A Primeira Relação Sexual, o Primeiro Casamento e o ... - UFMG

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90O segundo aspecto relevante observado na fala das jovens negras, tanto de baixaquanto de alta escolaridade, refere-se ao fato de que a gravidez não planejada é o resultadomais temido da relação sexual. Isto pode ser porque a gravidez é algo bastante imediato emais visível do que uma DST ou até mesmo do que a AIDS. As doenças sexualmentetransmissíveis e a AIDS são mencionadas como uma preocupação pelos grupos de altaescolaridade, provavelmente, porque as mais escolarizadas são mais capazes de avaliar asconseqüências de uma doença sexualmente transmissível, quando comparadas com asmulheres menos escolarizadas.Para as jovens brancas e de baixa escolaridade, embora não exista uma idade idealpara que a mulher tenha sua primeira relação sexual, o mais adequado seria esperar até maistarde. Para elas, quanto mais cedo a jovem inicia a vida sexual, mais cedo irá experimentar oseventos como o casamento e a maternidade. As jovens brancas e de alta escolaridade tambémacreditam que não existe uma idade correta para que a mulher tenha a primeira relação,contudo, o melhor seria que esperassem até mais tarde. Para estas jovens, a maturidade, aoportunidade e ter um companheiro indicam que a relação pode acontecer, independente daidade. Ter maturidade, na concepção destas participantes, significa que a jovem estápreparada para assumir os riscos e as conseqüências de uma relação sexual. É importanteressaltar que, elas, o uso de contracepção durante a primeira relação sexual está muito maisvinculado à proteção contra doenças sexualmente transmissíveis do que à gravidez, vista porelas como um evento muito distante, já que ainda não concluíram a universidade e a chegadade um filho representaria, além da interrupção dos estudos, a limitação da liberdade semresponsabilidade. Questões relacionadas ao nascimento do primeiro filho são abordadas emum capítulo posterior.Entre as negras da geração mais velha, tanto as de baixa quanto de alta escolaridade,acreditam que é melhor que a mulher espere para iniciar sua vida sexual. Assim como asnegras de baixa escolaridade da geração mais jovem, as negras de baixa escolaridade, entre 50e 59 anos, também alegam que a primeira relação sexual não deveria acontecer antes que amulher tivesse, pelo menos, 18 anos. Na visão destas participantes, ao esperarem até os 18anos para iniciarem sua vida sexual, as jovens têm a oportunidade de se preparar para ofuturo, concluindo, pelo menos, parte de sua educação. As de alta escolaridade argumentamque as jovens que iniciam muito cedo a vida sexual estão sujeitas a traumas emocionais, poisnão estão preparadas para escolher o parceiro e não sabem se, realmente, desejam ter a

