong> julgamento, da razão, uma vezque.. obviamente o mesmo resulta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser obti<strong>do</strong> por outros meios, porexemplo, por jogos complica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ca rtas. Toda Ciência, a Matemática e as CiênciasFísicas aí incluídas, cumpre igualmente, se não melhor, neste disciplinamento <strong>do</strong>julgamento "(g)Mencionei acima que o latim foi se <strong>de</strong>scaracterizan<strong>do</strong> como motor da educaçãogeral, restan<strong>do</strong> apenas os paradigmas das <strong>de</strong>clinações. Thomas Kuhn utiliza o conceito <strong>de</strong>"paradigma" para procurar compreen<strong>de</strong>r a evolução das teorias científicas e dasconceituações nelas envolvidas. Ele <strong>de</strong> ixa claro que o conceito <strong>de</strong> paradigma que advoga édiferente <strong>do</strong> paradigma <strong>do</strong> latim. Porém, a forma <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física não seaproxima mais <strong>do</strong> paradigma <strong>do</strong> latim, da aprendizagem <strong>de</strong>corada <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong>regras e <strong>de</strong>clinações, <strong>do</strong> que <strong>do</strong> paradigma kuhniano? AfinalF=m arosa rosae rosamb a banão guardam fortes semelhanças entre si? Po<strong>de</strong>mos também dizer que, se oobjetivo da aprendizagem <strong>de</strong> Ciência é o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> raciocínio lógico, daobservação, da razão, isso po<strong>de</strong>rá ser igualmente atingi<strong>do</strong> através <strong>de</strong> jogos bemescolhi<strong>do</strong>s, como enfatizava Mach com relação ao ensino <strong>de</strong> latim. Pelo menos se ria bemmais diverti<strong>do</strong>!5.0 papel da Ciência na formação básica.Acredito que o papel que po<strong>de</strong>mos at ribuir à Ciência, na formação básica <strong>do</strong>cidadão contemporâneo, não é cumpri<strong>do</strong> pelo mo<strong>do</strong> <strong>do</strong>minante <strong>de</strong> se ensinar Ciência.Para reverter essa situação, vários cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser toma<strong>do</strong>s. Listarei alguns queconsi<strong>de</strong>ro cruciais.i. E necessário relacionar o conteú<strong>do</strong> científico com temas significativos aocidadão contemporâneo. Para tantó temos que abordar em nossas aulas tópicos atuais daCiência. Afinal, estamos nos aproximan<strong>do</strong> <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XX e a Ciência nele<strong>de</strong>senvolvida ainda não foi para a sala <strong>de</strong> aula!


16ü. Mesmo que partamos da premissa <strong>do</strong> papel transforma<strong>do</strong>r da Ciência, oumelhor, que favoreça a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vemos ter em menteos diferentes cidadãos que temos em nossas salas <strong>de</strong> aula: o mais volta<strong>do</strong> para os aspectospráticos (<strong>de</strong>smontar aparelhos), o mais inclina<strong>do</strong> a divagações inteligentes (que elaborapoesias), o sonha<strong>do</strong>r (que filosofa), o lógico, o <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>... A Ciência tem conteú<strong>do</strong>,história e méto<strong>do</strong> para agradar a qualquer um <strong>de</strong>les, basta encontrar o caminho.iii. E preciso construir um conteú<strong>do</strong> científico que possibilite oferecer umquadro da evolução <strong>do</strong> conhecimento, a passagem da visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> antiga para acontemporânea. Não po<strong>de</strong>mos continuar a ensinar só a Cinemática <strong>de</strong> forma estática,precisamos acabar com essa inércia!iv. Devemos enfatizar os diferentes méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trabalho utiliza<strong>do</strong>s no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> conhecimento cientifico.v. Precisamos trabalhar também com problemas interdisciplinares.vi. Devemos procurar relacionar a Ciência com outras áreas da cultura.vii. Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> levar em consi<strong>de</strong>ração a visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ascrianças e a<strong>do</strong>lescentes levam p ara a sala <strong>de</strong> aula e que, certamente, interagirá com avisão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> que buscamos trabalhar na sala <strong>de</strong> aula. Ou seja, não po<strong>de</strong>mos ignorar osresulta<strong>do</strong>s das pesquisas com as concepções alte rnativas.Acredito, enfim, que a aprendizagem da Ciência não po<strong>de</strong> prescindir <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>da história e da filosofia da Ciência, tanto na formação <strong>do</strong>s professores quanto em nossasescolas <strong>de</strong> 1° e 2° graus. Essa abordagem facilitará a ponte entre a expe riência"humanista" antiga e a "científica" contemporânea.Atualmente a tendência <strong>de</strong> se ensinar a história e a filosofia da Ciência temaumenta<strong>do</strong> em várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, um estu<strong>do</strong> recente <strong>de</strong>stacaque"Chegamos à conclusão singular <strong>de</strong> que a associação com a história po<strong>de</strong> ser ocaminho mais promissor pelo qual a Ciência po<strong>de</strong> salvar-se <strong>de</strong> ser subjugada pelos seussucessos tecnológicos."(9)E, para oferecer mais um exemplo <strong>de</strong>ssa tendência, menciono uma reformaeducacional recentemente ocor rida na Dinamarca. O parlamento dinamarquês, em junho<strong>de</strong> 1987, aprovou uma extensa reforma <strong>do</strong> sistema escolar secundário. Essas reformas, queentraram em execução a pa rtir <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1988, atingiram principalmente o ensino <strong>de</strong>


t 7Ciências. Uma das motivações para tal reforma, no tocante ao ensino <strong>de</strong> Física, <strong>de</strong>veu-seao fato <strong>de</strong> que:"...a maioria <strong>do</strong>s estudantes da escola secundária superior da Dinamarcaconsi<strong>de</strong>ram a Física muito difícil não relacionada com outras matérias da escola e compouca conexão com a vida real."d0)Assim, o que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa reforma é uma mudança <strong>do</strong> vetor pedagógico:<strong>de</strong> um ensino <strong>de</strong> Física centra<strong>do</strong> na Ciência para a apresentação da Física como umaativida<strong>de</strong> humana e como um instrumento que auxilie na compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em quevivemos. Para tanto resolveram reduzir as características mais técnicas <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong>Física, permitin<strong>do</strong> a introdução <strong>de</strong> cinco novas dimensões:"1. a Física e o mun<strong>do</strong> que nos cerca;2. a visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> da Física;3. exemplos da tecnologia mo<strong>de</strong>rna;4. a relação Física-tecnologia-socieda<strong>de</strong>;5. história e filosofia da Física." (11)Essa proposta <strong>de</strong> mudança <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física da Dinamarca sofreu fortesinfluências <strong>do</strong> Projeto Harvard, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> no final da década <strong>de</strong> 60 nos Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s com ênfase na utilização da história da Física, e das idéias <strong>de</strong> Thomas Kuhn,popularizadas através <strong>de</strong> seu Livro A estrutura das revoluções científicas.Outros exemplos recentes po<strong>de</strong>riam ainda ser menciona<strong>do</strong>s, porém creio que oque foi apresenta<strong>do</strong> já dá uma idéia <strong>do</strong> papel que atribuo à Ciência na formação básica.6. ConclusãoPara finalizar e dar um fecho a algumas das inquietações expostas nestaconferência, reafirmo a convicção <strong>de</strong> que, se se pensa numa educação que favoreça acompreensão da organização social reinante e sua transformação no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aliviar acanseira humana, a Ciência trabalhada na escola não po<strong>de</strong> ser neutra, meramente técnica,preparatória para estu<strong>do</strong>s posteriores, etc. Ela tem que ser construída <strong>de</strong> tal forma apermitir que o cidadão contemporâneo se realize na tarefa <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r/transformara organização social <strong>do</strong>minante. A Ciência po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve participar <strong>de</strong>sse empreendimento.Por outro la<strong>do</strong>, paralelamente ao ensino das conceituações básicas, suasferramentas matemáticas e laboratoriais, é necessário situar o conhecimento científicocomo um saber em <strong>de</strong>senvolvimento. Esta visão da Ciência, como um produto e também


18como um processo, está distante da visão linear e lógica, fo rnecida pelos bons livrosdidáticos que, neste senti<strong>do</strong>, distorcem a evolução <strong>do</strong> pensamento científico.A Ciência, bem trabalhada na escola, tem tu<strong>do</strong> para ser um instrumento que sea<strong>de</strong>que tanto ao pensa<strong>do</strong>r diurno, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelo pensamento e discurso racionais, comoao pensa<strong>do</strong>r noturno, marca<strong>do</strong> pelo pensamento imaginário e sonha<strong>do</strong>r, utilizan<strong>do</strong> aquias idéias <strong>de</strong> Gaston Bachelard. A Ciência, construção essencialmente calcada no discursoracional, tem tu<strong>do</strong> para satisfazer urn pensamento que apela para o fantástico, para aimaginação, para o vôo <strong>do</strong> espirito. E preciso fazer a ponte entre as chamadas "duasculturas", a científica e a humanista, sugerida ironicamente por Dostoievski:"- Vamos senhores, que vonta<strong>de</strong> restará quan<strong>do</strong> ficarmos reduzi<strong>do</strong>s às tábuas <strong>de</strong>logaritmos e à aritmética, quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> for uma questão <strong>de</strong> 2 e 2 são 4? 2 e 2 são 4in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> minha vonta<strong>de</strong>. A vonta<strong>de</strong> é outra coisa.(...)Concor<strong>do</strong> que 2 e 2 são 4 é uma coisa excelente; mas, se cumpre ren<strong>de</strong>rhomenagem a tu<strong>do</strong>, então direi que 2 e 2 são 5 às vezes, também é uma coisinhaencanta<strong>do</strong>ra. "(12)Ou como diria Caetano Veloso:"Meu amor,tu<strong>do</strong> em volta está <strong>de</strong>sert o,tu<strong>do</strong> certo.Tu<strong>do</strong> certo como <strong>do</strong>is e <strong>do</strong>is são cinco!" (13)OBS. texto basea<strong>do</strong> nas notas utilizadas durante a conferência.Referências1. Lizete Aularo. O que se espera da escola pública na formação básica <strong>do</strong> cidadão.Conferência no <strong>IX</strong> SNEF, 21/01/1991.2. 0 I SNEF realizou-se em janeiro <strong>de</strong> 1970 no Instituto <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo.3. Elias Canetti. Uma luz no meu ouvi<strong>do</strong>. Companhia das Letras, 1989, pág. 107.4. Ramalho, Nicoulau e Tole<strong>do</strong>. Os fundamentos da Física. Mecânica 1. Ed. Mo<strong>de</strong>rna, 5'edição, 1989.


195. Albert Einstein. Notas bibliográficas. Ed. Nova Fronteira, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2 a edição,1982, págs 25/26.6. Vla<strong>de</strong>mir Lenin. Materialismo e einpiriocriticismo. Várias edições.7. Ernst Mach. Popular scientific lectures. Open Court publishing, 1910, 4° edição, pág,357.8. I<strong>de</strong>m, ref. 7, pág 359.9. J.L. Heil<strong>br</strong>on. Applied History of Science. Isis, 78, 1987, pág. 559.10. H. Nilsen e P. Thomsen. History and philosophy of science in physics education. Int. J.Sci. Educ., vol. 12, n° 3, 1990, pág. 308.11. I<strong>de</strong>m, ref. 10. pág. 309.12. F. Dostoievsky. Notas <strong>do</strong> subterrâneo. Ed. Bertrand <strong>do</strong> Brasil, 1989, págs. 43/44,47.13. Caetano Veloso. Canção "Meu Amor". Toma<strong>do</strong>s <strong>de</strong> lem<strong>br</strong>ança.


20A Situação <strong>do</strong> Magistério <strong>de</strong> 1 0 e 20 Graus no BrasilDeputa<strong>do</strong> Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> PintoEu não tenho dúvidas <strong>de</strong> que, mesmo antes <strong>de</strong> iniciar minha fala, o público aquipresente já <strong>do</strong>mina o teor central <strong>de</strong>sta exposição. Para quem é <strong>do</strong> ramo, a extremapenúria em que vive o magistério e o processo cada vez acentua<strong>do</strong> <strong>de</strong> aviltamento salarialque caracteriza a categoria não são novos, nem mesmo recentes.Para tratar <strong>de</strong>sta questão temos que ter claro que, só para termos um da<strong>do</strong>como ponto <strong>de</strong> partida, em 1989, enquanto os professores <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro percebiamtal qual os <strong>de</strong> Bombaim na Índia apenas 1.600 dólares, em Gene<strong>br</strong>a e Zurique atingiamsesalários <strong>de</strong> 57.300 e 53.900 dólares, respectivamente. (JB - 29.03.89)Os professores, que com o processo <strong>de</strong> privatização <strong>do</strong> ensino que, como nunca,se intensificou a partir da Ditadura Militar viram, como ninguém, a <strong>de</strong>gradação da EscolaPública e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> suas condições <strong>de</strong> trabalho e a sua <strong>de</strong>preciaçãoprofissional.Amplian<strong>do</strong>-se as vagas no então ensino primário para aplacar a possívelcontestação ao regime por parte <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res (afinal, escola pública era uma <strong>de</strong> suasreivindicações), os governos militares combinaram a esta politica uma outra que passou ainviabilizar o funcionamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da re<strong>de</strong> pública: o subsídio aos empreendimentospriva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensino reduzin<strong>do</strong> ao extremo as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma so<strong>br</strong>evivência dignapara o ensino oficial.Hoje, os efeitos <strong>de</strong>ste esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas já não po<strong>de</strong>m ser dissimula<strong>do</strong>s. Omagistério per<strong>de</strong> seus quadros e a profissão vai cain<strong>do</strong> em <strong>de</strong>suso.Alguns da<strong>do</strong>s:27.02.90;. em apenas um dia 500 professores pe<strong>de</strong>m exoneração <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> - JB <strong>de</strong>. o curso <strong>de</strong> letras da PUC/Rio a<strong>br</strong>iu 160 vagas e apenas 140 candidatos seinscreveram - JB <strong>de</strong> 27.11.90;. a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação, também da PUC/Rio, que antes formava 3 turmas<strong>de</strong> 40 alunos cada, hoje tem 18 alunos numa única turma - JB <strong>de</strong> 27.11.90;


21. os cursos <strong>de</strong> Geografia e Física da UERJ apresentam uma relação <strong>de</strong> menos <strong>de</strong>2 candidatos por vaga - JB <strong>de</strong> 27.11.90;. ao último concurso <strong>de</strong> Ingresso <strong>do</strong> Magistério para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiroinscreveram-se apenas 15.000 candidatos quan<strong>do</strong> em outras ocasiões já se atingiu mais <strong>de</strong>60.000 candidatos. E temos ainda que neste último concurso incluiam-se as disciplinas <strong>de</strong>Sociologia e Espanhol com medida pioneira no Esta<strong>do</strong>;. a UFRJ oferece 25 licenciaturas todas elas com vagas ociosas.Um da<strong>do</strong> também bastante cu rioso, para não dizer preocupante, é o que nosrevela Isabel Alice Lelis em sua pesquisa "A formação da professora primária: da<strong>de</strong>núncia ao anúncio": 80% das professorandas entrevistadas pela pesquisa<strong>do</strong>rapreten<strong>de</strong>m cursar o <strong>Ensino</strong> Supe rior em outras áreas que não o <strong>do</strong> magistério. O CursoNormal para a maio ria é apenas uma possibilida<strong>de</strong> para a sua ascensão social já queapenas 30% <strong>de</strong>las são filhas <strong>de</strong> profissionais que possuem formação supe rior.Do Magistério no entanto, daquelas que ainda resistem, temos recebi<strong>do</strong>algumas lições <strong>de</strong> que insistem na luta por uma escola pública <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e<strong>de</strong>mocrática.A Assembléia Estadual Constituinte no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro foi umexemplo <strong>de</strong> como se conseguiu interferir, pela pressão <strong>de</strong> alunos, funcionários eprofessores, principalmente da UERJ, e se obter um texto bem melhor <strong>do</strong> que se po<strong>de</strong> riaesperar diante <strong>do</strong> perfil extremamente conse rva<strong>do</strong>r da maioria <strong>do</strong>s parlamentares.O que é urgente mesmo, para que o Magistério pense em ultrapaccar estemomento perverso e prolonga<strong>do</strong> em que se vê comprimi<strong>do</strong> entre a <strong>de</strong>sesperança, arevolta e o <strong>de</strong>sistímulo é que consigamos junto a nossas entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe e aos <strong>de</strong>maissindicatos <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res romper esse impasse. A <strong>de</strong>nuncia precisa ser substituída peloanúncio da Politica Educa cional que interessa aos trabalha<strong>do</strong>res e a seus filhos.O corporativismo precisa ser substituí<strong>do</strong> por um sindicalismo classista que vejacomo é precária e insuficiente uma atuação que se caracterize apenas pela resistência eoposição. Os interesses maiores <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res têm que permear a ação <strong>do</strong>sprofessores enquanto categoria.O contexto, sabemos, é . extremamente adverso. O autoritarismo que, comrequintes se apossou <strong>de</strong> Brasília, não traz uma política explicita e formalizada para o setoreducacional. E, mesmo se o fizesse, sabemos que rumos tomaria e a quem viria beneficiar.


^22Que saibamos colocar em prática todas as nossas táticas <strong>de</strong> convencimento juntoaos <strong>de</strong>screntes! Ou vamos adiante, crian<strong>do</strong> e recrian<strong>do</strong> formas <strong>de</strong> mobilização, ouestaremos a assistir em pouco tempo algum professor menos avisa<strong>do</strong> apagan<strong>do</strong> as luzesda última sala <strong>de</strong> aula pública em nosso país...


CURSOS23


25Curso: Ciência e FilosofiaProf. José Glauco TostesObjetivo:Fornecer uma visão globalizante das c riticas contemporâneas ao méto<strong>do</strong>científico, aí incluída a discussão <strong>do</strong>s papéis da metafísica e <strong>do</strong> ceticismo em Ciência. Apartir daí, preten<strong>de</strong>-se examinar o tronco da Ciência Galileana, na sua estrutura inicial ena sua particular estratégia <strong>de</strong> adaptação às criticas acima mencionadas. A a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>princípios antrópicos em Cosmologia e <strong>de</strong> interpretações não realistas em MecânicaQuântica são a seguir analisadas, sempre por contraste com o tronco Galileano. Alinguagem empregada será a mais qualitativa possível, com ênfase nos conceitos e não emformalismos teóricos.ProgramaDia 22/01/91Filosofia da Ciência no Séc. XXCiência no séc. X<strong>IX</strong>, empi rismo, indução, verda<strong>de</strong>. Ciência e verda<strong>de</strong>; Círculo<strong>de</strong> Viena, K. Popper, T. Kuhn: a c ritica <strong>do</strong> critério <strong>de</strong> va lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> teorias científicas.Ciência e metafísica; a inevitabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressupostos metafísicos em Ciência; exemplos.Ciência e lógica, o ceticismo; circularida<strong>de</strong> e regressão. Pluralismo e fragmentação <strong>de</strong>conhecimento.Dia 23/01/91A Ciência GalileanaPensamento oci<strong>de</strong>ntal mo<strong>de</strong>rno; Ciência e imanência. O postula<strong>do</strong> daobjetivida<strong>de</strong> galileana. Empirismo. Critério da simplicida<strong>de</strong>. Mecânica Clássica: oparadigma da Ciência Natural. A sintaxe única da natureza; reducionismo; Química eTermodinâmica. Séc. XX: relaxamento <strong>do</strong> critério empírico. Cosmologia: o critério dasimplicida<strong>de</strong> "mecaniza<strong>do</strong>". A critica a "<strong>de</strong>svios" antropocêntricos em Cosmologia eMecânica Quântica.Dia 24/01/91Cosmologia = princípio antróvico


26Princípio Cosmológico Antrópico; Dirac, B. Ca rter. Contra-interpretaçõesGalileanas. O problema da "que<strong>br</strong>a' das leis da Física; a saída quântica. A procura dagran<strong>de</strong> teoria unificada. Existem leis da natureza?Dia 25/01/91Mecânica QuânticaAs interpretações <strong>de</strong> Bohr e Von Newman. O problema <strong>de</strong> medida emMecânica Quântica; o para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong> gato <strong>de</strong> Schrodinger. A interpretação realista <strong>de</strong>Einstein. As correlações <strong>de</strong> Einstein-Po<strong>do</strong>lsky-Rosen; a experiência <strong>de</strong> A. Aspect; arealida<strong>de</strong> não local. Interpretações exóticas; a interpretação <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s múltiplos. Bohre Kant: Um esboço <strong>de</strong> comparação. A Mecânica Quântica e a teoria da Relativida<strong>de</strong>generalizada são unificáveis?Curso: A Proposta GREF para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> MecânicaResumo:Este curso propõe para o ensino da Mecânica a discussão <strong>de</strong> situaçõesvivenciais, enfatizan<strong>do</strong> uma abordagem dialógica.A estrutura <strong>do</strong> curso, construída a partir da classificação das coisas relacionadasao tema "Mecânica", aponta para a priorização das leis da conservação das quantida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> movimento linear e angular e da energia mecânica.A discussão <strong>de</strong> situações como nadar, remar, jogar bo linha <strong>de</strong> gu<strong>de</strong> ou bilhar,introduz o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong>za que se conserva nos movimentos, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>movimento linear. As várias maneiras <strong>de</strong> se frear um carro propiciam o estu<strong>do</strong> davariação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> partes <strong>de</strong> um sistema e a formalização das leis<strong>de</strong> Newton.O estu<strong>do</strong> da conservação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento angular no sistema e suavariação em partes <strong>do</strong> mesmo é feito a pa rtir da discussão <strong>de</strong> objetos que giram, tais como<strong>br</strong>ocas <strong>de</strong> fura<strong>de</strong>ira, pás da máquina <strong>de</strong> lavar, ca<strong>de</strong>iras giratórias.Sistemas naturais, hidrelétricas, bate-estacas, b rinque<strong>do</strong>s <strong>de</strong> corda, motores acombustão são pontos <strong>de</strong> partida para se estudar transformações <strong>de</strong> energia e seuprincipio <strong>de</strong> conservação.


27Curso: Novos Materiais e MicroeletrônicaProf. Fernan<strong>do</strong> <strong>de</strong> S. Barros(Instituto <strong>de</strong> Física - UFRJN° <strong>de</strong> vagas: 20ProgramaSerá apresenta<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s dispositivos mais simples daMicroeletrônica, o capacitor <strong>de</strong> múltiplas camadas construí<strong>do</strong> com cerâmicas avançadas,para <strong>de</strong>monstrar a importância <strong>de</strong>sses materiais na tecnologia mo<strong>de</strong>rna. As dificulda<strong>de</strong>spara miniaturização <strong>de</strong>ste dispositivo, <strong>de</strong>safio tecnológico enfrenta<strong>do</strong> na década <strong>de</strong> 1980,servem como "ponta <strong>de</strong> prova" para avaliar os avanços necessários para uma tecnologianacional.Aulas1. A importância <strong>do</strong>s novos materiais2. Cerâmicas avançadas e suas funções3. Cerâmicas dielétricas4. Desenvolvimento atual <strong>de</strong> capacitores cerâmicos <strong>de</strong> múltiplas camadasCurso: Introdução às Partículas ElementaresProf. José Hel<strong>de</strong>r LopesN° <strong>de</strong> vagas: 20ProgramaEntre os diversos ramos rios quais se divi<strong>de</strong> a Físi ca atualmente, existem aquelescujo objetivo primeiro é a compreensão das leis fundamentais <strong>do</strong> universo. Dentre estes,temos a Física das Partículas Elementares. Po<strong>de</strong>mos dizer que as principais perguntas queos .físicos que trabalham nesta área querem respon<strong>de</strong>r são: "Quais os objetos maisfundamentais com os quais nosso universo é constituí<strong>do</strong>?" "Como estes objetos se


28combinam para formar este universo?" A maior pa rte <strong>do</strong>s fenômenos estuda<strong>do</strong>s pelaFísica das partículas elementares está ausente da nossa vida cotidi ana. No entanto, oconhecimento das principais <strong>de</strong>scobertas e conclusões <strong>de</strong>ste ramo da Física é muitoimportante para qualquer um que queira ter uma visão mais correta e completa a respeito<strong>do</strong> nosso universo. Mais ainda para professores <strong>de</strong> Ciências, que po<strong>de</strong>rão retransmitir umpouco <strong>do</strong> espírito <strong>de</strong>stes conhecimentos àqueles que ajudam a formar.l a Aula: O surgimento da Física mo<strong>de</strong>rna. As primeiras partículas elementares. A"explosão <strong>de</strong> partícula?. As proprieda<strong>de</strong>s das partículas.2a Aula: A classificação das partículas e a <strong>de</strong>scoberta das simetrias. Os quarks. Aspartículas elementares atuais.3" Aula: As interações fundamentais: A "QED" como mo<strong>de</strong>lo. As interações fracas. Asinterações fortes. O mo<strong>de</strong>lo padrão. O que vem <strong>de</strong>pois?4a Aula: Como são feitas as experiências que estudam as partículas elementares?Curso: O Laboratório <strong>de</strong> Física na Universida<strong>de</strong>Profas. Alcina M. Testa e Suzana <strong>de</strong> Souza Barros (Instituto <strong>de</strong> Física - UFRJ)N° <strong>de</strong> vagas: 15ProgramaObjetivos1. Discussão <strong>do</strong> papel formativo <strong>do</strong> laboratório introdutório, aspectos epistemológicos,conceituais e instrumentais.2. Justificativa das escolhas meto<strong>do</strong>lógicas a partir <strong>do</strong> diagnóstico da clientela; prérequisitos.3. Apresentação da proposta PROMEL (experimentos "abe rtos'; meto<strong>do</strong>logia Ne<strong>de</strong>lsky:previsão-verificação; entrevistas).4. Discussão das vantagens/<strong>de</strong>svantagens <strong>do</strong> laboratório "abe rto" versus o laboratóriodiretivo.


^29Roteiro <strong>do</strong> Curso1° Aula: Uma experiência introdutória: mo<strong>de</strong>lagem, previsão e verificação. A contribuição<strong>do</strong> laboratório para a aprendizagem <strong>de</strong> Física. Discussão <strong>de</strong> objetivos para o laboratóriointrodutório. Méto<strong>do</strong>s e critérios para a escolha <strong>de</strong>sses objetivos.2° e 3° Aulas: Proposta <strong>de</strong> estruturação <strong>de</strong> laboratórios "abertos". Projeto PROMEL.Discussão da meto<strong>do</strong>logia através da realização <strong>de</strong> várias ativida<strong>de</strong>s experimentais.4° Aula: Análise <strong>do</strong>s objetivos levanta<strong>do</strong>s para o laboratório introdutório. Avaliação <strong>do</strong>curso.Curso: <strong>Ensino</strong> Construtivista: Um exemplo em calor e temperaturaProfs: Reynal<strong>do</strong> Espinosa (SEE/SP) e Ruth S. <strong>de</strong> Castro (re<strong>de</strong> escolar Belo Horizonte)N° dc Vagas: 20Programa1° Aula: Bases teóricas <strong>do</strong> construtivismoi. O que é construtivismoü. A teoria piagetiana como inspiraçãoiii. A Psicogênese e a História da Ciência2° Aula: O conteú<strong>do</strong> "Calor e Temperatura" <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma visão construtivistai. Escolhas necessárias para estruturar o cursoii. Discussão <strong>de</strong> conceitos fundamentaisiii. Evolução histórica <strong>do</strong>s conceitos envolvi<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> calor e temperatura3° Aula: Um exemplo <strong>de</strong> ensino construtivista: o curso <strong>de</strong> calor e temperatura ministra<strong>do</strong>no 20 graui. Caracterização da clientelaü. Planejamento e programaçãoiii. Apresentação e discussão <strong>de</strong> trechos <strong>do</strong>s "tapes" das aulas


^o4 8 Aula: Meto<strong>do</strong>logias e ativida<strong>de</strong>si. Descrição das ativida<strong>de</strong>s realizadas (leituras, <strong>de</strong>monstrações, experiências, discussões)ü. Avaliaçãoiii. Apresentação e discussão <strong>de</strong> trechos <strong>do</strong>s "tapes" das aulasCurso: Aplicações da Informática no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° GrauProfas: Flavia R. Gomes e Mar li Ignez Athay<strong>de</strong> (Projeto Educon) 1. Física - UFRJ)N° <strong>de</strong> vagas: 20ProgramaObjetivo: Apresentar uma panorâmica das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso da informática no ensinoda Física no 2° grau.Ementa: Vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> microcomputa<strong>do</strong>r no ensino <strong>de</strong> Ciências;formas <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> microcomputa<strong>do</strong>r no ensino <strong>de</strong> Ciências; filosofias „<strong>de</strong> ensinosubjacentes ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> softwares educativos; aspectos relevantes paraavaliação/seleção <strong>de</strong> softwares educativos.Resumo das Aulas:l e Aula: Discussão so<strong>br</strong>e as diversas formas <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r no ensino <strong>de</strong> Ciências,suas vantagens e <strong>de</strong>svantagens. Aplicações <strong>de</strong> conceitos básicos para classificação <strong>de</strong>softwares educacionais.2 8 Aula: Demonstração <strong>de</strong> softwares educativos nacionais e estrangeiros para o ensino <strong>de</strong>Física no segun<strong>do</strong> grau.33 Aula: Análise e discussão das filosofias <strong>de</strong> ensino subjacentes aos diversos tipos <strong>de</strong>softwares <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s: abordagem construtivista X abordagem comportamental.48 Aula: Discussão <strong>de</strong> aspectos relevantes para avaliação <strong>de</strong> softwares educativos.Apresentação <strong>de</strong> fichas para avaliação <strong>de</strong> softwares educacionais.


31Curso: Fisica Mo<strong>de</strong>rna ExperimentalProf. Otaciro Rangel Nascimento (IFQ/SC)N° <strong>de</strong> Vagas: 9ProgramaEste curso tem como objetivo introduzir o interessa<strong>do</strong> a algumas experiências<strong>de</strong> Física Mo<strong>de</strong>rna além <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar como este curso é estrutura<strong>do</strong> no Departamento<strong>de</strong> Física e Ciência <strong>do</strong>s Materiais <strong>do</strong> IFQSC-USP. Não são pressupostos conhecimentosespecializa<strong>do</strong>s além <strong>do</strong>s normalmente transmiti<strong>do</strong>s em cursos <strong>de</strong> graduação.Programa.Introdução teórica.Determinação <strong>do</strong> valor e/m <strong>do</strong> elétron.Espectroscopia.Difração da LuzCurso: Espectroscopia FísicaProf.: José Pedro Donoso Gonzalez (IFQ/SC)N° <strong>de</strong> vagas: 20ProgramaEste curso tem como objetivo enriquecer as aulas <strong>de</strong> professores <strong>do</strong> 1° e 2°graus com informações e resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisas recentes em Física <strong>do</strong>s Materiais. Não sepressupõe conhecimentos especializa<strong>do</strong>s na área e a abordagem será principalmentequalitativa e fenomenológica. Cada aula constará <strong>de</strong> uma parte expositiva (usan<strong>do</strong> retroprojetor) e <strong>de</strong> urna visita a um Labóratório <strong>de</strong> Pesquisa, da área tratada, junto ao DFCM.


321' Aula:Introdução: Espectro eletromagnético e regiões espectrais.Espectroscopia na região das microondas:1. Espectros rotacionais <strong>de</strong> moléculas2. Ressonância Paramagnética Eletrônica2' Aula:Espectroscopia infravermelha e RamanProprieda<strong>de</strong>s ópticas infravermelhas <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s3° Aula:Espectroscopia na região visível e ultravioletaEspectros eletrônicos <strong>de</strong> ions em sóli<strong>do</strong>s cristalinos e <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> cor.4' Aula:Ressonância Magnética Nuclear: estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> relaxação em sóli<strong>do</strong>s e líqui<strong>do</strong>s.Efeito MossbauerCurso: Física Experimental para o 1 0 GrauProfs.: Dietrich Schiel e Hilton K. Sato (IFQ/SC)N° <strong>de</strong> vagas: 20ProgramaAs aulas serão ministradas com material da Experimentoteca da CDCC, <strong>de</strong>amplo uso em São Carlos e região. Trata-se <strong>de</strong> conjuntos experimentais que possibilitamexperimentação por to<strong>do</strong>s os alunos <strong>de</strong> uma classe <strong>de</strong> 40 alunos.1° Aula:Apresentação da Experimentoteca.Mecânica2' Aula:


33Termologia3a Aula:Eletricida<strong>de</strong> e Magnetismo48 Aula:óptica e AcústicaCurso: Oficina <strong>de</strong> Materiais Alternativos para <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> FísicaProf.: Franklin E.M. Cerqueira (Belo Horizonte - MG)N° <strong>de</strong> vagas: 15Programa22/1 - Mecânica23/1 - Flui<strong>do</strong>s24/1- Óptica25/1 - Calor e eletromagnetismoEm cada aula teremos:8:00 às 9:00h - Apresentação <strong>de</strong> 10 situações problematiza<strong>do</strong>ras, utilizan<strong>do</strong> materialconcreto alternativo e as bases <strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia para o ensino da Fisica a pa rtir daexperimentação;9:00 às 9:45h - Discussão, orientação para montagem <strong>de</strong> aparelhos e sugestões paraenriquecer pedagogicamente os pátios escolares;9:45 às 10:00h - Apresentação <strong>do</strong>s "kits para ensino <strong>de</strong> Física, 1° e 2° graus" (LaboratóriosPortáteis).


MESAS REDONDAS35


J7Mesas Re<strong>do</strong>ndasLinha 1: Formação ProfissionallA - O ensino <strong>de</strong> graduação: como está?Ernst Hamburger (USP)Van<strong>de</strong>rley Salva<strong>do</strong>r Bagnato (USP)Luiz Felipe Coelho (UFRJ)1B - O que ensinar no 3Q grauLucia da Cruz <strong>de</strong> Almeida (UFP)Il<strong>de</strong>u C. Moreira (UFRJ)Marcio D'Olne Campos (UNICAMP)1C - Política <strong>de</strong> organização <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Supe riorLuiz Pinguelli Rosa (COPPE-UFRJ)Nathanael Rohr (ANDES-UFPb)Eunice Durham (CAPES)


39O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Graduação: como está?Ernst W. Hamburger1. Vou dar um "parecer ad hoc" sem responsabi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nenhuma instituição,só minha pessoal, e basea<strong>do</strong> no que conheço da minha instituição, IFUSP, em 1990.2. A pergunta <strong>do</strong> título, aplicada ao curso <strong>de</strong> graduação em Física na USP,admite duas respostas: BOM e PÉSSIMO.BOM porque:- a opinião <strong>de</strong> colegas e <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>res so<strong>br</strong>e os nossos forma<strong>do</strong>s é boa;- os forma<strong>do</strong>s têm bom <strong>de</strong>sempenho na pós-graduação no Brasil e no Exterior;- o curso parece ter nível semelhante ao <strong>de</strong> boas instituições aqui e no exte rior;- levantamentos <strong>de</strong> revistas educacionais como "Playboy" nos dão boa colocação.PÉSSIMO porque:- poucos alunos se formam, a evasão é <strong>de</strong> quase <strong>do</strong>is terços;- os alunos <strong>de</strong>moram para se formar, a repetência é alta;- a formação é muito inferior à <strong>de</strong>sejada, como se vê, por exemplo, no exame <strong>de</strong>qualificação da pós-graduação.3. Duas respostas ortogonais entre si, ambas verda<strong>de</strong>iras. Como educa<strong>do</strong>res, éinteressante observar que a avaliação po<strong>de</strong> dar resulta<strong>do</strong>s contraditórios, ambos corretos!4. Des<strong>de</strong> que me conheço por gente, no anos quarenta, o nível da educação estácain<strong>do</strong>. •Tenho dó <strong>do</strong>s meus netos, quan<strong>do</strong> chegarem à escola, não terão nível nenhum!5. Um <strong>de</strong>feito <strong>do</strong> curso é que o curriculo está <strong>de</strong>satualiza<strong>do</strong>. O form an<strong>do</strong> sesente inseguro com (ou <strong>de</strong>sconhece totalmente) as técnicas experimentais atuais e<strong>de</strong>sconhece os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s últimos trinta anos em Física <strong>de</strong> partículas, Astrofísica,Estatística (caos <strong>de</strong>terminístico), etc. Em sua palestra ontem, Fernan<strong>do</strong> Souza Barroscitou várias técnicas que po<strong>de</strong>riam ser ensinadas em um laboratório avança<strong>do</strong> e não são.


406. Não há mecanismo institucional <strong>de</strong> atualização <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> curso. Osprofessores sentem pressão para realizar pesquisas e manter-se a par <strong>do</strong>s últimos<strong>de</strong>senvolvimentos em seu campo <strong>de</strong> investigação, mas não na Física como um to<strong>do</strong>.7. Os colóquios gerais <strong>do</strong> Instituto, que permitiriam aos <strong>do</strong>centes conhecer osoutros campos, têm baixíssima frequência.8. A pressão para publicar acaba geran<strong>do</strong> o ESPECIALISTA ESTREITO que,como tal, não é bom professor fora <strong>de</strong> sua área estrita. Falta-lhe ERUDIÇÃO maisampla (o que em inglês se chama SCHOLARSHIP).9. Os ESTUDANTES, por outro la<strong>do</strong>, são omissos e passivos, pouco exigentes(mu<strong>do</strong>u muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1968).10. As <strong>de</strong>cisões so<strong>br</strong>e o ensino são tomadas pelos professores sozinhos, quasesem a participação <strong>do</strong>s alunos. Falta o que Fernan<strong>do</strong> Souza Barros classificou ontemcomo co-responsabilida<strong>de</strong> estudantil: o estudante não assume a responsabilida<strong>de</strong> pelaprópria formação.11. No IFUSP há uma tradição <strong>de</strong> permutação entre os professores em suasatribuições didáticas. A cada ano a carga didática é distribuída entre os 180 professores, oque its vezes dá em um regime <strong>de</strong> alta rotativida<strong>de</strong>. Há uma sensação <strong>de</strong> efêmero, <strong>de</strong>provisório: logo o professor estará lecionan<strong>do</strong> outra disciplina.12. Sou talvez o único catedrático participante <strong>de</strong>ste Simpósio. Nos bons velhostempos a cátedra era responsável por um conjunto <strong>de</strong> disciplinas, que permaneciam iguaispor longo espaço <strong>de</strong> tempo.A faculda<strong>de</strong> era formada <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iras. A própria estrutura da instituição refletiaas necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> graduação! E as responsabilida<strong>de</strong>s eram <strong>de</strong>finidas!13. Hoje os Departamentos não assumem a responsabilida<strong>de</strong>. Há sempre umavelha <strong>de</strong>sculpa: se a repetência é alta, é porque os estudantes são fracos e mal prepara<strong>do</strong>s.14. Criar uma disciplina é um trabalho que <strong>de</strong>manda vários anos, principalmentese o professor não se limitar a reproduzir em aula um livro qualquer. O nosso problema éque não há trabalho consequente durante vários anos, faltam contribuições dura<strong>do</strong>uras.Como exemplo cito um grupo teórico <strong>de</strong> Física <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s que durante vinteanos trabalhou so<strong>br</strong>e o curso <strong>de</strong> eletrodinâmica na Universida<strong>de</strong> Humboldt <strong>de</strong> Berlim.Criaram neste tempo textos para alunos, problemas resolvi<strong>do</strong>s, exercícios escalona<strong>do</strong>s,


41etc. - o curso ao fim funcionou bem, quase sem repetência. No IFUSP os cursos <strong>de</strong>eletromagnetismo, assim como muitos outros, têm alta repetência.15. A construção <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> graduação <strong>de</strong>veria ser vista como o principalPROJETO da instituição a ser realiza<strong>do</strong> em certo número <strong>de</strong> anos (p.ex. <strong>de</strong>z).Quan<strong>do</strong> isso ocorrer, será o paraíso...16. Por exemplo, ontem neste Simpósio, Fernan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Souza Barros apresentouum projeto <strong>de</strong> um laboratório profissional, a ser ministra<strong>do</strong> em três semestres. Com a suaequipe, imaginou e planejou o curso, discutiu com os colegas, convenceu oDepartamento, obteve aprovação, agora vai procurar os recursos e implementar aproposta. Trata-se <strong>de</strong> somente algumas disciplinas, po<strong>de</strong>ria (<strong>de</strong>veria) ser o curso to<strong>do</strong>.17. Volto à questão da repetência. Recentemente Sergio Costa Ribeiro chamouminha atenção para uma característica <strong>br</strong>asileira, que ele chama <strong>de</strong> CULTURA DAREPETÊNCIA. Des<strong>de</strong> o primeiro ano primário, durante to<strong>do</strong> o 1° grau, <strong>de</strong>pois no 2°grau, no vestibular, na universida<strong>de</strong> (graduação), ainda na pós-graduação (exame <strong>de</strong>qualificação) são altíssimos os índices <strong>de</strong> reprovação, maiores ou da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50%: opovo é burro <strong>de</strong> alto a baixo!18. Lem<strong>br</strong>a-me da história O Alienista, <strong>de</strong> Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis. O psiquiatraverificou, espanta<strong>do</strong>, que cada vez maior parte da população estava louca, e man<strong>do</strong>u-apara o hospício, até que ficou só ele <strong>de</strong> fora.Quem era louco?19. Antes <strong>de</strong> terminar, quero comentar algumas colocações <strong>do</strong>s colegasVan<strong>de</strong>rley •Bagnato e Luiz Felipe Coelho. Van<strong>de</strong>rley propõe uma gran<strong>de</strong> redução <strong>do</strong>número <strong>de</strong> aulas <strong>do</strong> curso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o 1° semestre. Proposta semelhante foi feita também noIFUSP recentemente, mas não aprovada. Acho que talvez isto seja possível no cicloprofissional, a partir <strong>do</strong> 5° semestre, mas tenho certeza <strong>de</strong> que não funciona nos primeirossemestres. Nossa experiência com os alunos ingressantes, no 1° ano, é que muitos <strong>de</strong>lestêm enorme dificulda<strong>de</strong> em acompanhar as disciplinas, apesar <strong>de</strong> se interessarem e seesforçarem. Eles precisam <strong>de</strong> maior contato com os professores, não menor, para passar aenten<strong>de</strong>r as aulas. Quan<strong>do</strong> isto ocorrer, serão aprova<strong>do</strong>s provavelmente também nasdisciplinas mais avançadas. Mas há um <strong>de</strong>grau, uma <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, alta, a ser vencidano 1° ano.A cada ano entram cerca <strong>de</strong> 300 alunos no curso <strong>de</strong> Física, um pouco mais queas 2.60 vagas, e se•fort._am cerca <strong>de</strong> 100. Em anos recentes o número <strong>de</strong> forma<strong>do</strong>s caiupara 70, em 1989 foi 89, parece estar subin<strong>do</strong> novamente para o valor 130 da década <strong>de</strong>70.


47.A eventual redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> aulas, proposta por Van<strong>de</strong>rley, precisaria sercompensada por mais exercícios, trabalhos di rigi<strong>do</strong>s, e outras ativida<strong>de</strong>s - ao fim a cargahorária <strong>do</strong>s professores no curso aumenta ria! Sem isto, a reprovação seria ainda maior.20. Acho ótima a sugestão <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> curso no bacharela<strong>do</strong> e nalicenciatura, já fiz a mesma sugestão diversas vezes em São Paulo. Aqui em São Carlos aEscola <strong>de</strong> Engenharia exigia este trabalho há muitos anos, e ele existe também na FAU-USP.21. Van<strong>de</strong>rley pergunta por que só Introdução à Física <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Sóli<strong>do</strong> eIntrodução à Física Nuclear no curriculo <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong> no último ano, quan<strong>do</strong> tantacoisa é omitida. Em São Paulo, incluímos estas duas disciplinas o<strong>br</strong>igatórias, quan<strong>do</strong>reformulamos o curriculo em 1968, porque eram duas áreas <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> fronteira emque tínhamos bastante competência. Em outros institutos po<strong>de</strong> ser outros assuntos, e<strong>de</strong>ve haver revisão a cada década.22. 0 curriculo <strong>do</strong> IFUSP está so<strong>br</strong>ecarrega<strong>do</strong> com disciplinas teóricas em<strong>de</strong>trimento das experimentais. Foi a covardia <strong>do</strong>s professores experimentais que permitiuessa expansão nefasta <strong>do</strong>s teóricos.Por outro la<strong>do</strong>, os interesses corporativos <strong>do</strong>s professores e Departamentosdificultam o planejamento <strong>do</strong> curriculo, como apontou Luiz Felipe.23. Não quero <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mencionar uma proposta interessante que está emdiscussão em São Paulo, por iniciativa da Comissão <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Graduação, coor<strong>de</strong>nadapor Alceu Pinho Filho. Proposta semelhante em linhas gerais foi elaborada em 1982 emum simpósio interno coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por Amélia Império Hamburger. Eles propõem umnúcleo comum <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> cinco semestres e a pa rtir daí o aluno po<strong>de</strong>ria escolher entrevárias opções; um curso com ênfase teórica semelhante ao atual, ou uma ênfaseexperimental, ou uma ênfase aplicada em materiais, etc.24. Termino mencionan<strong>do</strong> vários trabalhos que estou apresentan<strong>do</strong> neste Simpósio, commeus colabora<strong>do</strong>res, em forma <strong>de</strong> painéis, so<strong>br</strong>e problemas <strong>de</strong> grar u ação no IFUSP."Acompanhamento <strong>do</strong>s alunos ingressantes no IFUSP em 1989/90" (resumo àpag. 40 <strong>do</strong> programa) basea<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e evasão <strong>de</strong> anos passa<strong>do</strong>s.


43"Divulgação das Pesquisas <strong>do</strong> IFUSP para seus alunos" (resumo à pag. 60)procura furar a barreira entre os grupos <strong>de</strong> pesquisa e os alunos <strong>de</strong> graduação."A Estrutura <strong>de</strong> uma Exposição <strong>de</strong> Divulgação Científica" (pag. 31) <strong>de</strong>screve avivência <strong>do</strong>s monitores - alunos <strong>de</strong> graduação - na exposição.


44Alteração Curricular no Departamento <strong>de</strong> Física e Ciência <strong>do</strong>s MateriaisProf. Dr. Van<strong>de</strong>rley Salva<strong>do</strong>r BagnatoO DFCM <strong>de</strong>staca-se por inúmeras razões quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com outros<strong>de</strong>partamentos da USP ou com <strong>de</strong>partamentos congêneres <strong>de</strong> outras universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>bom nível.Talvez a característica mais peculiar <strong>do</strong> DFCM seja a or<strong>de</strong>m com que foramimplanta<strong>do</strong>s os seus programas <strong>de</strong> formação e titulação <strong>de</strong> recursos humanos.Recordan<strong>do</strong> as suas origens po<strong>de</strong>-se constatar que os títulos <strong>de</strong> catedrático, <strong>de</strong> livre<strong>do</strong>centee <strong>de</strong> <strong>do</strong>utor foram os primeiros a serem outorga<strong>do</strong>s pela ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Física Gerale Experimental que se constitui no em<strong>br</strong>ião <strong>do</strong> DFCM. Somente após possuir algumaslinhas <strong>de</strong> pesquisa bem implantadas e <strong>de</strong> contar com um núcleo <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>resqualifica<strong>do</strong>s e titula<strong>do</strong>s, foram inicia<strong>do</strong>s primeiramente o curso <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> segui<strong>do</strong> <strong>do</strong>curso <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong>. Essa inversão completa da pirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualificação <strong>de</strong> pessoal,além <strong>de</strong> se constituir na caracteristica fundamental <strong>do</strong> DFCM, tem <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> toda asua evolução. Po<strong>de</strong>-se dizer que a pesquisa, principalmente a pesquisa experimentalconstitui-se como o centro absoluto <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pa rtamentais. A capacitaçãopara o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa exigiu e continua exigin<strong>do</strong> a implantação, renovação,bem como a expansão <strong>de</strong> uma variada e sofisticada infra-estrutura composta <strong>de</strong> oficinas,laboratórios <strong>de</strong> apoio, biblioteca, centro <strong>de</strong> computação, bem como a manutenção <strong>de</strong>quadro técnico <strong>de</strong> bom nível profissional. Complementan<strong>do</strong> a infra-estrutura físicadisponível, criou-se um ambiente <strong>de</strong> trabalho que valorizou o aperfeiçoamento contínuo<strong>de</strong> recursos humanos tais como viagem ao exte rior para treinamento ao nível <strong>de</strong><strong>do</strong>utora<strong>do</strong> e pós-<strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, participação em simpósios, congressos, etc. Dentro <strong>de</strong>ssamoldura, , aparentemente bastante favorável, o curso <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong> foi inicia<strong>do</strong> em 1970toman<strong>do</strong> como mo<strong>de</strong>lo o curso da Faculda<strong>de</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Filosofia. Des<strong>de</strong> então, asprincipais mudanças na sua estrutura curricular têm se da<strong>do</strong> principalmente pela inclusão<strong>de</strong> novas disciplinas (cursos <strong>de</strong> laboratório, oficinas, disciplinas optativas) numa tentativa<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizá-las. Entretanto, as mudanças têm si<strong>do</strong> mais profundas nas ativida<strong>de</strong>s extracurriculares.Por exemplo, a iniciação científica tornou-se quase que uma regra e não umaexceção para os alunos matricula<strong>do</strong>s nos últimos pe rio<strong>do</strong>s. Cresceu também o número <strong>de</strong>interlocutores e os meios <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>s acessíveis aos alunos <strong>de</strong> graduação. Amonitoria, a participação em congressos cientJcos, a existência <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>seminários <strong>de</strong> grupos e colóquios <strong>de</strong> interesse geral, a interação com alunos <strong>de</strong> pósgraduaçãoe com professores visitantes são exemplos da diversificação <strong>do</strong>s meios e dadiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interlocutores têm contribuí<strong>do</strong> para enriquecer a formação <strong>do</strong>s nossosalunos <strong>de</strong> graduação. Em resumo, o universo <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s alunos to rnou-se maisvaria<strong>do</strong> e mais estimulante absorven<strong>do</strong> uma fração não <strong>de</strong>sprezível <strong>do</strong> seu tempo fora dasala <strong>de</strong> aulas.


45Deve-se acrescentar ainda as mudanças ocorridas no país nos últimos anos quemodificaram bastante o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e, em particular, as possibi lida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>emprego para os nossos alunos. Essas mudanças substanciais no ambiente interno eexterno fazem com que uma reforma curricular global seja estudada.A tabela abaixo mostra em resumo a história <strong>de</strong> ingresso e saída <strong>de</strong> estudantes<strong>de</strong> graduação que po<strong>de</strong> ser melhor visualizada através <strong>do</strong> gráfico da figura 1, on<strong>de</strong>estamos plotan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> estudantes ingressantes, o número total <strong>de</strong> forman<strong>do</strong>s ealunos que transferem-se para fora <strong>do</strong> nosso Depa rtamento.Entre os vários problemas que temos <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> em nossa graduação, <strong>de</strong>staca-seo fato <strong>do</strong> aluno ter um número excessivo <strong>de</strong> horas-aula sem ter um número equivalente<strong>de</strong> horas para trabalhos dirigi<strong>do</strong>s, estu<strong>do</strong>s acompanha<strong>do</strong>s, aulas <strong>de</strong> exercícios e contatoscom professores fora da sala <strong>de</strong> aula. Este regime <strong>de</strong> aulas normalmente faz com que oaluno que por ventura per<strong>de</strong> uma disciplina nos anos iniciais tenha uma elevadadificulda<strong>de</strong> em se recuperar, cumprin<strong>do</strong> o curso no prazo previsto. Além disso, a falta <strong>de</strong>perspectiva e em muitos casos a não continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s assuntos apresenta<strong>do</strong>s nos cursos,faz com que haja uma ce rta <strong>de</strong>smotivação <strong>do</strong>s estudantes.Motiva<strong>do</strong>s por estes problemas e vários outros comuns a todas instituições <strong>de</strong>ensino em Física, estamos propon<strong>do</strong> uma reformulação <strong>do</strong> currículo atual numa tentativa<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizá-lo.As modificações propostas são as seguintes:1..Mudança na contribuição e carga horária.O quadro <strong>de</strong> disciplinas está esquematiza<strong>do</strong> na tabela I em anexo.Disciplinas optativas núcleo básicoSugestão para Optativas I e II: Física Matemática Avançada, Mecânica ClássicaAvançAda, Vi<strong>br</strong>ações e Ondas, Introdução à Eletrônica, Técnicas Experimentais I,Computação.Sugestão para Optativas III a VI: Esta<strong>do</strong> Sóli<strong>do</strong>, Mecânica Estatística, FísicaNuclear, Física Atômica, Óptica Avançada, Eletrônica Avançada (Dispositivos,microprocessa<strong>do</strong>res, etc.) Trabalho <strong>de</strong> Formatura (2° semestre).


46Disciplinas Optativas fora <strong>do</strong> núcleo básico:Introdução Biofísica - 4, Dielétricas - 4, Oficina Mecânica - 4. Oficina Óptica - 4,Oficina <strong>de</strong> Vidros, Introdução à Programação <strong>de</strong> Computa<strong>do</strong>res - 4, Inglês - 2, Introduçãoà História da Física - 2, Astronomia e Astrofisica - 4.2. Horário Padrão1° ano: aulas no perío<strong>do</strong> vespertino2° ano: aulas no perío<strong>do</strong> matutino3° ano: aulas no perío<strong>do</strong> vespertino4° ano: aulas no perío<strong>do</strong> matutinoAs disciplinas optativas fora <strong>do</strong> núcleo básico po<strong>de</strong>rão ser oferecidas durante oano letivo em qualquer horário ou mesmo em perio<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias (janeiro, fevereiro ejulho).3. Estágio externo e trabalho <strong>de</strong> formaturaVisan<strong>do</strong> uma mo<strong>de</strong>rnização na formação <strong>de</strong> vários estudantes, , achamosconveniente proporcionar uma maior aproximação <strong>de</strong>stes com seu possível merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>trabalho. Desta forma, estamos introduzin<strong>do</strong> no curriculo um estágio voluntário emempresas ou centros <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> interesse. Estes estágios seriam arranja<strong>do</strong>s ecoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s pelo Departamento (através, por exemplo, da Fundação <strong>de</strong> Apoio à Física eà Química). A duração <strong>do</strong> estágio seria flexível contan<strong>do</strong> como crédito para o núcleobásico.Salientamos que este é um procedimento convencional nas engenharias,recentemente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo Departamento <strong>de</strong> Química <strong>do</strong> IFQSC, com sucessocomprova<strong>do</strong>.Notamos que este estágio, embora não o<strong>br</strong>igatório, representa uma mudançafundamental no nosso currículo, pois proporcionaremos uma maior perspectiva quanto aomerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho atual para os jovens forma<strong>do</strong>s em Física.A introdução <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> formatura visa uma maior aproximação ' <strong>do</strong>estudante em tópicos atuais oe pesquisa, visan<strong>do</strong> uma melhor preparação para sua vida


47profissional. Gostaríamos <strong>de</strong> sugerir que os melhores trabalhos <strong>de</strong> formatura fossemanualmente distingui<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> premiação simbólica ao estudante bem como a seusorienta<strong>do</strong>res.4. Além <strong>de</strong>stes pontos, temos restruturação <strong>do</strong>s pré-requisitos eacompanhamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s estudantes pelos <strong>do</strong>centes.


48O Bacharela<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física na UFRJLuiz Felipe <strong>de</strong> Souza CoelhoO quadro geral <strong>do</strong> ensino no instituto <strong>de</strong> FísicaPara compreen<strong>de</strong>r o que é o Bacharela<strong>do</strong> em Física da UFRJ e suas possíveisalterações são necessárias informações básicas so<strong>br</strong>e o Instituto <strong>de</strong> Física. Gran<strong>de</strong> parte<strong>do</strong> quadro <strong>de</strong>scrito é similar ao encontra<strong>do</strong> em outras instituições <strong>de</strong> ensino superior <strong>de</strong>Física no Brasil, embora haja respostas diferentes para situações similares. O que está<strong>de</strong>scrito abaixo é uma visão pessoal como participante da comissão reformula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>Bacharela<strong>do</strong> <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física, a qual ainda não concluiu as suas ativida<strong>de</strong>s. Talvezem um ano este processo <strong>de</strong> mudanças esteja concluí<strong>do</strong> e será então possível relatá-lo,como o professor Bagnato acaba <strong>de</strong> fazer em relação ao Bacharela<strong>do</strong> da USP/SC.As disciplinas <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física po<strong>de</strong>m ser agrupadas em duas categoriasbastante distintas, uma formada pelos cursos próprios - os Ciclos Profissionais <strong>do</strong>Bacharela<strong>do</strong> e da Licenciatura e a Pós-Graduação - e outra pelos seus cursos <strong>de</strong> formaçãobásica para uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções profissionais - os Ciclos Básicos das áreas técnicocientíficae da saú<strong>de</strong>. Para ministrá-las e realizar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, o Instituto temhoje cerca <strong>de</strong> 130 professores.O principal fato <strong>de</strong>terminante da fisionomia <strong>do</strong> ensino no Instituto <strong>de</strong> Física é opapel atuante no ensino básico, oferecen<strong>do</strong> uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disciplinas aos ciclosbásicos <strong>de</strong> diversos centros, o que exige cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong> seu corpo <strong>do</strong>cente. Estacaracterística, certamente comum à maior parte <strong>do</strong>s Institutos e Departamentos <strong>de</strong> Físicano Brasil, é em parte <strong>de</strong>vida ao papel central da Física na formação em diversas áreasprofissionais e em parte à própria mobilização <strong>do</strong>s físicos em prol da existência <strong>do</strong> CicloBásico, o que ocorreu em conjunto com o restante da comunida<strong>de</strong> científica <strong>br</strong>asileira.A segunda característica <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong> IF-UFRJ é a divisão <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sseseinco subgrupos <strong>de</strong> disciplinas possui<strong>do</strong>res <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> objetivo e exigin<strong>do</strong> interaçãoentre suas disciplinas componentes, entre os quatro <strong>de</strong>partamentos constituintes <strong>do</strong> IF.Essa divisão por <strong>de</strong>partamentos estanques é um fato incomum na UFRJ e nas <strong>de</strong>maisinstituições <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Física no Brasil, pois os nossos "<strong>de</strong>partamentos" nãocorrespon<strong>de</strong>m a cursos <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> pós-graduação distintos e sim a ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> pesquisa em sub-áreas distintas. As razões para a origem <strong>de</strong>sta estrutura<strong>de</strong>partamental são puramente históricas e administrativas e, no caso <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong>, estadivisão favorece distorções curriculares e dificulta a interação entre as disciplinas.


49Além da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cursos e da estrutura <strong>de</strong>partamental <strong>do</strong> IF, um terceirofato é que, exceto pela pós-graduação e pelo ciclo profissional <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong>, há, oupelo menos <strong>de</strong>veria haver, forte interação com disciplinas <strong>de</strong> outras unida<strong>de</strong>s. Para asdisciplinas <strong>do</strong>s Ciclos Básicos da área técnico-científica, cursadas também por nossosalunos <strong>de</strong> Licenciatura e <strong>de</strong> Bacharela<strong>do</strong>, a interação central é com as discip linas daMatemática; para as <strong>do</strong>s Ciclos Básicos da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a interação é com as <strong>de</strong>maisdisciplinas <strong>de</strong>sses Ciclos e para as <strong>do</strong> Ciclo Profissional da Licenciatura ela <strong>de</strong>ve ocorrercom a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação. As interações entre unida<strong>de</strong>s são a essência <strong>de</strong> umaUniversida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> dificultadas pela estrutura das unida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>s centros da UFRJ epela inexistência <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nações em cada Ciclo Básico (essas dificulda<strong>de</strong>s não po<strong>de</strong>mser criticadas fora da perspectiva da fraca interação entre as nossas disciplinas e entre os<strong>de</strong>partamentos <strong>do</strong> próprio Instituto). A ausência <strong>de</strong>ssas interações também não po<strong>de</strong>servir <strong>de</strong> álibi para os problemas <strong>do</strong> ciclo profissional <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong> "tradicional" pois,como já foi dito acima, nesse ciclo todas as disciplinas são oferecidas pelo próprioInstituto. Esta ausência <strong>de</strong> relações interdisciplinares é certamente uma característica <strong>do</strong>ensino <strong>de</strong> Física e, em geral, <strong>do</strong> ensino universitário no Brasil, dificultan<strong>do</strong> oestabelecimento <strong>de</strong> Bacharela<strong>do</strong>s "terminais" on<strong>de</strong> o aluno terá uma formação aplicada aoutras áreas <strong>do</strong> conhecimento (Medicina, Eletrônica, Ciência <strong>de</strong> Materiais, Química,Geofísica, etc).Um quarto fato, agora <strong>do</strong> la<strong>do</strong> positivo, é a consolidação <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física.Nesses últimos 20 anos numerosas linhas <strong>de</strong> pesquisa se estabeleceram. O quadro <strong>do</strong>centeteve enorme expansão e seu nível <strong>de</strong> qualificação acadêmica aumentou muito, hoje ten<strong>do</strong>cerca <strong>de</strong> 60 <strong>do</strong>utores e 60 mestres. A experiência didática acumulada pelos professores epelas equipes das diversas disciplinas é também enorme. Há recursos humanos e materiaispara que o Instituto forneça ensino <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> que, 15 anos atrás, foramestabeleci<strong>do</strong>s os currículos atuais da Licenciatura e <strong>do</strong> Bach arela<strong>do</strong> <strong>do</strong> IF/UFRJ. Estaconsolidação ocorreu e ocorre generalizadamente no Brasil e é o que permite repensar oBacharela<strong>do</strong>.Por que alterar o Bacharela<strong>do</strong>?Após traçar o quadro geral acima, os motivos p ara <strong>de</strong>sejar alterações noBacharela<strong>do</strong> são três: as distorções na formação <strong>de</strong> bacharéis como futuros pesquisa<strong>do</strong>res,as mudanças no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e a própria evolução da Física. A falta <strong>de</strong> resposta aestes <strong>de</strong>safios levou a uma crise <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong> cujos sintomas são a redução da procurapela carreira <strong>de</strong> Física no Vestibular, o pequeno percentual <strong>do</strong>s ingressantes queconcluem o curso e a conseqüente redução da procura pelo Mestra<strong>do</strong>.Não é realista, no entanto, esperar que, apenas com mudanças no currículo <strong>do</strong>Bacharela<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física, to<strong>do</strong>s os problemas sejam resolvi<strong>do</strong>s. Se ria i<strong>de</strong>al caso a UFRJ


50pu<strong>de</strong>sse prestar orientação <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> profissões para as escolas <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau, masisto envolveria recursos humanos superiores aos que dispomos. Outra possibi lida<strong>de</strong> seriaa realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação da Física para os alunos <strong>do</strong>s Ciclos Básicos daárea técnico-científica, alguns <strong>do</strong>s quais terão interesse e condições <strong>de</strong> seguir o curso <strong>de</strong>Bacharela<strong>do</strong>. A maneira mais trivial <strong>de</strong> resolver este problema <strong>de</strong> orientação profissional,face ao <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong> que é cada profissão, é a existência <strong>do</strong> Ciclo Básico comoprevisto pela lei da Reforma Universitária e nunca implanta<strong>do</strong> nem na UFRJ, nem namaioria das universida<strong>de</strong>s <strong>br</strong>asileiras: o aluno fa ria a sua opção profissional ao término <strong>do</strong>Ciclo Básico, após ter contato com profissionais das diversas áreas <strong>de</strong> seu centro <strong>de</strong>escolha. Isto permitiria à Universida<strong>de</strong> receber os melhores alunos e evitaria escolhas <strong>de</strong>profissão <strong>de</strong>sinformadas (o aluno só seguiria uma profissão se fosse convenci<strong>do</strong> pelaqualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento e/ou escola responsável por essa opçãoprofissional), mas é infelizmente inviável a curto prazo, pois iria contra a estruturaburocrática <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>partamentos quase autônomos. Por isso, só talvez a longoprazo é que possa ocorrer esta unificação das vagas oferecidas no vestibular pelo IF comas oferecidas por outras unida<strong>de</strong>s da área técnic o-científica, evitan<strong>do</strong> a escolha <strong>de</strong> Físicano vestibular apenas por ser <strong>de</strong> ingresso fácil e eliminan<strong>do</strong> o baixíssimo índice <strong>de</strong>forman<strong>do</strong>s/aprova<strong>do</strong>s no Vestibular (no Rio <strong>de</strong> Janeiro, isto é o caso apenas da PUC).A formação <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res no Bacharela<strong>do</strong>O currículo <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong> na UFRJ visa ã formação <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> oBacharela<strong>do</strong> o caminho para a Pós-Graduação. Ele consiste <strong>de</strong> um "esqueleto" <strong>de</strong>Mecânica Clássica Newtoniana, Mecânica Quântica não-Relativística e EletromagnetismoClássico, apresenta<strong>do</strong> em 2 ou 3 etapas, e complementa<strong>do</strong> por alguns poucos cursosexperimentais e fenomenológicos.Antes <strong>de</strong> qualquer critica, é preciso dizer que esse <strong>de</strong>ve ria ser o núcleo <strong>de</strong>qualquer bacharela<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física e que a sua presença permitiu que, mesmo com falta <strong>de</strong>professores e grupos <strong>de</strong> pesquisa em formação, fossem forma<strong>do</strong>s bons físicos. Não <strong>de</strong>veser retira<strong>do</strong> ou enfraqueci<strong>do</strong> para "facilitar" a formação <strong>de</strong> bacharéis (uma tentaçãosempre presente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos números irreais <strong>de</strong> vagas que os <strong>de</strong>pa rtamentos <strong>de</strong> Físicatradicionalmente apresentam nos vestibulares e à própria exigência, prematura e ilegal, <strong>de</strong>que o vestibulan<strong>do</strong> opte por uma profissão).Muitas coisas faltam no entanto nesse currículo, o que talvez fosse inevitável 15anos atrás, mas que hoje é injustificável (em outras instituições, os tempos <strong>de</strong>corri<strong>do</strong>spo<strong>de</strong>m ser diferentes, mas o fenômeno é o mesmo). Ele <strong>de</strong>ve ser complementa<strong>do</strong> pordisciplinas <strong>de</strong> apoio (Estatística, Computação, Eletrônica, etc), eletivas e experimentais.Faltam também ativida<strong>de</strong>s integra<strong>do</strong>ras (trabalho <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> curso, exame geral <strong>do</strong>bacharela<strong>do</strong>) e incentivos para a participação ativa <strong>do</strong>s alunos (estu<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,


51iniciação ã pesquisa e preparo <strong>de</strong> relatórios e monografias). Estas <strong>de</strong>ficiências sãoparcialmente sanadas no <strong>de</strong>correr da Pós-Graduação, quan<strong>do</strong> o aluno e o seu orienta<strong>do</strong>rpo<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificá-las <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao contato com as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, mas <strong>de</strong>ixamalgumas sequelas permanentes como o preconceito anti-experimental. O bacharelresultante tem formação teórica em alguns pontos muito sólida ( e, em outros,inexistente), mas muito pouca vivência <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong> trabalho científico.Pessoas se formam sem ter li<strong>do</strong> artigos originais científicos, sem saber fazer pesquisabibliográfica simples ou mesmo sem conhecimentos <strong>de</strong> computação ou <strong>de</strong> estatística. Emconseqüência, tu<strong>do</strong> isto tem que ser feito no Mestra<strong>do</strong> e no Doutora<strong>do</strong>, que se tornamexcessivamente longos.Alguns <strong>do</strong>s problemas acima cita<strong>do</strong>s não são <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s apenas ao currículo. Umexemplo disto é o esta<strong>do</strong> lastimável <strong>do</strong>s laboratórios, causa<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong> parte por falta<strong>de</strong> equipamento e não por ementas ruins. Outro exemplo é o <strong>de</strong>sentrosamento entre oscursos, causa<strong>do</strong> não apenas pela falta <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s integra<strong>do</strong>ras, mas também pelaestrutura <strong>de</strong>partamental <strong>do</strong> Instituto e por atitu<strong>de</strong>s voluntaristas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong>ementas. Mesmo assim, a implementação <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> currículo po<strong>de</strong> fornecer odinamismo para que esses e outros problemas sejam soluciona<strong>do</strong>s.As alterações centrais a serem efetuadas <strong>de</strong>vem ser:a) reforçar o ensino <strong>de</strong> aspectos experimentais, com maior carga horária e reequipamento<strong>do</strong>s laboratórios <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong> Física Mo<strong>de</strong>rna Experimental, possibilitan<strong>do</strong>a realização <strong>de</strong> maior número <strong>de</strong> experiências e com envolvimento real <strong>do</strong>s alunos;b) reforçar o ensino <strong>de</strong> aspectos fenomenológicos, em particular <strong>de</strong> FísicaAtômica, Ótica e Física da Matéria Con<strong>de</strong>nsada;c) introduzir disciplinas eletivas que dêem um panorama da pesquisa em Física,em particular da que é feita no nosso Instituto. Eventualmente essas eletivas po<strong>de</strong>mco<strong>br</strong>ir temas hoje vistos em disciplinas <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong>, com a conseqüente redução <strong>do</strong>número <strong>de</strong> créditos exigi<strong>do</strong>s no mestra<strong>do</strong>;d) introduzir disciplinas auxiliares para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa (Eletrônica,Estatística e Computação) ee) completar o "edifício" teórico da Física.O merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho para bacharéls


52O <strong>de</strong>saparecimento quase total <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho universitário parafísicos é um problema bem mais sério que o acima discuti<strong>do</strong>, pois, diferentemente <strong>de</strong>le,não po<strong>de</strong> ser sana<strong>do</strong> pela Pós-Graduação. Ele levou a reduções acentuadas tanto naprocura pela opção <strong>de</strong> Física no vestibular como no percentual <strong>do</strong>s que concluem oBacharela<strong>do</strong> (por exemplo, tanto na UFRJ como na USP/SP ou na USP/SC formam-secerca <strong>de</strong> um quarto <strong>do</strong>s que ingressam).E impossível ignorarmos por mais tempo o fechamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalhouniversitário. Após a década <strong>de</strong> 70, <strong>de</strong> expansão acelerada <strong>do</strong>s <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> Físicadas universida<strong>de</strong>s e a conseqüente procura pelo bacharela<strong>do</strong> e pelas suas continuações"inevitáveis", o Mestra<strong>do</strong> e o Doutora<strong>do</strong>, tivemos na década <strong>de</strong> 80 (e muitoprovavelmente teremos na <strong>de</strong> 90) o fechamento <strong>de</strong>ssa possibi lida<strong>de</strong> e sem a aberturanítida <strong>de</strong> novos campos <strong>de</strong> trabalho para bacharéis com a formação atual.Esses novos campos <strong>de</strong> trabalho já existem em áreas <strong>de</strong> pesquisa básica afinscom a Física (Astronomia, Biofísica, Química, Microeletrônica, Ciência <strong>do</strong>s Mate riais,Matemática, etc) e em áreas aplicadas (medicina nuclear em hospitais, <strong>de</strong>pa rtamentos <strong>de</strong>controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em indústrias e órgãos gove rnamentais, monitoração da poluição,etc). A formação em Física <strong>do</strong>s bacharéis atuais no entanto é insuficiente para isto,principalmente nas fenomenologias clássicas e quânticas e nas técnicas experimentais. Elatambém é falha por não consi<strong>de</strong>rar eletivas fora <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física. A exigência <strong>de</strong>eletivas permite formarmos físicos que tenham conhecimento nesses novos campos <strong>de</strong>trabalho. Caso um aluno <strong>de</strong>seje cursar uma ou mais disciplinas fora <strong>do</strong> IF, elas <strong>de</strong>vempo<strong>de</strong>r ser aceitas para contagem <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> eletivas, a critério <strong>de</strong> uma comissão <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong> graduação <strong>do</strong> IF. Essa possibi lida<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> ser importante para alunosque <strong>de</strong>sejam obter <strong>do</strong>is diplomas, com as eletivas <strong>de</strong> um curso servin<strong>do</strong> como o<strong>br</strong>igatórias<strong>de</strong> outro e vice-versa. Para um aluno <strong>de</strong> engenharia, por exemplo, o bacharela<strong>do</strong> emFísica exigiria cerca <strong>de</strong> um ano adicional e po<strong>de</strong>ria ser muito interessante nas áreas <strong>de</strong>Microeletrônica e <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> Mate riais.Há uma <strong>de</strong>manda pequena, mas importante por profissionais comconhecimentos sóli<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Física para trabalhar em numerosas áreas vizinhas à Física. Estetipo <strong>de</strong> profissional não po<strong>de</strong> ser confundi<strong>do</strong> com o "técnico em Física", como foi o físicotecnólogo 20 anos atrás ou hoje são os bacharéis em Física aplicada forma<strong>do</strong>s por váriasuniversida<strong>de</strong>s. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse "técnico" se alimenta nas <strong>de</strong>ficiências da formação <strong>do</strong>sengenheiros, <strong>do</strong>s médicos e <strong>de</strong> outros profissionais que não têm condições <strong>de</strong> fazer usorotineiro <strong>de</strong> aparelhos e técnicas físicas mo<strong>de</strong> rnas e por isso ela não <strong>de</strong>fine áreas <strong>de</strong>trabalho claras e permanentes.A evolução da Física e o currículo <strong>do</strong> Bacha rela<strong>do</strong>


53A Física Atômica, a Física da Matéria Con<strong>de</strong>nsada Experimental, a Astrofísica,a Física <strong>de</strong> Partículas e Campos e a Óptica Quântica tiveram um crescimento rápi<strong>do</strong> nesseperio<strong>do</strong>. Este crescimento foi excepcional nas áreas ligadas à produção, à caracterização eà compreensão teórica <strong>de</strong> novos materiais, na unificação eletro-fraca, na compreensão daestrutura das partículas elementares e no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> fenômenos ópticos em materiais. Oavanço das fronteiras da Física não necessariamente afeta o que <strong>de</strong>ve ser ensina<strong>do</strong> nobacharela<strong>do</strong> mas parte <strong>de</strong>sses avanços tem que ser nele refleti<strong>do</strong>. E necessário porexemplo que haja uma boa introdução fenomenológica à matéria con<strong>de</strong>nsada a serseguida por vários cursos eletivos tanto formais quanto <strong>de</strong>scritivos <strong>de</strong> áreas especas.As áreas clássicas da Física tiveram um renascimento, como a Acústica e aMecânica e, em particular, a Óptica, mas a formação <strong>do</strong> bacharela<strong>do</strong> nessas áreas ébastante fraca. No caso da Mecânica clássica as formulações lagrangeana e hamiltoniana eos fenômenos não lineares são ignora<strong>do</strong>s. A Óptica é quase inexistente no curriculo a nãoser por pequenos fragmentos <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Física IV e <strong>de</strong> Física Experimental IV,embora tenha si<strong>do</strong> revolucionada tanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista clássico como <strong>do</strong> quántico pelouso <strong>do</strong> laser. A Acústica, que, como técnica, é bastante empregada em diagnósticos não<strong>de</strong>strutivos e em Geofísica, é ainda mais ignorada. Se já era pouco justificável o aban<strong>do</strong>no<strong>de</strong>ssas três áreas, agora isto o é menos ainda.Três áreas que cumprem papel essencial na Física Experimental inexistem noatual curriculo: Computação, Estatística e Eletrônica. Seus papéis também mudaramdramaticamente nesses últimos 14 anos. Hoje o uso crescente <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>res emcálculos ab initio, em simulações, na aquisição e na análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s experimentais fazcom que seja essencial o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> rudimentos <strong>de</strong> seu uso (manuseio <strong>de</strong> terminais,uso <strong>de</strong> sistema operacional e editor <strong>de</strong> programas, introdução ao FORTRAN). AEstatística, outra área comum para todas as áreas <strong>de</strong> trabalho científico, sempre foi umafalta marcante fla formação atual <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong>. Sua auséncia revelava a total falta <strong>de</strong>priorida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s experimentais, para as quais é essencial, e atualmente é exigidapelo uso cada vez mais intenso <strong>de</strong> simulações em computa<strong>do</strong>res. São necessárias noçõesestatísticas básicas (variável aleatória, função distribuição, méto<strong>do</strong> da máximaverossimilhança) e a sua aplicação em problemas como o da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma simulaçãoou <strong>de</strong> uma função analitica para <strong>de</strong>screver da<strong>do</strong>s experimentais.ConclusãoImplícita nas mudanças propostas, está a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variar a carga horáriapara os diversos temas atualmente cobertos no Bacharela<strong>do</strong>. Estão também implicitas asnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um papel mais ativo <strong>do</strong>s alunos frente ao aprendiza<strong>do</strong> e <strong>de</strong> uma maiorintegração entre as diversas disciplinas. No entanto, enquanto as mudanças <strong>de</strong> carga


54horária são facilmente feitas, as outras envolvem mudanças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alunos e <strong>de</strong>professores e assim só serão conseguidas com o tempo.Está também implícito que o Bacharela<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser terminal, em princípioro<strong>de</strong>n<strong>do</strong> levar a uma pós-graduação em Física, mas também a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa emí ï eas vizinhas à Física ou a ativida<strong>de</strong>s mais rotineiras em indústrias, hospitais e órgãos}^iblicos. Para isto é essencial que utilizemos disciplinas oferecidas por outras unida<strong>de</strong>s.Des<strong>de</strong> que esteja garantida uma formação básica em Física (que <strong>de</strong>ve ser mais extensa <strong>do</strong>que a atual, pois agora não haverá chance <strong>de</strong> completá-la na Pós-Graduação), o aluno<strong>de</strong>ve ter ampla flexibilida<strong>de</strong> em cursar conjuntos coerentes <strong>de</strong> disciplinas <strong>de</strong> outrasunida<strong>de</strong>s (para dar exemplos provocativos, há carências <strong>de</strong> profissionais em jo rnalismocientifico e em traduções científicas, que po<strong>de</strong>riam ser sanadas com um bacharel quetivesse cursa<strong>do</strong> as eletivas apropriadas). Esta é a tradição <strong>do</strong>s minors <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Físicanas universida<strong>de</strong>s <strong>br</strong>itânicas, que permitem a formação <strong>de</strong> profissionais ao mesmo tempocom uma formação básica numa área e conhecimentos introdutórios em outra. As futuraspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses profissionais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, como sempre <strong>de</strong>ve ocorrer, <strong>de</strong> seus méritosmais <strong>do</strong> que <strong>de</strong> seus diplomas.Mesmo para os bacharéis que se <strong>de</strong>stinam à carreira acadêmica em Física éimportante po<strong>de</strong>r utilizar eletivas fora <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que em áreas vizinhasã Física, o que evitará a criação <strong>de</strong> uma miria<strong>de</strong> <strong>de</strong> cursos muito especializa<strong>do</strong>s (porexemplo, Radiobiologia, Espectroscopia Molecular, Física <strong>de</strong> Poiimeros, física <strong>de</strong>Metais).Finalmente, não consi<strong>de</strong>ro que as menos <strong>de</strong> 20 horas <strong>de</strong> aula/semana atuaisrepresentem uma carga abusiva. As mudanças propostas acarretarão um aumento <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong>ssa carga, principalmente envolven<strong>do</strong> ativida<strong>de</strong>s experimentais masreduzin<strong>do</strong> a carga <strong>de</strong> aulas expositivas. Este é o preço que é necessário pagar para termosum bacharela<strong>do</strong> terminal para os que assim o <strong>de</strong>sejem e seja a introdução mais eficaz (emenos distorcida) às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa para os que se dirijam a ativida<strong>de</strong>sacadêmicas.•


55O que e como ensinar no 39 grauLucia da Cruz <strong>de</strong> Almeida1. Introdução:O tema proposto para esta mesa re<strong>do</strong>nda é bem amplo. Dessa forma, vou meater ao que penso so<strong>br</strong>e o assunto referente apenas ao curso <strong>de</strong> Licenciatura em Física. Eclaro que <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s aspectos são comuns ao Bacharela<strong>do</strong>.2. 0 que Ensinar.O primeiro aspecto que <strong>de</strong>staco so<strong>br</strong>e essa questão - o que ensinar - é queapesar <strong>de</strong> existir para o caso da Licenciatura em Física um curriculo mínimo exigi<strong>do</strong> peloConselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, a meu ver ele não é suficiente para a formação <strong>do</strong>licencia<strong>do</strong>. No entanto, não basta acrescê-lo simplesmente <strong>de</strong> matérias <strong>de</strong>s<strong>do</strong><strong>br</strong>adas emdisciplinas.Cabe aos professores envolvi<strong>do</strong>s no curso propor um currículo que atenda nãosó às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus alunos, como também à realida<strong>de</strong> a qual o curso se insere. Emoutras palavras, o que ensinar está diretamente liga<strong>do</strong> a: uma ampla discussão entre aspessoas envolvidas no processo e uma construção coletiva <strong>de</strong> uma proposta que tenhacomo base, além <strong>de</strong> outros fatores, as condições <strong>de</strong> recursos humanos e materiais.Utilizarei, como exemplo, a reformulação curricular da Licenciatura em Físicada Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, que foi fruto <strong>de</strong> um trabalho coletivo.O curriculo proposto foi dividi<strong>do</strong> em três grupamentos <strong>de</strong> disciplinas, existin<strong>do</strong>entre eles uma interface. Nesses grupamentos farei menção, basicamente, às disciplinas <strong>de</strong>conteú<strong>do</strong> especo (Física).Prime iro grupamento - correspon<strong>de</strong> além <strong>de</strong> outros, ao conteú<strong>do</strong> especifico <strong>de</strong>Física necessário à Licenciatura e ao Bacharela<strong>do</strong>. Esses conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem formar umabase sólida tanto no que diz respeito a quem vai prosseguir buscan<strong>do</strong> a pesquisa em Físicaou quanto aquele que busca o magistério <strong>de</strong> 2° grau.Vale ressaltar que esse tronco comum não envolve todas as disciplinas propostaspara o Bacharela<strong>do</strong>; isto não significa que elas não são importantes, porém, ocupariamum espaço num curriculo proposto para oito perío<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> assuntos <strong>de</strong> extremarelevância para os licencia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser trata<strong>do</strong>s.


56O segun<strong>do</strong> grupamento engloba as disciplinas pedagógicas, as "integra<strong>do</strong>ras" eoutras que darão uma visão mais social e política, tanto da escola como da educação.As disciplinas "integra<strong>do</strong>ras" - didática específica, prática <strong>de</strong> ensino einstrumentação para o ensino - têm no enten<strong>de</strong>r <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> professores que elaborou aproposta, o caráter <strong>de</strong> articula<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s específicos <strong>de</strong> Física e Pedago gia, nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fazer a "ponte" entre os conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 3° grau e as formas possíveis <strong>de</strong> trabalhálosno 20 grau.No terceiro grupamento estão alotadas as disciplinas que complementam e/ouaprofundam os conteú<strong>do</strong>s: específicos, <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Física e os pedagógicos.Dentre essas disciplinas estão: i) uma voltada para a Física Contemporânea cujoobjetivo é fornecer meios para que o futuro professor possa informar seus alunos so<strong>br</strong>etemas que atualmente já fazem parte <strong>do</strong> dia-a-dia das pessoas; ii) duas outras voltadaspara a evolução <strong>do</strong>s conceitos da Física.Nesse grupamento encontram-se também duas disciplinas, on<strong>de</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> como interesse <strong>do</strong> aluno (licencian<strong>do</strong>) ele po<strong>de</strong>rá aprofundar tanto o conteú<strong>do</strong> específicoquanto o liga<strong>do</strong> ao ensino <strong>de</strong> Física.O licencian<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá fazer sua escolha <strong>de</strong>ntre um amplo elenco <strong>de</strong> disciplinas.3. Como Ensinar:O futuro professor <strong>de</strong> Física, ao longo <strong>de</strong> seu curso, <strong>de</strong>verá receber osconteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Física, <strong>de</strong> tal forma, que ele possa perceber a construção <strong>de</strong> to<strong>do</strong> esseconhecimento no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s anos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto sócio-politico-econômico.Dessa forma, ele po<strong>de</strong>rá perceber a Física como algo dinâmico que influencia e éinfluenciada, que não é neutra. Isso contribuirá para uma visão critica, <strong>de</strong> tal forma que,ao atuar futuramente no magistério, possa transmitir a Física com um carátertransforma<strong>do</strong>r.Quanto ao processo ensin o-aprendizagem, da mesma forma o licencian<strong>do</strong><strong>de</strong>verá, durante sua formação, vivenciar os diversos méto<strong>do</strong>s e enfoques propostos t antonas pesquisas em ensina <strong>de</strong> Física quanto nas da área <strong>de</strong> Educação, para que possa c riar eadaptar méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os conteú<strong>do</strong>s a serem ensina<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seusalunos. É <strong>de</strong> se esperar que isto também ocorra com os professores <strong>de</strong> 3° grau na suaprática <strong>de</strong> saia <strong>de</strong> aula.


57Em outras palavras, o como ensinar não tem uma forma única e priv ilegiada, elevai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s alunos, <strong>do</strong> professor e <strong>do</strong> momento <strong>do</strong> curso.Por fim, é importante <strong>de</strong>stacar que o como ensinar também está liga<strong>do</strong> aotempo <strong>de</strong> permanência em sala <strong>de</strong> aula, esse tempo não <strong>de</strong>ve ultrapassar a cinco horasdiárias para que o aluno possa refletir e amadurecer os conteú<strong>do</strong>s ensina<strong>do</strong>s e participardas aulas numa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca permanente com seu professor e os outros colegas.


58O que e como ensinar no terceiro grau?Il<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Castro MoreiraResumoForam discutidas algumas idéias, fruto da expe riência individual limitada e <strong>de</strong>discussões coletivas, so<strong>br</strong>e o ensino <strong>de</strong> graduação <strong>de</strong> Física em nossas universida<strong>de</strong>s. Osseguintes pontos foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s:A - Algumas "contradições" que surgem frequentemente na discussão dareformulação curricular e da renovação <strong>do</strong>s cursos:i - conteú<strong>do</strong> x processo (o que x como);ü - conhecimento cristaliza<strong>do</strong> x conhecimento recente;iü - abordagem histórica x abordagem atual;iv - teoria x experimentação;v - como utilizar os computa<strong>do</strong>res?B - Renovação curricular: ênfase foi dada aos seguintes pontos:i - necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> renovação <strong>do</strong>s cursos introdutórios (ciclo básico): ensinomenos axiomatiza<strong>do</strong> e Física menos "<strong>de</strong>dutiva", introdução <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> Físicacontemporânea com redução <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> tradicional, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e usoamplo e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong>s microcomputa<strong>do</strong>res, atualização <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Mecânica(incorporan<strong>do</strong>, por exemplo, resulta<strong>do</strong>s recentes <strong>de</strong> sistemas não lineares):ii - renovação <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> matemática para os estudantes <strong>de</strong> Física(modificação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e aprofundamento conceitual);iii - atribuição <strong>de</strong> um papel muito mais significativo aos trabalhos <strong>de</strong> laboratório,com a utilização e o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> técnicas mo<strong>de</strong> rnas;iv - distensão da discussão curricular: menor ênfase no conteú<strong>do</strong>, que ten<strong>de</strong> amonopolizar o <strong>de</strong>bate, e insistência maior nos méto<strong>do</strong>s e procedimentos <strong>de</strong> trabalho enrer izarem. Maior flexibilida<strong>de</strong>, diversida<strong>de</strong> e atualização <strong>do</strong>s cursos e diminuiçãoz d.•. conteú<strong>do</strong>s o<strong>br</strong>igatórios.


59C - Foram expostas ainda algumas idéias so<strong>br</strong>e procedimentos <strong>de</strong> ensinoaprendiza<strong>do</strong>,entre as quais:i - modificação <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> teste padroniza<strong>do</strong>s usualmente utiliza<strong>do</strong>s;ii - ênfase na elaboração <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los;iii - elaboração <strong>de</strong> textos didáticos e artigos <strong>de</strong> revisão que permitam escapar <strong>do</strong>círculo muito <strong>de</strong>marca<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro texto único;iv - ligação muito maior (e mais ce<strong>do</strong>!) <strong>do</strong> estudante com a pesquisa;v - diminuição <strong>do</strong> paternalismo na relação professor-aluno.D - Foi <strong>de</strong>stacada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser repensada a licenciatura e <strong>de</strong> umaatuação muito maior da universida<strong>de</strong> junto ao primeiro e ao segun<strong>do</strong> graus (<strong>de</strong> on<strong>de</strong>,afinal, virá o físico da próxima década).


61Mesas Re<strong>do</strong>ndasLinha 2: Formação <strong>do</strong> Cidadão2A. A formação <strong>do</strong> cidadão: <strong>de</strong>ntre e fora da escolaDeise M. Vianna (UFRJ)Enio Can<strong>do</strong>tti (SBPC/UFRJ)Carlos A. Arguello (UNICAMP)2B. Ciência, Tecaolagla e Socieda<strong>de</strong>Maria Cristina Dal Pian (UFRN)Suzana <strong>de</strong> Souza Barros (UFRJ)Miriam Krasilchick (FEUSP)2C. Políticas Recentes <strong>de</strong> Formação Básica e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasMarta Pernambuco (UFRN)Luiz Carlos <strong>de</strong> Menezes (USP)Selma Garri<strong>do</strong> Pimenta (USP)


63A Formação <strong>do</strong> Cidadão Dentro e Fora da EscolaDeise M. ViannaNesta última semana, ao me sentar para pensar no que diria nesta mesare<strong>do</strong>ndae sofren<strong>do</strong> o impacto da situação no Golfo Pérsico, <strong>de</strong>paro-me com uma<strong>br</strong>ilhante frase <strong>de</strong> uma amiga, publicada na Revista "Tempo Brasileiro" em 1990:"Este final <strong>de</strong> século reservou para a humanida<strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus momentos maiscríticos, ou mesmo o mais critico <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, pois pela primeira vez ela está confrontadacom a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir so<strong>br</strong>e a sua própria existência. O homem, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> umsaber sem prece<strong>de</strong>ntes, dispõe hoje <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r so<strong>br</strong>e toda forma <strong>de</strong> vida. De diferentesmaneiras sua existência encontra-se radicalmente ameaçada pelo saber que acumulou.Neste momento limite <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, o próprio po<strong>de</strong>r tornou-se uma questão limite" (TRE IN ,1990(1))A citação nos faz pensar mais ainda no que foi publica<strong>do</strong> na Folha <strong>de</strong> SãoPaulo, <strong>de</strong> 18/01/91: "Aviões <strong>do</strong>s EUA, França, Grã-Bretanha, Arábia Saudita e Kwaitiniciaram às 21 horas (<strong>de</strong> Brasília) <strong>de</strong> quarta-feira o maior bombar<strong>de</strong>io aéreo da históriacontra o Iraque e o Kwait ocupa<strong>do</strong>. Até a noite <strong>de</strong> ontem, mais <strong>de</strong> mil vôos <strong>de</strong> ataqueforam realiza<strong>do</strong>s" (FSP, 1991(2)).Aí nos <strong>de</strong>frontamos com o limite <strong>do</strong>s conhecimentos produzi<strong>do</strong>s pelos homens,neste fim <strong>de</strong> século: armas químicas, bacteriológicas e nucleares, bases aéreas e <strong>de</strong>lançamento, fá<strong>br</strong>icas <strong>de</strong> mísseis e <strong>de</strong> armas.E nós; que po<strong>de</strong>r temos, enquanto cidadãos produtores <strong>de</strong>sses conhecimentos,<strong>de</strong> impedirmos o início <strong>de</strong> uma guerra? Quem somos nós (<strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> conhecimentoscientíficos e tecnológicos) que mal po<strong>de</strong>mos interceptar um po<strong>de</strong>r limite <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição?Será que somos cidadãos fora e <strong>de</strong>ntro da escola?Do la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora —> quan<strong>do</strong> temos direitos e <strong>de</strong>veres na socieda<strong>de</strong>Do la<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro —> quan<strong>do</strong> apren<strong>de</strong>mos o que se passa e o que modificaesta socieda<strong>de</strong>.A questão, portanto, não se põe na dicotomia <strong>de</strong>ntro x fora! A questão é interrelacionada:a escola está <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong>, e o aluno está ora e <strong>de</strong>ntro da escola,vivencian<strong>do</strong>-a na socieda<strong>de</strong>. Este futuro cidadão está na escola ou fora <strong>de</strong>la, mas sempre<strong>de</strong>ntro da mesma socieda<strong>de</strong>.


64O conhecimento acumula<strong>do</strong> pela socieda<strong>de</strong> é transmiti<strong>do</strong> pela escola, aosalunos, cidadãos em formação, procuran<strong>do</strong> contextualizá-los, portanto, nesta socieda<strong>de</strong>.São mostra<strong>do</strong>s aos alunos conquistas, perdas, avanços científicos e tecnológicos, <strong>de</strong>veres edireitos conquista<strong>do</strong>s pela humanida<strong>de</strong>. e muitas vezes fica a <strong>de</strong>sejar a relação entre essesconhecimentos aprendi<strong>do</strong>s e a vida <strong>do</strong> aluno. Deixa-se <strong>de</strong> enfatizar que os direitosconquista<strong>do</strong>s pelos cidadãos estão dialeticamente relaciona<strong>do</strong>s com os seus <strong>de</strong>veres, poiso cidadão está sempre interagin<strong>do</strong> com esta socieda<strong>de</strong>.A formação <strong>do</strong> futuro cidadão fica colocada nas entrelinhas ou "entreconteú<strong>do</strong>s". Gostaríamos aqui <strong>de</strong> reafirmar duas citações:"A cidadania é, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, uma qualida<strong>de</strong> política conquistada através daprática consciente e fundamento-base na construção <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>mocracia participativa"(Coelho, 1990)."Da Universida<strong>de</strong> à escola pré-primária faz-se necessário estar presente o perfil<strong>do</strong> cidadão na <strong>de</strong>mocracia <strong>do</strong>s iguais, no combate às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, na autonomiadas <strong>de</strong>cisões, na produção, e circulação <strong>de</strong>sempedidas <strong>do</strong>s conhecimentos e <strong>do</strong>s bens eserviços da economia" (Marques, 1980 )) .A questão da cidadania é também uma questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização na sala <strong>de</strong>aula, <strong>de</strong> entendimento <strong>do</strong> que é autonomia didática e competência, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong> culturalmente instalada. Como conhecer esta cultura? Como conhecer a suaestrutura e sua formação ao longo da construção da so cieda<strong>de</strong>? E <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> ensinoformal, através <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s específicos que tu<strong>do</strong> isto po<strong>de</strong>rá ser ensina<strong>do</strong> ecompreendi<strong>do</strong> pelos alunos.E através <strong>do</strong> conhecimento culturalmente construí<strong>do</strong> que se po<strong>de</strong> entãoenten<strong>de</strong>r o conhecimento científico. E este conhecimento c ria<strong>do</strong> nesta e por estasocieda<strong>de</strong> que este aluno vivencia.Hoje a questão <strong>do</strong> conhecimento é uma nova interrogação. Antes tínhamos esteconhecimento como um da<strong>do</strong> a ser transmiti<strong>do</strong>, passamos <strong>de</strong>pois a colocá-lo com "novasembalagens" (i.é. novas meto<strong>do</strong>logias) e hoje o questionamos. O aluno não po<strong>de</strong> ser ummero consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sses conhecimentos acumula<strong>do</strong>s. A Ciência tem um papel cultural.Como passá-la aos alunos é uma outra questão impo rtante. Hoje, a pesquisa intervençãoé um caminho <strong>de</strong> discussão <strong>do</strong> que e como ensinar para o cidadão "em formação". Estasquestões <strong>do</strong> que e como não são dicotomizadas. Fazem pa rte <strong>do</strong> proieto político <strong>de</strong>escola.


65O conhecimento específico (seja ele <strong>de</strong> Física, Química, Literatura, etc) éfundamental, crian<strong>do</strong> condições para que o aluno tnão rejeite a escola. O aluno <strong>de</strong>vebuscar na escola conhecimentos que o enriqueçam na vida fora da escola. E só osconteú<strong>do</strong>s historicamente coloca<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão fazer com que ele entenda o processo <strong>de</strong>construção <strong>de</strong>les próprios, com as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento, relacionamento com associeda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada época.O objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser só objeto e passa a ser o objeto-sujeito, numarelação também dialética:objeto —> enquanto o objeto (coisas) a ser estuda<strong>do</strong>sujeito —> enquanto o construtor <strong>de</strong> seu próprio conhecimento, numa<strong>de</strong>terminada contextualização.O papel <strong>de</strong>ste conhecimento está diretamente relaciona<strong>do</strong> com o papel daescola. Enquanto a escola é um espaço para o <strong>de</strong>senvolvimento da cidadania, o ensino dasCiências (no caso, a Física) é o espaço para pensar criticamente a Ciência. elaboran<strong>do</strong> aicom o aluno conhecimentos que o ajudarão a pensar, <strong>de</strong>cidir e criticamente nasocieda<strong>de</strong> em que vive uma vez que a "critica da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna passa pela critica daCiência" (Deus, 1989().Procuran<strong>do</strong> apresentar alguma conclusão, não acreditamos em formação <strong>de</strong>cidadão com a dicotomia "<strong>de</strong>ntro" e "fora" da escola. Esta escola está <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong>e o aluno <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Temos que encarar e <strong>de</strong>finir qual o papel da escola e <strong>do</strong>sconteú<strong>do</strong>s a serem ensina<strong>do</strong>s. E estes conteú<strong>do</strong>s têm que ser transmiti<strong>do</strong>s comohistoricamente construí<strong>do</strong>s em outras socieda<strong>de</strong>s, que se modificaram, por conta <strong>de</strong>outros cidadãos, na sua época <strong>de</strong> construção.Bibliografia:1. TREIN, Eunice Shilling. Educação Popular e Cidadania in Revista Tempo Brasileiro,100 ( 1990), p.117-124.2. 0 Cenário <strong>do</strong>s Ataques in Folha <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1991.3. COELHO, Ligia Martha C. da C. Apresentação: quan<strong>do</strong> os números não refletemapenas quantida<strong>de</strong> in Revista Tempo Brasileiro, 100 (1990) p.5-8.


^664. MARQUES, Mario O. Escola e Cidadania in Contexto e Educarão, Revista daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ijuf (RS) 3 (10): 7-8, a<strong>br</strong>il-jun. 1988.5. DEUS, J.D. (org.) A critica da Ciência, 2" ed., Rio <strong>de</strong> Janeiro, Zahar Editores (1979).


67Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong>Maria Cristina Dal PianO tema da Educação Científica na sua relação com o <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> tecnologiastem si<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> amplamente há muitas décadas. Ele serve <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> confluência <strong>de</strong>áreas como a Física, a Química, a Biologia, as Engenharias, a Psicologia, a Sociologia, aHistória, e mesmo a Filosofia. A tematização das questões que envolvem esta relaçãoiniciou-se na década <strong>de</strong> 50 e apresentou-se na forma concreta <strong>de</strong> "projetos <strong>de</strong> ensino" paraaplicação em larga escala. Caracteristico <strong>de</strong>sta fase foi o projeto PSSC (Physical ScienceStudy Commitee), surgi<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s como uma resposta ao crescimentoacelera<strong>do</strong> <strong>do</strong> conhecimento científico e à atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> indiferença por parte <strong>do</strong>s cientistasno que concerne à educação primária e secundária. No contexto da socieda<strong>de</strong> americana<strong>do</strong>s anos 50, o surgimento <strong>do</strong> PSSC po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> como uma reação ao crescentepo<strong>de</strong>rio nuclear soviético, uma vez que o lançamento <strong>do</strong> Sputnik <strong>de</strong>terminou,.nos Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s, a criação da NASA e a <strong>do</strong>tação <strong>de</strong> verbas vultosas para o ensino <strong>de</strong> Ciências.A boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns projetos produzi<strong>do</strong>s e implementa<strong>do</strong>s nos anos 50 e60 não foi, porém, suficiente para contornar os sinais <strong>de</strong> insatisfação que tomaram contada comunida<strong>de</strong> acadêmica e científica no início <strong>do</strong>s anos 70. Por um la<strong>do</strong>, reconhecia-se o<strong>de</strong>snível entre a formação básica oferecida aos alunos e o novo curriculo dasuniversida<strong>de</strong>s, que passou a incorporar o conhecimento advin<strong>do</strong> das revoluções conceituale experimental da Física, Química e Biologia <strong>do</strong>s anos 20 e 30. Por outro la<strong>do</strong>,reconhecia-se a existência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda social em favor <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong>cientistas.Nesta época, colocava-se aos cientistas a questão <strong>de</strong> como fazer senti<strong>do</strong> aCiência acadêmica. Debatia-se, por exemplo, questões relativas aos limites <strong>do</strong>crescimento; à finitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos naturais; à responsabilida<strong>de</strong> social <strong>do</strong> cientista e ànão neutralida<strong>de</strong> da Ciência. Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> Ciência acadêmica propostos buscavamfundamentação em três tipos <strong>de</strong> abordagens que frutificavam na época: na psicologia dapesquisa e da <strong>de</strong>scoberta científica; na sociologia da comunida<strong>de</strong> científica e nos critériosfilosóficos <strong>do</strong> conhecimento objetivo. Neste contexto, a Educação Científica acompanhouo movimento mais amplo da aca<strong>de</strong>mia, exigin<strong>do</strong> que os novos projetos fossem pensa<strong>do</strong>s apartir <strong>de</strong> uma discussão da sua relevância social.Nos anos 80, a questão da Educação Científica na sua relação com o <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>tecnologias torna-se mais visível, em função <strong>do</strong> aceleramento <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> produçãocientífica e <strong>de</strong> inovação tecnológica, bem como da maior velocida<strong>de</strong> imprimida àcirculação <strong>de</strong> conhecimentos científicos e tecnológicos junto à população.


68Mais recentemente, o$ efeitos sociais e politicos da <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> ensinoque caracterizou as décadas <strong>de</strong> 70 e 80, favorecem uma série <strong>de</strong> propostas cujas análisesse <strong>de</strong>s<strong>do</strong><strong>br</strong>am em torno das funções sociais da Educação Científica. Tais propostasreconhecem a relevância da Educação Científica para o <strong>do</strong>mínio das novas tecnologias epara a mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> sistema produtivo, fazen<strong>do</strong> confluir, cada vez mais, as váriasáreas <strong>do</strong> conhecimento. Ao mesmo tempo, reconhecem a precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> nível <strong>de</strong>formação em Ciências para a qualificação <strong>de</strong> profissionais capazes <strong>de</strong> enfrentar problemasnovos e complexos. A tese básica em torno da qual a discussão da Educação Científicapassa a ocorrer é a <strong>de</strong> que uma compreensão pública mais profunda da Ciência(alfabetização) po<strong>de</strong> ser o elemento fundamental <strong>de</strong> promoção da prosperida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umanação.O caso prima fa<strong>de</strong> para a existência <strong>de</strong> uma relação entre "alfabetizaçãocientífica" e "prosperida<strong>de</strong>" são os padrões <strong>de</strong> escolarização e <strong>de</strong> qualificação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong>o<strong>br</strong>a especializada exigi<strong>do</strong>s pelas ativida<strong>de</strong>s industriais mo<strong>de</strong>rnas. A maioria daseconomias ditas fortes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m mais e mais <strong>de</strong> novas tecnologias, cuja introduçãoestimula o <strong>de</strong>senvolvimento daquelas já existentes. O aperfeiçoamento da tecnologiaconsolidada <strong>de</strong>manda, por sua vez, um certo grau <strong>de</strong> qualificação científica e técnica <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s aqueles envolvi<strong>do</strong>s na produção, <strong>de</strong> empresários a simples trabalha<strong>do</strong>res. Aceita-sehoje nos países industrializa<strong>do</strong>s, que a maior parte <strong>do</strong> que se gasta para produzir numasocieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna e a maior parte daquilo que se apropria, é valor intelectual.A alfabetização em Ciências constitui-se, portanto, numa providência paraenfrentar a realida<strong>de</strong> da mo<strong>de</strong>rnização. Na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática esta meta vemnormalmente acompanhada <strong>do</strong> argumento so<strong>br</strong>e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resgate da cidadania. Aquestão da cidadania é consi<strong>de</strong>rada cada vez mais um espaço crucial na luta política ei<strong>de</strong>ológica, imprescindível para a consolidação <strong>de</strong> uma efetiva transformação <strong>de</strong>mocrática.E um pré-requisito essencial, já que é vista como uma condição <strong>de</strong> articulação <strong>do</strong>smovimentos sociais urbanos e rurais com as reivindicações <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>ressindicaliza<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>finirá as possibilida<strong>de</strong>s da classe trabalha<strong>do</strong>ra integrar ou não um pacto<strong>de</strong>mocrático. A Ciência passa a ser um direito <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os cidadãos alfabetiza<strong>do</strong>s. Adiscussão da Educação em Ciências ganha então uma nova tônica. Incorporada comodireito <strong>de</strong> to<strong>do</strong> cidadão, ela integra hoje uma pauta <strong>de</strong> reivindicações e conquistas sociais,ao mesmo tempo em que vê sempre mais enfatizada a relação entre seus efeitos e amo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> sistema produtivo.Nesta perspectiva, alfabetização em Ciências não significa uma simplesdistribuição <strong>do</strong> conhecimento acumula<strong>do</strong> pela Ciência. Como se sabe, a história daCiência e Tecnologia (CT) é uma história <strong>de</strong> crescimento exponencial. Nos crescimentosexponenciais, certos padrões ten<strong>de</strong>m para um limite, tal como ocorre com a produçãocientífica e tecnológica nos vários campos <strong>do</strong> conhecimento, cujo volume (medi<strong>do</strong> poruma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> parâmetros como número <strong>de</strong> periódicos especializa<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> cientistas;


69valor <strong>de</strong> investimento em CT; quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens tecnológicos e matérias-primas comotransportes, meios <strong>de</strong> comunicação, elet ricida<strong>de</strong>, metal, carvão, etc.), tem aumenta<strong>do</strong> emescala <strong>de</strong>sta natureza. Tendências exponenciais nunca são suaves, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> dar o rigem abifurcações ou a comportamentos caóticos.No caso da produção <strong>de</strong> CT, este fato po<strong>de</strong> ser toma<strong>do</strong> como um indica<strong>do</strong>r dacomplexida<strong>de</strong> e da nova natureza <strong>do</strong>s problemas coloca<strong>do</strong>s para investigação, o que vaiexigir habilida<strong>de</strong>s cada vez mais criativas, por parte daqueles que estudam e fazem CT.Para tanto, torna-se necessário qualificar cidadãos que sejam capazes, não <strong>de</strong> memorizarconteú<strong>do</strong>s, mas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r os princípios básicos subjacentes a como as coisas funcionam,<strong>de</strong> pensar abstratamente so<strong>br</strong>e os fenômenos, estabelecen<strong>do</strong> relações entre eles; <strong>de</strong> saberdimensionar se as novas relações estabelecidas respon<strong>de</strong>m aos problemas inicialmentecoloca<strong>do</strong>s. Neste senti<strong>do</strong>, a Ciência e a Tecnologia <strong>de</strong>vem esten<strong>de</strong>r a habilida<strong>de</strong> daspessoas mudarem o mun<strong>do</strong>, o que remete à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> analisá-las na sua relação coma Socieda<strong>de</strong>."Alfabetização em Ciências" e "Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> (CTS) são hojeduas vertentes da política <strong>de</strong> Educação Científica e Tecnológica (ECT) proposta porseguimentos universitários e associações científicas para a - socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocráticamo<strong>de</strong>rna. Trata-se <strong>de</strong> um movimento amplo e mundial, cujas caracteristicas <strong>de</strong>lineiam-secada vez mais clara e irreversivelmente.Por exemplo, encontra-se hoje bastante disseminada, a constatação <strong>de</strong> que osresulta<strong>do</strong>s científicos e tecnológicos são obti<strong>do</strong>s como respostas a exigências sociais e <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com elas; sugere-se que tal idéia <strong>de</strong>ve ser fortemente repassada aos alunos.Sugere-se também que a escola <strong>de</strong>ve se preocupar com a educação <strong>do</strong> público responsávelpor <strong>de</strong>cisões políticas que afetam o bem estar social. Recomenda-se que o ensino <strong>de</strong>Ciências contribua para uma tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão mais planejada por pa rte <strong>do</strong> estudante,com relação a seu papel futuro na vida como cidadão. Uma vasta bib liografiainternacional so<strong>br</strong>e CTS encontra-se disponível.Na composição <strong>de</strong> curriculos, alguns temas são priv ilegia<strong>do</strong>s. Em torno <strong>de</strong>les, osnovos currículos incorporariam preocupações com CTS e favorece riam o ensino so<strong>br</strong>eciéncia (isto é, o ensino <strong>de</strong> aspectos relaciona<strong>do</strong>s à natureza, aos resulta<strong>do</strong>s e àrelevância <strong>do</strong> empreendimento científico, em contraposição com o mero ensino <strong>do</strong>conhecimento científico). São frequentemente recomenda<strong>do</strong>s:. vida, matéria, energia e movimento;. estrutura e evolução <strong>do</strong> universo;. o mun<strong>do</strong> fa<strong>br</strong>ica<strong>do</strong>, informação, mudanças sociais, conflitos, formas politicas eeconômicas <strong>de</strong> organização;


70. representações matemáticas, probabilida<strong>de</strong>, análise quantitativa e qua litativa,mo<strong>de</strong>los matemáticos, formas <strong>de</strong> raciocínio.Os novos currículos vêm também acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> integração<strong>de</strong> abordagens diversificadas, entre as quais <strong>de</strong>stacam-se a problematiza<strong>do</strong>ra, a <strong>de</strong>relevância (em termos <strong>de</strong> aplicação), a vocacional, a interdisciplinar, a histórica, asociológica e a filosófica. Tais abordagens a rticulam-se no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fortalecer a tesemais geral <strong>de</strong> que o crescimento econômico é algo sustentável e <strong>de</strong> que os indivíduos sãoeles próprios responsáveis pelo encaminhamento <strong>do</strong>s problemas que o <strong>de</strong>senvolvimentogera. "Pense globalmente e aja localmente" passa a ser um lema que acompanha aspropostas curriculares em Ciências.No Brasil, as preocupações e propostas trazidas pelo "movimento CTS"coinci<strong>de</strong>m, em muitos aspectos, com antigas reivindicações feitas por educa<strong>do</strong>res epesquisa<strong>do</strong>res em ensino <strong>de</strong> Ciências. Entretanto, é necessário ter clareza a respeito <strong>do</strong>sdiferentes <strong>de</strong>s<strong>do</strong><strong>br</strong>amentos que este movimento po<strong>de</strong> propiciar.Por exemplo, precisaríamos discutir melhor, que tipo <strong>de</strong> redirecionamento oensino <strong>de</strong> Ciências no Bras il mais precisa; quais são as condições <strong>de</strong> que dispomos paragarantir a ocorrência <strong>de</strong> mudanças profundas; que políticas <strong>de</strong> formação permanente <strong>de</strong>recursos humanos seriam mais a<strong>de</strong>quadas; .o que significa realmente a distinção "ensinarCiências" X "ensinar so<strong>br</strong>e Ciências"; o que <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>do</strong> por "formar p cidadãocritico"? Estas são algumas questões que merecem uma reflexão mais c ritica e ampla e<strong>de</strong>veriam ser consi<strong>de</strong>radas nas discussões <strong>de</strong>sta mesa re<strong>do</strong>nda.


71CTS e a Educação <strong>do</strong> HomemSuzana <strong>de</strong> Souza BarrosO ALUNO MAIS INGÊNUO CONHECE HOJE VERDADES PEIAS QUAISARQUIMEDES TERIA SACRIFICADO SUA VIDA" E. Renan"NÃO É PERMITIDO SABER TUDO" HorácioO tópico em discussão nesta mesa é tanto atual como relevante. Mesmo assimse presta, <strong>de</strong>ntre as possíveis interpretações, a uma que está tom an<strong>do</strong> corpo no nosso país,negativa e falsa ao meu ver: O MODISMO NA EDUCAÇÃO. Existem aqueles que vêemneste enfoque a panacea universal. Outros, trabalhan<strong>do</strong> essencialmente sob as mesmaspremissas, consi<strong>de</strong>ram uma ofensa ser associa<strong>do</strong>s com CTS.E oportuno lem<strong>br</strong>ar que a partir da década <strong>do</strong>s 70 houve uma mudançasignificativa nas idéias so<strong>br</strong>e ensino <strong>de</strong> Física, num nível global, com a tomada <strong>de</strong>consciência quanto a possível valida<strong>de</strong> da Física puramente acadêmica e com oconseqüente <strong>de</strong>slocamento para uma orientação <strong>do</strong> ensino voltada para o mun<strong>do</strong> "real".Tentarei colocar em evidência, neste curto intervalo, alguns aspectos que achoimportantes e que dizem respeito à educação formal <strong>do</strong>s cidadãos <strong>do</strong> século XX. Ascitações no início <strong>de</strong>sta apresentação falam <strong>de</strong> <strong>do</strong>is <strong>de</strong>terminantes, <strong>de</strong>ntre outros, com queos nossos educa<strong>do</strong>res se confrontam para a escolha <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s curriculares. Partin<strong>do</strong>seda premissa que o ato <strong>de</strong> conhecer não implica necessariamente em saber, osconteú<strong>do</strong>s para a construção <strong>de</strong> um currículo <strong>de</strong>veriam ser escolhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>referenciais <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s que preenchessem os objetivos da educação <strong>do</strong> cidadão que se<strong>de</strong>seja formar. Para tanto, é necessário ter clareza qu anto às razões da educação nestefinal <strong>de</strong> milênio. Para melhor situar um referencial da filosofia educacional que <strong>de</strong>sejariafosse, no mínimo, consi<strong>de</strong>rada pelos responsáveis <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento cur ricular,apresento o texto <strong>do</strong> professor A.M.Baptista, publica<strong>do</strong> no prefácio à edição portuguesa<strong>do</strong> livro Quantum Eletro D ynamics <strong>de</strong> R. Feynman.'... muitas vezes penso se o nosso ensino <strong>de</strong> Ciência não estará erra<strong>do</strong>. Emparticular o da Física, disciplina que, talvez mais <strong>do</strong> que nenhuma outra, tem contribuí<strong>do</strong>para alterar culturalmente a face <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, pelas profundas modificações que atecnologia, o seu <strong>br</strong>aço arma<strong>do</strong>, tem provoca<strong>do</strong> na fá<strong>br</strong>ica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e <strong>do</strong> nosso viver.Julgo que a<strong>do</strong>tamos erradamente um paradigma didático que se po<strong>de</strong> ria resumir daseguinte forma: ensina-se Física como se quiséssemos preparar parafisicos. De mo<strong>do</strong> que


72ficamos a menos <strong>de</strong> meio caminho e nunca alcançamos os objetivos propostos: por umla<strong>do</strong>, exercitar um certo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensar as coisas e nas coisas; por outro, e talvez o maisimportante, o <strong>de</strong> garant ir a relevância <strong>do</strong> que se ensina para a compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ànossa volta. ...mais dramático é constatarmos que o presente po<strong>de</strong> ser um país possuí<strong>do</strong>apenas por aqueles que verda<strong>de</strong> iramente o vivem, compreen<strong>de</strong>m e constroem..."E neste referencial que <strong>de</strong>sejo me situar, para posicionar aspectos querelacionam a entrada da CTS na escola, não como mais um modismo a ser rejeita<strong>do</strong> coma chegada <strong>do</strong> sucessor, porém para um levantamento <strong>do</strong>s seus possíveis enfoques e <strong>de</strong> suautilização no contexto da nossa educação formal.Quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong> CIÊNCIA (C), TECNOLOGIA (T) e SOCIEDADE (S)não fica muito claro qual a relação que fazemos entre a C, a T e a S. Falamos <strong>de</strong>:- Relações <strong>de</strong> conhecimentos entre Ciência e te cnologia?- Aquisição <strong>de</strong> conhecimentos específicos?- Articulação <strong>de</strong> C/T <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto cultural <strong>do</strong> individuo?- Compreensão histórico-social <strong>do</strong>s problemas que C/T impõem à socieda<strong>de</strong>?- Construção <strong>de</strong> conhecimento interdisciplinar?- Influências da socieda<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e Ciência e tecnologia?- Responsabilida<strong>de</strong> social <strong>do</strong> cientista?- Aspectos históricos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia?- Características <strong>do</strong> conhecimento científico?Cada um <strong>de</strong>stes objetivos seria relevante e po<strong>de</strong> ria <strong>de</strong>finir ementas <strong>de</strong> outrastantas disciplinas específicas. Por outro la<strong>do</strong>, estes assuntos po<strong>de</strong>riam ser trabalha<strong>do</strong>scomo tópicos <strong>de</strong> interesse com ênfases diferentes, por professores <strong>de</strong> Física que<strong>de</strong>sejassem trazer para a sala <strong>de</strong> aula dimensões culturais da Física e sua contribuiçãopara o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>. Estou assim falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas "simples", que dizemrespeito ao repensar <strong>do</strong>s currículos <strong>de</strong> Ciências e <strong>de</strong> sua importância para a vida <strong>do</strong>sindivíduos, tanto cultural quanto socialmente. Os atuais programas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> terrelevância há muito tempo, já que não mais cumprem o <strong>de</strong>ver <strong>do</strong> ensino acadêmicoformal a que se propõem, (veja-se, por exemplo, o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s estudantes nas provasvestibulares em to<strong>do</strong> país), ou seja, ao meu enten<strong>de</strong>r, atingem apenas um número muitoreduzi<strong>do</strong> <strong>do</strong> universo escolar, principalmente aquele <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> às carreiras específicasuniversitárias. Fora disto, mesmo necessários não são suficientes, não cumprem funçãoalguma. Num julgamento <strong>de</strong> valor, é até possível associar aspe ctos negativos ao atualensino <strong>de</strong> Física, pelas conotações que as lem<strong>br</strong>anças <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> trazem para muitosadultos escolariza<strong>do</strong>s.Uma das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reversão <strong>do</strong> quadro endêmico que é o ensino <strong>de</strong>Física atual no segun<strong>do</strong> grau e, porque não admiti-lo, no terceiro grau também, se ria a


73introdução sistematizada <strong>de</strong> tópicos relaciona<strong>do</strong>s com CI'S, cujo referencial básicoestivesse centra<strong>do</strong> nas disciplinas das Ciências exatas e naturais. Vale dizer, os estudantesestariam utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> conhecimentos da Física para discutir assuntos que lhes dizemrespeito, como, por exemplo, problemas associa<strong>do</strong>s à energia, ao consumo, uso <strong>de</strong>tecnologias dúbias (neste momento <strong>de</strong> guerra <strong>de</strong>claradamente "tecnológica"), "o aci<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> Goiânia" e outros; os julgamentos morais e <strong>de</strong> valor viriam acompanha<strong>do</strong>s porargumentos basea<strong>do</strong>s em fatos científicos com alguma compreensão das tecnologiasrespectivas. Desta forma, educaríamos também indivíduos capacita<strong>do</strong>s a julgamentos <strong>de</strong>valor fundamenta<strong>do</strong>s e com recursos para solicitar informação fi<strong>de</strong>digna quan<strong>do</strong>necessário. Esta revisão curricular po<strong>de</strong>ria se dar através da introdução <strong>de</strong> tópicos C e Trelaciona<strong>do</strong>s à socieda<strong>de</strong>, nas AULAS REGULARES DE FÍSICA. Isto é, sem alteraçãoinicial <strong>do</strong>s programas vigentes, apren<strong>de</strong>r-se-ia a enriquecê-los através <strong>de</strong> discussões eativida<strong>de</strong>s so<strong>br</strong>e materiais que o professor selecionaria como os melhores para um da<strong>do</strong>aspecto da Física, ou pelá sua oportunida<strong>de</strong> conceitual ou pela sua importância social.Nesse senti<strong>do</strong>, seria interessante analisar o efeito difusor <strong>do</strong>s diversos programas<strong>de</strong> interação Universida<strong>de</strong>/Escola, que através da pesquisa escolar, trabalham direta ouindiretamente assuntos relaciona<strong>do</strong>s a CT'S, sen<strong>do</strong>, como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, oprofessor secundário o real agente da mudança na sala <strong>de</strong> aula.Qual o conhecimento que os nossos estudantes adquirem nas salas <strong>de</strong> Físicaescolares, so<strong>br</strong>e aspectos relaciona<strong>do</strong>s com o problema que o limite da irreversibilida<strong>de</strong>da natureza <strong>do</strong> planeta está atingin<strong>do</strong>, como por exemplo: equilí<strong>br</strong>io ecológico, poluição,uso <strong>de</strong> recursos naturais, efeitos da guerra biológica, química e termonuclear,modificações climáticas impostas pelo "avanço tecnológico", efeito estufa, <strong>de</strong>struição dacamada <strong>de</strong> ozônio <strong>de</strong>ntre outros? Ou ainda, so<strong>br</strong>e aspectos bem mais relaciona<strong>do</strong>s com oselementos . que a tecnologia fornece para o bem estar cotidiano: gela<strong>de</strong>iras e arcondiciona<strong>do</strong>, -sistemas <strong>de</strong> aquecimento, meios <strong>de</strong> transpo rte, eletro<strong>do</strong>mésticos,robotização industrial, engenharia genética, meios <strong>de</strong> comunicação eletrônica, informáticae outros?Será que os nossos alunos po<strong>de</strong>m discutir com compreensão, a partir <strong>do</strong>sprincípios básicos, mesmo a construção <strong>de</strong> uma pilha elétrica, das quais se utilizamdiariamente para fazer funcionar seus radinhos <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>? Qual o interesse emcompreen<strong>de</strong>r os princípios da televisão? grava<strong>do</strong>r? forno <strong>de</strong> microondas? motor <strong>de</strong> umautomóvel? Ou será que estão <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a permanecer para sempre ignorantes econsi<strong>de</strong>rar este tipo <strong>de</strong> compreensão como privilégio <strong>de</strong> alguns poucos e como ummilagre que se sustenta por o<strong>br</strong>a daquela minoria que <strong>de</strong>tém esse conhecimento eportanto, <strong>de</strong> uma certa forma, <strong>de</strong>tém o po<strong>de</strong>r.E interessante mencionar resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma pesquisa realizada pelo Museu <strong>de</strong>Astronomia e Ciências Afins (MCI', CNPq, 1987), "0 que pensa o <strong>br</strong>asileiro so<strong>br</strong>e


MP74Ciência e Tecnologia". Os da<strong>do</strong>s revelam que tanto o cientista como as Ciências<strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração e respeito junto a população urbana". Mesmo assim, "apercepção da influência da Ciência nas condições <strong>de</strong> existência indicam que os resulta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> avanço cientifico/tecnológico estão distantes da vida diária das pessoas". Nesse estu<strong>do</strong>a tecnologia é vista como fonte <strong>de</strong> conhecimento e bem estar, mas pouco relacionada comaspectos <strong>de</strong> produção industrial, sen<strong>do</strong> que a escolarização seria um indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>interesse por Ciência e Tecnologia, e portanto da percepção social <strong>do</strong>s indivíduos. Outroda<strong>do</strong> que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é o interesse por Ciência e Tecnologia maior para asbaixas faixas etárias.Para exemplificar, mencionaremos a seguir alguns programas que têm si<strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na última década, e que são <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio público. Para sua classificação,utilizaremos a proposta por J. Solomon ("Research on stu<strong>de</strong>nt's reactions to the STSissues", Science and Tecnologv Education and the quality of life, K. Ricquarts (Editor),IPN, Kiehl, FDR, 1987) para a análise <strong>de</strong> projetos CTS utiliza<strong>do</strong>s no ensino <strong>de</strong> Ciênciasna escola secundária (fundamenta<strong>do</strong> no trabalho <strong>de</strong> J. Ziman (Teaching and learningabout science and society, CUP, Cam<strong>br</strong>idge, 1980).I. EDUCAÇÃO GERAL DO CIDADÃO: ajuda os alunos a estabeleceremuma visão científica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como meta prioritária a inserção <strong>do</strong> indivíduoeduca<strong>do</strong> na socieda<strong>de</strong>. Este tipo <strong>de</strong> enfoque constitui-se geralmente numa disciplinacomplementar ao ensino <strong>de</strong> Física.- SISCON (Science in a Social Context, British Science, Technology and SocietyAssociation): seus objetivos principais são: i) mostrar a Ciência e a Tecnologia comoiniciativas da e para a socieda<strong>de</strong>; ii) encorajar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> opiniões pessoaisfundamentadas e iii) refletir so<strong>br</strong>e os processos da Ciência, a Tecnologia e seu<strong>de</strong>senvolvimento.- SCIENCE, A WAY OF KNOWING (Aikenhead, G. and Fleming, H,University of Saskatoon., Canada, 1975).II. MATERIAIS QUE NÃO CONSTITUEM CURSOS COMPLETOS e quenão se propõem fornecer instrumentos interpretativos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> mais geral.Desenvolvem aspectos temáticos, meto<strong>do</strong>lógico-históricos, avaliativos, antropológicos,etc. e po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s como parte <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s curriculares estabeleci<strong>do</strong>s para adisciplina.- SATIS (Science and Technology in Society, Association for Science Education,UK). Unida<strong>de</strong>s resumidas que exemplificam aplicações <strong>de</strong> Ciência e tecnologia, utilizadapara enriquecer os currículos escolares <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências. Estes módulos foram<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por professores secundários, com auxílio da indústria e po<strong>de</strong>m ser trata<strong>do</strong>s


75em alguns perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> aula para complementar e ampliar o próprio currículo, nãosubstituin<strong>do</strong> a programação seqüenciada da matéria curricular.- No Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física (GPEF), Instituto <strong>de</strong> Física daUFRJ, várias pesquisas, com enfoques conteudisticos e/ou meto<strong>do</strong>lógicos são<strong>de</strong>senvolvidas tanto para levantamento das formas <strong>de</strong> pensar <strong>do</strong>s estudantes relacionadascom CI' como para sistematização <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> aplicação, produção <strong>de</strong> materiaisdidáticos e análise <strong>do</strong> efeito organiza<strong>do</strong>r/motiva<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s materiais didáticos com enfoqueCTS so<strong>br</strong>e a aprendizagem conceitua! da Física escolarizada.- Diversos grupos italianos <strong>de</strong>senvolvem projetos relaciona<strong>do</strong>s com Energia(Grupo Nazionale da Didatica <strong>de</strong>lla Física (GNDF) <strong>de</strong> Torino; "Progetto di Educazionealla pace", <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Documentação Regis <strong>de</strong> Torino;Progetto <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Energia, para professores <strong>do</strong> secundário superior, promovi<strong>do</strong> peloComitê Escola-Energia, dan<strong>do</strong> ênfase aos materiais especialmente prepara<strong>do</strong>s para o uso<strong>do</strong> professor, objetivos, bibliografia, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> laboratório, formas <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong>material, etc.III. MATERIAIS DIDÁTICOS QUE INTEGRAM ASPECTOS DOCOTIDIANO E DE CTS NO CURRÍCULO DE FÍSICA, colocan<strong>do</strong> em evidência apassagem entre os conteú<strong>do</strong>s tradicionais e os novos. O objetivo é provocar a motivação eo interesse <strong>do</strong> estudante pelo estu<strong>do</strong> da Física e ao mesmo tempo prepará-lo melhor paraa vida.- PLON: (Departamento <strong>de</strong> Didática das Ciências, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Utrecht).Este programa pioneiro teve início em 1972 com o objetivo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> produzir materiaisdidáticos a partir <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula, baseadas na experiência <strong>de</strong> professores ealunos e nos aspectos sociais relevantes <strong>do</strong> momento. Na década <strong>do</strong>s 80 o enfoque CTSampliou o leque <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong>ste programa com a inclusão <strong>de</strong> tópicos que po<strong>de</strong>riamcontribuir para a melhoria das habilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s estudantes na área <strong>de</strong> julgamentosrelaciona<strong>do</strong>s com aspectos sociais.- GREF (Grupo <strong>de</strong> Reelaboração <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, Instituto <strong>de</strong> Física(USP)., Dentre as tentativas em <strong>de</strong>senvolvimento no país, uma das mais conhecidas naárea da Física, mesmo que não corresponda exatamente à forma <strong>do</strong> enfoque CTS é omaterial didático <strong>de</strong>ste Grupo, que <strong>de</strong>senvolve material curricular partin<strong>do</strong> das "coisas <strong>do</strong>cotidiano <strong>do</strong>s alunos" para atingir conceitualmente os tópicos específicos da Física.A situação atual <strong>do</strong> enfoque CTS na sala <strong>de</strong> aula não permite ainda uma tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>finitiva quanto a uma utilização sistematizada. Porém já indica tendências.Não se trata <strong>de</strong> apenas motivar os estudantes sem ensinar os fundamentos científicos nonível apropria<strong>do</strong>. A avaliação <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s estudantes, realizada pela equipe <strong>do</strong>


76PLON, programa que utiliza <strong>de</strong> forma orgânica o CTS, mostra que há ainda muitocaminho a percorrer e muito estu<strong>do</strong> a ser feito, em relação ao <strong>de</strong>senvolvimento curriculare a pesquisa <strong>de</strong> como os estudantes apreen<strong>de</strong>m significa<strong>do</strong>s científicos para sua aplicação,em situações diferentes das apresentadas diretamente na sala <strong>de</strong> aula. Mesmo assim éimportante continuar a revisão <strong>do</strong>s atuais currículos como também é necessário<strong>de</strong>senvolver novos materiais didáticos utilizan<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>s os recursos possíveis conheci<strong>do</strong>se à disposição. Somente quan<strong>do</strong> possuirmos um bom acervo <strong>de</strong>stes materiais, po<strong>de</strong>rão osprofessores secundários e primários pensar em sua introdução sistematizada à sala <strong>de</strong>aula.


77Ciência - Tecnologia - Socieda<strong>de</strong>Myriam KrasilchickQuan<strong>do</strong> se fala em ensinar Ciências, alguns pensam apenas no conhecimentoconceitual, ou seja, o produto científico que é preciso transmitir aos alunos. Outrospensam em fazer com que os alunos vivenciem Ciência como processo, refazen<strong>do</strong> ereconhecen<strong>do</strong> as operações intelectuais realizadas pelos cientistas para obterconhecimentos e ainda outros pensam na Ciência como instituirão social que sustenta apesquisa e dissemina seus resulta<strong>do</strong>s.Embora essas três visões não possam ser <strong>de</strong>stacadas, pois estão profundamenteinterligadas, a ênfase dada a cada uma <strong>de</strong>las nos currículos escolares tem va ria<strong>do</strong> com otempo. Na década <strong>de</strong> sessenta, perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s projetos curriculares <strong>de</strong>"primeira geração", o que se pretendia era incorporar aos programas escolares as<strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> um perio<strong>do</strong> fecun<strong>do</strong> da Ciência enfatizand o-se portanto o produto.Gradativamente os currículos <strong>do</strong>s anos setenta foram assimilan<strong>do</strong> e dan<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>minânciaao méto<strong>do</strong> científico, ao processo da Ciência.Hoje o mote Ciência/Tecnologia/Socieda<strong>de</strong> indica a importância <strong>de</strong> ummovimento internacional que sublinha a análise da Ciência como instituição, ativida<strong>de</strong>organizada da socieda<strong>de</strong>, para uma socieda<strong>de</strong> que em sua gran<strong>de</strong> parte não participadiretamente <strong>do</strong> empreendimento científico.Os argumentos invoca<strong>do</strong>s para sustentar esta linha <strong>de</strong> trabalho são va ria<strong>do</strong>s.Referem-se ao beneficio para a própria Ciência, quan<strong>do</strong> esta pu<strong>de</strong>r ser plenamenteentendida pelo gran<strong>de</strong> público, ao <strong>de</strong>senvolvimento cultural e intelectual e àracionalida<strong>de</strong>, advin<strong>do</strong>s da compreensão <strong>do</strong> papel social <strong>de</strong> Ciência. Uma outra vertenteimportante <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> ensino das implicações sociais da Ciência é a <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimentonacional e invoca argumentos econômicos, da melhoria da qua lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Uma linhaforte que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a análise da relação Ciência/Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> tem subjacente anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar o po<strong>de</strong>r e influência das nações. Na raiz <strong>de</strong>sse movimento umpotente fator é a "guerra tecnológica' e a competição por hegemonia po litica eeconômica.Ainda um outro tipo <strong>de</strong> raciocínio admite que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preparar acidadania plena e preparação <strong>de</strong> um público informa<strong>do</strong> que possa opinar e <strong>de</strong>cidir so<strong>br</strong>eassuntos referentes ao <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> científica e tecnológica.Esses diferentes aspectos incluem um dilema sempre presente nos que sepreocupam com os fins da educação. Formar uma elite que cont ribua para a superação <strong>de</strong>


78diferenças entre países mais ou menos adianta<strong>do</strong>s ou "educação para to<strong>do</strong>s". Umapremissa básica da a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>sta última concepção é <strong>de</strong> que a visão da Ciência comoempreendimento social faz pa rte da educação <strong>de</strong> todas as crianças e jovens.Decorrente da aceitação <strong>de</strong>ssa premissa hoje, é freqüente entre os que sepreocupam com o ensino <strong>de</strong> Ciências, o uso da expressão: "alfabetização científica", queleva perguntas óbvias e raramente respondidas: o que isso significa? Que aspectos daanálise da Ciência como instituição <strong>de</strong>vem fazer parte <strong>do</strong>s curriculos das escolas primáriase médias para aten<strong>de</strong>r aos que estão fora da Ciência?Vários autores (Fensham, 1986; Jenkins, 1990; Levenstein, 1988) preocuparamsecm arrolar conhecimentos, habilida<strong>de</strong>s, atitu<strong>de</strong>s que são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s essenciais aoalfabetiza<strong>do</strong> em Ciência. Consolida<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa análise, po<strong>de</strong>-se chegar aalguns tópicos comuns nas várias listas.Por exemplo, admite-se que o aluno <strong>de</strong>ve ter conhecimentos que Lhe permitamcompreen<strong>de</strong>r linguagem e alguns conceitos básicos usa<strong>do</strong>s na informação científica.Hoje cut dia é essencial para qualquer leitor <strong>de</strong> jornal ou telespecta<strong>do</strong>r, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>interpretação <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s numéricos, representação gráfica <strong>de</strong> tabelas e um conhecimentoelementar <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> e estatística.Outro aspecto importante é a <strong>de</strong>codiftcação da informação transmitida pelosmeios <strong>de</strong> comunicação que exige a capacida<strong>de</strong> para informação <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong>produtos <strong>de</strong> uma tecnologia. que lhe é oferecida <strong>de</strong> várias formas.Há também concordância so<strong>br</strong>e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparar e distinguir Ciênciae Tecnologia, pois hoje os <strong>do</strong>is conceitos `oacm par t r. da vida <strong>do</strong> homem comum e sãousa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma imprecisa e mesmo evada.A comprcen:cão da Ciência como u:st uição ss: rial leva análise dc tópicoscomo suo evolução histórica, mecancsn:os <strong>de</strong>cisórios e <strong>de</strong> financiamento, asresponsabilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> cientista, pape) da socieda<strong>de</strong> nas dc;isbes so<strong>br</strong>e os <strong>de</strong>stinos dapesquisa, papel das agências <strong>de</strong> financiamento entre outros.Enfim há <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> argumentos <strong>de</strong>fensáveis: pragmáticos chumanísticos que <strong>de</strong>monstram a necessida<strong>de</strong> cie incluir nos curriculos <strong>de</strong> Ciências aanálise da instituição científica.Admite-se que a compreensão <strong>do</strong> papel da Ciência como instituição socialimpedirá que incautos sejam vítimas <strong>de</strong> comerciantes <strong>de</strong>sonestos, e que <strong>de</strong>cisõesgovernamentais e pessoais serão informadas pelo conhecimento <strong>de</strong> um púhliéoa<strong>de</strong>quadamente prepara<strong>do</strong>.


79A valorização da relação Ciência/Socieda<strong>de</strong> a nível individual admite que aapreciação da Ciência assim como a apreço pela arte <strong>de</strong>ve fazer parte <strong>de</strong> um acervointelectual e emocional <strong>de</strong> qualquer indivíduo <strong>de</strong>vidamente prepara<strong>do</strong>.No entanto, para conseguir que a escola dê este tipo <strong>de</strong> formação aos seusalunos, há um longo e árduo caminho a percorrer.Os professores não foram e não estão sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>s para a tarefa que, to<strong>do</strong>sconcordamos, é muito complicada. Recentemente, no inicio <strong>de</strong> um curso para professores,pedimos que distinguissem Ciência e Tecnologia e foi possível verificar a sua perplexida<strong>de</strong>e dificulda<strong>de</strong> para caracterizar e diferenciar os <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Os nossos cursos<strong>de</strong> licenciatura tradicionalmente não incluem com o relevo necessário aspectos referentesà aplicação da Ciência: De outro la<strong>do</strong>, discutir problemas com componentes sociaisamedronta os professores por várias razões. Sentem-se inseguros pela falta <strong>de</strong> preparo epela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazê-lo <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada sem usar a sua autorida<strong>de</strong> para imporidéias que são em sua base i<strong>de</strong>ológicas e sem <strong>de</strong>ixar os alunos confusos e perplexos diante<strong>de</strong> uma situação muito intrincada. A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler a realida<strong>de</strong> social, econômica eeducacional <strong>de</strong> hoje, que é um obstáculo para o ensino "Ciência para to<strong>do</strong>s", exige umaampliação da visão tradicional <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> que continuamos ensinan<strong>do</strong> da Ciência. Ameto<strong>do</strong>logia usada <strong>de</strong>ve ser inspirada nas idéias que o aluno traz à escola, idéia quefelizmente é hoje cada vez mais aceita.Acredito que a compreensão da Ciência como instituição capacitará o cidadão aenten<strong>de</strong>r melhor o mun<strong>do</strong> em que vive e lutar par torná-lo melhor.Bibliografia -- JENKINS, E. Science School Review - março, 1990, 71 (256) 43-51- LEVENSTEIN, B. American Scientist - v 76, n° 5, 1988 (439-449)- FENSHAM, P. Science for all, in AERA - News letter from division B, n° 5 September,1986 (6 -17)


80Politicas Recentes <strong>de</strong> Formação Básica e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasMarta Maria CA. PernambucoEsta 6 a última mesa re<strong>do</strong>nda que fecha a linha 2. "Formação <strong>do</strong> Cidadão".Gostaria <strong>de</strong> inserir esta minha fala no contexto das discussões que ocorreram nos três diasanteriores.Todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta linha foram permeadas pelo momento político quehoje estamos viven<strong>do</strong>: a guerra <strong>do</strong> Golfo Pérsico, o processo <strong>de</strong> recessão por que aeconomia <strong>br</strong>asileira tem atravessa<strong>do</strong>, quase um ano <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> primeiro presi<strong>de</strong>nteeleito pelo voto direto, <strong>de</strong>pois da ditadura. Por um la<strong>do</strong>, fica claro a reor<strong>de</strong>nação dasquestões políticas e econômicas <strong>de</strong> âmbito mundial: as mudanças <strong>do</strong> leste europeu, umaguerra que preten<strong>de</strong> atingir dimensões mundiais e que implicará em uma nova or<strong>de</strong>mpolitica no O riente Médio; e por outro uma esperança <strong>de</strong> mudança a nível nacional, tãoesperada na campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 1989, que não se concretizou em nenhuma dasexpectativas na época levantadas: nem <strong>do</strong>s que não votaram no presi<strong>de</strong>nte eleito eesperavam uma mudança mais radical da estrutura social <strong>br</strong>asileira, nem <strong>do</strong>s que nelevotaram acreditan<strong>do</strong> na inserção maior <strong>do</strong> Brasil na economia <strong>do</strong> 1° mun<strong>do</strong>.Deparamo-nos com um Brasil que, pelos próprios <strong>do</strong>cumentos governamentais,não tem uma política claramente <strong>de</strong>finida para a área <strong>de</strong> Educação e cujo diagnóstico dasituação atual nos coloca, não entre os países <strong>do</strong> 3° mun<strong>do</strong>, mas nos <strong>do</strong> 4°. O primeiro<strong>do</strong>cumento so<strong>br</strong>e a politica oficial <strong>do</strong> MEC, que está data<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o/90 e ainda temuma divulgação limitada, aponta no seu diagnóstico uma situação calamitosa nas escolas<strong>de</strong> 1° e 2° graus, um alto índice <strong>de</strong> evasão e reprovação, um gran<strong>de</strong> percentual <strong>de</strong> criançasfora das 'escolas e um índice que consi<strong>de</strong>ra inaceitável <strong>de</strong> analfabetismo, entre outrasmazelas. Nesse senti<strong>do</strong> a nossa situação educacional nos coloca ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> países recémliberta<strong>do</strong>sou saí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> guerras coloniais e muito distantes <strong>de</strong> países como o México eChile, que contam com sistemas educacionais efetivos, atingin<strong>do</strong> a maioria <strong>de</strong> suapopulação, para não falar da Europa ou da América <strong>do</strong> Norte (EUA e Canadá), on<strong>de</strong> onível médio <strong>de</strong> escolarização correspon<strong>de</strong> ao nosso 2° grau.E nesse contexto <strong>de</strong> in<strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s órgãos oficiais <strong>do</strong> que seja a sua po liticaeducacional, acompanhada <strong>de</strong> uma prática efetiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong>educação, através da diminuição real <strong>do</strong>s seus salários acompanhada <strong>de</strong> uma c riseeconômica que tem si<strong>do</strong> marcada pelo atraso no pagamento <strong>do</strong>s mesmos, conforme várias<strong>de</strong>núncias que ouvimos aqui nos últimos dias, e <strong>do</strong> mascaramento da diminuição nosrecursos disponíveis, entre outras medidas, como foi <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> na palestra <strong>de</strong>abertura, feita pela profs Lisete Aularo, que precisamos enten<strong>de</strong>r o ensino <strong>de</strong> Ciências.


^81Um consenso que permeou as nossas discussões nos últimos dias foi <strong>de</strong> repensaro ensino <strong>de</strong> Ciências volta<strong>do</strong> para a formação da cidadania e humanização. No entanto asintervenções, tanto <strong>do</strong>s palestrantes quanto da platéia, parecem-me estar consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>diferentes aspectos, até mesmo posturas antagônicas, so<strong>br</strong>e o como fazê-lo.João Zanetic, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro dia, introduziu uma questão que permeou todasas discussões: a Ciência como parte da nossa cultura e como isso implica em uma revisão<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s estabeleci<strong>do</strong>s para o ensino <strong>de</strong> 1° e 2° graus. Enio Can<strong>do</strong>tti,Carlos Arguello e Deise Vianna trouxeram na 1 6 mesa re<strong>do</strong>nda <strong>de</strong>sta linha diferentesaspectos e visões so<strong>br</strong>e o ensino <strong>de</strong> Ciências e instituições científicas, trazen<strong>do</strong> trêsdiferentes aspectos à tona: o como a Ciência institucional permeia a estrutura daorganização social atual, a importância da estrutura escolar como mecanismo <strong>de</strong> efetivoensino das concepções científicas e o papel da Ciência <strong>de</strong>ntro das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diferentesgrupos sociais, que Arguello enten<strong>de</strong> como diferentes culturas. Na mesa seguinte Suzana<strong>de</strong> Souza Barros e Myriam Krasilchick resgataram a produção da nova tendência mundial<strong>de</strong> ensino, Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> (C&T&S), e Cristina Dal Pian fez umhistórico, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> algumas das linhas mestras que parecem ter caracteriza<strong>do</strong> aabordagem. E hoje já ouvimos as falas <strong>de</strong> L.C. Menezes e Selma G. Pimenta, quevoltaram a colocar o papel <strong>do</strong> ensino e <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s no Brasil <strong>de</strong> hoje.Como várias vezes frisou ao longo <strong>do</strong>s últimos dias João Zanetic, parece que<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sânimo e perplexida<strong>de</strong>, ouvimos nestes últimos dias oreaparecer <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong> resgatar lutas históricas e o papel que temos, enquantocomunida<strong>de</strong> científica, <strong>de</strong> produzir conhecimento e indicações que possam fundamentaruma política educacional.Com mais <strong>de</strong> vinte anos <strong>de</strong> trabalhos específicos em ensino <strong>de</strong> Física no Brasil,uma interação -internacional já estabelecida, uma massa critica <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res jáespalhada em gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> território nacional, a nossa responsabilida<strong>de</strong> aumenta, aoconstatarmos que somos das poucas áreas <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s específicos que estão assimorganizadas no país. Nesse quadro temos a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não sermos mais ingênuosfrente a influências externas e políticas educacionais e nem é o momento <strong>de</strong>escamotearmos as nossas diferenças. A nossa contribuição efetiva se dará agora noenfrentamento das várias visões, que não vise à criação <strong>de</strong> um pensamento único,hegemônico, mas um questionamento acirra<strong>do</strong> que permita a cada uma <strong>de</strong>las aprofundare rever a sua própria produção e o significa<strong>do</strong> que tem para o ensino <strong>de</strong> Ciências noBrasil <strong>de</strong> hoje.Nesse senti<strong>do</strong>, gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar, além <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> consenso, algumas dasdiferenças <strong>de</strong> leitura que surgiram nos últimos dias. Parece-me que duas questões foramlevantadas por diferentes enfoques: os pedagogos e alguns <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res em ensinopuxaram a temática para a inserção <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências nas questões mais amplas da


82educação, mostran<strong>do</strong> a inter<strong>de</strong>pendência entre o ensino e a organização <strong>do</strong> sistemaescolar e em conseqüência a situação social em que estamos inseri<strong>do</strong>s; a maioria <strong>do</strong>spesquisa<strong>do</strong>res em ensino trataram <strong>de</strong> questões mais específicas, mas trouxeram emcomum uma discussão so<strong>br</strong>e a renovação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s escolares, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> váriosenfoques.Sem aban<strong>do</strong>nar a primeira perspectiva, na minha visão nortea<strong>do</strong>ra dasdiscussões específicas, vou levantar alguns aspectos que apareceram diferencia<strong>do</strong>s nasegunda e que ao meu ver levantam algumas das questões que cabe a nós enfrentar nestemomento: a visão <strong>de</strong> Física com cultura, pa rte da tradição cultural <strong>do</strong> oci<strong>de</strong>nte; a visão daCiência como conhecimento que permeia práticas <strong>de</strong> grupos sociais específicos, nemsempre <strong>de</strong>la conscientes (etnociência) e a visão da Ciência enquanto po rta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> valoressociais (C&T&S). Cada uma nos leva a enfoques diferentes quanto ao lugar <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>na aprendizagem: como afirmou Cristina Dal Pian, o caminho <strong>de</strong> C&T&S tem si<strong>do</strong> empriorizar o ensino so<strong>br</strong>e a Ciência e não da Ciência; a etnociência enfatiza oconhecimento já existente em um grupo social, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> aí no que ele utiliza oconhecimento que a comunida<strong>de</strong> científica <strong>de</strong>tém, garantin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma um ensinosignificativo para os sujeitos envolvi<strong>do</strong>s - o conteú<strong>do</strong> é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelo contexto socialimediato no qual o aprendiz está inseri<strong>do</strong>; e finalmente, a Ciência como cultura, mais <strong>do</strong>que propor um critério claro para escolha <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s, indica alguns parâmetros queprecisam ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s - o papel que a Ciência tem exerci<strong>do</strong> na história <strong>do</strong>pensamento humano e a sua interrelação com outras produções <strong>do</strong> mesmo pensamento.Visões antagônicas ou complementares, não são únicas na comunida<strong>de</strong> e levam a posturasdistintas no "o que ensinar' além <strong>do</strong> "como ensinar". Ou seja, encontramos-nos em ummomento em que está claro a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dicotomizar a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>e a fala <strong>do</strong>s pedagogos nos alerta da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dicotomizarmeto<strong>do</strong>logia/conteú<strong>do</strong> da sua inserção concreta no sistema escolar se temos a pretensão<strong>de</strong> contribuir efetivamente na educação <strong>br</strong>asileira, para não dizer mundial. O <strong>de</strong>safio quese coloca para nós neste momento é <strong>de</strong> expli citar e enfrentar essa indissociabilida<strong>de</strong> emnossas produções <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> os limites e a<strong>br</strong>angên cia <strong>do</strong> nosso trabalho. Ou seja,aprofundar a fundamentação <strong>de</strong> nossas pesquisas e dimensionar mais claramente asconseqüências que <strong>de</strong>las po<strong>de</strong>mos apontar.Como última questão pergunt o-me se a inserção não só <strong>do</strong> país, mas <strong>do</strong> nossopróprio mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensar, na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> não nos indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interagir maisfortemente com a produção <strong>de</strong> outras áreas <strong>do</strong> conhe cimento, que estão, <strong>de</strong> uma formamais clara que nós, tentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir os parâmetros <strong>de</strong> sua própria produção, para nãofalar em uma aproximação mais efetiva com as gran<strong>de</strong>s questões que permeam asCiências Naturais hoje e que aparecem tão pontualmente na nossa discussão so<strong>br</strong>e osconteú<strong>do</strong>s.


83Polfücas, Tendências e a Ciência que Virou LatimLuiz Carlos <strong>de</strong> MenezesComeça a crescer a consciência <strong>de</strong> que a escola no Brasil vive uma situação<strong>de</strong>sastrosa, ao mesmo tempo em que já é ampla a fase pré-consciência <strong>de</strong> que a escolapública está agonizante.Esta pré-consciência é manifesta, em geral, pelo aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> tema "escolapública",como se já fosse causa perdida. Há mais <strong>de</strong> um ano as querelas so<strong>br</strong>e aeducação, em escala nacional, dão-se em torno não mais da má qualida<strong>de</strong> ou dainsuficiência <strong>de</strong> vagas da escola gratuita, mas sim <strong>do</strong>s reajustes das mensalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>ensino pago!Entre educa<strong>do</strong>res, a percepção das dimensões <strong>de</strong> nossa crise educacional tem omérito <strong>de</strong> revelar 'o aca<strong>de</strong>micismo <strong>de</strong> parte da pesquisa educacional, e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma revisão em profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> próprio significa<strong>do</strong> da escola, da educação fundamental,<strong>do</strong> ensino básico.As tendências e as correspon<strong>de</strong>ntes politicas propostas para o ensino básico, noBrasil <strong>do</strong>s últimos vinte anos, co<strong>br</strong>in<strong>do</strong> literalmente to<strong>do</strong>s os "ismos", seguiram mais oumenos <strong>de</strong> perto as modas internacionais. Pouco ou nada <strong>de</strong>stas "tendências e políticas",contu<strong>do</strong>, teve reflexo nas salas <strong>de</strong> aula. Isto vale para muitas ou todas disciplinas, mas éparticularmente verda<strong>de</strong>iro para o ensino das Ciências. Todas as modas e vertentes, assimcomo os embates entre elas, que ocuparam os especialistas, <strong>de</strong> certa forma ignoraramolimpicamente (ou esquisofrenicamente) a <strong>de</strong>rrocada real da educação na gran<strong>de</strong> maioriadas escolas <strong>br</strong>asileiras, públicas ou privadas.Hoje é difícil ignorar que quem preten<strong>de</strong> estar "ensinan<strong>do</strong>" Ciências geralmentenão sabe <strong>do</strong> que está falan<strong>do</strong>, assim como seu aluno sequer percebe <strong>de</strong> que se trata. A"vocação propedêutica" <strong>do</strong> 20 grau, contaminou o 1° grau <strong>de</strong> ensino, só servin<strong>do</strong> <strong>de</strong>pretexto para a incompletu<strong>de</strong> conceitual <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> e a fragilida<strong>de</strong> da formação nos<strong>do</strong>is gr#us <strong>do</strong> ensino básico.Uma reação algo tardia, algo atropelada, marcou presença nos <strong>de</strong>batesconstitucionais, on<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> "politecnia" no ensino básico chegou a ser hegemônica noque se propõe e, em parte, no que se aprovou. Esta "politecnia" (<strong>de</strong> origem Gramsciana),ainda mal formulada se <strong>de</strong> to<strong>do</strong> compreendida, <strong>de</strong>ve ser cautelosamente tomada comouma tendência que aflorou mais (até por fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algo que se lhe contrapusesse) enão efetivamente como uma real hegemonia, fruto <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate.


84Até para compreen<strong>de</strong>r melhor esta tendência, é preciso ver a que ela se opõe.Ela se opõe a uma "embalagem vazia" que é o pretenso ensino formal <strong>de</strong> Ciências (nocaso da Física, por ex.) ou ao ensino alegórico por ilustrações <strong>de</strong>scontínuas (no caso daBiologia, por ex.). Assim, a idéia <strong>de</strong> politecnia (e portanto <strong>de</strong> trabalho) como elementocentral da disposição e elaboração <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s, expressa a busca <strong>de</strong> uma vitalização daprática e <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> escolar, trazen<strong>do</strong> para <strong>de</strong>ntro da escola o elemento organiza<strong>do</strong>rdas relações sociais, ou seja, a produção.Há algo <strong>de</strong> saudável, portanto, nesta tendência, algo <strong>de</strong> vital que <strong>de</strong>ve serrecebi<strong>do</strong> com simpatia. Boas propostas, contu<strong>do</strong>, especialmente quan<strong>do</strong> malcompreendidas, po<strong>de</strong>m ser ou conter perigo, especialmente quan<strong>do</strong> incorporadas por umsistema em crise. A lei 5692, que não <strong>de</strong>ixou sauda<strong>de</strong>s, promove ressonâncias negativas eé um exemplo <strong>do</strong> que não fazer.De uma certa forma, o ensino <strong>de</strong> Ciências e o ensino dás Ciências passam poralgo semelhante ao que se <strong>de</strong>u com o ensino <strong>do</strong> Latim há três décadas, pouco mais oumenos. O ensino daquela lingua, justifica<strong>do</strong> pela tradição humanista por um la<strong>do</strong> e peloplasmar <strong>de</strong> uma disciplina mental por outro, tornou-se insustentável, não porque suasjustificativas fossem falsas, mas porque elas já não mais ecoavam nem nos alunos nem nospróprios professores, que não lhe entendiam mais o senti<strong>do</strong>.Caiu o Latim como já caíra o Grego, porque já <strong>de</strong>caíra a cultura clássica e nãovice-versa. Por isso a inutilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir se foi bom ou mal que tenha caí<strong>do</strong> o ensino<strong>do</strong> Latim <strong>do</strong> currículo básico.Ora, a Ciência <strong>do</strong> currículo básico po<strong>de</strong> cair, ou ser trocada por "outra coisa", <strong>de</strong>forma semelhante. O que é certo é que ou muda ou será eliminada. A pergunta é mudarcomo, em que direção e <strong>de</strong> que forma. E, a meu ver, perigoso trocá-la simples epragmaticamente por "técnicas" que,a pretexto <strong>de</strong> estas sim, seriam "úteis" para otrabalho ou para a vida.Na realida<strong>de</strong>, as Ciências como parte da cultura humana, cultura produtiva e/ouvisão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>, hoje só comparecem caricaturalmente na nossa escola. Trata-se,portanto, <strong>de</strong> trazer mesmo para a Escola as Ciências como riqueza humana, o quefortemente inclui seu caráter transforma<strong>do</strong>r produtivo (trabalho, portanto) e não "trocá-lapor algo".Os <strong>de</strong>safios, no entanto, não são só conceituais, são claramente tambémestratégicos e políticos. Nossos mais <strong>de</strong> milhão <strong>de</strong> professores não são só mal pagos, sãogravemente mal forma<strong>do</strong>s. Fará, portanto, pouco senti<strong>do</strong> uma "boa proposta"<strong>de</strong>sacompanhada <strong>de</strong> políticas efetivas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> textose <strong>de</strong>mais materiais instrucionais <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação da realida<strong>de</strong> da escola para que esta seja


^85um espaço <strong>de</strong> cultura e trabalho. E preciso mesmo recompor o próprio senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>trabalho <strong>do</strong> professor.A baixa mobilização social (e mesmo corporativa) em <strong>de</strong>fesa da qualida<strong>de</strong> daeducação é um ponto particularmente grave pois, sem esta, dificilmente se aglutinarãoforças para enfrentar o problema educacional em todas as suas dimensões.


^86Políticas <strong>de</strong> Formação Básica e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasSelma Garri<strong>do</strong> Pimenta"Elaborar um sistema pedagógico é <strong>de</strong>finir um projeto <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> e tirar <strong>de</strong>le asconseqüências pedagógicas"Bernard ChariotAbordarei esta temática em três aspectos a saber, os pressupostos para o ensino<strong>de</strong> Ciências referentes ao conceito que temos <strong>de</strong> alfabetização e <strong>de</strong> ensino, asconseqüências <strong>de</strong>sses pressupostos para a organização escolar e as condições <strong>de</strong> trabalho<strong>do</strong> professor e algumas consi<strong>de</strong>rações so<strong>br</strong>e a politica atual para o ensino <strong>de</strong> Ciências no1° e 2° graus.Conceitos <strong>de</strong> AlfabetizaçãoA apreensão da complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> não se dá <strong>de</strong> maneira mecânica eimediata a qualquer ser humano. Senão que o conhecimento <strong>de</strong>ssa complexida<strong>de</strong> requer ouso <strong>de</strong> instrumentos/ferramentas necessários ao seu <strong>de</strong>svendamento. Apostar-se <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, nele participar e transformá-lo, requer a leitura, a compreensão <strong>do</strong> intrinca<strong>do</strong> queé a natureza transformada pelo homem e a utilização <strong>de</strong>la nas relações sociais. Osinstrumentos e as ferramentas <strong>de</strong> que o ser humano precisa para a inserção critica nomun<strong>do</strong>, lhe são forneci<strong>do</strong>s (ou sonega<strong>do</strong>s) pelas instâncias sociais, <strong>de</strong>ntre elas a escola. Aescola <strong>de</strong> 1° grau tem por especificida<strong>de</strong> possibilitar ao aluno a posse <strong>do</strong>s conhecimentosnecessários para a inserção social crítica. Ela opera <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> planeja<strong>do</strong> e sistemático oprocesso <strong>de</strong> aquisição das pistas <strong>de</strong> leitura e compreensão da socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s homens nomun<strong>do</strong> - a isto <strong>de</strong>nominamos alfabetização.Estas pistas dizem respeito ao mun<strong>do</strong> como natureza, como naturezatransformada e como relações sociais que transformam a natureza e <strong>de</strong>la se apropria (via<strong>de</strong> regra <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>sigual, constituin<strong>do</strong> a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social). As pistas <strong>de</strong> leitura são,portanto, aquelas <strong>do</strong> conhecimento matemático, da lingua (escrita e falada), das Ciênciasda natureza, da história e da geografia. Trata-se <strong>de</strong> a escola <strong>de</strong> 1° grau alfabetizar osalunos nessas pistas <strong>de</strong> leitura. Nesse senti<strong>do</strong>, as técnicas <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (aescrita e a fala), que durante longo tempo foram consi<strong>de</strong>radas a única alfabetização, sãosubsumidas pelos conteú<strong>do</strong>s que estão no mun<strong>do</strong>.


87<strong>Ensino</strong> e <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasA tarefa <strong>de</strong> ensinar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que os alunos aprendam é uma especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong>trabalho <strong>do</strong>cente; tarefa complexa que requer preparo. O professor <strong>de</strong>ve saber, saberensinar e saber para quê ensinar. Ou seja, o ensino é uma ativida<strong>de</strong> politica, pois quecarrega finalida<strong>de</strong>s diretamente implicadas na prática social.A escola no Brasil, via <strong>de</strong> regra, tem trata<strong>do</strong> o ensino como in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte daaprendizagem, tanto que as estatísticas <strong>de</strong> alguns Esta<strong>do</strong>s até apontam para o suprimentoda <strong>de</strong>manda quantitativa, mas não para a qualitativa. Ou seja, tem-se cumpri<strong>do</strong> ao<strong>br</strong>igação <strong>de</strong> oferecer escolas - as escolas aí estão e ensinam. Se os alunos não apren<strong>de</strong>mo problema é <strong>de</strong>les, <strong>de</strong> sua origem social, <strong>de</strong> sua incompetência individual, etc.Enten<strong>do</strong> que esse quadro precisa mudar. A escola precisa ensinar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> queo aluno (to<strong>do</strong>s os alunos) aprenda. <strong>Ensino</strong> e aprendizagem são faces da mesma moeda.Para isso enten<strong>do</strong> que a escola precisa ser reorganizada.O preparo <strong>do</strong> professor é um <strong>do</strong>s aspectos <strong>de</strong>ssa reorganização. Esse preparosupõe, entre outros, os cursos <strong>de</strong> formação. Destes, não <strong>de</strong>senvolverei aqui os referentes àformação específica em graduação (Física, Química, História, etc.). Destacarei, na partereferente à formação para ensinar, como enten<strong>do</strong> as áreas <strong>de</strong> Didática e Meto<strong>do</strong>logias <strong>do</strong><strong>Ensino</strong>.Didática como Teoria <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>A Didática <strong>de</strong>verá ser a disciplina que instrumentaliza o professor na sua tarefa<strong>de</strong> ensinar, fundamentada numa direção, num posicionamento politico-filosófico daeducação. Ensinar alunos concretos, isto é, que carregam aprendizagens prévias e visões<strong>de</strong> mun<strong>do</strong>, inseri<strong>do</strong>s num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contexto social.A Didática, enquanto disciplina <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, tem porobjeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> ensino no seu conjunto, isto é, finalida<strong>de</strong>s e princípios,condições e meios <strong>de</strong> direção e organização <strong>do</strong> ensino, ten<strong>do</strong> em vista a mediação <strong>de</strong>objetivos, conteú<strong>do</strong>s e méto<strong>do</strong>s implica<strong>do</strong>s na aprendizagem escolar. Deve fornecer aofuturo professor as bases teóricas e práticas <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>cente. Na medida em que temcaracterísticas integra<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s conhecimentos provi<strong>do</strong>s pela Filosofia <strong>de</strong> Educação,Psicologia da Educação e Sociologia da Educação e pelas Meto<strong>do</strong>logias específicas <strong>de</strong>cada disciplina, sintetiza no seu conteú<strong>do</strong>, o que é comum, básico e fundamental para a<strong>do</strong>cência <strong>de</strong> todas • as disciplinas escolares. Dessa forma, assegura ao futuro professor afundamentação teórica para a ação <strong>do</strong>cente coerente e a instrumentalização técnicopedagógicapara a ação <strong>do</strong>cente eficaz.


