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Tese 19-01-09 Corrigida - ICB - Universidade Federal de Minas ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISINSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICASDEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GERALBAPTISTA BINAFATORES AMBIENTAIS E DINÃMICA DA OCORRÊNCIA DE POPULAÇÕES DECIANOBACTÉRIAS EM UM RESERVATÓRIO TROPICAL NO SUDESTEBRASILEIRO.BELO HORIZONTEESTADO DE MINAS GERAIS - BRASIL2008


2FATORES AMBIENTAIS E DINÂMICA DE POPULAÇÕES DE CIANOBACTÉRIASEM UM RESERVATÓRIO TROPICAL NO SUDESTE BRASILEIROPorBAPTISTA BINA<strong>Tese</strong> <strong>de</strong> doutorado apresentada ao Programa <strong>de</strong>Pós-Graduação em Ecologia, Conservação eManejo <strong>de</strong> Vida Silvestre, Instituto <strong>de</strong> CiênciasBiológicas, <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>Gerais, como parte dos requisitos para aobtenção do grau <strong>de</strong> Doutor em Ecologia,Conservação e Manejo <strong>de</strong> Vida Silvestre, tendosido julgado pela Banca Examinadora formadapelos professores:____________________________________________________________Presi<strong>de</strong>nte: Profa. Dra. Alessandra Giani – Orientadora<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais, UFMG____________________________________________________________Membro: Profa. Dra. Ina <strong>de</strong> Souza Nogueira<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> Goiás, UFG____________________________________________________________Membro: Prof. Dr. Donato Seiji AbeInstituto Internacional <strong>de</strong> Ecologia, São Carlos, IIE____________________________________________________________Membro: Profa. Dra. Arnola Cecília Rietzler<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais, UFMG____________________________________________________________Membro: Profa. Dra. Paulina Maia Barbosa<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais, UFMG


3Agra<strong>de</strong>cimentosOs resultados <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> tese não são produto somente do esforço e do<strong>de</strong>sempenho do autor. Eles são especialmente o produto <strong>de</strong> união <strong>de</strong> forças, físicas ou morais,da abnegação <strong>de</strong> um conjunto mais amplo <strong>de</strong> pessoas, muitas vezes anônimas, que criamcondições para a realização <strong>de</strong> trabalho. O presente não foi exceção. Por isso, gostaria <strong>de</strong><strong>de</strong>ixar aqui registrado o meu melhor e mais profundo agra<strong>de</strong>cimento a todos, em especial:Primeiramente a Deus, dono do tempo e da eternida<strong>de</strong>, teu é o hoje e o amanhã, opassado e o futuro;À admirável Profa. Dra. Alessandra Giani, pela estrutura disponibilizada, pelaorientação científica na área <strong>de</strong> ficologia e cultivo <strong>de</strong> cianobactérias, pelos ensinamentosimprescindíveis ao ambiente acadêmico <strong>de</strong>ntro e fora do laboratório, sobretudo pelo exemploprofissional, paciência e amiza<strong>de</strong>, sem os quais esse trabalho não teria se concretizado;Ao Programa <strong>de</strong> Estudantes – Convênio <strong>de</strong> Pós-Graduação (PEC-PG) e CompanhiaEnergética <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais (CEMIG), pelo imprescindível apoio financeiro;À CEMIG e funcionários da Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> São Simão pela criação <strong>de</strong>condições <strong>de</strong> acomodação e material durante as coletas neste reservatório, em especial aoJoão e à Manoelina;Ao Ministério para a Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Acção Ambiental (MICOA) <strong>de</strong> Moçambiquepela autorização concedida como funcionário afim <strong>de</strong> estudar no Brasil;À <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais - UFMG, pela estrutura;Ao Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Departamento <strong>de</strong> Biologia Geral, Programa <strong>de</strong>Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo <strong>de</strong> Vida Silvestre – ECMVS pelaformação e pela estrutura acadêmica que permitiram a realização <strong>de</strong>ste trabalho;A todos docentes do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia, Conservação eManejo <strong>de</strong> Vida Silvestre – ECMVS pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar do programa,compartilhar dos conhecimentos do corpo docente e que tornaram possível a realização docurso <strong>de</strong> Ecologia, Conservação e Manejo <strong>de</strong> Vida Silvestre;Ao Prof. Dr. Ricardo Pinto-Coelho, Coor<strong>de</strong>nador do curso <strong>de</strong> Pós-Graduação emEcologia, Conservação e Manejo <strong>de</strong> Vida Silvestre pela aceitação como aluno bolsistaCAPES/PEC-PG e pela concessão do material bibliográfico <strong>de</strong> São Simão;À Banca Examinadora da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> qualificação, Profa. Dra. Maria Rita ScottiMuzzi, Profa. Dra. Nadja Maria Horta <strong>de</strong> Sá Carneiro e Profa. Dra. Yasmine AntoniniItabaiana pelas críticas construtivas;


4À Banca Examinadora da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> doutorado: 1) Profa. Dra. Ina <strong>de</strong> Souza Nogueira,2) Dr. Donato Seiji Abe, 3) Dra. Arnola Cecília Rietzler, 4) Dra. Paulina Maia Barbosa e Dra.Alessandra Giani, pelo aceite do convite da participação e pelas sugestões e consi<strong>de</strong>raçõesque engran<strong>de</strong>ceram o trabalho;Aos meus queridos companheiros do laboratório <strong>de</strong> Ficologia: Gabriela, Cléber,Elenice, Camila, Bruna, Jardim, Juliana, Cláudia, Daniel, Filipe, Ana, Rafael, Jeniffer, portodas as importantes trocas <strong>de</strong> experiências, conselhos, amiza<strong>de</strong> e por compartilhar oambiente <strong>de</strong> trabalho que tenho certeza ser muito especial a todos;À técnica Elenice, pela ajuda aos problemas <strong>de</strong> laboratório e experimentos, e peloapoio inestimável em todos estes anos <strong>de</strong> convivência;Às colegas Camila, Bruna, Gabriela e o colega Daniel, pelo apoio incondicional nascoletas <strong>de</strong> campo;Ao Cléber, pela análise <strong>de</strong> saxitoxinas por HPLC - cromatografia <strong>de</strong> alta eficiência,tratamento estatístico, análise e interpretação dos dados;Ao Elí<strong>de</strong>o (motorista), soldado Suair e Élio (pilotos do barco) pela colaboraçãodurante longas horas <strong>de</strong> viagem e na água durante o trabalho <strong>de</strong> campo;À Marilene da Conceição Felix Silva, bibliotecária do <strong>ICB</strong> pela amiza<strong>de</strong> ecienciometria dos estudos sobre cianobactérias;Aos meus colegas do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia, Conservação eManejo <strong>de</strong> Vida Silvestre, em especial Marconi Souza Silva, Joaquim <strong>de</strong> Araújo Silva,Luciene <strong>de</strong> Paula Faria, Marilene Cardoso Ribeiro, Samuel Lopez Murcia pelas ativida<strong>de</strong>sacadêmicas juntos;Ao pessoal do Departamento <strong>de</strong> Botânica e da Biologia Geral que aturaram emminhas incursões a esses <strong>de</strong>partamentos;Aos meus queridos parentes <strong>de</strong> “lá em casa Moçambique”, mesmo distantes, sepreocuparam comigo, compreen<strong>de</strong>ram a minha ausência e torceram por meu trabalho;Aos meus pais Bina Quija e Suema Canicuela, irmãos e sobrinhos, com especialcarinho, por estarem sempre ao meu lado em todos os momentos, bons e ruins, durante aminha formação;Enfim, muito obrigado a todos que <strong>de</strong> alguma forma colaboraram direta ouindiretamente, acreditaram e participaram <strong>de</strong> mais esta etapa importante <strong>de</strong> minha vida daconclusão <strong>de</strong>sse trabalho!!!


5ResumoBina, B. (2008). Fatores ambientais e dinâmica <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias em umreservatório tropical no Su<strong>de</strong>ste Brasileiro. <strong>Tese</strong> (Doutorado). Programa <strong>de</strong> Pós-Graduaçãoem Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, <strong>ICB</strong>-UFMG.Este trabalhou enfocou o estudo <strong>de</strong> cianobactérias. Numa primeira fase, estudos ambientaisforam realizados no campo, no reservatório <strong>de</strong> São Simão, MG/GO. Este é um reservatório <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> porte, construído pela CEMIG na década <strong>de</strong> 70. Atualmente encontra-se em estado <strong>de</strong>transição <strong>de</strong> oligotrófico para eutrófico. Nesta primeira etapa, diversos parâmetros físicoquímicose biológicos da água foram analisados, observando-se a ocorrência <strong>de</strong> cianobactériasem diversas estações <strong>de</strong> coleta e períodos do ano. Numa segunda fase, algumas espécies <strong>de</strong>cianobactérias foram isoladas das amostras coletadas, para realização <strong>de</strong> experimentos <strong>de</strong>laboratório. E, finalmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os estudos <strong>de</strong>cianobactérias em diversas regiões do mundo, para se avaliar a amplitu<strong>de</strong> do problema. Oobjetivo geral do trabalho foi um estudo da comunida<strong>de</strong> das cianobactérias em ambientes <strong>de</strong>água doce sob estas diversas ênfases: campo, laboratório, literatura. Os resultados obtidos, emcada uma <strong>de</strong>stas fases, foram tratados estatisticamente e apresentados nos respectivoscapítulos <strong>de</strong>sta tese: capítulo 1, que analisa os efeitos <strong>de</strong> fatores ambientais na dinâmica <strong>de</strong>populações <strong>de</strong> cianobactérias no reservatório <strong>de</strong> São Simão; capítulo 2 que abordaexperimentalmente o crescimento <strong>de</strong> Anabaena circinalis, Cylindrospermopsis raciborskii eMicrocystis panniformis e capítulo 3, que avalia a distribuição geográfica dos estudos sobrecianobactérias nos ecossistemas aquáticos.Palavras-chave: Cianobactérias, cianotoxinas, eutrofização, fitoplâncton, reservatório.


6AbstractBina, B. (2008). Environmentals factors and populations dynamics of cyanobacteria in atropical reservoir in Southeastern Brazilian. <strong>Tese</strong> (Doutorado). Programa <strong>de</strong> Pós-Graduaçãoem Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, <strong>ICB</strong>-UFMG.The aim of this work was the study of cyanobacteria. The first step consisted of anenvironmental field study and was carried out in the reservoir of San Simão, MG/GO. This isa large reservoir, built by CEMIG in the 70s. Currently it presents a transition state, fromoligotrophic to eutrophic. In this study, several physical, chemical and biological parameterswere analyzed in water samples, observing the occurrence of cyanobacteria in differentsampling stations and periods of the year. In a second phase, some species of cyanobacteriawere isolated from collected samples, to perform laboratory experiments. And finally, aliterature survey was conducted on cyanobacteria studies in several regions of the world, toassess the extent of the problem. The overall purpose of the work was a study of thecommunity of cyanobacteria in freshwater environments, un<strong>de</strong>r these different emphases:field, laboratory, literature. The results at each stage, were treated statistically and presentedin the three chapters of this thesis: Chapter 1, which examines the effects of environmentalfactors in the dynamics of populations of cyanobacteria in the reservoir of San Simão;Chapter 2, which <strong>de</strong>als experimentally with the growth of Anabaena circinalis,Cylindrospermopsis raciborskii and Microcystis panniformis and Chapter 3, which evaluatesworldwi<strong>de</strong> the geographical distribution of studies on cyanobacteria in aquatic ecosystems.Keywords: Cyanobacteria, cyanotoxins, eutrophication, phytoplankton, reservoir.


7SUMÁRIO1.1 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................1<strong>01</strong>.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO.....................................................121.3 OBJETIVO GERAL DO TRABALHO .........................................................................141.4 LINHAS DE PESQUISA .................................................................................................141.5 ESTRUTURA DO TRABALHO.....................................................................................152 BASES CIENTÍFICAS .......................................................................................................152.1 RESERVATÓRIOS OU REPRESAS ARTIFICIAIS ..................................................152.2 EUTROFIZAÇÃO DE RESERVATÓRIOS OU REPRESAS ....................................172.3 EUTROFIZAÇÃO NOS AMBIENTES AQUÁTICOS DO BRASIL .........................212.4 O FITOPLÂNCTON........................................................................................................212.4.1 O papel do fitoplâncton na ca<strong>de</strong>ia trófica ...................................................................222.4.2 Componentes da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica ............................................................232.4.3 Diversida<strong>de</strong> morfológica das cianobactérias...............................................................252.4.4 Versatilida<strong>de</strong> ecológica das cianobactérias .................................................................262.4.5 Ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias..................................................................292.4.6 Ocorrência <strong>de</strong> cianobactérias tóxicas ..........................................................................322.4.7 Evidências <strong>de</strong> intoxicações provocadas por cianotoxinas ..........................................392.4.8 Toxinas produzidas por cianobactérias.......................................................................442.4.9 Padrões e limites <strong>de</strong> cianotoxinas nas águas doces .....................................................512.4.10 Ecofisiologia do fitoplâncton.......................................................................................532.4.11 Fatores ambientais que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam uma floração ...............................................552.5 ECOESTRATÉGIAS DAS CIANOBACTÉRIAS ........................................................662.5.1 Ecoestrategistas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> camada ....................................................................662.5.2 Ecoestrategistas <strong>de</strong> dispersão homogênea ...................................................................662.5.3 Ecoestrategistas <strong>de</strong> estratificação.................................................................................672.5.4 Ecoestrategistas <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> nitrogênio atmosférico...............................................682.5.5 Ecoestrategistas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> pequenas colônias...................................................682.5.6 Cianobactérias bentônicas ............................................................................................683 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................70CAPÍTULO 1 ..........................................................................................................................95FATORES AMBIENTAIS ASSOCIADOS À DINÂMICA DE POPULAÇÕES DECIANOBACTÉRIAS E EUTROFIZAÇÃO NO RESERVATÓRIO DE SÃO SIMÃO .95


81.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................971.2 HIPÓTESE........................................................................................................................981.3 OBJETIVOS .....................................................................................................................982 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................982.1 ÁREA DE ESTUDO.........................................................................................................992.1.1 Localização e características morfométricas ..............................................................992.1.2 Caracterização das variáveis climatológicas.............................................................1<strong>01</strong>2.1.3 Estratégias <strong>de</strong> amostragem.........................................................................................1<strong>01</strong>2.2 FATORES ABIÓTICOS................................................................................................1032.2.1 Coleta ............................................................................................................................1032.2.2 Transparência da água (m).........................................................................................1032.2.3 pH, condutivida<strong>de</strong>, oxigênio dissolvido e temperatura da água..............................1042.2.4 Nutrientes .....................................................................................................................1042.2.4.1 Razão N:P..................................................................................................................1052.2.5 Variáveis biológicas .....................................................................................................1052.2.5.1 Determinação da biomassa fitoplanctônica............................................................1052.2.5.2 Coleta dos organismos fitoplanctônicos..................................................................1062.2.5.3 Coleta <strong>de</strong> cianobactérias para análise <strong>de</strong> cianotoxinas no séston.........................1062.2.5.4 Análise fitoplanctônica qualitativa e quantitativa dos grupos .............................1062.2.5.5 Biovolume (mm³ L -1 ) ................................................................................................1072.2.5.6 Índice <strong>de</strong> estado trófico (IET)..................................................................................1083 RESULTADOS ..................................................................................................................1103.1 VARIÁVEIS CLIMATOLÓGICAS.............................................................................1103.2 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA COLUNA D’ÁGUA ..............................1123.3 NUTRIENTES NO RESERVATÓRIO DE SÃO SIMÃO .........................................1<strong>19</strong>3.3.1 Séries nitrogenadas......................................................................................................1<strong>19</strong>3.3.2. Fósforo total e dissolvido............................................................................................1223.3.3 Análise da razão N/P no reservatório ........................................................................1233.3.4 Índice <strong>de</strong> estado trófico no reservatório ....................................................................1243.3.5 Variáveis biológicas .....................................................................................................1273.3.5.1 Concentrações <strong>de</strong> clorofila-a no reservatório ........................................................1273.3.6 Biovolume relativo (%) <strong>de</strong> células das cianobactérias .............................................1274 DISCUSSÃO ......................................................................................................................1305 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................145


9CAPÍTULO 2: CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE TOXINAS DE ANABAENACIRCINALIS, CYLINDROSPERMOPSIS RACIBORSKII E MICROCYSTISPANNIFORMIS SOB CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ...............................................1541.1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1561.2 HIPÓTESE......................................................................................................................1581.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................1592 MATERIAL E MÉTODOS ..............................................................................................1592.1 ESPÉCIES DE CIANOBACTÉRIAS ESCOLHIDAS ...............................................1592.2 DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES ESCOLHIDAS..........................................................1592.3 CULTIVO DE ANABAENA CIRCINALIS, CYLINDROSPERMOPSIS RACIBORSKII EMICROCYSTIS PANNIFORMIS ............................................................................................1622.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL DAS ESPÉCIES ESTUDADAS.................1632.5 CONTAGEM DE CÉLULAS E AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO ....................1642.6 TAXAS DE CRESCIMENTO DAS CIANOBACTÉRIAS ........................................1652.7 QUANTIFICAÇÃO DE NEUROTOXINAS (GONIAUTOXINAS) EMCROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE) ..............................1652.8 ANALISE DE MICROCISTINA..................................................................................1662.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................................1663. RESULTADOS .................................................................................................................1673.1 CURVAS DE CRESCIMENTO....................................................................................1674 DISCUSSÃO ......................................................................................................................1795 CONCLUSÕES..................................................................................................................1866 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................187CAPITULO 3: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS ESTUDOSSOBRE A OCORRÊNCIA DE POPULAÇÕES DE CIANOBACTÉRIAS NOSECOSSISTEMAS AQUÁTICOS........................................................................................<strong>19</strong>71 INTRODUÇÃO .................................................................................................................<strong>19</strong>91.2 HIPÓTESE......................................................................................................................2<strong>01</strong>1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................2<strong>01</strong>2 MATERIAL E MÉTODOS ..............................................................................................2<strong>01</strong>3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................2024 CONCLUSÕES..................................................................................................................2146 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................215


1<strong>01</strong>.1 Introdução GeralO crescimento da população humana e acelerado <strong>de</strong>senvolvimento das diversasativida<strong>de</strong>s antrópicas, têm excedido o aporte <strong>de</strong> nutrientes nos corpos d’água, causando aeutrofização e <strong>de</strong>gradação da qualida<strong>de</strong> da água como resultado do aumento da poluiçãoorgânica e inorgânica, colocando em graves riscos o equilíbrio ecológico dos ecossistemasaquáticos, produzindo sérias conseqüências ecológicas, econômicas, culturais, sociais, saú<strong>de</strong>pública, <strong>de</strong>gradação estética do ambiente, inclusive com impedimentos para fins <strong>de</strong>abastecimento <strong>de</strong> água, recreação e turismo (Kalff, 2002, Smith, 2003; Tundisi, 2003, Tundisi& Matsumura Tundisi, 2008).A contribuição contínua <strong>de</strong> matéria orgânica, e conseqüentemente, <strong>de</strong> componentesnitrogenados e fosfatados na água oriundos <strong>de</strong> principais fontes poluidoras (pontuais edifusas), tais como a <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> esgotos domésticos e industriais dos centros urbanos e dasregiões agriculturáveis (Azevedo & Vasconcelos, 2006), somados às condições físicas equímicas do ambiente provocam eutrofização das águas (Odum, <strong>19</strong>85), favorecendo oaumento da biomassa <strong>de</strong> organismos oportunistas e o advento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> populaçõescianobactérias. Um aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses organismos é cada vez mais freqüente, emtodo o mundo e ao longo <strong>de</strong> todo o ano.Parte <strong>de</strong>ssas florações também é conhecida como formadora <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>cianobactérias produtoras <strong>de</strong> toxinas em que po<strong>de</strong> haver liberação <strong>de</strong>ssas toxinas nosmananciais <strong>de</strong> abastecimento público <strong>de</strong>vido à morte ou lise celular e po<strong>de</strong>m chegar até a casado consumidor (Bittencourt-Oliveira, M. C. & Molica, R., 2003), enquanto outras testadas nãoas produzem (Falconer et al., <strong>19</strong>89, Himberg et al., <strong>19</strong>89, Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99, Oliver &Ganf, 2000). Além disso, o principal sintoma <strong>de</strong> estabelecimento do fenômeno <strong>de</strong>eutrofização são as alterações nas concentrações da razão N:P na água, provocando mudançasdrásticas nas comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas, tendo como efeito imediato a diminuição dabiodiversida<strong>de</strong> das espécies aquáticas (Odum, <strong>19</strong>85, Delgado & Giani, <strong>19</strong>96). Uma únicaespécie <strong>de</strong> cianobactéria po<strong>de</strong> ser capaz <strong>de</strong> produzir <strong>de</strong> um ou mais tipos <strong>de</strong> toxinas, ousimplesmente não produzir genes associados à produção <strong>de</strong> toxinas (Sivonen e Jones, <strong>19</strong>99).A água é um recurso mais importante e essencial à vida, todos os organismos vivos,incluindo à subsistência do homem e a todas as etapas do <strong>de</strong>senvolvimento e bem-estar social<strong>de</strong> todas as nações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e do uso racionaldos seus recursos hídricos. No limiar do século XXI, entre outras crises entre nações, a criseda água é uma ameaça permanente à humanida<strong>de</strong> e à biosfera como um todo (Tundisi, 2003).


11A água cobre cerca <strong>de</strong> 70% da superfície do nosso planeta. Esta abundância causauma falsa sensação <strong>de</strong> recurso inesgotável. Estima-se que no mundo existem 1,36 x 10 18 m 3 <strong>de</strong>água disponível, distribuído da seguinte forma: águas salgadas dos oceanos e mares, contendomais <strong>de</strong> 30g.L -1 <strong>de</strong> sólidos totais dissolvidos (STD) constitui a maior parte (97%), não estandoapta para o consumo humano e animal (www.webencyclo.com, 2004); 3% são águas docessuperficiais: 2,2% encontram-se na forma <strong>de</strong> gelo, nas calotas polares, portanto <strong>de</strong> difícilaproveitamento e somente uma parte ínfima das reservas mundiais <strong>de</strong> água doce superficial,0,8% são <strong>de</strong> águas realmente disponíveis. Desses 0,8% <strong>de</strong> águas doces, 97% são <strong>de</strong> águassubterrâneas profundas, não diretamente disponíveis ao consumo por ser <strong>de</strong> difícil acesso, e3% são águas superficiais <strong>de</strong> fácil aproveitamento e aptas para o consumo, encontrando-se emlagos, nascentes e em lençóis freáticos menos profundos (Maynard, <strong>19</strong>79; Rainho, <strong>19</strong>99).Essa pequena fração <strong>de</strong> água disponível para o ser humano ainda sofre todo tipo <strong>de</strong>agressão – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>struição das nascentes <strong>de</strong> rios e lagos até o <strong>de</strong>sperdício e a poluição.Esses valores salientam a gran<strong>de</strong> importância <strong>de</strong> se preservarem os recursos hídricos e <strong>de</strong> seevitar a contaminação (Sperling, M. V., <strong>19</strong>96). Aliada à falta <strong>de</strong> água potável está a suadistribuição que é extremamente variável no tempo e no espaço. Em alguns países da Ásia,80% da água disponível se concentra nos meses <strong>de</strong> maio a outubro, estando congelada noresto do ano. No caso da África, 75% <strong>de</strong> toda a água só é encontrada entre janeiro e junho,secando no restante do ano (Goldman & Horne, <strong>19</strong>83).A água está distribuída <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sigual pela superfície e aqüíferos do planeta. AAmérica do Sul é abundante em rios, constituindo uma importante reserva <strong>de</strong> água doce que éutilizada para inúmeras finalida<strong>de</strong>s. A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água nos países latino-americanos éconsi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando-se o Brasil, Argentina, Costa Rica, Cuba,República Dominicana, Equador, Panamá e Uruguai que possuem as maiores reservas <strong>de</strong> águano continente (UNESCO, 2003). O Brasil é o país com maior reserva mundial <strong>de</strong> águapotável, representando cerca <strong>de</strong> 12% (Branco & Rocha, <strong>19</strong>80) e uma fração enorme <strong>de</strong>ssemanancial está concentrada em um único rio, o Amazonas, com uma vazão anual <strong>de</strong> 6.000km 3 (Barbosa & Marques, 2002).Atualmente, os recursos hídricos disponíveis para o abastecimento humano, além <strong>de</strong>escassos, estão cada vez mais pobres em qualida<strong>de</strong>. Diante disso, a necessida<strong>de</strong>, cada vezmaior, <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> água na qualida<strong>de</strong> (características físicas, químicas e biológicas) equantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejadas, para os seus diversos usos, leva a obrigação <strong>de</strong> planejamento,gerenciamento, conservação da qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stinada ao abastecimentopúblico, apresenta-se como o principal <strong>de</strong>safio do homem neste século (Santos, 20<strong>01</strong>).


12Além disso, a Organização das Nações Unidas-ONU no seu artigo 30 da Declaraçãodos Direitos Humanos (<strong>19</strong>48) <strong>de</strong>ixa claro que a água doce é consi<strong>de</strong>rada um dos direitosfundamentais das pessoas. Mas a situação mundial é preocupante: enquanto milhões <strong>de</strong>pessoas não têm acesso a este direito, muita água é <strong>de</strong>sperdiçada e poluída por outras. Porisso, foi em boa hora que a ONU <strong>de</strong>cretou o ano 2003 como o Ano Internacional da ÁguaDoce (resolução 55/<strong>19</strong>6, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000) apoiada por 148 países ao mesmotempo em que se procedia ao 3º fórum global sobre água em Kioto, Japão (Bouchard, 2004).1.2 Justificativa e Relevância do EstudoOs reservatórios artificiais são ecossistemas aquáticos que apresentam naturezadinâmica importante, quer nos aspectos biológicos, econômicos, sociais, além da base teóricalimnológica e ecológica que proporcionam. Segundo Tundisi & Matsumura (2008), o Brasilpossui 73 reservatórios, a maioria <strong>de</strong>les localizada na região Su<strong>de</strong>ste do país, construídos nosúltimos anos com os mais diversos usos, inclusive a geração <strong>de</strong> 95% <strong>de</strong> toda a energia elétricaconsumida no país. Como receptores <strong>de</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos domésticos, industriais eativida<strong>de</strong>s agrícolas, os reservatórios do Brasil, incluindo a usina hidrelétrica <strong>de</strong> São Simão,resultante do barramento do Rio Paranaíba, em um trecho da divisa entre os Estados <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>Gerais e Goiás, objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>ste trabalho, também sofrem com problemas <strong>de</strong>eutrofização (Sperling, V. M., <strong>19</strong>96).Com as perspectivas globais <strong>de</strong> aumento da poluição e crescente eutrofização doscorpos d’água, aumenta a preocupação com o aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica, ou blooms, em que as cianobactérias têm <strong>de</strong>spertado gran<strong>de</strong> interesse, não sópela distribuição cosmopolita das espécies e elevado número <strong>de</strong> linhagens tóxicas, masprincipalmente pela formação <strong>de</strong> florações nos ecossistemas aquáticos eutrofizados, o querepresenta um grave problema para a saú<strong>de</strong> publica (Silva, 2005).Também no Brasil, a maioria <strong>de</strong>les apresenta crescente suprimento <strong>de</strong> nutrientes,principalmente nitrogênio (N) e fósforo (P) a partir <strong>de</strong> freqüentes <strong>de</strong>spejos <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetosdomésticos e industriais, especialmente reservatórios situados próximos aos gran<strong>de</strong>s centrosurbanos. Nas regiões mais afastadas dos gran<strong>de</strong>s aglomerados humanos, os reservatórios sãoafetados pelo carreamento do solo, provocado pelo <strong>de</strong>smatamento, e por subprodutosoriginados <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s agropecuárias. Este fenômeno reduz consi<strong>de</strong>ravelmente aspossibilida<strong>de</strong>s dos usos múltiplos nos reservatórios (Tundisi & Matsumura-Tundisi, <strong>19</strong>92).


14A<strong>de</strong>mais, como uma mesma espécie po<strong>de</strong> sintetizar vários metabólitos secundáriosdiferentes que, quando ingeridos através da água ou do consumo do pescado, causam sériosefeitos na saú<strong>de</strong> humana e são responsáveis pelo envenenamento <strong>de</strong> animais aquáticos,domésticos e selvagens. Em alguns casos, a remoção <strong>de</strong>ssas toxinas é difícil, pois são estáveise resistentes à hidrólise química ou oxidação o que causa também elevados custos <strong>de</strong>tratamento da água para fins <strong>de</strong> abastecimento público (Lahti et al., <strong>19</strong>97).A predominância <strong>de</strong> cianobactérias nos meses mais quentes do ano, em climastemperados, é explicada por uma melhor adaptação alguns <strong>de</strong>stes organismos a temperaturasmais elevadas, pela alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capturar a luz em comprimento <strong>de</strong> onda não utilizadopor algas ver<strong>de</strong>s, e pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolverem em condições <strong>de</strong> baixa relaçãoN/P, gran<strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> residência das águas e reduzida concentração <strong>de</strong> carbono inorgânicodissolvido (Whitton & Potts, 2000). Neste caso, para as condições tropicais, hápotencialmente uma maior facilida<strong>de</strong> para a eutrofização, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maiorintensida<strong>de</strong> da radiação solar e temperatura mais elevada. Em lagos rasos o processo <strong>de</strong>eutrofização é bem mais facilitado.O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido com base nas evidências <strong>de</strong>sse problema <strong>de</strong>cianobactérias, abordando diversos aspectos <strong>de</strong> fatores ambientais que colaboram para aocorrência <strong>de</strong>sses organismos e a produção <strong>de</strong> toxinas.1.3 Objetivo Geral do TrabalhoO presente estudo teve como objetivo geral avaliar a dinâmica da ocorrência dacomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cianobactérias, produção <strong>de</strong> toxinas e buscando compreen<strong>de</strong>r inter-relações <strong>de</strong>fatores ambientais que regulam estas florações bem como avaliar saxitoxinas em umreservatório oligo-mesotrófico do Su<strong>de</strong>ste do Brasil, além da formação <strong>de</strong> um recurso humanocom responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir para o gerenciamento <strong>de</strong> recursos hídricos <strong>de</strong>Moçambique. Este objetivo foi <strong>de</strong>sdobrado a objetivos específicos nos três capítulosrespectivos.1.4 Linhas <strong>de</strong> PesquisaEste trabalho se enquadra nas linhas <strong>de</strong> pesquisa do curso <strong>de</strong> Pós-Graduação emEcologia, Conservação e Manejo <strong>de</strong> Vida Silvestre-ECMVS/<strong>ICB</strong>/UFMG, no momento em


15que busca o conhecimento a<strong>de</strong>quado do fenômeno da proliferação <strong>de</strong> populações <strong>de</strong>cianobactérias nos corpos d’água doce, usando como ferramenta fatores ambientais quecolaboram para a ocorrência <strong>de</strong>sses organismos tóxicos ou não, um tema atual queefetivamente interessa a ecologia aplicada.O presente trabalho faz parte <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> projeto temático sobre cianobactérias ecianotoxinas em reservatórios do estado <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais, coor<strong>de</strong>nado pelo Laboratório <strong>de</strong>Ficologia do Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais - UFMGe financiado pela Companhia Energética <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais - CEMIG (Convênio 6115 –CEMIG/<strong>ICB</strong>/DBO/Cianobactérias), sendo o reservatório <strong>de</strong> São Simão escolhido basicamenteporque em trabalho recente foram verificadas ocorrências <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cianobactériasdurante todo o período <strong>de</strong> estudo.1.5 Estrutura do TrabalhoO trabalho apresenta-se estruturado em três capítulos, <strong>de</strong> forma a facilitar apublicação.O primeiro capítulo intitulado “Fatores ambientais associados à dinâmica <strong>de</strong>populações <strong>de</strong> cianobactérias no reservatório <strong>de</strong> São Simão” aborda o monitoramento dapresença <strong>de</strong> cianobactérias no referido reservatório e caracteriza limnologicamente o corpod’água, relatando a metodologia utilizada nas coletas <strong>de</strong> amostras ambientais.O segundo capítulo “Crescimento e produção <strong>de</strong> toxinas <strong>de</strong> Anabaena circinalis,Cylindrospermopsis raciborskii e Microcystis panniformis” apresenta os dados <strong>de</strong>crescimento <strong>de</strong>ssas linhagens, em laboratório.O terceiro capítulo “Análise da distribuição geográfica dos estudos sobre aocorrência <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias nos ecossistemas aquáticos” apresenta dados <strong>de</strong>um levantamento dos estudos sobre cianobactérias em escala mundial, continental, brasileira eos periódicos <strong>de</strong> publicação dos trabalhos.2 Bases Científicas2.1 Reservatórios ou Represas ArtificiaisReservatórios ou represas são obras <strong>de</strong> engenharia, on<strong>de</strong> uma barreira construídapelo homem, geralmente em vales profundos <strong>de</strong> rios, o fecha transversalmente <strong>de</strong> uma


16margem a outra para obstruir o fluxo do curso d’água <strong>de</strong>sse rio, e mantendo assim a águaconfinada e controlada. Segundo Tundisi & Straskraba (<strong>19</strong>99), a construção <strong>de</strong> reservatóriostornou-se um dos gran<strong>de</strong>s exemplos <strong>de</strong> experiências impostas pela ação do homem emmodificar condições que ocorrem naturalmente no ecossistema para aten<strong>de</strong>r diversasnecessida<strong>de</strong>s básicas. As represas são caracterizadas, por margens abruptas, região litorâneaausente ou pouco <strong>de</strong>senvolvida, uma bacia envolvente a partir da represa, um<strong>de</strong>senvolvimento da margem maior, formato em V, hidrodinâmica altamente variada,envelhecimento rápido, normalmente apresentam três saídas da água: vertedouro, turbinas e<strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> fundo.Normalmente, o barramento é feito num rio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, então, os reservatóriostêm menos afluentes, embora haja tributários que chegam na região inundada. O grau <strong>de</strong>heterogeneida<strong>de</strong> horizontal e vertical <strong>de</strong> um reservatório apresenta três zonas comcaracterísticas distintas: a influência do rio po<strong>de</strong> representar zona estreita, rasa, fluxo alto,concentração <strong>de</strong> nutrientes elevada, matéria orgânica autóctone, mais eutrófica; a transição <strong>de</strong>rio para lacustre po<strong>de</strong> representar uma zona longa, profunda, fluxo reduzido, concentração <strong>de</strong>nutrientes, matéria orgânica intermediária, menos eutrófica e enquanto a zona lacustre é maislarga e profunda, com profundida<strong>de</strong> máxima localizada próxima à barragem, fluxo reduzido,concentração <strong>de</strong> nutrientes reduzida, mais oligotrófica (Represas, 20<strong>01</strong>).Segundo Straskraba et al. (<strong>19</strong>93b), o tempo <strong>de</strong> residência d’água é mais curto, <strong>de</strong>semanas ou meses, a estratificação térmica ocorre na zona <strong>de</strong> transição (região limnética) enão na região do barramento e a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sedimentos é maior na zona ribeira. Além disso,apresentam uma comunida<strong>de</strong> dominada por organismos r-estrategistas.Os reservatórios são construídos com objetivos <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a usos múltiplos, queentre os quais: garantir o abastecimento <strong>de</strong> água em períodos <strong>de</strong> estiagem, produção <strong>de</strong>energia elétrica, aproveitamento para irrigação <strong>de</strong> culturas, indústria, pesca artesanal extrativae criação <strong>de</strong> peixes, transporte por navegação, recreação e lazer, <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> animais,processamento <strong>de</strong> manufaturados, também a regularização da vazão das águas, como forma<strong>de</strong> minimizar os danos causados por cheias a jusante da barragem (Tundisi, <strong>19</strong>88).Margalef (<strong>19</strong>83) <strong>de</strong>fine um reservatório como um híbrido entre rios e lagos, on<strong>de</strong> aorganização horizontal dos rios e a vertical dos lagos, são substituídas por outras organizaçõesintermediárias, caracterizadas por uma elevada taxa <strong>de</strong> renovação <strong>de</strong> água e um efeito <strong>de</strong>transporte muito semelhante aqueles das águas correntes. Por outro lado, Tundisi (<strong>19</strong>77)consi<strong>de</strong>ra um reservatório como um “vaso <strong>de</strong> reações”, no qual são lançados todos os tipos <strong>de</strong><strong>de</strong>scargas, sejam, industriais, domésticas ou agrícolas contribuindo para a eutrofização.


17No entanto, diversos impactos antece<strong>de</strong>m e suce<strong>de</strong>m sua construção. No caso dosimpactos após a construção, estes estão associados, principalmente, ao uso e à ocupação dabacia hidrográfica, o que envolve o lançamento <strong>de</strong> efluentes domésticos e industriais, asativida<strong>de</strong>s agrícolas, com uso ina<strong>de</strong>quado do solo e utilização <strong>de</strong> pesticidas e fertilizantesquímicos, ativida<strong>de</strong>s pastoris, pesca predatória e turismo, os quais promovem o carreamento<strong>de</strong> materiais diversos aos recursos hídricos, contribuindo com a contaminação e a eutrofização(Tundisi, 2008).Os processos <strong>de</strong> contaminação e eutrofização, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> várias característicasdo reservatório e da magnitu<strong>de</strong> e freqüência dos impactos <strong>de</strong>senvolvidos na baciahidrográfica, contribuem para a <strong>de</strong>gradação acelerada da qualida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> da água,comprometendo os usos múltiplos do sistema aquático para o homem.2.2 Eutrofização <strong>de</strong> Reservatórios ou RepresasO nitrogênio e fósforo são elementos importantes no metabolismo <strong>de</strong> ecossistemasaquáticos, po<strong>de</strong>ndo atuar como fatores limitantes para produção <strong>de</strong> moléculas vitais(aminoácidos e ácidos nucléicos), mas, em excesso, po<strong>de</strong>m causar eutrofização. O fenômeno<strong>de</strong> eutrofização é cada vez mais freqüente em muitos ambientes aquáticos como rios, lagos ereservatórios. Po<strong>de</strong> ser conseqüência <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejos <strong>de</strong> esgotos domésticos ou industriais,drenagem urbana bem como erosão <strong>de</strong> solos agrícolas nas proximida<strong>de</strong>s da água por<strong>de</strong>smatamento das matas ciliares, a adubação das lavouras, <strong>de</strong> piscicultura e da criação <strong>de</strong>animais, como bois e porcos <strong>de</strong>ntre outras. O aumento da eutrofização dos ambientesaquáticos tem promovido mudanças significativas na qualida<strong>de</strong> da água, incluindo: aoaumento <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> microalgas e cianobactérias, a redução do oxigêniodissolvido, morte intensiva <strong>de</strong> peixes.Des<strong>de</strong> a criação do conceito <strong>de</strong> eutrofização por Naumann (<strong>19</strong><strong>19</strong>), embora não tenhafeito referência à composição específica do fitoplâncton, esse conceito evoluiusignificativamente. Atualmente, eutrofização é <strong>de</strong>finida como o processo <strong>de</strong> enriquecimentoconstante <strong>de</strong> um corpo d’água por nutrientes essenciais para o crescimento vegetal (Kalff,2002). Segundo Wetzel & Likens (2000), a eutrofização, na <strong>de</strong>finição mais genérica, é oprocesso <strong>de</strong> excessivo enriquecimento <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> água com elementos nutritivos e/oumatéria orgânica úteis para o crescimento das plantas ou produtores primários, geralmente sobforma <strong>de</strong> N-NO - 3 e P-PO - 4 , o que quaisquer outros elementos.


18Foram tantas e tão intensas as ativida<strong>de</strong>s humanas, que este mal, que há séculos vemafetando a qualida<strong>de</strong> das águas, “explodiu” <strong>de</strong> forma incontrolável nas últimas décadas.Hutchinson (<strong>19</strong>57) distinguiu dois tipos <strong>de</strong> eutrofização: natural e cultural: quando a origem énatural, o sistema aquático torna-se eutrófico <strong>de</strong> forma muito lenta e gradual ao longo dotempo geológico e benéfico, já que os nutrientes são necessários à manutenção da vidaaquática e o sistema mantém-se em equilíbrio. Geralmente a água mantém-se com boaqualida<strong>de</strong> para o consumo humano e a comunida<strong>de</strong> biológica continua a ser saudável ediversa.A eutrofização cultural ou artificial, ou ainda antrópica, é um processo dinâmicoresultante da ação da mão do homem. Neste caso, há um aceleramento do processo, os ciclosbiológicos e químicos po<strong>de</strong>m ser dificultados e, muitas vezes, o sistema progri<strong>de</strong> para umestado essencialmente morto. A crescente interferência do Homem no sistema natural,materializada, por exemplo, na agricultura, nas <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> esgotos domésticos, urbanos,<strong>de</strong>jetos <strong>de</strong> efluentes <strong>de</strong> agro-indústrias, na erosão das terras da bacia vertente, das águasresiduais e <strong>de</strong> outros setores, é o principal fator conducente ao enriquecimento das massascom água com nutrientes, especialmente na forma nitrogenada (amônia e nitratos) e fosfatada,auxiliada por temperaturas elevadas e períodos longos <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong> (Pitois et al., 20<strong>01</strong>).O rápido <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> vegetais e outros organismos fotossintetizantesaquáticos, inicialmente cianobactérias, em lagos, reservatórios e rios é um problema crescenteem escala mundial e afeta cada vez mais as comunida<strong>de</strong>s (Skulberg et al., <strong>19</strong>84; Bartram etal., <strong>19</strong>99; Smith 2003). Na Europa, Ásia e nas Américas mais <strong>de</strong> 40% dos lagos são eutróficos(Bartram et al., <strong>19</strong>99). A eutrofização comporta também um custo ambiental importante paraos habitantes locais (Pretty et al., 2003).A eutrofização cultural <strong>de</strong> lagos ou reservatórios é causada substancialmente pornutrientes alóctones adicionados ao sistema e tendo como conseqüência uma acumulaçãoexcessiva na camada superficial, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s massas, inicialmente <strong>de</strong> populações <strong>de</strong>cianobactérias com aerótopos que diminuem a radiação luminosa que atinge as águas maisprofundas e, alterando assim, todo o ecossistema em termos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>.Por outro lado, fatores como a diminuição da temperatura, luminosida<strong>de</strong> e duraçãodo fotoperíodo, coinci<strong>de</strong>nte, na maioria dos casos, com sabor <strong>de</strong>sagradável da água e umaredução do aspecto estético (visual e odor), diminuição da potabilida<strong>de</strong> d’água e mudança nacomposição da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica e ictiológica, com turbi<strong>de</strong>z elevada, uma <strong>de</strong>pleçãodos valores do oxigênio dissolvido pela elevada respiração e <strong>de</strong>composição e pH disponível


<strong>19</strong>na coluna d’água, ocorre o colapso das florações, o que significa que enormes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>matéria orgânica são disponibilizadas, resultado <strong>de</strong> ação antrópica, estimulando o crescimento<strong>de</strong> bactérias quimioheterotróficas, que <strong>de</strong>compõem, consumindo, para isso, oxigênio (Smith,2003).Uma outra conseqüência da eutrofização, que é particularmente crítica e queinteressa o presente trabalho, é uma transição na composição específica do fitoplâncton parauma dominância <strong>de</strong> cianobactérias e produção <strong>de</strong> toxinas por algumas espécies. Segundoalguns autores, esta produção não é mais do que um mecanismo <strong>de</strong>fensivo contra ozooplâncton e outros herbívoros, garantindo aos produtores, fraco gosto alimentar <strong>de</strong>vido àtoxicida<strong>de</strong> acumulada nas células, à semelhança do que fazem as plantas vasculares aoproduzirem taninos, fenóis e outras substâncias para se protegerem da herbivoria (Dokulil &Teubner, 2000).Assim, embora estas substâncias tóxicas liberadas no meio aquático, aquando da liseou morte das células por processos naturais, não contaminem o zooplâncton, os seus efeitospo<strong>de</strong>m ser dramáticos. Três hipóteses baseadas na literatura sobre as interações entrecianobactéria e zooplâcton filtrador-comedor, principalmente: predação sobre as linhagenstóxicas é mais baixa do que as não tóxicas. Zooplâncton predará mais eficientementebiomassa <strong>de</strong> frações menor (como em Microcystis) porque as colônias menores passarão maisfacilmente o aparelho filtrador do zooplâncton. Ao contrário das células filamentosas (comoem Planktothrix) porque os filamentos são menos filtrados da água porque po<strong>de</strong>m causarentupimento ou obstrução no sifão inalante do zooplâncton. Porém, algumas espécies <strong>de</strong>zooplâncton mostram ser filtradores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do tamanho, formato ou toxicida<strong>de</strong> dascianobactérias (Lampert, <strong>19</strong>87b).A circulação <strong>de</strong> nutrientes num lago e reservatório é bastante importante para acaracterização da produtivida<strong>de</strong>, já que ela é <strong>de</strong>finida, no aspecto geral, como sua capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> alimentar organismos aquáticos associados à sua riqueza em nutrientes que possibilitam avida e a reprodução <strong>de</strong> tais organismos (Branco, <strong>19</strong>71, <strong>19</strong>78). Diversos fatores afetam acirculação <strong>de</strong> nutrientes em corpos d’água, como por exemplo, profundida<strong>de</strong> do lago,inclinação e conformação das margens, temperatura, vida útil, vento, natureza, e modo <strong>de</strong>introdução das cargas poluidoras, fertilida<strong>de</strong> e, portanto – uso agropecuário da bacia <strong>de</strong>drenagem (Branco, <strong>19</strong>80).Os fertilizantes responsáveis pela eutrofização po<strong>de</strong>m trazer benefícios ou prejuízosao ecossistema, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> causar ou não <strong>de</strong>sequilíbrios ecológicos. Através da história ohomem tem sido o gran<strong>de</strong> modificador do ambiente e com o <strong>de</strong>senvolvimento e crescimento


20<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, o lançamento <strong>de</strong> esgotos e resíduos industriais, o uso – freqüentemente excessivo– <strong>de</strong> fertilizantes minerais, e o aumento do fenômeno da erosão, em conseqüência do<strong>de</strong>smatamento, observa-se uma tendência crescente à chamada eutrofização acelerada daságuas, uma conseqüência da civilização.Para Harper (<strong>19</strong>92), uma das principais causas da eutrofização são as ativida<strong>de</strong>santropogênicas, que aumentam nos recursos hídricos, os níveis <strong>de</strong> fósforo e outros nutrientes,através do lançamento <strong>de</strong> águas não tratadas, ou parcialmente tratadas, <strong>de</strong> origem humana ouanimal; ou do excesso <strong>de</strong> fertilizantes usados na agricultura. O fósforo é comumenteencontrado na forma <strong>de</strong> ortofosfatos, polifosfatos e fósforo orgânico.Para Converti et al. (<strong>19</strong>93), os ortofosfatos (PO 3- 4 , HPO 2- -4 , H 2 PO 4 e H 3 PO 4 )encontram-se diretamente disponíveis para o metabolismo biológico, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>conversão às formas simplificadas.Por sua vez, o nitrogênio alterna-se entre várias formas e estados <strong>de</strong> oxidação em nociclo na biosfera. Apresentando-se na água, sob as seguintes formas: nitrogênio molecular(N 2 ), nitrogênio amoniacal (NH 3 ), nitrito (NO - 2 ) e nitrato (NO - 3 ). O contaminante maiscomum da água superficial, produzido por ativida<strong>de</strong>s antrópicas, são os nitratos cuja poluiçãocresce continuamente em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>stas mesmas ações humanas (freeze & Cherry, <strong>19</strong>79).Estes nitratos são formas aniônicas estáveis <strong>de</strong> nitrogênio (N) sob certas condições naturais(Stumm & Morgan, <strong>19</strong>81), formando assim compostos altamente solúveis em água (Hook,<strong>19</strong>83 e com gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> no solo. Tais características permitem o seu transporte a partir<strong>de</strong> sistemas superficiais para o ambiente on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m vir a ser convertidos em formas <strong>de</strong>nitrogênio capazes <strong>de</strong> promover eutrofização <strong>de</strong> águas superficiais ou provocar prejuízos àsaú<strong>de</strong> <strong>de</strong> animais e <strong>de</strong> humanos).Quando ingeridos por crianças lactentes, altos teores <strong>de</strong> nitratos nas águas <strong>de</strong>abastecimento, maiores que 10 mg.L -1 , as pessoas consumidoras <strong>de</strong>ssas águas po<strong>de</strong>m<strong>de</strong>senvolver câncer e causar cianose infantil ou methemoglobinemia ou síndrome <strong>de</strong> “bebésazuis”, com menos <strong>de</strong> três meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (Masters, <strong>19</strong>91). O nitrogênio nítrico não épropriamente tóxico na forma <strong>de</strong> nitratos. Mas, quando reduzidos a nitritos na cavida<strong>de</strong>gástrica, tornam-se perigosos à saú<strong>de</strong> uma vez que inibem o papel transportador <strong>de</strong> gasesefetuado pela hemoglobina do sangue, transformando-a em methemoglobina. Isbizuka (<strong>19</strong>98)salienta que o nitrogênio na forma <strong>de</strong> amônia é altamente tóxico para os peixes.


