A Primeira Relação Sexual, o Primeiro Casamento e o ... - UFMG
A Primeira Relação Sexual, o Primeiro Casamento e o ... - UFMG A Primeira Relação Sexual, o Primeiro Casamento e o ... - UFMG
148(Grupo 11, 50 a 59 anos, Alta Escolaridade, Branca)Para outro grupo de mulheres mais velhas, brancas e de alta escolaridade, oscasamentos atuais são melhores do que eram os de gerações passadas. Por trabalharem fora,as mulheres modernas são mais independentes, sofrem menos dentro das relações e não sesujeitam a situações que não desejam.Segundo elas, o fato da separação não ser bem aceita em décadas passadas fazia comque muitas mulheres permanecessem casadas, mesmo não sendo felizes. Assim, apossibilidade de se separar é entendida por estas mulheres como uma conquista feminina.Entretanto, elas ressaltam que as jovens precisam encontrar um equilíbrio entre liberdade eresponsabilidade para que a separação não se torne uma prática banalizada. Tal equilíbrio,segundo elas, surge ao longo dos anos, com as experiências de vida.P67: Hoje o casamento é mais interesse.P70: Porque antigamente as mulheres não trabalhavam, eram dependentesdo marido, sofriam muito. Eu tive participação num casamento assim muitosofrido. O marido com outra, com filho, com outra. E a pessoa segurandoaquele casamento. Por que? Porque não podia separar. Hoje isso não existemais.P69: Quer dizer, não era um casamento de amor, era um casamento superinfeliz.P74: Mas, por causa da sociedade não separava”.P68: Tinha medo.P72: E hoje é um ganho.P71: Poder separar foi um ganho. Porque hoje, a mulher com aindependência que ela tem ela está, cada dia mais, lutando por essaindependência e deixando de sofrer. Existiam muitos casamentos sofridosna minha época... Muitos casamentos sofridos porque a sociedade nãopermitia que você se separasse, que você fosse desquitada. Eu acho quehoje, a mulher evoluiu demais, cresceu demais. Tornou-se independente enão se sujeita mais a certo tipo de sofrimento.P67: É. Mas é uma pena que extrapola um pouco, né?.P69: É. Extrapola.
149P70: Então, a mulher conquistou a liberdade, agora ela tá precisandoconquistar a responsabilidade.P71: É. Então, esse equilíbrio vem é com a, a experiência mesmo, né?.(Grupo 11, 50 a 59 anos, Alta Escolaridade, Branca).Falas de outras participantes brancas de alta escolaridade também ressaltam aimportância atribuída ao trabalho feminino para o sucesso do casamento. Para elas, o fato damulher trabalhar fora de casa e ter seu salário faz com que a relação do casal seja maisigualitária e o marido demonstre mais respeito pela esposa. O exemplo desta perspectiva éapresentado a seguir na fala da participante de um dos grupos de mulheres brancas de altaescolaridade.P: Apesar de que hoje as pessoas têm consciência de que se não der certosepara, o fato da mulher também ter o trabalho, ter o dinheiro, aumenta achance do casamento dar mais certo. O homem ajuda mais a mulher,respeita mais a mulher. Então, eu acho que hoje tem mais chance, em todasas classes, do casamento dar certo. Porque até na família mais pobre, se amulher é faxineira, ela também tem o salário dela, ela também ajuda emcasa. Então, eu acho que ajuda.(Grupo 12, 50 a 59 anos, Alta Escolaridade, Branca).6.2.8 SíntesePara as mulheres da coorte mais jovem, de baixa escolaridade, a questão financeira écentral para o casamento. Quando uma mulher é independente financeiramente, segundo estasjovens, ela pode optar, ou não pelo casamento. Para as negras de baixa escolaridade,casamentos onde a mulher não trabalha fora geram situações de dependência e subordinação.Mas, quando desenvolvem algum tipo de atividade remunerada, ele acontece por amor. Aautonomia financeira, de acordo em estas jovens, além de indicar que o casamento é possível,permite que o casal seja independente dos pais e assuma suas responsabilidades. Para elas,assim como a questão financeira, o companheirismo e o respeito também são aspectosfundamentais para o casamento. Por fim, para as jovens negras e de baixa escolaridade,embora as mulheres reconheçam que o casamento não é fácil, muitas ainda sonham com ele.As negras de alta escolaridade não discutiram esta questão.
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