88A Didática, assim, constitui-se como Teoria <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>, abarcan<strong>do</strong> em seuobjeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem, elaboran<strong>do</strong> princípios e práticasváli<strong>do</strong>s para todas as matérias <strong>de</strong> ensino. Ou seja, investiga diretrizes <strong>de</strong> ensino conformeobjetivos politico-pedagógicos e orientações meto<strong>do</strong>lógicas para as Meto<strong>do</strong>logiasespecas, sem prejuizo das peculia rida<strong>de</strong>s próprias <strong>de</strong> cada área <strong>do</strong> conhecimento.Didática e Meto<strong>do</strong>logias específicas formam uma unida<strong>de</strong>, manten<strong>do</strong> entre si relaçõesrecíprocas.Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>Enten<strong>do</strong> que cada área <strong>do</strong> conhecimento possui uma meto<strong>do</strong>logia própria. Ouseja, a apreensão da realida<strong>de</strong> pelas diferentes Ciências ocorre <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com ascaracterísticas, natureza e finalida<strong>de</strong>s próprias <strong>de</strong> cada objeto <strong>do</strong> conhecimento. CadaCiência se utiliza <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada meto<strong>do</strong>logia na produção <strong>do</strong> conhecimento, conforme aepistemologia que as orienta. Essa meto<strong>do</strong>logia da produção <strong>do</strong> conhecimento dasdiferentes áreas <strong>do</strong> saber humano <strong>de</strong>verá ser adquirida pelos futuros professores em suaformação geral. Assim, ao longo <strong>do</strong> seu processo <strong>de</strong> escolarização <strong>de</strong>vem apren<strong>de</strong>r osfundamentos meto<strong>do</strong>lógicos das Ciências histórico-sociais e naturais.Além disto, os futuros professores precisam apren<strong>de</strong>r os fundamentosmeto<strong>do</strong>lógicos <strong>do</strong> ensino das áreas <strong>de</strong> conhecimento - objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> das Meto<strong>do</strong>logias<strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> específicas. Estamos enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> por Meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> a articulaçãoentre a finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino (o para quê ensinar uma dada área <strong>do</strong> conhecimento), oconteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> ensino (o que ensinar <strong>de</strong> uma dada área <strong>do</strong> conhecimento) e a forma <strong>de</strong>ensino (como ensinar uma dada área <strong>do</strong> conhecimento). Estes três aspe ctos sãomutuamente <strong>de</strong>terminantes. A Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> a cresce ao suporte teóricometo<strong>do</strong>lógicodas áreas <strong>do</strong> conhecimento o supo rte teórico-meto<strong>do</strong>lógico <strong>do</strong> ensino dasáreas <strong>do</strong> conhecimento.Meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasDeten<strong>do</strong> nossa análise à formação <strong>do</strong> professor primário (quatro séries iniciais<strong>do</strong> 1° grau), percebemos que o antigo curso Normal previa o ensino <strong>de</strong> Anatomia eFisiologia Humanas e Biologia Educacional com <strong>de</strong>staque para Higiene, EducaçãoSanitária e Puericultura (conforme as Leis Orgânicas, manti<strong>do</strong> na LDBEN). Na década<strong>de</strong> 70 a lei 5692/71 <strong>de</strong>finiu somente Biologia, <strong>de</strong>ntre as Ciências Naturais, comocomponente <strong>do</strong> currículo <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> futuro professor. Tanto numa situação comonoutra não temos o futuro professor instrumentaliza<strong>do</strong> para o ensino <strong>de</strong> Ciências. A istose chegará se à formação básica em Física, Química e Biologia no 2° grau for acrescida a


89formação em Meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências, que assentada nas três Ciências,instrumentalizará o futuro professor a ensinar os fundamentos básicos das Ciências,necessários para a leitura científica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Organização <strong>do</strong> Trabalho na EscolaPensar as condições <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> professor acentuan<strong>do</strong> sua tarefa <strong>de</strong> ensinar<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que os alunos aprendam, implica em pensar também as condições em que seefetiva o trabalho <strong>do</strong> professor.A alfabetização como aqui <strong>de</strong>finimos, supõe um trabalho <strong>do</strong>s professores queseja transdisciplinar - ou seja, supera<strong>do</strong>r das especificida<strong>de</strong>s, mas construí<strong>do</strong> a pa rtir <strong>de</strong>laspois que visa uma finalida<strong>de</strong> comum que é a inserção so cial critica <strong>do</strong> aluno. Supõetambém por isso, que seja interdisciplinar - ou seja, supera<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s conceitos/conteú<strong>do</strong>sfragmenta<strong>do</strong>s das áreas <strong>do</strong> conhecimento. A isso só é possível chegar-se por um trabalhocoletivo na escola que possibilite ao conjunto <strong>do</strong>s professores discutir, <strong>de</strong>cidir, executar eavaliar seus cursos, suas aulas no conjunto das <strong>de</strong>cisões so<strong>br</strong>e a organização e ofuncionamento da escola.As conseqüências disto são que, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, os professores não po<strong>de</strong>mcontinuar como horistas, r eceben<strong>do</strong> apenas pelas aulas que dão, e que o nível salarial sejaaltera<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que q professor receba por seu trabalho o necessário para viverhumanamente. Portanto, trata-se <strong>de</strong> recompor as perdas salariais <strong>de</strong> há mais <strong>de</strong> sessentaanos e assegurar a constante valorização <strong>do</strong> exercício profissional.Por outro la<strong>do</strong>, a administração da escola será <strong>de</strong>mocrática, orientada para anatureza própria da escola e os objetivos que ela persegue, opon<strong>do</strong>-se ao estilo gerencialtípico da empresa capitalista on<strong>de</strong> prevalece o objetivo <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> trabalho alheio.Uma administração <strong>de</strong>mocrática que possibilite as melhores condições para que osdiversos setores da escola pa rticipem efetivamente da tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões necessárias àconsecução <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> ensino.Política <strong>Nacional</strong> para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasO ensino <strong>de</strong> Ciências no Brasil, conforme Marta Pernambuco e Fernanda Silvano texto "Uma Retomada Histórica <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências", é <strong>de</strong>marca<strong>do</strong> em três épocasdistintas: a) <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século até a década <strong>de</strong> 50, pauta<strong>do</strong> em livros didáticosestrangeiros, reproduzia a Ciência clássica <strong>do</strong> século X<strong>IX</strong>, compunha o quadro dasdisciplinas <strong>de</strong> formação geral e acadêmica da escola rida<strong>de</strong> <strong>de</strong> então; b) o perío<strong>do</strong> entre asdécadas <strong>de</strong> 50 a 70 marca a intenção <strong>de</strong> vincular-se o ensino <strong>de</strong> Ciências à


^90industrialização, pauta<strong>do</strong> em mo<strong>de</strong>los externos, amplamente insufla<strong>do</strong>s por "projetos <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong> Ciências" divulga<strong>do</strong>s e apoia<strong>do</strong>s pelo Ministério <strong>de</strong> Educação; c) no perio<strong>do</strong> dadécada <strong>de</strong> 70 em diante as autoras i<strong>de</strong>ntificam a presença <strong>de</strong> propostas advindas <strong>de</strong>grupos <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res em ensino <strong>de</strong> Ciências, que pa rtem da reflexão so<strong>br</strong>e sua históriae consi<strong>de</strong>ram o ensino <strong>de</strong> Ciências não <strong>de</strong>svincula<strong>do</strong> da problemática <strong>do</strong> ensino em geralno país. Em <strong>de</strong>corrência cara cterizam-se por uma abordagem mais critica <strong>do</strong> mesmo.Em to<strong>do</strong>s os perío<strong>do</strong>s é possível i<strong>de</strong>ntificar a fragi lida<strong>de</strong> com que os governostêm consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> a questão da formação científica <strong>do</strong> cidadão <strong>br</strong>asileiro. Hoje a situaçãonão é diferente. A politica educacional <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral, trazida à público em<strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990 no <strong>do</strong>cumento "Programa Seto rial <strong>do</strong> Governo Collor na Área <strong>de</strong>Educação - 1991/1995", o ensino <strong>de</strong> Ciências é referencia<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> tênue no sub-item1.3. <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s três "Gran<strong>de</strong>s Balizamentos da Ação Setorial". Diz o Doc. às pp.19/20:"1.3. Uma Educação para a Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: Promoção Humanística, Científica eTecnológicaO compromisso que ora se firma com a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> vin cula-se à tarefa maior <strong>do</strong>processo educacional, que é a construção permanente da pessoa em busca <strong>de</strong> umacidadania plena. A apropriação <strong>de</strong> conhecimentos científicos e tecnológicos, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>seu en<strong>de</strong>reço produtivo, <strong>de</strong>ve constituir um instrumento que viabilize a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>cultural e social, ou seja a plenitu<strong>de</strong> da dimensão humanística <strong>do</strong> processo civilizatório."O <strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong> Programa nos Programas Setoriais não contribui paraespecificar as premissas vagamente anunciadas acima. No que se refere ao ensino <strong>de</strong> 1° e2° graus os programas não mencionam a educação em Ciências. A fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssePrograma Seto rial é evi<strong>de</strong>nte não só no que concerne ao ensino <strong>de</strong> Ciências, como aoensino como um to<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> claro que a problemática está longe <strong>de</strong> ser preocupaçãono atual governo.Entretanto o exame da atuação das entida<strong>de</strong>s científicas preocupadas com oensino, evi<strong>de</strong>ncia que vem apresentan<strong>do</strong> pesquisas e propostas. O que indica que apesar<strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, a problemática está sen<strong>do</strong> encaminhada. Faz-se necessário,entretanto, maior agressivida<strong>de</strong> por pa rte das mesmas, bem como daquelas preocupadascom o ensino em geral, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fazer valer suas conclusões e propostas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> aco<strong>br</strong>arem <strong>do</strong>s governantes políticas arrojadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico.


91Referencias BibliográficasCHARLOT, B. A Mistificação Pedagógica, RJ, Zahar, 1979.KLINGBERG, L. Introducción a la Didáctica General, Havana, Pueblo y Educación,1972PERNAMBUCO, M. e SILVA, F. "Uma Retomada Histórica <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências".<strong>Atas</strong> <strong>do</strong> VI Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, Niteroi, 1985.PIMENTA, Selma G. e GONÇALVES, Carlos L. Reven<strong>do</strong> o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências, SP,Cortez, 1990.DELIZOICOV e ANGOTTI, Meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências, SP, Cortez, 1990.MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - BRASIL - Programa <strong>de</strong> Ação <strong>do</strong> Governo Collor naÁrea <strong>de</strong> Educação 1991-1995. mimeo. 1990.


93Mesas Re<strong>do</strong>ndasLinha 3: Professor. Formação e Prática3A. A Formação <strong>do</strong> Professor em ServiçoBeatriz Alvarenga Alvares (UFMG)` Hel<strong>de</strong>r Figueire<strong>do</strong> e Paula (SE/MG)Victoriano Fernan<strong>de</strong>s Neto (SE/SP)3B. O Professor como Pesquisa<strong>do</strong>rDirceu da Silva (SE/USP)Nilce Azeve<strong>do</strong> Soave (SE/RJ)Andreia Guerra <strong>de</strong> Morais (SE/RJ)3C. Avaliação, Recuperação e Evasão: P ropostas Politicas das Secretárias <strong>de</strong>EducaçãoRuth <strong>de</strong> Almeida (SE/RJ)Nirce Pereira <strong>de</strong> Souza (SE/SP)Célia Maria Carolino Pires (CENP/SP)


95A Formação <strong>do</strong> Professor em ServiçoBeatriz Alvarenga Alvarez1. Dan<strong>do</strong> inicio ã discussão <strong>do</strong> tema proposto para essa mesa re<strong>do</strong>nda, antes <strong>de</strong>mais nada, quero agra<strong>de</strong>cer, aos organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> "<strong>IX</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física", o convite que me fizeram para coor<strong>de</strong>nar os trabalhos <strong>de</strong>sta sessão.Conforme ficou combina<strong>do</strong> entre nós, componentes da mesa, cada um disporá<strong>de</strong> 15 a 20 minutos para expor suas idéias, seguin<strong>do</strong>-se então os <strong>de</strong>bates com , aparticipação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os presentes.Não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ressaltar a relevância <strong>de</strong>ssa discussão, já que a expansão <strong>do</strong>ensino <strong>de</strong> 2° grau nas últimas décadas não foi acompanhada <strong>de</strong> necessário incentivo àcarreira <strong>do</strong>cente e nem mesmo da ampliação das vagas para os Cursos <strong>de</strong> Licenciatura,ofereci<strong>do</strong>s pelas Universida<strong>de</strong>s ou escolas <strong>de</strong> bom nível. Daí <strong>de</strong>correm as estatísticas, tãodivulgadas e largamente conhecidas por to<strong>do</strong>s nós, so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> na área <strong>de</strong> Física, so<strong>br</strong>e oeleva<strong>do</strong> índice <strong>de</strong> professores não habilita<strong>do</strong>s em exercício e so<strong>br</strong>e a precária formação <strong>de</strong>alta porcentagem daqueles que possuem habilitação, gradua<strong>do</strong>s em cursos <strong>de</strong>ficientes,que não <strong>de</strong>veriam estar funcionan<strong>do</strong>.Ao examinar o título da mesa re<strong>do</strong>nda "A Formação <strong>do</strong> Professor em Serviço",julguei, a princípio, que as palavras "aperfeiçoamento" ou "atualização", seriam maisapropriadas a esse título, em lugar <strong>do</strong> termo "formação". Realmente, o fato <strong>de</strong> o professorestar em serviço <strong>de</strong>veria pressupor sua formação prévia, entretanto, pensan<strong>do</strong> melhor eten<strong>do</strong> em vista a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>cente <strong>de</strong> nossas escolas, já mencionada, concor<strong>do</strong>que o termo "formação" é a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> nestas condições.Na verda<strong>de</strong>, um exame <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento, com os quais venhotrabalhan<strong>do</strong>, mostra que seu objetivo primordial tem si<strong>do</strong> <strong>de</strong> suprir a má formação <strong>do</strong>sprofessores, quase nunca colaboran<strong>do</strong> para a sua atualização e/ou aperfeiçoamento, ou,para propiciar aos professores contatos com novas idéias no campo da Ciência e daPedagogia.2. Peço-lhes licença para começar minha apresentação narran<strong>do</strong>-lhes umapequena história, provavelmente já conhecida <strong>de</strong> vocês, mas cuja repetição julgo válida,pois será, a meu ver, aplicável no contexto <strong>do</strong> trabalho que vamos aqui <strong>de</strong>senvolver, e não<strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser um-momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração.


96Uma pessoa, perambulan<strong>do</strong> pela noite, passa nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um poste <strong>de</strong>iluminação e vê um senhor procuran<strong>do</strong>, com afinco, alguma coisa. Aproxima-se e diz: -"Quer uma ajuda? Parece-me que você per<strong>de</strong>u algo, não é verda<strong>de</strong>?"- "Sim", respon<strong>de</strong>-lhe o homem, "perdi a chave <strong>de</strong> minha casa e não consigoencontrá-la, embora já esteja procuran<strong>do</strong>-a há alguns minutos".Imediatamente o transeunte passou a auxiliar o senhor na busca da chaveperdida. Após <strong>de</strong>correrem mais alguns minutos <strong>de</strong> procura por ambos, sem sucesso, voltaa falar: 'Tem certeza que você per<strong>de</strong>u a chave aqui?" E a resposta veio pronta: "Oh, não!Deixei-a cair ali atrás, mas IA está totalmente escuro e não po<strong>de</strong>ria encontrá-la <strong>de</strong> formaalguma. Aqui, pelo menos, há clarida<strong>de</strong> que me permite procurar"...Certamente, em várias circunstâncias em nossa vida, somos leva<strong>do</strong>s a agir comoeste po<strong>br</strong>e homem. E o que julgo, tentarei fazer aqui, com um agravante, não perdi achave, já que nunca a possuí.Portanto, tentarei "escarafunchar" um pouco o caminho que percorri, no que serefere à formação <strong>do</strong> professor em serviço, fazen<strong>do</strong> uma retrospectiva <strong>de</strong> alguns cursoscom os quais me envolvi: no começo "sofren<strong>do</strong>" o processo (isto é, enfrentan<strong>do</strong> essescursos como aluna) e, mais tar<strong>de</strong>, fazen<strong>do</strong> os outros sofrerem (atuan<strong>do</strong> como professora).3. A cobertura da primeira etapa mencionada acima foi feita pela consulta ameus alfarrábios. Com a luz emanada <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos, ali conserva<strong>do</strong>s com carinho, nãofoi difícil localizar cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento <strong>de</strong> professores com os quais tive contato,realiza<strong>do</strong>s com objetivos diversos: para suprir <strong>de</strong>ficiências na formação <strong>do</strong>s professores,para cre<strong>de</strong>nciá-los ou habilitá-los para o exercício <strong>do</strong> magistério, para treiná-los ouorientá-los no uso <strong>de</strong> um certo material instrucional, ou outros. Descreverei alguns <strong>de</strong>ssescursos, procuran<strong>do</strong> ressaltar aspectos que po<strong>de</strong>rão nos auxiliar na análise <strong>de</strong> suaimportância para a melhoria da prática pedagógica <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes que os acompanham.3.1. Em meus velhos guarda<strong>do</strong>s encontrei farto material referente ao primeirocurso <strong>de</strong> aperfeiçoamento que frequentei, logo no início <strong>de</strong> minha carreira <strong>do</strong>cente. Foirealiza<strong>do</strong> no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), no começo da década <strong>de</strong> 50,durante as férias escolares <strong>de</strong> julho.Minha graduação universitária, na área <strong>de</strong> Engenharia, não me fornecia aformação pedagógica e conhecimentos <strong>de</strong> Física, necessários e indispensáveis para ocompetente exercício <strong>do</strong> magistério. Por outro la<strong>do</strong>, os colégios não possuíamlaboratórios, minha capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> improvisação em termos experimentais erapraticamente nula, a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s raros livros-textos existentes era <strong>de</strong>plorável e outras


97bibliografias auxiliares eram escassas nos mo<strong>de</strong>stos acervos <strong>de</strong> nossas bibliotecas elivrarias.Po<strong>de</strong>-se imaginar, então, a satisfação com que recebi o convite para participardaquele curso e não me <strong>de</strong>cepcionei ao frequentá-lo. Suas ativida<strong>de</strong>s foram centradas naexperimentação, com trabalhos práticos que realizávamos durante to<strong>do</strong> o perio<strong>do</strong> damanhã, utilizan<strong>do</strong> recursos experimentais <strong>do</strong>s mais simples aos mais sofistica<strong>do</strong>s,auxilia<strong>do</strong>s por professores <strong>do</strong> ITA que nos assistiam em nosso total <strong>de</strong>sconhecimento naárea. Outros aspectos <strong>do</strong> processo ensino-aprendizagem e a utilização <strong>de</strong> recursospedagógicos atualiza<strong>do</strong>s, também nos eram proporciona<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s com eminentesprofessores com os quais convivemos por alguns dias. A hospedagem <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós naspróprias instalações <strong>do</strong> ITA facilitava este convívio. Paulo Aulus <strong>de</strong> Pompéia, A<strong>br</strong>ão <strong>de</strong>Moraes, Cintra Pra<strong>do</strong>, Jayme Tiomno, Oscar Sala, Costa Ribeirò, Mário Schenberg, além<strong>de</strong> Richard Feynman que visitava o Brasil naquela ocasião, <strong>br</strong>indaram-nos com aulasmagistrais, excelentes, abordan<strong>do</strong> aspectos da Física Clássica e Mo<strong>de</strong>rna, da Tecnologia,ou os nossos principais problemas educacionais.Acredito que esse curso marcou profundamente o trabalho <strong>do</strong>cente quepassamos a <strong>de</strong>senvolver dali para a frente, não só pelos conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s nocampo da Física e da Educação, muito importantes para nossas necessida<strong>de</strong>s imediatas,mas so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> pelas mensagens <strong>de</strong>ixadas pelos professores que ali atuaram, exemplosvivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação ao estu<strong>do</strong> e à pesquisa e da busca <strong>de</strong> renovação constante.3.2, Deparei, também, entre os velhos papelórios, com vários números da revista"Escola Secundária", publicada nas décadas <strong>de</strong> 50 e 60 pela Campanha <strong>de</strong> Difusão eAperfeiçoamento <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Secundário (CADES), anexa à Diretoria <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>Secundário <strong>do</strong> MEC. Essa revista contemplan<strong>do</strong> aspectos pedagógicos referentes àsdisciplinas que compunham o currículo <strong>do</strong>s cursos secundários, publicava artigos <strong>do</strong>seduca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> renome da época, sen<strong>do</strong> distribuída a todas às escolas daquele nível e àsFaculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Filosofia, recém-criadas, on<strong>de</strong> eram oferecidas as licenciaturas.Reli alguns artigos so<strong>br</strong>e os "Cursos da CADES", cursos esses <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s emto<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s, em janeiro e julho, para preparar professores não habilita<strong>do</strong>s, suprin<strong>do</strong><strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> sua formação e preparan<strong>do</strong>-os para os exames <strong>de</strong> suficiência da CADES.Após ser aprova<strong>do</strong> . nestes exames, realiza<strong>do</strong>s para cada disciplina <strong>do</strong> currículo, oprofessor obtinha o registro <strong>de</strong> professor secundário, exigência legal para lecionar, recéminstituída.Cada curso tinha a duração <strong>de</strong> 30 dias e um professor-aluno fazia <strong>do</strong>is ou maiscursos antes <strong>de</strong> enfrentar o exame, sempre orienta<strong>do</strong> pelos seus professores nesta opção.


98Com certo orgulho lem<strong>br</strong>ei-me que também me submeti àqueles exames, paraobter meu registro em Matemática e Física. Mas não frequentei os cursos, pois nós, osengenheiros, bastante pretenciosos, julgávamos que nosso preparo para exercer omagistério era igual ou superior ao <strong>do</strong>s professores forma<strong>do</strong>s pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia,que iniciava então a luta pela rese rva <strong>de</strong> seu merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, invadi<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s osla<strong>do</strong>s por profissionais <strong>de</strong> outras áreas.Depois <strong>de</strong> obter o registro, tive a honra e o prazer <strong>de</strong> lecionar nos últimoscursos ofereci<strong>do</strong>s em Minas Gerais, sob o patrocínio da CADES. De maneira geral oscursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento da CADES tiveram repercussão altamente positiva para amelhoria <strong>do</strong> nosso ensino.3.3. Tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhar vários cursos nos quais o objetivo erapreparar os cursistas para o uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> mate rial. Entre eles, <strong>de</strong>staco o cursoofereci<strong>do</strong> na USP, em julho <strong>de</strong> 64, quan<strong>do</strong> ali era <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> o Projeto Piloto daUNESCO e o curso que freqüentei nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> junho a agosto <strong>de</strong> 67, paraorientar professores no uso <strong>do</strong> material <strong>do</strong> PSSC.Esses cursos, embora tenham propicia<strong>do</strong> contato com professores <strong>de</strong> outrospaíses, permitin<strong>do</strong> troca <strong>de</strong> experiência com realida<strong>de</strong>s diferentes, não tiveram, em minhaprática pedagógica, os mesmos reflexos produzi<strong>do</strong>s pelo curso <strong>do</strong> ITA. Provavelmente háum momento certo na carreira <strong>do</strong> professor para a realização <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> atualização e,em <strong>de</strong>terminada época, eles, talvez, não sejam mais necessários, quan<strong>do</strong> o professoradquire in<strong>de</strong>pendência em seu trabalho.No caso <strong>do</strong> Projeto Piloto da UNESCO, julgo que a falta <strong>do</strong> material necessárioà sua aplicação, não disponível no momento em que fizemos o curso, fez com que muitopouco das boas idéias ali <strong>de</strong>senvolvidas pu<strong>de</strong>ssem ser aproveitadas ou passadas a outroscolegas.Quanto ao PSSC, ao fazer o curso menciona<strong>do</strong>, já conhecia os seus textos <strong>de</strong>s<strong>de</strong>63 e havia trabalha<strong>do</strong> com to<strong>do</strong> o mate rial <strong>do</strong> projeto em 65, no Colégio Universitário daUFMG. Assim, já possuía idéias bem <strong>de</strong>finidas so<strong>br</strong>e aquele material e o curso <strong>de</strong>aperfeiçoamento propriamente dito foi <strong>de</strong> pouco proveito para mim. Contu<strong>do</strong>, váriasidéias implícitas no projeto so<strong>br</strong>e inovações que introduzia no ensino <strong>de</strong> Física, tiveramforte repercussão em minha prática pedagógica e, ainda hoje, consi<strong>de</strong>ro seus textos o<strong>br</strong>as<strong>de</strong> consulta o<strong>br</strong>igatória para qu alquer professor <strong>de</strong> 2° grau. Seu uso se ria, porém,ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para a maioria das escolas <strong>br</strong>asileiras.4. Entran<strong>do</strong> na fase em que passei a trabalhar como professora nos cursos <strong>de</strong>aperfeiçoamento, procurei levar para estes cursos as lições aprendidas durante o perío<strong>do</strong>em que os frequentei como cursista. Uma <strong>de</strong>stas lições se refere ao mate rial (bibliografia


99acessível, material experimental, sugestão <strong>de</strong> exercícios, etc) que <strong>de</strong>ve ser ofereci<strong>do</strong> aosalunos, acompanhan<strong>do</strong> os assuntos aborda<strong>do</strong>s durante o curso. Como a duração <strong>de</strong>ssescursos nunca é suficiente para a aprendizagem significativa <strong>do</strong>s assuntos aborda<strong>do</strong>s, éaquele material que garantirá sua assimilação completa e seu uso pelo professor, ao voltarà sala <strong>de</strong> aula. Sem a distribuição <strong>do</strong> material a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e sugestões <strong>de</strong> bibliografiacomplementar, acessível ao professor, o sucesso <strong>do</strong>s cursos ficará fatalmentecomprometi<strong>do</strong>.Já tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar, como professora, como coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra ecomo conferencista, <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong>sse tipo. Vou me referir apenas a <strong>do</strong>isprojetos <strong>de</strong> maior vulto, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s sob o patrocínio da Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong>Minas Gerais, para aperfeiçoamento <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Física da re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> 2° grau,nos quais estive envolvida como coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra e professora.4.1. 0 primeiro <strong>do</strong>s cursos cita<strong>do</strong>s, com duração <strong>de</strong> 320 horas-aula, foi<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em quatro etapas (em 77 e 78) nos perio<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias escolares, sen<strong>do</strong>previsto para reciclar to<strong>do</strong>s os 200 professores <strong>de</strong> Física, que integravam, naqueleperio<strong>do</strong>, a re<strong>de</strong> estadual.O curso foi precedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> um encontro com os professores, visan<strong>do</strong> garantir oatendimento <strong>de</strong> suas preferências e reivindicações no trabalho a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>.Na primeira etapa <strong>do</strong> curso já percebemos sua ina<strong>de</strong>quação ao nível <strong>do</strong>sprofessores, que encontravam dificulda<strong>de</strong>s mesmo intransponíveis em seuacompanhamento, embora os tópicos em estu<strong>do</strong> fossem aqueles escolhi<strong>do</strong>s pelos próprioscursistas. Refizemos o planejamento, introduzimos conteú<strong>do</strong>s e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível maiselementar e as coisas se ajeitaram.Portanto, a simples consulta prévia <strong>do</strong>s professores so<strong>br</strong>e suas preferências nãoé sufuciente para garantir a eficiência <strong>do</strong>s cursos.Uma das causas que dificultaram nosso trabalho durante o curso foi o excessivorodízio entre professores que o acompanhavam em cada etapa, causada pela existência,entre os <strong>do</strong>centes, <strong>de</strong> elevada porcentagem <strong>de</strong> contrata<strong>do</strong>s, que, <strong>de</strong> um ano para outro,eram substituí<strong>do</strong>s. Pouco mais <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong>s professores estiveram freqüentes em pelomenos 3 etapas e pu<strong>de</strong>ram obter o certifica<strong>do</strong> que lhes dava o direito <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r nacarreira, sua principal recompensa pela perda sucessiva <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias.Este é, pois, um aspecto que <strong>de</strong>ve ser leva<strong>do</strong> em conta, em cursos <strong>de</strong> váriasetapas: a garantia <strong>de</strong> constância <strong>de</strong> clientela é importante, para evitar tanto a elevação <strong>do</strong>custo por aluno, quanto a <strong>de</strong>silusão pela perda da melhoria salarial sonhada.


100Um <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> curso em questão era o <strong>de</strong> elaborar o conteú<strong>do</strong>programático <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Física, a ser recomenda<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> Educação àsescolas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Realizan<strong>do</strong>, durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto, pesquisas so<strong>br</strong>e oscurrículos (<strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Educação em geral e profissionalizantes), as cargas horárias dasdisciplinas e outras peculiarida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> 2 a grau, observamos gran<strong>de</strong>sdisparida<strong>de</strong>s entre eles. No caso da Física, em algumas escolas, ela só constava da gra<strong>de</strong>curricular em um ano e, em outras, em 2 ou 3 anos. Procuramos assim adaptar oprograma a esta realida<strong>de</strong>, crian<strong>do</strong> um ano básico, com conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em torno<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> energia, acresci<strong>do</strong> <strong>de</strong> tópicos complementares co<strong>br</strong>in<strong>do</strong> os diversos ramosda Física (para os cursos com carga horária mais elevada).A idéia discutida com os cursistas foi aprovada com entusiasmo.Com o término <strong>do</strong> projeto, sem apoio da Secretaria <strong>de</strong> Educação e da UFMG,não foi possível dar continuida<strong>de</strong> à confecção <strong>do</strong>s textos para acompanhar o programaproposto, já escritos em versão preliminar, nem foi possível prosseguir no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> material experimental, em gran<strong>de</strong> parte já em condições <strong>de</strong> uso e naprodução <strong>de</strong> outros recursos instrucionais previstos. Esta situação prejudicou totalmenteos resulta<strong>do</strong>s que po<strong>de</strong>riam advir daquele gran<strong>de</strong> esforço e o programa proposto acabounão sen<strong>do</strong> implementa<strong>do</strong> pela falta <strong>de</strong> material a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> à sua aplicação.4.2. 0 segun<strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Física ao qual me referi fazia parte <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong>projeto <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Formação <strong>do</strong> Magistério (CEFAM), <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> e visan<strong>do</strong> oaperfeiçoamento <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> curso Normal. Realiza<strong>do</strong> em nível <strong>de</strong> especialização,esse curso foi ofereci<strong>do</strong> em 4 etapas, com duração <strong>de</strong> 360 horas (em 84 e 85). Aquelacarga horária foi distribuída por disciplinas pedagógicas (sob a responsabilida<strong>de</strong> daFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação), disciplinas <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> específico e disciplinas integra<strong>do</strong>ras,ministradas por professores <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física e <strong>do</strong> Colégio Técnico.Ao planejar o curso procuramos evitar as principais falhas observadas no cursoanteriormente <strong>de</strong>scrito: a clientela foi garantida com o compromisso assumi<strong>do</strong> peloscursistas <strong>de</strong> não aban<strong>do</strong>nar o curso (só era permitida a frequência <strong>de</strong> professores comlicenciatura plena e efetivos); o conteú<strong>do</strong> programático e o planejamento <strong>do</strong> curso foidiscuti<strong>do</strong> previamente com toda a equipe <strong>do</strong> projeto (a<strong>br</strong>angen<strong>do</strong> áreas pedagógicas eto<strong>do</strong>s os conteú<strong>do</strong>s específicos integrantes <strong>do</strong> currículo pleno das escolas normais) e, emetapa inicial, com representantes <strong>do</strong>s professores-alunos; um pré-teste aplica<strong>do</strong> nocomeço da primeira etapa nos forneceu informações so<strong>br</strong>e o nível <strong>do</strong>s cursistas,permitin<strong>do</strong>-nos a<strong>de</strong>quar o conteú<strong>do</strong> ao seu nível médio; o livro texto usa<strong>do</strong>, os textoscomplementares so<strong>br</strong>e os conteú<strong>do</strong>s aborda<strong>do</strong>s e gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> material experimentalforam distribuí<strong>do</strong>s aos alunos. Esta prática visava permitir aos cursistas estudaremaqueles tópicos posteriormente, quan<strong>do</strong> fosse necessário, já que a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


101assuntos aborda<strong>do</strong>s tornava impossível sua aprendizagem e sua retenção total apenasdurante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto.A avaliação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s neste curso foi feita através <strong>de</strong> umadissertação <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> em Educação na FAE da UFMG, <strong>de</strong>senvolvida pelo Prof.Arjuna Panzera, <strong>do</strong> D.F. da UFMG.Entrevistan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os professores que frequentaram e lecionaram no curso,analisan<strong>do</strong> os materiais produzi<strong>do</strong>s, as ativida<strong>de</strong>s realizadas e o currículo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>,foi possível um estu<strong>do</strong> bem <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s. De maneira geral, asopiniões <strong>do</strong>s cursistas foram positivas quanto à importância <strong>do</strong> curso na alteração, paramelhor, <strong>de</strong> sua prática pedagógica.Os interessa<strong>do</strong>s em maiores <strong>de</strong>talhes so<strong>br</strong>e esse curso po<strong>de</strong>rão consultar adissertação mencionada.5. Finalizan<strong>do</strong> esta apresentação gostaria <strong>de</strong> expor um ponto <strong>de</strong> vista: os cursos<strong>de</strong> aperfeiçoamento são certamente indispensáveis, tanto na atual conjuntura <strong>de</strong>precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> nosso corpo <strong>do</strong>cente, quanto numa situação i<strong>de</strong>al, em que to<strong>do</strong>s osprofessores forem habilita<strong>do</strong>s por escolas <strong>de</strong> bom nível. Não po<strong>de</strong>m, porém, serem vistoscomo a única, nem mesmo a p rincipal, frente <strong>de</strong> ação para a elevação <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ensino<strong>br</strong>asileiro. Muitos outros problemas estão a clamar por medidas urgentes que possib ilitemo direcionamento <strong>do</strong> nosso ensino para melhores dias. Entre eles ressalto as condições <strong>de</strong>trabalho <strong>do</strong>s professores (melhores salários, horários disponíveis para sua atualização epreparo das aulas, instalações a<strong>de</strong>quadas das escolas, número <strong>de</strong> alunos na sala <strong>de</strong> aulacompatível com o tipo <strong>de</strong> ensino, mate riais didáticos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, bibliotecas comacervos atualiza<strong>do</strong>s, etc) e a elevação <strong>do</strong> nível <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> licenciatura (currículos maisa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, professores sensíveis aos problemas educacionais, disciplinas on<strong>de</strong> aspesquisas na área <strong>de</strong> ensino e os problemas que os futuros professores irão encontrar nasala <strong>de</strong> aula sejam comunica<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s, etc).Os cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento não são, evi<strong>de</strong>ntemente, instrumentos milagrosos.Se outras frentes <strong>de</strong> luta não forem reforçadas, os estudantes <strong>de</strong> maior qualificaçãocontinuarão fugin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> licenciatura e nunca haverá cursos <strong>de</strong> atualizaçãosuficientes para reciclar a multidão <strong>de</strong> <strong>do</strong>centes incompetentes, que as faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>baixo nível <strong>de</strong>spejam no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>sta área.


^102Contribuições <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> sindicalProf. Hel<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong> e PaulaA. O que é N.P.P.C. <strong>do</strong> Sindicato Único <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res em EducaçãoEm primeiro lugar, gosta ria <strong>de</strong> traçar um pequeno histórico so<strong>br</strong>e a constituição<strong>do</strong> Núcleo Permanente <strong>de</strong> Professores das Ciências <strong>do</strong> Sindicato Único <strong>do</strong>sTrabalha<strong>do</strong>res em Educação <strong>de</strong> Minas Gerais (N.P.P.C. - S.U.T.E.).Este Núcleo foi cria<strong>do</strong> no I encontro Estadual <strong>de</strong> Prof. das Ciências realiza<strong>do</strong>pela União <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Ensin o-MG, no perio<strong>do</strong> <strong>de</strong> 28/02 a 03/03/89. EsseEncontro, por sua vez, fez pa rte <strong>de</strong> to<strong>do</strong> um projeto gesta<strong>do</strong> no interior <strong>de</strong>sta entida<strong>de</strong>hoje incorporada ao SUTE/MG. Este projeto parte da compreensão <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>sinteresses da categoria passa, necessariamente, pela <strong>de</strong>fesa da qualida<strong>de</strong> social daEducação e <strong>de</strong> que a superação <strong>do</strong> drama profissional <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>vincula-se à própria re<strong>de</strong>finição <strong>do</strong> papel da Escola Pública na Socieda<strong>de</strong> Brasileira.(1)Foi a relação entre a luta pela <strong>de</strong>mocratização da Escola Pública e o direito <strong>de</strong>seus profissionais à qualificação, que nos trouxe à discussão <strong>do</strong> tema <strong>de</strong>sta MesaRe<strong>do</strong>nda. Essa discussão resultou na elaboração <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong>professores em serviço que integra o projeto Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apoio à Educação em Ciéncias-MGna segunda fase <strong>do</strong> SPEC-PADCT.B. Criticas às políticas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professoresQualquer discussão so<strong>br</strong>e a formação <strong>de</strong> professores em serviço <strong>de</strong>ve partir <strong>de</strong>uma análise critica das politicas <strong>de</strong> formação e das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reciclagem a que osTrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> têm ti<strong>do</strong> acesso (2). Passaremos agora a i<strong>de</strong>ntificar alguns <strong>de</strong>seus pressupostos e <strong>de</strong>formações, cuja tentativa <strong>de</strong> superação norteou a construção danossa concepção <strong>de</strong> capacitação e a elaboração <strong>de</strong> nosso sub-projeto.B.1. Formação reduzida à titulação(1) A este respeito ver tese <strong>de</strong> Concepção sindical aprovada no Congresso <strong>de</strong> Unificaçãodas Entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Trabalha<strong>do</strong>res em Educação <strong>de</strong> Minas Gerais, realiza<strong>do</strong> em agosto <strong>de</strong>1990.(2) CFr.: Arroyo, MG. in Politica <strong>de</strong> Capacitação <strong>do</strong>s Profissionais <strong>de</strong> Educação, BeloHorizonte: IRHJP/FAE-MEC, 1989.


103A formação regular e a formação em serviço são muitas vezes reduzidas àsimples titulação. Para isto contribuem gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> carreira queestratificam sálarios em função da titulação. Esta distorção propiciou o aparecimento <strong>de</strong>uma verda<strong>de</strong>ira indústria da titulação vazia. Além disso, as estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong>exigências na formação, como o magistério em seis meses, as licenciaturas <strong>de</strong> curtaduração e os cursos <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> semana, <strong>de</strong>ntre outros, também concorrem para<strong>de</strong>scaracterização da formação enquanto apropriação <strong>de</strong> conhecimentos e instrumentospara uma compreensão e uma intervenção científica na realida<strong>de</strong>.B.2. Formação <strong>de</strong> profissionais liberaisNa formação regular e na formação em serviço, costuma-se partir da premissa<strong>de</strong> que o professor é um "profissional liberal" que <strong>de</strong>tém, totalmente o controle so<strong>br</strong>e oseu processo <strong>de</strong> trabalho bem como da <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong>sse trabalho pedagógico,ignoran<strong>do</strong> as características da atual organização <strong>do</strong> trabalho na escola.Alguns fatores relaciona<strong>do</strong>s com esta organização funcionam como elementos<strong>de</strong>squalifica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> trabalho e <strong>de</strong>terminantes da prática pedagógica <strong>do</strong>s profissionais <strong>do</strong>ensino. Dentre eles, citamos:- o excesso <strong>de</strong> alunos, que estabelece limites ao diálogo e aos tipos <strong>de</strong> tarefasrealizadas por alunos e professores;- a extensa jornada <strong>de</strong> trabalho, que <strong>de</strong>termina a exiguida<strong>de</strong> <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>à reflexão so<strong>br</strong>e a própria prática pedagógica e dificulta a interação com outrosprofissionais da Educação;- a falta <strong>de</strong> infraestrutura para produção e manipulação <strong>de</strong> textos e materiaisdidáticos, que propicia o controle exerci<strong>do</strong> pelos livros didáticos so<strong>br</strong>e a nossa prática;- a divisão <strong>do</strong> trabalho entre professores, orienta<strong>do</strong>res, supervisores,funcionários, alunos, diretores e administra<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s órgãos centrais <strong>do</strong> ensino, que retiradas mãos <strong>do</strong> professor gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> controle so<strong>br</strong>e o processo e o produto <strong>de</strong> seutrabalho.B.3. Formação reduzida à preparação préviaEm geral, só se compreen<strong>de</strong> a formação como aquela preparação anterior,<strong>de</strong>stinada à assimilação <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s necessárias ao exercício <strong>do</strong> magistério. A<strong>de</strong>squalificação <strong>do</strong>s profissionais da Educação é atribuída apenas às instituiçõesresponsáveis pela formação regular, ignoran<strong>do</strong>-se o caráter <strong>de</strong>forma<strong>do</strong>r e <strong>de</strong>squalifica<strong>do</strong>r


104da atual organização <strong>do</strong> trabalho pedagógico. Na organização <strong>do</strong> trabalho nasuniversida<strong>de</strong>s, por exemplo, percebemos que o estímulo à leitura, à reflexão, àsistematização daquilo que é refleti<strong>do</strong>, e à produção <strong>de</strong> conhecimentos, além <strong>de</strong> umarelativa "autonomia pedagógica", representa um conjunto <strong>de</strong> circunstânciaseduca<strong>do</strong>ras(3) responsáveis por uma contínua formação e qualificação profissional.E justamente esta dimensão <strong>de</strong> formação e capacitação profissional queprecisamos resgatar numa nova organização <strong>do</strong> trabalho nas escolas <strong>de</strong> 1° e 2° graus. Opróprio trabalho <strong>de</strong>ve ser o espaço privilegia<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualificação profissional. Não po<strong>de</strong>mospensar em políticas e estratégias <strong>de</strong> formação sem formular ou lutar por uma politicaa<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> administração e organização <strong>do</strong> trabalho.C. Caracterizaçáo da formação recebida Delos atuais professores <strong>de</strong> Física e implicaçõesnas políticas <strong>de</strong> reciclagemTo<strong>do</strong>s os levantamentos <strong>de</strong> que dispomos <strong>de</strong>monstram que a gran<strong>de</strong> maioria<strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> Física não tem uma formação específica nesta área <strong>de</strong> conhecimentos.Isto não contraria, mas radicaliza a constatação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências na formação regular <strong>do</strong>sprofessores <strong>de</strong> maneira geral.Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta constatação, os cursos <strong>de</strong> reciclagem e aperfeiçoamentocostumam se transformar em verda<strong>de</strong>iras "operações tapa-buracos" <strong>de</strong>stinadas a suprir as<strong>de</strong>ficiências da formação regular.Não <strong>de</strong>vemos compreen<strong>de</strong>r as experiências <strong>de</strong> formação em serviço como uma"segunda chance" da formação regular. Não po<strong>de</strong>mos recair numa concepção paternalistae utilitarista, restringin<strong>do</strong>-nos à veiculação <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s e receituários meto<strong>do</strong>lógicos.O nosso ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong>ve ser o resgate das contradições vivenciadas notrabalho pedagógico <strong>do</strong>s profissionais envolvi<strong>do</strong>s e o ponto <strong>de</strong> chegada <strong>de</strong>ve ser asuperação daquelas contradições restritas à concepção e à prática pedagógica em si (vistoque boa parte <strong>de</strong>stas contradições são <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> atual organização da instituiçãoEscola, sua superação envolve outros mecanismos <strong>de</strong> luta).D. Quem assume hole a tarefa da recicla gem <strong>de</strong> professores?Não temos conhecimento da situação <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o país. Em Minas Gerais, a S.E.E.que, em perio<strong>do</strong>s anteriores era responsável por boa parte <strong>do</strong>s cursos ofereci<strong>do</strong>s, não tem(3) CFr.: Arroyo, M.G.; op. cit., p. 51.


105hoje nenhum projeto ou investimento significativo neste setor. Dos poucos projetosisola<strong>do</strong>s em andamento (nenhum na área <strong>de</strong> Ciências), o que se perce be é o aban<strong>do</strong>no e afragmentação <strong>do</strong>s esforços <strong>de</strong> setores das DRE's e da próp ria S.E.E. Da iniciativa estatal,apenas algumas prefeituras tem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> projetos como Timóteo e Ipatinga.Há aproximadamente 2 anos foi constituí<strong>do</strong> o projeto Re<strong>de</strong>-MG liga<strong>do</strong> SPEC-PADCT que passou a centralizar os esforços <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelas Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> M.G.na formação <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Ciências em serviço.Há uma unida<strong>de</strong> temática (capacitação) no projeto REDE-MG, mas umagran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concepções e práticas. A riqueza <strong>de</strong>sta diversida<strong>de</strong> e os <strong>de</strong>bates aserem trava<strong>do</strong>s no inte rior da Re<strong>de</strong> são uma promessa <strong>de</strong> avanço <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste tema. Noentanto, alguns parâmetros gerais já foram estabeleci<strong>do</strong>s a partir, inclusive, das análisescríticas a diversas experiências <strong>de</strong> reciclagem que ocorreram nos últimos tempos. Oparâmetro <strong>de</strong> custo/beneficio, por exemplo, busca evitar a absorção excessiva <strong>de</strong> recursosna administração <strong>de</strong> projetos, prática verificada em boa parte das experiências <strong>de</strong>reciclagem <strong>de</strong> iniciativa <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e traço comum ao gerenciamento da política social <strong>do</strong>governo.Outro parâmetro digno <strong>de</strong> registro é aquele que exclui <strong>do</strong> financiamento oscursos e treinamentos <strong>de</strong> curta duração, cuja concepção está arraigada nos pressupostos edistorções que discutimos anteriormente.E. Ateuns traços e <strong>de</strong>safios <strong>do</strong> sub-oroleto <strong>de</strong> cai acitaçáo <strong>do</strong> NPPC-SUTEProcuraremos <strong>de</strong>stacar, agora, <strong>de</strong> maneira bem sucinta, algumas das principaiscaracterísticas e•<strong>de</strong>safios <strong>do</strong> nosso subprojeto <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> professores em serviço.Ten<strong>do</strong> como objetivos a superação das contradições inerentes às práticas <strong>de</strong>reciclagem já criticadas, a formação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças pedagógicas e a consolidação <strong>do</strong>N.P.P.C. em outras regiões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, preten<strong>de</strong>-se formar 3 grupos <strong>de</strong> 15 professores que<strong>de</strong>verão elaborar um plano <strong>de</strong> trabalho a ser executa<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 02 anos.O acompanhamento e avaliação serão <strong>de</strong> co-responsabi lida<strong>de</strong> da equipeexecutora que, <strong>de</strong>ntre outras coisas, também viabilizará toda a assessoria acadêmicarequerida e prevista nos planos <strong>de</strong> trabalho. Será apresentada aos grupos umameto<strong>do</strong>logia para elaboração e execução <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho em que se propõe atomada <strong>de</strong> consciência, individual e coletiva, <strong>do</strong> atual estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento daprática pedagógica, buscan<strong>do</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar as principais "necessida<strong>de</strong>s" surgidas nestaprática.


IP106Estas necessida<strong>de</strong>s são aqui entendidas no senti<strong>do</strong> amplo (análise ecompreensão <strong>de</strong> aspectos liga<strong>do</strong>s à organização <strong>do</strong> trabalho pedagógico, aspe ctosmeto<strong>do</strong>lógicos e cognitivos <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>_ ensin o-aprendizagem; contato ouaprofundamento em áreas <strong>do</strong> conhecimento sistematiza<strong>do</strong> e historicamente acumula<strong>do</strong>,etc). São elas os verda<strong>de</strong>iros critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> quais instrumentos econhecimentos <strong>de</strong>verão ser produzi<strong>do</strong>s, apropria<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong> capacitação.As li<strong>de</strong>ranças pedagógicas a serem i<strong>de</strong>ntificadas e/ou "formadas", a pa rtir dasativida<strong>de</strong>s propostas, <strong>de</strong>verão ser apropria<strong>do</strong>ras, produtoras e socializa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>conhecimentos na área <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências, ao mesmo tempo em que serão forma<strong>do</strong>rase dissemina<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> uma nova consciência entre os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>.A partir da sua organização histórica enquanto categoria, estes trabalha<strong>do</strong>resreivindicaram o direito <strong>de</strong> predicar so<strong>br</strong>e suas condições sala riais, funcionais e <strong>de</strong> vida.Agora, <strong>de</strong> maneira a rticulada, reivindicarão o direito <strong>de</strong> predicar so<strong>br</strong>e os curriculos, osconteú<strong>do</strong>s, e as relações sociais instituídas no inte rior da escola, lutan<strong>do</strong> contra aalienação imposta pela divisão <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>ntro da escola e <strong>de</strong>sta com os órgãoscentrais da burocracia educacional.Da mesma forma que foi necessário um processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> umaconciência coletiva <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em educação para a sua constituição enquantocategoria profissional, é necessário um processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> consciêftcia, <strong>de</strong>mobilização e <strong>de</strong> luta pela alteração da atual organização <strong>do</strong> trabalho nas escolas, parasua transformação em sujeito educa<strong>do</strong>res.F. Confronto entre Utopia e Realida<strong>de</strong>Estamos atravessan<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> ofensiva neoliberal e <strong>de</strong> ataques à escolapública. A falsa valorização da escola p rivada em relação à escola pública e a apatia dapopulação diante da <strong>de</strong>cadência da Escola, têm relega<strong>do</strong> a luta em <strong>de</strong>fesa da EscolaPública aos sindicatos <strong>de</strong> Trabalha<strong>do</strong>res em Educação, o que por conseguinte, temimpingi<strong>do</strong> a esta luta um caráter corporativo.O problema da formação <strong>de</strong> professores em serviço, por sua vez, não tem si<strong>do</strong>assumi<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong> que tem relega<strong>do</strong> às Universida<strong>de</strong>s esta responsab ilida<strong>de</strong>.Precisamos encarar esta formação como um <strong>do</strong>s direitos inalienáveis à qualificaçãoprofissional, a ser reivindica<strong>do</strong> como tal, pelos trabalha<strong>do</strong>res em educação e seus sujeitoscoletivos (os Sindicatos).Além das tradicionais frentes <strong>de</strong> luta <strong>de</strong>staca-se, no momento, a mobilização emtorno da LDB. Ten<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> por todas as comissões até o final <strong>de</strong> 1990 o atual


107anteprojeto que <strong>de</strong>ve agora ir a plenário, incorpora importantes avanços, também <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> tema da formação <strong>de</strong> professores em serviço.No Cap. 17 - artigo 100 <strong>do</strong> anteprojeto em que se fixa a licenciatura plena comohabilitação necessária ao magistério <strong>de</strong> 1° e 20 graus, temos estabeleci<strong>do</strong> em se<strong>usp</strong>arágrafos 3 e 4 a o<strong>br</strong>igatorieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sistema <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Educação e <strong>do</strong>s Sistemas <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> na promoção <strong>do</strong> aperfeiçoamento e atualização <strong>do</strong> professor, vincula<strong>do</strong>s aosplanos <strong>de</strong> carreira <strong>do</strong>cente.No artigo 105 incisos V, VI e XII reconhece-se e estabelece-se temporemunera<strong>do</strong> para aperfeiçoamento e para qualificação no trabalho e através <strong>de</strong> reflexãoso<strong>br</strong>e o próprio trabalho.No Cap. 20 - Das Disposições Gerais e Transitórias - Art. 132 e Art. 134 incisosIV e V estabelece-se priorida<strong>de</strong> à formação, atualização e aperfeiçoamento <strong>do</strong>sprofissionais da Educação, vinculan<strong>do</strong> esta politica à melhoria das suas condições <strong>de</strong>remuneração e trabalho.Garantir estas conquistas e inserir outras, superan<strong>do</strong> ambigüida<strong>de</strong>s da lei nestee em outros aspectos <strong>de</strong>ve, cada vez mais, ser alvo da mobilização e da luta <strong>do</strong>sTrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> e <strong>de</strong> suas associações representativas.


108Formação em Serviço <strong>de</strong> ProfessoresVitoriano Fernan<strong>de</strong>s Neto1. A Realida<strong>de</strong>No Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, ao nível da re<strong>de</strong> pública, somente 22% <strong>do</strong>s professores<strong>de</strong> Física têm formação nessa área da Ciência. O restante são licencia<strong>do</strong>s em Matemáticaou Ciências, quan<strong>do</strong> não, em menor proporção, em Química ou Biologia.Das 17 instituições que se incumbem <strong>de</strong>ssa formação, 5 <strong>de</strong>las realizam pesquisaem ensino <strong>de</strong> Física, enquanto que as outras só se ocupam da <strong>do</strong>cência.Quanto ao número <strong>de</strong> egressos <strong>de</strong>ssas 5 instituições, que ao menos teo ricamenteseriam melhor forma<strong>do</strong>s, que chegam a escola pública, po<strong>de</strong>mos dizer que ele é irrisório(menos <strong>de</strong> 1%).Dessa forma, po<strong>de</strong>mos concluir que a pequena parcela <strong>de</strong> professores forma<strong>do</strong>sem Física que ensinam na escola pública são licencia<strong>do</strong>s por escolas on<strong>de</strong> não se realizampesquisas, on<strong>de</strong> não se pensa o ensino da Física, faculda<strong>de</strong>s particulares quase que na suatotalida<strong>de</strong>.fH. As IniciativasAo não existirem interesse politico e disposição prático-financeira por parte daSecretaria da Educação <strong>de</strong> São Paulo no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma ampla capacitação <strong>do</strong>sprofessores, essa tarefa tem se resumi<strong>do</strong>, basicamente, a cursos <strong>de</strong> 30 horas, ofereci<strong>do</strong>s,geralmente, em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> férias escolares, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> assim pouca participação epouco espaço na perspectiva <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho. Esses cursos têm secaracteriza<strong>do</strong> por dirigir sua atenção mais ao como ensinar e menos ao o que, quan<strong>do</strong> epor que ensinar. Desse mo<strong>do</strong> torna-se difícil falar em capacitação ampla.De qualquer forma a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse trabalho, quer na versão cursos <strong>de</strong>30 horas, quer amplian<strong>do</strong> a sua extensão afastan<strong>do</strong> o professor da sala <strong>de</strong> aula e trazen<strong>do</strong>opara a Universida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong> estar nas mãos <strong>de</strong> quem já se mostrou incompetente: "afaculda<strong>de</strong> privada".III. Uma ExperiênciaHá cinco anos o GREF (Grupo <strong>de</strong> Reelaboração <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física) vem<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um trabalho que visa a formação em serviço <strong>do</strong>s professores.


^109Nasci<strong>do</strong> na forma <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> reciclagem esse trabalho foi se adaptan<strong>do</strong> e setransforman<strong>do</strong> em função das necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s professores até tomar a forma <strong>de</strong> umaproposta conjunta com algumas <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> ensino (Carapicuiba e Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte)no senti<strong>do</strong> da criação <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores.A finalida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong>stes centros está em a<strong>br</strong>ir espaços visan<strong>do</strong> a discussão,num primeiro momento, <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física (utilizan<strong>do</strong> o material <strong>do</strong> GREF) paraposteriormente discutir outras formas <strong>de</strong> abordagens <strong>de</strong>sse conteú<strong>do</strong>, projetos <strong>de</strong> ensino<strong>de</strong> Física, pesquisas realizadas, processos <strong>de</strong> ensino aprendizagem e também questõeshistóricas, filosóficas e políticas ligadas a essa área.A troca <strong>de</strong> experiências visan<strong>do</strong> romper com o isolamento vivi<strong>do</strong> pelo professortambém assume um importante papel no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua formação.


^lloO Professor Secundário como Pesquisa<strong>do</strong>r.Uma Reflexão CriticaDirceu da SilvaBuscaremos apresentar <strong>de</strong> forma sucinta a nossa própria experiência comopesquisa<strong>do</strong>r e discutir as idéias que possuímos so<strong>br</strong>e a necessida<strong>de</strong> e viabi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outrosprofessores <strong>de</strong> 1° e 2° graus virem a ser produtores <strong>do</strong>s seus conhecimentos didáticometo<strong>do</strong>lógico-pedagógico.1. Pesquisar. Resposta a insatisfaçõesQuan<strong>do</strong> <strong>do</strong> meu ingresso na profissão <strong>de</strong> <strong>do</strong>cente, há quase 10 anos, pensavacomo muitos colegas da minha geração em po<strong>de</strong>r mudar o quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong>ensino e com isso buscar a formação <strong>de</strong> jovens mais críticos, mais conscientes, maisengaja<strong>do</strong>s nas lutas sociais, além, é claro, <strong>de</strong> ensinar Fisica como uma das ferramentaspara tal <strong>de</strong>sejo.Evi<strong>de</strong>ntemente que o excesso <strong>de</strong> ingenuida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>alismo, associa<strong>do</strong>s àinexperiência, levaram-me a sentir rapidamente uma realida<strong>de</strong> dura e inercial, muitasvezes maior daquela que po<strong>de</strong>ria ter hipotetiza<strong>do</strong>.Logo, constatei que eu buscava fazer <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> para que os alunos apren<strong>de</strong>ssem aminha disciplina: era organiza<strong>do</strong>, repetitivo, tinha um programa pensa<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma apartir das idéias mais simples para chegar às mais complexas, mostrava "truques" pararesolver exercícios, usava o laboratório, etc, mas os levava a apren<strong>de</strong>r muito pouco. Apósalgumas semanas <strong>do</strong> término <strong>de</strong> um tópico, ao resgatar as idéias <strong>de</strong>ste para apresentaroutras, sentia que os alunos na sua maioria, não lem<strong>br</strong>avam quase nada. Numa frase: euensinava, os alunos não aprendiam.As justificativas e explicações para o que ocor ria foram as mesmas que já ouvi<strong>de</strong> inúmeros outros professores: os alunos não estudavam, não sabiam Matemática,faltavam conhecimentos anteriores, etc. E esses comentários não provinham apenas <strong>do</strong> 2°grau, mas encontrei até professoras alfabetiza<strong>do</strong>ras (P série <strong>do</strong> 1° grau) fazen<strong>do</strong>comentários, não idênticos, mas com o mesmo tipo <strong>de</strong> propósito e teor. Então, <strong>de</strong> quemera o problema?Das minhas angústias e das <strong>do</strong>s outros, pu<strong>de</strong> ter certeza <strong>de</strong> que o problema eramuito mais complexo <strong>do</strong> que po<strong>de</strong> ria imaginar.


IllNesse perío<strong>do</strong>, com alguns colegas que cursavam comigo as disciplinas <strong>de</strong>licenciatura, tomei contato com <strong>do</strong>is trabalhos <strong>de</strong> Piaget (1) e com o <strong>de</strong> Vienot (2), queapresentavam resulta<strong>do</strong>s alarmantes. As respostas <strong>do</strong>s alunos franceses eram parecidascom as respostas <strong>do</strong>s meus alunos.Aos poucos fui construin<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundar os meusconhecimentos so<strong>br</strong>e os problemas específicos <strong>do</strong> ensino (<strong>de</strong> Física) e pu<strong>de</strong> constatar quenão havia respostas prontas, muito menos receitas meto<strong>do</strong>lógicas, pois as pesquisas emsala <strong>de</strong> aula eram escassas e limitadas (como continuam sen<strong>do</strong>).Então comecei a organizar a minha vida para ter mais tempo livre e a buscarcontato com pessoas que estavam estudan<strong>do</strong> os mesmos problemas, que há muito meincomodavam e acabei quase que naturalmente ingressan<strong>do</strong> num grupo <strong>de</strong> pesquisas(3),<strong>do</strong> qual faço parte até hoje, e a vir entrar na pós-graduação, on<strong>de</strong> realizei o mestra<strong>do</strong> emensino <strong>de</strong> Física e atualmente curso o <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em didática das Ciências.Em meu caso particular, na escola que trabalho há 6 anos (Escola <strong>de</strong> Aplicaçãoda FEUSP), o regime <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação permite 20 horas semanais à pesquisa e a jornada emsala <strong>de</strong> aula (20 horas semanais) não so<strong>br</strong>ecarrega muito, o que configura, ainda que emcondições <strong>de</strong>sfavoráveis aos <strong>do</strong>centes universitários da mesma instituição, uma situação<strong>de</strong> exceção para a maioria <strong>do</strong>s professores.2. Experiências vividas e acumuladas como pesquisa<strong>do</strong>rLonge da pretensão <strong>de</strong> ser mo<strong>de</strong>lo para outros colegas <strong>do</strong>centes, posso garantirque o trabalho <strong>de</strong> pesquisa tem-me feito refletir e modificar muitas das minhas práticas.Hoje acredito ter elementos muito mais claros, hipóteses muito mais bem fundamentadaspara buscar mudanças. Tenho podi<strong>do</strong> analisar realida<strong>de</strong>s e localizar problemas, o que, senão tenho as soluções, pelo menos posso prever como encaminhá-los e quais os esforçosnecessários para as suas eliminações.Outro aspecto importante, que tem contribuí<strong>do</strong> muito para a minha formação eespecialização é a interação freqüente com outros pesquisa<strong>do</strong>res, o grupo <strong>de</strong> que façoparte e <strong>de</strong> outros. As minhas preocupações têm si<strong>do</strong> externalizadas e discutidas poroutros, bem como as preocupações <strong>de</strong>stes têm encontra<strong>do</strong> <strong>de</strong>bate em minha pessoa. Essatroca contínua permite aclarar e aprofundar muitos pontos.Além <strong>de</strong>ssa constante troca e interação, os projetos <strong>de</strong> pesquisa, que resultaramem dissertação <strong>de</strong>- mestra<strong>do</strong>(4) e agora em tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, têm mostra<strong>do</strong> soluçõesreais e altamente viáveis <strong>de</strong> se obter um nível <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> significativamente eleva<strong>do</strong>em classes <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> 2° grau.


112Deixan<strong>do</strong> a experiência pessoal, gostaria <strong>de</strong> expandir essa idéia a outrosprofessores, tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> comentar como já apontei, a necessida<strong>de</strong> e a viabi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazerpesquisas.3.0 professor secundário como pesquisa<strong>do</strong>rQuan<strong>do</strong> remetemos essa problemática a qualquer outro professor, esbarramosem alguns obstáculos. Existe um mito so<strong>br</strong>e o que vem a ser a pesquisa e muitas pessoassentem-se distantes <strong>de</strong>la. Esse mito po<strong>de</strong> ser elimina<strong>do</strong> se enten<strong>de</strong>rmos pesquisa nosenti<strong>do</strong> mais amplo. Sistematizar e controlar inovações meto<strong>do</strong>lógicas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umaprática, por si só po<strong>de</strong>m configurar o emb rião <strong>do</strong> inicio <strong>de</strong> um longo aprendiza<strong>do</strong>, o quesignificaria em resumo "colocar" no papel as suas idéias e os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>las, permitin<strong>do</strong>a irradiação das mesmas para outros professores.Nos nossos contatos inúmeros, temos presencia<strong>do</strong> expe riências e inovaçõesmeto<strong>do</strong>lógicas muito satisfatórias e excelentes, mas que se esgotam e se per<strong>de</strong>m por nãohaver a interação com outras. Essas experiências po<strong>de</strong>riam ser sistematizadas e publicadasem periódicos que circulam to<strong>do</strong> o país e que tra riam vários frutos para aqueles que asfizessem. Não s6 pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca, mas pelo processo <strong>de</strong> revisão <strong>do</strong> trabalhorealiza<strong>do</strong>, caracteriza<strong>do</strong> pelo ato <strong>de</strong> organizar essas idéias. Não necessariamente elasprecisariam se transformar em dissertações acadêmicas, sem, é claro, pensar-se que numfuturo elas po<strong>de</strong>riam "ter corpo" para tal.Outra barreira que se impõe diz respeito às condições <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> professor:baixos salários, número excessivo <strong>de</strong> aulas, trabalho em mais <strong>de</strong> uma escola, carência <strong>de</strong>condições materiais (locais <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, livros, publicações etc). Esta barreira constitui-seem problema central e limita qualquer trabalho fora da rotina da sala <strong>de</strong> aula. Mal seconsegue preparar as aulas, quanto mais estudar, sistematizar, escrever e publicar.Há três caminhos não exclu<strong>de</strong>ntes para superação <strong>de</strong>ssa barreira: o p rimeiro,temporário, é a entrada em programas <strong>de</strong> pós-graduação com a solicitação <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>, permitin<strong>do</strong> assim diminuir ou largar todas as aulas e passar a <strong>de</strong>dicar-se só àpesquisa. O que por um la<strong>do</strong> po<strong>de</strong> não ser a melhor solução, pois, se se preten<strong>de</strong> estudaruma prática, qual seja a pedagógica, estar separa<strong>do</strong> <strong>de</strong>la não permite a riqueza <strong>de</strong>questionamentos que surgem quan<strong>do</strong> se está inseri<strong>do</strong> no contexto verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> sala <strong>de</strong>aula. Corre-se o risco <strong>de</strong> se trabalhar com alunos hipotéticos.Já o segun<strong>do</strong> passa por lutas a longo prazo em vários níveis da socieda<strong>de</strong> civil: ovoto consciente, a militância politico-partidária, a organização sindical, a estruturação <strong>de</strong>


s113um movimento a nível nacional, o seu entendimento como trabalha<strong>do</strong>r e não comosacer<strong>do</strong>te, etc.Esse leque <strong>de</strong> ações não se restringe apenas ao professor que vê a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r como os alunos apren<strong>de</strong>m para po<strong>de</strong>r ensinar, mas a to<strong>do</strong>s que têmconsciência das condições reais <strong>de</strong> trabalho.Essas lutas não são simples e nem fáceis <strong>de</strong> serem encaminhadas e muito menospor um grupo limita<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoas.Um terceiro caminho menos radical po<strong>de</strong> ser a organização <strong>de</strong> grupos pequenos<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> a seleção e estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> a rtigos, livros e outras publicações, po<strong>de</strong>m ocorrernum crescente que leve ao grupo a preparar os seus próprios trabalhos.Para a constituição <strong>de</strong>sses grupos, também é necessário um processo <strong>de</strong> lutaspara garantir pelo menos algumas horas "livres", <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma instituição, o que po<strong>de</strong>ser feito mostran<strong>do</strong>-se os resulta<strong>do</strong>s positivos, com certeza, <strong>de</strong>sse empenho <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s eatualizações. Em algumas instituições que realizam semanalmente reuniões pedagógicasgerais, po<strong>de</strong>ria-se conseguir algumas <strong>de</strong>las, duas em um mês por exemplo, para realizar-seesses sessões <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.O levantamento <strong>de</strong> temas e materiais <strong>de</strong>ve respeitar as necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> grupo,mas uma fonte boa para se conseguir a rtigos e livros são as bibliotecas das universida<strong>de</strong>sou contatos com professores que já pesquisam na área.4. Conclusões e comentáriosTentamos aqui discutir uma experiência pessoal, mostran<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> quenos levou a começar a pesquisar.Buscamos também apontar alguns caminhos, para que outros professoresinteressa<strong>do</strong>s e que acreditam ser a pesquisa um caminho bom para a constanteatualização e melhoria <strong>do</strong>s seus trabalhos, possam encontrar estímulo e ressonância, nanossa história.E importante chamar a atenção para o fato <strong>de</strong> que, na área <strong>de</strong> ensino, há muitoainda por fazer e que os caminhos para iniciar o trabalho <strong>de</strong> pesquisa são diversos. Aquiapontamos três (que não se excluem) não preten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> esgotar a discussão, pois háespecificida<strong>de</strong>s e realida<strong>de</strong>s distintas em cada região, as quais <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas.


114Outro ponto merece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque é a forma <strong>de</strong> se fazer pesquisas, as quaisnão necessariamente <strong>de</strong>vem se enquadrar nos mol<strong>de</strong>s tradicionais acadêmicos, sem queisso lhes tire os seus méritos e importâncias.Por fim, queremos registrar que a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação e produção <strong>de</strong>conhecimento não é <strong>de</strong> to<strong>do</strong> gratificante, há uma <strong>do</strong>se muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> empenho pessoale <strong>de</strong> um aprendiza<strong>do</strong> longo e difícil, o que é agrava<strong>do</strong> em países sub<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s como onosso, em que a educação e a cultura não são metas prioritárias.5. Notas(1) Piaget, J. (1979). A construção <strong>do</strong> Real na Criança trad: A. Ca<strong>br</strong>al, 3' ed., Zahar ed.Rio <strong>de</strong> Janeiro.Piaget, J. (1978). Fazer e Compreen<strong>de</strong>r, trad: C.L.P.Leite, Melhoramentos/EDUSP,São Paulo.(2) Referimo-nos aos trabalhos so<strong>br</strong>e conceitos espontâneos: Vienot, L. (1979)Spontaneous reasoning in elementary dynamics Eur. Joun. of Sci. Ed., vol. 1, n o 2, pp 205-22.Outros artigos <strong>de</strong>sta mesma época po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>do</strong>s no mesmo periódico acima.Recentemente um artigo <strong>de</strong> Driver, R. (1989) Internacional Journal of Science Education,vol. 11, Special Issue, pp 481-490, faz uma revisão completa <strong>de</strong> todas as tendências emensino <strong>de</strong> Ciências na última década.(3) Referimo-nos ao grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências da FEUSP, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pela profa.Anna Maria Pessoa <strong>de</strong> Carvalho.(4) Silva, D. (1988) Um estu<strong>do</strong> Psicogenético da velocida<strong>de</strong> annular e a construção <strong>do</strong> seuensino. Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> IFUSP/FEUSP, São Paulo.


115O Professor como Pesquisa<strong>do</strong>rNilce Azeve<strong>do</strong> Car<strong>do</strong>so SoaveO professor é um facilita<strong>do</strong>r <strong>de</strong> aprendizagem. Isto quer dizer que ele <strong>de</strong>veenten<strong>de</strong>r bem a matéria que leciona e saber criar situações <strong>de</strong> aprendizagem que facilitema construção <strong>de</strong> estruturas novas e aquisição <strong>de</strong> conhecimentos.Criar situações <strong>de</strong> aprendizagem significa propor problemas a serem resolvi<strong>do</strong>s.As estruturas cognitivas já formadas serão sempre questionadas e <strong>de</strong>sequili<strong>br</strong>adas diante<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>safios.Quan<strong>do</strong>, com ás estruturas já existentes, o aluno não for capaz <strong>de</strong> resolveraquele problema proposto, novas estruturas cognitivas surgirão se ele estiver relmentecomprometi<strong>do</strong> na busca das soluções.Isto não é uma questão simples. Pressupõe que o professor conheça bem asestruturas exigidas para a aquisição <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os conteú<strong>do</strong>s a serem trabalha<strong>do</strong>s. Exigetambém que o professor saiba, dinamicamente em que nível <strong>de</strong> conhecimento científico elógico-matemático o aluno se encontra e um envolvimento <strong>do</strong> professor no compromissocom aquele grupo <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> <strong>de</strong> alunos. Isto requer então uma compreensão social eafetiva <strong>do</strong> aluno. Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> escola pública o professor precisa conhecer quais sãoos interesses da classe trabalha<strong>do</strong>ra e os interesses daquele grupo em especial. Porquenão há aprendizagem quan<strong>do</strong> o aluno não tem interesse e não se compromete no seuprocesso <strong>de</strong> aprendizagem.O pesquisa<strong>do</strong>r é um curioso, um criativo, um inventor, alguém que não secontenta com respostas fáceis, alguém que quan<strong>do</strong> encontra as respostas que busca se faznovas perguntas. O pesquisa<strong>do</strong>r é um rebel<strong>de</strong>. Nào se contenta com o que sabe, querconhecer mais. E transformar o que existe. E um Galileu ou um Giordano Bruno. Uminsatisfeito, sempre participante <strong>do</strong> movimento histórico-científico da Humanida<strong>de</strong>.Assim, só po<strong>de</strong>remos enten<strong>de</strong>r o professor como um pesquisa<strong>do</strong>r. E precisoque, ao traçar seus objetivos, ele não tenha todas as respostas <strong>do</strong> problema porque é nopróprio processo que ele irá conhecer quem são seus alunos, em que nível <strong>de</strong>conhecimento científico eles se encontram, quais são seus interesses, seus afetos e<strong>de</strong>safetos. Somente no processo po<strong>de</strong>rá, então, propor situações problemas a<strong>de</strong>quadas àaquisição <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> a ser trabalha<strong>do</strong>. Não cabe portanto o professor repeti<strong>do</strong>r. Umprofessor repeti<strong>do</strong>r cria aluno repeti<strong>do</strong>r. E para que servem os repeti<strong>do</strong>res? O mun<strong>do</strong>exige respostas novas, criativas. E um mun<strong>do</strong> dinâmico, com muitas questões a seremresolvidas. E preciso ser inventivo e inconforma<strong>do</strong> para ser um transforma<strong>do</strong>r. 0 que é


116um professor senão um transforma<strong>do</strong>r? Algum aluno que apren<strong>de</strong>u algo é igual ao queera antes?Qual é o objetivo <strong>de</strong> pesquisa <strong>do</strong> professor? O aluno, com suas estruturascognitivas, seu pensamento científico, seus conceitos intuitivos, seus pré-conceitos, afetose me<strong>do</strong>s. Um professor pesquisa<strong>do</strong>r acredita que seus alunos são capazes <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r selhe forem propostas situações a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> aprendizagem, situações estas agradáveis,<strong>de</strong>safiantes, criativas e prazerosas. Este professor então <strong>de</strong>monstrará gostar <strong>do</strong> que faz eque lhe é prazeroso o ato <strong>de</strong> ensinar.


117O Professor como Pesquisa<strong>do</strong>rAndreia Guerra <strong>de</strong> MoraesO tema a ser <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> é um tópico bastante discuti<strong>do</strong> no grupo <strong>de</strong> pesquisa emensino da UFRJ <strong>do</strong> qual faço parte. No VII SNEF, inclusive, um participante <strong>do</strong> grupo aointergrar a mesa re<strong>do</strong>nda 'Transferência da pesquisa em ensino para a sala <strong>de</strong> aula"levantou tal questão juntamente com o prof. Moacir Ribeiro <strong>do</strong> Valle. O fruto <strong>de</strong>ste<strong>de</strong>bate encontra-se no artigo "O professor e a produção <strong>do</strong> conhecimento" publica<strong>do</strong> narevista Contexto e Educação. A gran<strong>de</strong> relevância <strong>do</strong> presente tema para o grupo <strong>de</strong>pesquisa está relacionada com o nosso méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> pesquisa e com o nosso objeto <strong>de</strong>trabalho. Isto porque pesquisamos a nossa prática <strong>do</strong>cente com vista à compreensão <strong>do</strong>sistema educacional como um to<strong>do</strong>, uma vez que o nosso objetivo é interferir nestesistema.Quan<strong>do</strong> pensamos numa intervenção no sistema escolar, não po<strong>de</strong>mos esquecero professor. Não adianta lutarmos por uma transformação na estrutura escolar, seconsi<strong>de</strong>rarmos o professor um mero elemento transmissor <strong>de</strong> um conhecimentoespecífico, que foi produzi<strong>do</strong> num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contexto histórico. Para que ocorra amudança é preciso consi<strong>de</strong>rar relevante o contexto da sala <strong>de</strong> aula, pois é lá queefetivamente ocorre o processo on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejamos interferir. Porém, para que na sala <strong>de</strong>aula realmente se efetive este processo, é necessário que tanto o educan<strong>do</strong> como oeduca<strong>do</strong>r sejam agentes. De um mo<strong>do</strong> geral, é consenso (entre os grupos <strong>de</strong> pesquisa)que a aprendizagem só se dá quan<strong>do</strong> o aluno é agente na escola. O consenso, no entanto,termina quan<strong>do</strong> as atenções se voltam para o professor. Este não é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> umagente pelas secretarias <strong>de</strong> educação, quan<strong>do</strong> estas enviam às escolas currículos fecha<strong>do</strong>se prontos. Os grupos <strong>de</strong> pesquisa também os <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram agentes, quan<strong>do</strong> enviam aosprofessores o produto <strong>de</strong> sua pesquisa para ser por ele aplica<strong>do</strong> nas escolas. Mesmoquan<strong>do</strong> esses grupos enviam previamente aos professores questionários para levantar operfil das salas <strong>de</strong> aula em que estão envolvi<strong>do</strong>s, esses grupos colocam os professoresnuma posição passiva, pois não lhes dão acesso ao processo da pesquisa.Nós <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos um processo educacional eficaz, por isso pensamos noprofessor enquanto produtor <strong>do</strong> conhecimento, uma vez que só este caminho permite-lheatuar no processo educacional. A prática pedagógica só o professor po<strong>de</strong> construir. Estenosso pensamento não elimina a valida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> pesquisa liga<strong>do</strong>s às aca<strong>de</strong>mias,-mas, ao contrário, dá senti<strong>do</strong> para sua existência. Isto porque esses grupos, pelas suascaracterísticas acadêmicas po<strong>de</strong>m criar subsídios que auxiliem os professores naconstrução <strong>de</strong> sua prática. Cabe <strong>de</strong>stacar que sem estes subsídios os professores não terãocondições <strong>de</strong> realizar seu trabalho.


118Mas on<strong>de</strong> entra a pesquisa?A sala <strong>de</strong> aula é um objeto <strong>de</strong> pesquisa muito importante para a educação. Ainserção nesta micro realida<strong>de</strong> é necessária para a compreensão da macro. Como oprofessor está "naturalmente inseri<strong>do</strong> na sala <strong>de</strong> aula é um gran<strong>de</strong> equívoco alijá-lo dapesquisa educacional. A pesquisa a ser realizada pelo professor não <strong>de</strong>ve ter menos rigor<strong>do</strong> que aquela realizada na aca<strong>de</strong>mia. A pesquisa <strong>do</strong> professor <strong>de</strong>ve também englobaraprofundamento teórico, organização e interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, assim como divulgação<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. A divulgação tanto po<strong>de</strong> scr feita pelas secretarias <strong>de</strong> educação c centros<strong>de</strong> Ciências, como pelos periódicos e revistas que circulam na área.Gostaríamos <strong>de</strong> ressaltar que ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rmos esta proposta não estamosconfundin<strong>do</strong> o ato <strong>de</strong> pesquisar com o ato <strong>de</strong> ensinar. Está claro, para nós, que nemsempre o professor estará na sala <strong>de</strong> aula no papel <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>r. Mas também nãopo<strong>de</strong>mos esquecer que esta pesquisa modificará o contexto da sala <strong>de</strong> aula assim comoeste contexto interfirirá na pesquisa ao longo <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento.Algumas pessoas <strong>de</strong>vem agora estar pensan<strong>do</strong>: como conseguir isto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>starealida<strong>de</strong> caótica? Quan<strong>do</strong> pensamos no conjunto <strong>do</strong>s professores <strong>br</strong>asileiros istorealmente é uma utopia, porém uma utopia realizável. Não adianta to<strong>do</strong> o nosso esforçose não pensarmos numa real transformação <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>.


119Avaliação, Recuperação e Evasão: Propostas Políticas das Secretarias RegionaisRuth <strong>de</strong> AlmeidaA Educação básica é um direito garanti<strong>do</strong> a to<strong>do</strong> cidadão pela ConstituiçãoBrasileira. Mas esse direito está garanti<strong>do</strong> apenas no papel. Isto é o que nos dizemmilhões <strong>de</strong> <strong>br</strong>asileiros, em ida<strong>de</strong> escolar, que estão fora da escola. Ou porquê a ela nãotiveram acesso ou porquê <strong>de</strong>la foram "expulsos". (leia-se evadi<strong>do</strong>s).Quan<strong>do</strong> discutimos so<strong>br</strong>e ensino no nosso país, pa rticularmente o ensino básico,quase sempre associamos a preca rieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> mesmo às questões como professores malforma<strong>do</strong>s, salários aviltantes, <strong>de</strong>sestímulo das famílias po<strong>br</strong>es, total falta <strong>de</strong> recursosmínimos, etc. Todas essas questões são verda<strong>de</strong>iras. Porém, porque será que sen<strong>do</strong> onosso país a 8 8 riqueza mundial, a educação da população só é vista sob o prisma <strong>de</strong>aban<strong>do</strong>no e <strong>de</strong>scaso?E preciso enten<strong>de</strong>r os reais motivos <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>scaso. Qual a relação econômica esociológica que se estabelece entre Esta<strong>do</strong> e população? Qual o papel atribuí<strong>do</strong> àeducação pelo Esta<strong>do</strong>, nesta relação?O Esta<strong>do</strong> teve que instalar uma máquina educativa que aten<strong>de</strong>sse asreivindicações populares (a educação básica, como disse ante riormente é garantida pelaConstituição). Ao mesmo tempo colocou limites à expansão e ao tipo <strong>de</strong> atendimento <strong>do</strong>sdiferentes níveis <strong>de</strong> ensino em função das necessida<strong>de</strong>s result antes <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>loseconômicos escolhi<strong>do</strong>s pelos grupos dirigentes e também da força <strong>de</strong> negociação epressão <strong>do</strong>s diferentes grupos sociais envolvi<strong>do</strong>s nesse processo. Daí, fica mais claroenxergarmos o real motivo <strong>do</strong> <strong>de</strong>scaso para com a educação pública em nosso país.Qual a clientela candidata a educação pública? São exatamente os grupos sociaisoriun<strong>do</strong>s das classes mais po<strong>br</strong>es que cada vez mais são marginalizadas <strong>do</strong> atendimentoeducacional e cujas famílias tem pouca ou nenhuma intimida<strong>de</strong> com a "culturapedagógica" e se sentem intimidadas ao analisar e/ou avaliar a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços quesão presta<strong>do</strong>s aos seus filhos.Como eu dizia anteriormente, qual o papel que a escola enqu anto representante<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> - <strong>de</strong>sempenha? "Pelo Censo <strong>de</strong> 1980, <strong>de</strong> 100 crianças po<strong>br</strong>es que frequentam asquatro primeiras sé ries <strong>do</strong> 1 0 grau, somente 23 chegarão as séries seguintes e, <strong>de</strong>les,apenas 6 atingem o 2 grau".A quem interessa esta alta taxa <strong>de</strong> retenção escolar? A quem interessa quecrianças e jovens das classes populares sejam marca<strong>do</strong>s com a insígnia <strong>de</strong> incapazes?


120Afinal, em nome <strong>de</strong> que princípios e em que condições está se manten<strong>do</strong> areprovação na escola pública? As escolas garantem a elitização <strong>do</strong> ensino, não maisnegan<strong>do</strong> vagas, mas provan<strong>do</strong> a "incompetência", das classes populares, através <strong>do</strong>snumerosos "fracassos" traduzi<strong>do</strong>s na reprovação e na evasão.E os professores, como ficam diante <strong>de</strong>ste indigesto quadro? Já tem si<strong>do</strong><strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> que o Esta<strong>do</strong> vem favorecen<strong>do</strong> a alienação <strong>do</strong>s professores ao espoliá-los <strong>do</strong>conhecimento científico mínimo, a medida que se mantém conivente com ofuncionamento <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> 1°, 2° e 3° graus <strong>de</strong>squalifica<strong>do</strong>s.Estes professores tem aceita<strong>do</strong>, na sua prática <strong>do</strong>cente <strong>de</strong> forma acrítica e passiva, o papel<strong>de</strong> algozes <strong>de</strong> seus alunos, que como eles pouco apren<strong>de</strong>m e/ou produzem, e como eles,não passam <strong>de</strong> vítimas <strong>do</strong> sistema...


121Avaliação, Repetência e Evasão EscolarNirce Pereira <strong>de</strong> Soüza GadioliO tema: Avaliação, Repetência e Evasão Escolar me sugere que esta mesa <strong>de</strong>vaestar procuran<strong>do</strong> estabelecer a relação ou as relações, entre o processo <strong>de</strong> avaliação e ofracasso escolar.Em primeiro lugar, quero dizer que, ao tomar conhecimento <strong>do</strong> tema, aprimeira pergunta que me fiz foi: - Estaria o fracasso escolar liga<strong>do</strong> estritamente, ouprincipalmente, a questões como a avaliação? Acho importante que procuremosestabelecer as relações entre essas duas questões, mas consi<strong>de</strong>ro que primeiramente<strong>de</strong>vemos fazer um esforço no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o problema em toda a suacomplexida<strong>de</strong>, e não apenas em seus aspectos pedagógicos.O fracasso escolar <strong>de</strong> que estamos falan<strong>do</strong>, no Brasil <strong>de</strong> hoje, comporta muitasvariáveis e uma <strong>de</strong>las tem a ver, sem dúvida, com a avaliação ou melhor, tem a ver com aprática pedagógica vigente nas escolas. Eu, porém, gostaria <strong>de</strong> levantar aqui uma outravariável que consi<strong>de</strong>ro das mais importantes; a dicotomia entre os objetivos da escola e osobjetivos <strong>do</strong>s alunos.Até mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 70, essa dicotomia existia, mas era solucionável noãmbito estritamente pedagógico. Ao aluno interessava o diploma como instrumento <strong>de</strong>ascensão social, à escola interessava difundir o saber. Acoplar esses <strong>do</strong>is objetivos erauma dificulda<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria ser resolvida em termos <strong>de</strong> competência pedagógica.Hoje,- 70% das escolas públicas <strong>de</strong> 2° grau são escolas noturnas, freqüentadaspor trabalha<strong>do</strong>res que fazem parte, na sua maioria, da gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-o<strong>br</strong>a nãoqualificada, o que os coloca na faixa mais po<strong>br</strong>e da população. Para esses jovens, aquestão primordial é a melhoria das suas condições <strong>de</strong> vida, algo que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ssapopulação não acredita mais que a escola seja capaz <strong>de</strong> propiciar.A mim, parece urgente repensar a escola <strong>de</strong> 2° grau <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a a<strong>de</strong>quá-la àclientela que a procura, fazen<strong>do</strong> assim com que o enorme esforço <strong>de</strong>sprendi<strong>do</strong> parafrequentá-la seja compensa<strong>do</strong>.Na década <strong>de</strong> 80, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, muito se falou so<strong>br</strong>e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se a<strong>de</strong>quar a escola à clientela; mas até hoje, essa a<strong>de</strong>quação que, aliás não chegou até asescolas, só foi interpretada a nível pedagógico. A a<strong>de</strong>quação necessária, no entanto,extrapola esse nível. Um primeiro aspecto <strong>de</strong>ssa mudança necessária seria a reformulação<strong>do</strong>s objetivos da escola <strong>de</strong> 2° grau que, a meu ver, <strong>de</strong>veriam estar atentos, sim, à formação


122da cidadania mas que te ria que incorporar outros que <strong>de</strong>ssem conta <strong>de</strong> estabelecerligações claras e efetivas com o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> aluno que a frequenta.Um outro aspecto da mudança necessária está intimamente liga<strong>do</strong> à questão daavaliação.Se é urgente rever o conceito <strong>de</strong> avaliação, é preciso que se perceba que estarevisão não se dará in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma revisão total <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensino que oembasa e para o qual a escola <strong>de</strong> hoje está organizada.Por último, é necessário que se perceba que essa revisão não se sustenta semuma revisão <strong>de</strong> toda a estrutura escolar na qual esse mo<strong>de</strong>lo se assenta.


123Avaliação, Recuperação e Evasão - Propostas Políticas das Secretarias daEducaçãoCélia Maria Carolino PiresO tema <strong>de</strong>sta mesa-re<strong>do</strong>nda, "Avaliação, Recuperação e Evasão: PropostasPoliticas das Secretarias <strong>de</strong> Educação", não po<strong>de</strong> ser aborda<strong>do</strong> isoladamente dasconcepções que se têm <strong>de</strong> educação, <strong>do</strong> papel da escola e da própria socieda<strong>de</strong> num da<strong>do</strong>momento histórico. A avaliação não é um fim em si mesma, mas está no bojo daconstrução <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> ensino.Assim, no âmbito da Fe<strong>de</strong>ração se analisarmos a Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases no5692/71, ainda em vigot, i<strong>de</strong>ntificamos a concepção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> escola e neleinseri<strong>do</strong> uma filosofia <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> aproveitamento e a apuração da assiduida<strong>de</strong>. Naavaliação <strong>do</strong> aproveitamento, indica-se a prepon<strong>de</strong>rância <strong>do</strong>s aspectos qualitativos so<strong>br</strong>eos quantitativos e o <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s durante o ano letivo so<strong>br</strong>e os da prova final(caso esta seja exigida). a lei <strong>de</strong>ixa explicita também a o<strong>br</strong>igatorieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>sestabelecimentos <strong>de</strong> ensino em proporcionar aos alunos <strong>de</strong> aproveitamento insuficiente,estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> recuperação e inova ao apontar que, a avaliação <strong>do</strong> aproveitamento po<strong>de</strong>riaser expressa em notas ou menções.São também <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> as primeiras concepções <strong>de</strong> avaliação daaprendizagem como um processo para <strong>de</strong>terminar até que ponto os objetivoseducacionais foram atingi<strong>do</strong>s, não apenas para apoiar a <strong>de</strong>cisão quanto à promoção <strong>do</strong>aluno, como também para fornecer da<strong>do</strong>s para orientar a reformulação <strong>do</strong> planejamentocurricular. Ressaltam-se como princípios nortea<strong>do</strong>res da avaliação a continuida<strong>de</strong>, aamplitu<strong>de</strong> e a compatibilida<strong>de</strong> com os objetivos propostos.E, portanto, marcante na década <strong>de</strong> 70 e bastante divulgada entre osprofessores, a avaliação por objetivos, com to<strong>do</strong> o peso da tendéncia tecnicista <strong>de</strong> pensara educação, buscan<strong>do</strong> objetivida<strong>de</strong> e uma ação mais científica <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res.O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, opta pela a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> menções em lugar da escalanumérica, com base em pareceres <strong>do</strong>s Conselhos <strong>de</strong> Educação Fe<strong>de</strong>ral e Estadual e noCapítulo III <strong>do</strong> Decreto 10.623, <strong>de</strong> 26/10/77, <strong>de</strong>talha os procedimentos.Já no foral da década <strong>de</strong> 70, com indícios <strong>de</strong> abertura politica, surgem as<strong>de</strong>núncias <strong>do</strong> papel i<strong>de</strong>ológico que a escola cumpria na socieda<strong>de</strong> capitalista, reforçan<strong>do</strong> elegitiman<strong>do</strong> as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais. Textos como "Cuida<strong>do</strong> Escola" e "Uma Escola parao Povo" tornam-se populares entre os professores. Para<strong>do</strong>xalmente, porém, em respostaao Documento n° 1 da Secretaria da Educação, em 1983, parte da re<strong>de</strong> estadual paulista


124se manifesta favorável ao retorno <strong>de</strong> medidas como jubilamento, exame <strong>de</strong> admissão etc.,em franca contradição ao principio geral <strong>de</strong> que o ensino fundamental <strong>de</strong>ve ser comum ato<strong>do</strong>s os <strong>br</strong>asileiros e, por isso, não po<strong>de</strong> ser seletivo e dirigi<strong>do</strong> a apenas alguns.A análise da realida<strong>de</strong> relativa ao processo <strong>de</strong> avaliação pratica<strong>do</strong> nas escolas.com algumas exceções, revela que o espirito da lei não foi incorpora<strong>do</strong> na prática:- as menções afastaram-se <strong>do</strong> seu significa<strong>do</strong> original e são atribuídas ten<strong>do</strong>como suporte a escala numérica <strong>de</strong> zero a <strong>de</strong>z, numa correspondência quase sempre nãomuito bem <strong>de</strong>finida;- a avaliação realiza-se apenas para classificar o aluno <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o nível <strong>de</strong>aproveitamento apresenta<strong>do</strong> nas diversas disciplinas, com vistas a seleção <strong>do</strong>s que têmcondições <strong>de</strong> prosseguir ou concluir seus estu<strong>do</strong>s;- a recuperação é realizada tão somente em termos <strong>de</strong> dar ao aluno mais umachance (com a aplicação <strong>de</strong> novas provas) e não com a preocupação , <strong>de</strong> oferecer estu<strong>do</strong>s<strong>de</strong> recuperação, <strong>de</strong> forma contínua e sistemática.E po<strong>de</strong>riamos arrolar outras distorções.A gran<strong>de</strong> distorção fica evi<strong>de</strong>nte na análise <strong>de</strong> um simples da<strong>do</strong> quantitativo:30 alunos em cada 100 iniciantes, terminam o 1 2 grau em oito anosO gran<strong>de</strong> projeto politico da Secretaria da Educação <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>a partir <strong>de</strong> 83, ou seja, a reorganização <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> 1° e 2° graus tem como metasprioritárias: garantir o acesso à escola (o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo aten<strong>de</strong> na mat ricula inicialentre 50 a 55% da população escolar, sen<strong>do</strong> 80% da população entre 7 a 14 anos e 45%<strong>do</strong>s jovens entre 15 a 19 anos) e garantir a permanência, com bom aproveitamento.Para atingi-las a primeira barreira estava bem ali: <strong>do</strong>is meses após o início davida escolar <strong>do</strong> aluno.A implantação <strong>do</strong> Ciclo Básico a partir <strong>de</strong> 84 tinha como objetivo enfrentar os<strong>de</strong>safios postos por essa primeira barreira. Para isso, o Ciclo Básico rompia a seriaçãotradicional, garantia uma maior flexibilida<strong>de</strong> na organização curricular, oferecia aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> apoio suplementar p ara aten<strong>de</strong>r aos alunoscom rendimento insuficiente e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convocar professores para reuniõespedagógicas semanais, pagas a título <strong>de</strong> serviço extraordinário.


125Em 1988, com a implantação da Jornada Única <strong>de</strong> Trabalho Docente eDiscente, esten<strong>de</strong>u-se o tempo <strong>de</strong> permanência <strong>do</strong> aluno na escola e c riou-se, com a hora<strong>de</strong> trabalho pedagógico, espaços para reciclagem, planejamento e discussões maisprofundas pelos professores so<strong>br</strong>e a essência <strong>do</strong> seu tabalho, especialmente com relação àalfabetização e aos <strong>de</strong>mais componentes cur riculares.Sete anos após a implantação, algumas constatações po<strong>de</strong>m ser feitas: no<strong>de</strong>correr <strong>do</strong> processo a exigência <strong>de</strong> uma nova sistemática <strong>de</strong> avaliarão se fez presente. Osistema <strong>de</strong> menções se mostrava cada vez mais ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> pois o valor relativo <strong>do</strong>sconceitos ficava mais evi<strong>de</strong>nte, já que o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les, se antes já erapassível <strong>de</strong> variações, segun<strong>do</strong> critérios pessoais <strong>do</strong> professor, to rnava-se ainda maisinviável em função da maior amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação na seqüência <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>sprogramáticos (a menção C que um aluno tirava numa classe e o C que um outro alunotirava em outra classe não se equivaliam pois os referenciais eram diferentes).Isso fez com que o e ixo das discussões iniciais, isto é, a questão <strong>do</strong>s registros dasavaliações, se <strong>de</strong>slocasse para a questão substantiva, ou seja, a importância <strong>do</strong> efetivo<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> conceitos básicos. A avaliação no Ciclo Básico foi per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o caráter <strong>de</strong> meroinstrumento <strong>de</strong> aprovação ou reprovação <strong>do</strong> aluno, para ganhar a dimensão prop riamenteeducativa que <strong>de</strong>ve ter: um <strong>do</strong>s aspectos <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> aprendizagem que permite aoprofessor e à escola no seu conjunto, obse rvar os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sua prática pedagógica,rever procedimentos para melhor atingir objetivos propostos, bem como os pais oufamiliares apreciarem o progresso <strong>do</strong> aluno e as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino que lhe sãooferecidas.Em termos quantitativos, em 85 verifica-se um ganho <strong>de</strong> 8%:a cada 100 alunos que concluem o Ciclo Básico, 69 chegam a 4° série, contra 61que chegavam em 80, antes da implantação <strong>do</strong> Ciclo Básico.Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Informações Educa cionais, <strong>de</strong> 88, mostra<strong>do</strong>s na tabelaabaixo, dão conta <strong>de</strong> que a evasão no Ciclo Básico inicial foi <strong>de</strong> 10,18% e no Ciclo Básicoem continuida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> 8,74%, além <strong>do</strong>s 31,28% <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> retenção. Esses números sãoainda muito eleva<strong>do</strong>s se levarmos em conta os gran<strong>de</strong>s esforços para diminuí-los. Masmudanças efetivas ocorrem a médio e mesmo a longo prazo. Daí a importância <strong>de</strong> secontinuar investin<strong>do</strong> no Ciclo Básico.Esses mesmos da<strong>do</strong>s, confirmam a resistência <strong>de</strong> outro conheci<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong>estrangulamento, ainda no 1° grau: a 5° série.


1 2 6AFASTAM. RETIDOS RETIDOS TAXA DE TAXA DESERIE: POR POR FOR EV4SA0 RETENCUABANDONO FREGUENC. AVALIACAO (1! !X)CE 67406 10.18CB II 76105 4784 287.752 8,74 11,2240572 3132 54662 7,25 15,562143 54461 17,2211747 7612 141645 2050, 22,57755 4173 72714 17,27 17,28414= 2771 40264 16.14 12.7801 27420 1386 16822 12,13 7,08Com relação ao ensino <strong>de</strong> r grau, na 14 série as taxas <strong>de</strong> retenção mais evasãosomam 50,12%, <strong>de</strong>cain<strong>do</strong> nas séries subsequentes, mas manten<strong>do</strong>-se significativa em taisséries, ten<strong>do</strong> em vista to<strong>do</strong>s os "cortes" realiza<strong>do</strong>s anteriormente;SERIESAFASTAM.PCRTRANSF,AFASTAM.PORABANDONORETIDOSPORFREGUENC.RETIDOSFORAVALIACAOMATRICU-LAKSTOTAL T376.LDE DP DEEVASAO RETENÇA0 FROMOOOla, 16,06.291.6464.18143.548310.07634,7315,3949,087,46731.561.62115.540171.38624,799,8965,323a. 4,710 10.145 514 4,383 114.367 13,01 4,28 82,714i, 645 2.010 75 471 24.665 10,04 2,23 86,93


127No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> 90, ocorreu um fato marcante: muitas escolas e Delegacias <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> consultaram os órgãos da Secretaria da Educação a respeito <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>recuperação no início <strong>do</strong> 2° semestre, <strong>de</strong> 5 dias, indica<strong>do</strong> no Calendário Escolar.As questões colocadas <strong>de</strong>ixavam claro o quanto é preciso investir na discussão<strong>do</strong> tema "Avaliarão" e em particular, da questão da recuperação principalmente emtermos <strong>de</strong> como ela po<strong>de</strong> ser operacionalizada nas escolas.Nesse mesmo perío<strong>do</strong> a Secretaria da Educação, através da Resolução 202, <strong>de</strong>13/9/90 criava a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> módulos especiais <strong>de</strong> aulas, especiaispara estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> recuperação. Alguns entraves <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m burocrática e estrutural secolocavam para que a resolução se cumprisse (falta <strong>de</strong> professores, <strong>de</strong> espaço físico etc).Mas o que mais chamou atenção nesse episódio foram algumas reações <strong>de</strong> professores,diretores, supervisores e até <strong>de</strong> pais e alunos, através <strong>de</strong> cartas e telefonemas.Nelas, um protesto comum:"Desse jeito, com tanta aula <strong>de</strong> recuperação, vai passar to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>."Como se não fosse essa a consolidação da gran<strong>de</strong> meta a ser atingida! Aexistência latente <strong>de</strong> uma cultura da reprovação, da valorização <strong>do</strong> professor que reprovaem massa (mesmo entre os alunos), as práticas <strong>de</strong>senvolvidas no âmbito <strong>do</strong>s conselhos <strong>de</strong>classe ou série, apontam, claramente à Secretaria da Educação que uma longa e profundadiscussão so<strong>br</strong>e avaliação, que já envolve parte <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> Ciclo Básico, precisaser ampliada.Mais que alterações via Decretos, Regimentos e outros dispositivos legais, aavaliação precisa ser alterada na prática, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sua característica <strong>de</strong> controle e<strong>do</strong>minação e transforman<strong>do</strong>-se num referenciai útil para o progresso <strong>do</strong> aluno, produtofinal mais importante na sistemática <strong>de</strong> avaliação.


MP129ENCONTROS E DEBATES


131Análise critica <strong>de</strong> material didático (articulação das diferentes tentativasexistentes)Coord. Maria Regina Kawamura (USP)A discussão girou em torno das tentativas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> materiais paralaboratório.Houve consenso quanto à importância da produção <strong>de</strong>sses materiais e quantoao incentivo que os diversos grupos que o produzem - e que são poucos no Brasil - <strong>de</strong>vemcontinuar receben<strong>do</strong>, particularmente no SNEF, para que os participantes percebam naprópria estrutura <strong>do</strong> Simpósio a associação que <strong>de</strong>ve existir entre teoria e experimento emsuas aulas <strong>de</strong> Física.A articulação das tentativas existentes já vem ocorren<strong>do</strong>, em gran<strong>de</strong> parte graçasà existência <strong>do</strong> SNEF, teve continuida<strong>de</strong> e ampliou-se neste Simpósio, não apenas noencontro programa<strong>do</strong>, mas informal e efetivamente durante os cinco dias <strong>do</strong> Simpósio.


132Preparação para o IV EPEFCoord. Suzana <strong>de</strong> Souza Barros (UFRJ)pontos:Este encontro contou com 10 (<strong>de</strong>z) participantes que discutiram os seguintes1. Reconfirmar a <strong>de</strong>cisão da Assembléia <strong>do</strong> III EPEF (Porto Alegre, julho 90)para a organização <strong>do</strong> IV EPEF em torno <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Trabalho para discussão <strong>de</strong>tópicos <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física que serão <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s a partir das propostasencaminhadas por mem<strong>br</strong>os da comunida<strong>de</strong> à Professora Sonia Krapas, I.Física,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, Outeiro São João Batista S/N, Niteroi, RJ (CEP24020) até 31 dc maio, 1991.2. Foi indicada a Comissão Organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> evento, assim constituída.Profs Sonia Krapas (confirmada)Prof. José André Angotti (confirma<strong>do</strong>)Prof. João S. Filocre (sujeito a confirmação)3. A duração <strong>do</strong> IV EPEF <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> três dias (à semelhança das outrasreuniões tópicas da SBF) em data a ser estabelecida, consi<strong>de</strong>rand o-se como dataspossíveis: i) a primeira quinzena <strong>de</strong> maio ou ii) a primeira quinzena <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o.4. Houve sugestões <strong>de</strong> que o encontro seja realiza<strong>do</strong> na Fundação João Pinheiro(Belo Horizonte, MG) ou no Centro <strong>de</strong> Ciências (Nova Friburgo, RJ).Houve consenso em to<strong>do</strong>s os pontos discuti<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>sta forma encaminhamos opresente relatório para aprovação da Assembléia <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF.


133Simpósios Regionais - Articulações com os SNEFSCoord. Paulo R.D. Frota (UFPi)ResumoContan<strong>do</strong> com representantes <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio, Pernambuco, Paraíba, RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, Mato Grosso<strong>do</strong> Sul, Maranhão e São Paulo, foi instalada a sessão. Os trabalhos foram inicia<strong>do</strong>s comuma retrospectiva <strong>do</strong>s encontros <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física/Ciências realiza<strong>do</strong>s porRegiões/Esta<strong>do</strong>s. De forma geral, o grupo foi concordante em torno <strong>do</strong>s seguintespontos:a) Necessida<strong>de</strong> '<strong>de</strong> organização <strong>de</strong> encontros/simpósios regionais;b) Busca <strong>de</strong> estratégias para o repasse das conclusões, apresentações e propostas<strong>do</strong> SNEF aos professores secundaristas <strong>de</strong> cada região e, por conseguinte, à sala <strong>de</strong> aula;c) Inclusão <strong>do</strong>s Simpósios Regionais no calendário da SBF;d) Estratégias - a partir <strong>do</strong>s encontros regionais - para a efetiva participação <strong>do</strong>sprofessores <strong>de</strong> 1° e 2° graus no SNEF.e) Realização <strong>do</strong> IV Simpósio <strong>do</strong> Norte-Nor<strong>de</strong>ste, em Teresina-Pi, na 1 8 semana<strong>de</strong> agosto, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> contar com a participação <strong>de</strong> representantes das <strong>de</strong>mais regiões,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que estas assumam o ônus <strong>de</strong> suas representações.


134<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Astronomia no 1 0 e 2 1} grauCoord. Silvia Helena Becker Livi (UFRGS)O alto potencial da disciplina foi apresenta<strong>do</strong> pela coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra:- INTERESSANTE - atrai o público <strong>de</strong> todas as condições sociais e faixasetárias, sen<strong>do</strong> tema freqüente das revistas <strong>de</strong> divulgação;- RELEVANTE no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> meio ambiente, por suas té cnicas e resulta<strong>do</strong>s;- retrata o <strong>de</strong>senvolvimento HISTÓRICO - remonta ao início <strong>de</strong> todas ascivilizações conhecidas;- manteve estreita vinculação com as gran<strong>de</strong>s REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS;- tem gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> que se façam novas <strong>de</strong>scobertas a partir <strong>do</strong>s registrosexistentes;- tem aplicações práticas essenciais ao reconhecimento e exploração <strong>de</strong> novosespaços pelo homem;que perguntou: COMO ESSE POTENCIAL É APROVEITADO NOENSINO? e sugeriu que se discutisse a relevância, os conteú<strong>do</strong>s, a série (ou seqüência)a<strong>de</strong>quada, os méto<strong>do</strong>s e a preparação necessários para explorá-lo, convidan<strong>do</strong> os quetivessem experiência direta no ensino <strong>de</strong> Astronomia a relatá-la.Propiciou-se assim uma discussão <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Astronomia no 1° e 2° graus, quetambém abor<strong>do</strong>u as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão e o ensino em 3° grau como pa rte da formação<strong>do</strong> professor <strong>de</strong> 1° e 2° graus. Pelo significativo número <strong>de</strong> pa rticipantes, apesar <strong>do</strong>horário <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>, pelo relato <strong>do</strong>s professores e pela vivacida<strong>de</strong> com que a discussãose esten<strong>de</strong>u, ficou claro que o ensino <strong>de</strong> Astronomia no 1 0 e 2° graus é tema <strong>de</strong> interesseatual e que este encontro foi um momento significativo <strong>de</strong> congregação <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>sem explorá-lo.A situação <strong>do</strong>cente <strong>do</strong>s presentes no início <strong>do</strong> encontro está arrolada na lacoluna da Tabela 1; sua experiência em ensino <strong>de</strong> Astronomia: direta (lecionan<strong>do</strong> naquelegrau) ou indireta (ativida<strong>de</strong>s envolven<strong>do</strong> o ensino naquele grau) está nas colunasseguintes da Tabela.Tabela 1Grau em que ensina: experiência em ensino <strong>de</strong> Astronomiadiretaindireta1° grau 0 0 52° grau 17 7 93° grau 10 4 ?estudante 10TOTAL: 35


135Nota: o total é inferior à soma <strong>do</strong>s três graus e estudantes, indican<strong>do</strong>superposição; a experiência indireta certamente não correspon<strong>de</strong> a professores daquelegrau e foi <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada para o 3° grau.Ouvimos relatos <strong>de</strong> 6 <strong>do</strong>s 7 que se <strong>de</strong>clararam atuan<strong>do</strong> diretamente no ensino<strong>de</strong> Astronomia no 2° grau, já que não haviam professores com tal experiência no 1° grau.Ficou evi<strong>de</strong>nte que tópicos <strong>de</strong> Astronomia surgem no cotidiano <strong>do</strong>s alunos, tanto atravésda observação da natureza (o Sol, a Lua e as estrelas e suas relações com dia e noite,estações <strong>do</strong> ano, calendários), como nos meios <strong>de</strong> divulgação científica (supernovas,buracos negros, galáxias, quasares, "Big Bang") ou em questionamentos mais a<strong>br</strong>angentesso<strong>br</strong>e a humanida<strong>de</strong> e o Universo, a evolução <strong>do</strong> homem, <strong>de</strong> seu meio ambiente e da vida,num enfoque mais histórico ou filosófico. A tabela 2 resume os relatos. Coletou-seen<strong>de</strong>reços <strong>do</strong>s participantés para facilitar futuros contatos.Tabela 2Nome Professor em Méto<strong>do</strong> e tema dasaulasOzimar Pereira Dia<strong>de</strong>ma .observaçõesnoturnas "Clube <strong>de</strong>Astronomia"Nilce Soave Porto Alegre .aluno traz e discutetextos; o UniversoJosé Nelo Belo Horizonte .<strong>de</strong>bates, textos;Astronomia,AstrofísicaClaudio Ichiba Maringá .referencialgeocêntrico,aristotélicaLuiz Carlos Gomes Porto Alegre .observação noturna,atlas; aluno escolheMoacyr Marranghello Porto Alegre .aluno observa,constroi planetário...A coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra salientou que os assuntos <strong>de</strong> Astronomia foram interliga<strong>do</strong>scom outros, ten<strong>do</strong> como linha mestra a CURIOSIDADE e as concepções prévias <strong>do</strong>salunos, não sen<strong>do</strong> impostos no programa. Assim, as primeiras discussões em vários casosapareceram como resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> observações a olho nit, numa visão geocêntrica e atéaristotélica. Citou professora italiana que recomenda "Ver como Ptolomeu e pensar comoCopérnico" (Lanciano, Enzeíiza <strong>de</strong> las Ciencias,).


136Constatou-se o problema <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, pois poucos cursos <strong>de</strong>Física no país tem disciplinas o<strong>br</strong>igatórias <strong>de</strong> Astronomia (UFRGS, USP-São Carlos emimplantação) e o oferecimento como optativa po<strong>de</strong> criar dificulda<strong>de</strong>s administrativascapazes <strong>de</strong> frustrar a intenção <strong>do</strong>s professores e alunos (como explicita<strong>do</strong> na mesare<strong>do</strong>nda "O que ensinar no 3° grau", pelo Prof. Marcio D'Olne Campos).Discutiu-se os cursos <strong>de</strong> extensão, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s muito importantes por João B.Canalle (PUC-SP), astrônomo. Surgiu a crítica <strong>de</strong> que são pouco freqüentes, ofereci<strong>do</strong>sem época ina<strong>de</strong>quada (na USP só nas férias) e frequenta<strong>do</strong>s principalmente por alunos<strong>do</strong> bacharela<strong>do</strong> e curiosos, sem atingir o objetivo <strong>de</strong> formar professores. Recomen<strong>do</strong>u-seque fossem ministra<strong>do</strong>s mais cursos capazes <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r os professores em exercício, quenem sempre são forma<strong>do</strong>s em Física. Sylvania Nascimento (hoje em MG) relatou suaexperiência ensinan<strong>do</strong> conceitos elementares em cursos <strong>de</strong> extensão da USP paraprofessores <strong>de</strong> 1° e 2° graus. Sergio Bisch falou das visitas ao observatório atendidas pormonitores na UFES, em Vitória, ES. A coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra, Silvia, contou a experiência naUFRGS, que retomou cursos especiais para professores e assessora o Planetário e citou aProf' Danielle <strong>do</strong> Colégio Julio <strong>de</strong> Castilhos, que usou e aperfeiçoou no Clube <strong>de</strong>Astronomia sugestões dadas no curso.O ensino <strong>de</strong> Astronomia no 1° grau foi discuti<strong>do</strong>, mas, por falta <strong>de</strong> tempo eexperiência direta <strong>do</strong>s presentes, resumiu-se a relatos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão noObservatório <strong>do</strong> CDCC e a criticas quanto à apresentação "Ciência Exata e Pronta" e àfalta <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> pelos próprios professores e sua ignorância so<strong>br</strong>e asconcepções <strong>do</strong>s alunos. Silvia comentou que por Terra "re<strong>do</strong>nda" alguns enten<strong>de</strong>m "umailha circular", outros pensam em duas semiesferas, a inferior <strong>de</strong> "terra" e a superior <strong>de</strong> ar,como no "planetário <strong>de</strong> po<strong>br</strong>e" <strong>de</strong> Caniato, cujo livro (O Céu) era conheci<strong>do</strong> da maioria.E necessário ter cuida<strong>do</strong> com mo<strong>de</strong>los, inclusive globos e bolinhas <strong>de</strong> isopor, que nãosubstituem as observações. Marco Cesar salientou as observações e falou <strong>de</strong> sua tese, quelevou ao livro "Astronomia <strong>de</strong> Régua e Compasso", constatan<strong>do</strong> idéias errôneas, como aque o Sol tem velocida<strong>de</strong> variável no céu.O ensino <strong>do</strong> 1° grau a<strong>br</strong>ange problemas diliceis <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s porprofessores <strong>de</strong> 2° e 3° graus, porque a maioria <strong>do</strong>s alunos não atinge o 2° grau e poucostêm acesso a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão. Entretanto é imperativo visar ao ensino <strong>de</strong>Astronomia <strong>de</strong> 1° grau, pois ficou evi<strong>de</strong>nte que conteú<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s no 2° grau porsua relevância, são pertinentes aos programas Ciências ou Geografia <strong>de</strong> 1° grau. Por suaformação, os professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 2° grau po<strong>de</strong>m assumir um papel essencial aointroduzir o ensino <strong>de</strong> Astronomia basea<strong>do</strong> em observações e experiências e levan<strong>do</strong> emconta os interesses e concepções prévias <strong>do</strong>s alunos, coor<strong>de</strong>nan<strong>do</strong> seu trabalho comcolegas <strong>de</strong> outras disciplinas, inclusive <strong>de</strong> 1° grau. Sua efetivação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>entrosamento <strong>do</strong>s diversos graus, oferecen<strong>do</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação em meto<strong>do</strong>logia


137e conteú<strong>do</strong> e <strong>de</strong> exercício condizentes com suas atribuições. Comentou-se o valor da troca<strong>de</strong> experiências.Este simpósio teve sucesso ao propiciar esse entrosamento, mostran<strong>do</strong> oexcelente trabalho <strong>de</strong> alguns professores e a relevância das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o encontro um evento impo rtante, a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra consultou outrospart icipantes e os organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> SNEF so<strong>br</strong>e a prop rieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser enviada uma moçãoã Assembléia Geral, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> "tornar o SNEF o foro <strong>de</strong> discussão <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong>Astronomia, buscan<strong>do</strong> para isso o apoio da Socieda<strong>de</strong> Astronômica Brasileira", que foielaborada junto com o relator e aprovada. (texto completo transcrito na pág.Esperamos que isso se concretize, contan<strong>do</strong> que os colegas interessa<strong>do</strong>s enviem sugestõespara o próximo SNEF até 15 <strong>de</strong> maio.Resulta<strong>do</strong> da reflexão <strong>do</strong> coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r e relator <strong>do</strong> encontro "<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Astronomia no 1°e 2° grau"Moção para Assembléia:Sen<strong>do</strong> o SNEF o foro <strong>de</strong> discussão <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física, e reconhecen<strong>do</strong> que aAstronomia é parte integrante <strong>de</strong>sse ensino com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> torná-lo maisdinâmico, critico e criativo,Solicitamos que este Simpósio constitua-se também no foro congrega<strong>do</strong>r <strong>de</strong>professores interessa<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>senvolver o ensino <strong>de</strong> Astronomia,tal fim.sugerin<strong>do</strong> que seja busca<strong>do</strong> o apoio da Socieda<strong>de</strong> Astronômica Brasileira paracoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r: Silvia Helena Becker Livirelator: Marcos Cesar Danhoni Neves


138A atuação junto às Sec retarias <strong>de</strong> EducaçãoCoord. Alice C. Pierson (USP)Uma hora, o tempo disponível para o encontro, mostrou-se bast ante reduzi<strong>do</strong>para encaminhar uma discussão séria so<strong>br</strong>e a questão, principalmente se levarmos emconsi<strong>de</strong>ração a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s em cada esta<strong>do</strong>.O encontro "Atuação ¡unto às Secreta rias <strong>de</strong> Educação" acabou seconcretizan<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> uma outra questão - A atuação dás Secreta rias <strong>de</strong> Educação, emfunção <strong>do</strong>s participantes, na sua maioria <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> alguma forma ligadas diretamenteàs Secretarias <strong>de</strong> Educação.Apesar <strong>do</strong> pequeno número <strong>de</strong> participantes, estiveram representadas asSecretarias Estaduais <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso, <strong>de</strong> São Paulo e aSecretaria Municipal <strong>de</strong> São Paulo, que utilizaram este espaço para uma troca <strong>de</strong>informações so<strong>br</strong>e dinâmicas <strong>de</strong> elaboração e discussão <strong>de</strong> propostas cur riculares.A partir das experiências relatadas ficou clara a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> divulgação ediscussão <strong>do</strong>s projetos e propostas elaboradas pelas equipes pedagógicas da Secreta riajunto ao conjunto <strong>do</strong>s professores e a importância <strong>de</strong> um espaço maior nos próximosencontros para a discussão <strong>de</strong>stas questões.


139Análise e Propostas para os SNEFsCoord. Edilson D. Santos (UFPa)1. Foi feito um relato <strong>do</strong>s SNEFs realiza<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> 1970, com seusrespectivos coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res com indicação <strong>de</strong> atas publicadas.2. Ficou como <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> encontro que os próximos SNEFs tivessem umaperiodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos.3. Ficou <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> também que estes SNEFs aconteceriam em j aneiro e/oufevereiro.


140Revistas <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física/CiênciasUma revista <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física voltada para o professor <strong>de</strong> Física da escola secundária:a experiência com o Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.Coord. Luiz O. Q. Peduzzi (UFSC)1. IntroduçãoO Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> F ísica (CCEF) é um periódico <strong>de</strong>circulação nacional, que centraliza as suas ações, com o objetivo <strong>de</strong> cont ribuir para amelhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino da Física, no professor <strong>de</strong> Física da escola secundária. Asua distribuição é quadrimestral e gratuita, para professores <strong>de</strong> Física.I<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>, originalmente, para atuar junto aos professores <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>de</strong> Santa Catarina, daí o seu nome, o CCEF; ce<strong>do</strong> ganhou projeção nacional com a suadivulgação em eventos científicos e remessa a professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> diversos esta<strong>do</strong>s.Os 21 números <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno publica<strong>do</strong>s até a presente data, nos seis anos e meio<strong>de</strong> sua existência, trouxeram momentos alterna<strong>do</strong>s <strong>de</strong> alegrias, expectativas, frustrações eincertezas às pessoas responsáveis por sua publicação. E so<strong>br</strong>e a estrutura organizacional<strong>de</strong>sta revista e so<strong>br</strong>e a experiência <strong>de</strong> uma luta quase ininterrupta que visa o seuconstante aprimoramento e à manutenção <strong>de</strong> sua distribuição gratuita ao públic o-alvo aque se <strong>de</strong>stina, que se centraliza o relato a seguir.2. Os primeiros númerosEm <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1984 seguiu para a gráfica da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> S antaCatarina (UFSC) o Vol. 1, n° 1 (rotula<strong>do</strong>, então, como ANO I, n° 1) <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rnoCatarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física. Com um total <strong>de</strong> 40 páginas, a idéia inicial <strong>de</strong> se<strong>usp</strong>roponentes era a <strong>de</strong> simplesmente reproduzi-las e distribuí-las a seu público-alvo daforma mais simples possível, isto é, grampean<strong>do</strong>-as, tão somente. Qu an<strong>do</strong> os originaischegaram as mãos <strong>do</strong> funcionário da Imprensa Universitária encarrega<strong>do</strong> da elaboração<strong>do</strong>s fotolitos, este <strong>de</strong>monstrou surpresa ao constatar que não se estava reivindican<strong>do</strong>nenhuma capa especial para a confecção <strong>do</strong> serviço. Por essas coisas da vida que algunschamam <strong>de</strong> sorte e outros <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino, este zeloso profissional, simpatizan<strong>do</strong> com ainiciativa da equipe <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno, insistiu para que se <strong>de</strong>sse uma forma mais apresentávelao mesmo, suge rin<strong>do</strong> um papel especial para a capa e uma opção <strong>de</strong> cor (além <strong>do</strong> <strong>br</strong>ancoe preto) a fim <strong>de</strong> não aumentar <strong>de</strong>mais os custos <strong>de</strong> produção. Assim estruturou-se em


141termos <strong>de</strong> lay-out, o Ca<strong>de</strong>rno, que em março <strong>de</strong> 1985 era distribuí<strong>do</strong> a seus leitores naforma <strong>de</strong> uma revista e não como um simples poligrafo, se é que o emprego <strong>de</strong>sse termo éaqui a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.Dos quatro primeiros números <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno, apoia<strong>do</strong>s financeiramente em suaíntegra pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, o Vol 2, n° 1 foi, sem dúvida, o queexigiu, por parte <strong>de</strong> seu Conselho Editorial, o maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> persuasão junto à Reitoriada UFSC para sua publicação. Um NÃO categórico, que simbolizava toda umadificulda<strong>de</strong> financeira <strong>de</strong> um apoio permanente a um projeto que já dava os p rimeirossinais <strong>de</strong> romper as fronteiras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, foi a resposta da Reitoria, através <strong>de</strong> sua chefia<strong>de</strong> gabinete, às pretensões <strong>de</strong> novos recursos para a edição <strong>de</strong> um segun<strong>do</strong> número <strong>do</strong>Ca<strong>de</strong>rno, cujos originais, a propósito, já estavam prontos. Constantemente assedia<strong>do</strong> pormem<strong>br</strong>os <strong>do</strong> Conselho Editorial que não aceitavam a idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar morrer a revista, oChefe <strong>de</strong> Gabinete <strong>do</strong> Reitor, físico <strong>de</strong> formação e p rincipal responsável pelas gestõesque viabilizaram a publicação <strong>do</strong> primeiro número <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno, novamente aliou-se aoConselho Editorial numa árdua luta que resultou na garantia, por pa rte da administraçãocentral da instituição, em subvencionar o Ca<strong>de</strong>rno por um <strong>br</strong>eve perío<strong>do</strong> até que seusresponsáveis obtivessem, o mais rapidamente possível, financiamento próprio.3.0 apoio <strong>do</strong> PADCT/CAPES/SPECOs projetos "Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física" e "Ca<strong>de</strong>rno Catarinense<strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física: uma avaliação da sua influência no contexto educacional", apoia<strong>do</strong>sfinanceiramente pelo PADCT/CAPES no âmbito <strong>de</strong> seu Subprograma Educação para aCiência, possib ilitaram, a pa rtir <strong>do</strong> quinto número <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno (Vol. 3, n° 1), aumentar asua tiragem inicial <strong>de</strong> 1500 exemplares por número, primeiro para 2500 e <strong>de</strong>pois para2800, garantin<strong>do</strong> a distribuição gratuita a seu público-alvo no perío<strong>do</strong> 86/89.A importância <strong>do</strong> SPEC no apoio a inúmeros projetos na área <strong>de</strong> Ciências éinquestionável. Contu<strong>do</strong>, a forma via <strong>de</strong> regra irregular com que eram repassadas asparcelas, aliada a crescente inflação que começou a se estabelecer no país durante osperio<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vigência <strong>de</strong>stes projetos, causaram enormes transtornos à equipe edito rial. Oaperto financeiro a que as Instituições <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Fe<strong>de</strong>ral vieram a ser exponencialmentesubmetidas, neste ínterim, fizeram com que o novo Diretor da Imprensa Universitáriaorçasse cada número a preços reais. Mesmo sem visar, obviamente, lucro, acionou aco<strong>br</strong>ança <strong>de</strong> uma taxa <strong>de</strong> 40% (relativa a compra <strong>de</strong> tintas, manutenção <strong>de</strong> máquinas etc.)so<strong>br</strong>e o preço <strong>do</strong> trabalho, usual em outros serviços, que até então o Ca<strong>de</strong>rno estavaisento. O máximo que se conseguiu, nesta situação, foi adiar por algum tempo os se<strong>usp</strong>ropósitos. Paralelamente a isso, o papel e to<strong>do</strong> o mate rial importa<strong>do</strong> como filmes efotolitos tiveram seus custos aumenta<strong>do</strong>s muito acima da inflação, inseri<strong>do</strong>s que estavamem to<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> especulação <strong>de</strong> preços. Qualquer planejamento <strong>de</strong> custos, numa


142situação como essa, como se percebe, é realmente muito difícil. Para lidar com esses fatos,objetivan<strong>do</strong> manter, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, a regularida<strong>de</strong> na distribuição da revista, inúmerosinci<strong>de</strong>ntes ocorreram entre os integrantes <strong>de</strong>stes projetos e o Diretor da ImprensaUniversitária que, compreensivelmente, po<strong>de</strong>-se até enten<strong>de</strong>r, tratava <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r osinteresses específicos da Instituição. Novamente com o apoio da administração central,<strong>de</strong>sta feita com novo Reitor, que se propunha a dar continuida<strong>de</strong> ao trabalho<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela gestão anterior, conseguiu-se vencer as resistências <strong>do</strong> abnega<strong>do</strong>Diretor que se recusava, não sem razão, aceitar pagamentos <strong>de</strong> números adianta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Ca<strong>de</strong>rno, pois também ele tinha dificulda<strong>de</strong>s em lidar com elevações <strong>de</strong> custosusualmente fora <strong>de</strong> qualquer previsão.Em meio a to<strong>do</strong>s estes problemas, que muitas vezes fizeram com que o ânimoda Equipe <strong>de</strong>caísse, a correspondência recebida, muitas vezes com emocionantes mençõesao CCEF, e proveniente <strong>do</strong>s mais longínquos locais <strong>do</strong> país, dava novo incentivo aoConselho Editorial para a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho. A certeza <strong>de</strong> que to<strong>do</strong> esforço estavavalen<strong>do</strong> a pena se renovava em cada um <strong>de</strong>stes relatos e, também, com as opiniões <strong>do</strong>sprofessores nas reuniões científicas em que o Ca<strong>de</strong>rno e seus responsáveis se faziampresentes. A pesquisa "Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física: uma avaliação da suainfluência no contexto educacional", divulgada amplamente à comunida<strong>de</strong> científica no IIIEncontro <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, no VIII Seminário <strong>de</strong> Extensão Universitáriada Região Sul e publicada na sua íntegra no Vol. 7, n° 2 <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno, não <strong>de</strong>ixa margem anenhuma dúvida so<strong>br</strong>e a importância <strong>de</strong>sta publicação para o professor <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2°grau.No ano <strong>de</strong> 1990 o CCEF foi contempla<strong>do</strong> com novos recursos <strong>do</strong> SPEC paranão sofrer solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> em sua publicação, ten<strong>do</strong> em vista o término <strong>do</strong>PADCT em sua primeira fase e o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> espera, em torno <strong>de</strong> um ano, até ojulgamento e liberação <strong>de</strong> recursos, a novos projetos, na segunda fase <strong>de</strong>ste programa.Está, assim, assegurada a remessa <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno a seus leitores até o Vol 8, n° 2(agosto/91).O projeto "Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física: uma contribuição para aformação e atualização <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Ciências da 8 8 Série e <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau',submeti<strong>do</strong> ao SPEC em janeiro/91, visa assegurar a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> publicação <strong>do</strong>Ca<strong>de</strong>rno, em regime quadrimestral e com distribuição gratuita, <strong>de</strong>sta feita a 4000professores <strong>de</strong> Física, no perio<strong>do</strong> 91/93.4. Acesso ao público-alvoNo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, o Ca<strong>de</strong>rno é remeti<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s osestabelecimentos <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> 2° grau, a todas as Instituições <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Supe rior que têm


143cursos com disciplinas <strong>de</strong> Física em seus curriculos, a bibliotecas e, nominalmente, aprofessores <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> 8° série e professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 2° e 3° graus. Para outrosesta<strong>do</strong>s o Ca<strong>de</strong>rno é distribuí<strong>do</strong> a professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 2° e 3° graus e <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong>8° série, a Instituições <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Superior que têm cursos <strong>de</strong> Física e/ou Ciências, ebibliotecas.O acesso inicial a esta população, em termos <strong>de</strong> Santa Catarina, não foi difícil,já que se dispunha <strong>de</strong> uma listagem <strong>de</strong> todas as escolas <strong>de</strong> 2° grau <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e dasInstituições <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Superior com disciplinas <strong>de</strong> Física em seus currículos. Para a suadivulgação nacional, além <strong>de</strong> encaminhá-lo às Chefias <strong>do</strong>s Departamentos <strong>de</strong> Física <strong>de</strong>todas as Instituições Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Superior <strong>do</strong> país, <strong>de</strong> remetê-lo a professoresuniversitários com trabalhos específicos na área <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong> divulgá-lo emsimpósios nacionais e regionais, o que garantiu um rápi<strong>do</strong> acesso ao mesmo, basicamentea professores das regiões sul e su<strong>de</strong>ste, contatou-se com associações <strong>de</strong> professores <strong>de</strong>diversos esta<strong>do</strong>s para implementar a sua distribuição também nas <strong>de</strong>mais regiões <strong>do</strong> país.Com estas ações, um contingente <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> quase to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s daFe<strong>de</strong>ração passou a receber o Ca<strong>de</strong>rno. A divulgação continua da revista em simpósios ereuniões científicas e pelos próprios professores ampliou, gradativamente, o seu número<strong>de</strong> leitores.Uma quantida<strong>de</strong> muito maior <strong>de</strong> professores po<strong>de</strong>ria atualmente estar ten<strong>do</strong>acesso ao Ca<strong>de</strong>rno caso sua tiragem fosse maior. Por esse motivo o Conselho Editorial,na apresentação <strong>de</strong> seu novo projeto ao SPEC, está preven<strong>do</strong> um aumento na tiragem <strong>do</strong>Ca<strong>de</strong>rno. Com isto também se está in<strong>do</strong> ao encontro <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s objetivos básicos <strong>de</strong>steórgão financia<strong>do</strong>r que é o <strong>de</strong> atingir o maior número possível <strong>de</strong> pessoal com os limita<strong>do</strong>srecursos <strong>de</strong> que dispõe.5. Organização Interna5.1. Composição da EquipeO Conselho Editorial <strong>do</strong> CCEF é composto por quatro professores <strong>do</strong>Departamento <strong>de</strong> Física da UFSC, que são os responsáveis diretos pela publicação <strong>de</strong>steperiódico. Três <strong>de</strong> seus mem<strong>br</strong>os alocam 10 horas semanais em seus planos <strong>de</strong> trabalho, eum, 20 horas, para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> a nível <strong>de</strong> extensão universitária.O Ca<strong>de</strong>rno conta com a colaboração <strong>de</strong> três funcionários <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Física e <strong>de</strong> uma bolsista para a realização das seguintes ativida<strong>de</strong>s: datilografia <strong>do</strong>soriginais e da correspondência emitida, confecção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos, cadastro e expedição. Acapa é elaborada por um professor também <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física.


1445.2. Etapas Relativas a Publicação <strong>de</strong> cada númeroAs etapas que envolvem a publicação <strong>de</strong> cada número são as seguintes:a) Produção e qualificação- Reunião e seleção <strong>do</strong>s artigos e <strong>de</strong>mais colaborações recebidas;- Remessa <strong>de</strong> artigos aos referees;- Organização <strong>do</strong>s artigos para publicação, frente aos pareceres <strong>do</strong>s árbitros.Deve-se observar que até o Vol. 7, n° 3 a análise <strong>do</strong>s a rtigos era realizada, emsua maioria, pelo Conselho Editorial e <strong>de</strong>mais professores <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física daUFSC (referee não oficial).b) Editoração- Datilografia <strong>do</strong>s trabalhos;- Produção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos, capas, tarjas, etc;- Programação visual.c) Impressão (Gráfica da UFSC)- Produção <strong>de</strong> fotolitos e capas;- Impressão.d) Expedição- Distribuição <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno à população-alvo.6. PerspectivasNa pesquisa <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno, assim com na correspondênciaregularmente recebida, constata-se que os professores apreciam a revista, a forma comque está estruturada, a sua regularida<strong>de</strong>, etc., mas querem muito mais <strong>de</strong>la. Por exemplo:- aumento em sua periodicida<strong>de</strong>;- maior divulgação <strong>de</strong> eventos científicos - e com a <strong>de</strong>vida antecedência;- veiculação <strong>de</strong> biografias <strong>de</strong> cientistas ilustres;- veiculação <strong>de</strong> mini-cursos;- apresentação e comentários <strong>de</strong> questões a nível <strong>de</strong> vestibul ar;


145- aumento no número <strong>de</strong> perguntas propostas e discutidas;- aumento no número (e se possível com um <strong>de</strong>talhamento ainda maior) <strong>de</strong>matérias veiculadas nas seções Laboratório Caseiro e Demonstre em Aula;- maior número <strong>de</strong> artigos so<strong>br</strong>e pesquisa em ensino <strong>de</strong> Física;- divulgação <strong>de</strong> resumos <strong>de</strong> teses na área <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física, etc.Como, contu<strong>do</strong>, manter as ações já <strong>de</strong>senvolvidas e implementar outras? OCa<strong>de</strong>rno <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, fundamentalmente, das matérias enviadas pelos professores, sejam <strong>de</strong>80 série <strong>do</strong> primeiro grau, <strong>do</strong> secundário ou universitários. O Conselho Edito rial cumpresua tarefa <strong>de</strong> organizar e selecionar as matérias <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu mérito científico eenquadramento na linha edito rial, além <strong>de</strong> obviamente viabilizar a sua divulgação. Osprofessores, em geral, precisam conscientizar-se <strong>de</strong> que uma revista, para ser levada abom termo, necessita da contribuição e <strong>do</strong> empenho <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Não se po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r queuma varinha <strong>de</strong> condão, acionada preferencialmente por quem estrutura e organiza estarevista, possa aten<strong>de</strong>r aos pedi<strong>do</strong>s, justos, daqueles que <strong>de</strong>sejam consolidar e ampliar osseus conhecimentos. A experiência, a reflexão, enfim, o saber que não é divulga<strong>do</strong> nãoexiste, a não ser na mente <strong>de</strong> quem o i<strong>de</strong>aliza. A apatia, o constrangimento, o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> seexpor, <strong>de</strong> muitos professores <strong>do</strong> 2° grau precisa ser supera<strong>do</strong> em favor <strong>de</strong> umenvolvimento mais coletivo nos graves problemas que assolam o ensino da Física.O professor universitário, em termos <strong>de</strong> envolvimento com uma publicaçãocentrada nos interesses <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Física da escola secundária, como é o Ca<strong>de</strong>rno,está prestan<strong>do</strong> a sua contribuição para a melhoria <strong>do</strong> ensino da Física neste nível <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>s, já que mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong>s artigos publica<strong>do</strong>s nesta revista são <strong>de</strong> sua autoria. Eclaro que este professor dispõe <strong>de</strong> muito melhores condições <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> que as <strong>de</strong> seucolega <strong>do</strong> secundário. Contu<strong>do</strong>, não há dúvida <strong>de</strong> que é preciso se estimular (como?, é apergunta) o professor <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau a se envolver mais, como autor <strong>de</strong> matérias,com uma publicação que a ele se <strong>de</strong>stina.Além <strong>do</strong> componente científico, que <strong>de</strong>m anda qualida<strong>de</strong>, há um segun<strong>do</strong> pilarque sustenta toda a estrutura montada em torno <strong>de</strong> um periódico - a fonte <strong>de</strong>financiamento. Assim, no caso especo <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno, quan<strong>do</strong> se pensa nos recursosnecessários à sua publicação, não se po<strong>de</strong> fugir a algumas importantes e preocupantesquestões:- Deverá o Ca<strong>de</strong>rno ficar, perm anentemente, na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> recursosfe<strong>de</strong>rais para a sua circulação?- Como o Ca<strong>de</strong>rno se <strong>de</strong>stina a um público especo e bast ante reduzi<strong>do</strong>,haveria o interesse financeiro <strong>de</strong> alguma instituição comercial em subvencioná-lo se nãointegral pelo menos parcialmente?


146- Estariam os professores que recebem o Ca<strong>de</strong>rno dispostos ( e em condições)<strong>de</strong> investir a quantia necessária (cerca <strong>de</strong> 2 dólares por número) para subvencioná-lo,integralmente?- Que nova estrutura <strong>de</strong> apoio teria <strong>de</strong> ser montada em caso <strong>de</strong> gerenciamentofinanceiro próprio <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno e que tempo esta ativida<strong>de</strong> adicional iria <strong>de</strong>mandar da jáinsuficiente carga horária disponível <strong>de</strong> seus responsáveis?- Por que permanecem, ainda, cala<strong>do</strong>s os leitores da Revista "<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física",que enfrenta dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento? Acontecerá o mesmo com o Ca<strong>de</strong>rno casolhe faltem recursos fe<strong>de</strong>rais?Em meio a estas e tantas outras questões o trabalho continua.A partir <strong>de</strong> 1991, sempre no último número <strong>de</strong> cada volume, será apresenta<strong>do</strong>um índice anual das matérias constantes no Ca<strong>de</strong>rno para facilitar o acesso <strong>do</strong>s leitoresaos temas nele veicula<strong>do</strong>s. Também encontra-se em fase inicial <strong>de</strong> elaboração um índice<strong>do</strong>s trabalhos constantes no CCEF relativo aos volumes 1 a 7.Números extras <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno, tais como os relativos aos Vol. 5,6 e 7 queapresentaram, na forma <strong>de</strong> artigos, as palestras proferidas nos I, II e III Ciclos <strong>de</strong>Seminários so<strong>br</strong>e História da Ciência e <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física (realiza<strong>do</strong>s em Florianópolis noperio<strong>do</strong> 87-89) po<strong>de</strong>rão ser edita<strong>do</strong>s, caso haja recursos disponíveis para tal. A idéia, aqui,é a <strong>de</strong> divulgar, <strong>de</strong> forma concentrada, temas específicos que possam vir a ser <strong>do</strong> interesse<strong>do</strong>s leitores.E a luta continua...Moção proveniente <strong>do</strong> Encontro: "Revistas <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física/Ciências"Os participantes <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF dirigem esta moção à Diretoria e ao Conselho daSBF para manifestar sua gran<strong>de</strong> preocupação quanto à situação geral das revistasdidáticas na área <strong>de</strong> Física, no país. Embora esta situação tenha si<strong>do</strong> sempre precária, elarecentemente se tornou critica, pela ausência <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> um maior apoio a estaspublicações.O "Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física", que é uma revista cujosbenefícios ao nosso ensino <strong>de</strong> Física no 2° grau são reconheci<strong>do</strong>s por toda a comunida<strong>de</strong>educacional e científica <strong>br</strong>asileira, vem resistin<strong>do</strong> <strong>br</strong>avamente a essas injunçõesconseguin<strong>do</strong> manter a periodicida<strong>de</strong> prevista por ocasião <strong>de</strong> seu lançamento. Contu<strong>do</strong>,apesar <strong>do</strong>s esforços ingentes <strong>de</strong> seus responsáveis, na edição <strong>de</strong> cada número, nova


147batalha precisa ser travada para supl antar os problemas menciona<strong>do</strong>s. Solicitamos, pois, oapoio e a ação da Diretoria da SBF, junto aos órgãos <strong>de</strong> financiamento, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> segarantir os recursos necessários à continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta publicação, sem a insegurança que asituação <strong>de</strong>scrita vem causan<strong>do</strong>.No que se refere à Revista <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, publicação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>da SBF, os problemas permanentes <strong>de</strong> sustentação financeira e sua aperiodicida<strong>de</strong>, daí<strong>de</strong>corrente, têm leva<strong>do</strong> seus diretores e os colabora<strong>do</strong>res da revista ao total <strong>de</strong>sânimo efrustração, ante os insucessos const antes em sua luta para vencer essas dificulda<strong>de</strong>s. Alémdisso, esses fatos refletem negativamente na influência que a revista ce rtamente teria paraelevar o padrão <strong>do</strong> nosso ensino <strong>de</strong> Física.Como sócios da SBF e conscientes <strong>do</strong>s prejuízos que essa situação acabaproduzin<strong>do</strong>, solicitamos à Direto ria e ao conselho da SBF um empenho ainda maior eurgente para garantir a publicação regular da revista e em cu rto prazo a edição <strong>do</strong>s <strong>do</strong>isnúmeros já prepara<strong>do</strong>s e em condição <strong>de</strong> publicação. Estamos ce rtos <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s nós,direção e sócios da SBF, comungamos das mesmas idéias acerca da importância <strong>de</strong> todasas publicações da Socieda<strong>de</strong>, para a melhoria <strong>do</strong> ensino e para o <strong>de</strong>senvolvimento dapesquisa em Física no país.


IF149GRUPOS DE TRABALHO


151Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasAbordagem SocialCoord.: Demétrio Delizoicov e Andréia Guerra <strong>de</strong> MenezesA abordagem social torna-se relevante na medida em que se enten<strong>de</strong> a escolacomo uma instituição social. Os indivíduos nela inseri<strong>do</strong>s estão situa<strong>do</strong>s em um contatohistórico-social que precisa ser compreendi<strong>do</strong> e transforma<strong>do</strong>.A partir <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, evi<strong>de</strong>nciaram-se no grupo <strong>de</strong> trabalho duasquestões que norteariam uma prática <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta abordagem:- Quais os critérios para <strong>de</strong>fmir os conhecimentos a serem veicula<strong>do</strong>s em sala <strong>de</strong>aula que consi<strong>de</strong>rassem as relações <strong>de</strong> produção-trabalho e prejuízo-benefício daprodução científica (no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida).- Como abordar estes conhecimentos não <strong>de</strong>svinculan<strong>do</strong> "méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>".Para uma atuação imediata em que não se. po<strong>de</strong> fugir <strong>de</strong> um ce rto or<strong>de</strong>namento<strong>de</strong> conhecimento (conteú<strong>do</strong> programático), a proposta seria abordá-los <strong>de</strong> forma aproblematizá-los, ten<strong>do</strong> como e ixo diretor a relação capital-trabalho sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista aperspectiva social e cultural <strong>do</strong> professor e <strong>do</strong> aluno, isto é, os aspe ctos etnográficos <strong>do</strong>conhecimento. Além disso, é necessário abordar os conteú<strong>do</strong>s como produtos socialmenteconstruí<strong>do</strong>s visan<strong>do</strong> quer a <strong>de</strong>smistificação das instituições, quer a enfatização <strong>do</strong>processo científico <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento cientifico.A médio e longo prazo, a prática seria <strong>de</strong>terminada a partir <strong>de</strong> um levantamentopreliminar das contradições vividas pelo aluno para, então, analisá-las <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a articulare selecionar o que <strong>do</strong> conhecimento científico <strong>de</strong>ve, em conjunto com a sua utilização,tomar-se conteú<strong>do</strong> programático escolar.Esta abordagem implica uma mudança <strong>de</strong> atuação e, conseqüentemente, <strong>de</strong>formação, inclusive amplian<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conhecimento científico e <strong>do</strong>s seus processos<strong>de</strong> construção, isto é, o. <strong>do</strong>mínio histórico-epístemológico.


152Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasAbordagem ConstrutivistaCoord: Jesuina LA. PaccaO Grupo <strong>de</strong> Trabalho contou com a participação <strong>de</strong> 14 pessoas no primeiro dia<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Inicialmente cada participante apresentou sua visão e expectativa comrelação ao tema a ser discuti<strong>do</strong>; os discursos individuais mostraram questões referentes àprática pedagógica mais <strong>do</strong> que aos problemas em nível <strong>de</strong> pesquisa com abordagemconstrutivista. Entre os 14 participantes, 8 provinham <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s diretamente ligadasao ensino <strong>de</strong> 1 0 e 2° graus. Algumas colocações pareceram interessantes:"A criativida<strong>de</strong> é importante para se consi<strong>de</strong>rar e <strong>de</strong>ve ser utilizada naconstrução <strong>do</strong> conhecimento"."A criança tem um conhecimento e <strong>de</strong>vemos ficar atentos a isso. O professor<strong>de</strong>ve usar este conhecimento para que a criança possa elaborar seu próprioconhecimento"."O construtivismo <strong>de</strong>ve ser uma preocupação séria e não um modismo"."A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa abordagem está na formação <strong>do</strong> professor e nas condições<strong>do</strong> meio <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> ensino que não permitem implementar seriamente esseenfoque em sala <strong>de</strong> aula".No segun<strong>do</strong> dia <strong>de</strong> trabalho foram retomadas as questões, o que fez com que sediscutisse questões <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula, muitas das quais dignas <strong>de</strong> investigação. Algumas dasidéias elaboradas durante o trabalho to<strong>do</strong> foram expressas assim ao final:"O professor construtivista tem que ser crítico para po<strong>de</strong>r ser um facilita<strong>do</strong>r daaprendizagem""No construtivismo o professor tem que sair <strong>de</strong> si para enten<strong>de</strong>r o outro. Epreciso saber respeitar a informação que o outro oferece; saber em que referencial eleestá falan<strong>do</strong>, porque, quan<strong>do</strong> um aluno dá uma resposta, ela po<strong>de</strong> ser absurda em relaçãoao referencial <strong>do</strong> professor, mas não para o aluno""Implementar uma pesquisa construtivista é muito difícil, pois o professor já trazuma bagagem <strong>de</strong> conhecimento "embaixo <strong>do</strong> <strong>br</strong>aço", ele acha que o aluno <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r""A postura construtivista também se constroi, ela não é imposta"


153"O professor tem que ter competência no conteú<strong>do</strong> para po<strong>de</strong>r fazer perguntasimportantes e assim po<strong>de</strong>r ajudar a construir alguns conceitos"."Até on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> ser construtivista? Qual é o limite levan<strong>do</strong>-se em conta ascondições reais <strong>de</strong> ensino?"A meu ver o grupo <strong>de</strong> trabalho teve o <strong>de</strong>senvolvimento e o resulta<strong>do</strong> espera<strong>do</strong>s,<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Simpósio cuja ênfase está na atenção ao professor. A proposta <strong>do</strong> Simpósioera tratar um aspecto da pesquisa em ensino <strong>de</strong> Ciências, mas o que está muito presenteno concreto <strong>do</strong>s participantes é a sala <strong>de</strong> aula e os procedimentos que aí se realizam.As questões, dúvidas e certezas que se manifestaram eram relativas a umaprática com abordagem •construtivista; por isso a discussão foi motiva<strong>do</strong>ra e profícuacomo po<strong>de</strong> ser nota<strong>do</strong> pelas visões <strong>do</strong>s participantes expressas, embora em condições <strong>de</strong>simplificação limita<strong>do</strong>s pelo tempo e espaço, nas frases que foram colecionadas.


154Produção e Implementação <strong>de</strong> Mate rial DidáticoCoord: Alberto VillaniO trabalho <strong>do</strong> professor em sala <strong>de</strong> aulaCom 32 pa rticipantes no primeiro dia e 21 no segun<strong>do</strong>, a partir da consi<strong>de</strong>ração<strong>de</strong> que a questão da produção e implementação <strong>de</strong> material didático <strong>de</strong>ve ser precedidapela discussão <strong>do</strong> objetivo da interação em sala <strong>de</strong> aula e pela discussão so<strong>br</strong>e quem <strong>de</strong>vepensá-la, o grupo ressaltou a importância da autonomia <strong>do</strong> professor e o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong>staautonomia.A constatação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação em que se encontra a escola pública e,especificamente o ensino da Física, e o reconhecimento da existência <strong>de</strong> inúmeros focosisola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> resistência a este esta<strong>do</strong>, levaram à proposta da seguinte moção paraencaminhamento à SBF e aos órgãos financia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pesquisa e ensino:- que o professor da escola <strong>de</strong> 1 0 e 2° graus seja reconheci<strong>do</strong> como profissionalcompetente para opinar so<strong>br</strong>e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudança no ensino em sala <strong>de</strong> aula;- que sejam incentiva<strong>do</strong>s os projetos inova<strong>do</strong>res elabora<strong>do</strong>s por grupos <strong>de</strong>professores organiza<strong>do</strong>s e que seja reconheci<strong>do</strong> que a sala <strong>de</strong> aula é o "laboratério" <strong>do</strong>professor no julgamento <strong>de</strong> seu trabalho, conce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se bolsas-pesquisa a professoresque permaneçam em serviço com número reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> aulas para atualização, realização<strong>de</strong> projetos, etc;- que se reconheça a importância <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> primeiro esegun<strong>do</strong> graus incentivand o-se a divulgação <strong>de</strong> seu trabalho e c rian<strong>do</strong>-se mecanismos paraque ela ocorra;- que se encaminhe às Universida<strong>de</strong>s a recomendação para que organizem epriorizem a formação <strong>do</strong> professor nos cursos <strong>de</strong> graduação, pós-graduação e em serviço,articulan<strong>do</strong> as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, ensino e extensão;- que se encaminhe às Secreta rias Estaduais e Municipais <strong>de</strong> Educação arecomendação para criação <strong>de</strong> mecanismos estáveis para <strong>de</strong>senvolvimento das iniciativasinova<strong>do</strong>ras através <strong>de</strong> horas-ativida<strong>de</strong>s remuneradas, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaço físico erecursos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.


155Produção e Implementação <strong>de</strong> Material DidáticoProjetos <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> e Propostas CurriularesCoord: Yassuko Hosoume (USP)Dácio Guimarães <strong>de</strong> Moura (UFMG)O grupo teve 14 pessoas inscritas e presentes no primeiro dia <strong>de</strong> discussão e 7pessoas presentes no segun<strong>do</strong> dia. O grupo sentiu di ficulda<strong>de</strong> inicial frente àinterpretação <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> e à distinção entre as expressões "projetos <strong>de</strong> ensino" e"propostas curriculares".Ocorreu também ce rta dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compatibilizar os aspectos sugeri<strong>do</strong>s paradiscussão, conti<strong>do</strong>s nos dóis textos apresenta<strong>do</strong>s pelos <strong>do</strong>is coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Grupo.Entretanto, o grupo consi<strong>de</strong>rou que foi válida e impo rtante a proposição <strong>de</strong>ssetema para discussão neste <strong>IX</strong> SNEF, reconhecen<strong>do</strong> que o mesmo é pe rtinente enecessário para o momento atual <strong>do</strong> ensino da Física no Bras il, particularmente ao nível<strong>do</strong> 2° grau.Foram finalmente colocadas várias questões para posicionamento <strong>do</strong> grupoacerca <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ver ou não realizar projetos globais <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong> caráter nacional ouregional, e <strong>de</strong> suas possíveis características. Contu<strong>do</strong>, apesar <strong>de</strong> toda a discussão (que ogrupo reconheceu muito esclarece<strong>do</strong>ra) não se obteve consenso geral a respeito dasquestões colocadas. O grupo sugere que se estenda esse tema, e as questões propostas,aos simpósios e encontros regionais e nacionais, bem como aos diversos setoresinteressa<strong>do</strong>s no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.


156<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Fisica no 30 GrauReuniu os grupos previstos:.Ciclo Básico da Graduação - Coord. José André Angotti/Sylvio Goulart Rosa.Licenciatura - Coord: Maria José <strong>de</strong> Almeida/Luiz Eduar<strong>do</strong> Pedroso.Propostas <strong>de</strong> Curso <strong>de</strong> Especialização - Coord: Maria Inês Ota/Lindalva C. FerreiraA reunião conjunta <strong>de</strong>stes Grupos ocorreu em função <strong>do</strong> número reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong>inscritos, por orientação da coor<strong>de</strong>nação geral <strong>do</strong>s G.T.O grupo teve a participação média <strong>de</strong> 14 participantes; este número reduzi<strong>do</strong>talvez seja um indica<strong>do</strong>r da crise que atravessam os cursos <strong>de</strong> Licenciatura em Física, emparticular, e <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 3 0 grau em geral.O grupo tomou como diretriz a formação <strong>do</strong> Professor <strong>de</strong> Física e Ciências -Licenciatura e paralelamente a atuação <strong>do</strong> professor em sala <strong>de</strong>. aula - Licencia<strong>do</strong> ou não.Síntese das DiscussõesI. Plano da Educação - Questões amplas1. Notamos que recentemente os professores <strong>de</strong> Física têm amplia<strong>do</strong> suaconsciência critica, reconhecen<strong>do</strong> seu papel também como educa<strong>do</strong>res. Entretanto paraque este nível <strong>de</strong> consciência seja conquista<strong>do</strong> pela categoria em caráter coletivo, faz-senecessário uma ação intensificada e c riativa <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 3 0 e 2° graus aníveis inter e intra-institucional.Há universida<strong>de</strong>s que já promovem e concretizam iniciativas várias com estapriorida<strong>de</strong>, a exemplo da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso. Uma das conseqüências<strong>de</strong>stas ações é o efetivo aumento <strong>de</strong> licencian<strong>do</strong>s nesta instituição.2. A aproximação das Universida<strong>de</strong>s com o ensino <strong>do</strong> 1° grau também <strong>de</strong>veocorrer <strong>de</strong> maneira mais efetiva <strong>de</strong> forma a envolver os licencia<strong>do</strong>s em Ciências e osprofessores em exercício, isto ocorren<strong>do</strong> tanto na capital ou se<strong>de</strong> e no interior.3. Exemplos <strong>de</strong> ações já implementadas e/ou em fase inicial são:- Cursos <strong>de</strong> Especialização a nível <strong>de</strong> Pós-Graduação Lato Senso na área <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> (Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londrina - UEL; Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Pará -


157UFPa; Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba -UFPb) e os propostos pela Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina e Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.- Cursos <strong>de</strong> Licenciatura em município <strong>do</strong> interior sob responsabilida<strong>de</strong> dasinstituições públicas estatais, a exemplo da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Pará e daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Mato Grosso.4. Proposta <strong>de</strong> Reformulação.O Grupo respeita as iniciativas isoladas <strong>de</strong> modificações <strong>do</strong> curso <strong>de</strong>Licenciatura em Física, a exemplo <strong>do</strong> . que vem sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<strong>do</strong> Mato Grosso; porém consi<strong>de</strong>ra que os esforços para reformulações em Física nãopo<strong>de</strong>m se dar isoladamente.Sugerimos interações com entida<strong>de</strong>s, associações, fóruns que tratam dasquestões complexas envolvidas na formação <strong>do</strong> profissional em Educação, como aANFOPE - Associação <strong>Nacional</strong> Pela Formação <strong>do</strong>s Profissionais da Educação - EscolaNormal, Pedagogia e Licenciaturas Especas. Professores <strong>de</strong> Física, por iniciativaprópria, já vem participan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s encontros promovi<strong>do</strong>s por esta associação (moção).II. Plano <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física- O curso <strong>de</strong> Licenciatura em Física, Perío<strong>do</strong> Noturno po<strong>de</strong> contribuir paramaior procura e engajamento <strong>de</strong> alunos no curso. Esta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser discutidanas instituições que não oferecem esta alternativa.- A Licenciatura Plena em Ciências vem sen<strong>do</strong> cogitada em algumas instituições.Em que pesem as características regionais e a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta cogitação para fortalecer oensino <strong>do</strong> 1° grau, nos esta<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> ainda prevalecem as Licenciaturas Curtas essapossibilida<strong>de</strong> não é alternativa às Licenciaturas Especas para o 2° grau. Não obstantetodas as adversida<strong>de</strong>s, as Licenciaturas Específicas <strong>de</strong>vem ser contempladas por esforçospara garantir sua reformulação, implementação e fortalecimento.- Quanto ao conhecimento em Física veicula<strong>do</strong> nos cursos <strong>de</strong> formação <strong>do</strong>professor <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong> outras profissões, o grupo constata que ainda é prioriza<strong>do</strong> oconhecimento adquiri<strong>do</strong> até o século X<strong>IX</strong>, em <strong>de</strong>trimento da Física Contemporânea <strong>de</strong>suas relações com a tecnologia atual e com o cotidiano <strong>do</strong>s alunos.Buscar critérios para a inserção <strong>do</strong> novo conhecimento em to<strong>do</strong>s os níveis <strong>de</strong>escolarida<strong>de</strong> e a<strong>do</strong>tá-los é uma tarefa das mais urgentes a ser implementada pelosprofessores <strong>de</strong> Física e pesquisa<strong>do</strong>res em ensino <strong>de</strong> Física e que não foi tratada pelogrupo.


158MoçãoOs grupos <strong>de</strong> trabalho - Ciclo Básico da Graduação, Licenciatura e Propostas <strong>de</strong>Cursos <strong>de</strong> Especialização - solicitam o encaminhamento <strong>de</strong>sta Moção à Secreta ria <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> da SBF.E preocupação constante <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física a melhoria daformação <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> Física, tanto em seu conhecimento especo, conhecimentoeste <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> estrita <strong>de</strong> físicos, quanto pedagógicos.Reconhecen<strong>do</strong> que a formação <strong>de</strong> professores é <strong>de</strong> interesse e também <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedagogos, além <strong>de</strong> licencia<strong>do</strong>s e professores da 1 8 à 4 8 séries,solicita-se que a Secreta ria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBF interaja, <strong>de</strong> forma institucional com arecém-criada Associação <strong>Nacional</strong> Pela Formação <strong>do</strong>s Profissionais da Educação -ANFOPE, que vem trazen<strong>do</strong> discussões sistemáticas so<strong>br</strong>e as licenciaturas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1983,quan<strong>do</strong> ainda não se caracterizava como Associação. Que esta interação se estenda àsSocieda<strong>de</strong>s responsáveis pelo ensino <strong>de</strong> Química, Biologia e Matemática.Acredita-se que esta interação somará esforços pela melhoria das licenciaturas epossibilitará novas propostas <strong>de</strong> reformulação para formação <strong>do</strong> professor - educa<strong>do</strong>r -pesquisa<strong>do</strong>r.


159Educação Informal e Extensão UniversitáriaCoord:Guaracira G. <strong>de</strong> SouzaAlberto GasparNelson PrettoMiguel Sette e CâmaraEssa temática mais ampla estava subdividida, inicialmente, em 4 grupos: "Centro<strong>de</strong> Ciências", "Divulgação Científica e Mídia", Divulgação Científica e Ação Direta so<strong>br</strong>ea População" e "Propostas <strong>de</strong> Curso <strong>de</strong> Especialização".Em função <strong>do</strong> pequeno número <strong>de</strong> participantes foram agrupa<strong>do</strong>s os 3primeiros <strong>de</strong>stes grupos em um só.Ao se iniciarem as discussões <strong>de</strong>ste no GT ficou claro que as questões daDivulgação Científica po<strong>de</strong>riam ser abordadas a partir <strong>de</strong> duas dimensões:Espaços/Centros <strong>de</strong> Popularização/Difusão <strong>de</strong> Ciência e Mídia.A partir <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s nestes <strong>do</strong>is dias, apresentamosconsi<strong>de</strong>rações e sugestões para o aprofundamento <strong>de</strong>stas questões.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong> tema e a dispersão das pessoas envolvidas naárea - caracterizada aqui pelo pequeno número <strong>de</strong> pa rticipantes no GT - preten<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>senvolver uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s buscan<strong>do</strong> uma maior participação e integração <strong>do</strong>scientistas, jornalistas, professores e <strong>de</strong>mais interessa<strong>do</strong>s. Desta forma sugerimos:1. Divulgara existência <strong>de</strong>stes GTs através <strong>do</strong>s boletins e revistas da SBF para que <strong>de</strong>maisinteressa<strong>do</strong>s possam integrar os referi<strong>do</strong>s GTs;2. Recomendar às coor<strong>de</strong>nações <strong>do</strong>s Simpósios Regionais a necessida<strong>de</strong> da inclusão datemática em suas programações;3. A elaboração <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s p ara as próximas reuniões anuais da SBPC e SBFcontemplan<strong>do</strong> a temática.4. Ao grupo <strong>do</strong> IFUSP que <strong>de</strong>senvolve o banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e ensino <strong>de</strong> Física, que, namedida <strong>do</strong> possível contemple neste levantamento a produção vi<strong>de</strong>ográfica ecinematográfica científica e didática, e às instituições <strong>de</strong> popularização/divulgação <strong>de</strong>Ciência.5. Para o próximo SNEF as seguintes ativida<strong>de</strong>s:


1605.1. Mostra <strong>do</strong> ví<strong>de</strong>o cientifico. Uma panorâmica das produções em ví<strong>de</strong>o-Ciência dasinstituições <strong>de</strong> ensino e pesquisa e <strong>do</strong>s produtores priva<strong>do</strong>s, com vista a uma discussãoso<strong>br</strong>e a imagem, a linguagem e a tecnologia <strong>de</strong>stes materiais.5.2. Mesas Re<strong>do</strong>ndas, Painéis ou similares so<strong>br</strong>e os seguintes temas:i) O jornalismo científico:.papel <strong>de</strong> quem?.as revistas cientificas.as revistas <strong>de</strong> divulgaçãoü) O uso <strong>do</strong> ví<strong>de</strong>o em sala <strong>de</strong> aula:- área científica- outras áreas- ví<strong>de</strong>o como instrumento <strong>de</strong> pesquisaiü) A Ciência na mídiaiv) a Ciência e arte5.3. Grupos <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> popularização da Ciência mas com discussões centradas naslinhas <strong>de</strong> atuação e funções e não em grupos <strong>de</strong> instituições especas. Como exemplo <strong>de</strong>linhas para GTs.i) Que funções <strong>de</strong>vem ser exercidas pelas instituições extra-escolares <strong>de</strong>popularização/divulgação <strong>de</strong> Ciência com relação ao trabalho escolar?ii) Como sintonizar os espaços <strong>de</strong> popularização-divulgação <strong>de</strong> Ciência com os <strong>de</strong>sejos <strong>do</strong>público e/ou "Esta<strong>do</strong> da Arte" da Ciência?iii) Avaliação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> popularização <strong>de</strong> Ciência: Como fazer? Que parâmetrosusar? Que mo<strong>de</strong>los teóricos?5.4. Uma sessão <strong>de</strong> comunicação oral coor<strong>de</strong>nada so<strong>br</strong>e o "esta<strong>do</strong> da a rte" <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>instituições <strong>de</strong> popularização/divulgação <strong>de</strong> Ciências.Estas ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser adaptadas para outros encontros e simpósios.


161Políticas <strong>de</strong> Organização e AvaliaçãoA Organização Política <strong>do</strong>s ProfessoresCoord: Wojciech KuleszaSomente uma pessoa se inscreveu para participar <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong> trabalho noprazo <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para receber as inscrições. Porém, nem no primeiro, nem no segun<strong>do</strong> diareserva<strong>do</strong> para as discussões, houve o comparecimento <strong>de</strong> alguém disposto a trabalhar otema. Como a necessida<strong>de</strong> da organização política <strong>do</strong>s professores aflorou nas diversasoutras ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Simpósio, to rna-se imperioso avaliar as razões <strong>de</strong>sta ausênciageneralizada. Várias hipóteses po<strong>de</strong>-se levantar neste senti<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> em vista asexplicações ouvidas quan<strong>do</strong> foi pergunta<strong>do</strong> informalmente a alguns pa rticipantes a razão<strong>de</strong>ste fato. Para subsidiar os trabalhos da próxima Comissão Organiza<strong>do</strong>ra, alinhamosabaixo as hipóteses mais prováveis pela inexistência durante o Simpósio <strong>de</strong>encaminhamentos so<strong>br</strong>e esta questão crucial para a melho ria <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física.1. A priorização por parte <strong>do</strong>s professores das questões diretamenterelacionadas com o cotidiano da sala <strong>de</strong> aula relegou este tema a segun<strong>do</strong> plano. Muitoembora se tenha explicita<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> da vinculação <strong>de</strong>sejável entre o trabalhopróprio <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Física e sua ativida<strong>de</strong> como profissional, apontan<strong>do</strong> esta questãono <strong>do</strong>cumento prévio escrito como introdução ao <strong>de</strong>bate, não se consi<strong>de</strong>ra viável apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma leitura significativa por pa rte <strong>do</strong>s participantes. Acreditamos que oengajamento nos diversos grupos <strong>de</strong> trabalho tenha si<strong>do</strong> motiva<strong>do</strong> muito mais pela leitura<strong>do</strong>s temas a serem discuti<strong>do</strong>s (aliás, em sua gran<strong>de</strong> maio ria referi<strong>do</strong>s às preocupaçõesescolares <strong>do</strong> professor), <strong>do</strong> que pelas consi<strong>de</strong>rações escritas e dist ribuídasconcomitantemente com a abertura <strong>de</strong> inscrições para os grupos. Duas conclusões po<strong>de</strong>mdaqui ser extraídas: a diminuição <strong>do</strong> número <strong>de</strong> temas e uma melhor <strong>de</strong>finição so<strong>br</strong>e seuconteú<strong>do</strong>.2. A importância <strong>do</strong> tema e sua a<strong>br</strong>angência é tão gr an<strong>de</strong> que sua discussão<strong>de</strong>veria ter si<strong>do</strong> programada num horário disponível para a participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Talvezcomo ninguém acreditasse que esse tema não fosse concorri<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua importância,esperan<strong>do</strong> assim que seus objetivos fossem cump ri<strong>do</strong>s e posteriormente encaminha<strong>do</strong>s, osprofessores tenham opta<strong>do</strong> por temas que, ao contrário <strong>de</strong>ste, dificilmente são aborda<strong>do</strong>sem seus locais <strong>de</strong> trabalho. Também duas conclusões: um horário exclusivo <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aeste tema com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> trabalho para aprofundamentoposterior e a participação <strong>de</strong> dirigentes sindicais na organização <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>bate.


162A Política <strong>de</strong> Avaliação, Evasão, RecuperaçãoCoord: Jesus Ap. Ribeiro/Guaraciaba <strong>de</strong> CamposO nosso grupo <strong>de</strong> trabalho constituiu-se <strong>de</strong> apenas 6 pa rticipantes quediscutiram largamente os problemas da po litica nacional da avaliação-evasãorecuperação.Mesmo sen<strong>do</strong> um grupo muito pequeno fez-se notar as discrepâncias entreas realida<strong>de</strong>s educacionais <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s pa rticipantes. A seguir, relatamos o consensodas discussões e ressalvamos a importância <strong>do</strong> tema e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>trabalho on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos trocar experiências buscan<strong>do</strong> enriquecer nosso cotidiano em sala<strong>de</strong> aula.Consi<strong>de</strong>rações:a) Evasão: Está relacionada com problemas sociais, econômicos e culturais. Aavaliação contribui muito pouco para a evasão nas escolas <strong>de</strong> 2° grau, curso diurno. Nasclasses <strong>do</strong> 2° grau que funcionam no perío<strong>do</strong> diu rno a evasão é insignificante, por maisrigida e/ou <strong>de</strong>scabida que seja a avaliação. Estes alunos têm inclusive um objetivo muitopróximo, que é o vestibular. Quanto ao perio<strong>do</strong> noturno, a evasão ocorre mesmo antesque o professor tenha ti<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar. A problemática da evasãotranscen<strong>de</strong> aos limites da escola.b) Avaliação: Não existe uma consciência <strong>do</strong> professor <strong>do</strong> que é avaliar. Nemsempre ele tem claro qual o processo ensino-aprendizagem em que está inse ri<strong>do</strong>.A avaliação é um problema muito sério, não que ela contribua para a evasão.Ela não tem contribuí<strong>do</strong> para o crescimento <strong>do</strong> aluno A maio ria das vezes ela éministrada <strong>de</strong> forma que o aluno apenas repete o que foi visto nas aulas, "vomita o quecomeu". Não há o que pensar, apenas memorizar.Esta precarieda<strong>de</strong> da avaliação está relacionada com a formação precária <strong>do</strong>professor, no que se refere aos aspectos educacionais, para não dizer no que se refere aoconteú<strong>do</strong>. O preparo técnico pedagógico <strong>do</strong> professor <strong>de</strong>ixa muito a <strong>de</strong>sejar.Quanto à reprovação, enten<strong>de</strong>mos que ela só faz senti<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se temcondições <strong>de</strong> recuperar o aluno. O professor precisa ter a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber que o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> curso e a matu rida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aluno <strong>de</strong>vem caminhar juntos. Deve-seconhecer a clientela com que se trabalha e consi<strong>de</strong>rar a realida<strong>de</strong> no contexto históricosocial.O que fazer para melhorar esta situação?


163Pensamos que o primeiro passo seria um investimento maciço no professor,tanto nos arpectos econômicos como nos aspectos técnicos. Nos aspectos técnicos énecessário repensar os cursos <strong>de</strong> reciclagem e aperfeiçoamento.Estabelecer um processo em que o professor possa repensar a sua prática,através <strong>de</strong> encontros e cursos, mas que sejam feitos ao longo <strong>do</strong> ano letivo, não apenasem perio<strong>do</strong> <strong>de</strong> fé rias e finais <strong>de</strong> semana.O professor que ministra por exemplo, 32 aulas na escola pública e outras t antasna re<strong>de</strong> particular, não tem condições <strong>de</strong> fazer cursos em férias ou finais <strong>de</strong> semana. E umtrabalho tremendamente estafante.Além <strong>de</strong> cursos e encontros é necessário fazer o acompanhamento sistemático<strong>de</strong>sses professores na súa prática por profissionais liga<strong>do</strong>s à Delegacias <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>,Divisões Regionais <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>, Universida<strong>de</strong>s, etc.c) Recuperação: E uma tragédia na escola pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo eacreditamos que também o seja nos outros esta<strong>do</strong>s. Como po<strong>de</strong> se recuperar um alunoem duas semanas <strong>de</strong> recuperação?E necessário estabelecer uma sistemática <strong>de</strong> recuperação ao longo <strong>do</strong> processo,que seja discutida e divulgada pelos professores.