212.3 Eutrofização nos Ambientes Aquáticos do BrasilNo Brasil, o elevado crescimento da população urbana tem acarretado um aumentoda eutrofização nos ecossistemas aquáticos epicontinentais que, por sua vez, tem resultado noenriquecimento <strong>de</strong> nutrientes (nitrogênio e fósforo) (Silva, 2005). Segundo Tundisi &Matsumura (2008), a eutrofização dos 73 ambientes aquáticos artificiais ocorre a um nível <strong>de</strong>variada magnitu<strong>de</strong> e distribuição pelo país e se <strong>de</strong>ve em parte à urbanização e às ativida<strong>de</strong>sagrícolas e industriais. As regiões Su<strong>de</strong>ste e Sul têm como um <strong>de</strong> seus gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safiosambientais a recuperação <strong>de</strong> rios, lagos e reservatórios eutrofizados (Tundisi, 2003).Vale ressaltar alguns <strong>de</strong>sses reservatórios que estão submetidos á eutrofização: Funil-RJ (Bobeda, <strong>19</strong>93), Itaipu, Capivara-PR (Kamogae et al., 2000), Amparo e Itaquacetuba-SP(lagos et al., <strong>19</strong>99), Tapacurá-PE (Nascimento et al., 2000), Ingazeira-PE (Bouvy et al.,<strong>19</strong>99), Itaúba-RS (Werner et al., 2000), Sta. Rita-SP (Sant’Anna & Azevedo, 2000),Juramento-MG (Jardim et al., 2000b), Três Marias-MG (Jardim et al., <strong>19</strong>99, 2000b), Furnas-MG (Jardim, <strong>19</strong>99; Jardim et al., 2000a), Vargem das Flores-MG (Jardim, <strong>19</strong>99; Jardim et al.,2000b), São Simão (Pinto-Coelho, 2004), Guarapiranga-SP (Sertão et al., <strong>19</strong>91, Lorenzi,2004), Salto Gran<strong>de</strong>-SP (Minote, <strong>19</strong>99), Barra Bonita-SP (Calijuri, <strong>19</strong>99), Irai-PR (Freire &Bollmann, 2003), Billings-SP (Lorenzi, 2004).2.4 O fitoplânctonO plâncton (do grego “planktos”) foi conceituado por Hensen (1887) como sendo oconjunto <strong>de</strong> organismos pequenos que vivem flutuando livremente na coluna d’água e que nãopossuem movimentos próprios, sendo são transportados ao sabor da corrente d’água. Emambientes aquáticos naturais, a comunida<strong>de</strong> planctônica é comumente representada pelosseguintes componentes: microplâncton – bacterioplâncton (bactérias, fungos e leveduras),fitoplâncton (algas e cianobactérias) e zooplâncton (pequenos animais), sendo característicoda região limnética ou pelágica. Destes, po<strong>de</strong>m-se distinguir aqueles que permanecem todo otempo na coluna d’água (euplanctônicos) e <strong>de</strong> outros que aci<strong>de</strong>ntalmente acessam o plâncton(aci<strong>de</strong>ntais). Quando diferenciados pelo tamanho, o fitoplâncton po<strong>de</strong> ser macroplâncton(>200 um), microplâncton (200-20um), nanoplancton (20-2um), picoplancton (2-0,2um) efemtoplâncton (


22colônias filamentosos, planos ou esféricos, fotoautotróficos, procariontes e eucariontes,microscópicos. Todo o fitoplâncton, mesmo os componentes mais evoluídos, carecem <strong>de</strong>verda<strong>de</strong>iras raízes, caules e folhas.Os representantes fitoplanctônicos são comumente encontrados nas divisõesChlorophyta (algas ver<strong>de</strong>s), Chrysophyta (amarelas douradas), Cyanophyta (ver<strong>de</strong>sazuladas), Pyrrophyta (com reserva <strong>de</strong> paramilo) e Euglenophyta (flagelados unicelulares,presença <strong>de</strong> cromatóforos ver<strong>de</strong>s nos gêneros pigmentados).2.4.1 O papel do fitoplâncton na ca<strong>de</strong>ia tróficaNos ambientes aquáticos os organismos fitoplanctônicos <strong>de</strong>sempenham um papelcentral e relevante na base das ca<strong>de</strong>ias tróficas pelágicas, na qual constituem o início daca<strong>de</strong>ia, on<strong>de</strong> funcionam como produtores primários nos processos funcionais do ecossistema ena ciclagem <strong>de</strong> nutrientes, na interface úmida da terra com o ar (cascas <strong>de</strong> árvores, pare<strong>de</strong>s,telhados, vidros, etc.), vivendo livremente ou em simbiose com outros seres vivos, tais como:plantas, fungos (liquens) e animais, produzindo matéria orgânica e dióxido <strong>de</strong> carbono paratodos os organismos heterotróficos, além <strong>de</strong> servirem como fonte <strong>de</strong> oxigênio, necessário parao metabolismo dos consumidores (Lee, <strong>19</strong>99) e por isso, responsáveis por parte essencial daprodução primária nos ecossistemas aquáticos.Quando <strong>de</strong>terminadas condições são favoráveis (temperaturas elevadas associadas àdas condições meteorológicas calmas, níveis elevados <strong>de</strong> nutrientes <strong>de</strong> origem antrópica ounaturais), algumas espécies po<strong>de</strong>m proliferar <strong>de</strong> maneira significativa (Reynolds, <strong>19</strong>88).Segundo Mcqueen et al. (<strong>19</strong>86), a estrutura <strong>de</strong> qualquer comunida<strong>de</strong> aquática está sob ocontrole <strong>de</strong> diferentes fatores que interagem simultaneamente, entre eles:- os fatores ascen<strong>de</strong>ntes ("bottom-up", em inglês) que são <strong>de</strong>finidos em especial, peladinâmica das fontes nutritivas (aportes endógenos e exógenos) e que vão <strong>de</strong>terminar o tipo <strong>de</strong>população algal;- os fatores <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes ("top-down", em inglês) que são <strong>de</strong>finidos em particular,pela pressão <strong>de</strong> predação exercida pelos herbívoros e que vão, por sua vez, modificar aestrutura da ca<strong>de</strong>ia trófica;Assim, os organismos fotossintéticos serão pastoreados por zooplâncton herbívoro,ele mesmo consumido por zooplâncton <strong>de</strong> maior tamanho, ou por peixes.Em todos os casos, os peixes carnívoros representam o maior nível trófico superior dosecossistemas aquáticos. Cada etapa gera <strong>de</strong>tritos <strong>de</strong> matéria orgânica particulada (MOP) edissolvida (MOD), produzida pelas algas autotróficas. As bactérias garantem a mineralização


23da MO, que se torna, então, novamente disponível para a ca<strong>de</strong>ia alimentar do sistema.Dentro da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica, o período <strong>de</strong> estratificação e estabilizaçãotérmica da coluna <strong>de</strong> água (relação com o vento, a corrente d’água, etc.) provoca umasubstituição <strong>de</strong> espécies não móveis, como as <strong>de</strong> Cryptophyceae e Bacillariophyceaedominantes durante os períodos seco e chuvoso, períodos <strong>de</strong> mistura ou <strong>de</strong>sestratificaçãotérmica e instabilida<strong>de</strong> da coluna d’água por espécies flageladas (como as Dinophyceae e osChrysophyceae) e as cianobactérias (Harris & Baxter, <strong>19</strong>96; Jones & Poplawski, <strong>19</strong>98). Estasúltimas se movem na coluna d’água para otimizar sua ativida<strong>de</strong> fotossintética em função dailuminação e das concentrações <strong>de</strong> nutrientes, que justifica a menção <strong>de</strong> ecoestratégicas <strong>de</strong>Chorus & Bartram (<strong>19</strong>99).Utilizando a combinação <strong>de</strong> parâmetros múltiplos, tais como a temperatura, aintensida<strong>de</strong> luminosa, as exigências em nutrientes, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento, o<strong>de</strong>slocamento na coluna d'água e/ou a pressão do pastoreio, <strong>de</strong>finiram os grupos ouassembléias para o conjunto <strong>de</strong> espécies fitoplanctônicas a fim <strong>de</strong> caracterizar <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>comparar com os estados tróficos entre eles. Essas associações po<strong>de</strong>m também ser<strong>de</strong>terminantes durante modificações ecológicas perturbando o ecossistema (Reynolds, <strong>19</strong>98,Reynolds et al., 2002, Kruk et al., 2002, Reynolds, 2006).2.4.2 Componentes da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônicaO fitoplâncton reagrupa naturalmente duas categorias bem marcadas <strong>de</strong> organismosfotossintetizantes consi<strong>de</strong>rando um caráter citológico na sua organização celular, ou seja, apresença ou a ausência <strong>de</strong> membrana nuclear. Os indivíduos que possuem núcleo diferenciadosão classes sob o nome <strong>de</strong> eucariontes ou algas verda<strong>de</strong>iras, aqueles que estão <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong>núcleo sob o nome <strong>de</strong> procariontes ou cianobactérias, uni ou pluricelulares, aeróbiosfotoautotróficos, apresentando fotossistemas I e II, reprodução apenas assexuada, <strong>de</strong>stas sãoessenciais no ecossistema aquático continental, a maioria faz parte do fitoplâncton, sendoprodutores primários, contribuindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> modo para a produtivida<strong>de</strong> primária do ecossistema.As microalgas e cianobactérias formam a base da ca<strong>de</strong>ia alimentar nos ecossistemas aquáticos(Dokulil & Teubner, 2000).Taxonomia, biologia e ecologicamente as cianobactérias, também chamadascianofíceas, algas azuis ou algas ver<strong>de</strong>-azuis, é um grupo diverso <strong>de</strong> organismos queapresentam principais caracteres bioquímicos e estruturais que muito as aproximam, ao grupodas Bactérias, Phylum Cyanophyta e classe Cyanophyceae (ausência <strong>de</strong> membranaenvolvendo o núcleo e <strong>de</strong> plastos, estrutura química da pare<strong>de</strong> celular é basicamente a mesma


25não produzem toxinas. Segundo Carmichael (20<strong>01</strong>), as cianobactérias responsáveis porintoxicações por cianotoxinas incluem cerca <strong>de</strong> 40 gêneros, mas os principais são Anabaena,Aphanizomenon, Cylindrospermopsis, Lyngbya, Microcystis, Nostoc, Oscillatoria ePlanktothrix.2.4.3 Diversida<strong>de</strong> morfológica das cianobactériasAs cianobactérias <strong>de</strong>scritas morfologicamente alcançaram uma ampla diversida<strong>de</strong>,sob diversos tamanhos ou formas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as mais simples - formas unicelulares (0,5 a 100 µm)- a maiores agregações com mais <strong>de</strong> 100 células, divido às adaptações morfológicas,bioquímicas e fisiológicas adquiridas durante a sua longa estória evolutiva. Sua morfologiabásica po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> uma constituição unicelular colonial ou multicelular, a uma formafilamentosa. As formas unicelulares, como as representantes da or<strong>de</strong>m Chroococcales,possuem células esféricas, ovais, cilíndricas e irregulares. As células po<strong>de</strong>m ser encontradasisoladas ou agregadas em colônias regulares ou irregulares, cujo tipo <strong>de</strong> divisão celular(reprodução) ocorre por fissão binária 1, 2, 3 ou múltiplos planos. A manutenção da estruturacolonial é auxiliada pela presença <strong>de</strong> exopolissacarí<strong>de</strong>os, como um envelope mucilaginosoe/ou bainha firme, secretada durante o crescimento da colônia (Sivonen & Jones, <strong>19</strong>99).A forma filamentosa é típica <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> cianobactérias e,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da espécie, po<strong>de</strong> crescer a<strong>de</strong>rida, com filamentos livres (tricoma = fileira <strong>de</strong>células) ou formando uma camada com aspecto <strong>de</strong> uma malha entrelaçada, com filamentosvariando <strong>de</strong> retilíneos a espirais (Yoo et al., <strong>19</strong>95).A morfologia celular <strong>de</strong> algumas espécies <strong>de</strong> cianobactérias, como as da or<strong>de</strong>mNostocales, po<strong>de</strong> incluir células vegetativas especializadas e diferenciadas, encontradas notricoma <strong>de</strong> algumas espécies, com pare<strong>de</strong> espessada, <strong>de</strong>nominadas heterocitos e acinetos. Osheterocitos permitem ao organismo a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixar o nitrogênio atmosférico,convertem-no diretamente em amônio e <strong>de</strong>pois o utilizam nos processos metabólicos comofonte <strong>de</strong> energia. Enquanto os acinetos, com conteúdo celular <strong>de</strong>nsamente granulado,funcionam como esporos <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> nutrientes, reprodução e esporos <strong>de</strong>resistência durante os períodos <strong>de</strong> condições adversas, tais como seca, extremo frio, calor,falta <strong>de</strong> nutrientes, ficando o organismo em estágios <strong>de</strong> repouso, permitindo a sobrevivênciadas cianobactérias, as quais sobrepõem uma vantagem evolutiva sobre outras espécies nãofixadoras <strong>de</strong> nitrogênio (Yoo et al., Op. Cit).


262.4.4 Versatilida<strong>de</strong> ecológica das cianobactériasAs cianobactérias são o grupo que exibe uma gran<strong>de</strong> versatilida<strong>de</strong> e flexibilida<strong>de</strong> aadaptações bioquímicas, fisiológicas, genéticas e reprodutivas que, garantiu a permanência<strong>de</strong>stes organismos até os dias atuais e apresentam uma ampla distribuição geográfica, po<strong>de</strong>mser encontradas, em praticamente todos os mais diversos tipos <strong>de</strong> condições ambientais daTerra, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ecossistemas <strong>de</strong> terras férteis a <strong>de</strong>sertos quentes e frios, mostrando vantagensadaptativas competitivamente superiores a outros componentes do fitoplâncton.Entretanto, são nos ambientes aquáticos, tanto <strong>de</strong> água doce quanto em águas salobrae marinha que encontramos maior prevalência e crescimento <strong>de</strong> cianobactérias: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fontestermais (algumas espécies po<strong>de</strong>m ser encontradas em temperaturas <strong>de</strong> até 85ºC), águasgeladas nas regiões polares e neve, mananciais superficiais do Ártico ao Antártico, todacoluna d’água, bentônicas ou pelágicas, sedimentos, sobre macrófitas aquáticas, perifítica,lagos, rios, estuários, em meios muito ácidos ou alcalinos (Bothe, <strong>19</strong>82; Fay, <strong>19</strong>83; Lee, <strong>19</strong>99,Grossman et al., <strong>19</strong>94, Esteves, <strong>19</strong>98; Hyenstrand et al., <strong>19</strong>98; Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99,Hyenstrand, <strong>19</strong>99, Adams, 2000; Dokulil & Teubner, 2000; FUNASA, 2003, Yunes, 2003).A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes nos corpos d’água é um fator crucial para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias. Elas po<strong>de</strong>m apresentar elevada afinida<strong>de</strong>por compostos <strong>de</strong> nitrogênio e <strong>de</strong> fósforo favorecendo-as na competição com outrosorganismos fitoplanctônicos, quando sob limitação. Adicionalmente, algumas espécies <strong>de</strong>cianobactérias possuem um mecanismo <strong>de</strong> elevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reservas <strong>de</strong> fosfato (“luxuryuptake”), que lhes permite armazenarem fosfato suficiente para realizar <strong>de</strong> 3 a 4 divisõescelulares: sendo assim, uma célula po<strong>de</strong> multiplicar em 8 ou 16 células sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>assimilar mais fosfato e a biomassa po<strong>de</strong> ser multiplicada por <strong>de</strong>z ou mais vezes; quando ofosfato dissolvido estiver completamente exaurido no meio (Mur et al., <strong>19</strong>99, Chorus & Mur,<strong>19</strong>99, Istvánovics et al., 2000).Características fisiológicas e ecológicas marcantes <strong>de</strong>sse grupo, como a altacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> nitrogênio, tanto da água como da atmosfera ou assimilação <strong>de</strong>outras formas disponíveis <strong>de</strong> nitrogênio (como o amônio e nitrato), mixotrofia e adaptação <strong>de</strong>sobrevivência em condições <strong>de</strong> baixa luminosida<strong>de</strong>, produção <strong>de</strong> pigmentos acessóriosnecessários à absorção mais eficiente da luz (ficobiliproteinas) e <strong>de</strong> toxinas alelopáticas, altastemperaturas na superfície e estratificações térmicas da coluna da água, pobre qualida<strong>de</strong>nutricional, po<strong>de</strong>m explicar a distribuição das cianobactérias em diversos biótipos aquáticostão diversos, diferentes, extremos e resistir com as pressões seletivas nestes ambientes.


27Várias hipóteses são presentes na literatura científica, como po<strong>de</strong> ser visto no item2.4.11 <strong>de</strong>ste trabalho (Dokulil & Teubner, 2000; Oliver & Ganf, 2000). A capacida<strong>de</strong> dascianobactérias para ocuparem todos os habitats <strong>de</strong>ve-se à sua longa história evolutiva,havendo registros fósseis com amontoados <strong>de</strong> algas procarióticas (cianobactérias) <strong>de</strong> suaorigem estimada em cerca <strong>de</strong> 3.5 bilhões <strong>de</strong> anos, estando provavelmente entre as primeiras emais antigas formas <strong>de</strong> vida registradas no planeta produtores primários <strong>de</strong> matéria orgânica aliberarem o oxigênio elementar sobre a terra, o que alterou profundamente toda a composiçãoda atmosfera terrestre e que possibilitou a evolução <strong>de</strong> muitas outras formas <strong>de</strong> vida (Shopf,<strong>19</strong>93; Carmichael, <strong>19</strong>94, Yoo et al., <strong>19</strong>95, Hyenstrand et al., <strong>19</strong>98; Hyenstrand, <strong>19</strong>99; Dukulil& Teubner, 2000, Whitton & Potts, 2000).A capacida<strong>de</strong> e controle <strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong> (“buoyancy”) em ecossistemas aquáticosque a maioria das populações <strong>de</strong> cianobactérias planctônicas possui como vantagem ecológicaé conferida pela presença <strong>de</strong> vacúolos ou cilindros cheios <strong>de</strong> gás protéicos, chamadosaerótopos – vesículas gasosas ou pseudovacúolos que acumulam gás e auxiliam na flutuaçãoou migração verticais no interior da coluna d’água (Calijuri et al., 2006).Adicionalmente com suas alterações fisiológicas regulam a flutuabilida<strong>de</strong> a partir daprodução <strong>de</strong> gás e <strong>de</strong> glicogênio resultante da fotossíntese (glicogênio utilizado como peso), éuma das características da regulação fisiológica da migração vertical das cianobactériasconsi<strong>de</strong>rada importante para o sucesso <strong>de</strong>sses organismos na variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossistemasaquáticos e por conferir a redução das perdas <strong>de</strong> biomassa por sedimentação, a possibilida<strong>de</strong>da migração vertical para a superfície, a regulação da posição na profundida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong>otimizar as condições <strong>de</strong> captação da radiação solar pela fotossíntese e <strong>de</strong> nutrientes em quese encontram e uma vantagem competitiva comparativamente com outras microalgas(Reynolds & Walsby, <strong>19</strong>75; Paerl et al., <strong>19</strong>83; Walsby, <strong>19</strong>94; Reynolds, <strong>19</strong>97).Wallace & Hamilton (<strong>19</strong>99) mencionaram três mecanismos fisiológicos dascianobactérias em relação à regulação da flutuabilida<strong>de</strong>: 1) a mudança na forma <strong>de</strong> estocarcarboidratos, 2) regulação da síntese da vesícula <strong>de</strong> gás e 3) o colapso irreversível dasvesículas <strong>de</strong> gás sob a regulação da pressão <strong>de</strong> inflar. Estes atributos fisiológicos da regulação<strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cianobactérias foram <strong>de</strong>finidos a partir <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> outrospesquisadores <strong>de</strong> ecologia fisiológica <strong>de</strong> cianobactérias, inclusive a pesquisa <strong>de</strong> Wallace &Hamilton (<strong>19</strong>99) sobre Microcystis aeruginosa.


28Os autores <strong>de</strong>monstraram em estudo <strong>de</strong> limnologia experimental que o aumento doaporte <strong>de</strong> nutrientes, aumentou a biomassa total do fitoplâncton, especialmente cianobactériasem lago enriquecido com seu sucesso em manter a razão entre flutuação/sedimentação(Cottingham et al., <strong>19</strong>98).De acordo com Paerl (<strong>19</strong>88), algumas cianobactérias, possuem vários meios <strong>de</strong>utilização da matéria orgânica para satisfazer os requerimentos <strong>de</strong> energia, crescimento eprodução <strong>de</strong> metabólitos. Diversos estudos sistemáticos e ecológicos têm relacionado apromoção do crescimento e dominância <strong>de</strong> cianobactérias com ambientes que apresentamenriquecimento <strong>de</strong> matéria orgânica. Águas eutróficas e hipereutróficas, ricas em matériaorgânica dissolvida, são particularmente suscetíveis à floração <strong>de</strong> cianobactérias.A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elevadas concentrações <strong>de</strong> nutrientes na água, especialmentecom altos níveis <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> compostos nitrogenados e fosfatados é um fator crucial para ocrescimento acelerado das cianobactérias e outras microalgas (Calijuri et al., 2006). SegundoMur et al. (<strong>19</strong>99), as cianobactérias mostram elevada afinida<strong>de</strong> por compostos <strong>de</strong> nitrogênio e<strong>de</strong> fósforo, favorecendo-as na competição com outros organismos fitoplanctônicos, quandosob limitação <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo. Além do mais, certas espécies <strong>de</strong> cianobactérias <strong>de</strong>têmum mecanismo <strong>de</strong> estoque <strong>de</strong> fosfato (“luxury uptake”), que lhes permite estocar fosfatosuficiente para realizar <strong>de</strong> 3 a 4 divisões celulares. Sendo assim, uma célula po<strong>de</strong> multiplicarem 8 ou 16 células sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer a nova assimilação <strong>de</strong> fosfato, e a biomassapo<strong>de</strong> ser multiplicada por <strong>de</strong>z ou mais vezes, quando o fosfato dissolvido estivercompletamente esgotado no meio (Chorus & Mur, <strong>19</strong>99; Istvánovics et al., 2000).Apesar <strong>de</strong> longa existência das cianobactérias, a partir do Pré-cambriano, nãoper<strong>de</strong>ram vitalida<strong>de</strong> e ainda são capazes <strong>de</strong> colonizar os mais variados tipos <strong>de</strong> biótopos,incluindo ambientes com condições muito extremas. A viabilida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssesorganismos estão provavelmente conectadas com capacida<strong>de</strong> adaptativa. O grupo tem cerca<strong>de</strong> 2800 morfoespécies <strong>de</strong>scritas, a maioria <strong>de</strong> águas continentais, mas existe gran<strong>de</strong> riqueza<strong>de</strong> espécies também em ambientes marinhos e terrestres (Wilmotte, <strong>19</strong>94; Komárek &Anagnostidis, 2005).Do ponto <strong>de</strong> vista da qualida<strong>de</strong> d’água, das características que chamam especialatenção sobre as cianobactérias: 1) a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certos gêneros, <strong>de</strong> formar florações “oublooms”; 2), o potencial <strong>de</strong> alguns gêneros, <strong>de</strong> serem tóxicos (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).


292.4.5 Ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactériasEm corpos d’água recreacionais e para consumo humano, populações <strong>de</strong>cianobactérias, sob certas condições e em <strong>de</strong>terminado local, po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>senvolver emgran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s, superiores à média (20.000 células.mL -1 ), valor máximo recomendadopela ONU, formando uma biomassa visível a olho nu, chamada <strong>de</strong> floração ou bloom(Annadotter et al., <strong>19</strong>95, Falconer, <strong>19</strong>96, Tochimsen et al., <strong>19</strong>98, Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99,Oliver & Ganf, 2000, Carmichael et al., 20<strong>01</strong>).Freqüentes florações são formadoras <strong>de</strong> cianobactérias em águas continentaiseutrofizadas, sendo consi<strong>de</strong>radas indicadoras da <strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> ambiental.Segundo Paerl (<strong>19</strong>97), além <strong>de</strong> existirem fatores ambientais específicos que po<strong>de</strong>m causare/ou regular a multiplicação e conseqüente predominância <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias,mesmo em condições <strong>de</strong> baixa concentração <strong>de</strong> fósforo ou especialmente quando a relaçãoN:P é baixa. As características fisiológicas <strong>de</strong>sses organismos também parecem contribuirpara o sucesso competitivo sobre os outros organismos produtores e consumidores.As cianobactérias possuem vários meios <strong>de</strong> utilizar a matéria orgânica, parasatisfazer as necessida<strong>de</strong>s energéticas <strong>de</strong> crescimento, fundamentalmente a alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fixação <strong>de</strong> nitrogênio atmosférico, maior acumulação <strong>de</strong> polifosfatos por parte <strong>de</strong> algunsgêneros <strong>de</strong> cianobactérias e utilização <strong>de</strong> várias estratégias metabólicas <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> toxinaspotencialmente tóxicas (Sommer, <strong>19</strong>85; Oliver & Ganf, 2000).Estudos sistemáticos e ecológicos têm associado a promoção do crescimento edominância <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias com ambientes que apresentam enriquecimento<strong>de</strong> matéria orgânica. Águas ricas em matéria orgânica dissolvida, são particularmentesuscetíveis à florações <strong>de</strong> cianobactérias. Algumas espécies <strong>de</strong>ste grupo (Microcystis spp,Anabaena spp, Aphanizomenon spp) <strong>de</strong>senvolvem florações facilmente visíveis porque ascélulas se acumulam na superfície da coluna d’água, formando uma capa <strong>de</strong>nsa <strong>de</strong> algunscentímetros <strong>de</strong> espessura e <strong>de</strong> uma cor ver<strong>de</strong> flúor característico. Estas espécies ascen<strong>de</strong>m àsuperfície em questão <strong>de</strong> minutos, horas a dias, quando a coluna d’água se estabiliza, <strong>de</strong>vido àpresença daqueles vacúolos protoplasmáticos <strong>de</strong> gás (Reynolds & Walsby, <strong>19</strong>75; Margalef,<strong>19</strong>81; Reynolds, <strong>19</strong>87).Estratificações térmicas promovem estabilida<strong>de</strong> da coluna d’água. Essa estabilida<strong>de</strong>se dá em condições <strong>de</strong> ventos menores que 3 m.s -1 , <strong>de</strong> modo que em menos <strong>de</strong> 24 horas umambiente turbulento passa a um estado estável e permite a acumulação da floração nasuperfície. As florações <strong>de</strong> outras cianobactérias (Planktothrix spp, Oscillatoria spp,


30Planktolyngbya spp) não se acumulam na superfície senão em níveis mais profundos e menosiluminados (Reynolds et al., <strong>19</strong>83), ou permanecem dispersas na coluna d’água, pelo que nãosão sempre visíveis a simples vista.Os “blooms” <strong>de</strong> cianobactérias são fenômenos que po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>senvolverrapidamente e ocorrer naturalmente, ante <strong>de</strong>terminadas condições ambientais que favorecem ocrescimento <strong>de</strong> umas espécies mais que outras (Torgan, <strong>19</strong>89). A proliferação <strong>de</strong> florações <strong>de</strong>cianobactérias é <strong>de</strong>scrita no mundo todo como potencialmente causadora da intoxicação emorte <strong>de</strong> inúmeros animais domésticos e selvagens (Carmichael & Falconer, <strong>19</strong>93;Carmichael, <strong>19</strong>94; Codd et al, 2005), tendo sido comprovada a ação nociva <strong>de</strong> suas toxinastambém em seres humanos (Dowining et al 20<strong>01</strong>).Um crescimento explosivo da biomassa e número <strong>de</strong> células po<strong>de</strong> levar a floraçõessuperficiais que formam “escumas” e po<strong>de</strong> ser auto-limitante. Por sua natureza <strong>de</strong> curtapermanência (horas, dias ou semanas), <strong>de</strong> uma ou <strong>de</strong> poucas espécies planctônicas e biofilmes<strong>de</strong> espécies bentônicas po<strong>de</strong> produzir mudanças visíveis da coloração, das característicasorganolépticas e <strong>de</strong>soxigenação da água. No entanto, se tem registrado um incrementomundial em sua freqüência e duração, associado aos resultados das condições da interação <strong>de</strong>fatores físicos, químicos e biológicos, ocorrendo geralmente, em dias calmos, claros equentes, elevada disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes, como em lagos eutrofizados natural ouartificialmente. Durante a floração, as algas são empurradas pelo vento acumulando-se nasuperfície e na margem <strong>de</strong> áreas protegidas como baías (Hallegraeff, <strong>19</strong>92; Paerl, <strong>19</strong>96;Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99; Vasconcelos, <strong>19</strong>99; Cook et al., 2004).Entre as conseqüências ocasionadas por ocorrência <strong>de</strong> uma floração <strong>de</strong>cianobactérias estão os gran<strong>de</strong>s impactos sociais, econômicos e ambientais, por acarretarproblemas estéticos como as “natas” ver<strong>de</strong>s na superfície da água. Alguns gêneros, tais comoOscillatoria e Anabaena, produzem compostos aromáticos voláteis (geosmina e 2-metiisoborneol),que apesar <strong>de</strong> não terem efeitos nefastos, em termos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, conferem àágua e aos animais aquáticos odor forte, sabor <strong>de</strong>sagradável (sabor amargo, cheiro <strong>de</strong> capim,barro, mofo), o que leva a uma diminuição <strong>de</strong> apetência para o seu consumo, além dosproblemas <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtros nas estações <strong>de</strong> tratamento, acréscimo da dosagem <strong>de</strong>reagentes e aumento do custo <strong>de</strong> produção. Por produzirem metabólitos secundários, comaltas proprieda<strong>de</strong>s tóxicas, po<strong>de</strong>m afetar direta ou indiretamente a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos animaislevando-os à morte incluindo o homem (Dowining et al., 20<strong>01</strong>).


31Quando estes organismos morrem e entram em <strong>de</strong>composição, o cheiro fica aindapior, semelhante a esgoto. Os problemas <strong>de</strong> sabor e o odor à água, po<strong>de</strong>m ser um indicativo daocorrência <strong>de</strong> cianobactérias, em certas condições, se tornam produtores <strong>de</strong> metabólitostóxicos com potenciais riscos para a saú<strong>de</strong> da população consumidora <strong>de</strong>ssa água e para osecossistemas, mas a confirmação da presença <strong>de</strong> cianotoxinas só po<strong>de</strong> ser obtida através <strong>de</strong>analise laboratorial (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).A morte e diminuição da produção <strong>de</strong> peixes; aumento da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> morte <strong>de</strong>peixes como também <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> importância recreacional e comercial porocorrência <strong>de</strong> uma floração sobrevém principalmente da <strong>de</strong>soxigenação e elevação do pH dascamadas profundas da coluna <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>gradação da matéria orgânica formada, oupela ação das cianotoxinas. Várias espécies e linhagens <strong>de</strong> cianobactérias são responsáveis porconseqüências agudas e potencialmente fatais aos animais e ao homem após tomarem águaque contenha uma alta concentração <strong>de</strong> células tóxicas. A morte ou a ocorrência <strong>de</strong> doençassérias em animais domésticos e selvagens como conseqüência <strong>de</strong> florações, ocorre em váriaspartes do mundo. A maior parte dos envenenamentos é registrada em animais terrestres, quetomam água contendo as microalgas, mas animais marinhos também são afetadosespecialmente em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maricultura (Carmichael & Falconer, <strong>19</strong>93).Também, o aporte <strong>de</strong> matéria orgânica causa a redução da transparência da água;perda das qualida<strong>de</strong>s dos aspectos estéticos do corpo d’água e da biodiversida<strong>de</strong> das espécies;na filtração da água potável nas ETA’s antes da distribuição urbana (Smith et al., <strong>19</strong>99,Falconer, <strong>19</strong>99; Pitois et al., 2000, Wetzel & Likens, 20<strong>01</strong>).Estas cianotoxinas diferem nos mecanismos <strong>de</strong> absorção, órgãos afetados, modomolecular <strong>de</strong> ação (Wiegand & Pflugmacher, 2005) em situação <strong>de</strong> contato, ingeridas ou uso<strong>de</strong> água contaminada com cianotoxinas (Chorus, 20<strong>01</strong>). Tais florações já têm sido registradasem todo o mundo (Codd et al., 2005) e naturalmente, a maioria das pesquisas recentes sobreestes organismos está centrada na i<strong>de</strong>ntificação e quantificação da toxina (Graham et al.,2004; Aboal & Puig 2005; Ballot et al., 2005).Em África e no Brasil, como tem sido observada em outros países <strong>de</strong> todos oscontinentes, a conseqüência da eutrofização também têm produzido mudanças na qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> água, incluindo uma incidência aumento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> microalgas ecianobactérias.Porém, em África, um continente com 57 países, as informações sobre a ocorrência<strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias ainda são poucas. Poucos países já registraram esses eventos,tais como: Etiópia (Aphanothece, Chroococcus, Anabaena e Microcystis), Quênia (Anabaena,


32Oscillatoria, Botryococcus e Microcystis), Marocos (Microcystis aeruginosa f. aeruginosa,Microcystis aeruginosa flos-aquae, Microcystis ichthyoblabe, Microcystis pulverea f.<strong>de</strong>licatíssima, Oscillatoria, Planktothrix, Anabaena, Aphanizomenon e Phormidium),Namíbia (não i<strong>de</strong>ntificadas), África do Sul (Microcystis, Anabanea, Oscillatoria,Planktothrix, Cylindrospermopsis) e Zimbábue (Microcystis e Anabaena) (Codd et al., 2005).O crescimento excessivo <strong>de</strong> algas e cianobactérias em reservatórios Brasileiros é umarealida<strong>de</strong>. Estudos sobre florações <strong>de</strong> cianobactérias ocorridas nos mananciais brasileiros têmse intensificado especialmente em reservatórios <strong>de</strong> abastecimento público <strong>de</strong> água ouprodução hidroelétrica.Tundisi & Matsumura (2008) apresentam 20 ocorrências <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>cianobactérias tóxicas registradas no Brasil, incluídas em 14 gêneros, e que Microcystisaeruginosa é a espécie mais comum. Além disso, Anabaena spp (A. circinalis; A. flos-aquae;A. planctônica; A. solitaria; A. spiroi<strong>de</strong>s) são espécies potencialmente tóxicas. Maisrecentemente, uma invasão <strong>de</strong> Cylindrospermopsis raciborskii tem sido <strong>de</strong>tectada e seu ciclo<strong>de</strong>scrito em vários ecossistemas aquáticos do Brasil (Branco & Senna, <strong>19</strong>94; Sant’Anna &Azevedo, 2000; Huszar, 2000; Conte et al., 2000). Mesmo assim, ainda são necessáriosmuitos estudos para um melhor entendimento dos fatores envolvidos na dinâmica dosurgimento das cianobactérias e produção <strong>de</strong> cianotoxinas nos ambientes Brasileiros.No estuário da Lagoa dos Patos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, a presença <strong>de</strong> florações <strong>de</strong>Microcystis aeruginosa provocou irritações na pele <strong>de</strong> pescadores nativos (Yunes et al.,<strong>19</strong>99). Nos meses <strong>de</strong> verão e outono <strong>de</strong> <strong>19</strong>98, no estuário da Lagoa dos Patos-RS, Minilo(2000) observou florações <strong>de</strong> cianobactérias e produção <strong>de</strong> microcistinas intracelulares, tendorelacionado a fatores ambientais, tais como, altas temperaturas (>20ºC), pH próximo <strong>de</strong> 8,águas predominantemente doces e períodos <strong>de</strong> calmaria. O mesmo autor, estudando asrepresas do médio e baixo Rio Tietê (Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão, NovaAvanhandava e Três Irmãos), entre novembro/02 e outubro/03, constatou que a maioria dosreservatórios avaliados apresentou valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das cianobactérias (células.mL -1 )sempre acima <strong>de</strong> 20.000 células.mL -1 , valor máximo recomendado pela ONU para águapotável (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99), portanto, as represas estariam no nível <strong>de</strong> primeira alerta.2.4.6 Ocorrência <strong>de</strong> cianobactérias tóxicasNos últimos anos tem havido uma gran<strong>de</strong> preocupação especial com estas florações<strong>de</strong> cianobactérias que se relaciona com a capacida<strong>de</strong> por alguns <strong>de</strong>stes organismos <strong>de</strong> produziruma extensa série <strong>de</strong> toxinas potentes como metabólitos secundários. Cianotoxinas é o nome


33atribuído às toxinas produzidas pelas cianobactérias e, embora ainda não esteja <strong>de</strong>vidamenteesclarecido qual o papel <strong>de</strong>ssas toxinas, têm-se assumido que esses compostos tenham afunção protetora contra herbivoria do zooplâncton, como acontece com alguns metabólitos <strong>de</strong>plantas vasculares, os quais conferem uma proteção contra a predação <strong>de</strong> animais herbívoros(Carmichael, <strong>19</strong>92, Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).As diferentes cianotoxinas têm diversas ações sobre a saú<strong>de</strong> humana e sobre osorganismos aquáticos (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99). As toxinas <strong>de</strong> cianobactérias maisfreqüentemente encontradas em florações nos corpos d’águas doces e salobras <strong>de</strong> todo omundo são os peptí<strong>de</strong>os cíclicos da família microcistinas e das nodularinas. Embora estejam<strong>de</strong>scritas ocorrências e florações <strong>de</strong> vários gêneros <strong>de</strong> cianobactérias, Microcystis tem sido omais estudado. Isto po<strong>de</strong> ser explicado não somente pela maior freqüência do gênero, mastambém pelo fato da primeira cianotoxina estudada (Microcistina) ter sido isolada a partir <strong>de</strong>uma linhagem <strong>de</strong> Microcystis aeruginosa (Carmichael et al., <strong>19</strong>88). Assim, <strong>de</strong>senvolveram-seprincipalmente técnicas <strong>de</strong> pesquisa conduzidas para as microcistinas.O fato das ocorrências <strong>de</strong> cianobactérias estarem a aumentar e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>serem liberadas cianotoxinas para os ecossistemas <strong>de</strong> água doce têm <strong>de</strong>spertado todo ointeresse nesta problemática. Assim, a comunida<strong>de</strong> científica internacional tem o objetivo <strong>de</strong>melhorar o conhecimento sobre as conseqüências <strong>de</strong>stas ocorrências assim como os modos <strong>de</strong>as evitar, o que tem estado patente nos inúmeros trabalhos científicos relacionados com estetema, que têm surgido ao longo dos últimos anos (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99; Whitton & Potts,2000; Chorus, 20<strong>01</strong>).As cianobactérias produzem na água toxinas, que po<strong>de</strong>m agir diretamente sobre avida do plâncton, dos peixes e do homem (Carmichael, <strong>19</strong>94). Quando as florações tóxicas sedão em corpos d’água <strong>de</strong>stinados a usos humanos, como fonte <strong>de</strong> água potável, recreação,banho, etc., ocasionam importantes prejuízos sob o ponto <strong>de</strong> vista sanitário e estético (Codd etal., <strong>19</strong>89, Falconer, <strong>19</strong>96; Falconer & Humpage, <strong>19</strong>96).As cianotoxinas tiveram como primeiros relatos no século XIX no continenteAustraliano quando foram primeiramente registrados diversos casos <strong>de</strong> envenenamento emorte <strong>de</strong> animais domésticos (Francis, 1878). Estas cianotoxinas estão classificadas em trêsgrupos principais segundo o modo <strong>de</strong> ação: neurotoxinas, <strong>de</strong>rmatotoxinas e as hepatotoxinas(Carmichael, <strong>19</strong>94; Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).As neurotoxinas produzidas pelas cianobactérias (Figura 1) são alcalói<strong>de</strong>s ouorganofosforados que po<strong>de</strong>m lesar o sistema nervoso e são caracterizadas por sua ação rápida,causando a morte <strong>de</strong> vertebrados por paralisia parada respiratória após poucos minutos <strong>de</strong>


34exposição (anatoxina-a, homoanatoxina-a, anatoxina-a(s), e as pertencentes ao grupo dassaxitoxinas (PSPs).Apesar <strong>de</strong> possuírem mecanismos <strong>de</strong> ação diferentes, todas causam em bloqueioneuromuscular, a transmissão dos estímulos nervosos, levando o animal à morte por paralisiarespiratória (Molica, 2003), e as hepatotoxinas (Figura 2a, b) são peptí<strong>de</strong>os constituídos porsete aminoácidos (microcistinas) ou cinco aminoácidos, causadores <strong>de</strong> intoxicações agudas oucrônicas que atingem e lesam as células do fígado. A microcistina é um heptapeptí<strong>de</strong>o cíclico,enquanto que a nodularina é um pentapeptí<strong>de</strong>o cíclico. X e Z representam os dois L-aminoácidos que po<strong>de</strong>m variar e R 1 e R 2 são H ou CH 3 (Carmichael, <strong>19</strong>88). Acilindrospermopsina, que é um alcalói<strong>de</strong> hepatotóxico, foi caracterizada em <strong>19</strong>92 (Ohtani etal., <strong>19</strong>92). Os sinais observados após ingestão <strong>de</strong>ssas hepatotoxinas são hemorragia no fígado,prostração, anorexia, vômitos, dor abdominal e diarréia, levando a morte (Carmichael &Schwartz, <strong>19</strong>84, Beasley et al., <strong>19</strong>89, Carmichael, <strong>19</strong>94; Codd et al., 2005). As neurotoxinassão produzidas por espécies dos gêneros Anabaena, Aphanizomenon, Oscillatoria,Tricho<strong>de</strong>smium e Cylindrospermopsis e pelo menos cinco neurotoxinas, atuam ao nível datransmissão dos impulsos nervosos provocando a morte por parada respiratória.As hepatotoxinas promovem uma <strong>de</strong>sorganização do citoesqueleto dos hepatócitos,aon<strong>de</strong> chegam por meio <strong>de</strong> receptores dos ácidos biliares, o que provoca uma retração dosmesmos, com conseqüente aumento dos espaços intercelulares passando o sangue a fluir doscapilares para os espaços intercelulares formados, o que provoca lesões teciduais levando amorte (Carmichael, <strong>19</strong>94). As intoxicações por contato po<strong>de</strong>m ocorrer aci<strong>de</strong>ntalmente, ou naprática <strong>de</strong> <strong>de</strong>sportos aquáticos <strong>de</strong>vido principalmente às toxinas irritantes do grupo dospolissacarí<strong>de</strong>os, produzidas pelos gêneros Anabaena, Microcystis e Aphanizomenon. Osprincipais e mais comuns sintomas são vermelhidões da pele, irritação ocular, conjuntivite,urticária, obstrução nasal, asma (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).Outros grupos <strong>de</strong> fitoplâncton têm também a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar florações nocivasem água doce, incluindo algumas espécies <strong>de</strong> dinoflagelados e crisofíceas. Mas essasflorações são menos freqüentes do que as das cianobactérias e estão associadas a condiçõesdiferentes. As florações <strong>de</strong> dinoflagelados são geralmente presentes aos ambientes salgados(Paerl, <strong>19</strong>88).Em lagos e reservatórios, elas preferem ambientes bem misturados e enriquecidos emnutrientes (Reynolds, <strong>19</strong>84), enquanto crisófitas ten<strong>de</strong>m a formar florações em lagosoligotróficos <strong>de</strong> clima norte temperado (Nicholls, <strong>19</strong>95). Apesar <strong>de</strong>sses exemplos, ascianobactérias são, sem dúvida, o grupo principal formador <strong>de</strong> florações em água doce, que,


35além disso, po<strong>de</strong>m ser nocivas (Paerl et al., 20<strong>01</strong>). Estima-se que mais <strong>de</strong> 50% das florações<strong>de</strong> cianobactérias <strong>de</strong> águas continentais, registradas ou não a nível mundial, são tóxicas(Hallegraeff, <strong>19</strong>92).Apesar do crescente aumento nos estudos sobre este fenômeno, se <strong>de</strong>sconhece comprecisão qual é o fator que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia a síntese <strong>de</strong> toxinas. Algumas linhagens <strong>de</strong>cianobactérias sintetizam metabolitos que têm efeitos tóxicos sobre a biota (Chorus &Bartram, <strong>19</strong>99).


36Tabela 1. Correlações entre as cianotoxinas, seus modos <strong>de</strong> ação e diversos gênerosassociados <strong>de</strong> cianobactérias.Modo <strong>de</strong> ação Cianotoxina Gênero BibliografiaMiura et al.,1) Microcistinas Microcystis, Anabaena, <strong>19</strong>91; Rinehart et al.,Aphanizomenon, Nostoc, <strong>19</strong>94; Yoo et al.,HepatoxinasPlanktothrix, Hapalosiphon,Synechocystis, Aphanocapsae Oscillatoria, Gleotrichia<strong>19</strong>95; Sivonen, <strong>19</strong>96;Nobre, M. M. Z. A.,<strong>19</strong>97; Dawson, <strong>19</strong>98;Coelosphaerium.Nascimento &Azevedo, <strong>19</strong>99;2) Nodularinas NodulariaDomingos et al.,<strong>19</strong>99; Brittain et al.,2000; Saito et al.,20<strong>01</strong>.MahmoodNeurotoxinas SaxitoxinasAphanizomenon, Anabaena,Cylindrospermopsis,& Carmichael, <strong>19</strong>86;Sivonen et al., <strong>19</strong>89;Anatoxinas eOscillatoria, raciborskii, Carmichael et al.,Homoanatoxina Tricho<strong>de</strong>smium<strong>19</strong>90; Lagos et al.,<strong>19</strong>99; (Kuiper-Goodman et al., <strong>19</strong>99)Dermatotoxinas(pigmentose(Cianobactérias, em geral)Watanabe etal., <strong>19</strong>96; (Kuiperlipopolissacarí<strong>de</strong>os)Goodman et al.,<strong>19</strong>99)Cylindrospermopsis Ohtani etCilindrospermopsina raciborskii, Umezakia natan,Aphanizomenon ovalisporumal., <strong>19</strong>92; Terao et al.,<strong>19</strong>94; Banker et al.,Outros (lesões no<strong>19</strong>97;fígado, pulmões, rins,Nostoc,mucosa gástrica)Microcystis, Synechocystis,BetaLyngbya, Anabaena,Metil-aminoalanina Nodularia, Tricho<strong>de</strong>smium,Cylindrospermopsis,Aphanizomenon, Calothrix


37As conseqüências ecológicas da ocorrência <strong>de</strong> cianobactérias e a produção dascianotoxinas têm efeito no biótipo aquático, causando problemas ambientais graves tendo,portanto, gran<strong>de</strong> importância ecológica. Tal como se observa para outras substâncias, ascianotoxinas são também bioacumuláveis po<strong>de</strong>ndo ser bioamplificáveis ao longo da ca<strong>de</strong>iaalimentar. Este processo ficou <strong>de</strong>monstrado em trabalhos experimentais <strong>de</strong> laboratórioefetuados com moluscos e lagostins, on<strong>de</strong> se observou a acumulação <strong>de</strong> cianotoxinas(microcistinas e nodularinas) <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alimentar os animais com linhagens tóxicas <strong>de</strong>cianobactérias (Eriksson et al., <strong>19</strong>89; Lindholm et al., <strong>19</strong>89; Saker et al., Falconer et al.,<strong>19</strong>92; Vasconcelos, <strong>19</strong>95a, <strong>19</strong>99). O fato das cianotoxinas serem acumuladas nestesorganismos sem lhes provocarem efeitos letais torna-os, vetores <strong>de</strong> toxinas para os níveistróficos superiores, incluindo o Homem.As cianobactérias também são responsáveis por alterações nos organismos aquáticos,principalmente nas populações <strong>de</strong> peixes, tendo-se registrado casos <strong>de</strong> morte em massaquando aparecem florações (Codd & Roberts, <strong>19</strong>91). Muitas vezes é difícil saber qual a razão<strong>de</strong>ssas mortanda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> peixes: através da liberação e intoxicação por cianotoxinas, poramónia ou morte por asfixia (anoxia). A <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> oxigênio é <strong>de</strong>corrente da <strong>de</strong>composiçãoda matéria orgânica morta no final da floração. Os peixes apresentam sintomas <strong>de</strong> intoxicaçãopor microcistinas similares a alguns verificados em mamíferos: alterações histológicas dotrato gastrointestinal e das brânquias e necrose hepática e renal (Tencalla et al., <strong>19</strong>94;Råbergh et al., <strong>19</strong>91; An<strong>de</strong>rson et al., <strong>19</strong>93; Carbis et al., <strong>19</strong>97). Está também <strong>de</strong>monstradoque a sensibilida<strong>de</strong> dos peixes e anfíbios na face inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento é superior à dosorganismos juvenis e adultos, po<strong>de</strong>ndo assim afetar a dinâmica das populações (Oberemm,20<strong>01</strong>).Já que os animais superiores, como aves e mamíferos não são capazes <strong>de</strong> distinguiruma floração tóxica, tornam-os susceptíveis a intoxicações por ingestão e imersão em águascontaminadas. Foram já publicados casos <strong>de</strong> morte animal por intoxicação das cianobactérias(Kuiper-Goodman et al., <strong>19</strong>99 e Falconer, 20<strong>01</strong>). Com relação aos níveis tróficos mais baixos,existem vários estudos experimentais em laboratório com zooplâncton (exemplo Daphniaspp) que revelam dados pouco consistentes em que a sensibilida<strong>de</strong> às cianotoxinas difereconsoante o género, a espécie e até mesmo o clone (Sivonen & Jones, <strong>19</strong>99).As conseqüências da ocorrência <strong>de</strong> cianobactérias cianotoxinas tóxicas para a saú<strong>de</strong>humana, provocam efeitos adversos, os quais estão evi<strong>de</strong>nciados em estudos epi<strong>de</strong>miológicose toxicológicos. Quanto ao modo <strong>de</strong> acção, elas po<strong>de</strong>m apresentar efeitos <strong>de</strong> ação aguda oucrônica, conforme o grau e o tempo <strong>de</strong> exposição. De todas as cianotoxinas, apenas os


38polipeptídios cíclicos parecem exercer efeitos crônicos, nomeadamente a promoção docrescimento <strong>de</strong> tumores hepáticos e outros. Os seus efeitos agudos incluem morte porhemorragia e insuficiência hepática (Kuiper-Goodman et al., <strong>19</strong>99).Para além do risco <strong>de</strong> intoxicações humanas por cianotoxinas via exposição oral noconsumo <strong>de</strong> produtos contaminados, oral e dérmica com água <strong>de</strong> recreação, hemodiálise, ooutro risco <strong>de</strong> intoxicação humana pren<strong>de</strong>-se com exposição oral no consumo <strong>de</strong> águapotável, uma vez que com muita freqüência a água é aproveitada superficialmente emsistemas <strong>de</strong> represas, estas com condições favoráveis para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>cianobactérias. Caso não haja sistemas <strong>de</strong> prevenção e <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> cianotoxinas, as águascontaminadas po<strong>de</strong>m levar a uma exposição prolongada das populações consumidoras quepo<strong>de</strong>rão sofrer efeitos crônicos como é o caso do tumor hepático (Kuiper-Goodman et al.,<strong>19</strong>99).As hepatotoxinas: microcistinas e nodularinas são as toxinas mais comuns naprodução <strong>de</strong> intoxicação <strong>de</strong> ação crônica, registrando-se geralmente um aumento da ativida<strong>de</strong>das enzimas hepáticas no plasma dos indivíduos intoxicados, uma vez que estas toxinas agema nível hepático, através da alteração da forma dos hepatócitos. Além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r encontrar-sena forma livre, uma parte significativa da cianotoxina adsorvida po<strong>de</strong>, a nível molecular,ligar-se covalentemente às proteínas fosfatases 1 e 2A (PP1 e PP2A) (MacKintosh et al.,<strong>19</strong>90; Yoshizawa et al., <strong>19</strong>90; MacKintosh & MacKintosh, <strong>19</strong>94; Dawson, <strong>19</strong>98). Destaforma, inibem a sua ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma notavelmente semelhante à do ácido ocadáico,um promotor potente <strong>de</strong> tumores que também é a toxina responsável pela intoxicaçãodiarréica por moluscos (Cohen et al., <strong>19</strong>90). As proteínas fosfatases 1 e 2A são enzimas queregulam muitos processos (divisão e crescimento celular, metabolismo, controle hormonal,entre outros), como respostas a sinais do estresse do seu ambiente (MacKintosh &MacKintosh, <strong>19</strong>94).Quando a cianotoxina entra numa célula e bloqueia a função das proteínas fosfatases,a células per<strong>de</strong> o controle normal e respon<strong>de</strong> ina<strong>de</strong>quadamente aos sinais, resultando muitasvezes numa doença como o câncer, diabetes ou numa <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m imunológica (MacKintosh &MacKintosh, <strong>19</strong>94). Esta inibição dá-se através <strong>de</strong> um mecanismo <strong>de</strong> dois passos (Craig et al.,<strong>19</strong>96). Depois <strong>de</strong> uma rápida ligação não-covalente inicial, as microcistinas po<strong>de</strong>m formaruma ligação covalente com as subunida<strong>de</strong>s catalíticas das proteínas fosfatases, a Cys273 nasPP1 ou a Cys266 nas PP2A, através do resíduo <strong>de</strong> N-metil<strong>de</strong>hidroalanina (Mdha)(MacKintosh et al., <strong>19</strong>95; Runnegar et al., <strong>19</strong>95b). As hepatotoxinas aumentam assim osníveis básicos <strong>de</strong> fosforilação protéica nos hepatócitos, <strong>de</strong>vido à inibição das fosfatases. O


39baixo valor <strong>de</strong> IC (concentração que causa 50% <strong>de</strong> inibição) para a inibição 50 <strong>de</strong> PP1 e PP2Aatravés <strong>de</strong> microcistinas é relativamente baixo, o que <strong>de</strong>monstra que as interações toxinafosfatasesão extremamente fortes (MacKintosh & MacKintosh, <strong>19</strong>94).Alguns eventos históricos, entre muitos outros <strong>de</strong> intoxicações, evi<strong>de</strong>nciam o riscoque as cianotoxinas representam para a saú<strong>de</strong> humana (Tabela 2). A ocorrência <strong>de</strong> floraçõesformadoras <strong>de</strong> cianobactérias tóxicas representa riscos ambientais para os ecossistemasaquáticos continentais, não apenas pelo aspecto <strong>de</strong> formarem elevadas biomassas, ou seja,gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> matéria orgânica, mas também por terem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> liberar parao meio, metabólitos tóxicos nomeados cianotoxinas e lipopolissacarí<strong>de</strong>os (LPS). Apesar daspesquisas nesta área tenham vindo a crescer, a importância e o papel ecológico <strong>de</strong>stas toxinasainda não é conhecido (Kaebernik & Neilan, 20<strong>01</strong>).Segundo Chorus & Bartram (<strong>19</strong>99), as toxinas produzidas por cianobactérias sãoarmazenadas nas células durante a maior parte da sua vida, sendo só liberadas na água quandoocorre lise celular, <strong>de</strong>corrente do processo <strong>de</strong> senescência das células, da ingestão celular pelozooplâncton ou peixes, da rebentação celular pela ação dos agentes químicos utilizados noprocesso <strong>de</strong> tratamento d’água para consumo ou da <strong>de</strong>composição natural. Adicionalmente àliberação <strong>de</strong> cianotoxinas, os impactos negativos das florações <strong>de</strong> cianobactérias são:formação <strong>de</strong> nata na superfície da água, impossibilitando às trocas na interface ar/água;alteração da viscosida<strong>de</strong> do meio; redução da zona eufótica; alteração do odor e do sabor daágua; e sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> oxigênio dissolvido e até anoxia, <strong>de</strong>vido à morte massiva dascianobactérias e alterações na estrutura e composição das comunida<strong>de</strong>s aquáticas.2.4.7 Evidências <strong>de</strong> intoxicações provocadas por cianotoxinasAs cianobactérias tóxicas são responsáveis pela maioria dos acontecimentosconhecidos <strong>de</strong> intoxicação envolvendo ficotoxinas <strong>de</strong> águas doces e salobras (Carmichael &Falconer, <strong>19</strong>93; WHO, <strong>19</strong>98; Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99; Chorus et al, 2000). Os casos <strong>de</strong>intoxicação estão normalmente associados aos períodos <strong>de</strong> floração, quando as cianotoxinasliberadas nas águas geralmente são encontradas em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s.Uma das primeiras evidências científicas <strong>de</strong> manifestações <strong>de</strong> intoxicação <strong>de</strong>populações humanas se refere aos trabalhos iniciais <strong>de</strong> Francis (1878), nos quais ele <strong>de</strong>screveuma floração <strong>de</strong> Nodularia spumigera no Lago Alexandrina, localizado perto <strong>de</strong> A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong>,Sul da Austrália, e mais 65 outros casos episódicos <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microalgas <strong>de</strong> água doce.George Francis (Op. Cit) confirmou a causa do envenenamento fornecendo a um bezerro,resquícios <strong>de</strong> floração do lago, que subseqüentemente causou a morte do animal.


