11.07.2015 Views

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEtão sob a chancela do “Agrupamento Comunista de São Paulo” maisconhecido como “Ala Marighella”. É nesse mesmo ano, marcado porintensas lutas estudantis nas ruas de todas as capitais brasileiras, quea ALN desencadeia suas primeiras ações armadas, exercendo atraçãosobre contingentes expressivos de militantes, especialmente no meioestudantil, e conquista em pouco tempo envergadura nacional. Emsetembro, de 1969, a ALN ganha visibilidade nacional e internacionalquando executa, conjuntamente com o MR-8, o seqüestro do embaixadornorte-americano no Brasil, cujo resgate foi a libertação de 15prisioneiros políticos e a divulgação de um manifesto revolucionáriopelos principais meios de comunicação do país.A escalada repressiva, redobrada após o seqüestro, terminou poratingir o próprio Marighella, que foi morto em 4 de novembro, emSão Paulo, numa emboscada comandada pelo delegado Sérgio ParanhosFleury, num rumoroso episódio que envolveu, no noticiáriosensacionalista encomendado pelos órgãos de repressão, o nomede vários religiosos dominicanos apontados como membros da ALN.A sua morte abalou a capacidade de ação da ALN e a inexistênciade uma direção colegiada só não foi mais danosa à sobrevivênciado grupo porque o comando pessoal de Marighella já era notoriamenteacompanhado de perto pela liderança de Joaquim CâmaraFerreira, o “Toledo”, também antigo dirigente do PCB.Quando, no início de 1970, Câmara Ferreira passou a desenvolverum trabalho de reorganização da ALN, cerca de mil militantes esimpatizantes da organização já tinham sido detidos, especialmenteem São Paulo. Procura-se estabelecer uma estruturação orgânicamelhor definida e coloca-se ênfase na implementação de uma“Frente Revolucionaria” com as demais organizações voltadas paraa guerrilha urbana, que ficaria conhecida como “Frente Armada”.Em todo o ano de 1970 as prisões efetuadas pelos órgãos de repressãocontinuam atingindo a ALN. O próprio “Toledo” é localizado na noitede 23 de outubro, seqüestrado e morto sob torturas. A partir de entãoa ALN vai se ressentir da inexperiência das direções que se sucedemcom as continuas prisões, incapazes de levar a termo um balançoauto-crítico que volta e meia se insinuava nas fileiras da organização.Começa a ser perceptível o isolamento político da luta armada, hácarência de quadros e o trabalho político é insuficiente para repor ahemorragia de militantes atingidos pela repressão.Em novembro de 1970 sai o numero dois de O Guerrilheiro, doisanos após o primeiro número, e a partir de 1971 é retomada comregularidade a publicação desse jornal. Entre 1971 e 1972 foiproduzido também um jornal destinado à distribuição mais ampla,contendo propaganda das ações executadas: o Venceremos.Documentos políticos de 1973 revelam um recuo em direção aotrabalho de massa, como tentativa de romper o circulo vicioso dasoperações armadas para manutenção da estrutura clandestina dogrupo, que por sua vez existia basicamente para o desencadeamentodaquelas ações.A incapacidade de estancar as seqüências de prisões e a ferocidaderedobrada com que a repressão se lançou á perseguição dessegrupo após ele ter fuzilado alguns das forças repressivas acabariamcomprometendo a sobrevivência da ALN. Entre abril e maiode 1974 ocorre um derradeiro fluxo de prisões que desarticula aúltima direção desse grupo.PCBR - Partido Comunista Brasileiro RevolucionárioA gênese do PCBR remonta a 1964 quando Mário Alves, jornalistae intelectual de forte prestígio na Executiva do PCB, apresentouum plano de balanço dos acontecimentos que desembocaram noGolpe Militar, com uma ótica oposta à que era utilizada pelos quese agruparam em torno de Prestes no Comitê Central. As mesmaslinhas gerais que inspiravam os fundadores da ALN, do MR-8 e deoutras “dissidências” regionais estavam presentes num conjuntode expressivos militantes – em torno de 5000 conforme os cálculosdo próprio PCB mais tarde – que se reuniram sob a liderança deMário Alves. Este era acompanhado de nomes como o do legendáriodirigente comunista Apolônio de Carvalho, ex-combatenteda Guerra Civil Espanhola e herói da Resistência Francesa, JacobGorender, principal economista da direção do PCB e Jover Telles,ex-deputado estadual no Rio de Janeiro, ligado ao movimentooperário e autor de um importante estudo do tema.Na preparação do 6º Congresso do PCB os grupos dissidentes já evoluíampara a afirmação de caminhos próprios, quando se consumoua expulsão dos principais dirigentes contestadores. Entre eles se incluíamos fundadores do PCBR. A proposta geral do PCBR consistiana reformulação da linha tradicional do PCB a respeito do papel daburguesia brasileira, sem, no entanto abraçar a defesa da “RevoluçãoSocialista” como fariam, por exemplo, os dissidentes fundadores doMR-8. A proposta geral programática do PCBR era apresentada com abandeira de um Governo Popular Revolucionário, que guardava certasemelhança com as idéias defendidas então por Marighella. Mas oPCBR se distanciava nitidamente deste quanto às teses sobre a necessidadede estruturar um novo partido.O PCBR afirmava posições que guardavam proximidade com as daOLAS, considerava a luta armada guerrilheira eixo estratégico para| 470 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!