164A Organização Política <strong>do</strong>s P6s-Graduan<strong>do</strong>s: Estrutura <strong>do</strong>s Cursos e Agências<strong>de</strong> FinanciamentoCoord: Maria <strong>de</strong> Fátima Rodrigues/José Fernan<strong>do</strong> D. Chubaci1. 0 problema <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho: Por que não aconteceu?Supomos que a "chamada" dada ao Grupo <strong>de</strong> Trabalho "A organização política<strong>do</strong>s pós-graduan<strong>do</strong>s" foi equivocada. Agências <strong>de</strong> Financiamento e Estrutura <strong>do</strong>s Cursos<strong>de</strong> Pós-Graduação po<strong>de</strong> ser um tema muito interessante para ser trazi<strong>do</strong> à baila, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>provocar uma discussão mais aprofundada, o que para nós significa entrar na discussão daquestão da organização política <strong>do</strong>s Pós-Graduan<strong>do</strong>s. Entretanto, a forma como foiintitula<strong>do</strong> este grupo <strong>de</strong> trabalho invoca uma seqüência <strong>de</strong> discussão inversa. Esta po<strong>de</strong>ter si<strong>do</strong> uma das razões pelas quais não houve comparecimento <strong>de</strong> participantes <strong>do</strong>Simpósio neste grupo.Refletin<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e este problema, sugerimos que na próxima Reunião da SBFseja discutida a questão da Pós-Graduação e que no próximo encontro <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física esta questão seja <strong>de</strong>batida através <strong>de</strong> um Encontro, GT, Mesa Re<strong>do</strong>nda ou outrofórum apropria<strong>do</strong>, com a seguinte chamada: "Pós-Graduação em Física: Agências <strong>de</strong>Financiamento, Estrutura <strong>do</strong>s Cursos e Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Trabalho", sen<strong>do</strong> que a inclusão<strong>de</strong>ste último item (Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Trabalho) ocorre por acreditarmos ser importantediscutirmos a relação entre PG x Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> Trabalho em Física, em todas as suas áreas.2. Estamos também levan<strong>do</strong> para a Assembléia uma moção <strong>de</strong> apoio à Lei <strong>do</strong>sPós-Graduan<strong>do</strong>s, no momento tramitan<strong>do</strong> no Congresso. Apesar <strong>de</strong> não termos ti<strong>do</strong>quorum, este projeto foi aprova<strong>do</strong> durante as Reuniões da ANPG (Associação <strong>Nacional</strong><strong>do</strong>s Pós-Graduan<strong>do</strong>s) e acreditamos que a SBF po<strong>de</strong> pressionar o Congresso no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> apoiar este projeto <strong>de</strong> Lei, assim como estão fazen<strong>do</strong> outras entida<strong>de</strong>s.No momento este projeto está com a Comissão <strong>de</strong> Finanças <strong>do</strong> Congresso, eeste projeto foi leva<strong>do</strong> pelo Deputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral Florestan Fernan<strong>de</strong>s.Nota: S<strong>usp</strong>ensa por falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> votação (não havia ninguém <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong>trabalho para os esclarecimentos).


^165O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no Segun<strong>do</strong> Grau(foi subdividi<strong>do</strong> entre 2° grau e escola técnica, fican<strong>do</strong> os interessa<strong>do</strong>s em magistério nogrupo <strong>do</strong> 1° grau)Coord: Luiz Augusto C. Carmo/Ruth <strong>de</strong> CastroO grupo era composto por 11 professores <strong>de</strong> 2° grau que optaram por discutir asseguintes questões:1. Qual é o caráter <strong>do</strong> 2° grau?2. Como a Física entra no contexto <strong>do</strong> 2° grau?3. Qual é a contribuição social e cultural da Física?4. Quais as relações existentes ou possíveis <strong>de</strong> existir entre os grupos <strong>de</strong> pesquisaem ensino e o 2° grau?As três primeiras questões foram abordadas em conjunto numa discussão quepassou, inicialmente, pelo reconhecimento da importância excessiva que o vestibularassume hoje no 2° grau. Isso tem distorci<strong>do</strong> os verda<strong>de</strong>iros objetivos que este grau <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong>ve cumprir.A Física não foge a esta realida<strong>de</strong> e também tem se afasta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua funçãoprimeira a<strong>de</strong>quan<strong>do</strong>-se a esse quadro que precisa ser modifica<strong>do</strong> com urgência.Levantou-se também a questão que outro fantasma assom<strong>br</strong>a o 2° grau: ainsistência sórdida em querer transformá-lo simplesmente num curso pretensamenteprofissionalizante, num curso <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> o<strong>br</strong>a.Foi consenso no grupo que o verda<strong>de</strong>iro papel <strong>do</strong> 2° grau é o <strong>de</strong> formação <strong>do</strong>cidadão consciente, o que confere à Ciência o caráter extremamente necessário.A pa rtir <strong>de</strong>ssa postura, as questões <strong>do</strong> vestibular, <strong>do</strong> acesso à Universida<strong>de</strong>, daformação profissional passam por uma questão muito a<strong>br</strong> angente e que <strong>de</strong>ve nortear oscursos <strong>de</strong> 2° grau: precisamos preparar o cidadão e inseri-lo política e socialmente nomun<strong>do</strong> em que vive.Os professores relataram suas experiências <strong>de</strong> trabalho que sempre visavamalcançar uma Física mais integrada às outras áreas. Manifestaram também a preocupaçãocom a falta <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> divulgação (acessíveis aos professores <strong>de</strong> 2° grau) <strong>de</strong> trabalhosrealiza<strong>do</strong>s, bem como <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> atuação para grupos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.


IIP166O grupo também encaminhou à Assembléia Geral <strong>de</strong>ste Simpósio a moção e arecomendação seguintes:MoçãoNós professores <strong>do</strong> 2° grau reuni<strong>do</strong>s no <strong>IX</strong> SNEF, no Grupo <strong>de</strong> Trabalho 6.6(<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° Grau), apontamos a falta <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> divulgação e espaços <strong>de</strong>atuação. Para tal propomos:1. Uma campanha entre os professores <strong>do</strong> 2° grau para filiação à SBF,fortalecen<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> ensino.2. A retomada das publicações da Revista <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física (REF).- Que se consi<strong>de</strong>re a hipótese da REF ter suas publicações futuras custeadaspelos interessa<strong>do</strong>s no seu recebimento.3. A criação <strong>de</strong> uma publicação anual <strong>de</strong> "Seminário Permanente Aberto <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, no qual se registre as experiências didático-pedagógicas, meto<strong>do</strong>lógicas<strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> ensino instituí<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> grupos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong> professoresisola<strong>do</strong>s.4. Que a Assembléia Geral <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF crie uma comissão responsável pelaefetivação das propostas anteriores.


167<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física nas Escolas TécnicasCoord: Lizandro Fernan<strong>de</strong>s da CostaOs professores <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> ensino técnico presentes ao <strong>IX</strong> SNEF reuniram-seem grupo <strong>de</strong> trabalho nos dias 22 e 23/01/91, com a presença <strong>de</strong> 20 professores,representantes das seguintes instituições:Instituto Diocesano <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> "Santo Antonio"Escola Estadual <strong>de</strong> 2° Grau <strong>de</strong> PortãoCentro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica <strong>do</strong> ParanáEscola Técnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> ParáEscola Técnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> PernambucoEscola Técnica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São PauloEscola Técnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> No rteInstituto <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloEscola Técnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato GrossoSeguin<strong>do</strong> o roteiro estabeleci<strong>do</strong> pelo coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> grupo, foram discuti<strong>do</strong>sdiversos assuntos referentes aos problemas <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física nestas escolas e ações que<strong>de</strong>vem ser feitas para sua melho ria.Foram os seguintes os pontos prioriza<strong>do</strong>s nas discussões que contaram com aparticipação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s presentes:1.A Física a ser ministrada nos cursos básicos das Escolas Técnicas não <strong>de</strong>ve serdiferenciada da Física abordada nos cursos <strong>de</strong> 2° grau geral. Entret anto julgou-se que acarga horária reservada para esse ensino em algumas instituições foi consi<strong>de</strong>radapequena, sugerin<strong>do</strong>-se um mínimo correspon<strong>de</strong>nte a 5 horas/aula por sem ana,perfazen<strong>do</strong> um total <strong>de</strong> 30 horas-aula (<strong>de</strong> maneira geral a Física nas Escolas Técnicas édada nos <strong>do</strong>is primeiros anos).2. Cada representante presente <strong>de</strong>screveu resumidamente alterações que vêmsen<strong>do</strong> realizadas em suas escolas, nos curriculos, meto<strong>do</strong>logia, e em outros setoresvisan<strong>do</strong> à melhoria e a mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> ensino ali ministra<strong>do</strong>.Um <strong>do</strong>s pontos so<strong>br</strong>e os quais houve preocupação <strong>de</strong> alguns presentes refere-seà. falta <strong>de</strong> laboratório em sua escola ou a impossibi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s mesmospela exiguida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoal.


1683. Concluiu-se que para ser professor <strong>de</strong> Física das Escolas Técnicas <strong>de</strong>verá serexigida Licenciatura Plena e habilida<strong>de</strong> experimental, pois nem sempre esses requisitossão encontra<strong>do</strong>s nos professores <strong>de</strong> algumas escolas.4. Quanto à capacitação <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> ensino técnico, constatouseque não há entre eles nenhum com mestra<strong>do</strong> ou <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>. Há algumas poucas escolasem que os professores possuem especialização em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, enquanto à gran<strong>de</strong>maioria não foi oferecida esta oportunida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s professores se pós-graduarem, por nãoserem dispensa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>centes sem perda <strong>de</strong> vencimentos.Sugere-se então que os Departamentos <strong>de</strong> Física tenham um corpo <strong>de</strong>professores em número suficiente para que sejam libera<strong>do</strong>s professores para pósgraduaçãono perío<strong>do</strong> letivo, sem perda <strong>de</strong> vencimentos e não provocar gran<strong>de</strong>so<strong>br</strong>ecarga para os <strong>de</strong>mais.Recomendações SBF/SNEFFinalmente o grupo prop els duas moções furais aprovadas pelos presentes, aserem submetidas à Assembléia Final <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF, nos seguintes termos:a) Ten<strong>do</strong> em vista o número crescente <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> EscolasTécnicas que vêm comparecen<strong>do</strong> aos últimos SNEFs, os professores presentes agra<strong>de</strong>cemo espaço que a Secretaria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBF vem proporcionan<strong>do</strong>, solicitam que nopróximo SNEF este espaço seja amplia<strong>do</strong> com a criação <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s, além <strong>do</strong>grupo <strong>de</strong> trabalho, que abor<strong>de</strong>m especificamente tópicos referentes ao ensino <strong>de</strong> Físicanas Escolas Técnicas.b) Que a SBF divulgue <strong>de</strong> maneira mais ampla a realização <strong>do</strong>s SNEFs entre asinstituições <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong> maneira especial entre as Escolas Técnicas.


169Física para o 1° Grau: regular e supletivoO <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 20 Grau: MagistérioModificaçãoEm função <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> inscritos no grupo <strong>de</strong> "O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no2° Grau: Magistério e Escolas Técnicas", este grupo foi subdividi<strong>do</strong> em 3 grupos e houveuma junção <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s em ensino <strong>de</strong> Física no magistério com o grupo <strong>de</strong> Físicapara o 1° grau, já que o número <strong>de</strong> pessoas inscritas neste era pequeno. Suge rimos paraos próximos simpósios que Física para o 1° grau e magisté rio integrem um mesmo grupo,uma vez que são muito os pontos <strong>de</strong> interesse comum.Primeiras preocupações- Os alunos <strong>de</strong> 1° grau e <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> magistério apresentam gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>com a leitura (não têm o hábito <strong>de</strong> ler) e a escrita (não conseguem expressar claramenteas suas idéias).- Dificulda<strong>de</strong>s específicas com o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física na 8° série em relação aprofessores <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua formação.- Número pequeno <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> Física no Curso <strong>de</strong> Magistério.- Desinteresse pela aprendizagem <strong>de</strong> Física no Curso <strong>de</strong> Magistério poracreditarem que ela não cont ribui em nada para a sua formação profissional. Nãoconhecem o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> 1° grau (1' a 4° série).- Despreocupação <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Física ao ensinar Física no curso <strong>de</strong>Magistério, em relacionar a Física <strong>do</strong> 2° grau com a <strong>do</strong> 1° grau, on<strong>de</strong> seu aluno atuaráfuturamente.Sugestões:- Através <strong>de</strong> artigos ou livros (por ex.: A importância <strong>de</strong> ler o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> PauloFreire) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o papel da contribuição <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências no 1° grau (aí incluída aFísica numa visão interdisciplinar) na Alfabetização. Há exemplos <strong>de</strong> trabalhos nestadireção com alunos que apresentam dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alfabetização que, através <strong>de</strong> umensino ativo <strong>de</strong> Ciências, superaram estas dificulda<strong>de</strong>s. Esta <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>ve ser levada ascoor<strong>de</strong>nações pedagógicas <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Magistério.


VP170- Que as pessoas que assumirem turmas <strong>de</strong> Magistério tenham um compromissogeral com a educação e atentem para o fato <strong>de</strong> que seus alunos estarão atuan<strong>do</strong> comoprofessores <strong>de</strong> P a 45 série, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 3 a 4 anos. Portanto, além <strong>de</strong> enfocar com maiorênfase a parte conceitual, <strong>de</strong>ve-se ter uma preocupação também com a partemeto<strong>do</strong>lógica.- O ensino <strong>de</strong> Física no Magistério e 1° grau <strong>de</strong>ve ser experimental, comlevantamento das concepções prévias e o uso da História da Ciência.- Que se procure um elo com a escola <strong>de</strong> 1° grau através <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong>assuntos <strong>de</strong> Física aborda<strong>do</strong>s no 1° grau, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências.- A escola <strong>de</strong> Magistério <strong>de</strong>ve ter um espaço institucionaliza<strong>do</strong> para que osprofessores das diferentes disciplinas discutam um projeto <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Ciênciasinterdisciplinar.- Que se divulgue nas escolas <strong>de</strong> Magistério as alternativas que alguns projetosjá têm <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>.- Na opinião da maioria <strong>de</strong>ve haver moção para que o Magistério para o 1° grau(P a 45 série) continue a nível <strong>de</strong> 2° grau.- Continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um simpósio para outro: manter intercâmbio entre osparticipantes <strong>de</strong>ste encontro <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a planejar ativida<strong>de</strong>s para o próximo SNEF, alémda troca <strong>de</strong> experiências.RecomendaçãoN6s <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> trabalho <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° grau verificamos:1. Ten<strong>do</strong> em vista a influência <strong>do</strong> concurso vestibular no ensino <strong>de</strong> 2° grau;2. Ten<strong>do</strong> em vista a <strong>de</strong>svirtualização da Filosofia da Física pela linha <strong>de</strong> trabalho<strong>do</strong>s "cursinhos" pré-vestibulares.Propomos aos professores responsáveis pela elaboração das provas <strong>de</strong> Física <strong>do</strong>sconcursos vestibulares:- Que se reunam em Assembléia para discutir uma reformulação nas provas <strong>de</strong>vestibular.


171- Que primem por questões envolven<strong>do</strong> mais os conceitos físicos <strong>do</strong> que cálculosnuméricos ou aplicação direta <strong>de</strong> fórmula.Que promovam uma visão integrada da Física, evitan<strong>do</strong> transmitir uma idéiafragmentada <strong>do</strong>s diversos tópicos, em suma, que busquem questões mais inteligentes, aexemplo <strong>do</strong> que já vem ocorren<strong>do</strong> em alguns vestibulares <strong>do</strong> país.Pois temos por certo que, se houver uma mudança nas provas <strong>de</strong> vestibular,haverá então, por conseqüência, toda uma reformulação nos materiais didáticos e nosistema <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> 2° grau.


t173CONFERÊNCIAS"O Esta<strong>do</strong> da Arte em Diferentes Campos da Física"1


175Caos e Determinismo na FísicaIl<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Castro MoreiraResumo: Foi apresentada uma visão geral so<strong>br</strong>e os impo rtantes<strong>de</strong>senvolvimentos realiza<strong>do</strong>s na Física, em anos recentes, no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sistemas on<strong>de</strong>surge o chama<strong>do</strong> "caos <strong>de</strong>terministico". Três mo<strong>de</strong>los significativos, e histo ricamenteimportantes, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s: a rota para o caos <strong>de</strong> Feigenbaum, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Hénon-Heiles (sistema conservativo) e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Lorenz (sistema dissipativo). Conceitosbásicos foram introduzi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira simples: atratores, expoentes <strong>de</strong> Lyapounov,dimensão fractal, <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s toros, etc. Com um apanha<strong>do</strong> histórico <strong>br</strong>eve esuperficial se preten<strong>de</strong>u ilustrar como as idéias <strong>do</strong> <strong>de</strong>terminismo e <strong>do</strong> acaso se<strong>de</strong>senvolveram na Física nos últimos três séculos. Ao final, discutiu-se a repercussão atuale a profundida<strong>de</strong> das transformações pelas quais a Física e outras Ciências têm passa<strong>do</strong>,em especial diante <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res.


176As Interpretações da Mecânica QuânticaFernan<strong>do</strong> Lang da SilveiraInstituto <strong>de</strong> Física - UFRGSObjetivos da ConferênciaApresentar alguns antece<strong>de</strong>ntes históricos à interpretação da Escola <strong>de</strong>Copenhage (EC) para a mecânica quântica (MO) e <strong>de</strong>monstrar a fundamentaçãopositivista <strong>de</strong>sta interpretação.Criticar a interpretação da EC.Esboçar uma interpretação realista para a MQ.Os Antece<strong>de</strong>ntes da Interpretação da Escola <strong>de</strong> CopenhageUma história ingénua é comumente contada so<strong>br</strong>e o impacto que a nova teoria,a MQ, teve so<strong>br</strong>e o posicionamento <strong>do</strong>s físicos em relação à realida<strong>de</strong>. Esta história é aseguinte: até a segunda década <strong>do</strong> século XX os físicos eram realistas; a MQ acaba com orealismo, ou seja, os "objetos" quânticos não têm existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>rconforme a nova teoria.A história é ingénua porque nunca houve uma única interpretação possível paraa MQ e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início diversos físicos importantes como Einstein, Schrodinger, Langévin,Landé, <strong>de</strong> Broglie e outros não aceitaram e criticaram a interpretação da EC. Esta não foia primeira vez que uma teoria Física sofreu uma interpretação não-realista ou i<strong>de</strong>alista(subjetivista).Ao longo da história <strong>do</strong> pensamento humano se <strong>de</strong>gladiam duas posiçõesfilosóficas antagônicas, o realismo e o i<strong>de</strong>alismo. A MQ é o pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> para novoembate entre as mesmas. A concepção realista afirma que o mun<strong>do</strong> externo à consciênciaexiste por si mesmo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> que alguém o perceba ou pense nele. Aconcepção i<strong>de</strong>alista afirma que as idéias são anteriores às coisas, ou com outras palavras,os objetos físicos não têm existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alguma mente.


^177Quan<strong>do</strong> a MQ foi criada a filosofia oficial da Ciência era o positivismo lógico.Os integrantes da EC (Bohr, von Neumann, Dirac, Born, Heisenberg, Pauli,...)interpretaram a nova teoria através <strong>de</strong>ssa filosofia i<strong>de</strong>alista subjetiva.Vamos <strong>de</strong>stacar alguns pontos importantes da filosofia positivista para <strong>de</strong>poisenten<strong>de</strong>r a influência que ela teve so<strong>br</strong>e a EC. São eles:I) A observação é a fonte e a função <strong>do</strong> conhecimento. As teorias sãoexperiência con<strong>de</strong>nsada, ou seja, sínteses indutivas <strong>de</strong> itens observacionais.II) Nada é real enquanto não faça parte da experiência humana. A Física nãodiz respeito a uma realida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r mas à experiência <strong>do</strong> mesmo.III) As teorias científicas não são criações; são <strong>de</strong>scobertas em conjuntos <strong>de</strong>da<strong>do</strong>s empíricos. A especulação, a invenção e a criativida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>sempenham qualquerpapel na Ciência.IV) O objetivo das teorias Físicas é sistematizar a experiência humana e prevernovas experiências. Nunca uma teoria <strong>de</strong>ve tentar uma explicação da realida<strong>de</strong>.V) Um termo somente adquire significa<strong>do</strong> físico através <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finiçãooperacional, isto é, uma operação empírica que preferencialmente explicite como po<strong>de</strong>ser medi<strong>do</strong>.VI) As hipóteses e teorias que incluem conceitos não-observacionais não têmsignifica<strong>do</strong> físico, sen<strong>do</strong> meras pontes matemáticas entre observações.Os positivistas lógicos foram continua<strong>do</strong>res da filosofia positivista <strong>de</strong> ErnstMach (1838-1916), também conhecida por empiriocriticismo. Mach, que foi físico,psicólogo e filósofo, <strong>de</strong>senvolveu uma forma sofisticada <strong>de</strong> positivismo e chegou a afirmarque a matéria não existe. A matéria seria uma criação mental humana para dar conta daspercepções; a única realida<strong>de</strong> é o que se observa, o fenômeno (aquilo que se apresenta aum observa<strong>do</strong>r). A Ciência <strong>de</strong>ve se ater apenas àquilo que po<strong>de</strong> ser percebi<strong>do</strong> e tu<strong>do</strong> omais é metaFísica (a matéria é um conceito metafísico sem o qual a Ciência positivistapo<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve passar). Em outras palavras, Mach <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma concepção i<strong>de</strong>alistasubjetiva pois qualquer coisa além da percepção, como por exemplo a existência <strong>de</strong> umarealida<strong>de</strong> fora <strong>do</strong> sujeito produzin<strong>do</strong>-a, é metafísica.Esta concepção subjetivista na verda<strong>de</strong> foi revivida por Mach, poisanteriormente o bispo Berkeley (1685-1753) já a havia formula<strong>do</strong>. O bispo Berkeleyestava muito preocupa<strong>do</strong> em que a mecânica newtoniana levasse ao ateísmo; <strong>de</strong>senvolveentão uma filosofia da Ciência subjetivista embasada na tese <strong>de</strong> que existem apenas duas


^178espécies <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s: mentes e idéias. As chamadas proprieda<strong>de</strong>s "objetivas" <strong>do</strong>s corpossão subjetivas, pois existem apenas na experiência perceptual <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r; a filosofia <strong>de</strong>Berkeley po<strong>de</strong> ser sumarizada na sua céle<strong>br</strong>e afirmação "ser é perceber ou ser percebi<strong>do</strong>".As teorias científicas seriam então meros instrumentos que <strong>de</strong>screvem e predizem asnossas percepções; elas não teriam qualquer referente objetivo (externo ao sujeito) poistermos como força, massa, seriam apenas construções mentais para <strong>de</strong>screver e preveraquilo que se percebe.Mach retoma as idéias <strong>de</strong> Berkeley e as <strong>de</strong>senvolve. Tenta reconstruir amecânica clássica sem o conceito <strong>de</strong> força pois este é metafísico já que não é observável(as forças não po<strong>de</strong>m ser percebidas mas apenas os seus efeitos). A Física po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>vepassar sem esta "qualida<strong>de</strong> oculta" que causa os movimentos. Mach avança a sua críticasubjetivista à mecânica <strong>de</strong> Newton investin<strong>do</strong> contra as idéias <strong>de</strong> espaço e tempoabsolutos (anteriomente Berkeley já havia critica<strong>do</strong> o espaço absoluto). Einstein, em suasNotas Autobiográficas, reconhece que esta critica lhe foi importante para a construção dateoria da relativida<strong>de</strong>; ele foi muito influencia<strong>do</strong> pelo positivismo machiano masposteriormente o supera a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> uma postura realista. Aliás, Einstein manteve umapolêmica durante cerca <strong>de</strong> vinte anos com a EC, em especial com Bohr, so<strong>br</strong>e osignifica<strong>do</strong> da MO.Um aspecto extremamente importante <strong>do</strong> positivismo <strong>de</strong> Mach foi a suanegação à teoria atômica da matéria (átomo é metafísico). A sua posição anti-atomista olevou a uma polêmica com diversos físicos importantes e em especial com Boltzmann queacreditava na realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s átomos e moléculas. A ácida disputa com Boltzmann talveztenha contribuí<strong>do</strong> para o <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io mental que culminou tragicamente em suicídio<strong>de</strong>ste último. Infelizmente para Boltzmann que já estava morto, Mach acaba por aceitar ateoria atômica após o trabalho <strong>de</strong> Einstein so<strong>br</strong>e o movimento <strong>br</strong>owniano. O antiatomismonão foi uma postura exclusiva <strong>de</strong> Mach; outros cientistas positivistas oacompanharam; <strong>de</strong>stacam-se na química os "energetisistas" e em especial Ostwald.Lénine lança em 1908 a o<strong>br</strong>a "Materialismo e Empiriocriticismo" com o objetivo<strong>de</strong> criticar e refutar o positivismo machiano (o empiriocriticismo). Mach ao negar aexistência da matéria, atingiu o materialismo dialético na base. A inexistência <strong>de</strong> umarealida<strong>de</strong> objetiva é inconciliável com o marxismo.Mach volta a interpretar as teorias como instrumentos para <strong>de</strong>screver e preveraquilo que po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong>. As teorias científicas seriam obtidas por induções a partir<strong>do</strong>s fatos observa<strong>do</strong>s e não <strong>de</strong>viam ir além <strong>do</strong> que se observa; as teorias seriamessencialmente <strong>de</strong>scritivas e não fariam referências às causas por serem estas metafísicas.A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se chegar a uma teoria é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> um "Princípio <strong>de</strong> EconomiaMental" (sen<strong>do</strong> elas sínteses <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> observações, evitariam umaso<strong>br</strong>ecarga mental). Os termos transempíricos (para além <strong>do</strong> que se observa), como por


179exemplo "átomo" e "molécula", são meros artifícios mentais utiliza<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>screver eprever as percepções; eles não se referem a qualquer entida<strong>de</strong> real, mesmo porque aúnica realida<strong>de</strong> é a percepção.A versão instrumentalista das teorias científicas é muito anterior aos positivistaslógicos, a Mach ou a Berkeley. No prefácio ao "De Revolutionibus" <strong>de</strong> Copérnico, oteólogo luterano Osian<strong>de</strong>r enfatiza que o sistema copernicano não passa <strong>de</strong> um meroinstrumento através <strong>do</strong> qual se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver as posições <strong>do</strong>s planetas; não há realida<strong>de</strong>na teoria copernicana e a única importância é que ela "salva as aparências". O car<strong>de</strong>alBelarmino, em 1615, informou a Galileu que a igreja aceitava discutir o sistemacopernicano como instrumento matemático apenas.A história das filosofias i<strong>de</strong>alistas não se esgota no que aqui foi relata<strong>do</strong>: elapassa por outros pensa<strong>do</strong>res importantes com Hume, Kant, Comte, Avenarius,Poincaré,... Fica assim bem esclareci<strong>do</strong> que o "fim <strong>do</strong> realismo" não aconteceu com osurgimento da MQ, más exatamente o contrário, a MQ foi interpretada pela EC Através<strong>de</strong> uma filosofia não-realista, o positivismo.Complementan<strong>do</strong> estas consi<strong>de</strong>rações so<strong>br</strong>e as filosofias subjetivistas, que, emúltima instância, acreditam que a realida<strong>de</strong> se reduz às idéias <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r (ospositivistas valorizaram so<strong>br</strong>emaneira as idéias obtidas através <strong>do</strong>s órgãos <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>: aspecepções), é importante <strong>de</strong>stacar o <strong>de</strong>stino inelutável das mesmas: o solipsismo. Levadasaté as últimas conseqüências, os subjetivismos implicam a concepção segun<strong>do</strong> a qual o euseria a única coisa existente; a natureza, os outros homens, o nosso próprio corpoexistiriam apenas como idéias na consciência única <strong>do</strong> sujeito (observa<strong>do</strong>r).As interpretações subjetivistas das teorias constituem-se em revoluçõescopernicanas às avessas pois o centro <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> passa a ser o observa<strong>do</strong>r.A Interpretação da Escola <strong>de</strong> CopenhageNão há um acor<strong>do</strong> completo entre os integrantes da EC so<strong>br</strong>e a MQ e, porvezes, constatam-se posicionamentos conflitantes. Alguns autores chegam a <strong>de</strong>stacar duasdiferentes interpretações: a <strong>de</strong> Bohr e a <strong>de</strong> von Neumann. Heisenberg acabou por divergirda EC; também são freqüentes as escorrega<strong>de</strong>las em direção ao realismo por parte <strong>do</strong>s-integrantes da escola.Apesar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isto, as posições <strong>do</strong>s diversos mem<strong>br</strong>os da EC po<strong>de</strong>m sersintetizadas da seguinte forma: a MQ não faz afirmações so<strong>br</strong>e coisas autônomas e to<strong>do</strong>sos seus enuncia<strong>do</strong>s se referem a situações experimentais. 0 objeto físico não tem


180existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um obse rva<strong>do</strong>r; existe uma unida<strong>de</strong> indissolúvel entreobserva<strong>do</strong>r, seus instrumentos <strong>de</strong> medida e o objeto obse rva<strong>do</strong>.Passamos agora a explicitar alguns pontos importantes <strong>de</strong>sta interpretação:Princípio da Complementarida<strong>de</strong>. Os entes quânticos po<strong>de</strong>m se apresentar aoobserva<strong>do</strong>r como onda ou como partícula, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da situação experimental<strong>de</strong>lineada pelo observa<strong>do</strong>r.Princípio da Incerteza. Estabelece a precisão máxima com a qual po<strong>de</strong>m sermedidas ao mesmo tempo duas magnitu<strong>de</strong>s mecânicas (observáveis) canonicamenteconjugadas.Princípio <strong>de</strong> Born. O quadra<strong>do</strong> da função <strong>de</strong> onda é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se encontrar o ente quântico em um ponto quan<strong>do</strong> se me<strong>de</strong> a suaposição.Autovalores <strong>de</strong> um opera<strong>do</strong>r. Valores que um observa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> encontrarquan<strong>do</strong> me<strong>de</strong> o observável representa<strong>do</strong> pelo opera<strong>do</strong>r.Coeficientes da expansão da função <strong>de</strong> onda em autofunções <strong>de</strong> um opera<strong>do</strong>r. Oquadra<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes coeficientes são as probabi lida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se medir o respectivo autovalor.Colapso da função <strong>de</strong> onda (Postula<strong>do</strong> da projeção <strong>de</strong> von Neumann). Quan<strong>do</strong>o ente quântico é submeti<strong>do</strong> à observação através da medida <strong>de</strong> uma característicadinâmica (observável), a função <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se reduz (colapsa) a uma das componentes daexpansão da mesma em autofunções <strong>do</strong> opera<strong>do</strong>r que representa o observável; estaredução a uma das componentes é imprevisível, mas ocorrerá com uma probabilida<strong>de</strong><strong>de</strong>finida no item anterior (coeficientes da expansão...) e a medida resultará no respectivoautovalor.Se compararmos esses aspectos da interpretação da EC com os seis pontos<strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s na seção anterior so<strong>br</strong>e o positivismo lógico, evi<strong>de</strong>nciaremos a influência <strong>de</strong>stafilosofia so<strong>br</strong>e a interpretação. O observa<strong>do</strong>r está onipresente; a MQ não fala <strong>de</strong> umarealida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> sujeito (nem to<strong>do</strong>s os positivistas negaram a existência <strong>de</strong> umarealida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> sujeito; alguns, como Bertrand Russell, abstiveram-se <strong>de</strong> aafirmar; outros consi<strong>de</strong>ram qualquer tentativa <strong>de</strong> se referir a ela como <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong>significa<strong>do</strong>, metafísica) e é em última análise uma teo ria <strong>de</strong> medida.Criticas à Interpretação da Escola <strong>de</strong> Copenbage


7181As criticas a seguir apresentadas são baseadas primordialmente em MarioBunge e Karl Popper; para maiores <strong>de</strong>talhes po<strong>de</strong>-se recorrer à bibliografia relacionadano fmal. Este último filósofo, já em 1934, antes mesmo que Einstein e seus colabora<strong>do</strong>restivessem proposto o céle<strong>br</strong>e para<strong>do</strong>xo EPR, criticava a interpretação da EC.Nas equações da MQ, como, por exemplo, a equação <strong>de</strong> Schrõdinger, não háqualquer referência a observa<strong>do</strong>res e/ou instrumentos <strong>de</strong> medida. Von Neumannafirmou, contrariamente a Bohr, que a função <strong>de</strong> onda se refere ao ente quânticoenquanto não observa<strong>do</strong>; quan<strong>do</strong> ocorre, a observação se dá o colapso da função <strong>de</strong> onda.Einstein parece nunca ter da<strong>do</strong> conta <strong>de</strong> que esta era uma concessão por parte <strong>de</strong> vonNeumann ao realismo.A MQ se refere inclusive a entes ("partículas") livres, ou seja, que não estãointeragin<strong>do</strong> com qualquer coisa e, portanto, não estão sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s.A ação <strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> medida so<strong>br</strong>e um ente quântico po<strong>de</strong> em princípio serobjetivamente consi<strong>de</strong>rada; para tanto o termo <strong>de</strong> potencial na equação <strong>de</strong> Schriidinger<strong>de</strong>verá levar em conta a interação com o instrumento.Um <strong>do</strong>s pontos sempre enfatiza<strong>do</strong>s pela EC é a interferência <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> obse rvarcom o sistema sob observação; esta interferência <strong>de</strong>terminaria o compo rtamento <strong>de</strong>scritopela teoria (Bohr) ou provocaria o colapso da função <strong>de</strong> onda (von Neumann).Entretanto, contra riamente a esta linha <strong>de</strong> raciocínio, existem observações que nãointerferem com o sistema mecano-quântico; é o caso, por exemplo, da observação <strong>de</strong> umespectro <strong>de</strong> emissão atômica. Po rtanto o que ali se obse rva diz respeito a um processofisico in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> obse rva<strong>do</strong>r e/ou seus instrumentos <strong>de</strong> medida.Qualquer resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> medida <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> daquilo que se me<strong>de</strong> e <strong>do</strong> procedimento<strong>de</strong> medida. Como então os autovalores <strong>de</strong>vem ser sempre valores medi<strong>do</strong>s?As <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Heisenberg são <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s pela EC <strong>de</strong> Princípio daIncerteza. Esta terminologia é notoriamente subjetivista e compatível com os preceitos <strong>do</strong>positivismo lógico; incerteza é um esta<strong>do</strong> mental e não uma proprieda<strong>de</strong> das coisas, <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>. Essas relações são teoremas da MO, <strong>de</strong>dutíveis a pa rtir da equação <strong>de</strong>Schrõdinger e das relações <strong>de</strong> comutação e válidas em quaisquer circunstâncias. Não háqualquer referência ao colapso da função <strong>de</strong> onda para a <strong>de</strong>monstração das<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. São aplicáveis inclusive para entes livres.As variáveis dinâmicas (posição, momentum, energia, etc) são <strong>de</strong>nominadas pelaEC <strong>de</strong> observáveis. Isto é <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> critério positivista <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>, pois <strong>de</strong> outraforma a MQ se tornaria metafísica. Quem já obse rvou a posição ou o momentum <strong>de</strong> umelétron em um átomo?


i182A MQ, como qualquer outra teoria Física, não é uma teo ria <strong>de</strong> medida.Medidas são importantes para testar, teorias mas não para conferir significa<strong>do</strong> comopreten<strong>de</strong>ram os positivistas. O significa<strong>do</strong> não apenas antece<strong>de</strong>, mas também o rienta asmedidas. Qualquer medida, em qualquer <strong>do</strong>mínio da Física, envolve além da teo ria que serefere à magnitu<strong>de</strong> a ser observada, teorias auxiliares matemáticas (por exemplo umateoria <strong>de</strong> erros, estatistica, etc) e Físicas (por exemplo eletrônica, ótica,etc). A posição <strong>de</strong>um ponteiro so<strong>br</strong>e uma escala está relacionada com o "observável" <strong>de</strong> uma maneiraextremamente complexa, mediada por diversas teorias auxiliares. Qualquer observaçãoestá impregnada <strong>de</strong> teorias.Uma Interpretação Realista para a Mecânica QuânticaAs criticas anteriores visaram mostrar que a interpretação da EC é incompatívelcom a teoria interpretada. Vejamos agora alguns aspectos <strong>de</strong> uma interpretação realista,fundamentada mais uma vez em Mario Bunge e Karl Popper.Desigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Heisenberg ("Principio da Incerteza"). Descrevem algointrínseco aos entes quânticos. Eles não são ondas e/ou partículas; são entida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sconhecidas na Física Clássica que não possuem limites <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. A chamada"dualida<strong>de</strong>" é apenas uma tentativa clássica e subjetivista <strong>de</strong> interpret ar os micro-objetos.A pretensa quarta <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, envolven<strong>do</strong> energia e tempo, não é<strong>de</strong>monstrável na teoria axiomatizada; Bohr preten<strong>de</strong>u tela obti<strong>do</strong> através <strong>de</strong> análisesoperacionais (argumentos envolven<strong>do</strong> atos <strong>de</strong> medida), mas Dirac já havia nota<strong>do</strong> que otempo é um número "c" e, portanto, sua dispersão (<strong>de</strong>svio padrão) para to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s<strong>de</strong>scritos pela função <strong>de</strong> onda é sempre zero; além disso a dispersão da energia parasistemas em autoesta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> energia é nula.As <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Heisenberg não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>duzidas <strong>de</strong> análisesoperacionais (os livros <strong>de</strong> texto elementares <strong>de</strong> MQ proliferam essas pretensas <strong>de</strong>duções)pois em todas elas são usadas proposições da Física Clássica. No caso <strong>do</strong> famigera<strong>do</strong>microscópio <strong>de</strong> raios gama é utiliza<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> resolução que obviamentenão pertence à MQ.Função <strong>de</strong> onda. O quadra<strong>do</strong> da função <strong>de</strong> onda é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> posição <strong>do</strong> ente quântico. Os entes quânticos não possuem posições precisas masapenas distribuições probabilisticas <strong>de</strong> posição. Em circunstâncias muito especiais essadistribuição po<strong>de</strong> se tornar muito concentrada (com pequeno <strong>de</strong>svio padrão) e então omomentum será muito disperso conforme as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Heisenberg.


183Autovalores <strong>de</strong> um opera<strong>do</strong>r. Valores que a respectiva variável dinâmica po<strong>de</strong>ter; se forem realizadas medidas fi<strong>de</strong>dignas <strong>de</strong> variável dinâmica, <strong>de</strong>verão ser encontra<strong>do</strong>svalores semelhantes aos autovalores, dificilmente idênticos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos erros <strong>de</strong> medida.Coeficientes da expansão da função <strong>de</strong> onda em autofunções <strong>de</strong> um opera<strong>do</strong>r. Oquadra<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes coeficientes são as probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que o ente quântico tenha orespectivo autovalor.A MQ é compatível com uma filosofia realista; é importante notar quehistoricamente o realismo esteve liga<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>terminismo. Entretanto o <strong>de</strong>terminismo nãoé um pressuposto <strong>do</strong> realismo, pois este último afirma apenas que o mun<strong>do</strong> externo àconsciência existe por si mesmo. A MQ revolucionou o conhecimento fisico da realida<strong>de</strong>pois a mesma era, segun<strong>do</strong> as teorias clássicas, <strong>de</strong>terminista e passou as ser probabilista.Outro pressuposto que o realismo <strong>de</strong> Einstein admitia (além <strong>de</strong> realista, ele foi um<strong>de</strong>terminista como bem atesta sua céle<strong>br</strong>e frase "Deus não joga da<strong>do</strong>s") era a localida<strong>de</strong>;a localida<strong>de</strong> é o cerne <strong>do</strong> para<strong>do</strong>xo EPR. Os experimentos <strong>de</strong> Aspect, realiza<strong>do</strong>s nadécada <strong>de</strong> oitenta, corroboraram a MQ e refutaram as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Bell. Destaforma a MO mostra que a realida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser não-<strong>de</strong>terminista (probabilista), épossivelmente não-local.BibliografiaBOHR, N. La Teoria Atómica y la Descripción <strong>de</strong> la Naturaleza. Madrid: AlianzaEditorial, 1988.BUNGE, M. Filosofia da Física. Lisboa: Edições, 1973.. Controversias en Física. Madrid: Editorial Tecnos, 1983.. Racionalidady Realismo. Madrid: Alianza Editorial, 1985.EINSTEIN, A. Notas Autobiográficas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1982.HERBERT, N. A Realida<strong>de</strong> Quântica. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Francisco Alves, 1989.LOSEE, J. Introdução Histórica à Filosofia da Ciência. São Paulo: Ed. da Universida<strong>de</strong><strong>de</strong> São Paulo, 1979.POPPER, K. R. Conjectura e Refutações. Brasilia: Ed. Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 1982.


184. A Lówca da Pesquisa Científica. São Paulo: Ed. Cultrix. 1985.. Teoria Cuántica y el Cisma en Física. Madrid: Editorial Tecnos, 1985.1987.. O Realismo e o Obietivo da Ciência. Lisboa: Publicações Dom Quixote,. 0 Universo Aberto. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1988.


IIP185EXPOSIÇÕES


187Exposição Comemorativa <strong>do</strong> Cinquentenário da Descoberta <strong>do</strong>s ChuveirosPenetrantes nos Raios CósmicosErnst Wolfgang Hamburger (IFUSP)Penha Maria Car<strong>do</strong>zo Dias (UFRJ)Eduar<strong>do</strong> A<strong>do</strong>lfo Terrazzan (IFUSP/FATEC)Entrevistas coor<strong>de</strong>nadas por Amélia I. Hamburger (IFUSP)1. Idéia Geral da Exposição2. A Concepção da Exposição3. Descrição <strong>do</strong>s Painéis4. As Entrevistas5. Confecção <strong>do</strong>s Painéis6. A Inauguração da Exposição7. Definição <strong>do</strong> Lay-out da Exposição no IFUSP8. Impressões <strong>do</strong>s Visitantes9. Roteiro da Exposição até o Momento10. Custos Aproxima<strong>do</strong>s1. Idéia Geral da ExposiçãoComemorar o cinquentenário da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um novo fenômeno da Natureza- Os "Chuveiros Penetrantes" - por Gleb Wataghin, Marcelo Damy <strong>de</strong> Souza Santos ePaulus Aulus Pompéia, na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em 1940. Essa <strong>de</strong>scoberta tornouseum marco na pesquisa em Física, em São Paulo e no Brasil.2. A Concepção da ExposiçãoPúblico Alvo:- Estudantes <strong>de</strong> graduação, principalmente das áreas <strong>de</strong> Ciências Naturais e Exatas.- Estudantes <strong>de</strong> pós-graduação, professores e pesquisa<strong>do</strong>res, principalmente das áreas <strong>de</strong>Ciências Naturais e Exatas.- Estudantes <strong>de</strong> 29 grau, principalmente em fase final <strong>de</strong> curso.


188- Público não-acadêmico com interesse na pesquisa científica.Caráter da Exposição:- Itinerante, composta <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> painéis para serem expostos em instituições <strong>de</strong>ensino e pesquisa.Organização <strong>do</strong>s Painéis:- Painéis padroniza<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma a facilitar a embalagem, o transporte e a montagem.- Tamanho <strong>do</strong>s painéis - 60 cm x 60 cm - escolhi<strong>do</strong>, principalmente, por razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>meconômica.Objetivos:- Revisão histórica da importância da <strong>de</strong>scobe rta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes", nocontexto da pesquisa em raios cósmicos no cenário científico internacional, em 1940.- Revisão histórica <strong>do</strong> papel da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes", no<strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa em Física, no Brasil.3. Descrição <strong>do</strong>s PainéisA exposição consta <strong>de</strong> 26 painéis, assim distribuí<strong>do</strong>s:. 0 - Créditos.. 1 e 2 - História da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s raios cósmicos. 3 a 7 - História <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas experimentais <strong>de</strong> pesquisa em raioscósmicos e suas conseqüências conceituais.. 8 a 13 - Descoberta <strong>de</strong> novas partículas nos raios cósmicos, <strong>do</strong> fenômeno <strong>de</strong> produçãoem cascata e <strong>do</strong> fenômeno <strong>do</strong>s chuveiros aéreos extensos.. 14 - Descoberta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes": Os a rtigos clássicos <strong>de</strong> Wataghin, Damy ePompéia.


^189. 15 a 17 - Repercussão científica <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Wataghin, Damy e Pompéia; anatureza <strong>do</strong>s chuveiros penetrantes; conseqüências <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scoberta no<strong>de</strong>senvolvimento da Física das Partículas.. 18 - Genealogia <strong>do</strong>s Raios Cósmicos: Quadro antológico, mostran<strong>do</strong> as partículas efenômenos gera<strong>do</strong>s por raios cósmicos, na atmosfera..19-Sumário. 20 e 21 - A pesquisa em partículas, após os anos 50: 0 Mo<strong>de</strong>lo Teórico Padrão.. 22 e 23 - Depoimentos: A importância <strong>de</strong> Wataghin e Occhialini, na formação <strong>de</strong> uma"Escola <strong>de</strong> Física" no Brasil .. 24 e 25 - Depoimentos: o que era fazer Física nos anos 30-40; a escolha <strong>do</strong> problema <strong>de</strong>pesquisa.4. As EntrevistasForam entrevista<strong>do</strong>s os professores Marcelo Damy <strong>de</strong> Souza Santos, PaulusAulus Pompéia, Cesar Lattes e Oscar Sala.Essas entrevistas revisitam uma época, o "fazer <strong>de</strong> um físico nos anos 40, aconstrução <strong>do</strong> problema <strong>de</strong> pesquisa (levan<strong>do</strong> à <strong>de</strong>scobe rta <strong>do</strong>s "chuveiros penetrantes"),a repercussão da <strong>de</strong>scobe rta.Elas são verda<strong>de</strong>iras reconstruções históricas <strong>de</strong> uma época, por aqueles quefizeram, e viveram, essa época, e constituem testemunhos emocion antes e encoraja<strong>do</strong>respara as novas gerações.5. Confecção <strong>de</strong> PainéisOs painéis foram confecciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as seguintes etapas:1. Esboço inicial da história <strong>do</strong>s "chuveiros penetrantes", no contexto da história <strong>do</strong>s raioscósmicos. Des<strong>de</strong> o princípio, esse esboço foi elabora<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> em vista o objetivo <strong>de</strong> sertransforma<strong>do</strong> em painéis com forte conteú<strong>do</strong> visual.2. Discussões, em equipe, para adaptar o texto aos painéis e ao público alvo.


^1903. Escolha preliminar <strong>de</strong> título, subtítulos, texto principal, textos secundários, texto<strong>de</strong>staque e figuras, para cada painel. Procura <strong>de</strong> acervo <strong>de</strong> fotos relativas ao experimento.4. Projeto gráfico realiza<strong>do</strong> por equipes <strong>de</strong> profissionais da área:4.1. Distribuição <strong>de</strong> espaços nos painéis, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a títulos, subtítulos, figuras,legendas, fotos, textos principais e secundários.4.2. Nova adaptação <strong>do</strong> texto.4.3. Escolha das fotos.5. Datilografia, diagramação, revisão final.6. Produção gráfica e fotográfica.7. Montagem <strong>do</strong>s painéis.6. A Inauguração da ExposiçãoA exposição foi inaugurada no Simpósio Comemorativo <strong>do</strong> Cinqüentenário daDescoberta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes" nos Raios Cósmicos, realiza<strong>do</strong> em 22 e 23 <strong>de</strong>outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990, no Instituto <strong>de</strong> Física da USP.7. Definição <strong>do</strong> Lay-out da Exposição no IFUSPHouve discussões entre programa<strong>do</strong>res visuais, arquitetos, autores <strong>do</strong> projeto epessoal <strong>de</strong> apoio técnico e administrativo, para, a partir <strong>do</strong> espaço disponível, organizar aexposição <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a tornar eficaz a visitação <strong>do</strong> público.S. Impressões <strong>do</strong>s VisitantesA sugestão é que sejam feitas avaliações so<strong>br</strong>e o impacto da exposição junto aopúblico alvo, nos locais em que ela for montada.9. Roteiro da Exposição até o Momento


1911. Instituto <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloSimpósio Comemorativo <strong>do</strong> Cinqüentenário da Descoberta <strong>do</strong>s Chuveiros Penetrantesnos Raios Cósmicos22 e 23 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990 - Inauguração2. Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> PernambucoSemana da Fisica05 a 09 <strong>de</strong> novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 19903. Instituto <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> Sao Carlos - USP<strong>IX</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Fisica21 a 25 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 199110. Custos Aproxima<strong>do</strong>s- Produção Fotográfica 6500 BTNs- Diagramaçáo e Produção Gráfica 4500 BTNs- Digitação 500 BTNs- Montagem <strong>do</strong>s Painéis 1000 BINsTOTAL s 12500 BTNs- Não estão computa<strong>do</strong>s os serviços <strong>de</strong> Secretaria, em parte cedi<strong>do</strong>s pelo IFUSP, e nem ashoras <strong>de</strong>dicadas pelos físicos-autores, professores <strong>do</strong> IFUSP e UFRJ.


192Exposição Comemorativa <strong>do</strong>s 85 Anos <strong>do</strong> Prof. Bernhard GrossFoi apresentada durante o <strong>IX</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física umaexposição <strong>de</strong> fotografias que havia si<strong>do</strong> preparada para a "Conferência Comemorativa <strong>do</strong>s85 Anos <strong>do</strong> Prof. Bernhard Gross" realizada no dia 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990, no Campusda USP em São Carlos. Desta exposição constavam fotografias <strong>do</strong> acervo pessoal <strong>do</strong> Prof.Gross, que registraram eventos importantes da vida <strong>de</strong>ste ilustre professor e pesquisa<strong>do</strong>r,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus primeiros trabalhos no Lago Constanza no início <strong>de</strong> sua carreira naAlemanha, até fotos recentes junto a seus colabora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Eletretos Prof.Bernhard Gross <strong>de</strong> São Carlos. Dentre os eventos <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque, po<strong>de</strong>mosmencionar as visitas <strong>do</strong>s cientistas Enrico Fermi e A.H. Compton ao Brasil, reuniões daAgência Internacional <strong>de</strong> Energia Atômica em Viena, da qual o professor Gross foidiretor por muitos anos, e simpósios internacionais em Eletretos em São Carlos no ano <strong>de</strong>1975 e em Hei<strong>de</strong>lberg, Alemanha, em 1985, comemorativos aos 70 e 80 anos <strong>do</strong> Prof.Gross, respectivamente. Apareciam também em algumas das fotografias eminentescientistas <strong>br</strong>asileiros, como o Prof. Oscar Sala e ex-colabora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Prof. Gross, queestavam presentes às solenida<strong>de</strong>s.A Conferência foi i<strong>de</strong>alizada pelo Prof. Sergio Mascarenhas e organizada peloGrupo <strong>de</strong> Eletretos Prof. Bernhard Gross, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Prof. Guilherme FontesLeal Ferreira, ten<strong>do</strong> conta<strong>do</strong> com a participação <strong>de</strong> ilustres representantes dascomunida<strong>de</strong>s acadêmica e cientifica <strong>do</strong> pais. A conferência consistiu <strong>de</strong> duas sessões. Naparte da manhã houve exposição <strong>do</strong>s principais trabalhos em seleção organizada ecomentada pelo próprio Professor, além das fotos históricas <strong>de</strong> sua coleção. Nem mesmoo fato <strong>do</strong> mal súbito (provavelmente causa<strong>do</strong> por super-<strong>do</strong>se <strong>de</strong> ascaricida) ter impedi<strong>do</strong>sua presença à sessão da tar<strong>de</strong> - substituí<strong>do</strong> com elegância e simplicida<strong>de</strong> por sua esposa,D. Gertru<strong>de</strong> Karoline Gross, tirou o <strong>br</strong>ilho <strong>de</strong>sta solenida<strong>de</strong> tão rica em teor humano.Quem é o Prof. Bernhard GrossO Professor Bernhard Gross nasceu em Stuttgart, na Alemanha, em 1905.Chegou ao Brasil em 1933 e já em 1935 solicitou a cidadania <strong>br</strong>asileira, ten<strong>do</strong> inclusiveabdica<strong>do</strong> da alemã. Procurou interagir com os físicos <strong>br</strong>asileiros da l a geração, quecomeçaram a aparecer, como Costa Ribeiro, Plinio Sussekind Rocha, Mario Schemberg,A<strong>br</strong>ahão <strong>de</strong> Morais, Marcelo Damy <strong>de</strong> Souza Santos e outros mais. Trabalhan<strong>do</strong> noInstituto <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Tecnologia e na Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral, no Rio <strong>de</strong>Janeiro, na década <strong>de</strong> 1930, o Prof. Gross foi o precursor da Física Experimental noBrasil.Os seus 60 anos <strong>de</strong> trabalho científico trouxeram enormes contribuições para aciência <strong>br</strong>asileira e mundial, o que lhe proporcionou um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> prêmios e


193honrarias que incluem: a Menção Honrosa Houssay da Organização <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sAmericanos (OEA), título <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o Emérito da American Physical Society, daAca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Ciências, da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo e daAca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências da América Latina, prêmios Guggenheim e Whitehead, DoutorHonoris Causa da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Darmstadtna Alemanha. Dois simpósios foram organiza<strong>do</strong>s em sua homenagem. Um em São Carlos,em 1975 e outro em Hei<strong>de</strong>lberg, Alemanha em 1985, este último organiza<strong>do</strong> pelo Instituteof Eletrical and Eletronics Engineers (IEEE).Uma característica marcante da carreira <strong>do</strong> Prof. Gross é o fato <strong>de</strong> tertrabalha<strong>do</strong>, com muito sucesso, tanto em Física Experimental como Teórica, em diversasáreas como: Raios Cósmicos, Absorção Dielétrica, Viscoelasticida<strong>de</strong>, Resposta <strong>de</strong>Sistemas Lineares e função <strong>de</strong>lta, Dosimetria à Compton, Fall-out induzi<strong>do</strong> por explosõesnucleares, Dielétricos e folhas <strong>de</strong> polímeros irradia<strong>do</strong>s por partículas carregadas,Desenvolvimento <strong>do</strong> Trio<strong>do</strong> <strong>de</strong> Corona e <strong>de</strong> um Acelera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Elétrons <strong>de</strong> baixa energia.Os três últimos temas foram integralmente <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s aqui em São Carlos, para on<strong>de</strong>o Prof. Gross veio em mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 1970.A produção científica <strong>do</strong> Professor é riquíssima, tanto em qualida<strong>de</strong> como emquantida<strong>de</strong>, cujos resulta<strong>do</strong>s mais importantes são:- "Transformação <strong>de</strong> Gross", no campo da radiação cósmica.- Teoria <strong>de</strong> eletretos e interpretação <strong>do</strong> fenômeno da homocarga.- Relações integrais na teoria da viscoelasticida<strong>de</strong>.- Primeira publicação na literatura internacional so<strong>br</strong>e a presença <strong>de</strong> partículas"quentes" (<strong>de</strong> alta ativida<strong>de</strong>), no fall-out radioativo. Primeiras medidas <strong>de</strong> fall-outradioativo na América Latina.- Armazenamento <strong>de</strong> cargas elétricas por bombar<strong>de</strong>io <strong>de</strong> dielétricos sóli<strong>do</strong>s porraios gama e elétrons. Produção <strong>de</strong> eletretos por radiação.- Teoria geral da resposta linear <strong>do</strong>s circuitos elétricos.- Descoberta da corrente "Compton" produzida pela absorção <strong>de</strong> raios gama econstrução <strong>de</strong> um <strong>do</strong>simetro basea<strong>do</strong> neste efeito, patentea<strong>do</strong> no Brasil, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>se Alemanha, aparelhos <strong>de</strong>ste tipo são utiliza<strong>do</strong>s em larga escala pela comissão <strong>de</strong> EnergiaAtômica <strong>do</strong>s EUA.


194Frutos <strong>de</strong>stes trabalhos originaram cerca <strong>de</strong> 200 artigos publica<strong>do</strong>s, monografiaspara quatro livros e uma centena <strong>de</strong> conferências proferidas em instituições <strong>br</strong>asileiras eestrangeiras (Alemanha, Áustria, Inglaterra, Canadá, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Argentina).Mais importante ainda, para nós que trabalhamos com o Professor Gross, é asua permanente disposição <strong>de</strong> cooperar com o nosso <strong>de</strong>senvolvimento científico eintelectual através <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> pesquisa, com sagacida<strong>de</strong>, conduzi<strong>do</strong> no campo <strong>de</strong> suaexperiência.Para mais <strong>de</strong>talhes so<strong>br</strong>e a vida e o<strong>br</strong>a <strong>do</strong> Professor Gross, vi<strong>de</strong> a interessanteentrevista <strong>do</strong> Prof. Gross publicada na Ciência Hoje (vol. 4, n° 22, p. 74, 1986) e artigo <strong>do</strong>Prof. Sergio Mascarenhas, "Perfil <strong>de</strong> Um Gran<strong>de</strong> Cientista: Bernhard Gross", na Ciência eCultura, 34, n° 10, p. 1366, 1982).Texto prepara<strong>do</strong> pelo Prof. Osval<strong>do</strong> N. Olive ira Jr., que agra<strong>de</strong>ce a colaboração <strong>do</strong> Prof.Guilherme Fontes Leal Ferreira.Instituto <strong>de</strong> Física e Química <strong>de</strong> São Carlos, USP


SEÇÃO DE COMUNICAÇÕES COORDENADAS195


197Relatos Regionais das Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> FísicaA organização <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF teve a iniciativa <strong>de</strong> apresentar um levantamento dasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física que estão em <strong>de</strong>senvolvimento no País, pelasUniversida<strong>de</strong>s, Secretarias <strong>de</strong> Educação, Secretarias Regionais da SBF e/ou Sindicatos <strong>de</strong>Professores. O perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1988 a 1990.Foram convida<strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> diferentes regiões <strong>do</strong> País, para que fizessemos respectivos levantamentos, montan<strong>do</strong> ao final um quadro completo <strong>do</strong> Pais. São eles:1) Edilson Duarte <strong>do</strong>s Santos (UFPa) .Esta<strong>do</strong>s: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Maranhão, Piaui.2) Alexandre Na<strong>de</strong>r (UFPb)Esta<strong>do</strong>s: Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia.3) Deise Miranda Vianna (UFRJ) - coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>raEsta<strong>do</strong>s: Rio <strong>de</strong> Janeiro e Espírito Santo4) Arjuna Casteli Panzera (UFMG)Esta<strong>do</strong>: Minas Gerais5) Anna Maria Pessoa <strong>de</strong> Carvalho (USP)Esta<strong>do</strong>: São Paulo6) José <strong>de</strong> Pinho Alves Filho (UFSC)Esta<strong>do</strong>s: Paraná, Santa Catarina e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul7) Abílio Camilo Fernan<strong>de</strong>s NetoEsta<strong>do</strong>s: Mato Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Goiás, Tocantins, Rondônia e DistritoFe<strong>de</strong>ral.Como to<strong>do</strong> levantamento proposto, há sempre a dificulda<strong>de</strong> em completá-lo,como sabemos. Este também teve alguns problemas, mas o empenho <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s osresponsáveis e o trabalho final po<strong>de</strong>rá nos dar uma boa informação so<strong>br</strong>e o que estáocorren<strong>do</strong> no País.Tentamos obter informações so<strong>br</strong>e os seguintes itens:1) Simpósios Regionais <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.2) Organização <strong>de</strong> Escolas <strong>de</strong> Verão e/ou Inverno para alunos <strong>de</strong> 3° ou 4° graus.3) Cursos <strong>de</strong> atualização e/ou extensão para professores <strong>de</strong> 1° e 2° graus.


1984) Programas institucionais <strong>de</strong> integração entre 1°, 2° e 3° graus.5) Produção <strong>de</strong> material didático (como vi<strong>de</strong>os, materiais para laboratório ou micros,etc).6) Divulgação científica, através <strong>de</strong> publicações <strong>de</strong> revistas, programas <strong>de</strong> rádio ou TV,etc.7) Centros <strong>de</strong> Ciência (como são estrutura<strong>do</strong>s e tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas).8) Universida<strong>de</strong>s com cursos <strong>de</strong> Física ( licenciatura, bacharela<strong>do</strong> e pós-graduação) comnúmero <strong>de</strong> alunos e professores.9) Escolas <strong>de</strong> 1° e 2° graus (quantas existem).10) Grupos <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física (como estão estrutura<strong>do</strong>s, p rincipais linhas,número <strong>de</strong> participantes).Com os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s e publica<strong>do</strong>s nos relatos a seguir é possível observar astendências existentes em ensino <strong>de</strong> Física, indicar perspectivas, buscar melhorias para oensino <strong>de</strong> Física.E interessante realçarmos uma carência no número <strong>de</strong> alunos na graduação emFísica, tanto no bacharela<strong>do</strong> quanto na licenciatura. Po<strong>de</strong>-se obse rvar que os professoresdas diferentes lES têm procura<strong>do</strong> manter algum programa <strong>de</strong> integração com os <strong>de</strong> 1 0 e2° graus ou produção <strong>de</strong> material didático, pois to<strong>do</strong>s sabemos da atual situação criticaeducacional.E difícil observar uma ligação mais estreita entre o SNEF e os encontrosregionais <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Física.ESTADO DO RIO DE JANEIRO E ESPÍRITO SANTOResponsável: Deise Miranda ViannaSepararemos as informações por instituições, já que são várias nesta região.a) Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroConta com 65 professores, oferecen<strong>do</strong> curso <strong>de</strong> licenciatura e bacharela<strong>do</strong>, com161 alunos. Mantém Colégio <strong>de</strong> Aplicação. Desenvolveu no perio<strong>do</strong> 8 cursos <strong>de</strong> extensãocom cerca <strong>de</strong> 90 participantes.b) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroOferece curso <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong>, licenciatura, mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, com 116professores, com cerca <strong>de</strong> 280 alunos <strong>de</strong> graduação e 40 na pós-graduação. Tem um


199Colégio <strong>de</strong> Aplicação com um Clube <strong>de</strong> Ciências. Mantém um Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, com 7 professores, produzin<strong>do</strong> material didático e material para ensinousan<strong>do</strong> micro-computa<strong>do</strong>res. Desenvolve as linhas <strong>de</strong> pesquisa em ensino <strong>de</strong> Física:formação permanente <strong>do</strong> professor enfocan<strong>do</strong> os aspectos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento científicoe tecnológico no contexto sócio-histórico e a transferência <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s da pesquisa paraa sala <strong>de</strong> aula e a informática aplicada ao ensino. Faz parte <strong>do</strong> Projeto Fundão(SPEC/CAPES). Seus professores apresentam palestras ou seminários em diferenteslugares, para divulgação da Ciência.c) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral FluminenseMantém 110 professores em cursos <strong>de</strong> licenciatura e bacharela<strong>do</strong> com 180alunos e pós-graduação com mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> com 25 alunos. Mantém o grupo <strong>de</strong>pesquisa em ensino <strong>de</strong> Física, com 13 professores, na área <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimentofísico com a contribuição da Psicologia Construtivista, da Filosofia e Histó ria da Ciência,das Teorias Psicanalíticas e da Sociologia da Educação. Mantém o programa CiênciaAtiva na Escola (<strong>do</strong> PADCF/CAPES). Seus professores tem realiza<strong>do</strong> palestras eapostilas para divulgação científica e já realizaram cerca <strong>de</strong> 13 cursos <strong>de</strong> especializaçãocom cerca <strong>de</strong> 600 participantes.d) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroMantém curso <strong>de</strong> licenciatura em Física e grupo <strong>de</strong> pesquisa em ensino <strong>de</strong>Física com 2 professores, na área <strong>de</strong> Metrologia Ativa para 1° e 2° graus, para o <strong>Ensino</strong><strong>de</strong> Ciências. Desenvolve programa intenso <strong>de</strong> integração com 1° e 2° graus, com cerca <strong>de</strong>18 cursos para 400 professores. Apresenta seminários e conferências para divulgaçãocientífica, e com publicação <strong>de</strong> 4 livros.e) Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica - RJTem 36 professores, para curso <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong> com 21 alunos e para pósgraduaçãocom mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> com 34 alunos. Mantém integração com colégio <strong>de</strong>2° grau, com cursos <strong>de</strong> atualização. Apresenta diversas publicações, artigos em jornais erevistas para divulgação científica.f) Centro <strong>de</strong> Ciências - RJEstá vincula<strong>do</strong> a Secretaria <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.Desenvolve pesquisa em ensino, manten<strong>do</strong> 2 professores vincula<strong>do</strong>s. Desenvolve cursos<strong>de</strong>: formação continuada para professores <strong>de</strong> 1° e 2° graus, Informática da Educação eFísica Mo<strong>de</strong>rna, ten<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 350 participantes. Produz mate riais didáticospara laboratório, vi<strong>de</strong>o e micros e jogos. Mantém um Clube <strong>de</strong> Ciências para 1° grau.


200g) Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas - RJEstá vincula<strong>do</strong> ao CNPq e mantém curso <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> com cerca<strong>de</strong> 90 alunos por semestre. Conta com uma área <strong>de</strong> Informação Científica que tem umcadastro <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Graduação e Pós-Graduação em Física, com informações so<strong>br</strong>eto<strong>do</strong>s os cursos existentes no País.h) Espaço Ciência Viva - RJMantém ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação científica para 1° e 2° graus, oferecen<strong>do</strong>cursos, material didático. Mantém programas <strong>de</strong> interação com 1° e 2° graus e com oCentro <strong>de</strong> Ciências.i) SBF - Regional RIRealizou a I Escola <strong>de</strong> Verão para Licencian<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro com cerca <strong>de</strong>30 participantes, apresentan<strong>do</strong> os grupos <strong>de</strong> pesquisa em ensino <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro e palestras em Física <strong>de</strong> fronteira.j) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Espírito SantoMantém curso <strong>de</strong> graduação com licenciatura e bacharela<strong>do</strong> com 91 alunos e 30professores. Breve <strong>de</strong>verá ter pós-graduação e manter um grupo <strong>de</strong> pesquisa em ensino<strong>de</strong> Física. Desenvolve projeto <strong>de</strong> extensão na área <strong>de</strong> Astronomia, com a AssociaçãoAstronômica Galileu Galilei, com observações astronômicas o rientadas, 4 cursos <strong>de</strong>atualização para professores <strong>de</strong> 1° grau, monitores e em fundamentos <strong>de</strong> Astronomia comcerca <strong>de</strong> 175 participantes.A UFES colaborou na criação <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> Vitória, que temParque da Ciência, Casa <strong>do</strong> Café, Centro <strong>de</strong> Informática Educacional, Planetário, CentroEcológico, Observatório Astronômico.REGIÃO SULResponsável: José <strong>de</strong> Pinho Alves Filho1) Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná


^201a) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> ParanáTem curso <strong>de</strong> licenciatura e bacharela<strong>do</strong> com 240 alunos e pós-graduação com22. ao to<strong>do</strong> são 26 professores.Realizou o 6° Concurso Paranaense <strong>de</strong> Física para alunos <strong>de</strong> 2° grau <strong>de</strong>Curitiba, e também palestras voltadas a melhoria <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> 2° grau.b) Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> LondrinaMantém curso <strong>de</strong> licenciatura e bacharela<strong>do</strong> com 115 alunos e pós-graduação(lato senso) em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física com 10 alunos. O número <strong>de</strong> professores é 35.Realizou o 6° Simpósio Sul-Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências com cerca <strong>de</strong> 4.000participantes, a 1' Escola <strong>de</strong> Filosofia, História das Ciências e Tecnologia para alunos <strong>do</strong>3° grau e o 1° Curso <strong>de</strong> Inverno <strong>de</strong> Física para alunos e professores <strong>do</strong> 2° grau.Mantém Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, com 6 participantes, nas linhas<strong>de</strong> investigação teórica e experimental para compreensão <strong>do</strong> processo ensinoaprendizagem,formação <strong>do</strong> professor em serviço e investigação histórica e filosófica daciência.2) Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarinaa) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa CatarinaMantém curso <strong>de</strong> graduação em licenciatura e bacharela<strong>do</strong> com 120 alunos, pógraduaçãocom 17 alunos e com 60 professores.Além <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> materiais didáticos e ví<strong>de</strong>os para alunos e professores <strong>de</strong>1° e 2° graus, mantém a publicação <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.O Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física conta com 15 professores<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> os projetos: o ensino da dinâmica através <strong>de</strong> uma abordagemconstrutivista e instrumentação para o ensino <strong>de</strong> Ciências.3) Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sula) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> SulTem 75 professores, curso <strong>de</strong> licenciatura e bacharela<strong>do</strong> com 147 alunos e 90alunos no mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>.


NIP202Desenvolve produção <strong>de</strong> materiais didáticos para escolas <strong>de</strong> 1° e 2° graus, assimcomo materiais para micros e vi<strong>de</strong>os para o ensino <strong>de</strong> Física. Mantém o Boletim GEP,<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Atualização em Serviço para Professores <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>Médio, promoven<strong>do</strong> mini-cursos <strong>de</strong> atualização (cerca <strong>de</strong> 12).b) Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa MariaTem curso <strong>de</strong> licenciatura com cerca <strong>de</strong> 100 alunos, e pós-graduação(especialização) com 9 alunos e 34 professores.Produz material para laboratório para as escolas <strong>de</strong> 2° grau da região, temprogramas institucionaliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> integração 1°, 2° e 3° graus. Realizou o III EncontroRegional <strong>de</strong> Atualização em Física com 241 participantes, entre professores <strong>de</strong> 1°, 2° e 3°graus e estudantes, além <strong>de</strong> seminários e palestras <strong>de</strong> divulgação.Mantém um Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, com 3 professores, na área<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> material didático.c) Foram também realiza<strong>do</strong>s Encontros <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física nas cida<strong>de</strong>s: Pelotas(UFPEL), Caxias <strong>do</strong> Sul (UCS), Erechim (19 DE) e S anta Cruz <strong>do</strong> Sul (FISC).


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204REGIÃO SUDESTE - MINAS GERAISResponsável: Antonio Tarciso Borges1. Encontros e Seminários1. I Encontro Estadual <strong>do</strong>s Professores das Ciências <strong>de</strong> Minas GeraisPerío<strong>do</strong>: 27/fev. a 03/mar/89Promoção: UTE - União <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>N° <strong>de</strong> Participantes: 500 professores2. Seminários <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasPerío<strong>do</strong>: Todas as sextas-feiras, a partir <strong>de</strong> mar/90Promoção: CECIMIG/Setor Física-Coltec/UFMGN° Participantes: 40 professores/seminário3. Seminários <strong>de</strong> Integração InterinstitucionalPerío<strong>do</strong>: Foram realiza<strong>do</strong>s 4 seminários em 1989 e 2 em 1990Promoção: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais/UFMG. Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto/UFOP e Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora/UFJFN° Participantes: 40 professores/seminário4. I Ciclo <strong>de</strong> Debates so<strong>br</strong>e <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências e Matemática para Professores <strong>do</strong> 1° Grau<strong>de</strong> Viçosa e RegiãoPerío<strong>do</strong>: Mar/90Promoção: NEICIM/UFVII. Pós-Graduação


2051. Curso <strong>de</strong> Especialização em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasModalida<strong>de</strong>s: Física, Química, Biologia e Ciências (1° grau)Data <strong>de</strong> criação: 22/nov/90Início <strong>de</strong> funcionamento: mar/91, iniciand o-se a implantação pela modalida<strong>de</strong>FísicaN° <strong>de</strong> vagas: 15 vagas por modalida<strong>de</strong>.OBS.: Está em estu<strong>do</strong> a implantação, em 1991, <strong>de</strong> um Curso <strong>de</strong> Especialização em <strong>Ensino</strong><strong>de</strong> Ciências na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora (UFJF).III. Centros <strong>de</strong> Ciências e Museus1. CECIMIG - Centro <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências e MatemáticaInstituição: UFMGHistórico: Cria<strong>do</strong> em 1965, através <strong>de</strong> convênio MEC/UFMG, o CECIMIG foiincorpora<strong>do</strong> à estrutura da UFMG como órgão complementar vincula<strong>do</strong> àFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação, em 17/<strong>de</strong>z/87, por <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Conselho Universitário.2. NEC - Núcleo <strong>de</strong> Educação CientificaInstituição: UFJFHistórico: A EPAEC-Equipe <strong>de</strong> Pesquisa e Apoio ao <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências, criadaem 1983, institucionalizou-se como Núcleo <strong>de</strong> Educação Científica da Faculda<strong>de</strong><strong>de</strong> Educação da UFJF, em 1989.3. NEICIM - Núcleo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências e MatemáticaInstituição: UFV - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>r al <strong>de</strong> ViçosaHistórico: O NIECIM é o resulta<strong>do</strong> da incorporação à estrutura da UFV, em1990, <strong>do</strong> PIECIM-Programa Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências e Matemática.4. Museu <strong>de</strong> Ciência e TécnicaInstituição: Socieda<strong>de</strong> Museu Ciência e TécnicaHistórico: Cria<strong>do</strong> em 1989, nos mesmos mol<strong>de</strong>s e com os mesmos objetivos daEstação Ciência <strong>de</strong> São Paulo encontra-se em fase <strong>de</strong> implantação no Museu <strong>de</strong>História Natural da UFMG.


2065. Núcleo <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> Minas GeraisInstituição: UTE-União <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>Histórico: Cria<strong>do</strong> durante o I Encontro Estadual <strong>do</strong>s Professores das Ciências<strong>de</strong> MG, em 1989.IV. Publicações1. Revista "Ciência em Foco"Instituição: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa - UFVResponsável: Conselho <strong>de</strong> Extensão/Neicim-Núcleo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong>Ciências e Matemática2. Boletim da "Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apoio à Educação Científica"Instituições: UFMG, UFJF e UFOPResponsável: Comitê Administrativo da "Re<strong>de</strong>"Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r. Prof. Arthur Eugênio Q. Gomes.V. Feiras <strong>de</strong> Ciências e Exposições1. "Física Para To<strong>do</strong>s Através <strong>de</strong> Expe riências"Instituição: UFMG/Centro CulturalPromotores: Depto. <strong>de</strong> Física/ICEx, UTE-União <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>;SINPRO-Sindicato <strong>do</strong>s Professores <strong>de</strong> Minas GeraisPerío<strong>do</strong>: 04 a 08/junho/1990.Cerca <strong>de</strong> 7.000 visitantes.2. I Feira <strong>de</strong> CiênciasInstituição: UFVPromotores: NEICIM-Núcleo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências e MatemáticaPerío<strong>do</strong>: out/89.


2073. II Feira <strong>de</strong> CiênciasInstituição: UFVPromotores: NEICIM-Núcleo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências e MatemáticaPerio<strong>do</strong>: out/90VI. Projetos <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> e Pesquisa1. Instituição: UFMGa) Projeto <strong>de</strong> Assessoria aos Professores <strong>de</strong> Ciências da Re<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><strong>Ensino</strong>Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r: Prof. Paulo <strong>de</strong> OliveiraInício: mar/89Participantes: 60 professoresFinanciamento: SPEC/PADCT/CAPES/MECórgão Responsável: CECIMIGb) Projeto <strong>de</strong> Assessoria aos Professores <strong>de</strong> Ciências e Matemática da Re<strong>de</strong>Municipal <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> ContagemCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r: Prof. Oto Neri BorgesInício: mar/90Participantes: 72 professores <strong>de</strong> Ciências e 78 professores <strong>de</strong> MatemáticaTotal: 150 professoresFinanciamento: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> ContagemÓrgão Responsável: CECIMIGc) Projeto ExploratoriumObjetivo: criação <strong>de</strong> um museu interativo <strong>de</strong> CiênciasCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r. Prof. Dácio Guimarães <strong>de</strong> MouraInício: mar/89Financiamento: SPEC/PADCT/CAPES/MECÓrgão Responsável: CECIMIG


2082. Instituições: UFMG, UFJF, UFOPa) Projeto <strong>de</strong> Integração InterinstitucionalCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r: Prof. Arthur Eugênio Q. GomesInício: jan/89Financiamento: SPEC/PADCT/CAPES/MECVil. Grupos <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> FísicaOs grupos <strong>de</strong> pesquisa e extensão em ensino <strong>de</strong> Ciências, em MG, estão liga<strong>do</strong>sao NEC/UFJF, NEICIM/UFV e CECIMIG/UFMG, aos quais já nos referimos no itemIII <strong>de</strong>ste relatório.O NEC/UFJF vem trabalhan<strong>do</strong> com <strong>do</strong>is temas principais: a) meto<strong>do</strong>lo gia <strong>do</strong>ensino experimental <strong>de</strong> Ciências e b) Ciência integrada; o NEICIM/UFV vemproduzin<strong>do</strong> materiais para o ensino experimental <strong>de</strong> Ciências; o CECIMIG/UFMG vem<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> várias linhas: a) mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores em serviço, b)conceitos espontâneos em Ciências, c) jogos pedagógicos e d) abordagem construtivista<strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências.REGIÃO SUDESTE - SÃO PAULOResponsável: Anna Maria Pessoa <strong>de</strong> CarvalhoApresentaremos os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> os tópicos propostos naintrodução <strong>de</strong>ste trabalho.1. Simpósios Regionais <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> FísicaNão houve nenhum simpósio regional.


2042. Escolas <strong>de</strong> Verão e/ou Inve rnoA Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da USP, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> projeto BID/USP, organizou a IEscola <strong>de</strong> Verão para Professores <strong>de</strong> Prática <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências (Fisica, Química eBiologia) que se realizou <strong>de</strong> 19 a 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1990 e teve a participação <strong>de</strong> 48<strong>do</strong>centes <strong>de</strong> 15 unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas.3. Cursos <strong>de</strong> Atualização e/ou Extensão para Professores <strong>de</strong> 1° e 2° grausForam inúmeros os cursos <strong>de</strong> atualização e/ou extensão ofereci<strong>do</strong>s nesses trêsanos (1988 a 1990).Preferimos catalogar as instituições que sistematicamente oferecem cursos aosprofessores <strong>de</strong> 1° e 2° graus.Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP):- Instituto <strong>de</strong> Física (IF)- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação (FE)- Instituto <strong>de</strong> Fisica e Química <strong>de</strong> São Carlos/USP: Centro <strong>de</strong> DivulgaçãoCientífica e Cultural - CDCCUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas (UNICAMP)- Instituto <strong>de</strong> Fisica- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> EducaçãoUniversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo (UNESP)- Campus <strong>de</strong> Rio ClaroSecretaria <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo - Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s eNormas Pedagógicas (CENP)4. Programas Institucionais <strong>de</strong> Integração <strong>de</strong> 1°. 2° e 3° Graus.- Re<strong>de</strong> RIPEC/CAPES - pa rticipam os grupos <strong>de</strong> Física (GREF), Química (GEPG),Matemática (CAEM) e trabalham com professores <strong>de</strong> 2° grau, magistério, dan<strong>do</strong>preferência a colégios estaduais.


210- Projeto BID/USP participam os grupos <strong>de</strong> Física (IF+FE), Química (GEPG),Matemática (CAEM)- PCE - Programa Ciência Educação/IFUSP- Re<strong>de</strong> SINEC - Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Núcleos <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências - pa rticipan<strong>do</strong> osnúcleos da USP (campus <strong>de</strong> São Paulo, São Carlos e Ribeirão Preto) UNICAMP eUNESP- Projeto Reorientação Curricular - projeto da USP em convênio com a SecretariaMunicipal <strong>de</strong> São Paulo.- UNICAMP - Núcleo Interdisciplinar para a Melho ria <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências.- PUC/SP - Feiras <strong>de</strong> Ciências para as escolas <strong>de</strong> 2° grau.5. Produção <strong>de</strong> Material DidáticoUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo:- Instituto <strong>de</strong> Física/USP: Exposições, Vi<strong>de</strong>os e Experimentoteca- Instituto <strong>de</strong> Física e Química <strong>de</strong> São Carlos/USP: CDCC - Experimentoteca eVí<strong>de</strong>os- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação/USP - Coleção <strong>de</strong> textos: Pesquisa para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Ciências (5 volumes)- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Ciên cias e Letras <strong>de</strong> Ribeirão Preto - material paraCiênciasUNESP/ Rio Claro - produção <strong>de</strong> material didático para os laboratórios <strong>do</strong>curso básico (Física Geral e Experimental)6. Divulgação Científica, através <strong>de</strong> publicações <strong>de</strong> revistas, programas <strong>de</strong> rádios ou TVSBF - Revista <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> FísicaSBPC/USP/CECAI - Palestras Ciências aos DomingosEstação Ciên cia - PalestrasUNICAMP - Observação a Olho Nu


2117. Centros <strong>de</strong> CiênciasCentro <strong>de</strong> Treinamento <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> Ciências-CECISP pertencente aFUNBECCentro Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências - CIC- USP/SPCentro <strong>de</strong> Divulgação Científica e Cultural - CDCC-USP/São CarlosEstação Ciência/SBPCMuseu Dinâmico <strong>de</strong> Ciências - UNICAMP8. Cursos <strong>de</strong> Física8.1. Bacharela<strong>do</strong>. Licenciatura Plena e Pós-GraduaçãoUSP/IF- Curso <strong>de</strong> Licenciatura e Bacharela<strong>do</strong> em Física;- Pós-Graduação em Nível <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> e Doutora<strong>do</strong> em Física e Mestra<strong>do</strong> em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física (este em convênio com a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação).USP/IFQSC- Cursos <strong>de</strong> Licenciatura e Bacharela<strong>do</strong> em Física e Pós-Graduação em Física em nível <strong>de</strong>mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>.UNICAMP- Cursos <strong>de</strong> Licenciatura e Bacharela<strong>do</strong> em Física. Pós-Graduação em nível <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> e<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Física (I.F.);- Pós-Graduação em Educação - Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> - Sub-área em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física eCiências (F.E.).UFSCar- Cursos <strong>de</strong> Licenciatura e Bacharela<strong>do</strong> em Física e Pós-Graduação em nível <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Física.8.2. Bacharela<strong>do</strong> e Licenciatura PlenaUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mogi das CruzesUNESP - Instituto <strong>de</strong> Geociências e Ciências Exatas (Rio Claro)PUC/SP - Cursos <strong>de</strong> Licenciatura e Bacharela<strong>do</strong> em Física.Universida<strong>de</strong> Mackenzie


2128.3. Licenciatura PlenaUNESP - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenha ria <strong>de</strong> GuaratinguetáUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> TaubatéUNESP - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> Bauru8.4 Licenciatura em Ciências com Habilitação em FísicaFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Letras <strong>de</strong> AvaréFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> BarretosUnião das Faculda<strong>de</strong>s FrancanasCentro Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Supe rior "Farias Brito"Faculda<strong>de</strong> "Auxilium" <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e LetrasFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências, Letras e Educação <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nteFaculda<strong>de</strong> Riopretense <strong>de</strong> Filosofia Ciências e LetrasCentro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Superiores <strong>do</strong> CarmoUniversida<strong>de</strong> Santa Cecilia <strong>do</strong>s Ban<strong>de</strong>irantesFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Aplicadas <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Campos9. Escolas <strong>de</strong> 2° GrauNa re<strong>de</strong> estadual: 350Professores <strong>de</strong> Física estáveis da re<strong>de</strong> estadual: cerca <strong>de</strong> 70010.Grupos <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física10.1. USP - Instituto <strong>de</strong> Física (da<strong>do</strong>s retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s -Departamento <strong>de</strong> Física Experimental)


213a. Renovação <strong>de</strong> Conteú<strong>do</strong>s e Formação <strong>de</strong> ProfessoresPesquisa<strong>do</strong>res:Luiz Carlos <strong>de</strong> MenezesMaria Regina D. KawamuraYassuko HosoumeJoão ZaneticÁreas <strong>de</strong> trabalho:- A Física elementar e a formação <strong>de</strong> . professores- A Física na escola média e a formação <strong>de</strong> professor- A Física nas licenciaturas: um panorama <strong>br</strong>asileiro- Epistemologia, História e Cultura <strong>de</strong> Físicab. Programa Ciência EducaçãoPesquisa<strong>do</strong>res:Ernst W. HamburgerAmélia I. HamburgerJosé Carlos SartorelliPenha Car<strong>do</strong>so Dias (UFRJ)Norberto Car<strong>do</strong>so FerreiraÁreas <strong>de</strong> trabalho:- Elaboração <strong>de</strong> projetos e protótipos <strong>de</strong> material instrucional (audiovisual, experimento,textos) em to<strong>do</strong>s os níveis <strong>de</strong> ensino- Divulgação científica- Atualização e aperfeiçoamento <strong>de</strong> professor da re<strong>de</strong> oficial- Pesquisa interdisciplinar <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das ativida<strong>de</strong>s realizadas junto aos professores- Organização e coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> exposições- Oficina <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>oc. Pesquisa com Instrumentação para o <strong>Ensino</strong>Pesquisa<strong>do</strong>r: Norberto Car<strong>do</strong>so FerreiraÁreas <strong>de</strong> trabalho:- Pesquisa em Instrumentação para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física e suas relações com outros setores<strong>de</strong> pesquisa: História da Ciência, Conceitos Espontâneos, Resoluções <strong>de</strong> Problemas, etc...


214- A utilização <strong>do</strong> vi<strong>de</strong>o no ensino <strong>de</strong> Física- O lúdico no ensino <strong>de</strong> Física- História e o ensino <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>- O ensino <strong>de</strong> Física no 1° graue. Tecnologia da Educação Aplicada ao Processo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>/Aprendizagem <strong>de</strong> FísicaPesquisa<strong>do</strong>r: Cláudio Zaki DibÁreas <strong>de</strong> trabalho:- Estu<strong>do</strong>s e pesquisas relativas à aplicação das propostas <strong>de</strong> Te cnologia Educacional noaprimoramento <strong>do</strong> processo ensino/aprendizagem <strong>de</strong> Físicaf. Concepções Alternativas em FísicaPesquisa<strong>do</strong>res:Alberto VillaniJesuina Lopes Almeida PaccaÁreas <strong>de</strong> trabalho:- Pesquisa so<strong>br</strong>e gênese e <strong>de</strong>senvolvimento das concepções alternativas em Física e asestratégias <strong>de</strong> mudanças conceituais- Atualização <strong>de</strong> professor em serviço e revisão da prática <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Física: cursos eprodução <strong>de</strong> material- Elaboração <strong>de</strong> estratégias para mudança conceitual no contexto <strong>de</strong> colisões- Estu<strong>do</strong> e análise critica so<strong>br</strong>e a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> respostas nas pesquisas <strong>de</strong>concepções espontâneas-Revisão <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> ensino <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau: subsídios para umprograma- Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> concepções alternativas em Eletricida<strong>de</strong>, Óptica e Termologia- A teoria <strong>de</strong> Piaget e o ensino <strong>de</strong> Físicaf. Epistemologia para Formação <strong>de</strong> Professores/História da Física no BrasilPesquisa<strong>do</strong>res:Amélia Império HamburgerPenha Maria Car<strong>do</strong>so DiasÁreas <strong>de</strong> trabalho:


215- Estu<strong>do</strong>s históricos que promovam compreensão so<strong>br</strong>e a construção <strong>do</strong> conhecimentocientífico e so<strong>br</strong>e conceitos e teoria da Física- Organizar <strong>do</strong>cumentos so<strong>br</strong>e os pioneiros da Física no Brasil- A chuva cósmica e a radiação penetrante: Pesquisa Pioneira no Brasil- Projeto Luiz Freire (1896-1963) - pioneiro da ciência no Brasil- Programa <strong>de</strong> pesquisa em Epistemologia da Física- Publicações <strong>de</strong> entrevistas e <strong>de</strong>bates <strong>de</strong> físicas <strong>br</strong>asileiras10.2. USP - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educaçãoa. Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física e Matemática da FEUSPPesquisa<strong>do</strong>res:Anna Maria Pessoa <strong>de</strong> CarvalhoDirceu da Silva (Escola <strong>de</strong> Aplicação)Manoel Oriosval<strong>do</strong> <strong>de</strong> MouraRuth Ribas Itacarambi (escola <strong>de</strong> Aplicação)Áreas <strong>de</strong> trabalho:- O conhecimento físico nas primeiras séries <strong>do</strong> primeiro grau- A construção <strong>do</strong> conhecimento em sala <strong>de</strong> aula- A psicogênese <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> Física- O <strong>de</strong>senvolvimento histórico <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> Física- A história da Física no ensino <strong>de</strong> Física- A resolução <strong>de</strong> problemas em Física e em Matemática- Alfabetização matemáticab. A Interdisciplinarida<strong>de</strong> Ciências e Linguagens e a Formação <strong>do</strong> ProfessorPesquisa<strong>do</strong>res:Hercília Tavares <strong>de</strong> MirandaMoacyr Ribeiro <strong>do</strong> Valle FilhoÁreas <strong>de</strong> trabalho:- Pesquisa so<strong>br</strong>e a interdisciplinarida<strong>de</strong> Ciências e Linguagem nos anos iniciais <strong>de</strong>escolarização visan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> professores e a produção <strong>de</strong> material instrucional.Contribuição da psicogênese <strong>de</strong> conceitos elementares <strong>de</strong> ciências à elaboração <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s didáticas.- Pesquisa so<strong>br</strong>e a função e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> registros vi<strong>de</strong>ográficos na Educação.


216103. PUC/SPIniciação CientificaPesquisa<strong>do</strong>r: Anii<strong>de</strong>s CafagneÁreas <strong>de</strong> trabalho:- O ensino <strong>de</strong> Física no magistério oficial- Abordagem conceitual <strong>do</strong>s projetos PSSC e Harvard10.4. UNICAMPGrupo <strong>de</strong> Educação em Física e CiênciasPesquisa<strong>do</strong>res:Decio PachecoMaria José P.M. <strong>de</strong> AlmeidaÁreas <strong>de</strong> trabalho:- Recuperação e análise <strong>de</strong> pesquisas em ensino <strong>de</strong> Ciências e Física (1° e 2° graus)- Problemas e experimentação no ensino <strong>de</strong> Física e Ciências (1° e 2° graus)- Ações e representações no ensino <strong>de</strong> Física e Ciências (1°, 2° e 3° graus)- Leitura e linguagem matemática no ensino <strong>de</strong> Física- Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> relações entre a produção científico-tecnológica e o ensino <strong>de</strong> Física- Análise da influência <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da interação escolar na formação <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Física- A formação <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Física em serviço.


g•217PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISFORMAÇÃO DE PROFESSORES


219Painéis"Uma Prática <strong>de</strong> Ciências no Curso <strong>de</strong> Magistério"Moacyr MarranghelloO Trabalho1. Como surgiu:Nos cursos <strong>de</strong> magistério quan<strong>do</strong> é coloca<strong>do</strong> no currículo uma disciplina <strong>de</strong>ciências, normalmente, pelo que se tem visto em algumas escolas aqui em Porto Alegre,pega-se algum livro <strong>de</strong> oitava e/ou sétima série <strong>do</strong> primeiro grau e <strong>de</strong>senvolve-se oconteú<strong>do</strong> ali existente. Quan<strong>do</strong> nos foi oferecida a disciplina "Ciências Físico-Químicas" aser ministrada no curso <strong>de</strong> magistério na segunda série, imediatamente aceitamos,imaginan<strong>do</strong> que po<strong>de</strong>riamos, <strong>de</strong> alguma maneira, auxiliar as alunas a enxergar a ciência<strong>de</strong> uma maneira mais crítica e não tão fantástica.Começamos logo a imaginar uma maneira <strong>de</strong> introduzir um conteú<strong>do</strong> que fossea<strong>br</strong>angente o suficiente para que pu<strong>de</strong>ssemos trabalhar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma seqüência queaproveitasse o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> no ano anterior. - E importante nesse momentocomentar rapidamente o trabalho realiza<strong>do</strong> no primeiro ano <strong>do</strong> curso magistério. Poruma opção <strong>de</strong>ssa Escola e <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>cente da mesma, estamos nos empreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> poruma caminhada conjunta pelas sinuosas estradas <strong>de</strong> uma Educação EvangélicoLiberta<strong>do</strong>ra. Essa opção fez com que repensássemos, há algum tempo, o ensino da Físicacomo vinha sen<strong>do</strong> ministra<strong>do</strong> até aquela época. Resolvemos, então, por motivos psicopedagógicos- motivos esses já discuti<strong>do</strong>s em Simpósios anteriores, mais especificamentenos V SNEF (em Minas Gerais - Belo Horizonte), VI SNEF (no Rio <strong>de</strong> Janeiro - emNiterói) e VII SNEF (em São Paulo - São Paulo), com trabalhos painéis apresenta<strong>do</strong>spelo nosso grupo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s - inverter, um pouco, os conteú<strong>do</strong>s, seguin<strong>do</strong> uma linha <strong>de</strong>tempo histórica, <strong>de</strong> forma que auxiliássemos a <strong>de</strong>senvolver as habilida<strong>de</strong>s mentais básicasjunto aqs alunos. Por esse motivo na primeira série <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau fazemos uma longa,<strong>de</strong>talhada e minuciosa discussão so<strong>br</strong>e gran<strong>de</strong>zas e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medidas, o que é medir,construção <strong>de</strong> tabelas, gráficos e estabelecimento <strong>de</strong> relações simples entre duasgran<strong>de</strong>zas utilizan<strong>do</strong> experimentalmente o laboratório como elemento fundamental noprocesso ensino-experimentação-aprendizagem. Utilizamos como substrato para aprimeira série os conteú<strong>do</strong>s da hidrostática e termômetros e temperaturas.Se retomássemos o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> temperaturas po<strong>de</strong>riamos chegar até o fogo.Mas <strong>de</strong> que adiantaria chegarmos ao fogo? Começamos o ano assistin<strong>do</strong> a um filme "A


220Guerra <strong>do</strong> Fogo" on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>mos fazer uma longa discussão so<strong>br</strong>e a importância <strong>do</strong> fogoao longo <strong>do</strong>s tempos on<strong>de</strong> inevitavelmente caímos no assunto energia. Durante três mesesficamos <strong>de</strong>baten<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e o assunto energia, suas utilizações, sua extração e sua origem.Finalmente chegamos ao Sol quan<strong>do</strong> as próprias alunas concluíram ser ele a nossa únicafonte <strong>de</strong> energia. Com essa conclusão e com as discussões feitas em sala <strong>de</strong> aula as alunasforam solicitadas a escrever um texto a<strong>de</strong>quan<strong>do</strong>-o conforme o estilo particular <strong>de</strong> cadauma e ten<strong>do</strong> como título "E SE O SOL NÃO HOUVESSE?".2. A Idéia:Feito esse trabalho fizemos uma reunião para discutir, participativamente, otrabalho que suce<strong>de</strong>ria. Por iniciativa das alunas foi solicita<strong>do</strong> que se trabalhasse com ascrianças. Começamos, então, a pensar como po<strong>de</strong>ríamos envolver as crianças numtrabalho <strong>de</strong>sse tipo. E por que não fazermos experiências simples com elas? Dessa formaestaríamos resgatan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o trabalho feito na primeira série e o j5 trabalha<strong>do</strong> nasegunda. Fizemos uma pesquisa bibliográfica na biblioteca da Escola e <strong>do</strong> laboratório ecolocamos a disposição uma coleção <strong>de</strong> livros que variaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> livros didáticos <strong>de</strong>quinta série em diante até livros <strong>de</strong> enciclopédias.3. A Estratégia:Ficamos pensan<strong>do</strong> como faríamos para colocar essa idéia em prática. Erafundamental que as alunas <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> magistério tivessem um <strong>do</strong>mínio prático e teóricobastante razoável das experiências para po<strong>de</strong>r discutir com segurança e sem os errosconceituais que apareciam em alguns livros. Dessa maneira estaríamos fazen<strong>do</strong> com queas crianças <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já tivessem uma visão enxuta da ciência, sem suas distorções habituais.Foi solicitada uma pesquisa <strong>de</strong>ntre essa bibliografia oferecida e/ou outra que porventuraalguma <strong>de</strong>las tivessem em casa. Cada grupo <strong>de</strong> duas alunas <strong>de</strong>veria, a partir da pesquisafeita, apresentar em sala <strong>de</strong> aula para suas colegas no mínimo <strong>de</strong>z experiências a suaescolha, explican<strong>do</strong>-as <strong>de</strong>talhadamente. Durante quase <strong>do</strong>is meses ficamos envolvi<strong>do</strong>scom essa ativida<strong>de</strong>. Consultadas, as alunas se sentiram em condições agora <strong>de</strong> enfrentar o<strong>de</strong>safio das crianças.4.0 Trabalho:Procuramos a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra pedagógica <strong>do</strong> jardim e das séries iniciais parasolicitar um auxílio. Como po<strong>de</strong>ríamos introduzir esse trabalho junto às crianças? Foi-nossugeri<strong>do</strong> que fizessemos uma exposição <strong>de</strong> experimentos on<strong>de</strong> a criança iria inicialmenteobservar. Em segun<strong>do</strong> momento as crianças seriam convidadas a participar ativamente <strong>do</strong>


221processo, interagin<strong>do</strong> com a experiência. Fizemos uma seleção <strong>de</strong> experiênciasvisualmente bonitas, já trabalhadas com as alunas <strong>do</strong> magistério. Essas experiênciasseriam apresentadas como uma Feira para as crianças. Selecionamos uma turma <strong>de</strong>primeira e outra <strong>de</strong> quarta séries <strong>do</strong> primeiro grau para que pudéssemos fazer o trabalho.Escolhemos assim para que tivéssemos uma visão mais ampla <strong>do</strong>s menores aos maioresníveis <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> magistério. Num segun<strong>do</strong> momento as crianças voltaram aolaboratório para realizarem experiências. Nesta situação utilizamos experiências simplescom material <strong>de</strong> quinta série como: colocar um ovo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma garrafa, que<strong>br</strong>ar umvidro por variação a<strong>br</strong>upta <strong>de</strong> temperatura, flutuabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ovo utilizan<strong>do</strong> água esal, um pulmão, comprovação da existência <strong>do</strong> ar através <strong>do</strong> aquecimento <strong>do</strong> mesmo embalões numa balança hidrostática, porosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solos, etc.5. Conclusões:Feito o trabalho, as crianças foram solicitadas a fazer um relato, emitin<strong>do</strong> umparecer so<strong>br</strong>e o que foi feito. Para as alunas <strong>do</strong> magistério, por avaliações feitas em aula,o trabalho foi bastante significativo pois permitiu fazê-las interagir com o futuro <strong>de</strong>muitas <strong>de</strong>las quan<strong>do</strong> terão <strong>de</strong> encarar uma turma <strong>de</strong> crianças a lhes fazer perguntasmuitas vezes difíceis <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r. Para o grupo <strong>de</strong> professores foi uma oportunida<strong>de</strong>ímpar <strong>de</strong> trazer crianças a um laboratório <strong>de</strong> Física fazen<strong>do</strong>-as <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já encararem aciência como alguma coisa fantástica no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> beleza mas não fantástica no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> espanto e <strong>de</strong> inatingível.Licenciatura em Física: Alguns Da<strong>do</strong>sDeborah R. Farias Dias, Luís Carlos <strong>de</strong> Menezes, Sonia Salem, Yassuko Hosoume(IFUSP) (*)(*) Projeto "Revitalização <strong>do</strong> Conteú<strong>do</strong> na Formação <strong>do</strong> Professor <strong>de</strong> Física" - Subsidia<strong>do</strong>pela VITAE, APOIO À CULTURA, EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO SOCIALAPRESENTAÇÃOEm 1989 <strong>de</strong>senvolvemos no IFUSP o Projeto "Revitalização <strong>do</strong> Conteú<strong>do</strong> naFormação <strong>do</strong> Professor <strong>de</strong> Física', com os objetivos <strong>de</strong> difundir nos centros forma<strong>do</strong>res<strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Física uma proposta <strong>de</strong> ensino para o segun<strong>do</strong> grau (Projeto "GREF') epromover um intercâmbio entre professores das licenciaturas em Física <strong>do</strong> Brasil.


222Para a realização <strong>de</strong>ste Projeto fizemos um levantamento das Instituições <strong>de</strong>ensino superior no Brasil que mantêm os cursos <strong>de</strong> licenciatura em Física, com da<strong>do</strong>sgerais so<strong>br</strong>e as Instituições e específicos so<strong>br</strong>e esses cursos, tais como: vagas no vestibular,duração, carga horária, início <strong>de</strong> funcionamento, número <strong>de</strong> alunos ingressantes eforma<strong>do</strong>s nos últimos anos, nome <strong>de</strong> professores para contato. De um total <strong>de</strong> 77instituições i<strong>de</strong>ntificadas neste levantamento, 64 (83.3%) retornaram o formulário com osda<strong>do</strong>s solicita<strong>do</strong>s.Seguem alguns resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste levantamento.NATUREZA DAS INSTITUIÇÕESDISTRIBUICAO POR NATUREZADA INSTITUICAOTOTAL 77noun


223DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA E REGIÃODISTRIBUICAOPOR DEP. ADMINISTRATIVADISTRIBUICAOPOR REGIAOConcantraolomala narOpiatiO SEá..ïáaoas ó :NORTE 230CENTRO-OESTEazSUL 14leaTOTAL 77mum aDISTRIBUICAOPOR D.A. NAS REGIOESDISTRIBUICAOPOR D.A. NAS REGIOES30o. DE INSTITUICOES (701a1 77)30 Ne. DE INSTITUICOEf (TOTAL 77)25SA22015NE CO SE SRECIAO100\^N^ 7NMUYaO m.oun® nano.® NUN1mu0 rumour-to ® PUDUCamom IIrlcual ]aAvarua no SE padarnlum astuligtraa p sacUSros


224MODALIDADES DE LICENCIATURADISTRIBUICAOPOR TIPO DE CURSOPro<strong>do</strong>n*'aoi oscu<strong>do</strong>s planos nosmol<strong>de</strong>s anlarlo/es ARosobuçio 30.Entre As planas,76 V. estio emUdreI sidaJarPObicas8AO1L d NICA 10SoxMOIL • PLENA 7ItsTOTAL 64LICENCIADOS POR ANOEntra as'Nabaaaçeas oreFlslca' (nos mold s <strong>de</strong> Res.00)74 % sal<strong>do</strong> em autilulç<strong>de</strong>sParticulares.16MEDIA — ALUNOS FORMADOS14-12-10-42o72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89ANOMI GERAL ® PUBLICAS CO PARTICULARESATE 70 : M6tia PúblIcas e lash ParticulatesAPÓS 70: Metia Particulares e LNtia Pi-0ócas


225INTERAÇÃO COM PROFESSORESOs contatos com professores das licenciaturas em Física foram feitos através <strong>de</strong>encontros regionais, visitas <strong>de</strong> intercâmbio e pequenos cursos, nos quais, além da troca <strong>de</strong>informações e experiências so<strong>br</strong>e os cursos <strong>de</strong> licenciatura em cada instituição, avaliamosas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aperfeiçoamento na formação <strong>do</strong>s professores e apresentamos aproposta GREF, situan<strong>do</strong>-a <strong>de</strong>ntre os principais trabalhos, projetos e linhas <strong>de</strong> pesquisana área <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Física: <strong>br</strong>eve histórico da proposta, objetivos, pressupostoseducacionais e discussão <strong>do</strong>s textos <strong>de</strong> física produzi<strong>do</strong>s para professores.Esses contatos foram feitos com 39 professores <strong>de</strong> 23 Instituições(5 Estaduais, 7Fe<strong>de</strong>rais, 11 Particulares).Além <strong>de</strong>sses 39 professores, foram contata<strong>do</strong>s indiretamente e receberam textos<strong>do</strong> GREF: 44 professores <strong>de</strong> 26 Instituições <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>; 25 Centros <strong>de</strong> Aperfeiçoamento,Divulagação e Especialização <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> ciências.CONCLUSÕESO levantamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e as licenciaturas em Física no Brasil,complementa<strong>do</strong> pela interação com os professores através <strong>de</strong>ste Projeto, po<strong>de</strong>m constituirum diagnóstico útil para outras iniciativas <strong>de</strong> aperfeiçoamento formativo e, ao mesmotempo, contribuir para a discussão da própria licenciatura.Destacamos entre outros da<strong>do</strong>s:1. Diferentemente da maioria das <strong>de</strong>mais especialida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> as li cenciaturas curtas comhabilitações específicas e o ensino priva<strong>do</strong> são pre<strong>do</strong>minantes, mais <strong>do</strong> que a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>scursos em operação para formação <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Física está sediada em universida<strong>de</strong>spúblicas e voltadas à licenciatura plena.2. A média <strong>de</strong> forman<strong>do</strong>s gira em torno <strong>de</strong> 7 licencia<strong>do</strong>s por ano, sen<strong>do</strong> que nos últimosanos esta média é ligeiramente superior nas instituições <strong>de</strong> ensino priva<strong>do</strong>.3. A taxa <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s cursos é bastante significativa, ocorren<strong>do</strong> mais nas Instituiçõespúblicas <strong>do</strong> que nas privadas.4. É frágil e heterogênea a formação académica média <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes assim como seu grau<strong>de</strong> informação so<strong>br</strong>e a discussão <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> suas disciplinas.


^2265. A carência formativa e informativa exige um trabalho continua<strong>do</strong> <strong>de</strong> estímulo ecooperação para ser significativamente alterada (o único alento é o indiscutível interessepor tal cooperação expresso pelos <strong>do</strong>centes com os quais o Projeto manteve intercâmbio).Física para o Magistério <strong>do</strong> P Grau: Depoimento e AnáliseMaria Cristina <strong>de</strong> Senzi Zancul, Dietrich Schiel, Vanil<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fátima Alves, Hilton KoitiSatoCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Divulgação Científica e Cultural <strong>do</strong> IFQSC/USPNo mês <strong>de</strong> novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990, durante a Semana <strong>do</strong> Magistério programadapelo CEFAM (Centro <strong>de</strong> Especialização, Formação e Aperfeiçoamento <strong>do</strong> Magistério)<strong>de</strong> São Carlos, foram ofereci<strong>do</strong>s pela CDCC-IFQSC/USP, sete cursos <strong>de</strong> 15 horas so<strong>br</strong>ediversos temas, dirigi<strong>do</strong>s a alunos <strong>de</strong> P a 3 5 série <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Magistério.Um <strong>do</strong>s cursos ofereci<strong>do</strong>s foi "Física para o Magistério", durante o qual foramaborda<strong>do</strong>s tópicos <strong>de</strong>: Magnetismo, Eletricida<strong>de</strong>, Ótica, Mecânica, Calor, Astronomia ePressão Atmosférica. Os temas foram trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma a enfatizar os aspectosqualitativos presentes no conteú<strong>do</strong> e trabalha<strong>do</strong>s em experimentos realiza<strong>do</strong>s commaterial simples <strong>de</strong> fácil aquisição.Nosso curso foi basea<strong>do</strong> em texto próprio(1), que fornece um apanha<strong>do</strong> geralso<strong>br</strong>e Física e sua importância no currículo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> nas quatro primeiras séries <strong>do</strong> 10grau(2). Foi ainda usa<strong>do</strong> material da "Experimentoteca <strong>de</strong> uso corrente em São Carlos.O curso teve aulas práticas complementadas com a teoria. Relacionamos,abaixo, os títulos das práticas executadas:1) Observações <strong>de</strong> ímãs.2) Imantação <strong>de</strong> agulha - construção <strong>de</strong> bússola.3) Eletrização.4) Como a eletricida<strong>de</strong> caminha.5) Condutores e isolantes.6) Eletroímã.7) Propagação da luz8) Posição <strong>de</strong> imagem no espelho plano.9) Formação da imagem nos espelhos planos.10) Comparação <strong>de</strong> tempos <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> mascas diferentes.


22711) Análise <strong>de</strong> um movimento uniforme.12) Transferência <strong>de</strong> calor.13) Pressão atmosférica.14) Movimentos da Terra - Estações <strong>do</strong> ano.Durante as aulas práticas, notou-se certa dificulda<strong>de</strong> no manuseio <strong>do</strong> material,porém com o <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> tempo, os alunos já montavam a experiência sem dificulda<strong>de</strong> ediscutiam o resulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>. Durante esta fase, era dada total liberda<strong>de</strong> ao aluno <strong>de</strong>montar seu experimento e tirar suas próprias conclusões.A partir das observações feitas, várias questões foram levantadas pelos alunos ediscutidas com o professor. Procurou-se, também, analisar o conhecimento que os alunostinham relativamente à Física no ensino <strong>de</strong> 1' a 4' série, a motivação que possuem emrelação ao ensino <strong>de</strong> Física em geral e à experimentação em particular.Através <strong>de</strong> um questionário e <strong>de</strong>bate com os alunos, foi verifica<strong>do</strong> que:1. 0 curso <strong>de</strong> Física não foi escolhi<strong>do</strong> como primeira opção, entre os sete cursosofereci<strong>do</strong>s, por nenhum <strong>do</strong>s participantes;2. Quan<strong>do</strong> os alunos perceberam o caráter experimental <strong>do</strong> curso, a participação setornou mais efetiva e o interesse <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> foi gran<strong>de</strong>;3. A experimentação foi consi<strong>de</strong>rada por to<strong>do</strong>s os alunos como o aspecto maisinteressante <strong>do</strong> curso;4.0s alunos aproveitaram os conteú<strong>do</strong>s aborda<strong>do</strong>s e a meto<strong>do</strong>logia utilizada,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ambos os aspectos importantes para sua futura atuação como professores.Como um primeiro incentivo, foram dadas condições para que o futuroprofessor possa criar e montar outros experimentos, a fim <strong>de</strong> utilizá-los em sala <strong>de</strong> aula.Para tanto, solicitaram ajuda da CDCC para que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> forma<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rem"programar excelentes aulas <strong>de</strong> Ciências".Isto <strong>de</strong>monstra que existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar propostas específicas para oensino <strong>de</strong> Física para o Magistério e a importância e a viabilida<strong>de</strong> da experimentação,tanto no ensino para o Magistério quanto no próprio 1° grau (1' a 4' série).Referências:


2281. Ana May Brasil Lima e Dietrich Schiel "O Curso <strong>de</strong> Física para o Magistério <strong>de</strong> 1°Grau". CDCC/IFQSC/USP -São Carlos -1987.2. Maria Cristina <strong>de</strong> Senzi Zancul e Dietrich Schiel. "Análise <strong>de</strong> um Curso <strong>de</strong> Física parao Magistério" VIII SNEF -1989.ApêndiceQuestionário: 1) Titulo <strong>do</strong> Curso; 2) 0 que você achou <strong>do</strong> curso; 3) Na sua opinião, o quemais gostou; 4) 0 que não gostou. Se possível sug ira melhorias; 5) 0 que você achou dadidática <strong>do</strong> curso; 6) Você consi<strong>de</strong>ra o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste curso impo rtante (Responda simou não, se necessário justifique) a) Para sua formação cultural. b) Para sua atuação comoprofessor; 7) Você acha que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas mat riculadas no curso: a) foi muitogran<strong>de</strong> e atrapalhou a participação <strong>de</strong> cada um nas reuniões. b) foi boa, facilitan<strong>do</strong> aparticipação <strong>do</strong>s alunos. c) po<strong>de</strong>ria ser maior que não dificultaria. d) outros; 8) Você temalguma sugestão so<strong>br</strong>e algum curso ou alguma outra ativida<strong>de</strong> que gostaria que fosseoferecida pela CDCC; 9) Outros comentários.Contribuição <strong>de</strong> um Curso <strong>de</strong> Atualização para Professores à Melhoria <strong>do</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> 1 Q GrauI<strong>de</strong>ly G. Rodrigues, Ernst W. Hamburger (IFUSP) e Silvana S. Nascimento (FUNREI)1. Objetivo:Pesquisar a relevância <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> atualização <strong>de</strong> 30 horas <strong>de</strong> duração,realiza<strong>do</strong>s em convênio entre a Secretaria da Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo e asUniversida<strong>de</strong>s, para a ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>cente no 1° grau <strong>de</strong> ensino.E um levantamento preliminar com a perspectiva <strong>de</strong> aprofundamento futuro.2. Abordagem A<strong>do</strong>tada:Examinamos, como exemplo, o efeito <strong>do</strong> curso "Fenômenos Físicos <strong>do</strong>Movimento da Terra e <strong>do</strong>s Astros" realiza<strong>do</strong> no IFUSP <strong>de</strong> 16/08 a 4/10/86, ementrevistas feitas por telefone, com professores que freqüentaram o curso.


^2293. Resumo <strong>do</strong> Curso:Esse curso consistia principalmente <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s práticas: construção <strong>de</strong>gráficos, <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>do</strong> sistema planetário, dramatizações para representar este sistemaplanetário e explicar fases da lua, o dia e a noite, as estações <strong>do</strong> ano, construção <strong>de</strong> umrelógio dc sol, e aulas expositivas(').4. Instrumento:O questionário aplica<strong>do</strong> possui 13 perguntas <strong>de</strong>scritas no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> texto.Objetiva verificar se os professores-alunos, que freqüentaram esse curso há quase 5 anosatrás, se lem<strong>br</strong>am <strong>do</strong> curso, como é essa lem<strong>br</strong>ança, as possíveis aplicações <strong>do</strong> queapren<strong>de</strong>ram e suas implicações na sua ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>cente. Além disso, verificar quantosprofessores fizeram outros cursos pela Universida<strong>de</strong> e colher opiniões so<strong>br</strong>e os outroscursos <strong>de</strong> 30 horas.Dos 41 alunos que concluiram o Curso, entrevistamos 15, com os outros nãoconseguimos contato.5. Perfil das Entrevistadas:Das quatro questões iniciais:1. Você ainda está exercen<strong>do</strong> a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> professor?2. Em que escola?3. Em que série?4. Em que disciplinas?Extraimos que:Das 15 professoras entrevistadas 8 são professoras PI, 2 são PI e PII (ciências), 1é PI e PIII (lingua portuguesa) e 1 é PII e PIII (ciências e matemática), 2 professorasestão em cargo <strong>de</strong> Direção e 1 é assistente <strong>de</strong> Direção. No último ano 3 <strong>de</strong>las lecionarampara a 1 a série, 1 para a 215 série, 2 para a 3 a série, 3 para a 4 a série, 1 <strong>de</strong> 9 a 9 séries e 1(*)Nascimento, S.S. - Um curso <strong>de</strong> Gravitação para professores <strong>de</strong> Primeiro Grau -Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências, Modalida<strong>de</strong> Física, aprovada em14/11/90. Orientação E rnst W. Hamburger. Trabalho apresenta<strong>do</strong> na 39 Reunião Anualda SBPC. Curitiba, PR, 1986. Ciência e Cultura, Resumos - 13-D.19.


230Educação Artística <strong>de</strong> 1 8 a 48 séries. As que estão em cargos <strong>de</strong> direção eram professoras<strong>de</strong> 48 série.6. Resulta<strong>do</strong>s da Entrevista:Resumiremos no quadro abaixo as questões com respostas objetivas. Asquestões comentadas estão relacionadas na seqüência:Questões com respostas objetivas5. Você lem<strong>br</strong>a <strong>do</strong> curso "Fenômenos Físicos <strong>do</strong> Movimento da Terra e <strong>do</strong>sAstros" realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> 16/08 a 04/10/86 no IFUSP?6. Sua lem<strong>br</strong>ança <strong>do</strong> curso é positiva, negativa ou neutra?8. Você fez outros cursos?9. Quais e on<strong>de</strong>?10. No que se refere à melhoria <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula, você consi<strong>de</strong>raesse curso ruim, regular, bom, muito bom ou ótimo.12. No que se refere à melho ria <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula, você consi<strong>de</strong>raos cursos <strong>de</strong> 30 horas: ruim, regular, bom, muito bom ou ótimo._ru^^nn t^^^,^r* !i_i_GïiV^: IFUSP OUTROS^ __. ^ I`-, .8 7 ^ 62i _RUIM REGULAR EOM MUITO BOM OT IMO1 6 ^t4 4Questões Comentadas7. Como esse curso afetou seu trabalho em sala <strong>de</strong> aula nos anos seguintes?Oito entrevistadas enfatizaram as aplicações práticas, por exemplo, uma <strong>de</strong>lasdiz: "acrescentou experiências que po<strong>de</strong>m ser repetidas com os alunos, principalmentecoisas práticas". Dessas professoras, 2 passaram o material recebi<strong>do</strong> em aula para colegasque também o utilizaram, uma <strong>de</strong>las fez o curso 2 vezes (ele foi reofereci<strong>do</strong> várias vezes


231nos meses seguintes), aplicou to<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> em sala <strong>de</strong> aula e construiu o equipamentodas experiências junto com os alunos.Os principais exemplos <strong>de</strong> aplicação utiliza<strong>do</strong>s em sala <strong>de</strong> aula foram: relógio <strong>de</strong>sol, fases da lua, movimento <strong>de</strong> rotação e translação, ampulheta, pontos car<strong>de</strong>ais elocalização espacial.As outras professoras apontaram <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s em aplicar o curso:1) Trabalham com as séries iniciais on<strong>de</strong> o programa não permite o nível <strong>de</strong>aprofundamento ofereci<strong>do</strong> pelo curso, 2) Escolas on<strong>de</strong> existe a impossibi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong>comprar o material para a montagem <strong>do</strong>s experimentos (embora o mate rial seja <strong>de</strong> baixocusto).11. Por que você consi<strong>de</strong>ra o curso ruim, regular, bom, muito bom ou ótimo?algumas respostas obtidas foram:"Só não é ótimo porque não dá para aplicar tu<strong>do</strong> no curso primário" ou "...pelafalta <strong>de</strong> condições da escola""Ótimo porque traz uma forma nova, mais visual e motiva<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> ver o ensinoda Terra""Muito bom, por ser bastante objetivo e oferecer além <strong>do</strong> mate rial prático,informações úteis como medir distância entre os astros.""Regular porque a linguagem usada era muito difícil.""Ruim, porque não consegui aplicar nada."13. Por que você consi<strong>de</strong>ra os cursos <strong>de</strong> 30 horas ruim, regular, bom, muito bomou ótimo? Relacionamos algumas respostas."Ótimo, porque são práticos e po<strong>de</strong>m ser repeti<strong>do</strong>s com as crianças""Ótimo, porque amplia o conhecimento e apren<strong>de</strong>-se mo<strong>do</strong>s concretos <strong>de</strong>chegar ao aluno.""Bom, porque enriquece, propõe ativida<strong>de</strong>s novas."Bom, mas faltam elementos para se trabalhar com crianças <strong>de</strong> perife ria."7. ConclusõesComo é possível perceber pelas respostas, todas as entrevistadas têm lem<strong>br</strong>ança<strong>do</strong> curso e, na gran<strong>de</strong> maio ria, essa lem<strong>br</strong>ança é positiva.Aproximadamente meta<strong>de</strong> das entrevistadas utilizaram o conteú<strong>do</strong> eexperimentos <strong>do</strong> curso em sala <strong>de</strong> aula.


232Observamos ainda que aproximadamente 55% das entrevistadas fizeram outroscursos pela USP e suas opiniões se divi<strong>de</strong>m em classified-los como ótimo e bom.Diante <strong>de</strong>stes resulta<strong>do</strong>s preliminares, po<strong>de</strong>mos concluir que o curso <strong>de</strong>u efetivacontribuição para a melhoria da ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>cente das entrevistadas. É importante que oPrograma <strong>de</strong> Cursos <strong>de</strong> Atualização da Secretaria com as Universida<strong>de</strong>s seja retoma<strong>do</strong> eamplia<strong>do</strong>.Curso <strong>de</strong> Especialização em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° GrauGrupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física da UEL: Carlos Eduar<strong>do</strong> Laburú; M. Inês No<strong>br</strong>e Ota; M.Ivanil Coelho Martins; Roberto Nardi; Sergio <strong>de</strong> Mello Arruda.1. ApresentaçãoO Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londrina tem ofereci<strong>do</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1988 um curso <strong>de</strong> especialização para professores que estão ministran<strong>do</strong> aulas <strong>de</strong>Física em Londrina e região. O curso tem duração <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is) anos, 4 (quatro) perío<strong>do</strong>s,correspon<strong>de</strong>ntes a 360 (trezentas e sessenta) horas on<strong>de</strong> não é computa<strong>do</strong> o tempo <strong>de</strong>estu<strong>do</strong> individual ou em grupo sem assistência <strong>do</strong>cente. Para conclusão <strong>do</strong> curso os alunos<strong>de</strong>vem apresentar um trabalho monográfico que focalize os conteú<strong>do</strong>s relevantes à suaprática enquanto professor <strong>de</strong> Física no 2° grau. São oferecidas 20 (vinte) vagas bianuais.A primeira turma, que ingressou em 1988 e completou os créditos cm 1989, está emregime <strong>de</strong> elaboração da monografia. Uma nova turma teve início no ano <strong>de</strong> 1990.Preten<strong>de</strong>-se, com este curso, atingir uma parcela consi<strong>de</strong>rável <strong>do</strong>s professores que estãodan<strong>do</strong> aulas <strong>de</strong> Física na região <strong>de</strong> Londrina os quais, em sua maioria, não têm formaçãoespecífica na área.2. Descrição <strong>do</strong> Curso2.1. Objetivosa) Objetivos gerais2° grau.1. Contribuir para a melhoria da formação profissional <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> Física <strong>de</strong>


2332. Contribuir para a análise critica da importância <strong>do</strong> ensino da Física no 2° grauno contexto da educação em geral e no contexto das evoluções científicas e tecnológicas.3. Contribuir para a criação <strong>de</strong> uma interação dura<strong>do</strong>ura entre o ensino <strong>de</strong> 2° e3° graus em Física.b) Objetivos especificosaluno.1. Atuar em direção a uma prática em ensino <strong>de</strong> física a partir <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong>2. Introduzir elementos <strong>de</strong> epistemologia através da discussão da visãoestrutural das teorias físicas.3. Propiciar ao aluno uma iniciação à pesquisa em ensino <strong>de</strong> Física.2.2. Estrutura Curricular / PeriodizaçãoPrimeiro perio<strong>do</strong>Eletromagnetismo90 horasSegun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>Ondas e ÓpticaTermodinâmica45 horas45 horasTerceiro perio<strong>do</strong>Mecânica90 horasQuarto Perio<strong>do</strong>Elementos <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logia<strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> 2° grau<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física45 horas45 horas23. Justificativa da estrutura curricular


234Um <strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong>ste curso é fazer com que os alunos adquiram uma posturacritica frente à ciência e ao seu ensino.Enten<strong>de</strong>mos que esta postura seja alcançada através <strong>de</strong> um envolvimentoprático com as teorias da Física e, também, com a tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong>stas teoriasenquanto estruturas, através <strong>de</strong> um distanciamento critico. Isto é, enten<strong>de</strong>mos que oconhecimento tem duas dimensões: a prática e a consciente. A prática está associada àação que, nos cursos <strong>de</strong> Física são os experimentos, situações <strong>do</strong> cotidiano, estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>fenômenos naturais, exemplos, exercícios, etc. A dimensão consciente é propiciada porum certo distanciamento da prática e é relativa a uma organização <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>para que fique explicito como as teorias estão estruturadas e qual é a visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>cada uma.Embora estas duas dimensões não sejam estanques, durante o <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> cursodamos ênfase diferente para cada uma. Num primeiro momento, a prática é maisenfatizada através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> eletromagnetismo, óptica, ondas e termodinâmica. Isto é,apresentamos as teorias associan<strong>do</strong>-as à tecnologia relativa a cada uma. Num segun<strong>do</strong>momento, além <strong>do</strong> conhecimento prático, enfatizamos o caráter estrutural <strong>de</strong> uma teoriaatravés <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da Mecânica. Isto é, além <strong>do</strong> caráter prático, ou seja, a discussão <strong>do</strong>sfenômenos naturais, apresentamos um tratamento histórico, filosófico e epistemológico.Depois <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> algumas teorias da Física o curso introduz uma reflexãoso<strong>br</strong>e o processo ensino-aprendizagem <strong>de</strong>ste conteú<strong>do</strong> com discussões so<strong>br</strong>e meto<strong>do</strong>logia<strong>do</strong> ensino e linhas <strong>de</strong> pesquisa em ensino <strong>de</strong> Física.Finalmente, numa quarta e última etapa o aluno realiza um trabalho <strong>de</strong>iniciação à pesquisa em ensino, através da participação em projetos sob a orientação <strong>do</strong>Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física da UEL e apresentam umamonografia, necessária à conclusão <strong>do</strong> curso. Os temas <strong>de</strong> algumas monografias são:Física na Formação <strong>de</strong> Professores das Séries Iniciais <strong>do</strong> Primeiro Grau (concluída);Eletrônica Básica; <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física na Escola Agricola; Experiências Fundamentais <strong>de</strong>Eletromagnetismo no 2° grau; Termodinâmica no 1° e 2° graus.


235O Impacto no Professor Durante o Processo <strong>de</strong> Inovação•Nascimento, L; Carvalho, A.M.P.; Campos, G.; Castro, R.S.; Espinosa, R.; Garri<strong>do</strong>, E.;Gosciola, V.; Laburu, C.E.; Silva, D.; Teixeira, O.S.P. (FEUSP)IntroduçãoO professor, preocuza<strong>do</strong> com o processo <strong>de</strong> aprendizagem, e cônscio <strong>de</strong> seupapel na formação <strong>de</strong> seus alunos, busca novos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensino e almeja po<strong>de</strong>r aplicálospraticamente.Entretanto, o antagonismo encontra<strong>do</strong> na maioria das vezes, entre seus i<strong>de</strong>ais ea realida<strong>de</strong> encontrada em sala <strong>de</strong> aula, acarreta o "IMPACTO", cujas consequências são:- <strong>de</strong>sestruturação em suas atitu<strong>de</strong>s didáticas e;- aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong> seus i<strong>de</strong>ais.Destarte, o professor se volta para a sua postura acomodada e conserva<strong>do</strong>ra,engajan<strong>do</strong>-se ao ensino formal, com seus programas e méto<strong>do</strong>s pré-estabeleci<strong>do</strong>s.(Um <strong>do</strong>s possíveis fatores <strong>de</strong> fracasso nos resulta<strong>do</strong>s a longo prazo nos cursos <strong>de</strong>extensão universitária para a reciclagem <strong>de</strong> professores.)Além disso, a adição <strong>de</strong> novas técnicas didáticas po<strong>de</strong> criar situações em quefiquem <strong>de</strong>stacadas eventuais falhas <strong>do</strong> professor:a. Segurança no conteú<strong>do</strong> programático a ser aborda<strong>do</strong>;b. Seu relacionamento com os alunos.Tais fatores ten<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>sestruturar e a gerar insegurança no professor."A PRIORI", os seguintes fatores são gera<strong>do</strong>res em potencial <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>spara os professores que pretendam a<strong>do</strong>tar posturas inova<strong>do</strong>ras:1. Questão Social: Relacionamento professor/escola; condições <strong>de</strong> trabalho.2. Resistência <strong>do</strong>s alunos frente a um processo inova<strong>do</strong>r.*Pesquisa Financiada pela FAPESP e BID/USP


2362.1. 0 aluno está acostuma<strong>do</strong> a trabalhar em física com conceitos abstratos; novosméto<strong>do</strong>s preten<strong>de</strong>m a abordagem <strong>de</strong> problemas concretos <strong>do</strong> cotidiano.2.2. Memorização e técnicas <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> exercícios x aprendizagem.2.3. Objetivo precípuo <strong>do</strong> aluno: Aprovação.3. Interesses didáticos x Interesses imediatos das escolas:3.1. Escola pública: apatia e <strong>de</strong>sinteresse.3.2. Escola particular: objetivo primário e imediato: Lucro.A Experiência PessoalCom uma experiência <strong>de</strong> aproximadamente sete anos como professora <strong>de</strong> Físicaem escolas <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau, principalmente na re<strong>de</strong> particular <strong>de</strong> ensino <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>São Paulo, fui convidada a participar <strong>de</strong> um . grupo que propunha uma pesquisa paraestruturação <strong>de</strong> um curso completo, sob a Ótica construtivista <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong>calor e temperatura.Numa fase inicial, o grupo discutiu estratégias e técnicas <strong>de</strong> ensino eaprendizagem, planejamento, avaliação e estruturação <strong>do</strong> curso. Posteriormente, na faseprática, em que o curso estava sen<strong>do</strong> impl anta<strong>do</strong>, o grupo se reunia semanalmente,quan<strong>do</strong> se discutiam: OBJETIVOS; SITUAÇÕES OCORRIDAS; SITUAÇÕESPREVISÍVEIS.Nestas ocasiões, cada professor participante, cujas aulas eram gravadas emvi<strong>de</strong>o-tape, relatava suas experiências pessoais, as quais eram analisadas e discutidas pelogrupo.A seguir, <strong>de</strong>screvo as principais fases <strong>de</strong> minha experiência en sala <strong>de</strong> aula:1. Logo nas primeiras aulas, baseadas na inovação, houve <strong>de</strong>terioração <strong>do</strong> meurelacionamento com os alunos;2. As eventuais participações <strong>do</strong>s alunos foram gran<strong>de</strong>mente prejudicadas pelaindisciplina;


^2373. Ficou patente a rejeição <strong>do</strong>s alunos à inovação, traduzida pela indisciplina, apatia e<strong>de</strong>sinteresse apresenta<strong>do</strong>s.As causas, que numa análise preliminar e superficial tornaram-se evi<strong>de</strong>ntes paramim, foram:- inexperiência própria em aulas práticas e em discussões livres em grupos;- falta <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança e insegurança na condução das discussões e <strong>de</strong>bates;- total <strong>de</strong>sconhecimento e inabi lida<strong>de</strong> no trato <strong>de</strong> discussões em grupos e prática <strong>de</strong>laboratório por parte <strong>do</strong>s alunos;- falhas no planejamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s (tempo e en<strong>de</strong>reçamento), corroboradas pelaausência <strong>de</strong> suporte pelo grupo <strong>de</strong> pesquisa;- os recursos mate riais forneci<strong>do</strong>s pela escola eram praticamente nulos;- uma in<strong>de</strong>sejada "evidência" por parte <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>cente da escola, com característicaspejorativas.Não fora o apoio recebi<strong>do</strong> pelo grupo <strong>de</strong> pesquisa, fatalmente te ria euretorna<strong>do</strong> às atitu<strong>de</strong>s tradicionais em sala <strong>de</strong> aula, e me afastaria da visão inova<strong>do</strong>ra.A gravação das aulas, em vi<strong>de</strong> o-tape, por mim ministradas, fornecerá elementospara uma avaliação pessoal e coletiva, durante a terceira fase <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa.Numa avaliação simplificada, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pessoal, concluí que:1. Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um assessoramento const ante nos cursos <strong>de</strong> formação paraprofessores que tenham propostas inova<strong>do</strong>ras, com o propósito <strong>de</strong> permitir ao professorsuplantar suas limitações naturais;2. Treinamento, a partir <strong>de</strong> aulas experimentais, com grupo <strong>de</strong> alunos eminentementeheterogêneos, assistidas pela equipe <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação;3. Avaliação posterior das aulas simuladas, com o objetivo <strong>de</strong> melhor a<strong>de</strong>qu ar o professorà postura inova<strong>do</strong>ra;4. Acompanhamento posterior, visan<strong>do</strong> a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s práticos, fora <strong>de</strong> situações"i<strong>de</strong>ais".


238Comunicações OraisTrabalhan<strong>do</strong> com Ciências - Discutin<strong>do</strong> EnergiaOliveira, AJA.; Bonan<strong>do</strong>, PA.; Marinovick, JA.UFSCar - São Carlos - Centro Cultural Brasital - São Roque - SP1. IntroduçãoDiversos são os problemas no ensino <strong>de</strong> Ciências, entre os quais po<strong>de</strong>m ser<strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s a falta <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que auxiliem o aluno a enten<strong>de</strong>r o mun<strong>do</strong>, a falta <strong>de</strong>estímulos à curiosida<strong>de</strong>, a não integração entre os assuntos aborda<strong>do</strong>s nas disciplinas e adistância entre o curriculo escolar e o cotidiano <strong>do</strong>s alunos.Preocupações como essas levaram os autores a elaborar um curso em que, apartir <strong>de</strong> um "tema integra<strong>do</strong>r" se pu<strong>de</strong>sse discutir conceitos e questões referentes aFísica, Biologia, Química. O tema integra<strong>do</strong>r escolhi<strong>do</strong> foi ENERGIA. Segun<strong>do</strong>Terrazzan3 "um <strong>do</strong>s conceitos que mais se prestam a interpretações e utilizaçõesdiversificadas, seja no cotidiano das pessoas, nas situações acadêmicas ou mesmo nasdiscussões intermediárias entre o acadêmico e o "popular" é o <strong>de</strong> energia". Esse tema éapresenta<strong>do</strong> no currículo escolar nas diversas disciplinas, mas dificilmente são mostradasas relações entre suas diversas formas na natureza.No curso foi trabalha<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> energia, suas transformações e suaconservação referentes a temas físicos, biológicos e químicos. As ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> cursoforam planejadas ten<strong>do</strong>-se em vista o conceito integra<strong>do</strong>r, a utilização <strong>de</strong> materiais esituações <strong>do</strong> cotidiano e a participação <strong>do</strong>s alunos. O presente trabalho <strong>de</strong>screve o curso eos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s da sua aplicação.2. Descrição Geral <strong>do</strong> CursoO curso foi realiza<strong>do</strong> nas <strong>de</strong>pendências <strong>do</strong> Centro Cultural Brasital, na cida<strong>de</strong><strong>de</strong> São Roque - 60 Km a oeste <strong>de</strong> São Paulo. Neste local, até o início da década <strong>de</strong> 70funcionava uma indústria têxtil que utilizava a energia mecânica <strong>de</strong> uma queda d'águapara movimentar todas as suas máquinas. Boa parte <strong>do</strong>s sistemas da indústria ainda estãopreserva<strong>do</strong>s.


239O curso teve duração <strong>de</strong> 12 horas (3 dias) e pa rticiparam 27 alunos <strong>de</strong> 81 série e8 alunos <strong>de</strong> 10 colegial, da re<strong>de</strong> pública, com ida<strong>de</strong> média entre 14 e 15 anos.2.1. Ativida<strong>de</strong>senergia.Planejou-se obter <strong>do</strong>s participantes, no início, suas concepções prévias so<strong>br</strong>eAs ativida<strong>de</strong>s foram organizadas da seguinte forma:1. Discussão inicial so<strong>br</strong>e o curso e aplicação <strong>de</strong> questionário.2. Ativida<strong>de</strong>s para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> diferentes formas <strong>de</strong> energia.3. Ativida<strong>de</strong>s para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> energia.4. Ativida<strong>de</strong>s para discussão so<strong>br</strong>e energia presentes em processos físicos,químicos e biológicos e so<strong>br</strong>e conservação <strong>de</strong> energia.2.1.1. Discussão Inicial e Aplicação <strong>de</strong> QuestionárioLogo após uma conversa inicial <strong>de</strong> mútua apresentação, so licitou-se aosparticipantes que respon<strong>de</strong>ssem algumas questões escritas com o objetivo <strong>de</strong> verificar suasconcepções prévias so<strong>br</strong>e energia.As duas principais questões eram:1- O que você enten<strong>de</strong> por energia?2 - Você já ouviu falar em conservação <strong>de</strong> energia? Em caso positivo, etplique oque você já ouviu.2.1.2. I<strong>de</strong>ntificação das Formas <strong>de</strong> Energia e suas TransformaçõesApós uma discussão inicial, formaram-se grupos com até cinco componentes e,num sistema <strong>de</strong> rodízio, percorreram mesas on<strong>de</strong> havia <strong>de</strong>monstrações das seguintessituações-problematiza<strong>do</strong>ras:1. Fogão elétrico liga<strong>do</strong>2. Mistura <strong>de</strong> H2SO4 em água3. Pilha acen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> lâmpada4. Um copo d'água s/ ca<strong>de</strong>ira5. Motor elétrico e lâmpadas liga<strong>do</strong>s em série6. Ventila<strong>do</strong>r a pilha giran<strong>do</strong> catavento7. Eló<strong>de</strong>a iluminada por lâmpada liberan<strong>do</strong> bolhas


2408. Lata <strong>de</strong> Nescau c/ rótulo "Energia que dá gosto"Em cada situação solicitava-se aos participantes que i<strong>de</strong>ntificassem por escrito,as principais formas <strong>de</strong> energias envolvidas.2.13. Ativida<strong>de</strong>s para I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Processo <strong>de</strong> Transformação <strong>de</strong> EnergiaRealizou-se uma excursão pelas instalações da indústria, como um exemplo emgran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> ener gia. Na excursão visitou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o represamentoda água, a adutora, a turbina e os eixos que movimentavam as máquinas, on<strong>de</strong> váriosprocessos po<strong>de</strong>riam ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s.2.1.4. Energia Presente em Processos Físicos, Biológicos e Químicos - Discussãoso<strong>br</strong>e Conservação <strong>de</strong> EnergiaFoi planejada e montada so<strong>br</strong>e uma mesa os seguintes conjuntos:- Protótipo <strong>de</strong> usina hidrelétrica em funcionamento.- Chaleira aquecida pela chama <strong>de</strong> álcool hidrata<strong>do</strong>, com água em ebulição, cujovapor movimentava um catavento.- Gaiola com hamster que, ao correr girava uma roda.- Vaso com uma planta.Os conjuntos foram apresenta<strong>do</strong>s simultaneáme iiié;para qs: 4lütios: Procurou-selevar os alunos a i<strong>de</strong>ntificar as fontes <strong>de</strong> energia a li presentes, bem como transformações<strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> energia para a outra. Algumas das segtlências que pu<strong>de</strong>ram serpercebidas foram:VEGETAL-°^lA((00^ M°`conws,bo ^ AGUA Wog óA.w wApueciDACATAYEN ro• GIdqNDO5 (] ioTPffMlete ,VEGETAL AIIMeMw4p0. RATORefv^an4•iu e nov. w+e ev LAti ^ ,é!o DAG11410400AGUA 4Y4)oAA4A" e ,CAuVAS E FbR/I)qpiOcOw.OlM aA 9Ão^ Riosp ea D',;aoATv,eaiNA-GIRRNDpEstabelecidas •svis relações pô<strong>de</strong>-se discutir com os alunos o conceito <strong>de</strong>conservação <strong>de</strong> energia.


241Durante a realização das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tectou-se algumas <strong>de</strong>ficiências nacompreensão <strong>de</strong> conceitos, principalmente so<strong>br</strong>e energia elétrica, nuclear e a energiacontida nos alimentos (fotossíntese e respiração). Para suprir tais <strong>de</strong>ficiências, organizousetrês rápidas palestras abordan<strong>do</strong> esses temas e discutin<strong>do</strong>-os com os alunos.Em seguida solicitou-se aos participantes que <strong>de</strong>finissem energia. A partir <strong>de</strong>suas <strong>de</strong>finições e naturais dificulda<strong>de</strong>s encontradas discutiu-se a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssatarefa e a relativa simplicida<strong>de</strong> com que os livros didáticos <strong>de</strong>finem tal conceito, quefavorece a memorização sem compreensão.Ao final <strong>do</strong> curso os alunos fizeram uma avaliação oral e escrita so<strong>br</strong>e ameto<strong>do</strong>logia, ativida<strong>de</strong>s e o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> curso.3. Resulta<strong>do</strong>s e Conclusões so<strong>br</strong>e o CursoPara a obtenção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s foram aplica<strong>do</strong>s questionários no início e nofinal <strong>do</strong> curso, com o objetivo <strong>de</strong> verificar-se a contribuição para os alunos (avançoconceitual e dificulda<strong>de</strong>s apresentadas).nos questionários.Apresentamos na tabela 1 as concepções so<strong>br</strong>e energia relatadas pelos alunosTABELA 1CONCEITVACAO INICIAL CONCEITUACAO FINAL nForça 42,9% Forca 10.7%Eletricida<strong>de</strong> 32,1;• Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trab. 45.4'/,Calor e Luz 14,3'„ Não conceitua-Exemp 17,9%Outros 10,7% Resposta Ina<strong>de</strong>quada 7,1.%cabeia 7 - conc. i.n:c:al e ',mat <strong>de</strong> energia apre.encaaas pelos alanotQuase a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alunos utilizaram o termo força para <strong>de</strong>finir energia etambém aproximadamente 30% i<strong>de</strong>ntificaram energia somente com energia elétrica.citamos como exemplo:série)."É a eletricida<strong>de</strong> que serve para ligar as lâmpadas, televisões, etc" (14 anos 88


242Ao final <strong>do</strong> curso, quase 50% <strong>do</strong>s alunos citam energia como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>realizar trabalho. Essa <strong>de</strong>finição foi mencionada durante .o curso numa discussão geral.Os alunos talvez a tenham preferi<strong>do</strong> pela familiarida<strong>de</strong> com o livro didático ou por suaa<strong>br</strong>angência. Muitos alunos não conseguiram conceituar energia, mas os exemplos da<strong>do</strong>sforam corretos.Comparan<strong>do</strong> as respostas finais e iniciais <strong>de</strong> cada participante os pesquisa<strong>do</strong>resatribuiram um conceito obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> a uma escala. Os resulta<strong>do</strong>s estão lista<strong>do</strong>s na tabela2, on<strong>de</strong> apresentamos o número e a porcentagem <strong>de</strong> alunos que obteve cada conceito.TABELA 2A - Melhorou muitoB - Melhorou-• Permaneceu iáualD - Resoosta confusaE - PiorouCONCEITO QUESTP+O I QUESTAO 2ATRIBUiDO N % N %A 08 28,6% 03 10,7;;B 16 57,1;; 12 42,9'/,C 03 10,7%. 08 2 8,6%D 01 03,6% , 03 10;7;;E 00 00,0% 02 07,1%tdbeld 2- MaePrc <strong>de</strong> dlanoS que obtfrB cddd ePrtcdO (A-ir) ndS quPSLCeS 1? 2Analisan<strong>do</strong> esses da<strong>do</strong>s concluiu-se que a maioria <strong>do</strong>s alunos apresentou avançona conceituação <strong>de</strong> energia. Outra informação obtida <strong>do</strong>s questionários foi que boa parte(78%) entendia conservação <strong>de</strong> energia como economia no consumo <strong>de</strong> energia elétrica.Os outros 22% respon<strong>de</strong>ram nunca ter ouvi<strong>do</strong> falar so<strong>br</strong>e isso. Assim, to<strong>do</strong>s os alunos<strong>de</strong>sconheciam o conceito <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> energia, segun<strong>do</strong> o ponto <strong>de</strong> vista físico.A análise da resposta da questão 2 mostra que os alunos tiveram dificulda<strong>de</strong>s,mesmo ao foral <strong>do</strong> curso, para expressar o conceito <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> energia. Porexemplo:"Conservar energia não é economizar energia elétrica. Conservar energia ésaber utilizá-la bem, não só energia elétrica, como também outros tipos <strong>de</strong> energia". (14anos - 8° série)Poucos parecem ter incorpora<strong>do</strong> melhor a idéia, como o aluno que escreveu:"Conservação <strong>de</strong> Energia não é como a conservação ecológica, é a capacida<strong>de</strong>que a energia tem <strong>de</strong> passar <strong>de</strong> uma forma para outra conservan<strong>do</strong>-se sem per<strong>de</strong>r muitaenergia". (14 anos - 1° colegial).Durante a aplicação <strong>do</strong> curso verificou-se também nos alunos <strong>de</strong>ficiênciasconceituais na área <strong>de</strong> Ciências, que são pré-requisitos para aprendizagem nas disciplinas


243Física, Química e Biologia, tais como: eletricida<strong>de</strong> é tomada como sinônimo <strong>de</strong> Energia;muitos não têm noção so<strong>br</strong>e corrente elétrica; citam energia nuclear e atômica como sefossem formas diferentes <strong>de</strong> energia, ainda que não tenham idéia <strong>do</strong> que seja; muitos<strong>de</strong>sconhecem o açúcar como produto da fotossintese e fonte <strong>de</strong> energia para a planta;mencionam vitaminas em lugar <strong>do</strong> açúcar para que o processo ocorra.Um fator positivo é que, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, os alunos não apresentaramdificulda<strong>de</strong>s em i<strong>de</strong>ntificar as diferentes formas <strong>de</strong> energia e suas transformações nasativida<strong>de</strong>s propostas.Pelas discussões fmais, os alunos parecem ter feito a integração, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> oSol como fonte primária <strong>de</strong> energia, por exemplo:"Eu aprendi que a energia vinha <strong>do</strong> Sol, que ele era fonte <strong>de</strong> energia, isso eunão sabia". (14 anos - 88 série)"Aprendi que não só existe um tipo <strong>de</strong> energia, que há vários tipos <strong>de</strong> energia ecada energia tem função específica, mas o centro das energias é o "Sol", todas as energiasvem <strong>do</strong> Sol, se não existisse o Sol não existiria vida no planeta". (16 anos - 8 8 série)Po<strong>de</strong>-se citar também como resulta<strong>do</strong> da aplicação <strong>do</strong> curso a verificação <strong>de</strong> queo conceito <strong>de</strong> energia permite realizar ativida<strong>de</strong>s integra<strong>do</strong>ras, para discussão <strong>de</strong>conceitos <strong>de</strong> Física, Biologia e Química. Essa proposta <strong>de</strong> não compartimentalização <strong>do</strong>conhecimento difere <strong>do</strong> que se observa normalmente no ensino, no qual os alunosrecebem informações subdivididas em "matérias" dificultan<strong>do</strong> assim a visão <strong>de</strong> que osfenômenos da natureza ocorrem <strong>de</strong> forma integrada.Finalmente, pelos resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scritos e também pela participação,envolvimento e <strong>de</strong>scontração <strong>do</strong>s alunos, po<strong>de</strong>-se concluir que os materiais <strong>do</strong> cotidianoutiliza<strong>do</strong>s e a meto<strong>do</strong>logia aplicada - ativida<strong>de</strong>s práticas, questionamentos, visitas,discussões, estímulos a curiosida<strong>de</strong> - foram a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.4. Referências1. BERARDINELLI A. et all - Iniciação à Ciência - sétima e oitava séries <strong>do</strong> primeirograu - FUNBEC - quarta edição - São Paulo -1974.2. PERELMAM, Y. - Phvsicis can be fun - quinta edição - Tradução <strong>do</strong> russo por ArthurShkaronvky - Editora Mir - Moscou - URSS -1986.


2443. TERRAllAN, Eduar<strong>do</strong> A<strong>do</strong>lfo - A conceituarão não convencional <strong>de</strong> energia nopensamento <strong>do</strong>s estudantes - Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciência -Modalida<strong>de</strong> Física - IFUSP e FEUSP - São Paulo - 1985.A Óptica <strong>do</strong> Professor Pesquisa<strong>do</strong>r na Área <strong>de</strong> Física - Uma Tentativa <strong>de</strong>Compreensão da Interface 211-32 GrausJosé C. Galzerani - Depto. <strong>de</strong> Física - UFSCar, Ma ria José P.M. <strong>de</strong> Almeida - F.E. -UnicampIntroduçãoEm discussões <strong>de</strong> profissionais, que atuam na área <strong>de</strong> ensino, são inúmeros osfatores enuncia<strong>do</strong>s como responsáveis pela não efetivação <strong>de</strong> objetivos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<strong>de</strong>sejáveis por eles próprios ou por outros profissionais <strong>de</strong>ssa área.Condições estruturais são as vezes ressaltadas, mas comumente aresponsabilida<strong>de</strong> pela ausência <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> é atribuída ao próprio aluno ouao professor que <strong>de</strong>veria ter contribuí<strong>do</strong> para o seu aprendiza<strong>do</strong> e não o fez.Opiniões nem sempre fundamentadas, ainda que revestidas pelo supostoconhecimento <strong>de</strong> quem as emite, po<strong>de</strong>m não cont ribuir para o avanço na compreensão<strong>do</strong>s processos efetivamente vivi<strong>do</strong>s nas instituições <strong>de</strong> ensino.A sistematização <strong>de</strong> opiniões, no entanto, revela concepções cuja reflexão po<strong>de</strong>ser relevante para o próprio profissional que as emitiu e po<strong>de</strong> <strong>de</strong>notar representaçõesimportantes na compreensão das relações entre áreas correlatas.Assim, a análise <strong>de</strong> opiniões <strong>de</strong> professores pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> física <strong>do</strong> 3° graupo<strong>de</strong> fornecer subsídios para caracterização da interface entre 2° e 3° graus nessadisciplina.ObjetivosA presente investigação foi pensada com os objetivos <strong>de</strong>: estabelecerrepresentações <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res-professores <strong>de</strong> física - 30 grau so<strong>br</strong>e ciência e aspe ctosrelativos ao ensino da física; estabelecer algumas relações possíveis entre representações<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r em física e o processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem da física no 2° e 3° graus.


245Pressupostos <strong>de</strong> Orientação Meto<strong>do</strong>lógicaConsi<strong>de</strong>rou-se que para pensar o ensino <strong>de</strong> qualquer área é necessário analisaros aspectos político, sócio-histórico, epistemológico e pro priamente pedagógico. E,quan<strong>do</strong> se pensa o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma dada disciplina, a globalização <strong>do</strong>s diferentesaspectos <strong>do</strong> ensino imp lica a indissociabilida<strong>de</strong> entre esse conteú<strong>do</strong> e a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>seu ensino.Consi<strong>de</strong>rou-se também que categorias como curriculo oculto e tradição seletiva,utilizadas por Michael W. Apple no exame da realida<strong>de</strong> escolar indicam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se analisar os porquês <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s serem p rivilegia<strong>do</strong>s em relação aoutros.Para se enten<strong>de</strong>r concepções <strong>de</strong> ciência veiculadas em situações <strong>de</strong> ensino,torna-se fundamental a compreensão <strong>de</strong> possíveis visões so<strong>br</strong>e como o conhecimentocientífico é produzi<strong>do</strong>. O entendimento, por exemplo, <strong>do</strong> que representa a visãoindutivista <strong>de</strong> ciência contribui na explicação <strong>de</strong> porquê em diferentes graus <strong>de</strong> ensino osprofessores atribuem gran<strong>de</strong> importância ao laboratório como meio para solucionarproblemas <strong>do</strong> ensino da física.Ocorrências que incluem conteú<strong>do</strong> e maneiras <strong>de</strong> ensiná-lo po<strong>de</strong>m serabordadas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da categoria processos x produto na construção da ciência.Na maneira <strong>do</strong>gmática como eia é ensinada na formação <strong>do</strong> cientista, o livro didático<strong>de</strong>sempenha papel fundamental, como é aponta<strong>do</strong> por T.S. Kuhn.E bastante provável que o efeito <strong>do</strong>gmático <strong>de</strong>sse trabalho se estenda ao nívelmédio, no ensino daqueles que não irão necessa riamente se <strong>de</strong>dicar à construção daciência.Quanto às representações inferidas <strong>de</strong> ações manifestas, explicita ouimplicitamente, em opiniões verbalizadas, é impo rtante ressaltar que elas <strong>de</strong>vem serentendidas como aquilo que as pessoas pensam, mas no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> que emana <strong>do</strong> seucomportamento material, no senti<strong>do</strong> explicita<strong>do</strong> por Marx e Engel em A I<strong>de</strong>ologiaAlemã.ProcedimentoUm questionário com 30 perguntas foi respondi<strong>do</strong> por 23 professores, 82,1% <strong>do</strong>total em ativida<strong>de</strong> no Departamento <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos.


246As questões solicitavam da<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e o histórico escolar e profissional <strong>do</strong>sprofessores pesquisa<strong>do</strong>res e suas opiniões so<strong>br</strong>e ensino, ciência (particularmente a Física),pesquisa e papéis <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> 2° e 3° graus. A maio ria foi formulada <strong>de</strong> formaaberta e a análise qualitativa das respostas ainda está se processan<strong>do</strong>.Tratamento das Respostas e ConclusõesPara tornar exequível a sistematização <strong>de</strong> conclusões, as respostas a cadaquestão foram agrupadas em colunas. Esse procedimento facilitou a leitura das respostasa uma mesma questão e a comparação das respostas <strong>de</strong> cada professor a diferentesquestões.A leitura reflexiva das respostas orientada pelos pressupostos meto<strong>do</strong>lógicos foipossibilitan<strong>do</strong> o levantamento <strong>de</strong> categorias específicas para análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>sgrupos <strong>de</strong> questões. Um reagrupamento das respostas processa<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com essascategorias facilitou a análise e evi<strong>de</strong>nciou algumas conclusões.Como exemplo consi<strong>de</strong>remos as questões nove e <strong>de</strong>z, quais sejam:9) Na sua opinião, quais as contribuições <strong>de</strong> um professor <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 2° graupara aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus alunos?10) Na sua opinião, quais as contribuições <strong>de</strong> um p rofessor <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 3° graupara o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus alunos?As respostas a estas questões foram agrupadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com:I. Contribuições <strong>do</strong> que o aluno po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r em termos <strong>de</strong> conhecimentos(conteú<strong>do</strong>, conceitos, etc), habilida<strong>de</strong>s (capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levantar hipóteses, organizarestu<strong>do</strong>, etc) e atitu<strong>de</strong>s (sentimentos e emoções <strong>de</strong>sejáveis, cu riosida<strong>de</strong> científica,consciência critica, etc);H. não especificação <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com IIII. não respon<strong>de</strong>r.A partir das respostas a essas duas questões, uma visão das concepçõesmanifestas pelo grupo <strong>de</strong> professores pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> 3° grau indica que;


247- suas expectativas em relação às contribuições <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> 2° e 3° gra<strong>usp</strong>ara o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus alunos se diferenciam;- habilida<strong>de</strong>s como intuição, criativida<strong>de</strong>, senso critico, etc., são apontadas nos<strong>do</strong>is casos, mas para os <strong>de</strong> 3° grau a ênfase recai no auto-didatismo, no caminhar sozinho,aparecen<strong>do</strong> também as capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> buscar confiabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> fazer experiências, <strong>de</strong>espírito <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> persistência, assim como a idéia <strong>de</strong> aprofundamento no 3° grau;- a idéia <strong>de</strong> aprofundamento no 3 0 grau se mantém em relação aosconhecimentos, mas ocorre também uma diferenciação no tipo <strong>de</strong> conhecimento que elesesperam que os professores <strong>de</strong> 2° e 3° graus levem o aluno a adquirir. Para o 2° graufenômenos, conceitos, conteú<strong>do</strong> técnico-cientifico, moral, politica, relação com outrasciências, que sensações po<strong>de</strong>m ser expressas matematicamente, e para o 3° grau a ênfaserecai em conceitos, aplicações e mo<strong>de</strong>los, haven<strong>do</strong> também referência à Física comoferramenta para outras áreas, e são enuncia<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s da Física;- atitu<strong>de</strong>s como motivação e <strong>de</strong>spertar para a Física aparecem para o 2° e 3°graus mas para o 3° grau há referência ao entusiasmo com a carreira;- verificou-se também que alguns professores não indicaram qualquerexpectativa e que outros se valeram da questão para fazerem criticas como "saber Física,que nem sempre é o caso";- <strong>de</strong> uma forma geral notou-se nas respostas o 2° grau sen<strong>do</strong> pensa<strong>do</strong> apenascomo forma<strong>do</strong>r para o terceiro, não sen<strong>do</strong> cogitadas outras possíveis finalida<strong>de</strong>s;- por outro la<strong>do</strong>, a ênfase maior em habilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> que em conhecimentos,parece indicar uma representação so<strong>br</strong>e o aprendiza<strong>do</strong> da Física que não se restringe aoproduto, mas inclui o seu processo <strong>de</strong> construção.Na formulação <strong>de</strong> questões há indução <strong>de</strong> respostas?Na análise conjunta das respostas a diferentes questões, po<strong>de</strong>-se notar ainfluência que a formulação (e talvez a seqüência) <strong>de</strong> algumas questões po<strong>de</strong> ter exerci<strong>do</strong>so<strong>br</strong>e as respostas. Exemplifican<strong>do</strong>:- em três questões sucessivas foi pedida a opinião <strong>do</strong>s professores so<strong>br</strong>efmalida<strong>de</strong>s com que <strong>de</strong>ve ser realizada a pesquisa científica, so<strong>br</strong>e para que se rve aciência (e a Física em particular) em nossa socieda<strong>de</strong> e foi questiona<strong>do</strong> se a ciência<strong>de</strong>veria ter outras finalida<strong>de</strong>s;


248- as respostas a cada questão foram classificadas em duas classes: as queindicavam como metas da pesquisa científica, ou da ciência, a obtenção <strong>de</strong> conhecimento,a própria ciência, a tecnologia, etc., sem referência a relações com o indivíduo e (ou) asocieda<strong>de</strong>, ou com essa relação;- várias metas foram enunciadas para a pesquisa científica e <strong>de</strong>stacou-se naprimeira questão uma diferenciação entre conhecimento científico e tecnológico, mas emto<strong>do</strong>s os casos em que foi percebida uma relação entre os <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> conhecimento osenti<strong>do</strong> aparente foi <strong>do</strong> conhecimento "puro" para o "tecnológico", nunca o inverso ou ainfluência mútua <strong>de</strong> um so<strong>br</strong>e o outro. Não houve nas respostas a essa questão qualquerreferência a relações com o social;- já na questão seguinte, formulada subenten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> uma resposta relacionan<strong>do</strong> aciência ao indivíduo e à socieda<strong>de</strong>, a questão foi amplamente consi<strong>de</strong>rada; foi gran<strong>de</strong> adiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respostas. A ciência foi apontada tanto como meio para melhorar ascondições <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> ser humano, quanto com <strong>de</strong>scrença no que se refere ao que <strong>de</strong>veriaser o seu papel;- finalmente, quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e outras possíveis finalida<strong>de</strong>s da ciência, naquestão seguinte, poucos se manifestaram.Terminada a análise das questões, preten<strong>de</strong>-se coletivizar os resulta<strong>do</strong>s com osprofessores que respon<strong>de</strong>ram às mesmas. Já se percebe que os resulta<strong>do</strong>s permitemavançar na discussão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas questões. Assim, alguns <strong>de</strong>les indicamquestionamentos so<strong>br</strong>e a formação <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> 2 0 e 3° graus; quan<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong>s,po<strong>de</strong>rão fornecer subsídios para a compreensão da interface entre 2° e 3 0 graus.BibliografiaApple, W.M.; I<strong>de</strong>ologia e Currículo, São Paulo, Ed. Brasiliense, 1982.Apple, W.M.; Teachers and Texts a political economy of class and gen<strong>de</strong>r relations ineducation, New York; Rotledge & Kegan Paul Inc. 1986.Apple, W.M.; Educarão e Po<strong>de</strong>r, Porto Alegre. Ed. Artes Médicas, 1989.Carvalho, M.C.M.; (org.) Construin<strong>do</strong> o saber: técnicas <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logia científica,Campinas; Papirus, 1989.Kuhn, T.S.; A função <strong>do</strong> <strong>do</strong>gma na investigação científica. In <strong>de</strong> Deus, J.D. A critica daCiência, Rio <strong>de</strong> janeiro; Zahar Editores, 1974, 51-80.


249Marx, K., Engels, F. A I<strong>de</strong>ologia Alemã, Lisboa; Editorial Presença, 1976.Dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s Professo res num Curso <strong>de</strong> AtualizaçãoA. Villani; J.LA. Pacca; I. Bodião; N. GadioliInstituto <strong>de</strong> Física da USPPopulação: 9 professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 20 grau e/ou magistério; encontros mensais com<strong>de</strong>z horas <strong>de</strong> interação.Fonte <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s: Entrevistas individuais, discussões coletivas, tarefas para casa equestionários escritos.Tipo <strong>de</strong> registro: gravação audio, observação qualitativa contínua, trabalhos escritos.Conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física: Leis da MecânicaTipo <strong>de</strong> Análise: Qualitativa "aberta" (sem categorias a priori)Resulta<strong>do</strong>s Preliminares1. Dificulda<strong>de</strong>s na articulação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física (Solução <strong>de</strong> Problemas. Relaçõesentre os conceitos)Indícios: dificulda<strong>de</strong>s e bloqueios nas entrevistas individuais para justificar as afirmações.Incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhamento e participação nas discussões coletivas.Causa provável: formação básica pouco sólida.Auxílios possíveis:a) Cursos <strong>de</strong> especialização "oficiais" <strong>de</strong> longa duraçãob) Trabalhos monográficos individuaisc) Discussões sistemáticas <strong>de</strong> textos didáticos.


2502. Dificulda<strong>de</strong> inicial em assumir atitu<strong>de</strong>s e posturas profissionais.Indícios: aceitação passiva das tarefas; tendência a <strong>de</strong>ixá-las inacabadas. Poucoenvolvimento na análise <strong>do</strong>s trabalhos <strong>do</strong>s colegas; pouca <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> seu trabalho. Postura<strong>de</strong> "aluno".Causa provável: insegurança em relação às capacida<strong>de</strong>s pessoais e <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong>senti<strong>do</strong> das ativida<strong>de</strong>s didáticas.Possíveis auxílios:a) Discussões individuais com ênfase nas justificativasb) Co<strong>br</strong>ança sistemática das tarefas e "feed-back" p rincipalmente nos sucessos.c) Esforço na a<strong>de</strong>quação das tarefasd) Discussões sistemáticas <strong>do</strong>s objetivos. (AUTONOMIA)3) Rejeição inicial das ativida<strong>de</strong>s referentes ao planejamento escolarIndícios: planejamentos "po<strong>br</strong>es" (lista <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s); dificulda<strong>de</strong>s na incorporação dassugestões <strong>de</strong> melhoria. Falta <strong>de</strong> articulação entre objetivos, estratégias, conteú<strong>do</strong>s,ativida<strong>de</strong>s didáticas, avaliações. Desenvolvimento das dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s estudantes.Causa provável: Inutilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> planejamento escolar oficial. Desconhecimento dasvantagens <strong>do</strong> planejamento.Possíveis auxílios:a) Discussões explicitas so<strong>br</strong>e vantagens e dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> pl anejamentob) Realização <strong>de</strong> partes <strong>do</strong> planejamento em conjuntoc) "Feed-back" personaliza<strong>do</strong>.


2514. Dificulda<strong>de</strong>s em assumir objetivos <strong>de</strong> longo alcan ce. Desconhecimento <strong>do</strong>s mecanismos<strong>de</strong> aprendizagem estável.Indícios: Valorização excessiva das discussões em classe <strong>do</strong>s estudantes. Dificulda<strong>de</strong>s naelaboração <strong>de</strong> avaliações significativas. Desconhecimento <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> das respostas <strong>do</strong>sestudantes.Causa provável: concepção <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> tipo "missionário" (divulgação <strong>do</strong> conhecimento)Possíveis auxílios:a) Elaboração <strong>de</strong> avaliações em conjunto e análise sistemática <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.b) Discussões teóricas so<strong>br</strong>e aprendizagem e mudança conceitual.5. Concepções espontâneas so<strong>br</strong>e força e movimento, ação e reação, mudança <strong>de</strong>referencial. inércia, impulso.Indícios: Respostas a questionários semelhantes às encontradas nas pesquisas.Causa provável: Esquema conceitual alternativo não concientiza<strong>do</strong>.Possíveis auxílios:a) Análise das respostas <strong>do</strong>s estudantes e confronto sistemático com as respostasacreditadas.b) Discussões freqüentes so<strong>br</strong>e o assunto e tentativas <strong>de</strong> interpretação mais global.6. Raciocínios espontâneos.causal.Principalmente: raciocínio direto - raciocínio mono-conceitual - raciocínioIndícios: Nas entrevistas privilegiar a fórmula, <strong>de</strong>sconhecen<strong>do</strong> outros caminhos (p.ex.E c= 1 mV2 ... nenhuma referência a balanço <strong>de</strong> energia).zNas discussões, esquecer sistematicamente uma das leis <strong>de</strong> Newton ou uma dasleis <strong>de</strong> conservação.


252Nas entrevistas linearizar os fenómenos priv ilegian<strong>do</strong> (temporalmente) a causaso<strong>br</strong>e o efeito. Desprezar a simétrica das interações.Causa Provável: Tendência a simplificar <strong>de</strong>masiadamente as análises.Possíveis auxílios:a) Levantamento e discussão <strong>do</strong>s eventos <strong>de</strong>ste tipo.A Física Contemporânea e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2 0 GrauAndrea G. <strong>de</strong> Moraes (Centro <strong>de</strong> Ciências/RJ)Cássio C. Laranjeiras (Centro <strong>de</strong> Ciências/RJ)Francisco C. Gue<strong>de</strong>s (Centro <strong>de</strong> Ciências)Nilo Sérgio Confort (Sec. Educ./C.Ciência. ․)Pensar num curso para professores <strong>de</strong> física <strong>do</strong> 2° grau, implica uma reflexãoso<strong>br</strong>e o ensino <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, uma vez que apesar da formação <strong>do</strong> cidadão ser umaban<strong>de</strong>ira evocada por to<strong>do</strong>s os educa<strong>do</strong>res, as divergências so<strong>br</strong>e os caminhos a seremtraça<strong>do</strong>s são gran<strong>de</strong>s. O problema já se inicia, quan<strong>do</strong> pensamos na cidadania. Algumaspessoas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o exercício da cidadania passa única e exclusivamente pelas<strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> rumos da socieda<strong>de</strong>, através <strong>do</strong> voto. Outros garantem que o uso <strong>do</strong> voto só élegítimo quan<strong>do</strong> os cidadãos se posicionam criticamente perante a socieda<strong>de</strong>, uma vezque a ausência <strong>de</strong>ste posicionamento leva a um voto burocrático, ou melhor, manipula<strong>do</strong>pelos que <strong>de</strong>têm o po<strong>de</strong>r. Nós acreditamos na escola enquanto espaço contribui<strong>do</strong>r parauma discussão critica, e, conseqüente posicionamento critico <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s e educa<strong>do</strong>resem relação a socieda<strong>de</strong>. Por isso pensamos num ensino dialógico, on<strong>de</strong> a interação entreas partes seja tal, que ambos ao se colocarem ativamente no processo, tenham durante eao término <strong>de</strong>ste um crescimento coletivo. Dessa forma, o ensino <strong>de</strong> ciências, e da Físicaem particular, tem um papel fundamental no processo educacional, visto que a ciência,por ser um elemento cultural, não está dicotomizada da socieda<strong>de</strong>, o que faz com que seudiscurso seja, muitas vezes, usa<strong>do</strong> p ara legitimar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> alguns."A tendência da tecnocracia é transferir a "especia listas", técnicos ou cientistas,problemas que são <strong>do</strong>s cidadãos: a organização <strong>do</strong>s transportes, da medicina, a concepção<strong>do</strong> ensino. Escolhas políticas são transformadas em questões a serem <strong>de</strong>cididas porcomitês especialistas. Não digo que os tecnocratas sejam maus, e que tomem sempre<strong>de</strong>cisões erradas. Digo que é mau o sistema que lhes dá esse po<strong>de</strong>r" (1).