41epi<strong>de</strong>miológica com florações <strong>de</strong> cianobactérias potencialmente tóxicas por Yunes et al.(<strong>19</strong>96) em estuários e lagoas costeiras na região sul; Azevedo et al., <strong>19</strong>94, Magalhães et al.(20<strong>01</strong>), Lagos et al. (<strong>19</strong>99) na região su<strong>de</strong>ste; Porfírio et al. (<strong>19</strong>99), Bouvy et al. (<strong>19</strong>99) eTeixeira et al. (<strong>19</strong>93) em açu<strong>de</strong>s da região nor<strong>de</strong>ste como em Alagoas e Bahia, com a morte<strong>de</strong> 88 pessoas, entre 2000 intoxicadas pelo consumo <strong>de</strong> água contaminada do reservatório <strong>de</strong>Itamaracá (BA). Na água <strong>de</strong>ste reservatório foram encontradas espécies dos gênerosAnabaena e Microcystis em quantida<strong>de</strong>s variando entre 1.104 e 9.755 colônias. mL -1 (Teixeiraet al., <strong>19</strong>93).Contudo, o caso ocorrido em fevereiro <strong>de</strong> <strong>19</strong>96 com 131 pacientes renais crônicos nocentro <strong>de</strong> hemodiálise na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caruaru (PE), no nor<strong>de</strong>ste do Brasil, <strong>de</strong>senvolveu sinais esintomas <strong>de</strong> neurotoxicida<strong>de</strong> aguda e grave hepatotoxicose sub-aguda após sessões <strong>de</strong>hemodiálise (Carmichael apud Lahti, <strong>19</strong>97; Pouria, <strong>19</strong>98) e o uso direto da água <strong>de</strong> umreservatório que continha uma floração <strong>de</strong> cianobactérias era tratada na clinica, po<strong>de</strong> serconsi<strong>de</strong>rado um marco expressivo máximo na ocorrência <strong>de</strong> danos à saú<strong>de</strong> humana <strong>de</strong>vido àação <strong>de</strong> cianotoxinas. Nos 6 meses seguintes, 60 dos 131 pacientes já havia falecido <strong>de</strong>hemorragias no fígado ou colapsos hepáticos causados por cianotoxinas.A partir daí, o episódio foi conhecido como “a síndrome <strong>de</strong> Caruaru”, que teverepercussão a nível nacional e internacional. Oitenta pacientes renais crônicos, após teremsido submetidos a sessões <strong>de</strong> hemodiálise, foram contaminados por microcistinas e passarama apresentar quadro clinico compatível com hepatotoxicose que, no entanto, não eracorrelacionada com nenhum dos fatores usualmente tidos como causadores <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>intoxicação (Jochimsen et al., <strong>19</strong>98; Pouria et al., <strong>19</strong>98).Posteriormente, 54 pacientes vieram a falecer, no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> cinco meses após oinício dos sintomas e, <strong>de</strong> acordo com as informações cedidas pela Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> doEstado <strong>de</strong> Pernambuco, as referidas clínicas recebiam água sem tratamento completo enormalmente era feita uma cloração no próprio caminhão tanque utilizado para transportarágua. As análises laboratoriais possibilitaram o isolamento e <strong>de</strong>tecção da microcistina-LR nosfiltro <strong>de</strong> carvão ativado usados no sistema <strong>de</strong> purificação <strong>de</strong> água do centro <strong>de</strong> hemodiálise,bem como em amostras <strong>de</strong> sangue e fígado dos pacientes intoxicados (Jochimsen et al., Op.Cit.; Pouria et al., Op. Cit.; Carmichael et al. (<strong>19</strong>98); Azevedo et al. (<strong>19</strong>96, <strong>19</strong>98).Chellappa et al. (2000) também associaram intensa mortanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes e camarõesà florações <strong>de</strong> Microcystis aeruginosa e Pseudanabaena sp, em recente estudo realizado noreservatório Marechal Dutra, localizado no semi-árido do Estado, tendo atribuído ao excesso<strong>de</strong> nutrientes liberados do cultivo <strong>de</strong> peixes em tanques <strong>de</strong> re<strong>de</strong> nas partes rasas do


43Tabela 2. Exemplos <strong>de</strong> intoxicações e sintomas mais freqüentes em humanos e em animais<strong>de</strong>vido à toxinas produzidas por cianobactérias, <strong>de</strong>stacando-se os casos registrados no Brasil(Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).País do registro Vítima Efeitos tóxicos Responsável ReferênciasUSA (Rio Ohio) humana Primeira notícia mundial <strong>de</strong> Microcystis Tisdale, <strong>19</strong>31gastroenteritesaeruginosacães Neurotoxicida<strong>de</strong> - anatoxina-a Anabaena flosaquaeMahmood et al., <strong>19</strong>88(s)Austrália humana 852 casos <strong>de</strong> gastroenterites, Microcystis Pilotto et al., <strong>19</strong>97alergias, febre e úlceras aeruginosadérmicas durante uma floração<strong>de</strong> 7 dias em águas <strong>de</strong>recreaçãocães e Hepatotoxicida<strong>de</strong>Nodularia Francis, 1878avesspumigenaovelhas Hepatotoxicida<strong>de</strong> Microcystis Jackson et al., <strong>19</strong>84aeruginosaovelhas Neurotoxicida<strong>de</strong> (PSP) Anabaena Negri et al., <strong>19</strong>95circinalisBrasil humana Em <strong>19</strong>85, primeira notícia para Microcystis Teixeira et al., <strong>19</strong>93América Latina: 2000 casos <strong>de</strong> aeruginosagastroenterites por águapotável, com 88 mortes.Em <strong>19</strong>96, primeiro registro Microcystis Pouria et al., <strong>19</strong>98;mundial <strong>de</strong> intoxicação por via aeruginosa Chorus & Bartram,sanguínea: 131 pacientes<strong>19</strong>99dializados apresentarampatologias hepáticas, 60morreram em 10 meses.Inglaterra humana Em <strong>19</strong>89, intoxicação aguda <strong>de</strong> Anabaena flosaquaeTurner et al., <strong>19</strong>9020 esportistas por inalação <strong>de</strong>spray durante canoagemCães <strong>de</strong> Hepatotoxicida<strong>de</strong>Microcystis Pearson et al., <strong>19</strong>90pastoreio (microcistina)aeruginosaCanadá GadobovinoNeurotoxicida<strong>de</strong> (anatoxina-a) Anabaena flosaquaeCarmichael & Gorham,<strong>19</strong>78


44Aves Neurotoxicida<strong>de</strong> (anatoxina-a) Anabaena flosaquaePybus & robinson, <strong>19</strong>86aquáticasFinlândia Aves Hepatotoxicida<strong>de</strong>Planktothrix Eriksson et al., <strong>19</strong>86aquáticas,peixes.agardhiicães Hepatotoxicida<strong>de</strong> (nodularina) Nodularia Pearson et al., <strong>19</strong>84spumigenaEscócia Cães Neurotoxicida<strong>de</strong> (anatoxina-a) Oscillatoria spp Gunn et al., <strong>19</strong>92Peixes MicrocistinaMicrocystis Bury et al., <strong>19</strong>95(trutas)aeruginosaArgentina Gado Hepatotoxicida<strong>de</strong>Microcystis Odriozola et al., <strong>19</strong>84bovinoaeruginosaNoruega Gado Hepatotoxicida<strong>de</strong>Microcystis Skulberg, <strong>19</strong>79bovino (microcistina)aeruginosaChina humana Elevada taxa <strong>de</strong> Microcystis Yu, <strong>19</strong>95hepatocarcinoma por consumo aeruginosa<strong>de</strong> água contaminada.2.4.8 Toxinas produzidas por cianobactériasAs toxinas <strong>de</strong> origem bacteriana, on<strong>de</strong> se incluem as toxinas <strong>de</strong> cianobactérias, são jáconhecidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há mais <strong>de</strong> 100 anos e divididas em duas classes: toxinas bacterianasprotéicas e lipopolissacari<strong>de</strong>os (LPS), estando estes últimos presentes na membrana celulardas bactérias Gram-negativas, incluindo as cianobactérias que produzem ainda alcalói<strong>de</strong>stóxicos (Alouf, 2000). É atribuído genericamente cianotoxinas a todo gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong>substâncias naturais produzidas por alguns gêneros <strong>de</strong> cianobactérias como produtos do seumetabolismo secundário, mesmo com estrutura e proprieda<strong>de</strong> toxicológica variadas, sensíveisaos homens e animais intoxicados a partir <strong>de</strong> corpos d’água contaminados.O fato <strong>de</strong> produzirem toxinas e apresentar efeitos adversos à saú<strong>de</strong> pública segundo aespécie dominante da floração, seu nível <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>, o tipo <strong>de</strong> toxina e as características doorganismo afetado, constitui um problema preocupante na atualida<strong>de</strong> (Sivonen & Jones, <strong>19</strong>99;Paerl et al., 20<strong>01</strong>). Os níveis <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> variam para a mesma espécie, no mesmo corpod’água e durante a mesma floração (Gorham & Carmichael, <strong>19</strong>80; Carmichael & Gorham,<strong>19</strong>81).


45As cianotoxinas (incluem peptí<strong>de</strong>os cíclicos, alcalói<strong>de</strong>s e lipopolissacari<strong>de</strong>os),produtos naturais tóxicos produzidos por várias espécies formadoras <strong>de</strong> florações chamamcada vez mais atenção por afetarem o sistema nervoso e digestivo, além <strong>de</strong> provocar efeitossobre mucosas e pele (Hai<strong>de</strong>r et al., 2003). Eventos <strong>de</strong> contaminação em todo o mundo sãoinúmeros cada mês (http:// www.aims.gov.au/arnat/arnat-<strong>01</strong>0-02.htm). Cerca <strong>de</strong> 40 espécies<strong>de</strong> cianobactérias são potencialmente tóxicas e produzem diversas toxinas, enquadradas entreas mais letais para organismos pluricelulares. Como exemplo, as microcistinas são maistóxicas para camundongos do que o inseticida sintético malation e do que a dioxina (2,3,7,8-TCDD). Como referência, os compostos que possuem uma dose letal para 50% dosorganismos teste (DL 50 ), que durante o período <strong>de</strong> 24 horas estavam submetidos ao teste,abaixo <strong>de</strong> 5mg.kg -1 são consi<strong>de</strong>rados supertóxicos.As principais <strong>de</strong>scobertas sobre a existência, efeitos e ocorrências das cianotoxinasaconteceram nos últimos vinte anos. Nem todos os gêneros <strong>de</strong> cianobactérias produzemcianotoxinas, e mesmo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma espécie, nem todas as linhagens são tóxicas. Porvezes, po<strong>de</strong>mos encontrar, na mesma floração, linhagens tóxicas coabitando com outras nãotóxicas. No entanto, ainda não se sabe quais os factores que levam <strong>de</strong>terminada linhagem aproduzir, ou não, cianotoxinas. Sabe-se ainda que uma mesma linhagem po<strong>de</strong> produzir maisdo que uma variante <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada cianotoxina (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).A caracterização química e toxicológica das cianotoxinas é possível dividi-las em 3gran<strong>de</strong>s grupos, <strong>de</strong> acordo com a sua estrutura química: os peptí<strong>de</strong>os cíclicos (incluindo asmicrocistinas e nodularinas hepatotóxicas), os alcalói<strong>de</strong>s (incluindo as cilindrospermopsinashepatotóxicas, as neurotoxinas e as citotoxinas) e os lipopolissacari<strong>de</strong>os, que sãopotencialmente irritantes (po<strong>de</strong>m afetar quaisquer tecidos expostos). Além disso, existem duascianotoxinas marinhas que pertencem ao grupo dos alcalói<strong>de</strong>s (aplisiatoxina mais<strong>de</strong>bromoaplisiatoxina e lingbiatoxina-a) que causam irritação gastrointestinal e/ou cutânea(Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99; Carmichael, 20<strong>01</strong>).Estruturalmente, as hepatotoxinas divi<strong>de</strong>m-se em dois grupos: as microcistinas e asnodularinas. O órgão alvo <strong>de</strong>stes dois grupos nos animais é o fígado. A maioria dashepatotoxinas, incluindo a microcistina-LR, é hidrofílica, não atravessando as membranascelulares, sendo assim transportadas para o fígado através <strong>de</strong> transportadores iônicosmultiespecíficos presentes nos canais biliares e no intestino <strong>de</strong>lgado (Runnegar et al., <strong>19</strong>91).Aí exercem acção sobre a estrutura dos hepatócitos atrofiando-os, impedindo o contacto entreeles e provocando hemorragias que fazem aumentar o peso do fígado e que po<strong>de</strong>rão ser fatais.


46Este processo é irreversível pelo que, mesmo não havendo letalida<strong>de</strong>, as lesõespersistem verificando-se disfunção hepática. A gran<strong>de</strong> chamada <strong>de</strong> sangue ao fígado provocafalhas cardíacas, daí a rápida letalida<strong>de</strong> (exemplo 20 minutos após injeção intraperitoneal <strong>de</strong>uma linhagem <strong>de</strong> Microcystis) (Vasconcelos, <strong>19</strong>94).O atrofiamento do citoesqueleto dos hepatócitos, dá-se <strong>de</strong>vido à acção inibitória queas microcistinas e as nodularinas exercem nas fosfatases protéicas (enzimas reguladoras dasíntese protéica), essenciais à sua manutenção (Carmichael, <strong>19</strong>94). São estes mecanismos <strong>de</strong>interferência com as fosfatases protéicas que tornam as hepatotoxinas promotoras <strong>de</strong> tumores(Nishiwaki-Matsushima et al., <strong>19</strong>92).As neurotoxinas atuam no sistema nervoso, acabando por causar morte por paralisiados músculos respiratórios. As anatoxinas causam paralisia muscular por sobre-estimulaçãodas células musculares, nomeadamente as respiratórias, que acabam por paralisar por cansaço.Tal acontece porque a anatoxina-a compete para receptores pré-sinápticos da acetilcolina(responsáveis pela interrupção do estímulo nervoso, impedindo a sobre-estimulação),provocando <strong>de</strong>spolarização duradoura que resulta em bloqueio da ligação neuro-muscular econseqüente relaxamento (Carmichael, <strong>19</strong>94). A anatoxina-a(s) tem uma estrutura químicadiferente da anatoxina-a e apresenta uma sintomatologia que difere essencialmente no facto<strong>de</strong> provocar salivação (daí o sufixo (s) no nome), inibindo a enzima acetilcolinesterase.A ação das citotoxinas resulta da inibição da síntese protéica causando alteraçõescitológicas essencialmente no fígado, mas também no baço, rins, pulmões e coração (Hawkinset al., <strong>19</strong>97; Runnegar et al., <strong>19</strong>95a). Falconer & Humpage (20<strong>01</strong>) encontraram evidênciasexperimentais in vivo que sugerem um efeito carcinogênico crônico da cilindrospermopsina.Com relação ao LPS das cianobactérias sabe-se que tem uma toxicida<strong>de</strong> aguda 10 vezesinferior ao das outras bactérias Gram negativas como, por exemplo, a Salmonella sp. (Keevil,<strong>19</strong>91). O LPS produzido por bactérias Gram negativas induz intensas ativida<strong>de</strong>s biológicas,resultando uma resposta inflamatória do organismo, especialmente no fígado, choque sépticoe morte (Castro, <strong>19</strong>97).No quadro 1 e nas figuras 1, 2a e 2b estão representadas a toxicida<strong>de</strong> comparativa <strong>de</strong>toxinas naturais e compostos sintéticos e as características químicas das principaiscianotoxinas aquáticas. DL 50 – é a quantida<strong>de</strong>, em unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa da substância porquilograma <strong>de</strong> peso corpóreo, necessário para provocar a morte em 50% do lote <strong>de</strong> animaissubmetidos do experimento.


47Quadro 1. Toxicida<strong>de</strong> comparativa <strong>de</strong> toxinas <strong>de</strong> cianobactérias a algumas biotoxinas naturaise compostos sintéticos. Valores da dose letal (DL 50 ) em camundongos, em µg.kg -1 <strong>de</strong> pesocorpóreo, por via intraperitoneal.Toxina Tipo <strong>de</strong> OrganismocomumTaxonDose letal(DL 50 )Toxina-a Bactéria Clostridium botulinum 0,00003BotulínicaToxina tetânica Bactéria Clostridium tetani 0,00<strong>01</strong>Ricina Planta (mamona) Ricinus communis 0,02Toxina diftérica Bactéria Corynebacterium diphtheriae 0,3Kokoi Animal (sapo) Phyllobates bicolor 2,7Tetrodotoxina Animal (peixe) Sphaeroi<strong>de</strong>s rubripes/Arothron 8meleagrisSaxitoxina Cianobactéria Aphanizomenonflos-aquae 10Toxina <strong>de</strong> cobra Animal (Cobra) Naja naja 20Nodularina Cianobactéria Nodularia spumigena 30-50Microcistina-LR Cianobactéria Microcystis aeruginosa 50Microcistina-RR Cianobactéria Microcystis aeruginosa 300-600Anatoxina-A Cianobactéria Anabaena flos-aquae 200Anatoxina-A (S) Cianobactéria Anabaena flos-aquae 20Curare Planta Chrondo<strong>de</strong>ndron tomentosum 5002,3,7,8-TCDD Produto <strong>de</strong> síntese Contaminante do agente laranja 100-600(dioxina)Estricnina Planta Strychnos nox-vomica 500Amatoxina Fungo Amanita phalloi<strong>de</strong>s 600Muscarina Fungo Amanita muscaria 1.100Falatoxina Fungo Amanita phalloi<strong>de</strong>s 1800Toxina <strong>de</strong> Alga Dinoflagelada Peridinium polonicum 2.500glenodinaCianeto <strong>de</strong> sódio Sal inorgânico Sal do ácido cianídrico 1.000Malathion Inseticida clorado Produto sintético 8.000Fonte: Nobre (<strong>19</strong>97), Carmichael (<strong>19</strong>91)


48Até o momento, as cianotoxinas estão distribuídas em três gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong>estrutura química conhecidos: os peptí<strong>de</strong>os cíclicos, os alcalói<strong>de</strong>s e os lipopolissacarí<strong>de</strong>os. Deacordo com a sua ação farmacológica, as duas principais classes <strong>de</strong> cianotoxinas atualmentecaracterizadas, em razão do número elevado <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong> intoxicações que os abrangem são:Neurotoxinas (anatoxina-a, anatoxina-a(s), homoanatoxina-a e saxitoxina) (Figura 1) eHepatotoxinas (microcistinas, cilindrospermopsina e nodularinas) (Figura 2a, b) (Carmichael,<strong>19</strong>92; Codd, <strong>19</strong>98; Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99; Sivonen & Jones, <strong>19</strong>99; Codd, 2000).As microcistinas são toxinas produzidas por cianobactérias e têm efeitos agudos ecrônicos sobre a saú<strong>de</strong> dos mamíferos, em geral. Essas substâncias heptapepti<strong>de</strong>oshepatotóxicos, são quimicamente muito estáveis, bastante resistentes à hidrólise enzimática equímica. Seu carreamento para o fígado, em mamíferos, é provavelmente mediado portransportadores dos ácidos biliares, através da mucosa intestinal.No fígado, as microcistinas ligam-se irreversivelmente a unida<strong>de</strong>s serina-treonina dasproteínas fosfatases 1 e 2A, inativando-as. A ultraestrutura do fígado <strong>de</strong>sintegra-se, ocorrendohemorragia interna, o que <strong>de</strong>termina a morte, por choque hipovolêmico (Orr et al., 20<strong>01</strong>).Também po<strong>de</strong>m promover câncer primário <strong>de</strong> fígado, por ingestão <strong>de</strong> subdoses, duranteperíodos prolongados. Além disso, po<strong>de</strong>m se acumular no tecido <strong>de</strong> peixes e <strong>de</strong> moluscos,expostos a florações tóxicas (Eriksson et al., <strong>19</strong>86, Carmichael, <strong>19</strong>91, Bury et at., <strong>19</strong>95).Além <strong>de</strong>sses dois grupos, alguns gêneros <strong>de</strong> cianobactérias também po<strong>de</strong>m produzirtoxinas irritantes e alergênicas ao contato e até mesmo causar gastroenterites em populaçõeshumanas. Essas toxinas são caracterizadas como cilindrospermopsinas e lipopolissacarí<strong>de</strong>os(LPS), comumente encontradas como constituintes das membranas celulares <strong>de</strong> bactériasGram-negativas, contribuindo para problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> humana associados à exposição amassas <strong>de</strong> cianobactérias (Carmichael, <strong>19</strong>77; Codd et al., <strong>19</strong>89; Carmichael & Falconer,<strong>19</strong>93). Os poucos estudos realizados e disponíveis na literatura sobre lipopolissacari<strong>de</strong>osmostram que eles são menos tóxicos que os <strong>de</strong> outras bactérias como, por exemplo, aSalmonella, porém, são endotoxinas progênicas (Keleti & Sykora, <strong>19</strong>82) e Raziuddin et al.,<strong>19</strong>83 apud Chorus & Bartram, (<strong>19</strong>99).


49Anatoxina-a Homoanatoxina Anatoxina-a(s) PSPFigura 1. Estrutura química das principais neurotoxinas (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).Estruturas <strong>de</strong> hepatotoxinas produzidas por cianobactérias representadas nas figuras (Figura2a,b) (Carmichael, <strong>19</strong>92; Codd, <strong>19</strong>98; Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99; Sivonen & Jones, <strong>19</strong>99;Codd, 2000).xzMicrocistina - LR Leucina ArgininaMicrocistina - RR Arginina ArgininaMicrocistina - LA Leucina AlaninaMicrocistina - YR Tirosina ArgininaFigura 2a. Estrutura química geral da microcistina (MCYST) mostrandouma molécula consistindo <strong>de</strong> 7 aminoácidos juntos ligados covalentemente (D-Ala 1 -X²-D-MeAsp³-Z 4 -Adda 5 -D-Glu 6 -Mdha 7 ) (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).OHH HO 3SOOMeN+NHHNNHHNHOFigura 2b. Estrutura química da cilindrospermopsina (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).


50Os métodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, quantificação, i<strong>de</strong>ntificação e análise <strong>de</strong> toxinas emflorações <strong>de</strong> cianobactérias po<strong>de</strong>m ser químicos (HPLC), bioquímicos (PCR), biológicos(bioensaios) ou imunoenzimáticos competitivos (ELISA). De todas as cianotoxinas, asmicrocistinas são as que têm métodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e quantificação mais <strong>de</strong>senvolvidos. Aanálise química com cromatografia <strong>de</strong> fase líquida <strong>de</strong> alta resolução com <strong>de</strong>tector UV (HPLC-UV) é hoje amplamente utilizada para a <strong>de</strong>tecção, quantificação, purificação e isolamento <strong>de</strong>algumas cianotoxinas (Meriluoto et al., 2000; Dahlmann et al., 20<strong>01</strong>). Nesta técnica faz-sepassar a mostra por uma coluna <strong>de</strong> fase reversa <strong>de</strong> sílica – C18, com um gradiente <strong>de</strong>acetonitrilo e água, ambos com ácido trifluoracético (fase móvel).Conforme a polarida<strong>de</strong>, as microcistinas vão sendo retidas durante mais ou menosum tempo (tempo <strong>de</strong> retenção) neste sistema. À saída da coluna está um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong>fluorescência que capta a absorção pelas substâncias que por aí passam. As microcistinascaracterizam-se por ter um espectro <strong>de</strong> absorção máximo a 238 nm (banda UV) <strong>de</strong>vido aoresíduo ADDA. Embora seja uma metodologia semi-selectiva e com um grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecçãobastante bom, na or<strong>de</strong>m dos nanogramas (James et al., <strong>19</strong>98; Dahlmann et al., 20<strong>01</strong>), requerequipamento especializado, cuidados na preparação das amostras e a comparação compadrões <strong>de</strong> toxina (existem apenas 3 padrões no mercado: microcistina-LR, -YR e -RR(Rivasseau et al., <strong>19</strong>99). Esta técnica também é utilizada para as outras cianotoxinasalterando-se as fases e os comprimentos <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> acordo com cada caso.A técnica HPLC associada a outras, tem permitido aumentar a sua sensibilida<strong>de</strong>. É ocaso <strong>de</strong> HPLC-MS, que associou ao HPLC a espectrometria <strong>de</strong> massa (MS) para a análise dacilindrospermopsina, baixando o seu limite <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção cerca <strong>de</strong> 5 vezes (Harada et al., <strong>19</strong>88;Dahlmann et al., 20<strong>01</strong>).A técnica mais recente para a <strong>de</strong>tecção das cianotoxinas polipeptídicas é MALDI-TOF-MS (matrix assisted laser <strong>de</strong>sorption/ionization-time of flight mass spectroscopy). Comesta técnica obtêm-se pesos moleculares dos polipéptidos das cianobactérias a partir <strong>de</strong>células intatas em minutos. As cianotoxinas po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas por comparação compadrões, mas também são <strong>de</strong>tectados novos polipéptidos que po<strong>de</strong>rão ser posteriormentecaracterizados na mesma análise pela técnica Post-Source-Decay (PSD) (Erhard et al., 20<strong>01</strong>).Contrariando com a técnica <strong>de</strong> HPLC, MALDI-TOF-MS, é mais rápida, não requerpreparação da amostra e não necessita <strong>de</strong> cultura prévia das cianobactérias: uma só célulapo<strong>de</strong>rá ser suficiente para a caracterização do seu perfil polipeptídico (Erhard et al. Op. Cit).


51A técnica MALDI-TOF-MS tem <strong>de</strong>svantagem pelo fato <strong>de</strong> não ser até ao momentoquantitativa. É verda<strong>de</strong> que as cianotoxinas ao alterarem o metabolismo enzimático tem sidoaproveitado para a sua i<strong>de</strong>ntificação. As microcistinas e nodularinas inibem as fosfatasesprotéicas, o que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado e quantificado através <strong>de</strong> uma reação colorimétrica ouradioativa. Já existem formas comerciais <strong>de</strong>ste ensaio <strong>de</strong> fácil manuseamento e rápidaexecução. Rivasseau et al. (<strong>19</strong>99) <strong>de</strong>senvolveram um ensaio <strong>de</strong>ste tipo em que foi possívelfazer quantificações calorimétricas <strong>de</strong> microcistinas na or<strong>de</strong>m dos microgramas (0,2 - 0,8µgL -1 ). Entretanto, para resultados positivos era necessário confirmar a presença damicrocistina com outros métodos. O método <strong>de</strong> quantificação radioativo é mais sensível doque o colorimétrico, mas exige condições laboratoriais mais específicas (radioactivida<strong>de</strong>)(Meriluoto et al., 2000).Segundo An & Carmichael (<strong>19</strong>94), o ensaio da inibição das fosfatases protéicas na<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> nodularinas e microcistinas po<strong>de</strong> ser complementado com o ensaioimunoenzimático - ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay) utilizando anticorpos queforam <strong>de</strong>senvolvidos contra a microcistina-LR (Chu et al., <strong>19</strong>89). A primeira técnicaimunoenzimática (ELISA) para microcistinas e nodularinas foi <strong>de</strong>senvolvida por Chu et aI.(Op. Cit.). Hoje em dia existem kits comerciais que são muito utilizados em laboratórios <strong>de</strong>monitoramento <strong>de</strong> microcistinas e nodularinas na água (EnviroGard® Microcystins Plate Kite Envirologix). Este ensaio ELISA aproveita a especificida<strong>de</strong> dos anticorpos <strong>de</strong> coelho contramicrocistina-LR, para <strong>de</strong>tectar <strong>de</strong> forma seletiva a concentração <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> microcistina-LR, -RR, -YR e nodularinas.A especificida<strong>de</strong> do anticorpo para estas cianotoxinas <strong>de</strong>ve-se essencialmente aosdois aminoácidos nelas presentes: Adda e arginina. Através <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> microcistina comconcentrações conhecidas e <strong>de</strong> uma reação colorimétrica anticorpo/antigeno, traça-se umacurva padrão para <strong>de</strong>terminar a concentração <strong>de</strong> microcistinas na amostra. O kit apresentauma gama <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,1 ngmL -1 (An & Carmichael, <strong>19</strong>94).2.4.9 Padrões e limites <strong>de</strong> cianotoxinas nas águas docesA água <strong>de</strong>stinada ao consumo humano precisa estar em conformida<strong>de</strong> com o padrão<strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> em relação às substâncias físicas, químicas e biológicas que representem riscoa saú<strong>de</strong>.Em <strong>19</strong>97 a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (HWO, <strong>19</strong>93, <strong>19</strong>98), baseada em estudos<strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> oral em níveis subcrônicos (Fawell et al., <strong>19</strong>94, Falconer, <strong>19</strong>94) e após asevidências sobre a concentração e toxicida<strong>de</strong> da cianotoxina microcistina-LR, por ter


52registrado diversos eventos <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias e microalgas que acarretaramprejuízos à saú<strong>de</strong> humana, direta ou indiretamente, por consumo <strong>de</strong> água contaminada,ativida<strong>de</strong>s recreacionais e <strong>de</strong> pesca, <strong>de</strong>cidiu estabelecer um limite máximo aceitável na água<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 1µg.L -1 <strong>de</strong> microcistinas em águas para consumo humano, incluído nasdiretrizes <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água potável baseadas em ampla participação científicainternacional dos riscos a saú<strong>de</strong> apresentados pelos micróbios e produtos químicos na água.Essas diretrizes são utilizadas para obter orientação dos valores que são associados comgestão da água. Os valores contidos nas diretrizes baseiam-se numa série <strong>de</strong> pressupostos quepo<strong>de</strong>m ser alterados ao nível local ou nacional, <strong>de</strong> acordo com circunstâncias específícas(OMS, <strong>19</strong>96, Gupta, <strong>19</strong>98).Com base em estudos <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cianobactérias em camundongos, realizadospor Kuiper-Goodman et al. (<strong>19</strong>94), foi apresentado um valor máximo aceitável <strong>de</strong> 0,5 µg.L -1<strong>de</strong> microcistinas na água potável. Em estudos <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> oral em níveis sub-crônicos foiestabelecido e adotado pela OMS o limite máximo aceitável <strong>de</strong> microcistinas em água para oconsumo humano, incorporado no a<strong>de</strong>ndo das Normas para Qualida<strong>de</strong> da Água Tratada, emguia específico para toxinas <strong>de</strong> cianobactérias em água <strong>de</strong> abastecimento público, publicadoem <strong>19</strong>98 (“Gui<strong>de</strong>line for Drinking Water Quality”, WHO-<strong>19</strong>98) (Fawell et al., <strong>19</strong>94; Falconeret al., <strong>19</strong>94). Neste documento, foi estabelecido o limite <strong>de</strong> 1,0 µg.L -1 <strong>de</strong>sta cianotoxina,como máximo aceitável para o consumo oral diário, utilizando suínos como mo<strong>de</strong>loexperimental e um diferente fator <strong>de</strong> segurança. Esse mesmo limite foi recomendado pelaWHO (<strong>19</strong>94).Ueno et al. (<strong>19</strong>98), após estudarem os efeitos crônicos <strong>de</strong> microcistinas,administradas por via oral em camundongos, propuseram uma concentração <strong>de</strong> 0,<strong>01</strong> µg.L -1como o valor máximo aceitável para esta toxina, na água potável, aplicando-se um fator <strong>de</strong>segurança maior que 100 vezes. Ainda a OMS sugere um limite <strong>de</strong> 10 mg.m -3 <strong>de</strong> clorofila-a(cerca <strong>de</strong> 20.000 células.mL -1 ), no caso <strong>de</strong> reservatórios <strong>de</strong> água, para evitar as irritações dapele (WHO, 2003).Com bases das recomendações da OMS sobre o limite das concentrações <strong>de</strong>cianotoxinas a maioria dos países tem estabelecido, através <strong>de</strong> legislação específica, teoresmáximos permitidos em água para o consumo humano.No Brasil, as amostras <strong>de</strong> soro dos pacientes, filtros <strong>de</strong> diálise, colunas <strong>de</strong> tratamentoda água e a própria água usada na diálise continham microcistinas (Azevedo, <strong>19</strong>96), tendomotivado a FUNASA – (Ministério da Saú<strong>de</strong>) a homologar a Portaria 1469/00,posteriormente atualizada pela Portaria 518 <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004, inserindo novos


53parâmetros <strong>de</strong> controle e qualida<strong>de</strong> a quantificação <strong>de</strong> cianotoxinas, nos procedimentos eresponsabilida<strong>de</strong> relativos ao controle e vigilância da qualida<strong>de</strong> da água para o consumohumano e seu padrão <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong>. A microcistina é parâmetro obrigatório <strong>de</strong>monitoramento em águas tratadas, e cilindrospermopsina e saxitoxinas são parâmetrosrecomendáveis.Esta Portaria <strong>de</strong>termina os padrões <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> da água, ou seja, fixa os valoresmáximos permitidos para cada substância que po<strong>de</strong> estar presente na água e impõe aobrigatorieda<strong>de</strong> do monitoramento <strong>de</strong> cianotoxinas como microcistinas, saxitoxinas ecilindrospermopsinas na água potável (Brasil, 2004). São ainda estabelecidos os valores–Standard <strong>de</strong> 1,0 µg (1µL -1 ) <strong>de</strong> equivalentes <strong>de</strong> microcistinas.L -1 , 3,0 µg (µL -1 ) <strong>de</strong> equivalentes<strong>de</strong> saxitoxinas.L -1 , 15µg.L -1 para a cilindrospermopsinas, além <strong>de</strong> recomendar as análises <strong>de</strong>cilindrospermopsina e saxitoxinas (STX), observando, respectivamente, os valores limites <strong>de</strong>15µL -1 e 3µL -1 <strong>de</strong> equivalentes <strong>de</strong> saxitoxinas.De acordo com essa mesma Portaria, o monitoramento <strong>de</strong> cianobactérias na água domanancial, no ponto <strong>de</strong> captação, <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer a uma freqüência mensal, quando o número<strong>de</strong> cianobactérias não exce<strong>de</strong>r 10.000 células. mL -1 (ou 1 mm 3 .L -1 <strong>de</strong> biovolume), e semanalquando exce<strong>de</strong>r este valor. Exige-se também, quando o número <strong>de</strong> cianobactérias no ponto <strong>de</strong>captação do manancial exce<strong>de</strong>r 20.000 células. mL -1 (ou 2 mm 3 .L -1 <strong>de</strong> biovolume), a análisesemanal <strong>de</strong> cianotoxinas, na água <strong>de</strong> saída do tratamento, nas entradas das clínicas <strong>de</strong>hemodiálise e nas indústrias <strong>de</strong> injetáveis.Também é vedado o uso <strong>de</strong> algicidas para o controle do crescimento <strong>de</strong>cianobactérias ou qualquer intervenção no monitoramento que provoque a lise das células<strong>de</strong>stes organismos, quando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das cianobactérias exce<strong>de</strong>r 20.000 células.mL -1 (ou 2mm 3 .L -1 <strong>de</strong> biovolume), sob pena do comprometimento da realização <strong>de</strong> riscos à saú<strong>de</strong>associados às cianotoxinas, aplicando medidas corretivas <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> disrupção mecânica(remoção <strong>de</strong> macrófitas e da biomassa fitoplanctônica, redução do tempo <strong>de</strong> residência daágua), manipulação química (adição <strong>de</strong> algicidas – sulfato <strong>de</strong> cobre, redução <strong>de</strong> aporte <strong>de</strong>nutrientes – N e P, alteração da razão N:P) e adições biológicas (manipulação da ca<strong>de</strong>iatrófica). As estratégias eficazes <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> cianobactérias são o disciplinamento douso e ocupação do solo, controle dos focos <strong>de</strong> erosão e tratamento terciário <strong>de</strong> esgotos.2.4.10 Ecofisiologia do fitoplânctonSupondo a luz, temperatura e hidrodinamismo favoráveis ao crescimento dofitoplâncton, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes presentes na água (controle ascen<strong>de</strong>nte) e a


54intensida<strong>de</strong> da predação (controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte) conduzem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> espéciesfitoplanctônicas. A <strong>de</strong>manda exercida pelos organismos é função da composição <strong>de</strong> seustecidos vivos. Uma das fontes <strong>de</strong> carbono está sob a forma <strong>de</strong> gás carbônico <strong>de</strong> origematmosférica, que se dissolve facilmente na água por difusão (Hutchinson, <strong>19</strong>57). É geralmenteaceito que o carbono é exce<strong>de</strong>nte cerca <strong>de</strong> um coeficiente 30, e assim raramente é limitante(Schindler et al., <strong>19</strong>71; Schindler, <strong>19</strong>74; Moss, <strong>19</strong>80; Welch, <strong>19</strong>80).Contudo, nos meios aquáticos hipereutróficos, o aumento do pH reduz a solubilida<strong>de</strong>dos bicarbonatos na água, po<strong>de</strong>ndo criar uma limitação ao crescimento do fitoplâncton(Sevrin-Reyssac et al., <strong>19</strong>96). Ao contrário, o nitrogênio po<strong>de</strong> ser o fator limitante do<strong>de</strong>senvolvimento do fitoplâncton (Dufour & Berland, <strong>19</strong>99). As fontes são geralmenteminerais: nitrato, amônio ou mesmo nitrito. Os dois primeiros são susceptíveis <strong>de</strong> provocar asmesmas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento, enquanto que os nitritos têm rapidamente um efeitotóxico em baixas concentrações (Pourriot & Meybeck, <strong>19</strong>95).Em termo molecular segundo os cálculos <strong>de</strong> Redfield (<strong>19</strong>34), a composiçãointracelular das algas em cultura se traduz por concentrações em (N) cerca <strong>de</strong> 16 vezes maiselevadas que em (P). Os resultados <strong>de</strong> experimentos feitos por Chiandani & Vighi (<strong>19</strong>74)confirmaram estes trabalhos e mostraram que as <strong>de</strong>mandas algais em N e P po<strong>de</strong>m variarentre razões incluídas entre 17:1 e 13:1.No entanto, as modificações da produção ao período do experimento <strong>de</strong> fertilizaçãopor diversos elementos sob formulações diversas, têm mostrado que um aporte em nitrogênioexerce pouco ou nenhum efeito enquanto mesmo uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fósforo po<strong>de</strong>estimular a produção <strong>de</strong> um modo consi<strong>de</strong>rável (Paloheimo & Zimmermman, <strong>19</strong>83). Osaportes em carbono e em oligoelementos têm um efeito limitante O fósforo po<strong>de</strong> estarfortemente adsorvido pelas espécies fitoplanctônicas, das quais algumas são propensas asedimentação e por isso, em curto prazo serem eliminadas da coluna d’água (Goldman, <strong>19</strong>60;Schindler et al. <strong>19</strong>71; Schindler & Fee, <strong>19</strong>74; Robarts & Southall, <strong>19</strong>77, Welch, Op. Cit.).A carência <strong>de</strong> vitaminas como a cobalamina, a tiamina e a biotina/coenzima Rsubstâncias essenciais <strong>de</strong>tectadas a partir <strong>de</strong> estudos realizados em laboratório, raramente sãoa causa <strong>de</strong> problemas nas condições naturais (Welch, Op. Cit.). Pesquisas têm <strong>de</strong>monstradoque o boro, enxofre e cloro não são jamais, ou raramente, associados a uma limitação <strong>de</strong>crescimento do fitoplâncton (Moss, Op. Cit.).


552.4.11 Fatores ambientais que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam uma floraçãoComo hoje em dia muitos países são compelidos a usar reservatórios eutróficos comofontes <strong>de</strong> água <strong>de</strong> abastecimento público (Hoeger et al., 2004; Molica et al., 2005) aocorrência comum <strong>de</strong> cianobactérias em águas naturais eutróficas causa um problema. Otratamento da água para remoção <strong>de</strong> cianobactérias ou toxinas extracelulares é muito caro edifícil para implementar e aumenta o custo da água <strong>de</strong> abastecimento (Vasconcelos, <strong>19</strong>99;Vasconcelos & Pereira, 20<strong>01</strong>; Pietsch et al., 2002). Portanto, esforços conjuntos <strong>de</strong>pesquisadores para i<strong>de</strong>ntificar e monitorar as cianotoxinas têm sido árduos para compreen<strong>de</strong>ra contribuição dos fatores ambientais para a ocorrência <strong>de</strong> florações e produção <strong>de</strong> toxina.Hipóteses formais <strong>de</strong> fatores ambientais que favorecem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>cianobactérias e produção <strong>de</strong> toxinas são classificadas em três categorias: condições físicas,químicas e biológicas modulando essas ocorrências têm sido aceitas (Arquitt & Johnstone,2004; Jann-Para et al., 2004). Tradicionalmente a ocorrência <strong>de</strong> florações tem sidorelacionada como essencial para o seu <strong>de</strong>senvolvimento a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes, arazão nitrogênio/fósforo e <strong>de</strong> luz (Fujimoto et al., <strong>19</strong>97; Krivtsov et al., 2000). Condiçõesabióticas, tais como temperatura elevada, irradiância solar, e regime do vento têm sidotambém relacionados com a ocorrência florações (Easthope & Howard, <strong>19</strong>99; Ha et al., <strong>19</strong>99;Kanoshina et al., 2003). Outros investigadores têm focalizado sobre migração vertical emudanças <strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong>, tempo <strong>de</strong> residência da água e os efeitos resultantes nas taxas <strong>de</strong>crescimento (Wallace & Hamilton, <strong>19</strong>99; Visser et al., <strong>19</strong>97).A estratificação térmica controla o crescimento <strong>de</strong> cianobactérias e é consi<strong>de</strong>rada afavorecer espécies flutuantes. Estas, auxiliadas pela posse <strong>de</strong> vesículas <strong>de</strong> gás, são capazes <strong>de</strong>controlar sua posição vertical na coluna <strong>de</strong> água e manter uma ótima posição com respeito aintensida<strong>de</strong> luminosa e disponibilida<strong>de</strong> nutrientes, durante o dia (Westwood & Ganf, 2004).Mais recentemente, os mo<strong>de</strong>los ecológicos foram associados com outros incorporandoparâmetros hidrodinamicos, tais como o fluxo do rio, profundida<strong>de</strong> e corrente da água(Bonnet & Poulin, 2002; Robson & Hamilton, 2004).A gestão do fluxo do rio, particularmente o controle da <strong>de</strong>scarga da barragem, temsido sugerida como um dos parâmetros sobre o qual atuar para dissipar florações ou mesmoprevenir sua ocorrência (Maier et al., 2004; Webster et al., 2000). Contudo, o uso <strong>de</strong>stesmo<strong>de</strong>los como ferramentas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> florações ainda não parcialmente têm sidoalcançadas. Isto é, porque muitos dos mo<strong>de</strong>los apenas aplicavam eficazmente à localizaçãoespecífica no qual os dados foram gerados e em parte porque esses mo<strong>de</strong>los são melhores em


56predizer a ocorrência <strong>de</strong> uma floração do que a evitá-la. Além disso, sugere evi<strong>de</strong>ncia queespécies <strong>de</strong> cianobactérias diferentes fossem respon<strong>de</strong>r diferentemente aos fatores ambientais,que causam gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em uso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los preditivos gerados sobre dados <strong>de</strong> outrasespécies.As causas do <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> florações também não são compreendidas claramente.Tem sido aceito que flutuabilida<strong>de</strong> e agentes líticos <strong>de</strong>sempenham um papel significativo, masquase nenhum trabalho tem sido feito relacionando níveis <strong>de</strong> nutrientes ou outros fatoresabióticos (Arquitt & Johnstone, 2004). Alguns autores sugeriram o envolvimento <strong>de</strong>cianofagos (Hewson et al., 20<strong>01</strong>). Outros têm sugerido que em estuários, a perda <strong>de</strong> células dacamada superficial através das marés advecção para o oceano po<strong>de</strong> contar para o <strong>de</strong>clínio(Robson & Hamilton, 2004). Outros fatores ambientais que po<strong>de</strong>riam estar envolvidos noprocesso <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> floração:- A contaminação dos sistemas aquáticos com elementos químicos inorgânicos,organo-metálicos e orgânicos ainda não tem sido relacionada ao <strong>de</strong>clínio ou ocorrência <strong>de</strong>floração. Até agora informações com relação a correlações com a concentração <strong>de</strong>, porexemplo, pesticidas/herbicidas (DeLorenzo et al., 20<strong>01</strong>; Peterson et al., <strong>19</strong>97) ouhidrocarbonetos aromáticos policíclicos (Warshwasky et al., <strong>19</strong>95), é muito incipiente, masestas classes <strong>de</strong> químicos são uma presença conspícua em ambientes não habitados porcianobactérias.- Interações <strong>de</strong> cianobactérias com metais têm sido freqüentemente apresentadas,mas raramente no contexto <strong>de</strong> formadores <strong>de</strong> florações. O cálculo da abundância relativa <strong>de</strong>metais traço e a especiação química nos oceanos Arqueano e Proterozoico levam a conclusãoque as cianobactérias marinhas têm sensibilida<strong>de</strong> a metal traço que são consistentes com suaevolução em um antigo oceano sulfidico, on<strong>de</strong> Cu, Zn, Cd foram significativamente menosdisponíveis do que Fe, Ni, Co e Mg (Saito et al., 2003; Williams & Fraústo da Silva, 2003).Como resultado, ainda hoje em dia as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> metal <strong>de</strong> cianobactérias são diferentesdas microalgas eucarióticas. Por exemplo, algum fitoplâncton eucariótico tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>substituir cobalto para zinco na enzima anidrase carbônica “in vivo”, uma vez que estasubstituição cobalto-zinco ainda não foi observada em cianobactérias (Saito et al., 2002).As cianobactérias marinhas são muito sensíveis a ambas as toxicida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cu e Cd.Os dois metais talvez estiveram presentes em concentrações muito baixas no início dosoceanos, mas atualmente existem numa concentração muito mais elevada, daí a toxicida<strong>de</strong>para as cianobactérias (Saito et al., Op. Cit.).


57As cianobactérias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cátions <strong>de</strong> metal para manter ometabolismo celular. Pesquisas sobre o genoma <strong>de</strong> algumas cepas e, em alguns casos, aexpressão da proteína correspon<strong>de</strong>nte, tem estabelecido que elementos tais como Cu, Fe, Ni, eZn são essenciais (Cavet et al., 2003; Andrews et al., 2003; Mulrooney & Hausinger, 2003).Além disso, em ambiente aquático, cianobactérias po<strong>de</strong>m atuar como absorventes biológicospor causa da afinida<strong>de</strong> para vincular metais dissolvidos, assim, <strong>de</strong>sempenhando um papelimportante no seqüestro e afetando especiação do metal (Li et al., 2004; Zhou et al., 2004;Prasad & Pan<strong>de</strong>y, 2000; Blanco et al., <strong>19</strong>99; Garcia-Torres<strong>de</strong>y et al., <strong>19</strong>98).Caracterização <strong>de</strong> reações sorção metal-cianobactérias tem <strong>de</strong>monstrado que assuperfícies <strong>de</strong> cianobactérias são estruturas complexas que contêm camadas <strong>de</strong> superfíciedistintas, cada uma com único grupo funcional molecular e proprieda<strong>de</strong>s vinculativas <strong>de</strong> metal(Dittrich & Sibler, 2005; Kretschmer et al., 2004; Yee et al., 2004; Phoenix et al., 2002). Osmetabólitos secundários tóxicos produzidos por algumas espécies também têm a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> vincular metais do ambiente, assim influenciando a especiação do metal (Oliveira et al.,2005; Humble et al., <strong>19</strong>97). Enquanto metais traço obtêm uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong>toxicida<strong>de</strong> aguda e crônica (Miao et al., 2005; Heng et al., 2004), as cianobactérias tambémtêm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumular, <strong>de</strong>sintoxicar ou metabolizar tais contaminantes (Garcia-Mezaet al., 2005; Wang et al., 2005).A dominância <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado organismo na comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica estáestritamente relacionada a um conjunto complexo <strong>de</strong> fatores físicos, químicos e biológicos osquais estão inter-relacionados (Bouvy et al., <strong>19</strong>99). Analisar apenas um fator, isoladamente,po<strong>de</strong> levar a uma interpretação errada. Desse modo, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um fator ambientalespecifica que seja responsável da floração <strong>de</strong> cianobactérias é crucial na elaboração ea<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> medidas no controle e redução <strong>de</strong>stas florações.Estudos conduzidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> século XIX (Francis, 1878; Robarts & Zohary, <strong>19</strong>92;Rapala, <strong>19</strong>97) sobre a qualida<strong>de</strong> da água em lagos e reservatórios, têm procurado distinguirmelhor os principais fatores ambientais que estão na origem <strong>de</strong>ste fenômeno, assim como suasconseqüências em termos <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>. No entanto, já é sabido que as florações <strong>de</strong>cianobactérias são geralmente precedidas por enriquecimento <strong>de</strong> nutrientes no meio, quecoinci<strong>de</strong>m com alterações ambientais favoráveis, tais como a estratificação na coluna d’água,aumento da temperatura da água (25ºC a 30ºC), baixa relação N/P, vento fraco, pH neutro aalcalino e ausência <strong>de</strong> organismos planctônicos predadores (Paerl, <strong>19</strong>88; Reynolds, <strong>19</strong>98; Muret al., <strong>19</strong>99).


