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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSApós a decretação do AI-5 o MR-26 que se mantivera praticamenteem vida vegetativa desde seu início passou a tentar umadinamização de suas atividades. Contatos foram estabelecidos noParaná e se planejaram algumas operações armadas com o PCBRlocal e com outra organização de origem semelhante á do MR-26: a FLN - Frente de Libertação Nacional -, liderada pelo MajorJoaquim Pires Cerveira. Em meados de 1969 a repressão políticaatingiu no Rio Grande do Sul alguns círculos próximo ao MR-26 eseguiram-se prisões nos meses seguintes, que evidenciaram umaconfusa interligação entre o MR-26, a FLN, a VPR, o M3G e o POCem algumas operações armadas executadas naquela região entre1969 e 1970. Após essa onda de prisões, alguns dos remanescentesdo MR-26 terminam por se vincular a outros grupos armados naárea, enquanto outros vão se integrar ao projeto de criação da FLNno Rio de Janeiro.FLN - Frente de Libertação NacionalPequeno grupo estruturado em 1969, basicamente no Rio de Janeiro,sob o comando do major, cassado, do Exército, Joaquim PiresCerveira, que em abril daquele ano teve de fugir de Curitiba,onde residia, após ter sido detectado pelos órgãos de segurançaque investigavam atividades do MR-26 e do PCBR na área. Esseoficial tinha um longo currículo, no Exército, de punições e advertênciaspor envolvimento em atividades nacionalistas desde a décadade 50, e fora apontado como principal responsável pela fugado Coronel Jefferson Cardim do quartel onde este cumpria pena,em Curitiba, em 1968. Anteriormente Cerveira havia sido tambémcandidato a deputado estadual pelo PTB, nas eleições de 1959.Os poucos textos políticos que a FLN elaborou, entre eles o Projetode Programa da FLN, estabelecem uma proposta de preparação deluta armada guerrilheira a partir de ações urbanas voltadas paraobtenção de recursos destinados à instalação de infra-estruturaoperacional no meio rural. O grupo chegou a iniciar a instalação deum embrião de “área estratégica”, no interior do estado do Rio.Enquanto existiu, a FLN manteve ligação com a VPR e com aALN. Com esta última, executou uma única operação armadade envergadura: o assalto a uma firma de Engenharia, em janeirode 1970, no Rio, para obtenção de fundos. No mais, suasoperações limitaram-se à realização de algumas panfletagenscomo propaganda revolucionária. Em abril de 1970 Cerveira foipreso, ainda no Rio, e isso significou a condenação do grupoa extinção, embora seus remanescentes tenham permanecidopor alguns meses fazendo contatos com outras organizaçõesarmadas no Rio e no Sul.Um dos principais colaboradores de Cerveira na FLN, Arthur Paulode Souza, que também estivera vinculado ao MR-26, no Sul,passaria a ser conhecido, mais tarde, como agente de órgãos derepressão, sendo o responsável pela prisão de Eduardo Leite, o “Bacuri”.Arthur Paulo foi apontado como torturador em depoimentosde presos políticos que passaram por interrogatórios no Rio Grandedo Sul em datas posteriores.Quando ocorreu a prisão de Cerveira, a FLN estava colaborandocoma VPR na instalação da infra-estrutura que propiciasse umaoperação de captura do embaixador alemão, para resgate de presospolíticos, ficando estabelecido que a FLN ficaria responsávelpela guarda do diplomata durante as negociações com as autoridades.Após a prisão de Cerveira essa operação acabou sendo executadapela VPR e pela ALN. O nome desse oficial foi incluído entreos 40 presos políticos enviados a Argélia para atendimento dasexigências dos seqüestradores. Três anos mais tarde Joaquim PiresCerveira passou a ser dado como “desaparecido político”, após tertentado ingressar novamente em território brasileiro, através deFoz do Iguaçu, na companhia de outros exilados.M3G - Marx, Mão, Marighella e GuevaraUm dos mais misterioso grupo de guerrilha urbana que se formouno país nessa etapa de intensa repressão política. Existiudurante cerca de um ano, apenas em Porto Alegre e adjacências,e foi constituído e dirigido pessoalmente por Edmur Périclesde Camargo, cujo paradeiro permanece misterioso até osdias de hoje. Edmur trabalhara na imprensa gaúcha vinculadaao getulismo, no início dos anos 60 e estava ligado ao ComitêEstadual de São Paulo do PCB em 1967, quando esse organismorompeu com a direção nacional, acompanhando as posiçõesde Marighella na luta interna travada no partido. Nesse ano,Edmur, conhecido também como “Gauchão”, recebeu a incumbênciado Comitê Estadual do PCB (pró-Marighella), de acompanharuma luta camponesa que se desenrolava na cidade dePresidente Epitácio. Com o seu envolvimento, terminou sendoexecutado José Gonçalves Conceição, vulgo “Zé Dico”, principallatifundiário em confronto com os camponeses da região.Com a volta de Marighella ao país, em 1968, Edmur recebeu novasincumbências em outros Estados, mas acabou se desentendendocom o fundador da ALN, na época em que a organização começavaa se estruturar. Em abril de 1969, Edmur retornou ao Sul e empoucos meses articulou um grupo armado autônomo, de reduzidocontingente, que terminou executando meia dúzia de assaltos abancos, entre junho daquele ano e março de 1970, utilizando al-| 483 |

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