253Ao analisarmos o ensino <strong>de</strong> física, hoje ministra<strong>do</strong> nas escolas, percebemos que,em sua gran<strong>de</strong> maioria, ele em nada contribui ao exercício da cidadania. Na tentativa <strong>de</strong>suprir essa <strong>de</strong>ficiência, tem-se aponta<strong>do</strong> como uma possível solução, a inserção na gra<strong>de</strong>curricular <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> ciências, ou mesmo das ciências, <strong>de</strong> temas relaciona<strong>do</strong>s à pesquisacientífica atual. Isto porque a aquisição <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> conhecimento contribui para umatomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, que não sejam ligadas apenas ao senso comum. Porém não po<strong>de</strong>mosfazer uma mudança <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s no ensino <strong>de</strong> 2° grau, sem pensarmos nos erros que aexperiência educacional <strong>br</strong>asileira, ou mesmo mundial, nos tem aponta<strong>do</strong>, qual seja avalorização <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s totalmente <strong>de</strong>svincula<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> suaconstrução. Assim, a discussão da Física enquanto conhecimento histórico-cultural apontaum caminho para uma possível transformação. Nesse senti<strong>do</strong> a Física contemporânea nãopo<strong>de</strong> ser alijada <strong>do</strong> processo educacional, nem ser consi<strong>de</strong>rada um apêndice, mas <strong>de</strong>ve serentendida como parte integrante <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> conhecimento histórico-cultural. Porisso preten<strong>de</strong>-se durante o curso <strong>de</strong> física contemporânea discutir o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> algunsestu<strong>do</strong>s científicos contemporâneos nas suas dimensões histórico-cultural, instrumental,etc...A velocida<strong>de</strong> da produção <strong>do</strong> conhecimento científico nos mostra ser imperiosaa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atualização periódica <strong>do</strong>s professores, o que po<strong>de</strong> ser consegui<strong>do</strong>estabelecen<strong>do</strong>-se um contato sistemático com os que fazem pesquisa. Para não <strong>de</strong>ixar estaatualização longe da realida<strong>de</strong> escolar, estaremos preocupa<strong>do</strong>s com questões <strong>do</strong> tipo:"Como transformar a Física num elemento <strong>de</strong> cultura para to<strong>do</strong>s? Será que pararealizar essa transformação basta acrescentar alguns elementos que "humanizem" o ensino<strong>de</strong> Física <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> e <strong>do</strong> outro, acrescentar tópicos <strong>de</strong> Física contemporânea que"mo<strong>de</strong>rnizem" esse mesmo ensino? ou será apenas necessário acrescentar nesse ensino <strong>de</strong>Física tradicional exemplos <strong>de</strong> aplicação a problemas <strong>do</strong> cotidiano? ou ainda, um aspectomais diretamente educacional ou pedagógico, basta transformar a apresentação <strong>de</strong>ssemesmo conteú<strong>do</strong> tradicional <strong>de</strong> forma a apresentá-lo <strong>de</strong> "mo<strong>do</strong> dialogal" (a Paulo Freire),procuran<strong>do</strong> "temas gera<strong>do</strong>res" que justifiquem o aprendiza<strong>do</strong> daqueles tópicos? ou ainda,será que <strong>de</strong>vemos simplesmente substituir o atual ensino da história da física?"(2)Neste senti<strong>do</strong> foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um curso intitula<strong>do</strong> "A Física Contemporânea eo <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° Grau" que tinha por meta promover o contato entrepesquisa<strong>do</strong>res especialistas em diversas áreas e os professores <strong>de</strong> 2° grau, através <strong>de</strong><strong>de</strong>bates em torno <strong>de</strong> temas liga<strong>do</strong>s a Física Contemporânea. Fazia parte <strong>do</strong> curso aelaboração pelos professores <strong>de</strong> um projeto individual para aplicação, em sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong>temas trata<strong>do</strong>s no curso. Acreditamos que a elaboração <strong>de</strong> projetos, como exercício <strong>de</strong>pesquisa contribui para a reformulação da prática <strong>do</strong>cente e para a transformação <strong>do</strong>ensino <strong>de</strong> ciências.


254Objetivos:- refletir so<strong>br</strong>e o papel da Física no ensino <strong>de</strong> 2° grau.- refletir so<strong>br</strong>e o papel da Física contemporânea no ensino <strong>de</strong> 2° grau.- Atualizar os professores <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau da re<strong>de</strong> estadual/RJ com relaçãoaos novos conhecimentos produzi<strong>do</strong>s em física e sua aplicação em sala <strong>de</strong> aula.- Experimentar conteú<strong>do</strong>s não convencionalmente presentes nos livros textos <strong>de</strong>física <strong>do</strong> 2° grau.- Possibilitar um lastro conceitual que permita um senso critico mais apura<strong>do</strong><strong>do</strong>s livros a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s.(1) Pierre Thuillier(2) João ZaneticDesenvolvimentoO "curso' estará dividi<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s blocos a saber:1. A Física Relativística2. A Física QuânticaEm ambos os blocos trabalharemos com a história da Física, a função social daciência e o ensino <strong>de</strong> física. Além disso, serão aborda<strong>do</strong>s os vínculos da Física com:filosofia, cultura, meios <strong>de</strong> produção e tecnologia.O projeto engloba cursos, seminários, <strong>de</strong>bates e sessões experimentais. No quediz respeito a parte experimental, vale lem<strong>br</strong>ar que se tem em mente sempre uma relaçãorecíproca entre teoria e experimento.Clientela:- Professores <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau/Re<strong>de</strong> Estadual.


255Carga Horária:10 horas/semana totalizan<strong>do</strong> ao final <strong>de</strong> 12 encontros 120 horas.Obs.: das 10 horas/semana, 6 horas são <strong>de</strong>dicadas para estu<strong>do</strong> pessoal (leitura<strong>de</strong> textos, preparação <strong>de</strong> material, etc...) e 4 horas para trabalho coletivo realiza<strong>do</strong> noCentro <strong>de</strong> Ciências.Programação / 10 bloco: A Física Relativística1° Encontro: "As Origens da Física Relativística"(3/set) Prof. Luiz Alberto (CBPF)2° Encontro: "A Teoria da Relativida<strong>de</strong>"(10/set) Prof. Carlos Educar<strong>do</strong> (I.F./UFRJ)30 Encontro: "Cosmologia e Astrofísica"(17/set) José P.S. Lemos (Observ. <strong>Nacional</strong>)40 Encontro: "Caos"(24/set) Prof. Il<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Castro (I.F./UFRJ)5° Encontro: "A Física Relativistica e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> 2° Grau I"(01/out) Análise <strong>de</strong> Livros Didáticos6° Encontro: "A Física Relativística e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> 2° Grau II"(22/out) Análise <strong>do</strong> Projeto Italiano "Iniziativa Relativitá"Prof. Francisco Car<strong>do</strong>so G. Neto (CECIERJ)70 Encontro: "Or<strong>de</strong>m x Desor<strong>de</strong>m"(29/out) (um <strong>de</strong>bate interdisciplinar)Prof. Constantino Tsallis (CBPF)Prof. Gerd Bonrheim (IFCS/UFRJ)80 Encontro: "Projetos"(05/nov) (Apresentação <strong>de</strong> prapropostas <strong>de</strong> projetos individuais)Programação/2° Bloco: A Física Quântica"9° Encontro: "As Origens da Física Quântica"(12/nov) Prof. Carlos Albe rto Aragão (I.F./PUC-RJ)


257Esta situação passa a relaxar a partir <strong>do</strong>s anos 80 quan<strong>do</strong> o país mergulha<strong>do</strong> noclima <strong>de</strong> reformas procura traçar caminhos que visem a reversão <strong>do</strong> quadro sócio-políticoeconômico<strong>de</strong> então.Assim, a Habilitação Magistério é revista, e surgem também, os CEFAMs, comouma proposta que visa a uma nova forma <strong>de</strong> atuar na formação <strong>de</strong> professores a nível <strong>de</strong>segun<strong>do</strong> grau. E nesses, on<strong>de</strong> vemos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se retomar a qua lida<strong>de</strong> daformação <strong>de</strong>vida ao professor das sé ries básicas <strong>de</strong> ensino, existe um equilí<strong>br</strong>io <strong>de</strong>formação geral e da especa, on<strong>de</strong> as ciências, como a Física, e a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> seuensino po<strong>de</strong>m propiciar uma a<strong>de</strong>quada base ao futuro professor.Por Outro ÂnguloPor sua vez, o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física vem sofren<strong>do</strong> pressão a modificações através <strong>do</strong>tempo. A part ir da década <strong>de</strong> 50, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a competição tecnológica, muito tempo,econômico e pessoal foram envolvi<strong>do</strong>s na busca <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse ensino e <strong>de</strong>outras ciências, que, como frutos, geraram gran<strong>de</strong>s projetos, como o PSSC, no caso daFísica.Esses projetos chegaram ao Brasil por volta <strong>de</strong> 1964 e, na década <strong>de</strong> 70, outrosprojetos nacionais estavam disponíveis a utilização em sala <strong>de</strong> aula. Contu<strong>do</strong>, como<strong>de</strong>stacam alguns autores, o ensino <strong>de</strong> Física hoje se assemelha muito àquele anterior aosgran<strong>de</strong>s projetos, ou seja, memorístico e livresco.A <strong>de</strong>speito <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sses projetos, é importante salientar que, emmomento algum <strong>de</strong>ssa investida na melhoria <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física a formação <strong>de</strong>professores das sé ries básicas teve a atenção <strong>do</strong>s autores <strong>de</strong> tais projetos.Sem dúvida, esse não era o alvo a ser atingi<strong>do</strong>; não po<strong>de</strong>mos, entretanto, <strong>de</strong> ixar<strong>de</strong> ressaltar que, se uma reforma <strong>do</strong> ensino é <strong>de</strong>sejada, é da base que ela <strong>de</strong>ve serarticulada.Em recente pesquisa, concluímos que, mesmo hoje em dia muito pouco materialexiste para subsidiar o professor <strong>de</strong> Física encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>professor <strong>de</strong> primeira a quarta série. Mesmo a nível <strong>de</strong> pesquisa, poucos são os trabalhosrelaciona<strong>do</strong>s com esta área que, por sua vez, se torna duplamente rica: primeiro, por serpouco explorada, e segun<strong>do</strong>, pela profundida<strong>de</strong>, acreditamos, possa afet ar a formação emciências.


25610° Encontro: Visita Orientada aos Laboratórios <strong>de</strong> Matéria Con<strong>de</strong>nsada e Física(26/nov) Atômica e Molecular <strong>do</strong> Inst.F sica/PUC-RJ11° Encontro: "O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° Grau"(5/<strong>de</strong>z) Prof. João Zanetic (I.F./USP)A Fisica na Formação <strong>de</strong> Professores no 2 0 GrauOctavio Mattasoglio Neto - IFUSP-SME/PMSPUm Breve HistóricoAs primeiras escolas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores das séries básicas <strong>do</strong> ensinoremontam ao perío<strong>do</strong> colonial (Rio <strong>de</strong> Janeiro - 1835; Minas Gerais - 1840; Bahia -1841 eSão Paulo - 1846), e estavam ligadas aos i<strong>de</strong>ais liberais <strong>de</strong> secularização e <strong>de</strong> expansão <strong>do</strong>ensino primário.Até por volta <strong>de</strong> 1930, estas escolas apresentam basicamente a mesma estrutura<strong>de</strong> gra<strong>de</strong> curricular, com pre<strong>do</strong>minância das disciplinas <strong>de</strong> formação geral sem umapreocupação mais específica com a habilitação <strong>do</strong> futuro profissional.Dentro <strong>de</strong>sta estrutura, no caso particular <strong>de</strong> São Paulo, encontramos a Físicapela primeira vez como disciplina <strong>de</strong>sse curso em 1880 permanecen<strong>do</strong> por mais <strong>de</strong> 50anos, ora s6, ora junto a outras disciplinas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma ca<strong>de</strong>ira da gra<strong>de</strong>curricular.A partir <strong>de</strong> 1930, o currículo passa a ser completamente volta<strong>do</strong> às disciplinas <strong>de</strong>formação específica <strong>de</strong> habilitação na magistério, e as disciplinas <strong>de</strong> formação geral<strong>de</strong>saparecem <strong>do</strong> curriculo das escolas normais, reaparecen<strong>do</strong> somente em 1946, quan<strong>do</strong> alei orgânica <strong>do</strong> ensino normal, modula, a nível fe<strong>de</strong>ral a estrutura <strong>de</strong>sses cursos quan<strong>do</strong>da volta da Física como disciplina da primeira série <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> ciclo.De mo<strong>do</strong> profun<strong>do</strong> as diretrizes da Lei Orgânica <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Normal só seriamafetadas em 1972, quan<strong>do</strong> a lei 5692 coloca o <strong>Ensino</strong> Normal (agora HabilitaçãoMagistério) sob o mesmo pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> em que foram colocadas outras habilitações, nasquais a primeira série é básica, contan<strong>do</strong> com a Física em seu elenco que também figurana segunda série <strong>do</strong> curso. O caráter tecnicista da lei 5692 compartimentaliza oconhecimento das disciplinas e cursos <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau, <strong>de</strong>scaracterizan<strong>do</strong> a formaçãoglobal que a Habilitação em Magistério <strong>de</strong>veria objetivar para os futuros professores.


258O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no Magistério (HEM/CEFAM)Pouca atenção é dada à formação em ciências, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, e a <strong>de</strong> Física,particularmente, nos cursos <strong>de</strong> magistério.A atenção dada ao curso <strong>de</strong> lingual e <strong>de</strong> matemática se so<strong>br</strong>epõe <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong>so<strong>br</strong>e o <strong>de</strong> ciências, artes e estu<strong>do</strong>s sociais, anulan<strong>do</strong>-os como se a formação da criançafosse ler, escrever e contar. Perfeita se é só isto que se <strong>de</strong>seja.Nossa visão, no entanto, não é esta. Acreditamos que, nestas séries, aalfabetização em ciências seja <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a base <strong>de</strong> uma sólida formaçãoem Física, Química e Biologia. Deste mo<strong>do</strong>, o professor <strong>de</strong>ve estar prepara<strong>do</strong> com vistasa este ensino, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> veicular <strong>de</strong> forma segura e clara, tais conhecimentos para seusalunos e isso se obtém através <strong>de</strong> uma formação viva, aberta e critica.Não é essa a realida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos observar em nossas escolas. O que temos émuito mais o professor preso ao livro didático que, repletos <strong>de</strong> falhas, apontadas porvários pesquisa<strong>do</strong>res, pouco contribui para o ensino. Dois fatores concorrem para oatrelamento a este instrumento disforme e mal utiliza<strong>do</strong>: a má formação <strong>do</strong> professor e ascondições aviltantes às quais ele <strong>de</strong>ve se sujeitar para que possa so<strong>br</strong>eviver, manten<strong>do</strong>múltiplos vínculos empregatícios.Sem querer <strong>de</strong>sprezar a importância <strong>de</strong>ste segun<strong>do</strong> fator, nossa preocupaçãocaminhou, procuran<strong>do</strong> verificar como a formação <strong>de</strong>veria se dar, visan<strong>do</strong> àquele professor<strong>de</strong>sejável.Uma vez que o futuro professor estará trabalhan<strong>do</strong> com crianças na faixa etária<strong>de</strong> 7 a 11 anos, on<strong>de</strong> a operação correta assume gran<strong>de</strong> importância, seria váli<strong>do</strong> que opróprio professor vivenciasse esse tipo <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>. Esta vivência pressupõe ativida<strong>de</strong>scom construção e manuseio <strong>de</strong> materiais, criação <strong>de</strong> experiências e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca<strong>de</strong> informações, passan<strong>do</strong> a se acrescentar como um novo quadro no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física e<strong>de</strong> Ciências, no qual o texto é apenas uma das etapas <strong>do</strong> processo e a matemática, tãotemida no curso <strong>de</strong> 20 grau, é um instrumento para leitura e melhor entendimento das leis<strong>do</strong> universo manusea<strong>do</strong> e construí<strong>do</strong> pelo aluno.Esta vivência nos cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores se faz necessária, uma vezque ele não existiu, ou existiu <strong>de</strong> forma precária, provavelmente em outras etapas da vida<strong>de</strong>sse nosso aluno.Nessa perspectiva, a flexibilida<strong>de</strong> que se ganha passa a ter gran<strong>de</strong> importânciana formação <strong>do</strong> professor. Na medida em que o aprendiza<strong>do</strong> se torna menos atrela<strong>do</strong> areceitas, trazidas em livros que pouco têm a ver com o ensino <strong>de</strong>ssa forma visto, passa a


259emergir uma consciência maior so<strong>br</strong>e o objeto <strong>de</strong> trabalho. O que faz; para que faz; porque faz.Caminhan<strong>do</strong> nesta direção é que se encontra nosso trabalho nos cursos <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> professores. Ele tem exigi<strong>do</strong> uma boa <strong>do</strong>se <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação para que algunstópicos se efetivem. As mesmas preocupações, que nos orientam, parecem ter si<strong>do</strong> alvo<strong>do</strong> grupo <strong>do</strong> CECISP, que elaborou a proposta <strong>de</strong> Óptica Geométrica para o ensino naHabilitação Magistério, por nós elaborada com <strong>de</strong>talhes em nossa dissertação <strong>de</strong>Mestra<strong>do</strong>.Finalizan<strong>do</strong>, a ação so<strong>br</strong>e o objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> (experimentação, construçãolúdica, etc), a verbalização e conceituação <strong>do</strong> observa<strong>do</strong> e o formalismo matemático<strong>de</strong>sses conceitos são três etapas que sé suce<strong>de</strong>m e que às vezes coexistem para que seconcretize o aprendiza<strong>do</strong> em Física. Elas <strong>de</strong>vem ser observadas e respeitadas para quenão se crie uma vala, tornan<strong>do</strong> irregular a formação, se é que ela pateará a existir. Estasetapas <strong>de</strong>vem ser explicitadas e vividas nos cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, para queestes possam, em seus cursos <strong>de</strong> 1° a 4° séries <strong>do</strong> 1° grau dar início a uma eficaz base <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong> ciências e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta, <strong>de</strong> Física.A Física na Formação <strong>de</strong> Profissionais para as Séries IniciaisFernan<strong>do</strong> Ostermann, Marco A. MoreiraIntroduçãoNessa comunicação, temos como objetivo relatar parte <strong>de</strong> uma pesquisa feitaso<strong>br</strong>e o ensino <strong>de</strong> Física no 2° grau Magistério <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Educação Gal. Flores daCunha, <strong>de</strong> Porto Alegre. Como o Instituto <strong>de</strong> Educação é uma escola <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>professores <strong>de</strong> 1° a 4° séries, nosso estu<strong>do</strong> começou com entrevistas com professoras emexercício nas séries iniciais da própria escola. Nessas entrevistas, procuramos investigarquais os conceitos físicos <strong>de</strong> fato introduzi<strong>do</strong>s nas séries iniciais, as dificulda<strong>de</strong>senfrentadas pelas professoras com esses conceitos, a meto<strong>do</strong>logia por elas empregada nasaulas <strong>de</strong> Ciências e a formação recebida em Física quan<strong>do</strong> cursaram o 2° GrauMagistério.


260Os resulta<strong>do</strong>s das entrevistas (Ostermann e Moreira, 1991)(1) nos permitiram<strong>de</strong>tectar quais conceitos físicos básicos são aborda<strong>do</strong>s nas séries iniciais tais como: força epressão, peso e massa, calor e temperatura, força e energia. Além disso, i<strong>de</strong>ntificamosconcepções contextualmente errôneas atribuidas a esses con ceitos pelas professoras.As estações <strong>do</strong> ano e as mudanças <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> físico também são assuntostrata<strong>do</strong>s da 1 8 a 4a séries e, na maioria das vezes, erradamente <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vistacientífico. Esses tópicos, no entanto, não foram focaliza<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>.A partir <strong>de</strong>ssas constatações e <strong>do</strong>s relatos feitos pelas professoras pu<strong>de</strong>mosinferir que a formação em Física recebida no 2° Grau Magistério é ina<strong>de</strong>quada, dissociada<strong>do</strong> que se ensina em Ciências da l a a 4" séries e, principalmente, insu ficiente em termostanto <strong>de</strong> embasamento teórico como experimental.Quanto à meto<strong>do</strong>logia empregada pelas professoras, obse rvamos que dizemseguir a linha construtivista proposta pela escola. Contu<strong>do</strong>, é na alfabetização que estalinha vem sen<strong>do</strong> amplamente explorada e há muito pouco em relação ao ensino <strong>de</strong>Ciências.Assim, ten<strong>do</strong> em vista as características da disciplina <strong>de</strong> Física no 2° GrauMagistério e as <strong>de</strong>ficiências na compreensão <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s con ceitos físicos <strong>de</strong>tectadasnas entrevistas, nos propusemos a mudar o ensino <strong>de</strong>ssa discip lina no Instituto <strong>de</strong>Educação. Essa mudança tem por objetivo buscar estratégias instrucionais que atendamàs reais necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> conceitos físicos nas séries iniciais.Para tanto, <strong>de</strong>senvolvemos um trabalho, no segun<strong>do</strong> semestre <strong>de</strong> 1990, junto aalunas <strong>do</strong> 2° Grau Magistério <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Educação com o objetivo <strong>de</strong> ensinar alguns<strong>do</strong>s conceitos físicos cita<strong>do</strong>s anteriormente. Nesse trabalho utilizamos as estratégiasconstrutivistas <strong>de</strong>scritas a seguir.EstratégiasA Física que propusemos para o 2° Grau Magistério é conceitual e qualitativa.Os conceitos físicos foram seleciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com sua relevância para o ensino <strong>de</strong>Ciências nas séries iniciais. Trabalhamos então os seguintes conceitos: peso e massa, forçae pressão, calor e temperatura. Tais conceitos foram ensina<strong>do</strong>s em três unida<strong>de</strong>s: "força emovimento", "pressão" e "calor e temperatura". através <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s, procuramosdiferenciá-los e integrá-los. Cada unida<strong>de</strong> iniciou com a aplicação <strong>de</strong> um pré-teste, cujo1 Física no 2° Grau Magistério: entrevistas com professoras. Aceito para publicação noCa<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, 1991.


^261objetivo era o <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar concepções alternativas apresentadas pelos alunos. A instruçãoera programada levan<strong>do</strong> em conta o conhecimento prévio das alunas e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>conscientização <strong>do</strong> mesmo por parte <strong>de</strong>las. A estratégia utilizada nas três unida<strong>de</strong>s, emlinhas gerais, era baseada em discussões em sala <strong>de</strong> aula com gran<strong>de</strong> participação dasalunas. A mudança conceitual foi buscada através da argumentação teórica <strong>do</strong> professoraliada, sempre que possível, à experiência. Assim, buscamos facilitar a construção <strong>do</strong>sconceitos físicos. A seguir <strong>de</strong>screveremos cada unida<strong>de</strong> separadamente.Forca e MovimentoA aplicação <strong>do</strong> pré-teste nesta unida<strong>de</strong> nos confirmou a já conhecida concepçãoalternativa <strong>do</strong>s alunos a respeito da relação entre força e velocida<strong>de</strong> (concepçãoaristotélica). Verificamos também que em geral as alunas conheciam os conceitos <strong>de</strong> pesoe massa, mas nem sempre os aplicavam corretamente.Esta unida<strong>de</strong> iniciou com a formulação por parte das alunas, através <strong>de</strong>discussões, da "teoria alternativa". Depois, durante várias aulas, usan<strong>do</strong> argumentaçãoteórica e experiências feitas pelas alunas (no caso <strong>de</strong> peso e massa) levamos as alunas auma insatisfação em relação à "teoria alternativa" e buscamos construir a teoria científica.A aprendizagem da teoria científica se consoli<strong>do</strong>u com o uso <strong>de</strong> exemplos e exercícioscom ênfase conceitual. Esta estratégia foi proposta por Silveira (1989)(2) com base emum enfoque popperiano para o ensino <strong>de</strong> ciências.PressãoEsta unida<strong>de</strong> se subdividiu em três partes: pressão mecânica, pressãoatmosférica e pressão nos líqui<strong>do</strong>s (em repouso). No pré-teste feito, pu<strong>de</strong>mos observarque as alunas não diferenciavam os conceitos <strong>de</strong> força e pressão. Na sua maioria, sabiamque o ar pesa e em relação à pressão nos liqui<strong>do</strong>s, a concepção alternativa mais geral era<strong>de</strong> que a pressão num ponto <strong>de</strong> um liqui<strong>do</strong> em repouso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> liqui<strong>do</strong>.A parte <strong>de</strong> pressão mecânica iniciou com um ví<strong>de</strong>o(3) on<strong>de</strong> buscamosdiferenciar e integrar os conceitos <strong>de</strong> pressão e força.2 Silveira, F.L. A filosofia <strong>de</strong> Karl Popper e suas implicações no ensino da ciência.Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, 6(2): 148-162.3 Paul Hewitt, Pressure, Addison-Wesley, 1987.


j 262Na segunda parte (pressão atmosférica) foi possível, efetivamente, aliarexperiências <strong>de</strong>monstrativas com argumentação teórica durante a instrução, nos mol<strong>de</strong>spropostos por Axt et al.(1990)(4).Na pressão nos líqui<strong>do</strong>s (terceira pa rte) buscamos, novamente, realizarexperiências que, aliadas à teoria, po<strong>de</strong>riam promover a mudança conceitual.Calor e TemperaturaNo pré-teste <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>, verificamos as já conhecidas alternativas: calorcomo proprieda<strong>de</strong> da matéria e uso indistinto <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> calor e temperatura. Alémdisso, como era <strong>de</strong> se esperar, as alunas não tinham o conceito <strong>de</strong> energia interna, por serapenas um conceito a nível formal e não intuitivo.A partir <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, nossa abordagem foi no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>primeiramente construir o conceito <strong>de</strong> energia interna via o conceito geral <strong>de</strong> energia esuas formas básicas (potencial e cinética).Assim, introduzin<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> energia interna buscamos promover adiferenciação entre calor e temperatura, levan<strong>do</strong> em conta as concepções alternativasatribuidas a esses <strong>do</strong>is conceitos. Nessa unida<strong>de</strong>, as experiências foram feitas pelas alunascomo elemento motiva<strong>do</strong>r, principalmente, em relação ao conceito <strong>de</strong> calor queaparentemente s6 po<strong>de</strong> ser aprendi<strong>do</strong> via argumentação teórica.AvaliaçãoAo término <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> houve um pós-teste. Ao final <strong>do</strong> semestre foiaplicada uma prova final, envolven<strong>do</strong> as três unida<strong>de</strong>s, que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada um teste<strong>de</strong> retenção da aprendizagem. Além disso, as alunas respon<strong>de</strong>ram um questionário <strong>de</strong>atitu<strong>de</strong>s so<strong>br</strong>e a meto<strong>do</strong>logia empregada nessas unida<strong>de</strong>s em relação à meto<strong>do</strong>logiatradicional <strong>de</strong>senvolvida até então. Finalmente, algumas alunas foram entrevistadasoralmente so<strong>br</strong>e essa mudança meto<strong>do</strong>lógica.4 Axt, R et al. Experimentação seletiva e associada à teo ria como estratégia para facilitara reformulação conceitual em Física. Revista <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, 12: 139-158, 1990.


263Resulta<strong>do</strong>s PreliminaresNas tabelas 1, 2 e 3 são mostra<strong>do</strong>s apenas os resulta<strong>do</strong>s das comparações entrepré-teste, pós-teste e teste <strong>de</strong> retenção. Tais resulta<strong>do</strong>s sugerem claramente que aestratégia facilitou a aprendizagem das alunas nas três unida<strong>de</strong>s. Entretanto, em termos<strong>de</strong> um enfoque quantitativo o <strong>de</strong>lineamento usa<strong>do</strong> é pré-experimental e não permitiriaatribuir as diferenças observadas necessariamente à eficácia da estratégia. Tal objeçãonão <strong>de</strong>ve, no entanto ser motivo <strong>de</strong> preocupação no presente estu<strong>do</strong> pois seu enfoque ébasicamente qualitativo. Nesta ótica os números apresenta<strong>do</strong>s são apenascomplementares às <strong>de</strong>mais observações feitas (atitu<strong>de</strong>s, entrevistas, opiniões) cujosresulta<strong>do</strong>s não foram ainda obti<strong>do</strong>s face à <strong>de</strong>mora usual na análise qualitativa <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s.Esses resulta<strong>do</strong>s serão relata<strong>do</strong>s oportunamente.Tabela 1 N X 5ForçaeMovimento(25 itens)pré-teste 33 8,6 2,42386 F= 2,59495pós-teste 30 11,6 3,90456 t= 3,62151pré-teste 33 8,4 2,34883 Fr 1,74956Pressãot18 pós-teste 33 16,4 1,77577 t= 15,60732Color e pré-teste 33 5,7 1,95824 F= 1,07907Temperatura *(Is) pós-teste 32 9,6 1,88513 t= 8,17614• p(,01 tpt.05Tabela 1- Resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comparaçãopré X pós-teste nas trásunida<strong>de</strong>s.


264Tabela 2ForçaeMovimento' PressãoColoreTemperatureN z Spré-teste . 33. 8,6 2,42386 F1, 3,33583.toste <strong>do</strong> ratançâo 31 16,6 4,42700 t= 8,88759pré-teste 33 8,4 2,34883 F= 2,13268tastt <strong>do</strong>rettnção 31 16,8 1,60838 t.= 16,77888pré-teste 33 5,7 1,95824 F. 1,16902tas t. daenção ret 31 10,0 2,11727.t. 8,44074ap


265Trabalhan<strong>do</strong> com Ciências no Magistério <strong>de</strong> Primeiro GrauOliveira, AJA; Bonan<strong>do</strong>, PA. -UFSCar / Centro Cultural Brasital - São Roque-SP1. IntroduçãoMuitos pesquisa<strong>do</strong>res relatam a situação <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências no primeirograu. Os problemas vêm <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras séries, ou têm origem na formação <strong>do</strong>sprofessores para essas séries, na qual prevalece o mo<strong>de</strong>lo tradicional - expositivo.FRACALANZA(1) afirma que a consolidação <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências está vinculada aocurso <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores.Os cursos <strong>de</strong> reciclagem têm si<strong>do</strong> ofereci<strong>do</strong>s e aponta<strong>do</strong>s como uma dasalternativas para melhoria na formação e atualização <strong>de</strong> conhecimentos <strong>do</strong>s professores.No presente trabalho relata-se o planejamento e a aplicação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is cursos para alunos <strong>do</strong>curso <strong>de</strong> Segun<strong>do</strong> Grau - Habilitação Especa para o Magistério e professores <strong>de</strong>primeira a quarta séries <strong>do</strong> primeiro grau.No primeiro curso: 'Trabalhan<strong>do</strong> com Ciências - Astronomia', abor<strong>do</strong>u-se ostópicos <strong>de</strong> Astronomia presentes no currículo das primeiras séries <strong>do</strong> primeiro grau. Nosegun<strong>do</strong> curso: "Origem <strong>do</strong> Universo e da Vida", abor<strong>do</strong>u-se as teorias aceitas pelaCiência para explicar esses temas.Durante a realização <strong>do</strong>s cursos, além <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s discutiu-se a importánciada Ciência, <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> cientista e o uso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los científicos. Trabalhou-se com osmo<strong>de</strong>los encontra<strong>do</strong>s pelos pa rticipantes para resolver as questões apresentadas. Foitambém discutida a viabilida<strong>de</strong> e adaptação <strong>de</strong>ste conteú<strong>do</strong> e meto<strong>do</strong>logia para situações<strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula.2. Descrição Geral <strong>do</strong>s CursosOs cursos foram realiza<strong>do</strong>s nas <strong>de</strong>pendências <strong>do</strong> Centro Cultural Brasital, nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Roque - a 60 km a oeste <strong>de</strong> São Paulo - com duração <strong>de</strong> 12 horas (3 dias


^266cada curso) e participaram no total 36 alunos da quarta série <strong>do</strong> Magistério e 5professoras <strong>do</strong> primeiro grau.2.1. Trabalhan<strong>do</strong> com Ciências - Astronomia2.1.1. Conteú<strong>do</strong> e Ativida<strong>de</strong>sIniciou-se o curso discutin<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências nas primeirasséries <strong>do</strong> primeiro grau bem como, a visão <strong>de</strong> Ciência - cientista e a importância <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>los na pesquisa científica. Para exemplificar como tais temas po<strong>de</strong> riam seraborda<strong>do</strong>s no primeiro grau realizou-se a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> "Caixa-Preta". Essaativida<strong>de</strong> consiste no manuseio <strong>de</strong> uma pequena ca ixa com objetos no seu inte rior com oobjetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir quais são os objetos sem a<strong>br</strong>i-la. Discutiu-se assim a elaboração <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>los mentais e a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aprimoramento <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e da imaginaçãopara o ensino-aprendizagem <strong>de</strong> Ciências.A seguir foram discuti<strong>do</strong>s os conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Astronomia presentes no Currículo<strong>de</strong> Ciências das primeiras séries <strong>do</strong> primeiro grau: Forma <strong>do</strong> planeta Terra; o dia e anoite (rotação); estações <strong>do</strong> ano (translação); fases da Lua, ec lipses e marés; tópicosgerais so<strong>br</strong>e o sistema solar, estrelas e galáxias.Na maioria <strong>de</strong>sses conteú<strong>do</strong>s aborda<strong>do</strong>s propunha-se um problema ou questãosimples. Por exemplo, "Qual a forma da Terra?" Através das respostas mencionadasprocurava-se i<strong>de</strong>ntificar os conhecimentos prévios e os mo<strong>de</strong>los <strong>do</strong>s participantes os quaiseram posteriormente discuti<strong>do</strong>s. Foram também questiona<strong>do</strong>s os mo<strong>de</strong>los cientificamenteaceitos colocan<strong>do</strong>-se em prova os argumentos apresenta<strong>do</strong>s. Por exemplo: "Queevidências temos para afirmar que a Terra é re<strong>do</strong>nda?" Dessa forma, os conteú<strong>do</strong>s erampassa<strong>do</strong>s apresentand o-se a história e a evolução <strong>do</strong>s conhecimentos científicos.Nas discussões <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula utilizou-se bolas <strong>de</strong> isopor, transparências, filmesem ví<strong>de</strong>o e sli<strong>de</strong>s. Houve também uma ativida<strong>de</strong> para observação <strong>do</strong> <strong>de</strong>slocamento dasom<strong>br</strong>a <strong>de</strong> um poste, discutind o-se a partir disso, estações <strong>do</strong> ano, hora <strong>do</strong> dia, velocida<strong>de</strong><strong>de</strong> rotação e relógios <strong>de</strong> Sol. Ao final <strong>de</strong> cada tópico <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> foram li<strong>do</strong>s pequenostextos que proporcionaram discussões referentes a temas <strong>de</strong> Astronomia e dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>professor <strong>de</strong> primeiro grau em abordá-los em sala <strong>de</strong> aula. Os textos utiliza<strong>do</strong>s foram:


2671. "Por que enten<strong>de</strong>r a Ciência." Carl Sagan(6)2. "A história <strong>de</strong> Laura, uma professora." Fracalanza(3)3. "Joãozinho da maré." Caniato(1)2.2. Origem <strong>do</strong> Universo e da VidaEsse curso foi elabora<strong>do</strong> a pedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s participantes ao fmal <strong>do</strong> primeiro curso.Embora ten<strong>do</strong>-se consciência da complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s temas aborda<strong>do</strong>s, propôs-se discuti-loscom os participantes que se mostraram interessa<strong>do</strong>s.Convém lem<strong>br</strong>ar que tais temas freqüentemente estão presentes em reportagens<strong>de</strong> revistas e programas <strong>de</strong> televisão o que favorece o interesse da criança pelos mesmos,sen<strong>do</strong> necessário que os professores possuam conhecimentos gerais so<strong>br</strong>e eles.22.1. Conteú<strong>do</strong>s e Ativida<strong>de</strong>sIniciou-se o curso resgatan<strong>do</strong>-se a idéia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los emprega<strong>do</strong>s em Ciênciaspara explicar a origem <strong>do</strong> Universo e origem e evolução da Vida.Com relação a origem <strong>do</strong> Universo, os tópico aborda<strong>do</strong>s foram: os primeirosmo<strong>de</strong>los cosmológicos; o afastamento das galáxias; a teo ria <strong>do</strong> Big Bang.Com relação a origem da Vida, os tópicos aborda<strong>do</strong>s foram: conceito <strong>de</strong> vidaapresentação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los químicos <strong>de</strong> moléculas orgânicas; teo ria da Abiogênese eBiogênese; observação no microscópio, "in vivo" <strong>de</strong> seres unicelulares; tópicos geraisso<strong>br</strong>e a evolução <strong>do</strong>s seres vivos.3. Resulta<strong>do</strong>s e ConclusõesComo resulta<strong>do</strong> da aplicação <strong>do</strong> curso <strong>de</strong>staca-se:- A forma bem sucedida da abordagem <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los para o ensino <strong>de</strong> Ciênciascom o professor I;


268- As <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> informação nos tópicos aborda<strong>do</strong>s.Com relação a utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los para o ensino po<strong>de</strong>-se dizer que estaabordagem é importante porque permite apresentação <strong>de</strong> como os fenômenos danatureza são interpreta<strong>do</strong>s. Outro fator é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>tetar nos participantesos mo<strong>de</strong>los explicativos <strong>de</strong> fenômenos <strong>de</strong> cada um e assim fornecer questionamentos queabalem o mo<strong>de</strong>lo existente e contribuam para o avanço na aprendizagem.Exemplifican<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos citar um trecho da discussão so<strong>br</strong>e a forma da Terra.Os participantes mostraram ter certeza que a Terra é esférica porém, quan<strong>do</strong> tentou-sequestionar esse mo<strong>de</strong>lo através <strong>de</strong> perguntas, os mesmos não conseguiram sustentá-lo.Foram utilizadas perguntas como: "Olhan<strong>do</strong> ao seu re<strong>do</strong>r, você consegue ver que a Terraé esférica?" "Se a Terra é esférica, on<strong>de</strong> nós estamos? Em cima, embaixo, ou ao la<strong>do</strong>?"Quase to<strong>do</strong>s respon<strong>de</strong>ram que vivemos so<strong>br</strong>e a superfície da Terra. Ao serpergunta<strong>do</strong> se estamos na superfície <strong>do</strong> Planeta, por que não caímos, respondiamprontamente: "Por causa da força da gravida<strong>de</strong>" ao questionar a força da gravida<strong>de</strong>, ospesquisa<strong>do</strong>res apresentaram uma outra hipótese para explicar o fenômeno: o mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong>lugar natural <strong>de</strong> Aristóteles. Inesperadamente, os participantes passaram a concordar eaceitar tal hipótese como mais plausível que a Gravitação Universal <strong>de</strong> Newton. Foinecessário explicar que esse mo<strong>de</strong>lo está supera<strong>do</strong> em nossos dias.Deduz-se que além <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong> tema, aparece a falta <strong>de</strong> autonomiapara pensar apoiada na visão que o professor sempre fala verda<strong>de</strong>s inquestionáveis.Outro da<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> foi que a abordagem <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>do</strong> primeiro curso auxilioubastante os participantes a compreen<strong>de</strong>r, no segun<strong>do</strong> curso, as explicações apresentadasso<strong>br</strong>e a origem <strong>do</strong> Universo e da Vida.Notamos também que os participantes apresentaram visão distorcida <strong>do</strong> curso<strong>de</strong> Ciências, da Ciência em geral e da função <strong>do</strong> cientista. So<strong>br</strong>e o tema fases da Lua, porexemplo, as explicações pre<strong>do</strong>minantes foram: "O fenômeno ocorre <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a translaçãoda Lua ao re<strong>do</strong>r da Terra, em certos momentos a som<strong>br</strong>a da Terra é projetada so<strong>br</strong>e aLua provocan<strong>do</strong> as fases lunares." So<strong>br</strong>e estações <strong>do</strong> ano, afirmaram que a órbita daTerra é uma elipse acentuada e que o Sol situa-se em um <strong>do</strong>s focos. Assim, as estações <strong>do</strong>ano <strong>de</strong>correm da variação da distância da Terra em relação ao Sol. Ao ser questiona<strong>do</strong>,esse mo<strong>de</strong>lo não explicou as diferentes estações <strong>do</strong> ano nos hemisférios, ao mesmotempo.Concluin<strong>do</strong>, verificou-se a falta <strong>de</strong> informação <strong>do</strong>s alunos <strong>de</strong> magistério eprofessores <strong>de</strong> primeiro grau no que se refere ao conteú<strong>do</strong>, como nas noções <strong>de</strong> Ciência


269abordadas. Isto é preocupante visto que, no atual estágio da nossa socieda<strong>de</strong>, necessita-secada vez mais <strong>do</strong>s conhecimentos científicos para o entendimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.4. Referências1. CANIATO, R. - Consciência na Educação, i<strong>de</strong>ário e prática <strong>de</strong> uma alternativa para oensino <strong>de</strong> Ciências. Papirus. Campinas, SP. 1987.2. FARIA, R.P. - Astronomia a olho nú. Papirus, Campinas, SP. 1986.3. FRACALANZA, H; et al. - O ensino <strong>de</strong> Ciências no primeiro grau. Atual. São Paulo,SP 1986.4. GALILEI, GALILEU - A mensagem das estrelas. Museu <strong>de</strong> Astronomia e CiênciasAfins - Rio <strong>de</strong> Janeiro, RI. 1988.5. KOMAROV, V. - Nueva Astronomia Recreativa. Mir - Moscou, URSS. 1985.6. SAGAN, Carl - Cosmos Francisco Alves - Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ. 1984Por que enten<strong>de</strong>r a Ciência. Revista Superinteressante. a<strong>br</strong>il/90 -A<strong>br</strong>il - São Paulo, SP.


^271PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISTRABALHOS EXPERIMENTAIS


^273PainéisA Estrutura <strong>de</strong> uma Exposição <strong>de</strong> Divulgação CientíficaFísica - Do Calei<strong>do</strong>scópio ao CarrosselErnst W. HamburgerTerezinha T. HigaTítulo: "Física - Do Calei<strong>do</strong>scópio ao Carrossel"Realização: Programa Ciência Educação, Depto <strong>de</strong> Física Experimental,IFUSPApoio: Prefeitura da Cida<strong>de</strong> UniversitáriaPró-Reitoria <strong>de</strong> Cultura e ExtensãoUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloLocal: Saguão <strong>do</strong> Depto. <strong>de</strong> Eng. Mecânica, EPUSPColabora<strong>do</strong>res:Participaram da pesquisa <strong>de</strong> texto, elaboração <strong>de</strong> painéis, assessoria ecolaboração no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> arranjos experimentais, organização e montagem damostra:Amélia Império Hamburger, Augusto Daminelli Neto (IAG), Carlos Castilha Becerra,Célia P. <strong>de</strong> Carvalho (FFCLRP), Dietrich Schiel (CDCC/IFQSC), Ivone F.Mota eAlbuquerque, José Carlos Sartorelli, Julio Fleming, Katya Aurani, Maria ReginaKawamura, Mariza Ramos Barbieri (FFCLRP), Paulo Roberto Robilota, Roberto I.Kishinami, Romil<strong>do</strong> Póvoa Faria, Sonia Salem, Terezinha T. Higa, Walter Sano.Concepção Arquitetônica: Haron Cohen, Heloisa IversonEquipe:Coor<strong>de</strong>nação geral: Ernst W. HamburgerSupervisão: Terezinha T. Higa e Lucia <strong>de</strong> Aguiar Bergamin


^274Técnicos <strong>do</strong> laboratório <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração: Cosme Ferreira da Silva, Ci<strong>de</strong>mar DivanirForcemo, Paulo Roberto Flores, Wilson Luís da Silva, Antenor Nogueira Filho,Altelmidir <strong>do</strong>s Santos, Voanerges <strong>do</strong> Espírito Santo Brites.Apoio administrativo: Iracema F. <strong>de</strong> Souza, Maria Mavilia S. Vara, Sandraly AparecidaMacha<strong>do</strong>.Funcionamento: <strong>de</strong> 3' a 6 8 f. das 9h às 18h. Sába<strong>do</strong> das 9h às 13:30hN° <strong>de</strong> monitores: 6 monitores por perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 4.5h.Introdução:A exposição "Física - <strong>do</strong> calei<strong>do</strong>scópio ao carrossel", inaugurada em ab ril <strong>de</strong>1990, é uma ampliação <strong>de</strong> outra "Ondas, campos e pa rtículas", aberta ao público em julho<strong>de</strong> 1988. Foi concebida para tornar acessível alguns aspectos da Ciência para o público,principalmente, professores e estudantes <strong>do</strong>s três níveis <strong>de</strong> ensino.A mostra atual contém experimentos novos <strong>de</strong> mecânica, óptica e ondas. Econstituída <strong>de</strong> 52 montagens experimentais (manipuláveis pelo público), 38 painéisexplicativos e um audiovisual so<strong>br</strong>e Estrelas Supernovas com 10 minutos <strong>de</strong> duração. Osconteú<strong>do</strong>s presentes são: óptica <strong>do</strong> espelho plano, eletrostática e eletromagnetismo -mostran<strong>do</strong> as relações entre a elet ricida<strong>de</strong> estática com a corrente elétrica e <strong>de</strong>sta com ocampo magnético, a condutivida<strong>de</strong> em materiais diferentes e a supercondutivida<strong>de</strong> -, leis<strong>de</strong> conservação na mecânica e na termodinâmica, ondas mecânicas e <strong>de</strong> rádio,polarização e interferência da luz, o efeito estroboscúpio e fenômenos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scargasgasosas. Aqui <strong>de</strong>screvemos os objetivos gerais da mostra, temas e experimentos que acompõem, bem como sua ilustração e a equipe envolvida. Alguns experimentos exigirammuita manutenção <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> sua frequente utilização: estamos apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> construiraparelhos mais resistentes <strong>do</strong> que os manti<strong>do</strong>s nos Laboratórios <strong>de</strong> Física. Uma avaliaçãoparcial da exposição é <strong>de</strong>scrita no trabalho "Relevância <strong>de</strong> uma exposição <strong>de</strong> divulgaçãocientífica no ensino".Objetivos Gerais:- Educação e divulgação científica para o público em geral, especialmente estudantes eprofessores;- Integração com ativida<strong>de</strong>s:. <strong>de</strong> extensão universitária, que compreen<strong>de</strong> a própria divulgação;


275. <strong>de</strong> graduação <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física - participação <strong>do</strong>s estudantes como monitores emalguns níveis: aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao público visitante ou no aperfeiçoamento <strong>do</strong>s expe rimentos <strong>de</strong><strong>de</strong>monstração;. <strong>de</strong> pós-graduação em ensino <strong>de</strong> Física, com o <strong>de</strong>se nvolvimento <strong>de</strong> novos experimentos,painéis explicativos, estu<strong>do</strong>s para avaliar a contribuição da exposição no ensino <strong>de</strong>conceitos;. <strong>de</strong> pesquisa no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos arranjos experimentais, organização e resgateda memória da Física no Brasil.TEMASN° EXPERIMENTOS PAINÉISEletrostática 6Magnetismo 2 -Eletromagnetismo 13 7Supercondutivida<strong>de</strong> 1 2Geração e transmissão 4 1<strong>de</strong> energia elétricaTermodinâmica 6 7Mecânica 7 -Ondas mecânicas 6Ondas <strong>de</strong> rádio 1Óptica <strong>do</strong> espelho plano 6Tubo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga 2Interferência 1Polarização 1Efeito estroboscópio 2 -Evolução da vida - 3Astrofísica 18Audiovisual "Supernova <strong>de</strong> Shelton", com 75 sli<strong>de</strong>s e 10 minutos <strong>de</strong> duraçãoExperimentos introduzi<strong>do</strong>s em 1990- Combinação <strong>de</strong> espelhos planos: espelho inversor, espelho triedro cúbico, calei<strong>do</strong>scópiopiramidal aberto e calei<strong>do</strong>scópio <strong>de</strong> três espelhos;- Câmara escura <strong>de</strong> orifício;- Abstractoscópio cromático (polarização da luz ao atravessar materiais oticamente ativos,produzin<strong>do</strong> figuras coloridas);- Cordas vi<strong>br</strong>antes (ressonância como função da tensão)- Carrossel (conservação <strong>do</strong> momento angular, forças no movimento <strong>de</strong> rotação: coriolis,centrífuga, centripeta);- Trenzinho so<strong>br</strong>e trilhos (in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> movimento ve rtical e horizontal nolançamento <strong>de</strong> uma bolinha);


276- Carrinho so<strong>br</strong>e trilhos (conservação <strong>do</strong> momento linear).Experimentos em Desenvolvimento- Cuba <strong>de</strong> ondas- Ressonância em uma ponte- Porta <strong>do</strong> templo (acionada pelo fogo - Heron)- Tubo <strong>de</strong> KundtRelevância <strong>de</strong> uma Exposição <strong>de</strong> Divulgação Científica no <strong>Ensino</strong>Ernst W. HamburgerTerezinha T. HigaI. INTRODUÇÃOO Programa Ciência Educação <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo coor<strong>de</strong>na a exposição "Física - <strong>do</strong> calei<strong>do</strong>scópio ao carrossel', cuja finalida<strong>de</strong> é aeducação e a d ivulgação científica para o público geral, especialmente, estudantes eprofessores.Dentre outras, o número <strong>de</strong> visitantes, a integração com as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>extensão universitária (a própria divulgação) e com o curso <strong>de</strong> graduação, a monitoria,constituem objeto <strong>de</strong>sse trabalho.Realizamos entrevistas com alguns professores que trouxeram seus alunos àexposição, com to<strong>do</strong>s os monitores atuais e com alguns que não fazem mais parte daequipe. Essas entrevistas objetivaram buscar elementos: a) que motivam professoresescolher a visita à exposição e se a visita tem algum reflexo em sua ativida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong>aula; b) para <strong>de</strong>tetar se a monitoria favorece o entrosamento <strong>do</strong> estudante <strong>de</strong> graduaçãocom seu curso.Este levantamento, preliminar e restrito (universo constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 professorese 24 monitores), mostraram aspectos positivos que merecem ser ressalta<strong>do</strong>s, pois revelama contribuição que essa ativida<strong>de</strong> propicia no cotidiano escolar, refletin<strong>do</strong> numenvolvimento maior <strong>do</strong> aluno com a Ciência, na medida que aguça a curiosida<strong>de</strong> e<strong>de</strong>sperta o interesse pela pesquisa.


gir277II. ALGUNS RESULTADOS OBTIDOSII.1. Público Atingi<strong>do</strong>Os quadros abaixo mostram a distribuição <strong>do</strong>s visitantes segun<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong>escolarida<strong>de</strong> e tipo <strong>de</strong> escola (particular, estadual e municipal).A participação maior foi das escolas estaduais (45%). As escolas municipaisacentuam sua participação no segun<strong>do</strong> semestre em vi rtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> entendimentos manti<strong>do</strong>sjunto à Assessoria Cultural da Secretaria Municipal <strong>de</strong> São Paulo.O público mais constante foi o <strong>de</strong> 1° grau e <strong>de</strong> 2° grau. O público universitáriofoi muito pequeno (2%).QUADRO I - VISITAS DAS REDES DE ENS INO: ABRIL/DEZ.90Escolas N„_seras <strong>de</strong> Escolas TOTALI Grau II Grau III GrauParticular 15 49 2 66 31XEstadual 44 49 2 95 45XMunicioai 48 1 0 49 237.Total 107 99 4 210 100XPercentual 517. 47% 2% 100%


glr278QUADRO II - NÚMERO DE ALUNOS E PROFESSORESEscolas Número <strong>de</strong> Alunos Total <strong>de</strong> I Número <strong>de</strong>I Grau II Grau III Grau Alunos ProfessaresParticular 1077 1522 68 2627 32% 0Estadual 2257 1494 76 3829 461 67Munici p al 1800 13 1838 221 25Total 5098 3054 144 8296 100% 92Percentual 611 371 21 1001QUADRO III - EVOLUÇÃO DA FREQÜÊNCIANúmero <strong>de</strong> Escolas1990 Particular Estadual Munici p alNuoero <strong>de</strong>VisitantesPercentualVisitantesA<strong>br</strong>il 7 4 0 312 47.Ma io 14 13 4 1169 141JulhoA p ostoSetem<strong>br</strong>o7 23=2,01342,.4 -.., 17 15 2038 24%riltu<strong>br</strong>o 14 15 16 1887 2274Novem<strong>br</strong>of 14 9 847 ICADezem<strong>br</strong>o :. 3 3 216 317241619%Total 65 9 49 8531Fercentual 31 46 23


279II2. Beneficios EducacionaisII.2.1. Repercussão na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinoO quadro atesta que houve um comparecimento significativo <strong>de</strong> professores ealunos na mostra. Há que se salientar, no entanto, que o percentual atingi<strong>do</strong> está longe<strong>do</strong> i<strong>de</strong>al. As dificulda<strong>de</strong>s são muitas: por exemplo, a divulgação e o transpo rte. Alémdisso, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que esse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> não está inserida na rotina <strong>do</strong>cotidiano escolar e nem mesmo na <strong>do</strong> público mais geral. Não é nossa intenção, nomomento, fazer conjecturas ou uma análise mais precisa <strong>de</strong>sses elementos e sim tentarapreen<strong>de</strong>r alguns fatores positivos que nos revelem a eficácia da mostra no que se refere àdivulgação científica e da própria educação cientifica, pa rtin<strong>do</strong> <strong>do</strong> universo atingi<strong>do</strong>.Assim, realizamos entrevistas com professores que vieram à exposição por mais<strong>de</strong> uma vez e uma única vez, para buscar fatores que os levaram a escolher essa ativida<strong>de</strong>e como isso refletiu em seu trabalho em sala <strong>de</strong> aula.As entrevista foram feitas por telefone seguin<strong>do</strong> um roteiro pré-estabeleci<strong>do</strong>(anexo I).Os retornos que obtivemos <strong>do</strong>s professores foram muito alenta<strong>do</strong>res, t anto emtermos da disponibilida<strong>de</strong> em conce<strong>de</strong>r as entrevistas como das avaliações que fizeram da•exposição.Os <strong>de</strong>poimentos revelam que na maio ria <strong>do</strong>s casos, a exposição ajuda apreencher a carência <strong>de</strong> laboratórios didáticos, mesmo em escolas particulares,servin<strong>do</strong><strong>de</strong> elemento ilustrativo <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s aborda<strong>do</strong>s ou a serem aborda<strong>do</strong>s. Além disso,substantiva os conceitos da Física ao a liar a teoria com os experimentos que estão sen<strong>do</strong><strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s. Para exemplificar, um <strong>do</strong>s professores entrevista<strong>do</strong>s diz: "visita à exposiçãoé uma oportunida<strong>de</strong> para ilustrar as coisas que vou tratar em sala, porque não temlaboratório nas escolas. Mostrar as aplicações da Física".Quanto à repercussão entre os alunos em sala <strong>de</strong> aula, a exposição aumenta areceptivida<strong>de</strong> para com a disciplina e aproxima mais o professor <strong>do</strong> aluno. O <strong>de</strong>poimentoa seguir é ilustrativo: "... o pessoal gostou muito <strong>de</strong> ver a ilustração das coisas que eu tinhafala<strong>do</strong>. Ficaram com a curiosida<strong>de</strong> mais aguçada e melhorou nosso entrosamento. Vocêsabe, não é, os alunos na realida<strong>de</strong> têm horror e dificulda<strong>de</strong> com a matemática. Eles


280fazem magistério, daí ver to<strong>do</strong>s aqueles experimentos juntos, mostram que a Físicafunciona e tem utilida<strong>de</strong>. Fizemos uma feira <strong>de</strong> Ciências e a exposição inspirou bastante.Elas reproduziram o calei<strong>do</strong>scópio, o motor elétrico, espelhos, maquetes das roldanascom papelão. Isso me envolveu muito, porque eu tinha que ajudá-las no trabalho <strong>de</strong>pesquisa, tanto da parte teórica como da montagem. As construções foram por tentativa eerro (...) a exposição <strong>de</strong>u motivação para pesquisar, para ir procurar a explicação dascoisas e dá idéia prática da Física. Para que ela é usada".Com poucas variações, os <strong>de</strong>poimentos foram quase to<strong>do</strong>s nessa linha. Osprofessores eleogiam muito a iniciativa e dizem que é motiva<strong>do</strong>r para os alunos e para aativida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula, pois favorece um ambiente <strong>de</strong> interação mais estreita que sereflete num maior dinamismo em suas relações afetivas com seus alunos.Embora a sondagem tenha si<strong>do</strong> feita com uma parcela pequena <strong>de</strong> professores(14 professores) é uma pista da contribuição que essa ativida<strong>de</strong> propicia à re<strong>de</strong> escolar. O<strong>de</strong>safio é ampliar e aprofundar este trabalho para atingirmos um espectro maior da re<strong>de</strong>escolar e da população.II.2.2. Monitoria: uma aprendizagem no ato <strong>de</strong> ensinarNa exposição, a ativida<strong>de</strong> básica <strong>do</strong> estudante <strong>de</strong> graduação, o monitor, é oatendimento ao público visit ante. Eles fazem as <strong>de</strong>monstrações e dão explicações <strong>do</strong>sconceitos conti<strong>do</strong>s nos experimentos.Para objetivarmos os reflexos <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> no curso <strong>de</strong> graduação,entrevistamos os monitores que trabalham e trabalharam na exposição (anexo II). Deseus <strong>de</strong>poimentos, po<strong>de</strong>mos extrair que a monito ria favorece uma série <strong>de</strong> avanços na suaformação mais geral, no interesse pela Física (não necessariamente pelo curso) e umarevisão <strong>de</strong> postura na maneira <strong>de</strong> tratar os conteú<strong>do</strong>s.No tocante à formação, o contato freqüente com o material experimental e suautilização são fatores que favorecem o interesse <strong>de</strong> aprofundar os conteú<strong>do</strong>s presentesnos experimentos, além <strong>de</strong> tornar os conceitos mais familiares e concretos.A mudança <strong>de</strong> postura se <strong>de</strong>ve ao contato com o público que exige <strong>do</strong> monitoruma outra forma <strong>de</strong> apresentar as idéias. Na fala <strong>de</strong>les: "há muita Física na exposição.Para conhecer so<strong>br</strong>e o que estava falan<strong>do</strong> procurei pesquisar vários temas e recordaroutros". Ou, "uma coisa é estudar Física para fazer provas, outra é para transmitir paraoutras pessoas <strong>de</strong> forma que elas entendam o que queremos dizer".De mo<strong>do</strong> geral, os monitores gostam muito da experiência <strong>de</strong> lidar com opúblico. To<strong>do</strong>s têm interesse <strong>de</strong> que<strong>br</strong>ar bloqueios para interagir melhor com outras


281pessoas. Para eles, essa ativida<strong>de</strong> permite um rompimento gradual da inibição,favorecen<strong>do</strong> melhoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvoltura nas explanações, na dicção e também um<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> repertório conceitual, na medida que se colocam preocupa<strong>do</strong>s com oato <strong>de</strong> estarem ensinan<strong>do</strong>, como protagonistas <strong>de</strong> colaborar com o processo educativoformal.Há uma preocupação em <strong>de</strong>senvolver e aperfeiçoar a didática, por exemplo:"sentir que o visitante está tiran<strong>do</strong> o melhor que a exposição po<strong>de</strong> oferecer", "(...) achofundamental saber transmitir conhecimento. O contato com os alunos é muito rico nesseaspecto".A partir <strong>de</strong>sses elementos, po<strong>de</strong>ríamos inferir que a monitoria favorece oentrosamento <strong>do</strong> monitor com o curso <strong>de</strong> graduação. No entanto, na fala <strong>de</strong>les isso não éexplicita<strong>do</strong> - apenas <strong>do</strong>is ex-monitores, atualmente fazen<strong>do</strong> mestra<strong>do</strong>, admitem; os <strong>de</strong>maisvêem essa ativida<strong>de</strong> como um momento para aliviar a rotina <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> graduação,muitas vezes chato e <strong>de</strong>smotiva<strong>do</strong>r.Esses aspectos, embora não esgota<strong>do</strong>s, são pistas significativas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> nosindicar a busca <strong>de</strong> caminhos pelos quais as metas propostas possam ser atingidas commaior eficácia.III. COMENTÁRIOS FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURASO público atingi<strong>do</strong>, como mencionamos, não foi muito significativo secompararmos a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento. Havia a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber, em média,150 pessoas por dia, isso daria 2.500 pessoas por mês. No entanto, o número máximoatingi<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 2038 pessoas em setem<strong>br</strong>o.Dentre as dificulda<strong>de</strong>s existentes, a divulgação e o transporte são as quepo<strong>de</strong>mos objetivar com mais clareza.A divulgação, via mala direta, foi extremamente precária <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à carência <strong>de</strong>verbas, e por meio da imprensa houve <strong>do</strong>is momentos: no início <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> semestre -publicação da Folha <strong>de</strong> São Paulo, seção Agenda, por alguns dias, <strong>de</strong> informes so<strong>br</strong>e aexposição - , e no final <strong>do</strong> semestre uma matéria na Folhinha <strong>de</strong> São Paulo. Estas duaspublicações repercutiram apenas nos dias em que foram noticiadas (houve uma procura<strong>de</strong> informações através <strong>de</strong> telefonemas e no dia da Folhinha a visitação <strong>do</strong> público avulsofoi bem mais intensa). O entendimento com a Assessoria Cultural <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> SãoPaulo favoreceu a divulgação na re<strong>de</strong> municipal e a participação <strong>de</strong> algumas escolas nosegun<strong>do</strong> semestre. Mesmo assim, a procura para agendar visitas não aumentou muito.


282Quanto ao transporte, a Prefeitura da Cida<strong>de</strong> Universitária ce<strong>de</strong>u um ônibus,duas vezes por semana, para aten<strong>de</strong>r os estudantes da re<strong>de</strong> oficial <strong>de</strong> ensino. Essenúmero, entretanto, foi e é insuficiente para aten<strong>de</strong>r as escolas da re<strong>de</strong> pública que, emgeral, pleiteiam o transporte gratuito, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arcar com <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>aluguel <strong>de</strong> ônibus.Um da<strong>do</strong> que chamou a atenção foi a baixa freqüência <strong>do</strong> público universitário(2%), principalmente estudantes e professores <strong>do</strong> campus e <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física.Não sabemos a que atribuir isso, mas reconhecemos falhas na divulgaçãointerna, por um la<strong>do</strong> e, por outro, uma falta <strong>de</strong> interação com os cursos <strong>de</strong> licenciatura.Esse ponto merece ser aprofunda<strong>do</strong>.Devemos intensificar a divulgação da exposição na comunida<strong>de</strong> universitária,especialmente na Física, <strong>de</strong>senvolver trabalhos liga<strong>do</strong>s aos cursos <strong>de</strong> licenciatura e buscaruma interação mais estreita com a pós-graduação em ensino com a perspectiva <strong>de</strong>também utilizar a exposição como um laboratório <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.Assim, os pontos positivos que mencionamos, <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> professores emonitores, têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem alarga<strong>do</strong>s e adquirir mais consistência.


283ANEXO IRoteiro <strong>de</strong> Entrevista coin ProfessoresNome <strong>do</strong> Professor(a):Escola(s) que leciona:Formação <strong>do</strong> Professor:Número <strong>de</strong> vezes que foi à Exposição:- Você já conhecia a Exposição?- Você gostou da Exposição?- Você foi à Exposição antes <strong>de</strong> levar os alunos?- Por que você trouxe os alunos para ver a Exposição?- A visita à Exposição acrescentou alguma coisa para você? Aju<strong>do</strong>u sua ativida<strong>de</strong> em sala<strong>de</strong> aula?- Os alunos gostaram da Exposição?- O que os alunos aproveitam mais da Exposição?- Você preten<strong>de</strong> retomar à Exposição outras vezes?- Você veio à Exposição:por conta própria ( ) ônibus da PCO ( )- Sugestões:ANEXO HRoteiro <strong>de</strong> Entrevista com MonitoresNome:Curso: Mo:Perío<strong>do</strong> em que trabalhou na Exposição:- Qual o seu interesse particular nesse trabalho?- A monitoria contribui para a sua formação?- A monitoria favorece um envolvimento maior com o curso <strong>de</strong> graduação?- Aponte alguns pontos positivos que a monitoria propiciou para você.- Você trabalha ou preten<strong>de</strong> trabalhar ce nt educação?- Sugestões:


284Espectroscópio <strong>de</strong> Reflexão para <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> 2 Q GrauHypólito José Kalinowski - Depto. <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Telecomunicações - UFFNilson Marcos Dias Garcia - Depto. <strong>de</strong> Física - Centro Fed. <strong>de</strong> Educ. Tecnol. <strong>do</strong> ParanáÉ um fato reconheci<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> da observação e experimentação para umacorreta fixação <strong>do</strong>s conceitos físicos. No Brasil existe pouca tradição nesse senti<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong>ainda reduzi<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> escolas em que realmente po<strong>de</strong> ser encontra<strong>do</strong> umlaboratório <strong>de</strong> Física equipa<strong>do</strong> à altura <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> programático <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> nosegun<strong>do</strong> grau. Existe uma reduzida oferta <strong>de</strong> equipamentos didáticos, os quais são poucodivulga<strong>do</strong>s e a maioria das escolas não possuí orçamento para sua aquisição. Ainstrumentação "caseira", <strong>de</strong> baixo custo e utilizan<strong>do</strong> materiais comuns, facilmenteencontráveis, permite ao professor a elaboração <strong>de</strong> seu próprio laboratório e tem forteimpacto na motivação <strong>do</strong> aluno. Revistas especializadas tem <strong>de</strong>vota<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rávelparcela <strong>de</strong> seu espaço a estas produções <strong>do</strong>mésticas para a instrumentação no ensino <strong>de</strong>Física (1 e 2).Motiva<strong>do</strong>s pela dificulda<strong>de</strong> em obter materiais específicos para o ensino <strong>de</strong> óticaondulatória no segun<strong>do</strong> grau, especialmente no tocante à <strong>de</strong>composição espectral da luz eseu estu<strong>do</strong>, introduzimos recentemente (3) a produção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> difração a partir <strong>de</strong>Compact Disks". Embora tais re<strong>de</strong>s sejam a<strong>de</strong>quadas ao uso em laboratório <strong>de</strong> ensino,permitin<strong>do</strong> a realização <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> experimentos tradicionais, tais como a medida <strong>do</strong>comprimento <strong>de</strong> onda ou análise cromática <strong>de</strong> lâmpadas espectrais, achamos que umamaior disseminação seria possível pelo seu uso individual, mesmo em locais on<strong>de</strong> umbanco ótico ou fontes <strong>de</strong> luz não estejam disponíveis.Com esse intuito, <strong>de</strong>senvolvemos um pequeno espectroscópio ótico que po<strong>de</strong>ser utiliza<strong>do</strong> individualmente pelo aluno em diversos ambientes. Nossa idéia foiaproveitar as diferentes lâmpadas <strong>de</strong> iluminação pública (vapor <strong>de</strong> mercúrio ou <strong>de</strong> sódio),<strong>de</strong> iluminação resi<strong>de</strong>ncial (fluorescentes ou incan<strong>de</strong>scentes), para a observação <strong>do</strong>sdiferentes espectros, introduzin<strong>do</strong> também o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> algumas raias características <strong>do</strong>selementos existentes nestas lâmpadas.Na confecção <strong>do</strong> aparelho usamos uma caixa <strong>de</strong> distribuição 4'x4", usada nasinstalações elétricas. Os mo<strong>de</strong>los preto fosco adaptam-se bem na eliminação da difusão<strong>de</strong> luz in<strong>de</strong>sejada nas pare<strong>de</strong>s internas. Aproveitan<strong>do</strong> a existência <strong>de</strong> furos pré-molda<strong>do</strong>spara a passagem da tubulação, utilizamos um <strong>de</strong>stes como entrada <strong>de</strong> luz, confeccionan<strong>do</strong>uma pequena fenda. Outro <strong>de</strong>sses orifícios foi manti<strong>do</strong> aberto para servir como local <strong>de</strong>observação (vi<strong>de</strong> figura 1). As <strong>de</strong>mais aberturas foram cobertas com fita isolante. Umare<strong>de</strong> <strong>de</strong> difração, obtida a partir <strong>de</strong> Compact Disk (3), com dimensões <strong>de</strong> 2 cm x 3 cm, foiposicionada <strong>de</strong> forma a refletir a fenda <strong>de</strong> entrada na região <strong>do</strong> orifício <strong>de</strong> observação.Com algumas tentativas consegue-se um bom posicionamento, permitin<strong>do</strong> assim observar


285a <strong>de</strong>composição espectral da luz inci<strong>de</strong>nte na fenda <strong>de</strong> entrada. A re<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser fixadaa<strong>de</strong>quadamente com porções <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o aparelho não sejasubmeti<strong>do</strong> a vi<strong>br</strong>ações excessivas. Para fechar a caixa, usamos um plástico preto e grosso,fixa<strong>do</strong> por fita isolante.O uso <strong>do</strong> aparelho é muito simples. O obse rva<strong>do</strong>r coloca-se sob a fonte <strong>de</strong> luz(figura 2), observan<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> enquanto posiciona a fenda <strong>de</strong> entrada em direção à fonte.Uma vez localiza<strong>do</strong> o espectro, uma pequena varredura angular po<strong>de</strong> ser efetuadagiran<strong>do</strong>-se um pouco o conjunto. Não tivemos dificulda<strong>de</strong> em ut ilizar este aparato com aslâmpadas mencionadas anteriormente.fonteobservglo^retiefigura 2^rotatloOs cuida<strong>do</strong>s a serem toma<strong>do</strong>s na montagem <strong>do</strong> dispositivo são poucos. A fenda<strong>de</strong> entrada po<strong>de</strong> ser feita apenas colan<strong>do</strong> duas tiras <strong>de</strong> fita isolante preta, afastadas <strong>de</strong> 0,5a 1 mm, já fornecen<strong>do</strong> bom resulta<strong>do</strong>. Maior eficiência po<strong>de</strong> ser obtida colan<strong>do</strong> duasbordas <strong>de</strong> gilete com o <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> afastamento. No tocante à posição da re<strong>de</strong> existem <strong>do</strong>ispontos a observar:J. a re<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser posisionada <strong>de</strong> forma que os sulcos <strong>do</strong> CD tenham seu centro volta<strong>do</strong>para a região <strong>de</strong> entrada, afim <strong>de</strong> otimizar a visib ilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> espectro refleti<strong>do</strong>, e2. a angulação <strong>de</strong>ve ser tal que permita obse rvar o espectro <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m. Istoporque a distância <strong>de</strong> observação é pequena (cerca <strong>de</strong> 10 cm) e assim consegue-se umamelhor separação espectral. O espectro <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m, nessa distância, ainda estámuito comprimi<strong>do</strong> para permitir urna boa observação das diferentes raias espectrais.


286Como <strong>de</strong>scrito nos parágrafos ante riores, o aparelho tem um custo baixo(aproximadamente US$ 2), levan<strong>do</strong> em conta que um CD po<strong>de</strong> fornecer cerca <strong>de</strong> 10re<strong>de</strong>s. Sua construção po<strong>de</strong> ser feita em menos <strong>de</strong> uma hora e é bastante simples, <strong>de</strong>forma que po<strong>de</strong> ser realizada pelos próprios alunos.Com pequenas modificações, po<strong>de</strong>-se construir um pequeno espectrômetro(figura 3). Neste caso a re<strong>de</strong> é colada so<strong>br</strong>e um pino circular rebaixa<strong>do</strong> na região on<strong>de</strong> are<strong>de</strong> é posicionada. Este pino atravessa a pare<strong>de</strong> da ca ixa e tem um maior diâmetro naparte externa, o que facilita o manuseio e se rve para diminuir a entrada <strong>de</strong> luzin<strong>de</strong>sejável. Um transferi<strong>do</strong>r concênt rico ao eixo <strong>do</strong> pino, é cola<strong>do</strong> na caixa, <strong>de</strong> forma apermitir a leitura <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> rotação da re<strong>de</strong>. Com uma fenda também na abe rtura <strong>de</strong>saída, medidas <strong>do</strong>s comprimentos <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> raias carcterísticas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminadasgiran<strong>do</strong>-se a re<strong>de</strong> até a raia correspon<strong>de</strong>nte ser localizada na fenda <strong>de</strong> saída e fazen<strong>do</strong>-sea leitura <strong>do</strong> ângulo correspon<strong>de</strong>nte. A cali<strong>br</strong>ação é feita pela imagem não <strong>de</strong>composta(or<strong>de</strong>m zero) da fenda <strong>de</strong> iluminação. Devi<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação da re<strong>de</strong>, optamospor usar caixas octogonais (luminárias <strong>de</strong> teto) com a re<strong>de</strong> fora <strong>do</strong> centro, o que permiteum aumento da distância operacional e a conseqüente separação cromática.re<strong>de</strong><strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> pinofigura 3* Os autores agra<strong>de</strong>cem o apoio financeiro <strong>do</strong> Subprograma <strong>de</strong> Instrumentação -PADCT/CNPq e da FAPERJ.Referências1) FERREIRA, Norberto C. e PINHO FILHO, José. Esoectrômetro Ótico - Ca<strong>de</strong>rnoCatarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, a<strong>br</strong>il/85 - p.31-36 (2)


2872) Vi<strong>de</strong>, por exemplo, Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física e Revista Brasileira <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.3) KALINOWSKI, Hypólito José e GARCIA, Nilson Marcos Dias. Uma alternativaeconômica para re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> difracão no laboratório <strong>de</strong> ensino - Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, a<strong>br</strong>il/90 - p. 64-72.Simples Experimentos para o Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> FísicaO Exemplo <strong>do</strong> Batimento (+)RA. Gonçalves Le<strong>do</strong>, CA. <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e AJ. SantiagoI.F. Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroTem-se verifica<strong>do</strong> que para um melhor rendimento no ensino <strong>de</strong> Física, a parteexperimental <strong>de</strong>ve ser pa rte integrante <strong>de</strong>ste (1). Entretanto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a dificulda<strong>de</strong> naaquisição <strong>de</strong> materiais e na manutenção <strong>de</strong> laboratórios, muitos cursos <strong>de</strong> Física Básicatornam-se quase que exclusivamente teóricos.A tentativa <strong>de</strong> se ensinar Física Experimental utilizand o-se materiais <strong>de</strong> baixocusto e que permitam discutir experimentalmente vários aspectos teóricos da Fisica tem<strong>de</strong>sperta<strong>do</strong> o interesse <strong>de</strong> professores e pesquisa<strong>do</strong>res preo cupa<strong>do</strong>s com o ensino <strong>de</strong>Física (veja por exemplo as Ref.1-3 e as seções "Laboratório Caseiro" na revistaC.C.E.F.). Este interesse justifica-se não apenas porque simples experiências po<strong>de</strong>m serimprovisadas em classe e repetidas em casa pelos estudantes, contribuin<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneiraexcepcional para a fixação <strong>do</strong> conceito aprendi<strong>do</strong>, mas também porque estas experiênciasauxiliam à compreensão <strong>de</strong>stes conceitos.Obviamente, certos aspectos teóricos dificilmente po<strong>de</strong>m ser reproduzi<strong>do</strong>s emsala <strong>de</strong> aula, como poe exemplo, aqueles relaciona<strong>do</strong>s com a Mecânica Quântica.Entretanto, mesmo assim, o movimento ondulatório po<strong>de</strong> vir a fornecer uma sólida baseexperimental para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes assuntos mais abstratos, conforme ilustra a Ref.4.Neste trabalho, nos <strong>de</strong>temos ao estu<strong>do</strong> experimental <strong>de</strong> batimento, que po<strong>de</strong>rá servir <strong>de</strong>base para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> onda, velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo e velocida<strong>de</strong><strong>de</strong> fase etc..., con ceito usuais em física mo<strong>de</strong>rna.Vejamos agora, como tratar o batimento, primeiro com uma <strong>br</strong>eve revisãoteórica e <strong>de</strong>pois apresentand o-se uma possível abordagem experimental.(+)A montagem experimental <strong>de</strong>ste trabalho é parte integrante <strong>do</strong> curso Introdução àAcústica <strong>do</strong> Prof. A.D.Tavares


288Consi<strong>de</strong>remos o movimento <strong>de</strong> um sistema oscilante, que possa ser <strong>de</strong>scrito pormeio <strong>de</strong> apenas uma coor<strong>de</strong>nada 6 , sujeito a um campo externo variável. Assumamosentretanto, que este campo externo seja suficientemente pequeno para que não cause<strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s amplitu<strong>de</strong>s e possamos tratar o movimento na aproximação <strong>de</strong>pequenas oscilações em torno da posição <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io, e que o sistema seja conservativo.Se a energia potencial relacionada com a ação <strong>do</strong> campo externo for escritacomo Ve(a,t), ela po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida em torno da pequena gran<strong>de</strong>za a, como:V(B, t) = v (0,t) + B aV(8, t) 18=0 + ... (1)08on<strong>de</strong> o termo áá le=o = —F(t) é a força externa que age so<strong>br</strong>e o sistema.Neste caso, a energia potencial <strong>do</strong> sistema oscilante é dada pela soma da energiapotencial gravitacional e a energia potencial associada ao campo externo, isto é, V =^n + 1, = —rnglcosO + V (0, t) — BF(t) e a força associada a este potencial será:F = —mglsinB+ F(t) (2)Se a força externa produzida pelo campo externo tem amplitu<strong>de</strong> f e freqüência<strong>de</strong> oscilação '‘J .1 , a segunda lei <strong>de</strong> Newton para o movimento, nos conduz a umaequação <strong>do</strong> tipo:d20 woe = z cns(w't + P) (3)on<strong>de</strong> a aproximação <strong>de</strong> pequenas oscilações foi levada em conta, e wo =•O batimento é observa<strong>do</strong> no caso <strong>de</strong> oscilações nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ressonância, ou em outras palavras, quan<strong>do</strong> a freqüência da força externa difere muitopouco da freqüência natural <strong>do</strong> sistema. Isto matematicamante po<strong>de</strong> ser escrito como w'=wo + E on<strong>de</strong> E é uma quantida<strong>de</strong> muito pequena. Em termos <strong>de</strong>stas quantida<strong>de</strong>s, asolução geral da Eq3 po<strong>de</strong> ser escrita na forma complexa como (5)B = Cje tW° + Czei(W°+e), = (C1f+ C,eneiW ° i (4)Repare na Eq.4, que a gran<strong>de</strong>za ( C, + C,e"` ) varia pouco no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> umperío<strong>do</strong> 2,r/wo, , quan<strong>do</strong> comparada com o fator e'' t• . Assim, o movimento nasproximida<strong>de</strong>s da ressonância, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como pequenas oscilações <strong>de</strong>amplitu<strong>de</strong> C variável. De fato, se representarmos C 1 e C2 na forma polar C 1 = Boe'° eC2 = Bóe'b temosC' = Bo + Bo' + 261o0'ocos(ct + P — co) (5)


289De on<strong>de</strong> se vê que a amplitu<strong>de</strong> oscila periodicamente com freqüência E , varian<strong>do</strong> entreos limitesIeo — 0 ó1


2901. A.D.Tavares, "O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física", monografias <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e PesquisasCientíficas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (NEPEC), série <strong>Ensino</strong>, 2 (1960).2. A.D. Tavares, RA. Gonçalves Le<strong>do</strong>, CA. <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e A.J. Santiago, CCEF, Vol. 6,3(1989)185.3. RA. Gonçalves Le<strong>do</strong>, CA. <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e Ai. Santiago, contribuição para estesimpósio.4. A.D. Tavares, A.J. Santiago, CA. <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e RA. Gonçalves Le<strong>do</strong>, REF,11(1989)49.5. L. Landau et E. Lifchitz, Mècanique, tome I, Editions <strong>de</strong> La Paix, Chap.V.Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Movimento <strong>de</strong> Projétil Empregan<strong>do</strong> Luz EstroboscópicaAngel Fi<strong>de</strong>l Vilche Pena, Almir Olivette Artero e Ivanette Neto Oliveira <strong>de</strong> SouzaDepto. <strong>de</strong> Ciências Ambientais - Fac. <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia - UNESP - Presi<strong>de</strong>ntePru<strong>de</strong>nte - SP1. IntroduçãoNa maioria <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong> projéteis, estesbaseiam-se no estu<strong>do</strong> das posições <strong>de</strong> sua trajetória. A <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> tempo e posição,utilizan<strong>do</strong> marca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> tempo (através da marcação <strong>de</strong> pontos numa fita <strong>de</strong> papel), érest rita apenas ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento em queda livre.No sistema que foi monta<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>terminar simultaneamente a posiçãoem duas dimensões e o tempo <strong>do</strong> projétil em cada ponto <strong>de</strong> sua trajetória.Nosso sistema <strong>de</strong> lâmpada estroboscópica, não utiliza lâmpadas <strong>de</strong> xenônio (queencarecem o custo <strong>do</strong> projeto), no seu lugar lâmpadas fluorescentes são utilizadas,facilitan<strong>do</strong> a montagem e abaixan<strong>do</strong> o preço final (na data <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEFaproximadamente 10 BTN).Foi monta<strong>do</strong> também um sistema <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> gotas <strong>de</strong> água que será<strong>de</strong>scrito.


2912.0 sistema <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> projétilO esquema <strong>do</strong> sistema está mostra<strong>do</strong> na figura 1.circulLa dc luxcrtroóoredpica1 ^. 1'LS LTlampadarfolha4 dc\papel4fluarcrecntc::um<strong>br</strong>a dar gata:dc dguaFig. 1. Esquema <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> projéteis empregan<strong>do</strong> lâmpada estroboscópica.3. 0 lança<strong>do</strong>r <strong>de</strong> projéteis.O sistema para produzir as gotas <strong>de</strong> água é forma<strong>do</strong> por um recipiente <strong>de</strong> água<strong>de</strong> aproximadamente 2 1. com saída através <strong>de</strong> uma fina mangueira que termina numcapilar <strong>de</strong> vidro. A mangueira substitui a fita <strong>de</strong> papel emprega<strong>do</strong> num marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong>tempo (vi<strong>br</strong>a<strong>do</strong>r) que encontra-se liga<strong>do</strong> a uma voltagem alternada (60 Hz). Desta forma,quan<strong>do</strong> a lâmina metálica <strong>do</strong> marca<strong>do</strong>r bate na mangueira (ou nas suas proximida<strong>de</strong>s),


292produz um jato <strong>de</strong> gotas (60 gotas/s). Este jato <strong>de</strong> gotas po<strong>de</strong> ser envia<strong>do</strong>horizontalmente para estudar o movimento <strong>de</strong> projéteis.4. A lâmpada estroboscópicaO circuito da lâmpada estroboscópica encontra-se na figura 2.Fig. 2. Circuito da lâmpada estroboscópica.O circuito consiste na condução <strong>de</strong> um SCR, on<strong>de</strong> o "gate" é dispara<strong>do</strong> por uma<strong>de</strong>scarga RC. A condução dá-se num transforma<strong>do</strong>r (6-0-6/110 ou 220) coloca<strong>do</strong>inverti<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que o primário seja a entrada 6-0-6 aumentan<strong>do</strong> a tensão num fatorpróximo <strong>de</strong> 30. Com este aumento <strong>de</strong> tensão produzi<strong>do</strong> no secundário, po<strong>de</strong>-se produziruma <strong>de</strong>scarga numa série <strong>de</strong> lâmpadas fluorescentes (4x8 W) ou em qualquer lâmpadafluorescente (ainda que já muito usada).O resistor <strong>de</strong> 1 M ohms tem a função <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar o "gate' em cu rto quan<strong>do</strong> opotenciomêtro <strong>de</strong> 2m2 ohms atinja o nível O. Este potenciõmetro po<strong>de</strong> ser substituí<strong>do</strong> porvários resistores fixos e/ou trimpots para controlar a freqüência das lâmpadas.5. FuncionamentoColoca-se o tanque <strong>de</strong> água na posição <strong>de</strong>sejada, liga-se o marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo auma voltagem alternada. As lâmpadas fluorescentes <strong>de</strong>vem estar colocadas numadistância superior a 1 m, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que possa ser capturada numa folha <strong>de</strong> papel <strong>br</strong>anco(ou milimetrada) a som<strong>br</strong>a das gotas. Assim serão registradas as posições (X,Y) <strong>de</strong> cadagota e conheci<strong>do</strong> o tempo entre cada gota, a pa rtir da freqüência da lâmpada e <strong>do</strong> sistema<strong>de</strong> lançamento das gotas.


2936. Dicas <strong>de</strong> montagema) se não tiver acesso a um marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo em AC, use qualquer marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempoe cali<strong>br</strong>e-o antes <strong>de</strong> iniciar este experimento.b) o capilar <strong>de</strong> vidro se faz esquentan<strong>do</strong> o tubo <strong>de</strong> vidro e puxan<strong>do</strong>-o para formar umcapilar muito fino. Conectan<strong>do</strong>-o à mangueira <strong>de</strong> água (com to<strong>do</strong> o sistema liga<strong>do</strong>), vai-secortan<strong>do</strong> com os <strong>de</strong><strong>do</strong>s ou alicate, a ponta, até conseguir um jato <strong>de</strong> gotas gran<strong>de</strong>s (entre2mm e 4mm).c) a potência <strong>do</strong> resistor <strong>de</strong> 500 ohm/40W po<strong>de</strong> ser aumentada se estas se aquecerem<strong>de</strong>masia<strong>do</strong>.d) o transforma<strong>do</strong>r utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser para correntes maiores que 500 mA.Motor <strong>de</strong> Corrente Contínua com Rotor <strong>de</strong> Ímá MóvelAlberto Gaspar - UNESP/GuaratinguetáSabe-se que se as orientações <strong>de</strong> <strong>do</strong>is campos magnéticos, coexistentes numaregião <strong>do</strong> espaço, forem diferentes haverá uma tendência <strong>de</strong> alinhamento entre eles quepo<strong>de</strong> provocar a rotação <strong>de</strong> um ou <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is elementos gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sses campos.Obviamente, se um <strong>do</strong>s elementos for fixo só o outro po<strong>de</strong>rá girar. Se <strong>de</strong> alguma forma,ainda, for possível manter continuamente <strong>de</strong>salinha<strong>do</strong>s esses campos magnéticos arotação se manterá também continuamente: este é o principio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>stemotor.Os elementos gera<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s campos magnéticos são uma bobina fixa, cilíndrica,<strong>de</strong> 3 an <strong>de</strong> raio e cerca <strong>de</strong> 100 espiras <strong>de</strong> fio esmalta<strong>do</strong> <strong>de</strong> co<strong>br</strong>e (n° 24 por exemplo) eum rotor constituí<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is ímãs faciais. (Veja figura 1) A bobina é colocada <strong>de</strong>maneira que o campo magnético no seu interior seja vertical e o rotor disposto <strong>de</strong>maneira que os ímãs fiquem <strong>de</strong>ntro da bobina. O campo magnético <strong>do</strong>s ímãs, emboramóvel, <strong>de</strong>ve estar conti<strong>do</strong> num plano vertical. Durante o seu movimento o rotor <strong>de</strong>veligar ou <strong>de</strong>sligar a bobina quan<strong>do</strong> a configuração <strong>do</strong>s campos magnéticos for conveniente(Veja figura 2). Isto será feito pelo eixo <strong>do</strong> rotor que será parcialmente isola<strong>do</strong> e,coloca<strong>do</strong> horizontalmente so<strong>br</strong>e mancais metálicos verticais, estabelece, ou não, o contatoelétrico entre eles. A fonte <strong>de</strong> tensão utilizada será uma pilha gran<strong>de</strong>, comum, ligada emsérie com a bobina através <strong>do</strong>s mancais e <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong> rotor'(Veja figura 3).


294Optamos pela utilização <strong>de</strong> <strong>do</strong>is ímãs faciais <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter umímã em forma <strong>de</strong> barra e adaptar a ele um eixo transversal. Além <strong>de</strong> simplificar amontagem estes ímãs são facilmente encontráveis em trincos magnéticos, <strong>br</strong>inque<strong>do</strong>s,<strong>br</strong>in<strong>de</strong>s, etc. O isolamento parcial <strong>do</strong> eixo po<strong>de</strong> ser feito com esmalte <strong>de</strong> unhas (Vejafigura 4).Esta montagem costuma dar resulta<strong>do</strong>s muito bons, obten<strong>do</strong>-se um motor cujotorque e freqüência <strong>de</strong> rotação chegam a ser surpreen<strong>de</strong>ntes. É possível ainda, emboracom resulta<strong>do</strong>s menos satisfatórios, substituir o rotor <strong>de</strong> ímãs por uma bobina giraste,construin<strong>do</strong>-se assim um motor sem ímãs, o que po<strong>de</strong> gerar discussões muitointeressantes so<strong>br</strong>e a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter um motor só <strong>de</strong> imãs.Como toda montagem <strong>de</strong>ste tipo são muitas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alterações euso <strong>de</strong> material alternativo cuja eficiência quase sempre só po<strong>de</strong> ser verificada na prática.BibliografiaGASPAR, A. - Experiências <strong>de</strong> Ciências para o 1° Grau. Ed. Ática -1990KUZNETSOY, M. - Fundamentos <strong>de</strong> Eletrotécnica. Ed. Mir - Moscou - 1967TIPLER, PA. - Física - vol.2. Ed. Guanabara Dois -1978Fig. 1 - a) bobina fixab) rotor <strong>de</strong> ímãmóvel(a)(b)1;(a)(b)Fig. 2 - A ten<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>alinhamento <strong>do</strong>s camposmagnéticos <strong>do</strong>s imãs (Br)e da bobina (8) po<strong>de</strong> fazero rotor girar tantono senti<strong>do</strong> horãrio (a)como no anti-horário (b).A bobina sera ligada apenas numa <strong>de</strong>stas duas situações.


295Fia. 3 - Montagem <strong>do</strong> motor: observe como a bobina esta ligada emsérie com o eixo e os mancais acompanhan<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> da corrente i,que sai <strong>do</strong> pólo positivo da pilha passa pela bobina e <strong>de</strong>sta para omancal da direita; através <strong>do</strong> eixo passa para o mancal da esquerdae <strong>de</strong>ste fecha o circuito atingin<strong>do</strong> o pólo negativo da pilha.Fig. 9 - Para que o rotor gire numsó senti<strong>do</strong> é preciso isolar uma face <strong>do</strong> eixo, como indica a figura.Desta forma, prevalece apenas umadas sltuaçóes da figura 2 já quepara a outra não hi corrente e,'consequentemente B <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> exis -tir.


296Dispositivo para Determinação da Aceleração da Gravida<strong>de</strong>Alberto Gaspar e Tiago Raimun<strong>do</strong> da Silva - UNESP-GuaratinguetáO dispositivo se baseia na utilização <strong>do</strong> cronômetro <strong>de</strong> um relógio digitalcomum para a medida <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> uma esfera <strong>de</strong> aço. A esfera é sustentada auma <strong>de</strong>terminada altura por um eletroimã. No instante em que o eletroimã é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong> ocronômetro é aciona<strong>do</strong> e a esfera cai. Ao cair atinge uma chave que trava o cronômetroregistran<strong>do</strong> o tempo <strong>de</strong> queda da esfera.Utilizamos o cronômetro <strong>de</strong> um relógio digital barato, marca "Rambo". A suaadaptação para a experiência foi feita da seguinte maneira: 1) 0 mecanismo <strong>do</strong> relógio foiretira<strong>do</strong> da caixa, removen<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>sta o botão <strong>de</strong> acionamento <strong>do</strong> cronômetro; 2) Noterminal correspon<strong>de</strong>nte foram solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is fios finos. Obtivemos assim <strong>do</strong>is terminais,um que aciona o cronômetro (A) e o outro que trava o cronômetro (T) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que liga<strong>do</strong>s,nessa or<strong>de</strong>m, ao polo positivo da bateria <strong>do</strong> relógio; 3) Nesse polo positivo foi solda<strong>do</strong> umterceiro fio, obten<strong>do</strong>-se o terceiro terminal (P). Por razões práticas ligamos este terminalindiretamente a esse polo utilizan<strong>do</strong> uma pequena mola que pressiona a tampa traseira(Veja figuras 1 e 2). Feitas as ligações passamos os fios pelo buraco <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> pelo botão erecolocamos o relógio na caixa. Os <strong>de</strong>mais coman<strong>do</strong>s foram manti<strong>do</strong>s no próprio relógio,que foi, então, inseri<strong>do</strong> no circuito <strong>do</strong> dispositivo (veja figura 3) cujos elementos efuncionamento são <strong>de</strong>scritos a seguir.A chave CH1 é uma chave, tipo campainha, que liga o eletroimã em série comuma pilha gran<strong>de</strong>, comum. Manten<strong>do</strong>-se esta chave ligada pren<strong>de</strong>-se a esfera ao eletroimãe com um toque rápi<strong>do</strong> aciona-se a chave CH2. Esta é uma chave <strong>de</strong> duas posições que<strong>de</strong>sliga o eletroimã e, praticamente ao mesmo tempo, liga o cronômetro voltan<strong>do</strong> emseguida à posição inicial. É interessante observar que, a rigor, bastaria esta chave parainiciar o experimento, entretanto, a chave CH1 é necessária para que o eletroímã nãofique permanentemente liga<strong>do</strong>. A chave CH3 é um interruptor <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> comum,coloca<strong>do</strong> horizontalmente, que se fecha ao ser atingi<strong>do</strong> pela esfera, travan<strong>do</strong> ocronômetro.Para uma nova medida a<strong>br</strong>e-se a chave CH3 <strong>de</strong>stravan<strong>do</strong> o cronômetro que<strong>de</strong>ve ser zera<strong>do</strong> através <strong>do</strong> botão correspon<strong>de</strong>nte.Testamos o dispositivo inúmeras vezes obten<strong>do</strong> sempre bons resulta<strong>do</strong>s. Natabela abaixo apresentamos os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong>-se uma esfera <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> 33gramas e 2,0 cm <strong>de</strong> diâmetro. O tempo <strong>de</strong> queda é a média <strong>de</strong> cinco medidas.


297altura <strong>de</strong> queda(m)tempo <strong>de</strong>(10 -2 s)quedaaceleração da gravida<strong>de</strong>(m/s 2 )0,20 + 0,01 19,8 + 0,4 . 10,2 + 0,090,40 + 0,01 28,4 + 0,5 9,9 + 0,60,60 + 0,01 35,2 + 0,4 9,7 + 0,40,80 + 0,01 41,8 + 0,4 9,2 + 0,31,00 + 0,01 46,4 + 0,4 9,3 + 0,31,20 + 0,01 50,2 + 0,7 9,5 + 0,4Os valores obti<strong>do</strong>s, so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> para alturas superiores a 40 cm, foram sempremenores <strong>do</strong> que o espera<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à resistência <strong>do</strong> ar. Para esferas menores e mais leveso erro se torna maior <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> ao magnetismo residual <strong>do</strong> núcleo <strong>do</strong> eletroímãque frequentemente retarda a sua queda.Gostaríamos <strong>de</strong> acrescentar que, a nosso ver, a contribuição maior <strong>de</strong>stedispositivo resi<strong>de</strong> na utilização <strong>do</strong> relógio digital comum como cronômetro em ativida<strong>de</strong>sexperimentais. Trata-se <strong>de</strong> um elemento preciso, mo<strong>de</strong>rno e neste caso, <strong>de</strong> baixo custo(aproximadamente 6 dólares) que com esta adaptação po<strong>de</strong> integrar inúmerosdispositivos experimentais semelhantes.Fig. 1 - No relógio visto <strong>de</strong> trás, sem a tampa traseira, <strong>de</strong>stacamos os botões: a) aciona etrava o cronômetro. b) zera o cronômetro (lap/reset). c) liga a lâmpada <strong>do</strong> visor. d)alterna o mo<strong>do</strong> (relógio/cronômetro). Observa-se ainda a bateria (e) e a mola quepressiona a tampa traseira (f).


298Fig. 2 - Adaptações: (a) <strong>do</strong>is fios, A para acionar e T para travar o cronômetro, sãosolda<strong>do</strong>s neste terminal. (b) um terceiro fio P é liga<strong>do</strong> ao terminal positivo da pilhasolda<strong>do</strong> nesta mola.cc008 ner^oT A^ GN3CNtFig. 3 - Circuito <strong>do</strong> dispositivo


299SAAD: Uma Socieda<strong>de</strong> Estudantil <strong>de</strong> Astronomia <strong>de</strong> Dia<strong>de</strong>ma/SPOzimar da Silva Pereira - SAAD/IFUSPIntroduçãoA necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> motivar os alunos para o aprendiza<strong>do</strong> da Física fez-me incluirno planejamento da disciplina <strong>de</strong> Física das 1 11/22/3° séries <strong>do</strong> 2° grau da EEPSG "JoãoRamalho em 1988 algumas excursões <strong>de</strong> fmal <strong>de</strong> semana a exposições, laboratórios eoutros locais que estivessem relaciona<strong>do</strong>s à Física e à tecnologia.A última visita foi feita ao OMA - Observatório Municipal <strong>de</strong> Americana (133Km da capital <strong>de</strong> SP) num <strong>do</strong>mingo no qual passeamos <strong>de</strong> trem, visitamos o ParqueEcológico da cida<strong>de</strong> e no final da tar<strong>de</strong>, assistimos a um audiovisual so<strong>br</strong>e Astronomia efizemos várias observações <strong>de</strong> aglomera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estrelas, Jupiter, Lua, estrelas binárias enebulosas gasosas, no OMA, monitora<strong>do</strong>s pelo astrônomo ama<strong>do</strong>r Nelson Travnik.O interesse <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong> pela visita nos estudantes me motivou a reunir osparticipantes (22 alunos no total) no ano seguinte (1989) para criarmos um clube <strong>de</strong>Astronomia. Assim surgiu a SAAD.A Formação da SAADA SAAD é formada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, por estudantes <strong>de</strong> 2° grau, ex-alunos <strong>de</strong> 2°grau que trabalham em áreas não relacionadas à Física ou à Astronomia (algiins estãocursan<strong>do</strong> o 3° grau - entre eles, um no Inst. <strong>de</strong> Física da USP e outro no Inst. <strong>de</strong> Biologiada Unicamp), por um pai <strong>de</strong> aluno e por <strong>do</strong>is gradua<strong>do</strong>s em Física (eu, licencia<strong>do</strong> peloIFUSP e outro, bacharela<strong>do</strong> pela PUC/SP).Des<strong>de</strong> seu início, a Socieda<strong>de</strong> contou com diversas dificulda<strong>de</strong>s: to<strong>do</strong>strabalhavam durante o dia e estudavam à noite; a maioria pertencia a familias <strong>de</strong> baixarenda; não contávamos com nenhum apoio externo; não tínhamos experiência algumacom observação astronômica (nem eu, apesar <strong>do</strong>s cursos optativos <strong>do</strong> InstitutoAstronômico e Geofisico da USP que fiz).Em primeiro lugar, para superar essas dificulda<strong>de</strong>s procuramos fortalecer ogrupo estimulan<strong>do</strong> a participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e crian<strong>do</strong> fortes laços<strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> entre os sócios, <strong>de</strong> forma que a simples existência da Socieda<strong>de</strong> se justificavapelos objetivos propostos. Para isso, organizamos ERCs - Exercícios <strong>de</strong> Reconhecimento<strong>do</strong> Céu - através <strong>do</strong>s quais pu<strong>de</strong>mos nos conhecer melhor, conversan<strong>do</strong> e participan<strong>do</strong> <strong>de</strong>


300jogos <strong>de</strong> salão, além <strong>de</strong> exercitarmos o uso <strong>de</strong> cartas celestes para o reconhecimento <strong>de</strong>constelações.Em segun<strong>do</strong> lugar, solicitamos ao OMA uma série <strong>de</strong> palestras so<strong>br</strong>ereconhecimento <strong>do</strong> céu e observação da Lua, <strong>de</strong> planetas, <strong>de</strong> meteoros e <strong>do</strong> Sol. Aspalestras foram ministradas das 11h às 23h pelos astrônomos ama<strong>do</strong>res Jean Nicolini eAmauri Cimetta durante um sába<strong>do</strong>.Em último lugar, dividimos a Socieda<strong>de</strong> em comissões para elaboração <strong>do</strong>estatuto, <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> cotação <strong>de</strong> instrumentos para observação, <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s gerais (reuniões festivas, observações, excursões e palestras) e para aelaboração <strong>de</strong> um boletim.Resultou <strong>de</strong>ssas medidas a criação <strong>de</strong> uma Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria-Geral, constituídapelos sócios-contribuintes e por um coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r geral eleito entre os mesmos, quepassou a administrar a Socieda<strong>de</strong> em to<strong>do</strong>s os aspectos - organizar excursões, palestras,observações, campanhas para arrecadação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s, assinatura <strong>de</strong> periódicos e compra<strong>de</strong> livros, contatos com outras entida<strong>de</strong>s, recolhimento <strong>de</strong> contribuições, etc: A SAAD jápossui um estatuto que <strong>de</strong>verá ser registra<strong>do</strong> no Cartório <strong>de</strong> Registros <strong>de</strong> Dia<strong>de</strong>ma noinício <strong>de</strong> 1991.Ativida<strong>de</strong>s DesenvolvidasNo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 25/02/1989 a 20/01/1991 a SAAD realizou:I. Palestras e Exposições:1) Astronomia <strong>de</strong> Posição - Dr. R. Boczko - IAG/USP - 01/04/1989 - sába<strong>do</strong> 20participantes2) Introdução à Observação Astronômica (Lua, Sol e Meteoros) - Amauri Cimetta e JeanNicolini - Obs. Mun. Americana - 15/04/1989 - sába<strong>do</strong> - 20 participantes3) Oficina <strong>de</strong> Gravitação - Gustavo Kiliner - Programa Ciência Educação/USP -28/05/1989 - <strong>do</strong>mingo - 12 participantes4) Os Meteoros - Dr. Masayochi Tsuchida - IAG/USP - 22/07/89 - sába<strong>do</strong> - 60participantes5) Os Cometas - Astrônomo ama<strong>do</strong>r (coord. Cometas) José Guilherme <strong>de</strong> Souza Aguiarda REA-Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Astronomia Observacional 03/09/1989 - <strong>do</strong>mingo - 30 participantes


3016) Exposição "A Conquista <strong>do</strong> Espaço e o Futuro <strong>do</strong> Homem" - posters so<strong>br</strong>e o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> programa espacial europeu cedi<strong>do</strong>s pelo Centro Franco-Brasileiro <strong>de</strong>Documentação Científica e Tecnológica (CENDOTEC) - Espaço Cultural Cândi<strong>do</strong>Portinari - Dia<strong>de</strong>ma - 16 a 30/09/1989 - 500 visitantes7) I Seminário <strong>de</strong> Conhecimentos Básicos <strong>de</strong> Astronomia (Evolução Estelar, ObservaçãoSolar, Coord. Astronômicas, Cometa Austin) por sócios da SAAD - 22/04/1990 - sába<strong>do</strong>- 13h-19h 40 participantes8) Buracos Negros - Ozimar S. Pereira - SAAR - 04/08/90 - sába<strong>do</strong> - 19h-21h - 12participantes9) Introdução à Astrofotografia - astrônomo ama<strong>do</strong>r Carlos Colasanti - REA - Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>Astronomia Observacional - 22/09/1990 - sába<strong>do</strong> - 10 participantes10) Palestras para professores <strong>do</strong> SERVIÇO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS EADULTOS (SEJA) da Prefeitura <strong>de</strong> Dia<strong>de</strong>ma:a) 30/08/1990 - 9h-11h. - O potencial educativo da Astronomia - Ozimar S. Pereira - 20participantes - 58 feirab) 30/08/1990 - 14:30-16:30h - O sistema solar - Ozimar S. Pereira - 20 participantes11) A evolução <strong>do</strong>s conhecimentos so<strong>br</strong>e o Universo - Ozimar S. Pereira - SAAD -Dia<strong>de</strong>ma - para alunos <strong>do</strong> SEJA (equiv. 1 8 a 48 série <strong>do</strong> 1° grau) - 27/11/1990 - 20-22h -30 participantes.II. Excursões/Visitas/Encontros:1) Planetário <strong>de</strong>-São Paulo -12/03/89 - 20 participantes2) OMA - Obs. Municipal Americana:a) 15/04/89 - <strong>do</strong>mingo - 20 part.b) 25/06/89 - <strong>do</strong>mingo - 40 part.c) 29/04/90 - <strong>do</strong>mingo - 12 part.3) 1° ERC - Exercíciq <strong>de</strong> Reconhecimento <strong>do</strong> Céu - Dia<strong>de</strong>ma 20/05/89 - 19:304:OOh -sab/<strong>do</strong>mingo - objetivo: localização <strong>de</strong> constelações, manuseio <strong>de</strong> cartas celestes eobservação com instrumento (luneta 60mm/f.10).4) 2° ERC - Bertioga (litoral SP) - 08-09/07/89 - reconhecimento <strong>do</strong> céu e observação <strong>do</strong>radiante <strong>de</strong> meteoros Alfa-Capricórnidas. 12 participantes.


3025) III Encontro Regional <strong>de</strong> Astronomia <strong>de</strong> Campinas - organiza<strong>do</strong> pelo Observatório <strong>de</strong>Capricórnio e pelo Obs. Municipal <strong>de</strong> Campinas - 15/07/89 - 11 participantes6) Observação <strong>do</strong> eclipse lunar total - Dia<strong>de</strong>ma - 16-17/08/89 - 300 participantes7) Universida<strong>de</strong> Aberta - Unicamp - 30/09/1989 - 90 participantes8) 1° Congresso da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Geofísica - Centro <strong>de</strong> Convenções <strong>do</strong> HotelGlória - Rio <strong>de</strong> Janeiro - org. Soc. Bras. Geofísica - 23/11/89 - 2 participantes9) Planetário e Observatório Municipais <strong>de</strong> Campinas - SP - 26/11/198910) Observação <strong>do</strong> Eclipse Solar Parcial - Dia<strong>de</strong>ma - 15/12/89 - 10 participantes11) Observação conjunta <strong>de</strong> Eventos Mútuos <strong>de</strong> Júpiter - 31/01/90 - Dia<strong>de</strong>ma - 15participantes12) ERC - Atibaia - 17/02/90 - 6 participantes13) Coquetel dc comemoração <strong>do</strong> 1° aniversário da SAAD - 10/03/90 - 80 participantes14) Observação <strong>do</strong> Cometa Austin Atibaia - Prog. Obs. REA - 19/05/90 - 12participantes15) Observação <strong>de</strong> alterações na Gran<strong>de</strong> Mancha Vermelha <strong>de</strong> Júpiter (prog. obs. REA)Tatuí/Dia<strong>de</strong>ma - 14/07/90 - 20 participantes16) [V Encontro <strong>de</strong> Astrônomos Ama<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Campinas - 18/08/90 - 5 participantes17) Exercícios <strong>de</strong> Astrofotografia - Dia<strong>de</strong>ma:a) 24/11/90 - Marte e Orion + Siriusb) 25/11/90 - Marte, Plêia<strong>de</strong>s, Hya<strong>de</strong>s, Orion, Sirius, Luac) 04/01/91 - Marte, Júpiter, Crux, Plêia<strong>de</strong>s, Lua18) Observação Pública <strong>do</strong> Céu (Lua, Júpiter, Marte) - monitorada por Fernan<strong>do</strong> Feitosae Milton P. Barros (SAAD) durante a I Feira <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> Núcleo <strong>do</strong> SEJA/Serraria -Dia<strong>de</strong>ma - 300 participantes - instrumentos utiliza<strong>do</strong>s: uma luneta <strong>de</strong> 60mm/f.10 e umrefletor 97mm/ f.719) Observação <strong>de</strong> eventos mútuos <strong>de</strong> Júpiter/ERC - Atibaia - 12-13/01/91 - 8participantes - instrumentos: luneta 60mm/f.10 e refletor 97 mm/f.7


303Infra-estrutura da SAAD25/02/89 15 sócios, se<strong>de</strong> provisória na EEPSG "João Ramalho" instrum: luneta 60mm/f.10, biblioteca: 30 livros + 60 revistas + 10 projetos <strong>de</strong> observação,correspondência: Obs. Municipal <strong>de</strong> Ame ricana25/02/91 - 30 sócios, se<strong>de</strong> permanente no SEJA - Serviço <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Jovens eAdultos - Prefeitura <strong>de</strong> Dia<strong>de</strong>ma, Instrum.: uma luneta 60 mm/f.5, um refletor 160mm/f.15 (montagem equatorial); equip. fotograf.: uma maq. fot. PRATIKA e umaEXAKTA (alemãs profissionais), uma teleobjetiva <strong>de</strong> 800 mm (Ricoh - japonesa),umtripé para máq. fotográfica; computa<strong>do</strong>r: um computa<strong>do</strong>r Apple com <strong>do</strong>is drives e ummonitor monocromático; mobília: uma escrivaninha, uma ca<strong>de</strong>ira girató ria, uma estante eum arquivo <strong>de</strong> 4 gavetas; biblioteca: 100 livros, 20 exemplares da rev. Astronomy, 100periódicos diversos, 200 projetos <strong>de</strong> observação (REA/CARJ); Correspondência: AgênciaUniv. Notícias/ECA/USP, CENDOTEC, NASA, Obs. Astronomique da Univ.Strasbourg, CARD, REA, CEA-Recife, SBAA-Fortaleza, LIADA - Venezuela, Soc.Astron. Brasileira, IAG-USP, S.B. Geofísica, Obs. <strong>Nacional</strong> - RJ, Obs. MunicipalCampinas e Americana.Relação entre a Física e a Astronomia na SAADA prática da Astronomia Ama<strong>do</strong>ra envolve o <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>habilida<strong>de</strong>s e conhecimentos teóricos. Po<strong>de</strong>mos resumi-los da seguinte forma:Área: Astronomia <strong>de</strong> PosiçãoConhecimentos/Habilida<strong>de</strong>s envolvi<strong>do</strong>s:- sistemas <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (horizontal, equato rial, eclíptica)- calendários e sistemas <strong>de</strong> medida <strong>de</strong> tempo- movimentos da esfera celeste- dispositivos para medição <strong>de</strong> posição, localização e acompanhamento <strong>de</strong> astros- reconhecimento <strong>de</strong> estrelas e constelações- leitura e uso <strong>de</strong> cartas e atlas celestes/manuseio <strong>de</strong> instrumentosÁrea: Astronomia GeralConhecimentos/Habilida<strong>de</strong>s envolvi<strong>do</strong>s:- técnicas para observação e registro <strong>de</strong> planetas, Lua, satélites naturais eartificiais, asterói<strong>de</strong>s, meteoros, cometas, eclipses, ocultação, Sol e estrelas variáveis- astronomia planetária, solar, galática e extragalática


304- astrofísica- i<strong>de</strong>ntificação visual e por instrumentos <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>s estelaresÁrea: Ciências A finsConhecimentos/Habilida<strong>de</strong>s envolvi<strong>do</strong>s:- Matemática- Física: Mecânica Clássica, Quântica e Relativística, Física das Radiações,Física Nuclear e Atômica, Partículas Elementares, Matéria Con<strong>de</strong>nsada, Ótica Clássica,Eletromagnetismo Clássico e Espectroscopia- Meteorologia- Geofísica- QuímicaÁrea: OutrasConhecimentos/Habilida<strong>de</strong>s envolvi<strong>do</strong>s:- técnicas astrofotográficas- técnicas para confecção <strong>de</strong> espelhos e para montagem <strong>de</strong> telescópios- história e filosofia da ciência- etnoastronomia e arqueoastronomia- computação- administração e economia- comunicação verbal e visual- psicologiaNo resumo acima, a Física ocupa um papel secundário, como disciplina básicaassessória. Porém, a criação <strong>de</strong> um projeto que tivesse a Física como "centro" filosófico ea Astronomia como sua aplicação mais imediata inverteria a estrutura da organização <strong>de</strong>conhecimentos como ocorre na SAAD. Justifica-se tal ocorrência pelo fato <strong>do</strong>"PROJETO SAAD" não ter segui<strong>do</strong> um cronograma ou programa pré-estabeleci<strong>do</strong>. Semverbas e sem recursos humanos especialmente habilita<strong>do</strong>s, o sucesso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u da "sorte'e <strong>de</strong> cada resulta<strong>do</strong> positivo ou negativo obti<strong>do</strong>. Seguimos um processo natural.ConclusãoSegun<strong>do</strong> Macluhan, "a medida da autenticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo escolar é amobilização total <strong>do</strong> indivíduo na tarefa". Acreditan<strong>do</strong> nessa premissa, o envolvimento<strong>do</strong> estudante <strong>de</strong> 20 grau na prática da Astronomia ama<strong>do</strong>ra permite um <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>


305habilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> conhecimentos teóricos que vão além <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s curriculares <strong>do</strong>snossos cursos <strong>de</strong> Física.A "vivência" <strong>de</strong>sses conhecimentos pelo estudante transforma-o num"astrônomo ama<strong>do</strong>r e num "físico ama<strong>do</strong>r" que passa a obse rvar o universo com olhosdiferentes <strong>do</strong> leigo comum, como ocorre na SAAD.Observa-se uma indissociabilida<strong>de</strong> entre os aspectos afetivos e cognitivos -sen<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> extremamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> primeiro, uma vez que o conteú<strong>do</strong> teóricoe a observação celeste sistematizada só ocorrerão <strong>de</strong>pois que o estudante tiver introjeta<strong>do</strong>os valores necessários para que possa incorporar tais procedimentos a seus hábitos.Cabe ressaltar aqui, talvez um <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s mais importantes <strong>de</strong>sse trabalho,que a ausência <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong> natureza afetiva no currículo <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau seta um<strong>do</strong>s principais responsáveis pelos fracassos <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong>ssa disciplina.Experimentação no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2Q Grau: Análise <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>InvestigaçãoM. Lúcia V. S. Abib (UFSCar)M.Cristina <strong>de</strong> S. Zancul (EEPSG Vitor Lacoste)Uma forma <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> laboratório, pouco utilizada comoprocedimento <strong>de</strong> ensino, consiste <strong>de</strong> expe rimentos <strong>de</strong> investigação realiza<strong>do</strong>s pelos alunossob as seguintes condições:a) O professor propõe oproblema relativo ao tema que <strong>de</strong>ve ser resolvi<strong>do</strong> pelosalunos através <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s experimentais.b) Os alunos elaboram e implementam um plano <strong>de</strong> trabalho para realização<strong>do</strong>s experimentos necessários à resolução <strong>do</strong> problema.c) As ativida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong>senvolvidas em pequenos grupos <strong>de</strong> trabalho aos quaiscabem as principais <strong>de</strong>cisões obtidas através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> discussão contínua nosgrupos e com toda a classe.d) Durante o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s o professor procura aiustar aorientação dada aos diferentes grupos em função das diferentes dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes, <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> que estejam presentes situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>safio superáveis pelos alunos.


306e) Grupos diferentes po<strong>de</strong>m a<strong>do</strong>tar diferentes procedimentos e fazer variaçõescom o material.Neste trabalho apresentamos alguns resulta<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e a utilização <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong>procedimento didático em classes <strong>de</strong> 2° grau, <strong>de</strong> duas escolas da re<strong>de</strong> pública e duasescolas particulares, cm três diferentes situações:1. Na introdução ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> fenômenos.2. Durante o <strong>de</strong>senvovimento <strong>do</strong>s temas.3. Após a sistematização <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>.No estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a respeito <strong>de</strong> investigações utilizadas na introdução aoestu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fenômenos foram realiza<strong>do</strong>s experimentos <strong>de</strong> Hidrostática (estu<strong>do</strong> qualitativoda flutuação <strong>do</strong>s corpos) e <strong>de</strong> termologia (equilí<strong>br</strong>io térmico, significa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> calor etemperatura).A análise <strong>do</strong>s comportamentos apresenta<strong>do</strong>s pelos alunos durante a realizaçãodas ativida<strong>de</strong>s mostrou que, a <strong>de</strong>speito da dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> professor na coor<strong>de</strong>nação dasdiferenças entre as atuações <strong>do</strong>s grupos, ocorre <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, um gran<strong>de</strong> envolvimentopor parte das classes, o que propicia condições satisfatórias para a realização <strong>do</strong>sexperimentos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a viabilizar a explicitação das concepções alternativas <strong>do</strong>s alunosso<strong>br</strong>e os fenômenos em estu<strong>do</strong>.Nos experimentos realiza<strong>do</strong>s durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s temas foramtrata<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Termologia (estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> calor sensível e da capacida<strong>de</strong> térmica),Hidrostática (estu<strong>do</strong> quantitativo da flutuação) e Óptica Geométrica (reflexão erefração).Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com as classes evi<strong>de</strong>nciaram que após a realização <strong>de</strong> umaprimeira ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta natureza, gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s alunos consegue elaborar tanto osplanos para os procedimentos experimentais, como realizar as análises necessárias àobtenção das relações quantitativas procuradas.Com relação a experimentos <strong>de</strong> investigação efetua<strong>do</strong>s após a sistematização <strong>do</strong>conteú<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>, foi proposto aos alunos a realização <strong>de</strong> uma análise cinemática <strong>de</strong> ummovimento (movimento <strong>de</strong> um tatuzinho <strong>de</strong> jardim em uma e em duas dimensões). Nestecaso, os alunos já haviam efetua<strong>do</strong> vários experimentos com alto grau <strong>de</strong> diretivida<strong>de</strong>(roteiros com procedimentos únicos e pré-<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s) so<strong>br</strong>e o mesmo tema.


307Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s mostraram que a maioria <strong>do</strong>s grupos consegue a<strong>do</strong>tar umprocedimento coerente, praticamente sem a intervenção <strong>do</strong> professor, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a formulação<strong>de</strong> hipóteses até a obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e conclusões. Neste caso pu<strong>de</strong>mos observar que osgrupos <strong>de</strong>senvolveram as ativida<strong>de</strong>s com facilida<strong>de</strong>, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> na maioria das vezes,procedimentos já conheci<strong>do</strong>s por eles. Este tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, mostrou-se particularmenteútil para a avaliação <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s estuda<strong>do</strong>s.Em seus aspectos gerais, este trabalho permitiu-nos verificar que as ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> investigação experimental são viáveis a alunos <strong>de</strong> 2° grau e propiciam um gran<strong>de</strong>envolvimento <strong>do</strong>s alunos nas discussões so<strong>br</strong>e os fenômenos, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta maneiratrazer importantes contribuições para a aprendizagem significativa <strong>do</strong>s temas comumenteestuda<strong>do</strong>s neste nível <strong>de</strong> ensino.Um Méto<strong>do</strong> Modifica<strong>do</strong> para Determinar Velocida<strong>de</strong>s num Trilho <strong>de</strong> ArRoberto Hessel - Depto. <strong>de</strong> Física - IGCE/UNESPIntroduçãoA velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um carrinho <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong>-se num trilho <strong>de</strong> ar po<strong>de</strong> ser medidacom o auxílio <strong>de</strong> um cronômetro digital associa<strong>do</strong> a uma chave óptica (photogate). Nestecaso usa-se o cronômetro para medir o tempo durante o qual um feixe <strong>de</strong> luz permaneceinterrompi<strong>do</strong> pelo carrinho (ou por um cartão solidário a ele). A velocida<strong>de</strong> é calculada apartir <strong>de</strong>sse tempo e <strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong> carrinho (ou cartão).A situação será um pouco mais complexa se quisermos estudar a colisão entre<strong>do</strong>is carrinhos, pois então precisaremos calcular as velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ambos, antes e após acolisão. Neste caso é conveniente utilizar <strong>do</strong>is cronômetros digitais que disponham <strong>de</strong>memórias, uma vez que cada um <strong>de</strong>les <strong>de</strong>verá registrar <strong>do</strong>is intervalos <strong>de</strong> tempo próximosum <strong>do</strong> outro. Experiências <strong>de</strong>sse tipo são fáceis <strong>de</strong> serem realizadas quan<strong>do</strong> se dispõe <strong>de</strong>tais dispositivos <strong>de</strong> medida, entretanto, o custo relativamente eleva<strong>do</strong> (1) <strong>do</strong>s que estão àvenda no merca<strong>do</strong> acaba inviabilizan<strong>do</strong> o seu emprego.Neste trabalho <strong>de</strong>screvemos, como alternativa, uma montagem <strong>de</strong> menor custoque utiliza, em vez <strong>do</strong> cronômetro digital com memória, um marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> temposemelhante ao <strong>do</strong> PSSC(2), uma chave <strong>de</strong> lâminas <strong>de</strong> polo simples encapsulada (acionadamagneticamente), um foto-transistor e um SCR.


308O marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempoO marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo utiliza<strong>do</strong>(3) é um pouco diferente daquele a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> peloPSSC, pois é alimenta<strong>do</strong>, em vez <strong>de</strong> pilhas, por um transforma<strong>do</strong>r com saída <strong>de</strong> 12 V, emsérie com um dio<strong>do</strong>. Consiste, essencialmente, em uma lâmina <strong>de</strong> serra com um parafusoem sua extremida<strong>de</strong> que martela periódicamente um disco <strong>de</strong> carbono sob o qual passacontinuamente uma fita <strong>de</strong> papel (Fig. 1). Como conseqüência, aparecem impressas nafita pequenas marcas ou pontos. Esses pontos são impressos a uma freqüência <strong>de</strong> 60 Hz(igual à freqüência da re<strong>de</strong>) pois, ten<strong>do</strong> em vista que há um dio<strong>do</strong> em série com a bobina<strong>do</strong> marca<strong>do</strong>r, esta é também a freqüência com que o núcleo <strong>do</strong> eletro-ímã, atravessa<strong>do</strong>por pulsos <strong>de</strong> corrente, atrai a lâmina <strong>de</strong> serra(4). A intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s pontos na fita<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> ajuste da lâmina e da tensão da fonte CA. que alimenta o marca<strong>do</strong>r. Umaforma <strong>de</strong> regular a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses pontos é usar em série com a fonte um resistorvariável (potenciômetro <strong>de</strong> fio <strong>de</strong> 50 ohms liga<strong>do</strong> como um reostato, por exemplo), masneste caso <strong>de</strong>ve-se utilizar uma fonte CA. com uma f.e.m. acima <strong>do</strong> valor habitual(5).Marca<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sse tipo são baratos, fáceis <strong>de</strong> serem construí<strong>do</strong>s e têm urna largaaplicação, como se po<strong>de</strong> perceber consultan<strong>do</strong> a literatura(2,6). Aplicações nãoconvencionais foram <strong>de</strong>scritas em duas outras publicações nossas(7,8).J^ _CARBONO([I l^,BORBOLETA^^ .^•^^(a)DISCO DECARDO NO(b)Fig. 1 - 0 marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo. a) Parte mecânica. b) Parte elétrica


309O marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo associa<strong>do</strong> ao trilho <strong>de</strong> arPara utilizar o marca<strong>do</strong>r juntamente com o t rilho <strong>de</strong> ar, começamos substituin<strong>do</strong>a chave K da Fig. lb por uma outra, conhecida como "reed switch" (chave <strong>de</strong> laminas)com o contato normalmente aberto (Fig. 2), que <strong>de</strong>ve ser colocada no interior <strong>de</strong> umapequena bobina.p 4INVOLUCRO DE VIDROFig. 2 - Chave <strong>de</strong> lâminas encapsuladas.Quan<strong>do</strong> uma corrente sufucientemente intensa circula pela bobina, as lâminas pe q encapsuladas e feitas <strong>de</strong> material ferromagnético (Fig. 2), magnetizam-se, atraem-se efecham o contato, fazen<strong>do</strong> o marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo (Fig. 3) funcionar.Fig. 3 - Esquema elét rico para o marca<strong>do</strong>r usan<strong>do</strong> chave <strong>de</strong> lâminas. O conjuntocapacitor-resistor em paralelo com a chave foi coloca<strong>do</strong> para evitar o faiscamento durantea abertura da chave.Para acionar a chave <strong>de</strong> lâminas lançamos mão da chave óptica esquematizadana Fig. 4. Enquanto o feixe <strong>de</strong> luz, forneci<strong>do</strong> por uma pequena lâmpada(9), estiverincidin<strong>do</strong> no foto-transistor, a tensão entre a porta (G) e o cato<strong>do</strong> (K) será insuficientepara disparar o SCR, isto é, para colocá-lo em regime <strong>de</strong> condução. Nestas condições, nãopassa corrente pela bobina, a chave <strong>de</strong> lâminas permanece abe rta e o marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo<strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> o fe ixe <strong>de</strong> luz é interrompi<strong>do</strong>, o SCR pasta a conduzir e a bobina,agora energizada, aciona a chave <strong>de</strong> lâminas e conseqüentemente o marca<strong>do</strong>r.


3104.7 nIN 4001470 KPARA A BOBINA DA12VC A.NCHAVE DE LAMINAS112 KLuzFOTO - TRANSISTORC'/SCR( TIC 106Fig. 4 - Chave óptica usan<strong>do</strong> foto-transistor e SCR.Se a interrupção for provocada por um carrinho em movimento, a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong>carrinho po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>terminada a part ir <strong>do</strong> seu comprimento e <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pontosregistra<strong>do</strong>s na fita que passa pelo marca<strong>do</strong>r.Operan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma, o marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sempenha o mesmo papel <strong>do</strong> cronômetrodigital com memória, uma vez que po<strong>de</strong> registrar tantos intervalos <strong>de</strong> tempo quantos se<strong>de</strong>sejar. Este é o caso, por exemplo, <strong>de</strong> um carrinho num trilho <strong>de</strong> ar executan<strong>do</strong> ummovimento <strong>de</strong> vai e vem à custas <strong>de</strong> colisões com as extremida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> trilho. Cada vez queo carrinho corta o feixe <strong>de</strong> luz, aparece um conjunto bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> pontos na fita <strong>de</strong>papel (É claro que, para isso, a pessoa responsável pelo marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve puxar a fitacontinuamente e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a evitar que os pontos se superponham).ConclusãoNós temos utiliza<strong>do</strong> a montagem <strong>de</strong>scrita todas as vezes que vamos estudar, comnossos alunos, a conservação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento e da energia cinética,utilizan<strong>do</strong> colisões entre <strong>do</strong>is carrinhos num trilho <strong>de</strong> ar. Neste caso empregamos dóismarca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> tempo e duas chaves ópticas. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s são bastantesatisfatório. Por exemplo, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se os diversos tipos <strong>de</strong> choques ou mesmo uma"explosão", a conservação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento <strong>do</strong> sistema constituí<strong>do</strong> pelos <strong>do</strong>iscarrinhos tem si<strong>do</strong> verificada sempre a menos <strong>de</strong> 2%.


311Agra<strong>de</strong>cemos ao nosso técnico, Sr. Rui Antonio Prioli, não só pelo projeto econstrução da chave óptica, como também pelas inúmeras sugestões e esclarecimentosque nos forneceu durante a realização <strong>de</strong>ste trabalho. Agra<strong>de</strong>cemos, também, aoprofessor Fernan<strong>do</strong> Dagnoni Pra<strong>do</strong> pela leitura <strong>do</strong> manuscrito.Notas e Referências1. Um cronômetro digital com memória acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma chave óptica custa,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da marca, <strong>de</strong> 250 a 350 dólares.2. PSSC - Physical Science Study Committee. 3 a ed. São Paulo, EDART, 1968, parte I, p.217-9 e la ed., 1967, parte I1I, p. 162-4 e 184-6.3. R. Hessel. "Descrição e uso <strong>de</strong> um aparelho para o estu<strong>do</strong> da dinâmica da rotação",Rev. Ens. Fis., 5(2), 21-32, 1983.4. Sem o dio<strong>do</strong> a lâmina <strong>de</strong> serra seria atraída 120 vezes por segun<strong>do</strong> e vi<strong>br</strong>aria com umaamplitu<strong>de</strong> bem menor.5. Usar 18 V, por exemplo, em vez <strong>de</strong> 12 V.6. FAI - Física Auto Instrutiva, 3 a ed. São Paulo, Saraiva, 1973, vol. 1, p. 155-9.7. R. Hessel "Novas aplicações para o marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo <strong>do</strong> PSSC". Rev. Ens. Fís., 3(2),26-38, 1981.8. R. Hessel and H.M.Gupta. "New experiments with the PSSC timer". The PhysicsTeacher, 21(3), 172-6, 1983.9. É interessante, se possível, usar uma lâmpada piloto <strong>de</strong> 12 V, pois assim po<strong>de</strong>rá seralimentada pela mesma fonte que alimenta o circuito da Fig. 4 e o marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempo.


312Simples Experimentos para o Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ressonância +RA. Gonçalves Le<strong>do</strong>, CA. <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e A.J. Santiago - IF -UERJI. IntroduçãoA Fisica experimental tem como principal objetivo, observar e/ou comprovarcertas leis básicas da Física, bem como inferir novas leis. Didaticamente falan<strong>do</strong>, a físicaexperimental é <strong>de</strong> vital importância para que o aluno melhor compreenda a teoria que lheé apresentada. Narealida<strong>de</strong>, tem-se verifica<strong>do</strong>, que o aluno que tem acesso à parteexperimental, consegue estruturar uma base mais sólida para estu<strong>do</strong>s mais avança<strong>do</strong>s,mais abstratos e <strong>de</strong> difícil realização em laboratório(1). E claro que nem sempredispomos <strong>de</strong> sofistica<strong>do</strong>s laboratórios para que a cada novo conceito, introduzamos umanova experiência. Neste senti<strong>do</strong>, a busca <strong>de</strong> equipamentos (para fins didáticos), <strong>de</strong> baixocusto tem se intensifica<strong>do</strong> nos últimos anos.Recentemente, vários exemplos <strong>de</strong> aplicações práticas so<strong>br</strong>e conceitos físicosestão sen<strong>do</strong> publica<strong>do</strong>s(2). Tem-se verifica<strong>do</strong> que equipamentos extremamente simples,são capazes <strong>de</strong> ilustrar tanto o elementar conceito <strong>de</strong> amortecimento em um sistemaoscilante quanto idéias mais sofisticadas como a "quantificação" clássica <strong>do</strong> movimentoondulatório(3). Um simples dispositivo foi também sugeri<strong>do</strong> na <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>equivalente mecânico <strong>do</strong> calor(4). O ponto importante <strong>de</strong>stas publicações é que procuramestudar experimental e didaticamente a Física teórica, através <strong>de</strong> aparatus <strong>de</strong> fácil acesso,não necessitan<strong>do</strong> <strong>de</strong> sofistica<strong>do</strong>s aparelhos <strong>de</strong> difícil aquisição.O conceito <strong>de</strong> ressonância (Ref.5, por exemplo) é outro exemplo <strong>de</strong> fenômenofísico, que, em geral, não é mostra<strong>do</strong> experimentalmente em vários cursos <strong>de</strong> Física, emfunção da não disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> audio ou <strong>de</strong> outros equipamentos nolaboratório. E quan<strong>do</strong> se dispõe <strong>do</strong> material, dificilmente o aluno consegue compreen<strong>de</strong>rto<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da prática, porque não dispõe <strong>de</strong> suficiente conhecimento <strong>de</strong>eletrônica ou eletricida<strong>de</strong>. Neste trabalho, sugerimos um dispositivo experimental quetem a vantagem <strong>de</strong> ser constituí<strong>do</strong> basicamente por molas, fios, pesos, e que é capaz <strong>de</strong>mostrar a ressonância, num contexto bastante didático.II. Parte Prática+A montagem experimental <strong>de</strong>ste trabalho é parte integrante <strong>do</strong> curso Introdução àAcústica <strong>do</strong> Prof. A.D. Tavares (IF-UERJ)


313Associam-se em série duas molas <strong>de</strong> coeficientes K 1 = 1.43gf/cm e K2 =1.92gf/crn. O conjunto é preso a um fio que por sua vez, está preso à extremida<strong>de</strong> daestrutura, conforme ilustra a Fig. 1. Prend e-se, então, uma massa <strong>de</strong> m = 20g àextremida<strong>de</strong> livre <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> molas. Este sistema osc ila com uma freqüência(<strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong>-se a ação <strong>de</strong> forças dissipativas),!\'^ = Zn 3tia/m ^ 1.0111,(1)on<strong>de</strong>K, K2K.t - Ift + K, :0.S2g f/cra •(2)Em seguida, na mesma estrutura, o pêndulo B, <strong>de</strong> comprimento L, foi acopla<strong>do</strong>ao fio <strong>de</strong> sustentação das molas, fazen<strong>do</strong>, com ele, um ângulo B, (Fig.1). Este pêndulo éutiliza<strong>do</strong> para induzir (força externa) a massa m a oscilar com movimento harmônicosimples longitudinal. A força F, que puxa o fio que pren<strong>de</strong> as molas, tem componenteFvert =Fcose ao longo da vertical; é ela que fará a massa m oscilar.Fig.1 - Sistema massa-mola (A) acoplada ao pêndulo (B), para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> ressonáncia.O sistema acopla<strong>do</strong> vai estar em ressonância quan<strong>do</strong> as duas freqüências, a <strong>do</strong>pêndulo e a da massa m, forem iguais. Como a freqüência <strong>do</strong> pêndulo é dada por (vejaRef. 5, por exemplo)(3)


314on<strong>de</strong> g é a aceleração da gravida<strong>de</strong> local e L a distância <strong>do</strong> eixo <strong>de</strong> oscilação ao CM <strong>de</strong>stepêndulo, temos que o comprimento L <strong>do</strong> pêndulo para que a ressonância se verifique, éL= 471.299N1(4),no caso, L = 24,8cm.III. Resulta<strong>do</strong>s e DiscussõesA ressonância foi obtida experimentalmente quan<strong>do</strong> L –25cm. Neste caso,como os sistemas pêndulo e mola têm aproximadamente a mesma freqüência <strong>de</strong>oscilação, quan<strong>do</strong> fazemos o pêndulo oscilar, ele atua so<strong>br</strong>e o conjunto A por meio <strong>do</strong> fioCD, Fig.1, e este último, começa a oscilar, absorven<strong>do</strong> energia <strong>de</strong> B, até que estapraticamente se esgote, passan<strong>do</strong> para A. Começa-se então o processo inverso; o sistemaA atua so<strong>br</strong>e B, que começa novamente a oscilar, a amplitu<strong>de</strong> da oscilação aumentan<strong>do</strong>sempre, a medida que a energia <strong>de</strong> A vai passan<strong>do</strong> para B, até que A praticamente seimobiliza e B tenha absorvi<strong>do</strong> quase toda a energia <strong>de</strong> A. A amplitu<strong>de</strong> daquele sen<strong>do</strong>então máxima. Em seguida, recomeça B a trabalhar so<strong>br</strong>e A, etc.Deste mo<strong>do</strong>, a energia <strong>do</strong> sistema fica oscilan<strong>do</strong> entre A e B, até dissipar-semais ou menos rapidamente, ten<strong>do</strong> em vista que, na prática, o sistema é amorteci<strong>do</strong>.Veja-se então, que materiais extremamente simples tais como molas, linhas epesos, acessiveis à qualquer laboratório, po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> fenômenosfísicos a primeira vista <strong>de</strong> difícil entendimento por parte <strong>do</strong>s alunos, conduzin<strong>do</strong> aresulta<strong>do</strong>s muito bons, uma vez que o aluno não encontra dificulda<strong>de</strong> em manusear osinstrumentos nem em assimilar o procedimento experimental.IV. Referencias1. A.D. Tavares, "O <strong>Ensino</strong> da Física", monografias <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e PesquisasCientíficas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (NEPEC), série <strong>Ensino</strong>, 2(1960).2. A.D. Tavares, RA. Gonçalves Le<strong>do</strong>, CA. <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e A.J. Santiago, CCEF, Vol6,3(1989)185.3. A.D. Tavares, A.J.Santiago, CA. <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e RA. Gonçalves Le<strong>do</strong>, REF, 11(1989)49.4. MA. Zaro, R.L.D. Blanco e HA. Vielmo, REF,10(1988)24.


3155. L. Landau et E. Lifchitz, Mécanique, tome I, Editions <strong>de</strong> La Paix, Chap.V.Qualida<strong>de</strong> e Design Industrial no Projeto <strong>de</strong> Equipamento para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física no 1° Grau.*Rosana Rita Folz, Cristian Julius Folz e Dietrich Schiel.CDCC-IFQSC/USP e Lápis Johann Faber.São bastante difundi<strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> material <strong>de</strong> baixo custo comaproveitamento <strong>de</strong> sucatas cujo critério <strong>de</strong> produção se baseia na "fácil reprodutivida<strong>de</strong>".Para<strong>do</strong>xalmente, no entanto, nota-se que a maioria <strong>do</strong> material produzi<strong>do</strong> por estadiretriz acaba ten<strong>do</strong> pouca penetração e só poucas vezes é reproduzi<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong>-se atribuiristo, entre outros, à pouca motivação que material improvisa<strong>do</strong> <strong>de</strong>sperta no estudante,que confronta esta experimentação com a "Ciência" <strong>br</strong>ilhante e distante que lhe éapresenta<strong>do</strong> pelos meios <strong>de</strong> divulgação (em especial a TV).A Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Divulgação Científica e Cultural <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física eQuímica <strong>de</strong> São Carlos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984 está <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> projeto ou laboratório <strong>de</strong> Ciênciaspara o 1° grau (Experimentoteca), aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> hoje 60% <strong>do</strong>s alunos na faixa etária <strong>de</strong> 9 a8a séries, em São Carlos. Os 70 conjuntos experimentais produzi<strong>do</strong>s são acondiciona<strong>do</strong>sem caixas, sen<strong>do</strong> que cada conjunto permite a experimentação a 10 equipes (<strong>de</strong> 4 alunos).Os critérios usa<strong>do</strong>s no projeto <strong>do</strong> equipamento foram:- Alta qualida<strong>de</strong> e resistência mecânica- Peças so<strong>br</strong>essalentes padronizadas- Fácil uso por pessoas pouco habilitadas.Há <strong>de</strong> notar-se que a fácil reprodutivida<strong>de</strong> não está entre os objetivos <strong>de</strong>Experimentoteca. Não obstante o material já foi reproduzi<strong>do</strong> nas oficinas da CDCC paraa Estação Ciência (SP) e com recursos locais em Itajubá (MG) e Lajes (SC).No momento está em execução um projeto, <strong>de</strong> reproduzir parte <strong>do</strong> matrial,visan<strong>do</strong> equipar 10 Centros <strong>de</strong> Ciência em formação no país. Os conjuntos a seremreproduzi<strong>do</strong>s são os 15 seguintes: Decomposição das rochas para formarem o solo;Permeabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo; Preparação <strong>de</strong> um solo agricola; Decomposição <strong>do</strong> solo;*Apoio: - VITAE Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social; CAPES/PADCT-SPEC; Projeto USP/BID


316Existência <strong>do</strong> ar; Experiência so<strong>br</strong>e a expansão e contração elástica e térmica <strong>do</strong> ar; O arquente sobe no meio <strong>do</strong> ar frio; Pressão atmosférica (A); Pressão atmosférica (B);Combustão em recipiente fecha<strong>do</strong>; Esta<strong>do</strong>s físicos da água; Destilação; Flutuação eempuxo; Tensão superficial; Decomposição <strong>de</strong> mate riais <strong>de</strong> solo.Para possibilitar a reprodução em pequena série conta-se com a colaboração daLápis Johann Faber e reprojetou-se to<strong>do</strong> o equipamento com critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>signindustrial. O trabalho realizou-se nos seguintes estágios:1) AnáliseForam analisa<strong>do</strong>s os kits já existentes, sob os seguintes aspe ctos: conteú<strong>do</strong>,embalagem, processo <strong>de</strong> fa<strong>br</strong>icação. divulgação didática e otimização <strong>do</strong> mate rial.2) Elaboração <strong>de</strong> PropostasDe idéias surgidas com:- O resulta<strong>do</strong> da análise;- O estu<strong>do</strong> ergonômico;- A observação <strong>de</strong> aspectos pragmáticos, sintéticos e semânticos e o resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><strong>de</strong> avaliação pedagógica <strong>do</strong>s kits atuais.Elaboraram-se propostas que serão analisadas pelo grupo <strong>de</strong> trabalho.3) ProjetoDa proposta escolhida <strong>de</strong>senvolveu-se o projeto visan<strong>do</strong> a otimização da relaçãocusto/beneficio, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o conhecimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da técnica local:- a <strong>de</strong>finição da forma- a especificação das cores- a escolha <strong>do</strong> material- a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> fa<strong>br</strong>icação- o estu<strong>do</strong> da diagramação- o dimensionamento das partes integrantes- a confecção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los funcionais.Espera-se atingir, na disseminação a ser realizada em 1991, 400 professores <strong>de</strong>Ciências e 20.000 estudantes <strong>de</strong> 1° grau.


317Comunicações OraisFazen<strong>do</strong> para Ensinar. Um Laboratório <strong>de</strong> Baixo Custo em Ótica GeométricaCicero José da Silva e Shirley Takeco Gobara - DFI/CCT - UFMGSUma das dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pela gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> 1° e2° graus, para a não programação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s experimentais no ensino <strong>de</strong> Física é ainexistência <strong>de</strong> laboratórios e a falta <strong>de</strong> equipamentos. Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>senvolvemos umprojeto que teve por objetivo <strong>de</strong>senvolvimento e construção <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> ótica <strong>de</strong>baixo custo, para ativida<strong>de</strong>s em sala <strong>de</strong> aulaEste a rtigo, tem por finalida<strong>de</strong> apresentar o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> umafonte. Numa próxima oportunida<strong>de</strong> apresentaremos roteiros para construção das lentes,<strong>do</strong>s espelhos esféricos e alguns acessórios que constituem esse conjunto.1. Construção da FonteUma fonte é um dispositivo necessário para se obter um feixe <strong>de</strong> luz.Material Necessário- 1 caixa <strong>de</strong> metal para montagem medin<strong>do</strong> 21x13x12 cm- 1 lâmpada <strong>de</strong> gela<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> 15 w- 1 soquete <strong>de</strong> louça- 1 interruptor- 1 pedaço <strong>de</strong> cano <strong>de</strong> aproximadamente 20 cm com 47,5 cm <strong>de</strong> diâmetro- 1 plug para tomadas- 1 pedaço <strong>de</strong> isopor medin<strong>do</strong> 13x16 e <strong>de</strong> 2 cm- I régua <strong>de</strong> acrílico transparente 30 cmEm uma das laterais menor da caixa <strong>de</strong> montagem, faça um furo em formacircular medin<strong>do</strong> aproximadamente 5 cm <strong>de</strong> diâmetro. Em seguida corte <strong>do</strong>is pedaços <strong>de</strong>isopor medin<strong>do</strong> 9x13 cm (Figura 1), e corte o cano ao meio resultan<strong>do</strong> em duas calhas,


318SUPORTE DE'SOPORID ernFigura 1uma <strong>de</strong>ssas calhas será usada posteriormente como suporte para a lente (Figura 2), <strong>de</strong>poisfixe o soquete no la<strong>do</strong> oposto ao círculo fura<strong>do</strong>. O soquete <strong>de</strong>ve ser parafusa<strong>do</strong>aproximadamente na altura <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> círculo, logicamente <strong>do</strong> la<strong>do</strong> oposto.Atarrache a lâmpada ao soquete fazen<strong>do</strong> também a instalação elétrica (Figura3).Para a construção <strong>do</strong> suporte para fixar as fendas que será <strong>de</strong>talhada emseguida, utilize uma régua comum <strong>de</strong> acrílico transparente <strong>de</strong> 30 cm, co rtan<strong>do</strong>-a em <strong>do</strong>ispedaços medin<strong>do</strong> 12 cm. O resulta<strong>do</strong> numa visão frontal da fenda será:oYREOUAFigura 4OBS: A régua possui uma saliência em sua borda, estas <strong>de</strong>verão ser fixadas na fonte <strong>de</strong> talmaneira que as fendas fiquem presas a esta saliência.2. Construção das Fendas


319Para se obter um feixe a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> (fino) para as experiências é necessárioadaptar uma fenda à fonte.Material Necessário- Papel cartão- Estilete para corte- Lâminas <strong>de</strong> aparelho <strong>de</strong> barbearCorte vários quadra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> papel cartão medin<strong>do</strong> aproximadamente 9x9 cm efaça o número <strong>de</strong> fendas <strong>de</strong>sejadas em cada cartão. A largura das fendas éaproximadamente 1 mm. Para maior precisão entre as fendas recomendamos usar lâminas<strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> barbear (Prestobarba).aa[ 9,0 Cm4. ConclusãoT Figura 5A situação <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Ciências não é i<strong>de</strong>al. A precarieda<strong>de</strong> da situação <strong>de</strong>trabalho <strong>do</strong>s professores tem reflexos níti<strong>do</strong>s em suas ativida<strong>de</strong>s e a sua formaçãoprofissional é po<strong>br</strong>e no que diz respeito à formação <strong>de</strong> habi lida<strong>de</strong>s para a realização <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s práticas em sala <strong>de</strong> aula. Po rtanto, este artigo preten<strong>de</strong> mostrar e sensibilizaros professores <strong>de</strong> Ciências que é possível <strong>de</strong>senvolver e construir mate riais para ativida<strong>de</strong>sexperimentais em sala <strong>de</strong> aula. Pensamos, ainda, que o esforço não <strong>de</strong>va ser somente <strong>do</strong>sprofessores, mes estes <strong>de</strong>vem dar sugestões e estimular seus alunos na aquisição <strong>de</strong>materiais acessíveis e particular da construção <strong>de</strong> materiais didáticos, <strong>de</strong>spertan<strong>do</strong>, seusalunos, para uma Ciência mais dinâmica e participativa.


320Uso <strong>do</strong> Detector Sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong> Traços CR-39 em Práticas <strong>de</strong> Física NuclearE.M.L. <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>*, E.Z. Bilbao e J.D. Pinheiro FilhoDepto. <strong>de</strong> Física, UFF.IntroduçãoO <strong>de</strong>tector sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong> traços CR-39 possibilita a realização <strong>de</strong> várias práticas emdisciplinas da área <strong>de</strong> Física Nuclear. Por exemplo, na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> prótons, partículasalfa, fragmentos <strong>de</strong> fissão, etc, e na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> amostras radioativas. OCR-39 é um plástico transparente (polímero) resultante <strong>do</strong> monômero liqui<strong>do</strong> carbonato<strong>de</strong> diglicol alilico, cuja fórmula molecular é C12H18O7,<strong>de</strong>scoberto como <strong>de</strong>tector porCartwright e col.(1) em 1978, passou a ser usa<strong>do</strong> amplamente em <strong>do</strong>simetria, <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>raios cósmicos, estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> reações nucleares induzidas por íons pesa<strong>do</strong>s e partículas <strong>de</strong>alta energia(2).Os <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> traços apresentam limiares <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m daenergia e natureza das partículas carregadas inci<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ou não produziremdanos (traços latentes) reveláveis por um processo <strong>de</strong> dissolução química preferencial aolongo da trajetória da partícula no <strong>de</strong>tector. Detectores sóli<strong>do</strong>s <strong>de</strong> traços como o vidro e amica são capazes <strong>de</strong> registrar fragmentos <strong>de</strong> fissão <strong>de</strong> núcleos pesa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ionização, entretanto são incapazes <strong>de</strong> registrar partículas pouco ionizantes como prótonse partículas alfa(3). Devi<strong>do</strong> a sua sensibilida<strong>de</strong>, o CR-39 veio ocupar o espaço existente na<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> partículas carregadas menos ionizantes. Além disso, o CR-39 possui umagran<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> molecular o que faz com que o <strong>de</strong>svanecimento <strong>de</strong> traços latentes(fading) seja muito pequeno. Deve-se levar ainda em conta que os <strong>de</strong>tectores sóli<strong>do</strong>s <strong>de</strong>traços são econômicos em relação aos <strong>de</strong>tectores eletrônicos.Parte ExperimentalDes<strong>de</strong> o 1° semestre <strong>de</strong> 1989, estamos usan<strong>do</strong> no IF/UFF em aulas práticas dasdisciplinas <strong>de</strong> Física Nuclear (bacharela<strong>do</strong>) e Física Mo<strong>de</strong>rna II (licenciatura), o CR-39em experiências <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> partículas alfa <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> Am-241. Na elaboraçãoda experiência, seguimos os seguintes passos:°Aluna <strong>de</strong> Física Nuclear <strong>do</strong> IF/UFF. Bolsista <strong>de</strong> Iniciação Científica da FAPERJ


321i) Exposição <strong>de</strong> placas <strong>de</strong> CR-39 à fonte <strong>de</strong> Am-241. As placas tinhamdimensões <strong>de</strong> 2,5 cm x 1,5 cm aproximadamente e, espessuras da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 700/' m. Ostempos <strong>de</strong> exposição variaram <strong>de</strong> 15 a 60 segun<strong>do</strong>s;ii) Ataque químico das placas <strong>de</strong> CR-39 com uma solução a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> NaOHnuma dada normalida<strong>de</strong> e temperatura - Usamos soluções <strong>de</strong> NaOH 6,25N a temperatura<strong>de</strong> 70°C, durante 8 horas, tempo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> ao registro <strong>de</strong> traços <strong>de</strong> partículas alfa (verfigura 1, Arranjo Experimental);iii) I<strong>de</strong>ntificação e contagem <strong>do</strong>s traços observa<strong>do</strong>s ao microscópio ótico -Usamos microscópios óticos Jena com oculares 7x e 10x e objetivas <strong>de</strong> 10x e 20x.iv) Análise <strong>do</strong>s eventos observa<strong>do</strong>s - Obtenção das <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> traçoslevan<strong>do</strong>-se em conta as áreas examinadas e as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> traços nesses<strong>de</strong>tectores;v) Determinação da ativida<strong>de</strong> da fonte - Usamos a lei <strong>de</strong> <strong>de</strong>caimento natural <strong>de</strong>uma amostra radioativa para <strong>de</strong>terminar a ativida<strong>de</strong> da fonte (geomet ria 2 dada porNon<strong>de</strong>) é o número <strong>de</strong> traços observa<strong>do</strong>s (coinci<strong>de</strong>ntes) por 2 observa<strong>do</strong>res, t é o tempo<strong>de</strong> exposição (z as eficiências <strong>de</strong> observação <strong>do</strong>s microscopistas 1 e 2,respectivamente;vi) Eficiências das medidas - As eficências <strong>de</strong> observação foram calculadasusan<strong>do</strong>-se o méto<strong>do</strong> estatístico da dupla observação <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Sokolov eTolstov(4) que permite <strong>de</strong>terminar o número mais provável <strong>de</strong> eventos numa áreaexaminada e calcular a eficiência <strong>de</strong> cada observa<strong>do</strong>r.


322Figura 1 - Arranjo ExperimentalConclusõesOs resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s para a ativida<strong>de</strong> (A o) da fonte <strong>de</strong> Am-241 nasexperiências realizadas (200 a 320 /cm 2 .․) estão em bom acor<strong>do</strong> com os ante riormenteobti<strong>do</strong>s (231 /cm2 .․) em outros trabalhos(5) para a mesma fonte.As eficiências <strong>de</strong> observação <strong>do</strong>s alunos nas diversas práticas realizadasencontram-se na faixa <strong>de</strong> 70 a 90%. Isso mostra que o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> partículasionizantes utiliza<strong>do</strong> tem gran<strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong>, não apenas em trabalhos científicos, mastambém em trabalhos didáticos.Referências1. B.G.Cartwright, E.K. Shirk and P.B. Price, "A Nuclear-Track-Recording Polymer ofUnique Sensitivity and Resolution", Nud. Intr. and Meth. 153 (1978) 457.