58Ao mesmo tempo, a influência dos fatores climáticos, como o vento e a intensida<strong>de</strong>luminosa, po<strong>de</strong> também modificar a estrutura fitoplanctônica (Tótth & Padisák, <strong>19</strong>86; Paerl,Op. Cit., Townsend et al., <strong>19</strong>96).Se em ambiente temperado a temperatura é geralmente um fator <strong>de</strong>terminante doaparecimento <strong>de</strong> florações, os ambientes tropicais se caracterizam por uma substituição dasazonalida<strong>de</strong> térmica por uma sazonalida<strong>de</strong> hidrológica, à qual se acrescenta uma fortevariabilida<strong>de</strong> interanual das precipitações (Lewis, <strong>19</strong>95). Uma outra peculiarida<strong>de</strong> dosambientes tropicais é a rarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s herbívoros zooplanctônicos e <strong>de</strong> peixeszooplanctôfagos no meio das ca<strong>de</strong>ias tróficas pelágicas, que induz assim uma ca<strong>de</strong>ia tróficageralmente voltada em direção aos organismos do “elo microbiano” - microbial loop(Lazzaro, <strong>19</strong>87; Bouvy, <strong>19</strong>91). Essas e algumas especificida<strong>de</strong>s limitam a extrapolação àscondições tropicais <strong>de</strong> conhecimentos adquiridos em ambiente temperado em termos <strong>de</strong>funcionamento dos ecossistemas aquáticos. As cianobactérias possuem certas proprieda<strong>de</strong>sespeciais que <strong>de</strong>terminam sua importância relativa nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fitoplâncton.A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoramento e avaliação a<strong>de</strong>quada dos parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>da água e do ecossistema aquático, a compreensão dos fatores reguladores à formação <strong>de</strong>florações <strong>de</strong> cianobactérias é primordial, quer por um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e/ou pormanter o equilíbrio ecológico <strong>de</strong> um corpo d’água. A pré-condição <strong>de</strong> florações entre apresença <strong>de</strong> uma população importante <strong>de</strong> cianobactérias, importa <strong>de</strong> se interessar os fatoresque estimulam o crescimento <strong>de</strong>ssas células. Certos gêneros <strong>de</strong> cianobactérias po<strong>de</strong>mapresentar um supercrescimento, favorecendo-se <strong>de</strong> condições ambientais i<strong>de</strong>ais como oaumento <strong>de</strong> temperatura, a concentração <strong>de</strong> nutrientes, especialmente nitrogênio e fósforo, aincidência <strong>de</strong> luz solar, a salinida<strong>de</strong>, a circulação <strong>de</strong> água e até a direção do vento (Torgan,<strong>19</strong>89), formando “blooms” ou florações <strong>de</strong> algas que se caracterizam por um crescimentoexponencial e <strong>de</strong> curta duração. Oliver & Ganf (2000) observam que várias hipóteses estãopresentes na literatura científica:a) Temperatura d’águaAs cianobactérias possuem um ótimo crescimento à temperatura ótima da águatipicamente acima <strong>de</strong> 25°C, po<strong>de</strong>ndo crescer em temperaturas entre 15°C e 35°C (Robarts &Zohary, <strong>19</strong>87; Reynolds & Walsby, <strong>19</strong>75, Briand, 20<strong>01</strong>), embora elas sejam capazes <strong>de</strong>tolerar baixas temperaturas, e <strong>de</strong> sobreviver em temperaturas bem mais baixas, regiõespolares. Mas as cianobactérias, quando submetidas à temperaturas mais elevadas, apresentamum crescimento mais rápido (Tang et al., <strong>19</strong>97, <strong>19</strong>99).


59b) Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luzA luz acelera as taxas <strong>de</strong> fotossíntese da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica e, portanto, aluminosida<strong>de</strong> é fator limitante da fotossíntese, porém, sabe-se que as cianobactérias sãocapazes <strong>de</strong> crescer em intensida<strong>de</strong>s luminosas muito baixas em razão <strong>de</strong> mais baixasexigências energéticas das células e a taxa fotossintética aumenta linearmente em relação àluz (Richardson et al., <strong>19</strong>83). Além disso, elas possuem mais pigmentos suplementares que<strong>de</strong>las são exclusivos (das quais aloficocianina: A máx = 650 nm, ficocianina: A máx = 620 nm e aficoeritrina: A máx = 565 nm) organizados nas estruturas chamadas ficobiliproteinas (Grossmanet al., <strong>19</strong>95). Segundo Shafik et al. (<strong>19</strong>97), exposição <strong>de</strong> luz acima <strong>de</strong> 120-150 µmolm -1 s -1 foiinibitório para culturas <strong>de</strong> C. raciborskii.As cianobactérias da espécie Cylindrospermopsis raciborskii po<strong>de</strong>m formarflorações em intensida<strong>de</strong>s luminosas muito baixas até 0,5 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, próximo <strong>de</strong> 9µmol.fóton.m -2 .s -1 em alguns reservatórios brasileiros (Bouvy et al., <strong>19</strong>99). A formação <strong>de</strong>acinetos ocorre comumente em resposta a limitação <strong>de</strong> nutrientes ou luz, condições<strong>de</strong>sfavoráveis que não suportam o crescimento vegetativo e dominância do organismo (Mooreet al., 2003). A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz e a energia dispensada para fixação <strong>de</strong> nitrogêniopo<strong>de</strong>m influenciar o crescimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fósforo (Istvánovics et al., 2000).c) Excesso <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo totaisNitrogênio e fósforo são elementos essenciais ao crescimento dos organismos egeralmente limitantes na água (Wetzel & Likens, 2000). O fósforo é um elementoindispensável ao crescimento das cianobactérias, pois faz parte da composição <strong>de</strong> importantescompostos celulares diretamente ligados ao armazenamento <strong>de</strong> energia da célula, como ATP,AGP. Além disso, o fosfato faz parte da composição dos ácidos nucléicos, fosfolipídios,nucleotí<strong>de</strong>os, fosfoproteínas. Esta absorção em excesso tem gran<strong>de</strong> significado ecológico,pois possibilita o crescimento da população <strong>de</strong> algas, mesmo quando a fonte externa <strong>de</strong>fósforo solúvel está esgotada, caso das cianofíceas (Esteves, <strong>19</strong>98; Brepohl, 2000; Quintana etal., 2003; Xie et. al., 2004).Diversos autores (Baumgarten et al., 20<strong>01</strong>; Brepohl, Op.Cit.) afirmam que aliberação <strong>de</strong> nutrientes nitrogenados e fosfatados pelo sedimento é um importante fator na<strong>de</strong>terminação dos níveis tróficos <strong>de</strong> um sistema aquático, sendo que para se <strong>de</strong>terminar asituação trófica do mesmo, faz-se necessária a verificação da dinâmica <strong>de</strong> intercâmbio <strong>de</strong>nutrientes entre a água e o sedimento.


60O fato das cianobactérias serem mais abundantes em águas contendo altaconcentração <strong>de</strong> matérias orgânicas po<strong>de</strong>ria ser explicado pela maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter altasconcentrações <strong>de</strong> amônio o qual seria utilizado sem gasto <strong>de</strong> energia diferentemente <strong>de</strong> outrasformas <strong>de</strong> nitrogênio, na formação <strong>de</strong> seus aminoácidos.Ao aumento dos níveis do aporte <strong>de</strong> nutrientes é habitual associar um crescimento dofitoplâncton. Freqüentemente, as florações <strong>de</strong> cianobactérias estão relacionadas a <strong>de</strong> fortesconcentrações pontuais <strong>de</strong> fósforo e <strong>de</strong> nitrogênio (Schindler et al., <strong>19</strong>73; Watson et al., <strong>19</strong>97;Blomqvist et al., <strong>19</strong>94).d) Razão nitrogênio total / fósforo total (NT:PT)A razão nitrogênio total e fósforo total (NT:PT) po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminante segundoalguns autores (Smith, <strong>19</strong>83), com uma proliferação maior <strong>de</strong> cianobactérias quando a razão ébaixa, inferior a 29. Entretanto, esta hipótese ainda é contestada por outros autores (Downinget al., 20<strong>01</strong>). Eles estimam que a absorção elevada <strong>de</strong> nitrogênio no período <strong>de</strong> proliferaçõesdas cianobactérias contribuiria para diminuir esta razão, assim a explicação <strong>de</strong>ssa baixa razãoseria mais uma conseqüência que uma causa <strong>de</strong>ssas proliferações (Lathrop, <strong>19</strong>88).e) pH e carbono inorgânico dissolvido (CID)O pH e o carbono inorgânico dissolvido (CID) evoluem durante florações <strong>de</strong>cianobactérias, com geralmente elevados valores <strong>de</strong> pH durante seu crescimento e, portantoreduções importantes em carbono inorgânico dissolvido, comumente <strong>de</strong>sfavorável para asoutras comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas (Shapiro, <strong>19</strong>97). As cianobactérias têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>crescer em pH elevado, ou seja, pelos equilíbrios entre H 2 CO 2 , CO 2 , HCO - 3 , CO 2- 3 , dasconcentrações <strong>de</strong> carbono inorgânico dissolvido (CID) baixas (Shapiro, <strong>19</strong>73). Algumascianobactérias possuem um mecanismo que lhes permite utilizar o HCO - 3 com o auxílio <strong>de</strong>-uma enzima (anidrase carbônica) que é capaz <strong>de</strong> converter HCO 3 em CO 2 (Talling, <strong>19</strong>76).Mas parece que um pH alcalino, não seria a origem <strong>de</strong> florações, porém antes <strong>de</strong> persistênciajá que florações extenuam primeiro o CID que, em seguida, gera as condições ou ascianobactérias tem uma vantagem (Shapiro, Op. Cit.).f) Fixação do N 2 e incorporação <strong>de</strong> NH 4A fixação do nitrogênio atmosférico molecular é o apanágio das cianobactériasheterocitadas, isto é, nenhum outro grupo componente do fitoplâncton tem essa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>utilizar o N 2 . A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixar nitrogênio atmosférico (N 2 ) po<strong>de</strong> explicar apredominância das cianobactérias quando o nitrogênio combinado torna-se limitante(Coutinho, <strong>19</strong>82) e confere certa vantagem competitiva quando o nitrogênio inorgânico torna


61o elemento limitante na coluna d’água.Além disso, as cianobactérias (procariontes) têm uma preferência por nitrogênio sobforma <strong>de</strong> amônio (N-NH + 4 ), enquanto o nitrato (N-NO - 3 ) é a forma preferencial das célulaseucariontes do fitoplâncton (Blomqvist et al., <strong>19</strong>94). Esta capacida<strong>de</strong> tem sua importância nasrepresas ou reservatórios eutróficos que possuem uma zona anôxica próximo do fundo, queras condições que permitam a <strong>de</strong>snitrificação bacteriana, que reduz os nitratos em amônia. Ascianobactérias seriam assim favorecidas nos lagos e reservatórios eutróficos (Hyenstrand etal., <strong>19</strong>98).Porém, parece que esta preferência por NH + 4 torna-se visível somente à <strong>de</strong> baixasintensida<strong>de</strong>s luminosas (Garcia-Gonzalez et al., <strong>19</strong>92). As concentrações <strong>de</strong> nutrientes nosedimento e na coluna <strong>de</strong> água influenciam o crescimento <strong>de</strong> diversas espécies, citando-se aAphanothece stagnina que forma colônias mucilaginosas falsamente soltas no sedimento.g) Reserva <strong>de</strong> fósforoEstudos <strong>de</strong>monstraram que o fósforo solúvel em excesso na água é armazenado nointerior da célula sob a forma <strong>de</strong> grânulos <strong>de</strong> polifosfatos, ou como metafosfato (Fay, <strong>19</strong>83;Kromkamp, <strong>19</strong>87; Pettersson et al., <strong>19</strong>93) e as reservas internas em fósforo são característicasdas cianobactérias. Assim, as células estocam o fósforo em condições não limitantes (perto <strong>de</strong>sedimentos) e o utilizam quando as condições <strong>de</strong> luz se tornam favoráveis, realizando afotossíntese (na superfície d’água), ou em outros locais on<strong>de</strong> os nutrientes estão em pequenasquantida<strong>de</strong>s (Ishikawa et al., 2002).h) Liberação <strong>de</strong> toxinasA liberação <strong>de</strong> toxinas por algumas espécies <strong>de</strong> cianobactérias, sob certas condiçõesambientais não claramente <strong>de</strong>finidas, po<strong>de</strong> acionar <strong>de</strong>sequilíbrios ecológicos importantes paraum ecossistema (perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>). A presença <strong>de</strong>ssas toxinas em <strong>de</strong>terminadosecossistemas como nos reservatórios <strong>de</strong> água potável revela-se preocupante para a saú<strong>de</strong>pública em escala local ou regional. A<strong>de</strong>mais, uma mesma espécie po<strong>de</strong> sintetizar váriastoxinas diferentes, <strong>de</strong>ntre as quais, hepatotoxinas peptídicas (microcistinas e nodularinas), acilindrospermopsina e suas <strong>de</strong>rivadas, as neurotoxinas (anatoxinas e os venenos paralíticos <strong>de</strong>moluscos ou PSP), as <strong>de</strong>rmatoxinas e alguns polissacarí<strong>de</strong>os (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).i) Pastoreio pelo zooplânctonO pastoreio ou ingestão por parte do zooplâncton, um dos fatores <strong>de</strong> controle<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fitoplâncton, exerce-se pouco sobre as cianobactérias em relação aos outrosgrupos do fitoplâncton. Além das suas gran<strong>de</strong>s dimensões (Reynolds, <strong>19</strong>97), algumas


62cianobactérias têm <strong>de</strong>senvolvido diferentes meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa para evitar seu consumo pelozooplâncton. A liberação <strong>de</strong> compostos químicos, mesmo tóxicos, sua associação em colôniasexcessivamente gran<strong>de</strong>s, ou forma em filamentos, não permite ao zooplâncton <strong>de</strong> realizar seusmecanismos <strong>de</strong> filtração ou <strong>de</strong> pastoreio (Lampert, <strong>19</strong>87; Bouvy et al., 20<strong>01</strong>).j) Controle da posição na coluna da águaA capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regulação <strong>de</strong> sua posição na coluna d’água por intermediário <strong>de</strong>vacúolos gasosos ou <strong>de</strong> balastros carboidratos é uma das características das cianobactérias(Oliver & Ganf, 2000). Em condições <strong>de</strong> estratificação (ou seja, quando a mistura é limitadaàs camadas superficiais da coluna d'água), não sedimentariam. Os vacúolos também lhespermitem explorar os gradientes opostos <strong>de</strong> luz e <strong>de</strong> sais nutricionais durante a estratificação(Reynolds, <strong>19</strong>92; Head et al., <strong>19</strong>99). A velocida<strong>de</strong> vertical <strong>de</strong> migração é significante. Oliver& Ganf, 2000 mencionam que Microcystis sp, po<strong>de</strong> ter uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 250 m.dia -1 . Estesmecanismos, além <strong>de</strong> protegê-las, proporcionam-lhes uma vantagem competitiva contraoutros grupos do fitoplâncton, como aqueles que sofrem maior pressão pastoreio.k) Turbi<strong>de</strong>zParâmetro que me<strong>de</strong> a resistência da água à passagem da luz. A turbi<strong>de</strong>z é causadapela presença <strong>de</strong> partículas em suspensão grosseira ou coloidal, e é uma característica daságuas correntes, po<strong>de</strong>ndo aumentar nos períodos chuvosos. Existe naturalmente nas águas apresença <strong>de</strong>: material em suspensão, plâncton, microrganismos, argilas e siltes. Sua principalfonte é o aporte <strong>de</strong> partículas <strong>de</strong> solos em função <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentos, processos erosivos eativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mineração, po<strong>de</strong>ndo advir, também do lançamento <strong>de</strong> efluentes que contenhammaterial fino. Afeta esteticamente os corpos d’água e po<strong>de</strong> causar distúrbios aos ecossistemasaquáticos, <strong>de</strong>vido à redução da penetração da luz. Quando a turbi<strong>de</strong>z é alta, há um aumentonos custos do processo <strong>de</strong> tratamento para fins <strong>de</strong> abastecimento público e industrial, <strong>de</strong>vidoao maior consumo <strong>de</strong> produtos químicos. A unida<strong>de</strong> da turbi<strong>de</strong>z é NTU – Unida<strong>de</strong>Nefelométrica <strong>de</strong> Turbi<strong>de</strong>z.Em ambientes <strong>de</strong> água doce o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias causao aumento <strong>de</strong> material em suspensão dissolvido e particulado, dando à água aspecto barrentoou leitoso, com gran<strong>de</strong> aumento da turbi<strong>de</strong>z e diminuição da transparência da água.l) Estabilida<strong>de</strong> populacionalPor terem poucos inimigos naturais, não sofrem impactos significativos <strong>de</strong>vido àherbivoria e por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flutuação na água impedir a sedimentação, as taxas <strong>de</strong>perda das populações <strong>de</strong> cianobactérias são geralmente baixas. Com isso, as baixas taxas <strong>de</strong>


63crescimento são compensadas pelo longo período que prevalecem as populações, uma vez queessas estão estabelecidas (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99). O tempo <strong>de</strong> residência da água nosistema aquático favorece a dominância das cianobactérias na comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica.Dentre as outras condições, a estabilida<strong>de</strong> da coluna da água é condição em que populações<strong>de</strong> Cylindrospermopsis po<strong>de</strong>m formar florações. A ocorrência <strong>de</strong> C. raciborskii emambientes rasos sem estratificação duradoura foi registrada em ambientes tropicais esubtropicais (Padisák, <strong>19</strong>97, Briand et al., 2002; Marinho & Huszar, 2002, Tucci &Sant’Anna, 2003).m) Taxa <strong>de</strong> crescimentoAs cianobactérias normalmente possuem taxa <strong>de</strong> crescimento bem menor que a <strong>de</strong>muitas espécies <strong>de</strong> algas. Taxas lentas <strong>de</strong> crescimento requerem longo tempo <strong>de</strong> retenção daságuas para permitir a formação da floração <strong>de</strong> cianobactérias. No entanto, o comportamentoda taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>sses organismos não é homogêneo, pois suas proprieda<strong>de</strong>secofsiológicas diferem. Além disso, esses organismos não se <strong>de</strong>senvolvem em águas <strong>de</strong> curtotempo <strong>de</strong> retenção (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).n) Espécies exóticasA entrada <strong>de</strong> espécies que não são nativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado lago ou reservatório e quesão introduzidas por ação humana ou aci<strong>de</strong>ntalmente, se torna uma piora para o ecossistema.Devido à localização dos lagos e reservatórios próximos a rodovias, existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>transporte <strong>de</strong>ssas espécies por caminhões e outros veículos. Esses organismos po<strong>de</strong>m pren<strong>de</strong>rseem pneus, em outras localida<strong>de</strong>s e ao se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>rem são carregados através das águas <strong>de</strong>chuva e dos ventos até o lago. Porém, os principais vetores <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong>ssas espéciessão os pássaros, que po<strong>de</strong>m transportá-las <strong>de</strong> uma região a outra com espécies impregnadas napenugem ou em seu corpo.As espécies exóticas <strong>de</strong> cianobactérias quando introduzidas no lago e reservatórionão servem <strong>de</strong> alimento para o zooplâncton, uma vez que os mesmos só alimentam-se dasespécies nativas. Assim, essas espécies ten<strong>de</strong>m a se acumular por não fazerem parte da ca<strong>de</strong>iatrófica, piorando a problemática do surgimento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias. Foi ate’sugerido que algumas espécies, como Cylindrospermopsis raciborskii, po<strong>de</strong>riam serconsi<strong>de</strong>radas como espécies invasoras (Figueredo, 2007).o) Estratificação térmica e mistura da águaEm lagos e reservatórios on<strong>de</strong> a profundida<strong>de</strong> é gran<strong>de</strong> e a velocida<strong>de</strong> longitudinal é,em geral, pequena, as características do barramento po<strong>de</strong>m produzir estratificação vertical <strong>de</strong>


64temperatura, massa específica e <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água.Quando a estratificação <strong>de</strong> temperatura ocorre formam-se as camadas chamadasepilimnio, metalimnio e hipolimnio. O epilimnio ten<strong>de</strong> a ter temperatura uniforme e estarmisturado <strong>de</strong>vido às ações externas. No metalimnio ocorre o maior gradiente <strong>de</strong> temperatura<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> termoclina. Nesta zona se equilibram as ações do vento, radiação solar eempuxo da massa d’água. No hipolimnio o gradiente é uniforme e a massa d’água não sofre aação das forças externas. Essas forças po<strong>de</strong>m modificar a posição da termoclina poraprofundamento do epilimnio.A termoclina é formada quando a superfície do lago é aquecida originando umgradiente negativo <strong>de</strong> temperatura com a profundida<strong>de</strong>. A termoclina tem a tendência <strong>de</strong>aprofundar-se durante o verão <strong>de</strong>vido a este aquecimento. Durante o fim do verão e início dooutono quando a temperatura diminui, esfriando a superfície do lago, ocorre o processo <strong>de</strong>mistura, já que a água fria é mais <strong>de</strong>nsa e ten<strong>de</strong> a penetrar até níveis <strong>de</strong> água com a mesma<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Este processo continua até que ocorra uma condição isotérmica (Bella, <strong>19</strong>70). Estavariação é também observada entre o período diurno que possui radiação solar e o noturnoque ocorre resfriamento da superfície (Kallf, 2002).As ações externas que influenciam no processo <strong>de</strong> estratificação são: radiação solar –com o aquecimento da camada superior produz expansão e redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nas camadassuperiores, ação do vento – produz turbulência e mistura das diferentes camadas doreservatório e entrada e saída do fluxo e temperatura – têm influência <strong>de</strong>vido às suascaracterísticas <strong>de</strong> volume, temperatura, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e concentração dos parâmetros.Van Breemen & Kok (<strong>19</strong>79) consi<strong>de</strong>raram 4 estados para reservatórios:1. Completamente misturado: ocorre em períodos <strong>de</strong> pouco aquecimento solar, aturbulência produzida pelo vento é suficiente para vencer o empuxo e uniformizar osgradientes; 2. Desenvolvimento para cima: ocorre em períodos <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> radiação solar aprodução <strong>de</strong> turbulência é insuficiente para distribuir o empuxo, como conseqüência atermoclina move-se para cima; 3. Desenvolvimento para baixo ou penetração: nos períodos <strong>de</strong>aumento <strong>de</strong> vento e/ou redução <strong>de</strong> radiação solar, a produção <strong>de</strong> turbulência aumenta comrelação a produção <strong>de</strong> empuxo. Como conseqüência a camada turbulenta penetra nohipolimnio movendo para baixo a termoclina e 4. Desenvolvimento completo da estagnação:na falta <strong>de</strong> vento a turbulência da superfície é pequena. Nestas circunstancias o perfil <strong>de</strong>temperatura é <strong>de</strong>terminado pelos processos <strong>de</strong> difusão do tipo molecular.Do ponto <strong>de</strong> vista geral, Water Resources Engineers Inc. (<strong>19</strong>69) classificou osreservatórios com base no tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção, que é a relação entre volume e vazão média <strong>de</strong>


65entrada. A classificação é a seguinte:1. pequena vazão/volume – neste caso classificam-se gran<strong>de</strong>s reservatórios comtempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção maior do que um ano. Pequenas variações sazonais ocorrem noarmazenamento e a vazão <strong>de</strong> saída é retirada da superfície; 2. média vazão/volume – Tambémsão classificados gran<strong>de</strong>s reservatórios com tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção entre quatro meses e um ano.Estes reservatórios apresentam estratificação e gran<strong>de</strong> variação do armazenamento; 3. gran<strong>de</strong>vazão/volume – reservatórios nesta classe são geralmente do tipo escoamento <strong>de</strong> rio comtempo <strong>de</strong> residência menor que 4 meses.A estratificação térmica <strong>de</strong> um lago é difícil <strong>de</strong> formar e a variação longitudinal datemperatura po<strong>de</strong> ocorrer. Ela é um fenômeno que se produz quando a radiação solar e atemperatura atmosférica são elevadas e a velocida<strong>de</strong> do vento é baixa. Essas condiçõeslimitam a turbulência da água e, por isso, a mistura. A massa <strong>de</strong> água superficial se aqueceentão mais rapidamente e em seguida, torna-se menos <strong>de</strong>nsa (forma epilimnio), enquanto águaem profundida<strong>de</strong>, que recebe menos energia do que a superfície fica mais fria e, portanto,mais <strong>de</strong>nsa (hipolimnio) (Wetzel, 20<strong>01</strong>). Portanto, se criam duas camadas d’água superpostasque, não se misturam jamais, separadas por uma terceira camada, chamada metalimnio.O epilimnio e o hipolimnio têm cada um características diferentes (Spigel &Imberger, <strong>19</strong>87). O epilimnio é uma camada <strong>de</strong> água influenciada pelo vento e, porconseguinte, muito bem misturada (embora também possa ser constituída <strong>de</strong> várias camadas<strong>de</strong> água com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s diferentes (Imberger & Patterson, <strong>19</strong>90). O CO 2 e o O 2 são trocadosna interface ar-água. O epilimnio correspon<strong>de</strong> assim à camada eufótica. A luz fica entãodisponível para a fotossíntese. Por contrário, os nutrientes são ligeiramente disponíveis sendointegrados na biomassa fitoplanctônica. O hipolimnio é, em contrapartida, uma camadafracamente submetida ao efeito do vento. Ela é isolada e os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composiçãodominam em um lago eutrófico, <strong>de</strong>vido à abundância <strong>de</strong> matéria orgânica e a ausência <strong>de</strong> luzque permitiria a fotossíntese. Os elementos nutritivos tais que o nitrogênio e o fósforo sãoabundantes nas condições geralmente anóxicas).O retrato <strong>de</strong> um lago estratificado permite constatar que os dois recursos principaispara o fitoplâncton se encontram nas duas extremida<strong>de</strong>s da coluna d’água: a luz na superfíciee os elementos nutritivos perto do sedimento (Reynolds, <strong>19</strong>87). O fitoplâncton que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>da mistura para ace<strong>de</strong>r a esses recursos serão incapazes <strong>de</strong> crescer e retirados da coluna d'águapor sedimentação após chegar ao hipolimnio (Huisman et al., 2002).


662.5 Ecoestratégias das CianobactériasAs cianobactérias constituem um grupo taxonômico amplamente distribuído emambientes aquáticos do mundo (Pitois et al., 2000) e <strong>de</strong>vido a suas características fisiológicase ecológicas se mostram competitivamente superiores a outros organismos fitoplanctônicos.Entre as estratégias <strong>de</strong> diversas espécies <strong>de</strong>ste grupo que possibilitam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><strong>de</strong>nsas populações, cabe assinalar:Um ecossistema aquático do tipo pelágico é caracterizado pela existência <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> trófica no meio da qual a produção primária, fonte <strong>de</strong> oxigênio essencial para organismosheterotróficos, é fornecido pelo fitoplâncton. Porém, a sucessão sazonal e as variaçõesinteranuais e espaciais do fitoplâncton, e do plâncton em geral, são uma função <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong>regulação (fatores controle) <strong>de</strong> natureza físico-química e/ou biológica (McQueen et al., <strong>19</strong>86).Dentro da comunida<strong>de</strong> do fitoplâncton, algumas características ambientais (estabilida<strong>de</strong> dacoluna d’água, transparência da água, concentração <strong>de</strong> nutriente) provocam uma substituiçãodas espécies do fitoplâncton <strong>de</strong>vido à oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certas espécies <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver, nasnovas condições, <strong>de</strong>ntre elas as cianobactérias <strong>de</strong>finidas por certos autores como organismos"ecoestratégicos" (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).As proprieda<strong>de</strong>s ecofisiológicas das cianobactérias variam <strong>de</strong> espécie para espécie.Com isto, diferentes ecoestrategistas são adotadas para diferentes tipos <strong>de</strong> corpos d’água. Istopo<strong>de</strong> auxiliar na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> que espécie <strong>de</strong> cianobactérias ocorrerá sob certas condições(Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).2.5.1 Ecoestrategistas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> camadaDurante o período <strong>de</strong> floração <strong>de</strong> cianobactérias, certo número <strong>de</strong>senvolve váriosagregados (colônias) <strong>de</strong> células, os quais não são distribuídos <strong>de</strong> forma homogênea na colunad’água. Os gêneros importantes que <strong>de</strong>monstram essas características são MicrocystisAnabaena e Aphanizomenon. Na superfície da água, a taxa <strong>de</strong> fotossíntese das colônias é altae as células armazenam gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carboidratos. Embora as células contenhamcanais <strong>de</strong> gases, os carboidratos pesados atuam como lastro e induzem o afundamento juntocom as colônias (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).2.5.2 Ecoestrategistas <strong>de</strong> dispersão homogêneaEsse ecotipo compreen<strong>de</strong> as formas filamentosas, como Planktotrix (Oscillatoria)agardhii e Limnotrix (Oscillatoria) re<strong>de</strong>kei. Essas espécies são extremamente sensíveis a altas


68locais com intensida<strong>de</strong> luminosa <strong>de</strong> 1-5% da irradiação superficial (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).2.5.4 Ecoestrategistas <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> nitrogênio atmosféricoO <strong>de</strong>senvolvimento em massa <strong>de</strong> espécies capazes <strong>de</strong> fixarem o nitrogênio daatmosfera, espécies dos gêneros Anabaena, Aphanizomenon, Cylindrospermopsis, Nodulariae Nostoc, po<strong>de</strong> ser relacionado à limitação periódica <strong>de</strong> nitrogênio. Exemplos são encontradosem corpos d’água profundos, assim como também em sistemas rasos. Entretanto, como essesecoestrategistas geralmente são dominantes em ecossistemas com baixos níveis <strong>de</strong> nitrogênioinorgânico dissolvido, a reversão não é necessariamente aplicável. Muitas represas comlimitação <strong>de</strong> nitrogênio bastante clara, não são dominadas por cianobactérias fixadoras donitrogênio. A baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz po<strong>de</strong> ser uma causa disso, pois o processo <strong>de</strong>inovação do nitrogênio requer altas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia. Um certo número <strong>de</strong> espéciespo<strong>de</strong> formar colônias e possuir canais <strong>de</strong> gases. Isso significa que elas po<strong>de</strong>m regular aflutuação, como Microcystis, e po<strong>de</strong>m formar camadas estáveis ao longo da margem nadireção dos ventos (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99).Medidas <strong>de</strong> restauração as quais reduzem simultaneamente a carga <strong>de</strong> fósforo solúvele nitrogênio po<strong>de</strong>m reforçar a dominância das condições limitantes <strong>de</strong> nitrogênio, e <strong>de</strong>pois aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maiores populações <strong>de</strong> cianobactérias fixadoras <strong>de</strong> nitrogênio (Chorus &Bartram, <strong>19</strong>99).2.5.5 Ecoestrategistas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> pequenas colôniasSegundo Chorus & Bartram (<strong>19</strong>99) casos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s concentrações <strong>de</strong> pequenascolônias do gênero Aphanotece têm sido i<strong>de</strong>ntificados. Poucas informações são disponíveissobre a regulagem <strong>de</strong> flutuação e formação <strong>de</strong> camadas pelas espécies envolvidas. Em várioscorpos d’água, a dominância da Aphanotece tem ocorrido <strong>de</strong>pois da diminuição daspopulações <strong>de</strong> Planktothrix rubescens. A predominância <strong>de</strong>ssa espécie não se dá somente pelalimitação do fosfato ou do nitrogênio, e não existem associações claras que expliquem arepentina dominância <strong>de</strong>ssas cianobactérias. Elas parecem dominar em um estadointermediário durante a recuperação do lago após as medidas <strong>de</strong> restauração terem sidotomadas, mas sua ecologia não é conhecida.2.5.6 Cianobactérias bentônicasAlgumas cianobactérias po<strong>de</strong>m crescer nos sedimentos <strong>de</strong> fundo dos reservatórios osquais são suficientemente claros para permitir a entrada da luz até essas superfícies. Essas


69espécies bentônicas po<strong>de</strong>m formar camadas coesas (como se fossem tapetes). As camadasproporcionam altas taxas <strong>de</strong> fotossíntese que levam a liberação <strong>de</strong> oxigênio, como bolhas, nointerior na camada, conseqüentemente partes do “tapete <strong>de</strong> cianobactérias”, então se soltam esobem até a superfície (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99). Um exemplo é o gênero Lyngbya.


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95Capítulo 1Fatores Ambientais Associados à Dinâmica <strong>de</strong> Populações <strong>de</strong>Cianobactérias e Eutrofização no Reservatório <strong>de</strong> São SimãoResumoAs florações das cianobactérias são comuns em lagos e reservatórios <strong>de</strong>vido a umacombinação <strong>de</strong> fatores, entre os quais as concentrações <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo no ambiente.Os principais objetivos do presente trabalho foram monitorar a ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong>cianobactérias que ocorrem no reservatório <strong>de</strong> São Simão, relacionar o <strong>de</strong>senvolvimento dascianobactérias com às concentrações <strong>de</strong> nutrientes e outros fatores físico-químicos econtribuir para a geração <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> dados sobre cianobactérias no estado <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>Gerais. As coletas foram realizadas no período <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005 a outubro <strong>de</strong> 2006 noreservatório <strong>de</strong> São Simão, localizado no su<strong>de</strong>ste brasileiro (<strong>19</strong>º<strong>01</strong>’05’’S e 50º29’57’’W),MG/GO, sendo <strong>de</strong>marcadas 8 estações. Os principais parâmetros físico-químicos da águaquantificados in situ foram temperatura, oxigênio dissolvido, condutivida<strong>de</strong> e pH, e emlaboratório nutrientes dissolvidos como amônio, nitrito, nitrato, fósforo solúvel, e o fósforototal, juntamente com as amostras bióticas (clorofila-a e análise quali-quantitativa <strong>de</strong>fitoplâncton). Os valores mais altos <strong>de</strong> clorofila-a obtidos em todas as estações <strong>de</strong> coletaficaram entre 14,31 µg.L -1 e 12,83 µg.L -1 , sendo o menor valor <strong>de</strong> 0,18µg.L -1 . Houvedominância <strong>de</strong> cianobactérias em todas as estações <strong>de</strong> coleta durante o período <strong>de</strong> estudo,excetuando as últimas quatro coletas numa das estações (CO10). No reservatório <strong>de</strong> SãoSimão evi<strong>de</strong>nciou-se uma tendência <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> oligotrofia para mesotrofia, quando seaplicou o índice <strong>de</strong> estado trófico <strong>de</strong> Toledo. O estudo não apontou nenhum fator específicocomo responsável pelo aparecimento <strong>de</strong> cianobactérias, sendo este fenômeno causado peloaumento da eutrofia no ambiente.Palavras-chave: reservatório, eutrofização, fitoplâncton, cianobactérias, fatores ambientais.


96AbstractCyanobacteria blooms are common in lakes and reservoirs due to a combination of factors,including nitrogen and phosphorus environmental concentration. The main objective of thiswork was to un<strong>de</strong>rstand the environmentals factors capable of controlling the <strong>de</strong>velopment ofvarious phytoplanktonic species, and particularly the <strong>de</strong>velopment of cyanobacteria andlinking its <strong>de</strong>velopment with respect to the concentrations of nutrients and other physical andchemical factors. Sampling was performed from March 2005 to October 2006 in the SãoSimão Reservoir, located in Southeastern Brazil (<strong>19</strong>º<strong>01</strong>'05''S and 50º29'57''W), MG/GO, on 8sampling stations. The main physical and chemical parameters, such as temperature, dissolvedoxygen, conductivity, were measured in situ and nutrients, such as ammonium, nitrite, nitrate,phosphorus soluble and total phosphorus, in the laboratory, together with biotic parameters(chlorophyll–a and quantitative and qualitative analyses of phytoplankton). The highest valuesof chlorophyll-a were between 14.31µg.L -1 and 12.83 µg.L -1 , and the lowest was 0.18 µg.L -1 .Dominance of cyanobacteria was found in all sampling stations during the study period,except the last four samplings in the C10 station. São Simão reservoir showed trends ofchanging conditions from oligotrophic to mesotrophic when applying the in<strong>de</strong>x of trophicstate of Toledo. This study did not reveal any specific factor as responsible for the bloomappearance in this reservoir, even if it was clear the connection between this phenomenon andincreasing eutrophication in the environment.Keywords: Reservoir, eutrophication, phytoplankton, cyanobacteria, environmental factors.


971.1 IntroduçãoAs cianobactérias, também chamadas <strong>de</strong> cianofíceas ou algas ver<strong>de</strong>-azuis constituemum grupo diverso <strong>de</strong> organismos que possuem características tanto <strong>de</strong> bactérias (procariontes,por não apresentarem núcleo e estruturas <strong>de</strong>finidas), como <strong>de</strong> algas eucariontes (por seremfotossintetizantes e produtores primários). Este grupo forma uma parte importante dabiomassa do fitoplâncton em corpos d’água eutróficos, principalmente durante o verão quente(Reynolds, <strong>19</strong>84). O sucesso das cianobactérias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> parte, <strong>de</strong> fatoresclimáticos e ambientais e, portanto, o entendimento da relação entre cianobactérias e fatoresambientais fornece uma base para controlar sua abundância e para melhorar a qualida<strong>de</strong> daágua (Robarts, R. D. & Zhoary, T., <strong>19</strong>92).Vários fatores, tais como condições <strong>de</strong> luz baixa, coluna d'água estável e <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong>nitrogênio foram sugeridas para explicar o sucesso <strong>de</strong> cianobactérias em corpos d’água doceda região temperada (Hyenstrand et al, <strong>19</strong>98; Oliver, R. L. & Ganf, G. G., 2000). Elas são umgrupo diversificado <strong>de</strong> organismos, contendo espécies que po<strong>de</strong>m ser fixadoras <strong>de</strong> nitrogênio,outras flutuantes e apresentando diferentes formas (coloniais, esféricas, ovais ou tubulares, etambém em filamentos) (Carr, N. & Whitton, B. A., <strong>19</strong>82; Whitton, B. A. & Potts, M., 2000),elas respon<strong>de</strong>m <strong>de</strong> maneira diferente às mudanças nas condições ambientais.Segundo Sant’Anna & Azevedo (2000), a espécie Microcystis aeruginosa apresentaa distribuição ampla no Brasil e a Anabaena é o gênero com maior número <strong>de</strong> espéciespotencialmente tóxicas: Anabaena spiroi<strong>de</strong>s, Anabaena circinalis, Anabaena solitaria,Anabaena flos-aquae, Anabaena planctônica. Segundo as mesmas autoras, florações tóxicas<strong>de</strong> cianobactérias dos gêneros Anabaena, Aphanizomenon, Cylindrospermopsis e Microcystissão as mais comuns nas águas continentais brasileiras.A análise das alterações qualitativas e/ou quantitativas da estrutura da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica po<strong>de</strong> fornecer respostas biológicas que ajudam na avaliação <strong>de</strong> modificaçõesno meio ambiente (Sant’Anna et al., <strong>19</strong>97; Branco & Cavalcante, <strong>19</strong>99; Matsuzaki et al.,2004). Na estrutura da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica, as cianobactérias têm <strong>de</strong>spertado gran<strong>de</strong>interesse pela sua proprieda<strong>de</strong> cosmopolita (Zohary & Breen, <strong>19</strong>89; Komárek, 2003), gran<strong>de</strong>número <strong>de</strong> espécies tóxicas (Hallegraeff, <strong>19</strong>93, Dow & Swoboda, 2000) e principalmente pelocrescimento maciço <strong>de</strong> populações <strong>de</strong>ste grupo em ambientes eutrofizados (Shapiro, <strong>19</strong>73;Komárek et al., 2002), o que representa um dos problemas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água em todo omundo (Reynolds & Walsby, <strong>19</strong>75).


98Ambientes com estratificação térmica da coluna d’água estão mais propensos aocrescimento intenso <strong>de</strong> Microcystis, já que a regulação dos aerótopos é ineficaz em ambientesturbulentos (Oliver & Ganf, 2000).1.2 HipóteseA composição da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica do reservatório <strong>de</strong> São Simão ocorrenaturalmente em pequeno número, mas sob diversos fatores ambientais, tais como o aumentocontínuo <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo, pH e temperatura levam a formação <strong>de</strong> floração compredominância <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias, inclusive cianobactérias potencialmentetóxicas.1.3 ObjetivosOs principais objetivos do presente trabalho foram:- Avaliar a ocorrência <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias no reservatório <strong>de</strong> São Simão,amostrando-se as variáveis do tipo climatológico, físico, químico e biológico.- Fornecer um suporte para monitoramento da ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong>cianobactérias no reservatório <strong>de</strong> São Simão.- Associar à ocorrência <strong>de</strong>sses organismos com fatores ambientais que propiciam seucrescimento em estações <strong>de</strong> coleta sob influência da ação antrópica, para além <strong>de</strong> isolar ei<strong>de</strong>ntificar, taxonomicamente, gêneros/espécies fitoplanctônicos <strong>de</strong> cianobactérias.- Contribuir para a criação <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> dados sobre cianobactérias para o Estado<strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais.- Fazer uma lista <strong>de</strong> táxons <strong>de</strong> linhagens potencialmente tóxicas.2 Material e MétodosA estratégia do estudo se assenta em dois tipos <strong>de</strong> abordagem para satisfazer osobjetivos almejados: fatores ambientais que associam a dinâmica populacional <strong>de</strong>cianobactérias no campo (reservatório <strong>de</strong> São Simão) e no laboratório-UFMG.


992.1 Área <strong>de</strong> Estudo2.1.1 Localização e características morfométricasAs cida<strong>de</strong>s limítrofes <strong>de</strong> Goiás (São Simão) e <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais (Santa Vitória)localizam-se na margem direita do reservatório <strong>de</strong> São Simão, lago formado no trecho <strong>de</strong>fronteira entre as duas cida<strong>de</strong>s pelo barramento do Rio Paranaíba, sendo o último reservatório<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> quatro (Emborcação, Itumbiara, Cachoeira Dourada), projetados comprincipais funções <strong>de</strong> produzir energia hidrelétrica e navegação. O reservatório <strong>de</strong> São Simão,construído na década <strong>de</strong> 70, possui características hidrológicas e morfométricas sumarizadasna Tabela 1. A bacia hidrográfica do rio Paraná é formada pelas sub-bacias do rio Paranaíba ea do rio Gran<strong>de</strong>, sendo que a bacia do rio Paranaíba exten<strong>de</strong>-se por mais 70,000 km 2 . Este rioé consi<strong>de</strong>rado como sendo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e um dos maiores sistemas lênticos em área,volume e profundida<strong>de</strong> da Companhia Energética <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais (CEMIG) <strong>de</strong>ntre osreservatórios do Brasil, englobando a maior parte do Estado <strong>de</strong> Goiás.A bacia hidrográfica do Rio Paranaíba correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 12% do Estado <strong>de</strong><strong>Minas</strong> Gerais. Os diferentes tributários <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte, e responsáveis peladrenagem <strong>de</strong> uma das áreas <strong>de</strong> maior potencial agrícola e agro-pastoril do Brasil são: do ladogoiano (Rio Alegre, Rio Preto, Rio São Francisco, Rio dos Bois e Rio Meia Ponte) e do ladomineiro (Rio Tijuco e Rio Prata) (Pinto-Coelho, 2004). O reservatório, a bacia do RioParanaíba e estações <strong>de</strong> coleta são apresentados na Figura 1.As cida<strong>de</strong>s da área <strong>de</strong> influência do reservatório <strong>de</strong> São Simão estão em crescimento<strong>de</strong>mográfico, conseqüentemente, aumenta o número <strong>de</strong> fontes pontuais e difusas <strong>de</strong>lançamentos <strong>de</strong> nutrientes para o reservatório. Pinto-Coelho (2004) através <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong>aporte <strong>de</strong> fósforo e a presença <strong>de</strong> cianobactérias no reservatório <strong>de</strong> São Simão, concluiu queas entradas em gran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong> nutrientes no reservatório, trazidos pelas fontes difusas, sãouma das principais causas da eutrofização no reservatório, caracterizado como oligomesotrófico(Tabela 1) e, que vem sofrendo gran<strong>de</strong> impacto a partir do final da última década(Rolla, 2000 apud Pinto-Coelho, 2004).


100Figura 1. Mapa do reservatório <strong>de</strong> São Simão, com a indicação das estações <strong>de</strong> coleta dofitoplâncton e <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> campo. Adaptado <strong>de</strong> Pinto-Coelho (2004).


1<strong>01</strong>Tabela 1. Principais Características Hidrológicas e Morfométricas sobre oReservatório <strong>de</strong> São Simão (MG/GO).CaracterísticasValoresAno <strong>de</strong> conclusão <strong>19</strong>78Coor<strong>de</strong>nadas geográficas<strong>19</strong>º<strong>01</strong>’05”S e 50º29’57”WÁrea da represa (km²) 722,25Área <strong>de</strong> drenagem (km²) 171.000Profundida<strong>de</strong> média (m) 7,7Comprimento total (m) 3.600Profundida<strong>de</strong> máxima (m) 127Volume máximo da represa (10 9 m 3 ) 5.540Cota altimétrica (m) 404Vazão máxima da represa (m³.s -1 ) 24.000Usos da represaEnergia, pesca, irrigaçãoe lazer.Classificação do estado tróficoFonte: CEMIG e Pinto-Coelho (2004).Oligotrófico a mesotrófico2.1.2 Caracterização das variáveis climatológicasOs dados <strong>de</strong> precipitação (mm), temperatura do ar (ºC), direção e velocida<strong>de</strong> diáriasdos ventos, <strong>de</strong> 2005 e até abril <strong>de</strong> 2006, foram obtidos através dos dados fornecidos pelaCEMIG <strong>de</strong> São Simão, a qual mantem uma estação meteorológica próxima ao reservatório. Éimportante ressaltar que estes dados são apresentados com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar aexistência <strong>de</strong> duas estações climáticas bem distintas.2.1.3 Estratégias <strong>de</strong> amostragemNeste estudo as estações <strong>de</strong> coleta foram escolhidas a partir das estaçõesestabelecidas por Pinto-Coelho (2004) com ligeira modificação em relação a localização exatada estação, num total <strong>de</strong> 8 estações <strong>de</strong> coletas, sendo: cinco estações (CO1, CO2, CO4, CO5 ECO6) representadas no corpo do reservatório e ainda, três estações (CO8, CO9 e CO10), quese localizam em rios. Utilizando GPS da marca “Garmin’s Etrex ® personal navigator” foram


102obtidas as coor<strong>de</strong>nadas das estações e distribuídas com base nas estações previamenteestabelecidas por Pinto-Coelho (2004). O mapa com a localização das estações <strong>de</strong> coletaconforme a Figura 1, e as coor<strong>de</strong>nadas UTM convertidas para coor<strong>de</strong>nadas geográficas <strong>de</strong>domínio público segundo a Tabela 2.Para a conversão <strong>de</strong> UTM para coor<strong>de</strong>nadas geográficas, foi utilizado o programaGencoord versão 1.7. Foram selecionadas as seguintes opções: para o item entrada <strong>de</strong> dadosfoi selecionado UTM, para o item “datum”, foi selecionado “from WGS84” e, para o itemconversão, selecionou-se tela interativa. Na segunda etapa, já na segunda janela do programa,<strong>de</strong>nominada entrada <strong>de</strong> dados, selecionou-se o “datum” América do Sul <strong>19</strong>69 Brasil. Nocampo “coor<strong>de</strong>nadas UTM” foram digitadas as coor<strong>de</strong>nadas UTM a converter, selecionandose,em seguida, o hemisfério correspon<strong>de</strong>nte à localização geográfica. Para a seleção da zonareferente a localização das estações das amostragens, consultou-se o sitehttp:www.dmap.co.uk/utmworld.htm, on<strong>de</strong> se encontra o mapa global subdividido em zonas,escolhendo <strong>de</strong>sta forma, a zona 22. Para finalizar, basta clicar no botão <strong>de</strong> aceite e na janelaresultados, são ainda apresentados em UTM, por fim clicar no botão transformação ouconversão dos dados para coor<strong>de</strong>nadas geográficas.Tabela 2. Localização das estações <strong>de</strong> coletas das amostras usadas neste trabalho.Estações <strong>de</strong> coleta Coor<strong>de</strong>nadas Coor<strong>de</strong>nadas(Código) UTM GeográficasCO1: Rio dos Patos X = 555.312 Y = 7.902.841 Lat. <strong>19</strong>º36’38’’S Long. 50º47’52’’CO2: Barragem X = 552.030 Y = 7.899.718 Lat. <strong>19</strong>º28’05’’S Long. 50º50’52’’CO4: Rio Mateira X = 554.900 Y = 7.911.117 Lat. <strong>19</strong>º17’40’’S Long. 50º47’83’’CO5: Rio Alegre X = 558.652 Y = 7.917.506 Lat. <strong>19</strong>º12’05’’S Long. 50º44’28’’CO6: Rio Preto X = 570.982 Y = 7.931.165 Lat. 18º59’33’’S Long. 50º32’63’’CO8: Rios dos Bois X = 6<strong>01</strong>.829 Y = 7.956.296 Lat. 18º37’<strong>01</strong>’’S Long. 50º03’50’’CO9: Balsa Ipiaçú X = 606.983 Y = 7.923.970 Lat. <strong>19</strong>º06’04’’S Long. 50º38’45’’CO10: Balsa Gouveinha X = 614.200 Y = 7.940.592 Lat. 18º51’06’’S Long. 50º32’10’’


1032.2 Fatores Abióticos2.2.1 ColetaAs campanhas <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> campo compreen<strong>de</strong>ndo períodos <strong>de</strong> seca e chuvaforam realizadas trimestralmente, por um período <strong>de</strong> 2 anos, entre março <strong>de</strong> 2005 a outubro <strong>de</strong>2006, totalizando 16 dias dos seguintes meses: março/2005, junho/2005, setembro/2005,<strong>de</strong>zembro/2005, fevereiro/2006, maio/2006, agosto/2006 e outubro/2006. As coletasambientais foram realizadas sempre que possível no período entre 8:00 e 17:00 horas, sendoque durante a coleta foram registradas as datas das coletas e as condições do tempo (chuvoso,nublado, vento e sol).As variáveis físicas, químicas e biológicas foram realizadas a bordo <strong>de</strong> um barco emoito estações no reservatório <strong>de</strong> São Simão (Figura 1), em diferentes profundida<strong>de</strong>s na colunad’água, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície, a profundida<strong>de</strong> do disco <strong>de</strong> Secchi e a profundida<strong>de</strong> equivalente a2,5 vezes a profundida<strong>de</strong> do disco <strong>de</strong> Secchi (correspon<strong>de</strong>ndo ao limite da zona eufótica)quando foi verificada a estratificação térmica. As amostras para as análises físico-químicasforam coletadas com garrafa coletora <strong>de</strong> Van Dorn. A amostra da estação CO8 foi coletada apartir da ponte sobre o Rio dos Bois, usando-se um bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> 12 litros preso com uma corda <strong>de</strong>naylon.2.2.2 Transparência da água (m)A transparência da água está relacionada com o material em suspensão na colunad’água, tanto mineral (substâncias húmicas dissolvidas) quanto orgânico (<strong>de</strong>tritos orgânicos),organismos clorofilados e por inorgânicos particulados. Quanto mais plâncton, menor atransparência.Atualmente é bastante comum o uso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos instrumentos para a avaliação daextinção vertical e características espectrais da luz em reservatórios, porém, a transparência daágua medida pelo método do disco <strong>de</strong> Secchi, continua sendo amplamente utilizada <strong>de</strong>vido àsua praticida<strong>de</strong>, simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportar e baixo custo (Wetzel,<strong>19</strong>75).As medidas <strong>de</strong> transparência da água foram efetuadas com a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>saparecimento visual <strong>de</strong> um disco <strong>de</strong> Secchi (25 cm <strong>de</strong> diâmetro e pintado branco e pretoalternativamente) na coluna d’água e suspenso por uma corda marcada previamente <strong>de</strong> 0,50 a0,50m. As leituras foram feitas, sempre que possível, pela mesma pessoa.


104O cálculo da profundida<strong>de</strong> do limite da zona eufótica (m) foi estimado com base nosvalores da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimento do disco <strong>de</strong> Secchi multiplicado <strong>de</strong> acordo com oproposto por Margalef (<strong>19</strong>83), através do qual os valores da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimentodo disco <strong>de</strong> Secchi são multiplicados pelo fator 2,71, modificado neste estudo para 2,5.Existem outros fatores utilizados para o cálculo do limite da zona eufótica, tal como três (3)recomendado para ambientes tropicais (Esteves, <strong>19</strong>98).2.2.3 pH, condutivida<strong>de</strong>, oxigênio dissolvido e temperatura da águaForam utilizados multisensores das marcas Horiba, mo<strong>de</strong>lo U-10 e YSI 556 MPSpara mensuração <strong>de</strong> varáveis físico-químicas. Registraram-se o pH, a condutivida<strong>de</strong> elétrica(µS.cm -1 ), a concentração <strong>de</strong> oxigênio dissolvido (µg.L -1 ) e a temperatura (ºC) através <strong>de</strong>medias in situ nas oito estações <strong>de</strong> coleta, sendo que as leituras foram realizadas a cada 0,50m (<strong>de</strong> 0m até 5m) ou a cada metro <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (a partir <strong>de</strong> 5m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>).2.2.4 NutrientesAs coletas para as análises da concentração <strong>de</strong> nutrientes presentes na água (sériesnitrogenadas, fósforo total e fósforo solúvel) foram realizadas com auxílio <strong>de</strong> uma garrafacoletora <strong>de</strong> Van Dorn, na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura do disco <strong>de</strong> Secchi e, nos períodos <strong>de</strong>estratificação térmica, uma outra amostra era coletada no hipolimnio. As amostras d’águaforam filtradas no hotel em filtros <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro <strong>de</strong> 47 mm <strong>de</strong> diâmetro Schleicher &Schüll foram utilizadas para <strong>de</strong>terminar as concentrações <strong>de</strong> nitrato, amônia, nitrito e dofósforo solúvel. As amostras não filtradas foram utilizadas para <strong>de</strong>terminar a concentração <strong>de</strong>fósforo total. As amostras foram acondicionadas em frascos <strong>de</strong> polietileno inerte <strong>de</strong>capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 250 mL e etiquetados, armazenadas em caixa <strong>de</strong> isopor com gelo e levadas aolaboratório e <strong>de</strong>pois congeladas para posterior análise. Para a análise dos nutrientes foramempregadas as metodologias constantes na Tabela 3.


