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Futuridade - Volume 8: Novas necessidades de aprendizagem

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<strong>Novas</strong> <strong>necessida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>Pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectual e envelhecimento das famílias cuidadoraspecialistas em educação do mundo inteiro em Salamanca, em junho<strong>de</strong> 1994, teve gran<strong>de</strong> importância, porque foi o divisor <strong>de</strong> águasentre a conceitualização até ali aceita <strong>de</strong> que crianças sem <strong>de</strong>ficiência<strong>de</strong>viam estudar em escolas comuns, vizinhas a suas casas, e criançascom algum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência tinham <strong>de</strong> frequentar classesespeciais, com métodos pedagógicos específicos. Isso criou a i<strong>de</strong>ia<strong>de</strong> que essas crianças não <strong>de</strong>vem estudar juntas, o que contraria umdos mais elementares direitos humanos:o <strong>de</strong> que todos po<strong>de</strong>mos viverjuntos como parte da comunida<strong>de</strong> edar nossa contribuição, sejam quaisforem os empecilhos ou limites colocadosdiante <strong>de</strong> nós.eduardo barcellosSeguindo o princípio da educaçãopara todos, o Brasil assumiu o compromisso<strong>de</strong> que todas as criançastêm o direito <strong>de</strong> estudar juntas, salvonos raros casos em que <strong>de</strong> fato seimpõem outras soluções. A questão,no entanto, vem gerando, sobretudono último <strong>de</strong>cênio, gran<strong>de</strong> polêmicanacional, que não tem se realizadosem mágoas, sem sofrimentos,sem profundos medos e incertezasdos pais <strong>de</strong> crianças com <strong>de</strong>ficiência,receosos <strong>de</strong> que os filhos, ao estudaremcom alunos mais bem-dotadosou sem problemas <strong>de</strong> aprendizado,sejam repelidos por esses colegas,com zombarias, apelidos <strong>de</strong>strutivose outras atitu<strong>de</strong>s negativas.Ainda hoje muitos educadores brasileiros, malgradoos expressivos esforços do Ministério da Educação,recusam-se a aceitar alunos com alguma <strong>de</strong>ficiênciaem suas classes, <strong>de</strong>clarando que não foram preparadospara enfrentar os <strong>de</strong>safios, os problemas que criançascom limitações muitas vezes impõem. Esses professores,cujo número vem diminuindo gradativamente,teriam <strong>de</strong> reformular primeiro os próprios valores,refletir sobre o motivo <strong>de</strong> terem escolhido a nobremissão <strong>de</strong> ensinar. Os ganhos que um professor conquistaquando consegue dar apoio e orientação a umacriança com <strong>de</strong>ficiên cia, seja qual for, sobretudo a intelectual,são enormes para sua felicida<strong>de</strong> pessoal, suasensação <strong>de</strong> bem-estar com a vida, por crescer com os problemasdos alunos, adquirindo confiabilida<strong>de</strong> e reforçando a autoestima.Sabemos, pois, que foram os pais os gran<strong>de</strong>s artífices <strong>de</strong> um mundoque se dispusesse a bem receber seus filhos com limitações, mas,certamente, com qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caráter que só quem convive intimamentecom pessoas com <strong>de</strong>ficiência é capaz <strong>de</strong> reconhecer eaquilatar.Os auto<strong>de</strong>fensoresA convenção nãopropõe direitosnovos parapessoascom <strong>de</strong>ficiência,mas explica<strong>de</strong> que modoos direitos queelas já têm<strong>de</strong>vem serpromovidose protegidos.No começo dos anos 70, surgiu o movimento New Voice (Nova Voz),uma manifestação a princípio pequena e <strong>de</strong>sorganizada, <strong>de</strong>pois cadavez mais bem estruturada. Jovens e adultos com <strong>de</strong>ficiência intelectualque a<strong>de</strong>rem a esse movimento são conhecidos, no Brasil, como“auto<strong>de</strong>fensores” e, na Argentina, no México e em outros países <strong>de</strong>língua espanhola, como “personas primero”. São grupos <strong>de</strong> pessoasque se organizam, se preparam para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os próprios interesses,mesmo que tenham dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala e necessitem, com frequência,<strong>de</strong> alguém que as oriente ou seja sua “pessoa <strong>de</strong> apoio”.4243

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