3232. P.B. Price, J. Guiru and K. Kinoshita, "High-Luminosity Search for Highly IonizingParticles at the Fermilab Colli<strong>de</strong>r". Phys.Rev.Lett.65(1990) 149.3. S.A. Durrani and R.K. Bull, "Solid Satate Nulear Track Detection", Pergamon Press,1987.4. S.N Sokolov and K.D. Tolstov, "Control of Scanning Efficiency and Estimation of theNumber of Events", Korpuskularphotographie IV (1963) 468; ver também, J.D. PinheiroFilho, "Fissão e Fragmentação <strong>de</strong> Núcleos <strong>de</strong> Prata e Bromo por Fótons <strong>de</strong> Energia 1-6GeV", Tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong>, Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas, CBPF (1983).5. E.M.L. <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>, A.O. Lima e J.D. Pinheiro Filho, "Detecção <strong>de</strong> Partículas Alfa <strong>de</strong>uma Fonte <strong>de</strong> 241Am no Detector Sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong> Traço CR-39", Resumos da 41 a ReuniãoAnual da SBPC, (1989), p.323.Kit Educacional - Banco <strong>de</strong> Pesquisa ÓpticaCassiano Z. <strong>de</strong> Carvalho NetoRelação <strong>do</strong>s Componentes <strong>do</strong> Banco <strong>de</strong> Pesquisa Óptica04 Canetas coloridas01 Régua (0-30 cm)01 Transferi<strong>do</strong>r (0-180)04 Filtros <strong>de</strong> cor (R;G;B;Y)03 Meios (transparente, translúci<strong>do</strong> e opaco)02 Esferas02 Espelhos planos01 Espelho esférico côncavo (1/1)01 Espelho esférico côncavo (1/2)01 Espelho esférico convexo (1/1)01 Espelho esférico convexo (1/2)


32401 Lâmina <strong>de</strong> faces paralelas (acrílico)01 Prisma triangular (acrlico)01 Lente biconvexa (1/2) (convergente)02 Lentes plano-côncavas (1/2) (divergentes)01 Anteparo vertical (<strong>br</strong>anco)01 Suporte para eletrovela01 Suporte lente/espelho (base e poste)01 Base para ensaios02 Garras <strong>de</strong> Pressão01 Pano <strong>de</strong> limpeza01 Eletrovela01 Fonte <strong>de</strong> feixe <strong>de</strong> luz03 Matrizes01 Manual <strong>do</strong> professor01 Mala <strong>de</strong> acondicionamento (plástico)Banco <strong>de</strong> Pesquisa Óptica Geométrica (101A) O que fazO kit educacional "Banco <strong>de</strong> Pesquisa óptica" reune um conjunto <strong>de</strong> recursosfisicos, ópticos, elétricos e mecânicos capazes <strong>de</strong> proporcionar a realização <strong>de</strong> 50(cinquenta) ensaios em óptica (geométrica).B) A meto<strong>do</strong>logia que utilizaAssocian<strong>do</strong>-se convenientemente os recursos presentes no kit (101) consegue-seproduzir fenômenos ópticos (reflexão, refração, absorção etc) que po<strong>de</strong>m ser obse rva<strong>do</strong>sdiretamente, registra<strong>do</strong>s no ca<strong>de</strong>rno experimental e medi<strong>do</strong>s em suas gran<strong>de</strong>zasfundamentais. As experiências são realizadas <strong>de</strong> forma a induzirem o estudante aprocessar as informações obtidas, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma perspectiva a<strong>br</strong>angente, c ritica econseqüente, expressan<strong>do</strong> conceitos, leis e teorias em linguagem matemática.A cada passo, um corpo <strong>de</strong> exercícios, problemas e questões <strong>de</strong> vestibularespermitem realizar o aprofundamento <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> e consolidarão os conceitos estuda<strong>do</strong>s.Esse Programa <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s é encontra<strong>do</strong>, também, no ca<strong>de</strong>rno <strong>do</strong> aluno. (* )C) Como funciona(*)Copyright (c) <strong>de</strong> Laborciência Editora (CGC 61085148/0001-60


325Um po<strong>de</strong>roso e <strong>de</strong>lga<strong>do</strong> feixe <strong>de</strong> luz <strong>br</strong>anca é produzi<strong>do</strong> por uma fonte; essamesma fonte apresenta uma saída para alimentar outro dispositivo impo rtante: a"eletrovela" a qual produzirá um cone luminoso, com a forma <strong>de</strong> uma seta apontan<strong>do</strong>para cima. Os ensaios ópticos, realiza<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e uma base <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> 18,0 por 36,0centímetros são diretamente registra<strong>do</strong>s no ca<strong>de</strong>rno experimental - <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> estudante.Filtros colori<strong>do</strong>s, espelhos planos e esféricos, lâmina, prisma, lentes e outros dispositivosópticos serão analisa<strong>do</strong>s sob um ponto <strong>de</strong> vista próprio da Óptica Geomét rica.Cada kit po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r, em média, a grupos <strong>de</strong> 2 a 4 estudantes e suacompacticida<strong>de</strong> e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manuseio permite que seja usa<strong>do</strong> até na própria sala <strong>de</strong>aula, bastan<strong>do</strong> apenas que não seja muito iluminada.Os recursos vêm acondiciona<strong>do</strong>s numa mala plástica, resistente a impactos, emcor diferenciada apropriada para a guarda <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o material <strong>do</strong> kit.Relação <strong>de</strong> EnsaiosPassoEnsaio01 Introdução à Pesquisa Experimental02 Óptica: Campo <strong>de</strong> Pesquisa e Aplicações03 Fenômenos Ópticos04 Princípios da Óptica Geométrica05 Corpos Luminosos e Ilumina<strong>do</strong>s06 Meios Ópticos07 Reflexão Difusa da Luz - Cor <strong>de</strong> um Corpo08 Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Eclipses09 Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma Câmara Escura <strong>de</strong> Orifício10 Leis da Reflexão Regular da Luz11 Imagens Conjugadas por um Espelho Plano12 Campo Visual <strong>de</strong> um Espelho Plano13 Translação <strong>de</strong> um Espelho Plano14 Rotação <strong>de</strong> um Espelho Plano15 Associação <strong>de</strong> Espelhos Planos16 Espelhos Esféricos (Conceituação)17 Proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s Espelhos Esféricos <strong>de</strong> Gauss18 Espelhos Esféricos: Foco e Centro <strong>de</strong> Curvatura19,20 e 21 Imagens Conjugadas por Espelhos Esféricos22 e 23 Estu<strong>do</strong> Analítico (Referencial <strong>de</strong> Gauss)24 Refração da Luz (Conceituação)25 Leis da Refração (Lei <strong>de</strong> Snell-Desca rtes)


32626 Determinação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Refração <strong>de</strong> um Meio27 Determinação da Velocida<strong>de</strong> da Luz em um Meio28 Ângulo Limite: Reflexão Total29 Dioptro Plano: Fenômeno da Posição Aparente30 Lâmina <strong>de</strong> Faces Paralelas: Desvio Lateral31 Prisma Óptico: Conceituação e Classificação32 Prisma <strong>de</strong> Reflexão Total33 Dispersão da Luz: Espectro da Luz Branca34 Lentes Delgadas: Conceituação e Classificação35 Determinação <strong>de</strong> Focos P rincipais em Lentes36 Determinação <strong>de</strong> Focos Secundários em Lentes37 Proprieda<strong>de</strong>s Ópticas das Lentes Delgadas38,39 e 40 Lentes: Construção Experimental <strong>de</strong> Imagens41 e 42 Lentes: Estu<strong>do</strong> Analitico43 Lentes: Estu<strong>do</strong> Completo <strong>de</strong> um Caso44 Associação <strong>de</strong> Lentes (Teorema das Vergências)45 Construção <strong>de</strong> Lentes (Fórmula <strong>do</strong>s Fab ricantes)46 Fundamentos <strong>de</strong> Óptica Fisiológica47 e 48 Instrumentos Ópticos <strong>de</strong> Observação49 e 50 Instrumentos Ópticos <strong>de</strong> ProjeçãoBobina <strong>de</strong> Tesla: Altas Tensões no Laboratório DidáticoS.M.Arruda e C.E. Lamburú (Grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>), D.O. Toginho F. e H. Saito (bolsistas)Depto. <strong>de</strong> Física - UELO estu<strong>do</strong> e <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> fenômenos elétricos sempre apresentamdificulda<strong>de</strong>s qu anto aos equipamentos necessários. Estas dificulda<strong>de</strong>s são maiores quan<strong>do</strong>se tratam <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> menores recursos financeiros, on<strong>de</strong> a verba para aquisição <strong>de</strong>equipamentos é pequena.Tentan<strong>do</strong> minimizar algumas <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s, construimos um protótipo <strong>de</strong>uma Bobina <strong>de</strong> Tesla, com to<strong>do</strong>s os componentes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e visíveis, da forma maisdidática possível.Com este protótipo pu<strong>de</strong>mos realizar várias expe riências <strong>de</strong>monstrativasrelacionadas a altas tensões, tais como:- <strong>de</strong>scargas elétricas em gases a baixa pressão


327- efeito corona- blindagem elétrica- para-raios- condução em isolantes- outrosO esquema elétrico da Bobina utiliza<strong>do</strong> é o seguinte:o0REDE.541-0A^.T.@ ^^ °1) transforma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> 16 Kv / 30 mA (neon)2) centelha<strong>do</strong>r3) capacitor4) bobina primária5) bobina secundáriaObs.: To<strong>do</strong>s os componentes da bobina, exceto o transforma<strong>do</strong>r foram construí<strong>do</strong>s nolaboratório.Abaixo estão <strong>de</strong>scritos os materiais usa<strong>do</strong>s na construção <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>scomponentes.a) centelha<strong>do</strong>r:- uma base <strong>de</strong> acrílico <strong>de</strong> dimensões 12x5 cm- duas hastes metálicas p ara suportes das pontas- duas pontas- um tubo <strong>de</strong> PVC com 6 cm <strong>de</strong> diâmetro e 7 cm <strong>de</strong> comprimento- <strong>do</strong>is bornes <strong>de</strong> contato para pino tipo ban ana- <strong>do</strong>is pinos tipo banana- 40 cm <strong>de</strong> fio encapa<strong>do</strong> tipo rádio- <strong>do</strong>is discos <strong>de</strong> acnlico <strong>de</strong> 6 cm <strong>de</strong> diâmetro


328- cola aralditeb) capacitor:- três folhas <strong>de</strong> papel alumínio <strong>de</strong> dimensões 30x30 cm- quatro placas <strong>de</strong> vidro <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> 4 ou 4 mm, com dimensões <strong>de</strong> 40x40 cm- <strong>do</strong>is pinos tipo banana- um metro <strong>de</strong> fio encapa<strong>do</strong> tipo rádio- cola araldite e durepoxi para fixarc) bobina primária:- uma base <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com dimensões 25x70 cm- uma placa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> dimensões 25x25 cm com um furo no centro <strong>de</strong> 13 cm <strong>de</strong>diâmetro- cinco suportes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com dimensões 1,5x1,5x18 cm- <strong>de</strong>z metros <strong>de</strong> fio 12 AWG- um tubo <strong>de</strong> PVC com 50 cm <strong>de</strong> comprimento (2 cm <strong>de</strong> diâmetro)- sete bornes <strong>de</strong> contato para pino tipo banana- um metro <strong>de</strong> fio encapa<strong>do</strong> tipo rádiod) bobina secundária:- um tubo <strong>de</strong> PVC com 11 cm <strong>de</strong> diâmetro e 35 cm <strong>de</strong> comprimento- fio esmalta<strong>do</strong> 28 AWG- cola <strong>br</strong>anca- fita isolante para alta tensão- um metro <strong>de</strong> fio encapa<strong>do</strong> tipo rádioObs.: Além <strong>de</strong>sta bobina aberta, foi construí<strong>do</strong> no laboratório outro protótipo, on<strong>de</strong> oscomponentes estão fecha<strong>do</strong>s e não visíveis, porém proporcionan<strong>do</strong> um maior rendimento.Trilho <strong>de</strong> Ar - Uma Proposta <strong>de</strong> Baixo CustoJorge Roberto Pimentel, Lucia Tamae YaginumaDepto. <strong>de</strong> Física - IGCE - UNESP "Campus" <strong>de</strong> Rio ClaroI. O Trilho <strong>de</strong> Ar


329Um comportamento mais próximo da i<strong>de</strong>alização teórica, em experiências <strong>de</strong>Mecânica, po<strong>de</strong> ser consegui<strong>do</strong>, por exemplo, diminuin<strong>do</strong>-se o atrito existente entre osobjetos em estu<strong>do</strong>. O polimento eficiente das superfícies <strong>de</strong> contato ou a utilização <strong>de</strong>uma camada <strong>de</strong> ar entre essas mesmas superfícies, são técnicas empregadas para isso.Com base nesse último princípio, <strong>de</strong>senvolveram-se várias classes <strong>de</strong> dispositivos, taiscomo os discos e as mesas <strong>de</strong> ar para estu<strong>do</strong>s bidimensionais, e o trilho <strong>de</strong> ar, paraanálises unidimensionais.No equipamento que <strong>de</strong>senvolvemos, o trilho foi construí<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> um tubo<strong>de</strong> PVC, que se usa em instalações hidráulicas. Ao longo <strong>do</strong> mesmo for 1m feitas 3carre iras <strong>de</strong> pequenos orifícios, por on<strong>de</strong> sai o ar necessário ao funcionamento <strong>do</strong> t rilho.Uma das extremida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> tubo foi fechada com um tampão e na outra adaptou-se umencaixe, que permite a ligação <strong>do</strong> trilho com o compressor.O fluxo <strong>de</strong> ar é obti<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> um aspira<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pó <strong>do</strong>méstico, que tem suasaída (ar expira<strong>do</strong>) acoplada ao trilho.II. CarrinhosPara a confecção <strong>do</strong>s carrinhos, empregamos "nipples' <strong>de</strong> PVC, sen<strong>do</strong>necessário apenas um pequeno acabamento interno para adaptá-los ao diâmetro exte rno<strong>do</strong> trilho. Retiran<strong>do</strong> material da rosca externa <strong>do</strong> "nipple' obtivemos carrinhos <strong>de</strong> massasdiferentes.Na parte externa <strong>do</strong>s carrinhos, colamos pequenos ímãs. cuja função é prover ocampo magnético necessário ao funcionamento <strong>do</strong> dispositivo <strong>de</strong> registro, <strong>de</strong>sc ritoposteriormente.III.Base <strong>do</strong> TrilhoA base <strong>de</strong> sustentação <strong>do</strong> trilho, foi feita <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, com parafusos quepermitem ajstar sua inclinação. Dois supo rtes semicilíndricos possibilitam que o trilhoseja encaixa<strong>do</strong> com pressão e permitem a colocação <strong>do</strong>s carrinhos com facilida<strong>de</strong>.Entre as colunas <strong>de</strong> sustentação <strong>do</strong>s supo rtes, instalamos uma pista <strong>de</strong>interruptores magnéticos (reed switches), a qual também faz parte <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> registro.IV. Sistema <strong>de</strong> Registro <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong>s Carrinhos


330O sistema <strong>de</strong> registro é composto da pista <strong>de</strong> interruptores e <strong>de</strong> um marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong>tempo, tipo PSSC, que funciona liga<strong>do</strong> à re<strong>de</strong> no qual foram feitas modificações. Destas,resultou um marca<strong>do</strong>r constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is solenói<strong>de</strong>s que acionam, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente,as lâminas oscilantes. Uma <strong>de</strong>las vi<strong>br</strong>a permanentemente à freqüência da re<strong>de</strong> (60 Hz),imprimin<strong>do</strong> na fita <strong>de</strong> registro uma seqüência <strong>de</strong> pontos com separação temporal igual a1/60 <strong>de</strong> segun<strong>do</strong>. Essa lâmina serve como cronômetro. A outra lâmina só é acionadaquan<strong>do</strong> algum interruptor magnético da pista é ativa<strong>do</strong> pela ação <strong>do</strong> ímã instala<strong>do</strong> nocarrinho. Quan<strong>do</strong> isto ocorre, o segun<strong>do</strong> circuito é fecha<strong>do</strong> e a corrente elétrica passa acircular também por aquele solenói<strong>de</strong>. Seu núcleo atrai a segunda lâmina, que imprime nafita um ponto correspon<strong>de</strong>nte a esse instante. Após a passagem <strong>do</strong> carrinho, o circuito sea<strong>br</strong>e e a lâmina retorna à posição inicial. Esse ciclo se repete até que to<strong>do</strong>s osinterruptores magnéticos da pista tenham si<strong>do</strong> aciona<strong>do</strong>s.A fita <strong>de</strong> registro utilizada é comum para as 2 lâminas <strong>do</strong> marca<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> formaque o resulta<strong>do</strong> final mostra 2 séries <strong>de</strong> pontos impressos la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>. Uma <strong>de</strong>las refere-seao cronômetro e a outra ao momento da passagem <strong>do</strong> carrinho por um <strong>do</strong>s interruptoresmagnéticos. Através da contagem <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pontos registra<strong>do</strong>s pelo cronômetro,entre a pastagem <strong>do</strong> carrinho por 2 interruptores (cuja separação é conhecida),<strong>de</strong>termina-se a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mesmo. Dessa forma po<strong>de</strong>m ser feitas consi<strong>de</strong>rações so<strong>br</strong>eo movimento.Em artigo mais completo, que será publica<strong>do</strong> no volume 11 da Revista <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, apresentamos figuras <strong>de</strong>talhan<strong>do</strong> a construção <strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong>trilho <strong>de</strong> ar, bem como sugerimos e discutimos os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em algunsexperimentos realiza<strong>do</strong>s.Experimentos a Baixo Custo em Física Mo<strong>de</strong>rna: O Espectro <strong>do</strong> Sódio e aExperiência Histórica <strong>de</strong> KirchhoffS.M. Arruda (Grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>) e D.O. Toginho F. (bolsista) Depto. <strong>de</strong> Física - UELO laboratório <strong>de</strong> Física Mo<strong>de</strong>rna provavelmente é o principal laboratóriodidático <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> Física. Assim como a disciplina Estrutura da Matéria, à qual estávincula<strong>do</strong>, ele faz a ponte entre as idéias <strong>de</strong>senvolvidas nos séculos XVIII e X<strong>IX</strong> e as quevieram se consolidar posteriormente no século XX, oferecen<strong>do</strong> ao aluno a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> realizar experimentos interessantes e relativamente sofistica<strong>do</strong>s que funcionam comouma introdução aos laboratórios <strong>de</strong> pesquisa. Nas Universida<strong>de</strong>s tradicionais érelativamente fácil adquirir equipamentos e montar um bom laboratório. Entretanto, nasUniversida<strong>de</strong>s menores e mais recentes a melhoria da infraestrutura <strong>de</strong>sse laboratório é


331um problema <strong>de</strong> difícil solução. Uma alte rnativa em que temos trabalha<strong>do</strong> há algunssemestres é a montagem <strong>de</strong> experimentos <strong>de</strong> ba ixo custo procuran<strong>do</strong> estruturar um"laboratório caseiro" <strong>de</strong> Física Mo<strong>de</strong>rna. Aqui relata-se um exemplo que pelasimplicida<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong> grau.Dispon<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> difração e algumas lentes é possível fazer a projeção<strong>do</strong> espectro <strong>do</strong> mercúrio e <strong>do</strong> sódio com lâmpadas comerciais usadas em postes. Aslâmpadas e os materiais necessários para ligá-las (coquetes, reator, ignitor e capacitor)po<strong>de</strong>m ser obti<strong>do</strong>s nas companhias <strong>de</strong> iluminação pública. Os técnicos responsáveispo<strong>de</strong>m ajudar na montagem (em anexo apresentamos o esquema <strong>do</strong> circuito para alâmpada <strong>de</strong> sódio). Deve-se tomar cuida<strong>do</strong> com a lâmpada <strong>de</strong> mercúrio, pois elaque<strong>br</strong>ada e funcionan<strong>do</strong> emite radiação ultravioleta. E possível perceber à noite as que seencontram nessa condição pela sua coloração mais azulada.Dos <strong>do</strong>is espectros obti<strong>do</strong>s com as lâmpadas comerciais, o <strong>do</strong> sódio é o maisinteressante porque apresenta pelo menos três fenômenos ao mesmo tempo:1°) quan<strong>do</strong> a lâmpada é ligada, surgem as linhas cara cterísticas <strong>do</strong> sódio,2°) após alguns segun<strong>do</strong>s começa a aparecer um espectro contínuo indican<strong>do</strong> a emissão<strong>de</strong> luz <strong>br</strong>anca (a lâmpada possui um filamento responsável por essa emissão).30) após 1 ou 2 minutos, quan<strong>do</strong> a lâmpada já está quente começa a ocorrer oescurecimento da linha amarela, indican<strong>do</strong> que ela possui sódio metálico em seu interiorque vaporiza e abso rve nessa freqüência.A existência <strong>de</strong>sse último fenômeno nessa lâmpada é bast ante interessante, poispermite discutir a experiência histórica <strong>de</strong> Kirchhoff <strong>de</strong> 1859 em que ele fez passar a luzsolar através <strong>de</strong> uma chama <strong>de</strong> Bunsen <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>in<strong>do</strong> a absorção. Investigações posterioresso<strong>br</strong>e esse fenômeno levaram à criação da Mecânica Quântica e ao surgimento daAstrofísica. (Siegel, 1976).ReferênciasD.M. Siegel, 1976 - Balfour Stewart and Gustav Robert Kirchhoff:two in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt approaches to "Kirchhoff's radiation law", Isis, CL7, n° 239, p. 565-600


332Anexo:Esquema <strong>de</strong> ligação da lâmpada <strong>de</strong> sódioobs.: a lâmpada <strong>de</strong> mercúrio po<strong>de</strong> ser ligada diretamente.R - reator para lâmpada <strong>de</strong> sódio <strong>de</strong> 400W 220 / 4,6 AI - ignitorTensão <strong>de</strong> pico 4500 VC - capacitor40uF/250VL - lâmpada marca Osram400 W / 220 V


333PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISEXPERIÊNCIAS DIDÁTICAS


335Uma Reflexão So<strong>br</strong>e a Estrutura da Proposta GREFL.C. <strong>de</strong> Menezes, Y. Hosoume, M.S.W Satiro, M.L. Am<strong>br</strong>ózioIFUSP/CAPES/SPECResulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma longa interação entre professores <strong>de</strong> 2° e 3° graus, a propostaGREF se inicia a partir <strong>de</strong> um distanciamento critico <strong>do</strong> trabalho prático <strong>de</strong> algunsprofessores da re<strong>de</strong> pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo e <strong>de</strong> alguns professores <strong>do</strong> Instituto<strong>de</strong> Física da USP. Elaborada pelos professores <strong>de</strong> 2° grau, a proposta inccrpora, aindaque <strong>de</strong> forma assistemática, alguns pressupostos tanto a nível pedagógico quanto a nível<strong>de</strong> visão <strong>de</strong> ciência. O trabalho, ora apresenta<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>ntifica os "recortes" da estrutura<strong>de</strong>sta proposta que possui não só novos conteú<strong>do</strong>s como também novas seqüências,relativamente ao ensino tradicional.Inicia-se, por exemplo, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s temas através <strong>do</strong> levantamentodas coisas cotidianas, pa rtes da vivência, associadas aos vários temas, tais como: à luz, àvisão e às cores; ao aquecimento e ao resfriamento; à Mecânica; ou ainda aoEletromagnetismo. Com este procedimento permite-se, que o objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> faça parte,embora em diferentes níveis, <strong>do</strong> universo <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> professores e alunos, necessáriopara o estabelecimento <strong>do</strong> diálogo.Também é essencial para o diálogo, o estabelecimento <strong>de</strong> uma linguagemcomum, que po<strong>de</strong> ser obtida pela observação direta, ou mais distanciada, através d e.alguns critérios, da constituição e <strong>do</strong> funcionamento das coisas levantadas. Neste senti<strong>do</strong>esse estu<strong>do</strong> fenomenológico permite não só que o professor <strong>de</strong>tecte a visão <strong>de</strong> .mun<strong>do</strong> e<strong>de</strong> ciência <strong>do</strong> aluno, mas também que a aquisição da linguagem científica seja maisgradual para o estudante.A apresentação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo físico, para a interpretação <strong>de</strong>ssa fenomenologia,é seguida pelo uso <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo para ampliar o universo <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>processos tecnológicos ou naturais mais "afasta<strong>do</strong>s" da vivência cotidi ana.Os três últimos procedimentos, estu<strong>do</strong> fenomenológico, apresentação <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo físico e uso <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo físico, resultam da concepção <strong>de</strong> que a aquisição <strong>do</strong>conhecimento é mais provável quan<strong>do</strong> a seqüência <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> é <strong>de</strong>finida a pa rtirdaquilo que é mais concreto (familiar, vivencia<strong>do</strong>) para a abstração (que envolvegeneralizações). Essa concepção se opõe àquela que <strong>de</strong>fine a linearida<strong>de</strong>, muito presenteno ensino tradicional, em que o conteú<strong>do</strong> é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a pa rtir <strong>do</strong> que é mais element araca<strong>de</strong>micamente para o mais complexo, como o que ocorre por exemplo com acinemática <strong>do</strong> ponto material que dá início à Mecânica ou ao estu<strong>do</strong> da carga element ar


336que inicia geralmente o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> Eletromagnetismo. Na proposta GREF, iniciam-secom as leis <strong>de</strong> conservação e com os aparelhos elétricos resi<strong>de</strong>nciais, respectivamente.O conteú<strong>do</strong> é então <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> um levantamento totaliza<strong>do</strong>r, éfragmenta<strong>do</strong> para o estu<strong>do</strong> fenomenológico das coisas levantadas, é novamente totaliza<strong>do</strong>através <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo físico, e novamente fragmenta<strong>do</strong> para a ampliação <strong>do</strong> universo <strong>de</strong><strong>do</strong>mínio. Cada fragmentação é assim precedida por uma totalização. Opõe-se <strong>de</strong>ssaforma, à fragmentação pura <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, tão presente nos textos e cursos <strong>de</strong> Física,talvez até por tradição analítica proveniente da visão mecanicista.Em resumo, os recortes pedagógicos mais presentes na proposta GREF são odiálogo, a não linearida<strong>de</strong> na apreensão <strong>do</strong> conhecimento e a não fragmentação pura <strong>do</strong>conteú<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong>mos então i<strong>de</strong>ntificar um "recorte" a nível <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> e outrometo<strong>do</strong>lógico. A nivel <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> é efetua<strong>do</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento a partir <strong>de</strong> algo quetenha significa<strong>do</strong> ao aluno, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que totalizações precedam fragmentações, visan<strong>do</strong> apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um distanciamento critico, ou seja, <strong>de</strong> uma reflexão a respeito <strong>de</strong> suavida cotidiana. Quanto ao "recorte" meto<strong>do</strong>lógico, o mais presente é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>um real diálogo.A nível <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> ciência é notória a importância dada à beleza e àuniversalida<strong>de</strong> das leis gerais. Na mecânica, por exemplo, a conservação das quantida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> movimento e <strong>de</strong> energia mecânica chegam a prece<strong>de</strong>r a fenomenologia dasferramentas e <strong>do</strong> equilí<strong>br</strong>io estático mais concreta <strong>do</strong> que a análise <strong>do</strong>s movimentos. NaFísica Térmica to<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento está centra<strong>do</strong> na compreensão da 2 a lei daTermodinâmica. No eletromagnetismo discute-se efetivamente, ainda que a nívelqualitativo, as leis <strong>de</strong> Maxwell. Na Óptica, embora esta não <strong>de</strong>tenha uma lei geral,discute-se o conceito físico fundamental <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo dual da matéria. Este "recorte" fazcom que a Física seja vista como elemento cultural e portanto <strong>de</strong>sejável que seja ensinadamesmo para alunos para quem ela não será instrumental profissional.Também a visão <strong>de</strong> que a Física constitua um importante instrumento para acompreensão e transformação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em que vivemos se soma na certeza <strong>de</strong> que estaciência <strong>de</strong>va ser ensinada a to<strong>do</strong>s os cidadãos. A percepção <strong>de</strong>sse caráter práticotransforma<strong>do</strong>rda Física, visão prioritária na fase inicial da elaboração da proposta GREFé a responsável pelo estu<strong>do</strong> das ferramentas, máquinas térmicas, fonte LASER, máquinasfotográficas, lâmpadas, chuveiros, mótores e gera<strong>do</strong>res elétricos, entre muitos outroselementos produzi<strong>do</strong>s pelo sistema tecnológico. Estes elementos constituem, em geral,conteú<strong>do</strong> novo, relativamente ao ensino tradicional.A <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da Física Térmica que se segue tem comointenção exemplificar, na totalida<strong>de</strong> os "recortes" que acabamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver. As coisasassociadas ao aquecimento e ao resfriamento (PI totalida<strong>de</strong>) são classificadas em


337substâncias ou materiais, processos térmicos e máquinas, aparelhos e sistemas. Afenomenologia é <strong>de</strong>senvolvida através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vários processos térmicos (1'fragmentação) já que eles é que <strong>de</strong>finem as proprieda<strong>de</strong>s térmicas <strong>do</strong>s materiais e aconstituição e o funcionamento das máquinas ou explicam os sistemas naturais. O mo<strong>de</strong>locinético molecular que se segue é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> como a P totalização cientifica. O estu<strong>do</strong><strong>do</strong>s processos térmicos no motor Otto, turbina a vapor e nos refrigera<strong>do</strong>res permite aelaboração da 2' totalização através das leis da Termodinâmica. A <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>sprocessos térmicos naturais, nova fragmentação, permite a ampliação <strong>do</strong> universo <strong>de</strong><strong>do</strong>mínio da Física Térmica.Vale a pena ressaltar o duplo caráter atribuí<strong>do</strong> ao texto para o professor, queconcretiza a proposta. Em 1° lugar encontra-se o caráter forma<strong>do</strong>r <strong>do</strong> professor e emsegun<strong>do</strong>, o <strong>de</strong> se constituir em uma ferramenta <strong>de</strong> uso em sala <strong>de</strong> aula. NoEletromagnetismo, por exemplo, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s componentes elétricos eeletrônicos, uma fragmentação após várias totalizações efetuadas pelas leis <strong>de</strong> Maxwell,po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> para a ampliação <strong>do</strong> universo <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> professor que estuda pelotexto <strong>do</strong> GREF, ao mesmo tempo que lhe permite dar maior concretu<strong>de</strong> aos conceitosadquiri<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> uso. A ampliação <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>conhecimento por sua vez permite ampliar o universo das coisas so<strong>br</strong>e o qual o professorpo<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o estu<strong>do</strong> fenomenológico dialógico em sala <strong>de</strong> aula. O mesmo se po<strong>de</strong>dizer <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> ferramentas e das situações <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io na Mecânica, <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>sprocessos naturais na Física Térmica e <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s aparelhos ópticos.A Proposta GREF para o <strong>Ensino</strong> da Óptica - Uma ReflexãoLuís Carlos <strong>de</strong> Menezes, Elizabeth Banolli, Maria Lucia Am<strong>br</strong>ózioOs cursos <strong>de</strong> Óptica no segun<strong>do</strong> grau tradicionalmente arrolam as <strong>de</strong>finições eformulações geométrico-algé<strong>br</strong>icas <strong>de</strong> alguns "fenômenos" luminosos. Tais fenômenos sãoapresenta<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s assumin<strong>do</strong>-se como <strong>de</strong>snecessário um conhecimento das teoriasque explicam a natureza da luz, sen<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>s a partir das <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> raios <strong>de</strong> luz, <strong>de</strong>seus princípios fundamentais, e <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações geométricas.Certamente há uma tradição secular no ensino da Óptica como "ÓpticaGeométrica" mesmo porque, até 1913 (ano da apresentação por Bohr <strong>de</strong> seu mo<strong>de</strong>loatômico) não havia tratamento convincente da interação luz-matéria ou da produção eabsorção da luz. No entanto, é difícil aceitar esta tradição quan<strong>do</strong> já nos aproximamos <strong>do</strong>final <strong>do</strong> século e a realida<strong>de</strong> quântica "salta aos olhos" nas luminárias fluorescentes (comoo neon) ou nos tubos <strong>de</strong> televisão.


338Em nosso entendimento, a ari<strong>de</strong>z formal com que este tema é trata<strong>do</strong> emassociação à <strong>de</strong>satualização <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong> nesses cursos são elementosresponsáveis pela compreensão da Óptica como uma parte estanque e geometrizada daFísica e não como um conhecimento fundamental, quan<strong>do</strong> esta é concebida como uminstrumento <strong>de</strong> caráter prático-transforma<strong>do</strong>r. Nesta concepção o estu<strong>do</strong> da Óptica<strong>de</strong>veria se pautar na priorização da compreensão das coisas relativas ao tema.Nesse contexto, a proposta <strong>de</strong> Óptica <strong>de</strong>senvolvida pelo GREF é inova<strong>do</strong>ra,tanto pelo conteú<strong>do</strong> que <strong>de</strong>senvolve como pelo tratamento que preconiza pois, emcontraposição à apresentação formal e abstrata <strong>de</strong> noções e conceitos relativos à ÓpticaGeométrica (que é parte <strong>do</strong> tema mas não inclui a concepção contemporânea a respeitoda luz) apresenta os processos luminosos na extensão e interpretação com que sãoi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s na atualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> a pa rtir <strong>de</strong> sua incorporação noselementos <strong>de</strong> vivência <strong>de</strong> alunos e professores.Destacamos que a proposição <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s temas a pa rtir <strong>de</strong> uma abordagemfenomenológica nos parece convincente pois além <strong>de</strong> oferecer informações que"trabalhadas" permitem a generalização <strong>do</strong>s conceitos, propicia condições para que oestudante possa relacionar o saber da prática ao saber elabora<strong>do</strong>, assumind o-os comoinstâncias complementares <strong>de</strong> vivências que não se excluem. Tal abordagem faz com quea linguagem simbólica (matemática) seja <strong>de</strong>slocada para uma etapa posterior àcompreensão conceitual, permitin<strong>do</strong> que o estudante i<strong>de</strong>ntifique esse formalismo comouma instância <strong>de</strong> consolidação <strong>do</strong> saber elabora<strong>do</strong>.Ressaltamos ainda que a apresentação da interpretação microscópica <strong>do</strong>sprocessos luminosos em consonância com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> luz admiti<strong>do</strong> pela Físicacontemporânea, em nosso entendimento, ao mesmo tempo que dá "consistência" àabstração requerida por esta etapa <strong>do</strong> "pensar científico", apresenta ao estudante um"recorte" da Física que se constitui num instrumento necessário à compreensão e <strong>do</strong>míniodas coisas da natureza. Particularmente nesse aspecto a proposta GREF representa umavanço em relação às propostas tradicionais.Ao contrário da concepção tradicional, que nomeia e <strong>de</strong>fine os "fenômenos"luminosos, a proposta GREF investiga os processos luminosos em função das possíveisinterações luz-matéria. Toma<strong>do</strong> como pressuposto o mo<strong>de</strong>lo atômico <strong>de</strong> Bohr essesprocessos são interpreta<strong>do</strong>s com base no mo<strong>de</strong>lo dual (onda-partícula) da luz.Além <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> "teórico", a proposta engloba ativida<strong>de</strong>s práticas, qualitativas,não como apêndice ou <strong>de</strong>coração <strong>do</strong> texto, mas como parte integrante <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>ensino-aprendizagem, e têm por objetivo possibilitar os questionamentos necessários àcompreensão da Óptica e à percepção <strong>de</strong> sua inter-relação com os elementos vivenciais


339e/ou <strong>do</strong> cotidiano. Isto representa, sem dúvida, uma inovação pedagógica: seremqualitativas e questiona<strong>do</strong>ras ao contrário <strong>de</strong> verifica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> previsão dasteorias.Em oposição às propostas tradicionais <strong>de</strong> ensino, a ênfase da proposta GREFnão é o treinamento na resolução <strong>de</strong> problemas. Nesta eles são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>sfundamentais para o aprendiza<strong>do</strong>, quer em sua verificação, quer na aplicação <strong>do</strong>conhecimento ou na sua transferência. Por isso foram incluí<strong>do</strong>s questões e problemasseleciona<strong>do</strong>s na perspectiva <strong>de</strong> abordar situações concretas e/ou vivienciais paraaprofundar o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>.A estrutura <strong>do</strong> texto que "concretiza" a proposta <strong>de</strong> Óptica no geral é coerentecom a perspectiva <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo GREF.Em termos <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>, o concreto não é apenas o ponto <strong>de</strong> partida, mastambém para ele converge após passar pela abstração, tratamento este que promove odiálogo como méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino-aprendizagem.Se por um la<strong>do</strong> a dialogicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta proposta vai <strong>de</strong> encontro a um <strong>do</strong>spressupostos educacionais <strong>do</strong> GREF, por outro, a estrutura <strong>do</strong> texto elabora<strong>do</strong> po<strong>de</strong> sercriticada em relação a outro <strong>do</strong>s pressupostos: o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> tema através <strong>de</strong>totalizações/fragmentações, especificamente em sua parte final, que <strong>de</strong>veria contemplaruma última totalização. Ao invés <strong>de</strong> se efetivar o estu<strong>do</strong> da Óptica Física <strong>de</strong> maneiraanáloga ao efetua<strong>do</strong> na Óptica Geométrica, que retomaria o aspecto corpuscular da luzna investigação <strong>do</strong>s sistemas tecnológicos e apontaria para a Física Mo<strong>de</strong>rna, apenasapresenta-se alguns <strong>de</strong>sses sistemas na forma <strong>de</strong> apêndices.O Cinegrafista em Sala <strong>de</strong> Aula*Gosciola, V.- Carvalho, A.M.P.- Campos, G.- Castro, R.S. - Espinosa, R.- Garri<strong>do</strong>, E:Lamburu, C.E.- Nascimento, L.- Silva, D.-Teixeira, O.P.B. - FEUSPNão <strong>de</strong>ve haver dúvidas <strong>de</strong> que o trabalho <strong>de</strong> um cinegrafista <strong>de</strong> aula <strong>de</strong>observação distingue-se bastante <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> um cinegrafista em qualquer fim. Emto<strong>do</strong>s os outros casos o cinegrafista recebe no mínimo o roteiro <strong>do</strong> que vai acontecer ecomo será grava<strong>do</strong>.'Pesquisa financiada pela FAPESP e BID/USP


340Há mais <strong>de</strong> três anos venho gravan<strong>do</strong> em ví<strong>de</strong>o as aulas <strong>de</strong> Prática <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Os alunos são grava<strong>do</strong>sdan<strong>do</strong> aula para estudantes <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau. Após a aula o grupo <strong>de</strong> alunos juntamentecom o professor assistem e analisam a aula. Nessa Heteroscopia, o aluno que atuou comoprofessor, verifica com rapi<strong>de</strong>z e clareza os pontos positivos e negativos <strong>de</strong> sua aula. Maspara que essa observação tenha um bom nível <strong>de</strong> eficiência o ví<strong>de</strong>o também precisa <strong>de</strong>um certo nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cinegrafista <strong>de</strong> captar asmanifestações importantes para tanto durante a aula.Nas minhas primeiras tentativas o ví<strong>de</strong>o ficava pouco exp licito, pouco claroconforme reclamavam os professores. E com toda razão porque eu <strong>de</strong> ixava oenquadramento to<strong>do</strong> aberto, isto é, em plano geral. Eu entendia que era para gravar tu<strong>do</strong>o que acontecia, sempre acontece dur ante a aula mais <strong>de</strong> duas pessoas se comunican<strong>do</strong>.Então a<strong>br</strong>ia a objetiva em gran<strong>de</strong> angular e gravava to<strong>do</strong>s ao mesmo tempo. Quase nãomovia a câmera, uma ativida<strong>de</strong> que não exigia muito esforço.Depois <strong>de</strong> mais discussões com os professores entendi que <strong>de</strong>ve ria tentar gravaras participações que fossem impo rtantes para a aula. E novas reclamações. E mais umavez com toda a razão: num mesmo instante eu enquadrava <strong>do</strong>is acontecimentosimportantes. Pensava <strong>de</strong> maneira correta mas os professores gosta riam <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r verificaratravés <strong>do</strong> vi<strong>de</strong>o alguns <strong>de</strong>talhes que somente um plano fecha<strong>do</strong> ou um super planofecha<strong>do</strong> permitiria observar os gestos, as intenções, as expressões e as opiniõesmanifestadas pelos alunos. Mais discussões com os professores e a constatação <strong>de</strong> que omicrofone da câmera (no caso uma Concor<strong>de</strong>r-VHS <strong>de</strong> uso <strong>do</strong>méstico) também erainsuficiente já que não registrava vozes a mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is metros e meio <strong>de</strong> distância. Novastentativas, mixagem <strong>de</strong> vários microfones distribui<strong>do</strong>s pela sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong>ram umresulta<strong>do</strong> aquém <strong>do</strong> espera<strong>do</strong> porque registrava muitas vozes simultaneamente, fato quedificultava a avaliação.Solicita<strong>do</strong> para gravar uma aula <strong>de</strong> como <strong>de</strong>ve ser uma Heteroscopia percebique o que mais interessa numa aula são as interações. Exatamente o que está entre cadaparticipação. As arestas entre cada sujeito <strong>de</strong> uma aula. O que acontece entre professor ealuno, entre aluno e aluno assim como o que não acontece.Saben<strong>do</strong> o que necessitavam passei a praticar tu<strong>do</strong> o que possuia <strong>de</strong>conhecimentos na tentativa <strong>de</strong> produzir o que estivesse mais próximo <strong>do</strong> espera<strong>do</strong> pelosprofessores. Então percebi que não era tão fácil assim: nunca em nenhuma ativida<strong>de</strong> foimeexigi<strong>do</strong> tamanho esforço, tanto físico quanto mental. A cada gravação <strong>de</strong> aula <strong>de</strong>observação saio com a camisa molhada, muito <strong>de</strong>sgasta<strong>do</strong> e um pouco mais tranqüilo coma evolução <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.


341Esse trabalho requer o maior índice <strong>de</strong> concentração que já pu<strong>de</strong> experimentar.Não é nada fácil pensar no que está pensan<strong>do</strong> o professor, ao mesmo tempo no que estãopensan<strong>do</strong> os alunos, ao mesmo tempo no que está propician<strong>do</strong> o ambiente, observan<strong>do</strong> oque um provoca no outro e assim por diante. E ainda olhar para o funcionamento dacâmera. E mais ainda, estar presente no ambiente sem atrair a atenção <strong>do</strong> professor ou <strong>do</strong>aluno para si mesmo. Quase cem por cento <strong>de</strong> concentração tentam sustentar quase cempor cento <strong>de</strong> atenção que comandarão quase cem por cento <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s (visão-tatoaudição-olfatoe talvez até um sexto senti<strong>do</strong> para adivinhar que alguém venha a semanifestar inesperadamente) que informarão a um cére<strong>br</strong>o que já está em francaativida<strong>de</strong> com outras preocupações como: tomar envolvimento afetivo (crian<strong>do</strong> umairradiação continua <strong>de</strong> interesse para estar apto a receber as informações <strong>do</strong> ambientealunos-professormais rapidamente) e tomar conhecimento <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> (tentan<strong>do</strong> seaproximar <strong>do</strong> que estão pensan<strong>do</strong> alunos e professor através <strong>de</strong> um conhecimentoantecipa<strong>do</strong> <strong>do</strong> que será trata<strong>do</strong> em aula. A mente e o corpo estarão ainda cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong>funcionamento da cãmera, <strong>do</strong>s acionamentos da câmera, da operação da câmera e <strong>do</strong>tripé. Isso tu<strong>do</strong> em aulas que duram em média cinqüenta minutos.Não é necessário dizer que a gravação em vi<strong>de</strong>o <strong>de</strong> uma aula, para ser usada emHeteroscopia, vem dar uma contribuição <strong>de</strong>cisiva para o <strong>de</strong>senvolvimento da prática <strong>de</strong>ensino, mas transcrevo aqui algumas palavras <strong>do</strong> Professor James Joseph Gallagher daMichigan State University, extraídas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>poimento em vi<strong>de</strong>o quan<strong>do</strong> da suapassagem pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação, em fevereiro <strong>de</strong> 1990, em que <strong>de</strong>u um seminárioso<strong>br</strong>e aula <strong>de</strong> observação:"A vantagem <strong>do</strong> vi<strong>de</strong>o é que po<strong>de</strong>mos passá-lo quantas vezes forem necessárias,o que nos permite observar o trabalho <strong>do</strong>s professores e <strong>de</strong> seus alunos <strong>de</strong>talhádamente.O vi<strong>de</strong>o serve para treinar professores, isto é, o mesmo vi<strong>de</strong>o que usamos para pesquisapo<strong>de</strong> auxiliar os professores a compreen<strong>de</strong>r o ensino eficiente, por permitir estudar outrosprofessores. Porém, para que essa pesquisa seja eficiente é importante que o opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong>câmera seja hábil na operação <strong>do</strong> equipamento e sensível ao esforço da pesquisa"."Evolução da proposição da fórmula matemática da resistência elétrica <strong>de</strong> umfio, através <strong>de</strong> uma seqüência <strong>de</strong> situações abordan<strong>do</strong> o controle <strong>de</strong> variáveis eo pensamento proporcional. Um estu<strong>do</strong> exploratório"Vágner Ricar<strong>do</strong> A. Pereira e Dácio Rodney Hartwig - UFSCarOs objetivos <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foram:


V342i) Detectar dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s estudantes qu anto ao material utiliza<strong>do</strong>, para reformulação senecessário.ii) Familiarização com o processo <strong>de</strong> ensino envolven<strong>do</strong> o controle <strong>de</strong> variáveis e opensamento proporcional.iii) Definir algumas categorias <strong>de</strong> respostas <strong>do</strong>s estudantes, quanto à relação entre asvariáveis envolvidas no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> conceito resistência elétrica <strong>de</strong> um fio.Os sujeitos foram cerca <strong>de</strong> 60 estudantes <strong>de</strong> duas classes, <strong>de</strong> 3° série <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>grau <strong>de</strong> uma Escola Técnica Estadual Noturna. A coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s foi realizada no 1asemestre <strong>de</strong> 1990.O material utiliza<strong>do</strong> consta <strong>de</strong> um suporte com fios, tabelas completas comda<strong>do</strong>s <strong>br</strong>utos e tabelas incompletas com da<strong>do</strong>s <strong>br</strong>utos.O suporte, material experimental, é constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> 3 fios, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is <strong>de</strong>les <strong>de</strong>níquel-cromo, com diâmetros diferentes e um <strong>de</strong> co<strong>br</strong>e, com o mesmo diâmetro <strong>de</strong> umdaqueles. Fixo a ele há um suporte com pilhas e uma lâmpada, cuja intensida<strong>de</strong> luminosaé relacionada qualitativamente à resistência elétrica <strong>do</strong> fio utiliza<strong>do</strong> no circuito. Ocomprimento <strong>do</strong> fio po<strong>de</strong> ser varia<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a posição <strong>de</strong> contato da lâmpada.A partir da observação <strong>do</strong> fenômeno foram apresentadas as seguintes questõesaos estudantes:1. Quais os fatores que influenciam a resistência elétrica <strong>de</strong> um fio?2. Como mostrar a influência <strong>de</strong> cada fator so<strong>br</strong>e a resistência elétrica <strong>do</strong> fio? Explique.Em seguida, foi apresenta<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> tabelas completas com da<strong>do</strong>s<strong>br</strong>utos, para um estu<strong>do</strong> quantitativo <strong>do</strong> fenômeno. Inicialmente, tabelas com apenas umfator variável e os <strong>de</strong>mais constantes. Logo após, tabelas com <strong>do</strong>is fatores variáveis e umconstante e, finalmente, uma tabela com to<strong>do</strong>s os 3 fatores variáveis, ou seja, aresistivida<strong>de</strong> ( ), o comprimento <strong>do</strong> fio (1) e a área <strong>de</strong> seção transversal (A). A seguirexemplificamos uma tabela com apenas um fator variável.


343Após as tabelas foram apresentadas as seguintes questões:1. Explique o efeito <strong>de</strong> cada fator so<strong>br</strong>e a resistência elét rica <strong>de</strong> um fio.2. Proponha uma fórmula matemática que relacione os fatores () ,1,A com a resistênciaelétrica <strong>de</strong> um fio (R).Em seguida, foi apresenta<strong>do</strong> um outro conjunto <strong>de</strong> tabelas, com as mesmascaracterísticas que as anteriores, exceto que alguns valores eram omiti<strong>do</strong>s. A seguirexemplificamos uma tabela incompleta com da<strong>do</strong>s <strong>br</strong>utos:5,0 0,2 2,0 5,0i5,0 0,4 2,0 ? ¡5,0 0,6 2,0 ? iApós estas tabelas, foram apresentadas as seguintes questões:1. Explique o efeito <strong>de</strong> cada fator so<strong>br</strong>e a resistência elétrica <strong>de</strong> um fio, ou seja, qual arelação envolvida?2. Detennine os valores ausentes <strong>de</strong> R.3. Proponha uma fórmula matemática que relacione os fatores ,l,A com R.Salientamos que os da<strong>do</strong>s das tabelas não foram obti<strong>do</strong>s experimentalmente <strong>do</strong>material prático utiliza<strong>do</strong>, mas o extrapolam.Resulta<strong>do</strong>s:':%pós as :ì etapas, obteve-se um nível <strong>de</strong> propostas corretas, ou seja, R = b^I` , <strong>de</strong>veio menos 50% <strong>do</strong>s estudantes. As respostas errôneas foram agrupadas em 3 categorias.São elas:1. Aditiva - exemplo: R = r + 1 + A


3442. Mista - exemplo: R =p (1 + A)3. Multiplicativa - exemplo: R = A.IPAs categorias 2 e 3 apareceram com uma freqüência maior. E ainda, algunsestudantes não propuseram a fórmula matemática, ou o fizeram <strong>de</strong> maneira confusa,como por exemplo, sugerin<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> uma fórmula para o fenômeno.Nesse estu<strong>do</strong>, algumas dificulda<strong>de</strong>s foram <strong>de</strong>tectadas, como por exemplo, nocontrole <strong>de</strong> variáveis e na interpretação das tabelas por parte <strong>de</strong> alguns estudantes. Destaforma, <strong>do</strong>is outros experimentos foram introduzi<strong>do</strong>s, o Pêndulo Simples e a Flexibilida<strong>de</strong>das Hastes Metálicas, <strong>do</strong>is experimentos clássicos <strong>de</strong> Piaget, no qual este estu<strong>do</strong> procurouse fundamentar.Com o pêndulo simples po<strong>de</strong>-se construir <strong>de</strong> forma relativamente simplestabelas para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> fenômeno, ou seja, á relação entre as variáveis envolvidas e o seuperio<strong>do</strong>. O experimento das hastes metálicas oferece variáveis relativamente fáceis <strong>de</strong>serem i<strong>de</strong>ntificadas, pelo menos, para a faixa etária <strong>do</strong>s sujeitos <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> e também aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se discutir o controle <strong>de</strong> variáveis.A estrutura <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>is experimentos foi organizada <strong>de</strong> maneira semelhante àutilizada na resistência elétrica <strong>de</strong> um fio, porém, sem o objetivo <strong>de</strong> solicitar aosestudantes a proposição das fórmulas matemáticas.Proposta para Reformulação <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Física Expe rimental para Alunos <strong>do</strong>Curso Noturno <strong>de</strong> Licenciatura em FísicaZacharias, C.R. - UNESP - FEG - DFGGuaratinguetáIntroduçãoOs laboratórios <strong>de</strong> Física Experimental (1° e 2° anos) ofereci<strong>do</strong>s aos alunos <strong>do</strong>curso noturno <strong>de</strong> Licenciatura em Física (UNESP - Guaratinguetá), foram i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>s nadécada <strong>de</strong> 60, para um curso <strong>de</strong> Engenha ria em perio<strong>do</strong> integral. A gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>sequipamentos foram adquiri<strong>do</strong>s há mais <strong>de</strong> 20 anos e como conseqüência natural <strong>do</strong>tempo e <strong>do</strong> uso, tanto a qualida<strong>de</strong> como a quantida<strong>de</strong> ficaram comprometidas.


IIP345Os roteiros das experiências conduziam o aluno <strong>de</strong> forma a inibir toda iniciativae criativida<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um raciocínio científico no tratamento <strong>de</strong> problemasexperimentais.Características Gerais <strong>do</strong>s Alunos:1. 100% não querem ser professores2.90% provém <strong>de</strong> Escolas Técnicas3. 75% trabalham em tempo integral4. Curso Superior: oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer na profissão5. Não saber analisar e concluir um experimento6. Teoria () Experimento = ( )7. Sem iniciativa8. Obtenção aleatória <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s experimentais9. Base <strong>de</strong> raciocínio: relatórios <strong>do</strong>s anos anteriores10. Fonte <strong>de</strong> erros: o equipamentoDesenvolvimento <strong>do</strong> Curso:A integração da Física com o dia-a-dia foi um ponto chave no curso. Através <strong>do</strong>relato <strong>de</strong> experiências profissionais, pelos próprios alunos, po<strong>de</strong>-se esclarecer asaplicações da Física num contexto técnico. Sempre que possível, procuramos relacion ar osexperimentos com tópicos <strong>de</strong> Engenharia, Química, Biologia, dan<strong>do</strong> especial ênfase aocorpo humano. Vários conceitos matemáticos foram discuti<strong>do</strong>s nos experimentos,tornan<strong>do</strong>-os "palpáveis".Várias dinâmicas foram usadas no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> curso. As ativida<strong>de</strong>s eramrealizadas em grupos <strong>de</strong> 3 alunos. Esquematizan<strong>do</strong> as várias dinâmicas, temos:1. Experimentos livres (trabalho inicial)2. Aulas auxiliadas por microcomputa<strong>do</strong>r (ex. gráficos)3. Aulas sem roteiro prévio (ex. pêndulo simples)4. Aulas tradicionais (ex. momento <strong>de</strong> inércia)5. Vários materiais para a mesma técnica (ex. calorimetria)6. Vários experimentos so<strong>br</strong>e um mesmo tema (ex. vi<strong>br</strong>ações)7. Aulas com sli<strong>de</strong>s (ex. equilí<strong>br</strong>io <strong>de</strong> forças)8. Experiências propostas (trabalho final)


346A principal avaliação <strong>do</strong>s alunos foi feita durante o <strong>de</strong>senvolvimento dasativida<strong>de</strong>s, através <strong>de</strong> observações feitas pelo professor. Outras formas <strong>de</strong> avaliaçãousadas são indicadas abaixo:Relatórios simplesRelatórios completos"Bate papo" so<strong>br</strong>e a ativida<strong>de</strong>Prova escritaSemináriosResulta<strong>do</strong>s e AnálisesA primeira ativida<strong>de</strong> proposta foi um experimento livre, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>avaliar o esta<strong>do</strong> inicial <strong>do</strong>s alunos. Obse rvou-se que aqueles que tiveram acesso alaboratórios <strong>de</strong> Física no 20 grau foram mais criativos, enquanto os egressos <strong>de</strong> cursostécnicos apresentavam relatórios mais elabora<strong>do</strong>s.A utilização <strong>de</strong> microcomputa<strong>do</strong>res mostrou-se eficiente apenas para os alunosjá inicia<strong>do</strong>s em informática.Roteiros pré-estabeleci<strong>do</strong>s mostraram-se eficientes quanto a execução <strong>do</strong>experimento, porém inibitórios em relação a criativida<strong>de</strong> e iniciativa <strong>do</strong>s alunos,refletin<strong>do</strong> em ba ixo aproveitamento conceitual e conclusões extremamente vagas. Aulassem roteiros prévios mostraram-se falhas, ainda que mais didáticas e conclusivas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ainexperiência natural <strong>do</strong>s alunos.O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> vários materiais com o mesmo méto<strong>do</strong>, bem como a realização <strong>de</strong>várias técnicas experimentais so<strong>br</strong>e um mesmo tema, mostraram-se extremamenteeficientes na assimilação <strong>de</strong> con ceitos e prática experimental.A utilização <strong>de</strong> sli<strong>de</strong>s é enriquece<strong>do</strong>ra no aspecto teórico e po<strong>de</strong> dar umaprimeira noção <strong>de</strong> um experimento, ou variações <strong>de</strong> outros já conheci<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong>fundamentais em escolas com poucos recursos <strong>de</strong> laboratórios, ainda que não <strong>de</strong>senvolvahabilida<strong>de</strong>s experimentais nos alunos.A avaliação final <strong>do</strong> curso foi feita através <strong>de</strong> um experimento proposto peloprofessor e adapta<strong>do</strong> pelos alunos (em grupo), sen<strong>do</strong> exigi<strong>do</strong> relatório escrito mais aapresentação <strong>de</strong> seminário. Essa avaliação final <strong>de</strong>monstrou um avanço em relação a<strong>de</strong>terminação e controle <strong>do</strong>s parâmetros envolvi<strong>do</strong>s num experimento, ainda que <strong>de</strong>forma inexperiente, refletin<strong>do</strong> o lento e natural processo <strong>de</strong> "amadurecimento" <strong>do</strong>salunos.


347ConclusãoEssa primeira proposta <strong>de</strong> reformulação foi <strong>de</strong>senvolvida no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> anoletivo <strong>de</strong> 1990, conforme a receptivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alunos. Muitas falhas foram observadas emrelação à seqüência e à dinâmica das ativida<strong>de</strong> propostas e as condições <strong>do</strong> laboratório.Porém, essa primeira experiência foi muito enriquece<strong>do</strong>ra, uma vez que várias propostasforam analisadas, servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> base para uma futura reformulação.Observamos que os alunos que trabalhavam durante o dia necessitavam <strong>de</strong> umcurso mais <strong>de</strong>scontrai<strong>do</strong>, no qual fosse propiciada uma oportunida<strong>de</strong> para<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua criativida<strong>de</strong> e iniciativa, enquanto aos outros era necessário umcurso mais rigi<strong>do</strong> e esquematiza<strong>do</strong>, sob pena <strong>de</strong> se tornar vago e improdutivo.Acreditamos que isso se <strong>de</strong>va ao fato <strong>de</strong> o aluno necessitar <strong>de</strong> um curso diferente <strong>do</strong> seudia-a-dia, a fim <strong>de</strong> que sejam estabelecidas fronteiras entre a vida diária e a vidaacadêmica, pois ao contrário, corre-se o risco <strong>de</strong> o curso ser encara<strong>do</strong> como umcontinuismo <strong>de</strong>sistimulante e indiferente.A Proposta GREF, os Professores e a Sala <strong>de</strong> AulaY. Hosoume, E. Barelli, I.C. Cermelli, V. Fernan<strong>de</strong>s Neto - IFUSP/O trabalho <strong>de</strong> formação em serviço <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 2° grau da re<strong>de</strong>pública se coloca como uma das principais ativida<strong>de</strong>s, que o GREF* vem <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>,nestes últimos cinco anos, em três regiões distintas: São Paulo (capital), Carapicuiba(Gran<strong>de</strong> São Paulo) e Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (interior <strong>de</strong> São Paulo).No ano <strong>de</strong> 1990, um grupo <strong>de</strong> trinta e cinco professores aplicou o projeto emsala <strong>de</strong> aula, contan<strong>do</strong> para isso com a assessoria <strong>de</strong> alguns mem<strong>br</strong>os da equipe GREFatravés <strong>de</strong> reuniões periódicas (mensais ou quinzenais).Com a intenção <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o processo e o produto <strong>de</strong>sse trabalho <strong>de</strong>intervenção junto a esses professores, foram utiliza<strong>do</strong>s como material <strong>de</strong> análisequestionários, entrevistas, <strong>de</strong>poimentos, material produzi<strong>do</strong> pelos professores e seusalunos e anotações <strong>de</strong> algumas reuniões.*GREF: Grupo <strong>de</strong> Relaboração <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física


348Além <strong>de</strong> informações mais objetivas a respeito <strong>do</strong>s professores aplica<strong>do</strong>res,como sua formação acadêmica e disciplinas que lecionam, uma análise mais cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong>material obti<strong>do</strong> nos permitiu i<strong>de</strong>ntificar elementos que pu<strong>de</strong>ssem revelar aqu ilo que havia<strong>de</strong> mais subjacente aos <strong>de</strong>poimentos. Através da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>stes elementos procurouseinferir aquilo que tanto os professores como os mem<strong>br</strong>os da equipe que efetivamenteparticipavam <strong>do</strong> trabalho, consi<strong>de</strong>ram mais relevantes no processo.Este procedimento permitiu que, a partir <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong>s professoresenvolvi<strong>do</strong>s com o projeto, fosse possível caracterizar aqu ilo que convencionou-se chamar<strong>de</strong> "produto" <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> intervenção nesse perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> um ano. Mais que isso,observou-se que tal "produto" diferia <strong>de</strong> região para região.Em São Paulo, os professores produziram durante o ano, um número razoável<strong>de</strong> textos para alunos, contribuíram com críticas à proposta, sugestões <strong>de</strong> exercícios eativida<strong>de</strong>s, e elaboraram avaliações compatíveis com a proposta. Além disso, foiobserva<strong>do</strong> que estes professores ressaltam nos seus <strong>de</strong>poimentos que apren<strong>de</strong>ram maisFísica e que buscam, na preparação <strong>de</strong> suas aulas, situações <strong>do</strong> cotidiano tentan<strong>do</strong>estabelecer uma ponte entre o conhecimento <strong>do</strong> aluno e o conhecimento da Física.Este quadro, contu<strong>do</strong>, não é característico da região <strong>de</strong> Carapicuiba, uma vezque durante o ano <strong>de</strong> 90 a produção <strong>de</strong> material didático foi exporádica e se restringiu àiniciativa <strong>de</strong> um ou <strong>do</strong>is professores. As sugestões e criticas em relação à propostaaparecem <strong>de</strong> forma muito insipiente. Além disso, foi possível inferir que para essesprofessores a dificulda<strong>de</strong> na aplicação da proposta está centrada na figura <strong>do</strong> aluno: "elesnão sabem interpretar o enuncia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s problemas, não sabem fazer conta, são muito<strong>de</strong>sinteressa<strong>do</strong>s, confun<strong>de</strong>m conceitos, etc."Os professores <strong>de</strong> Pru<strong>de</strong>nte, por sua vez, parecem indicar outros elementoscomo produto <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> intervenção al realiza<strong>do</strong>. A proposta GREF parece seapresentar como a "gran<strong>de</strong> solução" para o ensino da Física; o cotidiano aparece comoum facilita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> aprendizagem, e os professores sentem-se gratifica<strong>do</strong>s pelapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r Física.Paralelamente à caracterização <strong>do</strong>s "produtos" <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> intervenção,buscou-se inferir a perspectiva <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os da equipe relativamente à sua atuação emcada uma das regiões.A análise <strong>do</strong> material parece indicar que, também no caso <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os daequipe, a intervenção se <strong>de</strong>u com características distintas.Enquanto em São Paulo o trabalho po<strong>de</strong> ser caracteriza<strong>do</strong> por uma valorizaçãodas iniciativas individuais <strong>do</strong> professor, com um acompanhamento também quase que


349individual, em Pru<strong>de</strong>nte o trabalho se caracteriza por uma valorização da exploração <strong>do</strong>conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física através da proposta GREF. Já em Carapicuiba a atuação parece ter secaracteriza<strong>do</strong> por uma tentativa <strong>de</strong> formação mais a<strong>br</strong>angente, não tanto em termos <strong>do</strong>conteú<strong>do</strong>, mas principalmente em termos educacionais.A articulação das caracterizações efetuadas até aqui parece indicar uma<strong>de</strong>pendência entre os "produtos" <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> intervenção e as diferentes atuações <strong>do</strong>smem<strong>br</strong>os da equipe. Ou seja, a valorização dada pelo professor <strong>de</strong> Pru<strong>de</strong>nte à propostaGREF parece ser <strong>de</strong>corrente da importância <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Físicaenfatizada pela equipe nesse local. Uma vez que em São Paulo a equipe não apresentacomo característica fundamental um direcionamento semelhante ao <strong>de</strong> Pru<strong>de</strong>nte, mas simo que se po<strong>de</strong> interpretar como uma receptivida<strong>de</strong> e valorização <strong>de</strong> inovações propostaspelo professor, ocorreu a produção <strong>do</strong>s materiais anteriormente já i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s. EmCarapicuiba a atuação da equipe parece ter si<strong>do</strong> <strong>de</strong> tal forma a<strong>br</strong>angente, que odirecionamento <strong>do</strong> trabalho ficou comprometi<strong>do</strong> a ponto <strong>de</strong> dificultar a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>uma mudança <strong>de</strong> postura <strong>do</strong> professor, já que ele continua responsabilizan<strong>do</strong> o alunopelas dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> "ensinar" Física.Uma hipótese, que havia si<strong>do</strong> levantada durante a análise <strong>do</strong> material,pressupunha que a formação académica <strong>do</strong> professor fosse um fator relevante no sucesso<strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> intervenção. Não parece, entretanto, que isso seja verda<strong>de</strong>iro já que, comopu<strong>de</strong>mos verificar, a formação <strong>do</strong>s professores nas regiões não difere substancialmente.Se por um la<strong>do</strong> a formação acadêmica não tenha se mostra<strong>do</strong> fundamental, por outro aperspectiva profissional <strong>do</strong> professor parece <strong>de</strong>sempenhar esse papel. Isto po<strong>de</strong> serinferi<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> que se verificou em relação às disciplinas lecionadas pelosprofessores: enquanto em São Paulo e em Pru<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, eles lecionamFísica no 2° grau, em Carapicuiba divi<strong>de</strong>m suas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>centes nas disciplinas <strong>de</strong>Ciências (Física, Química e Biologia) e Matemática, <strong>de</strong> 1° e 2° graus. Isto po<strong>de</strong> ser umaexplicação para o fato <strong>de</strong>stes professores terem enfatiza<strong>do</strong> exaustivamente a relaçãoprofessor-aluno, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> tornar sua aula mais "agradável" através da propostaGREF. Como o que parece ser mais importante é continuar lecionan<strong>do</strong>, seja lá o que for,sem a preocupação <strong>de</strong> transmitir um conhecimento <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais estrutura<strong>do</strong> econsistente, ele permanece priorizan<strong>do</strong> quase que exclusivamente sua relação com oaluno.


350A Proposta GREF - MecânicaIsilda Sampaio Silva - GREF1. Introdução:O trabalho aqui apresenta<strong>do</strong> na forma <strong>de</strong> textos para professores <strong>de</strong> Física éresulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> esforço conjunto <strong>de</strong> professores da escola pública e <strong>de</strong> <strong>do</strong>centesuniversitários, procuran<strong>do</strong> apresentar essa Ciência <strong>de</strong> uma maneira tal que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início,sejam claras sua relevância prática e sua universalida<strong>de</strong>. Durante alguns anos, as idéiasaqui expressas foram <strong>de</strong>senvolvidas e experimentadas nas condições regulares (portantoadversas...) da re<strong>de</strong> oficial <strong>de</strong> ensino no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo.As metas eram e ainda são, por um la<strong>do</strong>, tornar significativo esse aprendiza<strong>do</strong>científico mesmo para alunos cujo futuro profissional não <strong>de</strong>penda diretamente da Física;por outro la<strong>do</strong>, dar a to<strong>do</strong>s alunos condições <strong>de</strong> acesso a uma compreensão conceitual eformal consistente, essencial para sua cultura e para uma possível carreira universitária.O caráter prático-transforma<strong>do</strong>r e o caráter teórico-universalista da Física nãosão traços antagônicos mas, isto sim, dinamicamente complementares. Compreen<strong>de</strong>r esteenfoque permitiu evitar tanto o tratamento "tecnicista" como o tratamento "formalista" e,procuran<strong>do</strong> partir sempre que possível <strong>de</strong> elementos vivenciais e mesmo cotidianos,formulam-se os princípios gerais da Física com a consistência garantida pela percepção <strong>de</strong>sua utilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua universalida<strong>de</strong>.A Física, instrumento para a compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em que vivemos, possuitambém uma beleza conceitual ou teórica, que por si só po<strong>de</strong>ria tornar seu aprendiza<strong>do</strong>agradável. Esta beleza, no entanto, é comprometida pelos tropeços num instrumentalmatemático com o qual a Física é freqüentemente confundida, pois os alunos têm si<strong>do</strong>expostos ao aparato matemático-formal, antes mesmo <strong>de</strong> terem compreendi<strong>do</strong> osconceitos a que tal aparato <strong>de</strong>veria correspon<strong>de</strong>r.Uma maneira <strong>de</strong> evitar esta distorção pedagógica é começar cada assunto daFísica pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma temática e <strong>de</strong> uma linguagem comuns ao professor ea seu aluno, contidas no universo <strong>de</strong> vivência <strong>de</strong> ambos, e que só o transcenda à medidaque se amplie a área comum <strong>de</strong> compreensão e <strong>do</strong>mínio.A proposta <strong>de</strong> mecânica <strong>do</strong> GREF foi elaborada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com esta visão. Aseguir apresentamos uma <strong>de</strong>scrição da proposta.


3512. Descrição da Proposta2.1. Abertura e Plano <strong>de</strong> CursoO estu<strong>do</strong> da Mecânica se inicia com um levantamento feito junto aos alunospelo professor, <strong>de</strong> "coisas" que possam estar relacionadas com a palavra "Mecânica".Esse levantamento possibilita a construção <strong>de</strong> uma tabela semelhante à exemplificada aseguir.MolaTremMacaco HidráulicoBicicleta Pião Saca-RolhaBalança Carrossel AceleraçãoAutomóvel Eleva<strong>do</strong>r Velocida<strong>de</strong>Martelo Balão ForçaBola Torno MotorGuindaste Grifo PrédioPara-quedas Engrenagem OficinaAlicate Engenharia Movimento da TerraDinamômetro Relógio Macaco <strong>de</strong> AutosPé-<strong>de</strong>-ca<strong>br</strong>a Toca-discos RodaChave <strong>de</strong> fenda Canhão FoguetePonte Helicóptero Pipa/PapagaioNavio Energia A<strong>br</strong>i<strong>do</strong>r <strong>de</strong> garrafaCunha Máquinas Chave <strong>de</strong> rodáMotocicletaA classificação das "coisas" presentes no levantamento começa a <strong>de</strong>scortinarpara o aluno a estrutura conceitual <strong>do</strong> curso, que o professor já conhece <strong>de</strong> antemão. Estaclassificação obe<strong>de</strong>ce ao seguinte critério:a) Coisas que estejam associadas essencialmente ao movimento <strong>de</strong> translação;b) Coisas que estejam associadas essencialmente ao movimento <strong>de</strong> rotação;c) Coisas on<strong>de</strong> o movimento po<strong>de</strong> ocorrer, mas em que o essencial seja o equilí<strong>br</strong>io;d) Conceitos físicos ou "coisas" não enquadráveis por critérios simples.


352A tabela seguinte ilustra uma possível classificação, segun<strong>do</strong> esse critério.a. (Translaçao) b. (Rotaç2to) c. (Equili<strong>br</strong>io)Automóvel(<strong>de</strong>mais veículos)Movimento da TerraFogueteCanhao (bala)Bala°ReiOgioRodasToca-discosMovimento da TerraPrédioPonteDinamómetrosMacaco <strong>de</strong> autosGuindasteBalançad. (Ampliaçao <strong>de</strong> Forças)Macaco <strong>de</strong> autosGuindasteChaves em geralPé-<strong>de</strong>-ca<strong>br</strong>aSaca-rolhasCunhaMacaco hidrAulicoe. (Outros)Velocida<strong>de</strong>AceleraçaoForça , •EnergiaOficinaEngrenagemEngenhariaComo o aluno participa <strong>do</strong> levantamento e da classificação, po<strong>de</strong> o professor teruma idéia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, das áreas <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> cada turma. Por suavez, o aluno já terá um panorama <strong>do</strong> curso antes <strong>de</strong> sua divisão em assuntos e temas e jáserá capaz <strong>de</strong> situar os vários tópicos para mais tar<strong>de</strong> articulá-los, familiarizan<strong>do</strong>-se assim,com esta etapa classificatória da construção científica.Essa etapa inicial <strong>do</strong> curso não é, portanto, um simples "aquecimento"; é oassentar das bases <strong>de</strong> um diálogo (real e/ou simbólico) que sustentará o processo <strong>de</strong>ensino-aprendizagem. Deve-se <strong>de</strong>stacar que o critério <strong>de</strong> classificação foi estabeleci<strong>do</strong>levan<strong>do</strong> em conta a ênfase que damos aos Princípios <strong>de</strong> Conservação, essenciais ao estu<strong>do</strong>da Mecânica.


1]I1JNn•nfN11 1Yn: 511117•]I1IMINI]1t1005011ISNIfS11 Ism/ISIS MO 10Ol /11500 1 4 Ijl IfinlNSá0111Ni10M If.10 0•]rllll 4H--100_ 11 00 0^ )fl11f N0)4eS IO)IIOSISO]01M-IOOM IOC M55150MO IOu10007101 VI00)0011500)1 01011t103 adn0i11 SI1nMIninI SOlNIY771 100r 1f070M110110NOININIf Sill05I0111M1nIf00 010000 IIM IOC 510550/0 01011.l^O/)00111N0/dOINdnW - 33d9 d.I,SO(1Oád U


3542.2. Movimento: Conservação e VariaçãoSão analisadas situações on<strong>de</strong> se originam movimentos <strong>de</strong> translação, como umchute numa bola, um choque entre bolas <strong>de</strong> bilhar, uma pessoa nadan<strong>do</strong> e etc. Tal análiseaponta indícios <strong>de</strong> que nessas interações o início <strong>do</strong> movimento <strong>de</strong> um objeto aconteceporque há um intercâmbio <strong>de</strong> "algo", por exemplo, um chute na bola, ou porque omovimento <strong>de</strong> um está acopla<strong>do</strong> ao <strong>de</strong> outro como é o caso <strong>do</strong> nada<strong>do</strong>r.Com discussões <strong>de</strong>sse tipo apresentamos a gran<strong>de</strong>za quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentolinear, com seu caráter vetorial, sua expressão matemática e sua conservação numsistema.A análise <strong>de</strong> algumas freadas <strong>de</strong> um carro apontam para a idéia <strong>de</strong> que avariação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> um elemento <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da força neleaplicada. Tal discussão possibilita a apresentação das leis <strong>de</strong> Newton que por sua vez sãousadas no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras situações como as <strong>do</strong>s movimentos <strong>de</strong> carros em cu rvas, dascolisões, <strong>do</strong> vôo das pipas, etc.A análise <strong>de</strong> situações on<strong>de</strong> se originam movimentos <strong>de</strong> rotação possibilita aapresentação <strong>de</strong> outra gran<strong>de</strong>za que também se conserva num sistema: a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>movimento angular, que permite compreen<strong>de</strong>r, por exemplo, porque um equili<strong>br</strong>ista a<strong>br</strong>eos <strong>br</strong>aços para diminuir a tendência <strong>de</strong> giro ou, porque uma ba ilarina inicia seu giro naspontas <strong>do</strong>s pés e aumenta sua velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação quan<strong>do</strong> fecha os <strong>br</strong>aços.A variação da qu antida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento angular <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong>sistema exige a aplicação <strong>de</strong> uma força <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a o riginar um torque.Tal estu<strong>do</strong> possibilita apresentar as leis <strong>do</strong> movimento <strong>de</strong> rotação que, por suavez são usadas na análise <strong>do</strong>s movimentos <strong>de</strong> carros e motos fazen<strong>do</strong> cu rvas, helicópterose piões.O último item <strong>de</strong>sta parte faz um estu<strong>do</strong> da Energia e sua Lei <strong>de</strong> Conservação.Algumas ativida<strong>de</strong>s humanas, o movimento <strong>de</strong> carros e aviões, o funcionamento<strong>de</strong> alguns eletro<strong>do</strong>mésticos e <strong>de</strong> uma usina hidrelétrica são algumas situações on<strong>de</strong>ocorrem transformações ou transferências <strong>de</strong> energia. A análise <strong>de</strong>ssas situações apontapara a Conservação <strong>de</strong> Energia <strong>de</strong> um sistema. A arrancada <strong>de</strong> um veículo, ofuncionamento <strong>de</strong> um motor, <strong>de</strong> um bate estaca e <strong>de</strong> um esmeril possibilitam aapresentação <strong>de</strong> conceitos como o trabalho <strong>de</strong> uma força, a potência, a energia mecânicae a energia cinética <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> uma das partes <strong>do</strong> sistema.


35523. Condições <strong>de</strong> Equilí<strong>br</strong>ioO ato <strong>de</strong> segurar uma sacola, a<strong>br</strong>ir uma torneira ou remover um parafuso éusa<strong>do</strong> numa discussão que aponta para as condições <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io <strong>de</strong> um objeto.O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> balanças <strong>de</strong> <strong>br</strong>aços iguais, <strong>de</strong> <strong>br</strong>aços <strong>de</strong>siguais além das balanças <strong>de</strong>molas ilustram essas condições e dão ensejo à apresentação <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> massa e peso<strong>de</strong> um objeto, <strong>de</strong> campo gravitacional além <strong>de</strong> sua expressão matemática. O empuxoexerci<strong>do</strong> nos corpos imersos em líqui<strong>do</strong>s também é estuda<strong>do</strong> nesta pa rte.2.4. Ferramentas e MecanismoA maçaneta <strong>de</strong> uma porta, uma chave <strong>de</strong> boca ou um alicate são alguns <strong>do</strong>sinstrumentos usa<strong>do</strong>s para ampliar a força aplicada. Os torques das forças presentes emcada um <strong>de</strong>les permite a apresentação <strong>de</strong> suas vantagens mecânicas.Um macaco <strong>de</strong> levantar carros e uma bicicleta tem sua "transmissão" estudadaatravés <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> uma força.


3562.5. Descrição Matemática <strong>do</strong>s MovimentosOs paralelos e meridianos <strong>do</strong> globo terrestre ou um mapa <strong>de</strong> um guia da cida<strong>de</strong>são alguns <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> se localizar um ponto além <strong>de</strong> possibilitar a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> suaposição, seu <strong>de</strong>slocamento, sua velocida<strong>de</strong> e sua aceleração vetoriais. O movimento <strong>do</strong>metrô entre duas estações apresenta velocida<strong>de</strong>s bem <strong>de</strong>finidas em ce rtos instantes o quepermite traçar os gráficos:Vxt,axt e s xtnesta parte.O movimento <strong>de</strong> queda livre e os lançamentos ve rticais também são trata<strong>do</strong>sQuestões, exercícios e problemas resolvi<strong>do</strong>s, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> observação eexperimentação, são indica<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> texto na seqüência e na proporção exigidapelos temas; não como "complemento eventual", mas como pa rte integrante <strong>do</strong> programa.A maioria das ativida<strong>de</strong>s práticas baseia-se em situações e elementos <strong>do</strong> cotidiano e são,portanto, amplamente acessíveis. Quanto aos problemas, abordam geralmente situaçõespráticas, sempre que necessário utilizan<strong>do</strong> o formalismo pertinente.


357<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Mecânica Quântica: Uma Critica <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo Perturbacional daMedidaJosé Glauco Ribeiro Tostes Depto. Físico-Química - UFF-RJGlória Queiroz - Depto. Física - UFF-RJNão é nada incomum encontrar-se, em textos <strong>de</strong> Física, exposições errôneas <strong>de</strong>interpretações <strong>de</strong> teo rias pretensamente associadas a certos autores. Dentre tais casos<strong>de</strong>stacamos o mo<strong>de</strong>lo PERTURBACIONAL da medida em Mecânica Quântica,apresenta<strong>do</strong> em muitos textos <strong>de</strong> Física (exemplo: Eisberg, 1979) e <strong>de</strong> Físico-Química(exemplo: Castellan, 1971) como correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> fielmente a interpretação <strong>de</strong> Bohr("Escola <strong>de</strong> Copenhague") da Mecânica Quântica. A nossa exposição tem por objetivos: i)esclarecer filosoficamente essa falsa correspondência: a interpretação <strong>de</strong> Copenhague e omo<strong>de</strong>lo perturbacional da medida a<strong>do</strong>tam DIFERENTES concepções <strong>de</strong> "rea lida<strong>de</strong>física'; ii) recentes avanços da Mecânica Quântica (teorema <strong>de</strong> Bell, 1964 e osconseqüentes experimentos <strong>de</strong> Aspect, 1982) não estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o conceito <strong>de</strong>realida<strong>de</strong> física implica<strong>do</strong> no mo<strong>de</strong>lo perturbacional da medida. Os <strong>do</strong>is objetivos acimavisa<strong>do</strong>s serão discuti<strong>do</strong>s em função <strong>de</strong> um horizonte didático maior: <strong>de</strong>vem serconduzi<strong>do</strong>s para a sala <strong>de</strong> aula, terceiro grau.1. Mo<strong>de</strong>lo Perturbacional da Medida em Mecânica QuânticaEste mo<strong>de</strong>lo é <strong>de</strong> fácil compreensão, justamente porque a<strong>do</strong>ta uma concepção<strong>de</strong> realida<strong>de</strong> física largamente difundida no pensamento oci<strong>de</strong>ntal e incorporada à ciência<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus primórdios galileanos. Façamos um resumo, numa linguagem aprop riada aopresente trabalho, das duas bases filosóficas maiores <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo perturbacional: ele éREALISTA E LOCAL. Por "realismo" entenda-se aqui que os atributos dinâmicos <strong>do</strong>s"quantons" (partículas regidas pelas leis quantomecânicas) existem in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>qualquer interação com um "aparelho <strong>de</strong> medida" ou "observa<strong>do</strong>r". Já o conceito <strong>de</strong>"localida<strong>de</strong>" - uma limitação relativista - exige que qualquer interação física entrequantons não po<strong>de</strong> transmitir-se com velocida<strong>de</strong> maior que a da luz. Como todas estasinterações se dão através das chamadas "partículas mensageiras" (fótons, gravitons, etc),não haveria mais lugar em dinâmica para a "ação a distância", a qual vinha preocupan<strong>do</strong>muitos físicos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Newton. Mas to<strong>do</strong>s estes conceitos são perfeitamentecompartilháveis com a Mecânica Clássica. On<strong>de</strong> está a "NOVIDADE QUÂNTICA" nomo<strong>de</strong>lo perturbacional? Ela residiria numa "INCONTROLABILIDADE ESSENCIAL"<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s individuais <strong>de</strong> medidas realizadas nos "<strong>de</strong>lica<strong>do</strong>s" atributos dinâmicos(posição, momentum, energia, etc) <strong>do</strong>s quantons. Uma vez INTRINSECAMENTEaleatórios, não há como prever tais resulta<strong>do</strong>s individuais. No entanto, eles produzempadrões ESTATÍSTICOS que po<strong>de</strong>m ser previstos pela nova Mecânica Quântica (MQ)


^358<strong>de</strong> 1926. Em particular, as leis quânticas prevêem uma inevitável "complementarida<strong>de</strong>"entre certos pares <strong>de</strong> atributos dinâmicos <strong>de</strong> um quanton. E o famoso "princípio <strong>de</strong>incerteza <strong>de</strong> Heisenberg", mais conheci<strong>do</strong> - a nível introdutório - para o caso <strong>do</strong> par <strong>de</strong>variáveis conjugadas posição/momentum linear <strong>de</strong> um quanton: Ax p p > h. Assim, oproduto das "incertezas" (no fun<strong>do</strong> são <strong>de</strong>svios médios quadráticos) A xe a p estariarigorosamente limita<strong>do</strong> pela constante h, a "marca registrada" <strong>de</strong> fenômenos quânticos,que <strong>de</strong>nota numericamente o limite da tal "incontrolabilida<strong>de</strong> essencial" existente nomun<strong>do</strong> microscópico, ou melhor, provocada INEVITAVELMENTE pela nossa peculiarmaneira <strong>de</strong> interagir com objetos quânticos. Em particular, estas mesmas leis quânticasvaleriam também no mun<strong>do</strong> macroscópico, isto é, no limite clássico da MecânicaNewtoniana, mas seriam al mascaradas pela pequenez <strong>de</strong> h. Esta última Mecânica se riapois um caso limite da MQ ("Principio da Correspondência" <strong>de</strong> Bohr) e po rtantoredutível a MQ.Muitos textos <strong>de</strong> Física Quântica nos passam a idéia <strong>de</strong> que o mo<strong>de</strong>loperturbacional acima <strong>de</strong>scrito é a alma da interpretação "o rto<strong>do</strong>xa" da MQ (a Escola <strong>de</strong>Copenhague), associada principalmente aos nomes <strong>de</strong> Bohr, Heisenberg e von Neumann.Esta é, porém, uma falsa correspondência.2. Interpretação da MQ: Von NeumannUm MESMO formalismo teórico po<strong>de</strong> admitir VÁRIAS interpretações.Outrossim, uma interpretação po<strong>de</strong> ser incoerente <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista lógico ao tentar, porexemplo, amalgamar conceitos INCOMPATÍVEIS entre si. Finalmente, admitimos comPrismas (Prismas, 1981) e Bunge (Bunge, 1974), que a INTERPRETAÇÃO <strong>de</strong> teo riascientíficas NÃO po<strong>de</strong> evitar postula<strong>do</strong>s METAFÍSICOS, isto é, postula<strong>do</strong>s factuais masque não po<strong>de</strong>m por sua vez ser prova<strong>do</strong>s ou "<strong>de</strong>sprova<strong>do</strong>s" pelos próprios fatos.O formalismo quanto mecânico recebeu ao longo <strong>do</strong>s últimos 50 anos váriasinterpretações. A interpretação pre<strong>do</strong>minante na literatura é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> "Escola <strong>de</strong>Copenhague": não é bem a <strong>de</strong> Bohr, mas <strong>de</strong> VON NEUMANN (Herbe rt, 1989). E afamosa interpretação <strong>do</strong> "COLAPSO DO PACOTE". E a essa interpretação que os textosem geral a<strong>de</strong>rem, ou melhor, pensam a<strong>de</strong>rir. Sim, pois muitas vezes terminamos com umaincoerente amálgama "von Neumann - mo<strong>de</strong>lo perturbacional da medida". Ainterpretação <strong>de</strong> von Neumann NÃO E REALISTA. Vejamos tal interpretação.Tanto Bohr como von Neumann introduzem uma novida<strong>de</strong> inicial face àinterpretação <strong>do</strong>minante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o séc.XVII, da Mecânica Clássica: a medida passa a fazerparte agora da PRÓPRIA TEORIA. Daí não ser surpreen<strong>de</strong>nte i<strong>de</strong>ntificarmos, parcial outotalmente, a interpretação <strong>de</strong> von Neumann com uma "teo ria da MEDIDA" em MQ.


359Vamos inicialmente <strong>de</strong>stacar o "colapso da função <strong>de</strong> onda" e <strong>de</strong>pois integrá-lo no to<strong>do</strong>maior da interpretação não-realista <strong>de</strong> Neumann.2.1. Colapso da Função <strong>de</strong> OndaTu<strong>do</strong> é quântico para von Neumann. Ou seja, quantons Q e instrumento <strong>de</strong>medida M são <strong>de</strong>scritos por funções <strong>de</strong> onda, f q ejr m. A "interação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is quantons Qe Q' é governada pelo princípio da superposição <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>s. Simbolicamente, a função<strong>de</strong> onda da interação em diante é dada por t q + jr q'. ' - q e jr q' em geral não <strong>de</strong>screvemquantons com atributos dinâmicos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, apenas um "mar <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s" <strong>de</strong>stesatributos. Tais atributos só po<strong>de</strong>rão ser ATUALIZADOS em apenas uma <strong>de</strong>ntre taispossibilida<strong>de</strong>s ao interagir com um instrumento <strong>de</strong> medida M ADEQUADO ao atributoque se quer medir. Em outras palavras, enquanto* q +y q' "engorda" (nem sempre, masvamos simplificar aqui) o mar <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> sistema interagente Q+Q', a interaçãoQ+M faz exatamente o oposto: colapsa ou "emagrece" instantaneamente todas aspossibilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> atributo dinâmico <strong>de</strong> Q para o qual M é "especializa<strong>do</strong>", em UM SÓresulta<strong>do</strong> ou valor <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> (exemplo: atributo dinâmico "posição <strong>do</strong> quanton"). SÓ aíteríamos um registro físico. Só aí teríamos um contato entre o formalismo teórico da MQe o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> laboratório. Em suma, na interpretação <strong>de</strong> von Neumann parecem existir<strong>do</strong>is tipos completamente diferentes <strong>de</strong> interação'. Q+Q' (SUPERPOSIÇÃO <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s) e Q+M (COLAPSO real <strong>de</strong> um mar <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Q).2.2. Teoria da MedidaVamos integrar os aspectos da SUPERPOSIÇÃO e <strong>do</strong> COLAPSO no quadromaior da teoria da medida von neumanniana. Tome-se a componente <strong>de</strong> spin s z <strong>de</strong> umeletron, que só po<strong>de</strong> assumir <strong>do</strong>is valores, simbolicamente representa<strong>do</strong>s por "p " e "y ".Quer-se medir este spin. Na teoria da medida von neumanniana o arranjo ou cenáriocompleto da medida envolve na realida<strong>de</strong> DOIS atos <strong>de</strong> medida sucessivos:i) preparação <strong>do</strong> pacote *go (tempo t =0):ii) medida propriamente dita (tempo t=t).Entre os <strong>do</strong>is atos a evolução temporal da função <strong>de</strong> onda <strong>do</strong> quanton, q, égovernada formalmente pela sua equação <strong>de</strong> Schrodinger. Genericamente, o pacotet q éi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> a "mistura" ou superposição <strong>de</strong> todas as possibilida<strong>de</strong>s referentes à variávelque se quer medir. No caso em tela, esse mar <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s só tem duas "gotas" ouresulta<strong>do</strong>s possíveis, cada um <strong>de</strong>scrito por sua amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>, 1'4 e n. Dai,cada elétron é admiti<strong>do</strong> ser <strong>de</strong>scrito pela mesma função <strong>de</strong> onda:9 aT IT +d. L lk4/


360Uma vez que t e 1. 4 são fixadas, a equação <strong>de</strong> Schrodinger <strong>do</strong> spin eletrônicosz governará a variação temporal <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is coeficientes lineares acima. O medi<strong>do</strong>r Mz éum campo magnético apropria<strong>do</strong> para registrar "spin para cima" ou "spin para baixo" todavez que um elétron é por ele <strong>de</strong>svia<strong>do</strong> em t=t. O medi<strong>do</strong>r Mz propicia pois o colapso <strong>do</strong>pacote 1' q em uma das duas possibilida<strong>de</strong>s: imediatamente após uma medida o elétron é<strong>de</strong>scrito por 1 ou y' y . Geralmente, uma seqüência <strong>de</strong> tais medidas INDIVIDUAIS eALEATÓRIAS, mas toman<strong>do</strong>-se um número suficientemente gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidasverifica-se que a FREQUÊNCIA <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is resulta<strong>do</strong>s 6 proporcional aosrespectivos quadra<strong>do</strong>s, I T I z ou I a 1 , que fornecem portanto PREVISÕESprobabilísticas.Fiel à filosofia NÃO REALISTA <strong>de</strong> Bohr, von Neumann, procuraDEMONSTRAR que o formalismo quantomecânico 6 intrinsecamente incompatível coma postura realista que afirma que os quantons possuem atributos dinâmicos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>spreviamente a um ato <strong>de</strong> medida ("variáveis ocultas"). Em suma:i) quantons não possuem atributos dinâmicos intrínsecos: somente ato <strong>de</strong>medida a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> 6 que "produz" valores DEFINIDOS <strong>de</strong> tais atributos.ii) adicionalmente, essa "produção" é intrinsecamente ALEATÓRIA: "Deusjoga da<strong>do</strong>s" (ao mesmo tempo que os "produz").Temos assim que a interpretação orto<strong>do</strong>xa da MQ fundamenta-se numaconcepção NÃO REALISTA e LOCAL <strong>do</strong>s fenômenos físicos, INCOMPATÍVELportanto com o mo<strong>de</strong>lo perturbacional da medida, acima exposto.O último aspecto que cabe ressaltar nesta teoria da medida 6 o "PRINCÍPIODA COMPLEMENTARIDADE". O formalismo quantomecãnico coloca qualquer par <strong>de</strong>variáveis ou "observáveis", A e B, sob uma bifurcação: ou o comuta<strong>do</strong>r, AB-BA, é zero oudiferente <strong>de</strong> zero. Caso ocorra a segunda alternativa, o par <strong>de</strong> variáveis é dito"complementar":o quanton NÃO po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>scrito por uma q em que AMBOS osobserváveis sejam bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s simultaneamente (através, é claro, <strong>de</strong> medi<strong>do</strong>resa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s a cada um <strong>de</strong>les). É o caso, por exemplo, <strong>do</strong> par <strong>de</strong> componentes <strong>de</strong> spineletrônico s e s .z xE para o caso <strong>de</strong> MAIS <strong>de</strong> um quanton? Von Neumann não foi capaz <strong>de</strong> preverque <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> SUA interpretação não realista, a MQ permitiria "estranhos" efeitos NÃOLOCAIS para agrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> quantons. É somente neste nível que o mo<strong>de</strong>loperturbacional po<strong>de</strong>ria ter um teste crucial <strong>de</strong> VALIDADE, pois até agora s6 fizemosDISTINGUÍ-LO <strong>de</strong> outras interpretações da MQ.


^3613. Correlações Não Locais EPRAté 1964 ainda se podia restringir a disputa Einstein x Bohr - isto é,interpretação realista ou não realista da MQ - a uma questão <strong>de</strong> "paladar" filosófico. Apartir <strong>do</strong> teorema <strong>de</strong> Bell finalmente apareceu uma possibi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> teste experimental <strong>de</strong>interpretações realistas e locais da MO. De um mo<strong>do</strong> simplifica<strong>do</strong> po<strong>de</strong>-se dizer que talteorema lida com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correlações estatísticas não-locais entre <strong>do</strong>is ou maisquantons: mais precisamente, sempre que tais correlações oco rrem o teorema prevê umExcesso so<strong>br</strong>e correlações máximas entre partículas permitidas por Qualquer teo riaLOCAL, clássica ou quântica. Por outro la<strong>do</strong>, aquelas correlações NÃO LOCAISenvolveriam transmissão <strong>de</strong> informação entre quantons com velocida<strong>de</strong> MAIOR que a daluz, ou seja, uma verda<strong>de</strong>ira "ação a distância" (ou então, para se evit ar o sacio dalocalida<strong>de</strong>, ter-se-ia que aban<strong>do</strong>nar necessa riamente a "realida<strong>de</strong>").Experimentos refinadíssimos realiza<strong>do</strong>s pelo francês A. Aspect e pub lica<strong>do</strong>s em1982 confirmam a existência <strong>de</strong>stas correlações "excessivas" entre quantons, <strong>de</strong>nominadascorrelações EPR (Einstein-Po<strong>do</strong>vky-Rosen). São correlações universais e cinemáticas, <strong>do</strong>ponto <strong>de</strong> vista quantomecãnico. Conclui-se que na medida em que o mo<strong>de</strong>loperturbacional da medida em MO e REALISTA e LOCAL, <strong>de</strong>ve ser rejeita<strong>do</strong>.Interpretações realistas e ( portanto NECESSARIAMENTE) não locais da MQa<strong>br</strong>em a porta para comunicações mais rápidas que a luz. No entanto, ainda quefisicamente realizáveis, tais comunicações NÃO nos permitiriam transmissão organizada<strong>de</strong> informações <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à natureza aleatória <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> medidas individuais em MQ(Herbert, 1989).Os a<strong>de</strong>ptos <strong>do</strong> realismo clássico (ver item 1 acima para <strong>de</strong>futição <strong>de</strong>sta espécie<strong>de</strong> realismo) po<strong>de</strong>riam sentir-se alivia<strong>do</strong>s, pois parece que sua opção ainda po<strong>de</strong> valer emMQ, ainda que com o sacrifício da localida<strong>de</strong>. Mas o que é uma "realida<strong>de</strong> não local"?Primeiramente, frise-se que o conceito <strong>de</strong> "realismo" admite gradações entre o realismoclássico ou "forte" acima <strong>de</strong>scrito no item 1, e o seu oposto extremo, o solipsismo. Mesmoa interpretação <strong>de</strong> Bohr, até aqui <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> "não-realista" (e sua similar, ainterpretação <strong>de</strong> von Neumann) ainda é, a rigor, parcial ou "fracamente" realista(Herbert, 1989). Insistimos, porém, que são duas concepções metafísicas diferentes eexclu<strong>de</strong>ntes entre si. Em segun<strong>do</strong> lugar, seguin<strong>do</strong> Primas, o conceito <strong>de</strong> não-localida<strong>de</strong>dificilmente se coaduna com o conceito que o Oci<strong>de</strong>nte forjou para "objeto" como umente separável espacialmente <strong>do</strong> restante da realida<strong>de</strong>, por um mínimo suficiente <strong>de</strong>tempo ou duração. Daí que o francês d'Espagnat prefere o termo "não separabi lida<strong>de</strong>" emlugar <strong>de</strong> "não localida<strong>de</strong>". Em suma, as correlações espaciais EPR fa riam da MQ umateoria HOLISTICA da realida<strong>de</strong>: o conceito <strong>de</strong> objeto, ou melhor, da parte claramente


362<strong>de</strong>stacada <strong>do</strong> to<strong>do</strong>, SÓ seria possível a partir da ABSTRAÇÃO daquela correlaçõesfísicas. Assim, "objeto" é uma ABSTRAÇÃO DEPENDENTE DO CONTEXTO,contexto este on<strong>de</strong> as correlações EPR po<strong>de</strong>m ser - a nível da precisão almejada -<strong>de</strong>sprezadas. Aqui parece existir excelente material para paralelos místicos e "orientais"com a MQ. Pena - para o misticismo - que em ciência Não parece também existir lugarpara teorias ou interpretações DEFINITIVAS da realida<strong>de</strong>; é o "racionalismo critico" <strong>de</strong>filósofos como Popper e Albert, que pelo famoso critério da falsificabilida<strong>de</strong> impe<strong>de</strong>sempre a "última palavra" ern termos <strong>de</strong> teoria; não é racional (apenas) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r teoriasmas sim criticá-las.4. Trazen<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> isto para a Sala <strong>de</strong> AulaCOMO trazer essa discussão para a sala <strong>de</strong> aula <strong>do</strong> terceiro grau <strong>de</strong> Física?POR QUE trazer essa discussão para a sala <strong>de</strong> aula?Queremos crer que respostas a cada uma <strong>de</strong>stas questões estarão intimamenteim<strong>br</strong>icadas entre si. Não se trata apenas <strong>de</strong> corrigir uma distorção <strong>de</strong> livros-texto. Todatemática acima está sen<strong>do</strong> difundida através <strong>de</strong> excelentes textos <strong>de</strong> divulgação científica e<strong>de</strong> ficção científica ( e ai está em parte a resposta ao "COMO" acima) e a universida<strong>de</strong><strong>br</strong>asileira não parece, salvo excepcionalmente, tomar a <strong>de</strong>vida atenção para essefenômeno <strong>de</strong> final <strong>de</strong> século: a divulgação cada vez maior e mais eficiente <strong>do</strong>s últimosavanços, teóricos e práticos, da ciência para o leigo. Assim, não estariamos apenasameaça<strong>do</strong>s - na universida<strong>de</strong> - pela obsolescência tecnológica mas também por umaespécie <strong>de</strong> obsolescência conceitual.ReferênciasJ.S. Bell, Physics, 1,195(1964)G. CasteIlan, Physical Chemistry, Addison-Wesley, 1971M. Bunge, Interpretation and Truth, D.Rei<strong>de</strong>l, 1974R. Eisberg, Física Quántica, Campus, 1979.H. Primas, Chemistry, Quantum Mechanics and Reductionism, Springer-Verlag, 1981.A. Aspect et al., Phys. Rev.Lett. 49, 1084(1982)N. Herbert, A Realida<strong>de</strong> Quântica, Francisco Alves, 1985.


363Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Fenômenos Físicos Através <strong>de</strong> Textos Provocativos e Ativida<strong>de</strong>sExperimentais Complementares, com Resolução Heurística <strong>do</strong> ProblemasFundamentaisLuiz Carlos Gomes e Lilian Nalepinski - Escola Estadual <strong>de</strong> 2° Grau Manoelito <strong>de</strong>Ornellas - Porto Alegre,RSAs dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pelos alunos <strong>de</strong> 2° Grau <strong>do</strong> curso noturno, que vão<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a falta <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s suficientes para a manipulação <strong>de</strong> incógnitas matemáticas atéo <strong>de</strong>sinteresse pelos conteú<strong>do</strong>s específicos da Física, os quais estão <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seusinteresses profissionais, levou-nos à elaboração <strong>de</strong> textos provocativos e insinuantes <strong>do</strong>absur<strong>do</strong> frente ao senso comum.Estes textos foram trabalha<strong>do</strong>s em turmas <strong>de</strong> 2° séries <strong>de</strong> 2° grau após <strong>de</strong>batesesclarece<strong>do</strong>res com os alunos, frente às dificulda<strong>de</strong>s encontradas. Diante disso, <strong>do</strong>iscaminhos nos pareceram imediatos: a) ou fazíamos um trabalho mais fundamental, a nível<strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s e operações mentais, visan<strong>do</strong> uma formação que superasse todas asdificulda<strong>de</strong>s so<strong>br</strong>e conteú<strong>do</strong>s vistos anteriormente em outras séries ou cursos; b) oupartíamos para o conhecimento <strong>do</strong>s fenômenos <strong>de</strong> outra m aneira, preocupan<strong>do</strong>-nossomente com a "cultura científica" e não com o formalismo e o rigorismo matemático dasequações.A segunda possibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> parecer incoerente, uma vez que os alunosapresentem tantas dificulda<strong>de</strong>s, principalmente no uso da matemática. Porém, emboraexistisse todas as dificulda<strong>de</strong>s apontadas anteriormente, verificamos que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntedas habilida<strong>de</strong>s matemáticas, os alunos sempre estavam dispostos a discutirqualitativamente os fenômenos e os <strong>de</strong>safios propostos, chegan<strong>do</strong> na maioria das vezes aresulta<strong>do</strong>s corretos <strong>de</strong> maneira heurística e não tanto formal.Foram expostos pelos professores os prováveis resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste trabalho frente,por exemplo, a uma <strong>de</strong>ficiência das habilida<strong>de</strong>s matemáticas, caso o sujeito mais tar<strong>de</strong>resolvesse fazer um exame vestibular, e outras, tais como a não compreensão <strong>de</strong>fenômenos que necessitavam ser <strong>de</strong>scritos quase que unicamente por resulta<strong>do</strong>snuméricos. Após as turmas <strong>de</strong>baterem e solicitarem um segun<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>, o projeto foileva<strong>do</strong> à direção da Escola que o aprovou.Como sugestão <strong>do</strong>s próprios alunos, ainda, a avaliação foi realizada da seguinteforma: num primeiro momento, o professor distribui o texto em aula para leitura,interpretação e discussão, sen<strong>do</strong> que a avaliação <strong>de</strong>sta etapa daria ao aluno condições <strong>de</strong>alcançar até a nota 6,5 (que é a média <strong>de</strong> aprovação); num segun<strong>do</strong> momento, seriaentregue ao aluno uma folha <strong>de</strong> problemas so<strong>br</strong>e o assunto, o que permitiria ao alunoalcançar nota 10. A resolução <strong>do</strong>s problemas ficava rest rita aos espaços vagos em sala <strong>de</strong>


364aula e em casa nos fins <strong>de</strong> sem ana, ten<strong>do</strong> os professores disposição para orientar so<strong>br</strong>e asformas <strong>de</strong> resolução, prováveis equações a serem utilizadas, verificar erros, acertos, etc,em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s da semana.Basicamente, os textos propostos para os alunos são textos simples, escritos <strong>de</strong>tal maneira que cada parágrafo, cada linha, provoque dúvidas e interesses que possamtornar-se gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> discussões específicas so<strong>br</strong>e um ou vários assuntos. Os textosseguintes sempre são <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> discussões <strong>de</strong> textos ante riores, ou sugerin<strong>do</strong> novoscaminhos <strong>de</strong> raciocínio através <strong>de</strong> outros fenômenos ou abordan<strong>do</strong> em profundida<strong>de</strong>outros pontos que passaram in<strong>de</strong>léveis anteriormente.Como já dissemos, normalmente o texto aborda uma situação absurda para arealida<strong>de</strong> ou senso comum <strong>do</strong> aluno. O motivo que nos levou a escrever <strong>de</strong>ssa forma, é ofato das pessoas se fascinarem mais pelo realismo fantástico <strong>do</strong> que pelas verda<strong>de</strong>s f riasda ciência. Isto é, quan<strong>do</strong> propomos um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Astronomia, as pessoas estão maisinteressadas em saber se há vida em outros planetas <strong>do</strong> que <strong>de</strong>terminar órbitas,excentricida<strong>de</strong>s, temperaturas, radiações, etc.A estratégia <strong>de</strong> trabalho em sala <strong>de</strong> aula constou das seguintes etapas:a) leitura individual pelos alunos para reconhecimento <strong>do</strong> assunto;b) leitura em voz alta pelo professor com o objetivo <strong>de</strong> fornecer a entonaçãonarrativa <strong>do</strong> texto, bem como a pronúncia <strong>de</strong> termos específicos, tais como nomespróprios, simbolos, etc;c) pesquisa <strong>de</strong> termos <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s e discussão <strong>de</strong> seus significa<strong>do</strong>s;d) discussão <strong>do</strong>s fenômenos, parágrafo por parágrafo, com as respectivasinterpretações pelos alunos e explicações via quadro-negro ou ativida<strong>de</strong>s expe rimentaisem laboratório;e) solicitação <strong>de</strong> outras interpretações e evidências tiradas <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong> alunoe que não estejam expostas no texto;f) proposição <strong>de</strong> leituras em livros e revistas so<strong>br</strong>e o assunto discuti<strong>do</strong>(normalmente, nós professores levamos as revistas e livros so<strong>br</strong>e os assuntos, uma vez queos alunos não dispõem <strong>de</strong> literatura a<strong>de</strong>quada em casa e a escola não dispõe <strong>de</strong> bibliotecaem funcionamento);g) solicitação <strong>de</strong> material escrito e elabora<strong>do</strong> pelo aluno envolven<strong>do</strong> osfenômenos já estuda<strong>do</strong>s, bem como sugestões para novos assuntos para os textosseguintes.Queremos salientar que durante to<strong>do</strong> o processo o aluno é solicita<strong>do</strong> a trabalhar<strong>de</strong> tal forma a sempre estar utilizan<strong>do</strong> suas habi lida<strong>de</strong>s mentais. Mesmo nos trabalhosindividuais <strong>de</strong> avaliação específica são dadas situações novas, on<strong>de</strong> ele é soli cita<strong>do</strong> ai<strong>de</strong>ntificar, aplicar conhecimentos ante riores, fazer comparações <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os níveis,


365estabelecer implicações, avaliar e elaborar trabalho próprio, on<strong>de</strong> a expressão verbal eescrita tem bastante peso no processo <strong>de</strong> avaliação.A seguir, apresentamos os títulos <strong>do</strong>s textos trabalha<strong>do</strong>s nos últimos bimestres<strong>de</strong>ste ano, bem como conteú<strong>do</strong>s aborda<strong>do</strong>s.1. 0 SIMULTÂNEO E O INSTANTÂNEO: as noções <strong>de</strong> instantaneida<strong>de</strong> esimultaneida<strong>de</strong>; a velocida<strong>de</strong> da luz; noções <strong>de</strong> relativida<strong>de</strong>; o ano-luz.2. COMO NÃO LEVAR UM TIRO E NÃO OUVIR UM SOM: noções <strong>de</strong> relativida<strong>de</strong>das velocida<strong>de</strong>s; a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> som.3. A ETERNIDADE DO TEMPO: aprofundamento das noções relativisticas; ocongelamento <strong>do</strong> tempo; futurística; viagem no tempo.4. PARA OUVIR UMA MÚSICA AO CONTRÁRIO: o som como onda; velocida<strong>de</strong>ssupersônicas e subsônicas; número Mach; frentes <strong>de</strong> ondas; freqüência; o Hertz.5. O QUE DIFERENCIA OS SONS GRAVES E AGUDOS: comprimento <strong>de</strong> onda;som audível, infrasom e ultrasom; relativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> grave e <strong>do</strong> agu<strong>do</strong>.6. PODERIA O PAVAROTTI TER UMA VOZ TAO AGUDA QUANTO A BARBRASTREISAND?: efeito Doppler; relativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> grave e <strong>do</strong> agu<strong>do</strong>.7. OS OBJETOS TÊM AS CORES QUE REALMENTE VEMOS?: efeito Doppler paraa luz; radiações eletromagnéticas; <strong>de</strong>slocamento para o vermelho e para o violeta;velocida<strong>de</strong> das estrelas.8. CONSTRUA SEU PRÓPRIO INSTRUMENTO MUSICAL: escalas musicais;acor<strong>de</strong>s, gama; freqüências musicais; tom e semi-tom; inte rvalos; construção <strong>de</strong> umamarimba simples.Uma Proposta para a 1 0 Série <strong>de</strong> II GrauNilce Azeve<strong>do</strong> SoaveO trabalho apresenta<strong>do</strong> nas fotografias e no ví<strong>de</strong>o é resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>trabalho em 5 turmas da P série <strong>do</strong> II grau da Escola Estadual Pres. Costa e S ilva, <strong>de</strong>Porto Alegre, RS on<strong>de</strong> a professora <strong>de</strong> Física é Nilce Azeve<strong>do</strong> Car<strong>do</strong>so Soave.


366O conteú<strong>do</strong> central <strong>de</strong>sta série é a noção <strong>de</strong> campo porque este conceito tempapel central na Física contemporânea. O ensino <strong>de</strong> Física é inicia<strong>do</strong> com as várias noções<strong>de</strong> Universo. Os alunos obse rvam o céu, vão ao Planetário e lêem so<strong>br</strong>e o geocentrismo eo heliocentrismo conhecen<strong>do</strong> as visões <strong>de</strong> Aristóteles, Ptolomeu, Tycho Brahe, Copérnico,Galileu, Newton, Kepler, Einstein chegan<strong>do</strong> à visão atualizada <strong>do</strong> Universo. Ao longo <strong>de</strong>cinco anos pô<strong>de</strong>-se constatar que esta introdução da Física via Astronomia é estimulante,interessante e <strong>de</strong>sperta a curiosida<strong>de</strong> científica bem como dá ao professor a opo rtunida<strong>de</strong><strong>de</strong> conhecer as várias visões <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estudantes. Neste momento o professor po<strong>de</strong>planejar o ano letivo, já conhecen<strong>do</strong> os conceitos intuitivos, bem como os escolariza<strong>do</strong>sque trazem, saben<strong>do</strong> com quais estruturas lógico-matemáticas contam e em que nível <strong>de</strong>pensamento científico se encontram.O clima na sala <strong>de</strong> aula, com duas aulas semanais é <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, com troca <strong>de</strong>informações, <strong>de</strong>bates em pequenos grupos e seminários. Forma-se assim uma situação <strong>de</strong>ensino-aprendizagem baseada na curiosida<strong>de</strong>, na disciplina científica on<strong>de</strong> o critério daverda<strong>de</strong> é a dúvida. As leituras serão fundamentais e os <strong>de</strong>bates imprescindíveis para umare-elaboração <strong>de</strong> noções <strong>de</strong> Física.Cria<strong>do</strong> um clima <strong>de</strong> confiança e <strong>de</strong> interação professor-aluno, indispensável parao processo <strong>de</strong> aprendizagem é possível continuar a construir ou re-construir osconhecimentos.Ao trabalharem com as leis <strong>de</strong> Kepler os estudantes tomam contato com váriostipos <strong>de</strong> trajetórias, apren<strong>de</strong>m a diferenciar um círculo <strong>de</strong> uma elipse e a construí-losartesanalmente com taxinhas e barbante. Também a difícil noção <strong>de</strong> área no espaço,como po<strong>de</strong> ser visto nas fotos, foram usa<strong>do</strong>s confetes para preencher e construir áreasiguais. Neste momento eles se perguntam se a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s pl anetas é constante, noçãoque trazem, na maio ria das vezes. Com o estu<strong>do</strong> da Lei da Gravitação Universal po<strong>de</strong>mcompreen<strong>de</strong>r melhor porque tu<strong>do</strong> isto acontece.Após o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> campo gravitacional e da força gravitacional iniciou-se oestu<strong>do</strong> das <strong>de</strong>mais forças. Apesar <strong>de</strong> conviverem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nascem com a noção <strong>de</strong> pesopo<strong>de</strong>mos ver que muitos alunos trazem o conceito <strong>de</strong> Terra achatada e não arre<strong>do</strong>ndada,quan<strong>do</strong> pedimos que <strong>de</strong>senhem a queda <strong>do</strong>s corpos consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a Terra numa formageói<strong>de</strong>, vista por um observa<strong>do</strong>r fora <strong>de</strong>la. Observa-se que alguns consi<strong>de</strong>ram que oscorpos to<strong>do</strong>s caem, mesmo os que se encontram numa posição em que subiriam (no<strong>de</strong>senho em que to<strong>do</strong>s os corpos são puxa<strong>do</strong>s para o centro <strong>do</strong> planeta).São trabalhadas situações concretas <strong>de</strong> forças gravitacionais, tensões, atrito,empuxo <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> e analisan<strong>do</strong> situações da vida diária e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> físico que po<strong>de</strong>mobservar. Muitas vezes trazem outras forças para serem analisadas como a força <strong>do</strong>


367pensamento movimentan<strong>do</strong> objetos e outros fen8menos que vêem em televisão, cinemaou em revistas com Planeta e Ufologia. Se quisermos conceituar, não po<strong>de</strong>remos serpreconceituosos, caso contrário, não serão trazi<strong>do</strong>s para a sala <strong>de</strong> aula os conceitos querealmente existem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas visões <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>.Após as leis <strong>de</strong> Kepler serão então trabalhadas as leis <strong>de</strong> Newton quan<strong>do</strong> são<strong>de</strong>scritas as situações <strong>do</strong> cotidiano, analisadas e <strong>de</strong>senhadas. A recuperação dacriativida<strong>de</strong>, da percepção, da observação e análise po<strong>de</strong>mos ver através <strong>do</strong>s <strong>de</strong>senhos dainércia <strong>do</strong>s corpos, das forças <strong>de</strong> ação e reação e <strong>de</strong> forças causan<strong>do</strong> aceleração. E precisotrabalhar com cuida<strong>do</strong> porque são conceitos difíceis, que dur ante séculos na Históriaforam confundi<strong>do</strong>s. Po<strong>de</strong>mos obse rvar que estes conceitos levam tempo para seremadquiri<strong>do</strong>s e necessitam muitas situações-problema <strong>de</strong>sequili<strong>br</strong>a<strong>do</strong>ras para que cheguem ànoção <strong>de</strong> que a força resultante causa modificação no movimento <strong>do</strong>s corpos.Diferenciam após, as gran<strong>de</strong>zas escalares e vetoriais e fazem operações comelas. E preciso atentar que o conceito <strong>de</strong> medida não <strong>de</strong>ve ser da<strong>do</strong> como conheci<strong>do</strong> bemcomo o <strong>de</strong> erro. Até o uso da régua e <strong>do</strong> cronômetro <strong>de</strong>ve ser ensina<strong>do</strong> para que possamefetuar corretamente as medidas nas experiências. Fazem gráficos e analisam gran<strong>de</strong>zasdireta e inversamente proporcionais.O estu<strong>do</strong> da Dinâmica, resolven<strong>do</strong> problemas diversos, enfatizan<strong>do</strong> explicaçõesfísicas e não resolven<strong>do</strong> problemas on<strong>de</strong> a dificulda<strong>de</strong> matemática possa impedir a análisefísica <strong>do</strong> fenômeno trabalha<strong>do</strong> é uma boa base para o ensino <strong>de</strong> Física. O movimento, sua<strong>de</strong>scrição, explicações e causas permearam to<strong>do</strong> o trabalho até então, mas no 4° bimestreé possível passar ao estu<strong>do</strong> sistemático <strong>do</strong>s Movimentos Uniformes e Acelera<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>sMovimentos Curvilíneos e os Retilíneos, com <strong>de</strong>scrições qualitativas e resoluções <strong>de</strong>problemas.Ao longo <strong>do</strong> ano os alunos leram e trouxeram para a sala <strong>de</strong> aula noticias <strong>de</strong>jornais, revistas para aumentarem seu compromisso com suas vidas, com a naturezainserin<strong>do</strong>-se numa luta <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong>sta natureza e passan<strong>do</strong> a ser sujeitos <strong>de</strong> suahistória. E um trabalho <strong>de</strong> conscientização ecológica que vai sen<strong>do</strong> feito à medida quelêem, discutem e criam soluções para suas vidas e da comunida<strong>de</strong> em geral, com açõeslocalizadas.O trabalho feito durante o ano é apresenta<strong>do</strong> pelos alunos numa Exposição quecompreen<strong>de</strong>: 1° Experiências <strong>de</strong> Dinâmica e Cinemática; 2° Maquetes so<strong>br</strong>e Astronomiae Mostra Ecológica; 3° Ca rtazes so<strong>br</strong>e as propostas para a preservação <strong>do</strong> Meio Ambientee melhoria <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> cidadão, so<strong>br</strong>e a matéria <strong>de</strong> Física trabalhada dur ante o ano e umavisão atualizada <strong>do</strong> Universo. Neste ano trouxeram experiências so<strong>br</strong>e Inércia, Forças,Ação e Reação, Movimento Retilíneo Univerforme, Movimento RetilíneoUniformemente Varia<strong>do</strong> - Plano inclina<strong>do</strong> e Queda livre.


368Na Mostra Ecológica trouxeram maquetes com uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novo tipo,respeitan<strong>do</strong> a vida, criticas às conseqüências da Energia Nuclear em cida<strong>de</strong>s próximas auma usina atômica e após uma explosão nuclear. Disseram não à Energia Nuclear e aoProjeto Atômico Brasileiro e exigiram uma liberação das informações à comunida<strong>de</strong> etrouxeram uma proposta que o nuclear esteja sob controle da socieda<strong>de</strong> civil através <strong>de</strong>suas associações e sindicatos. Também levantaram algumas possibi lida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reciclagem<strong>do</strong> lixo caseiro e vários chama<strong>do</strong>s à preservação <strong>de</strong> nossas matas e <strong>de</strong> nossas vidas.Nesta Exposição po<strong>de</strong>mos observar no vi<strong>de</strong>o, que os alunos se empenham comentusiasmo e alegria, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o prazer no apren<strong>de</strong>r e no po<strong>de</strong>r mostrar o queapren<strong>de</strong>ram.A professora ao analisar os trabalhos apresenta<strong>do</strong>s em pequenos grupos faz aavaliação em situação <strong>de</strong> aprendizagem. Este trabalho é apresenta<strong>do</strong> um mês antes dasprovas forais que são individuais. Há tempo ainda <strong>de</strong> uma retomada <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s quenecessitarem um trabalho maior. Também pelo resumo apresenta<strong>do</strong> é possível sabercomo foi o processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> alunos.Concluin<strong>do</strong> po<strong>de</strong>mos ver que com esta proposta dinâmica e <strong>de</strong>mocrática há umacrescente interação professor-aluno e aluno-aluno possibilitada pelo trabalho empequenos grupos, com propostas <strong>de</strong> situações-problemas sempre relacionadas com a vida<strong>do</strong>s alunos. As aulas são agradáveis, alegres, <strong>de</strong>scontraídas facilitan<strong>do</strong> então a aquisição<strong>de</strong> novos conhecimentos.O professor <strong>de</strong>ve partir <strong>do</strong> pressuposto que o aluno não entra vazio mas traz suacultúra e esta tem que ser levada em conta para que sejam possíveis novas aprendizagens,revisões <strong>de</strong> conceitos e mudança <strong>de</strong> vida. As aulas <strong>de</strong> Física se tornam, assim,prolongamento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> cada aluno em particular. Os alunos com esta propostainterativa e criativa po<strong>de</strong>m vencer um <strong>de</strong>scrédito <strong>de</strong> si mesmos que adquiriram no I graue na vida e compreen<strong>de</strong>rão que a Física é o seu dia-a-dia explica<strong>do</strong>, que nunca obterãotodas as respostas porque aparecerão sempre novas perguntas e que a busca das respostasdá senti<strong>do</strong> em suas vidas.Mas tu<strong>do</strong> isto s6 será possível se o(a) professor(a) gostar <strong>do</strong> que faz, gostar <strong>de</strong>ser professor(a) e fazer <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> ensinar um ato profundamente prazeiroso porque seráum professor-pesquisa<strong>do</strong>r e estará fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> interação professor-aluno seuobjeto <strong>de</strong> pesquisa e sentir-se-á sujeito <strong>de</strong> sua história.


369Referências1) Alvarenga, Beatriz, Máximo, Antônio - Física livro texto recomenda<strong>do</strong>.2) Revistas Ciência Hoje, Super Interessante, Planeta.3) Manual <strong>de</strong> Laboratório - Física Experimental I e II da UFRGS - 1980.4) Um programa <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s so<strong>br</strong>e tópicos <strong>de</strong> Física para 8° série, I grau.Textos <strong>de</strong> apoio ao professor <strong>de</strong> Física n o 1, 1990 - Grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> - UFRGS5) Ca<strong>de</strong>rnos Catarinenses6) Robilotta, Manoel Roberto - Construção e Realida<strong>de</strong> no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física - USP,1985.7) Galilei, Galileu - Ciência e fé.8) Frota-Pessoa, Oswal<strong>do</strong> - Como ensinar ciências na era da contestação - Ciência eCultura, 19859) Landau, L., Rumer, Y. - Como es la teoria <strong>de</strong> la relativida<strong>de</strong>10) Piaget, J. e Garcia, Rolan<strong>do</strong> - Psicogenesis e história <strong>de</strong> la ciência. México, 198211) Piaget, J. - A tomada <strong>de</strong> consciência12) Piaget, J. - Fazer e Compreen<strong>de</strong>r13) Vygotsky - A formação social da mente14) Ga<strong>do</strong>tti -Concepção dialética da educação15) Ga<strong>do</strong>tti - Educação e compromisso16) Freire, Paulo - Educação como prática da liberda<strong>de</strong>17) Capra, Fritjof - O tao da Física18) Capra, Fritjof - Sabe<strong>do</strong>ria incomum19) Brandão, Carlos Rodrigues - A educação como cultura20) Garcia, Rolan<strong>do</strong> - Conceptos básicos para el estudio <strong>de</strong> sistemas complexos. Capitulo<strong>de</strong>l li<strong>br</strong>o Los Problemas <strong>de</strong>l Conocimiento y Ia Perspectiva Ambiental - Enrique Leff,Editor Siglo XXI, 1986.Reações da Comunida<strong>de</strong> Escolar à Inovação(1)Garri<strong>do</strong>, E.; Carvalho, A.M.P.; Campos, G.; Castro, R.S.; Espinosa, R.; Gosciola, V.;Labuto, C.E.; Nascimento, L.; Silva, D. e Teixeira, O.P.B.IntroduçãoA literatura tem ressalta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, a importância da escola enquantocontexto que <strong>de</strong>limita e configura as condições concretas <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> professor(1)Este trabalho é parte <strong>de</strong> um projeto financia<strong>do</strong> pela FAPESP e BID


gl/370(EZPELETA & ROCKWELL, 1988) e, <strong>de</strong> outro, a resistência da instituição escolar àspropostas pedagógicas inova<strong>do</strong>ras (SPINDLER, 1988).Na medida em que uma prática alternativa modifica a rotina estabelecida eintroduz novas formas <strong>de</strong> interação social po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma ameaça ao "statusquo, sen<strong>do</strong> por isso minimizada, isolada, distorcida ou até mesmo s<strong>usp</strong>ensa. SANTOS(1987) observa, entretanto, que há escolas mais abertas às mudanças. São instituiçõescujos mem<strong>br</strong>os se sentem valoriza<strong>do</strong>s, participam das <strong>de</strong>cisões, trabalham <strong>de</strong> forma maiscooperativa e on<strong>de</strong> os conflitos e tensões não constituem a marca das relações usuaisentre as pessoas.Assim, ao se testar uma nova proposta pedagógica, além da preocupação com aseventuais adaptações visan<strong>do</strong> ao aprimoramento <strong>do</strong> projeto, é preciso estar atento areações que po<strong>de</strong>m comprometer os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s. Daí nosso interesse emelucidar os significa<strong>do</strong>s e os valores que os agentes da comunida<strong>de</strong> escolar po<strong>de</strong>riamatribuir à inovação introduzida num Curso <strong>de</strong> Termodinâmica, em fase <strong>de</strong>implementação. Basea<strong>do</strong> na perspectiva psicogenética, o programa consistesubstancialmente no planejamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> conflitos cognitivosnecessários à construção, pelo aluno, <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> calor e temperatura. O curso<strong>de</strong>stina-se a a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> 2° grau e tem a duração <strong>de</strong> um semestre letivo. Foielabora<strong>do</strong> pelo Grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da Física da FEUSP, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por Anna MariaCarvalho e faz parte <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> investigação mais amplo so<strong>br</strong>e "a formação <strong>do</strong>sconceitos <strong>de</strong> calor e temperatura", ainda não publica<strong>do</strong>.As manifestações que observamos em <strong>do</strong>is contextos institucionais têm seucontraponto em outro relato feito por NASCIMENTO e cols., publica<strong>do</strong> também nestenúmero com o título <strong>de</strong> "O impacto no professor durante o processo <strong>de</strong> inovação". Ummesmo projeto conduzi<strong>do</strong> por diferentes professores, em diferentes realida<strong>de</strong>s escolaresprovocou reações muito diversas.Procedimentos Meto<strong>do</strong>lógicosA investigação teve caráter interpretativo. Esse tipo <strong>de</strong> abordagem tambémchama<strong>do</strong> <strong>de</strong> pesquisa participante etnográfica ou qualitativa caracteriza-se pela obtenção<strong>de</strong> informação através <strong>de</strong> interação relativamente intensa e prolongada com aqueles queestão sen<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>s (ERICKSON, 1978).Registramos praticamente todas as sessões nas classes em que o projeto foi<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. O curso foi também integralmente vi<strong>de</strong>ograva<strong>do</strong>. Observamos aulas dadaspor outros professores nessas mesmas classes. Participamos <strong>de</strong> reuniões <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong>momentos <strong>de</strong> lazer. Levantamos <strong>do</strong>cumentos da instituição e materiais diversos (ca<strong>de</strong>rnos


371<strong>de</strong> alunos, textos, provas...). Entrevistamos diretores, orienta<strong>do</strong>res, professores,funcionários e alunos. Finalmente, um questionário estrutura<strong>do</strong> ofereceu-nos da<strong>do</strong>scomplementares so<strong>br</strong>e o aluno, sua fami lia, seus interesses e projetos, suas relações comos professores, os colegas e a vida escolar, so<strong>br</strong>e o valor atribuí<strong>do</strong> às ativida<strong>de</strong>s econteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s em cada disciplina e so<strong>br</strong>e a proposta <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> física.Amostra <strong>de</strong> EscolasSolicitamos autorização para <strong>de</strong>senvolver o projeto em 5 colégios, 3 públicos e 2particulares. A direção <strong>de</strong> uma escolas públicas, sediada na periferia <strong>de</strong> São Paulo,recusou-se sequer a tomar conhecimento <strong>do</strong> programa. O curso acabou sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong> por 4professores, nessas 4 escolas, em uma <strong>de</strong> suas turmas <strong>de</strong> 2° grau, dur ante to<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong>semestre letivo.Colhemos da<strong>do</strong>s junto às duas instituições <strong>do</strong> governo. Elas diferem quanto àsinstalações, a estrutura administrativa e quanto ao número e tipo <strong>de</strong> clientela queaten<strong>de</strong>m.A ESCOLA 1 está ligada a um centro <strong>de</strong> pesquisa. Localiza-se num bairroresi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> classe alta. A construção é simples. Os ambientes são amplos, areja<strong>do</strong>s,claros e alegres. Além da bibiloteca, possui laboratórios <strong>de</strong> línguas, <strong>de</strong> ciências, <strong>de</strong> artesplásticas e industriais e todas as facilida<strong>de</strong>s para a prática espo rtiva. Há também umterreno <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à ativida<strong>de</strong> agrícola.O colégio tem mais <strong>de</strong> 30 anos, mas o 2° grau s6 foi aberto em 1985. Cada umadas onze séries tem duas turmas com aproximadamente 30 alunos por classe. Em 1990contava com 681 estudantes. No perío<strong>do</strong> da manhã funcionam as 4 primeiras séries <strong>do</strong> 1°grau e o 2° grau. A tar<strong>de</strong> funcionam as 4 últimas sé ries <strong>do</strong> 1° grau.Conta atualmente com serviço <strong>de</strong> orientação educacional. A coor<strong>de</strong>naçãopedagógica também é recente. E exercida por um professor, eleito entre os colegas.Professores, alunos e pais pa rticipam <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>cisório. A rotativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> corpo<strong>do</strong>cente é baixa e seus mem<strong>br</strong>os são qualifica<strong>do</strong>s. Alguns têm título universitário, váriosfreqüentam cursos <strong>de</strong> pós-graduação ou <strong>de</strong>senvolvem projetos <strong>de</strong> pesquisa em suasclasses. E os novos professores são seleciona<strong>do</strong>s por concurso. Po<strong>de</strong>-se dizer que o nível<strong>de</strong> ensino é bom, toman<strong>do</strong>-se como base o índice <strong>de</strong> terceiranistas que entram direto naUSP (25% em 1990). Pre<strong>do</strong>mina na escola um clima <strong>de</strong> cordialida<strong>de</strong> e envolvimento como trabalho <strong>de</strong> ensinar.A turma que a<strong>br</strong>igou o projeto <strong>de</strong> Física era uma 1' série <strong>do</strong> 2° grau, constituída<strong>de</strong> 30 a<strong>do</strong>lescentes, 18 <strong>do</strong> sexo masculino e 12 <strong>do</strong> feminino, com média etária <strong>de</strong> 15 anos e


372meio. Era um grupo heterogêneo <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista acadêmico e sócio-econômico.Praticamente to<strong>do</strong>s os rapazes já haviam repeti<strong>do</strong> uma série. Em compensação, a maioriadas moças era bastante aplicada aos estu<strong>do</strong>s. Nenhum <strong>de</strong>sses alunos trabalhava. Amaioria (65%) pertence a famílias cujo pai tem nível superior <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>; 10% tem2° grau; 7% 1° grau e 17% tem apenas o curso primário. Meta<strong>de</strong> das mães trabalha,exercen<strong>do</strong> profissões <strong>de</strong> nível superior.A classe apresentou problemas <strong>de</strong> interação social: um, menos aparente,caracterizou-se pela cisão das meninas em <strong>do</strong>is grupos competitivos aca<strong>de</strong>micamente;outro, bastante manifesto, referia-se à indisciplina em sala <strong>de</strong> aula, provocada porrapazes. No segun<strong>do</strong> semestre tais distúrbios praticamente <strong>de</strong>sapareceram. Ocomportamento mais adapta<strong>do</strong> parece ter si<strong>do</strong> conseqüência da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperaras notas, <strong>do</strong> amadurecimento, da <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong>sses jovens às ativida<strong>de</strong>s extra-classe(grêmio, representação da turma junto aos órgãos diretivos, competições esportivas,preparo <strong>de</strong> festas...) e da atitu<strong>de</strong> firme e produtiva <strong>do</strong>s professores (cursos signúïcativos,aulas interessantes, exigência acadêmica...).A ESCOLA II está localizada num bairro <strong>de</strong> classe média, pre<strong>do</strong>minantementeresi<strong>de</strong>ncial, próximo <strong>do</strong> centro e servi<strong>do</strong> pelo metrô. Chegou a ter aproximadamente 4500estudantes. Quase meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno, conten<strong>do</strong> quadras e edificações, foi cedi<strong>do</strong> a outroórgão <strong>do</strong> governo. Hoje, a escola possui apenas o prédio central, um jardim <strong>de</strong> entrada eum exíguo pátio cimenta<strong>do</strong> nos fun<strong>do</strong>s. As salas <strong>de</strong> aula são pequenas, mal acomodam os30 a 35 alunos que as utilizam diariamente. O tamanho das carteiras é apropria<strong>do</strong> paracrianças mas não para os a<strong>do</strong>lescentes. De <strong>de</strong>ntro das classes não se po<strong>de</strong> ver o exterior,pois as vidraças foram instaladas próximas <strong>do</strong> teto. Por falta <strong>de</strong> funcionários a limpeza<strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar.Funciona nos três perio<strong>do</strong>s: <strong>de</strong> manhã a<strong>br</strong>iga 593 alunos <strong>de</strong> pré-escola, 1° e 2°graus; à tar<strong>de</strong> estão matricula<strong>do</strong>s 421 estudantes <strong>de</strong> pré-escola e 1° grau; e no noturnofunciona o 2° grau com 620 inscritos. (Total <strong>de</strong> alunos: 1662).Um único diretor, substituí<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong> semestre é o responsável pelaadministração da escola. Não conta com auxiliares técnicos na área <strong>de</strong> orientação ecoor<strong>de</strong>nação pedagógica. Até o último mês <strong>de</strong> aula teve que co<strong>br</strong>ir os três perio<strong>do</strong>s, comevi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sgaste pessoal e para to<strong>do</strong> o sistema. Em compensação, o corpo <strong>do</strong>cente éestável. Vários professores moram no bairro e alguns <strong>de</strong>les são ex-alunos. Talvez issotenha contribuí<strong>do</strong> para estreitar as relações escola-comunida<strong>de</strong>, crian<strong>do</strong> laços eminimizan<strong>do</strong> conflitos. Provavelmente esta seja uma das razões pelas quais a instituiçãoque tem mais <strong>de</strong> 25 anos <strong>de</strong> existência e que já gozou <strong>de</strong> respeitabilida<strong>de</strong> acadêmica,tenha ainda alguma credibilida<strong>de</strong>.


373No 2° grau, chamou-nos a atenção o alto índice <strong>de</strong> evasão e <strong>de</strong> reprovação porfaltas ocorri<strong>do</strong> no primeiro ano (47% nas turmas <strong>do</strong> diurno e 49% no noturno) e nossegun<strong>do</strong>s anos <strong>do</strong> noturno (47%). A taxa <strong>de</strong> reprovação por aproveitamento foi baixa:oscilou entre 0,5 e 4%.Nessa escola, o curso <strong>de</strong> fisica foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> numa classe <strong>de</strong> série, perío<strong>do</strong>noturno. Embora houvesse 54 inscritos, apenas 35 freqüentaram as aulas. Destes, 13 são<strong>do</strong> sexo masculino e 22 <strong>do</strong> feminino, com média etária <strong>de</strong> 20 anos. a maioria mora nobairro ou nas proximida<strong>de</strong>s, 90% trabalha e 70% o faz em tempo integral.Aproximadamente meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse grupo nasceu na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 30% é natural <strong>de</strong>esta<strong>do</strong>s nor<strong>de</strong>stinos e os <strong>de</strong>mais vieram <strong>de</strong> outras regiões <strong>do</strong> Brasil. 25% pertencem afamílias cujo pai tem apenas curso primário, 65% tem 1° ou 2° graus e 20% tem nívelsuperior. Meta<strong>de</strong> das mães trabalha exercen<strong>do</strong> profissões que não requerem muitosconhecimentos técnicos (costureiras, cabeleire iras, comerciárias...). Vimos acima quequase to<strong>do</strong>s os estudantes da amostra trabalham. Entretanto só 50% <strong>de</strong>les cont ribui paraa renda familiar com aproximadamente meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> salário - ganham em geral 3 a 6salários mínimos.Nessa turma <strong>de</strong> 2° série, 73% <strong>do</strong>s alunos já haviam repeti<strong>do</strong> alguma sérieanterior. Apesar disso, ela era consi<strong>de</strong>rada pelo corpo <strong>do</strong>cente a classe menos fraca e amais madura das segundas séries <strong>do</strong> noturno. O grupo caracterizava-se pelo climaamistoso, tranquilo, alegre. Eram bastante participativos em classe. As conversascolaterais dificilmente prejudicavam as aulas. Pareciam ter poucos vínculos com a escola ecom os colegas, quer porque 76% estivessem há apenas um ou <strong>do</strong>is anos no colégio, querporque nenhum <strong>de</strong>les participasse <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s extra-classe, quer ainda porque nãotivessem o hábito <strong>de</strong> se frequentar fora <strong>do</strong> ambiente escolar.Antes <strong>de</strong> apresentarmos as representações <strong>do</strong>s diferentes agentes, gostaríamos<strong>de</strong> ressaltar que em ambas as escolas os professores que conduziram a experiência oraconsi<strong>de</strong>rada, participaram da elaboração <strong>do</strong> projeto. Conheciam bem a escola. Eramrespeita<strong>do</strong>s pelo corpo diretivo, <strong>do</strong>cente e discente. Um <strong>de</strong>les já tinha emprega<strong>do</strong>, comsucesso, a abordagem construtivista em cursos ante riores. To<strong>do</strong>s esses fatores <strong>de</strong>vem terproporciona<strong>do</strong> maior confiança, auto rida<strong>de</strong> e autonomia para <strong>de</strong>senvolverem o trabalho.Vejamos agora como diretores, professores e alunos reagiram à expe riência?Que valor atribuíram a esse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>?Resulta<strong>do</strong>sEm ambas as instituições os DIRETORES mostraram-se receptivos àexperiência. Viam-na não só como uma tentativa promissora <strong>de</strong> melhoria <strong>do</strong> ensino, mas


374como um fator vivifica<strong>do</strong>r na rotina escolar, e como um instrumento para a obtenção <strong>de</strong>feedback valioso ao seu trabalho. Na ESCOLA II, o diretor substituto, por <strong>de</strong>sconhecer arealida<strong>de</strong> humana da organização que ora presidia, mostrou-se cauteloso e distante.Pareceu preocupa<strong>do</strong> em regularizar o dia-a-dia da escola.Nos <strong>do</strong>is colégios, o CORPO DOCENTE não teve conhecimento <strong>do</strong> programa<strong>de</strong> Física a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. Ele não foi objeto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração em nenhuma reunião. NaESCOLA I os professores manifestaram maior varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reações. De mo<strong>do</strong> geralmostraram curiosida<strong>de</strong>, simpatia e certa distância em relação ao projeto e ao observa<strong>do</strong>r.Aqueles a quem pedimos para observar as aulas foram cordiais e cooperativos; poucossentiram-se constrangi<strong>do</strong>s ou inibi<strong>do</strong>s, reagin<strong>do</strong> por vezes <strong>de</strong> maneira crítica à formacomo estava sen<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong> o experimento. Os professores envolvi<strong>do</strong>s em projetosinova<strong>do</strong>res procuraram-nos ansiosos para que observássemos suas classes, necessita<strong>do</strong>s <strong>de</strong>alguém para trocar idéias, compartilhar dúvidas e angústias. Na ESCOLA II poucosmostraram-se hospitaleiros ou cooperativos. O clima era francamente apático. apenas umaproveitou a oportunida<strong>de</strong> para conversar so<strong>br</strong>e alternativas didáticas para o seu curso. Amaioria simplesmente parecia ignorar a presença e a existência <strong>de</strong> uma pesquisa em cursona escola. Nem mesmo os outros professores <strong>de</strong> Física animaram-se a conhecer oprograma e a repensar suas práticas.Os ESTUDANTES valorizaram a proposta <strong>de</strong> ensino da Física, embora as duasamostras tenham ressalta<strong>do</strong> aspectos diferentes <strong>do</strong> curso e tenham manifesta<strong>do</strong> atitu<strong>de</strong>sdivergentes quanto ao significa<strong>do</strong> e alcance das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas em suasrespectivas escolas.Os alunos da ESCOLA I consi<strong>de</strong>raram o 1 0 ano difícil mas altamentesignificativo. Os cursos respon<strong>de</strong>ram a uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses e o fizeram emprofundida<strong>de</strong>: "é como se a cabeça a<strong>br</strong>isse para mil coisas e não apenas para ummundinho como no 1 0 grau"; "aprendi coisas que há muito tempo eu perguntava e nãotinha respostas". Destacaram o trabalho realiza<strong>do</strong> em Biologia, Física, Química eEducação Física. A exceção <strong>de</strong> Português to<strong>do</strong>s os cursos tiveram a preferência <strong>de</strong> um ououtro aluno. Apontaram a qualida<strong>de</strong> didática <strong>de</strong> muitos professores.Os estudantes da ESCOLA II em contraposição, reclamaram <strong>do</strong> ensino fracomas nem por isso fácil, da abordagem excessivamente teórica e sem utilida<strong>de</strong> prática, dasaulas mal preparadas e sem interesse, da <strong>de</strong>smotivação reinante e da falta <strong>de</strong> estímulo àconfraternização escolar (falta <strong>de</strong> grêmio, <strong>de</strong> competições esportivas, <strong>de</strong> festas...) Dessecontexto som<strong>br</strong>io escaparam apenas duas disciplinas: a Física e a Química, dadas porprofessores jovens, entusiasma<strong>do</strong>s, que preparavam suas aulas e explicavam bem amatéria.


375Quanto ao programa experimental da Física, os a<strong>do</strong>lescentes da ESCOLA Ivalorizaram so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> o empenho e o preparo <strong>do</strong> professor, sua clareza expositiva e aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>baterem suas idéias antes <strong>do</strong> professor dar a informarão: "antes <strong>do</strong>professor explicar po<strong>de</strong>mos ter uma primeira idéia da matéria"; apren<strong>de</strong>mos a raciocinare não ficamos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> professor para achar as respostas"; "o professor acompanhamelhor cada aluno e explica <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas dificulda<strong>de</strong>s"; <strong>de</strong>sse jeito é mais fácilapren<strong>de</strong>r"; "apren<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> e o que se apren<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> não é esqueci<strong>do</strong>"...Sugerem mais aulas semanais para aprofundar os conhecimentos. Desejam maior atenção<strong>do</strong> professor às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> síntese. Alguns alunos ressentiram-se <strong>do</strong> ritmo lento: "amatéria <strong>de</strong>mora para ir em frente".Os estudantes da ESCOLA II apontaram o empenho, a disponibi lida<strong>de</strong> e opreparo <strong>do</strong> professor, sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estimular a cu riosida<strong>de</strong> e a participação daclasse, sua clareza expositiva, o clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração e <strong>de</strong> respeito mútuo e aimportância <strong>do</strong> laboratório: "a gente não esquece mais a matéria". A discussão em grupofoi bem trabalhada: "no começo a turma era timida, com o passar <strong>do</strong> tempo se acostumoue o resulta<strong>do</strong> foi proveitoso". A abe rtura intelectual proporcionada pelo curso foi umarevelação: "trouxe aquilo que já estava diante <strong>de</strong> mim e que não conseguia enten<strong>de</strong>r"; "mefez compreen<strong>de</strong>r melhor fatos que acontecem no dia-a-dia"; "sabemos mais so<strong>br</strong>e coisasdas quais tínhamos um conhecimento inferior"..:'Fiquei tão interessa<strong>do</strong> que prestavaatenção a aula e tentei fazer as experiências em casa", "acho que nunca mais vou ter umcurso como esse"...Pe<strong>de</strong>m mais aulas <strong>de</strong> laboratório. Num ambiente tão poucoestimula<strong>do</strong>r, o curso contou freqüentemente com a presença <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> outras séries. Ocurso a<strong>br</strong>iu o laboratório fecha<strong>do</strong> há anos. Seus instrumentos e <strong>de</strong>pendências foramlimpos e arruma<strong>do</strong>s pelo professor e pelos alunos. Os materiais inexistentes, necessáriosao programa foram provi<strong>do</strong>s pela universida<strong>de</strong>.ComentáriosO programa <strong>de</strong> Física foi muito bem recebi<strong>do</strong> por ambas as amostras <strong>de</strong>estudantes. Afirmaram ter aprendi<strong>do</strong> melhor e <strong>de</strong> maneira mais prazeirosa(1). Talvez omérito maior <strong>do</strong> curso tenha si<strong>do</strong> o <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r (ou reacen<strong>de</strong>r?) o prazer da <strong>de</strong>scobe rta,da investigação e da especulação teórica. Os alunos da ESCOLA I, para quem o conceito<strong>de</strong> "autonomia" representava a pedra <strong>de</strong> toque <strong>de</strong> suas reivindicações, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iram quepodiam pensar por si mesmos e que a retomada, pelo professor, das colocações feitas nospequenos grupos constituia momentos impo rtantes <strong>de</strong> enriquecimento intelectual. Osjovens <strong>do</strong> noturno <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iram o prazer da investigação no laboratório e a possibi lida<strong>de</strong><strong>de</strong> examinar as coisas <strong>do</strong> dia-a-dia sob um novo olhar.(1)Uma avaliação mais objetiva <strong>do</strong> aproveitamento, obtida através da comparação entre o<strong>de</strong>sempenho no pré e no pós teste, está sen<strong>do</strong> analisada pelo grupo.


376Foi surpreen<strong>de</strong>nte verificar que vários alunos <strong>do</strong> notu rno, ao expressarem suaapreciação so<strong>br</strong>e o curso, foram sensíveis à concepção construtivista <strong>do</strong> conhecimento,fundamento da proposta programática: "retomamos coisas <strong>do</strong> dia-a-dia so<strong>br</strong>e as quaistínhamos um conhecimento impreciso ou falso"; "conhecemos coisas que sabíamos queexistiam mas não sabíamos explicar"; "to<strong>do</strong>s sentem calor mas nem to<strong>do</strong>s sabem osignifica<strong>do</strong> disso"...A atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> alheamento, <strong>de</strong>sconhecimento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompromisso <strong>do</strong> corpo<strong>do</strong>cente em relação ao projeto, observada nos <strong>do</strong>is contextos organizacionais, po<strong>de</strong> nãoser compromete<strong>do</strong>ra quan<strong>do</strong> o programa está em fase <strong>de</strong> testagem. Ela é, entretanto, umindica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> individualismo e <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> articulação entre as partes <strong>do</strong> sistema, fatoresque contribuem para minimizar a penetração <strong>de</strong> propostas alternativas CAMPOS (1984),GONÇALVES (1984) e SANTOS (1987). Esses autores oferecem sugestões paraestimular a participação e o envolvimento <strong>do</strong>s professores na implementação <strong>de</strong>inovações.Referências BibliográficasCAMPOS, M.M.M. (1984) - Pesquisa participante: possibilida<strong>de</strong>s para o estu<strong>do</strong> da escola.Cad.Pesq.49:63-66.ERICKSON, F. (1978) - Qualitative methods in research on teaching. In: WITTROCK,M.C. (ed) - Handbook of research on teaching, 3rd edition. N.Y., Macmillan, 119-161.EZPELETA, J. & ROCKWELL, E. (1986) - Pesquisa participante. S.Paulo, Cortez:Autores associa<strong>do</strong>s.GONÇALVES, 0 (1984) - Incorporação <strong>de</strong> práticas curriculares nas escolas.Cad.Pesq.49: 55-62.SANTOS, MA.G. (1987) - Organización escolar y investigación educativa. Investigaciónen la Escuela 2:3-13.SPINDLER, G. & SPINDLER, L. (1988) - Roger Hacker and Schünhausen: Fromfamiliar to strange and back again. h: SPINDLER, G. (ed) Doing the ethnography ofschooling. educational anthropology in action. N.Y., Rinehart and Winston 21-46.


377Dificulda<strong>de</strong>s em Apren<strong>de</strong>r Física, no 1 2 Ano <strong>do</strong> 2 0 Grau Noturno em Presi<strong>de</strong>ntePru<strong>de</strong>nte - SPVagner Camarini Alves - FACLPP-UNOESTE - Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte-SPA idéia inicial <strong>de</strong>ste trabalho partiu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procurar novos caminhospara se melhorar o ensino <strong>de</strong> Física, que a cada ano encontra-se mais <strong>de</strong>teriora<strong>do</strong>.Geralmente o professor <strong>de</strong> Física procura técnicas mo<strong>de</strong>rnas para "melhorar" o ensino,mas apenas sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> professor, esquecen<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> ouvir o outro la<strong>do</strong>, oaluno.Por isso, apesar <strong>de</strong> simples e <strong>de</strong> uma amostragem pequena, este trabalho mostraalgumas das principais e mais comuns das dificulda<strong>de</strong>s no aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física, segun<strong>do</strong>relato <strong>do</strong>s próprios alunos.Esta amostragem possui uma representativida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável, pois, pertence aclasse trabalha<strong>do</strong>ra e <strong>de</strong> baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo, on<strong>de</strong> está concentrada a problemática <strong>do</strong>ensino em geral, não apenas em Física.Este levantamento iniciou-se a partir das seguintes hipóteses:a) falta <strong>de</strong> uma base educacional anterior (pré-requisito)b) dificulda<strong>de</strong>s em enten<strong>de</strong>r os conceitos básicos da Fisica.c) dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão <strong>do</strong> professor.d) falta <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> próprio aluno.A 'partir <strong>de</strong>stas hipóteses, foi elabora<strong>do</strong> um questionário composto com 12(<strong>do</strong>ze) questões abertas, e entregues aos alunos para que fosse respondi<strong>do</strong>. De posse<strong>de</strong>sses resulta<strong>do</strong>s, é que se po<strong>de</strong> tirar alguns resulta<strong>do</strong>s interessantes e também algumasconclusões citadas abaixo.Dentre os alunos consulta<strong>do</strong>s, 69,2% alegaram falta <strong>de</strong> tempo para os estu<strong>do</strong>sfora da sala <strong>de</strong> aulas, com o principal motivo sen<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terem que trabalharpara se manter e também ajudar nas <strong>de</strong>spesas da família, saem ce<strong>do</strong> <strong>de</strong> casa e voltamtar<strong>de</strong>, muitos saem <strong>do</strong> emprego e vão direto para a escola, cansa<strong>do</strong>s, sem ânimo e muitasvezes sem se alimentar.Um grupo <strong>de</strong> 13,3% questiona, e 53,4% culpam o nível <strong>de</strong> ensino ofereci<strong>do</strong> noprimeiro grau, não lhes dan<strong>do</strong> base suficiente para acompanhar o raciocínio, interpretaros conceitos e os problemas da Física, e também na aplicação <strong>do</strong>s conhecimentosmatemáticos para a resolução <strong>de</strong> exercícios.


378Como a própria disciplina exige uma <strong>de</strong>dicação relativa por parte <strong>do</strong>s alunos,com isto, a falta <strong>de</strong> tempo disponível <strong>do</strong> aluno, a falta <strong>de</strong> hábito em fazer constantementeuma revisão <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, solucionar as dúvidas e as dificulda<strong>de</strong>s aos poucos. O quefazem é apenas uma pequena revisão <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> próximo as datas das avaliações, sãofatores que afetam o aprendiza<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> 57,1% <strong>do</strong>s alunos consulta<strong>do</strong>s.Outra causa importante e enfatizada por 30% <strong>do</strong>s alunos é a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>expressão <strong>do</strong> professor, que muitas vezes utiliza-se <strong>de</strong> uma linguagem <strong>de</strong> nível maiseleva<strong>do</strong> que os alunos possam enten<strong>de</strong>r, não se preocupan<strong>do</strong> com este fato, dificultan<strong>do</strong>assim a compreensão <strong>do</strong>s alunos e o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> seu interesse pela Física.Por fim, segun<strong>do</strong> 53,4% <strong>do</strong>s alunos, as dificulda<strong>de</strong>s em apren<strong>de</strong>r Física estão nacomplexida<strong>de</strong> da disciplina, na quantida<strong>de</strong> <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, no número <strong>de</strong> horas-aulareduzi<strong>do</strong>, e na falta <strong>de</strong> preocupação <strong>do</strong> professor em <strong>do</strong>sar o conteú<strong>do</strong> a ser ministra<strong>do</strong>em suas aulas, tanto em quantida<strong>de</strong> como em qualida<strong>de</strong>, sem se preocupar em que nívelse encontra a média da classe. Principalmente com relação à falta <strong>de</strong> base que ele chegou<strong>do</strong> primeiro grau, que atualmente anda precário, apesar <strong>de</strong> alguns esforços que estãosen<strong>do</strong> feitos para a sua melhoria.Após a obtenção <strong>de</strong>stes resulta<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>-se tirar algumas sugestões, mesmo queisoladas po<strong>de</strong>m servir como mais uma semente para tentar melhorar o ensino <strong>de</strong> Física.Os profissionais liga<strong>do</strong>s ao ensino <strong>de</strong> Física <strong>de</strong>veriam se preocupar mais com aqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu conteú<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve-se investir um pouco em pesquisas básicas, para sea<strong>do</strong>tar meto<strong>do</strong>logias mais a<strong>de</strong>quadas à realida<strong>de</strong> atual, e reciclarem-se constantemente,para que não fiquem para<strong>do</strong>s no tempo e espaço, e que o sistema ensino-aprendizagem seaperfeiçoe a cada dia.O maior número <strong>de</strong> aulas semanais e um melhor planejamento <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>po<strong>de</strong>rá trazer bons resulta<strong>do</strong>s. E também, um maior empenho por parte <strong>do</strong> professor emsuas aulas, para que estimule o aluno a uma maior participação e <strong>de</strong>dicação, dan<strong>do</strong>-lhesuma noção <strong>do</strong> contexto geral da disciplina e suas aplicações na vida cotidiana.Deve haver um maior diálogo entre professor e aluno para não criar uma"barreira" entre si, o que normalmente <strong>de</strong>ixa o aluno com complexo <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>,diminuin<strong>do</strong> assim a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong> aluno.Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes resulta<strong>do</strong>s, o professor <strong>de</strong> Física po<strong>de</strong>rá criar ou a<strong>de</strong>quarmeto<strong>do</strong>logias que se adaptem a realida<strong>de</strong> atual, não se esquecen<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu principalobjetivo, o aluno.


379Reforma Curricular - Caminhos para uma Licenciatura em CrisePaulo Rómulo Frota/DF-UFPIA Licenciatura em Física da UFPI advem <strong>de</strong> um curso emergencial patrocina<strong>do</strong>pela SUDENE no biênio 69/70. Passou por uma única modificação curricular através daResolução 30/74-CFE, admitin<strong>do</strong> um tronco comum - licenciatura curta <strong>de</strong> 1° grau - e ahabilitação em Física, a nível <strong>de</strong> 2° grau.Apresenta 352 inscritos, 100 licencia<strong>do</strong>s e 77 vagas ociosas. Nos últimos 5 anos(85/90), sintetiza-se a situação, com respeito à produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema, com a entrada<strong>de</strong> 173 estudantes via vestibular contra a saída <strong>de</strong> 22 conclu<strong>de</strong>ntes no mesmo perío<strong>do</strong>.Para orientar esta clientela, corpo <strong>do</strong> cente é composto por 22 professores, <strong>do</strong>squais: 02 <strong>do</strong>utores, 03 em <strong>do</strong>utoramento, 05 mestres, 01 mestran<strong>do</strong> e 11 porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong>especialização.Dos 352 inscritos, 150 em média, solicitam matrículas por disciplinas e poucomais da meta<strong>de</strong> (80) conseguem terminar o perío<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong>s ou não. O restanteforma uma clientela dita "irregular" que aban<strong>do</strong>as o curso a cada perío<strong>do</strong> ou ainda, éaluna<strong>do</strong> concomitante <strong>de</strong> outros cursos na própria instituição.Estu<strong>do</strong>s anteriores mostraram que 34% <strong>do</strong> aluna<strong>do</strong>, faz concomitantementeoutro curso. Com vistas ao jubilamento, conforme critérios so<strong>br</strong>e reprovação por mais <strong>de</strong>3 vezes com uma mesma disciplina; reprovação em 50% <strong>do</strong>s créditos cursa<strong>do</strong>s e aban<strong>do</strong>nopor mais <strong>de</strong> 5 anos letivos, consecutivos, 50% <strong>do</strong> aluna<strong>do</strong> da li cenciatura teriammatrículas canceladas através <strong>do</strong> mecanismo.Dentre as características <strong>do</strong>s egressos, vale ressaltar que:1) Não realizam, em seu ensino, ativida<strong>de</strong>s práticas, oferecen<strong>do</strong> comojustificativa a ausência.<strong>de</strong> laboratórios e a não-vivência <strong>de</strong>sta prática na universida<strong>de</strong>;2) Utilizam testes objetivos (múltipla escolha) como instrumento <strong>de</strong> avaliação e70% gostaria <strong>de</strong> freqüentar curso so<strong>br</strong>e avaliação e medidas para melhor elaborar taisinstrumentos.


380Durante o III Encontro so<strong>br</strong>e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> Piauí, professores, alunose egressos, apontaram razões para o atual quadro em que se encontra a licenciatura.Dentre estas, po<strong>de</strong>- se afirmar:a) a política educacional posta em prática a nível nacional em que não sevaloriza o profissional liga<strong>do</strong> ao setor, impigin<strong>do</strong>-lhes baixos salários e péssimas condições<strong>de</strong> trabalho;b) <strong>de</strong>srespeito à profissão que lhes é. imposto pelo merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho noEsta<strong>do</strong>, não existin<strong>do</strong> pessoal qualifica<strong>do</strong> (apenas 100 licencia<strong>do</strong>s), as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensinopública e privada contratam alunos <strong>de</strong> engenharia, medicina, o<strong>do</strong>ntologia e áreas afins;c) currículo extenso e generalista, com apenas 975 horas <strong>de</strong>dicada à Física,<strong>de</strong>sestimula o aluno que <strong>de</strong>seja um contato maior com o ramo <strong>do</strong> saber eleito. A maiorparte <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> curso é gasto em disciplinas da Biologia, Química e <strong>de</strong> áreas conexasque lhes parece sem articulação com os seus objetivos;d) política <strong>de</strong> formação "bacharelesca" que é imposta ao aluno . da licenciaturapor parte <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>cente, em que o conteú<strong>do</strong> e apenas ele, é impo rtante. No momento,os laboratórios não funcionam e o ensino é essencialmente teórico, visa ao mestra<strong>do</strong> aoinvés da formação sólida em conteú<strong>do</strong> e meto<strong>do</strong>logias integradas à pa rte pedagógicadirecionan<strong>do</strong> a clientela para seu objetivo maior: o magistério <strong>de</strong> 1° e 2° graus.Dentre este leque, na tentativa <strong>de</strong> minimizar a situação vigente, nos parece queapenas a mudança curricular se apresenta como um caminho viável e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ações concretas e imediatas.Assim. a nova proposta curricular aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos anseios <strong>do</strong> aluna<strong>do</strong> e <strong>do</strong>egresso, exige mudança radical no pensamento o rienta<strong>do</strong>r da licenciatura, <strong>de</strong>sfocan<strong>do</strong> asatenções <strong>do</strong> pseu<strong>do</strong> bacharela<strong>do</strong> e voltand o-se para a real formação <strong>do</strong> licencian<strong>do</strong>.Preten<strong>de</strong>-se:a i Modificar <strong>de</strong> 975 para 1470 horas <strong>de</strong> física no curriculo-proposta;b) separar a parte . prática das disciplinas básicas (física I/V), oferecen<strong>do</strong>disciplinas iotahnente práticas como • Fisica Experimental I e Il, ob rigan<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong>laboratório como instrumento <strong>de</strong> ensino:c) admitir disciplinas •integra<strong>do</strong>ras tais como Instrumentação para o <strong>Ensino</strong>,Evolução Hís:órica da Física, Medidas Educacionais - oferecen<strong>do</strong> a opo rtunida<strong>de</strong> <strong>do</strong>


381trabalho da interface entre conteú<strong>do</strong>s específicos e pedagógicos que favorecem àprofissionalização <strong>do</strong> licencian<strong>do</strong>;d) fornecer - o que antes não era permiti<strong>do</strong> - alternativas para que o aluno cursedisciplinas optativas <strong>de</strong>ntre as oferecidas pelo Centro <strong>de</strong> Ciências da Educação, tais como:Educação = Enfoque Sócio-Cultural, Redação <strong>do</strong> Trabalho Científico e Meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong><strong>Ensino</strong> Superior - disciplinas que concorram para o aprofundamento e solidificaçãopedagógica <strong>do</strong> licencia<strong>do</strong>.e) estabelecer - para que se possa avaliar o produto e o processo - o perfil <strong>do</strong>licencia<strong>do</strong> que se <strong>de</strong>seja formar;f) direcionar meto<strong>do</strong>logicamente, através da discussão ampla com os setoresafetos ao problema, a nova licenciatura em física.Desta maneira, espera-se po<strong>de</strong>r combater a evasão e a repetência da parcela <strong>do</strong>aluna<strong>do</strong> que, não se adaptan<strong>do</strong> ao currículo, eva<strong>de</strong>-se ou busca em outro curso, asatisfação que não encontra na sua opção principal.


382Para efeito <strong>de</strong> comparação mostra-se os fluxogramas:Fluxograma <strong>de</strong> Fisicalo.Perio<strong>do</strong> 2o_Perio<strong>do</strong> 3o.Perio<strong>do</strong> 4o.Perio<strong>do</strong>IIi Calculo I90Calculo SI90Calculo Ill90----►E.D.U.90^I244.08 ' 50n troducao acssu<strong>do</strong> da240.802Fisica I90 ^ 240.003 90I Fisica II240.004 98Fisica 111t IS/Ca1401.009 75 90Estrut. e Func. 4I5e<strong>br</strong>a Linear<strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> I e Geometria1 lo. e 4o. Graus Onalitica260.002 60lntroducao aCiencia <strong>do</strong>sComputa<strong>do</strong>res240.005 90Física IV1303.001 601I Fortugues401.002 60Psicologia I401.003 60 402.008 75Psicologia IIDidatica—1Química Geral1 e inorganica90603dntrod ucao aBeto<strong>do</strong>logiaCientifica107.081 30praticaesportiva II107.802 30ratica,esportiva II485h390h330h375h5o_Perio<strong>do</strong> 6o.Perio<strong>do</strong> ?a-Perio<strong>do</strong> 8o_Perio<strong>do</strong>11240.009 90necanicaI C iassica I240.007 60I F:slcaI Experimental IÌ i240.810 904.1 F.E.F. I^Ir'24.015 6pp o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física I1240.01490Iermodinamica240.011 90EletromagnetismoI240.013 90Bateria IIOPC IOPC III240.006 90240.014 901Fisica VEstrutura daBateria I0PC II0PC IV240.016 60Evolucao ilist.da isiu399h1240.00860FisicaExperimental II3511402.213 90 402.214 90—+Pratica <strong>de</strong>ratica <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> 1nsano l44 338h240h


•IEErnCentro <strong>de</strong> Ciências da NaturezaCOR302. PEI! COO 7. PF1íCDC 01 PERIOD° 31 RERIDDO 6. PERIN:30 7. PEMODO • B. PERiODO 9. PERiODOI *c= lum 1w= = tiE cm:t•EOM ESE g..':O"GPAJOODAS ReCiRc3eL3CCOCLUSCAI•'we. OaC• rrs^-adinIN7900•IttiOlf' 'ICAPsiERR1&moo..,012.1137•LoOLV11 •a••lEz=1MATovaltsa.ISArtrt4o/3.04140DAVAO Ot• I 0.230040r6• n•••••103406 00 I•l•1,171t•titttittItt101.0nC•EEEIECii[SMUT Oawrism aHJ...•••n•E000 2 • to •••••••••toZlit: off I't I 14 77:0 1 3"IroiMi !MI MEGS•••CRASS,c010.10 .360 CPA! q 0 ht 125 CR:460 104 20 CR 1.3.50• •--644 20it170C. 360 CR•15.10 .525 CR• MOO .5 TO CR• 5 4.1• OPCONAIS- - •CaCOCa


384BibliografiaCAAC/UFPI - <strong>Atas</strong> <strong>do</strong> II Encontro so<strong>br</strong>e <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências no Piauí. Mimeo, 1984.SILVA ARAÚJO, R.M. da Et Alli - Rendimento escolar no Centro <strong>de</strong> Ciências daNatureza da UFPI in Quid. Terezina, 6(1): 55-90, 1986.MAGER, R. O vlanejamento <strong>do</strong> ensino profissional. Globo, RS, 1976.VIANNA, . D.M. A Licenciatura em questão - Apresenta<strong>do</strong> na 39° Reunião Anual daSBPC, julho <strong>de</strong> 1987.FROTA, P.R.O. O Curso <strong>de</strong> Física da UFPI - Rendimento e evasão, in Quid, Teresina,7(1): 40-55,1988.FROTA, P.R.O. Et Alli - O ensino e o professor <strong>de</strong> física <strong>de</strong> 2° grau <strong>de</strong> Teresina, in Quid,Teresina, 8(1/2): 28-32,1989.FROTA, P.R.O. Et Ali - O ensino <strong>de</strong> ciências <strong>de</strong> 5° a 8° série nas escolas <strong>de</strong> Teresina, inQuid, Teresina, 7(1): 56-64, 1988.FROTA, P.R.O. Et Alli - Avaliação <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> física <strong>de</strong> 2° grau <strong>de</strong> Terezina frente aobjetivos globais da Licenciatura, Trabalho apresenta<strong>do</strong> no IV CNECIM, Fortaleza-CE,1990.KELLY, Albert Victor. O currículo, teoria e prática. São Paulo, Editora Harper & Row<strong>do</strong> Brasil Ltda, 1981.164 p.SOUZA CARVALHO, M.C. Estu<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e cursos <strong>de</strong> licenciatura na UFPI. UFPI/1987.UFPI. Regimento Geral. 1990.NOGUEIRA, Terezinha <strong>de</strong> Jesus Rios. Sugestões curriculares para habilitação <strong>de</strong><strong>do</strong>centes <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes mentais educáveis, à partir da <strong>de</strong>fazagem entre o perfil requeri<strong>do</strong>e o <strong>de</strong>sempenho profissional. Teresina-Piauí. (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>). Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Maria - RS, 1982.Produção <strong>de</strong> Material Instrucional e a Integração com o 2 0 grau: situação eperspectiva.Antonio Vicente Lima Porto, Dartanhan Bal<strong>de</strong>z Figueire<strong>do</strong> & Paulo Roberto Magnago -Depto <strong>de</strong> Física UFSMIntroduçãoO ensino <strong>de</strong> Física através <strong>do</strong> laboratório" é uma das formas <strong>de</strong> conduzir oaluno aos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> investigação científica, ao reconhecimento <strong>do</strong>s fenômenos <strong>do</strong> seucotidiano e ao entendimento da tecnologia <strong>do</strong> seu tempo.


385A busca da melho ria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física no Brasil, já passou pelatentativa da implantação <strong>de</strong> projetos importa<strong>do</strong>s ou mesmo nacionais, que tentavamresolver os problemas globalmente. A nossa concepção é <strong>de</strong> que a melho ria da qualida<strong>de</strong><strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física em uma região está ligada à instituição forma<strong>do</strong>ra, que <strong>de</strong>ve ter umaproposta <strong>de</strong> integração com o segun<strong>do</strong> grau.O processo <strong>de</strong> integração <strong>do</strong> GEF (Grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física <strong>do</strong>Departamento <strong>de</strong> Física - UFSM) com o Grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>do</strong> IF-UFRGS, a implantaçãoda Oficina <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Mate rial Didático <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física - UFSM e oconhecimento da realida<strong>de</strong> da região através <strong>de</strong> Monografias apresentadas no Curso <strong>de</strong>Especialização em Física viabilizam uma proposta <strong>de</strong> integração com o segun<strong>do</strong> grau daregião <strong>de</strong> Santa Maria.Proposta <strong>do</strong> MaterialO levantamento da realida<strong>de</strong> regional apresenta um quadro on<strong>de</strong> a maio ria dasescolas possuem algum tipo <strong>de</strong> equipamento para a ativida<strong>de</strong>s experimentais, em suamaioria incompletos ou "sucatea<strong>do</strong>s". Como conseqüência, tais equipamentos são usa<strong>do</strong>sgeralmente em caráter <strong>de</strong>monstrativo, não proporcionan<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> ensinoaprendizagemativo e integra<strong>do</strong> à realida<strong>de</strong>.A viabilização da Oficina <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Material Didático <strong>do</strong> Departamento<strong>de</strong> Física mesmo em condições precárias e a interação <strong>do</strong> GEF e o Grupo <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>do</strong>IF-UFRGS, tornam possível a produção em série <strong>do</strong> material i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> pelos professoresRolan<strong>do</strong> Axt e outros. Este mate rial preenche alguns requisitos básicos para um bomensino experimental em física que está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nossa concepção:a) São produzi<strong>do</strong>s em forma <strong>de</strong> "caixas" para Mecânica, Eletromagnetismo eÓtica.b) Viabilizam o laboratório <strong>de</strong>ntro da sala <strong>de</strong> aula dispensan<strong>do</strong> o laboratórioformal ao qual nem sempre o professor tem acesso, pela falta da chave tantas vezesprocurada.c) Proporciona ativida<strong>de</strong>s em pequenos grupos, fazen<strong>do</strong> com que o processoensino-aprendizagem seja mais ativo e participativo.d) as partes são intercambiáveis, e usadas em diferentes arranjos permitem umnúmero maior <strong>de</strong> experimentos quantitativos e qualitativos com um mínimo <strong>de</strong> custos.e) A manutenção e reposição <strong>do</strong> mate rial são facilitadas pelo fato <strong>de</strong> que omesmo é produzi<strong>do</strong> basicamente na Oficina <strong>do</strong> Depertamento <strong>de</strong> Física - UFSM.f) O material vem acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> roteiros para o <strong>de</strong>senvolvimento dasdiversas ativida<strong>de</strong>s possíveis <strong>de</strong> serem ralizadas.


386Com o material atualmente disponível, as ativida<strong>de</strong>s experimentais propostassão as seguintes:- Ativida<strong>de</strong>s experimentais em mecânica1!1^.Medidas <strong>de</strong> espaço e tempo.MRU.MRUV.Lei <strong>de</strong> Hook - Elasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atilhos.Energia da posição.Movimento em duas dimensões.Conceito <strong>de</strong> Empuxo.Medida da força <strong>de</strong> Empuxo.Massa especa <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s.Densida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong>s liqui<strong>do</strong>s (missíveis e não missíveis).Pêndulo simplesDeterminação <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> PVC-PVC, por colisão central.Determinação da aceleração da gravida<strong>de</strong>- Ativida<strong>de</strong>s experimentais em eletricida<strong>de</strong> e magnetismo.Funcionamento da lanterna - Circuito simples.Medida da corrente elétrica <strong>de</strong> um circuito.Relação entre a corrente elétrica e o número <strong>de</strong> pilhas.Relação entre a corrente elétrica e o comp rimento <strong>do</strong> resistor.Relação entre a corrente elét rica e a seção reta <strong>do</strong> condutor.Relação entre a corrente elétrica e a ligação série e paralelo <strong>de</strong> resistores.Relação entre a corrente elét rica e a temperatura <strong>do</strong> resistorCampo magnético e Ímãs permanentes.Bússola.Espectro magnético.Corrente elétrica e campo magnético.Força so<strong>br</strong>e uma corrente elétrica em presença <strong>de</strong> um campo magnético.Variação <strong>de</strong> fluxo magnético e a indução <strong>de</strong> corrente elétrica.Indução <strong>de</strong> corrente elétrica - transforma<strong>do</strong>rConstrução <strong>de</strong> um motor elétrico- Ativida<strong>de</strong>s experimentais em ótica.Reflexão.Refração.Reflexão total


387.Dispersão da luz fotocromática.Imagens formadas por espelhos; côncavo e convexo.Relação entre a distância focal <strong>de</strong> um espelho côncavo e as posições <strong>do</strong> objeto eda imagem - <strong>de</strong>terminação da equação <strong>do</strong>s focos conjuga<strong>do</strong>s.Imagens formadas por lentes.Relação entre a distância focal <strong>de</strong> uma lente bi-convexa e as posições <strong>do</strong> objetoe da imagem - <strong>de</strong>terminação da equação <strong>do</strong>s focos conjuga<strong>do</strong>s.Mo<strong>de</strong>lo simplifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> olho.Miopia e Hipermetropia.Projetor <strong>de</strong> sli<strong>de</strong>sO referi<strong>do</strong> material e os respectivos experimentos já vêm sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong>1987 em aulas das disciplinas <strong>de</strong> Instrumentação para o <strong>Ensino</strong> por alunos <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong>Licenciatura em Física e Prática <strong>de</strong> Laboratório para alunos <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Especializaçãoem Física, com clientela exclusivamente <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau.Situação e PerspectivaApós um longo caminho para transformar um sonho em realida<strong>de</strong> estamos comuma série <strong>de</strong> caixas prontas e com projeto aprova<strong>do</strong> para a complementação <strong>de</strong> <strong>de</strong>z séries<strong>de</strong> caixas que viabilizarão a proposta <strong>de</strong> integração com o segun<strong>do</strong> grau. Como o caminhofoi longo, a proposta <strong>de</strong> integração sofreu algumas transformações ao longo <strong>do</strong> tempoevoluin<strong>do</strong> para as seguinte possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> integração:1° - O professor ou um grupo <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> uma escola, <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> trabalhar com omaterial, solicita um treinamento ao GEF e a "ca ixa" é emprestada fican<strong>do</strong> ocompromisso <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> relatório das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas com análise <strong>do</strong><strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> material e o retorno <strong>do</strong> mesmo ou solicitação <strong>de</strong> permanência <strong>do</strong>material por mais um ano letivo.2° - O professor ou um grupo <strong>de</strong> professores passam a fazer parte <strong>do</strong> GEF, através <strong>de</strong> umconvênio firma<strong>do</strong> com a respectiva Escola. Desta forma os particip antes não são sótreina<strong>do</strong>s na utilização <strong>do</strong> material como também são encoraja<strong>do</strong>s a propor e fazeradaptações <strong>do</strong> mesmo à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua vivência em sala <strong>de</strong> aula.A segunda proposta já está sen<strong>do</strong> implementada através <strong>do</strong> convênio firma<strong>do</strong>com a Escola Estadual <strong>de</strong> 2° grau Cilon Rosa, on<strong>de</strong> seis professores passaram a pa rticiparativamente <strong>do</strong> GEF. Estão atualmente realizan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os experimentos e escreven<strong>do</strong> osroteiros adapta<strong>do</strong>s ao livro texto utiliza<strong>do</strong> na Escola.


388A integração através <strong>do</strong> convênio participativo começa a produzir os seus efeitosno aumento das ativida<strong>de</strong>s experimentais; com um pequeno aumento nos materiais forampossíveis duas novas ativida<strong>de</strong>s em mecânica. Portanto, a perspectiva é que a partir daconclusão das <strong>de</strong>z séries <strong>de</strong> "caixas", esta proposta <strong>de</strong> integração com o segun<strong>do</strong> grau sejaampliada em toda a região nas duas versões possíveis. No entanto, o GEF no seuprocesso <strong>de</strong> integração com outras instituições <strong>de</strong> ensino superior, apresenta outraspossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração como o empréstimo <strong>de</strong> fitas VHS <strong>de</strong> filmes didáticos, aprodução <strong>de</strong> sli<strong>de</strong>s e a integração com o GREF (Grupo <strong>de</strong> Reelaboração <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física) da USP que está trabalhan<strong>do</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> material instrucional para oensino <strong>de</strong> Fisica.Referências para Consulta1. AXT, R. GUIMARÃES, V.H. & LIVI, F. - O ensino <strong>de</strong> laboratório e a questão <strong>do</strong>equipamento: Aquisição <strong>de</strong> pacotes ou <strong>de</strong>senvolvimento local?. Ciência e Cultura, SãoPaulo, 34(12): 1614-1617, 1982.2. AXT, R. & GUIMARÃES, V.H. - Projeto equipamento para escolas <strong>de</strong> nível médio,Porto Alegre, Instituto <strong>de</strong> Física UFRGS (ed. interna).3. CALEGARI, E.E. - Uma verificação da eficiência <strong>do</strong> ensino experimental paraaquisição <strong>de</strong> conceitos em física <strong>de</strong> 2° grau. Monografia <strong>de</strong> Especialização. Santa Maria,Departamento <strong>de</strong> Física da UFSM, 1987.4. PIVA, S.L.D. - Levantamento das condições materiais <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> laboratório <strong>de</strong>física nas escolas <strong>de</strong> 2° grau em Santa Maria. Monografia <strong>de</strong> Especialização. Santa Maria,Departamento <strong>de</strong> Física da UFSM, 1987.5. PORTO, A.V.L. - Ativida<strong>de</strong>s experimentais para ensino <strong>de</strong> mecânica <strong>de</strong> flui<strong>do</strong>s emnível universitário. Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>. Porto alegre, Instituto <strong>de</strong> Física da UFRGS,1983.6. STANQUE, E.P. - O professor <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 20 grau em Santa Maria. Monografia <strong>de</strong>Especialização. Santa Maria, Departamento <strong>de</strong> Física da UFSM, 1987.Visão <strong>do</strong>s Estudantes so<strong>br</strong>e Ciência e Tecnologia <strong>do</strong> Ponto <strong>de</strong> Vista <strong>do</strong> CidadãoEduca<strong>do</strong>A.T. Filipecki, A.M. Silva, CA. Nascimento, S.HA. Almeida e S.S. Barros - Grupo <strong>de</strong>Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física - IF/UFRJUm estu<strong>do</strong> exploratório foi realiza<strong>do</strong> com estudantes secundários (escolastécnicas, regular e noturna) com o objetivo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a implementar tópicos querelacionem Física, tecnologia e socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da sala <strong>de</strong> aula. Esta escolha se justifica


11/389pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> curriculos <strong>de</strong> Física mais relev antes para o cidadão<strong>do</strong> século XX.A idéia principal <strong>de</strong>ste trabalho é estudar o possível efeito recíproco entretópicos CTS (Ciência-Tecnologia-Socieda<strong>de</strong>) e a aprendizagem significativa <strong>de</strong> Física.Um poster monta<strong>do</strong> a pa rtir <strong>de</strong> materiais veicula<strong>do</strong>s na mídia impressa eutiliza<strong>do</strong> como cataliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> discussão em aula em pequenos grupos (4ou 5 estudantes). O tema <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong> está sempre relaciona<strong>do</strong> com Energia. Osresulta<strong>do</strong>s das discussões <strong>do</strong>s grupos são apresenta<strong>do</strong>s publicamente e <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s com oprofessor agin<strong>do</strong> como mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r e fonte <strong>de</strong> informações (alguns materiais <strong>de</strong> leitura sãoescolhi<strong>do</strong>s com esse fim, para normalizar a ação <strong>do</strong> professor em sala <strong>de</strong> aula).Um questionário com os seguintes itens é respondi<strong>do</strong> individualmente:1) significa<strong>do</strong> da palavra tecnologia;2) relação <strong>de</strong> C com T;3) quais os elementos necessários para autonomia tecnológica;4) importância da componente CTS para ensino <strong>de</strong> Física;5) o estudante (cidadão) versus C e T;6) <strong>de</strong> quem é a responsabilida<strong>de</strong> pela tomada das <strong>de</strong>cisões nas áreas <strong>de</strong> C e Tque afetam a socieda<strong>de</strong>.AmostraO universo total lie estudantes N = 214, está distribuí<strong>do</strong> entre escolas públicas(2), particulares (2), técnicas (1) e profissionalizante (1), <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.O número <strong>de</strong> estudantes para cada um <strong>de</strong>stes grupos é <strong>de</strong> apro ximadamente 50. Somenteo grupo da escola técnica teve escolarização na área <strong>de</strong> Energia. O universo pesquisa<strong>do</strong>,tem distribuição por sexo N f = 120 e Nm = 94.Análise e ComentáriosFoi realizada uma primeira leitura individu al <strong>de</strong> cada questionário, separan<strong>do</strong>-seas respostas por sexo e escola. A freqüência das respostas interpretadas comosemelhantes foi assim obtida. Numa segunda leitura foi feito, para cada turma ediscriminan<strong>do</strong>-se ainda por sexo (M/F), o levantamento daquelas respostas que tinham asmaiores freqüências.