105Tabela 3. Metodologia e variáveis limnológicas analisadas nas amostras <strong>de</strong> água doreservatório <strong>de</strong> São Simão.Variável Metodologia <strong>de</strong> análise ReferênciaNitrito Espectrofotometria Koroleff (<strong>19</strong>76); Barnes & Folklard (<strong>19</strong>51)Nitrato Espectrofotometria Koroleff (<strong>19</strong>76); Barnes & Folklard (<strong>19</strong>51)Amônio Espectrofotometria Koroleff (<strong>19</strong>76); Barnes & Folklard (<strong>19</strong>51)Fósforo total Espectrofotometria Murphy & Riley (<strong>19</strong>62)Fósforo solúvel Espectrofotometria Murphy & Riley (<strong>19</strong>62)Clorofila a Espectrofotometria Lorenzen (<strong>19</strong>67)* Na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> fósforo total foi feita a digestão à quente com persulfato <strong>de</strong> potássio.2.2.4.1 Razão N:PPara análise da razão N:P, o nitrogênio total foi obtido através da somatória dosvalores das três formas inorgânicas (amônio + nitrato + nitrito) (Wetzel, R. G. (<strong>19</strong>81) e ofósforo correspon<strong>de</strong> ao fósforo total. Segundo Bothwell & Lowe (<strong>19</strong>96) razões maiores que20:1 indicam limitação por fósforo, razões menores que 10:1 indicam limitação por nitrogênioe razões entre 10:1 e 20:1 não sugerem limitações para o crescimento do fitoplâncton pornenhum dos nutrientes).2.2.5 Variáveis biológicas2.2.5.1 Determinação da biomassa fitoplanctônicaA estimativa da biomassa do fitoplâncton foi feita pelo método indireto <strong>de</strong>quantificação da clorofila-a <strong>de</strong>scrito por Lorenzen (<strong>19</strong>67). Foi feita em amostras coletadas naprofundida<strong>de</strong> do disco <strong>de</strong> Secchi ou do hipolimnio nos períodos <strong>de</strong> estratificação térmica. Aágua foi então transferida para frascos <strong>de</strong> polietileno <strong>de</strong> 5 litros <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, e mantida emisopor com gelo até o local <strong>de</strong> hospedagem, on<strong>de</strong> as amostras foram filtradas imediatamente.A filtragem em duplicata foi realizada usando um sistema <strong>de</strong> filtração a vácuo e filtrosSchleicher & Schüll e bomba à vácuo.Os filtros foram colocados em envelopes <strong>de</strong> papel toalha e alumínio eacondicionados em frascos escuros contendo sílica – gel e mantidos congelados a -20ºC até omomento da extração.A extração e mensuração do pigmento clorofila-a foi realizada no laboratório sobbaixa iluminação e utilizando como solvente orgânico etanol 90%, aquecido a 80ºC conformeLorenzen (<strong>19</strong>67).


106A fórmula utilizada para a obtenção das concentrações do pigmento foi a seguinte:Chlµg.L{( A − Aac.) V}− 1⎛ 29,5. 665 665 .= ⎜⎝V.Lon<strong>de</strong>:A 665 = absorbância do extrato a 665nm, antes da acidificação, menos a absorbância a 750nm;A 665ac = absorbância do extrato a 665nm, após a acidificação, menos a absorbância a 750nm;V = volume do solvente utilizado (etanol) em mL (usualmente 10 mL);V = volume da água filtrada em litros;29,5 = coeficiente <strong>de</strong> absorção específica da clorofila-a;L = comprimento da cubeta em cm (=1).2.2.5.2 Coleta dos organismos fitoplanctônicosAs amostras para análises do fitoplâncton total foram coletadas com auxílio <strong>de</strong> umagarrafa <strong>de</strong> Van Dorn, acondicionadas em frascos <strong>de</strong> polietileno <strong>de</strong> 250 mL e fixadas comsolução <strong>de</strong> lugol acético a 1%.2.2.5.3 Coleta <strong>de</strong> cianobactérias para análise <strong>de</strong> cianotoxinas no séstonAs florações <strong>de</strong> cianobactérias presentes nas estações <strong>de</strong> amostragem foramcoletadas com uso <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> plâncton (20 µm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha), em arrastos horizontaisna superfície da água. O material coletado foi distribuído em frascos <strong>de</strong> polietileno <strong>de</strong> 250mL, congelado a -20°C e em seguida no laboratório liofilizado a -40ºC. Os extratos algaisliofilizados foram armazenados em freezer, para posterior análise <strong>de</strong> cianotoxinas algaisintracelulares segundo as técnicas da reação do ensaio imunoenzimática ligado a uma enzima(ELISA) e cromatografia líquida <strong>de</strong> alta eficiência (HPLC), hoje amplamente utilizadas para a<strong>de</strong>tecção, quantificação, purificação e isolamento <strong>de</strong> algumas cianotoxinas (Oshima, <strong>19</strong>95,Meriluoto et al., 2000, Dahimann et al., 20<strong>01</strong>).2.2.5.4 Análise fitoplanctônica qualitativa e quantitativa dos gruposA análise quantitativa do fitoplâncton foi realizada em microscópio invertido Zeissno aumento 400x, após prévia sedimentação usando a técnica <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e contagemUtermohl, que emprega o uso <strong>de</strong> uma câmara <strong>de</strong> sedimentação e um microscópio invertido(Utermohl, <strong>19</strong>58). A contagem dos indivíduos foi realizada com um limite mínimo <strong>de</strong> 100indivíduos da espécie dominante por câmara. As câmaras <strong>de</strong> sedimentação foram preparadas24 horas antes da contagem, para permitir a sedimentação das algas.⎞⎟⎠


107Os indivíduos (células, colônias, cenóbios e filamentos) foram enumerados emcampos aleatórios, sendo os valores obtidos, expressos em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ind./mL) e calculados<strong>de</strong> acordo com a fórmula <strong>de</strong>scrita por Ros (<strong>19</strong>79).1 n 1Ind. mL− ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ = ⎜ ⎟ . ⎜ ⎟ .⎝ sc ⎠ ⎝ h ⎠( F )on<strong>de</strong>:n = número <strong>de</strong> indivíduos efetivamente contados;s = área do campo em mm² no aumento <strong>de</strong> 40 x;c = número <strong>de</strong> campos contados;h = altura da câmara <strong>de</strong> sedimentação em (mm);F = fator <strong>de</strong> correção para mililitro (10³mm³/1 mL)O número <strong>de</strong> indivíduos foi transformado em número <strong>de</strong> células, após a contagem donúmero <strong>de</strong> células em pelo menos 20 indivíduos <strong>de</strong> cada espécie.A análise da composição dos organismos fitoplanctônicos presentes nas amostras foifeita por observação sob microscópio invertido binocular Zeiss, equipado com contraste <strong>de</strong>fase, câmara clara e ocular <strong>de</strong> medição. A i<strong>de</strong>ntificação dos organismos foi baseada nascaracterísticas morfológicas e morfométricas das células, filamentos ou colônias <strong>de</strong> algas,sendo essa análise efetuada ao nível <strong>de</strong> gênero e espécie, sempre que possível, com apoio daliteratura <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> classificação específicos (Round, <strong>19</strong>71; Siminsen, <strong>19</strong>79; Bourrelly,<strong>19</strong>81, <strong>19</strong>85; Komárek, <strong>19</strong>91; Sant’Anna, <strong>19</strong>91; Komárkova, <strong>19</strong>98; Komárek & komárkova,2002; Sant’Anna & Azevedo, 2000; Sant’Anna et al., 2004). Para evi<strong>de</strong>nciar bainha <strong>de</strong>mucilagem das cianobactérias utilizou-se nanquim. Ao final, os táxons inventariados foramapresentados com uma listagem, segundo critérios <strong>de</strong> classe, gênero e/ou espécie.2.2.5.5 Biovolume (mm³ L -1 )O biovolume é uma medida da biomassa dos organismos, <strong>de</strong>terminada a partir <strong>de</strong> suaabundância e dimensões. O volume e a superfície <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contagem foram calculadoscom base na combinação <strong>de</strong> fórmulas geométricas simples, cujas formas aproximam-se, omais possível, às diferentes formas das espécies fitoplanctônicas <strong>de</strong> acordo com as fórmulas<strong>de</strong>scritas por Rott (<strong>19</strong>81) e Hillebrand et al. (<strong>19</strong>99). As dimensões (diâmetro <strong>de</strong> células,diâmetro <strong>de</strong> colônias e <strong>de</strong> cenóbios, comprimento e diâmetro <strong>de</strong> filamentos) em um númerovariável <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contagem são medidas utilizando-se câmera adaptada sobremicroscópio Zeis invertido.


108Com estas medidas se calcula o volume <strong>de</strong> um corpo geométrico <strong>de</strong> igual forma queos organismos (esféricas, cilíndricas, piramidais e formas complexas).O biovolume total <strong>de</strong> uma espécie foi obtido multiplicando-se o biovolume médio <strong>de</strong>cada organismo do fitoplâncton por seu efetivo total. Para a comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica, obiovolume total é a soma <strong>de</strong> todos os biovolumes específicos.2.2.5.6 Índice <strong>de</strong> estado trófico (IET)O Índice do Estado Trófico tem por finalida<strong>de</strong> classificar corpos d'água em diferentesgraus <strong>de</strong> trofia, ou seja, avalia a qualida<strong>de</strong> da água quanto ao enriquecimento por nutrientesassociados ao crescimento excessivo das algas, ou o potencial para o crescimento <strong>de</strong>macrófitas aquáticas (Toledo Jr., A. P. et al., <strong>19</strong>83, Toledo, <strong>19</strong>90). Segundo Toledo (<strong>19</strong>90), ouso do IET através do disco <strong>de</strong> Secchi não é recomendável em regiões tropicais e subtropicaisvisto que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material em suspensão inorgânico é, em muitos sistemas, bastantesignificativa, o que não quer dizer necessariamente o sistema é eutrófico.O Índice do Estado Trófico adotado foi o índice clássico proposto por Carlson (<strong>19</strong>77)modificado por Toledo et al. (<strong>19</strong>83) e Toledo (<strong>19</strong>90) que, através <strong>de</strong> método estatístico,baseado em regressão linear, alterou as expressões originais para a<strong>de</strong>quá-las a ambientes <strong>de</strong>lagos e reservatórios tropicais e subtropicais. Este índice utiliza três avaliações <strong>de</strong> estadotrófico em função dos valores obtidos para as variáveis: transparência (disco <strong>de</strong> Secchi),clorofila-a, fósforo solúvel e fósforo total.O estado trófico do reservatório <strong>de</strong> São Simão foi calculado com base no índicetrófico <strong>de</strong> estado trófico proposto por Carlson em <strong>19</strong>77, modificado e recomendado porToledo et al. (<strong>19</strong>83) para lagos e reservatórios tropicais. Este índice é calculado a partir <strong>de</strong>equações matemáticas propostas por Toledo et al. (<strong>19</strong>83) que utilizaram as variáveistransparência da água, clorofila-a, fósforo total e fósforo solúvel para a caracterização do grau<strong>de</strong> trofia do sistema aquático. Segundo Toledo et al. (<strong>19</strong>90) não é recomendável usar o disco<strong>de</strong> Secchi para ambientes eutrofizados.Com os resultados <strong>de</strong>stas variáveis, Toledo et al. (<strong>19</strong>83) propuseram a utilização damédia pon<strong>de</strong>rada dos valores obtidos, que atribui maior peso para o fósforo total e menor pesoao índice referente à transparência, pois <strong>de</strong>tectaram uma <strong>de</strong>ficiência na equação <strong>de</strong>stavariável.


1<strong>09</strong>Desta forma, utiliza-se geralmente a equação do Índice <strong>de</strong> Estado Trófico Médio.Para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>ste índice são utilizadas as seguintes expressões matemáticas:⎛ 2,04 − 0,695ln CHL ⎞IET ( CHL) = 10⎜6−⎟⎝ ln 2 ⎠( PO )⎛ ln 21,67 / 4 ⎞IET ( PO4) = 10⎜6−⎟⎝ ln 2 ⎠( PT )⎛ ln 80,32 /IET ( PT ) = 10⎜6 −⎝ ln 2⎞⎟⎠( ) + 2 ⎡ ( ) + ( 4) + ( )IET S IET PT IET PO IET CHLIET = ⎛ ⎣⎤ ⎦⎞⎜7⎟⎝⎠on<strong>de</strong>:IET (S) = para o valor da leitura do <strong>de</strong>saparecimento visual do disco <strong>de</strong> Secchi (m);IET (CHL) = para a concentração <strong>de</strong> clorofila-a (µg.L -1 );IET (PO 4 ) = para a concentração fósforo solúvel (µg.L -1 ).IET (PT) = para a concentração <strong>de</strong> fósforo total (µg.L -1 )IET (médio) = índice <strong>de</strong> estado trófico médio(não usar o disco <strong>de</strong> Secchi para estado trófico)Os limites entre os quais um valor varia para aplicação da classificação dosreservatórios <strong>de</strong> acordo com este índice encontram-se na Tabela 4.Tabela 4. Critérios para a classificação limnológica do estado trófico <strong>de</strong> reservatórios tropicaisToledo et al. (<strong>19</strong>83)ESTADO TRÓFICO LIMITESOligotrófico/pobre IET até 44Mesotrófico/intermediário IET <strong>de</strong> 44 até 54Eutrófico/rico IET acima <strong>de</strong> 54


1103 Resultados3.1 Variáveis ClimatológicasOs dados obtidos fornecidos pela estação climatológica da CEMIG em São Simão,referenciadas neste estudo, permitiram uma análise do comportamento e distribuição daschuvas, temperaturas do ar e intensida<strong>de</strong> dos ventos e possibilitaram estimar os possíveisefeitos <strong>de</strong>stas condições no reservatório <strong>de</strong> São Simão. Os resultados referentes à precipitaçãopluviométrica e temperatura estão apresentados na Figura 2, os da direção e velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ventos na Figura 3.O regime <strong>de</strong> precipitação sobre o Estado <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais apresenta um ciclo básicounimodal bem <strong>de</strong>finido, como verão chuvoso e inverno seco, sendo os meses <strong>de</strong> novembro amarço o período mais chuvoso. Entretanto, po<strong>de</strong>-se observar que a variação dos índicespluviométricos nas diferentes partes do Estado é bastante consi<strong>de</strong>rável, indo <strong>de</strong> 800 mm até1.600 mm. Os valores máximos são encontrados nas regiões mais elevadas das serras daMantiqueira, do Espinhaço e da Canastra, contrastando com os índices mínimos, encontradosnas regiões dos vales dos rios São Francisco e Jequitinhonha.De acordo com os dados fornecidos pela CEMIG, os valores <strong>de</strong> precipitaçãopluviométrica apresentaram um padrão normal esperado, as maiores concentrações <strong>de</strong> chuvasocorreram durante os meses <strong>de</strong> novembro/05 (256 mm), janeiro/05 (2<strong>09</strong>mm), janeiro/06 (215mm), enquanto que as menores registradas estiveram compreendidos entre os meses <strong>de</strong>agosto/05 (0 mm), abril/05 (5 mm) e julho/05 (7 mm). O mês que registrou a maiorpluviosida<strong>de</strong> foi janeiro <strong>de</strong> 2005, com 256 mm e o menor chuvoso foi agosto <strong>de</strong> 2005, quandonão houve precipitação (0 mm).Os resultados relativos à temperatura do ar <strong>de</strong>monstram que os maiores valores(média das máximas) foram registrados nos meses <strong>de</strong> fevereiro/05 (32,6ºC), outubro/05(32,5ºC), enquanto que os menores valores (médias das mínimas) estiveram compreendidosentre os meses <strong>de</strong> junho/05 (16,6ºC), julho/05 e agosto/05 (18,4ºC). A maior temperatura doar foi registrada no mês <strong>de</strong> fevereiro/05, com valor <strong>de</strong> 32,6ºC.


1114035jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. <strong>de</strong>z. jan. fev. mar. abr.Temp. mínima médiaTemp. médiaTemp. máxima médiaPrecipitação270240210Temperatura (ºC)30252<strong>01</strong>510jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. <strong>de</strong>z. jan. fev. mar. abr.20052006Período18<strong>01</strong>5<strong>01</strong>2<strong>09</strong>060300Precipitação mensal (mm)Figura 2. Médias mensais <strong>de</strong> temperaturas médias e precipitação pluviométrica daregião do reservatório <strong>de</strong> São Simão, no período <strong>de</strong> março, junho, setembro e <strong>de</strong>zembro/05 afevereiro, maio, agosto e outubro/06.O vento é um dos elementos componentes mais importantes do tempo, também umfator que modifica outros componentes, importantes no transporte <strong>de</strong> calor e umida<strong>de</strong>, eresponsável pelas mudanças que se processam no tempo.Observando a Figura 3, dos dados médios mensais, em geral o vento não ultrapassa 2km.h -1 , com predomínio do vento SW com uma pequena tendência para o norte, consi<strong>de</strong>radoquase calmo segundo a escala <strong>de</strong> Beaufort. Porém, na Figura 4 observa-se ventos esporádicosque ocorreram em intensida<strong>de</strong>s até 8 km.h -1 consi<strong>de</strong>rado mo<strong>de</strong>rado e com diferentes direções,incluindo SW. Neste trabalho não foi medida a ativida<strong>de</strong> do vento, mas sabe-se que aheterogeneida<strong>de</strong> espacial por várias características limnológicas po<strong>de</strong> ser relacionada com avelocida<strong>de</strong> e direção do vento no momento ou prece<strong>de</strong>nte ao dia <strong>de</strong> amostragem.


112Figura 3. Direção e velocida<strong>de</strong> média mensal do vento <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005 a <strong>19</strong> <strong>de</strong> abril <strong>de</strong>2006.Figura 4. Direção e velocida<strong>de</strong> média diária do vento <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005 a <strong>19</strong> <strong>de</strong> abril <strong>de</strong>2006.3.2 Parâmetros Físico-Químicos da Coluna D’águaOs resultados obtidos dos valores das variáveis físicas, químicas e biológicas noreservatório <strong>de</strong> São Simão estão apresentados a seguir:A temperatura, oxigênio dissolvido, condutivida<strong>de</strong> elétrica pH são apresentadas emperfil com medições a cada meio metro ou um metro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície até o fundo<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do cabo <strong>de</strong> suspensão do aparelho. De acordo com estas figuras, os valoresobtidos durante o estudo, para a variação da temperatura da água, oscilaram entre um valormínimo <strong>de</strong> 22,3 ºC, obtida na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 35m da estação CO2 (Figura 10), coleta <strong>de</strong> 8 a9/08/06, a um valor máximo <strong>de</strong> 30,3 ºC, registrado até na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2m na estação CO2


113da coleta <strong>de</strong> 7 e 8/02/06 (Figura 8). A maioria das estações <strong>de</strong> coleta, a temperatura diminuiugradualmente com a profundida<strong>de</strong> e mostraram perfis pouco variáveis durante o período <strong>de</strong>estudo.Os valores registrados mantiveram um padrão <strong>de</strong> isotermia, com poucos casos <strong>de</strong>microestratificação térmica observada em algumas estações <strong>de</strong> coleta, setembro <strong>de</strong> 2005(Figura 6) e maio <strong>de</strong> 2006 (Figura 9), sendo comum a formação <strong>de</strong> gradientes suaves, semuma termoclina acentuada. Em geral, a temperatura da água registrada entre as estaçõesapresentou um padrão temporal, com os maiores valores compreendidos nos meses <strong>de</strong> chuvas(estação quente: <strong>de</strong>zembro, fevereiro e março), enquanto que menores estiveram associadosaos meses <strong>de</strong> seca (período <strong>de</strong> estação fria: maio, junho, agosto, setembro e outubro). Amenor amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação da temperatura da água durante a ocasião das coletas foiobservada na estação CO6, em junho <strong>de</strong> 2005, em toda a coluna d’água (Figura 5).Os perfis verticais <strong>de</strong> oxigênio dissolvido na coluna d’água, entre as oito estações,não mostraram uma variação temporal <strong>de</strong>finida durante o período <strong>de</strong> coleta. Foi observado,em algumas coletas, um aumento gradativo nas concentrações superficiais <strong>de</strong> oxigênio.Ocorreu um padrão <strong>de</strong> estratificação <strong>de</strong> oxigênio na coluna d’água, com concentrações<strong>de</strong>crescentes em relação à profundida<strong>de</strong>, com os maiores valores na superfície ousubsuperfície, e os menores valores nas camadas mais profundas. Perfis <strong>de</strong> estratificação dooxigênio na coluna d’água foram mais evi<strong>de</strong>ntes na estação CO2 da coleta <strong>de</strong> 7 a 8/<strong>09</strong>/05(Figura 6). Perfis mais homogêneos foram mais comuns nas estações <strong>de</strong> coleta,principalmente nas estações CO2, CO6: 7 a 8/9/05 (Figura 6), CO2 e CO6: 18 a <strong>19</strong>/12/05(Figura 7) e CO2 <strong>de</strong> 8 a 9/8/06 (Figura 10).As concentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvido na coluna d’água apresentaram variaçõesacentuadas entre seus valores, tendo sido obtidas na superfície concentrações mínimaspróximas <strong>de</strong> 6 (Figuras 5 e 6), e concentrações máximas próximas a 10 mgO 2 .L -1 (Figura 6).Os perfis <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> elétrica da água mostraram um padrão homogêneo emseus valores na coluna d’água, para a maioria das estações <strong>de</strong> coleta durante o período <strong>de</strong>estudo. Os valores registrados <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> elétrica nas estações <strong>de</strong> coleta foram maioresnos meses marcados por chuvas (fevereiro a março), enquanto menores valores foramconstatados no período <strong>de</strong> seca (agosto a outubro), exceção para as coletas realizadas duranteos meses <strong>de</strong> setembro/05 quando baixos valores foram registrados e maio <strong>de</strong> 2006, tambémquando altos valores <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> foram registrados.Os valores obtidos para o pH, nas oito estações <strong>de</strong> coleta não <strong>de</strong>monstraram gran<strong>de</strong>svariações espaço-temporais entre os seus valores, durante o período <strong>de</strong> estudo. Foi constatado


114que os valores registrados <strong>de</strong> pH nas estações coletadas indicaram uma condição levementeneutra na superfície ou subsuperfície da coluna d’água, próximo ou acima <strong>de</strong> 7, commudanças para condições muito ligeiramente ácidas nas profundida<strong>de</strong>s do ambiente, como foiencontrado um pH ácido na coleta <strong>de</strong> março/05 na estação CO2.Condições ácidas <strong>de</strong> pH predominaram na estação CO2 com valor mínimo <strong>de</strong> 5,4.Condição básica com máximo <strong>de</strong> 7,64 da estação CO6 predominou nas coletas <strong>de</strong> outono eprimavera <strong>de</strong> 2005. Uma tendência <strong>de</strong> aumento ou constância do pH foi observada em funçãoda profundida<strong>de</strong>, sendo a principal variação entre 1 a 4 <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> em até 1,6 unida<strong>de</strong>s,e com a proximida<strong>de</strong> do fundo houve em geral um <strong>de</strong>créscimo dos valores, o que po<strong>de</strong> serindício da ocorrência <strong>de</strong> respiração anaeróbica.OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-02;2 e 3/03/053022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-02;2 e 3/03/053025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-026 e 7/06/053022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-026 e 7/06/053025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)


115OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-066 e 7/06/053022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-066 e 7/06/053025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)Figura 5. Perfis <strong>de</strong> temperatura ( ), condutivida<strong>de</strong> ( ), oxigênio dissolvido ( ) e pH ( ).OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-027 e 8/<strong>09</strong>/053022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-027 e 8/<strong>09</strong>/053025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-067 e 8/<strong>09</strong>/053022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-067 e 8/<strong>09</strong>/053025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)Figura 6. Perfis <strong>de</strong> temperatura ( ), condutivida<strong>de</strong> ( ), oxigênio dissolvido ( ) e pH ( ).


116OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-0218 e <strong>19</strong>/12/053022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-0218 e <strong>19</strong>/12/053025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-0618 e <strong>19</strong>/12/053022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-0618 e <strong>19</strong>/12/053025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)Figura 7. Perfis <strong>de</strong> temperatura ( ), condutivida<strong>de</strong> ( ), oxigênio dissolvido ( ) e pH ( ).


117OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-027 e 8/02/063022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-027 e 8/02/063025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-067 e 8/02/063022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-067 e 8/02/063025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)Figura 8. Perfis <strong>de</strong> temperatura ( ), condutivida<strong>de</strong> ( ), oxigênio dissolvido ( ) e pH ( ).OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10551<strong>01</strong>0Prof. (m)1520Prof. (m)1520252530C-023 e 4/05/063522 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)30C-023 e 4/05/063525 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)


118OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-063 e 4/05/063022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-063 e 4/05/063025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)Figura 9. Perfis <strong>de</strong> temperatura ( ), condutivida<strong>de</strong> ( ), oxigênio dissolvido ( ) e pH ( ).OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10551<strong>01</strong>0Prof. (m)1520Prof. (m)15202530C-028 e 9/08/063522 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)2530C-028 e 9/08/063525 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)Figura 10. Perfis <strong>de</strong> temperatura ( ), condutivida<strong>de</strong> ( ), oxigênio dissolvido ( ) e pH ( ).OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-0224 e 25/10/063022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-0224 e 25/10/063025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)


1<strong>19</strong>OD (mgO 2/L)pH0 4 6 8 10 12 00 2 4 6 8 10Prof. (m)51<strong>01</strong>520Prof. (m)51<strong>01</strong>52025C-0624 e 25/10/063022 24 26 28 30 32Temperatura (ºC)25C-0624 e 25/10/063025 30 35 40 45 50 55 60 65Cond. (µS/cm)Figura 11. Perfis <strong>de</strong> temperatura ( ), condutivida<strong>de</strong> ( ), oxigênio dissolvido ( ) e pH ( ).3.3 Nutrientes no Reservatório <strong>de</strong> São Simão3.3.1 Séries nitrogenadasEntre os resultados obtidos para a série nitrogenada inorgânica, as concentrações <strong>de</strong>nitrito, amônio e nitrato mostraram seus maiores valores nas estações CO9 e CO4, durante operíodo <strong>de</strong> estudo (Figura 12, 13 e 14). Os menores valores para nitrito foram observados naestação CO2, em junho <strong>de</strong> 2005, principalmente no período <strong>de</strong> transição da estação chuvosapara seca (<strong>de</strong>zembro/05 e fevereiro/06), (tendo mostrado variações espacial) e temporal emsuas concentrações ao longo do período <strong>de</strong> estudo. Foi constatada uma redução nos valores dasérie nitrogenada no sentido da estação CO10, CO1, CO8, CO4, CO2 em direção ao CO9.As concentrações <strong>de</strong> nitrito, embora tenham se apresentados bem inferiores, emrelação ao amônio e nitrato inorgânico, foram relativamente elevadas em algumas ocasiões,como as observadas nas coletas <strong>de</strong> outubro/06, com <strong>de</strong>staque para a estação CO9 (máximo <strong>de</strong>12,24 µg L -1 ). As menores concentrações foram registradas na estação CO5, com <strong>de</strong>staquepara a estação CO2, em junho <strong>de</strong> 2005, que apresentou o valor mínimo <strong>de</strong> 0,54µg L -1 (Figura12).Os valores registrados para o nitrato, em setembro/05 foram bem inferiores aosregistrados em março/05 e no ano <strong>de</strong> 2006. As maiores concentrações <strong>de</strong> nitrato ocorreramlogo na primeira coleta <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005 (CO5 – 158,23µg L -1 ) e <strong>de</strong>pois novamente emfevereiro/06. Todos os resultados <strong>de</strong>sta variável estão apresentados na Figura 13.


120Os menores valores registrados <strong>de</strong> nitrato limitaram-se às três estações <strong>de</strong> coletaCO9, CO10 e CO8, com <strong>de</strong>staque para as concentrações verificadas na estação <strong>de</strong> coleta CO9,em março <strong>de</strong> 2005, que obteve o valor mínimo <strong>de</strong> 14 µg L -1 .As concentrações do íon amônio, registradas nas estações <strong>de</strong> coleta, apresentaramoscilações entre seus valores durante o período <strong>de</strong> estudo e entre as estações. As maioresconcentrações <strong>de</strong>sse nutriente foram registradas em duas estações <strong>de</strong> coleta CO1 e CO8,<strong>de</strong>stacando-se a CO8, em fevereiro <strong>de</strong> 2006 (43,91µgL -1 , Figura 14). As menoresconcentrações <strong>de</strong> amônio, <strong>de</strong> modo geral, foram registrados nas estações <strong>de</strong> coleta CO5 eCO8, principalmente na estação CO4, em agosto <strong>de</strong> 2006 (2,69µgL -1 ). A distribuiçãotemporal do íon amônio não seguiu um padrão <strong>de</strong>finido durante o período <strong>de</strong> estudo, tendosido observada apenas uma tendência <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> maiores valores nas estações emfevereiro e maio <strong>de</strong> 2006 (Figura 14).Figura 12. Concentração <strong>de</strong> nitrito na coluna d’água nas estações <strong>de</strong> coleta doreservatório <strong>de</strong> São Simão, durante o período <strong>de</strong> estudo na profundida<strong>de</strong> do Secchi.


121Figura 13. Concentrações <strong>de</strong> nitrato na coluna d’água nas estações <strong>de</strong> coleta noreservatório <strong>de</strong> São Simão, durante o período <strong>de</strong> estudo na profundida<strong>de</strong> do Secchi.Figura 14. Concentração <strong>de</strong> amônio na coluna d’água nas estações <strong>de</strong> coleta doreservatório <strong>de</strong> São Simão, durante o período <strong>de</strong> estudo na profundida<strong>de</strong> do Secchi.


1223.3.2. Fósforo total e dissolvidoOs resultados relativos ao fósforo solúvel, embora não tenha sido freqüentemente<strong>de</strong>tectado, mostraram uma variação espaço-temporal entre seus valores nas estações <strong>de</strong> coleta.Foi observado que as maiores concentrações <strong>de</strong>sse nutriente ocorreram nas estações <strong>de</strong> coletaCO6 e CO8, durante os meses <strong>de</strong> chuva (fevereiro <strong>de</strong> 2006) com 26,51µgL -1 e 28,86µgL -1 eem outubro <strong>de</strong> 2006 com 29,65µgL -1 . Enquanto durante períodos <strong>de</strong> seca (junho/05 eagosto/06) foram registrados valores inferiores <strong>de</strong> até 0,15µgL -1 na estação CO6 e <strong>de</strong>0,93µgL -1 nas estações CO1 e CO2. Todos os resultados obtidos estão apresentados na Figura15.As concentrações <strong>de</strong> fósforo total apresentaram variações expressivas entre seusvalores ao longo do período do estudo. Os maiores valores foram encontrados nas estaçõesCO9, CO8 e CO5, durante os meses marcados por chuvas na região, principalmente naestação <strong>de</strong> coleta CO8, em <strong>de</strong>zembro/05, fevereiro e outubro <strong>de</strong> 2006, quando foram medidosvalores <strong>de</strong> 78,87; 63,68 e 54,75µgL -1 . Os menores valores <strong>de</strong> fósforo total ocorreram nasestações <strong>de</strong> coleta CO1 e CO2, em outubro <strong>de</strong> 2006, com valor <strong>de</strong> 2,48µgL -1 (Figura 15).estudo.Figura 15. Fósforo solúvel da água das estações <strong>de</strong> coleta, durante o período <strong>de</strong>


123Figura 16. Fósforo total da água das estações <strong>de</strong> coleta, durante o período <strong>de</strong> estudo.3.3.3 Análise da razão N/P no reservatórioO resultado referente à análise conjunta entre a razão N/P encontrados nas amostrascoletadas do reservatório <strong>de</strong> São Simão estão apresentados na Figura 16. Os resultadosmostraram uma variabilida<strong>de</strong> espacial ao longo do período <strong>de</strong> estudo. De modo geral, foramobservadas amplas oscilações ao longo do período <strong>de</strong> estudo e não foi <strong>de</strong>tectada uma relaçãoinversamente proporcional entre si em todas as estações <strong>de</strong> coleta. A razão N/P apresentouseus maiores valores na estação CO6 com 250,08µgL -1 em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005 (Figura 16). Namesma Figura observa-se que todas as estações tiveram uma relação N/P positiva. Osmenores valores encontrados para esta razão estiveram associados aos meses <strong>de</strong> chuva(maio/06 e outubro/06), sugerindo uma entrada <strong>de</strong> fósforo neste período. A menor variaçãoentre os valores <strong>de</strong>sta razão foi observada em outubro <strong>de</strong> 2006, na estação CO9, com valoresoscilando entre 4,25µgL -1 (Figura 16).


124Razão N / P25020<strong>01</strong>5<strong>01</strong>00CO1C O2CO4CO5CO6CO8CO9CO10500mar.05 jun.05 set.05 <strong>de</strong>z.05 fev. 06 mai.06 ago.06 out.06Período (mês)Figura 17. Valores calculados entre a razão N/P da água nas estações <strong>de</strong> coleta noreservatório <strong>de</strong> São Simão durante o período <strong>de</strong> estudo3.3.4 Índice <strong>de</strong> estado trófico no reservatórioNa Figura 17 é apresentada a variação temporal do índice <strong>de</strong> Carlson (<strong>19</strong>77)modificado, para o reservatório <strong>de</strong> São Simão. Examinando os gráficos, nota-se que todas asestações <strong>de</strong> coleta apresentaram oscilações do seu estado trófico ao longo do período doestudo.Os valores do índice do estado trófico calculado para cada variável (Secchi, clorofilaa,fósforo total e fósforo solúvel) e para cada amostragem e trimestralmente, po<strong>de</strong>m serobservados na Figura 17. Os valores médios <strong>de</strong> IET, ou seja, média das variáveis acimacitadas que entram no cálculo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do grau <strong>de</strong> trofia do ambiente, indicam quepara ambos os períodos <strong>de</strong> amostragem, 62,5% <strong>de</strong>sses períodos amostrados classificaram-secomo oligotróficos e apenas 37,5% como mesotróficos, como amostrado na Figura 17.Entretanto, na mesma Figura 17, nota-se que a média <strong>de</strong> todas as estações <strong>de</strong> coletaapresentaram oscilações do seu estado trófico ao longo do período do estudo.Alguns períodos mostraram algumas semelhanças. Com exceção do IET para aclorofila-a e fósforo solúvel, que apresentaram condições oligotróficas entre fevereiro e maio<strong>de</strong> 2006, todos os <strong>de</strong>mais mostraram condições mesotróficas. Em relação à primeira coleta,março <strong>de</strong> 2005, o reservatório apresentou condição mesotrófica para todos os parâmetros


125analisados. Em relação ao terceiro gráfico, nota-se que entre junho e final <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>2005 ocorreu uma redução acentuada do seu nível trófico para condições oligotróficas emrelação ao fósforo total.Analisando os resultados do índice <strong>de</strong> estado trófico para a transparência da água <strong>de</strong>todas as estações ao longo do período <strong>de</strong> estudo, foram constatadas variações espaçotemporaisentre os valores. De uma forma geral, foi registrada uma condição oligotrófica nascoletas <strong>de</strong> junho a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005 e <strong>de</strong> agosto a outubro <strong>de</strong> 2006, enquanto a condiçãomesotrófica <strong>de</strong> fevereiro ao mês maio <strong>de</strong> 2006, período <strong>de</strong> seca, Já o índice <strong>de</strong> estado tróficopara o parâmetro clorofila-a manteve-se como oligotrófico durante gran<strong>de</strong> parte do período <strong>de</strong>estudo, com tendência a mesotrofia em março/05, <strong>de</strong>zembro/05 e fevereiro/06.Para fósforo total, os resultados do índice apresentaram maiores valores, quandocomparados aos obtidos para Secchi, clorofila-a e fósforo solúvel (Figura 17). No entanto,teve uma redução bastante acentuada no índice no período entre março a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.O ínidice <strong>de</strong> estado trófico médio <strong>de</strong> Toledo et al. (<strong>19</strong>83), apresentou resultados comum padrão temporal alternando o estado trófico da água <strong>de</strong> mesotrófico para oligotrófico e<strong>de</strong>ste novamente para mesotrófico, e <strong>de</strong> mesotrófico para oligotrófico até a última coleta.


126Índice do estado trófico6050403020605040302060504030206050403020mar.05 jun.05mar.05 jun.05mar.05 jun.05mar.05 jun.05Clorofila-aset.05 <strong>de</strong>z.05 fev.06 mai.06 ago.06 out.06set.05 <strong>de</strong>z.05 fev.06 mai.06 ago.06 out.06set.05 <strong>de</strong>z.05 fev.06 mai.06 ago.06 out.06IET médioset.05 <strong>de</strong>z.05 fev.06 mai.06 ago.06 out.06DataFósforo totalFósforo solúvelEMOEMOEMOEMOFigura 18. Valores dos índices <strong>de</strong> estado trófico para clorofila-a, fósforo total, fósforo solúvele o índice <strong>de</strong> estado trófico médio (Toledo et al., <strong>19</strong>83) no reservatório. As categorias estãorepresentadas pelas letras O (oligotrofia, < 44), M (mesotrofia, >44 e 54).


1273.3.5 Variáveis biológicas3.3.5.1 Concentrações <strong>de</strong> clorofila-a no reservatórioOs resultados obtidos para as concentrações <strong>de</strong> clorofila-a nas amostras doreservatório estão apresentados na Figura <strong>19</strong>. Os valores mostraram que as concentrações nãoforam muito elevadas, sendo em geral sempre abaixo <strong>de</strong> 12µgL -1 . As maiores e menoresconcentrações ocorreram durante o período <strong>de</strong> chuva, principalmente nas estação CO1, CO2 eCO8 em março <strong>de</strong> 2005 e outubro <strong>de</strong> 2006 (14,31µgL -1 , 12,83µgL -1 e 0,18µgL -1 ),respectivamente. Foram observados logo no inicio da coleta, março <strong>de</strong> 2005, maiores valoresaté ao máximo <strong>de</strong> 14,31µgL -1 , com uma redução em setembro e uma estabilização <strong>de</strong>fevereiro/06 até o final do nosso período <strong>de</strong> coleta (Figura <strong>19</strong>).Figura <strong>19</strong>. Variação das concentrações <strong>de</strong> clorofila-a nas estações <strong>de</strong> coleta3.3.6 Biovolume relativo (%) <strong>de</strong> células das cianobactériasO biovolume relativo <strong>de</strong> cianobactérias com relação o biovolume <strong>de</strong> fitoplânctontotal está representado na Figura 20. Os resultados da contagem <strong>de</strong> algas mostraram apresença dominante do gênero Microcystis, com algumas ocorrências <strong>de</strong> Anabaena (Giani,2007) em todos os períodos <strong>de</strong> dominância <strong>de</strong> cianobactérias no fitoplâncton total (dados nãoapresentados).


128Durante o ciclo bi-anual <strong>de</strong> coletas foi verificada uma variação espaço-temporal nobiovolume tanto do fitoplâncton total como especificamente das cianobactérias, ao longo doperíodo <strong>de</strong> estudo. O biovolume do fitoplâncton total teve uma oscilação em todas as estações<strong>de</strong> coleta, com valores que atingiram até 100% e apresentaram mínimos <strong>de</strong> 0,87, e 0,92 %respectivamente. Porém, o biovolume <strong>de</strong> cianobactérias variou entre um máximo <strong>de</strong> 55,75µm³L -1 e mínimo <strong>de</strong> 0,004µm³L -1 e entre um máximo <strong>de</strong> 1149,83µm³L -1 e um mínimo <strong>de</strong>0,<strong>01</strong>% nas estações CO8 e CO9 respectivamente. Constatou-se que, na maioria das estações<strong>de</strong> coleta, a classe Cyanophyceae foi a mais abundante pelo menos em cinco das oitocampanhas <strong>de</strong> coleta, representando entre 51,49% a 99,99% do fitoplâncton total.Em maio <strong>de</strong> 2006, o maior biovolume relativo <strong>de</strong> cianobactérias ocorreu na estaçãoCO6, com 99,99%, para a classe Cyanophyceae. O menor biovolume relativo foi <strong>de</strong> 51,49%.Nesta última estação, nas últimas quatro coletas quase as cianobactérias <strong>de</strong>sapareceram(Figura 20).A classe Cyanophyceae foi bem representada no mês <strong>de</strong> fevereiro nas estações CO1,CO2, CO5, CO6 e CO9, quatro das quais cianobactérias já tinham sido encontradas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aprimeira coleta <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005 (Figura 20).


129Biovolume (10 3 µm 3 L -1 em %)100755025<strong>01</strong>00755025<strong>01</strong>00755025<strong>01</strong>00755025<strong>01</strong>00755025<strong>01</strong>00755025<strong>01</strong>00755025<strong>01</strong>007550250C-<strong>01</strong>2-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06C-022-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06C-042-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06C-052-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06C-062-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06C-082-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06C-<strong>09</strong>2-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06C-102-3/3/05 8/6/05 9/9/05 20/12/05 8/2/06 5/5/06 8/8/06 25/10/06Tempo (dia)Figura 20. Porcentagem <strong>de</strong> cianobactérias, relativa ao biovolume total <strong>de</strong> espéciesfitoplanctônicas durante o período <strong>de</strong> estudo.


1304 DiscussãoOs reservatórios funcionam, ao interceptar o fluxo <strong>de</strong> água <strong>de</strong> um rio, como coletores<strong>de</strong> eventos, proporcionando informações fundamentais sobre as bacias hidrográficas.Constituem importantes centros <strong>de</strong> convergência das várias ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na baciahidrográfica, inclusive <strong>de</strong> seus usos e aspectos sócio-econômicos. Além disso, as informaçõesintroduzidas no reservatório, como a entrada <strong>de</strong> materiais em suspensão, nutrientes, poluentes,entre outros, interferem nos processos <strong>de</strong> organização das comunida<strong>de</strong>s planctônica, perifíticae píscicola, bem como na composição química da água e do sedimento.Para Klug & Tiedje (<strong>19</strong>93), o aumento <strong>de</strong> material alóctone, a comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica, constituída <strong>de</strong> assembléias <strong>de</strong> espécies e apresentam característicasmorfológicas e fisiológicas muito diferentes, com respostas diferentes cuja organização é umacomponente essencial para a compreensão do funcionamento <strong>de</strong> um ecossistema (SegundoKarr (<strong>19</strong>91), o conhecimento da composição taxonômica dos grupos constitui uma fonte <strong>de</strong>informação necessária para diagnose e avaliação <strong>de</strong> poluição (Descy & Coste, <strong>19</strong>90). Comefeito, esta composição taxonômica <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas permite estabelecerverda<strong>de</strong>iras ferramentas <strong>de</strong> diagnose e <strong>de</strong> avaliação ambiental, capaz <strong>de</strong> fornecer dados sobrea caracterização ou tipificação <strong>de</strong> um corpo d’água, como a eutrofização (Descy & Coste,<strong>19</strong>90). Segundo Margalef (<strong>19</strong>83), os ambientes eutróficos apresentam menor diversida<strong>de</strong>fitoplanctônica e com dominância <strong>de</strong> poucas espécies.Na dinâmica dos grupos fitoplanctônicos estabelecidos, segundo Reynolds & Walsby(<strong>19</strong>75), Margalef (<strong>19</strong>78), Reynolds (<strong>19</strong>84) e Harris & Trimbee (<strong>19</strong>86) o fator ambiental físico<strong>de</strong>terminante do crescimento das cianobactérias, e que po<strong>de</strong> inclusive superar o efeito dosnutrientes, é a turbulência ou, alternativamente expressado, a estabilida<strong>de</strong> da coluna d’água.Para Reynolds & Walsby (<strong>19</strong>75), uma coluna d’água estável é o fator <strong>de</strong> máxima importânciano <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> “blooms” <strong>de</strong> cianobactérias em geral. Nestes casos, as cianobactériassão consi<strong>de</strong>radas capazes <strong>de</strong> dominar e alcançar elevadas biomassas, mesmo se o suplemento<strong>de</strong> nutrientes for baixo (< 15–20µgP.L -1 ).As cianobactérias são organismos comuns em todos os tipos <strong>de</strong> climas e em todasestações do ano, e sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenar fósforo como polifosfatos e <strong>de</strong> fixar nitrogênioatmosférico permite-lhes sobreviver em águas <strong>de</strong> diferentes estados tróficos e mantercrescimento mesmo durante os períodos <strong>de</strong> limitação <strong>de</strong>sses nutrientes (Paerl, <strong>19</strong>88). Por isso,não necessariamente são indicadoras <strong>de</strong> condições eutróficas, já que lagos comparativamentepobres em nutrientes apresentaram <strong>de</strong>nsas populações <strong>de</strong> Oscillatoria e Aphanizomenon.


131Do contrário, existem habitats aquáticos ricos em nutrientes nos quais, emboraocorram vários táxons <strong>de</strong> cianobactérias, estas são incapazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar as células das algaseucariontes apesar dos altos conteúdos <strong>de</strong> nutrientes nos ambientes (Steinberg & Hartmann,<strong>19</strong>88).Steinberg & Hartmann (op. cit) revisaram e resumiram algumas das característicasecológicas das cianobactérias em quatro condições:(1) quando a turbulência é pequena, as cianofíceas po<strong>de</strong>m constituir <strong>de</strong>nsaspopulações; (2) ao contrário, com a turbulência alta ou o padrão <strong>de</strong> mistura for irregular tantono espaço quanto no tempo (como nos rios e <strong>de</strong>mais ambientes lóticos), as cianobactériasserão <strong>de</strong>slocadas; (3) na presença <strong>de</strong> turbulência freqüente ou permanente, mas comprofundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mistura menores, ou não muito maiores do que a profundida<strong>de</strong> da zonaeufótica (como no caso dos lagos rasos não estratificados, eutróficos ou hipereutróficos na suamaioria), as cianobactérias po<strong>de</strong>rão dominar os estrategistas do tipo r (criptofíceas, algumasdiatomáceas e clorófitas) em <strong>de</strong>terminadas condições que incluem baixas razões N/P (entre20–30µg.L -1 ), alta temperatura da água (geralmente maior do que 21ºC), alto pH(normalmente maior que nove) e baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz e (4) se a turbulência for estávelpor longo período <strong>de</strong> tempo e a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mistura for gran<strong>de</strong> Z mix / Z eu > 2–3 m,conforme Reynolds & Walsby, <strong>19</strong>75), porém, não maior do que 10–15m, as cianobactériastolerantes à turbulência e especialmente espécies <strong>de</strong> Oscillatoria serão capazes <strong>de</strong> se adaptar(Reynolds, <strong>19</strong>84).De acordo com Zohary & Robarts (<strong>19</strong>89); Bormans et al. (<strong>19</strong>97); Brookes et al.(<strong>19</strong>99); Nakano et al. (20<strong>01</strong>), a estratificação térmica e a mistura da coluna d’água<strong>de</strong>sempenham um papel fundamental como fatores responsáveis pela origem <strong>de</strong> florações <strong>de</strong>cianobactérias. Além <strong>de</strong> elas tirarem vantagem da estratificação, por se acumularem nasuperfície, por causa <strong>de</strong>sta acumulação, elas modificam o seu ambiente <strong>de</strong> maneira a manteras condições assegurando a sua posição dominante (Vincent, <strong>19</strong>89). Por exemplo, ascianobactérias extenuam pela fotossíntese as reservas CO 2 provocando um aumento do pH(Shapiro <strong>19</strong>97) e reduzem a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz disponível nas camadas subjacentes (Schefferet al. <strong>19</strong>97).O período <strong>de</strong> estudo 2005 e 2006, com base na análise dos dados <strong>de</strong> precipitaçãopluviométrica, obtidos na estação meteorológica da CEMIG em São Simão, apresentoucaracterísticas climáticas bem distintas, ou seja, um período caracterizado por menoresvalores <strong>de</strong> precipitação e temperatura, o período das chuvas e outro das secas. SegundoKöppen, nas regiões tropicais o clima é classificado com CWA, ou seja, o período <strong>de</strong> verão


132apresenta temperaturas e índices pluviométricos mais elevados, enquanto que o período <strong>de</strong>inverno apresenta temperaturas mais baixas e menores índices pluviométricos.Os valores das temperaturas do ar no período consi<strong>de</strong>rado também mantiveram umatendência sazonal, com os maiores valores médios compreendidos nos meses <strong>de</strong> verão e osmenores valores médios associados aos meses <strong>de</strong> inverno.O período <strong>de</strong> 2005 a <strong>19</strong> <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2006 do presente trabalho mostrou 256 mm comovalor máximo médio diário da precipitação em novembro <strong>de</strong> 2005. De acordo com os critériosem Niemer (<strong>19</strong>89), po<strong>de</strong>-se afirmar que a estação chuvosa ocorreu entre janeiro e março enovembro a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005 e janeiro a março <strong>de</strong> 2006. O resto do ano correspon<strong>de</strong>u ameses sub-secos (abril, junho, julho) e secos (fevereiro), setembro e outubro), provavelmentepor causa <strong>de</strong> interrupção drástica das chuvas. Nos trópicos, ocorrem duas estações chuvosasbem <strong>de</strong>finidas <strong>de</strong>, aproximadamente, igual duração.O vento e a precipitação são duas das principais funções <strong>de</strong> força <strong>de</strong>terminantes domecanismo <strong>de</strong> funcionamento dos ecossistemas aquáticos, uma vez que oscilações natemperatura da água, turbulência e conseqüente mistura são reguladas por esses fatores. Asinterações <strong>de</strong>stas duas principais funções <strong>de</strong> forças po<strong>de</strong>m causar pequenas variaçõesmeteorológicas observadas no interior do reservatório e tem papel prepon<strong>de</strong>rante nacirculação e mistura <strong>de</strong> massas d’água, no influxo <strong>de</strong> nutrientes críticos, e das diferenças nonível da água e afetar a produção da comunida<strong>de</strong> planctônica (Calijuri & Tundisi, <strong>19</strong>90;San<strong>de</strong>s, <strong>19</strong>90, <strong>19</strong>98).Segundo Wetzel (<strong>19</strong>81), o vento proporciona, praticamente, a totalida<strong>de</strong> da energiaque distribui o calor na massa <strong>de</strong> água, já que quando as correntes <strong>de</strong> ar se movimentamatravés da interface água/ar, sua força fricional movimenta as águas superficiais, gerandomisturas e correntes proporcionais à intensida<strong>de</strong> do vento. Além <strong>de</strong> causar esses tipos <strong>de</strong>movimentos, o vento também aumenta as taxas <strong>de</strong> esfriamento e evaporação na superfície,especialmente durante os períodos <strong>de</strong> baixa umida<strong>de</strong> atmosférica, o que po<strong>de</strong> ser suficientepara reduzir a estabilida<strong>de</strong> térmica e favorecer a mistura profunda (Beadle, <strong>19</strong>74).As condições ambientais, como velocida<strong>de</strong>s elevadas são mais <strong>de</strong>sfavoráveis para ocrescimento do fitoplâncton. A velocida<strong>de</strong> média do vento durante o período <strong>de</strong> estudo foi <strong>de</strong>1,5m.s -1 , não tendo sido observado ventos com tendência ao aumento. Segundo a escalaAnemométrica <strong>de</strong> Beaufort, todas as intensida<strong>de</strong>s presentemente medidas pu<strong>de</strong>ram classificaros ventos como “brisa leve” (1 a 2m.s -1 ), ficando evi<strong>de</strong>nciado a predominância <strong>de</strong> ventos <strong>de</strong>sudoeste, ocorridos durante o período <strong>de</strong> estudo.


