Futuridade - Volume 8: Novas necessidades de aprendizagem
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<strong>Novas</strong> <strong>necessida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>Pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectual e envelhecimento das famílias cuidadoras“Não queremosque previnamnosso nascimento.Queremos serincluídos,queremos ser parteda comunida<strong>de</strong> emque vivemos,queremos vivervidas felizes, serrespeitados portodos, e nãopo<strong>de</strong>mos aceitariniciativas que nos<strong>de</strong>svalorizem.”44Os grupos mais organizados vêm <strong>de</strong> países adiantados. NaNova Zelândia, on<strong>de</strong> os auto<strong>de</strong>fensores são chamados <strong>de</strong>“people first”, eles foram responsáveis pelo fechamento<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3 mil instituições <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong> pessoasadultas com <strong>de</strong>ficiência intelectual. Não se concebe maisaquela situação difícil que ocorria nos anos 30, 40, 50,quando pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectual ficavam confinadasem hospitais-lares, nosocômios com espaço para amoradia <strong>de</strong> 8 mil pessoas, on<strong>de</strong> não havia nenhuma privacida<strong>de</strong>.Esses “<strong>de</strong>pósitos” <strong>de</strong> gente sofrida, esquecida, maltratada,sem direito algum eram comuns na Inglaterra, nosEstados Unidos e em outros países <strong>de</strong>senvolvidos e aindaexistem no Leste Europeu, a região mais pobre e mais sofridada Europa, em que os direitos do cidadão tambémsão muito <strong>de</strong>srespeitados, como acontece no Oriente, nocontinente americano e em outras partes do mundo.A primeira auto<strong>de</strong>fensora a se apresentar na ONU foi a cana<strong>de</strong>nseBarb Goo<strong>de</strong>, em 1992, que ali compareceu acompanhada do entãopresi<strong>de</strong>nte da organização mundial <strong>de</strong> famílias Inclusion International,o sueco Victor Wahlstrom. Sua participação foi um enorme sucesso,além <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> surpresa!Em 2006, como visto, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovoua Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o primeirodocumento cuja elaboração contou com o envolvimento direto<strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiência. Entre outros pontos importantes, aconvenção:1. Não propõe direitos novos para pessoas com <strong>de</strong>ficiência, mas explica<strong>de</strong> que modo os direitos que elas já têm <strong>de</strong>vem ser promovidose protegidos.2. Diz aos governos <strong>de</strong> que forma promover e apoiar os direitos <strong>de</strong>seus cidadãos com <strong>de</strong>ficiência.3. Afirma que, uma vez que um governo assine a convenção, <strong>de</strong>verespeitar esses direitos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas leis. As Nações Unidas monitorarãoesses governos para terem a garantia <strong>de</strong> que estão fazendoo que a convenção estabelece.A convenção reconhece que a família exerce papel fundamental navida <strong>de</strong> crianças e adultos com <strong>de</strong>ficiência e que ela precisa receberapoio. Para as crianças, a família representa o vínculo com todos osaspectos da comunida<strong>de</strong>: escola, recreação, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho social,saú<strong>de</strong>, entre outros; para os adultos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio e inclusãona comunida<strong>de</strong>.Uma das questões que mais perturbam as famílias e os própriosauto<strong>de</strong>fensores está incluída no artigo 10: o direito à vida. Os auto<strong>de</strong>fensores,em suas contínuas manifestações em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seusinteresses e <strong>de</strong> sua humanida<strong>de</strong>, chamam a atenção para o fato <strong>de</strong>que existem pesquisas científicas que indicam a adoção <strong>de</strong> fórmulaspara impedir o nascimento <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiên cia intelectual.Alertam que isso já está ocorrendo com pessoas com síndrome <strong>de</strong>Down e que provavelmente outros grupos com problemas genéticospo<strong>de</strong>rão ser afetados. Dizem eles com veemência: “Não queremosque previnam nosso nascimento. Queremos ser incluídos, queremosser parte da comunida<strong>de</strong> em que vivemos, queremos viver vidasfelizes, ser respeitados por todos, e não po<strong>de</strong>mos aceitar iniciativasque nos <strong>de</strong>svalorizem”.Uma vez que por séculos consecutivos as pessoas com <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>qualquer tipo foram excluídas da comunida<strong>de</strong>, em muitas ocasiõesescondidas dos próprios familiares por causa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias preconceituosas<strong>de</strong> “ira divina”, <strong>de</strong> “maldição”, <strong>de</strong> “vergonha para a família”, osprogramas sociais eram contra a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que pessoas comsíndrome <strong>de</strong> Down ou outros problemas genéticos, consi<strong>de</strong>radas“incapazes”, se casassem e tivessem filhos. Essa situação vem mudando,embora muito vagarosamente.45