390Como não foi possível <strong>de</strong>tectar um grau <strong>de</strong> diferenciação nítida das respostaspor escola (nível social), seno e escolarização, optamos neste estu<strong>do</strong> exploratório pelaapresentação <strong>de</strong> um comentário para cada um <strong>do</strong>s itens constantes <strong>do</strong> questionário, comoindicamos abaixo.Ouestão 1 - Como você compreen<strong>de</strong> a palavra tecnologia? Utilize um exemplo <strong>do</strong> seudia-a-dia para explicar suas idéias.Comentário - A maioria associa tecnologia como sen<strong>do</strong> um progresso, em virtu<strong>de</strong> dasmudanças que acontecem no seu dia-a-dia, como por exemplo: televisão com controleremoto, forno microondas, carro, ví<strong>de</strong>o cassete, etc. Este tipo <strong>de</strong> resposta está centradanos interesses e bem estar <strong>do</strong> indivíduo.Questão 2 - Como você relacionaria Ciência com Tecnologia?Comentário - Ciência está relacionada com tecnologia como sen<strong>do</strong>:1) ciência fazen<strong>do</strong> parte da tecnologia;2) ciência produzin<strong>do</strong> tecnologia;3) tecnologia produzin<strong>do</strong> ciência.Questão 3 - Quais são os elementos necessários que um pals <strong>de</strong>ve possuir <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>senvolver sua tecnologia?Comentário - Quatro elementos são i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s para que um país possa <strong>de</strong>senvolver suaprópria tecnologia:1) capital; 2) educação; 3) pesquisas e especialistas; 4) matéria prima.Questão 4 - Você acredita ser importante apren<strong>de</strong>r so<strong>br</strong>e assuntos relaciona<strong>do</strong>s comtecnologia em suas aulas <strong>de</strong> Ciências/Física?Comentário - A discussão so<strong>br</strong>e assuntos relaciona<strong>do</strong>s com tecnologia em sala <strong>de</strong> aulapropicia maior compreensão <strong>do</strong> avanço tecnológico no mun<strong>do</strong>.Ouestão 5 - O que você acha que a tecnologia po<strong>de</strong>ria fazer por você, como cidadão?Como você acha que seu futuro po<strong>de</strong>ria vir a ser afeta<strong>do</strong> por ela?Comentário - Pelo la<strong>do</strong> positivo a tecnologia vem a ser um fator importante para: 1)melhorar <strong>de</strong> vida; 2) facilitar e ajudar o povo. Pelo la<strong>do</strong> negativo a tecnologia: 1) vai gerar<strong>de</strong>semprego; 2) <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> pela bomba atômica.Questão 6 - Você acha que <strong>de</strong>veria participar das discussões so<strong>br</strong>e assuntos tecnológicosque influenciam (positivamente e/ou negativamente) a socieda<strong>de</strong>; ou você acha que essa


391tarefa <strong>de</strong>va ser <strong>de</strong>sempenhada por funcionários públicos (congressistas, ministros,<strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s, professores universitários, etc).Comentário - Não só os estudantes como toda a socieda<strong>de</strong>, porque o problema é <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s. Mas para que to<strong>do</strong>s discutam so<strong>br</strong>e esses assuntos, <strong>de</strong>verão possuir um certoembasamento para opinar <strong>de</strong> uma forma coerente e fundamentada so<strong>br</strong>e os problemasapresenta<strong>do</strong>s.Ouestão 7 - Qual <strong>de</strong>ve ser o papel <strong>do</strong> especialista na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões so<strong>br</strong>e assentoscientíficos e tecnológicos?Comentário - As <strong>de</strong>cisões tomadas pelo especialista <strong>de</strong>vem contribuir para o bem estarsocial e <strong>de</strong>vem ser conseqüência <strong>do</strong> conhecimento das idéias que a socieda<strong>de</strong> tem so<strong>br</strong>ediversos assuntos.Ouestão 8 - Quan<strong>do</strong> penso em tecnologia penso principalmente em......Comentário - As respostas estão centradas na idéia <strong>de</strong> progresso, mun<strong>do</strong> melhor, saú<strong>de</strong> erenovação. Um número menor <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong>monstra uma tomada <strong>de</strong> consciênciaso<strong>br</strong>e os efeitos da tecnologia na socieda<strong>de</strong>.Comentário FinalAs variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes escolhidas para este estu<strong>do</strong> (sexo, origem sócioeconômica,escolarização) parecem ser irrelevantes nas respostas da maio ria <strong>do</strong>sestudantes <strong>de</strong> nossa amostra.Parece-nos evi<strong>de</strong>nte que as idéias apresentadas no questionário não são <strong>do</strong><strong>do</strong>mínio escolariza<strong>do</strong> e po rtanto, o conhecimento <strong>do</strong>s estud antes <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> informaçõesprovenientes das mesmas fontes, mais especificamente <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> comunicações visuaisprimariamente (TV) e jornais mais populares, que publicam assuntos <strong>de</strong> fácil leitura,sen<strong>do</strong> a ciência pouco divulgada.Acreditamos que a importância <strong>de</strong> discussões no contexto <strong>de</strong> CTS na sala <strong>de</strong>aula é relevante e <strong>de</strong>veria ser encorajada como uma das componentes <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> física.O ensino puramente acadêmico não incentiva o aluno a fazer as associações necessáriaspara que essa aprendizagem "CONCETTUAL" seja transferida para o âmbito <strong>do</strong>sproblemas que a nossa socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvida através das tecnologias mo<strong>de</strong>rnas, nosimpõe.


392O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências em ama Experiência InterdisdplinarPablo Garcia Carrasco - Secr. Municipal <strong>de</strong> Educação-SP - NAE 91. SínteseEm 1989 a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> São Paulo (SME) iniciou umprograma <strong>de</strong> "Reorientação Curricular pela via da Interdisciplinarida<strong>de</strong>", a partir <strong>de</strong>Tema(s) e Gera<strong>do</strong>r(es).A SME, através da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s Núcleos <strong>de</strong> Ação Educativa (CONAE),por intermédio da Divisão <strong>de</strong> Orientação Técnica (DOT) e <strong>de</strong> Assessorias dasUniversida<strong>de</strong>s (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Pontificia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São Pauloe Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas), organizou o trabalho pedagógico <strong>do</strong>s <strong>de</strong>z Núcleos <strong>de</strong> AçãoEducativa (NAE) das diferentes regiões da cida<strong>de</strong>, que atuam junto às escolas.Dez escolas, sen<strong>do</strong> uma <strong>de</strong> cada NAE, optaram inicialmente por participar daproposta <strong>de</strong> elaborar, em conjunto, um currículo adapta<strong>do</strong> às condições da comunida<strong>de</strong>escolar e da comunida<strong>de</strong> local. Os professores <strong>de</strong> cada uma das escolas, assessora<strong>do</strong>spelos mem<strong>br</strong>os das equipes multidisciplinares <strong>de</strong> cada NAE, programaram,articuladamente, as ativida<strong>de</strong>s das diferentes séries e áreas. Esse processo tem levanta<strong>do</strong>questões so<strong>br</strong>e os critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s a serem ensina<strong>do</strong>s em cada umadas séries e proporciona<strong>do</strong> novas formas <strong>de</strong> trabalhar os conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Ciências.Atualmente cerca <strong>de</strong> 100 escolas estão envolvidas no processo.2. A Situação Tradicional <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> CiênciasO ensino tradicional <strong>de</strong> Ciências reflete, ao longo <strong>de</strong> sua história, uma série <strong>de</strong>tendências, mas nos últimos anos, apresenta-se como:a) instrucional, não preocupa<strong>do</strong> com a formação geral <strong>do</strong> cidadão;b) verbalista, informativo, reprodutor <strong>de</strong> conceitos;c) fragmenta<strong>do</strong>, compartimentaliza<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong> a idéia <strong>de</strong> que o conhecimento já estápronto e acaba<strong>do</strong>, como conseqüência <strong>de</strong> um arriculo estanque;d) não discussão da produção <strong>do</strong> conhecimento, que é uma produção humana, sem fim,não acabada e não linear ao longo da história;e) aulas práticas, quan<strong>do</strong> existem, geralmente confirmam teorias ou fatos expostosanteriormente.


393Enfrenta-se, ainda, a questão <strong>do</strong> livro didático, com textos prontos para oprofessor, que o utiliza freqüentemente como "muleta", on<strong>de</strong> se apoia, <strong>de</strong> maneiraacrítica, e acaba por reproduzir a i<strong>de</strong>ologia <strong>do</strong> autor, ou, mais comumente, da editora,sem se aperceber <strong>do</strong> fato, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> enquanto educa<strong>do</strong>r.Diante <strong>do</strong> exposto, e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a questão da má formação <strong>do</strong> professor edas diferentes áreas <strong>de</strong> formação (Matemática, Física, Química ou Biologia) <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes<strong>de</strong> Ciéncias no 1° grau, a Ciência acaba sen<strong>do</strong> inacessível ao educan<strong>do</strong>.3. As Mudanças PropostasA postura <strong>do</strong> professor, on<strong>de</strong> a pré-disposição para a nova situação é a condiçãobásica para andamento <strong>do</strong> processo, é <strong>de</strong> fundamental importância, bem como ameto<strong>do</strong>logia dialógica, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> conhecer racional, da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s significativos,<strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> senso comum. Esta possibilita, após <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s econceitos, a compreensão <strong>do</strong> processo científico e apropriação <strong>do</strong> conhecimento,permitin<strong>do</strong> a reflexão e ação so<strong>br</strong>e o mun<strong>do</strong> em que vive, quer com outros indivíduos,quer <strong>de</strong>stes com o mun<strong>do</strong> natural e tecnológico*, buscan<strong>do</strong> uma retotalização <strong>do</strong>conhecimento, através <strong>de</strong> uma visão mais a<strong>br</strong>angente, generalizada e crítica, queenriquece a prática cultural, para transformação da realida<strong>de</strong>, se for opção <strong>do</strong> educan<strong>do</strong>.O currículo <strong>de</strong>ve ser flexível, estrutura<strong>do</strong> a partir da realida<strong>de</strong>, semnecessariamente <strong>de</strong>scartar o que já existe, porém embasa<strong>do</strong> em conceitos unifica<strong>do</strong>res, apartir <strong>de</strong> temas gera<strong>do</strong>res.O sistema disciplinar e o <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong>vem ser altera<strong>do</strong>s. Propõe-se que estesprocessos sejam discuti<strong>do</strong>s entre professores, operacionais, equipe técnico-administrativa,conselho <strong>de</strong> escola e alunos para que cada escola, respeitan<strong>do</strong> os princípios básicos daSME, crie seus sistemas.Uma legislação <strong>de</strong> amparo ao processo foi criada, permitin<strong>do</strong> ao professor**optar por mais um mínimo <strong>de</strong> 4 e um máximo <strong>de</strong> 10 horas/aula por semana, pagas comoexce<strong>de</strong>ntes para trabalho nas reuniões e no preparo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>senvolvidasna escola. Estas horas/aula exce<strong>de</strong>ntes são incluídas para cálculo <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> férias,licença e 13° salário proporcional.*Deve ser ressalta<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong> que o próprio conhecimento científico mais amplo já buscaa unicida<strong>de</strong> e interdisciplinarida<strong>de</strong>.**O professor efetivo conta com um cargo <strong>de</strong> 20horas/aula/semana


3944.0 Que Foi Feito4.1. Números (em valores médios)Ano Escolas Professores Alunos1990 10 –500 –10.0001991 –100 –5.000 –100.00042. Ativida<strong>de</strong>s Realizadas. curso <strong>de</strong> planejamento (Fev/90) - 40 horas;. reuniões semanais por escola com professores <strong>de</strong> cada área <strong>do</strong> conhecimento. reuniões <strong>de</strong> replanejamento (bimestrais) - 8 horas, com toda a escola;. curso "Abordagem Temática no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências" (Jul/90) - 40 horas. divulgação entre todas as escolas <strong>de</strong> 1° grau da re<strong>de</strong> durante o 20 semestre/90(350 escolas);preparação das novas escolas que optaram por participar em 1991:cursos/encontros por área com toda a escola - 20 horas;4.3. Produtos (variam <strong>de</strong> escola para escola)Em todas:. produção, pelo professor, <strong>de</strong> material para o aluno;. articulação entre as séries;. programa articula<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> TEMA GERADOR;. novas abordagens para os conteú<strong>do</strong>s;Em algumas:. programa elabora<strong>do</strong> em conjunto pelos professores da série, com divisão <strong>do</strong>conteú<strong>do</strong> pelas áreas;. grupos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores por série ou por área;. participação <strong>do</strong> conselho <strong>de</strong> Escola na elaboração <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> ensino;


3954.4. PublicaçõesForam publica<strong>do</strong>s os "Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Formação", em fascículos distribuí<strong>do</strong>s paratodas as escolas da re<strong>de</strong>:(1) UM PRIMEIRO OLHAR SOBRE O PROJETO(2) ESTUDO PRELIMINAR DA REALIDADE LOCAL(3) VISÕES DE ÁREA (7 fascículos no prelo):CiênciasEd. ArtísticaEd. FísicaGeografiaHistóriaMatemáticaPortuguês5. Resulta<strong>do</strong>s QualitativosAinda que parciais neste processo, que é uma construção contínua, nãoterminada, resulta<strong>do</strong>s qualitativos po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s, tais como o fato <strong>do</strong> resgate dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> professor, <strong>de</strong> que o professor também passa a ser um pesquisa<strong>do</strong>r, <strong>do</strong>maior entrosamento entre as disciplinas, da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontros freqüentes paraplanejamento, <strong>do</strong> aluno tornar-se mais crítico, das normas disciplinares seremestabelecidas entre alunos, professores, pessoal operacional e direção da escola, além daavaliação contínua por parte <strong>do</strong> professor com relação ao educan<strong>do</strong>.Há ainda que se chamar a atenção para a resistência/insegurança <strong>de</strong> algunsgrupos <strong>do</strong>centes com relação ao projeto, além da questão da formação <strong>do</strong>cente, da plenaaceitação <strong>do</strong>s pais, que por <strong>de</strong>sinformação não compreen<strong>de</strong>m o que se passa, e <strong>do</strong>envolvimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os segmentos da escola.Uma Ratoeira para Demonstrar a Queda Simultânea <strong>do</strong>s CorposJoão Batista G. Canalle e Inez Aparecida G. OliveiraPUC-SP - Centro <strong>de</strong> Ciências Físicas Matemáticas e TecnológicasIntrodução


396Durante as Jornadas <strong>de</strong> Fisica, Matemática e Computação que ocorremanualmente no Centro <strong>de</strong> Ciências Físicas, Matemáticas e Tecnológicas da PUC-SP, oslaboratórios <strong>de</strong> Física são abertos ao público em geral e colégios <strong>de</strong> 1° e 2° graus sãoconvida<strong>do</strong>s a levarem seus alunos. Durante estas visitas mostrávamos um dispositivo quelança uma esfera na horizontal e simultaneamente <strong>de</strong>ixa outra, idêntica, cair na vertical.Antes <strong>de</strong> liberar as esferas perguntávamos qual chegaria primeiro ao solo. Até os alunos<strong>do</strong> 2° grau forneciam a resposta errada. Diante <strong>de</strong>ste fato resolvemos simplificar apergunta. Perguntávamos, então, se duas esferas aban<strong>do</strong>nadas simultaneamente damesma altura, qual chegaria primeiro ao solo. E a resposta era: Obviamente que a maispesada chega primeiro".Certamente os professores <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau ensinam que to<strong>do</strong>s os corposcaem com a mesma aceleração quan<strong>do</strong> a resistência <strong>do</strong> ar é <strong>de</strong>sprezível, mas parece quetal explicação não é aceita pelos alunos, ou seja, ela não é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a noçãointuitiva, pré-concebida por to<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> que corpos mais pesa<strong>do</strong>s caem mais rápi<strong>do</strong>. O que énecessário, então, para <strong>de</strong>struir esta "explicação intuitiva" que está tão fortementearraigada na mente das pessoas? Só há uma solução: uma experiência <strong>de</strong>monstrativa.A Ratoeira da Queda LivreDiante <strong>do</strong> acima exposto, resolvemos <strong>de</strong>senvolver um aparato, o mais simples ebarato possível, que liberasse duas esferas simultaneamente. Achamos a solução usan<strong>do</strong>uma pequena ratoeira metálica, alguns parafusos, <strong>do</strong>is pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e duas esferas;preço total: aproximadamente um dólar.A figura abaixo ilustra, esquematicamente, o dispositivo que <strong>de</strong>senvolvemos,pronto para liberar as esferas, cuja construção é a seguinte: A é uma tábua <strong>de</strong> 15x20x2cm;B é um bloco <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> 4x8x10cm; C é uma ratoeira metálica <strong>de</strong> 6x10cm; D é a molada ratoeira; E são 4 parafusos tipo "L" que pren<strong>de</strong>m o arame da mola ao bloco B; F é umbarbante resistente que liga o centro <strong>de</strong> uma das extremida<strong>de</strong>s da ratoeira à arruela G,que é presa ao prego sem cabeça H para "armar" a ratoeira, isto é, para <strong>de</strong>ixá-la nahorizontal e com a mola sob tensão; I é um gancho para pren<strong>de</strong>r o dispositivo num pregoqualquer <strong>de</strong> uma pare<strong>de</strong> e J é um gancho (como I) que foi fecha<strong>do</strong>. Nos cantos daratoeira (pontos x e x') há uma reentrância na qual colocamos as esferas, sem que elascaiam enquanto a ratoeira estiver "armada".Um <strong>de</strong>talhe da construção <strong>do</strong> dispositivo e que não aparece na figura é oseguinte: entre a tábua A e o bloco B há um espaço <strong>de</strong> 1 cm pelo qual o barbante F passa.Para conseguir tal espaço nós cortamos 4 pedaços <strong>de</strong> cortiça (rolha) com 1 cm <strong>de</strong> altura efizemos os 4 parafusos que pren<strong>de</strong>m a tábua A ao bloco B passarem por <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>las.


391Para <strong>de</strong>sarmar a ratoeira é só empurrar a arruela G para fora <strong>do</strong> prego H e asduas esferas colocadas nos pontos x e x' per<strong>de</strong>m, simultaneamente, seus pontos <strong>de</strong> apoio,caem livremente e chegam juntas ao solo, para espanto <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s.


399PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISPESQUISA ENSINO - APRENDIZAGEM


401PainéisAnálise <strong>de</strong> um Pré-Teste sobe Noções <strong>de</strong> Calor e Temperatura*Teixeira, 0.P 3., Carvalho, AM.P., Campos, G., Castro, R.S., Espinosa, R., Garri<strong>do</strong>, E.,Gosciola, V., Laburu, C.E., Nascimento, L., Silva, D. - FEUSPPara po<strong>de</strong>rmos <strong>de</strong>linear um ensino so<strong>br</strong>e o conceito <strong>de</strong> calor muitos aspectosprecisam ser clarea<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que, um <strong>do</strong>s que inicialmente nos parece <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>importância é o <strong>de</strong> conhecer quais as idéias que os alunos possuem e que po<strong>de</strong>riamdificultar no entendimento científico e, <strong>de</strong> que forma essas idéias po<strong>de</strong>riam sertrabalhadas em sala <strong>de</strong> aula.Portanto, antes <strong>de</strong> iniciarmos o curso <strong>de</strong> Calor e Temperatura procuramosverificar quais as noções que os alunos possuiam. Para isso, elaboramos um pré-teste(vi<strong>de</strong> anexo) conten<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> questões que foram aplicadas no primeiro dia <strong>de</strong>aula.A nossa amostra constituiu <strong>de</strong> 102 alunos <strong>de</strong> quatro diferentes classes, escolas eprofessores <strong>de</strong> primeiro e segun<strong>do</strong> anos <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau.Fazen<strong>do</strong> uma análise das respostas fornecidas pelos alunos, procuramos realizaruma categorização, que nos direcionou a uma classificação das concepções em quatroníveis.No nível I, consi<strong>de</strong>ramos as respostas on<strong>de</strong> a própria afirmação contida naquestão servia como justificativa da resposta, ou seja, os alunos apenas empregavam aspróprias palavras utilizadas na formulação.No nível II classificamos as respostas on<strong>de</strong> apareciam explicitamenteargumentos que levassem em conta somente as características <strong>do</strong> material ou dasubstância.As respostas on<strong>de</strong> estavam envolvi<strong>do</strong>s a utilização <strong>de</strong> argumentos on<strong>de</strong> levavamem conta as características <strong>do</strong> material ou substância, porém, com a verificação <strong>do</strong>aparecimento explicito <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> explicação para o processo envolvi<strong>do</strong> foramclassificadas no nível III.*Pesquisa financiada pela Fapesp e BID-USP


402No nível IV consi<strong>de</strong>ramos as respostas on<strong>de</strong> estavam envolvi<strong>do</strong>s o aparecimento<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo microscópico <strong>de</strong> calor.Com relação à questão 2, procuramos classificar as respostas on<strong>de</strong> não havia oaparecimento <strong>de</strong> um equilí<strong>br</strong>io térmico, ou ainda on<strong>de</strong> havia equilí<strong>br</strong>io térmico porémsomente levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração a temperatura, ou on<strong>de</strong> aparecia um equilí<strong>br</strong>io térmicoem função da temperatura e da massa envolvidas, sen<strong>do</strong> que tal equilí<strong>br</strong>io po<strong>de</strong>ria ser ounão encontra<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma localizada.A palavra quente e a palavra calor apresentaram significações sim ilaresgeralmente envolven<strong>do</strong> temperatura elevada ou excesso <strong>de</strong> transpiração. A temperaturaapareceu associada ao tempo ou condição climática sen<strong>do</strong> em certos casos relacionada aum número que indicava o quanto o material está quente ou frio. A freqüência <strong>de</strong>respostas associan<strong>do</strong> a noção <strong>de</strong> energia no significa<strong>do</strong> <strong>de</strong>stas três palavras foi bast antereduzida.ANEXONomeSérieIda<strong>de</strong>1. No dia-a-dia, usamos muitas vezes cubos <strong>de</strong> gelo para esfriar refrescos, sucos erefrigerantes. Como você explica o fato <strong>do</strong> gelo tornar estas bebidas mais frias?


4032. Os recipientes abaixo contêm água com a temperatura indicada. anote o valor datemperatura na mistura ou separação on<strong>de</strong> está o ponto <strong>de</strong> interrogação.Por que você marcou este valor?1 40.17nI10. kirdgof ^Li I?]3. Se <strong>de</strong>ixarmos aquecer por 5 minutos as mesmas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água e óleo astemperaturas irão ser iguais ou diferentes? Como você explica a sua escolha?4. A vovó Donalda tira a torta quente <strong>do</strong> forno e a coloca na janela. Explique porque elaesfria.5a. Duas bolinhas <strong>do</strong> mesmo tamanho, porém sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> vidro e metal, são colocadas emum forno aceso, durante o mesmo tempo. Todas as bolinhas ficarão igualmente quentesou não? Explique.5b. O que significa quente para você?6. Esfregan<strong>do</strong> rapidamente nossas mãos percebemos que elas se aquecem. Expliqueporque.


4047. 0 que é calor para você?8. 0 que é temperatura para você?Os Conceitos <strong>de</strong> "Calor" e'Temperatura" nos Livros Didáticos <strong>de</strong> 2° Grau*Reinal<strong>do</strong> Espinosa et alli - FEUSPUm estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s textos <strong>do</strong>s livros didáticos <strong>de</strong> física para o 2° grau consiste numaimportante etapa para o levantamento <strong>de</strong> informações so<strong>br</strong>e como os conceitos <strong>de</strong> "calor"e "temperatura" vêm sen<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong>s em nossas escolas. Uma vez que esses livros sãoamplamente utiliza<strong>do</strong>s.Neste trabalho, analisamos a apresentação <strong>de</strong> tais conceitos em seis livrosdidáticos que estão entre os mais utiliza<strong>do</strong>s atualmente. Os critérios <strong>de</strong> análise basearamseem Bruckmann e Axt (1989)(7) e em Vasquez (1987)(8).Procuramos ressaltar a maneira como os conceitos foram apresenta<strong>do</strong>s, a falta<strong>de</strong> formalismo científico e as incoerências internas das diversas abordagens.Os textos analisa<strong>do</strong>s pertencem aos seguintes livros:1) Alvarenga, Beatriz e Luz, Antonio M.R. Curso <strong>de</strong> Física. 2° edição, São Paulo, EditoraHar<strong>br</strong>a, 1986, vol. 2.2) Bonjorno, José Roberto et ali. Física. 1° edição, São Paulo, FTD, 1985.3) Merino, Djalma. Física 2° Grau. 6° edição, São Paulo, Editora Ática, 1985.4) Moretto, Vasco P. Termologia. Óptica e Ondas. 4° edição, São Paulo, Editora Ática,1990.5) Ramalho, Nicolau e Tole<strong>do</strong>. Os Fundamentos da Física. 5° edição, São Paulo, EditoraMo<strong>de</strong>rna, 1991, vol. 2.6) Tole<strong>do</strong>, Nicolau e Ivan. Aulas <strong>de</strong> Física. 5" edição, São Paulo, Editora Atual, 1984, vol.2.Trabalho financia<strong>do</strong> pela FAPESP e BID/USP


405Em cada livro analisamos cuida<strong>do</strong>samente alguns itens referentes aos conceitose à or<strong>de</strong>m em que os mesmos apareciam dispostos em cada um <strong>do</strong>s textos. Além dissoconsi<strong>de</strong>ramos, também, a maneira como os autores <strong>de</strong>senvolvem os conceitos. Os itensconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s foram, basicamente, os conceitos <strong>de</strong> calor temperatura e conservação daenergia (Qc=Qr).O livro Curso <strong>de</strong> Física, <strong>de</strong> Beatriz Alvarenga e Antonio Máximo(1), introduztemperatura discutin<strong>do</strong> as sensações <strong>de</strong> "mais quente" e "mais frio" e a interação entre<strong>do</strong>is corpos a temperaturas diferentes que, em contato, atingem uma mesma temperatura- condição <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io térmico. O conceito <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io térmico é, então, enquadra<strong>do</strong>:"<strong>do</strong>is (ou mais corpos, coloca<strong>do</strong>s em contato e isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> influências externas, ten<strong>de</strong>mpara um esta<strong>do</strong> final, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io térmico, que é caracteriza<strong>do</strong> poruma uniformida<strong>de</strong> na temperatura <strong>do</strong>s corpos."Após ter <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> o conceito, o texto diz: "Para que a temperatura possa serconsi<strong>de</strong>rada uma gran<strong>de</strong>za física, é necessário que saibamos medi-la...". Aborda-se, então,o termômetro através da apresentação <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> termômetros. O aluno, ten<strong>do</strong>adquiri<strong>do</strong> a noção qualitativa <strong>de</strong> temperatura, to rna-se mais capacita<strong>do</strong> para enten<strong>de</strong>r asvárias escalas existentes: Celsius, Kelvin, Farenheit, no termômetro.Após o conceito <strong>de</strong> dilatação, o texto dá um <strong>br</strong>eve histórico so<strong>br</strong>e o surgimento<strong>do</strong> termômetro e das escalas termométricas, além <strong>de</strong> perspe ctivas para o futuro. Alémdisso, propõe algumas expe riências no final <strong>de</strong> cada capítulo, que levam o aluno acompreen<strong>de</strong>r a ação da temperatura na dilatação <strong>do</strong>s corpos.Antes <strong>do</strong> capítulo <strong>de</strong> calor, existe um capítulo intermediário (comportamento <strong>de</strong>gases). A importância <strong>de</strong>ste capítulo é mostrar o comportamento molecular <strong>do</strong>s gases emrelação à temperatura.A introdução <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> calor é feita através da discussão <strong>de</strong> como oscientistas <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> explicavam o fato <strong>de</strong> <strong>do</strong>is corpos a temperaturas diferentesentrarem em equilí<strong>br</strong>io térmico. Eles entendiam que <strong>de</strong>ve ria existir uma substânciainvisível chamada calórico, que um corpo <strong>de</strong> maior temperatura <strong>de</strong>veria ter e que passavapara um outro <strong>de</strong> menor temperatura. Alguns fenômenos, no entanto, não são explica<strong>do</strong>spor este mo<strong>de</strong>lo, tornan<strong>do</strong>-se necessário, mais tar<strong>de</strong>, a substituição da idéia <strong>de</strong> calóricopor outra, a <strong>de</strong> que o calor é uma forma <strong>de</strong> energia. O conceito <strong>de</strong> calor é, então <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>:"Calor é a energia transferida <strong>de</strong> um corpo para o outro em virtu<strong>de</strong>, unicamente, <strong>de</strong>uma diferença <strong>de</strong> temperatura entre eles."


^406Neste livro, notamos uma preocupação em distinguir o conceito <strong>de</strong> temperatura(que é relaciona<strong>do</strong> com a região interna <strong>do</strong> corpo) e o <strong>de</strong> calor (que é a energia emtrânsito <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> maior para outro <strong>de</strong> menor). Ressalta, ainda, que a temperaturapo<strong>de</strong> aumentar <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a outros fatores além <strong>do</strong> calor.Só <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> texto apresentar a ia lei da termodinâmica é que explica o que éum calorímetro e anuncia o princípio da conservação da energia.O livro é bem ilustra<strong>do</strong> e apresenta discussão conceitual bem profunda.No livro Física, <strong>de</strong> Bonjorno(2), o conceito <strong>de</strong> temperatura é introduzi<strong>do</strong> nocap. 1 (termometria), logo após uma discussão rápida da subjetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s termos"quente" e "frio", on<strong>de</strong> o autor <strong>de</strong>fine:'Temperatura é uma gran<strong>de</strong>za ilsica que me<strong>de</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> agitação das partículas <strong>de</strong>um corpo, carcterizan<strong>do</strong> o seu esta<strong>do</strong> térmico"O conceito <strong>de</strong> calor s6 é trata<strong>do</strong> no início <strong>do</strong> cap3 (calorimetria), após umcapítulo so<strong>br</strong>e dilatação. Até esse ponto, s6 se fala em "aumento" e "diminuição" datemperatura, sem tratar <strong>de</strong> seu agente causa<strong>do</strong>r.<strong>de</strong>spercebida:A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> calor não aparece <strong>de</strong>stacada <strong>do</strong> texto, passan<strong>do</strong> quase"Calor é a energia em trânsito entre <strong>do</strong>is corpos ou sistemas, <strong>de</strong>corrente apenas daexistência <strong>de</strong> uma diferença <strong>de</strong> temperatura entre eles".texto.Essa energia "passa" <strong>do</strong> corpo mais quente para o corpo mais frio, segun<strong>do</strong> oO uso da temperatura se restringe a seus valores nas escalas termométricas, ou auma simples variável nas equações <strong>de</strong> dilatação.O conceito calor passa, então, a ser chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor, quan<strong>do</strong> é<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> o 1° princípio da calorimentria: "Q recebi<strong>do</strong> = QcedidóResumin<strong>do</strong>, o livro não aborda o problema da distinção entre os conceitos <strong>de</strong>calor e temperatura, limitan<strong>do</strong>-se a <strong>de</strong>fuú-los. A conservação <strong>do</strong> calor também não édiretamente abordada, mas fica implícita no meio <strong>do</strong>s processos. O texto se limita aosfenômenos visíveis <strong>do</strong> calor, não dan<strong>do</strong> muita importância a suas causas.


407O livro Física: r Grau, <strong>de</strong> Merino(3), começa falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> energia inte rna <strong>de</strong> umcorpo, que ele relaciona com a agitação térmica das moléculas, cheg an<strong>do</strong> ao conceito <strong>de</strong>temperatura:'Femperatura (t) <strong>de</strong> um corpo é um número que me<strong>de</strong> a energia cinética <strong>de</strong> suasmoléculas <strong>de</strong>vida è agitação térmica."Então começa a <strong>de</strong>senvolver o conceito <strong>de</strong> calor, que surge como a energianecessária que <strong>de</strong>ve se transferir <strong>de</strong> um corpo a outro para se estabelecer o equilí<strong>br</strong>iotérmico:"Calor é uma forma <strong>de</strong> energia que se transfere <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> temperatura mais altapara um corpo <strong>de</strong> temperatura mais baixa."A partir daí passa a tratar da medida da temperatura, através da introdução dasgran<strong>de</strong>zas termométricas e das escalas <strong>de</strong> temperatura. Tu<strong>do</strong> isso <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> formaunilateral, sem interação com o aluno ou preocupação com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>exemplos minimamente c riativos.Na seqüência fala-se so<strong>br</strong>e calores sensível, latente e especifico (são dadas asequações matemáticas para trocas <strong>de</strong> calor), sempre com o mesmo ritmo fraco e sematrativos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que nos parece que este texto acaba por <strong>de</strong>sinteressar ao aluno.Existem alguns exemplos e exercícios bast ante repetitivos.No livro Física Hoje, <strong>de</strong> Moretto(4), os conceitos <strong>de</strong> temperatura, energiatérmica, calor e equilí<strong>br</strong>io térmico são inicialmente apresenta<strong>do</strong>s:"Sempre que falamos em tem peratura <strong>de</strong> um coroo, estamos nos referin<strong>do</strong> ao nível <strong>de</strong>vi<strong>br</strong>ação <strong>de</strong> suas moléculas"."A energia total <strong>de</strong> vi<strong>br</strong>ação das moléculas <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong>nomina-se energia térmica <strong>do</strong>como•""Calor é a energia térmica em trânsito, ou seja, é a energia que se transfere <strong>de</strong> umcorpo para outro quan<strong>do</strong> entre eles existir dife rença <strong>de</strong> temperatura.""Dois corpos estão em equilí<strong>br</strong>io térmico quan<strong>do</strong> estive rem h mesma temperatura."As cinco primeiras páginas <strong>do</strong> livro discutem os con ceitos acima, procuran<strong>do</strong>diferenciá-los entre si, utilizan<strong>do</strong> analogias e esquemas para melhorar a apresentação.


408Em seguida, o autor <strong>de</strong>senvolve a problemática da medida da temperatura (que<strong>de</strong>ve ser ind ireta) e explica a calt<strong>br</strong>ação <strong>de</strong> um termômetro. Apresenta as três principaisescalas termométricas.A lei da conservação da energia aparece sob o titulo <strong>de</strong> "Princípio das Trocas <strong>de</strong>Calor". da forma a saber."Se <strong>do</strong>is sistemas termicamente isola<strong>do</strong>s trocam entre si apenas calor, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>calor cedida por um é igual è quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor recebida pelo outro."Ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o livro, o autor procura enfatizar a diferença entretemperatura, energia térmica total e calor, com discussões no início <strong>do</strong>s capítulos.Ao final <strong>de</strong> cada capítulo, há um texto que trata <strong>de</strong> um assunto da atualida<strong>de</strong>,que sempre <strong>de</strong>screve ou comenta algo a respeito <strong>do</strong> assunto <strong>do</strong> capítulo visto. Tal seção éintitulada "O Mun<strong>do</strong> da Física".Em Fundamentos da Física. <strong>de</strong> Ramalho/Nicolau/Pole<strong>do</strong>(5), o assunto é<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em três partes: "introdução à termometria", "a temperatura e seus efeitos" e"calor - a energia térmica em trânsito".A primeira parte <strong>de</strong>senvolve uma discussão so<strong>br</strong>e os esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> agregação damatéria, objetivan<strong>do</strong> as noções <strong>de</strong> energia interna e equilí<strong>br</strong>io térmico, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> apare ce aigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> temperaturas como condição. O con ceito <strong>de</strong> calor surge no meio <strong>do</strong> texto:"A pnereia térmica em trânsito é <strong>de</strong>nominada calor."A segunda parte aborda o conceito <strong>de</strong> temperatura, escalas termométricas edilatação. A noção <strong>de</strong> temperatura é justificada pela observaçâo <strong>do</strong>s fenômenos <strong>de</strong>dilatação <strong>do</strong>s corpos. Fala-se <strong>de</strong> escalas e conversões, exercícios e <strong>de</strong>ixa-se por último oconceito <strong>de</strong> temperatura como uma função da agitação mole cular, o que só é mostra<strong>do</strong>quan<strong>do</strong> se aborda a escala Kelvin. E, <strong>de</strong> maneira um pouco confusa e nem um poucoclara, <strong>de</strong>fine temperatura:"A temperatura po<strong>de</strong> ser entedida como correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a um nível energético <strong>do</strong>ssistemas: <strong>do</strong>is corpos po<strong>de</strong>m apresentar temperaturas iguais (mesmo nível energético),mas possuir energias térmicas totais diferentes."Mais adiante, no resumo <strong>do</strong> capítulo, a temperatura é <strong>de</strong>finida como sen<strong>do</strong> umamedida <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> agitação térmica das moléculas <strong>de</strong> um sistema. Segue-se então umlongo capítulo so<strong>br</strong>e dilatações e <strong>de</strong>pois o tema calor volta a ser trata<strong>do</strong> em capítuloin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.


409Assim, <strong>de</strong>fine-se rapidamente calor como sen<strong>do</strong>"„Calor é a rnereia térmica em trânsito entre corpos a diferentes temueraturag.”e passa-se a trabalhar com as equações <strong>de</strong> calores sensível, latente e específico. As trocas<strong>de</strong> calor são abordadas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> enuncia<strong>do</strong> o seguinte "princípio geral":"Se <strong>do</strong>is ou mais corpos trocam calor entre si, a soma algé<strong>br</strong>ica das quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>calor trocadas pelos corpos, até o estabelecimento <strong>do</strong> equilí<strong>br</strong>io térmico, é NULA."E interessante notar a maneira formal e matematicista com que é enuncia<strong>do</strong> umprincípio tão fundamental, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que um conceito físico impo rtante é "escondi<strong>do</strong>" poruma simples soma algé<strong>br</strong>ica, sem que o aluno se dê conta disso.Em Aulas <strong>de</strong> Física, <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong>/Nicolau/Ivan(6), o conceito <strong>de</strong> temperatura nãoé discuti<strong>do</strong>, mas apenas <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> diretamente, sem exemplos ou caminhos <strong>de</strong>dutivos. Emseguida, <strong>de</strong>fine-se temperatura. A <strong>de</strong>finição é boa, mas o texto não a<strong>br</strong>e espaço para umadiscussão melhor a respeito:"Noção <strong>de</strong> Temperatura: as partículas constituintes <strong>do</strong>s corpos estão em continuomovimento. Enten<strong>de</strong>-se temperatura como sen<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong>za que me<strong>de</strong> a maior oumenor intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa agitação térmica."Então, o texto fala so<strong>br</strong>e o termômetro e dá a noção <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io térmico.O capítulo seguinte trata <strong>de</strong> dilatação, sem ir além <strong>do</strong> que foi visto so<strong>br</strong>etemperatura.O conceito <strong>de</strong> calor é visto <strong>de</strong> maneira clara, através <strong>de</strong> uma discussão da visãomicroscópica da matéria, com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> energia interna <strong>de</strong> um gás. E da<strong>do</strong> também oconceito <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io térmico:"...portanto, houve transferência <strong>de</strong> energia <strong>do</strong> corpo mais quente para o corpo mais frio,até que ambos apresentassem temperaturas iguais."A energia que se transfere <strong>do</strong> corpo em maior temperatura para o corpo em. menor, recebe o nome <strong>de</strong> glor.O termo calor não é usa<strong>do</strong> para indicar a energia que o corpo possui, massomente aquela que está se transferin<strong>do</strong>!"


n410So<strong>br</strong>e as trocas <strong>de</strong> calor, o texto utiliza a igualda<strong>de</strong> Oc = Or antes mesmo <strong>de</strong><strong>de</strong>fuú-la, o que só é feito durante o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> sistemas com misturas (gelo, água, etc):"Quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is ou mais corpos trocam calor entre si, até estabelecer-se o equilí<strong>br</strong>iotérmico, é nula a soma das quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> calor trocadas por eles".Outro ponto que consi<strong>de</strong>ramos importante em nossa análise foram os exercíciospropostos nos livros.O livro Curso <strong>de</strong> Física(1) propõe exercícios que enfatizam bastante oconhecimento conceitual <strong>do</strong> aluno; existem poucos exercícios <strong>de</strong> termometria e nem to<strong>do</strong>sexigem como resulta<strong>do</strong> um valor numérico. Em Fisica(2), os exercícios são meramentecondiciona<strong>do</strong>res, uma vez que o aluno repete o procedimento exemplifica<strong>do</strong> ousimplesmente substitui valores em expressões matemáticas, o que os torna muitoprimários. O livro Física: 2° Grau(3), como já dissemos, apresenta exercícios que<strong>de</strong>finitivamente subestimam a capacida<strong>de</strong> criativa <strong>do</strong> aluno; são mecânicos e muito fracos.Em Física Hoie(4), eles sempre começam com um enfoque conceitual (respostasdissertativas), <strong>de</strong>pois são apresenta<strong>do</strong>s alguns quantitativos-padrão e por fim os testes <strong>de</strong>vestibulares, o que resulta numa boa disposição, gradual e completa. Em termos <strong>do</strong>número <strong>de</strong> exercícios, o livro Os Fundamentos da Fisica(5) é o mais completo. De fato,nesta sua última edição, notamos que os exercícios vieram um pouco renova<strong>do</strong>s, comalgumas perguntas dissertativas, sem no entanto <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> apresentar sua característicaconhecida: exercícios resolvi<strong>do</strong>s, que varrem to<strong>do</strong> o assunto, segui<strong>do</strong>s <strong>de</strong> out ros on<strong>de</strong> oaluno <strong>de</strong>ve repetir esses mo<strong>de</strong>los, além <strong>de</strong> uma preocupação muito gran<strong>de</strong> com antigasquestões <strong>de</strong> vestibulares. O texto Aulas <strong>de</strong> Física(6) apresenta alguns exercícios resolvi<strong>do</strong>se <strong>de</strong>pois, a partir <strong>de</strong> exercícios semelhantes vai aprofundan<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>, semno entanto passar por perguntas con ceituais ou que <strong>de</strong>spertem a criativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aluno.Como resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta análise, observamos que, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, os textospara segun<strong>do</strong> grau não têm a preocupação <strong>de</strong> ser formais e nem coerentes naapresentação <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>finições e conceitos. Além disso, alguns têm um ritmo <strong>de</strong> leitura eapresentação da matéria bastante <strong>de</strong>sestimulante. Estes textos também se ressentem dafalta <strong>de</strong> clareza. As exceções, boas, são também raras.A seguir damos um resumo com as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> "Calor" e <strong>de</strong> 'Temperatura"<strong>do</strong>s livros analisa<strong>do</strong>s.Calor1) "Calor é a energia transferida <strong>de</strong> um corpo para outro em virtu<strong>de</strong>, unicamente, <strong>de</strong> umadiferença <strong>de</strong> temperatura entre eles."


4112) "Calor é a energia em trânsito, entre <strong>do</strong>is corpos ou sistemas, <strong>de</strong>corrente apenas daexistência <strong>de</strong> uma diferença <strong>de</strong> temperatura entre eles."ti3) "Calor é uma forma <strong>de</strong> energia que se transfere <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> temperatura mais altapara um corpo <strong>de</strong> temperatura mais baixa."4) "Calor é a energia térmica em trânsito, ou seja, é a energia que se transfere <strong>de</strong> umcorpo para outro quan<strong>do</strong> entre eles existir diferença <strong>de</strong> temperatura.5) "Calor é a energia térmica em trânsito entre corpos a diferentes temperatura."6) "Calor é uma forma <strong>de</strong> energia em trânsito, <strong>de</strong>terminada pela diferença <strong>de</strong> temperaturaentre <strong>do</strong>is sistemas."Temperatura1) "...a Temperatura <strong>de</strong> um corpo é uma proprieda<strong>de</strong> que está relacionada com o fato <strong>de</strong>o corpo estar "mais quente" ou "mais frio"."2) "Temperatura é uma gran<strong>de</strong>za física que me<strong>de</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> agitação das partículas <strong>de</strong>um corpo, caracterizan<strong>do</strong> o seu esta<strong>do</strong> térmico."3) "'Temperatura (t) <strong>de</strong> um corpo é o número que me<strong>de</strong> a energia cinética <strong>de</strong> suasmoléculas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à agitação térmica."4) "Temperatura é o nível médio da energia cinética <strong>de</strong> vi<strong>br</strong>ação das moléculas quecompõem um corpo."5) 'Temperatura po<strong>de</strong> ser entendida como correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a um nível energético <strong>do</strong>ssistemas: <strong>do</strong>is corpos po<strong>de</strong>m apresentar temperaturas iguais (mesmo nível energético),mas possuir energias térmicas totais diferentes."6) "Enten<strong>de</strong>-se temperatura como sen<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong>za que me<strong>de</strong> a maior ou menorintensida<strong>de</strong> da agitação térmica."Bibliografia1) Alvarenga, Beatriz e Luz, Antonio M.R. Curso <strong>de</strong> Fisica. 22 edição, São Paulo, EditoraHar<strong>br</strong>a, 1986, vol.2.


4122) Bonjorno, José Roberto et alli. Física. l' edição, São Paulo, FTD, 1985.3) Merino, Djalma. Física: 2° Grau. 6' edição, São Paulo, Editora Ática, 1985.4) Moretto, Vasco P. Termologia, Óptica e Ondas. 4' edição, São Paulo, Editora Ática,1990.5) Ramalho, Nicolau e Tole<strong>do</strong>. Os Fundamentos da Física. 5' edição, São Paulo, EditoraMo<strong>de</strong>rna, 1991, vol. 2.6) Tole<strong>do</strong>, Nicolau e Ivan. Aulas <strong>de</strong> sjo. 5' edição, São Paulo, Editora Atual, 1984, vol.2.7) Bruckmann, Magale E. e Au, Rolan<strong>do</strong>. O Conceito <strong>de</strong> Calor nos Livros <strong>de</strong> Ciências.Cad. Cat. <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, 1989, 6(2): 623-33.8) Vasquez Diaz, J., Alguns Aspectos a Consi<strong>de</strong>rar en la Didactica <strong>de</strong>l Calor. Ensenanza<strong>de</strong> las Ciências, 1987, 5(3), 235-238.Acompanhamento <strong>do</strong>s Ingressantes no IFUSP em 1989/1990E.W. Hamburger, BA.C. Castro, PA. FusinatoHá alguns anos pesquisa-se no Instituto <strong>de</strong> Física da USP o <strong>de</strong>sempenhoacadémico e evasão <strong>do</strong>s alunos no curso <strong>de</strong> graduação(1 e 2). Relatamos aqui oacompanhamento <strong>do</strong>s ingressantes no IFUSP em 1989.0 estu<strong>do</strong> para os ingressantes <strong>de</strong>1990 encontra-se em fase inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Em 1989 tivemos 299 alunos ingressantes, sen<strong>do</strong> 137 no perío<strong>do</strong> diurno e 162 noperío<strong>do</strong> noturno. Estes números são maiores <strong>do</strong> que o número <strong>de</strong> vagas, 130 no diurno e130 no noturno, porque foram chama<strong>do</strong>s alunos a mais para compensar aqueles que jáhaviam cursa<strong>do</strong> algumas disciplinas <strong>do</strong> primeiro ano em outra faculda<strong>de</strong> e também outrosprováveis <strong>de</strong>sistentes.•^^"^A^.(1 e 2)Referências:1. BA.C. Castro, E.W.Hamburger e S.V.Rabinovitch "Estu<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e o Desenvolvimento<strong>do</strong>s Alunos <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Física da USP" - IFUSP/P787,1989.2. E.W. Hamburger, BA.C. Castro e S.V. Rabinovitch "Desempenho <strong>do</strong>s Alunos <strong>do</strong>Curso <strong>de</strong> Física da USP" - IFUSP/P760, 1988.


413Os da<strong>do</strong>s foram forneci<strong>do</strong>s pela FUVEST e Secretaria Geral da USP, além <strong>de</strong>questionários aplica<strong>do</strong>s aos alunos na matricula <strong>do</strong> primeiro semestre <strong>de</strong> 1990 e em maio<strong>do</strong> mesmo ano. Os resulta<strong>do</strong>s se referem aos primeiro, segun<strong>do</strong> e terceiro semestres <strong>do</strong>curso. Um aluno aprova<strong>do</strong> em todas as disciplinas acumula, no diurno: 26 créditos noprimeiro semestre, 56 no segun<strong>do</strong> e 73 no terceiro. No noturno: 20 créditos no primeirosemestre, 41 no segun<strong>do</strong> e 63 no terceiro.Estudamos os perio<strong>do</strong>s diurno e noturno separadamente por apresentaremcaracterísticas bem distintas, inclusive o tempo <strong>de</strong> duração <strong>do</strong> curso (4 anos para o diurnoe 5 anos para o noturno).Asl+maipão Quint Npsswnta sm 1969, no IFtbP, wanm o Cloulkopõo ro trstipdarWants • ligo Fuwstl.25O.rno1137 (*moilMotoro1162 alums)20^1582 10_J501 1 1•. I 1•100 200 300 400 500100 200 300 400 • 500Gossiflcoção no VesUbulQ Fi b.1 Classificação no VestibtlarA fig. 1 mostra a distribuição <strong>do</strong>s alunos ingressantes no IFUSP em 1989 segun<strong>do</strong> aclassificação no vestibular. A maioria <strong>do</strong>s ingressantes <strong>de</strong> 1989 <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> diurno tiveramclassificação entre 1 e 250, o que representa 72% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> 137 alunos, sen<strong>do</strong> que nasclassificações <strong>de</strong> 1 a 50 temos 20% <strong>de</strong>stes alunos.No noturno a maior parte <strong>do</strong>s ingressantes teve classificação no vestibular <strong>de</strong>100 a 350, o que correspon<strong>de</strong> a 65% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> 142 alunos.


-r+.022 semestre 5040 46^c 3Q20•^It°cQ^LO10» • + °A fig.2 mostra histogramas <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos conforme os créditos acumula<strong>do</strong>s aofinal <strong>de</strong> cada semestre (1°, 2°, e 3°) para o perío<strong>do</strong> diu rno e noturno. No diurno,completaram os créditos apenas 26 alunos no primeiro semestre, 14 no segun<strong>do</strong> e 12 noterceiro. Para o noturno, os números correspon<strong>de</strong>ntes são 26 alunos no primeirosemestre, 15 no segun<strong>do</strong> e 6 no terceiro. Há repetência da maioria <strong>do</strong>s alunos que nãocompletaram os créditos no prazo previsto. Por outro la<strong>do</strong>, muitos alunos não obtêmnenhum crédito, mesmo após três semestres. Esses alunos com zero créditos aparecemtanto para aqueles que foram bem ciaccifica<strong>do</strong>s no vestibular, como para os malclassifica<strong>do</strong>s.


415z.DIU RNNOTURNO43? sem.7? sem.404020^ 08 0 240 425•,,, 4002 0 sem.2? sem.20a 080 240 425r1? i sm.1? sem.200, •50 240 425\ pl-80 2hO_'400•CLASSIFICAÇÃO NO VESTIBULARFij,7 CLASSIFICAÇÃO NO ,VESTIBULARA fig. 3 mostra o número médio <strong>de</strong> créditos acumula<strong>do</strong>s pelos alunos e a classificação<strong>de</strong>stes no vestibular. Para o diurno os classifica<strong>do</strong>s até 80 têm um número maior <strong>de</strong>créditos acumula<strong>do</strong>s em relação aos outros, mas para aqueles cujas classificações estãoentre 81 e 320 os créditos acumula<strong>do</strong>s parecem equivalentes. Para o noturno asclassificações <strong>de</strong> 160 até 400 também parecem equivalentes. A classificação é <strong>de</strong>terminadapela média pon<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> todas as provas <strong>do</strong> vestibular. A correlação entre o número <strong>de</strong>créditos acumula<strong>do</strong>s nos semestres iniciais <strong>do</strong> curso e a nota <strong>de</strong> física ou <strong>de</strong> matemáticaobtida no vestibular é a mais fo rte <strong>do</strong> que a correlação com a classificação <strong>de</strong>stes alunos.


416irausrQwn^t^ A \\ ^\^ \\ \ \s ^4 .. ,; 414^^,;,171jugtISN-N.1N-III-IN'u-N-N-Zit! a A) r e a Mtiallllra CesaluflN7[C.t.Fi^.4nubbin tar'" I...r. 1tirais g wa<strong>br</strong>lrt!!+^ tasaas Wombs ®ilarais ® IwxauaN1 - Flake 1 72 - Lab.Ftalca 1 83 - Cálculo Dif. • Fnt.1 94 - Vetere* e Cmetrta 10S - Q,Lica 2 . 116 - Fislra 2 12- Lab.FLlca 2- Cálculo Dir.e Lit.- %Dies <strong>de</strong> Prop. .* Cale.a ...- Q,laica 1- Flaica 3- Lab.Fiaica 313 - calculo Dif.e Int.314 - i1<strong>de</strong><strong>br</strong>a LinearA fig. 4 mostra as aprovações, reprovações e trancamentos nas disciplinas o<strong>br</strong>igatórias <strong>do</strong>strês semestres iniciais <strong>do</strong> curso.As reprovações são altas principalmente nas disciplinas <strong>de</strong> matemática, 64% emCálculo I, 76%, em Vetores e Geometria para o 1 0 semestre <strong>do</strong> diurno e para o mesmosemestre <strong>do</strong> noturno, os índices são 53% e 80%, respectivamente. Assim, a maioria <strong>do</strong>salunos, quan<strong>do</strong> não <strong>de</strong>siste, <strong>de</strong>mora um tempo longo para terminar o curso.


417IIKQSSWIU1FInSYClSS.111i. I ac.tunJllII.a-Isuswcam-lturCLS.II11. I 6C.tu1. .Fig .SDuabuicão <strong>do</strong>s Alms 4rprdaorses an 1989. no 1F1SP. snput<strong>do</strong> o Néd <strong>de</strong> tKtrupõo <strong>do</strong> Poi e <strong>do</strong> Me iporcaragemrm relopao ao tolas <strong>de</strong> ohm an coda prío<strong>do</strong>l.00levd <strong>de</strong> 4wuc<strong>do</strong> <strong>do</strong> PaiOv.o • Mat rieu107 er•d rd2r..er1tfArsrslrival O. MsYUC<strong>do</strong> dr Y<strong>de</strong>+.eJ40^`oT26na ▪ m w •wFiy.G • ^^ `A• wgrr •.As figs. 5 e 6 mostram diferenças sociais entre os pe rio<strong>do</strong>s d iurno e noturno. No perío<strong>do</strong>diurno pre<strong>do</strong>minam alunos o riun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> escolas particulares, principalmente entre osmelhores classifica<strong>do</strong>s; no noturno os alunos <strong>de</strong> escolas públicas são majoritários. O nível<strong>de</strong> instrução <strong>do</strong> pai é o superior, para gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> diurno, e o primáriopara o noturno (fig.6). Já o nível <strong>de</strong> instrução da mãe é o primário para a maio ria <strong>do</strong>salunos <strong>do</strong> noturno e para o diurno não há pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s níveis.•Os questionários perguntavam so<strong>br</strong>e pontos positivos e negativos <strong>do</strong> curso epediam sugestões. O curso foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> bom, em geral, mas houve reclamações so<strong>br</strong>e"falta <strong>de</strong> didática <strong>de</strong> alguns professores", "curso pesa<strong>do</strong>", "falta <strong>de</strong> base matemática", "falta<strong>de</strong> orientação", etc. Entre as sugestões feitas, citamos "maior articulação entre osprofessores <strong>de</strong> Matemática e Física", "monitoria e coor<strong>de</strong>nação das disciplinas". "Maiorinteração entre os professores das diversas disciplinas". "Que as aulas sejam todas nomesmo perio<strong>do</strong>,.ou <strong>de</strong> manhã ou à tar<strong>de</strong> para so<strong>br</strong>ar tempo para estudar", isto para os


V418Um Teste So<strong>br</strong>e Calor, Temperatura e Energia InternaFernan<strong>do</strong> Lang da Silveira - IF UFRGS/IF-PUCRSRolan<strong>do</strong> Axt - IF-UFRGSMarco Antonio Moreira - IF UFRGSIntroduçãoA pesquisa na área <strong>de</strong> concepções alternativas tem indica<strong>do</strong> que a entrevistaclinica é a melhor técnica para <strong>de</strong>tectar essas concepções. Todavia, a entrevista clínica é,so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong>, uma técnica <strong>de</strong> investigação e requer bastante tempo e experiência. Como tal,não é apropriada para o dia-a-dia <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula. O que o professor precisa pararapidamente <strong>de</strong>tectar concepções alternativas <strong>de</strong> seus alunos em sala <strong>de</strong> aula é <strong>de</strong>instrumentos váli<strong>do</strong>s, fi<strong>de</strong>dignos e <strong>de</strong> fácil aplicação e interpretação.A solução natural para esse problema é a construção e validação <strong>de</strong> testes <strong>de</strong>papel e lápis a partir <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrevistas clínicas. Precisamente isso é o que temosfeito e estamos dan<strong>do</strong> continuida<strong>de</strong> com o presente trabalho. Usan<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>resi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s com entrevistas clinicas, já validamos um teste para <strong>de</strong>tectar se oaluno tem ou não a concepção newtoniana so<strong>br</strong>e força e movimento (Silveira, Moreira eAxt, 1986) ( 1 ) e outro para <strong>de</strong>tectar concepções alternativas so<strong>br</strong>e corrente elétrica emcircuitos simples (Silveira, Moreira e Axt, 1989) ( 2 ) . Estamos agora validan<strong>do</strong> umterceiro instrumento, <strong>de</strong>sta vez para i<strong>de</strong>ntificar concepções alternativas so<strong>br</strong>e calor etemperatura.No III Encontro <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, real iza<strong>do</strong> em Porto Alegreem julho <strong>de</strong> 1990, apresentamos uma versão preliminar <strong>de</strong>sse instrumento. Agora,relatamos a análise <strong>de</strong> consistência interna da segunda versão <strong>de</strong>ste novo teste.(1)Silveira, F.L., Moreira, MA. e Axt, R. Validação <strong>de</strong> um teste para verificar se o alunotem ou não a concepção newtoniana so<strong>br</strong>e força e movimento. Ciência e Cultura, 38(12):2047-2055, 1986.(2)Silveira,F.L., Moreira, MA. e Axt,R. Validação <strong>de</strong> um teste para verificar se alunopossui concepções científicas so<strong>br</strong>e corrente elétrica em um circuito simples. Ciência eCultura, 41(11), 1129-1133, 1989.


419Análise <strong>de</strong> consistência internaA versão preliminar <strong>do</strong> teste, constituída por 20 questões <strong>de</strong> escolha múltipla,foi aplicada em alunos <strong>de</strong> engenharia que cursavam Física III (Termodinâmica e Ondas)no 2° semestre <strong>de</strong> 1989 na UFRGS. O teste foi respondi<strong>do</strong> antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estudaremTermodinâmica perfazen<strong>do</strong> 154 respon<strong>de</strong>ntes.As respostas a cada questão <strong>do</strong> teste foram qu antificadas da seguinte forma:escore 1 se respondida corretamente; escore 0 (zero) para qualquer outra resposta. Estaforma <strong>de</strong> quantificar não discrimina entre as respostas incorretas e, po rtanto, nãodiscrimina entre as possíveis concepções alte rnativas. A intenção é apenas quantificar osujeito como ten<strong>do</strong> ou não concepções alternativas ou científicas.Os escores obti<strong>do</strong>s foram submeti<strong>do</strong>s a uma análise <strong>de</strong> consistência inte rna. Aprimeira etapa <strong>de</strong>sta análise foi o cálculo da matriz <strong>de</strong> correlações entre as questões. Ouseja, foram calcula<strong>do</strong>s os coeficientes <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> cada questão <strong>do</strong> teste com todas asoutras.Inspecionan<strong>do</strong>-se a matriz <strong>de</strong> correlações foram encontra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is grupos <strong>de</strong>questões e evidência <strong>de</strong> um terceiro; em cada um <strong>de</strong>sses grupos, qualquer questãoapresentava alguma correlação com as <strong>de</strong>mais questões <strong>do</strong> mesmo grupo e correlação<strong>de</strong>sprezível com as questões <strong>do</strong>s outros grupos. Este comportamento sugereempiricamente que o teste é multidimensional, sen<strong>do</strong> cada dimensão (fator) praticamentein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das <strong>de</strong>mais.Houve sete questões que não se encaixaram em qualquer <strong>do</strong>s três grupos etambém não se correlacionaram entre si. Essas questões foram eliminadas <strong>do</strong> teste.Uma nova versão <strong>do</strong> teste, constituída pelos 13 itens rest antes da primeiraversão mais 13 itens adicionais, foi elaborada e aplicada, no segun<strong>do</strong> semestre <strong>de</strong> 1990, a85 indivíduos que já haviam estuda<strong>do</strong> Termodinâmica no 3° grau (alunos <strong>de</strong> Física eEngenharia).A análise <strong>de</strong> consistência interna efetuada so<strong>br</strong>e essas respostas confirmou aexistência <strong>do</strong>s três fatores <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s na primeira versão (Calor, Lei Zero e EnergiaInterna). Nessa ocasião foi elimina<strong>do</strong> apenas um item e a composição <strong>de</strong> itens para cadafator (vi<strong>de</strong> o teste anexo) ficou assim:- Definição <strong>de</strong> Calor: itens 1,2,3,4,10,15,18,22- Lei Zero da Termodinâmica: itens 7,8,9,12,13 e 25- Energia Interna: itens 6,11,14,16,17,19,20,21,22 e 24


420A Tabela 1 apresenta a média, o <strong>de</strong>svio padrão e o coeficiente alfa <strong>de</strong> Cronbach<strong>do</strong> escore total <strong>de</strong> cada grupo <strong>de</strong> questões. Os valores <strong>de</strong>stes c oeficientes indicam quecada grupo <strong>de</strong> questões possui alguma consistência interna. A Tabela 2 apresenta oscoeficientes <strong>de</strong> correlação entre os escores totais <strong>de</strong> cada fator. Estes coeficientes <strong>de</strong>correlação mostram que os três escores totais ou os três grupos <strong>de</strong> questões me<strong>de</strong>mdimensões (fatores) quase in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.Tabela I - Características <strong>do</strong> escore total em cada grupo <strong>de</strong> questõesmédio <strong>de</strong>svio pomo coeficiente alfoCatcetto <strong>de</strong> Color 3,6 2,1 0,71Lel Zero <strong>do</strong> Terma 4,1 1.0 0.60Biagio ;Mums 5,3 2,0 0,52Tabela 2 - Correlações entre os escores totals <strong>de</strong> cada grupo <strong>de</strong> questõesConceito <strong>de</strong> Calor Lei Zero Energia InterneCuusilutia Cults 0.05 0.16Lei Zero da termo. 0,17ConclusioO teste apresenta<strong>do</strong> neste trabalho foi construí<strong>do</strong> e valida<strong>do</strong> a fim <strong>de</strong> oferecer aprofessores um instrumento capaz <strong>de</strong> rapidamente <strong>de</strong>tectar se os alunos têm concepçõescientificamente aceitas na área <strong>de</strong> calor e temperatura. No pro cesso <strong>de</strong> validação, aanálise <strong>de</strong> consistência interna revelou a existência <strong>de</strong> três fatores praticamentein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Lei Zero da Termodinámica, Calor e Energia Inte rna. Isso sugere que osalunos não os relacionam <strong>de</strong> maneira significativa. Do ponto <strong>de</strong> vista da Física esseresulta<strong>do</strong> é surpreen<strong>de</strong>nte pois tais conceitos estão intimamente relaciona<strong>do</strong>s. Talvez amaneira <strong>de</strong> ensiná-los ou <strong>de</strong> apresentá-los nos livros didáticos não facilite sua integração e


421diferenciação. Nesse senti<strong>do</strong>, a proposta <strong>de</strong> Axt et al. (1990) (3) e <strong>de</strong> Osterman eMoreira(1991) (4) <strong>de</strong> começar com energia interna e <strong>de</strong>pois introduzir temperatura ecalor po<strong>de</strong> ser uma boa estratégia didática.(3)Axt,R. et al. Um programa <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s so<strong>br</strong>e tópicos <strong>de</strong> Física para a 8° série <strong>do</strong> 1°grau. Textos <strong>de</strong> Apoio ao Professor <strong>de</strong> Física, n° 1, Instituto <strong>de</strong> Física da UFRGS, 1990.(4)Ostermann,F. e Moreira,MA. A Fisica na formação <strong>de</strong> professores para as sériesiniciais. Comunicação apresentada no <strong>IX</strong> SNEF, São Carlos, janeiro <strong>de</strong> 1991.


V422II1I'URIANTE : NÁO ESCREVA NADA NAS F (M IAS DE QUESTBES.RESPONDA APENAS NESTA FOLHA DE RESPOSIAS.Nome:Instruções : A seguir você encontrará um teste constitul<strong>do</strong> por 13 questões<strong>de</strong> escolho múltiplo com Crés alternativas <strong>de</strong> resposta i<strong>de</strong>ntificadas pelosniuner os romanos I, II e Ill. Po<strong>de</strong>rá haver uma, duas ou três respostascorretas por questõo. Utilize a chove abaixo para marcar na gra<strong>de</strong> aquilo quevocê consi<strong>de</strong>ra corno e melhor combinaçáo <strong>de</strong> respostas :A)Apenas s alternativa I é correta.(1) Aperras a al ter nitive II é correta.C)Aporias a altennativa III é correta.D)As alternativas I e 11 são corretas.E)As alternativas' e ll I são corretas.F)As alternativas II e I II são corretas.G)Todas as alternativas soo corretas.GCG19345676910II121314151617lei19202122232425DataDiscipline


42301. Associemos e existência <strong>de</strong> calor :I) a qualquer corpo, pois to<strong>do</strong> corpo possui color.II) apenas àqueles corpos que se encontrem' quentes".III) a situaçbes nas quais há, necessariamente, transferência <strong>de</strong> energia.02. Paro se admitir a existência <strong>de</strong> color:I) basta um único sistema (corpo):II) sáo necessários, pelo menos, <strong>do</strong>is sistemas.III) basta um único sistema, mas ele <strong>de</strong>ve estar "quente03. Para se admitir a existência <strong>de</strong> calor <strong>de</strong>ve haver :I) uma diferença <strong>de</strong> temperatures.II) uma diferença <strong>de</strong> masses.III) uma diferença <strong>de</strong> energias.04. Color 6:I) energia clnêtica das moléculas.II) energia transmiti<strong>do</strong> somente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma diferença <strong>de</strong> temperatures.III) e energia conti<strong>do</strong> em um corpo.05. No interior <strong>de</strong> um quarto que <strong>do</strong> tenha si<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong> ou refrigera<strong>do</strong>durante vários dies :I) o temperatura <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> metal é inferior à <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.II) a temperature <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> metal, das cobertas e <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais objetos ée mesma.ill) nenhum objeto apresenta temperature.


42406. A água ( e 0° C) que resulta <strong>de</strong> tusso <strong>de</strong> um cubo <strong>de</strong> gelo (o 0° C), contém,em relação a este :I) mais energia.II) menos energia.III) a mesma energia.07. Um cubo <strong>de</strong> gelo a 0° C é coloca<strong>do</strong> em um recipiente com água também a0° C. Nesses condições :I) a água ce<strong>de</strong> color ao geloII) tento a água como o gelo estão <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> calor.III) nenhum <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is ce<strong>de</strong> calor ao outro.08. Dois cubos metálicos A e 8 são postos em contato. A está mais "quente<strong>do</strong> que B. Ambos estão mais "quentes" <strong>do</strong> que o ambiente. A temperaturefinal <strong>de</strong>Ae8será:I) igual à temperature ambiente.II) igual à temperature <strong>de</strong> B.III) uma média entre as temperaturas <strong>de</strong> A e 8.09. Duas pequenas places A e B <strong>do</strong> mesmo metal e da mesma espessura sãocolocadas no interior <strong>de</strong> um forno, o qual é fecha<strong>do</strong> e liga<strong>do</strong>. A massa <strong>de</strong> A éo <strong>do</strong><strong>br</strong>o da massa <strong>de</strong> 8 (mA = 2m8). Inicialmente us plocas e o tornoencontrem-se to<strong>do</strong>s à mesma temperatura. Muito tempo <strong>de</strong>pois . atemperature <strong>de</strong> A será :• • II) o <strong>do</strong><strong>br</strong>o da <strong>de</strong> 8.II) o meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong> B.III) e mesma <strong>de</strong> <strong>de</strong> B.• in`w'y


42510. Consi<strong>de</strong>re duas esferas Idénticns, uma em um forno quente e a outra emurna gela<strong>de</strong>ira. Basicamente em que diferem elas imediatamente após teremsi<strong>do</strong> retiradas <strong>do</strong> forno e da gela<strong>de</strong>ira respectivamente ?I) Na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor contida em cada uma <strong>de</strong>las.II) Na temperatura <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>les.III) Uma <strong>de</strong>las contém color e a outra não.11. Em <strong>do</strong>is copos idênticos conten<strong>do</strong> a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água(aproximadamente 250 cm 3) é temperatura ambiente são coloca<strong>do</strong>s,respectivamente, um cubo <strong>de</strong> gelo a 0° C e três cubos <strong>de</strong> gelo a 0° C (cadacubo com aproximadamente I cm 3). Em que situação a água esfria mais 7I) No copo on<strong>de</strong> são coloca<strong>do</strong>s três cubos <strong>de</strong> gelo.II) No copo on<strong>de</strong> é coloca<strong>do</strong> urn cubo <strong>de</strong> gelo.III) Estria igualmente nos <strong>do</strong>is copos.12. Duas esferas <strong>de</strong> mesmo material porém <strong>de</strong> massas diferentes ficamdurante muito tempo em um forno. Ao serem retiradas <strong>do</strong> forno, sãoimediatamente colocadas em contato. Nessa situaçãoI) flui calor da esfera <strong>de</strong> maior massa pare a <strong>de</strong> menor massa.II) flui calor da esfera <strong>de</strong> menor massa para a <strong>de</strong> maior massaIII) nenhuma das duas esleras ce<strong>de</strong> calor á outra.1.3. As mesmas esferas da questão anterior são agora <strong>de</strong>ixadas durantemuito tempo em uma gela<strong>de</strong>ira Nessa situação, ao serem retiradas eimediatamente colocadas em contato :I) nenhuma das esferas possui calor.II) flui calor da esfera <strong>de</strong> maior massa pura e <strong>de</strong> menu, mussu.III) nenhuma das esferas ce<strong>de</strong> calor è outra.


42614. 0 que se modifica quan<strong>do</strong> uma porçio <strong>de</strong> água liqui<strong>de</strong> passa, porebullçio, pore o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> vapor ?r^I) A sua energia interneII) 0 calor conti<strong>do</strong> nelaIII) A sue temperature15 Quan<strong>do</strong> color é transporta<strong>do</strong> por conduçáo <strong>de</strong> um extremo <strong>de</strong> uma berrametálico pare o outro, é mais correto afirmar que isto se dá porque:I) o color flui através da barra, quase como se fosse um liqui<strong>do</strong>.II) a transferência <strong>de</strong> energia se dé por movimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>de</strong>átomos e/ou molécules.III) energia flui através da barra, mas nada acontece com átomos e/oumoléculas.16. A energia inte rne <strong>de</strong> um corpo po<strong>de</strong> ser associada com :I) calorII) energia cinética <strong>de</strong> átomos e/ou moléculas.Ill) energies potenciais <strong>de</strong> Momos e/ou moléculas.17. Complete e seguinte frase:0 aumento <strong>de</strong> temperatura que você percebe quan<strong>do</strong> eslrega sues mios éresulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Conseqüentemente há conduçáo <strong>de</strong>pare o interior das mios, resultan<strong>do</strong>, em funcéo disso,um aumento <strong>de</strong>I) trabalho, color, energia interne.II) color, energia, temperature.II) trabalho, temperature, calor


427I U.Observan<strong>do</strong>-se e figure e sem dispor<strong>de</strong> qualquer outra infornioção, po<strong>de</strong>sedizer que o cubo A possui, emre-Iação ao melo que o cerca,I) temperature mais elevada;II) mais energia;III) mais calor.CALORAir19. Estan<strong>do</strong> é pressão atmosférica, nitrogênio líqui<strong>do</strong> entra em ebulição-196°C. Um grama <strong>de</strong> nitrogénio líqui<strong>do</strong>, a essa temperatura, compara<strong>do</strong> comum grama <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> nitrogénio, também a -196°C, possui:I) mais energia.II) menos energia.III) e mesma energia.20. 0 ponto <strong>de</strong> solidificação <strong>do</strong> mercúrio, á pressão atmosférica, é -39°C. 0que acontece logo que uma certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercúrio líqui<strong>do</strong> (a -39°C) écolocada em nitrogênio líqui<strong>do</strong> (a -I96°C)?I) A temperature <strong>do</strong> nitrogénio aumenta e e <strong>do</strong> mercúrio diminui.II) A temperature <strong>do</strong> mercúrio diminui mas a <strong>do</strong> nitrogênio não se altera.Ill) Mercúrio começa a solidiiícar e nitrogênio entra em ebulição, semalteração da temperatura.21. 0 que acontece quan<strong>do</strong> colocamos um termómetro, num dia em que atemperatura está a 2I°C, em água a uma temperature mais elevada?I) A temperatura e a energia interne <strong>do</strong> termómetro aumentam.II) A temperatura <strong>do</strong> termômetro aumenta mas suo energia Internepermanece constante.III)Nem a temperature <strong>do</strong> termômetro nem a sua energia interna semodificam, apenas e coluna <strong>de</strong> liqui<strong>do</strong> termonietrico se dilate.


42822. Quan<strong>do</strong> se coloco água e outras substâncias <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um forno,constata-se que o tempo necessário paro elevar <strong>de</strong> I°C a temperature <strong>de</strong> 19<strong>de</strong> água é bem malar <strong>do</strong> que o tempo necessário para lazer o mesmo comoutras substâncias. Isto significa que a água acumula, em comparação aessas substâncias:A) a mesma energia8) mais energia.C) menos energia.T I > T 2T r inft^¡?z: T223. Observe a figure da questão anterior. Consi<strong>de</strong>re o corpo C (som<strong>br</strong>ea<strong>do</strong>)um condutor <strong>de</strong> calor. 0 que caracteriza uma situação <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> calor?I) T'l =1.'2II) T'1 > T'2111)T 1 < 1'224 Quan<strong>do</strong> um bom condutor é coloca<strong>do</strong> em contato com outro corpo cujatemperoturo é mats eleva<strong>do</strong>, o condutor transfere energiaI) sem modificar sua temperatura.II) após modificar sua temperatura.III) após modificar suo energia interno.25. Objetos <strong>de</strong> metal e <strong>de</strong> plástico são coloca<strong>do</strong>s no interior <strong>de</strong> uni "freezer"que se encontra a -20 C. Depois <strong>de</strong> alguns dias po<strong>de</strong>-se afirmar que atemperatura <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> plástico é:I) motor que a <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> metal.II) menor que a <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> metal.III)Iguol o <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> metal.


429Desempenho em Física Geral no 12 Ano <strong>de</strong> Calouros que Prestaram Vestibular comProva Discursiva <strong>de</strong> FísicaJosé Carlos Pauletto - Depto <strong>de</strong> Física-UFPrIntroduçãoNo vestibular da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Paraná <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1990 foiintroduzida uma prova discursiva cuja matéria variava <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o curso pretendi<strong>do</strong>.Além das provas gerais, engloban<strong>do</strong> Física, Matemática, Biologia, Química, Po rtuguês,Língua Estrangeira, História e Geografia, únicas para to<strong>do</strong>s, o candidato teve que fazeruma prova especa para o seu Curso. Os cursos <strong>de</strong> Engenharia Elétrica, EngenhariaMecânica e Física optaram por fazer a prova discursiva <strong>de</strong> Física.Neste trabalho são apresenta<strong>do</strong>s os números referentes ao índice <strong>de</strong> aprovação<strong>do</strong>s classifica<strong>do</strong>s em 1989 e 1990 e cursaram as disciplinas correspon<strong>de</strong>ntes a Física Geralno 1° ano <strong>do</strong> respectivo curso em 1989 e 1990, respectivamente. Com isso procurou-severificar a possível influência <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> prova vestibular so<strong>br</strong>e a seleção <strong>do</strong>s candidatos.Méto<strong>do</strong>s e InstrumentosProcuramos verificar a influência <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> prova feita no vestibular so<strong>br</strong>e o<strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s alunos em disciplinas equivalentes a Física Geral no 1° ano. Para t antocomparamos os índices <strong>de</strong> aproveitamento nestas disciplinas por calouros que fizeramsomente a prova geral para to<strong>do</strong>s os cursos (ingressantes em 1989) com os índicesdaqueles que fizeram além da prova geral uma prova discursiva <strong>de</strong> Física (ingressantes em1990).Na UFPr. o vestibular <strong>de</strong> 1990 foi diferente <strong>do</strong> vestibular <strong>de</strong> 1989 em pelomenos <strong>do</strong>is aspectos: exigência <strong>de</strong> nota mínima na prova discursiva (2,0) e existência <strong>de</strong>penalização por resposta errada nas questões que envolviam respostas <strong>do</strong> tipo certaerrada.Resulta<strong>do</strong>sA tabela 1 mostra o número <strong>de</strong> aprova<strong>do</strong>s, reprova<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>sistentes por curso,por ano. Aparecem nela também os números referentes a candidatos ao vestibular.Enten<strong>de</strong>-se por <strong>de</strong>sistência o aluno que formalizou seu <strong>de</strong>sligamento da disciplina duranteo ano letivo. Não estão aí computa<strong>do</strong>s os que simplesmente <strong>de</strong> ixaram <strong>de</strong> comparecer às


^430aulas (estes incluem-se entre os reprova<strong>do</strong>s). Note-se que as vagas para o curso <strong>de</strong> Físicanão foram totalmente preenchidas em 1990, provavelmente em virtu<strong>de</strong> das restriçõesimpostas no vestibular (nota mínima e penalização por resposta incorreta).Uma observação pertinente é que o número <strong>de</strong> alunos que ficaram com média 0(zero) é extremamente gran<strong>de</strong> para o curso <strong>de</strong> Física. No ano <strong>de</strong> 1989 esse número foi <strong>de</strong>32 e no <strong>de</strong> 1990 igual a 09. Estes po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como <strong>de</strong>sistentes informais.Para os outros cursos esses números são pequenos, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 05.Um teste <strong>de</strong> X2 para o número <strong>de</strong> aprova<strong>do</strong>s e reprova<strong>do</strong>s revela que não hádiferença estatisticamente significante entre os <strong>de</strong>sempenhos <strong>do</strong>s alunos ingressantes em1989 e os ingressantes em 1990, para o curso <strong>de</strong> Engenha ria Elétrica. Já para os cursos <strong>de</strong>Engenharia Mecânica e Física há uma diferença significativa ao nível <strong>de</strong> 0,05. Mas semanifesta em senti<strong>do</strong>s opostos - enquanto o <strong>de</strong>sempenho caiu para o curso <strong>de</strong> EngenhariaMecânica, melhorou para o curso <strong>de</strong> Física.ENG.ELETRICAENG.MECÃNICAFISICADiurno +Noturno19851990 19891990 19891990APROVADOS 39 47 52 44 14 11REPROVADOS* 27 26 19 35 56 18DESISTENTES** 14 07 09 01 30 07TOTAL1_80 80 80 80 100 36CANDIDATOS 608 569 845 792 302 210Tabela 1. Número <strong>de</strong> alunos por ano e por curso e seu <strong>de</strong>sempenho na disciplinaequivalente a Física Geral.*Incluí<strong>do</strong>s os que aban<strong>do</strong>naram informalmente (média zero).**SÓ computa<strong>do</strong>s os que se <strong>de</strong>sligaram formalmente da disciplina.


431ConclusionOs resulta<strong>do</strong>s não permitem conduir se os candidatos que fizeram provadiscursiva <strong>de</strong> Rica tiveram um melhor <strong>de</strong>sempenho em disciplinas <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 1° ano <strong>do</strong>3° grau.Há outros fatores importantes que não foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s: os professores dasturmas não foram os mesmos, os sistemas <strong>de</strong> avaliação variaram para cada turma, etc.Entretanto, um resulta<strong>do</strong> notável é a diminuição <strong>do</strong> número <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistênciasdurante o curso. Isto po<strong>de</strong> significar que, embora, talvez, a mudança no processo <strong>de</strong>seleção não tenha permiti<strong>do</strong> discriminar os melhores, permitiu "cortar" os indiferentes,<strong>de</strong>smotiva<strong>do</strong>s ou os que se julgavam sem condições <strong>de</strong> seguir o curso (ou pelo menos asdisciplinas <strong>de</strong> Física).Um esforço maior <strong>de</strong>ve ser dispendi<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> melhorar o processo <strong>de</strong>seleção, em particular para o curso <strong>de</strong> Física (licenciatura) que vem realimentar o sistemaeducacional. E claro que esse é apenas um <strong>do</strong>s aspectos importantes para a melhoria <strong>do</strong>ensino <strong>de</strong> Física. Urge que outras medidas como a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> currículos, melhoria dascondições <strong>de</strong> ensino, valorização da ativida<strong>de</strong> profissional, etc., sejam tomadasconjuntamente.Física <strong>do</strong> Século XX - Relato <strong>de</strong> uma Experiência Meto<strong>do</strong>lógica Alternativapara o <strong>Ensino</strong> no Segun<strong>do</strong> Grau.Marli Car<strong>do</strong>so Ferreira - EESG Monsenhor Sarrion - Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte-SPI. Introdução:Este é um relato <strong>de</strong> uma experiência com o ensino <strong>de</strong> Física que está sen<strong>do</strong>realizada na EESG Monsenhor Sarrion - Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte-SP com alunos <strong>de</strong> primeiraà terceira séries <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau.II. Objetivos:- analisar criticamente os constantes avanços da Física ocorri<strong>do</strong>s no século XX;


432- incentivar a compreensão <strong>do</strong> cotidiano, suas causas e conseqüências utilizan<strong>do</strong>-a comoinstrumento <strong>de</strong> apreensão <strong>do</strong> amanhã;- propiciar a inquietação constante na busca <strong>de</strong> soluções para problemas atuais;- compreen<strong>de</strong>r a insuficiência <strong>do</strong>s livros didáticos, proporcion an<strong>do</strong> a busca <strong>de</strong> textos' alternativos tais como: jornais, revistas científicas, livros específicos, etc...;- promover o <strong>de</strong>senvolvimento da criativida<strong>de</strong> através da análise <strong>do</strong>s problemas da FísicaMo<strong>de</strong>rna.III. Relato:Para alcançar estes objetivos foram organiza<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>do</strong> ano letivo,seminários <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> com alunos agrupa<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is, porque um <strong>do</strong>s princípios maisimportantes é o <strong>do</strong>cente fazer pesquisa junto com o estudante, para ensiná-lo a tercriativida<strong>de</strong>.No início <strong>do</strong> ano letivo, foi coloca<strong>do</strong> como tema aberto a "Fisica <strong>do</strong> século XX".Os alunos procuraram subtemas <strong>de</strong> seu interesse e estes foram organiza<strong>do</strong>s, em or<strong>de</strong>mhistórica pelo professor. A seguir, foram orienta<strong>do</strong>s na procura <strong>de</strong> bibliografia eorientações especificas.No segun<strong>do</strong> semestre, os alunos já com <strong>do</strong>mínio so<strong>br</strong>e o assunto, começaram afazer as apresentações na classe para os seus pares, utilizand o-se <strong>de</strong> cartazes, fotos,objetos, ví<strong>de</strong>o, simulações, transparências, gravações (entrevistas com especialistas).Essas apresentações foram objeto <strong>de</strong> avaliação pelo professor e auto-avaliaçãopelo aluno.Em cada apresentação, eram feitas observações por escrito, pelo professor, e sóforam transformadas em conceitos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> termina<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os trabalhos. Nesse dia,cada aluno fez sua auto-avaliação justificand o-a, para po<strong>de</strong>r compará-la com a avaliação<strong>do</strong> professor que também continha justificativa.Os questionários utiliza<strong>do</strong>s após as apresentações estão em anexo.IV. Questionário


433a) Na primeira série- Cite os pontos positivos e negativos <strong>do</strong> semináriob) Na secunda série- Você conseguiu apren<strong>de</strong>r algo durante o seminário?- Que tipo <strong>de</strong> comentário você faria so<strong>br</strong>e este tipo <strong>de</strong> trabalho? Positivo ou negativo.- Outras observações.c) Na terceira série- Cite alguns <strong>do</strong>s avanços da Ciência que você tomou conhecimento neste seminário.- Você acha que os textos <strong>do</strong>s livros Didáticos são suficientes ou há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> para complementar a visão da Ciência - Física?- Qual a importância fundamental <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento Filosófico e Histórico <strong>do</strong> serhumano?- Cite os pontos positivos e negativos da apresentação <strong>do</strong> seminário.- Sugerir possíveis modificações para este tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>.V. ConclusãoDesta forma, os estudantes saem da escola conhecen<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> social daFísica e suas <strong>de</strong>scobertas mais recentes. Esta é uma tentativa <strong>de</strong> impl antar umamentalida<strong>de</strong> mais realista no ensino da Física, levantan<strong>do</strong> a discussão contra a idéia <strong>de</strong>uma Ciência abstrata e difícil.VI. Resulta<strong>do</strong>sOs resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste trabalho mostraram que:a) para os alunos da primeira série os pontos positivos foram:"O interesse <strong>do</strong>s alunos pela pesquisa""A curiosida<strong>de</strong> e a pesquisa científica sen<strong>do</strong> incentivada."°Não adianta estudar a Física somente com fórmulas, pois a Física não é isso aí.""A Física a<strong>br</strong>ange tu<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong> que gira em torno <strong>de</strong> nossas vidas tem a ver com a Física.""Como as leis da Física são importantes para o nosso dia-a-dia.""A Física é interessante""O <strong>de</strong>senvolvimento da Física atual no Brasil e no mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> hoje"


^434"Não houve ponto negativo neste seminário."b) para os alunos da segunda sériediante da pergunta (Você conseguiu apren<strong>de</strong>r algo durante o seminário) os alunosrespon<strong>de</strong>ram que:P ,:ciuruceu muitas dúvidas existentes em nosso cotidiano."coisas que nos alertaram e po<strong>de</strong>rão servir <strong>de</strong> instrumentos no futuro."vrcrlciçoamos nossas idéias que nos ajudarão muito no futuro."A Cié cia não pára.""Ni unos assuntos apresenta<strong>do</strong>s fazem parte <strong>do</strong> cotidiano, mas os livros escolares nãorilssucm estas informações."assuntos importantes para nossa cultura que precisamos saber para nos prepararmos7/,..,_a um mun<strong>do</strong> melhor."- t.no <strong>de</strong> comentário você faria so<strong>br</strong>e este tipo <strong>de</strong> trabalho? Positivo ou negativo, os_:unos respon<strong>de</strong>ram:Faz com que o aluno saia <strong>do</strong> comodismo e procure, pesquise."`Enriquece culturalmente, faz com que nos aprofun<strong>de</strong>mos mais nos estu<strong>do</strong>s.""Para se saber ramos da Pesquisa Científica, os novos avanços."incenti va os alunos a se informarem nos mais va ria<strong>do</strong>s campos da Física."A iuoa a pessoa a uma melhor compreensão <strong>do</strong> texto e a uma expressão oral."`i )esperta o interesse <strong>do</strong>s alunos nas matérias científicas."oert ae haver uma integração maior por pa rte <strong>do</strong>s alunos, também apren<strong>de</strong>mos a ver omun<strong>do</strong> em ângulos diferentes.".- -enaemos muitas coisas que nos atualizam nas mudanças <strong>do</strong> século XX e nos ajudamfuturo."- '")u:r..= observações foram:r . t utn trabalho muito profícuo <strong>de</strong>ntre as matérias <strong>de</strong>ste ano.""1-s::, seqüência <strong>de</strong> seminários <strong>de</strong>ve continuar porque o número <strong>de</strong> aprendizagem e.-onhecimento é bem mais amplo.""Apresentações muito boas e <strong>de</strong> excelente nível.""Houve gran<strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s alunos para com o seminário.""To<strong>do</strong>s os assuntos apresenta<strong>do</strong>s foram bem seleciona<strong>do</strong>s."c) para os alunos da terceira série


435- Cite alguns <strong>do</strong>s avanços da Ciência que você tomou conhecimento neste seminário. (elesrespon<strong>de</strong>ram):"Laser, Termografia (avanço da Tecnologia e Medicina com o seu emprego) - Outrasutilizações: no campo das artes, revolucionan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> da música com a fa<strong>br</strong>icação <strong>do</strong>disco capaz <strong>de</strong> tornar o som limpo e claro. Outras aplicações: Astronomia, ví<strong>de</strong>o, etc...""O efeito estufa - O combate a <strong>de</strong>struição da camada <strong>de</strong> ozônio.""Os avanços <strong>do</strong>s satélites (controlam mísseis, caças).""Holografia""Física Quântica.""Microscópio que vê a temperatura das moléculas.""O sucesso da Tecnologia inventan<strong>do</strong> os telescópios espaciais - Telescópio Hubble.""Na Europa e E.UA. gran<strong>de</strong>s avanços e investimentos estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>sprincipalmente na ciência <strong>do</strong> mi crocosmos, com os gigantescos - acelera<strong>do</strong>res <strong>de</strong>partículas.""Fi<strong>br</strong>a Óptica""Energia alternativa - O carvão po<strong>de</strong> gerar eletricida<strong>de</strong> - O Brasil é um <strong>do</strong>s maioresprodutores <strong>de</strong> carvão."'A energia solar - sua utilização?"A evolução <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res - supercomputa<strong>do</strong>res.""Forno <strong>de</strong> microondas.""Relativida<strong>de</strong>."- Você acha que os textos didáticos são suficientes ou há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong> para complement ar a visão da Ciência - Física? (os alunos disseram)"A Física vai evoluin<strong>do</strong> a cada dia, enquanto que os livros didáticos ficam para<strong>do</strong>s.""Sem este tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> não seria possível nós verificarmos avanços da Física,Tecnologia e Ambiental""Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> p ara se atualizar, pois o livro didático já estáultrapassa<strong>do</strong>.""Esta é uma forma <strong>de</strong> atualizar-se com o mun<strong>do</strong>.""Os textos didáticos atuais não citam nem superficialmente so<strong>br</strong>e esses avançoscientíficos.""Muito importante, pois na escola nós não estudamos a Física <strong>de</strong>ste século.""Há necessida<strong>de</strong> porque faz com que nós estejamos junto com os acontecimentos atuais."- Qual a importância fundamental <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento Filosófico e Histórico <strong>do</strong> serhumano? Os alunos respon<strong>de</strong>ram que:"Com esse tipo <strong>de</strong> pensamento e conhecimento, o ser humano acaba fican<strong>do</strong> maisconsciente e cada vez mais inteira<strong>do</strong> ao seu mun<strong>do</strong>."


436'To<strong>do</strong> ser humano vive em função <strong>de</strong> conhecimentos e pensamentos que sem isso nãopo<strong>de</strong>rá se integrar à socieda<strong>de</strong>. A cultura 6 a principal característica para quem quer seaprofundar em vários conhecimentos.""Através <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>senvolvimento, o homem po<strong>de</strong> ter uma vida mais saudável, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>fazer um futuro melhor para as futuras gerações.""Ajuda a <strong>de</strong>finir o caráter e a formação <strong>do</strong> ser humano, garantin<strong>do</strong> os avançostecnológicos para o futuro.""Porque o que é verda<strong>de</strong> hoje, amanhã por causa <strong>de</strong> uma pesquisa que chega a uma<strong>de</strong>scoberta po<strong>de</strong> ser mentira.""Ten<strong>do</strong> uma boa base histórica e filosófica um indivíduo po<strong>de</strong> ter uma opinião maiscritica po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> construir uma base científica que facilitará enten<strong>de</strong>r mais a Ciência.""Aprimorar cada vez mais a razão. o conhecimento, a existência, enfim, tu<strong>do</strong>."- Os pontos positivos foram:"Com as apresentações ficamos a par <strong>do</strong>s avanços e novas <strong>de</strong>scobertas da FísicaMo<strong>de</strong>rna.""Desenvolvimento <strong>do</strong> senso critico, acúmulo <strong>de</strong> informações, o interesse maior peloestu<strong>do</strong> da Física.""Entrosamento entre os alunos e professor, conhecimento <strong>de</strong> muitas partes ou campos<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s por nós da Física.""Os conhecimentos foram divesifica<strong>do</strong>s tanto na Astrofísica, Biofísica, etc..."'Tivemos contato com assuntos atuais que não se encontram nos livros.""Fez com que estejamos em dia com os avanços científicos e tecnológicos.""Estimulou o interesse <strong>do</strong>s alunos nas pesquisas e apresentações <strong>do</strong> seminário.""Não há pontos negativos, porque este tipo <strong>de</strong> trabalho só po<strong>de</strong> trazer benefícios aosalunos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que estes estejam interessa<strong>do</strong>s."- Sugeriram como possíveis modificações:"Apresentações <strong>de</strong>vem acontecer <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro ano e os melhores trabalhos <strong>de</strong>veriamser apresenta<strong>do</strong>s à escola inteira.""Fazer com que este tipo <strong>de</strong> trabalho seja cada vez mais exigi<strong>do</strong>.""Esse seminário <strong>de</strong>veria ter to<strong>do</strong>s os anos porque foi muito instrutivo e nós apren<strong>de</strong>mosmuita informação que não sabíamos.""Que este tipo <strong>de</strong> pesquisa faça parte <strong>do</strong> currículo escolar, não • só <strong>de</strong> Física, mas emoutras matérias, para que conheçamos os avanços em outras áreas."


437O Eclipse Lunar <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1989O Registro <strong>de</strong> uma Efeméri<strong>de</strong> Astronômica por Estudantes <strong>do</strong> 2 0 GrauOzimar da Silva Pereira - SAAD/IFUSPIntroduçãoOs cursos <strong>de</strong> Física, raramente, exploram o potencial educativo, experimental emotivacional da Astronomia. Ocultações, eventos mútuos, ec lipses, variação <strong>de</strong> <strong>br</strong>ilho <strong>de</strong>estrelas, características morfológicas <strong>de</strong> cometas, <strong>de</strong> planetas e da Lua, manchas solares eoutras efeméri<strong>de</strong>s e fenômenos são pouco usa<strong>do</strong>s ou, mesmo, são sequer menciona<strong>do</strong>snas aulas <strong>de</strong> Física. Essa atitu<strong>de</strong> contribui para a compartimentalização <strong>do</strong> conhecimento,isolan<strong>do</strong> a Astronomia, a Física e outras ciências umas das outras.Reconhecen<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> fundamental da motivação para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>qualquer disciplina, aproveitei a ampla divulgação pela mídia <strong>do</strong> eclipse lunar <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 1989 para incorporar a observação <strong>de</strong>ssa efeméri<strong>de</strong> no programa <strong>de</strong> Física <strong>de</strong>todas as séries <strong>do</strong> 2° grau em que lecionava.PlanejamentoOs objetivos propostos foram:a) observar a reação <strong>de</strong> estudantes - leigos em Astronomia - após a realização<strong>de</strong> tal ativida<strong>de</strong>;b) analisar os efeitos motivacionais <strong>de</strong>ssa observação no curso <strong>de</strong> Física;c) avaliar o aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s conceitos envolvi<strong>do</strong>s na efeméri<strong>de</strong>;d) obter registros <strong>de</strong> natureza científica para contribuição com a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Astronomia ama<strong>do</strong>ra;e) relacionar a Física com a Astronomia;f) colocar os estudantes <strong>de</strong> 2° grau em contato com a prática astronômicaama<strong>do</strong>ra.Estipula<strong>do</strong>s os objetivos, foi necessária a preparação da observação daefeméri<strong>de</strong>. Para isso, dividimos os estudantes em <strong>do</strong>is grupos: um grupo (B), com 270


•438estudantes que observaria a olho nu o eclipse e registra ria suas impressões pessoais evisuais <strong>do</strong> eclipse através <strong>de</strong> esboços e <strong>de</strong> uma redação, não exigin<strong>do</strong> maior preparaçãoprévia; o segun<strong>do</strong> grupo (A), com 30 estudantes, registraria o eclipse em to<strong>do</strong>s os seus<strong>de</strong>talhes durante a sua ocorrência para fins científicos e <strong>de</strong> controle.A SAAD - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Astronomia e Astrofísica <strong>de</strong> Dia<strong>de</strong>ma - forneceu-nosvários programas para observação <strong>do</strong> eclipse elabora<strong>do</strong>s pelo Clube <strong>de</strong> Astronomia <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> janeiro (CARI), pela National Association of Pl anetary Observers (Austrália),pela União <strong>do</strong>s Amigos <strong>de</strong> Astronomia (UAA) e pela Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Astronomia Obse rvacional(REA), ambas da capital <strong>de</strong> São Paulo.Esses programas continham as tabelas com os horários previstos por cálculopara entrada da Lua na penum<strong>br</strong>a, na som<strong>br</strong>a, na totalida<strong>de</strong> e para saída da totalida<strong>de</strong>,etc. Assim como, continha os horários para contatos <strong>de</strong> entrada e saída para <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong>crateras lunares. Além das cronometragens, os programas incluíam a observação damagnitu<strong>de</strong> e da coloração <strong>do</strong> eclipse, para o qual instruíam so<strong>br</strong>e o uso da escala <strong>de</strong>Danjon.O grupo B recebeu uma orientação em sala <strong>de</strong> aula em que foi explicada anatureza <strong>do</strong> fenômeno, o objetivo <strong>de</strong> sua observação e corno <strong>de</strong>veria fazê-la. O grupo A,por sua vez, recebeu cópias <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> observação (CARJ-NATO-REA-UAA),mapas da Lua com nomenclatura <strong>de</strong> crateras e orientação mais <strong>de</strong>talhada so<strong>br</strong>e osobjetivos da observação, so<strong>br</strong>e os cuida<strong>do</strong>s a serem toma<strong>do</strong>s e so<strong>br</strong>e a natureza eimportância científica <strong>do</strong> fenômeno. Decidiu-se, também, no âmbito <strong>do</strong> g rupo A,registrar-se o eclipse em ví<strong>de</strong>o e em filme positivo para poste rior análise, reprodução edivulgação.A Observação <strong>do</strong> EclipseO grupo B realizou a observação na própria escola no perío<strong>do</strong> das 21h3Omin às23h00min, conforme a orientação dada. O outro grupo (A) realizou as observações numachácara no município <strong>de</strong> São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo - SP on<strong>de</strong> foram instaladas duaslunetas (60mm, f.10 e f.15), uma filma<strong>do</strong>ra em vi<strong>de</strong>ocassete e um monitor <strong>de</strong> televisão,além da máquina fotográfica que foi acoplada a uma das lunetas para fotografar o eclipse.O grupo A estu<strong>do</strong>u os mapas da Lua e as crateras que seriam utilizadas nacronometragem da efeméri<strong>de</strong>. Os relógios foram sincroniza<strong>do</strong>s com o serviço <strong>de</strong> tempo<strong>do</strong> Observatório <strong>Nacional</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Este grupo observou o eclipse das 21h3Ominàs 1hl5min (tempo local), sen<strong>do</strong> que o tempo total gasto na organização da observação,da chegada à saída foi <strong>de</strong>, aproximadamente sete horas.


439AvaliaçãoNa semana seguinte, to<strong>do</strong>s os estudantes entregaram uma redação em queregistraram suas impressões pessoais, os tempos <strong>de</strong> início e fim <strong>do</strong> eclipse, os formulárioscom todas as cronometragens realizadas (esta somente para o grupo A), e as anotaçõesso<strong>br</strong>e a variação da coloração da Lua durante o fenômeno.Quanto aos objetivos propostos, observei que a reação <strong>do</strong>s estudantes foiextremamente positiva. To<strong>do</strong>s ficaram admira<strong>do</strong>s com o evento e gostaram muito daoportunida<strong>de</strong> que tiveram para observá-lo.A motivação obtida foi muito gran<strong>de</strong>, uma vez que pu<strong>de</strong>ram sentir a amplidão<strong>do</strong>s fenômenos físicos estuda<strong>do</strong>s em sala <strong>de</strong> aula, que pareciam tão distantes e irreais. Aparticipação <strong>do</strong>s alunos em sala <strong>de</strong> aula aumentou, segun<strong>do</strong> observações feitas por mim.Infelizmente, não po<strong>de</strong> ser registrada por meio <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> análise interacional <strong>de</strong>Flan<strong>de</strong>rs que teria permiti<strong>do</strong> uma quantificação <strong>de</strong>sse parâmetro.O aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s conceitos envolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> forma parcial, pois, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aoreduzi<strong>do</strong> número <strong>de</strong> aulas por semana, e à distribuição das mesmas, houve uma separaçãomuito gran<strong>de</strong> entre a aula anterior ao eclipse e a primeira posterior a ele. O conteú<strong>do</strong>básico foi assimila<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, não foi incluída nenhuma questão so<strong>br</strong>e o fenômeno nasprovas bimestrais. Isto foi uma falha.Foram obti<strong>do</strong>s muitos registros (cronometragens, variações <strong>de</strong> coloração, n° <strong>de</strong>Danjon) que permitiram um bom estu<strong>do</strong> da efeméri<strong>de</strong>. Contu<strong>do</strong>, esses resulta<strong>do</strong>s serãoapresenta<strong>do</strong>s a astrônomos somente em maio <strong>de</strong> 1991, durante a realização da 1°Convenção da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Astronomia Observacional (REA) em Mairinque- SP.Quanto ao relacionamento da Física com a prática da Astronomia ama<strong>do</strong>ra,esse objetivo foi plenamente atingi<strong>do</strong>. Os estudantes, principalmente <strong>do</strong> grupo A,gostaram da experiência e a realizaram muito bem. A prática da observação em sipermitiu esse relacionamento. contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às peculiarida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> curso noturno, não sepo<strong>de</strong> aprofundar uma discussão so<strong>br</strong>e esse tema.ConclusãoA experiência relatada mostrou que a Astronomia po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser aproveitadanos cursos <strong>de</strong> 2° grau. A prática da observação astronômica oferece um laboratório <strong>de</strong>baixo custo, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> experiências inusitadas e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> efeitomotivacional permite esten<strong>de</strong>r a Física aos fenômenos astronômicos, a<strong>br</strong>in<strong>do</strong> espaço parail


440a discussão <strong>de</strong> natureza histórica e filosófica, o que fortaleceria o conhecimento <strong>de</strong>conceitos físicos básicos e daria uma dimensão dialética ao curso <strong>de</strong> Física, tãovilipendia<strong>do</strong> pela frieza <strong>de</strong> seus números.A Usina Nuclear <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong>s Reis como Laboratório para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> FísicaOzimar da Silva Pereira - SAAD/IFUSPIntroduçãoNos EUA, na URSS, na Holanda, em Israel e em diversos outros países existemprogramas sérios para o ensino <strong>de</strong> radioativida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> energia nuclear em to<strong>do</strong>s os seusângulos (físico, biológico, econômico, politico e ecológico) e níveis (1°, 2° e 3° graus).Contu<strong>do</strong>, no Brasil, inexistem tais preocupações seja a nível da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong>Física, Associação Brasileira <strong>de</strong> Energia Nuclear, Comissão <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Energia Nuclear,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Radiologia ou a nível <strong>de</strong> qualquer outro órgão competente. Porisso, tais temas estão ausentes <strong>do</strong>s currículos oficiais <strong>br</strong>asileiros, tanto no 1° como no 2°grau.Por iniciativa própria, realizei uma experiência pioneira a nível regional(Gran<strong>de</strong> ABCD-SP) nos últimos anos (1986-1990), incluin<strong>do</strong> esses temas no curso <strong>de</strong>Física, principalmente nas segundas séries <strong>do</strong> 2° grau. Para tal, fiz um cuida<strong>do</strong>soplanejamento <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s novos temas não viesse interferir negativamenteno programa oficial, cujo ensino/aprendiza<strong>do</strong> já é precário.Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa experiência no perío<strong>do</strong> 1986-88 foram apresenta<strong>do</strong>s no VIIISNEF que se realizou no Rio <strong>de</strong> Janeiro na UFRJ. No painel intitula<strong>do</strong>:RADIOATIVIDADE E ENERGIA NUCLEAR NO 2° GRAU - UMA EXPERIÊNCIADE ENSINO foram ilustra<strong>do</strong>s os seus efeitos positivos e negativos.Em 1990, resolvi realizar uma excursão ao Centro <strong>de</strong> Informações da UsinaNuclear Almirante Alvaro Alberto <strong>de</strong> Furnas Centrais Elétricas SA. em Angra <strong>do</strong>s Reis,RJ, para observar o seu efeito nos estudantes e a sua valida<strong>de</strong> educacional.A Visita à Usina <strong>de</strong> AngraOs objetivos da excursão foram:a) observar os efeitos motivacionais no estu<strong>do</strong> da Física;


441b) avaliar o aprendiza<strong>do</strong> possível em tal evento;c) observar os efeitos <strong>do</strong> contato <strong>do</strong>s estudantes com a "realida<strong>de</strong> nuclear".Participaram <strong>de</strong>la 12 estudantes das las., tas. e ias. séries <strong>do</strong> 2° grau (perío<strong>do</strong>noturno) da EEPSG "Profs Nicéia Albarello Ferrari". A excursão foi realizada duranteum sába<strong>do</strong> e utilizamos ônibus das linhas comerciais comuns, fican<strong>do</strong> cada estudanteencarrega<strong>do</strong> das próprias <strong>de</strong>spesas.Proeramacão:11h30m - partida <strong>de</strong> São Paulo04h00m - chegada a Barra Mansa - RJ05h3Om - partida para Angra <strong>do</strong>s Reis - RJ07h00m - chegada a Angra <strong>do</strong>s Reis09h30m - recepção no Centro <strong>de</strong> Informações da Usinapalestra, vi<strong>de</strong>o, apresentação <strong>de</strong> painéis e maquetes, visitamonitorada à área externa da usina e aos postos <strong>de</strong> monitoraçãoambiental.13h00m - almoço no Centro Recreativo <strong>de</strong> Praia Brava14h00m - visita ao Centro Recreativo <strong>de</strong> Praia Brava20h00m - chegada a Parati - RI23h00m - retorno para São PauloA Visita: a monitora que nos acompanhou no Centro <strong>de</strong> Informações abor<strong>do</strong>uaspectos econômicos da energia nuclear, a origem <strong>de</strong>la, seu processo <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong>conversão em energia elétrica, o papel <strong>de</strong> Furnas e <strong>de</strong> Angra na malha <strong>de</strong> distribuiçãoenergética <strong>do</strong> país, os princípios <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um reator nuclear, os efeitos daradioativida<strong>de</strong>, os riscos da ocorrência <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte no reator <strong>de</strong> Angra, o plano <strong>de</strong>evacuação <strong>do</strong>s funcionários da usina e da população <strong>de</strong> Angra, importância econômica dausina, o ciclo <strong>do</strong> combustível nuclear, sistemas <strong>de</strong> monitoração ambiental para avaliaçãoda contaminação radioativa e o histórico da usina.Após o almoço, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitar o "paraíso" <strong>de</strong> Praia Brava,on<strong>de</strong> os funcionários dispõem <strong>de</strong> muitas regalias como compensação para o risco quesofrem moran<strong>do</strong> e trabalhan<strong>do</strong> naquele local. Em conversa com muitos funcionários,mora<strong>do</strong>res dali, pu<strong>de</strong>mos obter informações interessantes e importantes so<strong>br</strong>e o dia-diada usina.A usina <strong>de</strong> Angra como laboratório - resulta<strong>do</strong>sUtilizei o termo "laboratório" no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> local <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à realização <strong>de</strong>experiências. E nesse senti<strong>do</strong>, a usina <strong>de</strong> Angra po<strong>de</strong> ser muito bem utilizada. A visão das


442instalações nucleares na Praia <strong>de</strong> Itaorna com o mar azul ao fun<strong>do</strong> e ao la<strong>do</strong> das encostasver<strong>de</strong>jantes proporcionou aos estudantes a sensação da grandiosida<strong>de</strong>, da importância e<strong>do</strong> perigo <strong>de</strong> Angra - algo que dificilmente po<strong>de</strong> ria ser reproduzi<strong>do</strong> em sala <strong>de</strong> aula. Aexperimentação <strong>de</strong>sses sentimentos tem gran<strong>de</strong> valor a nível afetivo e cognitivo.A avaliação da excursão foi feita através <strong>de</strong> <strong>do</strong>is questionários; um para ava liar aexcursão <strong>de</strong> uma forma geral e outro, com 20 perguntas, para avaliar o que se haviaaprendi<strong>do</strong> lá.As respostas às questões estão resumidas no quadro aba ixo:QUESTÃORESPOSTAa) impressão geral da usina muito bonitab) localização da usina ina<strong>de</strong>quadac) riscos ofereci<strong>do</strong>sgran<strong>de</strong> - não há confiança nacapacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s técnicos eengenhe iros <strong>de</strong> manterem ausina funcionan<strong>do</strong> comsegurançad)possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntegran<strong>de</strong>e) treinamentos simula<strong>do</strong>s/plano <strong>de</strong> evacuação <strong>de</strong>Angra e arre<strong>do</strong>res no caso<strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nteprecáriof) influência da visita nonível <strong>de</strong> informação <strong>do</strong>sestudantesmuito gran<strong>de</strong>, pois nuncatinham discuti<strong>do</strong> o assuntona escolag) <strong>de</strong>veria ser incluí<strong>do</strong> otópico radioativida<strong>de</strong> eenergia nuclear no 2°grau <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> algumadisciplina?simAlém <strong>do</strong>s questionários, foi feito um pequeno <strong>de</strong>bate entre meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>sestudantes (seis) que participaram da excursão para se verificar algumas respostas


443imprecisas e para se confirmar a compreensão <strong>de</strong> outras. O <strong>de</strong>bate foi grava<strong>do</strong> em vi<strong>de</strong>o.Observou-se que o aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s con ceitos físicos envolvi<strong>do</strong>s - fissão, radioativida<strong>de</strong>,radiois6topos, reação em ca<strong>de</strong>ia, etc - praticamente não se <strong>de</strong>u.ConclusãoA excursão à usina nuclear <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong>s Reis possibi litou a análise <strong>do</strong> efeito <strong>de</strong>uma ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> gênero no aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s à energia nuclear e àradioativida<strong>de</strong>.Num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 6 horas (tempo durante o qual os estudantes permaneceram noCentro <strong>de</strong> Informações e no Centro Recreativo <strong>de</strong> Praia Brava) - equivalente a um mês<strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> Física - po<strong>de</strong>-se atingir a vários objetivos educacionais <strong>de</strong> natureza cognitiva eafetiva:- os estudantes passaram a perceber a existência da questão <strong>do</strong> uso da energianuclear com to<strong>do</strong>s os problemas relaciona<strong>do</strong>s.- po<strong>de</strong>-se transmitir informações complexas com aprendiza<strong>do</strong> significativo,conforme avaliação citada.- a conclusão principal é que a inclusão <strong>de</strong> excursões a instalações nucleares - nocaso, a uma usina nuclear - possibi lita a um aprendiza<strong>do</strong> significativo <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>srelaciona<strong>do</strong>s, motiva o estudante para o curso <strong>de</strong> Fisica e traz para o âmbito <strong>do</strong> cursodiscussões <strong>de</strong> natureza sócio-politica-econômica, cuja origem está no próprio<strong>de</strong>senvolvimento da Física.Excursões a instalações nucleares têm efeito extremamente positivo no ensino<strong>de</strong>sses conteú<strong>do</strong>s. Contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve-se ressaltar que o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s con ceitos, princípios, leis,enca<strong>de</strong>amentos, afirmações conceituais, habilida<strong>de</strong> para solução <strong>de</strong> problemasrelaciona<strong>do</strong>s constitui-se em um objetivo que só po<strong>de</strong> ser atingi<strong>do</strong> através <strong>de</strong> outrasmeto<strong>do</strong>logias, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às suas pecu liarida<strong>de</strong>s epistemológicas.


444Desenhos Humorísticos So<strong>br</strong>e FísicaPaulo Roberto Romeiro Vieira - UFMSDespretenciosas ilustrações em relatórios acad@micos, relativos à disciplina"Laboratório <strong>de</strong> Física II", lançaram as sementes <strong>de</strong> um trabalho mais amplo - quebuscasse ser, simultaneamente, curioso e informativo - utilizan<strong>do</strong> largamente o humor,uma gran<strong>de</strong> arma capta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> atenções.Desta forma, foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s - ao longo <strong>de</strong> 3 exposições (1985, 87 e 88),mais <strong>de</strong> 100 trabalhos (50% textos e 50% <strong>de</strong>senhos/ca rtuns), cujos temas foram retira<strong>do</strong>s<strong>do</strong> livro soviético "Física Recreativa", Editora Mir/Moscou, cujos textos em espanhol(praticamente sem ilustração alguma), foram adapta<strong>do</strong>s à realida<strong>de</strong> <strong>br</strong>asileira, resultan<strong>do</strong>em 50 pares (textos e <strong>de</strong>senhos), com uma repercussão bastante satisfatória - tanto juntoao meio universitário - on<strong>de</strong> foram realizadas duas exposições, como também ao nãoacadêmico, conforme po<strong>de</strong>-se verificar na Itaúgaleria <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong>(MS), ocasiãoesta em que o público em geral po<strong>de</strong> ter ao seu alcance informações que normalmentelhes seriam inacessíveis, numa linguagem clara e <strong>de</strong> uma maneira inédita até então.O objetivo principal <strong>de</strong>stes trabalhos envolvem a tentativa da que<strong>br</strong>a <strong>de</strong> tabusseculares - muitas vezes envolven<strong>do</strong> nosso próprio cotidi ano, além <strong>de</strong> procurar incutiruma nova maneira <strong>de</strong> se encarar os fatos: cientificamente, racionalmente, semsentimentalismo ou <strong>de</strong>sinteresse. Vejam a seguir alguns exemplos <strong>de</strong>ste trabalho:A lua não gira rigososamente em torno da Terra. Note-se que, por ser muitogran<strong>de</strong> - na sua condição <strong>de</strong> satélite, afeta a Terra so<strong>br</strong>emaneira e, <strong>de</strong>sta forma, impõelheaproximadamente duas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> movimentos - um <strong>do</strong>s quais, a rotação em conjunto- on<strong>de</strong> os <strong>do</strong>is astros giram em torno <strong>de</strong> um único ponto (que não é o centro da Terra, esim localiza<strong>do</strong> a 4720 km <strong>de</strong>ste - ou seja, 1660 km abaixo da superfície <strong>do</strong> nosso planeta).Há quem consi<strong>de</strong>re Terra e Lua como um planeta duplo, já que a refe rida é muito gran<strong>de</strong>para ser satélite...Outro gran<strong>de</strong> tabu envolve a concepção <strong>do</strong> dia e da noite: intuitivamenteimagina-se que a Lua e o Sol estão numa "gangorra celeste", ou seja, quan<strong>do</strong> um aparece,o outro some. Na verda<strong>de</strong>, nada disso ocorre: to<strong>do</strong>s os dias são <strong>do</strong> sol, porém, nem todanoite é da Lua...Somente a Lua cheia po<strong>de</strong> ser observada por toda a noite. As quarto


445crescente e minguante aparecem apenas na meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trevas e a lua nova nãoé vista no céu - senão durante o dia...A impressionante massa <strong>do</strong> sol:2.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 kg!A queda <strong>de</strong> um fruto da macieira intrigou a tal ponto o genial Isaac Newton, em1665 - com 23 anos, que resultou na Teoria so<strong>br</strong>e a atração gravitacional. Desconhece-se,todavia, se a maçã realmente o teria atingi<strong>do</strong> na cabeça... •Pontual a cada 76 anos, o Cometa <strong>de</strong> Halley, com suas 34 bilhões <strong>de</strong> toneladasem um núcleo <strong>de</strong> 4 a 5 km <strong>de</strong> diâmetro, apavorou os terráqueos - em 1910, com uma


446excepcional aparição <strong>de</strong> até 105° (ângulo <strong>de</strong> observação da cauda)Se não houvesse a resistência <strong>do</strong> ar, as gotas da chuva cairiam tal como balas <strong>de</strong>metralha<strong>do</strong>ra. Assim sen<strong>do</strong>, os <strong>de</strong>sertos e regiões <strong>de</strong> pouca precipitação seriamverda<strong>de</strong>iros paraísos. Contu<strong>do</strong>, a velocida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> uma gota em queda é da or<strong>de</strong>m<strong>de</strong> 2 a 7 metros por segun<strong>do</strong> (constante), até atingir o solo.Arquime<strong>de</strong>s jamais s<strong>usp</strong>en<strong>de</strong>ria a Terra com uma alavanca. O <strong>br</strong>aço maior <strong>de</strong>sta<strong>de</strong>veria ser da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 100 sextilhões <strong>de</strong> vezes o <strong>br</strong>aço menor (da Terra ao apoio). Se aextremida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scesse com a velocida<strong>de</strong> da luz, em 10 milhões <strong>de</strong> anos, a Terra se rias<strong>usp</strong>ensa, acredite-se, apenas 1 centímetro...Vénus: a "Estrela Matutina", "Estrela Vespertina" ou "Estrela D'Alva" é, narealida<strong>de</strong>, o mais hostil <strong>do</strong>s planetas: lá chove áci<strong>do</strong> sulfúrico puro - que todavia nemchega a tocar o solo, evaporan<strong>do</strong>-se antes (477°C).Se o Sol fosse <strong>do</strong> tamanho <strong>de</strong> uma laranja, a Terra seria menos que uma cabeça<strong>de</strong> alfinete e Jupiter - o planeta gigante, não daria sequer uma bola <strong>de</strong> gu<strong>de</strong>.Em Júpiter, tamanha é a atração gravitacional, que uma pessoa que pesasse naTerra 70 kg, lá teria quase 190 e, na Lua, menos <strong>de</strong> 12 kg. Por isso, na Lua os passos sãocomo pulos...


448Desconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a atração psicológica entre as pessoas, existe também umafísica... Se o atrito não existisse, duas pessoas <strong>de</strong> peso médio, afastadas entre si 2 metrosse aproximariam 3 cm na primeira hora, 9 cm na segunda e 15 cm na terceira. Pouco mais<strong>de</strong> cinco horas seriam necessárias para que ambos estivessem juntos.^ 7Por ocasião da guerra entre Itália e a Etiópia, os italianos não conseguiramsurpreen<strong>de</strong>r uma tribo sequer. Na selva, elas se comunicavam entre si com a utilização <strong>de</strong>códigos sonoros (batuques), que somente os nativos compreendiam, e os italianos"mente".Os buracos negros possuem matéria tão <strong>de</strong>nsa que uma colher <strong>de</strong> sopa pesa riatoneladas. A atração é tão intensa, que nem a luz escapa.Nos países on<strong>de</strong> cai neve, uma parelha <strong>de</strong> cavalos é capaz <strong>de</strong> puxar, sozinha,nada menos que 70 toneladas <strong>de</strong> toras num trenó, tamanha é a que<strong>br</strong>a <strong>do</strong> at rito pelo gelo.Uma cama <strong>de</strong> pedra ou concreto po<strong>de</strong> ser bem mais confortável que um colchão- <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que possua o formato <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> usuário...A gela<strong>de</strong>ira que esquenta: freezers, aparelhos <strong>de</strong> ar condiciona<strong>do</strong> e gela<strong>de</strong>iras,para produzirem o frio internamente, produzem muito mais calor pelo motor. Gela<strong>de</strong>iras


449com as portas abertas e aparelhos <strong>de</strong> ar condiciona<strong>do</strong> sem saída <strong>de</strong> ar quente <strong>do</strong> motorpara o exterior, esquentam os ambientes on<strong>de</strong> estiverem.O gelo esfria <strong>de</strong> cima para baixo (o frio <strong>de</strong>sce) e o fogo s6 é eficaz <strong>de</strong> baixo paracima (o calor sobe).O que pesa mais? Um quilo <strong>de</strong> algodão ou um quilo <strong>de</strong> chumbo? O quilo <strong>de</strong>chumbo pesa mais...graças ao empuxo, ou seja, o equivalente ao volume <strong>de</strong> ar <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>.Como o algodão ocupa um espaço bem maior que o chumbo, é sujeito a um empuxomaior, senso necessário um pouco mais <strong>de</strong> algodão para equili<strong>br</strong>ar a balança. A diferençaentre uma tonelada <strong>de</strong> ferro e uma <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira chega a 2,5 kg!...A energia liberada por um raio em 1 milésimo <strong>de</strong> segun<strong>do</strong>s é algo equivalente a50 milhões <strong>de</strong> volts / 200 mil Ampères - ou seja 1400 kw/h - capaz <strong>de</strong> sustentar a<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> uma residência <strong>de</strong> padrão médio mais <strong>de</strong> meio ano!...Nos países on<strong>de</strong> as variações climáticas são muito significativas, acontração/dilatação <strong>de</strong> metais, por exemplo, são consi<strong>de</strong>ráveis. Na ferrovia "Cost to Cost"<strong>do</strong>s EUA, <strong>do</strong> Atlântico ao Pacífico, as "perdas" chegariam a 10.000 metros no inverno -não fossem as juntas <strong>de</strong> dilatação. ' Dez mil metros <strong>de</strong> trilhos, se fossem realmenteperdi<strong>do</strong>s, envolveriam 500 toneladas <strong>de</strong> aço. O mesmo se diz quanto aos cabos e fios queatravessam a Sibéria: "encolhem" 3500m. Para cada grau que aumenta na temperatura emParis, a torre Eiffel aumenta 3 mm - em seus trezentos metros. Se a temperatura varia <strong>de</strong>10 a 40 graus, a torre também varia em 12,5cm.


450Uma música gravada num LP possui a mesma largura <strong>de</strong> faixa em qualquerposição: se na borda a parte que passa sob a agulha é bem maior, também ali a velocida<strong>de</strong>é gran<strong>de</strong>, ao passo que, próxima ao centro a distância percorrida é menor - comoigualmente menor é a velocida<strong>de</strong> neste trecho.O Sol sujeita a Terra à uma colossal atração. Se fosse possível à tecnologiahumana equiparar-se ao astro-rei, precisaria <strong>de</strong> um bilhão <strong>de</strong> cabos <strong>de</strong> aço unin<strong>do</strong>-os,com 149 milhões <strong>de</strong> km <strong>de</strong> comprimento c 5 metros <strong>de</strong> diâmetro cada, resistin<strong>do</strong> 100 kgpor milímetro quadra<strong>do</strong>. To<strong>do</strong> o hemisfério volta<strong>do</strong> para o Sol seria coberto por estescabos, restan<strong>do</strong> menos que 5 metros entre si. Esta força <strong>de</strong>svia a Terra 3 mm a cadasegun<strong>do</strong> da reta tangente à trajetória curva, que o planeta percorre.To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> confia tanto no espelho - no entanto, ele faz sempre o oposto:esten<strong>de</strong>mos-lhes a mão direita, e ele nos dá a esquerda; mostramos um relógio indican<strong>do</strong>9 horas - e ele nos mostra 3. Deve-se confiar <strong>de</strong>sconfian<strong>do</strong>?A juventu<strong>de</strong> aprecia so<strong>br</strong>emaneira as roupas pretas. Contu<strong>do</strong>, para um paístropical, não po<strong>de</strong>ria ser pior. O preto, por si só, capta uma porcentagem muito gran<strong>de</strong> dacaloria <strong>do</strong> sol.O mar Morto da Palestina é diferente <strong>do</strong>s outros: em vez <strong>de</strong> 1 a 3% <strong>de</strong>salinida<strong>de</strong>, possui 27%. Como a salinida<strong>de</strong> aumenta com a profundida<strong>de</strong>, 1/4 <strong>de</strong> seuvolume é puro sal. Ali o corpo humano não afunda, possibilitan<strong>do</strong>-se inúmeras proezas.A fotografia nasceu da Daguerrotipia, ou seja, a exposição <strong>de</strong> 40 minutos(imóvel), para a gravação numa chapa <strong>de</strong> metal... As fotos <strong>de</strong>vem ser observadas com umúnico olho... já que as câmeras se assemelham a um olho humano (não fotografam com 2lentes).Estes são alguns <strong>do</strong>s temas aborda<strong>do</strong>s em geral.Zona <strong>de</strong> Desenvolvimento Proximal: Um Referencial Teórico para os Centros<strong>de</strong> CiênciasAlberto Gaspar - UNESP/GuaratinguetáO conceito <strong>de</strong> centro <strong>de</strong> ciências entre nós não está ainda bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>.Embora tenham como objetivo comum a melhoria <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> ciências, duas concepçõesdiferentes pre<strong>do</strong>minam: a primeira, <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong>stinada a dar


451assessoria pedagógica a professores através da produção <strong>de</strong> material instrucional etreinamento e, às vezes, oferecer ainda uma infra-estrutura <strong>de</strong> apoio para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s experimentais a professores e alunos. A segunda é a <strong>de</strong>que um centro <strong>de</strong> ciências é essencialmente um museu vivo, uma exposição <strong>de</strong> ciências,que não tem a preocupação <strong>de</strong> se vincular ao currículo escolar formal. E a esta última quevamos nos referir.A ativida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> ciências que a<strong>do</strong>ta esta concepção é avisitação pública. Embora haja um consenso <strong>de</strong> que a visita <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> alunos, porexemplo, a um centro <strong>de</strong> ciências seja uma contribuição efetiva à melho ria daaprendizagem <strong>de</strong>sses alunos em ciências, a avaliação <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> não é trivial,so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> um referencial teório especifico. As pesquisas que temosencontra<strong>do</strong> a respeito, a nível internacional, tem tenta<strong>do</strong> fazer essa avaliação a partir <strong>de</strong>hipóteses aleatórias, "adhoquistas". Há trabalhos que procuram analisar o comportamento<strong>do</strong>s visitantes na observação <strong>do</strong>s objetos expostos, levan<strong>do</strong> em conta até mesmo o tempogasto nesta observação, outros que procuram encontrar nos registros <strong>de</strong> memória <strong>do</strong>visitante o que ficou <strong>de</strong> uma visita, outros centram sua atenção apenas nos objetosexpostos, outros ainda se preocupam com a influência <strong>do</strong> ambiente como um to<strong>do</strong>, etc. Oque se observa é que, com exceção <strong>de</strong> alguns trabalhos <strong>de</strong> inspiração piagetiana, não hánessas pesquisas uma fundamentação teórica <strong>de</strong>finida.Acreditamos que isto acontece porque as teo rias educacionais, em geral, estãoligadas ao ensino escolar formal e não se aplicam a<strong>de</strong>quadamente a uma instituição quefoge a estas características. A característica básica <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> ciências é, a nosso ver,a interação social. Uma observação atenta <strong>do</strong> que nele ocorre durante uma visitaevi<strong>de</strong>ncia a riqueza das interações que se <strong>de</strong>senvolvem entre monitores e visit antes eentre os próprios visitantes, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas ou mediadas pelos objetos ou experimentosexpostos. Esta interação social, a nosso ver, mere ce uma reflexão mais aprofundada e poressa razão as teorias sócio interacionistas nos parecem ser o referencial teórico a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>para a compreensão <strong>do</strong> que neles ocorre.Dentro <strong>de</strong>stas teorias o conceito <strong>de</strong> zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento proximal <strong>de</strong>Vygotsky <strong>de</strong>ve ser, particularmente, o mais apropria<strong>do</strong>.Para Vygotsky a aprendizagem é fruto da interação social, o que torna possível oensino <strong>de</strong> noções e conceitos antes mesmo <strong>do</strong> aprendiz ter <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> as estruturascognitivas necessárias à sua compreensão. Uma criança em cooperação com um adultopo<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar tarefas que não seria capaz <strong>de</strong> fazer sozinha. Esse <strong>de</strong>snível cognitivoentre o que ela faz sozinha e o que po<strong>de</strong> fazer numa interação social é o que caracteriza asua zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento proximal. Entretanto, embora se refira a um indivíduo, esteconceito é essencialmente sócio-interativo porque não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong>le mas daspessoas que com ele interagem e <strong>do</strong>s elementos media<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ssa interação. Dessa forma,


452uma interação social num grupo po<strong>de</strong> caracterizar uma zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoproximal na medida em que cada um <strong>do</strong>s seus participantes tenha acresci<strong>do</strong> algo ao seunível <strong>de</strong> conhecimento ou <strong>de</strong>senvolvimento intelectual.O objetivo <strong>de</strong> trabalho que estamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> é verificar se isto ocorredurante uma visita a um centro <strong>de</strong> ciências o que <strong>de</strong>monstraria a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>steconceito e, por extensão, das teorias sócio-interacionistas como referencial teórico a estetipo <strong>de</strong> instituição. Para tanto projetamos uma pesquisa com <strong>do</strong>is grupos <strong>de</strong> alunos da 7isérie <strong>de</strong> duas escolas da re<strong>de</strong> oficial <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Cruzeiro, interior <strong>de</strong> São Paulo. Foramestabelecidas três etapas: l a) Entrevista prévia para avaliar o conhecimento <strong>de</strong>sses alunosem algumas noções básicas <strong>de</strong> ciências; 2 8) Visita ao CIC <strong>de</strong> Cruzeiro, centro <strong>de</strong> ciênciasque coor<strong>de</strong>namos nessa cida<strong>de</strong>; 3 5) Nova entrevista, alguns meses <strong>de</strong>pois, para avaliar oimpacto <strong>de</strong>ssa visita em relação ao nível <strong>de</strong> conhecimento inicial <strong>do</strong> grupo. As duasprimeiras etapas já foram realizadas em novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990 e gravadas em ví<strong>de</strong>o para urnaanálise mais cuida<strong>do</strong>sa. A terceira etapa está prevista para março <strong>do</strong> corrente ano.As primeiras análises <strong>do</strong> ví<strong>de</strong>o, além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar <strong>de</strong>ficiências muito gran<strong>de</strong>sem relação ao conhecimento inicial <strong>do</strong>s alunos, mostram uma interação muito forte entreo monitor e os alunos durante a visita e ressalta o papel media<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ssa interação<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelos experimentos apresenta<strong>do</strong>s. Quanto à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que estasinterações tenham propicia<strong>do</strong> algum acréscimo em relação ao nível <strong>de</strong> conhecimentoinicial <strong>do</strong>s alunos temos como indício, por enquanto, o <strong>de</strong>poimento escrito da maioria <strong>do</strong>sque participaram da visita. Neles é freqüente a afirmação <strong>de</strong> que apren<strong>de</strong>ram algumacoisa o que, às vezes, é explicita<strong>do</strong> em <strong>de</strong>talhes. Entretanto, só a conclusão <strong>do</strong> trabalhocom a realização da terceira etapa e uma análise mais <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong> material obti<strong>do</strong>po<strong>de</strong>rá nos oferecer resulta<strong>do</strong>s mais conclusivos.Agra<strong>de</strong>cimentosAo Professor Ernst Hamburger, nosso orienta<strong>do</strong>r, que com seu apoio viabilizouesta pesquisa e à Professora Zilma <strong>de</strong> Moraes Ramos <strong>de</strong> Oliveira que através <strong>do</strong> seucurso "Implicações Educacionais das Teorias Sociointeracionistas" ministra<strong>do</strong> naFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da USP, proporcionou o estimulo e a fundamentação teórica<strong>de</strong>ste trabalho.BibliografiaAlém <strong>do</strong>s textos básicos <strong>de</strong> Vygotsky, Pensamento e Linguagem e A FormaçãoSocial da Mente (Ed. Martins Fontes) e da coletânea Henry Wallon, publicada pelaEditora Ática, nosso trabalho se baseia também numa pesquisa bibliográfica <strong>de</strong> artigospublica<strong>do</strong>s nas revistas Science Education, International Journal of Science Education,


•453Journal of Biological Education, European Journal of Science Education, Curator eJournal of Verbal Learning and Verbal Behaviour.Concepções Espontâneas <strong>de</strong> Alunos <strong>de</strong> 2Q Grau so<strong>br</strong>e Radioativida<strong>de</strong>Resulta<strong>do</strong>s PreliminaresOzimar da Silva Pereira - SAAD/IFUSPO presente painel apresenta os resulta<strong>do</strong>s preliminares <strong>de</strong> uma pesquisa so<strong>br</strong>econcepções espontâneas so<strong>br</strong>e radioativida<strong>de</strong> e energia nuclear <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> 2° grau.A partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> Conforto (1989), <strong>de</strong> Ronen e Ganiel(1988) e <strong>de</strong> Eijkelholf (1990) so<strong>br</strong>e as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assimilação <strong>de</strong> conceitosrelaciona<strong>do</strong>s à radioativida<strong>de</strong> e energia nuclear por estudantes da Itália, <strong>de</strong> Israel e daHolanda, respectivamente, apliquei o questionário anexo a 228 estudantes <strong>de</strong> 2° grau daEESG "Carlos Eduar<strong>do</strong> Villalva" - escola pública estadual da capital <strong>de</strong> São Paulo -perío<strong>do</strong> matutino.Por acaso, houve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser convida<strong>do</strong> a proferir uma palestra so<strong>br</strong>eOS ASPECTOS POSITIVOS E NEGATVOS DA RADIOATIVIDADE aos mesmosestudantes. Aproveitan<strong>do</strong>-a apliquei novamente o mesmo . questionário após minhaexposição para observar alguma mudança nos conceitos intuitivos <strong>do</strong>s alunos já avalia<strong>do</strong>s.As tabelas seguintes ilustram os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.Quanto à parte referente a níveis <strong>de</strong> exposição à radiações ionizantes, constataseque as idéias <strong>do</strong>s estudantes diferem da realida<strong>de</strong> científica, especialmente na questãoE, que segun<strong>do</strong> o BEIR (1980) o nível <strong>de</strong> exposição ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma usina nuclear(<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a ela, exclusivamente - <strong>de</strong>scontan<strong>do</strong>-se a radiação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>) é NULO. Por suavez, os estudantes atribuíram o escore correspon<strong>de</strong>nte a nível <strong>de</strong> exposição máximo. Essesresulta<strong>do</strong>s coinci<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> forma geral, com os obti<strong>do</strong>s por Ronen e Ganiel em Israel.Para a parte 2 <strong>do</strong> questionário, baseada em conclusões da pesquisa <strong>de</strong> avaliação<strong>do</strong> PROJETO PLON da Univ. Utrecht, realizada por H. Eijkelhof, os resulta<strong>do</strong>s foramsemelhantes.Houve pequena diferença entre as respostas dadas no pré e pós-teste. Excetoquanto às questões (afirmação) 4,6 e 15 da parte 02.


454A pequena amostragem utilizada na pesquisa inviabiliza conclusões mais gerais,porém, esses resulta<strong>do</strong>s confirmam conclusões tiradas por pesquisa<strong>do</strong>res estrangeiros,obti<strong>do</strong>s em realida<strong>de</strong>s culturais e educacionais profundamente diferentes da nossa.Bibliografia Básica1) Conforto, A. M., Giova, A., Signorini, C.(1989) The Nuclear Issue and the School.Physics Education, 24,83-87.2) Eijkelhof, H.(1990) Radiation and risk in Physics Education. Utrecht, The Netherlands,University of Utrecht.3) Ronen, M., Ganiel, U. From assumption of Knowledge to knowledgeableconsi<strong>de</strong>rations: a class activity on "ionizing radiation and its biological efects" (1988).International of Science Education, 10, 5, oct-<strong>de</strong>c.O Que Pensam as Crianças Acerca <strong>do</strong>s Fenômenos Térmicos*Teixeira, O.P.B., Carvalho, A.M.P., Campos, G., Castro, R.S., Espinosa, R., Garri<strong>do</strong>, E.,Gosciola, V., Laburu, C.E., Nascimento, L., Silva, D. - FEUSPNós sabemos que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais tenra ida<strong>de</strong> a criança está em contato comfenômenos térmicos, sen<strong>do</strong> que essa interação tem início muito antes <strong>de</strong>la receberqualquer forma <strong>de</strong> ensino, assim sen<strong>do</strong> a criança usará suas próprias leis para explicar taisfenômenos.No presente trabalho, nós procuramos <strong>de</strong>tectar quais as noções que os alunosapresentavam em relação ao conceito <strong>de</strong> calor, a fim <strong>de</strong> conhecermos as característicasdas concepções espontâneas <strong>de</strong> crianças entre sete e treze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.Algumas situações foram apresentadas aos alunos, cuja preocupação principalera tentar perceber qual a linha <strong>de</strong> raciocínio a<strong>do</strong>tada por eles. A seguir, mencionamos asseis situações propostas aos alunos:1. "Fui comprar coca-cola e ela não estava gelada. O que <strong>de</strong>vo fazer para torná-lagelada?"•Pesquisa financiada pela FAPESP e BID-USP


4552. Dois recipientes <strong>de</strong> vidro com diferentes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água estavam so<strong>br</strong>e um tripécom tela <strong>de</strong> amianto, e estavam sen<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>s por lamparinas - nossa intenção, era <strong>de</strong>perceber como os alunos procurariam explicar o aquecimento da água contida nosrecipientes.3. Se <strong>de</strong>ixarmos por longo tempo, uma <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água so<strong>br</strong>e alamparina, o que você acha que acontecerá?4. Propusemos aos alunos que, hipoteticamente, tínhamos <strong>do</strong>is recipientes semelhantes aoda situação 3, porém, cada um <strong>de</strong>les com as mesmas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> duas diferentessubstâncias, ou seja, num <strong>do</strong>s recipientes colocar-se-ia água e no outro óleo, as lamparinaseram semelhantes e o tempo <strong>de</strong> aquecimento i<strong>de</strong>m, perguntávamos, então o que elesachavam que iria acontecer.5. Nesta situação, procuramos focalizar a mudança <strong>de</strong> fase, através <strong>de</strong> uma pedra <strong>de</strong> gelocolocada num recipiente <strong>de</strong> vidro com a lamparina acesa, perguntava-se, então, <strong>de</strong> quemaneira eles po<strong>de</strong>riam explicar o que estava ocorren<strong>do</strong>.6. Nesse caso o interesse era verificar a explicação que os alunos dariam numa situaçãoon<strong>de</strong> estivesse envolvida a produção <strong>de</strong> calor, para tanto, tomamos o caso on<strong>de</strong> ocorria africção entre as mãos.A seguir, apresentamos, <strong>de</strong> uma maneira sintetizada alguns da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s emrelação à análise verificada em função das respostas dadas pelos alunos.De maneira geral, a resposta inicial fornecida pelos alunos, com relação àprimeira situação era que a coca-cola <strong>de</strong>veria ser colocada na gela<strong>de</strong>ira ou no congela<strong>do</strong>r,sen<strong>do</strong> que a explicação estava voltada ao fato <strong>de</strong> que a gela<strong>de</strong>ira era um lugar frio eportanto iria esfriar a coca-cola.Fato interessante observa<strong>do</strong> é o <strong>de</strong> estar fortemente presente nas respostas dascrianças uma relevância muito maior no mecanismo <strong>de</strong> funcionamento da gela<strong>de</strong>ira <strong>do</strong>que no processo <strong>de</strong> resfriamento da coca-cola - portanto respostas como: "tem um motorlá atrás da gela<strong>de</strong>ira" ou "a gela<strong>de</strong>ira solta um gás que eu não sei o nome" ou "a gela<strong>de</strong>iratem uma substância" foram bastante verificadas.Nas respostas nas quais se evi<strong>de</strong>nciavam a maneira pela qual a coca-cola gelava,a transferência estava associada à noção <strong>do</strong> frio como um "flui<strong>do</strong>".Apesar <strong>de</strong> encontrarmos em alunos <strong>de</strong> faixa etária maior, a utilização <strong>de</strong>vocabulário aprendi<strong>do</strong> nas aulas <strong>de</strong> ciências, como por exemplo, esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong>, esta<strong>do</strong>


456liqui<strong>do</strong>, choque térmico, ou seja, apesar <strong>de</strong> haver um aprimoramento na linguagem não severifica um aprimoramento na noção.Nas respostas fornecidas pelos alunos houve um prevalecimento da opção peloóleo como sen<strong>do</strong> a substância que mais aqueceria, as explicações envolvidas geralmenteapontavam "algo" que o óleo possuia, ou seja, era uma característica da substância.Os po<strong>de</strong>res contrários existentes entre a água e o óleo também foramaponta<strong>do</strong>s, na medida em que a água serve para apagar o fogo, e, o óleo, ser também umpouco fogo: "o óleo é meio fogo, assim ele é meio quente e quan<strong>do</strong> junta com o fogo elevira mais fogo ainda".No <strong>de</strong>correr da análise da situação on<strong>de</strong> estava envolvida o <strong>de</strong>rretimento <strong>do</strong>gelo, percebemos que as justificativas dadas pelos alunos se satisfaziam sob a forma <strong>de</strong>uma explicação <strong>de</strong>scritiva daquilo que estava sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> - a simples verificaçãoexperimental, gelo-água serve <strong>de</strong> justificativa.Novamente percebemos a utilização <strong>de</strong> um vocabulário mais aprimora<strong>do</strong> nascrianças maiores, sem contu<strong>do</strong> observarmos uma evolução em relação à noção: "é <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong> que ele está ele passa pro esta<strong>do</strong> liqui<strong>do</strong>".Quanto à produção <strong>do</strong> calor através <strong>do</strong> atrito entre as mãos percebemos que, "oatrito provoca calor", da mesma forma por exemplo, que se tivéssemos o aquecimentoatravés <strong>de</strong> vários cobertores - como se o aquecimento se <strong>de</strong>sse através <strong>de</strong> umaacumulação cada vez maior <strong>de</strong> pequenos "quentes", o fato <strong>do</strong> sangue circular mais rápi<strong>do</strong>,ou <strong>de</strong> "ingerirmos maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentos quentes <strong>do</strong> que frios" também foramaponta<strong>do</strong>s como uma conseqüência <strong>do</strong> aquecimento.Estrutura Conceitual da Mecânica ClássicaMaria Ines Ota - Depto. <strong>de</strong> Física - UELIntroduçãoO objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é apresentar uma representação gráfica da estruturaconceituai da Mecânica Clássica chamada MAPA CONCEITUAL e juntamente com aapresentação <strong>do</strong>s diversos significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s conceitos e relações entre eles interpretar estaestrutura.


457Estrutura ConceitualA estrutura conceitual <strong>de</strong> uma teoria é composta por seus elementos e dasrelações entre eles. O conhecimento <strong>de</strong> cada elemento e das diversas relações entre elespermite a percepção da estrutura e uma visão global da teoria.A estrutura é a concretização da teo ria, é a teoria tornada objeto. Po<strong>de</strong>moscompará-la a um livro que é, simultaneamente, menor e maior que a idéias <strong>de</strong> seu autor.O autor, ao expressar suas idéias através <strong>de</strong> um meio concreto (papel, tinta) sente queelas se empo<strong>br</strong>ecem; o leitor dá a sua interpretação, enriquecen<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>diferente. O livro, elemento concreto <strong>de</strong> ligação entre duas subjetivida<strong>de</strong>s é, assim, o quepossibilita discussões e análises mais objetivas. A estrutura é também análoga ao livro porpermitir várias leituras, dan<strong>do</strong> margem a diversas manifestações. Esta possibi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong>haver várias interpretações da mesma estrutura conceitual é impo rtante por permitir acada leitor encher, <strong>de</strong> maneira diferente, o formalismo <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>.Mapa Conceitual da Mecânica ClássicaPara representar graficamente a estrutura conceitual <strong>de</strong> uma teoria utilizamosuma representação gráfica que <strong>de</strong>nominamos mapa conceitual. a figura seguinterepresenta o mapa conceitual da Mecânica Clássica.Este mapa apresenta os elementos <strong>de</strong>sta teo ria (<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s diversos retângulos)e as relações entre eles (linhas). Todas as linhas estão representadas da mesma maneira,embora as relações por elas indicadas apresente diferentes graus <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>. Talcomplexida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser a nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento, on<strong>de</strong> uma linha po<strong>de</strong> ser substituída porum conjunto <strong>de</strong> outras linhas ou subestruturas mais <strong>de</strong>talhadas; ou <strong>de</strong> riva <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> queuma linha po<strong>de</strong> representar simultaneamente interpretações diferentes da relação entreos elementos <strong>de</strong>ntro da teo ria. Estes diferentes significa<strong>do</strong>s acompanham o mapaconceitual e, juntamente com ele, constituem a estrutura da teo ria.O mapa conceitual apresenta<strong>do</strong> neste trabalho foi construi<strong>do</strong> a partir da análise<strong>de</strong> vários textos que tratam da Mecânica Clássica. Ele reúne, em uma única apresentação,todas as relações contidas nestes livros e mais aquelas que <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>imos ao elaborá-lo.Esta representação não é única, uma vez que a escolha <strong>do</strong>s textos e a suaelaboração é, em parte, subjetiva. Apesar disso, ele é razoavelmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>caminho utiliza<strong>do</strong> para construí-lo.


•^^458FI G.1 - MAPA CONCEI TUAL DA MECANI CA CLA.SSI CA


459O Problema da LeituraO mapa conceitual <strong>de</strong>ve conter todas as relações contidas nos diversos textosque apresentam a teoria. Normalmente, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações <strong>do</strong> mapa é maior queaquelas apresentadas em cada livro individualmente. Isto ocorre porque o mapa é umaapresentação espacial da estrutura conceitual enquanto que sua apresentação num texto érealizada através <strong>de</strong> uma seqüência. Esta seqüência é resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma opção feita peloautor e reflete, por isso, sua visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>.Este problema da leitura está ilustra<strong>do</strong> nas páginas abaixo on<strong>de</strong> dirigimos oleitor para duas interpretações <strong>do</strong> mapa conceitual da Mecânica Clássica.A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferentes leituras <strong>do</strong> mapa conceitual existe pois ele é autoconti<strong>do</strong>, é espacial, o que torna arbitrário o ponto a partir <strong>do</strong> qual ele começa ser<strong>de</strong>scrito. Em outras palavras, a estrutura é bidimensional, ou até multidimensional,enquanto que a sua <strong>de</strong>scrição tem que ser realizada por meio <strong>de</strong> uma seqüênciaunidimensional, on<strong>de</strong> só um pedaço é apresenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> cada vez. A escolha <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong>partida e <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> caminho estão impregna<strong>do</strong>s da visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>apresenta<strong>do</strong>r da teoria.A importância <strong>de</strong> se conhecer a estrutura <strong>de</strong> uma teoria, reificada através <strong>de</strong> ummapa conceitual, é o fato <strong>de</strong>la incorporar as várias visbes <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>. Ter consciência<strong>de</strong>stas visões é uma condição básica para que não tenha a impressão <strong>de</strong> que a ciência éum objeto acaba<strong>do</strong>, que dá margem a uma única interpretação da natureza. E importanteque esta preocupação a<strong>de</strong>ntre o ensino <strong>de</strong> Física, que os professores adquiramconsciência <strong>do</strong> caráter construí<strong>do</strong> das suas teorias e que existe uma visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> quecaracteriza cada apresentação <strong>de</strong> uma teoria.Leitura <strong>do</strong> Mapa Segun<strong>do</strong> a Visão <strong>de</strong> NewtonOs conceitos ESPAÇO, TEMPO e MASSA, representa<strong>do</strong>s por são astrês gran<strong>de</strong>zas fundamentais da Mecânica Clássica. Seus significa<strong>do</strong>s refletem a visão <strong>de</strong>mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta teoria.Estes três conceitos estão uni<strong>do</strong>s, no mapa conceitual, à 1° LEI e, conforme opróprio mapa indica, os quatro conceitos são hierarquicamente equivalentes. Umainterpretação figurada <strong>de</strong>stas quatro gran<strong>de</strong>zas seria o palco <strong>de</strong> um teatro. O espaço e otempo representam o pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> e a massa é a personagem em movimento nestecenário. Se o tempo flui uniformemente e o espaço é homogêneo, isotrópico e infinito, amassa, neste cenário, por si s6, movimenta-se com velocida<strong>de</strong> constante infinitamente,pois não há razões para que ela pare. Este é o significa<strong>do</strong> da 1 8 Lei <strong>de</strong> Newton. Por isso, a


4601 8 Lei é uma função <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> da massa, já <strong>de</strong>finida na conceituação <strong>de</strong> espaço e <strong>do</strong>tempo.Estas argumentações justificam o fato <strong>de</strong>stas quatro gran<strong>de</strong>zas estaremlocalizadas em pontos extremos <strong>do</strong> mapa conceitual, pois elas representam os con ceitosfundamentais da teoria e a partir <strong>de</strong>las são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s outros conceitos e leis.Temos, então, quatro gran<strong>de</strong>zas cujas conceituações <strong>de</strong>finem a visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>da Mecânica Clássica e a relação espaço-tempo-massa <strong>de</strong>termina a função <strong>de</strong> esta<strong>do</strong><strong>de</strong>scrita pela l a Lei <strong>de</strong> Newton.A modificação <strong>de</strong>ste comportamento natural está representada no inte rior <strong>do</strong>mapa conceitual. A mudança no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> movimento da massa é <strong>de</strong>scrita pela 2 8 Lei <strong>de</strong>Newton.Hierarquização no Formalismo <strong>de</strong> LagrangeA segunda lei <strong>de</strong> Newton divi<strong>de</strong> o mapa conceitual em duas regiões, tal que,uma está relacionada com as leis <strong>de</strong> conservação que surgem em vi rtu<strong>de</strong> dahomogeneida<strong>de</strong> e isotropia <strong>do</strong> espaço, e a outra refere-se à lei <strong>de</strong> conservação que surgeem virtu<strong>de</strong> da homogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> tempo.Comecemos a leitura <strong>do</strong> mapa conceitual na região relacionada com asproprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> espaço. À homogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> espaço está associada a gran<strong>de</strong>za vetorial<strong>de</strong>nominada MOMENTO LINEAR que se conserva a menos que haja uma FORÇA queatue no sistema, modifican<strong>do</strong>, assim, o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> movimento (P LEI), modificação estarepresentada pela 2° LEI. Da isotropia <strong>do</strong> espaço surge a gran<strong>de</strong>za MOMENTOANGULAR que se conserva a menos que haja um TORQUE resultante no sistema,modifican<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> movimento. A conservação <strong>do</strong>s momentos imp lica que a somadas forças que atuam so<strong>br</strong>e todas as partículas <strong>de</strong> um sistema fecha<strong>do</strong> é igual a zero e queformam pares que estão na mesma linha <strong>de</strong> ação. Em pa rticular, no caso <strong>de</strong> um sistemacomposto somente <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pontos materiais F1 + F2 = 0 a força que age na primeirapartícula tem as mesmas intensida<strong>de</strong>s e linha <strong>de</strong> ação e senti<strong>do</strong> oposto à que atua nasegunda partícula. Esta afirmação é conhecida como lei da igualda<strong>de</strong> da ação e reação.A lei <strong>de</strong> conservação da energia surge em virtu<strong>de</strong> da homogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> tempo.A energia <strong>de</strong> um sistema é composta da soma <strong>de</strong> <strong>do</strong>is termos essencialmente diferentes:energia cinética (que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da velocida<strong>de</strong>) e energia potencial (que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somentedas coor<strong>de</strong>nadas). A variação nas qu antida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes termos implica na realização <strong>de</strong>trabalho so<strong>br</strong>e ou pelo sistema.


•461Concepções Prévias So<strong>br</strong>e o Pêndulo SimplesAlmeida, L.C.; Costa, I.; Lopes, C.C. e Miranda, A.C. (IF/UFF)1. IntroduçãoUm assunto que nos diversos níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> faz parte <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>didático, seja em aulas teóricas, seja em ativida<strong>de</strong>s experimentais 6 o movimento <strong>do</strong>pêndulo simples.Assim sen<strong>do</strong>, na tentativa <strong>de</strong> contribuir com mais um estu<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e os conceitoselabora<strong>do</strong>s pelos estudantes para a explicação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> físico, escolhemos como tema omovimento pendular.Cabe ressaltar que, serão analisadas, não apenas respostas frente algumasquestões so<strong>br</strong>e este movimento, buscamos também as modificações <strong>de</strong>ssas mesmasrespostas após a realização <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> experimental so<strong>br</strong>e o assunto.2. Objetivos. Conhecer as concepções prévias <strong>do</strong>s alunos, ou seja, noções adquiridas com ou semaprendiza<strong>do</strong> formal so<strong>br</strong>e o assunto (durante vários anos);Buscar um conflito conceitual, através da utilização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> experimental (durante aapresentação);. Verificar as mudanças conceituais ocorridas, após o estu<strong>do</strong> formal <strong>do</strong> assunto com arealização da ativida<strong>de</strong> experimental.3. AmostraForam escolhi<strong>do</strong>s três grupos <strong>de</strong> alunos, com as seguintes características:. Grupo I - 29 alunos da la série <strong>do</strong> 2° grau <strong>de</strong> um colégio da re<strong>de</strong> pública, no início <strong>do</strong>ano letivo.


462. Grupo II - 09 alunos <strong>do</strong> 3° perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Farmácia da UFF, que já haviamestuda<strong>do</strong> o assunto tanto a nível teórico quanto experimental..Grupo III - 13 alunos <strong>do</strong> 10 perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Engenharia da TIFF, que também jáhaviam estuda<strong>do</strong> o assunto teórica e experimentalmente.4.Coleta <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>sO procedimento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> foi o seguinte: apresentação <strong>de</strong> um questionárioabordan<strong>do</strong> quatro situações com relação ao movimento <strong>do</strong> pêndulo, sen<strong>do</strong> que em cadauma havia alteração <strong>de</strong> um parâmetro nele envolvi<strong>do</strong> (amplitu<strong>de</strong>, comprimento e massa).Primeiramente, os alunos <strong>de</strong>ram suas respostas sem observarem o movimento. A seguir,eles respon<strong>de</strong>ram as mesmas perguntas ten<strong>do</strong> manipula<strong>do</strong> os quatro pêndulos. Ficaramassim caracterizadas as respostas "ANTES" e "DEPOIS" da manipulação experimental.5. Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>sResumidamente, as perguntas abordavam comparações entre uma situaçãopadrão e aquela on<strong>de</strong> havia alteração <strong>do</strong> parâmetro, quanto: ao tempo <strong>de</strong> duração <strong>de</strong> idae volta e à velocida<strong>de</strong> no ponto mais baixo da trajetória. As três primeiras perguntassondavam as noções so<strong>br</strong>e: movimento, perio<strong>do</strong> e velocida<strong>de</strong>. De uma maneira geral asrespostas foram satisfatórias, exceto no grupo II on<strong>de</strong> mais da meta<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rou"ANTES" que a velocida<strong>de</strong> era constante.Na tabela I estão indicadas as porcentagens <strong>de</strong> alunos com acertos nas <strong>de</strong>maisperguntas. Para melhor compreensão da Tabela, relacionamos a seguir o principalconteú<strong>do</strong> dc cada pergunta:4a - amplitu<strong>de</strong> maior/tempo; 9 - comprimento menor/velocida<strong>de</strong>; 6° - comprimentomenor/ tempo; 71 - massa maior/velocida<strong>de</strong>; 8 a - massa maior/tempo; 9 a - movimentopendular e queda livre.


463TABELA I^IANTESDEPOISPERGUNTA I II III I II III4a 0 22 46 52 33 545° 55 56 31 87 78 7768 55 45 54 38 45 6978 10 33 31 38 100 398' 3 22 31 34 89 5495 10 11 46 10 11 38A tabela acima mostra quem teve melhor <strong>de</strong>sempenho percentual nas duasetapas <strong>do</strong> questionário. Ressalta-se que as percentagens correspon<strong>de</strong>m ao índice <strong>de</strong>acerto <strong>do</strong>s grupos.6. ConclusõesNão po<strong>de</strong>mos afirmar que a manipulação experimental serviu para <strong>de</strong>sfazertotalmente o conceito "erra<strong>do</strong>", porém foi possível verificar que na maioria das questõeshouve uma melhora no índice <strong>de</strong> acertos.Concepções <strong>do</strong> Planeta Terra por Alunos <strong>de</strong> Segun<strong>do</strong> GrauProf. Lilian Nalepinski e Luiz Carlos Gomes - Escola Estadual <strong>de</strong> Segun<strong>do</strong> GrauManoelito <strong>de</strong> Ornellas e Colégio Anchieta - Porto Alegre-RSGeralmente, quan<strong>do</strong> estamos trabalhan<strong>do</strong> com alunos <strong>de</strong> Segun<strong>do</strong> Grau, sejaem sala <strong>de</strong> aula frente a um quadro-negro ou mesmo em laboratório, e propomos um


464novo trabalho, ou mesmo a abordagem <strong>de</strong> um novo conteú<strong>do</strong>, não estamos levan<strong>do</strong> emconta que <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s conceitos, concepções e habilida<strong>de</strong>s são imprescindíveis parauma discussão fecunda e proficua. Muitas vezes são conceitos elementares, bastanteprimitivos para uma abordagem que impõem ao aluno uma barreira na compreensão <strong>de</strong>novos assuntos. Na maioria <strong>do</strong>s casos, o próprio aluno fica "perdi<strong>do</strong>", sem compreen<strong>de</strong>rpor que está encontran<strong>do</strong> dificulda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s. Sabemos que nãopo<strong>de</strong>mos construir novos conhecimentos sem a existência prévia <strong>de</strong> esquemas simples quepermitam ao aluno, ao aprendiz, fazer suas comparações, implicações, suas elaboraçõespessoais e emitir novos conceitos e até mesmo interagir com as proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> objetoem estu<strong>do</strong>.Acreditamos que não são poucos os casos em que professor e aluno, apósdiscutirem arduamente so<strong>br</strong>e uma dificulda<strong>de</strong>, tratan<strong>do</strong>-a como uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>,<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>em que na realida<strong>de</strong> era um pequeno <strong>de</strong>talhe conceitual que dificultava to<strong>do</strong> otrabalho. Não é raro, quan<strong>do</strong> estamos discutin<strong>do</strong> as implicações fenomenológicas ematemáticas da Segunda Lei <strong>de</strong> Newton, encontramos alunos que não têm noção clara <strong>de</strong>massa e que não liga o conceito <strong>de</strong> aceleração estuda<strong>do</strong> na Cinemática com a aceleraçãoapresentada nesta Lei. Isto é, em resumo, to<strong>do</strong> o trabalho da discussão so<strong>br</strong>e a SegundaLei <strong>de</strong> Newton fica estéril se não forem retoma<strong>do</strong>s, sob outros vários pontos <strong>de</strong> vista, osconceitos daquelas duas gran<strong>de</strong>zas. Senão, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta área torna-se apenas um árduoe intrinca<strong>do</strong> jogo <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> simbolos matemáticos sem significa<strong>do</strong> algum para o aluno.Tu<strong>do</strong> não passa <strong>de</strong> um amontoa<strong>do</strong> <strong>de</strong> simbolos significantes sem senti<strong>do</strong> algum, exceto o<strong>de</strong> promover uma aprovação ou não.O motivo que nos levou a pesquisar so<strong>br</strong>e as concepções <strong>do</strong> planeta Terra juntoaos alunos <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau tem origem em discussões so<strong>br</strong>e o uso da energia pelohomem. Quan<strong>do</strong> começamos a discutir as evidências da "energia gravitacional" e suautilização para a construção <strong>de</strong> moinhos, rodas d'água e explicar a razão da correntezanos rios, na queda da chuva, etc, apareceram os primeiros problemas, principalmentequan<strong>do</strong> foi solicita<strong>do</strong> elaboração pessoal e por escrito <strong>do</strong>s fenômenos envolvi<strong>do</strong>s. Mesmocom toda a discussão prévia, os fenômenos ainda tinham um caráter mágico que permitiao seu conhecimento ou não. O fato das "coisas" caírem não tinha fica<strong>do</strong> claro. Nesteponto, os alunos solicitaram uma parada para discutirmos com mais profundida<strong>de</strong> o queera a "gravida<strong>de</strong>", que tanto se falava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a oitava série <strong>do</strong> primeiro grau (eram alunos<strong>de</strong> terceira série <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau!) e nunca tinha fica<strong>do</strong> claro. Massa, peso, Terra, chão,pra cima, pra baixo, isso tu<strong>do</strong> confundia-se para eles.Ao invés <strong>de</strong> abordarmos diretamente o que foi solicita<strong>do</strong>, resolvemos solicitar<strong>do</strong>s alunos que mostrassem sua concepção so<strong>br</strong>e o que seria o planeta Terra. Só assim,po<strong>de</strong>ríamos iniciar as discussões bem anteriormente ao conceito <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e fazermosuma seqüência mais lógica e até experimental.


^465Na verda<strong>de</strong>, o trabalho, a solicitação, não ficou s6 ao nível daquelas turmas, masfoi amplia<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira geral para outras séries e outras escolas.O trabalho em si não é uma análise aprofundada <strong>do</strong>s porquês das concepçõesapresentadas, mas apenas um relato <strong>de</strong> características mais evi<strong>de</strong>ntes mostradas em<strong>de</strong>senhos e enfatizadas nas entrevistas individuais informais.A questão foi proposta da seguinte maneira:"Você sabe que habita um planeta chama<strong>do</strong> Terra. Responda o que se pe<strong>de</strong>:on<strong>de</strong> olharia?1. Você aqui, agora, exatamente on<strong>de</strong> se encontra, se <strong>de</strong>seja ver a Terra, para2. Como você se imagina viven<strong>do</strong> neste planeta? Faça um <strong>de</strong>senhorepresentan<strong>do</strong> o planeta Terra e você."A análise <strong>do</strong>s trabalhos escritos nos permitiu dividi-los em quatro gruposfundamentais:I) Visão planificada <strong>do</strong> planeta: a Terra é plana e os astros encontram-sedispostos paralelamente ao chão em várias posições;II) Visão interiorista <strong>do</strong> planeta: as pessoas concebem-se <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> planeta,numa re<strong>do</strong>ma esférica, on<strong>de</strong> o céu mistura-se com o chão na formação da casca esféricalimitante <strong>do</strong> planeta;III) Visão esférica e geográfica <strong>do</strong> planeta: visão mais livresca, provalvelmentetrazida por livros <strong>de</strong> Geografia, porém com concepções incorretas quanto às vizinhanças<strong>do</strong> planeta, com as estrelas, Lua, Sol e outros astros em torno da Terra,pre<strong>do</strong>minantemente com concepção geocêntrica;IV) Visão <strong>do</strong> planeta, mais próxima <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo real: mostran<strong>do</strong>proporcionalida<strong>de</strong> entre distâncias e tamanhos, bem como eixos e órbitas.Finalmente, o que estas constatações nos trazem são muitas questões,principalmente pelo fato <strong>de</strong> que muitos alunos <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau não apresentam umavisão muito correta a respeito <strong>do</strong> próprio planeta que habita, bem como <strong>do</strong> Sistema Solare <strong>do</strong> Universo. Sabe-se que este tipo <strong>de</strong> informação é fornecida já ao nível <strong>de</strong> primeirograu nas escolas regulares. Não po<strong>de</strong>mos, portanto, afirmar que esta <strong>de</strong>ficiência é<strong>de</strong>corrente da falta <strong>de</strong> informação. O que po<strong>de</strong>mos questionar neste ponto é o processopelo qu al esta informação foi transmitida e o mo<strong>de</strong>lo apresenta<strong>do</strong>.


466Movimento: Análise <strong>de</strong> Concepção Espontânea em Alunos <strong>de</strong> 2 0 e 30 GrauAntonio Carlos <strong>de</strong> Miranda e Luiz José C. Ribeiro (IF/UFF)IntroduçãoDiversos pesquisa<strong>do</strong>res tem procura<strong>do</strong> analisar as concepções espontâneas <strong>de</strong>estudantes. Estes trabalhos apontam que as gran<strong>de</strong>zas: velocida<strong>de</strong>, distância percor rida,intervalo <strong>de</strong> tempo e trajetória são normalmente caracterizadas pelo estud ante como:in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes uma das outras, possui<strong>do</strong>ras da mesma natureza e capazes <strong>de</strong> cada uma<strong>de</strong>las caracterizar o movimento.Um outro aspecto é a persistência <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los espontâneos:"a posse <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los espontâneos, que pela sua a<strong>br</strong>angência e articulação seconstituem em blocos <strong>de</strong> conhecimento bastante enraiza<strong>do</strong>s, explica a persistência dasrespostas intuitivas, mesmo que sejam ensina<strong>do</strong>s os conceitos formais" ( * )Estas idéias espontâneas se referem à concepção <strong>do</strong> próprio movimento comoalgo que tem uma existência própria e que não necessita <strong>de</strong> observa<strong>do</strong>r. Além disso, omovimento para os estudantes é "alguma coisa" intrínseca ao objeto como aponta Y.Hosoume e que "surge" pela existência <strong>de</strong> um motor (interno ou externo). Portanto, <strong>de</strong>steponto <strong>de</strong> vista, o movimento está sempre conecta<strong>do</strong> a uma "força" que o dirigein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da presença ou não <strong>de</strong> obse rva<strong>do</strong>res.Procedimento <strong>de</strong> PesquisaFoi apresenta<strong>do</strong> ao aluno, em uma folha <strong>de</strong> papel, uma situação problema coma intenção <strong>de</strong> estimular seu raciocínio <strong>de</strong> forma qualitativa. O problema propostoenvolvia uma situação que permitiria analisar as diversas trajetórias <strong>de</strong> uma esfera ao serlançada <strong>de</strong> um corpo em movimento. Foi solicita<strong>do</strong> ao aluno que fizesse uma previsãoso<strong>br</strong>e como ele observaria a trajetória da esfera (na situação-problema) e sua justificativa.(')A. Villani, J. Pacca, Y. Hosoume, etc. Conceitos Intuitivos e Conteú<strong>do</strong>s Formais daFísica. Consi<strong>de</strong>rações - IFUSP - p390,1983.


467A^C »Z8tií¡ j• E^c?`1 observa<strong>do</strong>rA seguir (após a <strong>de</strong>volução da folha <strong>de</strong> papel respondida) foi apresentada a eleuma ativida<strong>de</strong> experimental na qual po<strong>de</strong>ria observar, agora, a trajetória da esfera dasituação-problema e voltar a respon<strong>de</strong>r à means questão já formulada.Procuramos com este procedimento, analisar <strong>de</strong> que forma as previsões <strong>do</strong>problema proposto foram modificadas em estudantes com diferentes graus <strong>de</strong>escolarida<strong>de</strong>, além disso, se existiria uma hierarquia entre estas previsões e como apresença da ativida<strong>de</strong> experimental modificaria as respostas <strong>do</strong>s estudantes. (V. gráficos)Sujeitos da Pesquisa16 alunos da 14 série <strong>do</strong> 2° Grau da Re<strong>de</strong> Pública (primeira semana <strong>de</strong> aula).14 alunos <strong>de</strong> Psicologia da UFF (4° perío<strong>do</strong>)15 atemos <strong>de</strong> Engenharia da UFF (3° perío<strong>do</strong>)Análise e Discussãoa) Representação gráfica das respostas (A, B, C) <strong>do</strong>s alunos antes (previsão) eapós a observação da ativida<strong>de</strong> experimental.