133No reservatório <strong>de</strong> São Simão, a dominância <strong>de</strong> ventos marcados <strong>de</strong> SW po<strong>de</strong> gerarum hidrodinamismo pouco marcado e estabilida<strong>de</strong> d’água, favorecendo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>espécies <strong>de</strong> cianobactérias como C. raciborskii, que não formam blooms <strong>de</strong> superfície.Estudos experimentais <strong>de</strong>monstraram ainda que a temperatura ótima <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> C.raciborskii é próxima a 30°C, com um crescimento nítido positivo entre 20ºC e 30ºC (Saker& Griffiths, 2000; Briand et al., 2004). Esta espécie também é caracterizada por uma boatolerância à fortes intensida<strong>de</strong>s luminosas (Fabbro & Duivenvoor<strong>de</strong>n, <strong>19</strong>96; Dokulil & Mayer,<strong>19</strong>96; Briand et al., 2004). Assim, parece que a área central do reservatório on<strong>de</strong> se localizamas estações <strong>de</strong> coleta CO2 e CO6 é uma área homogênea em termos <strong>de</strong> fatores físicos (quefatores são esses) que po<strong>de</strong>m controlar a estrutura da comunida<strong>de</strong> fitoplâncton.Os perfis <strong>de</strong> temperatura diminuindo com a profundida<strong>de</strong> foram quase homogêneos enão foram observados perfis em que a temperatura diminuiu com a profundida<strong>de</strong>, em até 5ºC<strong>de</strong> diferença, mostrando bastante homogeneida<strong>de</strong> na coluna.Os efeitos combinados da ação dos ventos, chuvas, rotinas <strong>de</strong> operação da barragemtêm sido <strong>de</strong>scritos como possíveis causas da mistura da coluna d’água em reservatórios. EmSão Simão isto parece estar ocorrendo.Diversos estudos têm mostrado que fatores ambientais como condições climáticas,distribuição geográfica, estabilida<strong>de</strong> térmica, pH, condutivida<strong>de</strong> elétrica, temperatura,oxigênio dissolvido, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes e as inter e intra-relações tróficas dosorganismos com estes fatores representam condicionantes às variações na estrutura e dinâmicadas comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas (Lund, <strong>19</strong>65); Shapiro, <strong>19</strong>73, Porter, <strong>19</strong>77; Shapiro, <strong>19</strong>84;Reynolds, <strong>19</strong>84; Smith, <strong>19</strong>86; Padisák et al., <strong>19</strong>88; Shapiro, <strong>19</strong>90; Reynolds et al., <strong>19</strong>93,Padisák & Reynolds, <strong>19</strong>98; Istvánovics et al., 2002; Hwang et al., 2003.Para a discussão dos parâmetros físico-químicos é importante observar ascaracterísticas mistas entre os regimes lóticos e lênticos apresentados por um reservatório, quetem heterogeneida<strong>de</strong> espacial entre características fluviais, <strong>de</strong> transição e lacustre,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo principalmente da distância da barragem e regime <strong>de</strong> vazão (Straskraba &Tundisi, 2000). De acordo com Lind et al. (<strong>19</strong>93), a compartimentalização <strong>de</strong> represas criagradientes longitudinais com condições tróficas distintas, sendo a região mais a montante darepresa caracterizada por condições similares à <strong>de</strong> um rio e com condições mais oligotróficas,enquanto a área próxima à barragem geralmente apresenta condições mais eutróficas ecaracterísticas mais semelhantes às <strong>de</strong> um lago, como po<strong>de</strong> ser observado no presente estudoem três estações <strong>de</strong> coleta (CO8, CO9 e CO10), que se localizam na entrada dos rios.


134Os perfis <strong>de</strong> temperatura, concentração <strong>de</strong> oxigênio dissolvido, condutivida<strong>de</strong>elétrica e <strong>de</strong> pH da coluna d’água nas estações <strong>de</strong> coleta durante o período <strong>de</strong> estudomostraram uma variação sazonal em função da profundida<strong>de</strong>, ou seja, os menores valoresocorreram nos meses em que o aquecimento é mínimo, e os maiores quando é máximo oaquecimento da coluna d’água, geralmente atribuídas na literatura a diferenças da temperaturaou <strong>de</strong>vido a características <strong>de</strong> vazão. A localização (um local aberto, afastado das margens ecom correnteza consi<strong>de</strong>rável) da estação <strong>de</strong> coleta provavelmente po<strong>de</strong> influenciar nestavariação.Os perfis <strong>de</strong> temperatura do presente estudo mostram a completa isotermia da colunad’água na maioria das estações <strong>de</strong> coleta, sendo poucos os casos da presença <strong>de</strong> estratificaçãotérmica, embora tenha sido observada à formação <strong>de</strong> pequeníssimas estratificações emalgumas estações <strong>de</strong> coleta. Outros perfis <strong>de</strong> temperatura mostraram uma diminuição com aprofundida<strong>de</strong>, em até 5ºC <strong>de</strong> diferença. O efeito combinado da ação dos ventos, chuvas,rotinas <strong>de</strong> operação da barragem e entrada alóctone no reservatório têm sido <strong>de</strong>scrito comopossível causa da mistura da coluna d’água <strong>de</strong> reservatórios.Em geral, nos perfis físico-químicos <strong>de</strong>ste trabalho não foi constatada nenhumaestratificação térmica acentuada, sem formação do epilimnio <strong>de</strong> águas mais quentes ehipolimnio <strong>de</strong> águas mais frias que po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>limitados pelo metalimnio, região com um<strong>de</strong>créscimo abrupto <strong>de</strong> temperatura, maior que 1ºC por metro (Wetzel, <strong>19</strong>75, 20<strong>01</strong>).Os valores do pH encontrados nas oito amostragens <strong>de</strong>ste estudo estiveramdistribuídos com uma ligeira redução com a profundida<strong>de</strong> do sedimento em quase todos osperfis das coletas. Os resultados <strong>de</strong>ste estudo <strong>de</strong>monstraram condição levemente alcalina nasuperfície ou subsuperficie, com tendência a uma condição levemente ácida em profundida<strong>de</strong>smaiores nas estações <strong>de</strong> coleta. Segundo Talamoni (<strong>19</strong>95) baixas flutuações nos valores <strong>de</strong> pHsugerem que os corpos d’água têm um eficiente sistema <strong>de</strong> tamponamento ou aceleradadinâmica metabólica. O pH é consi<strong>de</strong>rado uma importante variável para a dinâmica dossistemas aquáticos, pois além <strong>de</strong> interferir no metabolismo <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s aquáticas e nasolubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes, sofre variações em função dos processos fotossintéticos,respiratórios e <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição (Esteves, <strong>19</strong>98). Pereira (2003) e Lima (2004), encontraramaltos valores <strong>de</strong> pH em alguns reservatórios <strong>de</strong> São Paulo e correlacionaram este fato àocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias.De acordo com Esteves (<strong>19</strong>98), a redução dos valores <strong>de</strong> pH durante o períodochuvoso está provavelmente relacionada com o maior aporte <strong>de</strong> matéria orgânica lixiviada dosolo que, por sua vez, influencia a produção <strong>de</strong> CO2, conseqüentemente, <strong>de</strong> HCO3 e outros


135compostos com características ácidas que são responsáveis pelas variações do pH.A condutivida<strong>de</strong> elétrica da água representa uma importante variável limnológica,uma vez que me<strong>de</strong> a capacida<strong>de</strong> da água em conduzir corrente elétrica (Welch, <strong>19</strong>48; Wetzel& Likens, <strong>19</strong>91), fornecendo informações a respeito do metabolismo do ecossistema aquáticoe dos fenômenos que ocorrem na bacia <strong>de</strong> drenagem (Esteves, <strong>19</strong>98). A condutivida<strong>de</strong> refletea concentração <strong>de</strong> minerais na forma iônica e tipo <strong>de</strong> íons, po<strong>de</strong>ndo ser utilizada comoindicador das concentrações <strong>de</strong> sais minerais na água. A variação da condutivida<strong>de</strong> forneceindicações sobre o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição da matéria orgânica, pois geralmente se verificaum aumento <strong>de</strong> valores à medida que este processo é intensificado (Branco, <strong>19</strong>86).Valores <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> entre 175-200µS.cm -1 foram consi<strong>de</strong>rados normais porPayne (<strong>19</strong>86) e com base nesses valores, os medidos no presente trabalho são consi<strong>de</strong>radosbastante baixos, sendo obtido o maior valor <strong>de</strong> 62µS.cm -1 em setembro <strong>de</strong> 2005, estação <strong>de</strong>coleta CO9 e como o menor valor 29µS.cm -1 , em agosto <strong>de</strong> 2006, na estação <strong>de</strong> coleta CO10.Payne (op. cit.) consi<strong>de</strong>ra que as baixas condutivida<strong>de</strong>s são características <strong>de</strong> águas tropicaisque possuem dureza, concentrações iônicas e materiais em suspensão também baixos.A temperatura da água é uma outra variável importante na dinâmica dos ambientesaquáticos, pois influencia no metabolismo das comunida<strong>de</strong>s, bem como po<strong>de</strong> causaralterações na estrutura física da coluna d’água, promovendo a circulação ou estratificação daágua e, conseqüentemente, alterando a disponibilida<strong>de</strong> dos nutrientes (Margalef, <strong>19</strong>83;Esteves, <strong>19</strong>88). A termoclina atua como uma barreira à difusão e circulação dos componentesquímicas entre as diferentes camadas <strong>de</strong> água.A variação <strong>de</strong> temperatura da água no reservatório <strong>de</strong> São Simão revelou um padrãosazonal, com altas temperaturas registradas na estação <strong>de</strong> chuva, em <strong>de</strong>corrência da maiorinsolação e presença <strong>de</strong> partículas em suspensão capazes <strong>de</strong> absorver energia solar e acumularcalor. As menores temperaturas foram registradas no período <strong>de</strong> seca na região, caracterizadapor um inverno seco, com chuvas escassas ou ausentes. Embora seja admitido que a variaçãoda temperatura da água tenha apresentado influência relacionada às mudanças na temperaturado ar ao longo do estudo, é importante ressaltar que em razão da gran<strong>de</strong> extensão doreservatório, as coletas foram realizadas em diferentes horários, variando das 8:00 horas às 17horas. Estes aspectos reforçam a importância da radiação solar e da umida<strong>de</strong> relativa como<strong>de</strong>cisivos na variação entre os locais <strong>de</strong> coleta.Entre os aspectos limnológicos analisados, certamente a temperatura é o principalfator a ser consi<strong>de</strong>rado, uma vez que este parâmetro influencia as proprieda<strong>de</strong>s físicas equímicas em toda a coluna d’água e, por conseqüência direta ou indiretamente reflete na


136estrutura das comunida<strong>de</strong>s biológicas (Hutchinson, <strong>19</strong>57; Esteves, <strong>19</strong>98).O oxigênio dissolvido na água é um dos fatores mais importantes na dinâmica e nacaracterização dos ecossistemas aquáticos, por influenciar a sobrevivência das comunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sses ecossistemas, além <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> vários processos químicos (Esteves, <strong>19</strong>98). Ocomportamento das concentrações <strong>de</strong>sta variável é influenciado pela temperatura, que afeta asolubilida<strong>de</strong> dos gases na água. Deste modo, o aumento da temperatura, característico dosmeses <strong>de</strong> verão, reduz a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio dissolvido nos ambientes aquáticos.Segundo Esteves (Op. Cit), nos corpos d’água, as principais fontes <strong>de</strong> oxigênio são asativida<strong>de</strong>s fotossintéticas do fitoplâncton e macrófitas, a difusão e a turbulência. Por outrolado, as perdas po<strong>de</strong>m ocorrer pelo consumo da matéria orgânica, perdas para atmosfera,respiração <strong>de</strong> organismos aquáticos e oxidação <strong>de</strong> íons metálicos, como o ferro e o manganês(Esteves, Op. Cit). Este autor consi<strong>de</strong>ra ainda que altas concentrações <strong>de</strong> amônioinfluenciariam fortemente a dinâmica do oxigênio, já que para oxidar 1 mg <strong>de</strong> (NH - 4 ) sãonecessários, praticamente, 4,3 mg <strong>de</strong> oxigênio.Durante o período <strong>de</strong> estudo, foram encontradas altas concentrações <strong>de</strong> oxigêniodissolvido superficial no reservatório com uma variação <strong>de</strong> 10,7 mgO 2. L -1 na estação <strong>de</strong> coletaCO2, em setembro/05, a 5,1 mgO 2. L -1 na estação <strong>de</strong> coleta CO1, em fevereiro/06. Um<strong>de</strong>staque maior foi dado para aquelas coletas realizadas durante os meses <strong>de</strong> chuva, a exemplodo mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005, quando foram verificadas as maiores concentrações <strong>de</strong>ste gás. Estefato po<strong>de</strong> estar relacionado as maiores precipitações pluviométricas apresentadas na Figura 2<strong>de</strong>ste trabalho, as quais promoveram a maior circulação da água no reservatório e tambémcom a elevada vazão.Estudos realizados por Townsend (<strong>19</strong>99), em dois reservatórios na Austrália, umlocalizado numa região úmida e o outro numa região seca, <strong>de</strong>monstraram que, em geral, amaior concentração <strong>de</strong> oxigênio dissolvido foi encontrada no lago situado na região úmida,sendo que a menor concentração registrada <strong>de</strong>ste gás no lago da região seca foi <strong>de</strong>vida,principalmente ao efeito da temperatura e ao estado trófico do reservatório.O perfil vertical <strong>de</strong> distribuição do oxigênio dissolvido durante o período <strong>de</strong> estudo,não apresentou situações <strong>de</strong> estratificação na coluna d’água, com concentrações <strong>de</strong>crescentesnão robustas <strong>de</strong>ste em relação à profundida<strong>de</strong>, ou seja, com os maiores valores na superfície eos menores valores nas camadas mais profundas com uma variação bem pequena. SegundoEsteves (<strong>19</strong>98), a formação do gradiente vertical do oxigênio se assemelha à dos gradientestérmicos, uma vez que a distribuição <strong>de</strong>ste gás está, em parte, associada aos perfis <strong>de</strong>temperatura.


137Os macronutrientes e micronutrientes, tais como NT, N-NO 2 , N-NH 4 , N-NO 3 , PT,PO 4, SiO 2, CO 2 e Fe também são elementos essenciais indispensáveis ao crescimento da biotaaquática. Particularmente o processo <strong>de</strong> eutrofização ou enriquecimento nutricional dosreservatórios <strong>de</strong> água favorece o crescimento abundante não controlado das microalgasconduzindo à formação das <strong>de</strong>nominadas florações ou “blooms”. As florações <strong>de</strong>cianobactérias adquirem notável, importância quando as espécies responsáveis pelas floraçõessão produtoras <strong>de</strong> metabólitos secundários voláteis, que possuem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar oscaracteres organolépticos da água conferindo odores e sabores <strong>de</strong>sagradáveis. Mais ainda,quando se trata <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> cianobactérias com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir toxinas, as quaisrepresentam um sério risco para a saú<strong>de</strong> humana e animal.Os nutrientes intracelulares no fitoplâncton, principalmente P e N, são importantescomponentes celulares diretamente ligados ao armazenamento <strong>de</strong> energia da célula, comoATP e GTP. Além disso, o fósforo faz parte da composição <strong>de</strong> ácidos nucléicos, nucleotí<strong>de</strong>os,fosfoproteínas, hormônios, fosfolipídios, várias coenzimas, <strong>de</strong>ntre outros que são <strong>de</strong>spejados<strong>de</strong> forma dissolvida ou particulada em lagos, reservatórios e rios (Esteves, <strong>19</strong>98).Os compostos são então transformados em matéria viva pelo metabolismo dofitoplâncton, po<strong>de</strong>m em excesso provocar a mudança do estado trófico, promovendo aeutrofização dos ecossistemas aquáticos e, conseqüentemente, ocasionar danos consi<strong>de</strong>ráveispara o meio ambiente. Entretanto, é importante lembrar que na água os elementos que existembiodisponíveis são formas combinadas <strong>de</strong>sses elementos, como por exemplo, vários tipos <strong>de</strong>fosfato (PO 4 , HPO 4 , H2PO 4 ) (Snoeyink & Jenkins, <strong>19</strong>80). Segundo Esteves (<strong>19</strong>98), esseselementos quando presentes em baixas concentrações po<strong>de</strong>m atuar como fatores limitantes daprodutivida<strong>de</strong> primária nos ecossistemas aquáticos, lagos, rios e reservatórios.O amônio é uma das principais fontes nitrogenada absorvida pelos organismos, comoas cianobactérias (Yunes et al., <strong>19</strong>90; Boussiga & Gibson, <strong>19</strong>91; Hyenstrand et al.,<strong>19</strong>98). Osresultados obtidos para os nutrientes <strong>de</strong> séries nitrogenadas e fosfatadas, amostrados durante operíodo <strong>de</strong> estudo, revelaram aspectos espaciais e temporais, quais sejam: relativamente omaior aumento do íon amônio (N-NH 4 ) na estação <strong>de</strong> coleta CO8 seguida <strong>de</strong> CO1 nas coletas<strong>de</strong> fevereiro e maio <strong>de</strong> 2006 e foram observados menores valores nas estações CO8 e CO5,em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005. O aumento da concentração <strong>de</strong> N-NH 4 nas duas estações <strong>de</strong> coletapo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida, principalmente, ao aumento da respiração e à <strong>de</strong>composição, além do quesimultaneamente à diminuição da concentração <strong>de</strong> oxigênio dissolvido nas coletas <strong>de</strong>fevereiro em torno <strong>de</strong> 6µg.L -1 . Todos os processos <strong>de</strong> respiração e <strong>de</strong>composição da partenitrogenada facilitam, segundo Esteves (<strong>19</strong>98), a amonificação por organismos heterotróficos.


138Segundo Reynolds (<strong>19</strong>84) concentrações maiores e “irregulares” <strong>de</strong> amônio muitasvezes ocorrem após o colapso das florações <strong>de</strong> cianobactérias do gênero Microcystis.Entretanto, baixos valores <strong>de</strong> amônio po<strong>de</strong>m ser observados em <strong>de</strong>corrência do aumento nabiomassa do fitoplâncton consumidor.Estudos realizados por Branco (<strong>19</strong>91), no Lago Paranoá (Brasília–DF), evi<strong>de</strong>nciaramconcentrações médias relativamente altas <strong>de</strong> amônio, principalmente em pontos próximos azonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejos dos efluentes provindos das estações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotos. Noreservatório <strong>de</strong> São Simão, os rios são fontes potenciais <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo,<strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> áreas ribeirinhas ao longo <strong>de</strong> seus percursos sob a influência antrópica,nas margens dos rios, incluindo com processos erosivos, as quais contribuem para promoveras alterações físicas, químicas e biológicas <strong>de</strong> suas águas. Segundo Margalef (<strong>19</strong>83), combase na qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> um rio, po<strong>de</strong>-se mo<strong>de</strong>lar a integrida<strong>de</strong> da bacia hidrográfica e <strong>de</strong>reservatório através <strong>de</strong> equações diferenciais ordinárias e parciais, equações <strong>de</strong> diferenças eequações diferenciais com retardamento, levando-se em conta a interação entre os processosdinâmicos biológicos, químicos e físicos que acontecem ao longo do tempo.O íon nitrito é a forma oxidada do nitrogênio mais instável po<strong>de</strong>ndo passar paranitrato ou voltar para amônio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das concentrações <strong>de</strong> oxigênio no meio. SegundoBronnark & Hansson (<strong>19</strong>98), é esperado que seu perfil siga o das concentrações <strong>de</strong> oxigêniodissolvido. Através dos resultados do presente trabalho foram observadas situações <strong>de</strong>maiores concentrações quase em todas estações <strong>de</strong> coleta, <strong>de</strong> março e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, e emfevereiro e outubro <strong>de</strong> 2006, talvez <strong>de</strong>vidas à diminuição da taxa <strong>de</strong> amonificação nesta coletapor conta das concentrações relativamente altas <strong>de</strong> oxigênio. Este fato favoreceria a presença<strong>de</strong> valores maiores <strong>de</strong> nitrato. Sendo registrados menores valores em junho <strong>de</strong> 2005 em todasas estações.Segundo Morris (<strong>19</strong>80), o nitrito po<strong>de</strong> começar a ser utilizado como fonte <strong>de</strong>nitrogênio a partir do momento em que as concentrações <strong>de</strong> nitrato são menores do que 1-2µg.L -1 . As baixas concentrações do nitrito nas estações <strong>de</strong> coleta po<strong>de</strong>m estar relacionadas àcombinação <strong>de</strong> fatores, como a <strong>de</strong>composição da matéria orgânica e os processos <strong>de</strong>nitrificação, os quais po<strong>de</strong>m ser explicados pelos perfis <strong>de</strong> altas concentrações <strong>de</strong> oxigêniodissolvido na coluna d’água, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> uma elevada produtivida<strong>de</strong> fitoplanctônica.De acordo com Mc Marthy & Goldman (<strong>19</strong>79) apud Esteves (<strong>19</strong>88), o nitrito po<strong>de</strong> ser


139assimilado pelo fitoplâncton em situações extremas <strong>de</strong> escassez dos íons amônio ou nitrato,embora o gasto energético na assimilação <strong>de</strong>ste seja alto, quando comparado ao íon amônio.O nitrato é uma das fontes nitrogenadas mais utilizadas pelos organismos vegetais epor espécies <strong>de</strong> cianobactérias (Yunes et al., <strong>19</strong>96), quando não houver a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>amônio no meio aquático, que é a forma preferencial <strong>de</strong> assimilação dos organismos, <strong>de</strong>vidoao baixo custo energético (Boussiga & Gibson, <strong>19</strong>91, Muro-Pastor & Florêncio, 2004). Amaioria das estações <strong>de</strong> coleta se mantiveram relativamente homogêneas durante todo operíodo <strong>de</strong> amostragem, po<strong>de</strong>ndo ter ocorrido a nitrificação do amônio, a qual seria por suavez facilitada pelo oxigênio que ocorreu no fundo. Segundo Wetzel (<strong>19</strong>81), a diminuição dasconcentrações <strong>de</strong> nitrato po<strong>de</strong> ser provocada pela assimilação <strong>de</strong>ste nutriente pelosorganismos fotossintetizadores, que po<strong>de</strong> amplamente superar a entrada do NO 3 no sistema ouformação, até ocasionar em alguns casos a diminuição do nitrato à concentrações nulas ou não<strong>de</strong>tectáveis.O fósforo (P) é um elemento chave no crescimento <strong>de</strong> organismos em todos osecossistemas aquáticos. Em geral, o fitoplâncton consome fósforo para satisfazer suasnecessida<strong>de</strong>s nutritivas na forma <strong>de</strong> HPO 4 Evidências recentes sugerem que as bactériaspo<strong>de</strong>m produzir uma fonte adicional <strong>de</strong> fósforo inorgânico, ao remineralizar compostosorgânicos específicos que contêm este elemento. Este é consi<strong>de</strong>rado o sexto elemento maisabundante no sistema solar. Também caracterizado como o principal fator da produção eresponsável direto pela eutrofização artificial (Vollenwei<strong>de</strong>r, <strong>19</strong>68; Wetzel, <strong>19</strong>81; Esteves,<strong>19</strong>98).Os resultados obtidos para o fósforo total e sua fração solúvel mostraram o mesmopadrão <strong>de</strong>scrito para as fontes nitrogenadas. Fósforo total e solúvel apresentaram suas maioresconcentrações entre as coletas <strong>de</strong> março e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005 e entre fevereiro e outubro <strong>de</strong>2006, em todas as estações <strong>de</strong> coleta e segundo Tundisi (2003) esses valores são comuns emreservatórios Brasileiros. Os outros períodos <strong>de</strong> coleta apresentaram-se com os menoresvalores. As altas concentrações <strong>de</strong> fósforo total coincidiram com os meses <strong>de</strong> chuvas naregião, o que po<strong>de</strong> ser um reflexo direto da intensificação do aporte <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> materiaisalóctones <strong>de</strong> fontes pontuais e difusas. Pinto-Coelho (2004) menciona que o aumentoexpressivo nas concentrações <strong>de</strong> fósforo no reservatório <strong>de</strong> São Simão esteve condicionado,principalmente, ao elevado aporte <strong>de</strong> nutrientes e os indicadores das ativida<strong>de</strong>s agrícolas,acelerando o processo <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> estado oligotrófico para mesotrófico.Diferentes teorias têm sido estabelecidas sobre o sucesso das cianobactérias, uma dasquais é a razão N/P, que neste trabalho apresentou maior valor <strong>de</strong> 250,08 na estação <strong>de</strong> coleta


140CO6 em <strong>de</strong>z./05 e esta elevada relação po<strong>de</strong> estar associada aos altos valores registrados paraas fontes nitrogenadas, em especial para o nitrato, quantificadas em todas as estações, e aosníveis baixos <strong>de</strong> fósforo solúvel. Os menores valores <strong>de</strong>sta razão foram apresentados nasestações CO8 e CO10 também estiveram relacionados aos elevados valores das formasfosfatadas, enquanto concentrações reduzidas das fontes nitrogenadas. Estudos realizados porBouvy et al. (2003), em reservatórios localizados no semi-árido do Estado <strong>de</strong> Pernambuco,<strong>de</strong>screveram que valores da razão N/P são fortemente influenciados por eventos climáticoscomo indutores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s modificações nas estruturas física e química da água noreservatório, o que, <strong>de</strong> certa forma, torna-se um importante fator a ser consi<strong>de</strong>rado paramudanças e variabilida<strong>de</strong> sobre as condições limnológicas em um <strong>de</strong>terminado ecossistema.O estado trófico <strong>de</strong> um corpo d’água po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> forma muito confiável,a partir <strong>de</strong> diferentes critérios, como concentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvido, dados <strong>de</strong>nutrientes, medidas <strong>de</strong> biomassa (clorofila-a), disco <strong>de</strong> Secchi, presença <strong>de</strong> espéciesplanctônicas e bentônicas, etc. O uso dos índices <strong>de</strong> classificação trófica dos corpos d’águanaturais e artificiais, é claramente uma importante e útil ferramenta para organizar oconhecimento sobre os mecanismos <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>stes ambientes, avaliar os usos dabacia hidrográfica, assim como para servir <strong>de</strong> base no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas para omanejo e recuperação das áreas <strong>de</strong>gradadas (Lind et al., <strong>19</strong>93). No entanto, esta avaliação não<strong>de</strong>ve ser realizada apenas com uma ou duas <strong>de</strong>stas variáveis, mas sim por meio <strong>de</strong> um estudomais amplo, visto que o ambiente po<strong>de</strong> apresentar um estado trófico, quando avaliadosegundo um critério, e oligotrófico, quando outro critério for levado em consi<strong>de</strong>ração(Talamoni, <strong>19</strong>95).Os resultados obtidos do índice <strong>de</strong> estado trófico durante o período <strong>de</strong> estudo, emgeral, apontam para o reservatório <strong>de</strong> São Simão como caracterizado oligotrófico àmesotrófico, e mostrou-se um bom parâmetro para o monitoramento da eutrofização <strong>de</strong>reservatórios, já que Pinto-Coelho (2004) havia <strong>de</strong>tectado este mesmo estado <strong>de</strong> trofia para oreservatório <strong>de</strong> São Simão.Outra importante variável a ser consi<strong>de</strong>rada nos ecossistemas aquáticos é a clorofilaa,a qual representa o principal pigmento responsável pela fotossíntese e o conhecimento <strong>de</strong>concentrações po<strong>de</strong> dar indicativos sobre a biomassa do fitoplâncton presente no ambiente.Nos últimos anos tem se tornado cada vez mais freqüente a utilização das concentrações daclorofila-a para expressar a biomassa fitoplanctônica (Esteves, <strong>19</strong>98). A <strong>de</strong>terminação daclorofila-a também constitui uma importante ferramenta para a avaliação do estado trófico dosambientes aquáticos.


141Neste estudo as concentrações <strong>de</strong> clorofila-a apresentaram os maiores valores entreos meses <strong>de</strong> março, junho e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, período com temperaturas entre 24 a 29,9C,água predominantemente com pH entre 5 e 7, cujos valores seguem os valores para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias <strong>de</strong>scritos por Pearson (<strong>19</strong>90) e Carmichael(<strong>19</strong>94) e Yunes (<strong>19</strong>98). Condições meteorológicas (ventos <strong>de</strong> sudoeste <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> brisaleve) e <strong>de</strong> alta pluviosida<strong>de</strong> durante o mês <strong>de</strong> ocorrência da floração são fatores quecolaboraram para as florações. Os maiores picos e as maiores médias <strong>de</strong> clorofila-a ocorreramrelativamente em todas as estações <strong>de</strong> coleta no mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005 com os valoresconsi<strong>de</strong>rados i<strong>de</strong>ais para as cianobactérias por Pearson (<strong>19</strong>90). Porém, mesmo com todos osfatores favoráveis ao crescimento, os valores <strong>de</strong> clorofila-a para o reservatório <strong>de</strong> São Simão,foram relativamente baixos. Devido o tamanho pequeno (0,2 m – 2 m), populações <strong>de</strong>picofitoplâncton, dominados geralmente por cianobactérias e que também contêmficobiliproteinas que formam complexas antenas <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> luz, às vezes são organismosque predominam no ambiente (Glover, <strong>19</strong>85, Waterbury et al., <strong>19</strong>86, Ernst et al., <strong>19</strong>92).Os resultados sobre o biovolume relativo das cianobactérias do reservatório <strong>de</strong> SãoSimão mostraram que, na maioria das estações <strong>de</strong> coleta, e ao longo <strong>de</strong> todo o período <strong>de</strong>estudo, havia presença e em alguns casos a dominância <strong>de</strong> cianobactérias, principalmenterepresentadas pelos gêneros Microcystis, Anabaena, Aphanocapsa, Cyanodictyum,Epigloeosphaera,Mmerismopedia, Planktothrix, Planctonema, Pseudanabaena, Radiocystis eWoronichinia (Giani, 2007), com valores sempre superiores a 50% do fitoplâncton total. Paraa estação <strong>de</strong> coleta CO9 registrou-se uma diminuição drástica nas últimas coletas <strong>de</strong> agosto eoutubro <strong>de</strong> 2006, tendo sido observado uma diminuição contínua do biovolume dascianobactérias, quase ausentes na estação <strong>de</strong> coleta CO10 a partir da amostragem <strong>de</strong> fevereiroaté outubro <strong>de</strong> 2006. Algumas espécies <strong>de</strong> cianobactérias já tinham sido registradas emestudos anteriores neste reservatório (Jardim et al., 20<strong>01</strong>; Pinto-Coelho, 2004). Os <strong>de</strong>maisperíodos <strong>de</strong> coleta mostraram variação espacial e temporal ao longo do período <strong>de</strong> estudo. Osmaiores valores médios <strong>de</strong> biovolume <strong>de</strong> cianobactérias foram observados nas coletas <strong>de</strong>março/05 (99,1µm 3 L -1 ) e os menores em <strong>de</strong>z./05 (0,17µm 3 L -1 )Como po<strong>de</strong> ser observado a Figura 20, a diferença entre as amostras <strong>de</strong> 2005 e 2006é que foi observada a ausência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias em 2006 que começaram adiminuir após a primeira coleta <strong>de</strong>ste ano. Uma análise do biovolume <strong>de</strong>sse período sugereque outros grupos do fitoplâncton foram dominantes que outros grupos após o final dafloração <strong>de</strong> cianobactérias <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005. Neste período não foi possível obter osdados meteorológicos para relacionar, por exemplo, com precipitação, presença do vento e


142velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fevereiro a outubro <strong>de</strong> 2006 e comparar os dados do mesmo período em 2005.Nakano et al. (20<strong>01</strong>) observaram em dois anos <strong>de</strong> estudo em um lago raso, sobreflorações <strong>de</strong> fitoplâncton que em anos em que as precipitações foram abaixo da média, ascianobactérias dominavam (e.g. Anabaena, Microcystis), enquanto que o ano seguinte foimarcado por fortes precipitações e uma dominância por dinoflagelados (Ceratium).Varis (<strong>19</strong>88) mostrou que as florações <strong>de</strong> Aphanizomenon foram sensíveis àscondições presentes na primavera, no que se refere as concentrações em fósforo e nitrogênio,mas que a resposta em termos <strong>de</strong> biomassa só foi perceptível no ano seguinte.Em outro estudo realizado durante 15 anos, Varis (<strong>19</strong>93) explicou a ausência insólita<strong>de</strong> florações <strong>de</strong> Aphanizomenon durante um ano por um verão excepcionalmente frio. Umoutro estudo salienta a importância das condições meteorológicas (Stauffer, <strong>19</strong>82), indicandoque as florações <strong>de</strong> cianobactérias foram sempre associadas a dias calmos e ensolarado,precedidos por uma passagem <strong>de</strong> uma frente fria, concordando com Reynolds & Walsby(<strong>19</strong>75). Reynolds (<strong>19</strong>84) também mostrou que os dinoflagelados po<strong>de</strong>m dominar em lagoseutrofizados, quando a estabilida<strong>de</strong> da coluna d’água era baixa. As condições meteorológicas,assim, têm sido capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar um papel crucial na presença e ausência <strong>de</strong> florações<strong>de</strong> cianobactérias.De acordo com Calijuri (<strong>19</strong>99), alterações na composição e abundância dacomunida<strong>de</strong> fitoplanctônica po<strong>de</strong>m ser provocadas pela variabilida<strong>de</strong> ambiental que, atuandocom freqüências e intensida<strong>de</strong>s variáveis, po<strong>de</strong> provocar perturbações que vão entãomodificar o caráter qualitativo e quantitativo da biota, selecionando espécies, através <strong>de</strong>mecanismos competitivos.Em dois reservatórios do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro Bouvy et al. (<strong>19</strong>99, 2003)<strong>de</strong>monstraram que as mudanças climáticas (como as secas) po<strong>de</strong>m alterar o contexto físico doecossistema, criando condições i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> temperatura e irradiância para a dominância <strong>de</strong> C.raciborskii.Havens et al (2003) observaram através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los empíricos, que em ambientesaquáticos com maior turbi<strong>de</strong>z e menor penetração <strong>de</strong> luz, cianobactérias não heterocitadas enão fixadoras seriam dominantes. Uma diminuição da razão N:P favorecia o aparecimento <strong>de</strong>cianobactérias fixadoras como Anabaena. Em São Simão, os valores relativamente elevados<strong>de</strong> nitrogênio, sob forma <strong>de</strong> nitrato, provavelmente favoreceram a dominância <strong>de</strong> Microcystissobre os <strong>de</strong>mais gêneros <strong>de</strong> cianobactérias.Giani et al (2005) e Rolland et al (2005) observaram a dominância <strong>de</strong> cianobactériasem ambientes com aumento do nível <strong>de</strong> eutrofia, sendo Microcystis o gênero normalmente


143dominante. Shen & Song (2007) através <strong>de</strong> estudos experimentais, concluíram que osindivíduos coloniais do gênero Microcystis teriam uma vantagem com relação a dominância epersistência no ambiente, graças a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer em condições <strong>de</strong> flutuações nasconcentrações <strong>de</strong> fósforo. Estes resultados po<strong>de</strong>m ajudar a explicar o aparecimento edominância <strong>de</strong> Microcystis no reservatório <strong>de</strong> São Simão, em épocas <strong>de</strong> florações e maiorcrescimento da biomassa algal.A dominância <strong>de</strong> cianobactérias em ambientes eutróficos tem sido associada comuma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores ambientais físicos e químicos tais como: baixa turbulência (Ganf,<strong>19</strong>74 apud Reynolds, <strong>19</strong>87), baixa intensida<strong>de</strong> luminosa (Zevenboom & Mur, <strong>19</strong>80; Smith,<strong>19</strong>86), baixa proporção zona eufótica/zona <strong>de</strong> misturas (Jensen et al., <strong>19</strong>94), altastemperaturas (Shapiro, <strong>19</strong>90), baixo CO2/alto pH (King, <strong>19</strong>70; Shapiro, <strong>19</strong>90; Caraco &Miller, <strong>19</strong>98), altas concentrações <strong>de</strong> fósforo total (Mcqueen & Lean, <strong>19</strong>87; Trimbee &Prepas, <strong>19</strong>87; Watson et al., <strong>19</strong>97), baixas concentrações <strong>de</strong> nitrogênio total (Smith, <strong>19</strong>83) e<strong>de</strong> nitrogênio inorgânico dissolvido (Blomqvist et al., <strong>19</strong>94), armazenamento <strong>de</strong> fósforo(Pettersson et al., <strong>19</strong>93), têm sido sugeridas na literatura como essenciais para o<strong>de</strong>senvolvimento e dominância <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias. Contudo, <strong>de</strong>vido ao fato dasespécies diferirem em suas características ecológicas, os fatores que promovem uma espécie,necessariamente não são os mesmos que promovem outras espécies (Oliver & Ganf, 2000).5. ConclusõesEste estudo abordou o fitoplâncton no reservatório <strong>de</strong> São Simão com ênfase naspopulações <strong>de</strong> cianobactérias e cianotoxinas e permitiu tirar as seguintes conclusões:A ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias e a dominância <strong>de</strong> poucasespécies mostraram ser <strong>de</strong>terminada predominantemente pela associação <strong>de</strong> múltiplos fatorescomo valores altos <strong>de</strong> nutrientes dissolvidos (nitrogênio e fósforo), ventos e temperatura, estesúltimos influenciando a estabilida<strong>de</strong> da coluna d’água.As cianobactérias são organismos que em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s elevadas afetam a qualida<strong>de</strong> daágua, e em caso <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> abastecimento esse problema se torna mais grave, uma vez que astoxinas produzidas por estes organismos po<strong>de</strong>m constituir riscos à saú<strong>de</strong> humana.No reservatório <strong>de</strong> São Simão, o grupo fitoplanctônico mais abundante encontradodurante o período <strong>de</strong> estudo foi o das cianobactérias, em todas as estações <strong>de</strong> coleta. Osprincipais gêneros foram Microcystis, Anabaena, Chroococcus, Merismopedia, Planktotrix,Aphanocapsa, Cyanodictium, Epgloeosphaera, Geitlerinema, Oscillatoria, Phormidium,


144Planktolyngbya, Pseudanabaena, sendo que alguns <strong>de</strong>les são tratados na literatura comobiossintetizantes <strong>de</strong> potentes microcistinas.Todas as estações <strong>de</strong> coleta apresentaram na maior parte do ano concentraçõesmédias <strong>de</strong> amônio, nitrato, fósforo total e fósforo solúvel superiores às recomendadas comonormais para os corpos <strong>de</strong> águas doces não contaminados, evi<strong>de</strong>nciando o processo <strong>de</strong>aumento da eutrofização <strong>de</strong>stas águas, em regiões próximas às margens <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e áreasagriculturais, confirmando o comprometimento <strong>de</strong>stes locais e levando a ocorrência <strong>de</strong>florações e acumulações <strong>de</strong> cianobactérias.Apesar disto, o reservatório <strong>de</strong> São Simão ainda pô<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado oligomesotróficodurante o período <strong>de</strong>ste estudo, embora ficou clara a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação<strong>de</strong> cianobactérias e conseqüentemente <strong>de</strong> microcistinas. Brant (2007), em um estudo realizadono mesmo período e local, encontrou espécies tóxicas <strong>de</strong> cianobactérias e comprovou apresença <strong>de</strong> microcistinas, tendo <strong>de</strong>stacado valores elevados em março 2005.Os resultados apresentados neste trabalho não foram capazes <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar, <strong>de</strong> formaconclusiva, quais fatores bióticos e abióticos foram <strong>de</strong>terminantes para a composição,distribuição, abundância e ausência das cianobactérias.


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154Capítulo 2: Crescimento e produção <strong>de</strong> toxinas <strong>de</strong> Anabaena circinalis,Cylindrospermopsis raciborskii e Microcystis panniformis sob condiçõesexperimentaisResumoAs florações <strong>de</strong> algas e cianobactérias são eventos <strong>de</strong> multiplicação e acumulação <strong>de</strong>ssesorganismos <strong>de</strong> vida livre em ambientes <strong>de</strong> água doce e marinha, apresentando um aumentosignificativo da biomassa <strong>de</strong> uma ou poucas espécies, em períodos <strong>de</strong> horas a dias. Emboraestes eventos ocorram naturalmente nos sistemas aquáticos, há evidências no mundo inteiro<strong>de</strong> um aumento <strong>de</strong> proliferação associado às condições <strong>de</strong> eutrofização dos corpos <strong>de</strong> água.No reservatório <strong>de</strong> São Simão, situado no Rio Paranaíba, na divisa entre <strong>Minas</strong> Gerais e Goiás(<strong>19</strong>°<strong>01</strong>'05'' S e 50°29'57'' W), florações <strong>de</strong> cianobactérias já foram registrados em diversasocasiões. Em março <strong>de</strong> 2005 foi iniciado um projeto <strong>de</strong> monitoramento, em colaboração coma Companhia Energética <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais - CEMIG. Análises das amostras <strong>de</strong> águamostraram a ocorrência <strong>de</strong> dois gêneros <strong>de</strong> cianobactérias, Anabaena e Microcystis. Clonesmonoespecíficas <strong>de</strong> espécies pertencentes aos dois gêneros (A. circinalis e M. panniformis)foram isoladas e cultivadas em laboratório. Uma terceira espécie, Cylindrospermopsisraciborskii, isolada <strong>de</strong> Lagoa Santa foi utilizada nestes experimentos, por ser consi<strong>de</strong>rada umaespécie potencialmente invasora em diversos ambientes no Brasil e no exterior, e por aindanão ter aparecido nos sistemas aquáticos do rio Paranaíba. Foram então conduzidosexperimentos em culturas do tipo “batch”, em erlenmeyers <strong>de</strong> 250mL contendo 100mL <strong>de</strong>meio WC, a 20°C sob iluminação fluorescente e com fotoperíodo 12:12 horas. O objetivo foio <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar os efeitos da temperatura e limitação <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo sobre ocrescimento das três espécies. As colônias foram expostas aos seguintes tratamentos: a) 164µmol, 16,4 µmol, 0 µmol <strong>de</strong> N-NO3; b) 8,89 µmol, 0,89 µmol e 0,<strong>09</strong> µmol <strong>de</strong> P-PO4; c)temperatura <strong>de</strong> 20ºC e 28ºC. Todos os tratamentos foram realizados em triplicata. Osresultados apontaram para maior habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> A. circinalis em crescer em condições <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> nitrogênio. Cylindrospermopsis raciborskii teve um bom <strong>de</strong>senvolvimento emelevada temperatura, enquanto Microcystis panniformis mostrou uma diminuição do seucrescimento à temperatura <strong>de</strong> 28 o C. Os resultados obtidos neste trabalho po<strong>de</strong>rão serutilizados para explicar a ocorrência e o <strong>de</strong>saparecimento das espécies no ambiente natural.Palavras-chave: Anabaena, Cylindrospermopsis, Microcystis, nitrogênio, fósforo,temperatura, crescimento.


155AbstractBlooms of algae and cyanobacteria are events of multiplication and accumulation of theseorganisms in freshwater and marine environments, showing a significant increase in biomass,of a few species, in a period of times or days or hours. Although these events occur naturallyin aquatic systems, there is evi<strong>de</strong>nce of a worldwi<strong>de</strong> increase of proliferation associated withincreased eutrophic conditions of water bodies. In the São Simão reservoir, located in RioParanaíba, between MG/GO (<strong>19</strong>° <strong>01</strong>'05''S and 50° 29'57''W), cyanobacteria blooms have beenrecor<strong>de</strong>d on several occasions. In March 2005 a collaboration project with the CEMIG (PowerSupply Company of <strong>Minas</strong> Gerais) started. Analysis of water samples showed the presence oftwo dominant genera of cyanobacteria, Anabaena and Microcystis. Clones of speciesbelonging to the two genera (Anabaena circinalis, Microcystis panniformis) were isolated andgrown in the laboratory. A third species, Cylindrospermopsis raciborskii, isolated from otherlake, was also used because it is known as a potentially invasive species in several freshwaterenvironments in Brazil and around the world, and it has not yet been recor<strong>de</strong>d in any aquaticsystem along the Paranaíba river. Experiments were performed in batch cultures, in 250 mLerlenmeyers containing 100 ml of medium WC, at 20 °C un<strong>de</strong>r fluorescent light andphotoperiod of 12:12 hours. The objective of this work was to <strong>de</strong>termine the effects oftemperature and nitrogen or phosphorus limitation on the growth of Anabaena circinalis,Cylindrospermopsis raciborskii and Microcystis panniformis. The species were exposed to thefollowing treatments: 164 µmol, 16.4 µmol, 0 µmol of N-NO3; 8. 89 µmol, 0.89 µmol and0.<strong>09</strong> µmol <strong>de</strong> P-PO4; temperature of 20 °C and 28ºC. All treatments were performed intriplicate. The results pointed to a higher ability of A. circinalis to grow on limiting nitrogenconditions. Cylindrospermopsis raciborskii was able to grow well at higher temperature.Opposite to C. raciborskii, Microcystis panniformis showed lower growth at 28ºC. The resultspresented in this work may help explaining the seasonal occurrence and the disappearance ofcyanobacteria species in the environment.Keywords: Anabaena, Cylindrospermopsis, Microcystis, nitrogen, phosphorus, temperature,growth.


1561.1 IntroduçãoA diversificação dos usos, o <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> resíduos líquidos e sólidos em rios, lagos erepresas, e a <strong>de</strong>struição das áreas alagadas e das matas galeria, têm produzido a <strong>de</strong>terioraçãocontinua e sistemática e perdas elevadas da qualida<strong>de</strong> da água (Tundisi, 2003). A contínua<strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> efluentes, <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s agropecuárias e da expansão urbana geram um aumentoda concentração <strong>de</strong> nutrientes, especialmente o aporte <strong>de</strong> fósforo e nitrogênio, nosecossistemas aquáticos, que tem como conseqüência o aumento <strong>de</strong> sua produtivida<strong>de</strong>(Esteves, <strong>19</strong>98; Carpenter et al., <strong>19</strong>98). O aumento <strong>de</strong>sta eutrofização leva, geralmente, a umaperda <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> e ao crescimento intenso <strong>de</strong> algumas espécies <strong>de</strong> algas planctônicas,formando o que é conhecido como florações. Dentre elas, <strong>de</strong>staca-se o grupo dascianobactérias. É freqüente o registro da dominância <strong>de</strong> cianobactérias em florações emreservatórios, lagos e lagoas costeiras brasileiras eutrofizadas (Huszar & Silva, <strong>19</strong>99;Komárek, 2003).Além dos <strong>de</strong>sequilíbrios ecológicos relacionados do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> perda <strong>de</strong>diversida<strong>de</strong> e alterações ao longo da ca<strong>de</strong>ia trófica, as florações <strong>de</strong> cianobactérias representamum problema para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e têm causado impactos ligados à saú<strong>de</strong> humana. Umdos maiores problemas está no fato <strong>de</strong> que muitas cianobactérias são potencialmenteprodutoras <strong>de</strong> substâncias tóxicas, as cianotoxinas, substâncias hepatotóxicas ou neurotóxicas.Esses compostos não atingem apenas os organismos aquáticos, mas também animaisterrestres, uma vez que po<strong>de</strong>m ser acumuladas na re<strong>de</strong> trófica, ocasionando diferentessintomas <strong>de</strong> intoxicação e efeitos crônicos, muitas vezes difíceis <strong>de</strong> serem diagnosticados(Bittencourt-Oliveira & Molica, 2003). Segundo Sivonen & Jones (<strong>19</strong>99) as cianotoxinasfazem parte das constantes preocupações <strong>de</strong> várias companhias <strong>de</strong> abastecimento público <strong>de</strong>água <strong>de</strong> todo mundo.Respostas fisiológicas <strong>de</strong> cianobactérias a condições ambientais específicas po<strong>de</strong>mestimular e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar sua floração, mas tais correlações não foram <strong>de</strong>finitivamentecomprovadas por dados <strong>de</strong> campo. Dentre os gêneros mais freqüentemente observados nasflorações <strong>de</strong> cianobactérias no Brasil, <strong>de</strong>stacam-se Microcystis, Anabaena eCylindrospermopsis, <strong>de</strong>scritos na literatura como potencialmente produtores <strong>de</strong> toxinas(Carmichael, <strong>19</strong>94). Florações tóxicas <strong>de</strong>sses gêneros já foram registradas em ecossistemasaquáticos brasileiros (Azevedo & Carmouze, <strong>19</strong>94; Bouvy et al., <strong>19</strong>99; Magalhães &Azevedo, <strong>19</strong>99).


157Nitrogênio e fósforo são essenciais ao crescimento <strong>de</strong> organismos fotossintetizantes,sendo consi<strong>de</strong>rados macronutrientes (Reynolds, <strong>19</strong>84). O aumento <strong>de</strong> fósforo parecefavorecer o crescimento <strong>de</strong> cianobactérias com relação a outros grupos <strong>de</strong> organismos (Lee etal. 2000, Downing et al., 20<strong>01</strong>, Giani et al., 2005). Os mesmos autores também mostraramque o efeito do aumento do nitrogênio po<strong>de</strong> ser importante para explicar o aparecimento <strong>de</strong>florações <strong>de</strong> cianobactérias. Por outro lado, diversas espécies po<strong>de</strong>m ter respostas diferentes aestes parâmetros.A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um nutriente para suportar o crescimento é <strong>de</strong>terminada por suaconcentração no ambiente e pela habilida<strong>de</strong> dos organismos fitoplanctônicos <strong>de</strong> acumulá-lo(Riegman & Mur, <strong>19</strong>86). Por mais <strong>de</strong> 50 anos têm sido realizadas investigações a respeito dosefeitos dos nutrientes (N e P) na abundância e composição do fitoplâncton (Xie et al., 2003).As respostas do fitoplâncton <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, entre outros fatores, das adaptações ecofsiológicas.Neste sentido, estudos experimentais sobre a ecofisiologia do fitoplâncton com culturas <strong>de</strong>laboratório são importantes, pois permitem o conhecimento sobre as estratégias e fatores queestimulam a resposta adaptativa das espécies, tornando as extrapolações para a natureza aindamais realista (Zevenboom, <strong>19</strong>87).A razão N:P po<strong>de</strong> afetar a composição <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> lagos <strong>de</strong> água doce. Smith(<strong>19</strong>83) notou que cianobactérias dominaram a população do fitoplâncton em lagos on<strong>de</strong> estarazão molar foi mais baixa do que 29. Em lagos eutróficos do Oeste do Canadá, uma duraçãocurta <strong>de</strong> baixas razões N:P (1:6) <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou o aparecimento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactériasfixadoras <strong>de</strong> N 2 (Barica, <strong>19</strong>94).Com relação a temperatura, sabemos que regula e controla todo o metabolismocelular. Todas as espécies possuem suas ótimas <strong>de</strong> temperatura, e temperaturas mais elevadasgeralmente significam taxas <strong>de</strong> duplicação mais rápidas, afetando todo o metabolismo celular,incluindo a absorção <strong>de</strong> nutriente, até um valor máximo suportado por cada espécie (Goldman& Carpenter, <strong>19</strong>74, Konopka & Brock, <strong>19</strong>78).Neste estudo, foi utilizada uma abordagem experimental em laboratório, e foramavaliadas certas condições ambientais susceptíveis <strong>de</strong> estimular uma floração <strong>de</strong> A. circinalis,C. raciborskii e M. panniformis, espécies isoladas <strong>de</strong> amostras provenientes <strong>de</strong> corpos d’águaem <strong>Minas</strong> Gerais. Anabaena circinalis (Rabenhorst ex Bornet et Flahault) e Microcystispanniformis (Komárek et al., 2002) foram isoladas a partir <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> água coletadas noreservatório <strong>de</strong> São Simão localizado na divisa entre os Estados <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais e Goiás(<strong>19</strong>º<strong>01</strong>’05’’ S e 50º29’57’’ W).


