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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSdo se encerrou a preparação do Congresso no âmbito de MinasGerais, ficando a maioria do Comitê Estadual com as posições dePrestes. Os militantes da capital passaram, a partir daí, a estruturaruma nova organização, expressamente identificada com as formulaçõesda Conferencia da OLAS.Ainda em 1967 a Corrente sistematiza suas propostas básicas,através do documento intitulado “Orientação Básica para Atuação:20 Pontos”. Nesse documento defende-se a necessidade de prepararações armadas imediatas, voltadas para a obtenção de fundos erecursos para a instalação de infra-estrutura guerrilheira rural, emmoldes idênticos aos dos demais grupos que, em outros Estados,preparavam-se para lançar operações semelhantes. De outubro de1968, quando a Corrente executou sua primeira operação militar,até abril de 1969, quando a organização foi duramente atingidapela repressão, vários objetivos militares foram visados pelo grupo,que ao mesmo tempo procurava manter um certo trabalho demassa entre setores operários e servidores públicos.O contingente básico da Corrente era proveniente do meio universitárioe do funcionalismo da prefeitura de Belo Horizonte, em cujaentidade de classe a organização era hegemônica. O jornal Faísca,distribuído entre esses funcionários era produzido pela Corrente,que mantinha também uma publicação destinada aos operáriosindustriais, com o título 1º de Maio. Em 1968 a Corrente manteveligações tanto com o PCBR, no Rio de Janeiro, quanto com o grupoMarighella, em São Paulo, procurando apoio daquelas organizaçõese estudando em suas linhas políticas qual tinha maior proximidadecom a da Corrente para uma possível junção de forças.Nas greves metalúrgicas de Contagem, realizadas em 1968, a Correntemanteve certa presença, através de uma diretora do Sindicatodos Metalúrgicos, que era vinculada ao grupo. Nesse mesmo anoforam estabelecidos contatos em várias cidades do interior mineiropara uma futura expansão da organização: Governador Valadares,Ouro Preto, Juiz de Fora, Divinópolis, Uberaba, Montes Claros etc.Em abril de 1969 a Corrente foi abalada por um fluxo de prisõesque, além da perda de numerosos dirigentes e militantes encarcerados,obrigou à vida clandestina praticamente todo o resto dosquadros da organização, os quais, em sua quase totalidade, se vincularama ALN nos meses seguintes, no Rio e em São Paulo.MOLIPO - Movimento de Libertação PopularNasceu em 1971, em São Paulo, como resultado de uma luta internaque se desenvolveu na ALN em dois níveis distintos. De umlado, um grupo de 28 militantes que se encontravam em Cuba,entre eles lideranças dos movimentos estudantis de 1968 e dirigentesda extinta organização DISP (Dissidência de São Paulodo PCB), romperam com a direção da ALN no exílio, contestandoseus métodos, e proclamando a necessidade de aplicar, na prática,as definições políticas de Marighella. De outro lado, a discussãodentro da ALN no Brasil a respeito da necessidade de reformularalguns aspectos da linha seguida nos anos de 1969 e 1970 tinhamgerado uma forte tensão entre a Frente de Massas da organização,em São Paulo, que tinha alguma presença no meio estudantil, e oGrupo Tático Armado.O grupo dos 28 de Cuba decidiu iniciar a volta ao Brasil, na clandestinidade,a partir do final de 1970, à revelia da direção estruturadadentro do país. Aqui chegando paulatinamente, esses militantestravaram contato com integrantes da Frente de Massas e, através dediscussões, identificaram-se pontos de vistas comuns. São elaborados,a partir daí, alguns textos teóricos, entre os quais o intitulado “Fase:Guerrilha Urbana”. Esse documento propunha uma reorientação dasações executadas na cidade, no sentido de se criarem “comandosestudantis” para atuarem, tanto no plano militar quanto no político,mais voltados para a luta concreta desses setores.Alguns meses mais tarde as discussões culminaram no afastamentodesses dissidentes e constituição da nova organização, cujalinha estratégica não chegou a ser explicitada embora aparentementepouco diferisse das assertivas básicas da ALN. Nas questõesprogramáticas alguns textos do Molipo revelam certa tendência nosentido de se afirmar como socialista o caráter fundamental da revoluçãobrasileira, afastando-se um pouco das formulações sobreLibertação Nacional expressas nos textos de Marighella.Na atuação concreta em São Paulo, entre 1971 e 1972, a práticadas duas organizações foi bastante semelhante: assaltos à bancopara obtenção de fundos, expropriação de armas, atentados abomba, ações de propaganda armada. O Molipo editou um jornalintitulado Imprensa Popular e folhetos destinados a setores específicos,como é o caso do Guerrilha Operária.Em 1971 a organização começou a ser atingida pela repressão,que após as primeiras informações obtidas, jurava não deixar vivonenhum dos 28 militantes retornados de Cuba para a luta clandestina.A atitude foi de extermínio sem hesitação, sob torturas ouno próprio ato da prisão. Em fevereiro de 1972 começaram a serdetidos também os membros do Molipo que provinham da Frentede Massas. Em outubro de 1972 novas quedas atingiram a direçãoremanescente e, a partir de então, o Molipo estava voltado para a| 479 |

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