A Primeira Relação Sexual, o Primeiro Casamento e o ... - UFMG
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246e profissional. Os estudos geralmente são interrompidos para que a mulher possa atender àsdemandas impostas pela maternidade.No mercado de trabalho, as mulheres que têm filhos não são bem aceitas e encontrammuitas dificuldades para conciliar as atividades profissionais e domésticas. A deficiente infraestruturapública de educação pré-escolar e os custos elevados das escolas infantis privadastornam mais difíceis a continuidade dos estudos e a participação no mercado de trabalho.Usualmente, as jovens que se tornam mães param de estudar e acabam nem entrando, oudeixando, o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. Conseqüentemente, quando retomamà vida profissional, elas geralmente encontram trabalho em atividades mal remuneradas. Porfim, a análise qualitativa revelou que as mulheres de diferentes grupos acreditam que onascimento do primeiro filho deva acontecer, sempre, antes que a mulher complete 30 anos deidade. De fato, a idade mediana de nascimento do primeiro filho sugere que 50% dasmulheres mais jovens tiveram o primeiro nascimento aos 24 anos e, 50% das mais velhas, aos24,7 anos.A análise qualitativa provê alguns subsídios para a discussão e delineamento de açõespúblicas direcionadas para programas de educação sexual, planos de atendimento à saúdereprodutiva e políticas para a universalização de centros de educação pré-escolar. Os elevadosíndices de gravidez na adolescência, particularmente entre jovens de famílias de baixa renda,sugerem a necessidade da elaboração e implementação de novos projetos de educação sexualem escolas públicas e privadas. Estes projetos deveriam propiciar uma maior conscientizaçãoacerca das conseqüências da prática sexual, dos possíveis impactos de infecções sexualmentetransmissíveis e da gravidez não planejada. A falta de educação sexual e de informaçãoadequada sobre os mais diversos aspectos que envolvem o comportamento sexual ereprodutivo é considerado como um dos grandes obstáculos para que as pessoas sedesenvolvam plenamente e exerçam seus direitos reprodutivos. A educação sexual, comosugerem muitos resultados deste estudo, deveria permitir que as mulheres, em geral, fizessemescolhas informadas e responsáveis em relação à quando iniciar sua vida sexual, quando secasar e quando ter o primeiro filho. Os conflitos entre gerações, reportados pelas participantesdos grupos focais, geram grandes dificuldades para o diálogo franco e aberto sobre sexo esaúde no âmbito familiar. Por este motivo, seria interessante que os programas de educaçãosexual procurassem integrar as famílias das jovens em suas ações.
247Outro aspecto importante levantado na análise qualitativa diz respeito ao papel damídia impressa e televisiva na orientação sexual dos jovens. Diante disto, iniciativas paraampliar a participação da sociedade na discussão de políticas voltadas para o controle daqualidade das informações veiculadas devem ser incentivadas.A demanda por serviços públicos de atendimento de saúde para mulheres jovens esolteiras ficou evidente nas falas das participantes dos grupos focais. A estrutura da saúdepública direciona o atendimento em saúde reprodutiva quase que exclusivamente paramulheres casadas. A implantação de serviços públicos voltados para mulheres jovens e/ousolteiras requer a preparação de profissionais especializados para tratar com situações que nãosão consideradas convencionais, tais como mulheres que ainda não deram início à sua vidasexual.Os direitos trabalhistas das mulheres que se tornaram mães merecem um tratamentomais adequado, pois muitas participantes reportaram as dificuldades de emprego para aquelasque têm filhos. Segundo elas, para muitos empregadores, o filho é visto como um empecilhopara o exercício profissional da mulher. Esta situação remete a uma avaliação das deficiênciasdo sistema público educacional. Crianças de 0 a 5 anos de idade não têm garantido por lei oacesso à educação pública. Este aspecto é mencionado como uma das maiores dificuldadespara que a mulher consiga conciliar os papéis de mãe e trabalhadora. A universalização daeducação pré-escolar pública deve ser uma meta em todos os níveis de poder.Uma questão que deve ser avaliada refere-se à situação das jovens com filhos. Paramuitas participantes jovens dos grupos focais, a gravidez na adolescência trouxe prejuízo àsua vida escolar e profissional, comprometendo, inclusive, a qualidade de vida dos filhos.Diante deste quadro, seria pertinente uma discussão ampla com respeito às políticascompensatórias de educação e trabalho para estas jovens.Também é importante ressaltar que este estudo revela que existe uma série depesquisas que podem ser desenvolvidas com o intuito de aprofundar a investigação da relaçãoentre as normas e valores e o comportamento sexual, nupcial e reprodutivo das mulheres emBelo Horizonte. Para isto, algumas informações que não foram coletadas na pesquisa SRSRseriam necessárias. Dentre estas informações estariam, por exemplo, a de escolaridade eparticipação no mercado de trabalho da mulher, retrospectivas ao tempo de ocorrência doevento de interesse. Com isso, algumas questões adicionais poderiam ser tratadas, por
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246e profissional. Os estudos geralmente são interrompidos para que a mulher possa atender àsdemandas impostas pela maternidade.No mercado de trabalho, as mulheres que têm filhos não são bem aceitas e encontrammuitas dificuldades para conciliar as atividades profissionais e domésticas. A deficiente infraestruturapública de educação pré-escolar e os custos elevados das escolas infantis privadastornam mais difíceis a continuidade dos estudos e a participação no mercado de trabalho.Usualmente, as jovens que se tornam mães param de estudar e acabam nem entrando, oudeixando, o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. Conseqüentemente, quando retomamà vida profissional, elas geralmente encontram trabalho em atividades mal remuneradas. Porfim, a análise qualitativa revelou que as mulheres de diferentes grupos acreditam que onascimento do primeiro filho deva acontecer, sempre, antes que a mulher complete 30 anos deidade. De fato, a idade mediana de nascimento do primeiro filho sugere que 50% dasmulheres mais jovens tiveram o primeiro nascimento aos 24 anos e, 50% das mais velhas, aos24,7 anos.A análise qualitativa provê alguns subsídios para a discussão e delineamento de açõespúblicas direcionadas para programas de educação sexual, planos de atendimento à saúdereprodutiva e políticas para a universalização de centros de educação pré-escolar. Os elevadosíndices de gravidez na adolescência, particularmente entre jovens de famílias de baixa renda,sugerem a necessidade da elaboração e implementação de novos projetos de educação sexualem escolas públicas e privadas. Estes projetos deveriam propiciar uma maior conscientizaçãoacerca das conseqüências da prática sexual, dos possíveis impactos de infecções sexualmentetransmissíveis e da gravidez não planejada. A falta de educação sexual e de informaçãoadequada sobre os mais diversos aspectos que envolvem o comportamento sexual ereprodutivo é considerado como um dos grandes obstáculos para que as pessoas sedesenvolvam plenamente e exerçam seus direitos reprodutivos. A educação sexual, comosugerem muitos resultados deste estudo, deveria permitir que as mulheres, em geral, fizessemescolhas informadas e responsáveis em relação à quando iniciar sua vida sexual, quando secasar e quando ter o primeiro filho. Os conflitos entre gerações, reportados pelas participantesdos grupos focais, geram grandes dificuldades para o diálogo franco e aberto sobre sexo esaúde no âmbito familiar. Por este motivo, seria interessante que os programas de educaçãosexual procurassem integrar as famílias das jovens em suas ações.