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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSA organização reuniu um contingente bastante expressivo de militantese adquiriu abrangência praticamente nacional. O processode fusão fora conduzido de forma acelerada, e não eram poucas asrestrições surgidas contra ela tanto entre militantes da VPR quantodo Colina. Conseqüência dessa precipitação foi o racha que se concretizoupoucos meses após a fusão, no qual um grupo importantese desligou para reconstituir a VPR. Após a divisão de setembro de1969 permaneceram como VAR os que consideravam necessário reorientaras atividades da organização e desenvolver um maior trabalhode penetração popular. Não propunham o abandono das operaçõesarmadas, mas defendiam a necessidade de um recuo nessa atividade,em beneficio de um trabalho político mais significativo.Antes dessa cisão foi executada pela VAR, no Rio de Janeiro, umadas mais sensacionais operações de guerrilha urbana ocorridas noBrasil, o roubo do cofre de Ana Capriglione, misteriosa amante doex-governador paulista, Adhemar de Barros, com nada menos quedois milhões e meio de dólares, oriundos, segundo aquela organização,das manobras corruptas que celebrizaram esse político.A VAR, refletindo claramente a influencia dos militantes da antigaPOLOP, defendia um programa Socialista para Revolução Brasileira,em moldes semelhantes aos daquela organização-mãe, masacrescentava-lhes algumas formulações de tom antiimperialista.Propunha também uma estratégia global de luta armada guerrilheira,com uma área fundamental que tentou ser implantada noMaranhão, e uma luta urbana que deveria somar operações militaresnão armadas.Após o racha a VAR ficou com uma capacidade militar limitada, e essadebilidade cresceu com os sucessivos fluxos de quedas desde o final de1969 e por todo o ano de 1970, em São Paulo, no Rio de Janeiro, emBrasília, no Rio Grande do Sul e em outros Estados, provocando a detençãode mais de 500 pessoas. Exemplo desses revezes foi o “estouro”de um “aparelho” da direção da VAR na rua Aquidabã, no Rio de Janeiro,em novembro de 1969, quando forças do exército sustentaramum tiroteio cerrado com os ocupantes da residência, prendendo-os aofinal. Em 01/01/1970, numa operação com o objetivo duplo de retirardo país militantes perseguidos e realizar propaganda da luta armada,a VAR seqüestrou um jato da Cruzeiro do Sul, obrigando-o a desviarsua rota para Cuba, com escala em Lima.A partir de 1970 a VAR estabeleceu aproximação prioritária com oPOC e o PRT, editando conjuntamente um jornal intitulado “UniãoOperária”, que era também o nome de uma proposta de organizaçãoapresentada como alternativa aos sindicatos oficiais que eramcontrolados por “pelegos” e ferreamente vigiados pelos órgãos derepressão. Numa conjuntura marcada por completo refluxo dasmobilizações de massa e por repressão a mais elementar luta reivindicatórianas fabricas, esse trabalho logicamente não produziuresultados consistentes, embora tenha logrado a constituiçãoesparsos grupos de militantes na região da grande São Paulo. Aincapacidade da organização em paralisar a seqüência de prisões emortes de seus membros terminaria por inviabilizar também esserecuo para um trabalho político através das Uniões Operarias.A partir de então o pequeno grupo de militantes que permaneceuestruturando a VAR passou a sustentar uma trajetória militarista,limitando-se quase exclusivamente a operações armadas de pequenovulto sem trabalho político consistente. Em 1971, em SãoPaulo, um pequeno grupo de remanescentes da organização passoua executar ações para obtenção de recursos financeiros, emconjunto com o PRT, sem sequer ostentar o conteúdo político dasoperações para desinformar os órgãos de repressão política. Em1978 seriam presos, em São Paulo alguns militantes que sobraramdesse último grupo, apontados então como delinqüentes comuns.Em 1972 o núcleo mais forte de integrantes da VAR se concentrouno Rio de Janeiro, com pequenas áreas de contato no Nordeste,desenvolvendo ações armadas em frente com a ALN, VPR e PCBR.A partir desse ano a atividade dessa “Frente Armada” ingressouna fase mais dramática do círculo vicioso das ações executadaspara sobrevivência do aparelho orgânico clandestino e para tentarromper, sem êxito, o cerco propagandístico imposto pelo RegimeMilitar naquela época de euforia pelos sucessos do “Milagre Brasileiro”.No inicio da fase do declínio das atividades da VAR asdivergências políticas vividas na área do Rio de Janeiro geraramo surgimento de um pequeno grupo dissidente intitulado DVP, ouseja, Dissidência da VAR-Palmares.Ala Vermelha (do Partido Comunista do Brasil)A Ala Vermelha nasceu em 1967 como resultado de uma cisãoocorrida no PCdoB em decorrência das posições aprovadas na 6ª.Conferência, de junho de 1966, expressas no documento “Uniãodos Brasileiros para livrar o país da ditadura e da ameaça neocolonialista”.As idéias básicas da nova organização foram sistematizadasnum texto intitulado “Crítica ao oportunismo e ao subjetivismodo documento União dos brasileiros para livrar o país da ditadurae da ameaça neocolonialista” concluído em dezembro de 1967. Odocumento de crítica ao “União dos brasileiros”, ao ser elaborado,no curso de 1967, acabou se transformando na própria sistematizaçãoda linha política que deveria ser trilhada pela Ala Vermelha,| 475 |

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