158Foram escolhidas tanto por representarem espécies fitoplanctônicas presentes, e asvezes até dominantes naquele ambiente, como pelo seu potencial <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> toxinas.Cylindrospermopsis raciborskii (Woloszynska) Seenayya et Subba Raju, foi isoladaem Lagoa Santa, lago natural raso situado a 740 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> e localizado na região <strong>de</strong>domínio do Cerrado (<strong>19</strong>º38’ S e 43º53’ W), Estado <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais, e foi escolhida por seruma espécie conhecida como invasora, capaz <strong>de</strong> dominar a comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica(Figueredo et al. 2007). Cylindrospermopsis raciborskii ocupou rapidamente larga áreageográfica, sendo amplamente distribuída (Pádisak, <strong>19</strong>97), ocorrendo num gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>lagos, reservatórios e rios tropicais e vem se tornando uma das espécies <strong>de</strong> cianobactérias <strong>de</strong>maior interesse, em parte pelo seu potencial <strong>de</strong> produzir toxinas e formar extensas (Padisák,<strong>19</strong>97) em muitos corpos d’água ao redor do mundo (Branco & Senna, <strong>19</strong>94; Dokulil &Mayer, <strong>19</strong>96; Chapman & Schelski, <strong>19</strong>97; Hawkins et al., <strong>19</strong>85; Lagos et al., <strong>19</strong>99; Humpageet al., 2000). Embora tenha sido originalmente observado somente em estudos sistemáticos, e<strong>de</strong>scrita como uma espécie tropical a subtropical, cada vez mais há evidências <strong>de</strong> sua presençaem países temperados (Hungria: Tóth & Pádisak, <strong>19</strong>86, <strong>19</strong>97; Pressing et al., <strong>19</strong>96, Borics etal., 2000; Áustria: Dokulil & Mayer, <strong>19</strong>96; França: Coute et al., <strong>19</strong>97, Briand et al., 2002 eAlemanha: Krienitz & Hegewald, <strong>19</strong>96, Fastner et al., 2003).1.2 HipóteseQual a importância relativa da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nitrogênio, fósforo e temperaturapara o incremento do crescimento <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias em ambientes aquáticosartificiais meso-eutróficos?A hipótese mais aceita é que o aumento da concentração do nitrogênio e do fósforo,da redução da razão N:P e da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> temperatura, leva ao aumento da biomassacelular e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias e cada espécie respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> formadiferente. E o enfoque <strong>de</strong>ste capítulo foi testar essa hipótese examinando em condiçãoexperimental <strong>de</strong> laboratório com temperatura, nitrogênio e fósforo, para adquirir umentendimento melhor <strong>de</strong>ssas condições que po<strong>de</strong>riam ter estimulado o incremento <strong>de</strong>Anabaena circinalis, Cylindrospermopsis raciborskii e M. panniformis, isoladas em corposd’água do Estado <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> Gerais: reservatório <strong>de</strong> São Simão e Lagoa Santa.


1591.3 ObjetivosEste estudo teve como objetivo avaliar, em condições experimentais <strong>de</strong> laboratório,as respostas <strong>de</strong> A. circinalis, C. raciborskii e M. panniformis a três variáveis ambientais(temperatura e concentrações <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo) em termos <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> crescimento eprodução <strong>de</strong> cianotoxinas.2 Material e Métodos2.1 Espécies <strong>de</strong> Cianobactérias EscolhidasForam selecionadas três linhagens <strong>de</strong> cianobactérias Anabaena circinalis,Microcystis panniformis e Cylindrospermopsis raciborskii. Estas espécies foram isoladas emantidas em cultivos unialgais e pertencem ao banco <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> microalgas ecianobactérias <strong>de</strong> água doce do laboratório <strong>de</strong> Ficologia, do Departamento <strong>de</strong> Botânica daUFMG, com os respectivos códigos: A. circinalis (100-Ana c), M. panniformis (99-Mic p) eC. raciborskii (39-Cil rac).As coletas foram feitas com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> plâncton (30 µm) através <strong>de</strong> arrastos horizontais.Após a coleta, foi feita a distribuição em tubos <strong>de</strong> ensaio contendo o meio WC (Guillard &Lorenzen, <strong>19</strong>72), com e/ou sem nitrogênio. Os tubos foram mantidos sob refrigeração durantea coleta e o transporte até o laboratório.No laboratório, o isolamento foi feito por meio <strong>de</strong> lavagens sucessivas das colôniasou filamentos em meio <strong>de</strong> cultura WC, com o auxilio <strong>de</strong> micropipetas e microscópio óptico.2.2 Descrição das Espécies EscolhidasPara este trabalho foram <strong>de</strong>senvolvidos experimentos com as três espécies <strong>de</strong>cianobactérias, as quais são <strong>de</strong>scritas a seguir com as respectivas fotos:- Anabaena circinalis Rabenhorst ex Bornet et Flahault 1888 pertence à divisãoCyanophyta, classe Cyanophyceae, or<strong>de</strong>m Nostocales, família Nostocaceae, subfamíliaAnabaenoi<strong>de</strong>ae e gênero Anabaena.Apresenta tricomas solitários ou emaranhados,espiralados, sem envelope mucilaginoso ou muito estreitos; espiras regulares ou não, 50-70µm <strong>de</strong> diâmetro, 20-30 µm <strong>de</strong> distância umas das outras, relação diâmetro/distância dasespiras 2-2,5:1; células em forma <strong>de</strong> barril até esféricas, 6,6-8,2 (9,9) µm <strong>de</strong> diâmetro; células


160apicais arredondadas. Os heterocitos e acinetos são células diferenciadas que têm as funções<strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> N 2 e <strong>de</strong> esporo <strong>de</strong> resistência, respectivamente; heterocitos esféricos, 9-10 µm<strong>de</strong> diâmetro; acinetos arredondados, 9-10 µm <strong>de</strong> diâmetro, 14-16 µm <strong>de</strong> comprimento;conteúdo celular ver<strong>de</strong>-azulado granuloso, com aerótopos. As populações são encontradas emáguas doces na maioria dos casos, e po<strong>de</strong>m causar “blooms” superficiais, <strong>de</strong>vido a presença<strong>de</strong> vacúolos <strong>de</strong> gases. Também é uma espécie capaz <strong>de</strong> produzir toxinas. Ocorrência noBrasil: Plâncton <strong>de</strong> lagos, tanques, reservatórios e rios.Anabaena circinalis com heterocito- A Cyanobacteria Cylindrospermopsis raciborskii (Woloszynska) Seenayya etSubba Raju (<strong>19</strong>72) é uma cianofícea filamentosa (Divisão Cyanophyta, ClasseCyanophyceae), pertencente à or<strong>de</strong>m Nostocales, à Família Nostocaceae e GêneroCylindrospermopsis, tem aumentado sua presença em água doce por todo o mundo.Esta espécie é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância <strong>de</strong>vido a sua mais conhecida capacida<strong>de</strong> paraformar florações e produzir um alcalói<strong>de</strong> hepatotóxico, cilindrospermopsina. A espécie écaracterizada por apresentar tricomas isopolares, solitários, cilíndricos, retos ou ligeiramentecurvados, estreitos nas extremida<strong>de</strong>s, não ou levemente constritos, (90) 100-160µm <strong>de</strong>comprimento, sem envelope mucilaginoso, (1,2) 1,9-3,1 (3,3)µm <strong>de</strong> diâmetro; células 1-2,3vezes mais longas que largas, (3,7) 4,3-7(10)µm <strong>de</strong> comprimento; células apicais cônicasarredondadas,cilíndricas-arredondadas, pontiagudas; conteúdo celular ver<strong>de</strong>-azulado,numerosos aerótopos; heterocitos terminais, solitários, cônico-alongados, arredondados nasextremida<strong>de</strong>s, 7-9µm <strong>de</strong> comprimento, 2,5-3µm <strong>de</strong> largura; acinetos cilíndricos, arredondadosnas extremida<strong>de</strong>s, intercalares, distantes 2-3 células das extremida<strong>de</strong>s, 4-4,3µm <strong>de</strong> diâmetro,10-11µm <strong>de</strong> comprimento. Ocorrência no Brasil: Plâncton <strong>de</strong> lagos, reservatórios e rios.Tem habitado diferentes ambientes aquáticos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o reservatório oligotróficoKareba, no hemisfério sul, a pequenos, rasos e hipereutróficos reservatórios do hemisférionorte (Padisák, <strong>19</strong>97). In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da latitu<strong>de</strong>, populações <strong>de</strong> C. raciborskii crescem eaumentam apenas em águas quentes (>25ºC). Conseqüentemente po<strong>de</strong> manter gran<strong>de</strong>s


161populações durante todo o ano, em águas permanentemente quentes, enquanto que suapresença está restrita a menores períodos em direção às altas latitu<strong>de</strong>s. Assim, em regiõestemperadas ocorre exclusivamente nos períodos mais quentes do ano, sendo sensíveis àscondições meteorológicas (Padisák, <strong>19</strong>97).O aparecimento <strong>de</strong>sta espécie em lagos naturais ou artificiais tem sidofreqüentemente seguido <strong>de</strong> florações durante as quais há picos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> com cerca <strong>de</strong>108-1<strong>09</strong> filamentos.L -1 (Padisák, <strong>19</strong>97). A ocorrência <strong>de</strong> C. raciborskii em ambientes rasossem estratificação duradoura foi registrada em ambientes tropicais e subtropicais (Bouvy etal., <strong>19</strong>99; Marinho & Huszar, 2002). A temperatura parece ser o fator mais importante para oaparecimento e o <strong>de</strong>senvolvimento da espécie.Exposição <strong>de</strong> luz acima <strong>de</strong> 120-150µmol photons m -2 s -1 foi inibitório para culturas<strong>de</strong> C. raciborskii (Shafik et al., <strong>19</strong>97). Fotoinibição foi observada numa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fótonsacima <strong>de</strong> 70-240 µmol photons m -2 s -1 em um lago raso Australiano (Dokulil & Mayer, <strong>19</strong>96).Cylindrospermopsis raciborskii com heterocito- Microcystis panniformis Komárek et al., 2002, Cryptogamie Algologie 23, pertenceà divisão Cyanophyta, classe Cyanophyceae, or<strong>de</strong>m Chroococcales, à família Microcystaceaee gênero Microcystis. Esta espécie foi primeiramente <strong>de</strong>scrita por Komárek apud Sant’Anna.(2004) e antes <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scrição, M. panniformis foi provavelmente i<strong>de</strong>ntificada como M.aeruginosa. A característica principal <strong>de</strong>ssa espécie é que formam colônias micro oumacroscópicas, arredondadas, irregulares, alongadas, não clatradas, 51 – 443µm <strong>de</strong>comprimento, 31 – 292µm <strong>de</strong> largura; mucilagem hialina, inconspícua; células esféricas,<strong>de</strong>nsamente arranjadas na colônia, contorno firme ao redor da colônia, (2,7) 3 – 4 (4,6) µm <strong>de</strong>diâmetro; conteúdo celular ver<strong>de</strong>-amarronzado, com aerótopos. Ocorrência no Brasil:Plâncton <strong>de</strong> tanques eutróficos, lagos e reservatórios.


162Microcystis panniformis2.3 Cultivo <strong>de</strong> Anabaena circinalis, Cylindrospermopsis raciborskii eMicrocystis panniformisO meio <strong>de</strong> cultura utilizado foi elaborado a partir do meio WC (Guillard & Lorenzen,<strong>19</strong>72) <strong>de</strong> composição <strong>de</strong>finida proveniente do meio <strong>de</strong> uso rotineiro no laboratório <strong>de</strong>Ficologia da UFMG e amplamente utilizado em experimentos com cianobactérias. As culturasestoque das três espécies estudadas foram crescidas em erlenmeyers <strong>de</strong> 250 mL, previamenteautoclavados à 120ºC por 15 minutos, contendo 100 mL <strong>de</strong> meio WC, hermeticamentefechados e <strong>de</strong>vidamente etiquetados (Guillard & Lorenzen, <strong>19</strong>72), pH 7,2. O cultivo foimantido em uma sala climatizada, sobre bancadas, sob condições controladas <strong>de</strong> laboratório, auma temperatura <strong>de</strong> 20º (±2ºC), com intensida<strong>de</strong> luminosa constante <strong>de</strong> (75 µmol photons m -2s -1 ; luz branca proveniente <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> lâmpadas fluorescentes <strong>de</strong> 40 W, posicionadas noalto das bancadas e regime do fotoperíodo claro/escuro <strong>de</strong> 12:12 horas), regulado e controladopor timer.Antes do início dos experimentos, inóculos iniciais contendo o mesmo número <strong>de</strong>tricomas ou colônias foram retiradas das culturas <strong>de</strong> meio WC completo e adicionados àsculturas experimentais mantidas em meio WC com 164µmolN, 16,4µmolN e 0 µmolN,8,89µmolP, 0,89µmolP e 0,9µmolP. As culturas tinham sido mantidas por um período <strong>de</strong> setedias para adaptação em cada uma das concentrações acima, com um repique, para assegurar oequilíbrio do estoque intracelular <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo antes do início dos experimentos. Asconcentrações <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo do experimento foram escolhidas <strong>de</strong> modo abrangeruma faixa ampla, <strong>de</strong> bem baixas (próximos a zero) até bastante elevadas.Para o experimento <strong>de</strong> crescimento, as células foram transferidas para frascos do tipoerlenmeyer <strong>de</strong> 250 mL contendo 100 mL do meio WC, e expostas a uma irradiância <strong>de</strong> 75µmol photons m -2 s -1 em 20 ºC.


163Para <strong>de</strong>terminar o efeito da temperatura e da razão N:P sobre o crescimento dasculturas das cepas estudadas, e para manutenção do equilíbrio iônico do meio WC, o NaNO 3 eo KH 2 PO 4 foram substituídos pelas soluções <strong>de</strong> NaCl e KCl respectivamente, em quantida<strong>de</strong>equivalente ao NaNO 3 e ao KH 2 PO 4 que foram omitidos como condição limitante. Cadaexperimento foi realizado em triplicata e repetido, no mínimo duas vezes.As células crescidas foram inoculadas aos tratamentos (10 mL) em meio WCcontendo várias razões N:P. Para análise da influência dos fatores ambientais aplicados nesteestudo, as concentrações <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo variaram como apresentado na tabela 1,sendo os tratamentos com 164 µmolN e 8,89 µmolP consi<strong>de</strong>rados como controle.2.4 Delineamento Experimental das Espécies EstudadasTabela 1: Delineamento experimental <strong>de</strong> (Anabaena circinalis, Cylindrospermopsisraciborskii e Microcystis panniformis).Símbolo da fonte Temperatura (ºC) Tratamento<strong>de</strong> nutriente(em 1000 mL <strong>de</strong> meio WC) RepetiçõesNaNO 3 20 164 µmol 316,4028 164 µmol 316,40KH 2 PO 4 20 8,89 µmol 30,890,<strong>09</strong>28 8,89 µmol 30,890,<strong>09</strong>As culturas foram mantidas em laboratório e as espécies foram individualizadas emfrascos iguais do tipo erlenmeyers <strong>de</strong> 250 mL <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, todos contendo 100 mL <strong>de</strong> meio<strong>de</strong> cultura experimental (Guillard & Lorenzen, <strong>19</strong>72), selados com tampões <strong>de</strong> algodão. Os<strong>de</strong>senhos experimentais foram do tipo 2x3 para nutrientes e 1x2 para temperatura, ou seja,foram manipulados dois fatores, NaNO 3 e KH 2 PO 4 com três níveis cada e o fator temperatura


164(ºC) com duas variações (20 e 28 ºC).O experimento foi constituído por uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>z culturas em triplicata do tipobatch e foram efetuados em câmara germinadora da marca FANEM ® (São Paulo-BrasilIncubadora para B.O.D. Mod. 347.FG) com fotoperíodo claro/escuro <strong>de</strong> 12:12 horas, 20ºC eoutra câmara FANEM ® (São Paulo-Brasil, MOD. 347 CDG), 28ºC e intensida<strong>de</strong> luminosa75µmol photons.m -2 .s -1 , sendo que a cada dia era feito um reposicionamento aleatório dosErlenmeyers para permitir igualar o regime <strong>de</strong> iluminação e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz recebida e 4vezes ao dia foram homogeneizadas através <strong>de</strong> agitamento manual, que permitiu intensamistura do meio <strong>de</strong> cultivo, impedindo um a<strong>de</strong>nsamento dos filamentos <strong>de</strong> A. circinalis, C.raciborskii e das colônias <strong>de</strong> M. panniformis.Para cada uma das temperaturas testadas foram estabelecidas condições <strong>de</strong> cultivovariando a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo. A condição controle foi estabelecida commeio WC na concentração normal utilizada rotineiramente no laboratório. As condições <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> fósforo (P-limitado) e limitação <strong>de</strong> nitrogênio (N-limitado) foram obtidas através<strong>de</strong> substituição por KCl e NACl, respectivamente para o meio WC. Todos os testesexperimentais foram feitos em triplicata2.5 Contagem <strong>de</strong> Células e Avaliação do CrescimentoA <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> células <strong>de</strong> cada espécie durante todo o tempo <strong>de</strong>cultivo, que variou entre 6 a 12 dias, foi feita periodicamente. Amostras para contagem <strong>de</strong>células e conseqüente obtenção das médias usadas para gerar curvas <strong>de</strong> crescimento dasespécies foram obtidas coletando-se a cada dois dias, para experimentos realizados atemperatura <strong>de</strong> 20ºC, e diariamente, para 28ºC, sempre no mesmo horário. Foram tomadaspequenas alíquotas <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> 2 mL sob condições <strong>de</strong> esterilização e assepsia, na capela<strong>de</strong> uma câmara <strong>de</strong> fluxo laminar, próximo da chama do bico <strong>de</strong> Bunsen e fixadas comsolução <strong>de</strong> lugol acético. Aproximadamente 400 tricomas ou colônias por amostras foramcontadas com auxílio <strong>de</strong> uma lâmina hemocitômetro do tipo Fuchs-Rosenthal e microscópioóptico (400 x).Foram também retiradas amostras para quantificação, em análise cromatográfica(CLAE) ou enzimática (ELISA), da concentração das cianotoxinas produzidas, no final <strong>de</strong>cada experimento.


1652.6 Taxas <strong>de</strong> Crescimento das CianobactériasO crescimento das culturas foi verificado através da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> celular, e as taxasespecíficas <strong>de</strong> crescimento (µ dia -1 ) para cada amostra foram estimadas como a inclinação dareta <strong>de</strong> regressão linear do ln das concentrações celulares (céls.mL -1 ) em função do tempo(dias <strong>de</strong> cultivo), para a fase exponencial <strong>de</strong> crescimento das espécies, usando o programaExcel, Microsoft Office <strong>19</strong>98. Desta forma, a taxa específica <strong>de</strong> crescimento (µ) correspon<strong>de</strong>a inclinação da reta, on<strong>de</strong> y é a concentração celular e x é o tempo do experimento em dias.2.7 Quantificação <strong>de</strong> Neurotoxinas (Goniautoxinas) em CromatografiaLíquida <strong>de</strong> Alta Eficiência (CLAE)Somente foi analisada a presença <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> goniautoxinas intracelularesGTX-1, GTX-2, GTX-3, GTX-4, GTX-5 e GTX-6, produzidas por Cylindrospermopsisraciborskii, utilizando o método da <strong>de</strong>rivação pós-coluna e <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> fluorescência<strong>de</strong>scrita por Oshima (<strong>19</strong>95) e adaptado pra o uso <strong>de</strong> extratos filtrados. É o métodoconsi<strong>de</strong>rado o mais satisfatório e requer a utilização <strong>de</strong> três fases móveis diferentes para quese possam analisar as goniautoxinas.No fim <strong>de</strong> cada experimento, as amostras <strong>de</strong> todos tratamentos <strong>de</strong> cultivo paraquantificação <strong>de</strong> toxinas, foram coletadas e filtradas imediatamente, em duplicata, através <strong>de</strong>filtros <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro WHATMAN, do tipo GF/A, com 47mm <strong>de</strong> diâmetro e porosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>1,2µm, com auxílio <strong>de</strong> uma bomba a vácuo, colocados em tubos, com 16mm <strong>de</strong> diâmetro,cobertos com papel alumínio e mantidos congelados (-20ºC) até o momento da extração.A extração do material filtrado foi feita nos fragmentos dos filtros, usando pinça etesoura limpos com álcool, colocados em tubos <strong>de</strong> ensaio e dissolvidos com uma solução <strong>de</strong>1mL <strong>de</strong> ácido acético (50mM) e sonificados <strong>de</strong> 30 a 40 minutos (Microson – Ultrasonic celldisruptor, Mo<strong>de</strong>l XL 2000, Serial no. M9514, 100 Watts), nível 3, sob banho <strong>de</strong> gelo paraevitar aquecimento da amostra.O material foi coletado e transferido para tubos <strong>de</strong> centrífuga e centrifugado a3500rpm, por 10 minutos. O sobrenadante foi transferido para tubos eppendorf e o precipitadofoi novamente extraído com solução <strong>de</strong> ácido acético e centrifugado sob as mesmas condiçõesanteriores, repetindo-se esse processo por três vezes consecutivas. Os extratos foramguardados em gela<strong>de</strong>ira.


166Com estes extratos foram analisadas a presença <strong>de</strong> cianotoxinas e a i<strong>de</strong>ntificação pormeio <strong>de</strong> cromatografia liquida <strong>de</strong> alta eficiência (CLAE: HPLC - High Performance LiquidChromatography), em cromatografo Waters Alliance com <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> fluorescência.2.8 Analise <strong>de</strong> MicrocistinaA extração <strong>de</strong> microcistina foi realizada em metanol 75 %. Os filtros foram cortados esonicados durante um minuto, <strong>de</strong>pois centrifugados por 10 minutos a 10.000 rpm emcentrifuga Thermo-Jouan BR4i. O sobrenadante foi removido e transferido para novo tubo. Oprocesso <strong>de</strong> extração foi repetido duas vezes.A análise <strong>de</strong> microcistina foi realizada pelo método ELISA (Enzyme LinkedImmunosorbent Assay), através <strong>de</strong> um kit da marca Beacon. O método se baseia em reaçõessucessivas entre enzimas, anticorpos e microcistinas. A reação final ocorre através da adição<strong>de</strong> um substrato que <strong>de</strong>senvolve uma cor inversamente proporcional a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>microcistina presente na amostra. As leituras finais para cálculos da concentração <strong>de</strong>microcistina nas amostras foram realizadas em leitor Elisa marca Bio – Tech ELx 800, a 450nm <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda.2.9 Análise dos ResultadosA análise dos resultados consistiu no tratamento estatístico, com um nível <strong>de</strong>confiança <strong>de</strong> 95% (p0,05 e utilizado o teste <strong>de</strong> Brown-Forsythe para verificar anão homogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variâncias. Os resultados <strong>de</strong>ssas análises foram apresentados através<strong>de</strong> gráficos e tabelas.Para análise e interpretação, foram calculados e armazenados as médias aritméticas e<strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s celulares e taxas específicas <strong>de</strong> crescimento utilizandoplanilhas eletrônicas do programa computacional Microsoft Excel (Windows XP 2000).


1673. Resultados3.1 Curvas <strong>de</strong> crescimentoOs efeitos das três concentrações <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo sobre o crescimento das trêsespécies <strong>de</strong> cianobactérias po<strong>de</strong>m ser observados nas figuras 1 a 3. Em todos experimentos, asconcentrações mais elevadas, <strong>de</strong> 164 µmolN-NO 3 e 8,89 µmolP-PO 4, foram aquelas quepermitiram uma maior taxa <strong>de</strong> crescimento e uma maior concentração final <strong>de</strong> células.Enquanto as menores taxas <strong>de</strong> crescimento foram registradas 0 µmolN-NO 3 (28ºC), 0,<strong>09</strong>µmolP-PO 4 (20ºC) para Anabaena circinalis, 0 µmolN-NO 3 (28ºC) e 0,<strong>09</strong> (20ºC) paraMicrocystis panniformis.As <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s celulares e taxas <strong>de</strong> crescimento mudaram <strong>de</strong> acordo com asconcentrações <strong>de</strong> N e P utilizadas (164 µmol NaNO 3; 16,4 µmol NaNO 3 ; 0 µmol NaNO 3 ; 8,89µmol KH 2 PO 4 ; 0,89 µmol KH 2 PO 4 ; 0,<strong>09</strong> µmol KH 2 PO 4 ) e as <strong>de</strong> temperaturas (20 ºC e 28 ºC),Limitação por nitrogênio e fósforo resultou em uma fase lag estendida no início docrescimento como mostrado (Figura 1B, 1C, 1D; e 2B), provavelmente <strong>de</strong>vido ao temporequerido para reunir todo o aparato <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> N 2 . Quando as células foram enriquecidascom os mesmos nutrientes, a taxa <strong>de</strong> crescimento máxima foi obtida quando o nível <strong>de</strong>KH 2 PO 4 inicial foi <strong>de</strong> 8,89 µmol KH 2 PO 4 e 164 µmol NaNO 3 , que foram as concentraçõesmais elevadas usadas nestes experimentos. As células cresceram mais lentamente quando osníveis <strong>de</strong> fósforo foram 0,<strong>09</strong> µmol KH 2 PO 4 e 0 µmol NaNO 3 ou níveis intermediários, eapresentaram taxas <strong>de</strong> crescimento mais baixas.As temperaturas utilizadas para o crescimento das linhagens em culturas <strong>de</strong>laboratório foram obtidas das temperaturas média máxima e mínima do reservatório <strong>de</strong> SãoSimão, 20ºC e 28ºC (Pinto Coelho, 2004; Giani, 2007). A taxa <strong>de</strong> crescimento (µ) <strong>de</strong>clinousignificativamente quando a temperatura foi aumentada para 28 ºC (Figura 1D, 2B e 3A) oubaixou com 20 ºC (Figura 1A, 1C e 2B). As taxas <strong>de</strong> crescimento máximas das culturas (µ)variaram entre 2-8 e 3-9 dias -1 em experimentos diferentes.


16820°Cln cel.mL -114131211A13µ = 0,66µ = 0,6612µ = 0,6411Cµ = 0,23µ = 0,16µ = 0,121<strong>09</strong>0 2 4 6 8 10 12100 2 4 6 8 1028°C1312Bµ = 0,50µ = 0,42µ = 0,381413Dln cel.mL -1111<strong>01</strong>21110µ = 0,36µ = 0,33µ = 0,2990 1 2 3 4 5 6Tempo <strong>de</strong> cultivo (dias)90 1 2 3 4 5 6Tempo <strong>de</strong> cultivo (dias)164 µmol16,4 µmol0,00 µmol8,890 µmol0,890 µmol0,089 µmolFigura 1: Curvas <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> A. circinalis em diferentes condições <strong>de</strong> cultivo(A=NaNO 3 e 20 ºC; B=NaNO 3 e 28 ºC; C=KH 2 PO 4 e 20 ºC D=KH 2 PO 4 e 28 ºC). µ = taxa <strong>de</strong>crescimento das culturas.Tabela 2: Resultados <strong>de</strong> ANOVA entre os tratamentos <strong>de</strong> A. circinalisTratamento GL SQ QM F PExp. 1 NaNO3 20ºC 2 0,21 0,11 0,65 0,55Exp. 2 NaNO3 28ºC 2 0,02 0,<strong>01</strong> 14,73 0,<strong>01</strong>Exp. 3 KH 2 PO 4 20ºC 2 0,<strong>09</strong> 0,04 12,21 0,<strong>01</strong>Exp. 4 KH 2 PO 4 28ºC 2 0,<strong>01</strong> 0,00 16,67 0,00


16920°C14,514,0Aµ =0,1715,0Cµ = 0,27µ = 0,25ln cel.mL -113,513,<strong>01</strong>4,0µ = 0,1<strong>01</strong>3,0µ = 0,13µ = 0,0712,50 2 4 6 8 10 1212,00 2 4 6 8 1028°C14,5B17D14,0µ = 0,241615µ = 0,54ln cel.mL -113,51413µ = 0,3613,0µ = 0,06µ = 0,<strong>01</strong>1211µ = 0,2212,50 2 4 6 8 10Tempo <strong>de</strong> cultivo (dias)100 2 4 6 8 10Tempo <strong>de</strong> cultivo (dias)164 µmol16,4 µmol0,00 µmol8,890 µmol0,890 µmol0,089 µmolFigura 2: Curvas <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> M. panniformis em diferentes condições <strong>de</strong>cultivo (A = NaNO 3 e 20 ºC; B = NaNO 3 e 28 ºC; C = KH 2 PO 4 e 20 ºC D = KH 2 PO 4 e 28 ºC).Tabela 3: Resultados <strong>de</strong> ANOVA entre os tratamentos <strong>de</strong> M. panniformisTratamento GL SQ QM F PExp. 5 NaNO3 20ºC 2 0,71 0,04 16,95 0,00Exp. 6 NaNO3 28ºC 2 0,32 0,16 44,90 0,00Exp. 7 KH 2 PO 4 20ºC 2 0,<strong>01</strong> 0,<strong>01</strong> 5,06 0,05Exp. 8 KH 2 PO 4 28ºC 2 0,18 0,<strong>09</strong> 5,10 0,05


17<strong>01</strong>413Aµ = 0,53µ = 0,69µ = 0,65ln cel.mL -11211100 1 2 3 4 5 6Tempo <strong>de</strong> cultivo (dias)164µmolNO316,4µmolNO30µmolNO3Figura 3: Curvas <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> C. raciborskii (A = NaNO 3 e 28 ºC).Tabela 4: Resultados <strong>de</strong> ANOVA entre os tratamentos <strong>de</strong> C. raciborskiiTratamento GL SQ QM F PExp. 9 NaNO3 28ºC 2 0,44 0,<strong>01</strong> 0,27 0,89Exp. 10 KH 2 PO 4 28ºCPo<strong>de</strong> se observar que, no final <strong>de</strong> alguns experimentos, como para A. circinalis, notratamento <strong>de</strong> 164 µmol N a 28ºC, para M. panniformis, no tratamento 8,89 µmol P a 20ºC, epara C. raciborskii, no experimento com nitrogênio, as culturas encontravam-se ainda em faseexponencial <strong>de</strong> crescimento. Nos <strong>de</strong>mais experimentos e tratamentos, as culturas já tinhamatingido a fase <strong>de</strong> saturação.No experimento 1, com A. circinalis, na menor temperatura (20ºC), os resultados das<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s observadas nos diferentes tratamentos (Figura 1), mostram que o crescimento das


171cianobactérias foi favorecido na condição controle, seguido pela N-reduzido <strong>de</strong> 16,4µmol e<strong>de</strong>pois N-limitante <strong>de</strong> 0µmol. As <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>ste último tratamento foram asprimeiras a diminuírem acentuadamente logo no penúltimo dia do experimento.No experimento 2, A. circinalis na temperatura <strong>de</strong> 28ºC, atingiu um crescimentomelhor na condição controle, com diferenças significativas em relação aos tratamentos emcondições N-limitada (ANOVA, df = 2, F = 14,726, p = 0,005) (Tabela 2). Os doistratamentos <strong>de</strong>ste experimento, na condição com limitação por nitrogênio, mostraram umcrescimento muito semelhante <strong>de</strong>sta cepa, atingindo <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s semelhantes ao final doexperimento (Figura 1). Enquanto que no experimento 3, com variações na concentração <strong>de</strong>fósforo, o crescimento da cepa na condição <strong>de</strong> controle a 20ºC não teve diferença significativaentre o tratamento com P-reduzido <strong>de</strong> 0,89 µmol. No entanto, houve diferença significativacom o tratamento por P-limitante <strong>de</strong> 0,<strong>09</strong>µmol (ANOVA, df = 2, F = 12,206, p= 0,008)(Tabela 2). Também no experimento 4, nestas mesmas condições mas a 28ºC, o crescimentoda A. circinalis nos dois tratamentos (8,89 e 0,89 µmol P) foi semelhante e diferente dotratamento por P-reduzido (ANOVA, df.=2, F =16,673 e p = 0,004).Na temperatura <strong>de</strong> 20ºC, o crescimento <strong>de</strong> M. panniformis na condição controle doexperimento 5, o crescimento foi significativamente diferente e mais elevado dos dois outrostratamentos com condições N-limitante e N-reduzido (ANOVA, df. 2, F = 16,95, p = 0,003)(Figura 2 e Tabela 3). Os dois tratamentos limitados por N não tiveram diferençasignificativa. O mesmo comportamento fisiológico foi observado quando foi realizado oexperimento 6, em que M. panniformis, a 28ºC, na condição controle teve um crescimentomelhor do que os tratamentos com N-limitante e reduzido, e portanto houve diferençasestatísticas significativas (ANOVA, df = 2, F = 44,900 e P = 0,0002) (Figura 2 e Tabela 3).Não houve diferenças significativas entre os dois tratamentos limitados por nitrogênio.No experimento 7, foram aplicadas condições <strong>de</strong> controle e <strong>de</strong> limitação pornutrientes <strong>de</strong> 8,89 µmol P, 0,89 µmol P e 0,<strong>09</strong> µmol P a 20ºC, os resultados da análiseestatística mostraram que não houveram diferenças significativas entre os três tratamentos(ANOVA, df = 2, F = 5,058, p = 0,052) (Figura 2) (Tabela 3). No experimento 8, a tabela 3sintetiza os resultados da análise do experimento com maior temperatura (28ºC) e variação <strong>de</strong>P, foi observado aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> celular não diferenciada estatisticamente entre ostratamentos nas condições <strong>de</strong> P-reduzido (0,89 µmol P) para o controle (8,89 µmol) e P-limitante (0,<strong>09</strong> µmol). Por outro lado o crescimento nas condições <strong>de</strong> controle e o P-limitante(0,<strong>09</strong> µml) foram diferentes significativamente (ANOVA, df = 2, F = 5,1, p = 0,051).


172As cianobactérias cresceram com ou sem limitação por nutrientes e os valoresmáximos <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> crescimento foram obtidos para A. circinalis, nas condições <strong>de</strong> 164 µmolNaNO 3 (20ºC) com µ=0,47±0,12, sendo que houve diferenças significativas entre ostratamentos (p< 0,05), e a 8,89 µmol KH 2 PO 4 (28ºC) com µ=0,28±0,06 com diferençassignificativas entre os tratamentos (p< 0,05), para M. panniformis, a 164 µmol NaNO 3 (28ºC)com µ=0,17±0,04, com tratamentos significativamente diferentes (p< 0,05), e a 8,89 µmolKH 2 PO 4 (28ºC) com µ=0,39±0,11 com diferenças significativas (p< 0,05) e para C.raciborskii, a 164 µmol NaNO 3 (28ºC) com µ=0,48±0,<strong>09</strong>, sendo que os tratamentos revelaramdiferenças significativas (p< 0,05) (Figuras 1 a 3, Tabela 5).Os menores valores <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> crescimento foram registrados para A. circinalis, a 0µmol NaNO 3 (28ºC) com µ=0,13±0,16; e 0,<strong>09</strong> µmol KH 2 PO 4 (20ºC) com µ=0,07±0,04, paraM. panniformis a 0 µmol NaNO 3 (28 ºC) com µ =0,04±0,04 e 0,<strong>09</strong> µmol KH 2 PO 4 (20ºC) comµ =0,12±0,06 (Figuras 1 a 3, Tabela 5).Tabela 5: Valores médios (com erro padrão) do parâmetro fisiológico (µ) das linhagensestudadas apresentadas no gradiente-cruzado <strong>de</strong> nutrientes e temperatura po<strong>de</strong> ser visto nestatabelasFonte <strong>de</strong>nutriente Temperatura Concentração A. circinalis C. raciborskii M. panniformis°C µmol µ.dia -1NaNO 3 20 164 0,47 ± 0,12 0,13 ± 0,031,64 0,39 ± 0,15 0,04 ± 0,040 0,32 ± 0,18 0,05 ± 0,15KH 2 PO 428 164 0,26 ± 0,17 0,46 ± 0,06 0,17 ± 0,041,64 0,20 ± 0,15 0,41 ± 0,15 0,03 ± 0,020 0,14 ± 0,15 0,48 ± 0,<strong>09</strong> 0,02 ± 0,0220 8,89 0,<strong>19</strong> ± 0,03 0,20 ± 0,060,89 0,13 ± 0,05 0,22 ± 0,020,<strong>09</strong> 0,07 ± 0,04 0,12 ± 0,0628 8,89 0,28 ± 0,06 0,77 ± 0,17 0,39 ± 0,110,89 0,27 ± 0,04 0,72 ± 0,20 0,20 ± 0,180,<strong>09</strong> 0,21 ± 0,07 0,80 ± 0,26 0,13 ± 0,06


1733.2 Avaliação <strong>de</strong> cianotoxinasGTX-3GTX-2GTX-3ABPor meio da análise <strong>de</strong> cromatografia líquida <strong>de</strong> alta eficiência (CLAE) foramGTX-2<strong>de</strong>tectados, para C. raciborskii, neurotoxinas pertencentes a uma classe do grupo dastoxinas paralisantes.Nas Figuras 4 a 9 estão os cromatogramas gerados após a análise das neurotoxinase na Tabela 6 suas concentrações.40,002,31426,0024,002,31735,0030,0025,002,5847,9<strong>19</strong>9,88022,0020,0<strong>01</strong>8,0<strong>01</strong>6,0<strong>01</strong>4,002,5897,92<strong>09</strong>,880EU20,00EU12,0<strong>01</strong>5,002,75910,002,75110,005,003,4424,0464,5505,2516,8169,46112,29813,2838,006,004,002,003,3874,0464,7<strong>19</strong> 4,5485,2576,8139,45412,28413,2730,000,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00MinutesEU30,0025,0020,0<strong>01</strong>5,0<strong>01</strong>0,005,000,002,3262,5952,8083,382GTX-34,0574,546 4,7395,285 5,4556,8157,9289,8829,460GTX-212,29413,274C0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00MinutesFigura 4 Cromatogramas obtidos porHPLC dos produtos <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong> toxinasPSP do extrato filtrado <strong>de</strong> C. raciborskiievi<strong>de</strong>nciando a dominância <strong>de</strong> toxinas dotipo goniautoxinas (GTX-2 e GTX-3) numexperimento realizado com 8,89 µmolKH 2 PO 4 e temperatura <strong>de</strong> 28°C. A, B e Csão três replicas do mesmo experimento.Formatado: Cor da fonte:Vermelho


17445,0035,002,307D40,002,313E30,00GTX-335,00EU25,0020,007,9179,877GTX-230,0025,00GTX-315,0<strong>01</strong>0,005,000,002,5753,2283,6104,183 4,0294,393 4,5615,4555,2035,6346,81<strong>19</strong>,44712,281Figura 5 (réplica D, E e F): Cromatogramas obtidos por HPLC dos produtos <strong>de</strong>oxidação <strong>de</strong> toxinas PSP do extrato filtrado <strong>de</strong> C. raciborskii evi<strong>de</strong>nciando a dominância <strong>de</strong>toxinas do tipo goniautoxinas (GTX-2 e GTX-3) num experimento realizado com 0,89 µmolKH 2 PO 4 e temperatura <strong>de</strong> 28°C. A, B e C são três réplicas do mesmo experimento45,0040,0060,007,92750,0040,0<strong>09</strong>,875EU13,2637,92935,0030,0025,002,31<strong>19</strong>,882EUEU20,0<strong>01</strong>5,0<strong>01</strong>0,005,002,5953,4074,0554,5415,2756,8147,9289,8859,454GTX-212,28613,2750,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes0,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes30,0025,002,317F20,00GTX-37,927EU15,002,5959,885GTX-210,005,003,3784,0544,5504,7295,2735,7056,8169,46<strong>01</strong>2,29<strong>01</strong>3,2790,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00MinutesGTX-3GGTX-3HGTX-2GTX-220,0030,002,31715,0<strong>01</strong>0,005,002,5863,2273,6244,0445,2386,7897,25<strong>09</strong>,44612,26613,27420,0<strong>01</strong>0,002,6003,2443,6174,0664,7525,2826,8040,000,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes


17550,0045,0040,00GTX-37,932IFigura 6 Cromatogramas obtidos porHPLC dos produtos <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong>35,0030,0<strong>09</strong>,883GTX-2toxinas PSP do extrato filtrado <strong>de</strong> C.raciborskii evi<strong>de</strong>nciando a dominância <strong>de</strong>EU25,0020,0<strong>01</strong>5,0<strong>01</strong>0,005,002,3152,763 2,5953,2363,6264,0565,2626,773toxinas do tipo goniautoxinas (GTX-2 eGTX-3) num experimento realizado com0,<strong>09</strong> µmol KH 2 PO 4 e temperatura <strong>de</strong> 28°C.A, B e C são três replicas do mesmo0,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutesexperimento.110,00240,0<strong>01</strong>00,0<strong>09</strong>0,0080,00GTX-38,650A220,00200,0<strong>01</strong>80,00GTX-38,554B160,0070,0<strong>01</strong>40,0060,00EU50,00EU120,0<strong>01</strong>00,0040,0080,0030,0020,0<strong>01</strong>0,002,583 2,8205,7067,12310,700GTX-260,0040,0020,002,695 2,4313,3787,02710,621GTX-20,000,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,0 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,0 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00MinutesEU3,503,002,502,0<strong>01</strong>,5<strong>01</strong>,000,502,3842,7872,6153,0483,396 3,5844,0414,5995,1495,5106,9528,503GTX-310,58213,647CGTX-2Figura 7 Cromatogramas obtidos por HPLCdos produtos <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong> toxinas PSP doextrato filtrado <strong>de</strong> C. raciborskii evi<strong>de</strong>nciandoa dominância <strong>de</strong> toxinas do tipo goniautoxinas(GTX-2 e GTX-3) num experimento realizadocom 164 µmol NaNO 3 e temperatura <strong>de</strong> 28°C.A, B e C são três replicas do mesmo0,00experimento.0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes


176160,0<strong>01</strong>40,00GTX-38,5<strong>09</strong>D3,50GTX-38,5<strong>09</strong>E3,0<strong>01</strong>20,002,505,538100,002,0<strong>01</strong>0,585GTX-2EU80,0060,0040,0020,002,6002,3432,9165,5426,97110,59<strong>01</strong>1,168GTX-2EU1,5<strong>01</strong>,000,502,3802,795 2,6063,0423,3723,6064,0434,6156,98113,7080,000,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes240,00220,00200,00GTX-38,503FFigura 8 Cromatogramas obtidos porHPLC dos produtos <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong>180,0<strong>01</strong>60,00toxinas PSP do extrato filtrado <strong>de</strong> C.EU140,0<strong>01</strong>20,0<strong>01</strong>00,0<strong>01</strong>0,582GTX-2raciborskii evi<strong>de</strong>nciando a dominância<strong>de</strong> toxinas do tipo goniautoxinas (GTX-280,0060,0040,0020,000,002,3332,5976,3086,9640,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes11,129e GTX-3) num experimento realizadocom 16,4 µmol NaNO 3 e temperatura <strong>de</strong>28°C. A, B e C. A, B e C são três replicasdo mesmo experimento.


177260,00260,00240,00220,008,508GTX-2G240,00220,00200,008,500GTX-2H200,0<strong>01</strong>80,0<strong>01</strong>80,0<strong>01</strong>60,0<strong>01</strong>60,00EU140,0<strong>01</strong>20,0<strong>01</strong>00,0080,0<strong>01</strong>0,587GTX-3EU140,0<strong>01</strong>20,0<strong>01</strong>00,0080,0<strong>01</strong>0,577GTX-360,0060,0040,0040,0020,002,6<strong>01</strong> 2,3513,6213,2966,97020,002,5972,3263,2796,9380,000,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00Minutes350,00300,00GTX-38,505I250,00200,00EU150,0<strong>01</strong>00,0<strong>01</strong>0,582GTX-2 GTX-2GTX-350,002,3322,5993,2826,9580,000,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00MinutesFigura 9 Cromatogramas obtidos por HPLC dos produtos <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong> toxinas PSP doextrato filtrado <strong>de</strong> C. raciborskii evi<strong>de</strong>nciando a dominância <strong>de</strong> toxinas do tipo goniautoxinas(GTX-2 e GTX-3) num experimento realizado com 0 µmol NaNO 3 e temperatura <strong>de</strong> 28°C. A,B e C são três replicas do mesmo experimento.Para o experimento com fósforo as concentrações <strong>de</strong>tectadas <strong>de</strong> toxinas paralisantesnas culturas <strong>de</strong>monstraram variações entre os tratamentos durante o período <strong>de</strong> estudo.Segundo a tabela 6, as maiores concentrações <strong>de</strong> GTX-2 e GTX-3 foram encontradas nasculturas com 0,<strong>09</strong> µmol KH 2 PO 4 . Os menores valores dos dois tipos <strong>de</strong> goniautoxinasestiveram associados às culturas com o tratamento <strong>de</strong> 0,89 µmol KH 2 PO 4.


178Tabela 6: Concentrações médias (com erro padrão) <strong>de</strong> goniautoxinas (GTX-2 eGTX-3) <strong>de</strong>tectadas na cultura <strong>de</strong> C. raciborskii durante o período <strong>de</strong> estudo.Fonte <strong>de</strong>nutriente Temperatura Concentração C. raciborskii°C µmol µg/LKH 2 PO 4 28 8,89 84,24 ± 18,58GTX2 0,89 56,<strong>19</strong> ± 13,300,<strong>09</strong> 110,06 ± 15,05GTX3 8,89 51,76 ± 12,810,89 37,28 ± 9,730,<strong>09</strong> 89,97 ± 16,88NaNO 3 GTX2 164 95,57 ± 96,721,64 222,77 ± 205,410 416,33 ± 81,47GTX3 164 <strong>19</strong>5,69 ± <strong>19</strong>5,131,64 228,77 ± 203,870 513,40 ± 113,53Com relação as culturas com diferentes tratamentos <strong>de</strong> nitrogênio, como observadona mesma tabela 6, foi registrada a maior concentração <strong>de</strong> GTX-2 e GTX-3 para o tratamento0µmol NaNO 3 com 416,33±81,47µg/L e 513,40±113,53µg/L, respectivamente. Entretanto, astriplicatas apresentadas nas figuras 7 e 8, mostram espectros cromatográficos bastantediferentes entre as réplicas, sugerindo possíveis problemas em algumas etapas das análises.Seria aconselhável repetir a análise ou apenas abandonar as réplicas que se mostraramdiferentes (7C e 8E) das <strong>de</strong>mais.


1794 DiscussãoA capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> A. circinalis em diferentes concentrações <strong>de</strong>nitrogênio e fósforo <strong>de</strong>monstrou versatilida<strong>de</strong> fisiológica para adaptar-se, inclusive a meioslimitantes <strong>de</strong> nutrientes (Fig. 1). O crescimento a baixas concentrações <strong>de</strong> nitrogênio écompensado por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixar nitrogênio. Isto se evi<strong>de</strong>ncia com o aumento <strong>de</strong>heterocitos nestas condições <strong>de</strong> cultivo, como tem sido observado em outras cianobactériasfilamentosas e heterocitadas (Tan<strong>de</strong>au <strong>de</strong> Marsac & Houmard, <strong>19</strong>93). Em A. cilíndrica, porexemplo, a porcentagem <strong>de</strong> heterocitos po<strong>de</strong> ser aumentada até em 12% quando cultivada sóna presença <strong>de</strong> nitrogênio atmosférico (Stacey et al., <strong>19</strong>77). Um aumento da concentração <strong>de</strong>fontes nitrogenadas no meio <strong>de</strong> cultura induz uma baixa <strong>de</strong> heterocitos (Mishra, <strong>19</strong>97).A. circinalis parece manter um mecanismo eficiente <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biomassamesmo a concentrações limitantes <strong>de</strong> N entre 0 e 16,4 µmol NaNO 3. Entretanto, em outrascianobactérias não heterocitadas, tais como Oscillatoria agardhii, O. re<strong>de</strong>kei (Foy, <strong>19</strong>93), O.rubescens, Spirulina platensis (Becker, <strong>19</strong>94), Anacystis nidulans (Lau et al., <strong>19</strong>97) eSynechococcus sp. (Bittencourt, <strong>19</strong>97), se tem <strong>de</strong>scrito uma diminuição drástica <strong>de</strong> seucrescimento por limitação <strong>de</strong> nitrogênio. Possivelmente, a capacida<strong>de</strong> fixadora <strong>de</strong> nitrogênioque apresenta Anabaena, seja um fator importante para incrementar eficiência <strong>de</strong> crescimentomesmo a baixos níveis <strong>de</strong> nitrato, em comparação às outras cianobactérias sem heterocitos.A temperatura mínima para a ocorrência <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias é <strong>de</strong> 20ºC,embora existam espécies que sobrevivem em temperaturas inferiores a -5°C, como é o casodas espécies encontradas na Antártica (Yunes, 2002). Por outro lado, as temperaturasutilizadas neste trabalho parecem influenciar no crescimento <strong>de</strong>sta cianobactéria, visto queentre 20°C e 28°C houve diferença significativa entre os tratamentos (p< 0,05) (Tabela 5).Observações realizadas sobre populações naturais <strong>de</strong> cianobactérias <strong>de</strong> um mesmo gênero,mostraram que elas po<strong>de</strong>m apresentar diferentes respostas <strong>de</strong> crescimento ao aumento datemperatura (Wilmotte, <strong>19</strong>88).Os fatores ambientais que regulam as comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas têm sidoestudados intensivamente durante décadas em ambientes naturais (Lagus, 2004). SegundoDokulil & Teubner (2000), os fatores que influenciam a dominância <strong>de</strong> um ou outro grupo <strong>de</strong>algas são muitas vezes difíceis <strong>de</strong> apontar porque vários fatores relacionados estãonormalmente interagindo. Estes fatores não são necessariamente os mesmos em diferentes


180ambientes e estações do ano, e incluem fatores ambientais químicos, tais como concentrações<strong>de</strong> fósforo, nitrogênio e razões N:P, e climáticos, tal como a temperatura, e todos têminfluência significativa no crescimento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias.A composição do fitoplâncton do reservatório Pão-Cachinche-Venezuela, em 18meses <strong>de</strong> estudo foi <strong>de</strong>scrita como dominada em 75% pelas cianobactérias <strong>de</strong> Anabaena spp,Cylindrospermopsis raciborskii e Microcystis spp associada as altas temperaturas <strong>de</strong>ssereservatório (>28ºC), a estratificação térmica permanente e as concentrações <strong>de</strong> fosfatodissolvido (>10 µg.L -1 ) (Gonzalez et al., 2004).Hutson et al. (<strong>19</strong>87) e Dokulil & Teubner (2000) apresentaram algumas hipótesesque explicariam o sucesso <strong>de</strong> cianobactérias nos corpos d’água. Uma <strong>de</strong>las diz respeito àcondições <strong>de</strong> mudanças climáticas. Fatores que influenciam no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>cianobactérias em ecossistemas <strong>de</strong> águas continentais são as temperaturas elevadas e chuva(Shapiro, <strong>19</strong>90; Moreau, <strong>19</strong>97), sendo que em algumas espécies o melhor <strong>de</strong>senvolvimentofoi observado acima <strong>de</strong> 25°C. Dokulil & Teubner (2000) estudaram as temperaturas ótimaspara algumas cianobactérias. Cylindrospermopsis raciborskii, por exemplo, uma espécieoportunista (Isvánovics et al., 2000), é favorecida em corpos <strong>de</strong> água rasos e com elevadotempo <strong>de</strong> residência, além <strong>de</strong> temperaturas elevadas (Bittencourt-Oliveira & Molica, 2003).Mussagy (<strong>19</strong>97) e Moreau (<strong>19</strong>97) referem à dominância <strong>de</strong> cianobactérias na estação quente echuvosa (temperaturas variando entre 24ºC e 28ºC) no reservatório dos Pequenos Libombos,Moçambique nos Lagos Kariba e Tanganyika, respectivamente. Esses resultados estão <strong>de</strong>acordo com os obtidos no presente estudo experimental <strong>de</strong> gradiente-cruzado entre nutriente etemperatura.Parece que altas temperaturas são essenciais para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> C.raciborskii (Saker et al., <strong>19</strong>99). Populações perenes têm sido observadas apenas em regiõestropicais: Austrália (Fabbro & Duivenvoor<strong>de</strong>n, <strong>19</strong>96) e Brasil (Bouvy et al., <strong>19</strong>99;Komarková et al., <strong>19</strong>99), enquanto que em países temperados as proliferações são limitadasaos períodos mais quentes: Áustria (DokuliL & Mayer, <strong>19</strong>96) e Hungria (Padisák &Reynolds, <strong>19</strong>98). Porém foi registrado que cepas japonesas po<strong>de</strong>m crescer numa ampla faixa<strong>de</strong> temperatura (15-35 ºC) com o ótimo entre 30-35ºC (Chonudomkul et al., 2004).Outra hipótese está relacionada com as concentrações <strong>de</strong> nutrientes. Ascianobactérias <strong>de</strong>senvolvem-se bem em ambientes com abundantes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fósforo enitrogênio. A baixa biodisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fósforo po<strong>de</strong> limitar o crescimento do fitoplâncton(Jones apud Nilsson, 2000). Quando os lagos se tornam mais eutróficos, as cianobactériasdominam (Dokulil & Teubner, 2000; Downing et al., 20<strong>01</strong>; Giani et al., 2005).


