A Primeira Relação Sexual, o Primeiro Casamento e o ... - UFMG

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6educacionais distintas na investigação, mesmo que somente na etapa qualitativa, permite umadiscussão mais elaborada acerca dos comportamentos sexual, nupcial e reprodutivo. Por fim,o enfoque na realidade municipal supre uma lacuna nos estudos referentes ao comportamentoreprodutivo neste âmbito, já que informações detalhadas neste nível de desagregação sãopraticamente inexistentes. Investigações como PNDS (BEMFAM, 1996), por exemplo, quetratou, além de outras coisas, de diversos aspectos do comportamento reprodutivo dasmulheres brasileiras, além de já estar bastante antiga, não tem representatividade nesta esfera.Por ter sido o local de uma das mais recentes pesquisas sobre saúde sexual ereprodutiva, o município de Belo Horizonte possui dados atuais e representativos, quepermitem análises sobre atividade sexual, casamento e fecundidade. Este fato, aliado àstransformações na fecundidade que ocorreram nas últimas décadas no município, tornam acapital de Minas Gerais um excelente ponto para estudo. Além disto, o município apresentou,no último Censo Demográfico, uma TFT de 1,65 filho por mulher, a menor entre as capitaisda região Sudeste. Vale ressaltar que 49% desta taxa foi devida à contribuição das mulheresentre 20 e 29 anos (ATLAS, 2003). Assim, comparar o comportamento desta coorte com o deuma coorte de mulheres que iniciou seu período reprodutivo no final dos anos 50 e início dosanos 60, a partir de quando foram constatadas diversas mudanças no comportamentoreprodutivo das mulheres brasileiras, é uma estratégia para compreender como diferenças nocomportamento sexual, de casamento e reprodutivo podem colaborar para o processo derejuvenescimento da fecundidade, observado nas décadas mais recentes.Em relação à idade de início da atividade sexual, análises sobre os determinantespróximos da fecundidade ressaltam que esta é uma das variáveis que pode influenciar,diretamente, o tempo de duração da vida reprodutiva e, conseqüentemente, os níveis e padrõesda fecundidade (DAVIS & BLAKE, 1956). No Brasil, os dados da Pesquisa Nacional sobreDemografia e Saúde (BEMFAM, 1996), mostram que a idade mediana à primeira relaçãosexual, entre as mulheres de 20 a 49 anos de idade, era de 19,4 anos. Isto significa que, atéchegarem ao final do período reprodutivo e, na ausência de fatores inibidores, essas mulheresficavam, aproximadamente, 29 anos expostas ao risco de reproduzir. A comparação entrecoortes mostra que, enquanto as mulheres entre 45 e 49 anos informaram ter tido a primeirarelação sexual aos 20,7 anos, aquelas entre 25 e 29 anos declararam que o fizeram aos 18,8anos. Um aspecto importante quanto à idade de entrada em atividade sexual é que, enquantoas mulheres sem nenhuma escolaridade iniciavam sua vida sexual com uma idade mediana de

