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Futuridade - Volume 8: Novas necessidades de aprendizagem

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<strong>Novas</strong> <strong>necessida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>Pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectual e envelhecimento das famílias cuidadorascriança em instituições especializadas, para receber os cuidados penososque eles se recusavam a dar por não enten<strong>de</strong>rem bem o quehavia <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> comum.As famílias brasileiras ilustres costumavam mandar os filhos paraseus sítios e fazendas, <strong>de</strong>ixando-os aos cuidados <strong>de</strong> algum empregado,e nunca os visitavam. Em muitos casos, assim que a criançacom <strong>de</strong>ficiência mental nascia, os pais a isolavam em uma das poucase caras instituições, e às vezes nem os outros filhos sabiam daexistência daquele irmão, consi<strong>de</strong>rado uma vergonha enorme paratodos os parentes.O difícil diálogo entre pais e médicoseduardo barcellosPor muito tempo se acreditou que a <strong>de</strong>ficiência mental, ou “retardamentomental”, como também se dizia, fosse uma condição reservadaapenas à infância, e os jovens que tivessem <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,entre elas a síndrome <strong>de</strong> Down e outros problemascongênitos, eram consi<strong>de</strong>rados “crianças retardadas”. Nos anos 40,50 e 60, os médicos usavam um linguajar muito duro com os paisaflitos. Não lhes explicavam que tinham um filho com dificulda<strong>de</strong>s,que teriam <strong>de</strong> superar seus naturais sentimentos <strong>de</strong> perda, <strong>de</strong> lutomesmo, pelo nascimento <strong>de</strong> uma criança atípica, um processo muitonatural, que po<strong>de</strong> ocorrer em qualquer família, e que <strong>de</strong>veriam aceitá-lacomo alguém importante, querido, por quem vale a pena lutar.Os médicos não diziam aos pais que toda criança necessita receberamor, especialmente as mais vulneráveis, apenas <strong>de</strong>stacavam os aspectosnegativos do fato.Essa falta <strong>de</strong> comunicação entre pais e profissionais da saú<strong>de</strong> era umarepresentação muito clara do que então se intitulava “mo<strong>de</strong>lo médico”,ou seja, os médicos eram onipotentes, todo-po<strong>de</strong>rosos, tinham achave da ciência para <strong>de</strong>terminar o que aquela criança sofreria atéchegar, se chegasse, à adolescência, quando, então, a morte se encarregaria<strong>de</strong> dar um final à tristeza da família, <strong>de</strong> tornar sua vida maisleve. Os pais, portanto, eram tratados sempre a distância e não comocolaboradores efetivos dos processos educacionais e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pelosquais o filho tivesse <strong>de</strong> passar.No início dos anos 60, quando as primeiras organizações <strong>de</strong> famíliascom filho com <strong>de</strong>ficiência intelectual estavam se constituindo emdiversos países, todos <strong>de</strong>senvolvidos, claro, como Estados Unidos,Canadá, Inglaterra, Dinamarca e Suécia, houve uma série <strong>de</strong> realizaçõesque enfatizavam a questão <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ficiência mental era assunto médicoe se referia apenas a crianças. O filme cana<strong>de</strong>nse Eternal children(Crianças eternas), famoso na época, retrata bem essa situação. É umarepresentação muito clara <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ficiência ou retardamento mental,hoje intelectual, era algo que se limitava a crianças e que, pior ainda,essas pessoas ficavam presas à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que eram crianças para sempre.Então, por que se preocupar em treiná-las, <strong>de</strong>senvolvê-las, para que3435

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