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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEQuando se mudou para Belo Horizonte, no final de 1966, já vinha estabelecendo os primeiros contatos com a AP, datando também desseperíodo o início de sua amizade e ligação política com Mata Machado. Na capital mineira, cursou o 3º Científico integrado ao pré-vestibulare ingressou em 1968 no curso de Economia da UFMG. Foi eleito delegado para o 30º Congresso da UNE, onde foi preso. Em 1969, foi escolhidovice-presidente da UNE. Gildo ascendeu na AP até integrar sua direção nacional em 1971, ano em que foi deslocado para Salvador (BA).Ali assumiu a responsabilidade de implantar o trabalho camponês da organização clandestina e se casou, em 1972, com Mariluce Moura,com quem teve a filha Tessa, que não chegou a conhecer porque a criança só nasceria em 1974. Seu corpo jamais foi devolvido à família.Hoje os estudantes da Universidade de Uberaba têm como entidade de representação o DCE Gildo Macedo Lacerda, nome que também foiconferido a uma avenida no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte.Nascido no Rio de Janeiro, José Carlos Novaes da Mata Machado foi um importante líder estudantil em Belo Horizonte, tendo exercido apresidência do Centro Acadêmico Afonso Pena, da Faculdade de <strong>Direito</strong> da UFMG e a vice-presidência da UNE. Sobre sua biografia informaElio Gaspari em A Ditadura Escancarada: “Vivera treze de seus 28 anos na militância da esquerda católica, à qual pertencera seu pai, secretáriode Educação do governador Magalhães Pinto e ex-deputado federal pelo MDB de Minas Gerais. Descendia de um conselheiro do Império,constituinte de 1891, e tinha na sua biografia a marca da prisão de Ibiúna, em 1968, ao preço de nove meses de cadeia”.Solto no segundo semestre de 1969, retomou sua militância clandestina na AP. Um ano depois, casou com sua companheira de organização,Maria Madalena Prata Soares. O casal morou por mais de um ano em uma favela de Fortaleza (CE), onde ele trabalhava como comerciário.Tiveram um filho, Dorival, nascido em 19/02/1972 em Goiânia, mas confiaram a guarda do menino aos avós.A notícia da morte de Mata Machado repercutiu internacionalmente, sendo veiculada nos jornais New York Times, Le Monde, Avvenire D’allItália eDal Mondo. Na ocasião, uma denúncia apresentada ao Conselho de Defesa dos <strong>Direito</strong>s da Pessoa Humana foi lida na Câmara e noSenado pelos líderes da oposição, deputado Aldo Fagundes e senador Nelson Carneiro. A repercussão, somada ao esforço dos advogadosde Recife, Oswaldo Lima Filho e Mércia Albuquerque, resultou na autorização da exumação e translado do corpo do estudante para BeloHorizonte. O coronel Cúrcio Neto, comandante da 7ª Região Militar, impôs como condição para a liberação do corpo a total ausência depublicidade. Ele proibiu até mesmo o anúncio fúnebre. Após ordens e contra-ordens, o Exército liberou o translado a Belo Horizonte emcaixão lacrado. A data do traslado coincidiu com a Proclamação da República, 15 de novembro.No livro Dos Fihos Deste Solo, escrevem Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio: “Em Belo Horizonte, a notícia da morte de José Carlos chegou deforma impiedosa para o Dr. Edgar Godoi da Mata Machado, venerado mestre de <strong>Direito</strong>, tradutor de Jacques Maritain e de Georges Bernanos,pensador, deputado federal cassado pelo AI-5, e para Yedda, seus pais. No dia 4 de novembro, o advogado e deputado federal pernambucano,cassado, Osvaldo Lima Filho (recebeu) uma procuração do Dr. Edgar em que lhe confiava um mandato honroso e triste: promover a exumaçãoe o traslado para Belo Horizonte do corpo do filho”.O nome de Mata Machado foi dado a uma rua em Belo Horizonte no lugar de sua antiga denominação, Dan Mitrione, nome de um agentenorte-americano que esteve no Brasil para ensinar métodos de tortura, sendo posteriormente seqüestrado e morto pelo Movimento deLibertação Nacional Tupamaros, no Uruguai.CAIUPY ALVES DE CASTRO (1928-1973)Número do processo: 099/96Filiação: Leopoldina Ribeiro de Castro e Mariano Alves de CastroData e local de nascimento: 16/08/1928, Rio de Janeiro (RJ)Organização política ou atividade: não definidaData e local do desaparecimento: 21/11/1973, no Rio de JaneiroData da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95| 362 |

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