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Futuridade - Volume 8: Novas necessidades de aprendizagem

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<strong>Novas</strong> <strong>necessida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>Pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectual e envelhecimento das famílias cuidadoras“Não queremosmais serchamados<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientesmentais, e sim<strong>de</strong> ‘pessoascom <strong>de</strong>ficiênciaintelectual’,pois não somosdoentes mentais.”dial <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> famílias filiadas à Inclusion International, nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cork, Irlanda. Dela participaram, como <strong>de</strong>scrito maisadiante, os auto<strong>de</strong>fensores, ou seja, as pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectualque se expressam e reivindicam por si mesmas o que querem.Como em muitos países há gran<strong>de</strong> confusão entre “doença mental”e “<strong>de</strong>ficiência mental”, os auto<strong>de</strong>fensores em Cork <strong>de</strong>clararam: “Nãoqueremos mais ser chamados <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes mentais, e sim <strong>de</strong> ‘pes soascom <strong>de</strong>ficiência intelectual’, pois não somos doentes mentais”.A questão das pessoas com <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> diversos tipos, entre elas a<strong>de</strong>ficiência mental, atualmente conhecida na maioria dos paísescivilizados como “<strong>de</strong>ficiência intelectual”, foi tratada com totalincompreensão durante séculos. Aliás, em muitos lugares essa displicênciase acentuou nas últimas décadas, quando se chegou àconclusão <strong>de</strong> que enfrentar os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> incluir na socieda<strong>de</strong>, comoum direito humano, pessoas com <strong>de</strong>ficiência intelectual representariaum ônus enorme para o governo, uma vez que gran<strong>de</strong> segmentoda população teria <strong>de</strong> receber cuidados médicos. As escolas,então, simplesmente ignoravam alunos com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizadoe outros transtornos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento por consi<strong>de</strong>rá-los“incapazes” <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.No Brasil, alguns professores, na década <strong>de</strong> 1920, empenharam-seem conseguir ensino especial para crianças com<strong>de</strong>ficiência intelectual. Foram experiências difusas, algumasem Minas Gerais, outras em Campinas, Estado <strong>de</strong> SãoPaulo, e em outros lugares, que, no entanto, acabaramcaindo na vala comum, porque, naquela época, problemascomo esse não eram consi<strong>de</strong>rados obrigação do governo.As pessoas com <strong>de</strong>ficiência não interessavam ao censo <strong>de</strong>mográficoe por muito tempo foram classificadas como“incapazes, semelhantes a silvícolas e outros grupos minoritários”,não tendo nenhuma proteção da lei.Nas primeiras décadas do século XX, em muitos países, entre elesEstados Unidos, Canadá e, com muito maior força, Brasil e outros daAmérica Latina, a <strong>de</strong>ficiência mental, ou “<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> mental”, eraconsi<strong>de</strong>rada uma <strong>de</strong>sgraça que acometia algumas crianças, que precisavamser escondidas da vista <strong>de</strong> todos, pois o fato <strong>de</strong> terem nascidocom “mongolismo”, como se dizia então, um problema genético queafetava seu <strong>de</strong>senvolvimento, se <strong>de</strong>via, certamente, a algum <strong>de</strong>slizepraticado pelo pai ou pela mãe. Era como se um castigo divino seabatesse sobre a família, que tinha <strong>de</strong> explicar aos parentes e amigosuma situação <strong>de</strong>sagradável, nociva, vergonhosa que ela mesma nãoconseguia compreen<strong>de</strong>r.Era mais fácil, então, manter o filho “<strong>de</strong> cabeça fraca”, como se dizia,totalmente afastado da socieda<strong>de</strong>. Os pais abonados internavam aeduardo barcellos3233

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