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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSApós o seu desaparecimento, a família conseguiu colocar anúncios nos jornais denunciando o fato e participou do encontro dos familiarescom o general Golbery. Na resposta do governo, divulgada somente em fevereiro de 1975, a desastrada nota do ministro da Justiça ArmandoFalcão acusou Walter de ser subversivo, de ser indigno para o oficialato e que havia contra ele mandado de prisão expedido desde 1970,estando foragido.Indignada com a nota do Ministro, Aldacy protestou contra as calúnias, apresentando documentos que desmentiam o ministro. Havia sidoexpedida pela 2ª Auditoria do Exército de São Paulo certidão negativa que atestava boa conduta de seu marido. Em seu protesto Aldacyescreveu: “A nota é caluniosa também quando diz que meu marido foi expulso do Exército como indigno. Não existe, até agora, que seja domeu conhecimento e dos meus filhos, nenhuma expulsão e sim reforma pela lei n. 1507-A, de 28 de janeiro de 1950, por incompatibilidadepara o oficialato... A reforma de um oficial por incompatibilidade não significa indignidade, conforme declarou o ministro Falcão. Nossa dorjá era demasiadamente grande pelo dramático desaparecimento do chefe da nossa família para suportar ainda o peso da difamação que oministro nos impôs através de toda a imprensa nacional”.Para a família de Walter, seu desaparecimento, além de revolta e angústia, significou grandes privações inclusive financeiras, uma vez queviúva e filhos não podiam sequer receber o soldo a que tinham direito, uma vez que não existia atestado de óbito.O jornalista Elio Gaspari colhe vários depoimentos, em A Ditadura Derrotada, examinando a possibilidade de existir algum agente infiltradono PCB naquele período como explicação para os cinco desaparecimentos ocorridos no início do governo Geisel. Ouviu do dirigente GivaldoSiqueira que ele estava desconfiado da possibilidade de Walter de Souza Ribeiro estar “campanado”. Segue a reconstrução de Gaspari:“No dia 3 de abril, Ribeiro saiu de uma reunião numa casa em cuja vizinhança havia pessoas consertando a fiação de postes. Foi a um ‘ponto’conversar com Luís Inácio Maranhão. Ex-deputado estadual no Rio Grande do Norte, defensor da anticandidatura de Ulysses Guimarães àPresidência da República e amigo do cardeal Eugênio Sales, Maranhão era uma espécie de chanceler do Partidão. Encarregava-se dos contatoscom parlamentares e com a Igreja. Também iria a esse encontro João Massena Mello, ex-deputado estadual carioca e veterano agitadorsindical do PCB. Pagara três anos de cadeia e estava em liberdade fazia pouco mais de um ano. Sumiram todos.(...)Em 1992 um ex-sargento do Exército, Marival Chaves Dias do Canto, narrou ao repórter Expedito Filho, da revista Veja, uma parte de seus seteanos de serviço na máquina de repressão militar em São Paulo. Segundo ele, Luís Maranhão e João Massena acabaram num cárcere montadonuma fazenda da estrada da Granja 20, em Itapevi. Liquidaram-nos com injeções de uma droga destinada a matar cavalos e jogaramseus corpos num rio. Walter de Souza Ribeiro, David Capistrano e José Roman foram levados para a casa que o CIE mantinha em Petrópolis.Esquartejaram-nos”.IEDA SANTOS DELGADO (1945 – 1974)Número do processo: 265/96Filiação: Eunice Santos Delgado e Odorico Arthur DelgadoData e local de nascimento: 09/07/1945, Rio de Janeiro (RJ)Organização política ou atividade: ALNData e local do desaparecimento: 11/04/1974, São Paulo (SP)Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Carioca e afro-descendente, Ieda era advogada e funcionária do Ministério de Minas e Energia há cerca de quatro anos. Embora militante daALN, conseguiu manter a vida em completa legalidade até ser presa em São Paulo, em 11/04/1974, quando desapareceu. Seu nome constana lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.| 379 |

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