717,6 anos, a idade mediana que aquelas com doze ou mais anos tinham sua primeira relaçãoera de 22,4 anos (BEMFAM, 1996).A literatura indica que a idade da mulher ao primeiro casamento sinaliza, em muitospaíses, incluindo o Brasil, o início efetivo da exposição para o risco de nascimentossocialmente sancionados. Como tal, esta idade é um determinante fundamental do número defilhos que uma mulher terá. Alguns autores chamam a atenção para o fato de que o adiamentoda idade ao casar reduz a duração do tempo que a mulher é capaz de reproduzir e explicamque, quando a entrada em união é mais tardia, acima dos 30 anos, por exemplo, o potencial defecundidade perdido pode nunca ser recuperado (BONGAARTS & POTTER, 1983). NoBrasil, a análise da idade ao primeiro casamento de mulheres de diferentes coortes mostra queeste indicador permaneceu constante, em torno dos 22 anos, para todos os grupos etários.Utilizando dados dos Censos Demográficos, COSTA (2004) estimou, para o Brasil, umaidade média ao primeiro casamento de 23,0 anos para 1970, de 22,6 para 1980, de 22,7 para1991 e de 22,7 para 2000. É importante salientar que a autora considera como casamentotanto as uniões formais quanto as informais. Embora praticamente constante nas últimasdécadas, a idade média ao primeiro casamento apresenta variações quando mulheres dediferentes categorias educacionais são analisadas. De acordo com os dados da PNDS(BEMFAM, 1996), por exemplo, é possível observar que, enquanto a idade mediana àprimeira união das mulheres sem nenhuma escolaridade era de 18,8 anos, a daquelas comnove ou mais anos de escolaridade era de 23,1 anos. Portanto, considerando que a idade aoprimeiro casamento é diferente para mulheres com maior e menor escolaridade, e queproporções cada vez maiores de mulheres entram na escola e prosseguem seus estudos, éimportante investigar seu papel na conformação do padrão etário da fecundidade.Finalmente, a idade em que a mulher tem o seu primeiro filho tem conseqüênciasdemográficas importantes. Dentre tais conseqüências estão as mudanças no padrão etário e odeclínio da fecundidade. O aumento na proporção de nascimentos entre jovens de 15 a 19anos, em conjunto com a concentração dos nascimentos entre mulheres de 20 a 24 anos,devido ao declínio das taxas de fecundidade de mulheres mais velhas, têm contribuído para orejuvenescimento do padrão etário da fecundidade e para a queda da TFT nas décadas maisrecentes. Os dados da PNDS (BEMFAM, 1996) mostram uma ligeira diminuição na idademediana ao nascimento do primeiro filho, em virtude de que uma maior proporção demulheres vem tendo filhos antes de 17 anos de idade. De fato, 16% das mulheres que tinham

6educacionais distintas na investigação, mesmo que somente na etapa qualitativa, permite umadiscussão mais elaborada acerca dos comportamentos sexual, nupcial e reprodutivo. Por fim,o enfoque na realidade municipal supre uma lacuna nos estudos referentes ao comportamentoreprodutivo neste âmbito, já que informações detalhadas neste nível de desagregação sãopraticamente inexistentes. Investigações como PNDS (BEMFAM, 1996), por exemplo, quetratou, além de outras coisas, de diversos aspectos do comportamento reprodutivo dasmulheres brasileiras, além de já estar bastante antiga, não tem representatividade nesta esfera.Por ter sido o local de uma das mais recentes pesquisas sobre saúde sexual ereprodutiva, o município de Belo Horizonte possui dados atuais e representativos, quepermitem análises sobre atividade sexual, casamento e fecundidade. Este fato, aliado àstransformações na fecundidade que ocorreram nas últimas décadas no município, tornam acapital de Minas Gerais um excelente ponto para estudo. Além disto, o município apresentou,no último Censo Demográfico, uma TFT de 1,65 filho por mulher, a menor entre as capitaisda região Sudeste. Vale ressaltar que 49% desta taxa foi devida à contribuição das mulheresentre 20 e 29 anos (ATLAS, 2003). Assim, comparar o comportamento desta coorte com o deuma coorte de mulheres que iniciou seu período reprodutivo no final dos anos 50 e início dosanos 60, a partir de quando foram constatadas diversas mudanças no comportamentoreprodutivo das mulheres brasileiras, é uma estratégia para compreender como diferenças nocomportamento sexual, de casamento e reprodutivo podem colaborar para o processo derejuvenescimento da fecundidade, observado nas décadas mais recentes.Em relação à idade de início da atividade sexual, análises sobre os determinantespróximos da fecundidade ressaltam que esta é uma das variáveis que pode influenciar,diretamente, o tempo de duração da vida reprodutiva e, conseqüentemente, os níveis e padrõesda fecundidade (DAVIS & BLAKE, 1956). No Brasil, os dados da Pesquisa Nacional sobreDemografia e Saúde (BEMFAM, 1996), mostram que a idade mediana à primeira relaçãosexual, entre as mulheres de 20 a 49 anos de idade, era de 19,4 anos. Isto significa que, atéchegarem ao final do período reprodutivo e, na ausência de fatores inibidores, essas mulheresficavam, aproximadamente, 29 anos expostas ao risco de reproduzir. A comparação entrecoortes mostra que, enquanto as mulheres entre 45 e 49 anos informaram ter tido a primeirarelação sexual aos 20,7 anos, aquelas entre 25 e 29 anos declararam que o fizeram aos 18,8anos. Um aspecto importante quanto à idade de entrada em atividade sexual é que, enquantoas mulheres sem nenhuma escolaridade iniciavam sua vida sexual com uma idade mediana de

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