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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEAntônio Carlos Bicalho Lana cursou o primário no Grupo Escolar Dom Pedro II e o ginasial na Escola Municipal Marília de Dirceu, em Ouro Preto(MG), sua terra natal, onde iniciou o científico, não concluído. Começou a atuar no Movimento Estudantil na década de 60, em um grupo demilitantes formado por secundaristas, universitários e operários. Depois de se filiar à Corrente, transferiu-se para Belo Horizonte, onde participoude algumas ações armadas. Quando essa organização se incorporou à ALN viajou para Cuba e retornou ao Brasil depois de receber treinamentomilitar, sendo inicialmente deslocado para uma curta permanência no Ceará, em 1970. No início de 1971 já atuava em São Paulo, onde se tornariadirigente da ALN. Em junho de 1972, mesmo ferido com três tiros, foi o único sobrevivente do cerco formado por agentes do DOI-CODI/SP, norestaurante Varella, na Mooca, que resultou na morte de Iuri Xavier Pereira, Marcos Nonato da Fonseca e Ana Maria Nacinovic Corrêa, conformejá informado neste livro-relatório. Era acusado pelos órgãos de segurança de ter participado de inúmeras ações armadas em São Paulo.O laudo de necropsia de Lana, assinado por Harry Shibata e Antônio Valentini, assim como o de Sônia, também foi datado de 05/12/1974,um ano após sua morte, e descreve apenas um ferimento a bala na cabeça, com entrada na região palpebral e saída na região parietaldireita. Shibata descreve a trajetória do tiro, aberto que fora o crânio pelo método de Griesinger. Exumado e identificado em 1991, o crâniode Antônio Carlos não fora serrado - estava intacto. Os tiros que tinha recebido na Mooca foram fundamentais para a identificação.Alémdisso, foto de seu corpo visivelmente marcado pelas torturas foi localizada em 1990 no arquivo do DOPS.Exumado em agosto de 1991, o corpo de Lana foi identificado e trasladado para Ouro Preto, recebendo homenagens na catedral daSé, em São Paulo, com uma missa celebrada por Dom Paulo Evaristo Arns, e também em Ouro Preto, onde foi celebrante Dom LucianoMendes de Almeida. Em 19/09/1992, na gestão de Luiza Erundina como prefeita de São Paulo, foi inaugurado o complexo viárioJoão Dias, nas proximidades da Praça Alceu Amoroso Lima e marginal do Rio Pinheiros. Esse complexo é integrado por três grandesviadutos, sendo um deles batizado com o nome de Sônia Maria de Moraes Angel Jones e os outros dois com os nomes de HonestinoGuimarães e Frederico Eduardo Mayr.MIGUEL SABAT NUET (? -1973)Número do processo: 088/02Filiação: não constaData e local de nascimento: não constaOrganização política ou atividade: não definidaData e local da morte: 30/10/1973, São Paulo (SP)Indeferido em: extinto sem julgamento em 08/12/2005A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos tomou conhecimento da morte de Miguel Sabat Nuet ao examinar os arquivossecretos do DOPS/SP, em 1991. Encontraram uma requisição de exame ao IML com um “T” em vermelho, característica da marcautilizada pelos órgãos de repressão para identificar os militantes políticos mortos, aos quais chamavam de terroristas. Desde então, todasas tentativas de localizar sua família e resgatar sua história foram infrutíferas.Os documentos do DOPS atestam a prisão de Miguel, no dia 09/10/1973, conforme relação de presos, datada de 12/12/1973 e assinada por JoséAirton Bastos e Manoel Nascimento da Silva. Dentre outros 19 nomes, alguns deles estrangeiros em situação irregular ou aguardando expulsão dopaís, Miguel Sabat Nuet consta como preso pelo DOPS na data referida, para averiguações. O investigador Fábio Pereira Bueno Filho informou aodelegado de plantão da Equipe “B” que conforme ordem recebida por volta das 19h30min, se dirigira à estação da Fepasa, acompanhado do investigadorMário Adib Nouer, buscando saber detalhes de uma mala que fora encontrada pelos funcionários, pertencente a um passageiro que descerana estação Barra Funda, com o trem em movimento. Diziam os funcionários que o passageiro estava muito agitado e nervoso. Ao final do informedo investigador, onde é feita a descrição física do passageiro, existe a anotação: “passado telex nº 23509 para capturar o Miguel Sabat Nuet”.Nascido em Barcelona, mas com cidadania venezuelana, Miguel tinha identidade nº V1866133V, expedida em 17/06/71, em Caracas. Foramtambém localizadas cartas de próprio punho, sendo uma delas escrita em Buenos Aires, em 31/08/1973. Nelas, se percebe a aflição e| 366 |

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