Como Guar<strong>da</strong>-marinha <strong>do</strong> “Bartolomeu Dias” participou, em 1945, naocupação <strong>do</strong> Timor Português, onde a sua acção foi merece<strong>do</strong>ra dumlouvor colectivo <strong>do</strong> Major-general <strong>da</strong> Arma<strong>da</strong> e, ain<strong>da</strong>, de um outro – esteindividual – concedi<strong>do</strong> pelo Director de Marinha, devi<strong>do</strong> à sua valiosaparticipação e competência técnica no levantamento hidrográfico <strong>do</strong> portode Dili, levantamento este cita<strong>do</strong> no livro de Luna de Oliveira sobre Timor 2e também, mais pormenoriza<strong>da</strong>mente, no livro <strong>do</strong> nosso confradeRodrigues <strong>da</strong> Costa com o título “Os navios e os marinheiros portuguesesem terra e nos mares de Timor” 3 .Como 2º tenente – depois de amanhã faz exactamente 66 anos que foipromovi<strong>do</strong> a este posto – então na Escola de Alunos Marinheiros (EAM) ecom um grupo de oficiais – entre eles o 2º tenente Serra Brandão –interessou-se profun<strong>da</strong>mente em melhorar o Regulamento de Infantaria <strong>da</strong>Arma<strong>da</strong>.Os elementos por si recolhi<strong>do</strong>s em duas visitas de estu<strong>do</strong> a Centros deInstrução <strong>da</strong> Marinha Americana 4 , depois de a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s às nossasnecessi<strong>da</strong>des, incitaram o 2º tenente Saturnino Monteiro a orientarprofun<strong>da</strong>s alterações na instrução e na própria Escola de AlunosMarinheiros, o que constituiu um sucesso notável a to<strong>do</strong>s os níveis.É por esta altura que é pai <strong>do</strong> primeiro <strong>do</strong>s seus cinco filhos.O seu entusiasmo e iniciativa na instrução <strong>do</strong>s recrutas <strong>da</strong> Arma<strong>da</strong>conduziram-no a, com a colaboração <strong>do</strong> 2º tenente Victor Vitorino (jáfaleci<strong>do</strong>), redigir e ilustrar parte importante <strong>do</strong> Livro <strong>do</strong> Grumete 5 , no qualo instruen<strong>do</strong> melhor podia assimilar os hábitos e costumes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> debor<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong>-lhe faculta<strong>do</strong>s, ain<strong>da</strong>, noções complementares de HistóriaNaval e outros.A sua preocupação com os méto<strong>do</strong>s de ensino, apoia<strong>da</strong> numa sóli<strong>da</strong> culturape<strong>da</strong>gógica e vinca<strong>do</strong> espírito militar, levaram-no a promover uma novareorganização – desta vez <strong>da</strong> Escola de Mecânicos – de forma a torná-la2 Oliveira, Cor. Humberto Luna de, Timor na História de Portugal, vol. IV, p. 284,Fun<strong>da</strong>ção Oriente, Lx, 20043 Costa, Adelino Rodrigues <strong>da</strong>, Os navios e os marinheiros portugueses em terra e no mar,p. 212, Edições Culturais <strong>da</strong> Marinha, 20054 1ª visita em Jan. 1952, com 1º ten. Ornelas e Vasconcelos; 2ª visita, em Out. 54, com o 1ºten. Marques Ribeiro5 Conhecem-se as edições de 1952 e 1953, mas foi publica<strong>do</strong> até 1974. A edição de 1952ain<strong>da</strong> foi em cicloestilo.2