468Respostas <strong>do</strong>s Alunos <strong>de</strong> 2° Grau Respostas <strong>do</strong>s Alunos <strong>de</strong> Psicologia'. Ui ' :..L:u .. ... . ... ; .ïU,4::b 1r.:.f.E`i i i \\¡^¡'r^ i.. .; : N j IfiJ/;^ \^ ^,. .; ;'^'^+^.\'^'^;..,. ^. \ I ;//^h^\\ I\.\\\_ . , í `v // 4 \\\i ^^.• . .; :I -:J ^^,^^^^^ y^^ r/'r^`.' ; IL11 U\\ .— ..4M1^,,. r.\1 00. 00 -90.00 -20 .00 0id70.00-(.0. 0050.00-r10.0'v)20.0010.00 -0.00I, ;'ir%f'.,nnri,ioRespostas <strong>do</strong>s Alunos <strong>de</strong> Engenharia1 r:', . .,., t_. • . _. . . ... . .. . _.. ._._...9\;.^::1 ¡`\ \`'4`Sü.:"•G '\\\:I . \ Vt%0.00 .^ \^\ ^'Q...,... ^., ^ \ •,'v^frrJl\ [i..i..:a I j\ \ \\\ t IIr/ // ^ \\^, ^^ ^ ^^^\ ,^I/ //l \ \ 1^ ^%/ /^ t^ /!\\ \tr. /; ;;,,: /^ \v ï l..... I\7. ; ,1 ^/ A\\V i^^^i /( I, /,I\..\^.L. I ^/i \ \ \ 1-......^_ ... j ......-^ ^.^_. C^F—vA• 0 • Cb) Categorias <strong>de</strong> JustificativasTodas as justificativas <strong>do</strong>s alunos foram divididas em 3 grupos diferentes. 0 1°grupo (J 1, J2, J3, J4) são justificativas que estão em confronto com a mecânicaNewtoniana. No 2° grupo (J 5 e J6) as justificativas apresentam uma maior (J5) ou total(J6) coerência com a análise da mecânica. No 3° grupo estão as respostas em <strong>br</strong>anco,ininteligíveis, ou que não ofereceram condições <strong>de</strong> análise para que pudéssemos classificálasnas outras categorias. (V. tabela abaixo)


469I - ^ 1 2 ^ 1 _ ^^ 7 7 __.L._..G I.-43; 7 !:31 i ú : -S - 14iIJ i 6 7! 7 35! —i.; y I i ^ _ ! 7 ; 21^—^2^-25 ^_]_".._ .... 2 1t 7_J 1 - A direção da esfera é justificada como vertical por causa da "direção"vertical <strong>do</strong> canhão, <strong>do</strong> tubo, etc; J 2 - A direção vertical da esfera é justificada pelapresença <strong>de</strong> uma "força ou impulso vertical'; J3 - O aluno leva em conta a presença <strong>de</strong>uma "força <strong>de</strong> arrastamento" que atua na esfera e, que é "causada" pelo carrinho; J 4 - Ocarrinho se move para a direita, então existe uma "reação" da esfera para a esquerda "aosair" <strong>do</strong> carrinho; J 5 - O aluno justifica o movimento da esfera <strong>de</strong> forma vaga. Ele utilizaconceito <strong>de</strong> cinemática (trajetória, vx, vy, vz, etc) porém, o faz <strong>de</strong> forma inconsistente; J6 -Utiliza os conceitos corretos da mecânica e apresenta justificativas conclusivas; O - Nestacategoria foram agrupadas outras respostas que não se adaptaram a nenhuma dascategorias anteriores. Em geral, as respostas ou foram confusas ou não foram dadas.Nas justificativas <strong>do</strong> tipo J 1 e J2 os alunos, em geral, não levam em conta omovimento <strong>do</strong> carrinho. O aluno "congela" a situação-problema e a <strong>de</strong>screve"estaticamente". De uma maneira geral ele escolhe a trajetória A.Nas justificativas J 3 os alunos levam em conta o movimento <strong>do</strong> carrinho, porém,em <strong>do</strong>is aspectos distintos. Primeiro nas previsões (antes da realização da ativida<strong>de</strong>) aausência <strong>do</strong> "arrastamento" é utilizada como justificativa da resposta A, isto é, a esfera aosair <strong>do</strong> carrinho per<strong>de</strong> a sua vinculação com ele (carrinho) e, como "conseqüência", há um"enfraquecimento" ou."<strong>de</strong>saparecimento" <strong>do</strong> "arrastamento". Desta forma, o aluno analisao movimento da esfera <strong>de</strong>svincula<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong> carrinho e escolhe a trajetória A.Segun<strong>do</strong>, nas respostas após a realização da ativida<strong>de</strong>, a presença <strong>do</strong> "arrastamento" éutilizada como uma justificativa para a trajetória da esfera ser "arrastada pelo carrinho",como os alunos, neste caso, observam. Escolhem assim, a trajetória B.


470Nas justificativas J4 os alunos <strong>de</strong>screvem o movimento da esfera como uma"reação" para "trás", como "compensação" <strong>do</strong> movimento para frente; a trajetóriaescolhida é a C.Na categoria J5 os alunos levam em conta os conceitos da cinemática <strong>de</strong> formasuperficial e inconsistente. O grupo <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> engenharia é responsável pela maiorincidência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> resposta, pois, após observarem a ativida<strong>de</strong> eles fazem algumaanalogia com o movimento <strong>de</strong> projétil.Na categoria J6 os alunos utilizam <strong>de</strong> forma consistente os conceitos damecânica. Chamam a atenção e justificam corretamente (Vbolae vc). Fazem uma análisecorreta <strong>do</strong> referencial, velocida<strong>de</strong> e aceleração.Consi<strong>de</strong>rações FinaisFoi possível confirmar a persistência <strong>do</strong>s conceitos espontâneos, já comenta<strong>do</strong>em diversos trabalhos, mesmo em alunos com maior escolarida<strong>de</strong>, por exemplo, alunos <strong>de</strong>psicologia e engenharia.A observação da ativida<strong>de</strong> experimental, pelos alunos, <strong>de</strong> certa forma, gerou umconflito com as suas concepções espontâneas, mostran<strong>do</strong>, em geral, ser "eficiente" nareformulação <strong>de</strong> suas respostas.No entanto, mesmo após observarem a trajetória da esfera (um fato novo paraestes alunos) através da ativida<strong>de</strong> experimental, os alunos <strong>de</strong> psicologia apresentaramresistência maior a mudanças em suas respostas <strong>do</strong> que os alunos <strong>de</strong> 2° grau. Os alunos <strong>de</strong>psicologia persistiram em apontar como resposta a justificativa J 1 e a trajetória tipo A.Isto significa uma maior resistência <strong>de</strong>stes alunos em reformular sua forma <strong>de</strong> pensar.Po<strong>de</strong>mos, talvez, em uma análise inicial, apontar que estes alunos, apesar <strong>de</strong> terem maisescolarida<strong>de</strong> são menos sensíveis a mudarem estruturalmente sua forma <strong>de</strong> pensar,mesmo diante <strong>de</strong> um fato novo.


471As Concepções <strong>de</strong> Termodinâmica <strong>do</strong>s Alunos <strong>do</strong> MagistérioAnii<strong>de</strong>s Cafagne e Jesuina LA. Pacca - Instituto <strong>de</strong> Física, USPIntroduçãoA compreensão <strong>do</strong>s fenômenos da termodinâmica situa-se entre os conteú<strong>do</strong>sda física que apresentam maiores dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio, pelo fato <strong>de</strong> que os mo<strong>de</strong>los<strong>de</strong> termodinâmica cientificamente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s são em geral <strong>de</strong> natureza probabilistica, oque torna complexa uma relação direta com os fenômenos macroscópicos aos quais temacesso o senso comum.I<strong>de</strong>ntificar as "Idéias" <strong>do</strong>s alunos e o vocabulário que eles utilizam para explicaros fenômenos que envolvem o calor, apresenta interesse se consi<strong>de</strong>rarmos uma populaçãoque não teve contato com tal conteú<strong>do</strong>, num curso que é terminal e que se <strong>de</strong>stina aformar professores <strong>do</strong> primeiro grau. Neste caso estaríamos i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> também asidéias <strong>do</strong> próprio professor.Meto<strong>do</strong>logiaPartin<strong>do</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> bibliográfico so<strong>br</strong>e os "conceitos <strong>do</strong>s alunos" a respeito <strong>do</strong>calor e das vantagens e <strong>de</strong>svantagens das diferentes técnicas <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s,optamos pela aplicação <strong>de</strong> questionário escrito dirigi<strong>do</strong> a alunos <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau, comquestões novas e outras que constam da bibliografia, a fim <strong>de</strong> verificar o nível explicativo<strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> termodinâmica.O questionário foi aplica<strong>do</strong> a 125 alunos <strong>do</strong> magistério oficial da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo, nas quatro séries, com indivíduos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 a 20 anos.As questões apresentadas estão em anexo.Resulta<strong>do</strong>s PreliminaresNa análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> das respostas <strong>do</strong>s alunos obse rva-se expressões eexplicações que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como evidências <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensaralternativo <strong>do</strong> sujeito e que nos conduziram ao conjunto das "Idéias" que compõe o"Quadro I".


472Conclusões- A existência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> calor, como entida<strong>de</strong>s diferentes, já que possuemproprieda<strong>de</strong>s distintas, é construída a pa rtir <strong>do</strong> próprio corpo humano que funciona como"instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção", e que constitui um referencial importante para um corpoper<strong>de</strong>r frio ou calor.- A vida diária mostra fontes quentes ou frias que não se esgotam, fonte quenteque dá calor e fonte fria que dá frio.- O ar é uma fonte <strong>de</strong> frio e <strong>de</strong> calor.- O processo <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io exerce fo rte atrativo para o aluno. Se as temperaturasiniciais forem muito diferentes ocorre um processo violento. O processo lento está liga<strong>do</strong>ao equilí<strong>br</strong>io com o ambiente ou entre duas temperaturas próximas.- Na análise <strong>do</strong>s processos aparecem <strong>do</strong>is critérios, um liga<strong>do</strong> à sensação e outroà observação (da<strong>do</strong>s).- A sensação <strong>do</strong> quente e frio parece estar ligada ao conceito científico <strong>de</strong> calorespeco. Os fenômenos "objetivos" da vida diária parecem estar liga<strong>do</strong>s àcondutivida<strong>de</strong>.Calor e temperatura são sinônimos; as questões que envolvem temperaturasdiferentes sugerem que haja calores diferentes.


473-Ouadro 1 , - As 'Iddias' so<strong>br</strong>e lersodindsica <strong>do</strong> Curso Nagistirio1. Calor1. Natureza <strong>do</strong> Calar - Tasperatura - elevada^- tnperatura la própria)- varia<strong>do</strong> <strong>de</strong> teeperatura- Energia<strong>de</strong>finida (.flui<strong>do</strong>- Substancia Lparticulanio <strong>de</strong>finida- Cota<strong>do</strong>2. Proprieda<strong>de</strong>s<strong>do</strong> Calor- Subjetiva - Sensa<strong>do</strong>- Objetivas 1- . Calor Frio j <strong>do</strong>sinante es certas situagd's6 tes afinida<strong>de</strong> cot corpos pesa<strong>do</strong>s- Calor Auent' (.<strong>do</strong>sirante es certas situatbesj,tes afinida<strong>de</strong> coe corpos levesS. Tipos <strong>de</strong> Calor Dais tipos f- Calar QuantaCalar Frio- Um Tipo - Calor simplesmente4. Novisentas<strong>do</strong> Ca lor- Nus só senti<strong>do</strong> F —)o.0--)F- Ea <strong>do</strong>is sentidas F —)Y'. N —) FS. Pontes <strong>de</strong> Calor - Inesgotivel- Quantida<strong>de</strong> Finita- Processo da Efissao .direto - wtdria da própria fonte.indireto - tipo irradia<strong>do</strong>lI - Calor interaelo coa a uldriaI. Condutivida<strong>de</strong> - Proprieda<strong>de</strong> dindaica .propaga<strong>do</strong> Itaaa).absorfao, transeissio.retençao- Proprieda<strong>de</strong> observivel¡2. Transforme<strong>de</strong>s - Dilata<strong>do</strong>- Nudanp <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>- Efeitos FisiológicosIll. Proces os <strong>de</strong> Equili<strong>br</strong>ia1. Forcas Cancelamento- Troca- Mistura.dureza.geoaetria_. FaseIntersediiria- VTolenta Caótica- Alpida- tenta .organizada


474BibliografiaAlbert, E; 1978: "Development of the Concept of Heat in Children". Sci. Educ., 62(3):389-399.Cafagne, A; 1990: "As Concepções em Termodinâmica e a Atribuição <strong>de</strong> Causalida<strong>de</strong>".Exame <strong>de</strong> Qualificação. IFUSP: 6/12/90.Clough, E.E; Driver, R; 1985: "Secondary stu<strong>de</strong>nts conceptions of the conduction of heat:<strong>br</strong>inging together and personal views". Phys. Educ. 20(4): 176-182.Erickson, G.L; 1979: "Children's Conceptions of Heat and Temperature". Sci. Educ.,63(2): 221-230.Mace<strong>do</strong> <strong>de</strong> Burghi, B; Soussan, G; 1985: "Estudio <strong>de</strong> los conocimientos pré-adquiri<strong>do</strong>sso<strong>br</strong>e las nociones <strong>de</strong> calor y temperatura en alumnos <strong>de</strong> 10 a 15 anos". Ensenanza <strong>de</strong> lasCiências, 3: 83-90.Ogborn, J; Bliss, J; 1983: "Quantitative Data Analysis for Educational Research: a gui<strong>de</strong>to uses of systemic networks". Lon<strong>do</strong>n, Croom Helm.Pacca, J.LA; Saraiva, JA.F; 1989: "Causalidad y Operaciones en la Interpretation <strong>de</strong> lasConcepciones Espontâneas". Ensenanza <strong>de</strong> las ciências. 7(3): 266-270.Piaget, J; Garcia, R. 1971: "Las Explicaciones Causales". Barral Ed. SA, Barcelona.Stavy, R; Berkovitz, B, 1980: "Cognitive Conflict as a Basis for Teaching QuantitativeAspects of the Concept of Temperature". Sci. Educ., 64(5): 679-692.


475EscolaIda<strong>de</strong> SérieConcepções Alternativas So<strong>br</strong>e Calor - Série UniversitárioUl - Explique o que é Calor.U2 - Explique como o Sol aquece a Terra.U3 - Uma pessoa afirma que seu agasalho é <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> "porque impe<strong>de</strong> que o friopasse através <strong>de</strong>le". Essa afirmativa é correta? Explique.U4 - Uma pessoa <strong>de</strong>scalça está numa sala com piso <strong>de</strong> cerâmica. Coloca um <strong>do</strong>s pés so<strong>br</strong>eo piso e o outro so<strong>br</strong>e um tapete. Explique fisicamente as duas sensações.E4 - Num dia muito frio Suely verificou que a parte <strong>de</strong> metal <strong>do</strong> guidão da bicicleta estavamais fria <strong>do</strong> que a parte <strong>de</strong> plástico.Q - Explique porque a parte <strong>de</strong> metal <strong>do</strong> guidão fica mais fria <strong>do</strong> que o plástico.ES - Para fazer uma experiência, Cristina pegou uma barra <strong>de</strong> alumínio comprida e fma,segurou numa das pontas e a outra colocou no fogo.cQ - Explique o que aconteceu na barra para que Cristina sentisse sua mão quente.E6 - Na mesa há 3 canecas.A caneca A cheia com água quente a 90°C.A caneca B cheia com água fria a 100A caneca C, maior que A e B está vazia.Se <strong>de</strong>spejarmos a água das canecas A e B, na caneca C e misturarmosQ1- Qual você pensa que é a temperatura da água na caneca C ?Q2 - Explique porque a água da caneca C ficou assim.


liP477PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISHISTÓRIA DA CIÊNCIA


479PainéisExposição Comemorativa <strong>do</strong> Cinquentenário da Descoberta <strong>do</strong>s ChuveirosPenetrantes nos Raios CósmicosErnst Wolfgang Hamburger (IFUSP)Penha Maria Car<strong>do</strong>zo Dias (UFRJ)Eduar<strong>do</strong> A<strong>do</strong>lfo Terrazzan (IFUSP/FATEC)Entrevistas coor<strong>de</strong>nadas por Amélia Império Hamburger (IFUSP)1. Idéia Geral da ExposiçãoComemorar o cinquentenário da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um novo fenômeno da Natureza- "Os Chuveiros Penetrantes" - por Gleb Wataghin, Marcelo Damy <strong>de</strong> Souza Santos ePaulus Aulus Pompéia, na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em 1940.2. A Concepção da ExposiçãoPúblico Alvo:- Estudantes <strong>de</strong> graduação, principalmente das áreas <strong>de</strong> Ciências Naturais e Exatas.- Estudantes <strong>de</strong> pós-graduação, professores e pesquisa<strong>do</strong>res, principalmente das áreas <strong>de</strong>Ciências Naturais e Exatas.- Estudantes <strong>de</strong> 2° grau, principalmente em fase foral <strong>de</strong> curso.- Público não-acadêmico com interesse na pesquisa cientifica.Caráter da Exposição:- Itinerante, composta <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> painéis para serem expostos em instituições <strong>de</strong>ensino e pesquisa.Organização <strong>do</strong>s Painéis:- Painéis padroniza<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma a facilitar a embalagem, o transporte e a montagem.


480- Tamanho <strong>do</strong>s painéis - 60cm x 60cm - escolhi<strong>do</strong>, principalmente, por razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>meconômica.Objetivos:- Recuperação histórica da importância da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes", nocontexto da pesquisa em raios cósmicos, em 1940.- Recuperação histórica <strong>do</strong> papel da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes", no<strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa em Física, no Brasil.- Recuperação histórica da <strong>de</strong>scobe rta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes", no cenário científicointernacional.3. Descrição <strong>do</strong>s PainéisA exposição consta <strong>de</strong> 26 painéis, assim distribui<strong>do</strong>s:0 - Créditos1 e 2 - História da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s raios cósmicos.3 a 7 - História <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas experimentais <strong>de</strong> pesquisa em raioscósmicos e suas conseqüências conceituais.8 a 13 - Descoberta <strong>de</strong> novas partículas nos raios cósmicos, <strong>do</strong> fen8meno <strong>de</strong> produção emcascata e <strong>do</strong> fen8meno <strong>do</strong>s chuveiros aéreos extensos.14 - Descoberta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes": Os a rtigos clássicos <strong>de</strong> Wataghin, Damy ePompéia.15 a 17 - Repercussão científica <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Wataghin, Damy e Pompéia; a natureza<strong>do</strong>s chuveiros penetrantes e conseqüências <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scoberta no <strong>de</strong>senvolvimento da Física<strong>de</strong> Partículas.18 - Genealogia <strong>do</strong>s Raios Cósmicos: Quadro antológico, mostran<strong>do</strong> as partículas efenômenos gera<strong>do</strong>s por raios cósmicos, na atmosfera.19 - Sumário20 a 21 - A pesquisa em partículas, após os anos 50: 0 MODELO TEÓRICO PADRAO.


48122 e 23 - Depoimentos: A importância <strong>de</strong> Wataghin e Occhialini na formação <strong>de</strong> uma"escola <strong>de</strong> física" no Brasil.24 e 25 - Depoimentos: O que era fazer física nos anos 30-40; a escolha <strong>do</strong> problema <strong>de</strong>pesquisa.4. As EntrevistasForam entrevista<strong>do</strong>s os professores Marcelo Damy <strong>de</strong> Souza Santos, PaulusAulus Pompéia, Cesar Lattes e Oscar Sala.Essas entrevistas re-visitam uma época, o "fazer" <strong>de</strong> um físico nos anos 40, aconstrução <strong>do</strong> problema <strong>de</strong> pesquisa (levan<strong>do</strong> à <strong>de</strong>scobe rta <strong>do</strong>s "chuveiros penetrantes"),a repercurssão da <strong>de</strong>scoberta.Essas entrevistas são verda<strong>de</strong>iras o<strong>br</strong>as <strong>de</strong> recuperação histórica da pesquisacientífica, no Bras il, e constituem testemunhos emociona<strong>do</strong>s e encoraja<strong>do</strong>res para asnovas gerações.5. Confecção <strong>do</strong>s PainéisOs painéis foram confecciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as seguintes etapas:1. Esboço inicial da história <strong>do</strong>s "chuveiros penetrantes", no contexto da história <strong>do</strong>s raioscósmicos. Esse esboço já foi feito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, em linguagem catalográfica, ten<strong>do</strong> emvista o objetivo <strong>de</strong> ser transforma<strong>do</strong> em painéis com forte conteú<strong>do</strong> visual.2. Discussões, em equipe, para adaptar o texto aos painéis e ao público alvo.1. Escolha preliminar <strong>de</strong> título, subtítulos, texto principal, textos secundários, texto<strong>de</strong>staque e figuras, para cada painel. Procura <strong>de</strong> acervo <strong>de</strong> fotos relativas ao experimento.4. Projeto gráfico realiza<strong>do</strong> por equipe <strong>de</strong> profissionais da área:.4.1. Distribuição <strong>de</strong> espaços nos painéis, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a títulos, subtítulos, figuras, legendas,fotos, textos principais e secundários.4.2. Nova adaptação <strong>do</strong> texto.


48243. Escolha das fotos.5. Datilografia, diagramação, revisão final.6. Produção gráfica e fotográfica.7. Montagem <strong>do</strong>s painéis.6. A Inauguração da ExposiçãoA exposição foi inaugurada no Simpósio Comemorativo <strong>do</strong> Cinqüentenário daDescoberta <strong>do</strong>s "Chuveiros Penetrantes" nos Raios Cósmicos, realiza<strong>do</strong> em 22 e 23 <strong>de</strong>outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990, no Instituto <strong>de</strong> Física da USP.7. Definição <strong>do</strong> Lay-Out da Exposição no IFUSPHouve disussões entre programa<strong>do</strong>res visuais, arquitetos, autores <strong>do</strong> projeto epessoal <strong>de</strong> apoio técnico e administrativo, para, a pa rtir <strong>do</strong> espaço disponível, escolher aforma mais didática para um bom aproveitamento <strong>do</strong>s visit antes à exposição.8. Impressões <strong>do</strong>s VisitantesA sugestão é que sejam feitas avaliações so<strong>br</strong>e o impacto da exposição junto aopúblico alvo, nos locais em que ela for montada.9. Roteiro da Exposição até o Momento1. Instituto <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloSimpósio Comemorativo <strong>do</strong> Cinqüentenário da Descobe rta <strong>do</strong>s Chuveiros Penetrantesnos Raios Cósmicos - outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990 - inauguração2. Instituto <strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pe rnambuco - novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 19903. Instituto <strong>de</strong> Física e Química <strong>de</strong> São Carlos-USP<strong>IX</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física - jane iro <strong>de</strong> 1991


48310. Custos Aproxima<strong>do</strong>s- Produção Fotográfica 6500 BTNs- Diagramação e Produção Gráfica 4500 BTNs- Digitação 500 BTNs- Montagem <strong>do</strong>s Painéis 1000 BTNsTOTAL = 12500 BTNs- Não estão computa<strong>do</strong>s os serviços <strong>de</strong> Secretaria, em parte cedi<strong>do</strong> pelo IFUSP e nem ashoras <strong>de</strong>dicadas pelos físicos-autores, professores <strong>do</strong> IFUSP e UFRJ.Newton x Mach: Os Princípios da MecânicaIrinea L. Batista (CAPES)Maria Regina Kawamura (IFUSP)Neste trabalho preten<strong>de</strong>mos mostrar o confronto entre as concepções <strong>de</strong> I.Newton e E. Mach, estabeleci<strong>do</strong> por este último, quanto aos princípios da Mecânica, e emparticular nos conceitos <strong>de</strong> força, massa e espaço absoluto.Isso será feito através <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> histórico-epistemológico, visan<strong>do</strong>aprofundar a compreensão <strong>do</strong>s princípios da Mecânica Newtoniana, e posterior utilizaçãono ensino <strong>de</strong> Física em cursos básicos <strong>de</strong> 3° grau.Essa comparação envolve também a discussão <strong>de</strong> exemplos históricossignificativos, ou seja, <strong>de</strong> exemplos propostos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contextohistórico e que buscavam esclarecer conceitos inova<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> dificil aceitação para suaépoca, e que ainda mantém esse po<strong>de</strong>r explicativo na nossa época.Principia Mathematica Philosophiae Naturalis (1687) - ISAAC NewtonO sustentáculo conceitua] elabora<strong>do</strong> por Newton para os "Principia" estáinseri<strong>do</strong> nos seus Axiomas ou Leis <strong>do</strong> Movimento. Esse sustentáculo contém em siconceitos fundamentais como o <strong>de</strong> massa, <strong>de</strong> espaço (e todas as suas características) e <strong>de</strong>força. Discutiremos esses conceitos e alguns outros para a compreensão das leisfundamentais da Mecânica.


484A <strong>de</strong>finição newtoniana <strong>de</strong> Massa é a medida da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria obtida apartir <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e volume. Newton procura <strong>de</strong>fini-la visto que na época muitossenti<strong>do</strong>s podiam ser da<strong>do</strong>s ao termo.Antes da <strong>de</strong>finição newtoniana <strong>de</strong> Espaço, vamos explicar a sua importânciapara as Leis <strong>do</strong> Movimento. Para i<strong>de</strong>ntificarmos o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um corpo (movimento ourepouso), a presença <strong>de</strong> uma aceleração, precisamos <strong>de</strong> um referencial absoluto. Newtoni<strong>de</strong>ntifica esse referencial absoluto como sen<strong>do</strong> o Espaço. Esse Espaço tem caracteristicasespecíficas para po<strong>de</strong>r ser esse referencial, qual sejam, isotropia, homogeneida<strong>de</strong>,infinitu<strong>de</strong> e por fim, o caráter absoluto.Como <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Força, Newton nos diz que é a ação exercida so<strong>br</strong>e um corpoa fim <strong>de</strong> alterar seu esta<strong>do</strong>, seja <strong>de</strong> repouso, ou <strong>de</strong> movimento uniforme em uma linhareta.Science of Mechanics (1983) - Ernst MachE. Mach, pensa<strong>do</strong>r e cientista que privilegia a prova experimental para aceitarqualquer nova teoria (isto é, um empírico-positivista), estabelece uma contun<strong>de</strong>nte críticaao sistema newtoniano a partir das hipóteses formuladas por Newton e so<strong>br</strong>e as quaisfirma suas leis, principalmente a primeira.Mach levanta uma série <strong>de</strong> questões so<strong>br</strong>e os conceitos <strong>de</strong> massa, força eespaço, e conseqüentemente, so<strong>br</strong>e as Leis <strong>do</strong> Movimento.Para Mach, massa é uma proprieda<strong>de</strong> dinâmica da matéria, que não po<strong>de</strong> serobtida a partir <strong>de</strong> relações entre força e aceleração pois <strong>de</strong>ssa maneira cairíamos em<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> círculo vicioso. A proposta <strong>de</strong> Mach para massa se estabelece pela escolha <strong>de</strong>um corpo como massa unitária e por interações dinâmicas observáveis <strong>de</strong>sse corpo comoutros corpos.Para o conceito <strong>de</strong> força, como o agente que altera a inércia <strong>de</strong> um corpo, amecânica newtoniana, mediante um processo <strong>de</strong> abstração, estabelece um esta<strong>do</strong> i<strong>de</strong>al<strong>do</strong>s corpos no universo (ou seja, ausência da gravitação num espaço vazio), e assimila anoção <strong>de</strong> força como causa. Esse conceito é i<strong>de</strong>al e abstrato tanto quanto a condição queo esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s corpos venha a se modificar. Mach contraargumenta que não existe lugarreal sem força gravitacional e nem esse conceito revela, portanto, algo <strong>de</strong> real.Mach nos diz que o conceito <strong>de</strong> força assim formula<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá ser supera<strong>do</strong>quan<strong>do</strong> a matemática nos prover <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrição da posição <strong>de</strong> um corpo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte


IP485da ação <strong>de</strong> uma força. Essa concepção <strong>de</strong> Mach (que hoje conhecemos como seuPrincipio) advém da idéia <strong>de</strong> que o que acontece a um corpo é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> que oco rrecom to<strong>do</strong>s os outros corpos existentes no universo; analisan<strong>do</strong> esses outros corposenten<strong>de</strong>remos o que acontece com o corpo em estu<strong>do</strong>.Na discussão que se dá em torno da relação entre a lei <strong>de</strong> inércia e espaçoabsoluto, Mach questiona se a lei <strong>de</strong> inércia é tão auto-evi<strong>de</strong>nte, tão primária; quanto aoespaço absoluto nos diz que Newton, ao enunciar esta lei, não aceita as estrelas fixascomo referencial, como Galileu usou, já que não tinha certeza quanto a imobilida<strong>de</strong><strong>de</strong>las; então Newton recorreu à idéia <strong>de</strong> espaço absoluto. Ora, diz Mach, se a inércia <strong>de</strong>Galileu, mesmo sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> natureza circular, funcionava para as leis mecânicas, o caráterimprescindível para a existência <strong>do</strong> espaço absoluto estava, pelo menos, atenua<strong>do</strong>.Além <strong>do</strong> mais, ele invoca uma prova experimental que confirme a real existência<strong>de</strong>sse espaço já que para ele os exemplos <strong>de</strong> Newton não são convincentes.Exemplos SignificativosTrataremos como exemplificação as seguintes situações criadas por Newton, ecriticadas por Mach:- o bal<strong>de</strong> girante;- sistema <strong>de</strong> <strong>do</strong>is corpos uni<strong>do</strong>s por uma corda;outros possíveis exemplos que não trataremos aqui são o pêndulo <strong>de</strong> Foucault, igualda<strong>de</strong>entre massas gravitacionais e inerciais, como também o princípio <strong>de</strong> equivalência.O exemplo <strong>do</strong> bal<strong>de</strong> girante trata <strong>de</strong> uma expe riência com um bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> águaque é s<strong>usp</strong>enso por uma corda bem torcida e solto, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a perm anecer em rotaçãodurante muito tempo. No início a superfície da água permanece horizontal, praticamenteimóvel, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algum tempo, com a água entran<strong>do</strong> em rotação com o bal<strong>de</strong>, suasuperfície torna-se côncava. Qual a causa da concavida<strong>de</strong>?Para Newton. não se trata <strong>de</strong> rotação relativa ao bal<strong>de</strong> e sim relativa ao espaçoabsoluto. Para ele, a presença da força centrífuga é a prova <strong>de</strong> existência <strong>do</strong> seureferencial inercial, já que o caráter absoluto <strong>do</strong>s movimentos é i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> pelas suascausas, efeitos e diferenças aparentes. Apesar disso, Newton usa as estrelas fixas comoreferencial, mas afirma que se fossem elas a girar, a superfície da água seria plana.Para Mach a explicação da presença ou não <strong>de</strong> aceleração, não se ria comrespeito ao espaço absoluto mas sim ao centro <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> todas as massas <strong>do</strong> universo.


^486Portanto, para que o efeito centrífugo so<strong>br</strong>e a água fosse comparável ao das massas <strong>de</strong>to<strong>do</strong> o universo, o bal<strong>de</strong> teria que possuir pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> espessuras gigantes. Ele ainda afirmaque se fosse possível girar as estrelas fixas o efeito so<strong>br</strong>e a água seria o mesmo (superfíciecôncava).No exemplo <strong>de</strong> globos ata<strong>do</strong>s por uma corda e girantes em torno <strong>do</strong> seu centro<strong>de</strong> massa, soltos no espaço, Newton nos afirma que po<strong>de</strong>riamos calcular a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>seus movimentos circulares através da tensão na corda. A partir daí, mesmo queaplicássemos forças em faces alternadas <strong>do</strong>s globos encontraríamos o seu verda<strong>de</strong>iromovimento, mesmo num imenso vácuo, on<strong>de</strong> não existisse qualquer ponto <strong>de</strong> referência.Neste exemplo, Mach contrapõe que não existe tal lugar (imenso vácuo), eportanto to<strong>do</strong> e qualquer movimento se daria em relação a todas as massas <strong>do</strong> universo.O que vemos aqui é uma forte disputa so<strong>br</strong>e referenciais e suas características.explicitan<strong>do</strong> dificulda<strong>de</strong>s inerentes ao próprio conceito; argumentos históricos coerentesou não, completos ou não, mesmo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> próprio sistema em que foi formula<strong>do</strong>. Parao caso <strong>do</strong> ensino, o que ressaltamos é a retomada e a compreensão <strong>de</strong> conceitosfundamentais para ficá-los e possibiltar um passo além na compreensão da Física.Referências BibliográficasMach, E., The Science of Mechanics - A Critical and Historical account of itsDevelopment, Open Court Publis., Chicago, 1942.Newton, Isaac, Princípios Matemáticos <strong>de</strong> Filosofia Natural, EDUSP-NOVA STELLA,São Paulo, 1990.


487Hist6ria da Ciência: Como e Quan<strong>do</strong> Usá-la num Curso <strong>de</strong> Calor eTemperatura para o Segun<strong>do</strong> Grau (* )Castro, R.S., Carvalho, AM.P., Campos, G., Espinosa, R., Garri<strong>do</strong>, E., Gosciola, V.,Laburú, C.E., Nascimento, L., Silva, D., Teixeira, O.P.B. - FEUSP1. IntroduçãoConsi<strong>de</strong>rar a história da ciência como algo importante e necessário para oensino está longe <strong>de</strong> ser mais um modismo: trata-se daquelas idéias que resistem aos anose vão sempre encontran<strong>do</strong> novos a<strong>de</strong>ptos. Por compartilharmos <strong>de</strong>sta convicção é que nospropusemos a indagar um pouco mais so<strong>br</strong>e ela.Estamos certos <strong>de</strong> que construir uma concepção física da realida<strong>de</strong> não é umatarefa banal e requer entrelaçamentos com outros recortes da realida<strong>de</strong>. Para nós afunção mais ampla e fundamental da abordagem histórica é permitir o <strong>de</strong>svelamento daciência como ativida<strong>de</strong> humana em constante construção. Conhecer o passa<strong>do</strong> das idéias ebuscar compreen<strong>de</strong>r o progresso <strong>de</strong>las po<strong>de</strong> propiciar uma melhor compreensão daestrutura <strong>do</strong> conhecimento, das relações entre ciência e po<strong>de</strong>r, das implicações entreciência, tecnologia e socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> assim a visão crítica necessária para seiniciar a ruptura no discurso autoritário <strong>do</strong> saber científico como privilégio <strong>de</strong> poucos e,portanto, como instrumento <strong>de</strong> opressão.Os resulta<strong>do</strong>s que obtivemos e que ainda estamos estudan<strong>do</strong> têm si<strong>do</strong>interessantes e muito têm contribuí<strong>do</strong> para fortalecer nossa concepção construtivista <strong>do</strong>conhecimento.2. Um pouco so<strong>br</strong>e a elaboração <strong>do</strong> trabalhoEm torno <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> "Calor e Temperatura" sugeri<strong>do</strong> como tema <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> noPrimeiro Encontro Latino-Americano <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física,reunimos alguns trabalhos <strong>de</strong> investigação, entre eles este que apresentamos neste painel.Quatro professores <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> escolas diferentes, to<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>sativamente em nossa pesquisa, ministrariam o curso <strong>de</strong> Calor e Temperatura. Além <strong>de</strong>várias pesquisas bibliográficas (conceitos espontâneos, livros didáticos, conceitoscientíficos mais estrutura<strong>do</strong>s, etc) fizemos um levantamento histórico das principais idéias(*)Pesquisa financiada pela FAPESP e BID/USP


488acerca <strong>do</strong>s conceitos envolvi<strong>do</strong>s no conteú<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong>. Este lev antamento aparecerá naIntegra como capítulo <strong>de</strong> dissertação <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> (CASTRO, EM ELABORAÇÃO).Inicialmente utilizamos textos clássicos <strong>de</strong> História da Ciência como BERNAL(1976), TATON(1959), HOPPE(1928) e HOLTON(1976). Ao mergulharmos maisprofundamente no contexto das idéias e fatos, buscamos o<strong>br</strong>as mais específicas como ostrabalhos <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> Harvard -CASES HISTORIES-(ROLLER,1950), artigosabordan<strong>do</strong> conceitos especificos (BROWN, 1950; BROWN, 1952; BOYER, 1942) etrabalhos <strong>de</strong> dissertação que também se preocupavam com esta abordagem da ciência(SOUZA FILHO, 1987; HIGA, 1987). Uma o<strong>br</strong>a foi particularmente importante(MAGIE, 1935) por se tratar <strong>de</strong> uma antologia <strong>de</strong> trechos <strong>de</strong> textos originais. Istofacilitou a localização <strong>de</strong> importantes contribuições <strong>do</strong>s mais diversos cientistasenvolvi<strong>do</strong>s na construção <strong>de</strong>sses conceitos.Esta reconstrução histórica (bem como os textos originais mais importantes) foidistribuida para to<strong>do</strong> o grupo além <strong>de</strong> ser apresentada e discutida em seminários, a fim <strong>de</strong>que pudéssemos sugerir momentos e formas <strong>de</strong> uso.3. As Ativida<strong>de</strong>sAs ativida<strong>de</strong>s elaboradas são <strong>de</strong> <strong>do</strong>is tipos, no que se refere a i<strong>de</strong>alização. Umprimeiro tipo que chamamos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> construída racionalmente, ou seja, ativida<strong>de</strong>sque eram escolhidas por quem já possuia uma visão <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> como um to<strong>do</strong> e via norelato histórico uma forma <strong>de</strong> melhor elucidar as nu ances <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>. Depois <strong>de</strong>começarmos a assistir às aulas e aos vi<strong>de</strong>os percebemos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaborar outrotipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> que estabelecesse um diálogo entre a história e a sala <strong>de</strong> aula (a qualchamamos ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo dialógica). A utilização <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, umalinear, outra circular, po<strong>de</strong> ser melhor compreendida através <strong>do</strong> diagrama abaixo:1. História ► Sala <strong>de</strong> Aula2. Sala <strong>de</strong> Aula História1. ativida<strong>de</strong> construída racionalmente2. ativida<strong>de</strong> dialógica^1. A necessida<strong>de</strong> da experimentação - trecho <strong>de</strong> um artigo <strong>de</strong> D.C. Fahrenheit - ativida<strong>de</strong><strong>do</strong> tipo 2


IIP4892. A evolução da técnica <strong>de</strong> construir termômetros - tipo 13. Calor e temperatura - tipo 1 - trecho <strong>de</strong> uma conferência <strong>de</strong> Joseph Black on<strong>de</strong>percebe-se o início da diferenciação <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is conceitos4. Calor específico - tipo 15. Calor e energia - tipo 1Uma ativida<strong>de</strong> um pouco diferente foi elaborada para uso <strong>do</strong> professor.traduzimos outro trecho <strong>do</strong> cientista Joseph Black que, apesar <strong>de</strong> extremamente rico einteressante, era também muito longo. Aproveitamos este texto para montar um roteiro<strong>de</strong> aula com perguntas e algumas sugestões <strong>de</strong> exemplos.4. Consi<strong>de</strong>rações Finais: Buscan<strong>do</strong> ConclusõesNosso principal objetivo nesta pesquisa é i<strong>de</strong>ntificar momentos e situações nosquais o uso da história é precioso e <strong>de</strong>sta forma explicitar o papel <strong>de</strong>sta abordagem noensino da Fisica no segun<strong>do</strong> grau. Na comple xida<strong>de</strong> das relações e ações em sala <strong>de</strong> aulao professor tem várias formas <strong>de</strong> proporcionar aproximações, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar umaverda<strong>de</strong>ira perseguição ao objeto <strong>do</strong> conhecimento, sempre utilizan<strong>do</strong> os mais diversosrecursos e ousan<strong>do</strong> diferentes técnicas e méto<strong>do</strong>s. Um <strong>do</strong>s nossos mais impo rtantes<strong>de</strong>safios é <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir a <strong>do</strong>sagem certa <strong>de</strong>stas várias aproximações, em que medida cadauma das inúmeras formas <strong>de</strong> atuar em sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> contribuir para um ensino maiseficaz. Para isso é preciso expli citar, <strong>de</strong>svelar os motivos, os objetivos e as possibi lida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las.Não chegamos ainda a fmal»ar nossa análise <strong>de</strong>ssa experiência. Pelo contrário,estamos inician<strong>do</strong> esta fase. Contu<strong>do</strong> acreditamos que, a pa rtir <strong>de</strong> uma interpretaçãoqualitativa cuida<strong>do</strong>sa <strong>de</strong>sses da<strong>do</strong>s que obtivemos, po<strong>de</strong>remos transitar com um poucomais <strong>de</strong> segurança em nossas investigações <strong>de</strong> como auxiliar o processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong>conhecimento.BibliografiaBernal,J.D.: 1976, Ciên cia na História, Coleção Movimento, Livros Horizonte, Vol.1 e 3,Lisboa.


490Boyer,C.B.:1942, "Early Principles in the Cali<strong>br</strong>ation of Thermometers", AmericanJournal of Physics, 10,(4):176-180.Brown,S.C.:1950, The caloric theory of heat", AmJournal of Physics, 18:367-373.Brown,S.C.:1952 "Count Rumford's Concept of Heat", Am. Journal of Physics, 20:331-334.Castro,R.S.: EM ELABORAÇÃO, Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>, IFUSP/FEUSP.Iliga, Terezinha Teruko, 1987, "Conservação da Energia: Estu<strong>do</strong> Histórico elevantamento conceitua( <strong>do</strong>s alunos", Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> orientada porA.I.Hamburger, IFUSP/FEUSP, São Paulo.Holton,G.: 1976, "Introducion a los conceptos y teorias <strong>de</strong> las ciencias físicas" revisada eampliada por S.G.Brush, Editorial Reverté, Barcelona.Hoppe,E.:1928, "Histoire <strong>de</strong> la Physique", Payot, ParisMagie,W.F.:1935, "A Source Book in Physics", McGraw-Hill Book Company, New Yorkand Lon<strong>do</strong>n.Roller,D.:1950, :The early <strong>de</strong>velopment of the concept of temperature and heat - Declineof the caloric theory", Harvard University Press, Cam<strong>br</strong>idge.Souza Filho,O.M.:1987, "Evolução da Idéia <strong>de</strong> Conservação da Energia - Um exemplo daHistória da Ciência no ensino da Física"., Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> orientada porM.R.Robilota, IFUSP/FEUSP, São Paulo.Taton,R.:1959, "História Geral das Ciências", Difusão Européia <strong>do</strong> Livro, São Paulo.


491Comunicações OraisFísica e a Formação <strong>do</strong> Cidadão: História da Ciência no <strong>Ensino</strong>André Ferrer Pinto Martins; Marcos Pires Leo<strong>do</strong>ro( +) - IFUSPO ensino <strong>de</strong> fisica no segun<strong>do</strong> grau apresenta hoje uma série <strong>de</strong> problemas.Ten<strong>do</strong>, na maioria das vezes, os exames vestibulares com meta principal a ser atingida, oscursos secundários acabam por privilegiar a resolução <strong>de</strong> problemas-padrão que poucocontribuem para o real entendimento e aprendiza<strong>do</strong> das leis e conceitos físicosenvolvi<strong>do</strong>s. Trata-se <strong>de</strong> um ensino pouco profun<strong>do</strong> que, longe <strong>de</strong> fornecer uma imagemmais realista da Física enquanto ciência, <strong>de</strong>turpa com freqüência o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> suasconstruções e os seus méto<strong>do</strong>s.Acreditamos que o segun<strong>do</strong> grau não <strong>de</strong>va ser o espaço apenas <strong>de</strong> informaçãomas <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> cidadão critico e atuante, que perceba a Física enquanto umaativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> espaço-tempo em que se <strong>de</strong>senvolve e interligada com outrasáreas <strong>do</strong> conhecimento; que <strong>do</strong>mine a sua linguagem ao nível <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r compreen<strong>de</strong>raspectos varia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que aí está. Não po<strong>de</strong>mos portanto trabalhar com esseestudante um saber esotérico, totalmente <strong>de</strong>svincula<strong>do</strong> da sua realida<strong>de</strong> e,conseqüentemente, inútil. Lem<strong>br</strong>emos que poucos alunos <strong>do</strong> secundário chegam àuniversida<strong>de</strong> e, <strong>de</strong>stes, poucos terão a Física como objeto central <strong>de</strong> seu estu<strong>do</strong>.Visamos uma educação mais integral e humanista. A utilização da História daCiência no ensino <strong>de</strong> Física po<strong>de</strong> contribuir para isso, fornecen<strong>do</strong> uma outra dimensão <strong>do</strong>conhecimento físico, uma vez interliga<strong>do</strong> com aspectos econômicos, politicos e sociais <strong>de</strong>cada momento histórico característico. A essência "cultural" <strong>de</strong>sse conhecimento, além <strong>do</strong>aspecto motivacional <strong>do</strong>s estudantes, po<strong>de</strong> facilitar extremamente a compreensão <strong>de</strong> certoconceito e <strong>de</strong> seu real significa<strong>do</strong> (as concepções <strong>de</strong>"senso comum" por exemplo, po<strong>de</strong>mter antece<strong>de</strong>ntes históricos já supera<strong>do</strong>s). Não se trata somente, portanto, <strong>de</strong> utilizar aHistória da Ciência como um mero instrumento didático, mas <strong>de</strong> acreditar que com elaestaremos contribuin<strong>do</strong> para que o aluno possa ter uma visão mais a<strong>br</strong>angente <strong>do</strong>universo físico e <strong>do</strong> papel da Física enquanto cultura. Só assim ele po<strong>de</strong>rá ser critico eatuante. Como disse Heráclito - "Só se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a essência das coisas quan<strong>do</strong> seconhecem sua origem e <strong>de</strong>senvolvimento".(+)Bolsistas <strong>de</strong> iniciação científica CNPq


492O Projeto Harvard: Exemplo <strong>de</strong> utilização da História da Ciência no ensino <strong>de</strong> FísicaEm fms da década <strong>de</strong> sessenta foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Harvard(EUA) o "projeto Física" (Harvard Project Physics) numa tentativa <strong>de</strong> aumentar ointeresse <strong>do</strong>s alunos da High School Americana pelo estu<strong>do</strong> das ciências. Poste riormenteo projeto foi adapta<strong>do</strong> e traduzi<strong>do</strong> em diversos outros países. Nas palavras <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s seusdiretores "a concepção humanista <strong>de</strong> ciência é realmente o coração <strong>do</strong> projeto".O Projeto Harvard faz uso ostensivo <strong>de</strong> História da Ciência em seus textos,sen<strong>do</strong> referência muitas vezes citada em artigos <strong>de</strong> ensino.Na tentativa <strong>de</strong> efetuarmos uma análise que nos permita ava liar a concepção <strong>de</strong>ciência <strong>de</strong>senvolvida pelo projeto, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> nossa preocupação com o ensino <strong>de</strong>física <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a formação <strong>do</strong> cidadão critico, procuramos encontrar respostas para asquestões: O projeto apresenta uma concepção própria <strong>de</strong> ciência? Como essa concepçãoencontra-se <strong>de</strong>senvolvida ao longo <strong>do</strong> texto?Foi em Thomas S. Kuhn, mais especificamente em seu livro "A Estrutura dasRevoluções Científicas", que encontramos subsídios para uma concepção <strong>de</strong> ciência que éaquela que mais nos apraz e que po rtanto a<strong>do</strong>tamos nesta nossa análise.O capítulo <strong>do</strong>is <strong>do</strong> projeto, intitula<strong>do</strong> "A Queda Livre - Galileu <strong>de</strong>screve omovimento", concomitante ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento discute o trabalho <strong>de</strong> Galileu. So<strong>br</strong>etal procedimento o texto justifica:"..A sua perspectiva <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>, a sua maneira <strong>de</strong> pensar, o seu uso da matemática e a suaconfiança nos testes experimentais marcam o início da ciência mo<strong>de</strong> rna"A afirmação acima suscita inúmeras questões, a principal <strong>de</strong>las: Qual <strong>de</strong> fato é o"estilo da ciência mo<strong>de</strong>rna" segun<strong>do</strong> o Projeto Harvard? A respeito <strong>de</strong> um "méto<strong>do</strong> para ainvestigação científica" o texto discute:"..A base <strong>de</strong>sse procedimento é um ciclo, repeti<strong>do</strong> tantas vezes quantas necessárias,inteiramente ou em parte, até que uma teoria satisfatória tenha surgi<strong>do</strong>: observação geral—> hipótese —> verificação experimental da <strong>de</strong>dução —> modificação da hipótese à luzda experiência e assim por diante."Nestas palavras evi<strong>de</strong>ncia-se uma <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> tradicional "méto<strong>do</strong> científico",inúmeras vezes rechaça<strong>do</strong> por diversos historia<strong>do</strong>res e filósofos da ciência.


493Outra questão a merecer atenção refere-se a "perspectiva <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>", "uso damatemática" e a "confiança nos testes experimentais" imputadas a Galileu. Segun<strong>do</strong> oProjeto:"Foi necessária a invulgar combinação <strong>de</strong> talento matemático, habilida<strong>de</strong>experimental, estilo literário e pertinácia infatigável <strong>de</strong> Galileu para <strong>de</strong>sacreditar asteorias <strong>de</strong> Aristóteles e para iniciar a era da física mo<strong>de</strong>rna."Nesse último trecho percebemos elementos mais próximos <strong>de</strong> uma análiseKuhniana <strong>de</strong> ciência à medida que ressalta o papel persuasivo <strong>de</strong> Galileu a fim <strong>de</strong><strong>de</strong>rrubar o paradigma aristotélico.Uma análise geral <strong>do</strong> capítulo revela-nos um Galileu com uma fo rte vertenteteórica pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e o seu papel <strong>de</strong> expe rimenta<strong>do</strong>r. Trechos seleciona<strong>do</strong>s <strong>do</strong>trabalho <strong>de</strong> Galileu contribuem para ressaltar essa sua característica. O próprio textoencarrega-se <strong>de</strong> levantar dúvidas so<strong>br</strong>e os procedimentos experimentais <strong>de</strong> Galileu.Novas discussões so<strong>br</strong>e a ciência conferirão ao Projeto um caráter <strong>de</strong> dubieda<strong>de</strong>frente ao assunto. O capítulo seis, "Mover-se-á a Terra? - A o<strong>br</strong>a <strong>de</strong> Copérnico e <strong>de</strong>Tycho", é um exemplo particularmente interessante para estu<strong>do</strong>. O capítulo contemplaem gran<strong>de</strong> parte a análise <strong>de</strong>senvolvida por Kuhn em seu livro "A RevoluçãoCopernicana". Num trecho <strong>do</strong> texto lemos:"Uma nova maneira <strong>de</strong> olhar para observações já conhecidas - uma nova teo ria -po<strong>de</strong> sugerir novos tipos <strong>de</strong> observações a fazer ou novas utilizações <strong>de</strong> da<strong>do</strong>sconheci<strong>do</strong>s."Kuhn escreve:"Durante as revoluções, os cientistas vêem coisas novas e diferentes quan<strong>do</strong>,empregan<strong>do</strong> instrumentos familiares, olham para os mesmos pontos já examina<strong>do</strong>santeriormente."Outra concepção tipicamente Kuhniana é aquela apresentada no epílogo daunida<strong>de</strong> <strong>do</strong>is:"Os cientistas são produto <strong>do</strong> seu próprio tempo. São naturalmente limita<strong>do</strong>snas suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>nar os princípios em que foram ensina<strong>do</strong>s."As palavras acima corroboram a análise que Kuhn faz da pedagogia <strong>do</strong>smanuais científicos: sua orto<strong>do</strong>xia e o seu papel na manutenção <strong>de</strong> um p aradigma.


i494Deparamos finalmente com a seguinte afirmação:"A ciência é encarada como uma ativida<strong>de</strong> intelectual cumulativa, não limitadapor fronteiras nacionais ou pelo tempo."Os leitores <strong>de</strong> "A Estrutura das Revoluções Cientificas" imediatamentereconhecerão a incompatibilida<strong>de</strong> entre o trecho acima e o pensamento kuhniano.Prevalece portanto com base no exposto, um sentimento <strong>de</strong> dubieda<strong>de</strong> frente àconcepção <strong>de</strong> ciência veiculada pelo Projeto Harvard. Uma leitura das duas primeirasunida<strong>de</strong>s: "Conceito <strong>de</strong> Movimento" e "Movimentos no Céu" (oito primeiros capítulos)contribui para uma apreensão ainda maior da ciência como um empreendimentocumulativo e linear.Na análise <strong>do</strong> Harvard um conhecimento novo não <strong>de</strong>strói o anterior <strong>de</strong> umamaneira geral, mas acrescenta-se a ele: a ciência "cresce como uma floresta".Tal concepção contraria a visão Kuhniana <strong>de</strong> ciência, uma vez que para Kuhn aincomensurabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s paradigmas implica num caráter não cumulativo para a ciência,bem como as revoluções científicas <strong>de</strong>stroem a perspectiva <strong>de</strong> uma construção linear <strong>do</strong>conhecimento.O projeto apresenta o cientista como alguém que tem emoções e "crê" em suateoria, no entanto, a sua imagem acaba sen<strong>do</strong> extremamente racional e objetiva. Adubieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> projeto surge <strong>do</strong> confronto <strong>de</strong>sta análise mais geral com trechos em que aciência é avaliada so<strong>br</strong>e uma perspectiva mais subjetiva. Um exemplo <strong>de</strong>sta abordagem éencontrada no seguinte trecho:"A ciência não é um processo frio e calculista. Po<strong>de</strong> envolver controvérsiaapaixonada, convicções religiosas, julgamentos estéticos e mesmo, por vezes, <strong>de</strong>senfreadaespeculação pessoal".concluin<strong>do</strong>...O Projeto Harvard <strong>de</strong>tém o mérito <strong>de</strong> ser pioneiro na utilização <strong>de</strong> História daCiência no ensino <strong>de</strong> ciências.Ainda que tenhamos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> uma concepção <strong>de</strong> ciência <strong>de</strong>senvolvida peloprojeto que não nos pareceu muito satisfatória, o mesmo não ocorre com a utilização queo projeto faz <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> História da Ciência prop riamente dita. O texto apresentauma boa organicida<strong>de</strong> e, acreditamos, uma estrutura didática que exemplifica aviabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> História da Ciência no ensino. Porém, a sua utilização direta nas


495salas <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> nosso segun<strong>do</strong> grau seria extremamente difícil, até pela própria extensão<strong>do</strong> Projeto, que conta também com manuais <strong>de</strong> leitura, "loops", guias <strong>de</strong> experiências, etc.A eventual utilização <strong>do</strong> Harvard implicaria numa revisão <strong>de</strong> seus textos <strong>de</strong> forma atorná-lo menos acadêmico e mais próximo da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nosso estudante. Por outrola<strong>do</strong>, o projeto po<strong>de</strong>ria ser utiliza<strong>do</strong> como excelente subsidio para a estruturação <strong>de</strong> umcurso <strong>de</strong> física com os pressupostos que advogamos.A utilização da História da Ciência no ensino <strong>de</strong> física hoje em dia requer, paraque seja realizada <strong>de</strong> forma responsável, uma mudança na atual estrutura <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>grau e <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores.BibliografiaKuhn, Thomas S.; A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo, EditoraPerspectiva, 1990 (original inglês <strong>de</strong> 1962)Kuhn, Thomas S.; A Revolução Copernican, Lisboa, Edições 70 (original inglês <strong>de</strong> 1957)Drake, Stillman; Galileu. Lisboa. Publicações Dom Quixote, 1981 (original inglês <strong>de</strong>1980)Projeto Física. Unida<strong>de</strong>s 1 e 2, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1978.Uma Introdução à Física AristotélicaClaudio Ichiba, Edilson Pelosi, Jonas Spola<strong>do</strong>r, Rosângela Carrenho*Paulo S.D. Neves* * e Marcos C.D. Neves* * *I. IntroduçãoAristóteles em sua o<strong>br</strong>a "Física" diz:*Acadêmicos <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> licenciatura em Física da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá,responsáveis pelo roteiro original <strong>do</strong> projeto ."Cinegrafista <strong>do</strong> projeto, responsável pela edição geral <strong>do</strong> curta-metragem.***Professor-Assistente <strong>do</strong> Depto. <strong>de</strong> Física da Univ. Est. <strong>de</strong> Maringá, responsável pelaadaptação <strong>do</strong> roteiro e pela direção geral <strong>do</strong> projeto.


496(...)"o objetivo <strong>de</strong> nossa investigação é o conhecimento; e as pessoas não pensanconhecer uma coisa até haver capta<strong>do</strong> o "porquê" <strong>de</strong>sta - que 6 captar sua causa primária.Portanto, é claro que também nós <strong>de</strong>vemos fazer isso com relação ao surgimento e<strong>de</strong>saparecimento e to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> mudança Física, para que, conhecen<strong>do</strong> seus princípios,possamos tentar referir cada um <strong>de</strong> nossos problemas a estes princípios."Tal como Aristóteles, o objetivo <strong>do</strong> trabalho aqui apresenta<strong>do</strong> é oconhecimento: o conhecimento das origens da física e da cosmologia aristotélica.Com esse objetivo, foi elabora<strong>do</strong>, so<strong>br</strong>e trechos seleciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>do</strong>is textosbásicos <strong>de</strong> Aristóteles - "Física" e "So<strong>br</strong>e os Céus" -, um vi<strong>de</strong>otexto em curta-metragem(<strong>de</strong> duração inferior a 18 minutos).O vi<strong>de</strong>otexto contemplou o coração da dinâmica aristotélica, ou seja, a questão<strong>de</strong> um universo geocêntrico, basea<strong>do</strong> na circularida<strong>de</strong> das órbitas planetárias; naimobilida<strong>de</strong> completa da Terra; na inexistência <strong>de</strong> um vácuo; na asserção "cessante causa,cessar effectus", ou seja, cessada a causa, cessa-se o efeito; na questão da velocida<strong>de</strong>sen<strong>do</strong> proporcional à força, etc.11.0 Vi<strong>de</strong>o Produzi<strong>do</strong>Este projeto consistiu <strong>de</strong> um trabalho proposto para os alunos da disciplina"Introdução ao Pensamento Científico", <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> licenciatura em Física daUniversida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá.Mais que um projeto para uma disciplina ou para o "Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, o curta-metragem produzi<strong>do</strong> tem por objetivo um resgate das fonteshistóricas <strong>do</strong> conhecimento físico nos bancos escolares, propon<strong>do</strong> a leitura critica <strong>de</strong>trechos <strong>de</strong> o<strong>br</strong>as clássicas; o<strong>br</strong>as essas que constituiram os diversos paradigmas da hsitóriada ciência.Com essa leitura critica, e com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> epistemológico, épossível a produção (por parte <strong>de</strong> acadêmicos, sob orientação <strong>de</strong> um professorresponsável) <strong>de</strong> cu rta-metragens (no sistema NTSC) para fins didáticos, passíveis <strong>de</strong>serem utiliza<strong>do</strong>s no ensino <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> 2° e 3° graus e, se <strong>de</strong>vidamente trabalha<strong>do</strong>s emsua linguagem televisiva, até para o ensino <strong>de</strong> ciências <strong>do</strong> primeiro grau.Na produção <strong>de</strong>sse pequeno filme, foram utiliza<strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong> animação,proporciona<strong>do</strong>s por uma camera <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>o com avanço quadro a quadro (1quadro/segun<strong>do</strong>). A animação é um excelente recurso didático para a reprodução e asimulação <strong>de</strong> fenômenos que proporcionaram ao longo da história da ciência, e da Física


497em particular, a construção <strong>de</strong> conceitos, teorias e <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s paradigmas quepossibilitaram uma revolução nas estruturas científicas.A proposta <strong>do</strong> projeto é a produção <strong>de</strong> curta-metragens que varram gran<strong>de</strong>parte da história da física: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os pre-socráticos, passan<strong>do</strong> pela Ida<strong>de</strong> Média, até amecânica <strong>do</strong>s "Principia" <strong>de</strong> Newton.Filmes <strong>de</strong> Ficção Cientifica: Quadros <strong>de</strong> uma Exposição AristotélicaMarcos Cesar Danhoni Neves - Depto. <strong>de</strong> Física - Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> MaringáI. IntroduçãoEste trabalho teve por objetivo a edição (no sistema NTSC) <strong>de</strong> um ví<strong>de</strong>o comtrechos <strong>de</strong> alguns filmes <strong>de</strong> ficção científica em que estão maciçamente presentes umafísica como aquela engendrada por Aristóteles em trechos <strong>de</strong> sua o<strong>br</strong>a "Fisica".O ví<strong>de</strong>o centrou-se basicamente em duas características essenciais da físicaaristotélica: a inexistência <strong>do</strong> vácuo e a questão da força sempre presente para amanutenção <strong>do</strong> movimento (inexistência <strong>de</strong> um princípio <strong>de</strong> inércia).Para tanto vale a pena reproduzir aqui <strong>do</strong>is trechos da "Física" <strong>de</strong> Aristóteles:"As coisas lançadas movem-se mesmo quan<strong>do</strong> aquilo que lhes <strong>de</strong>u impulso nãoas toca mais - seja por motivo <strong>de</strong> substituição mútua, como alguns mantém, ou porque oar, que foi empurra<strong>do</strong>, empurra-as com um movimento mais rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que a locomoção<strong>do</strong>s projéteis...Mas em um vácuo nenhuma <strong>de</strong>ssas coisas po<strong>de</strong> ocorrer, e nada po<strong>de</strong> semover exceto se for movida ou carregada...(portanto, o vácuo não existe)."e,"O movimento começa a cessar quan<strong>do</strong> a força motora produzida em um <strong>do</strong>smem<strong>br</strong>os da série consecutiva é em cada passo menor <strong>do</strong> que no mem<strong>br</strong>o anterior, e elefinalmente cessa quan<strong>do</strong> um mem<strong>br</strong>o já não faz o mem<strong>br</strong>o seguinte ser um movente, masapenas faz com que ele se mova. Os movimentos <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is últimos - <strong>do</strong> que é movente e<strong>do</strong> que é movi<strong>do</strong> - <strong>de</strong>vem cessar simultaneamente, e com isto cessa to<strong>do</strong> o movimento."


498II.0 Vf<strong>de</strong>o Produzi<strong>do</strong>O vi<strong>de</strong>o é um curta-metragem <strong>de</strong> 20 minutos que, sob a música <strong>de</strong> Mussorgsky("Quadros <strong>de</strong> uma Exposição"), enfileira seqüências <strong>de</strong> três filmes <strong>de</strong> ficção: "O ÚltimoGuerreiro das Estrelas", "Dark Star" e "2001, Uma Odisséia no Espaço". Nos <strong>do</strong>isprimeiros filmes há longas seqüências envolven<strong>do</strong> situações como:a) Sons <strong>de</strong> disparos a laser no espaço - Isto evi<strong>de</strong>ncia a existência <strong>de</strong> um meio materialpresente no espaço (o "éter" aristotélico?), uma vez que, se um vácuo fosse concebi<strong>do</strong>, osruí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s disparos jamais seriam ouvi<strong>do</strong>s.b) Aerodinâmica e vôo das naves espaciais - as naves possuem um <strong>de</strong>sign aerodinâmicosemelhante aos mo<strong>de</strong>rnos aviões militares terrestres e portam-se no espaço segun<strong>do</strong> umvôo em atmosfera, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retrofoguetes para correção <strong>de</strong> vôo, e comestruturas que se portam <strong>de</strong> forma semelhante aos vôos <strong>de</strong> aviões, com guinadas <strong>br</strong>uscas eevoluções tipo "Esquadrilha da Fumaça".c) "Cessante causa. cessat effectus" - As naves espaciais <strong>de</strong>sses filmes estão com seusmotores <strong>de</strong> propulsão sempre liga<strong>do</strong>s para manter seus vôos. No filme "Dark Star", ao<strong>de</strong>ixar o limite <strong>do</strong> "hiperespaço", a nave para imediatamente após ter seus motores<strong>de</strong>sliga<strong>do</strong>s (não há concepção <strong>de</strong> um princípio <strong>de</strong> inércia)."2001, Uma Odisséia no Espaço" é contraposto aos outros <strong>do</strong>is filmes referi<strong>do</strong>s,como sen<strong>do</strong> um filme que <strong>de</strong>srespeita muito pouco a física (porém, ainda assim há erroscom respeito à gravida<strong>de</strong> e algumas situações <strong>de</strong> vôo on<strong>de</strong> há ausência <strong>de</strong> retrofoguetes).Este tipo <strong>de</strong> trabalho é interessante na medida em que prepara o aluno (etambém o professor!) a ver a física fora da sala <strong>de</strong> aula, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma perspectiva critica ehistórica (a física "esquecida" <strong>de</strong> Aristóteles).O ví<strong>de</strong>o ressalta que este tipo <strong>de</strong> trabalho não preten<strong>de</strong> tirar a beleza e a magia<strong>do</strong>s filmes <strong>de</strong> ficção científica, mas preten<strong>de</strong> fornecer um instrumento eficaz para umensino <strong>de</strong> física dinâmico e potencialmente criativo.


499Aristóteles e a Universida<strong>de</strong> - Conceitos IntuitivosDaisy Martins <strong>de</strong> Almeida, José Marcos Gonçalves VianaDepto.Física - UFPB- Campina Gran<strong>de</strong>-PBAo longo <strong>de</strong> anos temos nos <strong>de</strong>para<strong>do</strong> em nosso <strong>de</strong>partamento com um quadronada anima<strong>do</strong>r quan<strong>do</strong> tratamos <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> aprovação, principalmente na disciplina <strong>de</strong>Física Geral I - em média 25 por cento. Algumas tentativas visan<strong>do</strong> melhorar esta médiajá foram feitas, mas a situação não muda apreciavelmente. Atualmente o quadro nosmostra outros agravantes, sen<strong>do</strong> o mais importante a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sistência antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong>curso ou durante o mesmo.Em contatos com professores <strong>do</strong> 2° grau da região por ocasião <strong>de</strong> semináriospromovi<strong>do</strong>s pelo <strong>de</strong>partamento, foram-nos relatadas várias <strong>de</strong>ficiências e expectativas quenos pareceram relevantes, <strong>de</strong>spertan<strong>do</strong>-nos a cu riosida<strong>de</strong> pela comparação <strong>do</strong> quadrolocal com outros. Partimos, assim, para um levantamento preliminar <strong>do</strong>s conceitosintuitivos <strong>do</strong>s alunos <strong>de</strong> Física Geral I, começan<strong>do</strong> pela relação entre força e movimento.A literatura específica nos mostra que os conceitos intuitivos so<strong>br</strong>e força emovimento não são muito diferentes em diversos países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (1). Algunslevantamentos so<strong>br</strong>e isto feitos no Brasil reafirmam esta constatação (2,3) juntamentecom relatos e comentários colhi<strong>do</strong>s em oportunida<strong>de</strong>s como encontros e simpósios <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong> Física.Com base nesta realida<strong>de</strong> e visan<strong>do</strong> conhecer a situação local aplicamos umquestionário antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Física Geral I em quatro turmas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> 90.2.Os resulta<strong>do</strong>s (TABELA I) se mostram compatíveis com os cita<strong>do</strong>s na literatura, ou seja- Só existe movimento quan<strong>do</strong> bá força atuan<strong>do</strong>- E necessário uma força na direção <strong>do</strong> movimento- A uma força constante correspon<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> constanteNa seqüência foi ministra<strong>do</strong> o curso com meto<strong>do</strong>logia tradicional - aulasexpositivas e provas <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>. Apenas em uma das turmas houvepreocupação com os resulta<strong>do</strong>s prévios obti<strong>do</strong>s com os questionários embora ainda semmudança <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s. O mesmo questionário foi outra vez aplica<strong>do</strong> ao fim <strong>do</strong> assuntoalvo da análise e os novos resulta<strong>do</strong>s não se apresentaram significativamente diferentes(TABELA II) levan<strong>do</strong>-nos a crer que o curso pouca influência teve na modificação <strong>do</strong>sconceitos intuitivos. Vale ressaltar que o curso é da<strong>do</strong> em fase, ou seja, os tópicos são namesma seqüência pelos vários professores e as avaliações são iguais e simultâneas sen<strong>do</strong>


500elaboradas com meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> questões conceituais e meta<strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> cálculos. Esteprocedimento possibilita uma condução aproximadamente comum nas diversas turmas.A diferença <strong>de</strong> abordagem a<strong>do</strong>tada na turma cujo professor se ateve aosresulta<strong>do</strong>s prévios, consistiu basicamente em gerar discussões em torno <strong>de</strong> exemplos quemostrassem conflito entre a explicação formal e o coneito intuitivo <strong>do</strong> aluno. A TABELAIII que apresenta os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta turma mostra uma diferença <strong>de</strong> interpretação noque diz respeito à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma força atuan<strong>do</strong> para existir movimento, quanto aosoutros conceitos cita<strong>do</strong>s não houve modificação apreciável o que está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com aliteratura (4) que diz serem eles os mais firmemente enraiza<strong>do</strong>s e tenazmente manti<strong>do</strong>s.De uma forma geral o primeiro grupo <strong>de</strong> questões (1,2,3) foi melhorinterpreta<strong>do</strong> após o curso que antes <strong>de</strong>le, mas a comparação com o último grupo(13,14,15) nos mostra que o conceito intuitivo não mu<strong>do</strong>u, po<strong>de</strong> sim ter se torna<strong>do</strong>inviável no caso particular da pedra atirada na vertical.O mesmo questionário foi aplica<strong>do</strong> nas turmas <strong>de</strong> Física Experimental I(TABELA IV), que tem Física Geral I como pré-requisito, após o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> tópicos <strong>de</strong>Mecânica. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram melhores que os <strong>de</strong> Física Geral I, apenas nostópicos explora<strong>do</strong>s no curso mas, apesar disto, os conceitos se mostram ainda fo rtementepresentes. Os resulta<strong>do</strong>s aqui coinci<strong>de</strong>m como os encontra<strong>do</strong>s após o curso com enfoquediferencia<strong>do</strong>.Em vista <strong>de</strong>ssas observações somos leva<strong>do</strong>s a acreditar que os alunos aceitam oque a Física formal diz em casos particulares mas não assimilam os conceitos - não hágeneralização o que indica que o processo <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> não foi completa<strong>do</strong>.A esta altura, também, <strong>de</strong>ver-se-ia avaliar a eficiência das aulas expositivas jáque os casos explora<strong>do</strong>s no Laboratório se mostraram <strong>de</strong> explicação formal mais aceitávelque anteriormente. Este fato coinci<strong>de</strong> com as observações feitas pelo professor da turma04 que verificou que os tópicos mais discuti<strong>do</strong>s apresentaram em alguns casos maioríndice <strong>de</strong> acerto após o curso.


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503Bibliografia:1. DRIVER, R. GUESNE, E. TIBERGHIEN A. Children's I<strong>de</strong>as in Science. MiltonKeynes Open University, 1985.2. SILVEIRA, F.L. MOREIRA, A.M. AXT, R. Validação <strong>de</strong> um teste para <strong>de</strong>tectar se oaluno possui a concepção newtoniana so<strong>br</strong>e força e movimento, submeti<strong>do</strong> parapublicação em ciência e cultura.3. AXT,R. Conceitos intuitivos em questões objetivas aplicadas no Concurso VestibularUnifica<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, Ciência e Cultura 38(3) 444452.4. WATTS,H. De mapas <strong>de</strong> conceitos a sinalizações <strong>de</strong> currículo, Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física 7(1) 7 - 19.Recuperação da Memória <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Expe rimental <strong>de</strong> Física na EscolaSecundária BrasileiraAna Maria Marques Bross - FATEC/SP/IFUSPFuad Daher Saad - IFUSP1. Finalida<strong>de</strong>A proposta <strong>de</strong>ste trabalho é analisar a evolução histórica <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong>produção e utilização <strong>do</strong> material experimental utiliza<strong>do</strong> no ensino secundário <strong>br</strong>asileiro,i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> os momentos <strong>de</strong> ruptura nesses processos e os fatores que influíram paratais mudanças.2. Meto<strong>do</strong>logiaDevi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentação escrita so<strong>br</strong>e a produção e utilização <strong>de</strong>equipamentos no ensino experimental <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, e <strong>do</strong> ensino secundário<strong>br</strong>asileiro, em particular, foi necessério o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um instrumento queextraísse informações <strong>do</strong> próprio material experimental. Além <strong>de</strong> fornecer da<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e ascaracterísticas físicas <strong>do</strong> equipamento, tal instrumento <strong>de</strong>veria resgatar as relações <strong>de</strong>steobjeto com a realida<strong>de</strong> educacional da época, tanto no macro-contexto <strong>br</strong>asileiro, comono micro-contexto <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física.


504Na Museologia, para extração <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> objetos feitos pelo homematravés <strong>de</strong> processos tecnológicos, po<strong>de</strong>-se util izar o chama<strong>do</strong> "Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Artefato"(1).Tal meto<strong>do</strong>logia é utilizada na análise <strong>de</strong> peças arqueológicas ou objetos <strong>de</strong> arte.Em nosso trabalho, <strong>de</strong>senvolvemos uma adaptação <strong>de</strong>ssa proposta para análise<strong>do</strong>s equipamentos projeta<strong>do</strong>s para a realização <strong>de</strong> experimentos no ensino <strong>de</strong> Física, <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> a permitir a exploração <strong>do</strong>s seus significa<strong>do</strong>s e interpretações. Para t anto, foi criadauma Ficha <strong>de</strong> Cadastro <strong>de</strong> equipamentos, dividida em quatro áreas p rincipais:A - Material: esta área consiste no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo físico <strong>do</strong> objeto, dividida em oitocampos (Denominação, Area, Descrição, Dimensões, Funcionamento, Técnicas,Montagem e Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Acabamento).B - História: resgata a história própria <strong>do</strong> objeto, através da história <strong>do</strong> fa<strong>br</strong>icante, damanufatura, <strong>do</strong>s materiais utiliza<strong>do</strong>s, utilização em seu próprio tempo e lugar, e a históriasubseqüente ou atual, dividi<strong>do</strong>s em cinco campos (Fa<strong>br</strong>icante, Procedência, Data,Estabelecimento e Usuário).C - Meio: relaciona e situa o objeto em seu local <strong>de</strong> conservação, dividi<strong>do</strong> em três campos(Armazenagem, Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Conservação e Local).D - Suca<strong>do</strong>: analisa a relação entre o objeto e o ensino <strong>de</strong> Física, const an<strong>do</strong> <strong>de</strong> trêscampos (Concepção, Resulta<strong>do</strong>s e Forma <strong>de</strong> Abordagem).A soma <strong>de</strong>stas análises, obtidas através da análise <strong>do</strong> objeto em si e <strong>do</strong> resgatehistórico <strong>do</strong> contexto no qual ele estava e está inseri<strong>do</strong>, nos possibilitaram umainterpretação <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> equipamento no ensino <strong>de</strong> Fisira.Estabelecen<strong>do</strong> uma forma <strong>de</strong> organização através da ficha <strong>de</strong> cadastro,escolhemos alguns equipamentos da Física encontra<strong>do</strong>s ainda hoje nas escolas públicas eparticulares da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, e acompanhamos a sua evolução através <strong>do</strong> tempo,sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista os fatos históricos relevantes em cada época, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> quepudéssemos i<strong>de</strong>ntificar os momentos <strong>de</strong> mudança na produção e utilização <strong>do</strong>s mesmos.3. ConclusõesDe posse da análise museológica <strong>do</strong>s artefatos experimentais e <strong>do</strong> conhecimentoda evolução <strong>do</strong> sistema educacional <strong>br</strong>asileiro, particularmente <strong>do</strong> ensino experimental <strong>de</strong>Física no Brasil, <strong>de</strong>terminamos três momentos <strong>de</strong> mudança no processo <strong>de</strong> produção eutilização <strong>do</strong>s equipamentos.


505Do foral <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> até a década <strong>de</strong> 40, os equipamentos carcterizam-sebasicamente por aparelhos prontos - máquinas - robustos, construl<strong>do</strong>s com mate rial <strong>de</strong>ótima qualida<strong>de</strong>, fa<strong>br</strong>ica<strong>do</strong>s quase que artesanalmente, <strong>de</strong> custo muito alto e utiiza<strong>do</strong>sunicamente pelo professor para realizar <strong>de</strong>monstrações.Depois da década <strong>de</strong> 40, os equipamentos têm sua estrutura alterada, sen<strong>do</strong><strong>de</strong>smem<strong>br</strong>a<strong>do</strong>s em peças avulsas, com as quais po<strong>de</strong>m ser montadas várias expe riências.Tais peças, em geral são organizadas em forma <strong>de</strong> "kits", acompanhadas <strong>de</strong> manual <strong>de</strong>montagem, para a utilização <strong>do</strong> professor. Esses equipamentos têm custo menor <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> àmaior quantida<strong>de</strong> fa<strong>br</strong>icada, à simplificação <strong>do</strong> acabamento e ao uso <strong>de</strong> mate rial <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> baixa. Apenas as escolas que possuem maiores recursos conseguem adquirirtais equipamentos para uso <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> alunos.A partir da década <strong>de</strong> 60, acompanhan<strong>do</strong> uma mudança na concepção <strong>do</strong> alunocomo elemento ativo, surgem propostas <strong>de</strong> fa<strong>br</strong>icação <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> baixo custo parautilização no ensino experimental <strong>de</strong> Física. Nestas propostas, os alunos pa rticipam, nãosó da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manipula<strong>do</strong>res, mas também como fa<strong>br</strong>icantes <strong>do</strong>s materiais. Osequipamentos utilizam-se <strong>de</strong> material <strong>de</strong> baixo custo ou da sucata industrial, têm umacabamento <strong>de</strong> ba ixa qualida<strong>de</strong>, e em geral, são frágeis. No ent anto, essa fase caracterizasefortemente pelo surgimento <strong>de</strong> propostas meto<strong>do</strong>lógicas para o uso <strong>do</strong> laboratóriodidático e sua relação com as aulas teóricas.É importante esclarecer que não existe uma divisão clara entre esses trêsperio<strong>do</strong>s, mas uma i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> mudança que cara cterizam<strong>de</strong>terminadas épocas. Ainda hoje, po<strong>de</strong>mos encontrar equipamentos que po<strong>de</strong> riam seencaixar em qualquer um <strong>de</strong>sses perio<strong>do</strong>s, e o que nos parece importante é oentendimento <strong>do</strong> papel <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> equipamento no ensino <strong>de</strong> Física.Pu<strong>de</strong>mos encontrar em algumas escolas públicas mais tradicionais,equipamentos adquiri<strong>do</strong>s no início <strong>de</strong>ste século. Infelizmente, tais equipamentos estão emmau esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação e não são utiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma alguma, <strong>de</strong>te rioran<strong>do</strong>rapidamente.Esses registros históricos <strong>de</strong>vem ser resgata<strong>do</strong>s e preserva<strong>do</strong>s com a máximaurgência. Não preservar apenas para guardar, mas para permitir uma exposição <strong>de</strong>ssesequipamentos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que <strong>de</strong>spe rte a consciência critica da relação homem-objetorealida<strong>de</strong>,consciência essa fundamental não s6 para o professor, mas também para oaluno.


506Referências(1) Pearce, S.; 'Thinking about Things - Approaches to the Study of Artefacts", MuseumsJournal, v.85(4), march 1986, p.198-201.(2) Almeida Jr., J..B; "A Evolução <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no Brasil - 2 0 Parte", RevistaBrasileira <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física v.2(1), 1980.(3) Barra, V.M. e Lorenz, K.M.; "Produção <strong>de</strong> Materiais Didáticos <strong>de</strong> Ciências no Brasil,perío<strong>do</strong>: 1950-1980", Ciência e Cultura, v.38(12), p.1970-1983.(4) Cajori, F.; A History of Physics in its Elementary Branches: Including the Evolution ofPhysical Laboratories, Dover Publications, 1962.


507PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISAVALIAÇÃO E DESEMPENHO ESCOLAR


MP509Comunicações OralsUma Experiência Didática: Acompanhamento e Avaliação <strong>do</strong> DesempenhoEscolar em EletromagnetismoJosé Geral<strong>do</strong> <strong>de</strong> Souza - Instituto <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Telecomunicações - INATEL1. IntroduçãoA experiência relatada neste trabalho ocorreu durante o 2° semestre <strong>de</strong> 1990, nadisciplina ELETROMAGNETISMO <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Graduação em Engenharia Elétrica,ênfase em Eletrônica e Telecomunicações, <strong>do</strong> Instituto <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Telecomunicações <strong>de</strong>Santa Rita <strong>do</strong> Sapucaí - INATEL. A experiência envolveu, efetivamente, 92 alunos <strong>do</strong> 5°perio<strong>do</strong> daquele curso. A carga horária da disciplina é <strong>de</strong> 6 horas-aulas semanais, sen<strong>do</strong> 5para exposição <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e 1 para exercícios.A meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> rendimento foi proposta à classe e aceita por ela.2. Descrição da Meto<strong>do</strong>logiaA meto<strong>do</strong>logia que passamos a <strong>de</strong>screver, usada na experiência aqui relatada,foi adaptada da meto<strong>do</strong>logia proposta no livro "ENSINO PARA A COMPE1'Ê NCIA -uma estratégia para eliminar o fracasso", <strong>de</strong> Thomas S. Nagel e Paul T. Richman.Procuramos comprometer, na medida <strong>do</strong> possível, a meto<strong>do</strong>logia usada com postula<strong>do</strong>sdaquela o<strong>br</strong>a. Em primeiro lugar, procuramos expor claramente os objetivos da disciplina.Em cada capítulo repetimos várias vezes os seus objetivos e indicamos os conceitos e osprocedimentos a serem avalia<strong>do</strong>s. Esteve sempre claro, igualmente, que as avaliaçõesenvolveriam sempre questões conceituais, operacionais, <strong>de</strong>scritivas e analíticas.Em segun<strong>do</strong> lugar, procuramos facilitar a aprendizagem <strong>do</strong>s alunos no seu ritmopróprio, <strong>de</strong>ntro das limitações da nossa estrutura escolar.As 5 aulas semanais foram sempre expositivas, com solução <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong>aplicação <strong>do</strong>s conceitos e discussões. Em algumas oportunida<strong>de</strong>s procuramos extrairconceitos da classe ao invés <strong>de</strong> expõ-los simplesmente.A outra aula semanal, <strong>de</strong>stinada a exercícios, foi cumprida pela classe na forma<strong>de</strong> relatórios <strong>de</strong> exercícios.. Os exercícios aplicavam e reforçavam o conteú<strong>do</strong> expostonum perio<strong>do</strong>, não recebiam nenhuma nota e valiam a presença nessa aula. Após a entrega<strong>de</strong> cada relatório, ficava à disposição <strong>do</strong>s alunos um gabarito <strong>do</strong>s exercícios para auto-


510I^avaliação e discussão com o professor. Durante o semestre, as 15 aulas para exercíciosforam usadas para 7 relatórios <strong>de</strong> exercícios e 2 avaliações.A orientação aos alunos foi feita durante as aulas expositivas e nos nossoshorários <strong>de</strong> atendimento a alunos.3. Critérios para Avaliação <strong>do</strong> Desempenho EscolarO conteú<strong>do</strong> da disciplina foi dividi<strong>do</strong> em 4 partes e cada parte foi avaliadaindividualmente, uma por mês (agosto, setem<strong>br</strong>o, outu<strong>br</strong>o e novem<strong>br</strong>o). Estabelecemosque o grau <strong>de</strong> competência em cada conteú<strong>do</strong> seria igual ou maior que 70. A primeiramais a segunda avaliação compuseram a nota escolar para o primeiro bimestre; a terceiramais a quarta avaliação, a nota escolar para o segun<strong>do</strong> bimestre, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o nossoregimento escolar.Uma segunda avaliação foi oferecida, como nova oportunida<strong>de</strong> para alcançar ograu <strong>de</strong> competência estabeleci<strong>do</strong>, para os alunos que não o alcançaram na primeira e naterceira avaliações (ou que faltaram a elas). Esta segunda avaliação foi aplicada quinzedias após a realização <strong>de</strong> cada uma daquelas avaliações. Para a segunda e a quartaavaliações não houve segunda oportunida<strong>de</strong> por causa da nossa estrutura escolar. A novaoportunida<strong>de</strong> para alcançar competência em qualquer parte <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> foi,oferecidapelo Exame Final da disciplina, que avaliou as quatro partes <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>.4. Resulta<strong>do</strong>s da ExperiênciaOs quadros 1,2,3 abaixo mostram os resulta<strong>do</strong>s da experiência após cadabimestre e após o Exame Final.O quadro 4 compara os resulta<strong>do</strong>s globais <strong>de</strong>sta meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> avaliação comos <strong>de</strong> outras meto<strong>do</strong>logias tradicionais.


511QUADRO 1: RESULTADOS DO 10 BIMESTRE - 98 ALUNOSNOTAS10090908080707060605050404030302020101001yH Qa8,2%(8)20,4%(20)15,3%(15)20,4%(20)11,2%(11)12,2%(12)4,1%(4)5,1%(5)2,0%(2)1,0%(1) Iz woaó43,99 31 6% 24,5%75,5%MEDIA: 62,3QUADRO 2 - RESULTADOS DO 2Q BIMESTRE - 92. ALUNOSNOTAS100909080807070606050504040303020201010o1,1% 18,5% 38,0% 23,9% 10,9% 3,2% 2,2% 2,2%(1) (17) (35) (22) (10) (3) (2) (2)57,6% 34,8% 7,6%92,4%MEDIA: 68,5


512QUADRO 3 - RESULTADOS DO SEMESTRE - 93 ALUNOSNOTAS100 90 80 7090 80 70 60mU Cwa1,1% 15,1% 38,7% 7,5%F(1) (14) (36) (7)605050 4040 3021,5%(20)4,38 6,4%(4) (6)302020 1010 03,2% 2,2% --(3) (2) --APROVAÇÃO (78): 83,9% REPROVAÇÃO (15): 16,11MEDIA DE APROVAÇÃO: 69,3%QUADRO 4 - RESULTADOS GLOBAIS DE ALGUNS PERIODOSPERIODOS10 sem8720 sem8710 sem8820 sem8810 sem'9020 sem90NO MATRICULAS 71 77 105 79 109 108N0 ALUNOS AVALIADOS 45 66 96 64 102 99NO APROVAÇÕES (%) 16 21 62 42 65 78(35,6%) (31,8%) (64,6%) (65,6%) (63,7%) (78,9%)N0 REPROVAÇÕES (%) 29 45 34 22 37 21(64,4%) (68,2%) (35,4%) (34,4%) (36,3%) (21,1%)MEDIA APROVAÇÃO 61,2 62,8 74,4 61,7 68,2 68,4


^5136. ConclusãoOs resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s indicam que a experiência foi bem sucedida. Uma dasrazões <strong>de</strong>sse sucesso está no fato <strong>do</strong>s alunos terem aceito bem e entendi<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>lo gia<strong>de</strong> avaliação. Os alunos revelaram que a meto<strong>do</strong>logia o<strong>br</strong>igou-os a estarpermanentemente ocupa<strong>do</strong>s com a disciplina, e não apenas nas épocas <strong>de</strong> provas.A experiência será repetida no próximo semestre em outras turmas e em outroscursos, com alterações importantes que comprometerão ainda mais e melhor ameto<strong>do</strong>logia com os objetivos <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> para a Competência.7. Referências Bibliográficas1. <strong>Ensino</strong> para a Competência: uma estratégia para eliminar fracasso - Thomas S. Nagel ePaul T. Richman - 8' ed., Ed. Globo - Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1988.2. Ação Docente na Universida<strong>de</strong>: textos relativos a componente básicos <strong>do</strong> ensino,Marco Antonio Moreira e outros - Ed. da Universida<strong>de</strong> - Porto Alegre, 1983.3. Tarefas Individuais Programadas: uma tecnologia <strong>de</strong> ensino com vistas àindividualização, Louremi Ercolani Saldanha, Ed. Globo, Porto Alegre, 1979.Afinal, o Que é Medir?Reynal<strong>do</strong> Turquetti Filho - Depto. <strong>de</strong> Engenharia Mecânica/UnBIntroduçãoCerta vez uma pessoa, passan<strong>do</strong> pela plataforma <strong>de</strong> uma estação ferroviária, viuum funcionário baten<strong>do</strong> nas rodas <strong>do</strong>s vagões com um ma rtelo e perguntou o porquêdaquilo. O funcionário respon<strong>de</strong>u: - Faz muito tempo que faço esse serviço e ainda nãosei bent porque é feito. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> som que escuto, a roda po<strong>de</strong> estar que<strong>br</strong>ada ounão mas não sei bem on<strong>de</strong> bater e se estou usan<strong>do</strong> o ma rtelo correto.O conhecimento que as pessoas têm <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> da palavra medir, <strong>do</strong>sconceitos <strong>de</strong> medida, po<strong>de</strong> muito bem ser compara<strong>do</strong> à situação <strong>de</strong>scrita acima. To<strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, a toda hora, me<strong>de</strong> alguma coisa sem ter muita convicção <strong>do</strong> que está fazen<strong>do</strong>, seestá fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira correta e usan<strong>do</strong> o instrumento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.Falan<strong>do</strong> agora <strong>do</strong> que acontece na escola, em sala <strong>de</strong> aula, a situação se agrava.Existem aqueles alunos que não compreen<strong>de</strong>m os conceitos <strong>de</strong> medida, quan<strong>do</strong> estes são


514transmiti<strong>do</strong>s, formalmente, pelo professor. Acontece que estes alunos já vêm para a sala<strong>de</strong> aula com algumas informações so<strong>br</strong>e conceitos <strong>de</strong> medida, isto é, elas já têm suaspróprias concepções <strong>de</strong> medida, as quais estão profundamente enraizadas em suasmentes, incorporadas pelas experiências <strong>do</strong> dia-a-dia para enten<strong>de</strong>r e explicar o mun<strong>do</strong> aoseu re<strong>do</strong>r. Assim, tais alunos po<strong>de</strong>m tornar-se resistentes e arredios a novas instruções ese o professor não <strong>de</strong>r atenção a este fato, acaba consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> isto como um "erro"<strong>do</strong> aluno, facilmente corrigível. Na verda<strong>de</strong>, para esses alunos, os conceitos <strong>de</strong> medidatransmiti<strong>do</strong>s pelo professor, na melhor das hipóteses são apenas aceitos mas não sãoassimila<strong>do</strong>s.O autor <strong>de</strong>ste trabalho leciona a disciplina Metrologia na graduação <strong>do</strong>Departamento <strong>de</strong> Engenharia Mecânica da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília e tem observa<strong>do</strong>esse tipo <strong>de</strong> comportamento entre os alunos. Queren<strong>do</strong> trabalhar com as concepções <strong>de</strong>medida trazidas pelos alunos para a sala <strong>de</strong> aula, foi então elabora<strong>do</strong> e aplica<strong>do</strong> umquestionário. Este questionário tem o objetivo <strong>de</strong> investigar o nível <strong>de</strong> informações quealunos <strong>do</strong> 1° ano <strong>do</strong> 3° grau (área <strong>de</strong> exatas) têm em relação aos conceitos <strong>de</strong> medidasestabeleci<strong>do</strong>s como conceitos fundamentais da Metrologia, pela comunida<strong>de</strong> científica.Apresenta-se ainda neste trabalho os resulta<strong>do</strong>s preliminares <strong>de</strong>sta pesquisa.Meto<strong>do</strong>logiaPara investigar o nível <strong>de</strong> informação <strong>do</strong>s alunos, em relação aos conceitos <strong>de</strong>medida, utilizou-se um questionário como instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Para isto,foram elaboradas 11 perguntas, com <strong>de</strong>s<strong>do</strong><strong>br</strong>amentos, que direcionaram oquestionamento para conceitos tais como: medir (medição); gran<strong>de</strong>za a medir (gran<strong>de</strong>zafísica); padrão <strong>de</strong> medida e ainda, divisão <strong>de</strong> escala; sensibilida<strong>de</strong>; repetibilida<strong>de</strong> eprecisão <strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> medida. O termo precisão tem si<strong>do</strong> ultimamente substituí<strong>do</strong>por incerteza <strong>de</strong> medição ou erro <strong>de</strong> medição. As perguntas elaboradas foram <strong>do</strong> tipoaberta, on<strong>de</strong> o entrevista<strong>do</strong> (aluno) po<strong>de</strong> externar livremente suas opiniões basean<strong>do</strong>-seem suas próprias informações so<strong>br</strong>e o assunto.AmostragemFizeram parte da amostragem <strong>de</strong>sta pesquisa 20 alunos <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> EngenhariaMecânica da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. Na época, estes estavam cursan<strong>do</strong> as disciplinas <strong>do</strong>1° semestre <strong>do</strong> curso básico e ainda a disciplina Introdução à Engenharia Mecânica,oferecida pelo Departamento <strong>de</strong> Engenharia Mecânica. Por isto, acreditava-se que osconceitos, ou as informações <strong>de</strong>stes alunos a respeito <strong>de</strong> medida ainda não tinham si<strong>do</strong>trabalha<strong>do</strong>s e sofri<strong>do</strong> influência <strong>de</strong> outras disciplinas.


515Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>sAs respostas às perguntas <strong>do</strong> questionário mostram uma tendência <strong>do</strong>s alunosem afirmar que diminuin<strong>do</strong> a divisão <strong>de</strong> escala <strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> medida, é possívelmedir o valor exato da medida. Em outras palavras, eles acreditam que diminuin<strong>do</strong> ointervalo entre os traços <strong>de</strong> indicação da escala <strong>do</strong> instrumento, po<strong>de</strong>-se chegar a obter ovalor absoluto <strong>de</strong> uma medida. Por outro la<strong>do</strong>, eles afirmam que se os traços <strong>de</strong> indicaçãoda escala <strong>do</strong> instrumento estiverem razoavelmente distancia<strong>do</strong>s entre si, então, a medidaali efetuada apresentará erros. Para os alunos entrevista<strong>do</strong>s fica evi<strong>de</strong>nte o conceito <strong>de</strong>que uma medida exata, ou valor absoluto <strong>de</strong>sta medida po<strong>de</strong> ser obti<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>,unicamente, da divisão <strong>de</strong> escala <strong>do</strong> instrumento usa<strong>do</strong>.Da mesma forma, para esses alunos, o conceito <strong>de</strong> precisão <strong>do</strong> instrumento levaà obtenção <strong>do</strong> valor absoluto <strong>de</strong> uma medida. Eles afirmam que aument an<strong>do</strong> a precisão<strong>do</strong> instrumento, ou diminuin<strong>do</strong> o erro instrumental através da diminuição da divisão <strong>de</strong>escala, po<strong>de</strong>-se chegar aos valores absolutos das medidas. Desta afirmação, po<strong>de</strong>-se notarque os alunos fazem uma relação entre divisão da escala e precisão. Evi<strong>de</strong>ntemente, essarelação existe. Porém, há um limite na diminuição da divisão <strong>de</strong> escala e a precisão estálimitada ao padrão estabeleci<strong>do</strong> para a cali<strong>br</strong>ação <strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> medida.Um outro conceito envolvi<strong>do</strong> nesta pesquisa foi sensibilida<strong>de</strong>, que é umacaracterística intrínseca <strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> medida. Todavia, analisan<strong>do</strong> as respostas <strong>do</strong>salunos, po<strong>de</strong>-se verificar a relação que eles fazem entre sensibi lida<strong>de</strong> e divisão <strong>de</strong> escala.Estes alunos afirmam que a sensibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser melhorada diminuin<strong>do</strong>-se a divisão <strong>de</strong>escala <strong>do</strong> instrumento.ConclusãoOs resulta<strong>do</strong>s preliminares obti<strong>do</strong>s serviram como um pré-teste ou teste p ilotopara avaliação, revisão e direcionamento correto <strong>do</strong>s aspectos da informação so<strong>br</strong>e osconceitos <strong>de</strong> medida.O questionário elabora<strong>do</strong>, com perguntas <strong>do</strong> tipo aberta mostrou-se nesta fasepreliminar <strong>de</strong> pesquisa, como sen<strong>do</strong> o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>,oferecen<strong>do</strong> bastante flexibilida<strong>de</strong> na obtenção das informações e dan<strong>do</strong> melhorescondições <strong>de</strong> análise ao pesquisa<strong>do</strong>r.Como este primeiro questionário foi elabora<strong>do</strong> sem abordar a questão daindicação digital, nos instrumentos <strong>de</strong> medidas, nada po<strong>de</strong> ser afirma<strong>do</strong> a este respeitocom relação as respostas <strong>do</strong>s alunos. De um mo<strong>do</strong> geral, as informações que os alunos


516entrevista<strong>do</strong>s apresentam a respeito <strong>de</strong> divisão <strong>de</strong> escala, precisão e sensibilida<strong>de</strong> estãorelacionadas com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>do</strong> valor absoluto <strong>de</strong> uma medida.BibliografiaANTHONY, D.M. Engineering metrology, Rolls Royce Bristol, UK - Pergamon Press,1986.AXT, R. Conceitos intuitivos em questões objetivas aplicadas no concurso vestibularunifica<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. In: Rev. Ciência e Cultura.38(3): 444-445, março <strong>de</strong> 1986.CLEMENT, J. Stu<strong>de</strong>nt's preconceptions in introductory mechanics. Am. J. Phvs. 50(1),1982.GALYER, J.F.W. & SHOTBOLT, C.R. Metrology for engineers. Cassell & Co. Ltd,1972.RICHARDSON, RJ. et al. Pesouisa social méto<strong>do</strong>s e técnicas. São Paulo, Atlas, 1985.SELLTIZ, C. et al. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisa nas relações sociais. 4° ed. São Paulo. EPU,1974.Estu<strong>do</strong> So<strong>br</strong>e Evasão, Tempo <strong>de</strong> Permanência e Coeficiente <strong>de</strong> Rendimento <strong>do</strong>s Alunos<strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física Gleb Wataghin da UNICAMPM.B.S. Lima, T. Mattos, T. Penna - IFGW, UNICAMPA. Faggiani - SERCA, UNICAMPA evasão e tempo <strong>de</strong> permanência excessivo <strong>do</strong>s alunos nos cursos constituemproblemas graves nas Universida<strong>de</strong>s <strong>br</strong>asileiras. Destas, poucas se <strong>de</strong>tiveram em estudálos.O entendimento <strong>de</strong>stas questões é bastante complexo e merece profundas reflexões.Este trabalho aborda estu<strong>do</strong>s preliminares so<strong>br</strong>e o acompanhamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>salunos <strong>de</strong> graduação <strong>do</strong> IFGW a partir <strong>de</strong> 1967. Em relação à evasão, per cebe-se que temoscila<strong>do</strong> em torno <strong>de</strong> 40%, com máximo <strong>de</strong> 65% e mínimo <strong>de</strong> 25 %, até o 2° semestre <strong>de</strong>1988. A permanência <strong>do</strong>s alunos no IFGW, até a conclusão da graduação, tem si<strong>do</strong> emtorno <strong>de</strong> 9 a 10 semestres. Ressaltamos que alguns alunos chegaram a permanecer até 18semestres. A média <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> rendimento acumula<strong>do</strong> nos sexto e último semestres


^517está entre 0,5 e 0,6 ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a cair nos últimos anos (CR E 1). Para estes cálculosincluímos os alunos matricula<strong>do</strong>s até o 1° semestre <strong>de</strong> 1990 e excluímos aqueles que seevadiram. A partir <strong>de</strong>stes da<strong>do</strong>s estamos realizan<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> mais aprofunda<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stesindica<strong>do</strong>res, buscan<strong>do</strong> interpretar sua variação ao longo <strong>do</strong>s anos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s.Pela primeira vez, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação <strong>do</strong> IFGW da UNICAMP, realiza-se umestu<strong>do</strong> sistemático e amplo so<strong>br</strong>e o <strong>de</strong>sempenho acadêmico <strong>do</strong>s alunos. Enten<strong>de</strong>mos que,um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta natureza, constitue peça importante na análise das propostas <strong>de</strong>mudanças, quaisquer que sejam, visan<strong>do</strong> a melhoria da graduação. As razões <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>estão fundamentalmente embasadas cm nossa preocupação com a formação <strong>do</strong>s alunos.Busca-se assim, a formulação <strong>de</strong> propostas mais realistas em relação à mudançascurriculares ou mesmo com vistas a completa estruturação <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Física, propostascomo as que reclamam um aumento <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s optativas para o bacharela<strong>do</strong>.Estamos na fase inicial <strong>do</strong> nosso trabalho. Fizemos o levantamento estatístico <strong>do</strong><strong>de</strong>sempenho acadêmico <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> IFGW <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1967. Necessitamos agoraaprofundar este estu<strong>do</strong> analisan<strong>do</strong> as causas e as conseqüências <strong>de</strong> algumas tendênciasespecíficas e bastante evi<strong>de</strong>ntes. Esta será nossa próxima etapa.As estatísticas acima citadas, referem-se a quatro indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> IFGW:I. Coeficiente <strong>de</strong> rendimento acumula<strong>do</strong> médio:Na fig. 1 mostramos o coeficiente <strong>de</strong> rendimento médio <strong>do</strong>s alunos no seuprimeiro semestre letivo, para to<strong>do</strong>s aqueles que ingressaram nos anos <strong>de</strong> 1982 até 1986.Mostra-se, também, o coeficiente <strong>de</strong> rendimento acumula<strong>do</strong> médio <strong>de</strong>stes mesmos alunos,relativo ao sexto e ao último semestre <strong>de</strong> sua permanência na graduação. Comparan<strong>do</strong>-osverifica-se, por exemplo, que os alunos ingressantes nos anos <strong>de</strong> 82, 83 e 84 revelam umaumento nos coeficientes <strong>de</strong> rendimentos acumula<strong>do</strong>s médios <strong>do</strong>s sextos e últimossemestres em relação ao p rimeiro. Isto, no entanto, curiosamente, não se verificou para osalunos ingressantes no ano <strong>de</strong> 1986, como se po<strong>de</strong> ver claramente na fig. 1. Verifica-se,também, que os alunos ingressantes em 1983 exibem o maior coeficiente <strong>de</strong> rendimentoacumula<strong>do</strong> médio em relação a to<strong>do</strong>s os que ingressaram no perío<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>.Na fig. 2, para avaliar a evolução <strong>do</strong> CR num perío<strong>do</strong> maior apresentamos o• coeficiente <strong>de</strong> rendimento acumula<strong>do</strong> médio, <strong>do</strong> sexto semestre, <strong>do</strong>s alunos ingressantesem cada ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação <strong>do</strong> IFGW até 1986. Nesta fig. é evi<strong>de</strong>nte que em relação aosoutros anos os alunos ingressantes rio ano <strong>de</strong> 1971 tiveram o mais baixo coeficiente <strong>de</strong>rendimento acumula<strong>do</strong> médio, computa<strong>do</strong>s no sexto semestre <strong>de</strong> seu curso, um fato quemerece uma investigação <strong>de</strong>talhada com relação a possíveis causas.II. Número <strong>de</strong> semestres <strong>de</strong> permanência <strong>do</strong>s alunos até a conclusão da Graduação:


IIP518Na figura 3 verificamos que os alunos ingressantes em 1971, 1976, 1978, 1982 e1986 levaram maior tempo para se formar. Este fato, correlaciona-se coerentemente como <strong>de</strong>créscimo <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> rendimento acumula<strong>do</strong> médio, no sexto semestre.(Excluímos <strong>de</strong> nossa análise os alunos ingressantes no ano <strong>de</strong> 1967, posto que, neste caso,haven<strong>do</strong> só 2 alunos, os resulta<strong>do</strong>s não teriam representativida<strong>de</strong> estatística).III. Comparação entre n° <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s, forma<strong>do</strong>s e evadi<strong>do</strong>s:Esta é uma questão muito importante, mas extremamente complexa para seranalisada. Na fig. 4, so<strong>br</strong>essai o fato <strong>de</strong> que, para as turmas ingressantes nos anos <strong>de</strong> 75,76,77,79 e 84, o número <strong>de</strong> evadi<strong>do</strong>s foi significativamente maior que o <strong>de</strong> forman<strong>do</strong>s, eque em 1982 o número <strong>de</strong> forman<strong>do</strong>s foi igual ao <strong>de</strong> evadi<strong>do</strong>s. Embora a evasão tenha<strong>de</strong>caí<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> 1985, em 1987 ela recomeçou a crescer. Não sabemos ainda as razões,mas estamos conscientes <strong>de</strong> que o fato em si é extremamente preocupante.IV. Evolução <strong>do</strong> percentual <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> alunos entre 1967 até 1988:Como po<strong>de</strong>mos verificar na fig. 5, embora a evasão <strong>do</strong>s alunos ingressantes noano <strong>de</strong> 1986 tenha si<strong>do</strong> significativamente uma das mais baixas, ela recomeçou a crescer,como se observa com relação às turmas ingressantes em 87, 88,89.Uma análise preliminar <strong>de</strong>stes da<strong>do</strong>s estatísticos enfocan<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>rendimento acadêmico apontam tendências preocupantes, la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> com a ocorrência<strong>de</strong> significativos <strong>de</strong>svios da média nos valores <strong>de</strong>stes indica<strong>do</strong>res em certos anos. Isto nosmotivou a realizar e apresentar em <strong>br</strong>eve um estu<strong>do</strong> aprofunda<strong>do</strong> <strong>de</strong> causas e efeitosliga<strong>do</strong>s às oscilações temporais <strong>de</strong>stes indica<strong>do</strong>res, o que faremos em uma publicação àparte. Motivou-nos a apresentação prévia <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s acima o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que isto venha aestimular a realização <strong>de</strong> levantamentos semelhantes em outras Universida<strong>de</strong>s para quese possa, em futuro próximo, realizar um estu<strong>do</strong>-diagnóstico amplo da situação <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong>da Física no pais.


5190 .6c4 ^Ï I ^ ^ ^ ^ ^ IDano830.9° 0.3 ^' ' ^ ^ ^ ^ ^ m ano84® ano850.80.7^ 0.^ 0 0.a^ 0.a.=`B,^ 0.2 ^¡ ^ ^ ^ ^ ^ ® ano8ó U 0.9,I+I G. 2wassso <strong>do</strong> weucsense ae eenmmeuta mcunwdau neauUI^^►II►^Illlllllll67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 90 81 82 83 84 85 86Sexto Semestre12Ilunero Media <strong>de</strong> Semestres e/ Conclusao67 6/ 69 70 71 72 73 74 75 76 77 71 7910 II 12 13 14 15 19Ano <strong>de</strong> IngressoFIG. 36050M 40110iIIs 29 I19: J111 ^i _ l:! ! LI 1111-A67 61 69 70 71 72 73 74 5 6 77 71 79 10 Bl 12 13 14 I5 16 17 11 19Ano <strong>de</strong> Ingressom Matries. O Torna<strong>do</strong>s n EvadidasFIG. 470-Evasao6850W4030` 20-1A0 .,67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 8"Ano <strong>de</strong> IngressoFIG. 5


521PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISPESQUISA EM ENSINO I E II


523Comunicações OraisÓptica Física: Dificulda<strong>de</strong>s Apresentadas no Processo <strong>Ensino</strong>-AprendizagemC.C. Lopes, AA. Tagliaferri, M.C.D. UreProjeto <strong>de</strong> pesquisa parcialmente financia<strong>do</strong> por. CNPq, FAPERJ, FINEP, CAPES.Devi<strong>do</strong> às dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pelos alunos, durante aulas teóricas eexperimentais, acerca <strong>do</strong>s fenômenos <strong>de</strong> Interferência e Difração e principalmente <strong>do</strong>conceito <strong>de</strong> coerência, nos motivamos a pesquisar o porquê <strong>de</strong>stas dificulda<strong>de</strong>s nestestemas e a propor uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s expe rimentais, ten<strong>do</strong> como apoio teórico umaapostila que objetive o aprimoramento <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong>.O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong> problema foi dividi<strong>do</strong> em duas pa rtes:I) Aplicação <strong>de</strong> um questionário (anexo 1) <strong>de</strong> 11 perguntas a um grupo <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> Pós-Graduação da UFF (alunos <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> e Doutora<strong>do</strong>), abordan<strong>do</strong> o tema Holografia.Começamos apresentan<strong>do</strong> ao aluno um holograma convencional, reconstruí<strong>do</strong>com laser <strong>de</strong> He-Ne e conversamos so<strong>br</strong>e o que é o holograma, seus processos <strong>de</strong>obtenção e reconstrução. A partir daí, apresentamos o questionário cita<strong>do</strong>, que iniciavacom uma <strong>br</strong>eve introdução teórica contan<strong>do</strong> o surgimento da técnica, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo<strong>de</strong> obtenção <strong>do</strong> holograma e 11 perguntas so<strong>br</strong>e os fenômenos envolvi<strong>do</strong>s na técnica. Oobjetivo básico <strong>de</strong>ste questionário foi o <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar as principais dúvidas so<strong>br</strong>eInterferência e Difração, já que o tema proposto é basicamente a união <strong>do</strong>s <strong>do</strong>isfenômenos.Alguns exemplo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s:- Confusão entre os conceitos <strong>de</strong> REFRAÇÃO e DIFRAÇÃO.- Dificulda<strong>de</strong>s em expressar matematicamente uma onda harmônica.- Dificulda<strong>de</strong>s em expressar matematicamente a equação <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> luminosa nofenômeno <strong>de</strong> Interferência <strong>de</strong> duas bndas.Nota - Percebemos respostas <strong>do</strong>coradas <strong>do</strong>s livros, como <strong>de</strong>finições, sem umentendimento <strong>do</strong>s fenômenos aborda<strong>do</strong>s. Isto ficou claro na etapa seguinte da pesquisa.


524II) Com o mesmo grupo <strong>de</strong> alunos, realizamos entrevistas clínicas, ten<strong>do</strong> como apoio umasérie <strong>de</strong> experiências e abordan<strong>do</strong> especificamente os fen8menos <strong>de</strong> Interferência eDifração e o conceito <strong>de</strong> coerência. Este apoio experimental era, basicamente, aexperiência <strong>de</strong> Young, on<strong>de</strong> variávamos o tamanho da fonte, a distância entre as fendas eo tipo <strong>de</strong> fonte (luz <strong>br</strong>anca e laser <strong>de</strong> He-Ne).Iniciamos questionan<strong>do</strong> teoricamente o assunto envolvi<strong>do</strong>, como por exemplo:1) Como você <strong>de</strong>finiria uma fonte ser coerente?2) Você po<strong>de</strong>ria obter franjas <strong>de</strong> Interferência, se por exemplo tiver 2 lasers posiciona<strong>do</strong>sla<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> iluminan<strong>do</strong> uma pare<strong>de</strong>?3) Você consegue obter franjas <strong>de</strong> Interferência com luz <strong>br</strong>anca?4) Por que nos livros aparece <strong>de</strong>senhada uma fenda <strong>de</strong> entrada na experiência <strong>de</strong> Young?Algumas respostas obtidas:1) "Na fonte coerente a diferença <strong>de</strong> fase <strong>de</strong>ve ser constante."2) "Acho que não posso obter franjas <strong>de</strong> Interferência neste caso, ou talvez."3) "A luz <strong>br</strong>anca é incoerente, não obtenho interferência."4) "E impossível obter padrões <strong>de</strong> interferência com luz <strong>br</strong>anca."5)"...já observei padrões <strong>de</strong> interferência com luz <strong>br</strong>anca, mas <strong>de</strong> Difração não."A seguir, as situações experimentais discutidas com o aluno:Guia para o Entrevista<strong>do</strong>r1) Tapar com papel vegetal uma fonte <strong>de</strong> luz <strong>br</strong>anca (uma lâmpada transparente <strong>de</strong>filamento) e pedir que o aluno observe através <strong>de</strong> duas fendas (sli<strong>de</strong>s com ranhurasfotográficas), as franjas <strong>de</strong> interferência.2) Tirar o papel vegetal e pedir que o aluno faça a mesma observação. Discutir com oaluno porque foi possível observar as franjas nesta situação, e não na anterior.3) Recolocar o papel vegetal e pedir que o aluno se afaste da fonte para tentar ver asfranjas <strong>de</strong> interferência. Discutir o que acontece ao proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sta forma.4) Lem<strong>br</strong>ar ao aluno a experiência <strong>de</strong> Young <strong>de</strong>scrita nos livros em geral, on<strong>de</strong> apareceuma fenda <strong>de</strong> entrada na frente das outras duas fendas e perguntar o porquê <strong>de</strong>sta fenda.5) Utilizan<strong>do</strong> agora o laser, argumentar com o aluno quanto a necessida<strong>de</strong> da fenda <strong>de</strong>entrada para a observação <strong>do</strong> fen8meno <strong>de</strong> interferência. Uso então as duas fendas e olaser. Discutimos um pouco o conceito <strong>de</strong> coerência.


RP5256) Indagar o fato <strong>de</strong> o laser ser monocromático e a fonte <strong>de</strong> luz <strong>br</strong>anca ser policromática.Por que tenho franjas <strong>de</strong> interferência em ambos os casos?De acor<strong>do</strong> com as respostas obtidas, i<strong>de</strong>alizamos como proposta experimentaluma série <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> Interferência e Difração, utilizan<strong>do</strong> 4 fontes luminosasdiferentes (luz <strong>br</strong>anca, lâmpada <strong>de</strong> Na, lâmpada <strong>de</strong> Hg e laser <strong>de</strong> He-Ne) acompanhadas<strong>de</strong> uma apostila (anexo 2) e um roteiro <strong>de</strong> laboratório (anexo 3). Ao estudar a elaboraçãoda apostila, nos baseamos nas dúvidas apresentadas pelos alunos, por isto começamoscom o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento ondulatório, enfatizan<strong>do</strong> o tratamento matemático das ondasharmônicas e a obtenção <strong>de</strong> expressão matemática da intensida<strong>de</strong>, obtida pelasuperposição <strong>de</strong> duas ondas <strong>de</strong> luz. Seguimos com a discussão da interferência <strong>de</strong> duasondas <strong>de</strong> luz, passan<strong>do</strong> pelo Princípio <strong>de</strong> Huygens, e principalmente o experimento <strong>de</strong>Young e fontes coerentes. Nesta última, discutimos o experimento com ênfase teórica eexemplos quanto ao tamanho da fonte e a monocromaticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta, como o queacontece quan<strong>do</strong> iluminamos a dupla fenda <strong>do</strong> experimento com uma fonte que emita<strong>do</strong>is comprimentos <strong>de</strong> onda, ou ainda, que não se encontra equidistante <strong>de</strong>stas.Discutimos também, o caso em que temos mais <strong>de</strong> uma fonte pontual iluminan<strong>do</strong> as duasfendas (mais <strong>de</strong>talhes no anexo 2). No roteiro cita<strong>do</strong>, o procedimento da prática nãoaparece como uma "receita <strong>de</strong> bolo", mas induzimos o aluno a um questionamento so<strong>br</strong>eos resulta<strong>do</strong>s que irão obter e como obtê-los. A segu ir, apresentamos alguns exemplos<strong>de</strong>ste procedimento:1) Antes <strong>de</strong> iniciar a montagem, faça uma análise teó rica <strong>do</strong> padrão a ser observa<strong>do</strong> noexperimento <strong>de</strong> Young e <strong>de</strong>screva o que espera obter.2) Monte a experiência <strong>de</strong> Young e analise, utilizan<strong>do</strong> o sli<strong>de</strong> n° 4 (as fendas são ranhurasfotográficas que po<strong>de</strong>m va riar <strong>de</strong> largura, número e distância entre as fendas), o padrãoobti<strong>do</strong>. Inicie a análise, utilizan<strong>do</strong>, nesta or<strong>de</strong>m, as fontes <strong>de</strong> luz <strong>br</strong>anca, Hg, Na e laser <strong>de</strong>He-Ne. O que você observou coinci<strong>de</strong> com o que esperava obter?3) Faça uma análise teórica <strong>do</strong> padrão a ser observa<strong>do</strong> com uma única fenda.Discussão:Os primeiros resulta<strong>do</strong>s nos pareceram um pouco assusta<strong>do</strong>res (emborasaibamos <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s pareci<strong>do</strong>s quanto ao fenômeno com ondas por 2 teses <strong>de</strong>fendidasem nosso Instituto por João C. Nogueira e Umbelina G. Piubelli) com relação a falta <strong>de</strong>compreensão <strong>do</strong> fenómeno <strong>de</strong> interferência luminosa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os alunos consulta<strong>do</strong>seram to<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s em Física. Diante <strong>de</strong>ste quadro, nos motivamos a estudar esteproblema e propor uma forma <strong>de</strong> trabalhá-lo. Desta forma, i<strong>de</strong>alizamos o mate rialapresenta<strong>do</strong> (apost ila + roteiro), o qual foi aplica<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is semestres (1/90 e 2/90) em


526turmas <strong>de</strong> Física XIV (Óptica) <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Física, ten<strong>do</strong> estes grupos uma média <strong>de</strong> 7alunos.Atualmente, estamos em fase <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> tomada fmal <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, queconsta da aplicação <strong>de</strong> um questionário (anexo 4) e uma entrevista clínica aos <strong>do</strong>is gruposenvolvi<strong>do</strong>s na proposta e a um grupo <strong>de</strong> alunos não participantes <strong>de</strong>sta.Observação: Os anexos cita<strong>do</strong>s, estão à disposição com os autores.A Relação Conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física na Re<strong>de</strong> Pública <strong>de</strong> 2 0 Grau e a Realida<strong>de</strong> Social<strong>do</strong>s AlunosAlexandre Men<strong>de</strong>s - Deise Miranda Viana - Instituto <strong>de</strong> Física - UFRJIntroduçãoO trabalho preten<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar entre professores da re<strong>de</strong> pública <strong>do</strong> 2° grau <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro a sua responsabilida<strong>de</strong> social com os alunos, relacionan<strong>do</strong> o seudiscurso e prática em aula <strong>de</strong> Física. Procurou-se buscar através <strong>de</strong> entrevistas comprofessores e alunos, e observações <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> Física, se em algum momento há umarelação entre a disciplina científica e o cotidiano <strong>do</strong> aluno, se a matéria lecionada temalguma preocupação com a realida<strong>de</strong> social <strong>de</strong>sses alunos e principalmente se estesprofissionais estão preocupa<strong>do</strong>s com o papel da escola e da ciência.DesenvolvimentoAs entrevistas procuravam saber:Quanto aos professores:1) Conhecer seu posicionamento politico2) Saber se os professores enten<strong>de</strong>m que existe uma relação entre a ciência que ensinam ea socieda<strong>de</strong> que os cerca.Quanto aos alunos:1) Conhecer até que ponto os alunos sabem para que estudam FÍSICA.2) Qual a importância <strong>de</strong>sta ciência na vida cotidiana.


5273) Qual a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estudar tal ciência.Resulta<strong>do</strong>s Preliminaresa) Quanto aos professores:Os professores tem por objetivo preparar os alunos para o vestibular e quan<strong>do</strong>po<strong>de</strong>m relacionam a Física ensinada com o aparato tecnológico exi stente em nossasocieda<strong>de</strong>.Existe uma queixa por parte <strong>do</strong>s professores com relação ao laboratório, quenão existe na maioria <strong>do</strong>s colégios e quan<strong>do</strong> existe não funciona. O trabalho é to<strong>do</strong>realiza<strong>do</strong> no quadro negro e os exemplos são improvisa<strong>do</strong>s como: inclinan<strong>do</strong> uma mesa e<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong>slizar o apaga<strong>do</strong>r. A participação <strong>do</strong> aluno numa aula como essa é, segun<strong>do</strong>os professores, fria, limitan<strong>do</strong>-se apenas a resolver problemas matemáticos. Ou, como dizum professor: "Quan<strong>do</strong> através <strong>de</strong> exemplos <strong>do</strong> dia-a-dia <strong>do</strong> aluno conseguimos fazer aclasse apren<strong>de</strong>r um coneito, os alunos vi<strong>br</strong>am e ficam muito satisfeitos porque para eles aFísica é só matemática."A questão <strong>do</strong>s fracasso escolar é fruto <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo social, econômico e po liticoque o pais atravessa. Segun<strong>do</strong> os professores entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ve se dar maior ênfase àformação <strong>do</strong>s licencian<strong>do</strong>s em Física.b) Quanto aos alunos:Os alunos vêem no estu<strong>do</strong> da Física um "aprimoramento da mente" assim comouma ampliação da visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>. Queixam-se <strong>do</strong> excesso <strong>de</strong> números e acham amatemática que envolve a Física muito dificil.Alguns alunos conseguem relacionar a Física que apren<strong>de</strong>m com suas ativida<strong>de</strong>sno trabalho e no cotidiano <strong>de</strong> uma maneira geral. Vêem uma esperança na melho ria <strong>do</strong>ensino,com a introdução <strong>do</strong> laboratório como um recurso que facilite a "visualização <strong>do</strong>sfenômenos".Encaram os físicos como sen<strong>do</strong> pessoas privilegiadas, <strong>de</strong> inteligência suprema eaté um pouco "loucos".O maior questionamento está no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se estudar Física, pois muitos <strong>de</strong>lesnão enten<strong>de</strong>m porque estudam tal disciplina. "E difícil passar em Física, parecematemática".


528Conclusões Preliminares:Neste momento, os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s são ainda insuficientes para uma análise maisaprofundada, porém continuaremos investigan<strong>do</strong> em outras escolas.Do que observamos os professores não possuem um compromisso sócio-políticoexplicito em relação a ciência que ensinam. Mostram-se preocupa<strong>do</strong>s sim com "as coisas"<strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong>, isto é, como funcionam alguns aparelhos eletro<strong>do</strong>mésticos. Porém istonão é observa<strong>do</strong> nas avaliações e nem nos relatos <strong>do</strong>s alunos.É impressionante a relação existente entre o vestibular e a finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino<strong>de</strong> Física. Parece-nos que a disciplina na prática só existe por causa <strong>do</strong> vestibular. Ficanosa pergunta: se mudar a "era <strong>do</strong> vestibular" como e on<strong>de</strong> será ensinada a Física?A visão apresentada pelos professores é reproduzida pelos alunos. Alguns atégostariam <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r melhor o mun<strong>do</strong> em que vivem, achan<strong>do</strong> que a Física teria umaresposta pronta para tu<strong>do</strong>.Outro aspecto importante a ressaltar é que acham o LABORATÓRIO asolução para o ensino <strong>de</strong> Física. Com ele to<strong>do</strong>s irão apren<strong>de</strong>r melhor, Som maisfacilida<strong>de</strong>, "visualizan<strong>do</strong> o fenômeno físico". Estas observações são feitas com ênfase poralunos que nunca entraram em laboratório, e por professores que também não têm hábito<strong>de</strong> dar aulas experimentais.Toda discussão que tivemos com os professores e alunos nos permite dizer que aFisica, tal como vem sen<strong>do</strong> ensinada, não satisfaz a nenhum <strong>de</strong>les. E, principalmente, nãoé dada importância ao <strong>de</strong>senvolvimento da ciência com relação a socieda<strong>de</strong>. Osprofessores e alunos só utilizam o conhecimento da<strong>do</strong> nos livros para resolver problemas,utilizar fórmulas matemáticas e "passar no vestibular".Fazen<strong>do</strong> Teatro, Ensinan<strong>do</strong> Física: O Papel <strong>do</strong> Jogo Dramático no <strong>Ensino</strong> daFísica <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Grau.Maria <strong>de</strong> Fátima Rodrigues (Centro <strong>de</strong> Educação/UFSC), Ar<strong>de</strong>n Zylbersztajn (Depto.<strong>de</strong>Física/UFSC) e Suzana <strong>de</strong> Souza Barros (Instituto <strong>de</strong> Fisica/UFRi)


111529A utilização <strong>de</strong> recursos dramáticos no ensino da física no 2° grau é técnicarecente no Brasil, pelo menos <strong>de</strong> forma sistematizada. Em alguns países, contu<strong>do</strong>, essatécnica <strong>de</strong>senvolve-se há alguns anos, existin<strong>do</strong> na literatura alguns registros <strong>de</strong>experiências.Pesquisar o jogo dramático como veículo para o <strong>Ensino</strong> da Física no 2° grau,através da sua utilização em nossas próprias aulas, é objeto <strong>de</strong> nossa dissertação <strong>de</strong>mestra<strong>do</strong>.Introdução"Muitos professores <strong>de</strong> ciências são céticos quanto ao uso <strong>do</strong> role-play e dadramatização na ciência. Como, perguntam eles, po<strong>de</strong> a ciência ser feita <strong>de</strong> forma factual,conceitual e prática na dramatização?" (WATTS & BENTLEY, 1989:142)Os caminhos <strong>do</strong> teatro e da educação estiveram sempre, <strong>de</strong> alguma forma,liga<strong>do</strong>s. A arte, e salientamos, a arte dramática, foi e ainda é usada nos processoseducativos, não porque seja com eles compatível, mas porque é, em si, um <strong>de</strong>ssesprocessos.Existe um número razoavelmente gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> autores que se <strong>de</strong>dicaram ainvestigar - tanto na teoria quanto na prática - as relações, ligações e utilizações da artedramática (nas formas <strong>do</strong> jogo, <strong>do</strong> jogo dramático e <strong>do</strong>s espectáculos) nos diversos setorese ativida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong>: na Saú<strong>de</strong>, no Trabalho, na Educação, nas relaçõesestabelecidas na comunida<strong>de</strong>, etc.A varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção da arte dramática explica-se, em boaparte, por ela ser uma forma <strong>de</strong> expressão completa, estruturada so<strong>br</strong>e a tría<strong>de</strong>Pensamento-Emoção-Ação. Ao nosso ver, a vantagem <strong>do</strong> jogo dramático resi<strong>de</strong> no amploespectro que se <strong>de</strong>senvolve a partir <strong>de</strong>ssa tria<strong>de</strong>. E uma forma <strong>de</strong> criar, transmitir,participar aquilo que for <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> e/ou conveniente. E uma forma/meio <strong>de</strong> comunicação., Até este ponto, acreditamos que não há problema em compreen<strong>de</strong>r e aceitar autilização <strong>do</strong> jogo dramático no ensino regular <strong>de</strong> forma geral.Muitos <strong>de</strong> nós, durante os anos que passamos na escola, fomos solicita<strong>do</strong>s aatuar dramaticamente (nas aulas <strong>de</strong> Português, Estu<strong>do</strong>s Sociais, Línguas Estrangeiras,etc.). Ainda hoje em dia, essa é uma ativida<strong>de</strong> comum no 1° grau.A situação muda sensivelmente <strong>de</strong> figura quan<strong>do</strong> passamos a sugerir umtrabalho similar (aplicação <strong>do</strong> jogo dramático) nas aulas <strong>de</strong> física <strong>do</strong> 2° grau. Surgem


•530dúvidas quanto à pertinéncia, à reficiência e à meto<strong>do</strong>logia utilizada para empregar essatécnica.Para efeito <strong>de</strong> elucidação, essas questões po<strong>de</strong>m ser reescritas da seguinteforma: Por que/Como/Quan<strong>do</strong> utilizar jogos dramáticos no ensino <strong>de</strong> física <strong>do</strong> 2 0 grau?Por que?"O homem sempre teve como tendência básica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r oUniverso. E neste seu anseio <strong>de</strong> cu riosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre tentou usar a ação, a imitaçãoe a representação, como meio <strong>de</strong> expressão, procuran<strong>do</strong>, assim, influenciar a naturezapara viver melhor." (MONTEIRO, 1979:1)Quan<strong>do</strong> sugerimos a utilização <strong>de</strong> jogos dramáticos no ensino da Física estamospensan<strong>do</strong>, basicamente no <strong>de</strong>se nvolvimento da criativida<strong>de</strong> e espontaneida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aluno,assim como na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inserir o ensino da Física em contextos mais amplos - paraalém das informações contidas nos livros didáticos - e apostan<strong>do</strong> no <strong>de</strong>senvolvimentoconceitual <strong>do</strong> aluno e na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer opções através <strong>de</strong> sua escala <strong>de</strong> valores e<strong>do</strong> seu posicionamento pessoal.Através <strong>do</strong>s jogos dramáticos o aluno po<strong>de</strong> expandir sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação,buscan<strong>do</strong> respostas novas às situações nas quais é coloca<strong>do</strong> em confronto.O jogo dramático permite um nível <strong>de</strong> experiência vivencial que o transformanum veículo para que o aluno perceba o conhecimento que constrói como algo seu,produzi<strong>do</strong> através da sua ativida<strong>de</strong>, da sua experiência.Através <strong>do</strong> role-play e da dramatização o aluno possui condições para relacionara ciência que apren<strong>de</strong> na escola com a compreensão que possui <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (BUTLER,1989), po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> explorar as implicações sociais e pessoais da <strong>de</strong>scobe rta científica e dasmudanças tecnológicas (HOLLINS, 1989 e WATTS & BENTLEY, 1989), questionan<strong>do</strong> aimagem <strong>de</strong> ciência e <strong>de</strong> cientista (TAYLOR, 1987).Nossa intenção ao utilizar essa técnica é tentar criar um espaço no qual oconhecimento científico não seja encara<strong>do</strong> como um da<strong>do</strong> a priori, mas, ao contrário,como um conjunto <strong>de</strong> elementos que se relacionam buscan<strong>do</strong> a construção <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo, <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>scritvo/explicativo, não só <strong>do</strong>s fenômenos naturais, mastambém, <strong>do</strong> contexto no qual esse conhecimento se manifesta, ou seja, nas suas relaçõescom a socieda<strong>de</strong> e com a tecnologia.


531Como e Quan<strong>do</strong>?A primeira coisa que <strong>de</strong>vemos pensar é qual o tema que po<strong>de</strong>mos dramatizarem sala <strong>de</strong> aula. A escolha <strong>do</strong> tema (assunto) po<strong>de</strong> ser parametrizada em função dasseguintes variáveis: objetivo, contexto e tensão.Por objetivo enten<strong>de</strong>mos o foco que direcionará as discussões (diálogos)durante a ativida<strong>de</strong>: po<strong>de</strong>mos, por exemplo, ter uma ativida<strong>de</strong> cujo conjunto <strong>de</strong> diálogostenha um foco marcadamente conceitual, on<strong>de</strong> seja impo rtante o <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong><strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s conceitos para se solucionar uma situação conflituosa. Um exemplo dissopo<strong>de</strong> ser uma dramatização cujo enre<strong>do</strong> básico seja a venda e/ou lançamento <strong>de</strong> umeletro<strong>do</strong>méstico.Além <strong>de</strong> focos conceituais, po<strong>de</strong>mos ter focos sociais, tecnológicos, históricos,etc. Vale a pena esclarecer que na verda<strong>de</strong> nenhum <strong>de</strong>les existe sozinho numa ativida<strong>de</strong>:eles coexistem com graus difirentes <strong>de</strong> relevância <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o objetivo <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>.O que chamamos <strong>de</strong> contexto é na verda<strong>de</strong> o enre<strong>do</strong> da história. Ao<strong>de</strong>linearmos um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> objetivo, precisamos saber se o enre<strong>do</strong> permite que esseobjetivo seja alcança<strong>do</strong>, isto é, se o contexto escolhi<strong>do</strong> é gera<strong>do</strong>r/facilita<strong>do</strong>r dasdiscussões.Assim se queremos discutir as implicações sociais <strong>do</strong> uso da energia nuclearpo<strong>de</strong>mos optar por um enre<strong>do</strong> (contexto) que priorize as relaçõessociais/politicas/comunitárias <strong>de</strong> uma região na qual é instalada uma usina nuclear ediscutir os riscos e benefícios <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>ssa energia, ao invés <strong>de</strong>, por exemplo, dramatizar a<strong>de</strong>scoberta da radioativida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento histórico da energia nuclear (o queserviria muito mais a focos <strong>do</strong> tipo histórico e conceitual).O último item, tensão, refere-se a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um tema gerar conflitos, <strong>de</strong>gerar uma situação <strong>de</strong> confronto. Numa dramatização, o momento no qual se estabelece oconfronto é <strong>de</strong> fundamental importância na construção <strong>de</strong> um conhecimento. Os alunossentem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma reestruturação interna: é a busca <strong>de</strong> soluções para asdúvidas que foram geradas.Resta agora uma pergunta: quan<strong>do</strong> utilizar essa técnica?Para nós essa é uma pergunta difícil <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> grupoforma<strong>do</strong> pelos alunos e professor - são estes que <strong>de</strong>finem quan<strong>do</strong> dramatizar. O quepo<strong>de</strong>mos colocar é que essa técnica po<strong>de</strong> ser utilizada sempre que o grupo quiser e otempo permitir. Não estamos dizen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong> o ensino <strong>de</strong> física seja feito através <strong>de</strong>ssa


532técnica - o que seria absur<strong>do</strong> - apenas estamos sugerin<strong>do</strong> uma nova maneira <strong>de</strong> trabalharo conhecimento científico <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula.O jogo dramático que <strong>de</strong>screvemos <strong>br</strong>evemente sustenta-se na idéia <strong>de</strong> que oindivíduo (no caso um aluno) tem, em si, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar. Para nós, somente através<strong>de</strong> um ato criativo é que o homem é capaz <strong>de</strong> optar, <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões. Quan<strong>do</strong> aliamos o<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Fisica ao jogo dramático estamos pensan<strong>do</strong> nisso, na formação <strong>do</strong> indivíduo ena contribuição que a Física po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve dar a essa formação.Referências BibliográficasHOLLINS, Martin. Case Study 24: Educational drama. IN: WATTS, Mice & BENTLEY,D. Learning and teaching in school science: practical alternatives. Milton Keynes: OpenUniversity Press, 1989.MONTEIRO, REGINA F. Jogos dramáticos. São Paulo, McGrw Hill <strong>do</strong> Brasil, 1980.TAYLOR, Charles. Dramatic events in science education. Physics Education, 22:294-298,1987.WATTS, M. & BENTLEY, D. yearning and teaching in school science: -practicalalternatives.Milton Keynes: Open University Press, 1989.Concepções Pré-Existentes e Construção <strong>do</strong> Conhecimento Ffsice: Propósitos ePrática Pedagógica no Segun<strong>do</strong> GrauHenrique César da Silva, Maria José PM. <strong>de</strong> Almeida - FE-UNICAMPlnttodtypioA crença <strong>de</strong> que um professor não po<strong>de</strong> se restringir a executar meto<strong>do</strong>logiasprontas e a transmitir apenas conteú<strong>do</strong>s que apren<strong>de</strong>u na faculda<strong>de</strong> levou è elaboração<strong>de</strong>ste projeto.Pretendia-se estudar em sala <strong>de</strong> aula uma meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Física quetivesse como pressuposto pedagógico o processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento da físicaa partir <strong>do</strong>s conceitos e concepções manifestos pelos alunos.


111533Qual seria a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se trabalhar em sala <strong>de</strong> aula ten<strong>do</strong> por base essepressuposto? Qual seria o papel <strong>do</strong> professor? Quais as limitações, problemas eimplicações <strong>de</strong> tal papel?Como <strong>de</strong>veria ser pensada a questão <strong>do</strong> professor atuar como pesquisa<strong>do</strong>r daprópria aula ten<strong>do</strong> em vista o processo <strong>de</strong> transformação da realida<strong>de</strong> escolar?O ProjetoO projeto foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> numa escola da re<strong>de</strong> oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo,EEPSG Eduar<strong>do</strong> Barnabé Deputa<strong>do</strong>, situada no Distrito Industrial (DIC-I) aaproximadamente 12 km <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> Campinas. Em duas classes da primeira série <strong>do</strong>segun<strong>do</strong> grau noturno foi aplica<strong>do</strong> um programa so<strong>br</strong>e o tema LUZ, preten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-secontribuir para que os alunos compreen<strong>de</strong>ssem a natureza que os cerca <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vistada ciência, enten<strong>de</strong>ssem que o homem produz e usa conhecimentos socialmente, epercebessem influências mútuas entre socieda<strong>de</strong> e ciência.Pretendia-se que a elaboração <strong>do</strong> projeto se processasse à medida que ele fossesen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>, com subsídios da análise das aulas: gravações, redações <strong>do</strong>s alunos,observação em sala <strong>de</strong> aula, etc. As concepções pré-existentes, entendidas até então,basicamente como concepções alternativas em Fisica, <strong>de</strong>veriam ser resgatadas nessematerial.Durante a aplicação, enquanto investigação, o trabalho teve caracteristicasetnográficas. Procurou-se buscar nos da<strong>do</strong>s empíricos subsídios para a ação realizada emsala <strong>de</strong> aula.Mudanças na programação inicial visaram resolver problemas aparentementecomuns quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra a dinâmica <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula. Entre eles se <strong>de</strong>stacaram:heterogeneida<strong>de</strong> e dificulda<strong>de</strong>s específicas <strong>do</strong>s alunos (leitura, cálculos matemáticos, etc);dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um atendimento mais individualiza<strong>do</strong> a cada aluno num trabalho que sepropunha coletivo; inexistência prévia <strong>de</strong> mate riais apropria<strong>do</strong>s e tempo limita<strong>do</strong> parapreparo das aulas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s objetivos propostos; a pressão <strong>de</strong> contingências relativas àestrutura escolar, como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar provas, por exemplo; dificulda<strong>de</strong>s relativas àcontradição entre concepções explicitas <strong>do</strong> professor e concepções que foram semanifestan<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> programa, aliadas a dificulda<strong>de</strong>s relativas aotrabalho pedagógico, o seu "saber-fizer".


534Análise Preliminar 'Para efeito <strong>de</strong> análise e aplicação <strong>do</strong> projeto foi dividida em três fases: perío<strong>do</strong>da <strong>de</strong>scoberta e familiarização com a sala <strong>de</strong> aula; perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> emersão <strong>de</strong> concepções préetistentesno professor, entendidas <strong>de</strong> forma ampla, como suas representações so<strong>br</strong>eensino, ciência e papel <strong>do</strong> professor, perío<strong>do</strong> da tentativa <strong>de</strong> correção <strong>de</strong> rumos.No primeiro perío<strong>do</strong> a intenção era conhecer a classe e que<strong>br</strong>ar a expectativanatural que os alunos <strong>de</strong>positam no professor como mero transmissor <strong>de</strong> informações. Asaulas eram basicamente discussões utilizan<strong>do</strong>-se materiais práticos.Foi possível verificar a excessiva participação <strong>do</strong> professor nas discussões e odirecionamento que ele imprimia às mesmas. Esses comportamentos estavam emcontradição com seu discurso inicial, no qual eram por eles critica<strong>do</strong>s, aparecen<strong>do</strong>, noentanto, em sua prática.No perío<strong>do</strong> seguinte pô<strong>de</strong>-se verificar <strong>de</strong> maneira mais evi<strong>de</strong>nte a emersão <strong>de</strong>concepções pré-existentes <strong>do</strong> professor. Foram evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s: preocupação excessiva comquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>; número excessivo <strong>de</strong> aulas expositivas, com resumos na lousa;excessiva ênfase matemática; na avaliação, ênfase em exercícios com aplicação <strong>de</strong>fórmulas. Não havia si<strong>do</strong> nem sequer imagina<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s apresenta<strong>do</strong> pelosalunos.No terceiro perío<strong>do</strong>, procurou-se corrigir os rumos, fixan<strong>do</strong>-se nos objetivosiniciais e pensou-se um objetivo adicional, a ser alcança<strong>do</strong> a médio prazo: contribuir maiseficazmente para autonomia <strong>do</strong>s alunos na busca <strong>de</strong> informações para o seu dia-a-dia.Aban<strong>do</strong>nou-se a preocupação <strong>de</strong> programar as aulas conceben<strong>do</strong> os conteú<strong>do</strong>s<strong>de</strong> forma discreta e seqüencial. Passou-se a ter uma visão mais totalizante <strong>do</strong>conhecimento. Eliminou-se a ênfase matemática sem eliminar o uso <strong>de</strong>ssa linguagem,procuran<strong>do</strong> a<strong>de</strong>quá-la aos conhecimentos <strong>do</strong>s alunos. Essa fase foi caracterizadaessencialmente pelo uso <strong>de</strong> textos(1) alia<strong>do</strong> ao uso <strong>de</strong> materiais práticos, roteiros <strong>de</strong>estu<strong>do</strong> para uso <strong>de</strong> partes <strong>de</strong> um projeto(2) e, discussões com alunos. procurou-seaumentar o seu interesse trabalhan<strong>do</strong> com conteú<strong>do</strong>s não formaliza<strong>do</strong>s, o que facilitou e,portanto aumentou a sua participação.(1) Capozoli, V. A cegueira cósmica <strong>do</strong> Hubble, Sala <strong>de</strong> Aula, ano 3, 23; Einstein, A.Infeld, L. A evolução da física. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zaar editores, 1980; 45 ed., 208-213;Weisskopf, V.F. Indagação e Conhecimento. São paulo: Edart/FUNBEC 1975, 67-85.(2)Physical Science Study Commitee, Física Parte II. São Paulo: Edart, 1970, 2° ed., 59-67.


535À Guisa <strong>de</strong> ConclusõesSo<strong>br</strong>e o uso <strong>de</strong> textos:- o uso <strong>de</strong> textos em sala <strong>de</strong> aula imp lica que os alunos se sirvam <strong>de</strong>les para respon<strong>de</strong>rquestões sem, no entanto, serem induzi<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>corar conceitos, leis, fórmulas;- se compara<strong>do</strong> com o livro didático (na forma como este tem si<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong>) o texto <strong>de</strong>divulgação científica (ou outros) facilita o trabalho <strong>do</strong> aluno: pensar as informações nelecontidas e relacioná-las com outras ante riormente adquiridas;- a discussão que se processa após a leitura <strong>de</strong> um texto po<strong>de</strong> fazer com que o alunoexplicite o que enten<strong>de</strong>u <strong>de</strong>sse texto e se constitui numa forma <strong>de</strong> trabalhar com alguns<strong>do</strong>s conceitos "físicos" pré-existentes e com outras concepções;- o trabalho com textos po<strong>de</strong> auxiliar a ponte entre a linguagem comum e a linguagemformal da física (matemática);- o trabalho com textos po<strong>de</strong> tornar os alunos aptos a ler, interpretar e retirar <strong>do</strong>s textos<strong>de</strong> divulgação científica (e outros), informações relevantes para a construção <strong>de</strong> seuconhecimento.So<strong>br</strong>e conceitos pré-existentes:- trabalhar com conceitos pré-existentes não opera geralmente uma mudança tãoprofunda quanto freqüentemente se acredita;- é extremamente difícil o professor ter controle <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> cada aluno, levand o-oao conceito sistematiza<strong>do</strong> pela Física. Uma sala <strong>de</strong> aula é uma realida<strong>de</strong> heterogênea ecomplexa que <strong>de</strong>ve ser pensada sob <strong>do</strong>is aspectos complementares: como uma unida<strong>de</strong> sóe como um conjunto <strong>de</strong> indivíduos diferentes.So<strong>br</strong>e os objetivos <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> Física:- a mudança conceitual não <strong>de</strong>ve ser o único objetivo <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> Física;- um curso <strong>de</strong>ve contribuir também para que o aluno pense criticamente os problemas dasocieda<strong>de</strong> em que vive, para que ele. construa e modifique representações so<strong>br</strong>e ciência etecnologia, e para a formação <strong>de</strong> sua autonomia na construção <strong>do</strong> próprio conhecimento.


536So<strong>br</strong>e as concepções <strong>do</strong> professor:- concepções <strong>do</strong> professor po<strong>de</strong>m ser inferidas quan<strong>do</strong> se compara suas convicçõesexplícitas com elementos <strong>do</strong> "fazer" em sala <strong>de</strong> aula;- a análise contínua <strong>do</strong> seu trabalho efetuada pelo professor (ainda que com auxlio) po<strong>de</strong>contribuir para mudar suas próprias concepções e para aproximar uma proposta <strong>de</strong> ensinoda prática efetiva em sala <strong>de</strong> aula;- o confronto entre concepções explicitas <strong>do</strong> professor e sua representações implícitaspermite que a prática se constitua numa práxis <strong>do</strong>cente. A tentativa <strong>de</strong> alterar a realida<strong>de</strong><strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> gerar um processo pedagógico dinâmico on<strong>de</strong> o professor se vêconstruin<strong>do</strong> o seu próprio conhecimento.BIBLIOGRAFIAALMEIDA, MJ.P.M. O papel <strong>do</strong> professor no material para ensino <strong>de</strong> física. Ciência eCultura 41(3), 264-268.ALVARENGA, B.G. <strong>de</strong>; LUZ, A.M.R. da Física, volume 2, Belo Horizonte EditoraBernar<strong>do</strong> Aivares S/A, 1978, 6a ed., 93-98.CARVALHO, A.M.P. <strong>de</strong> Física: proposta para um ensino construtivista. São Paulo: EPU,1989.CENP - Proposta curricular para o ensino <strong>de</strong> física 2° grau. São Paulo, 1989.FAZENDA, I. (org.) Meto<strong>do</strong>logia da Pesquisa Educacional. São Paulo, Cortez-AutoresAssocia<strong>do</strong>s, 1989.GILBERT, A. Origens históricas da física mo<strong>de</strong>rna. Lisboa: Fundação C. Gulbenkian,1982, 82-101.GULARD, S.M. DIAS, E.C.N. BARROS, S.L.S. Conceitos espontâneos <strong>de</strong> criançasso<strong>br</strong>e fenômenos relativos ã luz: análise qualitativa. Cad. Cat. Ens. Fís. 6 (1), 9-19.KRAPAS, S.T. CARVALHO, A.M.P. A visão <strong>de</strong> um fenômeno: como alunos <strong>de</strong> 11-18anos interpretam a queima <strong>de</strong> uma folha <strong>de</strong> papel com o auxílio <strong>de</strong> uma lente. Rev. Fac.Educ. USP, 10(2) 301-313.SNYDERS, G. A alegria na escola. São Paulo: Manole, 1988.87-126.


537Mo<strong>de</strong>lo Cinético <strong>de</strong> Calor. Evolução das Noções <strong>de</strong> Alguns AlunosDirceu da Silva G. Campos, A.M.P. Carvalho, R.S. Castro, R. Espinosa, E. Garri<strong>do</strong>, V.Gosciola, O.P.B. Teixeira e L. Nascimento - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da USP.(projeto financia<strong>do</strong> pela FAPESP e BID/USP)1-IntroduçãoEste trabalho é parte integrante <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> pesquisas maior <strong>de</strong> ensino, anível <strong>de</strong> 2o. grau, so<strong>br</strong>e bases construtivistas, <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> calor e <strong>de</strong> temperatura.Iremos apresentar a estrutura básica <strong>do</strong> curso, as bases teóricas utilizadas, oresumo das ativida<strong>de</strong>s e as respostas <strong>de</strong> alguns alunos, bem como comentários.A importância <strong>de</strong>ste tópico é <strong>de</strong>stacada, pois agrega em si a passagem <strong>do</strong>sestu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fenômenos macroscópicos para os microscópicos. Por exemplo, foi através <strong>de</strong>medidas das gran<strong>de</strong>zas relacionadas com os fenômenos térmicos que surgiu a necessida<strong>de</strong>das explicações da composição <strong>de</strong> moléculas, por Avogra<strong>do</strong> (TIPLER, 1981) e por sua vez<strong>do</strong>s pesos atômicos, a<strong>br</strong>in<strong>do</strong> um novo campo nas ciências naturais- sem contar, é claro, atermodinâmica e a mecânica estatística.O projeto ora apresenta<strong>do</strong> constitui-se em um <strong>de</strong>safio para o nosso grupo, poiscomo aponta SUMMERS (apud VAZQUEZ DIAZ, 1987): "o calor é sem dúvida um <strong>do</strong>stópicos conceitualmente mais difíceis <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o curriculo <strong>de</strong> ciências, na escolasecundária.". Assim sen<strong>do</strong> esse estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong> constituir-se em uma excelente contribuiçãopara o ensino <strong>de</strong> ciências.Para análise das concepções <strong>do</strong>s alunos, servimo-nos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is testes: um pré-testepara levantarmos as noções e um pós teste para avaliarmos o aprendiza<strong>do</strong>.2-Aspectos Gerais So<strong>br</strong>e a Estrutura <strong>do</strong> CursoTradicionalmente os cursos <strong>de</strong> calor e <strong>de</strong> temperatura pa rtem <strong>de</strong> uma análisedas escalas termométricas , passan<strong>do</strong> ou pelos fenômemos <strong>de</strong> dilatação <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s elíqui<strong>do</strong>s, estudan<strong>do</strong> os gases perfeitos e em seguida pela análise <strong>do</strong> calor com quantida<strong>de</strong>,ou fazem uma seqüência diferente, inverten<strong>do</strong> os gases com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor. Emalguns casos chega-se à termodinâmica.


MP538Assim, percebemos que o aluno é leva<strong>do</strong> a analisar fenômenos on<strong>de</strong> o calorimplica ora no mo<strong>de</strong>lo cinético (no caso <strong>do</strong>s gases), ora em um mo<strong>de</strong>lo que lem<strong>br</strong>a umasubstância (nos outros casos), fazen<strong>do</strong> com que o melhor <strong>de</strong>sse assunto seja perdi<strong>do</strong>, qualseja: os aportes <strong>do</strong> micromun<strong>do</strong>.Esse tipo <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> enfoque conteudístico e somatório não tem leva<strong>do</strong> osalunos, pelo menos na sua maioria a modificarem as suas concepções. Estes entram emum curso com um conjunto <strong>de</strong> noções <strong>do</strong> senso comum e mesmo após terem si<strong>do</strong>aprova<strong>do</strong>s, como mostra o estu<strong>do</strong> feito por HOURCEDE E AVILA(1985), permanecemcom esses.Para evitarmos o exposto, pensamos em <strong>de</strong>senvolver um curso on<strong>de</strong> o enfoquecentral <strong>de</strong>ve ser o mo<strong>de</strong>lo cinético <strong>do</strong> calor e assim os vários outros conceitos <strong>de</strong>verãosofrer uma "tradução" para esse enfoque microscópico, passan<strong>do</strong> a servirem para darfrutibilida<strong>de</strong> ao mo<strong>de</strong>lo causal, condição <strong>de</strong>sejavél para solidificar uma construçãoconceitual nova (POSNER et al.,1982).Esta nossa concepção é compartilhada por HALBWACHS (apud VAZQUEZDIAZ, 1987): "Sem dúvida, o conceito <strong>de</strong> calor resulta <strong>de</strong> forma muito natural quan<strong>do</strong> seconhecem os mecanismos microscópicos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> energia nos processos <strong>de</strong>interação térmica. Estes mecanismos admitem ser representa<strong>do</strong>s por um mo<strong>de</strong>lo causal eos mo<strong>de</strong>los causais são os mais fáceis <strong>de</strong> se apren<strong>de</strong>r e os mais satisfatórios para ascrianças e a<strong>do</strong>lescentes.".Outro aspecto importante diz respeito à meto<strong>do</strong>logia a ser usada no curso. Anossa opção são os enfoques <strong>de</strong> natureza construtivista, os quais serão fruto também dapesquisa.3- Bases Teóricas para o CursoPara sustentarmos o nosso ensino e po<strong>de</strong>rmos coletar informações,usaremos asconcepções construtivistas <strong>de</strong> PIAGET e <strong>do</strong>s neo-piagetianos.Tais concepções têm permiti<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rar o problema <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> ciênciasso<strong>br</strong>e uma perspectiva diferente (GARCIA, 1982) e têm da<strong>do</strong> base teórico-explicativapara operar mudanças altamente signiftcàtivas nas ações pedagógicas e no processo <strong>de</strong>interferência na aprendizagem <strong>do</strong>s alunos (CASTORINA, 1988).Esta nova filosofia, rechaça a figura <strong>do</strong> professor como mero transmissor <strong>de</strong>conhecimentos, on<strong>de</strong> a tarefa <strong>de</strong>ste é ensinar, e <strong>do</strong> aluno apren<strong>de</strong>r, e propõe uma postura


II539dialética <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento, entre as idéias <strong>do</strong> professor e <strong>do</strong> aluno, sen<strong>do</strong> atônica da aula permeada pela maiêutica socrática (BOVET et al., s/d).Por outro la<strong>do</strong>, o termo construtivismo, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> uso corrente entre psicólogos,filósofos e educa<strong>do</strong>res, po<strong>de</strong> ter muitos significa<strong>do</strong>s, como sa lienta NOVACK (1988),<strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser esclareci<strong>do</strong>.Aqui, enten<strong>de</strong>-se por construtivismo a idéia <strong>de</strong> que o conhecimento é edifica<strong>do</strong>por um indivíduo ou por um grupo, como um processo contínuo; que a verda<strong>de</strong> -diferentemente <strong>de</strong> como acreditam os pensa<strong>do</strong>res positivistas - não po<strong>de</strong> ser aprop riada,mas sim perseguida e que, assim sen<strong>do</strong>, as concepções variam <strong>de</strong> um para o outro,sofren<strong>do</strong> mudanças com o passar <strong>do</strong> tempo (NOVACK, 1988). Por isso, o conhecimentonão po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> como um amontoa<strong>do</strong> <strong>de</strong> idéias ou fatos, mas sim, como umconjunto <strong>de</strong> "pontes" e "caminhos" construí<strong>do</strong>s pelo sujeito, à sua maneira, que estepercorre ou modifica ao interagir com o objeto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da intensida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>momento da interação, que venha a ter (SILVA, 1990).Não per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> vista o ensino <strong>de</strong> Física, qual <strong>de</strong>ve ser a meto<strong>do</strong>logiaa<strong>de</strong>quada a respeitar os princípios apresenta<strong>do</strong>s acima?Para que possamos dar um encaminhamento da resposta <strong>de</strong>sta questão,necessitamos <strong>de</strong> alguns esclarecimetos so<strong>br</strong>e o processo <strong>de</strong> equili<strong>br</strong>ação <strong>de</strong> PIAGET.A equili<strong>br</strong>ação é entendida como uma ativida<strong>de</strong> necessária da mente humanapara so<strong>br</strong>eviver, ent resposta ao meio. Nas próprias palavras <strong>de</strong> PIAGET: " O mecanismo<strong>de</strong> equili<strong>br</strong>ação é aciona<strong>do</strong> por uma perturbação no sistema cognitivo, quan<strong>do</strong> daaplicação <strong>de</strong>ste sistema ou pa rte <strong>de</strong>le a um objeto ou a um evento, geran<strong>do</strong> assim umalacuna ou conflito na busca <strong>de</strong> uma explicação. Estan<strong>do</strong> o sistema em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io, construções compensatórias ou regula<strong>do</strong>ras são produzidas, num processotipicamente gradual, que envolve muitos 'feedbacks' cíclicos." (PIAGET, apud ROWELL,1989). Em outras palavras <strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r que uma explicação por mais didática, clarae organizada que seja, se não perturbar o sistema cognitivo <strong>de</strong> um aluno, não resulta emaprendiza<strong>do</strong>, isto é, em construção <strong>de</strong> conhecimentos. Os processos típicos <strong>de</strong>memorização são <strong>de</strong>strui<strong>do</strong>s rapidamente, após cu rto intervalo <strong>de</strong> tempo (BENLLOCK,1984).A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> no ensino, usar-se as situações conflitantes é reconhecida hoje<strong>de</strong> forma quase que consensual entre os pesquisa<strong>do</strong>res da área(ZYLBERSTAJN, 1983) eesta estratégia tem se mostra<strong>do</strong> altamente positiva para se obter aprendiza<strong>do</strong>.Em trabalho recente <strong>do</strong> nosso grupo <strong>de</strong> pesquisa pô<strong>de</strong>-se mostrar a eficácia<strong>de</strong>sta estratégia (SILVA, 1989 e 1990).


540Porém não é qualquer problema que po<strong>de</strong> levar ao conflito cognitivo. Enecessário conhecermos como um indivíduo ( ou como to<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma mesma sala <strong>de</strong> aula)pensa para partirmos <strong>de</strong>stas idéias e <strong>de</strong>senvolvermos problemas e ativida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadaspara tal. Assim, enten<strong>de</strong>r como os alunos pensam e quais são as noções (so<strong>br</strong>e um<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> conceito ou mo<strong>de</strong>lo) que estes trazem para a sala <strong>de</strong> aula é <strong>de</strong> fundamentalimportância.4- Resumo das Ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> CursoComo mencionamos, o enfoque <strong>de</strong>sta parte que mostraremos aqui, foram osprocessos microscópicos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e se estes processos permitem umaprendiza<strong>do</strong> maior.Para estar em comum acor<strong>do</strong> com as premissas teóricas, optamos por apresentarquestóes problemáticas aos alunos e solicitar que estes respon<strong>de</strong>ssem individualmente, eem seguida, faze-los trabalhar em pequenos grupos para que as suas hipóteses fossemanalisadas e <strong>de</strong>batidas com outros, buscan<strong>do</strong> uma interação cognitiva entre os alunos.As primeiras questões diziam respeito aos processos <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong>, porexemplo, um chaleira com água. Questionamos o que acontecia com a água e em seguidapedimos aos alunos tentarem representar as partículas da água durante este processo.Para que as interações pu<strong>de</strong>ssem ocorrer mais intensamente, pedimos aosalunos que colocassem na lousa as respostas que os grupos haviam sistematiza<strong>do</strong> esolicitamos que tentássemos buscar um consenso entre as várias explicações. Estaestratégia, que guarda em si os conflitos <strong>de</strong> natureza cognitiva consumiu três aulas. Aofinal <strong>de</strong>sta etapa observamos que os alunos optam por um mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> tipo cinético, porémainda pouco elabora<strong>do</strong>.Nas duas aulas seguintes buscamos dar frutibilida<strong>de</strong> ao mo<strong>de</strong>lo construí<strong>do</strong>,solicitan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro da mesma sistemática <strong>de</strong> trabalho, que os alunos explicassem a fusão ea solidificação.da DIDAK.Após algumas aulas apresentamos um filme didático:" Calor e teoria molecular",Em seguida optamos pelas escalas termométricas, trabalhan<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e um textohistoriográfico <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das referidas escalas, convergin<strong>do</strong> para o<strong>de</strong>senvolvimento da escala KELVIN, com o uso <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelos alunos.


541A escala KELVIN foi <strong>de</strong>senvolvida so<strong>br</strong>e a problemática <strong>de</strong> se pensar no limite<strong>de</strong> resfriamento <strong>de</strong> um corpo e na forma <strong>de</strong> se medir o grau <strong>de</strong> agitação <strong>do</strong> mesmo, sobum enfoque microscópico.' Em seguida o mo<strong>de</strong>lo cinético foi utiliza<strong>do</strong> para contruir-se as relações <strong>de</strong> calorlatente e sensível, capacida<strong>de</strong> térmica, calor especo e equili<strong>br</strong>ios térmicos, bem como adilatação <strong>de</strong> sóli<strong>do</strong>s e líqui<strong>do</strong>s, os gases e as leis da termodinâmica.Ativida<strong>de</strong>s experimentais foram usadas para a construção <strong>de</strong> termômetros epara os calores latente e sensfvel.S- Resumo das Respostas <strong>do</strong>s AlunosA seguir apresentaremos as respostas selecionadas como ilustrativas paradiscutirmos a aprendizagem alcançada. Estas respostas, foram obtidas em <strong>do</strong>is testes, umpré-teste aplica<strong>do</strong> em agosto/90 e um pós-teste aplica<strong>do</strong> em fevereiro/91.Os referi<strong>do</strong>s testes foram idênticos para permitir comparação das respostas, econtaram com nove questões abertas. Das nove questões, cinco diziam respeito aosconceitos que abordamos no curso e as outras quatro eram <strong>de</strong> caráter mais geral.Respeitan<strong>do</strong> o objetivo a que nos propomos, iremos trabalhar aqui apenas comas questões 1 e 4, as quais reproduzimos abaixo:1: No dia-a-dia usamos muitas vezes cubos <strong>de</strong> gelo para esfriar refrescos, sucosou refrigerantes. Como você explica o fato <strong>do</strong> gelo tomar estas bebidas mais frias?por que ela esfria.2- A vovó Donalda tira a torta quente <strong>do</strong> forno e a coloca na janela. ExpliqueA Análise <strong>do</strong> pré-teste revelou que num total <strong>de</strong> 41 alunos:torta, tais como:-Seis usaram a noção <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> calor entre o suco e o gelo ou entre o ar e aNa 1- "Porque o gelo recebe calor <strong>do</strong> refresco e começa a <strong>de</strong>rreter...estes semisturam e há troca <strong>de</strong> calor, assim o refresco abaixa a sua temperatura."-33 alunos mostraram uma resposta em que a mistura <strong>do</strong> gelo <strong>de</strong>rreti<strong>do</strong> com osuco fazia a temperatura ficar numa média, sem existência <strong>de</strong> um processo térmico, ou


542ainda um processo em que há troca <strong>de</strong> temperaturas, ou uma tendência espontânea danatureza:Na 1- "0 gelo tem uma temperatura mais fria que o suco e estan<strong>do</strong> em contatocom o material, há uma mistura <strong>de</strong> temperatura.""Ou na 4- "A torta entra em contato com o ar <strong>de</strong> temperatura diferente, e porisso sofre reações e assim o vento também sofre."Por fim, <strong>do</strong>is alunos apresentaram respostas com estruturas causais aleatórias, asquais não se p8<strong>de</strong> agrupar com as outras.No pós-teste o quadro é o seguinte:-11 alunos apresentam uma explicação causal através <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo cinético:Na 1- "As partículas <strong>do</strong> gelo 'estabilizam' as partículas <strong>do</strong> refresco. Assim,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um certo tempo, as partículas <strong>do</strong> refresco estarão menos agitadas."Ou na 4- "As partículas <strong>do</strong> gelo estão menos agitadas <strong>do</strong> que as <strong>do</strong> refresco...nos'choques' entre as partículas <strong>do</strong> gelo e <strong>do</strong> refresco há uma troca <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que aagitação das partículas <strong>do</strong> refresco diminui."-14 alunos apresentam a idéia <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> calor entre as duas fontes, isto é,fazem uma análise macroscópica conceitualmente correta:Na 1- " Porque o gelo tem uma temperatura mais baixa e há uma troca <strong>de</strong> calorentre o gelo e as bebidas. O gelo recebe calor.""Ou na 4- " Porque há troca <strong>de</strong> energia (calor) entre a torta e o ar. Como atemperatura <strong>do</strong> ar é menor ela esfria.-15 alunos fazem referência apenas a uma média entre as temperaturas, ou usama idéia <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> temperaturas, ou ainda explicam com uma tendência natural:Na 1-" Existe uma fusão das partículas <strong>do</strong> gelo que são mais geladas, com as <strong>do</strong>suco, então seria como tirar uma média das duas temperaturas."Ou na 4- " Porque entra em contato com a temperatura ambiente que <strong>de</strong>ve sermais baixa, esfrian<strong>do</strong> assim a torta."


543Por fun, apenas um aluno <strong>de</strong>u uma resposta sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agrupamento.Mesmo assim, apenas na questão 1, na 4 ele usa a idéia <strong>de</strong> calor.6 - ComentáriosComo observamos no começo, as conclusões <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s quepossuimos, tornam-se prematura, pois para tal seria necessário o estabelecimento <strong>de</strong> umsistema interno <strong>de</strong> análise das respostas, para uma comparação mais efetiva. Porémacreditamos ter podi<strong>do</strong> apresentar este projeto e a sua estrutura, permitin<strong>do</strong> o diálogo ea interação com outros pesquisa<strong>do</strong>res.Quanto ao ensino, notamos um avanço entre o pré e o pós-teste; a amostratrabalhada manifestou uma melhora muito significativa: mais da meta<strong>de</strong> (25 em 41)apresentam respostas excelentes.Os 11 alunos que apresentaram o mo<strong>de</strong>lo cinético estão fora <strong>de</strong>questionamento, pois expressam com precisão essa idéia. Já os 15 que usaram a troca <strong>de</strong>calor, fizeram-na por não ter aprendi<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo ou apre<strong>de</strong>ram, mas as explicaçõesmacroscópicas dão conta das respostas?Os restantes 15 alunos (14+1) que não apresentam ainda um aprendiza<strong>do</strong>satisfatório, têm ainda lacunas que "bloqueiam" as elaborações necessárias?Por fim este conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s está sen<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> sob várias formas e em <strong>br</strong>eveteremos novas certezas, que po<strong>de</strong>rão permitir a resposta das nossas indagações.7 - BibliografiaCASTORINA, JA. et alii (1988). Psicolo gia Genética- Aspectos Meto<strong>do</strong>lógicos eImplicações Pedagógicas. Trad. J.CA. A<strong>br</strong>eu, Po rto Alegre, Artes Médicas ed.GARCIA, R. (1982). El Desarrollo <strong>de</strong>l Sistema Cognitivo y la Ensenanza <strong>de</strong> ias Ciencias.Educacion, n° 42, Rev. Consejo Nac. Tec. <strong>de</strong> la Educ., México.COLL, C.(1987). As Contribuições da Psicolo gia para a Educação: Teoria Genética eAprendizagem Escolar. in: LEITE, L.B.(org.) (1987). Piaget e a Escola <strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a. trad.:AA Me<strong>de</strong>iros, São Paulo, Cortez ed..


544ZYLBERSTAJN, A. (1983). Concepções espontâneas em Física Exemplos em Dinâmicae Implicações para o <strong>Ensino</strong>. Rev. Ens.Fis., 5(2): 3-16.BENLLOCH, M. (1984). Por un Aprendizaje Construtivista <strong>de</strong> las Ciencias. Madrid,Visor li<strong>br</strong>os.TIPLER, PA.(1981) Física Mo<strong>de</strong>rna, trad. Y. Yamamoto, ed guanabara <strong>do</strong>is, Rio <strong>de</strong>Janeiro.HOURCEDE, J.L.G. e AVILA, C.R. (1985). Preconcepciones so<strong>br</strong>e el calor em 2o <strong>de</strong>BUP. Ens. <strong>de</strong> las Cienc., vol 3, pp 188-193.BOVET, M. et al. (s.d.). Causalité et Apprentissage. Pré-print, Université <strong>de</strong> Geneve.Fac. <strong>de</strong> Psychologie CH-1211, Geneve 4.NOVACK, J.D. (1988). Constructivismo Humano: Un Consenso Emergente. Ens. <strong>de</strong> lasCienc., 6(3), pp 213-223.SILVA, D. (1989). Um Estu<strong>do</strong> Psicogenético da Velocida<strong>de</strong> Angular e a Construção <strong>do</strong>seu <strong>Ensino</strong>. São Paulo, IFUSP/FEUSP (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>).SILVA, D.(1990). O <strong>Ensino</strong> Construtivista da Velocida<strong>de</strong> Angular. in: Textos-,pesquisapara o ensino <strong>de</strong> ciências. no4, FEUSP.POSNER, G. et al.(1982) Accommodation of a Scientific Conception: Toward a Theoryof Conceptual Change. Sci. Educ., 66(2), pp 211-227.VAZQUEZ DIAZ, J. (1987). Algunos Aspectos a Consi<strong>de</strong>rar en Ia Didatica <strong>de</strong>l Calor,Ens. <strong>de</strong> las Cienc., 5(3), pp 235-238.ROWELL, JA. (1989). Piagetian Epistemology. Equili<strong>br</strong>ation and the Teaching ofScience. Synthese, no80, pp141-162.


