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Keraluz, vizinho especial em busca dos seus direitos - Adusp

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Janeiro 2011REPORTAGEM DE CAPARevista <strong>Adusp</strong>Keralux, v i z i n h o<strong>especial</strong> <strong>em</strong> busc ad o s <strong>seus</strong> <strong>direitos</strong>Ana Maria BarbourJornalistaDaniel GarciaMariete de Lima, agente de saúde, aponta um <strong>dos</strong> probl<strong>em</strong>as: esgoto a céu aberto24


Revista <strong>Adusp</strong>Janeiro 2011Ruas de terra, córregos com esgoto a céu aberto e margens repletas delixo. Ocorrência de dermatites, probl<strong>em</strong>as respiratórios, diarréia. Apesarde haver<strong>em</strong> conquistado água encanada, rede de esgotos, energia elétricae posto de saúde, os moradores do Jardim Keralux — um pequeno bairro<strong>vizinho</strong> à EACH, loteado por grileiros e cuja história fundiária está ligadaà do campus da USP — ainda enfrentam difíceis condições sanitárias eambientais, que inclu<strong>em</strong> a presença de resíduos do pesticida BHC. Não háprevisão da Prefeitura para o laudo de contaminação ambientalOJardim Keralux é o<strong>vizinho</strong> mais próximodo campus da USPLeste. Sua paisag<strong>em</strong>é composta por ruasde terra, sobra<strong>dos</strong> dealvenaria e por dois córregos comesgoto a céu aberto, cujas margensestão repletas de lixo. Em um deles,crianças brincam ao lado de umacabra que come calmamente seucapim. A população é acometidapor dermatites, probl<strong>em</strong>as respiratórios,verminoses e diarréia. “Certamentesão decorrentes da faltade saneamento básico. As criançasbrincam na terra e os moradorescom<strong>em</strong> os frutos das bananeirasque cresc<strong>em</strong> ao longo <strong>dos</strong> cursosd’água”, comenta Mariete de Lima,agente de saúde na região e moradorada região desde 1987.A EACH está separada dessaárea apenas por uma via de acessoà Rua Arlindo Béttio, a única passag<strong>em</strong>para entrar e sair do bairro.Isso porque, paralela à rua, estáuma linha de tr<strong>em</strong> da CPTM, enquantoas laterais do bairro são fechadaspelos terrenos da SiderúrgicaArcelorMittal Aços Longos (antigaBelgo-Mineira) e pela inativaBann Química. Ao fundo, está um<strong>dos</strong> córregos que faz limite comuma área cercada de mata, pertencenteà Gleba 2 da USP Leste.Além das indústrias citadas, tambémencontra-se nas redondezasa Owens Illinois do Brasil (antigaCisper), que fabrica <strong>em</strong>balagensde vidro, instalada do outro ladoda Avenida Dr. Assis Ribeiro.O nome do bairro se deve à antigafábrica Keralux S/A RevestimentoCerâmicos, que faliu <strong>em</strong>fins da década de 1970. Em 1995,um grupo de grileiros loteou o terrenoe vendeu ilegalmente paraaqueles que seriam <strong>seus</strong> primeirosmoradores, logo surpreendi<strong>dos</strong>por manda<strong>dos</strong> de reintegração deposse. “Meu marido trabalhava naCisper e ficou sabendo que haviaterrenos à venda ali perto. Compramose construímos a casa. Mudamos<strong>em</strong> maio e <strong>em</strong> junho veioa má notícia. Aí, fomos para a ruaexigir nosso direito de continuarno local”, conta Terezinha Mendes<strong>dos</strong> Santos Oliveira, que hojeparticipa de reuniões com a Sehabna tentativa de viabilizar a regularizaçãofundiária do bairro e apavimentação das ruas.A permanência na área só foigarantida com forte resistência populare ações na Justiça. A ameaçade despejo perdeu força quandoos moradores ganharam o direitode ficar no local, que se tornouuma Zona Especial de InteresseSocial (ZEIS-1), classificaçãolegal dada às regiões ocupadasdesordenadamente por populaçãode baixa renda, nas quais existeinteresse público <strong>em</strong> promoverprogramas habitacionais de urbanizaçãoe de regularização fundiária.Hoje, o terreno que compõe oJardim Keralux, com cerca de 210mil m ² , pertence <strong>em</strong> parte à MassaFalida da Construtora AlfredoMathias Ltda. e <strong>em</strong> parte ao Bancodo Brasil (BB).25

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