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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE1980LYDA MONTEIRO DA SILVA (1920 – 1980)Número do processo: 101/03Filiação: Ludovina Monteiro da Silva e Luiz Monteiro da SilvaData e local de nascimento: Niterói (RJ), em 05/12/1920Organização política ou atividade: Ordem dos Advogados do BrasilData e local da morte: 27/08/1980, no Rio de Janeiro (RJ)Relator: Belisário dos Santos Junior, com vistas de Maria Eliane Menezes de FariasDeferido em: 16/02/2006 por unanimidade (fora indeferido em 03/03/2005)Data da publicação no DOU: 06/03/2006Às 13h40min do dia 27/08/1980, no Rio de Janeiro, Lyda Monteiro da Silva morreu ao abrir uma carta–bomba. Ela era diretora da Secretariado Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, e ocupava a função de secretária da Comissão de <strong>Direito</strong>s Humanos da endtidade. Acarta era endereçada ao presidente do Conselho Federal da OAB, Eduardo Seabra Fagundes. Lyda faleceu no mesmo dia, não resistindo aosferimentos causados pelo atentado. Foi enterrada no cemitério São João Batista, comparecendo ao local uma multidão de 4.000 pessoas,consternadas com a brutalidade do atentado.Na época, ficou absolutamente nítido o desinteresse do governo militar na apuração dos fatos, o que fez crescer a certeza da motivaçãopolítica do atentado criminoso. A interpretação mais plausível do caso foi que teria sido praticado por um grupo de militares insatisfeitoscom a abertura política e com a Lei de Anistia aprovada no ano anterior, bem como pretendendo ameaçar o posicionamento combativo daOAB contra o regime militar.Numa manobra típica de despiste, a Polícia Federal fez vazar informações à imprensa de que o principal suspeito era um cidadão de nomeRonald James Watters, que já estivera envolvido na tentativa de atentado a bomba contra uma exposição soviética realizada no Brasil em1962, quase vinte anos antes. Nessas notícias, se informava que um telefonema anônimo havia denunciado Watters como autor, o quenão restou provado, sendo ele absolvido num processo judicial formado sem bases consistentes.No mesmo dia do atentado à OAB, mais duas cartas-bombas foram entregues no Rio de Janeiro: uma no gabinete do vereador AntônioCarlos de Carvalho, do PMDB e outra na sede da Tribuna da Imprensa. Os inquéritos, à época, nada apuraram, além de que as cartas tinhamsido enviadas pelo Correio.No requerimento encaminhado à CEMDP, o filho de Lyda, Luiz Felippe Monteiro Dias, afirmou que a morte da mãe ocorreu por motivaçõeseminentemente políticas. Aconteceu no exato momento em que a seccional da OAB em São Paulo e o presidente nacional da entidade,Eduardo Seabra Fagundes, insistiam na identificação de agentes e ex-agentes dos serviços de segurança suspeitos do atentado sofrido pelojurista Dalmo Dallari – seqüestrado e agredido em 02/07/1980, em São Paulo, durante a visita do papa João Paulo II.Em maio de 1994, o programa Fantástico, da Rede Globo, divulgou entrevista com o mencionado Ronald Watters, que se declarou inocentequanto ao episódio, levando a OAB a pedir reabertura do inquérito sobre autoria do atentado. Em entrevista ao Jornal do Brasil, em23/05/1999, esse mesmo Watters declarou que houve, na época, uma estratégia para que não recaísse nenhuma suspeita sobre a participaçãode militares naquele ato terrorista. O governo teria acionado a Polícia Federal na montagem de uma operação usando Watters comobode expiatório, em troca de dinheiro e de uma fuga tranqüila para o exterior.| 434 |

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