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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSWALTER DE SOUZA RIBEIRO (1924 – 1974)Número do processo: 204/96Filiação: Maria Natalícia Alves Ribeiro e Benedito RibeiroData e local de nascimento: 24/09/1924, Teófilo Otoni (MG)Organização política ou atividade: PCBData e local do desaparecimento: 03/04/1974, São Paulo (SP)Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Esses três integrantes do Comitê Central do PCB foram presos em São Paulo no mesmo dia, 03/04/1974, e seus nomes integram a lista dedesaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.João Massena Melo era pernambucano de Palmares, filho de pai carpinteiro e de mãe costureira. Começou a se interessar por política aindana adolescência. Era casado com Ecila Francisca Massena Melo, com quem tinha três filhos. Começou sua militância política entre 1932e 1933, no Rio de Janeiro, quando trabalhava na Fábrica de Tecidos Nova América. Durante o Estado Novo esteve preso em Fernando deNoronha, convivendo ali com Agildo Barata e Carlos Marighella. Sua liderança no meio operário possibilitou se eleger vereador pelo PartidoComunista, em 1947, no Rio de Janeiro, na época capital da República. Seu mandato foi extinto em 1948 com o fechamento do partido,voltando então a morar em Pernambuco até 1950.De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou como soldador e se integrou ao Sindicato dos Metalúrgicos, o que o levou a ser eleito nas eleições de1962 deputado estadual na Guanabara, pela legenda do Partido Social Trabalhista (PST). Teve novamente seu mandato interrompido peloprimeiro Ato Institucional, de 09/04/1964, tornando-se um caso singular de representante popular duas vezes cassado. Seis anos depois,voltou a ser preso em 1970, em sua residência, graças à decretação de sua preventiva pela 2ª Auditoria da Marinha, sob acusação de estarreorganizando o clandestino PCB. Foi torturado e ficou preso por dois anos e sete meses entre a Ilha das Flores e a Ilha das Cobras, no Riode Janeiro. Documentos dos órgãos de segurança registram que ele teria feito cursos na União Soviética e que teria recebido várias condenaçõesna Justiça Militar.Solto em fevereiro de 1973, vinha cuidando de se recuperar do período de prisão e das torturas. Sua mulher, Ecila, avalia que sua libertaçãofoi uma verdadeira armadilha, já que os órgãos de segurança não podiam fazê-lo desaparecer durante cumprimento da ordem judicial deprisão preventiva. Permaneceu com a família até viajar para São Paulo, no dia 19 de março, cidade em que foi preso no dia 03/04/1974,estando desaparecido desde então.Em 20 de abril, Ecila recebeu em casa a visita do amigo com quem Massena se hospedava em São Paulo, que lhe trouxe, além da maletacom roupas e objetos de uso pessoal, a triste notícia da prisão ocorrida no início do mês. Apesar da intensa busca e dos habeas-corpusim-petrados, nenhuma informação foi obtida. Em 25/04/1974, o líder do MDB na Câmara dos Deputados, Laerte Vieira, denunciou da tribuna oseu desaparecimento, sendo acompanhado pelo deputado oposicionista pernambucano Marcos Freire. Na entrevista do ex-sargento MarivalChaves ao jornalista Expedito Filho, da Veja, esse agente do DOI-CODI/SP afirmou que Massena era um dos oito integrantes do PCB quetiveram seus corpos atirados nas águas do Rio Novo, em Avaré (SP).Luiz Ignácio Maranhão Filho era advogado, jornalista, professor universitário e foi deputado estadual. Teve seu mandato cassado pelo primeiroAto Institucional, em abril de 1964. Nascido em Natal (RN), estudou no Atheneu Norteriograndense, escola em que mais tarde seriaprofessor, lecionando também na Fundação José Augusto e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Seu irmão, Djalma Maranhão,era prefeito de Natal quando da deposição de João Goulart, liderando nessa cidade uma gestão municipal inteiramente engajada na mobilizaçãopelas reformas de base, em sintonia com as propostas de Paulo Freire, através de um programa de alfabetização que teve repercussãonacional: “De pé no chão também se aprende a ler”.| 377 |

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