11.07.2015 Views

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSO chamado “livro negro sobre o terrorismo no Brasil”, produzido pelo CIE entre 1986 e 1988, num trecho delirante que depõe contra acredibilidade e seriedade do documento, registra que, em junho de 1966 “o Comitê Central do PCB realizou uma reunião, na qual criouuma Seção de Trabalhos Especiais que, entre outras atribuições, tinha o encargo principal de preparar o Partido para a luta armada. No mêsseguinte, enviou 10 militantes para realizarem um curso de guerrilha em Moscou”, sendo que o nome de Thomaz Meirelles é incluído entreesses 10. Daí a necessidade de tratar com muita reserva a informação incluída na página 776 desse controvertido documento secreto, deque Meirelles teria executado, em junho de 1973, um militante da RAN que tinha sido preso e ajudou os órgãos de segurança a montar aemboscada em que foi morto Merival Araújo, da ALN. Vale a mesma ressalva a respeito da acusação, incluída em documentos dos órgãosde segurança, de que Thomaz teria participado da execução do delegado Octavio Gonçalves Moreira Junior, do DOI-CODI/SP e do CCC, emCopacabana, em fevereiro de 1973.Nos arquivos secretos do DOPS/SP foi descoberto um documento onde consta que Thomaz foi “novamente preso em 07/05/1974, quandoviajava do Rio de Janeiro para São Paulo”. O Relatório do Ministério da Marinha, assinado pelo Ministro Ivan Serpa, relata: “DEZ/72, presoanteriormente e liberado na primeira semana de dez/72, preso novamente no dia 07/mai/74, entre o Rio de Janeiro para São Paulo”. O nomede Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.ISSAMI NAKAMURA OKANO (1945 – 1974)Número do processo: 155/96Filiação: Sadae Nakamura Okano e Hideu OkanoData e local de nascimento: 23/11/1945, Cravinhos (SP)Organização política ou atividade: ALNData e local do desaparecimento: 14/05/1974, São Paulo (SP)Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Tanto quanto nos casos de Thomaz Meirelles, Heleni Guariba, João Massena e vários outros, o desaparecimento de Issami Nakamura Okanosugere que, nas regras definidas pelos porões repressivos do regime militar, além dos banidos que retornassem ao Brasil, também os presospolíticos que retomassem a militância clandestina após serem libertados estavam condenados à pena máxima, extra-judicialmente decretada.Por sinal, essa sentença foi explicitamente formulada a dezenas de presos políticos no dia em que eram libertados, quando, depois deassinarem na Auditoria Militar os respectivos termos de soltura, muitas vezes eram levados para uma breve e ilegal passagem pelos órgãosde segurança, onde ouviam o comunicado solene.Nascido em Cravinhos, cidade vizinha a Ribeirão Preto, no interior paulista, Issami morava em São Paulo e cursava Química na USP quandocomeçou a participar do Movimento Estudantil. Trabalhou como assistente de laboratório no Departamento de Engenharia Química e noInstituto de Física da USP, ambos na Cidade Universitária. Após a decretação do AI-5, na polarização que se seguiu ao acirramento repressivodo regime militar, Issami foi preso pela primeira vez em setembro/outubro de 1969, sendo torturado e indiciado em inquéritos sobre aALN, da qual era militante, e também da VAR Palmares, por manter relações pessoais e políticas com alguns de seus integrantes.Foi condenado, em 24/03/1971, a dois anos de reclusão pela Auditoria de Guerra da 2ª CJM de São Paulo. Cumpriu a pena em São Paulo efoi solto do Presídio Tiradentes em outubro daquele ano. Foi novamente preso em 14/05/1974, por agentes do DOI-CODI/SP, em sua casa,e a partir de então desapareceu. É sabido que sua prisão foi conseqüência do trabalho de infiltração do médico João Henrique Carvalho,conhecido como “Jota”, conforme já explicado neste livro relatório. Na entrevista concedida ao jornalista Expedito Filho, na revista Veja de18/11/1992, o ex-agente do DOI-CODI/SP Marival Dias Chaves do Canto tornou pública a informação inédita de que Issami foi preso em SãoPaulo e levado para o Rio de Janeiro, possivelmente para a casa de Petrópolis, que o jornalista Elio Gaspari relata ser conhecida no círculodos órgãos de segurança como “Codão”.| 383 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!