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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEagentes do DEIC – Departamento Estadual de Investigações Criminais – transportaram-no para o Hospital Geral do Exército - HGE, ondeiniciaram um processo de interrogatório e torturas que culminou com sua morte, a 23 de setembro. A família o procurou insistentemente noHGE, onde diziam nada saber. Após 33 dias, a irmã foi chamada para autorizar uma cirurgia, quando seu estado de saúde já era terminal.Um exame de corpo de delito, assinado pelos médicos José Francisco de Faria e Abeylard de Queiroz Orsini, descreve “um único ferimentopor arma de fogo, na face anterior do hemitórax esquerdo e vários ferimentos corto-contusos na região occipital”. O laudo de necropsia inclui,além do ferimento descrito acima, cicatrizes cirúrgicas, escaras de decúbito na região sacra e mais um ferimento perfuro contuso naregião vertebral, terço inferior. Assinam o laudo os legistas Octávio D’Andrea e Orlando Brandão, apontando como causa mortis ‘colapsotóxico infeccioso’.A CEMDP realizou inúmeras diligências tentando esclarecer os fatos. Oficiou ao HGE, onde João Domingues esteve internado e morreu, obtendocomo resposta que esse nome não constava em qualquer prontuário, livro de entrada ou ficha de internação. O Hospital das Clínicasinformou que João Domingues fora internado em 30/07/1969, tendo obtido alta no mesmo dia, após ser submetido a uma cirurgia. A Secretariade Segurança Pública/SP, dentre outras informações, encaminhou “Relatório Especial de Informações nº 23”, do Quartel general doExército em São Paulo, datado de 01/08/1969, poucos dias depois da prisão. Esse documento contém capítulo dedicado a João Domingues,contando como fora preso e que fora submetido a leve interrogatório devido ao seu estado de saúde. Ressaltando a importância da prisão,o relatório ressalta a expectativa de que viesse a ser convenientemente interrogado quando seu estado de saúde permitisse.A CEMDP apurou, portanto, que João Domingues deu entrada no Hospital das Clínicas em 30 de julho e foi imediatamente submetido aexame de corpo de delito, sendo constatado o risco de vida. Após “laparatomia exploratória”, cirurgia de grande extensão, com “sutura deestômago, fígado, diafragma e pulmão”, em vez de ser levado para uma UTI, recebeu alta no mesmo dia para ser levado pelos órgãos desegurança. Foi localizado pela família um mês depois, com estado de saúde muito precário, no Hospital Geral do Exército (que não acusa suainternação), quando sua irmã foi informada de que os médicos necessitavam de uma autorização escrita para a realização de outra cirurgia.Não restou dúvida de que João Domingues faleceu sob a guarda de agentes do poder público, morrendo de causa não natural.JOSÉ WILSON LESSA SABBAG (1943-1969)Número do processo: 013/02Filiação: Maria Lessa Sabbag e Wilson José SabbagData e local de nascimento: 25/10/1943, São Paulo (SP)Organização política ou atividade: ALNData e local da morte: 03/09/1969, São Paulo (SP)Relator: Belisário dos Santos JúniorDeferido em: 22/04/2004 por unanimidadeData da publicação no DOU: 26/04/2004José Wilson Lessa Sabag, estudante do 5º ano de <strong>Direito</strong> na PUC de São Paulo, era membro de um pequeno grupo de militantes daoposição armada, ligado à ALN. Casado com Maria Tereza de Lucca Sabbag, com quem teve uma filha, foi morto em 03/09/1969, nacapital paulista, aos 25 anos de idade. A família requereu os benefícios fora do prazo legal estipulado pela Lei nº 9.140/95, o queocasionou um indeferimento inicial.Em outubro de 1968, José Wilson havia sido preso no 3º Congresso da UNE em Ibiúna, permanecendo detido por cerca de dois meses e,quando libertado, não se sentiu seguro para retornar às aulas da PUC e ao emprego no Banco do Estado de São Paulo. Chegou a produziralgumas filmagens sobre o Movimento Estudantil de 1967 e 1968. Documentos dos órgãos de segurança registram-no como “namorado”de Maria Augusta Thomaz, que seria morta em maio de 1973, no interior de Goiás, como militante do Molipo.| 100 |

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