91relação. Entre as participantes brancas da geração mais velha, a questão da idade é polêmica.As de baixa escolaridade alegam que não tem idade para que uma mulher inicie sua vidasexual. O fundamental é que exista carinho e um relacionamento mais maduro. Entre as dealta escolaridade, as opiniões são divididas: enquanto algumas dizem que não tem idade paraa primeira relação, outras acham que a jovem deve esperar até os 18 anos. As brancas de altaescolaridade que defendem que é melhor esperar para ter a primeira relação, postulam que asjovens que iniciam a vida sexual antes dos 18 anos têm seus projetos de vida comprometidos,pois algumas atividades são interrompidas e muitas etapas são saltadas.A primeira relação sexual implica, necessariamente, na perda da virgindade. Assim, opróximo item analisa o que as mulheres pensam sobre virgindade.5.3 A questão da virgindadeVista como um marco na diferenciação das gerações, a questão da virgindade foidiscutida em praticamente todos os grupos focais. No discurso de muitas participantes,persiste a mensagem de que existe uma cobrança, bastante intensa, para que as jovens de hojeem dia iniciem sua vida sexual mais cedo. A pressão para que a jovem tenha sua primeirarelação sexual, segundo uma grande parte das participantes, é feita, principalmente, pelasamigas. Os meios de comunicação também são apontados como um mecanismo que exerceuma influência importante na forma como as pessoas, atualmente, encaram a questão davirgindade. Adicionalmente, as falas dos grupos indicam mudanças expressivas nas normas eatitudes relacionadas à virgindade. Enquanto entre as mais velhas havia uma cobrança paraque a mulher permanecesse virgem até o casamento, entre as mais novas, a pressão é para queelas iniciem sua vida sexual o mais cedo possível. Para muitas, embora os pais de hoje em diasejam mais flexíveis em relação à virgindade, do que eram os de gerações passadas, aindamantém uma postura mais tradicional e esperam que suas filhas tenham a primeira relaçãosexual o mais tarde possível, de preferência depois de casadas. Em relação ao papel davirgindade na sociedade atual, MIRANDA-RIBEIRO (1997) lembra que, embora hoje em diaos namoros tenham se tornado mais liberais, a virgindade ainda tem um papel central naconstrução, na manutenção e na perda da boa reputação. De acordo com CASTRO,ABRAMOVAY & SILVA (2004), a virgindade ainda continua sendo um marco nadiferenciação do comportamento de homens e mulheres. Nos grupos focais realizados emdiferentes capitais brasileiras, as autoras constatam que, para muitos participantes, a

91relação. Entre as participantes brancas da geração mais velha, a questão da idade é polêmica.As de baixa escolaridade alegam que não tem idade para que uma mulher inicie sua vidasexual. O fundamental é que exista carinho e um relacionamento mais maduro. Entre as dealta escolaridade, as opiniões são divididas: enquanto algumas dizem que não tem idade paraa primeira relação, outras acham que a jovem deve esperar até os 18 anos. As brancas de altaescolaridade que defendem que é melhor esperar para ter a primeira relação, postulam que asjovens que iniciam a vida sexual antes dos 18 anos têm seus projetos de vida comprometidos,pois algumas atividades são interrompidas e muitas etapas são saltadas.A primeira relação sexual implica, necessariamente, na perda da virgindade. Assim, opróximo item analisa o que as mulheres pensam sobre virgindade.5.3 A questão da virgindadeVista como um marco na diferenciação das gerações, a questão da virgindade foidiscutida em praticamente todos os grupos focais. No discurso de muitas participantes,persiste a mensagem de que existe uma cobrança, bastante intensa, para que as jovens de hojeem dia iniciem sua vida sexual mais cedo. A pressão para que a jovem tenha sua primeirarelação sexual, segundo uma grande parte das participantes, é feita, principalmente, pelasamigas. Os meios de comunicação também são apontados como um mecanismo que exerceuma influência importante na forma como as pessoas, atualmente, encaram a questão davirgindade. Adicionalmente, as falas dos grupos indicam mudanças expressivas nas normas eatitudes relacionadas à virgindade. Enquanto entre as mais velhas havia uma cobrança paraque a mulher permanecesse virgem até o casamento, entre as mais novas, a pressão é para queelas iniciem sua vida sexual o mais cedo possível. Para muitas, embora os pais de hoje em diasejam mais flexíveis em relação à virgindade, do que eram os de gerações passadas, aindamantém uma postura mais tradicional e esperam que suas filhas tenham a primeira relaçãosexual o mais tarde possível, de preferência depois de casadas. Em relação ao papel davirgindade na sociedade atual, MIRANDA-RIBEIRO (1997) lembra que, embora hoje em diaos namoros tenham se tornado mais liberais, a virgindade ainda tem um papel central naconstrução, na manutenção e na perda da boa reputação. De acordo com CASTRO,ABRAMOVAY & SILVA (2004), a virgindade ainda continua sendo um marco nadiferenciação do comportamento de homens e mulheres. Nos grupos focais realizados emdiferentes capitais brasileiras, as autoras constatam que, para muitos participantes, a

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