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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSum Partido Socialista Revolucionário, em 1943, que se dissolveuno final da mesma década. Em 1938 Trotsky fundou no México aIV Internacional e a partir dai o trotskismo brasileiro passou a ternesse organismo sua referência fundamental. Em 1953, quando aIV Internacional era dirigida por Michel Pablo, foi fundado no BrasilPartido Operário Revolucionário (Trotskista), sob influência doargentino Hornero Cristali, conhecido pela alcunha de J. Posadas,responsável pelo Birô Latino-Americano da IV Internacional.O PORT ganhou alguma repercussão de âmbito nacional nos anosimediatamente anteriores ao Golpe Militar, quando, apesar de reduzidoa pequenos contingentes de São Paulo, Pernambuco e RioGrande do Sul, destacava-se pela proposição de táticas radicaisde mobilização, dinamizando as Ligas Camponesas no Nordeste,buscando penetrarem determinadas bases das Forças Armadas eopondo-se frontalmente a qualquer política de moderação, comoa proposta pelo PCB naquele momento.Com o Golpe Militar, o PORT foi atingido pela repressão, formando-secontra ele volumosos processos, especialmente em Pernambucoe São Paulo. Gradualmente conseguiu recompor seu aparelhoorgânico para manter, a partir de 1966, uma intervenção restritaao meio estudantil e algumas áreas operárias, em São Paulo, RioGrande do Sul e Brasília. Condenou energicamente os grupos quese lançaram à luta armada em 1968 e tentou deslocar seus reduzidoscontingentes para o meio sindical, embora fossem em suamaioria provenientes do ME. Com pequena penetração de massa etratado quase sempre com ironia pelos demais grupos marxistas,o PORT viveu novos golpes da repressão entre 1970 e 1972, aomesmo tempo em que seus posicionamentos políticos passaram adesencadear, desde 1968, processos internos de cisão para constituiçãode outros agrupamentos trotskistas.ALN - Ação Libertadora NacionalA ALN foi a organização de maior expressão e contingente entreos grupos que deflagraram ações de guerrilha urbana no período68/73. Nasceu como cisão do PCB entre 1967 e 1968 e sua históriaestá indissoluvelmente ligada ao nome de Carlos Marighella, antigodirigente do PCB e possivelmente a liderança de maior carismanaquele partido fora Luís Carlos Prestes. A cisão que deu origem aALN pode ser narrada pela própria trajetória de Marighella. Logoapós o Golpe de 1964, esse dirigente comunista foi preso no Riode Janeiro e baleado quando tentava resistir à prisão, mesmo desarmado.No ano seguinte escreveu “Porque resistir à prisão”, ondetransparecem alguns questionamentos que levantava no interiorda direção do PCB.Marighella considerava que o partido tinha se revelado despreparadopara a luta quando da crise de agosto de 1961, em que arenúncia do presidente Jânio Quadros jogara o país na beira deuma guerra civil e a resistência ao golpismo da direita fora dirigidapor Brizola e setores nacionalistas, enquanto o PCB se mantiveraapático e desnorteado. O despreparo se manifestara novamente,em abril de 1964. Tratava-se, portanto, de realizar a autocríticade toda uma política sustentada pelo PCB naquele período, queclassificou como sendo de “subordinação a burguesia”. Argumentaque o papel de uma classe é definido pelo seu setor fundamental eque, no Brasil, o setor fundamental da burguesia estava vinculadoa grupos multinacionais, sendo, portanto inimigo de qualquer revoluçãopopular. Propõe deslocar para a área rural o eixo centraldas preocupações organizativas do partido, trocando o binômioda aliança burguesia-proletariado para proletariado-campesinato.Por fim, considera necessário superar o pacifismo do PCB e desenvolveruma teoria revolucionaria para o Brasil, tirando o marxismodo “esclerosamento” em que se encontrava no país.No final de 1966 Marighella se desliga da Comissão Executiva do PCBe já no início de 1967 lidera a Conferência Estadual do partido em SãoPaulo, que se posiciona contra as teses encaminhadas pelo ComitêCentral em preparação ao VI Congresso. Passo seguinte rumo à constituiçãoda ALN foi sua viagem a Havana, onde participou, em julho eagosto de 1967, da assembléia da Organização Latino Americana deSolidariedade - OLAS - que reuniu setores da esquerda e grupos guerrilheirosde todo o continente, numa tentativa de articular um planode ação revolucionária que reeditasse, em certa medida, a experiênciade Bolívar na Guerra da Independência.Em Cuba, Marighella produz uma série de textos e cartas ondelança as idéias básicas que orientariam sua trajetória e da própriaALN. Além da crítica à visão do PCB sobre o papel da burguesia noprocesso revolucionário brasileiro, declara a necessidade de passarimediatamente a luta armada. Nesse momento, se afasta de outrossetores dissidentes do PCB e timbra um caminho próprio quandorejeita a idéia de construir um novo partido. “A ação faz a vanguarda”,torna-se lema central da organização e a ALN começa a surgircom uma estruturação orgânica pouco precisa, sem uma direçãocoletiva, adotando a “autonomia tática dos grupos armados”, soba consigna de que ninguém precisa pedir licença a ninguém parafazer a Revolução.Em fevereiro de 1968 é lançado o jornal oficial da ALN, com o nomede O Guerrilheiro, embora a denominação Ação Libertadora Nacionalviesse a se estabelecer apenas em 1969. Esse jornal aparecia en-| 469 |

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