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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADENELSON JOSÉ DE ALMEIDA (1947-1969)Número do processo: 074/96Filiação: Ana Tereza de Almeida e Manoel Cezalpim de AlmeidaData e local de nascimento: outubro de 1947, Mendes Pimentel (MG)Organização política ou atividade: CorrenteData e local da morte: 11/04/1969, Teófilo Otoni (MG)Relator: Nilmário MirandaDeferido em: 23/04/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 25/04/1996O estudante mineiro Nelson José de Almeida era filho de camponeses humildes da região do Vale do Rio Doce. Aos 10 anos, mudou-secom sua família de Mendes Pimentel para Governador Valadares. Desde muito cedo já trabalhava, vendendo produtos agrícolas. Depoisde terminar o antigo primário, mudou-se novamente, com a família, desta vez para Brasília, onde o irmão mais velho já estava morando.Nelson teve que encarar serviços pesados, como ajudante de pedreiro, apesar de sua pouca idade. Estudou, à noite, em Sobradinho, e assimconcluiu o curso ginasial.Foi nessa época que passou a militar na Corrente, grupo dissidente do PCB em Minas Gerais, incorporado mais tarde à ALN. Documentos dosórgãos de segurança do regime militar o acusam de ter participado em algumas ações armadas em Belo Horizonte, sendo que no assalto auma boate, em 01/12/1968, teria disparado contra um cozinheiro, que foi ferido mas sobreviveu.Nelson foi morto aos 21 anos, em 11/04/1969, na cidade de Teófilo Otoni. Na prisão, foi reconhecido pelo soldado, Artur Orozimbo, seucolega de infância, que avisou a família de sua morte. Há diferentes versões para as circunstâncias concretas da morte nos documentosoficiais, não tendo sido possível constatar a verdade, apesar do grande empenho do relator. Alguns documentos informam que teria morridodurante assalto a uma agência da Caixa Econômica Federal em Teófilo Otoni, assalto esse que nunca ocorreu. Outros documentos registramque fora capturado em diligência policial e que, ao tentar fugir foi baleado, tendo morrido em um hospital da cidade. Outra versão é dadano atestado de óbito, onde consta que Nelson falecera na via pública, à rua Wenefredo Portella - endereço da cadeia e do Quartel da PMe Tiro de Guerra.O assento de óbito foi feito em 12/04/1969, tendo sido declarante o cidadão João Gabriel da Costa, mais conhecido por “Siono”, agentefunerário da cidade durante meio século. O atestado foi firmado por Christobaldo Motta de Almeida, que declarou “rigidez, hipóstase dorsal,hipotermia, midríase”. Como causa da morte, a indicação de “ferida perfuro contusa do tórax com lesão de órgão e víscera interna, dando emconseqüência grave hemorragia interna – conforme certidão da necropsia”.Para a CEMDP, a prova definitiva foi localizada nos arquivos do STM, quando encontrado um documento da PM de Minas Gerais com oseguinte teor:“Belo Horizonte - 20 de maio de 1969Do Major PM Rubens Jose Ferreira, Chefe Int. da G/2Ao Senhor Tem. Cel. EB Manoel Alfredo Camarão de AlbuquerqueDD Encarregado de IPMOFICIO Nº 730-69ASSUNTO: MATERIAL APREENDIDO DE NELSON JOSÉ DE ALMEIDAREFERÊNCIA: ‘ OPERAÇÃO CORRENTE’I - No dia 10 de Abril de 1969 esta Secção enviou a Teófilo Otoni, MG, o 1º Tenente PM MURILO AUGUSTO DE ASSIS TOLEDO, a fim de fazer olevantamento do ‘Aparelho da Corrente’, localizado naquela cidade e, se encontrado, prender os componentes da referida ‘Organização’ quepoderiam ser ali encontrados.| 94 |

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