<strong>Novas</strong> <strong>necessida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>Pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectual e envelhecimento das famílias cuidadoraseduardo barcellos• Promover oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> autoemprego.• Oferecer apoio para que pessoas com <strong>de</strong>ficiência participem <strong>de</strong>trabalho remunerado.48No mundo todo a tendência é fazer com que pessoas com <strong>de</strong>ficiência,sobretudo intelectual, tenham direito ao próprio corpo, a manifestarsua sexualida<strong>de</strong> da forma que lhes parecer mais viável, a ter uma vidaemocional plena, como qualquer outra pessoa.Entretanto, como toda mudança causa sofrimento, há a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> que a família imediata não tenha condições <strong>de</strong> criar <strong>de</strong> formaa<strong>de</strong>quada o filho da pessoa com <strong>de</strong>ficiência, legítimo membro da família.Em casos assim, os Estados signatários da Convenção sobre osDireitos das Pessoas com Deficiência têm <strong>de</strong> fazer o máximo esforçopara fornecer cuidados alternativos <strong>de</strong>ntro da família maior ou, se issonão for possível, <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong>, em um ambiente familiar.A convenção também exige dos governos que a ratificaram:• Não permitir a discriminação com base na <strong>de</strong>ficiência.• Possibilitar o acesso das pessoas com <strong>de</strong>ficiência a treinamentovocacional.• Garantir seu direito <strong>de</strong> procurar emprego tanto no setor públicocomo no privado.O envelhecimento das famílias cuidadorasUma questão muito importante, que vem surgindo nos últimos anosem São Paulo, Brasília, Minas Gerais e outras partes do Brasil e domundo, é a do envelhecimento das famílias cuidadoras, ou seja, <strong>de</strong> paiscomo nós, que há quase 50 anos damos apoio e procuramos cuidare organizar a vida <strong>de</strong> nosso filho.Não é fácil envelhecer com um filho com <strong>de</strong>ficiência intelectual, porqueele está sujeito às mesmas enfermida<strong>de</strong>s que acometem as outraspessoas quando estão envelhecendo, em geral a partir dos 50 anos.É um período crítico, em que a mulher que foi mãe durante todaa vida <strong>de</strong> uma pessoa com <strong>de</strong>ficiência está sobrecarregada <strong>de</strong> problemas,tensões, casos <strong>de</strong> pressão alta ou outros males e, assim mesmo,precisa <strong>de</strong>dicar a maior parte do tempo a esse filho. Há relatos<strong>de</strong> pais na faixa dos 80 e poucos anos cuja memória começa a falhar.E <strong>de</strong> que forma po<strong>de</strong>rá um pai, uma mãe com artrite reumatoi<strong>de</strong>,diabetes ou outro problema que exija cuidados médicosespecíficos cuidar também das ativida<strong>de</strong>s diárias dofilho que envelhece?Esse é um aspecto <strong>de</strong> nossa luta <strong>de</strong> família engajada háquase 50 anos com esses problemas sérios, que têmmerecido muita atenção nos dias <strong>de</strong> hoje. Vemos comsatisfação que estão se formando, especificamente emSão Paulo, grupos <strong>de</strong> estudo do envelhecimento dosquais fazem parte gerontólogos, cuidadores, psicólogos,assistentes sociais, pessoas cujo maior i<strong>de</strong>al na vida é serútil a outros cidadãos, a seu próximo na comunida<strong>de</strong>.Uma questãomuito importante,que vem surgindonos últimos anosem várias partesdo Brasil e domundo, é oenvelhecimentodas famíliascuidadoras.49
<strong>Novas</strong> <strong>necessida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>Existem muitos caminhos a nossa frente, todos eles plenos <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios.Mas vamos adiante em nosso esforço coletivo, sem vacilar em facedas dificulda<strong>de</strong>s da empreitada.Contamos com gente do maior valor ligada a estudos do envelhecimentoe estamos apren<strong>de</strong>ndo cada dia mais a envelhecer comsaú<strong>de</strong> e pensando no que acontecerá com esses nossos filhos com <strong>de</strong>ficiênciaque estão envelhecendo e que certamente nos superarão.Mais dia, menos dia, teremos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-los. Façamos isso com firmeza,os olhos bem abertos e muita fé em Deus, em um po<strong>de</strong>rmaior, para que nossos filhos tenham a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida que sempresonhamos para eles.Algumas perguntas norteadoras para <strong>de</strong>bate em grupo• A socieda<strong>de</strong> está preparada para aceitar como membros efetivos aspessoas com <strong>de</strong>ficiência, com seus direitos assegurados pela Convençãosobre Direitos das Pessoas com Deficiência?• Quais são as estratégias a serem adotadas para ajudar as famíliasenvelhecidas, cuidadoras <strong>de</strong> seus filhos com <strong>de</strong>ficiência?• O po<strong>de</strong>r público, compreen<strong>de</strong>ndo a angústia dos pais envelhecidos,incapazes <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> si próprios, quanto mais do filho com <strong>de</strong>ficiência,está preparado para lhes dar uma contribuição real, aliviandosua carga <strong>de</strong> trabalho?Inovação pedagógica eformação do profissionalgeneralista em gerontologia:a experiência da USP-LesteÂngela Maria Machado <strong>de</strong> Lima50