A Primeira Relação Sexual, o Primeiro Casamento e o ... - UFMG

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212o filho precisam ser adiados - ou transformados - com seu nascimento e, geralmente o ônusgerado pela nascimento da criança é, geralmente, da mulher. Paras as jovens negras de altaescolaridade, as mulheres, muito mais do que os homens, mudam suas vidas paradesempenhar o papel requerido pela maternidade. E estas mudanças, segundo elas, geralmentetêm um custo bastante elevado para as jovens, particularmente para aquelas de classes maiselevadas, que possuem aspirações de vida maiores. Embora ambos os grupos concordem queas dificuldades geradas pela maternidade são, sempre, muito mais vivenciadas pelas mulheres,vale ressaltar que as jovens negras e de alta escolaridade, acreditam que as mudançasdependem muito da classe social a qual a mulher pertence. Aquelas de classes mais altas, têmaspirações maiores e são mais cobradas, portanto precisam fazer maiores ajustes em suasvidas para conciliar papéis.Para as jovens brancas e de baixa escolaridade, acreditam que o amadurecimento,entendido como a habilidade para cuidar da criança, é uma das maiores mudanças queacontece na vida de uma jovem depois que ela tem seu primeiro filho. Além disto, elasacreditam que o fato de não poderem pensar mais somente nelas mesmas também é umamudança importante em suas vidas. Para as jovens brancas e de alta escolaridade, asmudanças que acontecem depois do nascimento do primeiro filho são inúmeras. Dentre elasestão a necessidade de aprender a conciliar diversas atividades, superar obstáculosfinanceiros, incluir a criança nos projetos de vida, deixar de viajar e de fazer muitas coisasque gostam e, principalmente, adiar os estudos.Para as mulheres entre 50 e 59 anos, brancas e negras, de baixa e alta escolaridade, onascimento do primeiro filho em idades mais jovens significa perder a juventude, a liberdadee a possibilidade de usufruir das oportunidades inerentes à idade. Significa pular etapas eimplica dependência financeira do companheiro ou da família. Para estas mulheres, continuarestudando depois do nascimento de um filho passa a ser uma incerteza. Neste sentido, osresultados deste estudo sugerem que as possibilidades de conquistas educacionais podem serafetadas pelo nascimento do primeiro filho. Muitos trabalhos científicos, baseados em dadosquantitativos, já mostraram que isto, de fato, acontece (STUPP & CÁCERES, 2001;OLIVEIRA & RIOS-NETO, 2004). Assim, o próximo item busca analisar a percepção que asparticipantes dos grupos focais, realizados em Belo Horizonte, apresentam sobre o impacto donascimento do primeiro filho sobre a escolaridade.

2137.3 Os estudosJá há algum tempo, diversas pesquisas vem mostrando que o nível de escolaridadeexerce uma influencia importante sobre os padrões de fecundidade de uma mulher (MASON,1984; HENRIQUES et al., 1989; LAM; SEDLACECK & DURYEA, 1992;. MARTÍN &JUAREZ, 1995; RIOS-NETO, 2000; WOOD & CARVALHO, 1994; PERPÉTUO & WONG,2003). Os resultados destes estudos revelam que mulheres com maiores níveis de escolaridadeiniciam sua vida reprodutiva mais tarde do que aquelas com menor escolaridade. Asevidências acumuladas a partir dos resultados encontrados por estes trabalhos apontam para aimportância dos investimentos na área da educação e para a continuidade de estudos queanalisem o papel da escolaridade sobre o comportamento reprodutivo e seus resultados.Embora os resultados destes estudos sejam de extrema importância, eles não fornecemnenhuma pista a respeito de como as mulheres, as grandes envolvidas neste processo,percebem esta relação.Com isto em mente, este item pretende analisar a visão que mulheres de diferentesgrupos apresentam sobre a ligação entre o nascimento do primeiro filho e vida escolar. Existeuma percepção prevalecente a respeito da relação entre idade da mulher ao nascimento doprimeiro filho e escolaridade? Se existe, esta percepção é similar ou diferente entre asmulheres de distintas coortes de idade, escolaridade e raça/cor? As falas a seguir sãoanalisadas com o intuito de responder estas questões.7.3.1 Negra, 20 a 24 anos, baixa escolaridadePara as jovens negras de baixa escolaridade, o nascimento do primeiro filho temconseqüências negativas sobre os estudos. Segundo elas, caso a mulher não tenha o apoio dafamília para continuar estudando, ela dificilmente conseguirá terminar seus estudos. As falasdas participantes são bastante elucidativas neste sentido.P3: Eu acho que atrapalha...P2: Eu não tinha namorado, nem nada. Eu tava com meus dois meninos, euvoltei a estudá. Eu não consegui terminá por causa da minha vó. Porque elamesmo falava: não fico com filho seu. Você não estudô quando não tinhamenino, agora, você quer inventá de estudá por causa da família. Mas, se elafalasse: eu fico com seu filho, eu já tava formada.P5: Mas, se a família não desse apoio, não tem como continuar.

212o filho precisam ser adiados - ou transformados - com seu nascimento e, geralmente o ônusgerado pela nascimento da criança é, geralmente, da mulher. Paras as jovens negras de altaescolaridade, as mulheres, muito mais do que os homens, mudam suas vidas paradesempenhar o papel requerido pela maternidade. E estas mudanças, segundo elas, geralmentetêm um custo bastante elevado para as jovens, particularmente para aquelas de classes maiselevadas, que possuem aspirações de vida maiores. Embora ambos os grupos concordem queas dificuldades geradas pela maternidade são, sempre, muito mais vivenciadas pelas mulheres,vale ressaltar que as jovens negras e de alta escolaridade, acreditam que as mudançasdependem muito da classe social a qual a mulher pertence. Aquelas de classes mais altas, têmaspirações maiores e são mais cobradas, portanto precisam fazer maiores ajustes em suasvidas para conciliar papéis.Para as jovens brancas e de baixa escolaridade, acreditam que o amadurecimento,entendido como a habilidade para cuidar da criança, é uma das maiores mudanças queacontece na vida de uma jovem depois que ela tem seu primeiro filho. Além disto, elasacreditam que o fato de não poderem pensar mais somente nelas mesmas também é umamudança importante em suas vidas. Para as jovens brancas e de alta escolaridade, asmudanças que acontecem depois do nascimento do primeiro filho são inúmeras. Dentre elasestão a necessidade de aprender a conciliar diversas atividades, superar obstáculosfinanceiros, incluir a criança nos projetos de vida, deixar de viajar e de fazer muitas coisasque gostam e, principalmente, adiar os estudos.Para as mulheres entre 50 e 59 anos, brancas e negras, de baixa e alta escolaridade, onascimento do primeiro filho em idades mais jovens significa perder a juventude, a liberdadee a possibilidade de usufruir das oportunidades inerentes à idade. Significa pular etapas eimplica dependência financeira do companheiro ou da família. Para estas mulheres, continuarestudando depois do nascimento de um filho passa a ser uma incerteza. Neste sentido, osresultados deste estudo sugerem que as possibilidades de conquistas educacionais podem serafetadas pelo nascimento do primeiro filho. Muitos trabalhos científicos, baseados em dadosquantitativos, já mostraram que isto, de fato, acontece (STUPP & CÁCERES, 2001;OLIVEIRA & RIOS-NETO, 2004). Assim, o próximo item busca analisar a percepção que asparticipantes dos grupos focais, realizados em Belo Horizonte, apresentam sobre o impacto donascimento do primeiro filho sobre a escolaridade.

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