<strong>Elogio</strong> público <strong>do</strong> <strong>Coman<strong>da</strong>nte</strong> Arman<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> Saturnino Monteiromais eficientes na preparação <strong>do</strong>s alunos, face às novas armas eequipamentos recebi<strong>do</strong>s <strong>da</strong> NATO 6 .Da sua autoria são, também, o “Livro <strong>do</strong> Monitor” e a parte <strong>do</strong> combate <strong>do</strong>,ao tempo, Regulamento de Infantaria <strong>da</strong> Arma<strong>da</strong>.Na comissão a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> “Gonçalves Zarco” (1955/57), como Chefe <strong>do</strong>Serviço de Artilharia – na Índia e Macau – e numa situação muito delica<strong>da</strong>na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> navio, actuou duma forma tão clara e decidi<strong>da</strong> que o<strong>Coman<strong>da</strong>nte</strong> <strong>do</strong> navio não hesitou em considerá-lo como “ um oficialexcepcional dentro <strong>da</strong> Arma<strong>da</strong>” 7 , deven<strong>do</strong> juntar-se a este louvor osrecebi<strong>do</strong>s, mais tarde, <strong>do</strong>s <strong>Coman<strong>da</strong>nte</strong>s <strong>da</strong> Escola de Mecânicos 8 e <strong>do</strong>sNRP Tejo 9 e Vouga 10 onde esteve embarca<strong>do</strong> como imediato.Com o desenrolar <strong>da</strong> questão ultramarina e na expectativa de que à Marinhase viriam a impor – inevitavelmente – tarefas mais exigentes fora <strong>da</strong>Metrópole, abor<strong>do</strong>u o assunto nos Anais <strong>do</strong> Clube Militar Naval 11 onde,com a sua experiência e capaci<strong>da</strong>de de análise, considerou a necessi<strong>da</strong>de dese vir a dispor de canhoneiras nas diversas províncias ultramarinas,uni<strong>da</strong>des estas mais adequa<strong>da</strong>s aos ambientes tropicais <strong>do</strong> que os navios<strong>da</strong>s missões NATO.Na primeira <strong>do</strong>cência na Escola Naval, cerca de 1960, – onde eu própriotambém me encontrava como instrutor – tive ensejo de testemunhar a nossaactivi<strong>da</strong>de entusiasta de jovens oficiais, arrasta<strong>do</strong>s pelo exemplo,competência e serie<strong>da</strong>de que o <strong>Coman<strong>da</strong>nte</strong> Saturnino Monteiro imprimiaàs funções pe<strong>da</strong>gógicas e ao Coman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Companhia de Alunos.Sobre isto, o Prof. Doutor João Moreira Freire, ex-oficial <strong>da</strong> Arma<strong>da</strong> ecadete <strong>da</strong> Escola Naval naquela altura, em conferência proferi<strong>da</strong> aqui na<strong>Academia</strong> de Marinha (em 17 Nov 2004), disse:“Há cerca de 40 anos, o <strong>Coman<strong>da</strong>nte</strong> Saturnino Monteiro numa <strong>da</strong>spalestras que fez á Companhia de Alunos <strong>da</strong> Escola Naval, alertava para 3<strong>do</strong>s principais problemas que, pensava ele, iriam colocar-se a esses jovensno decurso <strong>da</strong> sua futura carreira de oficiais. Eram então:6 Com o ingresso na NATO em 1949, receberam-se 4 fragatas, 14 patrulhas A/S e 16 dragaminas.Vidé “Batalhas e Combates <strong>da</strong> Marinha Portuguesa”, vol. VIII, p. 1537 Louvor <strong>da</strong><strong>do</strong> pelo Cte. <strong>do</strong> “Gonçalves Zarco”, Cap.-frag. António Garcia Braga, em 17Dez 19568 Louvor <strong>da</strong><strong>do</strong> pelo Como<strong>do</strong>ro <strong>Silva</strong> Moreira em Ago 19599 Louvor <strong>da</strong><strong>do</strong> pelo <strong>Coman<strong>da</strong>nte</strong> <strong>do</strong> NRP Tejo, Cap.-ten. Manuel <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> Dias, em Abr.195810 Louvor <strong>da</strong><strong>do</strong> pelo <strong>Coman<strong>da</strong>nte</strong> <strong>do</strong> NRP Vouga, Cap.-ten. Virgílio Guimarães Rodrigues,em Jun 195911 Anais <strong>do</strong> CMN de Jul/Set 1958VII-3