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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEApesar de os quatro militantes estarem perfeitamente identificados, os órgãos de segurança omitiram as mortes de Ramirez e Vitorino e aindaenterraram todos sem identificação, como indigentes, no cemitério Ricardo de Albuquerque, Rio de Janeiro. Em 02/04/1979, seus restos mortaisforam transferidos para o ossuário geral e, por volta de 1980 ou 1981, para uma vala clandestina com cerca de duas mil outras ossadas.No arquivo do DOPS/RJ foi encontrado um documento do I Exército, de 29/10/1973, que narra o cerco aos quatro militantes desde o dia 08/10/1973,culminando com a prisão de Ranúsia na manhã do dia 27/10/1973. O documento inclui interrogatório e declarações de Ranúsia no DOI-CODI/RJ.O relatório fala de farta documentação encontrada com ela e menciona a morte dos quatro militantes, dando-lhes os nomes completos. A versãodivulgada pelo DOPS é que os militantes do PCBR perceberam a presença de “elementos suspeitos” e tentaram fugir, acionando suas armas. Comoo carro teria começado a pegar fogo, não foi possível retirar as pessoas que estavam dentro. Laudo e fotos da perícia no local mostram Ranúsiamorta perto do carro, tendo ao fundo um Volkswagen incendiado, onde estavam carbonizados Ramires, Vitorino e Almir.A CEMDP analisou os processos de Almir e Ranúsia, visto que os outros dois casos já foram reconhecidos automaticamente pela inclusão noAnexo da Lei nº 9.140/95. Em seu parecer, o relator general Osvaldo Pereira Gomes considerou que a versão oficial era verdadeira, apesarde alguns pontos considerados obscuros. Propôs aprovação somente do processo de Ranúsia, que nos documentos resgatados dos arquivospoliciais aparecia como presa, e o indeferimento no caso de Almir. No entanto, a maioria da CEMDP aprovou os dois processos, considerandoque todos foram mortos nas mesmas circunstâncias e que a versão oficial não se sustentava após exame das provas anexadas.GILDO MACEDO LACERDA (1949-1973)Número do processo: 023/96Filiação: Justa Garcia Macedo Lacerda e Agostinho Nunes LacerdaData e local de nascimento: 08/07/1949, Ituiutaba (MG)Organização política ou atividade: APMLData e local da morte: 28/10/1973, em Recife (PE)Relator: Suzana Keniger LisbôaDeferido em: 18/01/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 25/01/1996JOSÉ CARLOS NOVAES DA MATA MACHADO (1946-1973)Número do processo: 022/96Filiação: Yedda Novaes Mata Machado e Edgar Godoi Mata MachadoData e local de nascimento: 20/03/1946, Rio de Janeiro (RJ)Organização política ou atividade: APMLData e local da morte: 28/10/1973, Recife (PE)Relator: Suzana Keniger LisbôaDeferido em: 18/01/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 25/01/1996Os dirigentes da APML Gildo Macedo Lacerda e José Carlos Novaes da Mata Machado foram presos em dias e cidades diferentes, mas osórgãos de segurança do regime militar informaram, em mais uma versão farsante tentando encobrir seus próprios crimes, que esses doislíderes estudantis foram mortos por um terceiro militante da organização clandestina, que teria conseguido fugir.Os jornais de 31/10/1973 noticiaram um tiroteio que teria ocorrido três dias antes, em Recife, na Avenida Caxangá, onde morreram Gildo eMata Machado. A nota oficial dos órgãos de segurança informava que, presos anteriormente, ambos haviam confessado ter um encontrocom “um subversivo de codinome Antônio”no dia 28. Nesse encontro, segundo a versão oficial, Antônio abriu fogo contra os próprios com-panheiros ao perceber o cerco, chamando-os de traidores. O objetivo da nota era encobrir as mortes sob tortura de Gildo e Mata Machado,| 360 |

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