545Leitura em Aulas <strong>de</strong> Física: Influência da História <strong>do</strong> Leitor e <strong>do</strong> Tipo <strong>de</strong> TextoAlan E. Ricon, Maria Jog PM. <strong>de</strong> Almeida - FE-UNICAMPIntroduçãoVisan<strong>do</strong> superar o uso <strong>do</strong> livro didático como fonte quase que exclusiva <strong>do</strong>conhecimento, que é veicula<strong>do</strong> no ensino da Física, procurou-se reorientar a leitura emaulas <strong>de</strong> Física para i<strong>de</strong>ntificá-la como fonte <strong>de</strong> novos interesses, <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> e <strong>de</strong>gosto pela escola.Proce<strong>de</strong>u-se inicialmente à análise <strong>de</strong> respostas a questões que acompanharamtextos <strong>de</strong> divulgação cientifica usa<strong>do</strong>s em situações rotineiras <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> Física no 20grau. E, numa classificação preliminar, foi encontra<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> semi-cópias erespostas confusas conten<strong>do</strong> frases <strong>de</strong>sconexas. Foram constatadas também situações emque na avaliação formal a cópia era valorizada por professores <strong>de</strong> Física da classe.Com intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e possivelmente alterar situações como essa foramrealiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s exploratórios, nos quais se planejou, colocou em prática e analisoumaneiras alternativas para verificar a interação <strong>de</strong> estudantes com diferentes tipos <strong>de</strong>texto.Preferência so<strong>br</strong>e LeituraO primeiro estu<strong>do</strong>, realiza<strong>do</strong> numa classe <strong>de</strong> primeiro ano <strong>do</strong> curso magistérionoturno, <strong>de</strong> uma escola estadual <strong>de</strong> Campinas-SP, teve como finalida<strong>de</strong> a seleção <strong>de</strong>procedimentos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para obtenção das informações <strong>de</strong>sejadas: que questões se<strong>de</strong>veria formular? Como <strong>de</strong>veria ser a observação da classe? Qual <strong>de</strong>ve ria ser o grau <strong>de</strong>envolvimento <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r na dinâmica <strong>de</strong> leitura? Como <strong>de</strong>ve ria ser a discussão após aleitura <strong>de</strong> um texto pelos alunos?, Para conhecer um pouco a história <strong>de</strong> leitura e as preferências <strong>do</strong>s alunos queparticiparam <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, foi aplica<strong>do</strong> o seguinte questionário:1. 0 que você costuma fazer nas suas horas livres?2. Você gosta <strong>de</strong> ler? O quê?3. Você costuma ler como tarefa escolar? Em que disciplinas? Você gosta <strong>de</strong>staativida<strong>de</strong>?


5464. Você, na escola, provavelmente lê textos tanto nos livros <strong>de</strong> língua po rtuguesa comonos livros <strong>de</strong> Química ou Física: a) qual <strong>de</strong>les você prefere? (Justifique) b) qual a suamaior dificulda<strong>de</strong> ao tentar enten<strong>de</strong>r um texto?5. Se você no seu curso tiver a opo rtunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler so<strong>br</strong>e assuntos relaciona<strong>do</strong>s à Física,quais você gostaria mais?Registrou-se, por exemplo, que, na opinião <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s estudantes, ostextos <strong>de</strong> língua portuguesa eram mais fáceis, pois eram mais realistas, mais a<strong>br</strong>angentes,não <strong>de</strong>terminavam uma só idéia, diferentemente <strong>do</strong>s textos científicos. Essa opinoprovavelmente representava a imagem que eles tinham <strong>do</strong>s textos <strong>de</strong> ciências.Entre os assuntos aponta<strong>do</strong>s na quinta questão <strong>de</strong>stacou-se a física nuclear.As manifestações escritas e orais <strong>do</strong>s alunos, numa aula <strong>de</strong> discussão após aleitura <strong>de</strong> textos varia<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s à questão nuclear, <strong>de</strong>nunciam as relações que elesviam com o social (preocupações politicas e ecológicas), mostraram que eles possuiamconhecimentos anteriores (obti<strong>do</strong>s em outras leituras, conversas, TV, etc.), e que <strong>de</strong>ntreesses conhecimentos, alguns se relacionavam ao conhecimento científico (informaçõesso<strong>br</strong>e submarinos nucleares, energia atômica, etc). Ficou evi<strong>de</strong>nte também o seu interesseem obter maior número <strong>de</strong> informações.A análise das respostas influenciou o <strong>de</strong>lineamento <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.Textos <strong>de</strong> Tipo DiferenteO segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> exploratório, realiza<strong>do</strong> também numa classe <strong>do</strong> noturno, <strong>de</strong>uma escola estadual <strong>de</strong> Campinas, foi feito com alunos <strong>do</strong> 3° ano <strong>do</strong> 2° grau, e teve porobjetivo estudar a relação <strong>do</strong>s estudantes com textos so<strong>br</strong>e ciência, verifican<strong>do</strong> o queocorre quan<strong>do</strong> há variação na linguagem <strong>do</strong>s textos ("politica", "jornalistica","romanciada", "científica", "poética", "a rtística"). Pretendia-se respon<strong>de</strong>r questões como:<strong>de</strong> que mo<strong>do</strong> um texto auxilia o entendimento <strong>de</strong> assuntos relaciona<strong>do</strong>s com a Física?Quais as vantagens e eventuais <strong>de</strong>svantagens <strong>do</strong> seu uso?Além da observação da classe, para se conhecer um pouco <strong>do</strong>s hábitos e dahistória <strong>de</strong> leitura <strong>do</strong>s alunos utilizou-se o mesmo questionário <strong>do</strong> primeiro estu<strong>do</strong>.Para leitura foram seleciona<strong>do</strong>s sete textos so<strong>br</strong>e o tema fisica nuclear, cada umacompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> duas questões, cujos critérios para formulação foram: uma sondaria ouniverso <strong>de</strong> conhecimento e preferências <strong>do</strong> aluno, sen<strong>do</strong> sua resposta in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da


547leitura <strong>do</strong> texto; a segunda questão tinha caráter específico, sen<strong>do</strong> elaborada com oobjetivo <strong>de</strong> verificar se o aluno era capaz <strong>de</strong> locali,ar a resposta.Depois que cada aluno leu um <strong>do</strong>s textos e respon<strong>de</strong>u por escrito às duasquestões, foi realizada uma discussão com to<strong>do</strong>s os alunos.Os textos com as questões formuladas formam:. texto <strong>de</strong> revista em quadrinhos - introdução <strong>de</strong> uma mini-série em quadrinhos(2) comtítulo "FUSÃO", ten<strong>do</strong> como protagonista um <strong>do</strong>s X-MEN, WOLVERINE (um mutantemeio homem, meio lobo, praticamente in<strong>de</strong>strutível). A trama mistura realida<strong>de</strong> e ficçãoreferin<strong>do</strong>-se ao aci<strong>de</strong>nte na usina <strong>de</strong> Chernobyl. Questões: 1) Você gosta <strong>de</strong> lerquadrinhos? Por quê? Quais? 2) Como se dá o processo <strong>de</strong> fissão <strong>do</strong> urânio - 235?. texto <strong>de</strong> divulgação científica com linguagem próxima a <strong>do</strong> livro didático - parte <strong>de</strong> umlivro da Coleção Primeiros Passos(3) ten<strong>do</strong> como assunto o núcleo atômico. Questões: 1)Como você imagina que é um átomo? Apesar <strong>de</strong> você nunca ter visto um, você acreditarealmente que ele existe? Por quê? 2) 0 que é necessário para se provocar uma reaçãonuclear?. texto <strong>de</strong> divulgação científica com uso <strong>de</strong> tabela(4) - um sumário esquemático <strong>do</strong>s efeitosbiológicos da guerra nuclear. Questões: 1) O que você faria se amanhã tivesse inicio aguerra nuclear? Por quê? 2) Depois <strong>de</strong> quanto tempo após a guerra nuclear se estima quecomeçará a [alta <strong>de</strong> alimento? E qual a previsão para a duração <strong>de</strong>ssa falta?. texto <strong>de</strong> jornal(5) - <strong>do</strong>is artigos abordan<strong>do</strong> os testes nucleares no oceano. Questões: 1) 0que você acha <strong>do</strong>s países realizarem testes nucleares no oceano? Justifique. 2) Várioshabitantes das ilhas Rongelap e Vhinik <strong>de</strong>senvolveram tumores. Qual se ria o motivo?. texto retira<strong>do</strong> <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong> poesias - Um poema <strong>de</strong> Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> -"A bomba"(6). Questões: 1) Você costuma ler poesia? Gosta <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> leitura? Porquê? 2) Em quais versos Drummond enfatiza o mal que a radioativida<strong>de</strong> causa por umlongo tempo após a explosão da bomba?(2)Wolverine - Fusão, A<strong>br</strong>il Cultural v. 1.(3)Hamburger, E. Fisica. São Paulo: Brasiliense, 89-96.(4)Ehrlich, P.R; Kennedy, D; Sagan, C; Roberts, W.D. O inverno nuclear, Rio <strong>de</strong> Janeiro:Francisco Alves, 55-56.(5) Boscou, I. Folha Ciência, 13/10/89; Folha <strong>de</strong> São Paulo.(6) Andra<strong>de</strong>, C.D. Reunião, Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio Editora, 1978, 272-277.


548. texto com linguagem "crônica -romanceada"(7) referência ao aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Goiânia numalinguagem que mistura um tom <strong>de</strong> crônica jornalística a um "enre<strong>do</strong>" <strong>de</strong> romance e algunstoques poéticos. Questões: 1) Como você vê a ocorrência <strong>de</strong> fatos como o aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>Goiânia? On<strong>de</strong> estava presa a pedra azul? Você tem idéia <strong>do</strong> porquê?.texto <strong>de</strong> divulgação científica com conteú<strong>do</strong> polêmico(8) e cartum humorístico(9) - umconjunto <strong>de</strong> argumentos a favor e contra a energia nuclear e um cartum mostran<strong>do</strong>mendigos protegi<strong>do</strong>s por roupas especiais procuran<strong>do</strong> lixo atômico. Questões: 1) Vocêacha que o Brasil necessita <strong>de</strong> Usinas Nucleares? Por quê? 2) Qual era o número <strong>de</strong>Usinas Nucleares que estava previsto no contrato com a Alemanha?O que o estudante consi<strong>de</strong>rava uma resposta? Copiava literalmente o texto? Oque nós consi<strong>de</strong>rávamos resposta satisfatória podia modificar-se após a leitura dasrespostas <strong>do</strong>s alunos?O pequeno número <strong>de</strong> estudantes (<strong>do</strong>is ou três leram cada texto) não permiteque se generalizem conclusões. O fato <strong>do</strong> trabalho ter si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> como ativida<strong>de</strong>"extra" (não havia o "fantasma" da avaliação) também <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> para sepensar o uso em sala <strong>de</strong> aula.Mas, da análise das respostas e da aula <strong>de</strong> discussão uma conclusão importante -os alunos possuem conhecimentos anteriores, não restritos apenas ao conhecimepto físico,e no processo <strong>de</strong> interação com diferentes tipos <strong>de</strong> texto, e posteriormente na discussãoestes conhecimentos afloram mais facilmente.A i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sses conhecimentos é fundamental para o entendimento <strong>do</strong>processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento científico nos alunos. Ensinar Física passa pelaestrutura <strong>do</strong> átomo aos horrores <strong>de</strong> Hiroshima. A ciência é parte da cultura <strong>do</strong> homem e<strong>de</strong>la não po<strong>de</strong> se dissociar.A leitura é uma fonte importante <strong>de</strong> informação <strong>de</strong>pois que os alunos saírem daescola. Como processo <strong>de</strong> interação entre um ser social e um texto, que em seu discursocarrega inevitavelmente o social, possibilita o aflorar <strong>de</strong> conhecimentos anteriores epermite ampliar, aprofundar e até mesmo analisar criticamente esses conhecimentos.(7) Gabeira, F. Goiânia. Rua 57 O Nuclear na Terra <strong>do</strong> Sol. Rio <strong>de</strong> Janeiro: EditoraGuanabara, 1987, 11-15.(8) Gol<strong>de</strong>mberg, J. O quc é energia nuclear. São Paulo: Brasiliensc, 1981,64-66.(9) Reinal<strong>do</strong>, Ciência Hoje 2 (12), p.49.


549BibliografiaAndré, M.E.DAA. Pesquisa no cotidiano escolar. In Fazenda, I.(org.) Meto<strong>do</strong>lotda <strong>de</strong>pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 1989.Freire, P. Acto Cultural para a Liberda<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1976, 9-12.Geraldi, W.J. Prática da leitura <strong>de</strong> textos na escola. Leitura Teoria e Prática, 03, 25-31.Orlandi, E.P. Produção da leitura e suas contradições. Leitura Teoria e Prática, 01, 20-25.Orlandi, E.P. As histórias das leituras. Leitura Teoria e Prática, 03 7-9.Orlandi, E.P. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 1988.Concepções Espontâneas Como Ponto <strong>de</strong> Partida Para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> ÓticaGeométrica: Um Estu<strong>do</strong> Quase ExperimentalJoão Batista Siqueira HarresFundação Alto Taquari <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Superior-Lajea<strong>do</strong>, RSFundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha - N. Hamburgo, RSIntroduçãoO ensino <strong>de</strong> Física tem passa<strong>do</strong> nos últimos anos por um processo <strong>de</strong> discussõese re<strong>de</strong>finição. Nesse contexto, o estu<strong>do</strong> das concepções que o indivíduo constrói emfunção <strong>de</strong> sua interação com o meio em que vive tem mereci<strong>do</strong> muita atenção <strong>do</strong>spesquisa<strong>do</strong>res.A maior parte <strong>de</strong>stes estu<strong>do</strong>s tem se <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a levantar estas concepções nasmais variadas áreas (1). Em função da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> populações investigadas, estesestu<strong>do</strong>s pu<strong>de</strong>ram mostrar que as concepções mencionadas anteriormente, <strong>de</strong>nominadasaqui <strong>de</strong> concepções espontâneas mas também conhecidas como "concepções intuitivas","concepções alternativas", "concepções contextualmente errôneas", etc.(2), apresentamalgumas características marcantes.De mo<strong>do</strong> geral, as concepções espontâneas são freqüentes (é consi<strong>de</strong>rável onúmero <strong>de</strong> indivíduos que as apresentam), transculturais (são i<strong>de</strong>ntificadas em culturasdiversas) e resistentes (são apresentadas por indivíduos em níveis avança<strong>do</strong>s <strong>de</strong>


550escolarida<strong>de</strong>). Existem muitos motivos pelos quais estas concepções sejam <strong>de</strong>sta forma.Erros nos livros <strong>de</strong> texto (3), dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s professores (4) e a visão egocêntrica <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> que a criança e até a<strong>do</strong>lescentes apresentam (5) são alguns <strong>de</strong>stes motivos.Entretanto, a razão mais evi<strong>de</strong>nte da gran<strong>de</strong> freqüência e resistência <strong>de</strong>ssasconcepções parece ser a pequena atenção que elas tem recebi<strong>do</strong> em sala <strong>de</strong> aula (6). Aimplementação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> ensino que levem o aluno à mudança <strong>de</strong> suasconcepções, aproximan<strong>do</strong>-o <strong>do</strong> conhecimento científico, tem si<strong>do</strong> pouco pesquisa<strong>do</strong>.Conseqüentemente, a pesquisa em concepções espontâneas não produziu ainda umamudança significativa no processo ensin o-aprendizagem (7).Este trabalho <strong>de</strong>screve um estu<strong>do</strong> em que se procura avaliar uma estratégia <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong>senvolvida para, a partir das concepções espontâneas <strong>do</strong>s estudantes, modificarestas concepções.HipóteseCom base no problema levanta<strong>do</strong> anteriormente, formula-se a seguintehipótese:Um Planejamento <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> ten<strong>do</strong> como ponto <strong>de</strong> partida as concepções espontâneas<strong>do</strong>s estudantes é mais eficaz que outro que não as leva em conta para promover amudança conceitual no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> apropriação pelos estudantes <strong>do</strong> conhecimentocientífico aceito.Meto<strong>do</strong>logiaDuas turmas da 33 série <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Técnico em Química da Fundação EscolaTécnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, que ainda não tinham estuda<strong>do</strong> ÓticaGeométrica, participaram como amostra <strong>de</strong>sta pesquisa. Os <strong>do</strong>is grupos eramequivalentes em termos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, nível social e em notas nas disciplinas <strong>do</strong> curso.Um questionário respondi<strong>do</strong> pelos professores que atuam nas duas turmasrevelou que uma <strong>de</strong>las apresentava maior disponibilida<strong>de</strong> para expor suas idéias,manifestar dúvidas e <strong>de</strong>scutir ambigüida<strong>de</strong>s. Assim, esta turma foi escolhida como grupo<strong>de</strong> controle para evitar que esta diferença invalidasse conclusões subseqüentes.O <strong>de</strong>lineamento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser classifica<strong>do</strong> como quase-experimental (8) eenvolveu um grupo experimental e um grupo <strong>de</strong> controle submeti<strong>do</strong>s a um pré-teste e umpós-teste.


551O teste foi especialmente elabora<strong>do</strong> para esta pesquisa e tomou por baseestu<strong>do</strong>s semelhantes (9,10 e 11). Este teste, com 15 questões objetivas, foi previamentevalida<strong>do</strong> por especialistas na área e pela aplicação em 295 estudantes que já tinhamestuda<strong>do</strong> Ótica Geométrica no 2° ou no 3° grau.Na etapa seguinte, elaborou-se o material instrucional. Para o grupoexperimental foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is aspectos: os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> pré-teste e a estratégia<strong>de</strong> mudança conceitual a<strong>do</strong>tada. O primeiro relaciona-se com a hipótese e o segun<strong>do</strong>ressalta o fato <strong>de</strong> que não basta <strong>de</strong>tectar quais as concepções o indivíduo posssui, énecessário a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> uma estretégia que o leve até a concepção correta(cientificamente aceita).Nesse senti<strong>do</strong>, após um estu<strong>do</strong> da literatura a respeito (1, 7,12 e 13), elaborou-seo material instrucional para o grupo experimental <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a seguinte linha <strong>de</strong>ação:1° propiciar ao estudante, através <strong>de</strong> perguntas, discussões em pequeno e emgran<strong>de</strong> grupo, a articulação <strong>de</strong> suas concepções da forma mais clara possível;2° criar situações (experimentos, leituras, discussões e análise <strong>de</strong> fotografias)que i<strong>de</strong>ntifiquem os problemas das concepções espontâneas na explicação <strong>do</strong>s fenômenos;3° colocar o estudante em contato com a concepção científica estabelecen<strong>do</strong> umconfronto entre as concepções que leve a incorporação da concepção correta.O material instrucional para o grupo <strong>de</strong> controle foi elabora<strong>do</strong> toman<strong>do</strong>-se porbase um texto <strong>de</strong> relevância no ensino <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° grau (14) e <strong>de</strong> tal forma que osexperimentos, fotografias e outros recursos fossem os mesmos <strong>do</strong> grupo experimental,mas aborda<strong>do</strong>s sem nenhuma referência às concepções <strong>do</strong> estudante. Assim, o grupo <strong>de</strong>controle teve acesso ao conhecimento cientifico através da confirmação ou <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>leis e princípios, com a posterior aplicação e análise <strong>de</strong> outras situações.Ambos os materiais diziam respeito aos seguintes itens da Ótica Geométrica: luze visão, proprieda<strong>de</strong>s da propagação da luz, raios e feixes <strong>de</strong> luz, reflexão da luz eespelhos planos. A aplicação <strong>do</strong>s materiais envolveu um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 3 semanas, com 4horas-aula cada uma, no fim <strong>do</strong> 1° semestre <strong>de</strong> 1990. Duas semanas após, no reinicio <strong>do</strong>2° semestre, o pós-teste foi aplicada sem que os estudantes soubessem <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>pré-teste e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa.


552Apresentação e discussão <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>sA tabela abaixo mostra o escore médio <strong>de</strong> cada grupo no pré-teste (T1), aproporção <strong>de</strong> repetentes em cada grupo (R), o escore médio no pós-teste <strong>de</strong> cada grupo(T2) e a média ajustada <strong>de</strong> cada grupo no pós-teste (T2 Aj.) após análise <strong>de</strong> covariância.Esta análise tomou como covariáveis os escores no pré-teste e o fato <strong>do</strong> aluno serrepetente ou não. Foi <strong>de</strong> 28 o número <strong>de</strong> indivíduos em cada grupo.Grupo TI R 7 27 2Aj.EXPERIMENTAL 6,68 0,036 11,28 11,24CONTROLE 6,50 0,107 10,14 10,19Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> pré-teste evi<strong>de</strong>nciaram a equivalência entre os grupos pois nãose observou diferenças estatisticamente significativas entre estes escores (t = 0,24). Poroutro la<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> pós-teste confirmaram a hipótese formulada já que o grupoexperimental apresentou um escore superior ao grupo <strong>de</strong> controle com uma diferençaestatisticamente significativa a nível inferior a 0,05 (t = 1,82).Implicações Para o <strong>Ensino</strong>Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>nciam a importância <strong>do</strong> professor levar emconsi<strong>de</strong>ração as concepções espontâneas <strong>de</strong> seus alunos durante o processo ensinoaprendizagem.A idéia comum <strong>de</strong> que o aprendiza<strong>do</strong> começa <strong>de</strong> um nível zero (5) pre cisaser modificada pois concepções anteriores influenciam fortemente a aprendizagemsubsequente (10).Além disso, em virtu<strong>de</strong> da resistência <strong>de</strong>ssas concepções à modificação, énecessário a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> avaliação que não mascarem a sua existên cia (2).Muitas vezes, quan<strong>do</strong> o professor consi<strong>de</strong>ra esta existência, ele acredita que estasconcepções <strong>de</strong>saparecerão após o ensino (5). Assim, para <strong>de</strong>tectar e avaliar o nível daspré-concepções <strong>do</strong> estudante, testes como o elabora<strong>do</strong> nesta pesquisa parecem ser umbom recurso.Entretanto, é preciso também modificar estas concepções (quan<strong>do</strong> errõneas, oque é freqüente) <strong>de</strong> maneira significativa na estrutura cognitiva <strong>do</strong> estudante. Nessesenti<strong>do</strong>, este estu<strong>do</strong> apresenta uma aplicação eficaz, na Ótica Geométrica, <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo


553<strong>de</strong> mudança conceitual basea<strong>do</strong> no confronto entre as concepções <strong>do</strong> estudante e asconcepções científicas.Destaca-se, por fim, que tanto a <strong>de</strong>tecção quanto a mudança <strong>de</strong> concepções<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, essencialmente, <strong>do</strong> professor. E ele que direciona o ensino para tal enfoque.Por isso, é fundamental que os <strong>do</strong>centes <strong>de</strong> Física e os cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>stesanalisem com mais cuida<strong>do</strong> esta questão.Referencias1. GILBERT, J.K. & WATTS, M., 1983. Concepts, misconceptions and alternativeconceptions: changing perspectives in science education. Science Education, 10: 67-98.2. AXT, R. et alli, 1990. Experimentação seletiva e indissociada da teoria como estratégiapara facilitar a reformularão conceitual em física. mim.3. AXT, R., 1988. Professores <strong>de</strong> hoje, alunos <strong>de</strong> ontem... (dificulda<strong>de</strong>s com algunsconceitos-chave so<strong>br</strong>e flui<strong>do</strong>s). Cad. Cat. Ens. Fis., 5(1):7-18.4. AXT, R. & BRUCKMANN, M.E., 1989. 0 conceito <strong>de</strong> calor nos livros <strong>de</strong> ciências.Cad. Cat. Ens. Fis., 6(2):15-22.5. Gilbert, J.K. et alli, 1982. Children's science and its consequences for teaching, ScienceEducation, 66(4):623-33.6. WATTS, M., 1985. Stu<strong>de</strong>nt conceptions of light: a case study. Physics Education,20:183-7. •7. PERALES, F.J., 1990. Un enfoque constructivista en la enseiianza <strong>de</strong> la opticageométrica. Granada, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Granada.8. CAMPBELL, D.T. & STANLEY, J.C., 1879. Delineamentos experimentais e quaseexperimentais<strong>de</strong> pesquisa. São Paulo, E.P.U.9. BARROS, S.L.S. et ali, 1989. Conceitos espontâneos <strong>de</strong> crianças so<strong>br</strong>e fenômenosrelativos à luz: análise qualitativa. Cad. Cat. Ens. Fis., 6(1):9-20.10. GOLDBERG, F.M. & McDERMOTT, L.C., 1986. Stu<strong>de</strong>nt difficulties inun<strong>de</strong>rstanfing image formation by a plane mirror. Physics Teacher, nov., 472-80.


55411.LA ROSA, M.M. et alli, 1984. Commonsense Knowledge in optics: preliminary resultsof an investigation into properties of light. European Journal of Science Education,6(4):387-97.12. POSNER, G.J. et alli, 1982. Accommodation of a scientific conception: toward atheory of a conceptual change. Science Education, 66(2):211-27.13. SILVEIRA, F.L., 1989. A filosofia <strong>de</strong> Karl Popper e suas implicações no ensino daciência. Cad. Cat. Ens. Fis., 6(2): 128-42.14. ALVARENGA, B. & MÁXIMO, A., 1985. Cursos <strong>de</strong> Física, vol.2. ed. São PauloHar<strong>br</strong>a.Divulgação das Pesquisas <strong>do</strong> IFUSP para seus AlunosI<strong>de</strong>ly G. Rodrigues e Ernst W. Hamburger - IFUSPI. IntroduçãoO IFUSP conta com cerca <strong>de</strong> 160 professores, distribui<strong>do</strong>s em mais <strong>de</strong> 30 grupos<strong>de</strong> pesquisas experimentais e teóricas além <strong>de</strong> vários gran<strong>de</strong>s laboratórios. Há cerca <strong>de</strong>mil e quinhentos alunos mat ricula<strong>do</strong>s no curso <strong>de</strong> Física, perto <strong>de</strong> trezentos na pósgraduaçãoe a maioria <strong>do</strong>s estudantes conhece pouco so<strong>br</strong>e os trabalhos <strong>de</strong> pesquisas quesão realizadas no Instituto. Um programa <strong>de</strong> divulgação científica <strong>de</strong>ve então incluir opúblico interno.Foi organiza<strong>do</strong> em 3 semestres sucessivos, um curso so<strong>br</strong>e as Linhas <strong>de</strong> Pesquisa<strong>do</strong> Instituto, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aos alunos e outros interessa<strong>do</strong>s. A Pa rte 1, que apresenta ostrabalhos <strong>de</strong> pesquisa <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física Experimental, foi realiza<strong>do</strong> no 20semestre <strong>de</strong> 89 e no 1° semestre <strong>de</strong> 90. A Pa rte 2, que apresenta as pesquisas <strong>do</strong>sDepartamentos <strong>de</strong> Física Nuclear, Física <strong>do</strong>s Mate riais e Mecânica, e Física Matemáticafoi oferecida no 2° semestre <strong>de</strong> 1990. Sempre no horário <strong>de</strong> 18:00 às 19:20 h., às qua rtasfeiras. (Os Programas <strong>do</strong>s cursos se encontram no final <strong>do</strong> texto)


555II.ObJetivoApresentar e analisar os da<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e o curso "Algumas Linhas <strong>de</strong> Pesquisa emFísica na USP". Esse curso objetiva informar e divulgar os trabalhos <strong>de</strong> pesquisa<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelos vários Departamentos <strong>do</strong> IFUSP.III. So<strong>br</strong>e os ParticipantesNas 3 vezes em que o curso realizou-se, tivemos urna maioria <strong>de</strong> alunos <strong>do</strong> 10ano <strong>do</strong> IFUSP, mas também tivemos alunos <strong>de</strong> outros anos, shim <strong>de</strong> alunos <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong>:Meteorologia, Geofísica, Biologia, Engenharia e Processamento <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s.IV. Meto<strong>do</strong>logia A<strong>do</strong>tadaPor abordar vários temas, foram convida<strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes responsáveis pelas linhas<strong>de</strong> pesquisa <strong>do</strong>s vários Departamentos <strong>do</strong> IFUSP. Em aulas esitivas, com uso <strong>de</strong>retroprojetor, os principais aspectos da pesquisa na área eram enfoca<strong>do</strong>s. A cada aulaeram apresentadas duas linhas <strong>de</strong> pesquisa, com duração <strong>de</strong> 40 minutos cada.No último curso (Pane 2/90) cada palestra foi acompanhada <strong>de</strong> um tatoresumo elabora<strong>do</strong> pelo expositor, entregue no inibo da aula.V. Visits aos laboratórios <strong>de</strong> PiaAlém. das palestras foi oferecida aos participantes a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visita aalguns laboratórios <strong>de</strong> pesquisa, principalmente no curio Parte I <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Física Experimental. No curso Parte 2/90, por apresentar pesquisas com abordagem maisteórica, as visitas aos laboratórios foram restritas. •VI. Caaspar:0es ente os Canes


556abaixo.Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> freqüência <strong>do</strong>s alunos são apresenta<strong>do</strong>s na tabela e no gráficoaula alunos present's alunos presentes alunos presentesParte 1 - 89 .Parta 1 - 90 Parte 2 - 901 61 88 672 55 69 513 59 34 424 51 60 325 36 45 306 31 42 847 - 30 17Comparan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s três amos, po<strong>de</strong>mos observar que:1° Quanto ao tempo que <strong>de</strong>mora para a frequência cair à meta<strong>de</strong> temos 6 aulaspara a Parte1/89, 5 aulas para a Parte 1/90 e para a Parte 2/90 a freqüência cai em 4aulas a 46%.2° Dos 3 cursos o que manteve a maior média <strong>de</strong> freqüência foi o <strong>do</strong> 1° semestre<strong>de</strong> 90 (aproximadamente 55 alunos), provavelmente porque no 1° semestre os alunos,principalmente os <strong>do</strong> 1° ano, apresentam uma disposição maior para eventos como essecurso. Os cursos realiza<strong>do</strong>s no 2° semestre apresentam médias <strong>de</strong> freqüência mgnores (49alunos no curso <strong>de</strong> 89 e 38 no curso <strong>de</strong> 90). Mas esse curso é também o que apresentaqueda mais <strong>br</strong>usca na frequência, como po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> a partir da inclinação dasretas nos gráficos. On<strong>de</strong> os coeficientes angulares são 8 para o curso Parte 1/90, 5 e 7para os cursos Parte 1/89 e Parte 2/90.Observamos por outro la<strong>do</strong> que 10 alunos obtiveram certifica<strong>do</strong> tanto da Pa rte 1como da Parte 2 <strong>do</strong> curso.Cabe notar que esses da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> freqüência, para os três cursos, correspon<strong>de</strong>maos da lista <strong>de</strong> presença. Mas o número <strong>de</strong> alunos presentes em cada aula era maior queos da lista <strong>de</strong> presença. Alunos interessa<strong>do</strong>s nas palestras e não no ce rtifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> presençano curso.VIL SugestõesDiante <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s propomos para o próstimo ano:1° Um curso <strong>de</strong> um semestre <strong>de</strong> duração co<strong>br</strong>in<strong>do</strong> as pesquisas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<strong>de</strong>partamentos, e ministra<strong>do</strong> durante o 1° semestre <strong>de</strong> 1991.2° Um horário diurno e outro noturno.


557Proprieda<strong>de</strong>s Gerais <strong>do</strong> t inceito <strong>de</strong> Energia na Visão <strong>de</strong> EstudantesSecundáriosA.T. Filipecki, A.M. Silva, CA. Nascimento, S.HA. Almeida e S.S. BarrosGrupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física - IF-UFRJConsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compreensão <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> ener gia e a suaimportância curricular como conceito centraliza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os fenômenos naturais, assimcomo o fato da palavra energia ter várias conotações na linguagem leiga que precisam serconhecidas pelo professor quan<strong>do</strong> prepara seu material didático.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ainda, que a compreensão científica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> energiapermitirá sua transferência e aplicação para sitúações <strong>do</strong> contexto diário <strong>do</strong> cidadão, que<strong>de</strong>ve possuir fundamentos objetivos para a tomada d e. <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> caráter sócio-político,no seu dia-a-dia.Este trabalho foi realiza<strong>do</strong> com o objetivo especifico <strong>de</strong>:- levantamento <strong>do</strong> inventário <strong>do</strong>s estudantes so<strong>br</strong>e as diversas formas <strong>de</strong> energia;- conhecimento <strong>de</strong> qual é a compreensão <strong>do</strong>s alunos so<strong>br</strong>e as prop rieda<strong>de</strong>s gerais <strong>do</strong>conceito científico <strong>de</strong> energia e sua natureza.Os instrumentos utiliza<strong>do</strong>s foram:- um poster com figuras <strong>de</strong> diversas formas <strong>de</strong> energia(numeradas);- •tm questionário, conten<strong>do</strong> três itens:I. A.energia se parece com;II. O que a energia po<strong>de</strong> fazer com as coisas;III. O que po<strong>de</strong> ser feito com a ener gia.A amostra está constituída por estudantes <strong>de</strong> 5(cinco) escolas <strong>do</strong> Município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro, sen<strong>do</strong>: Santa Marcelina (Pa rticular); SENAI (Técnica); Mangueira eGomes Freire (Públicas) e Santa Madalena Sofia (Profissionalizante-contabilida<strong>de</strong>).Somente os alunos <strong>do</strong> SENAI já tinham si<strong>do</strong> escolariza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> tópico ENERGIA.O trabalho foi aplica<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong>-se a seguinte meto<strong>do</strong>logia:- discussão introdutória <strong>do</strong> professor acerca <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> projeto e da ativida<strong>de</strong>;


558- observação <strong>de</strong> um Poster com várias figuras representativas das diversas formas <strong>de</strong>energia, pelos estudantes subdividi<strong>do</strong>s em grupos <strong>de</strong> 4, com discussão e registro <strong>de</strong>informações;- apresentação das conclusões <strong>do</strong>s grupos por seus representantes em sala <strong>de</strong> aula;- discussão geral (professor e turma) acerca das conclusões apresentadas;- aplicação <strong>do</strong> questionário escrito.Análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sOs da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram trata<strong>do</strong>s percentualmente, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma amostra<strong>de</strong> N = 177. Os da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s como representativos foram aqueles cuja freqüência éigual ou superior a 50%.ConclusõesApós o tratamento e análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s nos foi possível tirar as seguintesconclusões em relação aos itens aborda<strong>do</strong>s:Item I. A ENERGIA SE PARECE COM: Os alunos <strong>de</strong>veriam associar as diversasformas <strong>de</strong> energia com: gás, liqui<strong>do</strong>, sóli<strong>do</strong>, flui<strong>do</strong>, onda, partícula imaterial. Houveconsenso entre: os alunos escolariza<strong>do</strong>s e não escolariza<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> diferentes classes sociais eainda <strong>de</strong> ambos os sexos.A) ENERGIA MECÂNICA - um sóli<strong>do</strong>, associada a movimento e força, representadapor automóvel, trator, etc.B) ENERGIA TÉRMICA E ELÉTRICA - mate riais e/ou imateriais, representada por :gela<strong>de</strong>ira, ferro elétrico e fogueira. Nota-se que os alunos i<strong>de</strong>ntificam melhor os lugares(instrumentos e/ou aparelhos) on<strong>de</strong> estas se manifestam.C) ENERGIA MAGNÉTICA - um sóli<strong>do</strong>, representada por um imã, que os estudantestêm mais familiarida<strong>de</strong>. Uma onda, que está associada talvez ao conceito <strong>de</strong> campo.D) ENERGIA SONORA - uma onda, representada por: rádio, pianista e músicotocan<strong>do</strong>.


559E) ENERGIA ATÔMICA - um gás, associa<strong>do</strong> ao seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> expansão e à explosão dabomba atômica. Uma partícula imaterial, por ser indivisível, sem matéria. Uma onda,associada à propagação; um sóli<strong>do</strong>, associa<strong>do</strong> à materiais radioativos. Um liqui<strong>do</strong> e/ouflui<strong>do</strong>, relaciona<strong>do</strong> com vasamento e fluxo.F) ENERGIA QUÍMICA - um gás, relaciona<strong>do</strong> com as reações químicas (vapores egases).ITEM II. O QUE A ENERGIA PODE FAZER COM AS COISAS: Os alunosrelacionam as diversas formas <strong>de</strong> energia com o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ação so<strong>br</strong>e as coisas:transformar/conservar/mover/criar/<strong>de</strong>struir. Observamos que não tivemos diferençasconsi<strong>de</strong>ráveis entre os alunos escolariza<strong>do</strong>s e não escolariza<strong>do</strong>s, e que <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geralexiste uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mesmo na i<strong>de</strong>ntificação das prop rieda<strong>de</strong>s gerais daenergia, mesmo assim, foi possível observar algumas tendências entre os grupos, taiscomo:A) ALUNOS ESCOLARIZADOS - não i<strong>de</strong>ntificam a prop rieda<strong>de</strong> da energia térmica <strong>de</strong>mover as coisas, acreditam que só a energia magnética não é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir as coisas.As energias sonora e magnética não po<strong>de</strong>m transformar as coisas. Desses alunos, aamostra masculina at ribuiu maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ação so<strong>br</strong>e as coisas às energias química,elétrica e atômica, o que a feminina ratificou somente para a energia elétrica.B) ALUNOS NÃO ESCOLARIZADOS - at ribuem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> conservação à energiatérmica, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> talvez a relação com a conservação <strong>do</strong>s alimentos na gela<strong>de</strong>ira. Os alunos<strong>do</strong> sexo masculino <strong>de</strong>monstram preferência pelas energias elétricas e mecânica e <strong>do</strong> sexofeminino pela elétrica, o que se <strong>de</strong>ve à sua gran<strong>de</strong> utilização no cotidiano. O sexofeminino <strong>de</strong> algumas escolas atribue à energia mecânica o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> transformação e aassociam com movimento.ITEM III. O QUE PODE SER FEITO COM A ENERGIA: Os alunos relacionam asdiversas formas <strong>de</strong> energia com aquelas ações que elas po<strong>de</strong>riam sofrer:criada/transformada/<strong>de</strong>struída/concentrada/dispersada/conservada/transferida/tocada/parada/armazenada.A) ALUNOS ESCOLARIZADOS: apresentam dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o conceito<strong>de</strong> energia potencial e não observam que a energia Mecânica possa ser armazenada edispersada, mas é a única que po<strong>de</strong> ser parada. Eles acreditam que todas as formas <strong>de</strong>energia po<strong>de</strong>m ser criadas, <strong>de</strong>struídas e dispersadas. A conservação da energia mecânicasó é compreendida por 50% da amostras masculina e 38% da feminina. Eles at ribuem omaior número <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s às energias química, atômica, elétrica e térmica. Aamostra masculina acredita que as energias química, mecânica e térmica po<strong>de</strong>m ser


560tocadas, o que a feminina discorda, ao não at ribuir essa proprieda<strong>de</strong> a nenhuma <strong>de</strong>las. Asproprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformar e conservar são as proprieda<strong>de</strong>s mais i<strong>de</strong>ntificadas.B) ALUNOS NÃO ESCOLARIZADOS - acreditam que todas as formas <strong>de</strong> energiapo<strong>de</strong>m ser criadas, <strong>de</strong>struídas, transformadas, armazenadas, concentradas e dispersadas, eas únicas que não po<strong>de</strong>m ser tocadas são: elétrica, sonora e atômica. A única energia quenão po<strong>de</strong> ser conservada é a sonora.Implicações para o <strong>Ensino</strong>Observamos algumas tendências que nos levam a uma melhor compreensão dasituação atual <strong>de</strong> nosso ensino <strong>de</strong> Física nas escolas secundárias. A pa rtir <strong>de</strong>stesresulta<strong>do</strong>s fazemos as seguintes sugestões:- Deve-se tratar a energia como uma categoria universal especificada (Cinética, Térmica,etc) e sempre levantar os aspectos <strong>de</strong> transformação, conservação, <strong>de</strong>gradação etransferência;- Mesmo não sen<strong>do</strong> possível quantizar todas as formas, é possível discutir para on<strong>de</strong> foi aenergia que não se obteve <strong>de</strong> uma dada forma;- Discutir a eficiência <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> transformação (Entropia/Entalpia);- Todas as formas <strong>de</strong> energia potencial <strong>de</strong>vem ser sistematicamente discutidas;- A noção <strong>de</strong> campo <strong>de</strong>ve ser introduzida <strong>de</strong> forma qua litativa e gradativa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitoce<strong>do</strong>. Explicação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> "Ação à distância";- A energia "Microscópica <strong>de</strong>ve ser discutida explicitamente com apresentação dasproprieda<strong>de</strong>s estatísticas."


1P561PAINÉISECOMUNICAÇÕES ORAISCOMPUTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ENSINO DEFÍSICA


563PainéisUm Ambiente para a Criação <strong>de</strong> Textos em InglêsSandra MA. Cal<strong>de</strong>ira - DCE, ICMSC-USP, São Carlos,SPAriadne M.B.R. Carvalho - DCC-IMECC, Unicamp, Campinas,SPOsval<strong>do</strong> N. Oliveira Jr. - DFCM, IFQSC-USP, São Carlos,SP1. IntroduçãoA complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> escrita, principalmente na produção <strong>de</strong> artigos,teses e <strong>do</strong>cumentações técnicas e a larga utilização <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res pessoais são os <strong>do</strong>isgran<strong>de</strong>s agentes que incentivam a criação <strong>de</strong> ferramentas automatizadas para a produção<strong>de</strong> textos. Este artigo <strong>de</strong>screve o começo <strong>de</strong> uma exploração que visa projetar ambientesúteis, flexíveis e atrativos on<strong>de</strong> o escritor sinta que a produção <strong>de</strong> seu texto está sen<strong>do</strong>monitorada mas não obstruída.2. Um Mo<strong>de</strong>lo para o Projeto <strong>do</strong> AmbienteO mo<strong>de</strong>lo aqui proposto é para o projeto <strong>de</strong> um ambiente para a criação <strong>de</strong>textos em inglês que assista ao escritor durante to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> escrita, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ageração e formulação <strong>de</strong> idéias até a produção <strong>de</strong> trechos contínuos <strong>de</strong> prosa.O ambiente se fundamenta em <strong>do</strong>is enfoques relaciona<strong>do</strong>s com o processo <strong>de</strong>escrita. O primeiro segue algumas idéias <strong>do</strong> projeto Assistente para a Escrita (1) que temo seu mo<strong>de</strong>lo para a escrita basea<strong>do</strong> na interligação e transições entre os três tipos <strong>de</strong>itens <strong>de</strong> textos:i) item instancia<strong>do</strong>s (trechos contínuos <strong>de</strong> prosa);ü) itens não instancia<strong>do</strong>s ou rótulos <strong>de</strong> idéias (cabeçalhos <strong>de</strong> capítulos, seções esubseções, etc.) eiii) item notacionais (comentários marginais, indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> seções a serem•revisadas, etc).O segun<strong>do</strong> enfoque se baseia na escolha das sentenças em inglês que comporãoo texto. Elas estão armazenadas numa Base <strong>de</strong> Conhecimento (2) sen<strong>do</strong> que a escolha dassentenças a<strong>de</strong>quadas é dirigida por um conjunto <strong>de</strong> regras retóricas <strong>de</strong> estilo. As


564sentenças escolhidas são apresentadas ao usuário que po<strong>de</strong> aprová-las ou não. A figura 1fornece uma ilustração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo.EDITORDEESTRUTURASPROCESSADORDEIDEIASLINEARIEADORTEXTO► ENOTIFICACOES DASUIOLACOES DE RESTRICOESTIPO DE TU1ORESTRICOESPARA 0 TDRoNETAESTILOAVALIADORd0CONTEXTOEDITOR DE TETROSSENSIVEL AITENS NOTACIONAISBASE DE C0IOIECINEHI0REGRASDEEST1L0Figura Is Modulo Conovitual <strong>do</strong> AmbienteAvalia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Contextoescrito:Este módulo recebe as informações que formarão o contexto <strong>do</strong> texto a seri) Tipo <strong>de</strong> texto: artigos científicos, artigos para jornais, teses, relatórios, etc. quefornecerão um guia para a estrutura <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento.ii) Restrições: número <strong>de</strong> palavras permiti<strong>do</strong>, formas <strong>de</strong> a<strong>br</strong>eviação, fonte dascitações, etc.iii) Metas retóricas <strong>de</strong> estilo: o usuário fornece valores para as metas quecausarão os efeitos <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s no texto, como nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento, formalida<strong>de</strong>,rebuscamento, simplicida<strong>de</strong>, etc.(3).


565módulos:Basea<strong>do</strong>s nos três tipos <strong>de</strong> itens <strong>de</strong> texto <strong>de</strong>scritos acima, i<strong>de</strong>alizamos quatroEditor <strong>de</strong> Estruturas: Permite ao escritor estruturar as várias partescomponentes <strong>de</strong> seu texto através <strong>de</strong> um diagrama <strong>de</strong> blocos.Processa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Idéias: Permite ao escritor escrever suas notas e estruturá-lasatravés <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> associativa.Lineariza<strong>do</strong>r das Estruturas e Re<strong>de</strong>s Associativas: Percorre as estruturas nãolineares transforman<strong>do</strong>-as em um texto contínuo.Editor <strong>de</strong> Textos Sensível a Itens Notacionais: Permite ao escritor realizar asoperações normais <strong>de</strong> um editor e também alotar os comentários feitos so<strong>br</strong>e o texto <strong>de</strong>uma forma não seqüencial.O conhecimento <strong>do</strong> ambiente relativo às sentenças que formarão o texto estãodividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is módulos na Base <strong>de</strong> Conhecimento: Módulo das Sentenças - estãoseparadas por partes gerais que compõem um texto científico - e Módulo das Regras <strong>de</strong>Estilo - especialistas que ajudam a escolher as sentenças que se adaptam aos valores <strong>de</strong>entrada forneci<strong>do</strong>s ao Ava lia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Contexto.Ao mesmo tempo que o escritor planeja e escreve, o sistema notifica asviolações das restrições e fornece explicações necessárias.3. Uma Ferramenta para a Geração Automática <strong>de</strong> TextosA parte mais padronizada <strong>de</strong> um artigo científico é, sem dúvida, a seção <strong>de</strong>meto<strong>do</strong>logia (ou materiais e méto<strong>do</strong>s), já que inclui, muitas vezes, a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> técnicasconvencionais utilizadas em diferentes laboratórios. Esta é po rtanto, a seção em que ageração automática <strong>de</strong> texto parece ser mais viável, principalmente porque permite oimput <strong>de</strong> parâmetros (variáveis) que <strong>de</strong>screvem as condições experimentais empregadasno trabalho. Utilizan<strong>do</strong> uma pequena base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s conten<strong>do</strong> 50 sentenças e 21 variáveis,foi possível obter um texto cu rto que é apresenta<strong>do</strong> na figura 2. P ara efeito <strong>de</strong>comparação, apresentamos também <strong>do</strong>is outros textos (figura 2) extraí<strong>do</strong>s diretamente <strong>de</strong>artigos publica<strong>do</strong>s na literatura, sen<strong>do</strong> que estes últimos a rtigos não foram usa<strong>do</strong>s nacompilação da base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Po<strong>de</strong>-se notar que o texto gera<strong>do</strong> automaticamente, semnenhuma manipulação a posteriori, é praticamente indistingüível - <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>fluxo da prosa e da correção gramatical - <strong>do</strong>s textos reais retira<strong>do</strong>s da literatura. Aslimitações da ferramenta, entretanto, são discutidas a seguir.


566Synthetic crystalline DPPC was obtained from Avanti Polar Lipids, Inc. Subphasesolutions were prepared using <strong>de</strong>ionized, <strong>do</strong>ubly distilled water containing 55 mM KCI.DPPC was spread using a hexane solution (1 mg/mil containing 2% ethanol.Measurements of surface pressure were performed on a KSV 2200 LB Langmuir-Blodgettfilm balance (KSV Chemicals, Finland). The system inclu<strong>de</strong>s a Wilhelmy-type surfacebalance (0-100 mN/m; sensitivity, 0.05 mN/m) and a Teflon trough (45cm X 15 cm).Temperature of the subphase was controlled by water circulation through a quartz coil onthe bottom of the trough. Monolayers were allowed to equili<strong>br</strong>ate and stabilize for 5-10min before data collection.From H. Ito, T.H.Morton and V.Vodyanoy, Thin Solid Films, 180 (1989)1Water for surface force and Langmuir trough experiments was first purified by<strong>de</strong>calcination, prefiltration and reverse osmosis. The final purification was carried out by amodified Milli-1;2 unit, which inclu<strong>de</strong>d two mixed-bed ion exchangers, an activatedcharcoal cartridge, a 0.2 um in line filter cartridge, on Organex cartridge, and a final 0.2Aim filter. All filters were Zetapore products, where all other cartridges were fromMillipore. Docosanedioic acid, of 98% purity, was received from Larodan, Swe<strong>de</strong>n, andused as received. Surface pressure area isotherms were recor<strong>de</strong>d by means of acomputerized Langmuir through system <strong>de</strong>veloped by KSV Chemicals, Helsinki.From J.M.Berg and PM. Claesson, Thin Solid Films, 178 (1989) 261The stearic acid studied in the present work was/were all obtained from Sigma Ltd andwas/were quoted as 99,9% pure. The stearic acid was dissolved in chloroform and thesolutions were applied to the water surface with a micropipette. Monolayers wereprepared by spreading a 0.1 ml aliquot of the lipid solution onto the surface of ultrapurewater in a PTFE Langmuir trough and allowing 2 min for the solvent to evaporate. TheFIFE Langmuir trough aproximately 20cm X 60cm x 3cm in size was placed on anantivi<strong>br</strong>ation table in a semiconductor clean room. Pure water for the trough wasobtained from a/an Millipore Super O system whith comprised reverse osmosis, ionexchange and organex cartridges. All measurements were carried out a 20C. Monolayerpressure was measured with a filter paper Wilhelmy plate-electrobalance arrangement toan accuracy of 0.01 mN/m.Gera<strong>do</strong> Automaticamente


567Figura 2: Textos da literatura versus Texto gera<strong>do</strong> automaticamenteO sistema <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> não tem inteligência nenhuma, ten<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong> apenascom a organização <strong>de</strong> sentenças fixas sem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combinação intra-sentenciai.As sentenças conten<strong>do</strong> os mesmos parâmetros são escolhidas aleatoriamente fazen<strong>do</strong> comque, para um mesmo conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrada, vários textos possam ser gera<strong>do</strong>s.Mas também po<strong>de</strong> ocorrer que o número <strong>de</strong> textos significativamente diferentes sejapequeno ou mesmo único.•São duas as principais dificulda<strong>de</strong>s encontradas na geração automática <strong>do</strong> texto:1) o fluxo da prosa é extremamente difícil <strong>de</strong> ser ajusta<strong>do</strong>. No caso <strong>de</strong> um texto simples ecurto como o mostra<strong>do</strong> na figura 2, este fluxo foi ajusta<strong>do</strong> com a colocação <strong>do</strong>sparâmetros na or<strong>de</strong>m que eles costumam aparecer nos artigos científicos. Mas po<strong>de</strong>m serantevistas enormes dificulda<strong>de</strong>s neste aspecto quan<strong>do</strong> o texto gera<strong>do</strong> for longo ecomplexo.2) para evitar a repetição <strong>de</strong> sentenças além <strong>do</strong> razoável em textos diferentes, seránecessária a compilação <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s muito mais extensa <strong>do</strong> que a usada aqui. Aorganização da base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s passaria, então, a ser um fator critico.A principal limitação da ferramenta está no fato <strong>de</strong> que nenhuma condiçãoexperimental extra po<strong>de</strong> ser inserida no texto, já que os parâmetros são pré-<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s.A expansão <strong>do</strong> sistema para permitir a entrada <strong>de</strong> parâmetros adicionais requer ainclusão, e a conseqüente organização, <strong>de</strong> mais sentenças na base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Além disso,neste estágio não po<strong>de</strong>mos prever quão difícil será <strong>de</strong>senvolver um sistema que possa serexpandi<strong>do</strong> pelo usuário, sem ajuda <strong>de</strong> um especialista em computação. E provável,portanto, que a ferramenta seja utilizada como referência apenas, sem a preocupação <strong>de</strong>geração <strong>do</strong> texto final. Esta última abordagem teria a vantagem <strong>de</strong> permitir ao usuárioempregar seu próprio estilo, e seria <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para acelerar o processo <strong>de</strong>escrita <strong>de</strong> usuários que já possuem uma certa proficiência na escrita <strong>de</strong> artigos científicosem inglês.Apesar das limitações, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que a produção <strong>de</strong>sta ferramenta foiextremamente instrutiva, pois serviu para i<strong>de</strong>ntificar alguns <strong>do</strong>s problemas (e possíveissoluções), tanto ao nível da implementação em si, mas também quanto à a<strong>de</strong>quação dabase <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, que <strong>de</strong>verão ser resohíooc para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sistema maisgeral.


5684. ConclusõesAcreditamos que o ambiente fornecerá gran<strong>de</strong> ajuda para os usuários que nãopossuem <strong>do</strong>mínio completo da língua inglesa e/ou que não têm experiência na produção<strong>de</strong> textos científicos, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> advem o interesse pedagógico <strong>do</strong> projeto. Emborainicialmente pretendamos <strong>de</strong>senvolver ferramentas para auxi liar na escrita <strong>de</strong> artigos eminglês, que seria <strong>de</strong> maior interesse para alunos <strong>de</strong> pós-graduação, não s6 <strong>de</strong> Física mas<strong>de</strong> outras áreas também, o projeto po<strong>de</strong> ser expandi<strong>do</strong> no futuro para auxi liar naprodução <strong>de</strong> textos em português, o que ampliaria o espectro <strong>de</strong> interesse para alunos <strong>de</strong>graduação e mesmo <strong>de</strong> primeiro e segun<strong>do</strong> graus.Referencias(1) Sharpies, M. et all. Developing A Writer's Assistant. Computers and Writing: Mo<strong>de</strong>lsand Tools, BSP Ltd., Oxford, 1989.(2) Oliveira, Jr., O.N. CHUSAURUS: A Writing Strategy for Non-native Users ofEnglish. Submeti<strong>do</strong> para publicação no J. of Thechnical Writing and Communication.(3) Hovy, E.H. Pragmatics and Natural Language Generation. Artificial Intelligence 43,Elsevier Science Publishers B.V. (North-Holland), 1990.<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física: Um Banco <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s ( *)Claudia N.N. Ferreira, Deborah R. Siqueira, Maria Regina Kawamura (IFUSP), NairKobashi (ECA-USP), Sergio B. Scala (UFMT), Sonia Salem (IFUSP)Objetivos e MotivaçõesCom o objetivo <strong>de</strong> localizar, catalogar e sistematizar a produção na área <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no Brasil, estamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um Banco <strong>de</strong> Referências das o<strong>br</strong>asproduzidas e publicadas ao longo <strong>do</strong>s anos.(')Sub-projeto "Assessoria às Licenciaturas em Física", Projeto Formação <strong>de</strong> Professoresem Ciências (BID-CECAE/USP


569São inúmeros trabalhos dispersos em várias instituições <strong>do</strong> país, muitos <strong>do</strong>squais <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s pela maio ria <strong>do</strong>s professores, quer <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> grau, quer <strong>do</strong> ensinosuperior.A divulgação <strong>de</strong>sses trabalhos em larga escala permitirá a professores epesquisa<strong>do</strong>res o acesso às o<strong>br</strong>as, agilizan<strong>do</strong> a apropriação <strong>de</strong> idéias e experiências já<strong>de</strong>senvolvidas, proven<strong>do</strong> um intercâmbio a nível nacional e dinamiz an<strong>do</strong> a pesquisa naárea, além <strong>de</strong> evitar as freqüentes duplicações <strong>de</strong> esforços em direções semelh antes.O que é o BancoO Banco <strong>de</strong> Referências é um arquivo gera<strong>do</strong> em microcomputa<strong>do</strong>r com da<strong>do</strong>sreferentes à <strong>de</strong>scrição bibliográfica e ao conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> o<strong>br</strong>as da área <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física,em publicações nacionais.Paralelamente estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas bases <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s específicas cominformações referentes a:- Instituições <strong>de</strong> ensino forma<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> fisica no Bras il;- Revistas nacionais e internacionais <strong>de</strong> interesse para área <strong>de</strong> ensino;- Catálogos <strong>de</strong> eventos já realiza<strong>do</strong>s na área <strong>de</strong> ensino (simpósios, seminários, etc.);Estrutura <strong>do</strong> BancoO Banco <strong>de</strong> Referências está sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com base em um programa <strong>de</strong>microcomputa<strong>do</strong>r (micros PC). Para isso, foi escolhi<strong>do</strong> o software "MICRO-ISIS", daUNESCO, largamente utiliza<strong>do</strong> em serviços <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentação e bibliotecas.Este programa possibilita a catalogação das o<strong>br</strong>as bem como o acesso àsmesmas pelo usuário, através <strong>de</strong> pesquisas so<strong>br</strong>e características bibliográficas ou so<strong>br</strong>eassuntos específicos.Além das referências bibliográficas, tais como autor, local e data <strong>de</strong> publicação,editora, tipo <strong>de</strong> literatura e localização da o<strong>br</strong>a, o usuário po<strong>de</strong> ter acesso às o<strong>br</strong>as peloassunto <strong>de</strong> interesse, que é <strong>de</strong>scrito através <strong>de</strong> palavras-chaves ou "<strong>de</strong>scritores" e <strong>de</strong> umresumo. Algumas o<strong>br</strong>as terão também comentários que po<strong>de</strong>m referir-se à abordagem,nível <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, aplicações ou outras informações relevantes.


570Descritores e TemasTodas as o<strong>br</strong>as estão <strong>de</strong>scritas através <strong>de</strong> palavras-chaves ou <strong>de</strong>scritores (atécinco) que caracterizam seu conteú<strong>do</strong>, facilitan<strong>do</strong> a pesquisa <strong>do</strong> usuário.Para cada <strong>de</strong>scritor foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s o seu significa<strong>do</strong> e sua a<strong>br</strong>angência, os"sinônimos" e suas interrelaçõee com os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>scritores, constituin<strong>do</strong> o que<strong>de</strong>nominamos "Vocabulário controla<strong>do</strong> da área <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física".Assim, agrupa<strong>do</strong>s em temas, os <strong>de</strong>scritores compõem um esboço <strong>do</strong> que seja aestrutura da área <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.Alguns temas abarca<strong>do</strong>s pelas o<strong>br</strong>as são:História e Filosofia da Ciência; Ciência e Socieda<strong>de</strong>; Ciência e Desenvolvimento; Po liticaEducacional; Teorias <strong>de</strong> Aprendizagem; Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>; Recursos Didáticos;Laboratório; Avaliação; Vestibular; Currículo; Formação <strong>do</strong> Professor; Projetos <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> (segun<strong>do</strong> grau); Física para o 1° Grau; Questões Institucionais; Física <strong>do</strong>Cotidiano; Concepções Espontâneas; Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física.Além <strong>de</strong>sses temas, existem palavras-chaves relacionadas ao conteú<strong>do</strong> específico<strong>de</strong> Física: áreas, teorias, conceitos, leis, fenômenos, aparelhos e "coisas" da Físicá.DivulgaçãoA divulgação <strong>do</strong> Banco <strong>de</strong> Referências será feita através <strong>de</strong> boletins, que<strong>de</strong>verão ser veicula<strong>do</strong>s a professores e pesquisa<strong>do</strong>res, em âmbito nacional,particularmente aos professores das Licenciaturas em Física.Os boletins conterão informações gerais so<strong>br</strong>e o material cataloga<strong>do</strong>, comlistagens por assuntos ou tipo <strong>de</strong> literatura.Queremos com isto, manter um intercâmbio com as instituições, visan<strong>do</strong> adivulgação e o acesso ao banco, assim como sua constante atualização.Trabalho Desenvolvi<strong>do</strong> e Situação AtualAs ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas a partir <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 1990, quan<strong>do</strong> iniciou-se esteprojeto, envolveram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a aquisição <strong>de</strong> um software a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, até a estruturação <strong>do</strong>banco e catalogação das primeiras o<strong>br</strong>as.


571Inclui-se aí a localização e seleção <strong>de</strong> materiais, que num primeiro momentoa<strong>br</strong>angem pre<strong>do</strong>minantemente as o<strong>br</strong>as <strong>de</strong>senvolvidas no IFUSP, local <strong>de</strong> acesso maisrápi<strong>do</strong> para a equipe <strong>de</strong> trabalho.Iniciamos também o levantamento <strong>de</strong> "fontes" <strong>de</strong> publicação em outras cida<strong>de</strong>se esta<strong>do</strong>s, bem como o contato com algumas <strong>de</strong>las para a aquisição das referências daso<strong>br</strong>as produzidas e possíveis formas <strong>de</strong> encaminhá-las a locais <strong>de</strong> fácil acesso ao públicousuário, tais como bibliotecas universitárias, centros <strong>de</strong> ciências ou outros.Foram catalogadas até o momento cerca <strong>de</strong> 350 o<strong>br</strong>as, das quais: 207 artigos <strong>de</strong>periódicos (REF, Ca<strong>de</strong>rno Catarinense, RBF); 60 teses; 25 apostilas e guias <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>; 53préprints; 5 notas <strong>de</strong> seminários; 1 projeto <strong>de</strong> ensino para o segun<strong>do</strong> grau.A partir <strong>de</strong>ste ano, paralelamente à atualização <strong>do</strong> Banco, preten<strong>de</strong>mos testá-locom professores potencialmente usuários, para verificar não apenas seu funcionamento eviabilida<strong>de</strong>, como também os diferentes interesses e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses professores. Aomesmo tempo, preten<strong>de</strong>mos adquirir novos materiais e referências para seremcataloga<strong>do</strong>s, vin<strong>do</strong>s das diferentes regiões <strong>do</strong> pais.O Texto Acadêmico em Inglês como Lingua EstrangeiraDificulda<strong>de</strong>s e PerspectivasNiura M. Fontana - Depto.Letras, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias <strong>do</strong> SulOsval<strong>do</strong> N. Oliveira Jr.- IFQSC-USP - São Carlos, SPI. IntroduçãoE extremamente importante que os profissionais na área <strong>de</strong> Fisica atualmente,possam escrever em inglês para publicar seus trabalhos em revistas internacionais. Aprodução <strong>de</strong> testos acadêmicos tem si<strong>do</strong> bastante abordada, recentemente, em livros eartigos <strong>de</strong> caráter didático-pedagógico, muitas vezes numa abordagem instrumental.Neste artigo discutimos problemas encontra<strong>do</strong>s por <strong>br</strong>asileiros escreven<strong>do</strong> eminglês, e introduzimos a idéia <strong>de</strong> um recurso chama<strong>do</strong> Chusaurus, a partir <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong>sentenças coligidas por um <strong>do</strong>s at tores (Oliveira, 1990), visan<strong>do</strong> minimizar alguns <strong>do</strong>sproblemas <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s. As potencialida<strong>de</strong>s e limitações <strong>do</strong> recurso em estu<strong>do</strong> sãodiscuti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista linguístico e educacional.


572H. Problemas <strong>de</strong> Escrita em Inglês como Lingua EstrangeiraPara alcançar uma análise mais objetiva, realizamos um estu<strong>do</strong> das dificulda<strong>de</strong>smais comumente encontradas por estudantes <strong>br</strong>asileiros <strong>de</strong> pós-graduação. Sem pretensão<strong>de</strong> rigor científico, foi colhida uma pequena amostra <strong>de</strong> erros cometi<strong>do</strong>s por estudantes<strong>br</strong>asileiros <strong>de</strong> pós-graduação no Reino Uni<strong>do</strong>,. em 1989, na produção <strong>de</strong> artigos, teses etrabalhos acadêmicos. Feito o levantamento, os itens consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s erra<strong>do</strong>s foramanalisa<strong>do</strong>s e categoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o procedimento chama<strong>do</strong> "Análise <strong>de</strong> Erros"em Linguística Aplicada. Segun<strong>do</strong> Carl James (James, 1989), os erros po<strong>de</strong>m seranalisa<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>is eixos, o linguístico e o comportamental. No eixo lingüísticoestão as categorias ao nível da língua: gramática, texto, fonologia/ortografia, léxico,pragmática/semântica, que permitem a i<strong>de</strong>ntificação da área em que os erros ocorrem.No eixo comportamental estão colocadas quatro categorias, que <strong>de</strong>screvem os principaisprocedimentos <strong>do</strong> usuário: omissão, redundância, escolha ina<strong>de</strong>quada e or<strong>de</strong>naçãoina<strong>de</strong>quada.Alguns exemplos <strong>de</strong> erros encontra<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> feito são forneci<strong>do</strong>s a seguir, atitulo <strong>de</strong> ilustração, usan<strong>do</strong> esse tipo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo:Forma Utilizada Forma Pretendida Categoria <strong>do</strong> ErroPosterior subsequent escolha le3icalincentivated encouraged ina<strong>de</strong>quada (porexperimentator experimenter transferência dalíngua maternainformations information redundância (incluequipmentsequipment são <strong>de</strong> material supérfluo)gramaticallaser research research on laser or<strong>de</strong>nação sintáticaina<strong>de</strong>quada(gramática)we Idrop out omitescolha pragmáticaina<strong>de</strong>quadaConstatou-se na amostra que a maior concentração <strong>de</strong> erros é ocasionada porescolha ina<strong>de</strong>quada ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o eixo lingüístico. Este fato parece sugerir<strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> vocabulário, por falta <strong>de</strong> exposição, ou ainda erros por falta <strong>de</strong>instrução específica, principalmente nas dimensões textual e pragmática. Outra


573constatação <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> é que as <strong>de</strong>ficiências parecem não se rest ringir ao uso <strong>de</strong>estruturas gramaticais incorretas e vocabulário ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, mas estão tambémrelacionadas ao mau uso ou omissão <strong>de</strong> expressões mais ou menos convencionais para<strong>de</strong>sempenhar funções específicas <strong>do</strong> texto acadêmico, como explicar a importância <strong>de</strong> umautor, argumento ou teoria, introduzir e dar exemplos, comparar e contrastar resulta<strong>do</strong>s.III. CHUSAURUS: Um Recurso <strong>de</strong> Ajuda TécnicaDiante das dificulda<strong>de</strong>s apontadas na seção anterior, surgiu a idéia da criação <strong>de</strong>um recurso <strong>de</strong> ajuda técnica, a part ir da utilização informal <strong>de</strong> uma pequena base <strong>de</strong>da<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>nominada CHUSAURUS em analogia aos dicionários Thesaurus, comexpressões linguísticas encontradas na literatura científica, com o intuito <strong>de</strong> auxiliar naescrita <strong>de</strong> artigos e eventualmente teses (Oliveira, 1990). Soman<strong>do</strong>-se aos recursos jáexistentes, o Chusaurus constituiria uma resposta alternativa à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudatécnica, configurada na estratégia <strong>de</strong> solicitação <strong>de</strong> ajuda (Tarone, 1977), cujo empregoparece ser consensual na produção escrita.O Chusaurus consiste num recurso <strong>de</strong> ajuda técnica (<strong>de</strong> referência) para aescrita que compreen<strong>de</strong> um repertório <strong>de</strong> sentenças autenticas, usadas na área <strong>de</strong> Física,in<strong>de</strong>xadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as seções convencionais <strong>do</strong> texto científico: introdução,problema, meto<strong>do</strong>logia (materiais e méto<strong>do</strong>s), resulta<strong>do</strong>s, discussão (conclusão) (Deyes,1982), algumas conten<strong>do</strong> subdivisões. As expressões têm espaços em <strong>br</strong>anco a serempreenchi<strong>do</strong>s pelo usuário da ferramenta, e são in<strong>de</strong>xadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a sua a<strong>de</strong>quaçãoa diferentes assuntos a serem aborda<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma seção específica <strong>de</strong> um artigo. AFig. 1 apresenta um exemplo <strong>de</strong> frases para a seção <strong>de</strong> "Resulta<strong>do</strong>s" que po<strong>de</strong>riam serselecionadas pelo usuário, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> notar também como a in<strong>de</strong>xação po<strong>de</strong>ria serfeita.RESULTSa) Showing and Describing Figures and TablesReduction of the ... below .... (a certain value) led to an appreciable increase in the ....A continued <strong>de</strong>crease is observed at higher ....The changes in .... (variables) illustrated on the right hand ordinates of Figs 1 and 2could be due to ....Fig. 3 is the .... curve for .... displaying a ....The .... plots (curves) in Fig. 4 for .... exhibit significant ....Fig. 5 shows typical results obtained from the.... measurements with .... The <strong>br</strong>okencurve is a control measurement showing that....


574b)Comparing Datac) Depen<strong>de</strong>nce on Several ParametersIncreasing the temperature (other parameter) from .... to .... gives minor changes in ...Fig. 6 shows that the .... (peak, plateau, etc) moves to lower .... (variable) as thetemperature is raised from .... to .... Changing the .... (parameter) within the rangebetween 3 and 10 did not cause any significant change in ....d) Numerical AnalysisThe computed values of .... are given in Fig. 7 for .... A preferable analysis is ma<strong>de</strong> withalternative approximations for the ....Uma outra caracteristica <strong>do</strong> recurso é que as senteças <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>scontêm não apenas informações importantes so<strong>br</strong>e o tema, ou a forma a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>certas funções lingüísticas, mas fornecem também substantivos, adjetivos e verbosa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> processos, comparação <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e figuras, etc.Um <strong>do</strong>s principais objetivos <strong>do</strong> Chusaurus é fornecer uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>expressões para que o usuário possa (a) ter um imput lingüístico a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> às suasnecessida<strong>de</strong>s, (b) adaptar as expressões que julgar a<strong>de</strong>quadas ao seu texto e (c) reproduzirfórmulas ou expressões fixas quan<strong>do</strong> estiver escreven<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s aspectos <strong>de</strong>seu trabalho.Ao produzir seu texto, o usuário po<strong>de</strong>rá consultar o Chusaurus no momento emque surgir a dificulda<strong>de</strong>, numa seção especa, ou ler com antecedência tu<strong>do</strong> o que hoverem <strong>de</strong>terminada seção e <strong>de</strong>pois escrevê-la. Po<strong>de</strong>rá ainda utilizar o recurso para dar opolimento fmal ao trabalho. O Chusaurus por si só já po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um recurso <strong>de</strong>referência, mas futuramente ele será apresenta<strong>do</strong> em duas versões: livro e conjunto <strong>de</strong>ferramentas <strong>de</strong> software.IV. DiscussãoA produção <strong>de</strong> texto académico pressupõe conhecimentos linguísticos eextralingüísticos, <strong>de</strong> maneira que qualquer progran ou projeto que vise auxiliar na tarefa<strong>de</strong> preparar alunos para produzir bons textos compreen<strong>de</strong> várias fases distintas, queevi<strong>de</strong>ntemente extrapolam os limites <strong>de</strong> um recurso didático ou <strong>de</strong> referência. Um recursocomo o Chusaurus, ao menos potencialmente, consistiria numa fonte extra <strong>de</strong> ajuda,aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer ao auxilio técnico, soman<strong>do</strong>-se a uma série <strong>de</strong> livros(vi<strong>de</strong> por exemplo, Barras, 1978) e ferramentas <strong>de</strong> software <strong>de</strong> apoio à escrita já e istentes(Williams, 1989).


575Com o recurso objetiva-se ajudar a resolver, <strong>de</strong> forma integrada e com rapi<strong>de</strong>z,problemas <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> conhecimento lexical, estrutural e discursivo na produção <strong>de</strong> textosacadêmicos em inglês. O recurso apresenta, a nosso ver, vantagens em relação aodicionário, apesar <strong>de</strong> se pressupor algum conhecimento da pa rte <strong>do</strong> usuário: da sua área<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, da lingua materna e da estr angeira que estiver usan<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s princípios <strong>de</strong>organização textual, pelo menos ao nível acadêmico. A aplicação informal <strong>do</strong> repertório<strong>do</strong> Chusaurus na escrita tem se mostra<strong>do</strong> eficiente, uma vez que os textos result antesapresentam vocabulário e expressões linguísticas a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, além <strong>de</strong> que o recursotambém auxilia na organização textu al. Esta eficiência, sujeita à investigação, po<strong>de</strong> ria serexplicada por várias razões: (1) a<strong>de</strong>quação à área <strong>de</strong> conhecimento e ao propósitoespecifico; (2) apresentação <strong>de</strong> imput lingüístico natural, em contexto (embora parcial);(3) possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar o recurso não apenas como imput, mas também como feedback;(4) rapi<strong>de</strong>z na obtenção da informação necessária, não sob a forma <strong>de</strong> explicações, mas <strong>de</strong>exemplos varia<strong>do</strong>s.Apesar das vantagens, uma série <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s precisa ser tomada para autilização eficaz <strong>do</strong> recurso, assim como para evitar consequências in<strong>de</strong>sejáveis.Primeiramente, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista linguístico, o Chusaurus corre o risco <strong>de</strong> virar umreceituário, ou seja, <strong>de</strong> ser encara<strong>do</strong> como uma lista <strong>de</strong> frases prontas para seremcopiadas diretamente no local a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong> texto que está sen<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>. Se istoocorrer, o recurso, em vez <strong>de</strong> constituir um elemento <strong>de</strong> ajuda positiva <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento da habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever, po<strong>de</strong>rá levar o usuário à acomodação e atéestimular o emprego <strong>de</strong> uma estratégia in<strong>de</strong>sejável sob to<strong>do</strong>s os aspectos, que se ria a"colagem" <strong>de</strong> frases <strong>de</strong> auto ria alheia.Por outro la<strong>do</strong>, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista pedagógico, po<strong>de</strong>rá haver uma tendência <strong>de</strong>usar o Chusaurus <strong>de</strong> forma utilitária e mecânica, numa perspectiva behaviourista,portanto, ignoran<strong>do</strong> os processos mentais envolvi<strong>do</strong>s no ato <strong>de</strong> escrever, comocompreensão, seleção e combinação <strong>de</strong> mate rial lingüístico.Nossa posição é a <strong>de</strong> que o Chusaurus é um recurso que po<strong>de</strong>rá ser utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong>diferentes maneiras, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as necessida<strong>de</strong>s especas e o repertório cognitivo eestratégico <strong>do</strong>s usuários. Tanto po<strong>de</strong>rá ser um recurso didático, utiliza<strong>do</strong> no ensinoinstrumental da escrita acadêmica em inglês pelo professor, como um recurso <strong>de</strong>referência para uso individual. Nem mesmo po<strong>de</strong>mos excluir a possibi lida<strong>de</strong> <strong>de</strong>exploração <strong>de</strong>sse repertório <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> Inteligência Artificial, no processamentoautomático <strong>de</strong> textos inteiros. A propósito, um projeto que prevê a implementação daestratégia (recurso) está em andamento, e um esboço <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo a ser segui<strong>do</strong> tambémestá sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> neste simpósio (Cal<strong>de</strong>ira et alli, 1991)


576ReferênciasBARRAS, R. (1978) - Scientists Must Write, John Wiley and Sons, New YorkCALDEIRA, S.MA., CARVALHO, A.M.B.R. & OLIVEIRA JR., O.N. (1991) - UmAmbiente para Criação <strong>de</strong> Textos em Inglês. In: <strong>IX</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física, São Carlos, SP.DEYES, T. (1982) - Discourse, Science and Scientific Discourse (The raw material ofcomprehension in EST). Working Papers n° 6, Projeto <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> InglêsInstrumental em Universida<strong>de</strong>s Brasileiras, PUC, São PauloJAMES, C. (1989) - Apontamentos <strong>do</strong> Curso "Foreign Language Learning", University ofWales, Bangor.OLIVEIRA JR., O.N. (1990) - CHUSAURUS: A Writing Tool Strategy for Non-NativeUsers of English, submeti<strong>do</strong> para publicação na revista Journal of Technical Writing andCommunication.TARONE, E. (1977) - Conscious Communication Strategies in Interlanguage: a ProgressReport, in BROWN, YORIO & CRYME, On TESOL 77, Washington.WILLIAMS, N. (1989) - Computer Assisted Writing Software: RUSICIN, in Computersand Writing: Mo<strong>de</strong>ls and Tools, N.Williams and P. Holt (eds), BSP, LTD, Oxford.Tecnologia Nuclear X Informação CientíficaEliana <strong>do</strong>s Reis Nunes - Fundação Educacional <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ralAr<strong>de</strong>n Zylbersztajn - Depto. <strong>de</strong> Física/UFSCIntroduçãoCom a "crise <strong>do</strong> petróleo" no início da década <strong>de</strong> 70, muitos países foramleva<strong>do</strong>s a buscar outras fontes <strong>de</strong> energia para solucionar o problema da crise energéticae uma das fontes encontradas foi a energia'nuclear. O Brasil também optou por este tipo<strong>de</strong> energia firman<strong>do</strong> acor<strong>do</strong>s com os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (1972) e com a Alemanha (1975).Estes acor<strong>do</strong>s geraram <strong>de</strong>bates e controvérsias quanto à necessida<strong>de</strong> e à forma <strong>de</strong>utilização da tecnologia nuclear pelo país. Esta situação acentuou-se após a ocorrência<strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Tchernobyl, na Rússia (1986) e <strong>de</strong> Goiânia, no Brasil (1987).


577Na época <strong>de</strong>stes aci<strong>de</strong>ntes o tema nuclear foi trata<strong>do</strong> exaustivamente pelaimprensa. Contu<strong>do</strong>, ele não foi absorvi<strong>do</strong> nem entendi<strong>do</strong> pela maioria das pessoas. Istoporque, transcorri<strong>do</strong>s quase vinte anos da assinatura <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s nucleares pelo Brasilpo<strong>de</strong>-se notar que os professores, principalmente os das disciplinas consi<strong>de</strong>radascientíficas não têm se preocupa<strong>do</strong> em trabalhar com seus alunos os riscos e benefíciosofereci<strong>do</strong>s pela tecnologia nuclear para fazê-los conhecer os múltiplos usos, civis emilitares da energia nuclear.Pensan<strong>do</strong> nesta lacuna no ensino e nos possíveis caminhos para preenchê-la, osautores <strong>de</strong>ste trabalho iniciaram no 2° semestre <strong>de</strong> 1988 uma pesquisa com o objetivo <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar o nível <strong>de</strong> informação científica <strong>do</strong>s alunos concluintes <strong>do</strong> 2° grau quanto aquestões nucleares. Neste trabalho apresenta-se os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s e sugere-se algunscaminhos para a introdução da temática nuclear em sala <strong>de</strong> aula.Meto<strong>do</strong>logiaPara <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir o nível <strong>de</strong> informação científica que os alunos <strong>do</strong> 3 0 ano <strong>do</strong> 2°grau possuiam, a<strong>do</strong>tou-se uma meto<strong>do</strong>logia qualitativa, utilizan<strong>do</strong>-se como instrumento<strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s a técnica <strong>de</strong> entrevista. Posteriormente, na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s usou-setambém um méto<strong>do</strong> quantitativo para possibilitar uma melhor compreensão <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.Inicialmente foi feito um planejamento e a elaboração <strong>de</strong> um roteiro <strong>de</strong>entrevista para a coleta <strong>de</strong> informações. Este roteiro foi dividi<strong>do</strong> em seis focos <strong>de</strong>interesse, contan<strong>do</strong> cada um <strong>de</strong> questões <strong>do</strong> tipo aberta, no intuito <strong>de</strong> possibilitar aoaluno entrevista<strong>do</strong> discorrer livremente so<strong>br</strong>e o tema nuclear, basea<strong>do</strong> no seu próprioconhecimento com relação ao assunto. Os focos <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> roteiro foram: 1°)aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Goiânia; 2°) aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Tchernobyl; 3°) usinas para geração <strong>de</strong> energiaelétrica; 4°) artefatos bélicos; 5°) aplicações pacificas da tecnologia nuclear; 6° o Brasil e atecnologia nuclear.Após a estruturação das perguntas <strong>do</strong> roteiro ele foi aplica<strong>do</strong> a cinco alunos <strong>de</strong>2° grau com as mesmas características da amostra a ser trabalhada posteriormente. Comisto, aprimorou-se o roteiro, passan<strong>do</strong>-se para o levantamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s propriamentedito.


578AmostragemAs pessoas selecionadas para serem entrevistadas foram alunos <strong>do</strong> 3° ano <strong>do</strong>curso 2° grau sem habilitação especifica (Lei 7044/82) <strong>de</strong> 5 escolas da re<strong>de</strong> estadual e 1 dare<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis - SC. Ao to<strong>do</strong> foram entrevista<strong>do</strong>s 34 alunos(meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada sexo) seleciona<strong>do</strong>s pelas orienta<strong>do</strong>ras educacionais <strong>de</strong> cadaestabelecimento <strong>de</strong> ensino com base em seus <strong>de</strong>sempenhos acadêmicos (acima da média,médio e abaixo da média)As entrevistas foram realizadas com este tipo <strong>de</strong> amostragem porque osprincipais focos <strong>de</strong> interesse da entrevista estavam concentra<strong>do</strong>s nos aci<strong>de</strong>ntes ocorri<strong>do</strong>sem Tchernobyl e em Goiânia. Ten<strong>do</strong> estes aci<strong>de</strong>ntes ocorri<strong>do</strong>s em 1986 e 1987respectivamente, a época da entrevista (2° semestre <strong>de</strong> 1988) se mostrou apropriada parasaber qual o nível <strong>de</strong> informação científica <strong>do</strong>s alunos entrevista<strong>do</strong>s. Isto porque, naépoca <strong>de</strong>stes aci<strong>de</strong>ntes, os alunos entrevista<strong>do</strong>s estavam cursan<strong>do</strong> o 1° e o 2° ano <strong>do</strong> 2°grau respectivamente e, ten<strong>do</strong> com isto, condições <strong>de</strong> ter recebi<strong>do</strong> alguma informaçãocientífica so<strong>br</strong>e os aci<strong>de</strong>ntes.Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>sA análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s revelou que os alunos <strong>do</strong> 3° ano dg 2° grau<strong>de</strong>monstram pouco conhecimento com relação aos aspectos técnicos da área nuclear.Percebe-se também, que a escola <strong>de</strong> 2° grau não foi a principal fonte <strong>de</strong> informações paraos alunos. As poucas informações recebidas em sala <strong>de</strong> aula vieram <strong>de</strong> disciplinas nãoqualificadas para uma discussão com alguma profundida<strong>de</strong> científica como Geografia eOSPB. A maior fonte <strong>de</strong> informações foi a televisão. Contu<strong>do</strong>, as informaçõesapresentadas pela televisão foram superficiais, pois menos <strong>de</strong> 25% <strong>do</strong>s alunosentrevista<strong>do</strong>s apresentou em seu relato algum aspecto técnico-científico so<strong>br</strong>e osaci<strong>de</strong>ntes. Entretanto, parece que estas mesmas informações possibilitaram aosentrevista<strong>do</strong>s um posicionamento critico quanto as causas que culminaram nos aci<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> Goiânia e <strong>de</strong> Tchernobyl. Ainda, na análise so<strong>br</strong>e os aspectos técnicos da área nuclear,os alunos <strong>de</strong>monstraram pouco conhecimento quanta às aplicações pacificas da te cnologianuclear. Quanto à geração <strong>de</strong> energia elétrica pelas usinas nucleares, constatou-se umcompleto <strong>de</strong>sconhecimento por pa rte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s processos envolvi<strong>do</strong>s para tal.A maioria <strong>do</strong>s alunos afirmou que a finalida<strong>de</strong> primordial <strong>de</strong>ssas usinas era a fa<strong>br</strong>icação<strong>de</strong> bombas nucleares.Ao serem entrevista<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e os aspectos politicos e sociais da te cnologianuclear, os alunos apresentaram posicionamentos bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s mostraram-secontrários à fa<strong>br</strong>icação <strong>de</strong> bombas pelo Brasil e, na sua maioria, contrários à construção<strong>de</strong> usinas nucleares. Ainda, mostraram-se céticos quanto a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pais em po<strong>de</strong>r


579trabalhar e gerenciar essa tecnologia. Os alunos foram unânimes em enfatizar aimportância <strong>de</strong> mais <strong>de</strong>bates em sala <strong>de</strong> aula so<strong>br</strong>e tópicos nucleares (aspectos técnicos,politicos e sociais). A disciplina Física foi a mais indicada para este fim.Finalizan<strong>do</strong>, percebeu-se nos alunos <strong>do</strong> 3° ano <strong>do</strong> 2° grau, a tendência a seremmais sensíveis aos aspectos politico-sociais, relativos à tecnologia nuclear <strong>do</strong> que aos seusaspectos técnico-cientificos.Consi<strong>de</strong>rações FinaisDa análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s notou-se que o conhecimento <strong>do</strong>s alunos so<strong>br</strong>e a temáticanuclear <strong>de</strong>veu-se mais ao tratamento da<strong>do</strong> pela mídia (principalmente a TV) so<strong>br</strong>e oassunto. Contu<strong>do</strong>, as informações fornecidas não parecem ter si<strong>do</strong> suficientes para acompreensão <strong>do</strong> tema. Assim, po<strong>de</strong>-se inferir, com uma certa margem <strong>de</strong> segurança queos alunos que hoje cursam o 3° ano <strong>do</strong> 2° grau têm um nível <strong>de</strong> informação menor <strong>do</strong> queos alunos entrevista<strong>do</strong>s em 1988. Isto porque, a mídia não vem tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> assunto comtanta ênfase como o fez na época <strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Tchernobyl e <strong>de</strong> Goiânia.Embora o assunto nuclear não venha aparecen<strong>do</strong> na mídia com tanto <strong>de</strong>staque,ele continua sen<strong>do</strong> atual. Haja visto que: No Brasil continuam os problemas com ofuncionamento da usina Angra I e com a construção das outras, estabelecidas no acor<strong>do</strong>Brasil-Alemanha; o programa paralelo apesar <strong>do</strong> sigilo em que esteve envolvi<strong>do</strong> começaagora a ter alguma transparência; as pesquisas e aplicações pacificas da tecnologia nuclearcontinuam em <strong>de</strong>senvolvimento. Assim, como a tecnologia nuclear já está implantada nopaís é <strong>de</strong> se esperar que a temática nuclear passe a fazer parte <strong>do</strong> ensino formal dasescolas <strong>br</strong>asileiras, sen<strong>do</strong> que seu estu<strong>do</strong> não <strong>de</strong>ve ficar restrito a ocorrência <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntespara não levar o aluno a pensar que a tecnologia nuclear só traz prejuízos à socieda<strong>de</strong>.SugestõesApós ter si<strong>do</strong> mostrada a importância da temática nuclear sugere-se agoraalguns caminhos para introduzi-la em sala <strong>de</strong> aula. Para isto, existem <strong>do</strong>is caminhos: afragmentação e a integração.a) Fragmentação: Os tópicos nucleares po<strong>de</strong>riam ser dividi<strong>do</strong>s pelas disciplinasFísica, Química, Biologia, Geografia, História e OSPB. Evi<strong>de</strong>ntemente que cada uma<strong>de</strong>stas disciplinas trataria <strong>do</strong> assunto nuclear adaptan<strong>do</strong>-o ao seu conteú<strong>do</strong> programático.No caso da Física os tópicos trata<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>riam ser: transformações <strong>de</strong> energia, reatoresnucleares, rejeitos radioativos e funcionamento <strong>de</strong> bombas nucleares.


580b) Integracão: Uma m aneira <strong>de</strong> favorecer a integração <strong>do</strong> tema nuclear em saia<strong>de</strong> aula, seria a criação <strong>de</strong> uma disciplina em Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> (CTS).Para isso seria necessário a formação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> trabalho com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver projetos, propostas e mate riais didáticos nesta linha. O tema <strong>de</strong> integraçãonão partiria <strong>de</strong> um conceito físico mas sim <strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Goiânia e Tchernobyl poispelo impacto que estes aci<strong>de</strong>ntes ocasionaram proporcionariam abordagens em sala <strong>de</strong>aula mais interessantes.O caminho da fragmentação é mais fácil <strong>de</strong> ser aceito para efeitos <strong>de</strong>implementação. Contu<strong>do</strong>, este caminho proporciona alguns inconvenientes tais como:falta <strong>de</strong> enca<strong>de</strong>amento <strong>do</strong>s tópicos nucleares a serem da<strong>do</strong>s pelas disciplinas. Isto é, nadagarante que quan<strong>do</strong> um professor <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada disciplina, das acima citadas,estivesse abordan<strong>do</strong> um assunto nuclear outro professor <strong>de</strong> outra disciplina esta riatratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um assunto nuclear correlato. Contu<strong>do</strong>, o problema que parece ser maisgrave é o da própria fragmentação <strong>do</strong> conhecimento. Pois o assunto nuclear sen<strong>do</strong> tãorico, envolven<strong>do</strong> tanto a pa rte científica como social, te ria perdi<strong>do</strong> as suas relaçõestécnico-politico-sociais. Embora na fragmentação possam surgir eventuais enca<strong>de</strong>amentos<strong>do</strong>s tópicos da<strong>do</strong>s pelas diferentes disciplinas, é na integração que este enca<strong>de</strong>amentoacontece <strong>de</strong> maneira global. Todavia, a forma integrada tem outras dificulda<strong>de</strong> como afalta <strong>de</strong> costume <strong>do</strong>s professores das disciplinas científicas <strong>de</strong> trabalharem as relaçõessociais e vice-versa; os professores não estarem acostuma<strong>do</strong>s a trabalhar em equipes parafazer um trabalho mais integra<strong>do</strong>.Sabe-se que tanto para uma abordagem fragmentada qu anto para umaabordagem integrada <strong>do</strong> assunto nuclear os professores não estão prepara<strong>do</strong>s. Esta falta<strong>de</strong> preparo se dá pela própria formação acadêmica <strong>do</strong> professor; pela falta <strong>de</strong> materialpara ele trabalhar em sala <strong>de</strong> aula e, pelo assunto não estar incluí<strong>do</strong> oficialmente nocurrículo. Para diminuir estes problemas, os cursos <strong>de</strong> licenciatura nas disciplinascientíficas <strong>de</strong>veriam ser modifica<strong>do</strong>s para que os professores começassem a perceber asrelações e>istentes entre os problemas técnicos e sociais relativos a área nuclear. Já osprofessores que atuam em sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong>veriam ter acesso facilita<strong>do</strong> a cursos <strong>de</strong>reciclagem no assunto. Tu<strong>do</strong> isso com a finalida<strong>de</strong> precfpua <strong>de</strong> formar um cidadão maisconsciente, mais atuante, que seja capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater os problemas da socieda<strong>de</strong> em queestá inseri<strong>do</strong>.BibiiogredaFROTA-PESSOA, Osval<strong>do</strong>. Como ensinar na era da contestação. Ciência e Cultura, 37(7): 1125-1137, julho 1985.


•581FULLGRAF, F. A bomba pacífica: o Brasil e a corrida nuclear. São Paulo, Brasiliense,1988.NOGUEIRA, O. Pesquisa social: introdução às suas técnicas. 46 ed. São Paulo. <strong>Nacional</strong>,1977.THIOLLENT, Michel Jean-Marie. Ciência-tecnologia-socieda<strong>de</strong> e formaçãometo<strong>do</strong>lógica <strong>do</strong> engenheiro. Rev. <strong>Ensino</strong> Eng., São Paulo, 3 (2): 133-136, jun/<strong>de</strong>z 1984.Estu<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e a Linguagem Utilizada por Alunos em Respostas Dadas aQuestões so<strong>br</strong>e ColisõesLizete Maria Orquiza <strong>de</strong> Carvalho - FEIS/UNESPNesse trabalho analisei, qualitativamente e quantitativamente, justificativas <strong>de</strong>respostas <strong>de</strong> alunos italianos, <strong>de</strong> 1° e 3° colegial, dadas a um questionário so<strong>br</strong>e colisões.O questionário apresentava 7 situações - todas envolven<strong>do</strong> uma comparação <strong>de</strong> <strong>do</strong>ischoques frontais (com alvos inicialmente para<strong>do</strong>s) num plano horizontal - que sediferenciavam pela relação entre as proporções das bolas. Para cada situação foram feitasquatro questões: P) "qual bola alvo vai mais longe?"; 2°) "o que acontece com as bolasinci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> choque?"; 3 19 "qual bola alvo tem mais energia?"; 4 5 "qual bolainci<strong>de</strong>nte dá mais impulso?"Análise QualitativaA análise qualitativa (HOLSTI, 1969) envolveu cerca <strong>de</strong> 400 questionáriosrespondi<strong>do</strong>s. As justificativas dadas às respostas mostraram-se passíveis <strong>de</strong> análise sobdiferentes dimensões. Tratei, em particular, da dimensão "Linguagem", na qual asjustificativas foram classificadas segun<strong>do</strong> os predica<strong>do</strong>s verbais nelas conti<strong>do</strong>s. Foramentão i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s cerca <strong>de</strong> 45 diferentes tipos <strong>de</strong> justificativas, os quais podiam serdistribuí<strong>do</strong>s e 4 categorias que se interligam da seguinte forma:


582PROCESSOIMPLICITOPROCESSOEXPLSCITOIDESCONTINUIDADE (CONTINUIDADE AMBIGUIDADEEntre estas as principais são:"PROCESSO IMPLÍCITO" congreaga os tipos <strong>de</strong> justificativas que não revelam oprocesso ocorri<strong>do</strong> no choque, ou seja, que não se referem a nenhum predica<strong>do</strong> verbal quetraduz a ação da bola inci<strong>de</strong>nte so<strong>br</strong>e o alvo ou vice-versa. Nessas justificativas apenas sãoconfrontadas proprieda<strong>de</strong>s das bolas.Ex. A bola M3 (tem mais energia) porque é menor que a bola Gl."DESCONTINUIDADE" - o processo revela<strong>do</strong> na justificativa é <strong>de</strong>scontínylo, sen<strong>do</strong>necessariamente caracteriza<strong>do</strong> por <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s predica<strong>do</strong>s verbais. A título <strong>de</strong>ilustração, na lista <strong>do</strong>s predica<strong>do</strong>s verbais <strong>de</strong>ssa catego ria alguns <strong>de</strong>les se agrupam emtorno da idéia <strong>de</strong> empurrar (dar empurrão, receber um empurrão, sofrer um empurrão,etc...).Ex. A bola M3 (vai mais longe) porque recebe um empurrão maior <strong>do</strong> que Gl,sen<strong>do</strong> G1 mais pesa<strong>do</strong>."CONTINUIDADE" - o processo revela<strong>do</strong> na justificativa é contínuo, sen<strong>do</strong>caracteriza<strong>do</strong> por <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s predica<strong>do</strong>s verbais. A título <strong>de</strong> ilustração, na lista <strong>do</strong>spredica<strong>do</strong>s verbais <strong>de</strong>ssa categoria alguns <strong>de</strong>les se agrupam em torno <strong>do</strong> verbotransmitir. O algo transmiti<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser energia, "força", quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, etc...Ex. A bola P2 tem mais energia porque Ml lhe transmitiu mais.Análise QuantitativaO objetivo da análise quantitativa foi o <strong>de</strong> avaliar a influência <strong>de</strong> alguns fatóresso<strong>br</strong>e a freaüêrcia das justificativas <strong>de</strong> cada categoria, bem como o <strong>de</strong> verificar a


583inter<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>sses fatores. Devi<strong>do</strong> à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> limitar a amostra, trabalheicom 141 respostas <strong>de</strong> questionários - três turmas <strong>de</strong> 1° ano e três turmas <strong>de</strong> 3° ano -, oque perfez 2955 justificativas <strong>de</strong> 42 tipos diferentes.O méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> visa separar efeitos <strong>de</strong> fatores so<strong>br</strong>e uma dada quantida<strong>de</strong>através da "análise por medianas" (OGBORN, 1990). No caso <strong>de</strong>ste trabalho tais fatoresforam:"PROPORCIONALIDADE" - toda justificativa pertence a uma resposta que po<strong>de</strong> seravaliada quanto ao aluno ter acerta<strong>do</strong> (sem contar a justificativa), ou não, a la questãonas 7 situações propostas. Assim sen<strong>do</strong>, uma justificativa é dita proporcional quan<strong>do</strong>pertence a uma resposta em que houve acerto da 1' questão nas 7 situações; quaseproporcional quan<strong>do</strong> pertence a uma resposta em que hove erro apenas na 6 3 e na 7situações; e não proporcional quan<strong>do</strong> pertence a uma resposta em que houve erro emmais <strong>de</strong> duas situações."RETORNO DA INCIDENTE" - toda justificativa pertence a uma resposta que po<strong>de</strong> seravaliada quanto a conter, ou não, o retorno da bola inci<strong>de</strong>nte. Assim sen<strong>do</strong>, umajustificativa 6 ditai quan<strong>do</strong> pertence a uma resposta que contém pelo menos uma vez oretorno da bola inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> choque; quan<strong>do</strong> pertence a uma resposta em que oretorno da bola inci<strong>de</strong>nte se verifica toda vez em que ela é menor que a bola alvo; 1''quan<strong>do</strong> houve acerto da 21 questão em todas as situações; e (-) quan<strong>do</strong> pertence a umaresposta que não contém nenhuma vez o retorno da inci<strong>de</strong>nte."GRAU DE ESCOLARIDADE" - toda justificativa pertence a uma resposta <strong>de</strong> aluno <strong>de</strong>1° ou <strong>de</strong> 3° colegial.Conclusões- Os fatores "grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>" e retorno da inci<strong>de</strong>nte", a rigor, não sãoaditivos, ou seja, são inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Eles são "grosseiramente" aditivos apenas noscasos das justificativas proporcionais.- Alguns resulta<strong>do</strong>s que, com base em pesquisas anteriores, eram espera<strong>do</strong>s, nãose confirmaram para o total <strong>de</strong> justificativas das categorias "Descontinuida<strong>de</strong>" e"Continuida<strong>de</strong>", mas apenas para o caso <strong>de</strong> justificativas proporcionais. São eles:. os efeitos <strong>do</strong> fator "grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>", (<strong>do</strong> 1° para o 3° colegial, variaçãonegativa no caso da categoria "Descontinuida<strong>de</strong>" e variação positiva no caso da categoria"Continuida<strong>de</strong>") e sua pre<strong>do</strong>minância so<strong>br</strong>e o efeito "retorno da inci<strong>de</strong>nte"; resulta<strong>do</strong>s


584estes que eram espera<strong>do</strong>s porque confirmam a tese <strong>de</strong> evolução das idéias espontâneas(MARIANI, 1987).. a pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> justificativas "(-)" e "' " so<strong>br</strong>e " é " e " r " na categoria"Continuida<strong>de</strong>", que está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a esperada oposição entre as idéias <strong>de</strong>"transmissão" <strong>de</strong> algo no choque e <strong>de</strong> "retorno.da bola inci<strong>de</strong>nte" (VILLANI, 1988).- Em resulta<strong>do</strong>s aqui obti<strong>do</strong>s, e ainda somente para o caso das justificativasproporcionais, a diminuição da visão <strong>do</strong> p rocesso como algo <strong>de</strong>scontínuo aparece maisclaramente que o aumento da visão <strong>do</strong> mesmo como algo contínuo. São eles:. a relação entre as freqüências medianas das categorias "Descontinuida<strong>de</strong>"(33,8%), "Continuida<strong>de</strong>" (11,8%) e "Processo Implícito" (52,2%).. a prepon<strong>de</strong>rância <strong>do</strong> efeito <strong>do</strong> fator "grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>" no caso dacategoria "Descontinuida<strong>de</strong>" (variação negativa) so<strong>br</strong>e o efeito <strong>do</strong> mesmo fator no caso dacategoria "Continuida<strong>de</strong>" (variação positiva).- Alguns resulta<strong>do</strong>s apontam para o fato <strong>de</strong> que os aspectos percentuais são <strong>de</strong>extrema relevância da física espontânea so<strong>br</strong>e colisões (principalmente o tamanho dasbolas e sua rapi<strong>de</strong>z), indican<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que uma simples omissão "processo". São eles:. elevadas freqüências percentuais medianas da catego ria "Processo Implicito".positiva). o efeito <strong>do</strong> fator "grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>" (<strong>do</strong> 1° para o 3° colegial, variação. pre<strong>do</strong>minância das justificativas " ^' " so<strong>br</strong>e " " , " ol " e "(-)", na categoria"Processo Implicito", no caso das justificativas "proporcionais".Bibliografia- HOLS11, O.R. Content Analysis. The second Handbook of Social Psychology, v.2,University of British Columbia (1969).- MARIA I, M.C. A Evolução das Concepções Espontâneas so<strong>br</strong>e Colisões, IFUSP-FEUSP. Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> (1987).- OGBORN, J. Effects. Apostila <strong>do</strong> curso "Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Pesquisa em Educação emCiências", ministra<strong>do</strong> no IFUSP (1990)


^585- VILLAN1, A.; PACCA J.LA. Conceitos Espontâneos so<strong>br</strong>e colisões. PublicaçõesIFUSP (1988).Estratégias para ResumirNiura M. Fontana - Depto <strong>de</strong> Letras, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias <strong>do</strong> SulIntroduçãoResumir é importante e necessário, pelo menos por duas razões. Primeiramente,embora o ato <strong>de</strong> resumir possa ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> damente humana, que não consegue reter na memória todas as informações recebidas (vanDijk e Kintsch, 1978; 1983), a inabilida<strong>de</strong> para resumir é freqüentemente citada naliteratura especializada no ensino <strong>de</strong> línguas e constatada empiricamente por professoresdas mais diversas áreas <strong>de</strong> ensino. Quer dizer, nem todas as pessoas resumem bem, apesar<strong>do</strong> condicionamento natural existente: embora haven<strong>do</strong> redução na informação, oconteú<strong>do</strong> central <strong>do</strong> que r.e le ou ouve nem sempre é reti<strong>do</strong>.A outra razão é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pragmática: tanto no quotidiano - quan<strong>do</strong> somossolicita<strong>do</strong>s a toda hora a resumir notícias ou eventos, uma conversa, artigo, livro, filme oucapítulo <strong>de</strong> novela - como na vida académica, a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resumir é fundamental. Edifícil apontar ativida<strong>de</strong>s acadêmicas que não incluam <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong> , em algum grau,essa habilida<strong>de</strong>, que é imprescindível na realização <strong>de</strong> múltiplas tarefas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> simplesanotações. aula, esquemas e diagramas, até a produção <strong>de</strong> resenhas, monografias,artigos e dissertações.O que é um resumo?Como tipo <strong>de</strong> texto, resumo é um texto <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> <strong>de</strong> outro e que tem comocaracterísticas indispensáveis a con<strong>de</strong>nsação (redução no tamanho) e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> aoconteú<strong>do</strong> central <strong>do</strong> texto-fonte. Assim, um resumo é um texto, coeso e coerente, fiel aotema <strong>do</strong> texto original, mas com liberda<strong>de</strong> para substituir, reor<strong>de</strong>nar e recombinarmaterial lingüístico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja a inclusão <strong>de</strong> fatos e opiniões não autoriza<strong>do</strong>spelo texto-fonte. Quanto à extensão, o resumo normalmente correspon<strong>de</strong> a um terço <strong>do</strong>original, segun<strong>do</strong> estudiosos.


•586Estratégias para resumirAs estratégias para resumir - aqui entendidas como procedimentos intencionaispara atingir o objetivo proposto - relacionam-se a um conjunto <strong>de</strong> regras, postula<strong>do</strong> porvan Dijk e Kintsch (1978; 1983), aplica<strong>do</strong> por Day (1980) e avalia<strong>do</strong> por Brown e Day(1983).Segun<strong>do</strong> van Dijk e Kintsch, a operação <strong>de</strong> reduzir informação não é arbitrária:existem regras que <strong>de</strong>finem o que é importante num texto. As quatro macro-regrasinicialmente propostas por esses autores para <strong>de</strong>rivar a macroestrutura <strong>de</strong> um texto, ouseja, seu senti<strong>do</strong> global, foram reduzidas para três na revisão <strong>de</strong> 1983 e compreen<strong>de</strong>mSupressão, Generalização e Construção.A partir <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo, cujas regras constituem <strong>de</strong> certa maneira o mapeamento<strong>do</strong>s processos mentais necessários para resumir, Day (1980) e Brown e Day (1983)propuseram cinco regras para resumir, centradas no material superficial <strong>do</strong> texto, assimexpressas: (1) supressão <strong>do</strong> material trivial; (2) supressão <strong>do</strong> material redundante; (3)substituição <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> itens/ações por hiperônimo; (4) seleção <strong>do</strong> tópico frasal; (5)invenção <strong>de</strong> tópico frasal, na ausência <strong>de</strong> um.Em pesquisa recente, Fontana (1989) investigou as estratégias para resumirempregadas por grupos <strong>de</strong> experts e não-experts em português como língua materna einglês como língua estrangeira, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo macroestrutural em suas abordagensteórico-práticas, acima referidas mas buscan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar estratégias ou procedimentos<strong>do</strong>s usuários durante o processo <strong>de</strong> resumir. Conforme as operações realizadas com omaterial linguístico (que está diretamente relaciona<strong>do</strong> com o conteú<strong>do</strong> proposicional <strong>do</strong>texto), foram observadas as seguintes estratégias: (1) adição (inferência, construção eadição <strong>de</strong> material estranho ao texto); (2) subtração (omissão total a priori, supressãototal ou parcial <strong>de</strong> sentenças no material reti<strong>do</strong>); (3) substituição (paráfrase simples eparáfrase com perda parcial <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, isto é, generalização); (4) reor<strong>de</strong>nação(recombinação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> parágrafo e recombinação <strong>do</strong> mesmo material linguístico <strong>de</strong>ntroda sentença).Em resumo, a pesquisa apresentou resulta<strong>do</strong>s consistentes com os aponta<strong>do</strong>spor van Dijk e Kintsch, e Brown e Day, mostran<strong>do</strong> os procedimentos principais <strong>do</strong> expertna produção <strong>de</strong> resumos. O expert seleciona as proposições mais centrais <strong>do</strong> texto-fonte eas mantém no texto <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>; faz melhores escolhas <strong>de</strong> macroproposições e usa as macroregras<strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada, principalmente as mais complexas; usa um conjunto <strong>de</strong>estratégias maduras eficientemente (paráfrase, inferência, construção, reor<strong>de</strong>nação erecombinação entre sentenças e parágrafos), sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista a unida<strong>de</strong> temática. Esseconjunto <strong>de</strong> estratégias mostrou que os experts empregam macro-regras e estratégias


587combinadamente, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma perspectiva discursiva, isto é, preservan<strong>do</strong> a coerência<strong>do</strong> texto resultante.Ensinan<strong>do</strong> a resumirA partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s na seção anterior, algumasimplicações pedagógicas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> rivadas, embora sua aplicação <strong>de</strong>va ser flexível paraaten<strong>de</strong>r a diferentes contextos <strong>de</strong> aprendizagem. Para implementar o ensino <strong>do</strong> resumo,as seguintes sugestões po<strong>de</strong>rão ser utilizadas:1) I<strong>de</strong>ntificar um propósito claro para resumir (por exemplo, con<strong>de</strong>nsar as idéias<strong>de</strong> um autor so<strong>br</strong>e <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tema, para inclusão em artigo). O propósito torna atarefa significativa para o aprendiz e oferece parâmetros <strong>de</strong> avaliação a quem ensina.2) Definir resumo como tipo <strong>de</strong> texto, com clareza e precisão, a pa rtir <strong>de</strong>requisitos essenciais (manutenção <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> central <strong>do</strong> texto-fonte e redução <strong>de</strong>extensão a aproximadamente um terço <strong>do</strong> o riginal; não interferência <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>aprendiz no texto <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>, evitan<strong>do</strong> comentários e conclusões que não os <strong>do</strong> autor). Háliberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir, reor<strong>de</strong>nar e recombinar itens.3) Ensinar a resumir, começan<strong>do</strong> pela compreensão <strong>do</strong> texto. Mostrar comoi<strong>de</strong>ntificar os tópicos frasais e o conteú<strong>do</strong> central <strong>do</strong> texto, basean<strong>do</strong>-se nas re<strong>de</strong>s lexicais,nos marca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> discurso que apontam as relações lógicas entre sentenças ouproposições e nas superestruturas textuais. Fazer resumos para que a classe possaacompanhar o processo, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> elementos e estratégias.4) Fornecer à classe as regras para resumir <strong>de</strong> Day, sob a forma <strong>de</strong> instruções, esupervisionar sua aplicação:1. Omita tu<strong>do</strong> o que for repetição (palavras, orações, sentenças, idéias...).2. Omita tu<strong>do</strong> o que não for impo rtante, indispensável para a compreensão <strong>do</strong> temacentral (<strong>de</strong>talhes, exemplos, explicações...).3. Reduza listas, substituin<strong>do</strong>-as por um termo geral que a<strong>br</strong>anja to<strong>do</strong>s os itens.4. Use o tópico frasal <strong>de</strong> cada parágrafo, se houver um.5. Crie um tópico-frasal, na ausência <strong>de</strong> um, a partir <strong>de</strong> leitura cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> parágrafo.


5885) Introduzir a prática <strong>de</strong> estratégias eficientes para resumir, utilizan<strong>do</strong>-asjuntamente com as regras em 4) acima:- uso <strong>de</strong> paráfrase (versão alternativa <strong>de</strong> sentença, preservan<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong>), sempre quepossível e econômico- uso a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> inferências (explicitan<strong>do</strong> somente os pressupostos conti<strong>do</strong>s no texto)- recombinação entre senteças e parágrafos, sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista a unida<strong>de</strong> temática <strong>do</strong>texto.6) Fornecer contínuo feedback para aprofundar a compreensão e oportunizar aassimilação consciente <strong>de</strong> estratégias.7) Ajudar o aprendiz a aperfeiçoar seu resumo através <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> vocabulárioa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, <strong>de</strong> conectivos e elementos <strong>de</strong> referência necessários à coersão textual, assimcomo da análise da coerência <strong>do</strong> texto <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> e <strong>de</strong> sua fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao original. Cadaaprendiz po<strong>de</strong>rá apren<strong>de</strong>r a fazer seu próprio monitoramento, confrontan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>istextos, retoman<strong>do</strong> as regras e estratégias empregadas e introduzin<strong>do</strong> os melhoramentosque o caso exigir.Ao concluir, é importante frisar que o emprego <strong>de</strong> estratégias isoladas ten<strong>de</strong> anão produzir bons resulta<strong>do</strong>s: seu uso eficiente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão, conscientizaçãoe habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoramento, além <strong>de</strong> conhecimento linguístico. Um resume é, antes<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, um texto e, como tal, sujeito às complexas exigências da organização textual.Bibliografia1. BROWN, A.L. e DAY, I.D. 1983. Macrorules for summarizing texts: the <strong>de</strong>velopmentof expertise. Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior 22, pp. 1-142. DAY, J.D. 1980. Teaching Summarization Skills: a Comparison of Training Methods.PhD Thesis, University of Illinois, Urbana3. FONTANA, N.M. 1989. Summarising Strategies in Ll and U. MA Dissertation,University College of North Wales, Bangor4. KINTSCH, W. e van DIJK, TA. 1978. Toward a mo<strong>de</strong>l of text comprehension andproduction. psychological Review, vol. 85,105, pp. 363-3945. van DUK, TA. 1977. Text and Context: Explorations in the Semantics and Pragmaticsof Discourse. Longman, Lon<strong>do</strong>n and New York.


5896. van DJK, T.A. e KINTSCH, W. 1983. Strategies of Discourse Comprehention.Aca<strong>de</strong>mic Press, New YorkA Escrita Cientifica no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> FísicaOsval<strong>do</strong> N. Oliveira Jr. - IFQSC-USP - São Carlos1. IntroduçãoO sucesso <strong>de</strong> um profissional <strong>de</strong> Física <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente da sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>escrever textos acadêmicos com <strong>de</strong>senvoltura. apes ar disso, acredito que a gran<strong>de</strong> maioria<strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Física no Brasil não oferecem cursos <strong>de</strong> redação ou <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> textosacadêmicos. A habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrita <strong>do</strong> aluno é <strong>de</strong>senvolvida, em gran<strong>de</strong> parte, através daelaboração <strong>de</strong> relatórios para os cursos <strong>de</strong> laboratório, ou p ara bolsas <strong>de</strong> IniciaçãoCientífica ou pós-graduação - mas não existe uma preocupação formal com os méto<strong>do</strong>s daescrita científica. O problema adquire novas dimensões quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra que,atualmente, é imprescindível que cientistas saibam escrever em inglês para que possampublicar seus trabalhos em revistas internacionais.Como uma maneira <strong>de</strong> obter da<strong>do</strong>s concretos so<strong>br</strong>e a participação <strong>do</strong>s alunos<strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Física e Ciência <strong>do</strong>s Materiais <strong>do</strong> IFQSC-USP, São Carlos, napreparação <strong>de</strong> artigos científicos, fiz um levantamento da produção <strong>do</strong> <strong>de</strong>pa rtamento noperío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1985 a 1989. Mais especificamente, foi verificada a produção <strong>de</strong> a rtigos eminglês <strong>do</strong>s alunos <strong>de</strong> pós-graduação, e comparada com o número <strong>de</strong> tese <strong>de</strong>fendidas <strong>de</strong>mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> no mesmo perío<strong>do</strong>.O• objetivo <strong>de</strong>ste trabalho, é, portanto, reunir subsídios para uma discussãoampla da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrita <strong>do</strong>s alunos <strong>de</strong> graduaçãoe pós-graduação, para a escrita científica.II. Uma Análise da Participação <strong>de</strong> Alunos na Produção Cientifica <strong>do</strong> DFCMUma maneira objetiva <strong>de</strong> avaliar o trabalho <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> alunos é através <strong>do</strong>número <strong>de</strong> publicações <strong>de</strong> artigos científicos. A presente pesquisa, so<strong>br</strong>e os alunos <strong>do</strong>Departamento <strong>de</strong> Física e Ciência <strong>do</strong>s Materiais (DFCM), envolveu somente trabalhosem revistas e congressos internacionais, sen<strong>do</strong> que <strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s em congresso,somente foram conta<strong>do</strong>s aqueles em que um texto extenso foi publica<strong>do</strong> (a publicação <strong>de</strong>um resumo, apenas, não foi consi<strong>de</strong>rada).


590O gráfico da Figura 1 mostra o número <strong>de</strong> artigos publica<strong>do</strong>s em revistasespecializadas (A) durante os anos <strong>de</strong> 1985 a 1989, por mem<strong>br</strong>os <strong>do</strong> DFCM. A regiãohachurada correspon<strong>de</strong> aos artigos que contaram com participação <strong>de</strong> alunos <strong>do</strong><strong>de</strong>partamento. Analogamente, a Figura 2 mostra os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> o número<strong>de</strong> artigos em revistas especializadas é soma<strong>do</strong> ao número <strong>de</strong> artigos apresenta<strong>do</strong>s emcongressos internacionais e publica<strong>do</strong>s na forma <strong>de</strong> "proceedings" (A + P). Em termos <strong>de</strong>porcentagem, a participação <strong>do</strong>s alunos é mostrada na Tabela 1, que também apresenta onúmero <strong>de</strong> teses <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>de</strong>fendidas no mesmo perío<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong>-se notarque cerca <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por mem<strong>br</strong>os <strong>do</strong> DFCM não contam coma participação <strong>de</strong> alunos; estes trabalhos são em geral, frutos <strong>de</strong> colaboração compesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> outras instituições, <strong>de</strong> professores afasta<strong>do</strong>s ou mesmo <strong>de</strong> trabalhosindividuais ou <strong>de</strong> grupos envolven<strong>do</strong> somente professores.TABELA 1 - Participação <strong>do</strong>s alunos, em porcentagem, no número <strong>de</strong> artigos (A) eartigos + proceedings (A + P) publica<strong>do</strong>s por mem<strong>br</strong>os <strong>do</strong> DFCM, <strong>de</strong> 1985 a 1989. Nasegunda parte da tabela é mostra<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> teses <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> (ME) e <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>(DO) apresentadas em cada ano.Pertieipaçso <strong>de</strong> Aluna (em %)ANO 1985 1986 1987 1988 1989 MEDIAA + P 43 48 49 57 35 47A 38 48 49 52 35 45Número <strong>de</strong> Teses Defendidas TOTALME 10 16 12 20 27 85DO 8 8 14 9 11 50Talvez seja mais ilustrativa avaliar o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s alunos quanto à escrita,comparan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> trabalhos publica<strong>do</strong>s com o número <strong>de</strong> teses <strong>de</strong>fendidas num<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. A Tabela 2 mostra o número <strong>de</strong> artigos (A) e <strong>de</strong> artigos +proceedings (A + P) totaliza<strong>do</strong>s no perio<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1985 a 1980, em que alguns alunosparticiparam. O resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> 145 artigos e 173 artigos + proceedings, po<strong>de</strong> serconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como positivo, pois dá uma média <strong>de</strong> 1.07 e 1.28 trabalhos por tese<strong>de</strong>fendida, respectivamente. Duas ressalvas merecem ser feitas, entretanto: (1) quan<strong>do</strong> ostrabalhos <strong>de</strong> alunos com produção excepcional são expurga<strong>do</strong>s (na verda<strong>de</strong> foram


591retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> cálculo trabalhos oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 7 teses. Para que a análise seja equili<strong>br</strong>ada, nãoforam computadas 7 teses que não produziram artigos), estas médias caem para 0.81 e1.02 (2) se consi<strong>de</strong>rarmos que i<strong>de</strong>almente <strong>de</strong>veríamos ter no mínimo 1 artigo por tese <strong>de</strong>mestra<strong>do</strong> e 2 por tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s alunos teria que ser melhora<strong>do</strong>significativamente (aumento <strong>de</strong> 33% para artigos + proceedings) para que o número <strong>de</strong>artigos efetivamente publica<strong>do</strong> atingisse o espera<strong>do</strong>. A Tabela 3 mostra o número <strong>de</strong>artigos espera<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> diferentes expectativas com relação ao número <strong>de</strong> artigospublica<strong>do</strong>s por tese <strong>de</strong>fendida.TABELA 2 - Número total <strong>de</strong> artigos (A) e artigos + proceedings (A + P) publica<strong>do</strong>s,com a participação <strong>de</strong> alunos, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1985 a 1989. Na coluna <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s "ComExpurgo", os valores apresenta<strong>do</strong>s resultam da exclusão <strong>de</strong> trabalhos originários <strong>de</strong> 7teses <strong>de</strong> alunos com produção excepcional.A A+P145 173Com ExpurgoA A+P98 124TABELA 3 - Número total <strong>de</strong> artigos que se esperaria que fossem publica<strong>do</strong>s, no perío<strong>do</strong><strong>de</strong> 1985 a 1989, se cada tese <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> (ME) e <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> (DO) contribuisse com aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> artigos mencionada em cada coluna da tabela. O expurgo correspon<strong>de</strong> aretirar <strong>do</strong> cálculo, as 7 teses <strong>de</strong> maior produção e 7 teses sem nehuma produção.Com ExpurgoME = 1DO = 1135121ME=1 ME=1 ME=2DO=2 DO=3 D0=3185 235 320" 165 209 286A participação <strong>do</strong> aluno em um artigo não quer dizer, necessariamente, que estealuno participou <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> escrita <strong>do</strong> trabalho, <strong>de</strong> maneira que a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>slevanta<strong>do</strong>s aqui <strong>de</strong>ve ser encarada como sen<strong>do</strong>, no mínimo otimista. Assim, embora osresulta<strong>do</strong>s da análise possam ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s satisfatórios, acredito que o <strong>de</strong>sempenho<strong>do</strong>s alunos po<strong>de</strong> ser melhora<strong>do</strong> caso estes sejam submeti<strong>do</strong>s a um treinamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.


592A confecção <strong>de</strong> relatórios so<strong>br</strong>e as experiências <strong>do</strong> laboratório, ou so<strong>br</strong>e o trabalhocientífico <strong>do</strong> aluno certamente ajuda. Mas o auxílio que o aluno recebe não é coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>e organiza<strong>do</strong>: este auxílio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> professor que está ministran<strong>do</strong> o curso ouorientan<strong>do</strong> o aluno. Na maioria das vezes, o professor não tem treinamento formalquanto à escrita científica, e s6 po<strong>de</strong> transmitir ao aluno suas experiências pessoais. Tu<strong>do</strong>isto indica um tratamento <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> escrita científica que po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>"ama<strong>do</strong>rístico". A seguir, apresento algumas sugestões que, a meu ver, po<strong>de</strong>m contribuirpara uma melhor formação <strong>do</strong> aluno quanto à escrita científica.Para o ensino <strong>de</strong> graduação, as propostas são basicamente:i) Maior ênfase na forma e estilo <strong>do</strong>s relatórios <strong>de</strong> laboratório, com pelo menos um ou<strong>do</strong>is relatórios, por semestre, sen<strong>do</strong> escritos em forma <strong>de</strong> artigos científicos.ü) Introdução <strong>de</strong> uma monografia como trabalho <strong>de</strong> formatura, que em princípio po<strong>de</strong>riaser origina<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> iniciação científica <strong>do</strong> aluno.Para a pós- graduação:i) Diminuir número o<strong>br</strong>igatório <strong>de</strong> créditos, mas exigir mais trabalhos escritos.Desvantagem: Perda na formação especifica <strong>de</strong> Física.li) Exigir relatórios <strong>de</strong> pesquisa regulares. Desvantagem: Trabalho para os professores <strong>do</strong>corpo <strong>do</strong>cente no acompanhamento <strong>do</strong>s relatórios. Esta alternativa foi tentada há poucosanos atrás no DFCM e a maior dificulda<strong>de</strong> encontrada foi que alguns professores nãoconcordaram em participar da análise <strong>do</strong>s relatórios.üi) Criar curso específico para treinar o aluno para a escrita científica. Desvantagem:dificulda<strong>de</strong>s em implementar o curso formalmente, já que envolve encontrar professorprepara<strong>do</strong> e disposto a ministrá-lo, escolha <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> avaliação.iv) Diminuir o volume <strong>de</strong> trabalho "que se espera" que uma tese <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>apresente, mas em contrapartida exigir um cuida<strong>do</strong> muito maior na elaboração da tese,incluin<strong>do</strong> análise e discussão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, apresentação das idéias, etc. Lem<strong>br</strong>e-se que"menor não é necessariamente pior". Desvantagem: risco <strong>de</strong> queda no nível <strong>do</strong>s trabalhos(teses bem escritas mas com pouco conteú<strong>do</strong>), problemas com bancas examina<strong>do</strong>ras.v) Realizar oficinas em que o aluno é treina<strong>do</strong> a escrever artigos em português e/ouinglês. A participação nestas oficinas po<strong>de</strong>ria permitir que o aluno fosse dispensa<strong>do</strong> <strong>de</strong>um certo número <strong>de</strong> créditos, o que evitaria problemas com os aspectos formais <strong>de</strong> umcurso e serviria <strong>de</strong> estímulo para que os alunos participassem.


593Uma melhoria na escrita científica po<strong>de</strong> representar prejuízo a outras áreas <strong>de</strong>ensino, <strong>de</strong> maneira que <strong>de</strong>ve-se tentar uma posição <strong>de</strong> equilí<strong>br</strong>io em que algum espaço é<strong>de</strong>dica<strong>do</strong> ao treinamento em escrita científica, ao mesmo tempo que se tente minimizar osprejuízos às outras áreas da formação <strong>do</strong> aluno. E por isso que mencionei as possíveis<strong>de</strong>svantagens na implementação <strong>de</strong> algumas das sugestões apresentadas. Na minhaopinião, um melhor acompanhamento <strong>do</strong>s relatórios <strong>de</strong> laboratório na graduação e asoficinas <strong>de</strong> escrita na pós-graduação são as alte rnativas mais viáveis.100No¢ 50w oOfz0 1985 1986 1987 1988 1909[] DFCM- TotolMU Corn purlicipação <strong>do</strong> olunoeFig. 1. Número <strong>de</strong> artigos publica<strong>do</strong>s em revistas especializadas durante os anos <strong>de</strong> 1985 a1989, por mem<strong>br</strong>os <strong>do</strong> DFCM. A parte hachurada correspon<strong>de</strong> aos a rtigos que contaramcom a participação <strong>de</strong> alunos.


594I 00 1985 1986 1987 1906 1909q DFCM- Total® Com por ticipação <strong>de</strong> alunosFig. 2. Número <strong>de</strong> artigos em revistas especializadas mais artigos publica<strong>do</strong>s emproceedings <strong>de</strong> conferências. Como na figura anterior, a parte hachurada correspon<strong>de</strong> aostrabalhos com participação <strong>de</strong> alunos.


ASSEMBLÉIA FINAL595


597Ata da Assembléia FinalA assembléia final contou com a presença <strong>de</strong> aproximadamente 70 participantes.A prol° Anna Maria Pessoa <strong>de</strong> Carvalho a<strong>br</strong>iu a sessão com comunica<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>ea Conferência Interamericana <strong>de</strong> Física a ser realizada em e so<strong>br</strong>e a Reunião daIUPAP - International Union of Pure and Applied Physics a ser realizada na Polônia.A seguir fez um balanço geral <strong>do</strong> Simpósio: no primeiro dia foram realizadasquatro das 6 conferências previstas. Os cursos e oficinas tiveram em média 20 alunos porturma. Nove mesas re<strong>do</strong>ndas foram realizadas como previsto. Oito Encontros/Debatesforam realiza<strong>do</strong>s com boa participação. Os Grupos <strong>de</strong> Trabalho previstos (16), foramreagrupa<strong>do</strong>s em 11 e ficaram assim constituí<strong>do</strong>s: Pesquisa em ensino <strong>de</strong> Ciências (6.1). Ostrês grupos (abordagem social, abordagem construtivistas e abordagem históricoepistemológica)foram realiza<strong>do</strong>s como previsto com participação <strong>de</strong> aproximadamente 10pessoas por grupo. Produção e Implementação <strong>de</strong> Material Didático (6.2). Tambémocorreu conforme previsto. Os <strong>do</strong>is grupos (O trabalho <strong>do</strong> professor em sala <strong>de</strong> aula eProjeto <strong>de</strong> ensino e propostas curriculares) tiveram participação média <strong>de</strong> 15 pessoas. OGrupo 6.3, <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 3° grau inicialmente previsto para discussões so<strong>br</strong>e CicloBásico <strong>de</strong> Graduação e Licenciatura transformou-se em apenas um grupo (com cerca <strong>de</strong> 8pessoas) engloban<strong>do</strong> ainda o grupo so<strong>br</strong>e propostas <strong>de</strong> curso <strong>de</strong> especializaçãoinicialmente previsto no grupo 6.4. 0 Grupo <strong>de</strong> Trabalho so<strong>br</strong>e Educação Informal eExtensão Universitária (6.4) inicialmente previsto para discussão so<strong>br</strong>e Centro <strong>de</strong>Ciências, Divulgação Científica e Mídia, divulgação científica e ação direta so<strong>br</strong>e apopulação e propostas <strong>de</strong> curso <strong>de</strong> especialização reuniu-se em um só grupo <strong>de</strong>aproximadamente 8 pessoas, com a proposta <strong>de</strong> curso <strong>de</strong> especialização in<strong>do</strong> integrar oGT 63. As três propostas <strong>de</strong> discussão so<strong>br</strong>e Politicas <strong>de</strong> Organização e Avaliação (GT6.5) tiveram apenas a participação <strong>do</strong>s coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res e portanto juntaram-se em apenasum só grupo. O Grupo <strong>de</strong> Trabalho 6.6 (<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 1° e 2° graus) teve gran<strong>de</strong>participação (25 pessoas por grupo) dividin<strong>do</strong>-se em 3 grupos: 1° grau/magistério, 2° graue escolas técnicas.A seguir a prof° Anna Maria Carvalho passou a palavra para quem quisessefazer uso a fim <strong>de</strong> avaliar o Simpósio como um to<strong>do</strong>. Vários participantes fizeram uso dapalavra elogian<strong>do</strong> a organização e a programação <strong>do</strong> Simpósio e <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> algunspontos importantes. Os principais <strong>de</strong>les foram: <strong>de</strong>staque para a gran<strong>de</strong> participação noSimpósio <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> 1° e 2° graus. Foi lem<strong>br</strong>ada a participação da Editora Har<strong>br</strong>ana divulgação, o que contribuiu para este fato. Apesar das dificulada<strong>de</strong>s financeiras <strong>do</strong>momento e <strong>do</strong> ceticismo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s 'a participação no Simpósio surpreen<strong>de</strong>u. Surpreen<strong>de</strong>utambém o esvaziamento das discussões políticas, embora as discussões acadêmicastivessem si<strong>do</strong> ricas e importantes. Foram <strong>de</strong>stacadas a curva ascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ânimo <strong>do</strong>sparticipantes durante os trabalhos; <strong>de</strong>staque foi da<strong>do</strong> à participação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s osesta<strong>do</strong>s, particularmente os mais distantes <strong>do</strong> país. Sugeriu-se maior empenho para a


_•598realização <strong>do</strong>s simpósios regionais ou transferência <strong>do</strong> nacional <strong>do</strong> triângulo Rio-SãoPaulo-Minas para outros pontos <strong>do</strong> país. Sugeriu-se também maior empenho naorganização politica <strong>do</strong>s professores através <strong>de</strong> orgãos sindicais e outros nessa linha. Emvirtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s reagrupamentos ocorri<strong>do</strong>s nos grupos <strong>de</strong> trabalho sugeriu-se, na organização<strong>do</strong>s futuros Simpósios, estu<strong>do</strong>s para reestruturação <strong>do</strong>s mesmos. Uma mostra <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>osso<strong>br</strong>e temas liga<strong>do</strong>s a ensino <strong>de</strong> Física também foi sugerida. Destaque <strong>de</strong>ve ser da<strong>do</strong>também a ativida<strong>de</strong>s ligadas ao dia-a-dia da sala <strong>de</strong> aula. A falta <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong>graduação foi explicada pelo Encontro <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Estudantes <strong>de</strong> Física estar ocorren<strong>do</strong>neste mesmo perío<strong>do</strong>. Foi <strong>de</strong>stacada a importância <strong>do</strong>s cursos no Simpósio inclusiveaqueles sob responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> 2° grau, muito elogia<strong>do</strong>s. A gran<strong>de</strong>presença <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> escolas técnicas pela primeira vez no Simpósio também foi<strong>de</strong>stacada. Foi divulga<strong>do</strong> aos presentes a realização periódica <strong>de</strong> encontros <strong>de</strong> professores<strong>de</strong> Física das escolas técnicas. Sugeriu-se também esten<strong>de</strong>r à comunida<strong>de</strong> local o convitepara as conferências, palestras e ou outras ativida<strong>de</strong>s programadas durante o Simpósio.A seguir a profa Marta Pernambuco passou a leitura e votação das moções queseguiram a seguinte or<strong>de</strong>m:Moção n° 1: Do Encontro <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Astronomia no 1° e 2° grauMoção dirigida ao presi<strong>de</strong>nte da SAB e à comissão organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> próximo SNEFSen<strong>do</strong> o SNEF o foro <strong>de</strong> discussão <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> Física, e reconhecen<strong>do</strong> que aAstronomia é parte integrante <strong>de</strong>sse ensino com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> torná-lo maisdinâmico, critico e criativo,solicitamos que este Simpósio constitua-se também no foro congrega<strong>do</strong>r <strong>de</strong>professores interessa<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>senvolver o ensino <strong>de</strong> Astronomia,sugerin<strong>do</strong> que seja busca<strong>do</strong> o apoio da Socieda<strong>de</strong> Astronômica Brasileira paratal fim.Votação: Aprovada - 2 abstenções.Moção n° 2 - Do Encontro Revistas <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física/CiênciasOs participantes <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF dirigem esta moção à Diretoria e ao Conselho daSBF para manifestar sua gran<strong>de</strong> preocupação quanto à situação geral das revistasdidáticas na área <strong>de</strong> Física, no pais. Embora esta situação tenha si<strong>do</strong> sempre precária, elarecentemente se tornou critica, pela ausência <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> um maior apoio a estaspublicações.


599O "Ca<strong>de</strong>rno Catarinense <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física", que é uma revista cujosbenefícios ao nosso ensino <strong>de</strong> Física no 2° grau são reconheci<strong>do</strong>s por toda a comunida<strong>de</strong>educacional e científica <strong>br</strong>asileira, vem resistin<strong>do</strong> <strong>br</strong>avamente a essas injunções,conseguin<strong>do</strong> manter a periodicida<strong>de</strong> prevista por ocasião <strong>de</strong> seu lançamento. Contu<strong>do</strong>,apesar <strong>do</strong>s esforços ingentes <strong>de</strong> seus responsáveis, na edição <strong>de</strong> cada número, novabatalha precisa ser travada para suplantar os problemas menciona<strong>do</strong>s. Solicitamos, pois, oapoio e a ação da Diretoria da SBF, junto aos órgãos <strong>de</strong> financiamento, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> segarantir os recursos necessários à continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta publicação, sem a insegurança que asituação <strong>de</strong>scrita vem causan<strong>do</strong>.ï^Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>Moção n° 3 - Do Encontro Revistas <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física/CiênciasOs participantes <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF dirigem esta moção à Diretoria e ao Conselho daSBF para manifestar sua gran<strong>de</strong> preocupação quanto à situação geral das revistasdidáticas na área <strong>de</strong> Física no país. Embora esta situação tenha si<strong>do</strong> sempre precária, elarecentemente se tornou critica, pela ausência <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> um maior apoio a estaspublicações.No que se refere à Revista <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física, publicação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>da SBF, os problemas permanentes <strong>de</strong> sustentação fmanceira e sua aperiodicida<strong>de</strong> daí<strong>de</strong>corrente, têm leva<strong>do</strong> seus diretores e os colabora<strong>do</strong>res da revista ao total <strong>de</strong>sânimo efrustração, ante os insucessos constantes em sua luta para vencer estas dificulda<strong>de</strong>s. Alémdisso, esses fatos refletem negativamente na influência que a revista certamente teria paraelevar o padrão <strong>do</strong> nosso ensino <strong>de</strong> Física.Como sócios da SBF e conscientes <strong>do</strong>s prejuízos que essa situação acabaproduzin<strong>do</strong>, solicitamos à Diretoria e ao Conselho da SBF um empenho ainda maior eurgente, para garantir a publicação regular da revista e em curto prazo, a edição <strong>do</strong>s <strong>do</strong>isnúmeros já prepara<strong>do</strong>s e em condições <strong>de</strong> publicação. Estamos certos <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s nós,direção e sócios da SBF, comungamos das mesmas idéias a cerca da importância <strong>de</strong> todasas publicações da Socieda<strong>de</strong>, para melhoria <strong>do</strong> ensino e para o <strong>de</strong>senvolvimento dapesquisa em Física no país.Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>Moção n° 4 - Do Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° grauÀ Diretoria e Conselho da SBF:


600A criação <strong>de</strong> uma publicação anual <strong>de</strong> "Seminário Permanente Aberto <strong>de</strong><strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física , na qual se registre as experiências didático-pedagógico-meto<strong>do</strong>lógicas<strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> ensino instituí<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> grupos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong> professoresisola<strong>do</strong>s.Votação: Recusada - 9 abstençõesMoção n° 5: Do Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° grauNós, professores <strong>do</strong> 2° grau reuni<strong>do</strong>s no <strong>IX</strong> SNEF, no Grupo <strong>de</strong> Trabalho 6.6(<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° grau) apontamos a falta <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> divulgação e espaços <strong>de</strong>atuação. Para tal propomos:Uma campanha entre os professores <strong>de</strong> 2° grau para filiação à SBF,fortalecen<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> ensino.Votação: Aprovada - 5 abstençõesMoção n° 6 - Do Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 3° grau - Ciclo Básico,Licenciatura e Propostas <strong>de</strong> Cursos <strong>de</strong> EspecializaçãoÀ Secretaria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBFpreocupação constante <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física a melho ria daformação <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> Física, tanto em seu conhecimento específico, conhecimentoeste <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> estrita <strong>de</strong> físicos, quanto pedagógicos._Reconhecen<strong>do</strong> que a formação <strong>de</strong> professores é <strong>de</strong> interesse e também <strong>de</strong>reponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedagogos, além <strong>de</strong> licencia<strong>do</strong>s e professores <strong>de</strong> 1° a 4 8 séries, solicitaseque a Secretaria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBF interaja, <strong>de</strong> forma institucional com a recém criadaAssociação <strong>Nacional</strong> Pela Formação <strong>do</strong>s Profissionais da Educação - ANFOPE - que vemtrazen<strong>do</strong> discussões sistemáticas so<strong>br</strong>e as licenciaturas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1983, quan<strong>do</strong> ainda não secaracterizava como Associação. Que esta interação se estenda às socieda<strong>de</strong>s responsáveispelo ensino <strong>de</strong> Química, Biologia e Matemática.Acredita-se que esta interação somará esforços pela melho ria das licenciaturas epossibilitará novas propostas <strong>de</strong> reformulação para formação <strong>do</strong> professor-educa<strong>do</strong>rpesquisa<strong>do</strong>r.Votação: Aprovada - 10 abstenções


601Moção n° 7 - Do Grupo <strong>de</strong> Trabalho Produção e Implementação <strong>de</strong> Material Didático -O trabalho <strong>do</strong> professor em sala <strong>de</strong> aula e Da Mesa Re<strong>do</strong>nda - Professor comoPesquisa<strong>do</strong>rPara Secretaria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBF e órgãos financia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pesquisaA constatação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação em que se encontra a escola pública, eespecificamente o ensino <strong>de</strong> Física, e o reconhecimento da existência <strong>de</strong> inúmeros focosisola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> resistência a esse esta<strong>do</strong>, levaram à proposta da seguinte moção paraencaminhamento a SBF e aos órgãos fmancia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pesquisa e ensino:- que o professor da escola <strong>de</strong> 1° e 2° graus seja reconheci<strong>do</strong> como profissionalcompetente para opinar so<strong>br</strong>e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudança no ensino em sala <strong>de</strong> aula;- que sejam incentiva<strong>do</strong>s os projetos inova<strong>do</strong>res elabora<strong>do</strong>s por grupos <strong>de</strong>professores organiza<strong>do</strong>s e que seja reconheci<strong>do</strong> que a sala <strong>de</strong> aula é o "laboratório" <strong>do</strong>professor no julgamento <strong>de</strong> seu trabalho, conce<strong>de</strong>nd o-se bolsas-pesquisa a professoresque permaneçam em serviço com número reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> aulas para atualização, realização<strong>de</strong> projetos, etc;- que se reconheça a importância <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> 1° e 2° graus,incentivan<strong>do</strong>-se a divulgação <strong>de</strong> seu trabalho e crian<strong>do</strong>-se mecanismos para que elaocorra;- que se encaminhe às Universida<strong>de</strong>s a recomendação para que organizem epriorizem a formação <strong>do</strong> professor nos cursos <strong>de</strong> graduação, pós-graduação e em serviço,articulan<strong>do</strong> as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, ensino e extensão;- que se encaminhe às Secretarias Municipais e Estaduais <strong>de</strong> Educação arecomendação para criação <strong>de</strong> mecanismos estáveis para <strong>de</strong>senvolvimento das iniciativasinova<strong>do</strong>ras através <strong>de</strong> horas-ativida<strong>de</strong> remuneradas, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaço físico erecursos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.Votação: Aprovada - 2 abstençõesMoção n° 8 - Do Grupo <strong>de</strong> Trabalhó <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> 2° grau - Escolas TécnicasO grupo propôs duas moções forais aprovadas pelos presentes, a seremsubmetidas à Assembléia Final <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF, nos seguintes termos:


^602a) Ten<strong>do</strong> em vista o número crescente <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> EscolasTécnicas que vem comparecen<strong>do</strong> aos últimos SNEFs, os professores presentes agra<strong>de</strong>cemo espaço que a Secretaria <strong>de</strong> ensino da SBF nos vem proporcionan<strong>do</strong>, solicitam que nopróximo SNEF este espaço seja amplia<strong>do</strong> com a criação <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s, além <strong>do</strong>grupo <strong>de</strong> trabalho, que abor<strong>de</strong>m especificamente tópicos referentes ao ensino <strong>de</strong> Físicanas Escolas Técnicas.b) Que A SBF divulgue <strong>de</strong> maneira mais ampla a realização <strong>do</strong>s SNEFs entre asInstituições <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>, <strong>de</strong> maneira especial entre as Escolas Técnicas.SNEF.Votação: Encaminhada como recomendação à Comissão Organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> XMoção n° 9 - Da plenária da AssembléiaQue se crie um mecanismo <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os trabalhos e ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>SNEF. Como sugestão, po<strong>de</strong>ria-se usar fichas em que to<strong>do</strong>s os participantes opinassempela qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho (e <strong>do</strong> Simpósio como um to<strong>do</strong> também).Votação: moção retirada.Moção n° 10 - Do Grupo <strong>de</strong> Trabalho A Organização politica <strong>do</strong>s pós-graduan<strong>do</strong>sMoção <strong>de</strong> apoio à Lei <strong>do</strong>s Pós-Graduan<strong>do</strong>s, no momento tramitan<strong>do</strong> noCongresso. Apesar <strong>de</strong> não termos ti<strong>do</strong> quorum, este projeto foi aprova<strong>do</strong> durante asReuniões da ANPG (Associação <strong>Nacional</strong> <strong>do</strong>s Pós-Graduan<strong>do</strong>s) e acreditamos que a SBFpo<strong>de</strong> pressionar o Congresso no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> apoiar este projeto <strong>de</strong> Lei, assim como estãofazen<strong>do</strong> outras entida<strong>de</strong>s.No momento este projeto está com a Comissão <strong>de</strong> Finanças <strong>do</strong> Congresso, eeste projeto foi leva<strong>do</strong> pelo Deputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral Florestan Fernan<strong>de</strong>s.Votação: S<strong>usp</strong>ensa por falta <strong>de</strong> informações.Moção n° 11 - Da plenária da AssembléiaÀs Secretarias <strong>de</strong> Educação Estaduais e Municipais <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo,Minas Gerais, Piauí e Paraiba.


603Requeremos que seja realiza<strong>do</strong> Concurso Público para ingresso no Magistériopara professores <strong>de</strong> Física, uma vez que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1982 nos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Piaui eMinas Gerais, e 1988 na Paraiba, não há a realização <strong>de</strong>ste concurso, provocan<strong>do</strong> aevasão da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> 2° grau <strong>de</strong> professores licencia<strong>do</strong>s.Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>.Moção n° 12 - Da plenária da AssembléiaMoção à Diretoria da SBF para que encaminhe aos meios <strong>de</strong> comunicaçãosocial o seguinte manifesto.Manifesto em Defesa da Escola PúblicaConsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o ataque sistemático à Escola Pública através <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong>comunicação <strong>de</strong> massa, os participantes <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF, promovi<strong>do</strong>s pela SBF, manifestamsecontra este ataque, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a ESCOLA PÚBLICA gratuita, laica, <strong>de</strong>moc rática e <strong>de</strong>boa qualida<strong>de</strong>, a toda a população <strong>br</strong>asileira.Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>.Moção N° 13 - Da plenária da AssembléiaMoção à Diretoria da SBFReconhecen<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong> Forum <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Educação, que se manteveatento e atuante junto ao Congresso, na elaboração da Constituição, em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> ensino,e sen<strong>do</strong> a SBF uma das entida<strong>de</strong>s participantes <strong>de</strong>ste Forum, solicitamos o empenho daSBF em manter uma representação permanente junto ao Forum para facilitar e ampliar adivulgação <strong>do</strong>s trabalhos, assumin<strong>do</strong> as <strong>de</strong>spesas financeiras <strong>de</strong>correntes.Votação: Aprovada -1 abstençãoMoção n° 14 - Da plenária da AssembléiaÀ Secretaria <strong>de</strong> Educação SP/RJAo SINPRO SP/RJAo Sindicato das Mantene<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> SP/RJ


604A re<strong>de</strong> privada <strong>de</strong> ensino <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo realizou no ano passa<strong>do</strong> um"Concurso" para cadastramento e classificação <strong>de</strong> professores. Tal concurso, cujasquestões eram a nível <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau, exigia ainda que o professor interessa<strong>do</strong> pagasseuma taxa <strong>de</strong> inscrição. Além disso o concurso não assegurava uma contratação.Os professores presentes no <strong>IX</strong> SNEF repudiam tal concurso, que se caracterizacomo um <strong>de</strong>srespeito profissional e que este não se estenda a outros esta<strong>do</strong>s.Votação: Aprovada -1 voto contra.Moção n° 15 - Da Mesa Re<strong>do</strong>nda Formação <strong>do</strong> Cidadão: A formação <strong>do</strong> cidadão <strong>de</strong>ntroe fora da escola.A Diretoria da SBF, para divulgaçãoNós, professores <strong>de</strong> Física, presentes no <strong>IX</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>Física, manifestamos o nosso apoio às ações da SBF e <strong>de</strong>mais entida<strong>de</strong>s científicas, no seuquestionamento <strong>do</strong> PLANO PARALELO e <strong>do</strong> PROJETO NUCLEAR BRASILEIRO,por enten<strong>de</strong>rmos que da forma com que estão sen<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong>s não é possível o seu "usoexclusivo para fins pacíficos".Reinvindicamos que o controle <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os projetos energéticos da socieda<strong>de</strong><strong>br</strong>asileira passem para a socieda<strong>de</strong> civil, através <strong>de</strong> seus representantes.Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>.Moção n° 16 - Da Sessão Coor<strong>de</strong>nada - Relatos RegionaisPara a próxima Secretaria <strong>de</strong> Ensinó da SBF (gestão 91/93)Fazer um projeto <strong>de</strong> pesquisa com financiamento <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> fomento, paracontinuação e sistematização <strong>do</strong> levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s começa<strong>do</strong>s para o <strong>IX</strong> SNEF, coma finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos uma visão mais realística das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Física<strong>de</strong>senvolvidas no país, para servir <strong>de</strong> subsídios para futuros trabalhos.Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>Moção N° 17 - Da plenária da Assembléia


^605À Diretoria da SBFQue seja examinada a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> parcelamento da anuida<strong>de</strong> paga à SBF.Votação: Aprovada - 1 voto contra, 6 abstençõesMoção N° 18 - Da plenária da AssembléiaÀ Diretoria da SBFSolicitamos que o Secretário <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBF seja mem<strong>br</strong>o permanente daComissão <strong>de</strong> Reuniões da SBF.Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>Moção N° 19 - Da plenária da AssembléiaAo Conselho da SBFSolicitamos que a Comissão <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBF passe a ter 5 mem<strong>br</strong>os (oSecretário e quatro representantes da comunida<strong>de</strong>) a fim <strong>de</strong> que seja possível manter umarepresentação regional.Votação: Aprovada por unanimida<strong>de</strong>.As seguintes recomendações também foram encaminhadas:Recomendação N° 1 - Do Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° grauÀs comissões elabora<strong>do</strong>ras das provas <strong>de</strong> Física <strong>do</strong>s concursos vestibulares dasUniversida<strong>de</strong>s Públicas.1. Ten<strong>do</strong> em vista a influência <strong>do</strong> concurso vestibular no ensino <strong>de</strong> 2° grau;2. Ten<strong>do</strong> em vista a <strong>de</strong>svirtualização da Filosofia da Física pela linha <strong>de</strong> trabalho<strong>do</strong>s "cursinhos' pré-vestibulares. •Propomos aos professores responsáveis pela elaboração das provas <strong>de</strong> Física <strong>do</strong>sconcursos vestibulares:


606- Que se reúnam em assembléia para discutir uma reformulação das provas <strong>de</strong>vestibular.- Que primem por questões envolven<strong>do</strong> mais os conceitos físicos <strong>do</strong> que cálculosnuméricos ou aplicação direta <strong>de</strong> fórmula.- Que promovam uma visão integrada da Física, evitan<strong>do</strong> transmitir uma idéiafragmentada <strong>do</strong>s diversos tópicos, em suma, que busquem questões mais inte ligentes, aexemplo <strong>do</strong> que já vem ocorren<strong>do</strong> em alguns vestibulares <strong>do</strong> país, pois temos por certoque, se houver uma mudança nas provas <strong>de</strong> vestibular haverá então, por conseqüência,toda urna reformulação nos materiais didáticos e no sistema <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> 2° grau.Recomendação n° 2 - Da plenária da AssembléiaA Comissão Organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF:1. Dar mais tempo a Comunicações e Painéis: não permitir mais <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>ssasativida<strong>de</strong>s ao mesmo tempo. E a parte principal <strong>do</strong> SNEF.2. Se houver linhas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, concentrar cada linha em um dia. Nestesimpósio os <strong>de</strong>bate<strong>do</strong>res <strong>de</strong> uma linha num dia não tinham, em geral, participa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<strong>de</strong>bates <strong>do</strong>s dias anteriores.3. Manter uma tar<strong>de</strong> livre.Recomendação N° 3 - Da plenária da AssembléiaÀ Secretaria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> da SBFProcurar fazer uma avaliação <strong>do</strong> <strong>IX</strong> SNEF junto aos professores <strong>de</strong> 1° e 2° grausque participaram, procuran<strong>do</strong> saber da va lida<strong>de</strong> das diferentes ativida<strong>de</strong>s para a suaprática <strong>do</strong>cente, que influências po<strong>de</strong>rão ter para uma proposta <strong>de</strong> melho ria <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>1° e 2° graus.Começar a fazer rapidamente este levantamento para que novas sugestões sejamincorporadas ao futuro SNEF.A seguir a mesa encaminhou a votação <strong>do</strong>s nomes a serem indica<strong>do</strong>s aoconselho da SBF para a Comissão <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> e Secretaria <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> - Gestão julho/91 ajulho/93.Foi <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> pela plenária que a indicação <strong>de</strong>ve ria seguir o critério <strong>de</strong>regionalização com manutenção <strong>do</strong> atual Secretário <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> na composição dacomissão.


607Foi indica<strong>do</strong> o nome <strong>de</strong> Roberto Nardi para Secretário <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> e <strong>do</strong>sseguintes mem<strong>br</strong>os represent an<strong>do</strong> as seguintes regiões:Região Su<strong>de</strong>ste: Anna Maria Pessoa <strong>de</strong> Carvalho (atual Secretária <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>)Região Sul: José André P. AngottiRegião Nor<strong>de</strong>ste: Maria Cristina Dal Pian No<strong>br</strong>eRegião Norte/Centro Oeste: Edilson <strong>do</strong>s Santos<strong>Ensino</strong>.Não haven<strong>do</strong> nada mais a tratar, foi. encerrada a Assembléia pela Secretária <strong>de</strong>


ÍNDICEPREFÁCIO 1CONFERÊNCIAS .3- O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no Terceiro Grau 5- Qual o Papel da Ciência na Formação Básica? 9- A Situação <strong>do</strong> Magistério <strong>de</strong> 1° e 2° Graus no Brasil 20CURSOS 23- Ciência e Filosofia 25- A Proposta GREF para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Mecânica 26- Novos Materiais e Microeletrônica 27- Introdução às Partículas Elementares 27- O Laboratório <strong>de</strong> Física na Universida<strong>de</strong> 28- <strong>Ensino</strong> Construtivista: Um exemplo em calor e temperatura 29- Aplicações da Informática no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° Grau 30- Física Mo<strong>de</strong>rna Experimental 31- Espectroscopia Física 31- Física Experimental para o 1° Grau 32- Oficina <strong>de</strong> Materiais Alternativos para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física .33MESAS REDONDAS 35- LINHA 1- FORMAÇÃO PROFISSIONAL 37- O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Graduação: como está? 39- Alteração Curricular no Departamento <strong>de</strong> Física e Ciência <strong>do</strong>s Materiais 44- O Bacharela<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física no UFRJ 48- O que e como ensinar no 3° Grau 55- O que e como ensinar no terceiro grau? 58- LINHA 2 - FORMAÇÃO DO CIDADÃO 61- A Formação i<strong>do</strong> Cidadão Dentro e Fora da Escola 63f Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> 67CTS e a Educação <strong>do</strong> Homem 71- Ciência-Tecnologia-Socieda<strong>de</strong> 77- Políticas Recentes <strong>de</strong> Formação Básica e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências 80- Politicas, Tendências e a Ciência que Virou Latim 83- Políticas <strong>de</strong> Formação Básica e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências 86- LINHA 3 - PROFESSOR: FORMAÇÃO E PRÁTICA 93- A Formação <strong>do</strong> Professor em Serviço 95- Contribuição <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> sindical 102- Formação em Serviço <strong>de</strong> Professores 108- O Professor Secundário como Pesquisa<strong>do</strong>r: Uma Reflexão Critica 110- O Professor como Pesquisa<strong>do</strong>r 115- Avaliação, Recuperação e Evasão: Propostas Politicas das Secreta rias Regionais 119- Avaliação, Repetência e Evasão Escolar 121- Avaliação, Recuperação e Evasão - Propostas Políticas das Secretarias da Educação 123


MDificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s Professores no Curso <strong>de</strong> Atualização 249A Física Contemporânea e o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2 0 Grau 252- A Física na Formação <strong>de</strong> Professores no 2° Grau 256- A Física na Formação <strong>do</strong> Profissionais para as Séries Iniciais 259- Trabalhan<strong>do</strong> com Ciências no Magistério <strong>de</strong> Primeiro Grau 265PAINÉIS E COMUNICAÇÕES ORAIS - TRABALHOS EXPERIMENTAIS 271- A Estrutura <strong>de</strong> uma Exposição <strong>de</strong> Divulgação Científica - Física - Do Calei<strong>do</strong>scópio aoCarrossel 273- Relevância <strong>de</strong> uma Exposição <strong>de</strong> Divulgação Científica no <strong>Ensino</strong> 276- Espectroscópio <strong>de</strong> Reflexão para <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> 2° Grau 284- Simples Experimento para o Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física - O exemplo <strong>do</strong> batimento (+) 287- Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Movimento <strong>de</strong> Projétil Empregan<strong>do</strong> Luz Estroboscópica 290- Motor <strong>de</strong> Corrente Contínua com Rotor <strong>de</strong> Imã Móvel 293- Dispositivo para Determinação da Aceleração da Gravida<strong>de</strong> 296- SAAD: Uma Socieda<strong>de</strong> Estudantil <strong>de</strong> Astronomia <strong>de</strong> Dia<strong>de</strong>ma/SP 299- Experimentação no <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 2° Grau: Análise <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Investigação 305- Um Méto<strong>do</strong> Modifica<strong>do</strong> para Determinar Velocida<strong>de</strong>s num Trilho <strong>de</strong> Ar .307- Simples Experimentos para o Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ressonância .312- Qualida<strong>de</strong> e Design Indust rial no Projeto <strong>de</strong> Equipamento para o <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no1° Grau .315- Fazen<strong>do</strong> para Ensinar: Um laboratório <strong>de</strong> baixo custo em óptica geométrica .317- Uso <strong>do</strong> Detector Sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong> Traços CR-39 em Práticas <strong>de</strong> Física Nuclear .320- Kit Educacional - Banco <strong>de</strong> pesquisa óptica 323- Bobina <strong>de</strong> Tesla: Altas tensões no laboratório didático .326- Trilho <strong>de</strong> Ar - Uma proposta <strong>de</strong> baixo custo 328- Experimentos a Baixo Custo em Física Mo<strong>de</strong>rna: O espectro <strong>do</strong> sódio e a experiênciahistórica <strong>de</strong> Kirchhoff .330PAINÉIS E COMUNICAÇÕES ORAIS - EXPERIÊNCIAS DIDÁTICAS 333- Uma Reflexão So<strong>br</strong>e a Estrutura da Proposta GREF .335- A Proposta GREF para o <strong>Ensino</strong> da Óptica - Uma reflexão 337- O Cinegrafista em Sala <strong>de</strong> Aula 339- Evolução da proposição da fórmula matemática da resistência elétrica <strong>de</strong> um fio, através<strong>de</strong> uma sequência <strong>de</strong> situações abordan<strong>do</strong> o controle <strong>de</strong> variáveis e o pensamentoproporcional. Um estu<strong>do</strong> exploratório .341- Proposta para reformulação <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Física Experimental para alunos <strong>do</strong> curso noturnoda licenciatura em Física 344- A Proposta GREF, os professores e a sala <strong>de</strong> aula 347A Proposta GREF - Mecânica .350<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Mecânica Quântica: Uma crítica <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo perturbacional da medida 357- Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fenômenos físicos através <strong>de</strong> textos provocativos e ativida<strong>de</strong>s experimentaiscomplementares, com resolução heurística <strong>do</strong>s problemas fundamentais .363- Uma proposta para a P série <strong>do</strong> II grau .365- Reações da comunida<strong>de</strong> escolar à inovação ,369


LENCONTROS E DEBATES 129- Análise Crítica <strong>de</strong> Material Didático (articulação das diferentes tentativas existentes) 131- Preparação para o IV EPEF 132- Simpósios Regionais-Articulações com os SNEFS 133- <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Astronomia no 1° e 2° grau 134- A atuação junto às Secretarias <strong>de</strong> Educação 138- Análise e Propostas para os SNEF 139- Revistas <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física/Ciências 140GRUPOS DE TRABALHO 149- Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências - Abordagem Social 151'- Pesquisa em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Ciências - Abordagem Construtivista 152- Produção e Implementação <strong>de</strong> Material Didático - O trabalho <strong>do</strong> professor em sala <strong>de</strong>aula 154- Produção e Implementação <strong>de</strong> Material Didático - Projetos <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> e PropostasCurriculares 155- <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no 3° Grau 156- Educação Informal e Extensão Universitária 159- Politica <strong>de</strong> Organização e Avaliação - A Organização Política <strong>do</strong>s Professores 161- A Politica <strong>de</strong> Avaliação, Evasão, Recuperação 162- A Organização Politica <strong>do</strong>s Pós-Graduan<strong>do</strong>s: Estrutura <strong>do</strong>s Cursos e agências <strong>de</strong>Financiamento 164- O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física no Segun<strong>do</strong> Grau 165- <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física nas Escolas Técnicas 167- Física para o 1° Grau: regular e supletivo - O <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Fisica no 2° Grau: Magistério 169CONFERÊNCIAS - "O ESTAI7O DA ARTE EM DIFERENTES CAMPOS DA FÍSICA" ...173Caos e Determinismo na Física 175Al- As Interpretações da Mecânica Quântica 176EXPOSIÇÕES 185- Exposição Comemorativa <strong>do</strong> Cinquentenário da Descobe rta <strong>do</strong>s Chuveiros Penetrantesnos Raios Cósmicos 187- Exposição Comemorativa <strong>do</strong>s 85 anos <strong>do</strong> Prof. Bernhard Gross 192SEÇÃO DE COMUNICAÇÕES COORDENADAS 195- Relatos Regionais das Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física 197PAINÉIS E COMUNICAÇÕES ORAIS - FORMAÇÃO DE PROFESSORES 217- Uma Prática <strong>de</strong> Ciências no Curso <strong>de</strong> Magistério 219- Licenciatura em Física: Alguns Da<strong>do</strong>s 221- Física para o Magistério <strong>do</strong> 1° Grau: Depoimento e Análise 226- Contribuição <strong>de</strong> um Curso <strong>de</strong> Atualização para Professores à Melho ria <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong>1° Grau 228- Curso <strong>de</strong> Especialização em <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física <strong>do</strong> 2° Grau 232- O Impacto no Professor Durante o Processo <strong>de</strong> Inovação 235- COMUNICAÇÕES ORAIS 238- Trabalho com Ciências - Discutin<strong>do</strong> Energia 238- Óptica <strong>do</strong> Professor Pesquisa<strong>do</strong>r na Área <strong>de</strong> Física - Uma tentativa <strong>de</strong> compreensão dainterface 2°-3° graus ?44


- Dificulda<strong>de</strong>s em apren<strong>de</strong>r Física, no 1° ano <strong>do</strong> 2° grau noturno em Presi<strong>de</strong>nte .Pru<strong>de</strong>nte-SP .377- Reforma Curricular - Caminhos para uma licenciatura em crise .379- Produção <strong>de</strong> material instrucional e a integração com o 2° grau: situação e perspectiva .384- Visão <strong>do</strong>s estudantes so<strong>br</strong>e ciência e tecnologia <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> cidadão educa<strong>do</strong> .388- O ensino <strong>de</strong> ciências em uma expe riência interdisciplinar .392- Uma ratoeira para <strong>de</strong>monstrar a queda simultânea <strong>do</strong>s corpos 395PAINÉIS E COMUNICAÇÕES ORAIS - PESQUISA ENS INO-APRENDIZAGEM 399- Análise <strong>de</strong> um pré-teste so<strong>br</strong>e noções <strong>de</strong> calor e temperatura 401- Os conceitos <strong>de</strong> "calor" e "temperatura' nos livros didáticos <strong>de</strong> 2° grau 404- Acompanhamento <strong>do</strong>s ingressantes no IFUSP em 1989/1990 412- Um teste so<strong>br</strong>e calor, temperatura e energia interna 418- Desempenho em Física Geral no 1° ano <strong>de</strong> calouros que prestaram vestibular com provadiscursiva <strong>de</strong> Física 429- Física no século XX - Relato <strong>de</strong> uma experiência meto<strong>do</strong>lógica alte rnativa para o ensino <strong>do</strong>segun<strong>do</strong> grau 431- O eclipse lunar <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1989 - O registro <strong>de</strong> uma efeméri<strong>de</strong> por estudantes <strong>do</strong>2° grau 437- A Usina Nuclear <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong>s Reis como laboratório para o ensino <strong>de</strong> Física 440- Desenhos humorísticos so<strong>br</strong>e Física 444- Zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento proximal: Um referencial teórico para os Centros <strong>de</strong>Ciências 450Concepções espontâneas <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> 2° grau so<strong>br</strong>e radioativida<strong>de</strong> - Resulta<strong>do</strong>sreliminares 453- O que pensam as crianças acerca <strong>do</strong>s fenômenos térmicos 454- Estrutura conceitual da Mecânica Clássica 456- Concepções prévias so<strong>br</strong>e o pêndulo somples 461- Movimento: Análise <strong>de</strong> Concepções espontânea em alunos <strong>de</strong> 2° e 3° grau 466- As concepções <strong>de</strong> termodinâmica <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> magistério 471PAINÉIS E COMUNICAÇÕES ORAIS - HISTÓRIA DA CIÊNCIA 477- Exposição comemorativa <strong>do</strong> cinquentenário da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s chuveiros penetrantes nosraios cósmicos.. 479- Newton x Mach: Os princípios da Mecânica 483- História da Ciência: Como e quan<strong>do</strong> usá-la num curso <strong>de</strong> Calor e Temperatura para osegun<strong>do</strong> grau 487- Física e a formação <strong>do</strong> cidadão: Histó ria da Ciência no ensino 491- Uma introdução à Física Aristotélica 495- Filmes <strong>de</strong> ficção científica: Quadros <strong>de</strong> uma exposição aristotélica 497- Aristóteles e a Universida<strong>de</strong> - Conceitos intuitivos 499- Recuperação da memória <strong>do</strong> ensino expe rimental <strong>de</strong> Física na escola secundária <strong>br</strong>asileira 503PAINÉIS E COMUNICAÇÕES - AVALIAÇÃO E DESEMPENHO ESCOLAR 507- Uma experiência didática: Acompanhamento e avaliação <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho escolar emEletromagnetismo 509- Afinal, o que é medir? 513


- Estu<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e evasão, tempo <strong>de</strong> permanência e coeficiente <strong>de</strong> rendimento <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong>Instituto <strong>de</strong> Física Gleb Wataghin da UNICAMP 516PAINÉIS E COMUNICAÇÕES ORAIS - PESQUISA EM ENSINO 521- Óptica Física: Dificulda<strong>de</strong>s apresentadas no processo ensino-aprendizagem 523- A relação conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Física na re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> 2° grau e a realida<strong>de</strong> social <strong>do</strong>s alunos 526- Fazen<strong>do</strong> Teatro, ensinan<strong>do</strong> Física: O papel <strong>do</strong> jogo dramático no ensino da Física no2° grau 528- Concepções pré-existentes e construção <strong>do</strong> conhecimento físico: Propósitos e práticapedagógica no segun<strong>do</strong> grau 532- Mo<strong>de</strong>lo cinético <strong>do</strong> calor: Evolução das noções <strong>de</strong> alguns alunos 537- Leitura em aulas <strong>de</strong> Física: Influência da história <strong>do</strong> leitor e <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> texto 545- Concepções espontâneas como ponto <strong>de</strong> partida para o ensino <strong>de</strong> óptica geométrica:Um estu<strong>do</strong> quase experimental 549- Divulgação das pesquisas <strong>do</strong> 1FUSP para seus alunos 554- Proprieda<strong>de</strong>s gerais <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> energia na visão <strong>de</strong> estudantes secundários 557PAINEIS E COMUNICAÇÕES ORAIS- COMPUTAÇÃO E ENSINO DE FÍSICA 561- Um ambiente para a criação <strong>de</strong> textos em inglês 563- <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Física: Um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s 568- O texto acadêmico em inglês como língua estrangeira: Dificulda<strong>de</strong>s e perspectivas 571Tecnologia Nuclear X Informação Científica 576- Estu<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e a linguagem utilizada por alunos em respostas dadas a questões so<strong>br</strong>ecolisões 581- Estratégia para resumir 585- A escrita científica no ensino <strong>de</strong> física 589ASSEMBLEIA FINAL 595- Ata da Assembléia Final 597

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