181A limitação por nutrientes, a razão N:P e a temperatura afetando a biomassa e aestrutura <strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s não foram tão exploradas em estudos em microcosmos(González & Ortaz, <strong>19</strong>98; Bergquist & Carpenter, <strong>19</strong>86; Lagus, 2004). Zaret et al. (<strong>19</strong>81);Henry et al. (<strong>19</strong>85) encontrou, em experimentos <strong>de</strong> enriquecimento artificial, o nitrogêniocomo o principal nutriente limitante ao <strong>de</strong>senvolvimento do fitoplâncton nos lagos tropicais.Outros experimentos <strong>de</strong> enriquecimento, como <strong>de</strong> Henry (<strong>19</strong>86); Lemos et al. (<strong>19</strong>98a), porém,encontraram o fósforo também como sendo o principal nutriente limitante. É claro que oambiente on<strong>de</strong> os experimentos foram <strong>de</strong>senvolvidos e a composição em espécies dacomunida<strong>de</strong> fitoplanctônica nos diversos locais, são os fatores chaves para explicar estasdiferenças.Trabalhos <strong>de</strong> enriquecimentos artificiais realizados em mesocosmos e microcosmosem vários países no mundo, incluindo o Brasil têm <strong>de</strong>monstrado que a adição simultânea <strong>de</strong>nitrogênio e fósforo, na presença <strong>de</strong> temperatura a<strong>de</strong>quada ao crescimento, estimula osaumentos nos níveis <strong>de</strong> crescimento das algas (Robarts, R. D. & Zohary, T., <strong>19</strong>92; Guasch etal., <strong>19</strong>95; Pan & Lowe, <strong>19</strong>95, Spencer & Ellis, <strong>19</strong>98).As respostas <strong>de</strong> aumento no crescimento fitoplanctônico em <strong>de</strong>corrência da adição oulimitação <strong>de</strong> nutrientes encontrada no presente trabalho é similar àquela encontrada em outrosestudos (Yasuno, M., Takamura, N. & Hanazato, T., <strong>19</strong>93; Istvánovic, at al., 2000;Nalewajko, C. & Murphy, T. P., 20<strong>01</strong>; Repka et al., 2004; Vaitomaa, 2006). SegundoGonzález (2000), porém, os microcosmos po<strong>de</strong>m gerar condições internas diferentes daquelasdo ambiente natural. Experimentos em microcosmos po<strong>de</strong>m excluir ou distorcer ascaracterísticas das comunida<strong>de</strong>s naturais, principalmente pelo fato que alguns processospo<strong>de</strong>m mudar rapidamente (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional, regeneração <strong>de</strong> nutrientes e produçãoprimária). Entretanto, se consi<strong>de</strong>rarmos as escalas temporais e espaciais, os microcosmospo<strong>de</strong>m funcionar como ferramentas importantes para a compreensão dos mecanismos queocorrem em comunida<strong>de</strong>s naturais e os resultados po<strong>de</strong>m ser extrapolados para o ambientenatural (Carpenter, <strong>19</strong>96).C. raciborskii, uma espécie subtropical consi<strong>de</strong>rada invasora, originalmente<strong>de</strong>scrita como Anabaena raciborskii (Wolszynka, <strong>19</strong>12), ocorre em ambientes com altatemperatura, reservatórios oligo-mesotróficos (Amand, 2002; Komárkova et al., <strong>19</strong>99), nãofoi o caso <strong>de</strong> São Simão. Pinto-Coelho & Giani (<strong>19</strong>85), Branco & Senna (<strong>19</strong>91) e Souza et al.(<strong>19</strong>98), concomitantemente atribuíram a dominância <strong>de</strong> C. raciborskii a épocas <strong>de</strong> chuvas,ventos fracos e alta temperatura.


182A taxa <strong>de</strong> crescimento máxima obtida no experimento com nitrogênio à 28ºC foi 0,48µdia -1 . Isso po<strong>de</strong> ser explicado pela ocorrência <strong>de</strong> C. raciborskii antes restrita, à regiãotropical/subtropical do Brasil (Komárek et al., 2002), e cujos corpos d’água dificilmenteapresentam temperaturas baixas. Portanto, há fortes indícios <strong>de</strong> que a taxa <strong>de</strong> crescimento emdiferentes temperaturas e nutrientes tenha um significado <strong>de</strong> diferenciação interespecífica.Quanto a verificação da presença <strong>de</strong> cianotoxinas nos extratos <strong>de</strong>Cylindrospermopsis raciborskii, apenas dois picos claros e bem <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> toxinas foram<strong>de</strong>tectados, correspon<strong>de</strong>ntes à goniautoxinas GTX-2 e GTX-3, sempre com o mesmo tempo<strong>de</strong> retenção (8 e 10 min.). A presença <strong>de</strong> toxinas nas cianobactérias po<strong>de</strong> dar origem, poringestão das mesmas, a intoxicações gastrointerstinais e/ou problemas neurológicos nos sereshumanos. As goniautoxinas são neurotoxinas que foram primeiramente <strong>de</strong>tectadas emdinoflagelados marinhos. Às vezes estes organismos produzem florações no mar, conhecidascomo o fenômeno <strong>de</strong> marés vermelhas, mas freqüentemente não são aparentes e visíveis naágua, po<strong>de</strong>ndo alertar para um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Em <strong>19</strong>27 biotoxinas marinhasforam isoladas nos moluscos bivalves na Califórnia, EUA, e pela primeira vez a intoxicação emorte <strong>de</strong> consumidores <strong>de</strong> mexilhão foi relacionada com a presença no plâncton, <strong>de</strong> uma algamicroscópica, a Alexandrium catenella (Schantz, <strong>19</strong>84).Alguns <strong>de</strong>stes compostos receberam o nome da alga – goniautoxina (A. catenellanaquela altura estava incluída no gênero Gonyaulax) (Schantz, <strong>19</strong>84), que pertencem ao grupodas saxitoxinas. Estes compostos po<strong>de</strong>m ser agrupados em três grupos <strong>de</strong> acordo com atoxicida<strong>de</strong> manifestada em bioensaios. Assim, temos as toxinas N-sulfocarbamoiladas (C1-C4, B1 e B2) que apresentam baixa toxicida<strong>de</strong>, as carbamato (as goniautoxinas GTX-1-GTX-4), a saxitoxina-STX e a neosaxitoxin-NEO com toxicida<strong>de</strong> elevada.Segundo Oliver e Ganf (2000), cianobactérias são comuns em muitos sistemasaquáticos, mas a composição <strong>de</strong> espécies, distribuição e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> diferem entre os diversosambientes. Também, raramente, um único fator é responsável pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cianobactérias (Hadas et al., 2002). A distribuição <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong> organismos é comumenteinfluenciada por fatores como o fósforo, nitrogênio, razão N:P, oxigênio, pH e baixacondutivida<strong>de</strong> elétrica, sendo que as espécies variam em seus requerimentos ecológicos. Adistribuição geográfica é um fator que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da especificida<strong>de</strong> ecológica (Hoffmann, <strong>19</strong>96)e as características hidrológicas e hidrográficas são <strong>de</strong>terminantes na composição das espécies<strong>de</strong> cianobactérias em diferentes corpos d’água (Steinberg & Hartmann, <strong>19</strong>88; Huszar &Caraco, <strong>19</strong>98; Huszar et al., 2000).


183Entre os nutrientes essenciais requeridos pelas cianobactérias, o fósforo e onitrogênio são os mais importantes (Paerl, <strong>19</strong>88). O fósforo é o principal nutriente controladorda ocorrência <strong>de</strong> cianobactérias na água, embora compostos nitrogenados sejam relevantes na<strong>de</strong>terminação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cianobactérias presentes (Bartram et al., <strong>19</strong>99) e na produção<strong>de</strong> toxinas (Giani et al., 2005). As cianobactérias consomem elevadas concentrações <strong>de</strong>fósforo quando este está disponível, sendo estocados na forma <strong>de</strong> polifosfatos e, <strong>de</strong>vido a estefato, po<strong>de</strong>m tolerar temporariamente condições <strong>de</strong> menores concentrações <strong>de</strong>ste nutriente(Shapiro, <strong>19</strong>73; Oliver & Ganf, 2000).Embora na literatura vários trabalhos afirmem que a diminuição da razão NT/PTfavoreça cianobactérias fixadoras <strong>de</strong> nitrogênio (Trimbee & Prepas, <strong>19</strong>87), ainda não estáclaro que seja <strong>de</strong>vido à a este fator que as cianobactérias heterocitadas se tornam dominantesem sistemas aquáticos. De acordo com Steinberg & Hartmann (<strong>19</strong>88), as cianobactérias quenão apresentam heterocito po<strong>de</strong>m se sobressair em certos ambientes, mesmo com baixa razãoNT/PT.Os fatores ambientais que regulam as comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas têm sidoestudados intensivamente durante décadas em ambientes naturais (Lagus, 2004). SegundoDokulil e Teubner (2000), os fatores que influenciam a dominância <strong>de</strong> um ou outro grupo <strong>de</strong>algas são muitas vezes difíceis <strong>de</strong> apontar porque vários fatores relacionados estãonormalmente interagindo. Estes fatores não são necessariamente os mesmos em diferentesambientes e épocas do ano, e incluem fatores ambientais químicos, tais como concentrações<strong>de</strong> fósforo e nitrogênio, e climáticos, aquecimento global, tal como a temperatura, que po<strong>de</strong>mestar influenciado significativamente o crescimento intenso <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias.As espécies do gênero Microcystis são consi<strong>de</strong>radas cosmopolitas e amplamentedistribuídas em corpos d’água brasileiros e já foram registradas em inúmeros trabalhos, taiscomo: Komárková et al. (<strong>19</strong>86), Komárek (<strong>19</strong>91), Branco & Senna (<strong>19</strong>94), Komárková (<strong>19</strong>95),Moura (<strong>19</strong>96), Nogueira (<strong>19</strong>97), Sant’ Anna et al.(<strong>19</strong>97), Goodwin (<strong>19</strong>97), Costa (<strong>19</strong>98), Calijuriet al. (<strong>19</strong>99), Matthiensen et al. (<strong>19</strong>99), Porfírio et al. (<strong>19</strong>99), Vasconcelos (<strong>19</strong>99), Bittencourt-Oliveira (2000), Sant’ Anna & Azevedo (2000), Falco (2000), Marinho & Huszar (2002), Tucci(2002), Werner (2002), Carvalho (2003), Stoyneva (2003), Sant’Anna et al. (2004), Sanchis etal. (2004), entre outros.Tem sido freqüentemente mostrado, o aumento da biomassa das cianobactérias como aumento da concentração nutriente, especialmente fósforo total (Schindler <strong>19</strong>77; Watson etal. <strong>19</strong>97). Estes autores afirmam, no entanto, que o efeito da concentração <strong>de</strong> fósforo sobre osucesso dos diferentes grupos <strong>de</strong> cianobactérias é contraditório (Jensen et al. <strong>19</strong>94; Varis


184<strong>19</strong>93; Schreurs <strong>19</strong>92). Em seus estudos eles observaram que Microcystis foi favorecida pelaalta concentração <strong>de</strong> DIP. Em comparação com Anabaena, Microcystis tem uma baixaafinida<strong>de</strong> com fósforo (Visser et al. 2005), e, portanto, não po<strong>de</strong>ria concorrer com Anabaenaem baixas concentrações <strong>de</strong> fósforo.A limitação por nitrogênio ou baixos níveis da razão N:P têm sido freqüentementesugeridos por favorecerem cianobactérias heterocitadas perante os gêneros <strong>de</strong> cianobactériasnão fixadoras nos eventos <strong>de</strong> floração (Schindler <strong>19</strong>77; Canfield et al., <strong>19</strong>89; Hyenstrand etal., <strong>19</strong>98; Levine e Schindler <strong>19</strong>99; Kotak et al., 2000; Downing et al., 20<strong>01</strong>). Microcystisparece tolerar alta irradiância na superfície do corpo d’água (Paerl et al., <strong>19</strong>85) e parece sermais bem adaptada à alta irradiância do que Anabaena (Oliver & Ganf 2000; Huisman &Hulot 2005). Estudos semelhantes, como <strong>de</strong> Hammer (<strong>19</strong>64), Reynolds (<strong>19</strong>84), e Schreurs(<strong>19</strong>92), constataram que Microcystis dominaram em temperaturas mais elevadas do queAnabaena.De acordo com Kromkamp et al. (<strong>19</strong>89), o gênero Microcystis tem alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>assimilar fósforo, além <strong>de</strong> usá-lo eficientemente. Olrik (<strong>19</strong>94) estabeleceu que é necessáriodistinguir entre esgotamento <strong>de</strong> nutrientes na água circundante e limitação <strong>de</strong> nutrientes dofitoplâncton. Muitas espécies do fitoplâncton assimilam fósforo em excesso (“luxuryconsumption”) e po<strong>de</strong>m continuar se <strong>de</strong>senvolvendo, embora no meio o nutriente esteja esgotado,como é o caso <strong>de</strong> Microcystis. Conseqüentemente, o autor consi<strong>de</strong>ra difícil <strong>de</strong>cidir exatamentequando o fitoplâncton está limitado por nutrientes, através <strong>de</strong> dados ambientais.Em um estudo recente <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> 22 lagos no su<strong>de</strong>ste do Quebec,Canadá, Giani et al. (2005) a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma mo<strong>de</strong>lagem das alterações na abundânciatotal <strong>de</strong> cianobactérias observaram forte resposta da concentração <strong>de</strong> toxina ao conteúdo <strong>de</strong>nitrogênio mais do que ao fósforo total. Os resultados indicam que a concentração <strong>de</strong> microcistinaequivalente foi explicada principalmente pelas concentrações <strong>de</strong> nitrogênio total. Por outro lado, aconcentração <strong>de</strong> microcistina por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa não foi significativamente variável <strong>de</strong> umlago para outro.Segundo Giani et al. (Op. Cit), este resultado sugere que fatores ambientais controlam apresença <strong>de</strong> espécies tóxicas, mas eles têm um efeito limitado sobre a sua toxicida<strong>de</strong>. No presenteestudo, ensaios foram realizados para se avaliar variações na toxi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Microcystis e Anabaena,mas os resultados não foram apresentados no momento, por não terem tendências consistentesentre os diversos experimentos.Kruger & Eloff (<strong>19</strong>78) encontraram uma correlação entre a temperatura da água e o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> Microcystis em lagos Sul africanos. Eles observaram queflorações <strong>de</strong> Microcystis começavam a crescer na zona limnética do lago, algumas vezes com


185temperaturas <strong>de</strong> 16 – 17ºC. Seus resultados mostram o efeito da temperatura sobre a taxa <strong>de</strong>crescimento específica. Oberholster et al. (2006b), realizando estudos <strong>de</strong> campo, obtiveram umataxa <strong>de</strong> crescimento (µ.dia -1 ) <strong>de</strong> 0,3,3 registrada durante o pico <strong>de</strong> floração <strong>de</strong> cianobactérias nomês <strong>de</strong> julho, que foi próxima a taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> 0,48 observada em culturas por Reynolds(<strong>19</strong>84) e <strong>de</strong> 0,37 em populações naturais campo por Padisák (não publicado). Kardinaal et al.(2007) mostraram que uma sucessão sazonal <strong>de</strong> diferentes genótipos <strong>de</strong> Microcystis po<strong>de</strong> ser ummecanismo chave que <strong>de</strong>termina as concentrações <strong>de</strong> microcistinas encontradas em lagos.Oudra et al. (2002) mostraram que os períodos <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias foramnotavelmente caracterizados por temperaturas da água elevadas, estabilida<strong>de</strong> hidrológica mas,ao contrario <strong>de</strong> vários outros estudos, por baixas concentrações <strong>de</strong> nitrato, amônio e fósforosolúvel. A relação paradoxal entre ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias e limitação <strong>de</strong>nutrientes (nitrogênio e fósforo especialmente) foi explicado particularmente pela capacida<strong>de</strong>das cianobactérias <strong>de</strong> armazenamento intracelular <strong>de</strong>sses nutrientes.Os resultados das taxas <strong>de</strong> crescimento obtidos em culturas <strong>de</strong> laboratório na nossapesquisa corroboram os resultados acima citados, já que encontramos uma taxa máxima <strong>de</strong>crescimento <strong>de</strong> 0,39 µdia -1 para Microcystis panniformis com meio WC enriquecido <strong>de</strong> 8,89µmolP-PO 4 (28ºC). Mas é necessário lembrar que <strong>de</strong>vido ao fato que condições <strong>de</strong>crescimento em sistemas experimentais são otimizadas por luz, nutrientes, temperatura, pH eperda são reduzidas (não há “grazing” ou sedimentação), são em geral medidas taxassignificativamente mais altas do que em populações <strong>de</strong> campo.


1865 ConclusõesA partir dos resultados <strong>de</strong>stes experimentos po<strong>de</strong>mos concluir que:- as três espécies estudadas mostraram respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira diferente as diversasconcentrações <strong>de</strong> nutrientes usadas nos tratamentos;- Microcystis panniformis mostrou ter taxa <strong>de</strong> crescimento intrínseco elevada sobaumento <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> fósforo, mas em concentrações <strong>de</strong> fósforo mais baixas Anabaenacircinalis mostrou melhor crescimento. Esta espécie mostrou também gran<strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>crescer sob limitação por nitrogênio, graças a presença <strong>de</strong> heterocitos.- na ausência <strong>de</strong> nitrogênio a taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> A. circinalis diminuiu, mascrescimento positivo foi ainda suportado durante todo o período experimental;- mudanças nas concentrações <strong>de</strong> nutrientes pareceu ter pouco efeito sobre toxicida<strong>de</strong><strong>de</strong> microcistina sob nossas condições experimentais;- porém, quanto menor disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fósforo maior foi a produção <strong>de</strong> toxinas,saxitoxinas, em C. raciborskii;- é importante lembrar que embora nos experimentos foram analisados fatoresindividualmente, no ambiente natural cada espécies vai respon<strong>de</strong>r a uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fatores que vão atuar <strong>de</strong> forma complementar.


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<strong>19</strong>7CAPITULO 3: Análise da Distribuição Geográfica dos Estudos sobre aOcorrência <strong>de</strong> Populações <strong>de</strong> Cianobactérias nos Ecossistemas AquáticosResumoO perigo representado por cianobactérias para abastecimento <strong>de</strong> água tem sido reconhecidocomo crescente ao longo dos últimos anos. Neste trabalho realizamos um levantamentobibliográfico através <strong>de</strong> uma pesquisa da literatura, nos anos <strong>de</strong> <strong>19</strong>99 a 2006, sobrecianobactérias em todas as regiões do mundo, com o objetivo <strong>de</strong> avaliar a atenção dada àscianobactérias após a publicação original <strong>de</strong> Chorus e Bartram, em <strong>19</strong>99 (“ToxicCyanobacteria in Water”). Estudos sobre populações <strong>de</strong> cianobactérias ao longo do período dolevantamento, relacionam-se com as principais regiões geopolíticas mundiais e nacionais. Olevantamento bibliográfico foi realizado no sítio do “Thomson ISI”, disponível entre <strong>19</strong>99 a2007, utilizando palavras-chave pertinentes a “cyanobacteria”. Segundo os resultados obtidos,constatou-se crescimento exponencial nítido do número <strong>de</strong> publicações em cianobactérias,muitos dos quais <strong>de</strong>senvolvidos nos EUA e Europa, publicados em periódicos <strong>de</strong> circulaçãointernacional e apresentando elevado índice <strong>de</strong> citação. Em uma análise <strong>de</strong> regressãoevi<strong>de</strong>nciaram-se diferentes tendências temporais nas pesquisas em cianobactérias, indicando,para os anos mais recentes (2000 até 2005), uma diversida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> instituiçõespreocupadas com o problema das florações.Palavras-chave: produção científica, cianobactérias, regiões no mundo e no Brasil.


<strong>19</strong>8AbstractThe threat posed by cyanobacteria in the world water supply systems has been recognized as agrowing risk in recent years. This work was based on a survey conducted through a literaturesearch from <strong>19</strong>99 to 2006 on cyanobacteria in all regions of the world, to evaluate theattention given to this group since the original publication of Chorus and Bartram, in <strong>19</strong>99(“Toxic Cyanobacteria in Water”). The survey inclu<strong>de</strong>s studies on cyanobacteria performed inseveral national and global geopolitical regions. The analysis was ma<strong>de</strong> using the ThomsonISI site, available from <strong>19</strong>99 to 2007, using keywords relevant to "cyanobacteria. " Accordingto the results, there was a clear exponential growth in the number of publications oncyanobacteria, most of them were <strong>de</strong>veloped in the USA and Europe and published ininternational journals of high impact factor. The regression analysis confirmed evi<strong>de</strong>nce ofdifferent temporal trends in researches performed on cyanobacteria, showing in more recentyears (2000 to 2005) a greater diversity of institutions concerned with the problem of bloomsof cyanobacteria.Keywords: scientific publications, cyanobacteria, worldwi<strong>de</strong> regions


<strong>19</strong>91 IntroduçãoDurante os últimos anos, a incidência da ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> algas ecianobactérias, no ambiente marinho (geralmente chamadas <strong>de</strong> maré vermelha, causadas pordinoflagelados) e no <strong>de</strong> água doce (chamadas <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> algas) tem aumentadoglobalmente em freqüência, intensida<strong>de</strong> e duração (An<strong>de</strong>rson et al., <strong>19</strong>93; Chorus & Bartram,<strong>19</strong>99).As cianobactérias, também conhecidas como algas azuis, fazem parte do fitoplânctonnatural e são parte essencial num ecossistema aquático, e em termos econômicos estasbactérias têm uma importância alta, pois possuem importantes compostos com potenciaisaplicações biomédicas, como antivirícos, antibióticos, antitumores e antifúngicos (Sivonen &Jones, <strong>19</strong>99). No entanto, em <strong>de</strong>terminadas condições, normalmente uma combinação <strong>de</strong>elevado aporte <strong>de</strong> nutrientes, reservatórios rasos, temperatura elevada e condições estáveis, ascianobactérias po<strong>de</strong>m crescer excessivamente e formar florações com elevadas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>células (Drikas et al., 20<strong>01</strong>).As florações <strong>de</strong> cianobactérias em reservatórios <strong>de</strong>stinados à produção <strong>de</strong> água paraconsumo humano originam muitos problemas para o abastecimento <strong>de</strong> água potável(entupimento <strong>de</strong> filtros, acréscimos na dosagem <strong>de</strong> reagentes, produção <strong>de</strong> odores e sabores).No entanto, as crescentes preocupações relacionadas com as cianobactérias relacionam-secom o fato <strong>de</strong> uma proporção significativa <strong>de</strong> cianobactérias produzirem uma ou mais toxinas(Codd et al., <strong>19</strong>88; Carmichael, <strong>19</strong>92, Codd, <strong>19</strong>95; Sivonen, <strong>19</strong>96; Codd, <strong>19</strong>97; Chorus &Bartram, <strong>19</strong>99).As cianobactérias são também conhecidas como algas ver<strong>de</strong>-azuis <strong>de</strong>vido (retirarisso) à combinação <strong>de</strong> características comuns às bactérias e às algas. Estas bactérias sãoprocariotas fotossintéticos uni- e multicelulares que possuem clorofila a. A maioria dascianobactérias são fotoautotróficas aeróbias, que precisam <strong>de</strong> água, dióxido <strong>de</strong> carbono,substâncias inorgânicas e luz, para a sua sobrevivência. A fotossíntese é o seu principal modo<strong>de</strong> metabolismo <strong>de</strong> energia. No entanto, em ambiente natural, conhecem-se espécies capazes<strong>de</strong> sobreviver a longos períodos na escuridão. Assim, algumas cianobactérias apresentam umacapacida<strong>de</strong> distinta para a nutrição heterotrófica. Há registros <strong>de</strong> cianobactérias muitopequenas (0,2 – 2 µm), tendo sido reconhecida como uma fonte potencial significativa naprodução primária, em vários ambientes aquáticos (Mur et al., <strong>19</strong>99).A morfologia básica das cianobactérias compreen<strong>de</strong> formas unicelulares, coloniais emulticelulares filamentosas, po<strong>de</strong>ndo estas ser ou não ramificadas e portadoras ou não <strong>de</strong>


200células especializadas, os heterocistos. Muitas espécies <strong>de</strong> cianobactérias possuem vesículas<strong>de</strong> gás que são inclusões citoplasmáticas capazes <strong>de</strong> proporcionar regulação na flutuação e sãoestruturas cilíndricas que se enchem <strong>de</strong> gás. A sua função é dar às espécies planctônicas umimportante mecanismo ecológico <strong>de</strong> serem capazes <strong>de</strong> ajustar a sua posição vertical na coluna<strong>de</strong> água (Mur et al., <strong>19</strong>99).A OMS, no sentido <strong>de</strong> proteger a saú<strong>de</strong> pública, estabeleceu o valor guia <strong>de</strong> 1 µg/lpara a microcistina-LR total (conjunto da intracelular e extracelular) na água para consumohumano. Este valor é provisório, mas foi calculado com base na exposição a longo prazoCodd (2000); Falconer et al. (<strong>19</strong>99) e já está sendo utilizado em alguns países (e.g. Austrália eReino Unido). Valores guia para outro tipo <strong>de</strong> cianotoxinas não foram estabelecidos <strong>de</strong>vido àinsuficiência <strong>de</strong> dados (Falconer et al. (<strong>19</strong>99). Valores guia para águas <strong>de</strong> recreio, baseadosem estudos epi<strong>de</strong>miológicos também estão sendo utilizados, nesses mesmos países, na gestão<strong>de</strong>stas águas (valor guia <strong>de</strong> 20 000 células cianobactérias) (Codd, 2000).O <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> como ocorre à proliferação <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias tem avançadocientificamente (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99) (tem artigos mais recentes). Sendo assim, torna-seimportante abordar, através <strong>de</strong> uma análise quantitativa, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stes estudossobre cianobactérias e i<strong>de</strong>ntificar seus possíveis paradigmas.Vanti (2002) consi<strong>de</strong>ra que as técnicas quantitativas <strong>de</strong> avaliação das informaçõeshoje disponíveis po<strong>de</strong>m ser divididas em “bibliometria, cienciometria, informetria e maisrecentemente, webometria”. Todas têm funções similares e cada uma <strong>de</strong>las propõe medir apropagação do conhecimento científico e o fluxo da informação sob enfoques diversos.As abordagens informétricas, bibliométricas e cienciométricas, pelas quais a ciênciapo<strong>de</strong> ser retratada através dos resultados que alcançam, têm por base a noção <strong>de</strong> que aessência da pesquisa científica é a produção <strong>de</strong> conhecimento e que a literatura científica é umcomponente <strong>de</strong>sse conhecimento (Macias-Chapula, <strong>19</strong>98).O termo cienciometria surgiu na antiga União Soviética, tornando-se mais conhecidono final da década <strong>de</strong> <strong>19</strong>70, com uma publicação na revista “Scientometrics”, na Hungria(Vanti, 2002). De acordo com a mesma autora, os acadêmicos começaram a ter mais interessepela cienciometria na década <strong>de</strong> <strong>19</strong>80 <strong>de</strong>vido ao surgimento <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> artigospublicados em revistas in<strong>de</strong>xadas e fornecidas para as universida<strong>de</strong>s pelo antigo “Institute forScientific Information” (ISI, hoje Thomsom ISI). Esse banco <strong>de</strong> dados dispõe <strong>de</strong> informaçõessobre as publicações <strong>de</strong> diversos periódicos, em diferentes abordagens e nos mais variadoscampos do conhecimento (Strehl & Santos, 2002). Com a cienciometria, po<strong>de</strong>-se avaliar aimportância <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado assunto, autor e/ou trabalho, além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar as tendências e


2<strong>01</strong>contribuições <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada disciplina, um <strong>de</strong>terminado pesquisador ou grupo <strong>de</strong>pesquisadores, instituição ou país em relação ao avanço científico e tecnológico mundial(Macias-Chapula, <strong>19</strong>98; Strehl & Santos, 2002)1.2 HipóteseHá um aumento no interesse do problema <strong>de</strong> cianobactérias manifestado pelo número<strong>de</strong> artigos publicados, principalmente em paises <strong>de</strong>senvolvidos.1.3 ObjetivosO objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi o <strong>de</strong> realizar um levantamento e análise da distribuiçãogeográfica dos estudos sobre ocorrência <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias (artigos ecologia,fisiologia, taxonomia), (<strong>de</strong>fina o que significa artigos com populações) através <strong>de</strong> banco <strong>de</strong>dados eletrônicos, entre <strong>19</strong>99 e 2006.Para tal foram avaliados os seguintes parâmetros:- tendência temporal do número <strong>de</strong> artigos publicados sobre cianobactérias;- localização das publicações nas principais regiões geopolíticas mundiais ebrasileiras;- i<strong>de</strong>ntificação do estado atual dos estudos em cianobactérias e as principais lacunas.2 Material e MétodosPara a análise quantitativa da importância <strong>de</strong> cianobactérias, foi utilizada a produçãobibliográfica como indicador dos resultados obtidos nesse campo das ciências naturais nosúltimos 8 anos. O levantamento quantitativo da literatura sobre populações <strong>de</strong> cianobactériasfoi realizado utilizando as principais fontes <strong>de</strong> dados disponíveis nos sítios “Institute ofScientific Information, Thomson ISI” (“Web of Science”http://isi3.newisiknowledge.com/portal.cgi, ISI Web of Knowledge, 2006), Science Direct,PubMed, Periódicos Capes e somente o campo <strong>de</strong> pesquisa “TOPIC” foi preenchido usando otermo “cyanobacteria” como palavra-chave com as suas diversas variações *cyanobacteria*,*cyanophyta*, *cyanoprokaryotes*, *cyanophyceae*, *blue algae*, *blue-green algae*,*myxophyta* com a opção “Title only”, que foi utilizada para restringir a pesquisa apenas


202aqueles trabalhos diretamente relacionados com o estudo <strong>de</strong> cianobactérias e limitando operíodo <strong>de</strong> publicação dos artigos <strong>de</strong> <strong>19</strong>99 a 2006, com todos os nomes dos continentesindividuais.Todos os trabalhos disponibilizados, pelos critérios <strong>de</strong> procura citados acima, foramtabulados em planilha eletrônica e através dos seus respectivos resumos foram registrados. Foiutilizado o “Thomson ISI” <strong>de</strong>vido a sua abrangência quanto ao número <strong>de</strong> publicações equalida<strong>de</strong> das revistas científicas in<strong>de</strong>xadas. Foram obtidas as seguintes informações <strong>de</strong> cadaum dos trabalhos que apresentaram os critérios relacionados acima: (i) ano <strong>de</strong> publicação doartigo; (ii) periódico em que o artigo foi publicado; (iii) tipo <strong>de</strong> documento publicado (artigo,revisão, carta, notas, resumos em anais, material editorial, correções); (iv) nacionalida<strong>de</strong> doprimeiro autor (local <strong>de</strong> trabalho), no caso <strong>de</strong> artigos com mais <strong>de</strong> um autor; (v) áreageográfica <strong>de</strong> enfoque do estudo; (vi) tipo <strong>de</strong> estudo (teórico, empírico ou <strong>de</strong>scritivo); (vii)ambiente aquático; (viii) tipo <strong>de</strong> organismo estudado (cianobactérias ou algas) e (ix) palavraschave.Buscas incluíram todas as línguas, porém somente artigos <strong>de</strong> língua inglês original ouartigos com resumos em inglês foram aceito na revisão.É reconhecido que um corpo significativo <strong>de</strong> conhecimento po<strong>de</strong> ter escapado dainclusão nesta revisão. O levantamento foi realizado <strong>de</strong> março a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007, e janeiro<strong>de</strong> 2008.Foram selecionadas para a busca quatro bases <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> reconhecimentointernacional, que abrangem conteúdos das áreas <strong>de</strong> Ciência Biológicas, Ciências da Saú<strong>de</strong>,Ciências Ambientais e Ciências Agrárias: MEDLINE – “MEDlars onLINE, the Web ofScience , PubMed, Biological Abstracts, CAB Abstracts e o gerenciamento bibliográfico dosdados foi através do EndNorte.A variação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> artigos publicados sobre cianobactérias em função dotempo <strong>de</strong>corrido após <strong>19</strong>99 foi <strong>de</strong>scrita através <strong>de</strong> uma reta <strong>de</strong> regressão linear simples, apartir <strong>de</strong> diagrama <strong>de</strong> dispersão.3 Resultados e DiscussãoDe acordo com o levantamento realizado, foram encontrados 8218 trabalhos noperíodo <strong>de</strong> <strong>19</strong>99 a 2006 utilizando a palavra-chave “cyanobacteria” com suas diversasvariações. No entanto, nem todos continham as informações procuradas. Os trabalhos maisantigos, encontrados nesse banco <strong>de</strong> dados (Thomson ISI), foram publicados nos anos <strong>de</strong>1878 (vale a pena citar <strong>de</strong> quem) (1 trabalho), 1879 (vale a pena citar <strong>de</strong> quem) (1 trabalho),


2031883 (1 trabalho), 1887 (3 trabalhos), sendo que globalmente esses números ultrapassaram6% (518) dos trabalhos ano -1 para ecossistemas aquáticos (marinhos e água doce) até <strong>19</strong>99(Figura 1A) e 4,6% (118) trabalhos ano -1 para água doce especificamente (Tabela 1).O levantamento mostrou um aumento crescente do interesse no tema“cianobactérias”, como mostra o número <strong>de</strong> trabalhos publicados por ano (Tabela 1, 2 eFigura 1).Observando os dados apresentados na Tabela 1, é fácil ver a tendência <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong>trabalhos publicados sobre cianobactérias em função do tempo, principalmente a partir do ano<strong>de</strong> <strong>19</strong>99. A análise <strong>de</strong> regressão linear efetuada confirmou essa relação significativa entre onúmero <strong>de</strong> artigos publicados com o passar do tempo (R² = 0,79; p = 86,88).Tabela 1. Número <strong>de</strong> trabalhos publicados sobre cianobactérias em ecossistemasaquáticos em geral e água doce, no mundo: <strong>19</strong>99 – 2006 (Porcentagem com relação ao total<strong>de</strong> trabalhos analisados)Ano Trabalhos % Água doce %<strong>19</strong>99 518 6,3 118 4,62000 896 10,9 281 1120<strong>01</strong> 973 11,8 278 10,92002 1088 13,2 318 12,52003 1<strong>09</strong>0 13,3 387 15,22004 1188 14,5 384 152005 1269 15,4 404 15,82006 12<strong>01</strong> 14,6 384 15Total 8218 100 2554 100


204Tabela 2. Distribuição do número <strong>de</strong> trabalhos publicados sobre cianobactérias nos diversoscontinentes (<strong>19</strong>99 – 2006) (não tem chamada no texto para esta tabela!)Ano África Am. Am. Am. Sul Antártida Ásia Oceania Europa DemaisCentral Norte<strong>19</strong>99 14 1 81 29 6 143 35 183 262000 29 3 182 40 21 186 41 324 7020<strong>01</strong> <strong>19</strong> 1 <strong>19</strong>2 35 17 227 70 351 622002 35 3 212 34 6 246 29 422 962003 34 2 <strong>19</strong>7 57 13 259 32 327 1692004 23 5 234 48 13 326 25 322 <strong>19</strong>22005 29 5 263 37 9 316 39 348 2222006 26 5 275 44 11 322 36 293 189Total 2<strong>09</strong> 25 1636 324 96 2025 307 2570 1026Nos anos posteriores a <strong>19</strong>99, observou-se um aumento expressivo do número <strong>de</strong>trabalhos sobre cianobactérias (Figuras 1 e 2: existem duas fig. 2 – pág. 225 e 226) e, emboraas curvas <strong>de</strong> aumento não indiquem uma linearida<strong>de</strong> dos dados, sugerem um aumentoexponencial nítido do número <strong>de</strong> trabalhos ao longo do tempo. Esse aumento <strong>de</strong> publicaçõessobre cianobactérias é um indicativo do aumento <strong>de</strong> pesquisadores interessados nessa área,bem como <strong>de</strong> seu progresso cientifico, consi<strong>de</strong>rando que o número <strong>de</strong> publicações é uma dasmedidas mais utilizadas para quantificar o progresso e a evolução <strong>de</strong> uma ciência (Verbeek etal., 2002).Segundo Macias-Chapula (<strong>19</strong>98) e Vanti (2002), a revista na qual o trabalho foipublicado é um dos critérios, <strong>de</strong>ntre outros, para avaliação do contexto em que se insere ocampo do conhecimento em avaliação. Em populações <strong>de</strong> cianobactérias, as revistas com altataxa <strong>de</strong> publicação, como observado na Figura 4, não editam apenas trabalhos específicos daárea relacionada às cianobactérias e são todas <strong>de</strong> circulação internacional. Esses fatoresindicam, junto com o crescente número <strong>de</strong> publicações (principalmente artigos) ao longo dotempo, que ficologia <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias é uma área com propósitos sólidos, emconstante expansão e com uma razoável re<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação do conhecimento adquirido.Outro critério para avaliação dos trabalhos científicos, não abordado neste trabalho,além da revista na qual eles foram publicados, é a freqüência com que um trabalho é citadopor outros. O número <strong>de</strong> citações é utilizado para avaliar o impacto <strong>de</strong> um trabalho na


205comunida<strong>de</strong> científica diretamente ligada ao campo <strong>de</strong> abrangência do estudo (Verbeek et al.,2002). Dessa forma, espera-se que um trabalho inédito, abrangente e com resultadosinteressantes e inovadores, seja citado por vários outros autores. No entanto, a maioria dosartigos publicados, em geral, não é citada ou apresenta uma freqüência <strong>de</strong> citação muito baixa(Verbeek et al., 2002; Colquhoun, 2003). Em ficologia <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias, essepadrão não se mostrou anômalo. De acordo com Verbeek et al. (2002), o tempo <strong>de</strong> publicaçãoque um <strong>de</strong>terminado trabalho está disponível na literatura não influencia seu índice <strong>de</strong> citação,mas sim a qualida<strong>de</strong> do trabalho e, conseqüentemente, <strong>de</strong> sua produção bibliográfica e há umatendência a valores crescentes e positivos em direção às décadas <strong>de</strong> <strong>19</strong>90 e 2000 (até 2006),indicando que os trabalhos mais recentes ten<strong>de</strong>m a ser mais citados.Para Colquhoun (2003), embora a maioria dos trabalhos tenha sido publicada emrevistas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> ampla circulação, apresentando, alguns, altos níveis <strong>de</strong> citação, nãofoi observada correlação entre o número <strong>de</strong> citações dos artigos e o fator <strong>de</strong> impacto dasrevistas em que foram publicados essas duas variáveis (citação e impacto) não se relacionampelo fato <strong>de</strong> que muitos trabalhos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> são rejeitados por revistas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>impacto. Portanto, tais trabalhos são publicados em revistas menos expressivas (com fator <strong>de</strong>impacto menor), porém apresentam alto índice <strong>de</strong> citação <strong>de</strong>vido à qualida<strong>de</strong> e expressivida<strong>de</strong><strong>de</strong> seus resultados. As revistas Nature e Science, conhecidas mundialmente pelo alto nível <strong>de</strong>suas publicações, rejeitam, por exemplo, cerca <strong>de</strong> 95% dos trabalhos que recebem paraavaliação. Conforme Lawrence (2003), muitos trabalhos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> são rejeitadossimplesmente <strong>de</strong>vido ao anonimato ou falta <strong>de</strong> influência do autor e não pela qualida<strong>de</strong> dotrabalho <strong>de</strong>senvolvido. De certa forma, essa política que envolve os editores acaba<strong>de</strong>gradando o progresso da ciência, principalmente nos países <strong>de</strong>senvolvidos, on<strong>de</strong> oinvestimento em pesquisa é maior (Barcinski, 2003).Em estudos sobre populações <strong>de</strong> cianobactérias, os esforços <strong>de</strong> pesquisa foramconcentrados em três regiões territoriais: européia, asiática e norte americana (Figura 2A) e<strong>de</strong>senvolvidos, em sua maioria, por autores também europeus, asiáticos e norte-americanos ouque trabalham na União Européia, Ásia ou nos EUA. Segundo “4 th Meeting of the WorkingGroup on Water and Health. Agenda item 6: Conference on cyanobacteria – Geneva,Switzerland, 2004”, o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> publicações <strong>de</strong> autores europeus, asiáticos e norteamericanos (31%, 25% e 20% respectivamente) é o reflexo do investimento em infra-estruturae financiamento <strong>de</strong> pesquisas, não apenas por instituições públicas, mas também por empresasprivadas e organizações não-governamentais.


206Apesar <strong>de</strong>sses territórios ocuparem as primeiras posições quanto ao número <strong>de</strong>autores e <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>senvolvidos sobre cianobactérias em suas áreas geográficas, adiscrepância entre esses valores (Figura 2 e 4) sugere que muitos pesquisadores <strong>de</strong>ssas regiõesou vinculados às instituições nacionais <strong>de</strong>senvolvem pesquisas em ecossistemas localizadosem outros países. Isto se <strong>de</strong>ve, em parte, ao gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> estrangeiros que se qualificamnos EUA, na Europa e na Ásia, mas buscam os dados nos seus países <strong>de</strong> origem. Dessa forma,o vínculo profissional fica consolidado com uma instituição <strong>de</strong> suas regiões, mas a pesquisa é<strong>de</strong>senvolvida, <strong>de</strong> fato, em outra região geopolítica.A ameaça causada pelas cianobactérias no abastecimento <strong>de</strong> água tem sidoreconhecida como uma crescente ameaça para os últimos 30 anos. Pesquisas sobrecianobactérias, cianotoxinas e problemas associados são particularmente importantes emregiões, especialmente <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos, on<strong>de</strong> um aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional,tem <strong>de</strong>ixado um impacto tremendo sobre a qualida<strong>de</strong> da água. O aumento da eutrofização é amaior preocupação, pois causa uma expansão das florações <strong>de</strong> cianobactérias. O centroEuropeu para Meio Ambiente e Saú<strong>de</strong> (OMS - Roma para Europa), conduziu umlevantamento da literatura para avaliar a atenção dada a cianobactérias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a publicaçãooriginal (Chorus, 20<strong>01</strong>) em <strong>19</strong>99. O resultado mostrou um aumento do interesse <strong>de</strong> algunspaíses no problema <strong>de</strong> cianobactéria, como Alemanha, França, Hungria, Portugal e Suécia.Outra hipótese que se complementa com a idéia anterior para explicar essadiscrepância po<strong>de</strong> estar ligada ao ambiente natural, uma vez que os trabalhos analisados são<strong>de</strong> populações <strong>de</strong> cianobactérias. Algumas <strong>de</strong>ssas regiões possuem poucos ecossistemasnaturais, sendo esses pobres em diversida<strong>de</strong> biológica quando comparados a outras regiões(e.g. região tropical). Assim, muitos <strong>de</strong> seus pesquisadores ou vinculados às universida<strong>de</strong>snacionais buscam ecossistemas localizados em outros países para <strong>de</strong>senvolverem seusestudos.Consi<strong>de</strong>rando que o investimento em ciência está diretamente relacionado com aformação e qualificação <strong>de</strong> pesquisadores, mestres e doutores titulados (Mugnaini et al.,2004), segundo os dados obtidos neste trabalho, a região asiática é a que apresenta maiornúmero <strong>de</strong> trabalhos científicos publicados precedidos da região européia. Populações <strong>de</strong>cianobactérias ocorrem nos corpos d’água <strong>de</strong> todos países europeus e eles apresentam umnúmero <strong>de</strong> publicações relativamente alto (Figura 2).As pesquisas iniciais sobre cianobactérias documentadas nos E.U.A. revelaram opotencial veneno <strong>de</strong> alga ver<strong>de</strong>-azul registrado em “The Bulletin of the Minnesota Aca<strong>de</strong>myof Science” (Arthur, 1883). O primeiro caso <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong> doenças humanas <strong>de</strong>vido às toxinas


207<strong>de</strong> cianobactérias ocorridas em Charleston, Oeste da Virginia foi publicado no The AmericanJournal of Public Health (Tisdale, <strong>19</strong>31).O Brasil, apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um país em <strong>de</strong>senvolvimento, apresenta uma boacolocação quanto ao número <strong>de</strong> publicações sobre populações <strong>de</strong> cianobactérias, quandocomparado a outros países consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>senvolvidos (Figura 1B). Embora a eutrofizaçãotenha sido reconhecida globalmente como uma preocupação crescente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos <strong>de</strong> <strong>19</strong>50foi nas últimas três décadas que a proliferação <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias tóxicas se tornoureconhecida como um problema à saú<strong>de</strong> humana (Chorus & Bartram, <strong>19</strong>99). A importânciarelativa das toxinas só foi conhecida praticamente na América do Sul e Central <strong>de</strong>pois dasflorações <strong>de</strong> cianobactérias no Brasil. A ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactériaspotencialmente tóxicas tem sido registrada em quase todos estados brasileiros, da região Nortea Sul.De acordo com uma revisão <strong>de</strong> Sant’Anna e Azevedo (2000), os gêneros maiscomuns são Microcystis e Anabaena, mas um aumento em dominância <strong>de</strong>Cylindrospermopsis foi <strong>de</strong>tectado na última década (Bouvy, et al., <strong>19</strong>99; Huszar et al., 2000).Além disso, o isolamento <strong>de</strong> cianobactérias nanoplanctônicas tóxicas (Synechocystisaquatilis) <strong>de</strong> cepas <strong>de</strong> cianobactérias costeiras e <strong>de</strong> reservatórios na região Nor<strong>de</strong>ste Brasileiro(Domingos et al., <strong>19</strong>99; Komárek, et al., 20<strong>01</strong>) <strong>de</strong>fine uma mudança nova para a saú<strong>de</strong>pública.No continente africano com os seus 57 países, alguns dos quais são estados pequenose vários estão em situação <strong>de</strong> crises políticas nos seus territórios, pouco se investe naspesquisas sobre cianobactérias (Figura 2A), apesar da existência <strong>de</strong> várias organizações pan-Africanas ou o não envolvimento dos países mais <strong>de</strong>senvolvidos da região, tal como África doSul.A Austrália e a Nova Zelândia têm sido ativos e os maiores contribuintes <strong>de</strong>trabalhos publicados sobre cianobactérias na região oceânica. Tem também sido relevante,segundo trabalhos obtidos neste estudo, um investimento significativo em pesquisasrelacionadas ao controle e gestão das cianobactérias, particularmente em técnicas <strong>de</strong>tratamento <strong>de</strong> água para remoção <strong>de</strong> cianotoxinas.A distribuição geográfica <strong>de</strong>sses trabalhos também mostrou que o problema <strong>de</strong>cianobactérias é reconhecido como uma área <strong>de</strong> pesquisa básica e científica aplicada namaioria dos países do mundo.


2081400A120<strong>01</strong>000800Número <strong>de</strong> artigos publicados6004004035B30252<strong>01</strong>5<strong>19</strong>99 2000 20<strong>01</strong> 2002 2003 2004 2005 2006Ano <strong>de</strong> publicação do artigoFigura 1. Número <strong>de</strong> trabalhos sobre cianobactérias publicados ao longo dos últimos8 anos do mundo e do Brasil. (1A): Mundo (n = 8218) e (1B): Brasil (n = 180).


2<strong>09</strong>Número <strong>de</strong> artigos publicados150<strong>01</strong>25<strong>01</strong>000750500250y = 86,881x - 172952R 2 = 0,79050<strong>19</strong>98 <strong>19</strong>99 2000 20<strong>01</strong> 2002 2003 2004 2005 2006AnoFigura 2: A variação do número <strong>de</strong> trabalhos publicados sobre cianobactérias emfunção do tempo <strong>de</strong>corrido após seu primeiro ano <strong>de</strong> levantamento dos dados.


210A2<strong>09</strong>AAC25AN1636AS324An96As2025E2570O3070 500 1000 1500 2000 2500 3000BCO3NE25N6SE107S390 20 40 60 80 100 120Figura 3. Número <strong>de</strong> trabalhos sobre cianobactérias publicados ao longo dos últimos 8 anosem diferentes regiões continentais e brasileiras: Mundo (2A) e Brasil (2B): <strong>19</strong>99 – 2006 (2A:A = África, AC = América Central, AN = América do Norte, AS = América do Sul, An =


211Antártida, As = Ásia,. E = Europa e O = Oceania. 2B: CO = Centro Oeste, NE = Nor<strong>de</strong>ste, N= Norte, SE= Su<strong>de</strong>ste, S = Sul)Figura 4. Número <strong>de</strong> trabalhos sobre cianobactérias publicados nas diferentes 5regiões brasileira indicadas <strong>de</strong> 1 a 5: <strong>19</strong>99 – 2006. (N = Região Norte, NE = Região Nor<strong>de</strong>ste,CO = Região Centro-Oeste, SE = Região Su<strong>de</strong>ste e S = Região Sul).Os trabalhos analisados foram publicados, principalmente, como documentos naforma <strong>de</strong> artigos e revisões em revistas diferentes. Porém, uma parte significativa (cerca <strong>de</strong>21%, 77 revistas) continha menos <strong>de</strong> 12 trabalhos publicados. Dentre as 56 revistas comnúmero maior ou igual a 13 trabalhos, as seguintes po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>stacadas com número maiorque 100: Hydrobiologia (189 artigos), Applied and Environmental Microbiology (189) eJournal of Bacteriology (159). A Tabela 2 mostra as revistas com 100 ou mais trabalhospublicados.


212Tabela 2. Listagem número da or<strong>de</strong>m dos periódicos e do periódico correspon<strong>de</strong>nte durante operíodo do estudo.Nº <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m Periódicos1Acta Hydrobioloca Sinica2African Journal of Aquatic Science3Algae4Ambio5Applied and Environmental Microbiology6Applied Microbiology and Biotechnology7Aquaculture8Aquatic Ecology9Aquatic Microbial Ecology10Archiv fuer Hydrobiologie Supplement11Archiv Fur Hydrobiologie12Archives of Microbiology13Astrobiology14Biochemistry15Biochimica et Biophysica Acta16Biophysical Journal17Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences18Cryptogamie Algologie<strong>19</strong>Current Microbiology20Ecohydrology and Hydrobiology21Ecological Mo<strong>de</strong>lling22Environmental Microbiology23Environmental Toxicology24Estuaries and Coasts25European Journal of Biochemistry26European Journal of Phycology27Febs Letters28Fems Microbiology Ecology29Fems Microbiology Letters30Freshwater Biology


2133132333435363738394041424344454647484950515253545556Harmful AlgaeHydrobiologiaInternational Journal on AlgaeJournal of Applied PhycologyJournal of BacteriologyJournal of Biological ChemistryJournal of Freshwater EcologyJournal of PhycologyJournal of Plankton ResearchJournal of Plant PhysiologyLake and Reservoir ManagementLimnologyLimnology and OceanographyMarine Ecology Progress SeriesMarine Pollution BulletinMicrobial EcologyMolecular MicrobiologyNaturePhycologiaPlant and Cell PhysiologyScienceToxiconWater Resources ResearchWater Science and TechnologyWorld Journal of Microbiology & BiotechnologyDemais periódicos


2144 ConclusõesA partir do levantamento bibliográfico realizado acima, sobre estudos sobrecianobactérias e suas toxinas, po<strong>de</strong>m ser apresentadas as seguintes conclusões:- A área <strong>de</strong> pesquisa em cianobactérias e cianotoxinas está rapidamente adquirindomaior importância cientifica em todas as regiões do mundo;.- A presença <strong>de</strong> cianobactérias, freqüentemente associada com florações, tem sidoobservado em vários ambientes nos diversos continentes, indicando se tratar <strong>de</strong> um problemaglobal relevante, em relação a produção <strong>de</strong> água para consumo em todas as regiões. Mudançasclimáticas po<strong>de</strong>rão aumentar ainda mais a proliferação <strong>de</strong> cianobactérias ou aumentar osperíodos <strong>de</strong> floração.- Muitos trabalhos sobre cianobactérias po<strong>de</strong>m estar fora <strong>de</strong>ste estudo, porque amaioria <strong>de</strong>les encontra-se em relatórios, resumos expandidos, dissertações <strong>de</strong> mestrado e teses<strong>de</strong> doutorados não publicados.


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