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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSPAULO STUART WRIGTH (1933-1973)Número do processo: 076/96Filiação: Maggie Belle Wright e Lothan Ephrain WrightData e local de nascimento: 02/07/1933, Joaçaba (SC)Organização política ou atividade: APMLData e local do desaparecimento: setembro de 1973, no estado de São PauloData da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Seu nome consta na lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95. Filho de missionários presbiterianos norte-americanos, nascidoem Joaçaba (SC), Paulo Stuart Wrigth sempre se preocupou com as condições de trabalho dos operários. Essa preocupação o levou a trabalharna construção civil em Los Angeles (EUA), nas férias dos seus estudos de pós-graduação em sociologia. Nos Estados Unidos tambémfundou um grupo contrário à discriminação racial. Estava fazendo o doutorado em sociologia quando – filho de americanos que era - foiconvocado para a guerra da Coréia. Teve de deixar os Estados Unidos e passou a ser procurado pelo FBI.De volta ao Brasil e casado com Edimar Rickli, o casal se engajou num projeto da Igreja Presbiteriana nas fábricas paulistas. Ele aprendeu o ofício detorneiro-mecânico e atuou no bairro operário de Vila Anastácio. Foi golpeado pela morte do seu primeiro filho num hospital do antigo IAPC, quando acriança faleceu por falta de assistência adequada. Jurou que lutaria para que isso não se repetisse na vida de outros operários. De volta ao seu estadonatal, Santa Catarina, ajudou a criar os primeiros sindicatos de Joaçaba, inclusive o dos metalúrgicos. Assumiu uma Secretaria municipal e foi o primeirocandidato protestante à Prefeitura da cidade, em 1960. Concorreu pelo PTB e perdeu por 11 votos. Ainda nesse mesmo ano, tornou-se secretárioregional da União Cristã dos Estudantes do Brasil e dirigiu a Imprensa Oficial de Santa Catarina. Em 1962, foi eleito deputado estadual pelo PSP.Denunciou o controle de grupos oligárquicos de Santa Catarina sobre a pesca e organizou 27 cooperativas de pescadores em todo o litoraldaquele estado, reunindo-as, em seguida, numa Federação – a Fecopesca – para colocar o controle da pesca nas mãos dos pescadores (oque inspirou Dias Gomes, na novela O Bem Amado).Na véspera do Natal de 1963, sofreu um atentado, mas conseguiu convencer o ex-sargento contratado para matá-lo de que tal crime seria contrárioaos interesses da sua própria classe. Esse sargento teria sido contratado pelo suplente de Paulo Wright, um bicheiro ligado a Adhemar deBarros, o corrupto governador paulista que já atuava abertamente em favor de um golpe militar para depor João Goulart. Depois de abril de 1964,a Assembléia Legislativa catarinense, para demonstrar sua adesão ao novo regime e sob pressão da Marinha e da Secretaria de Segurança Pública,sentiu-se na obrigação de cassar o mandato político de algum deputado considerado subversivo. Como Paulo Wright não usava gravata e paletóquando subia à tribuna, acabou sendo cassado por “ falta de decoro parlamentar”. Registre-se que o próprio PTB, partido do presidente da Repúblicadeposto, votou a favor da cassação.Asilou-se no México, de onde voltou, clandestinamente, um ano depois. Começou então a sua militância clandestina como dirigente daAP. De acordo com documentos dos órgãos de segurança, foi o representante oficial dessa organização na reunião da OLAS – OrganizaçãoLatino-Americana de Solidariedade, realizada em Havana em agosto de 1967. Teria recebido treinamento militar tanto naquele país quantoem Pequim. Foi submetido a vários processos na Justiça Militar, recebendo algumas condenações.Entre 1971 e 1972, ao lado do principal dirigente da AP, Jair Ferreira de Sá, alinhou-se com a ala dessa organização que se opôs à incorporaçãode seus militantes ao PCdoB, após uma longa disputa interna que culminou, em setembro de 1972, com a separação definitiva dos doisgrupos. A chamada maioria foi incorporada ao PCdoB, entre eles o atual presidente do partido, Renato Rabelo ao passo que Paulo Wright,Jair, Honestino Guimarães e outros militantes mantiveram-se na AP, já rebatizada como Ação Popular Marxista Leninista.Nos primeiros dias de setembro de 1973, foi seqüestrado e levado ao DOI-CODI/SP, onde foi morto sob torturas em 48 horas. Segundo informaçõesde Osvaldo Rocha, dentista, militante da APML na ocasião do desaparecimento de Paulo, ambos estavam juntos num trem que ia deSão Paulo a Mauá, na Grande São Paulo. Nessa ocasião, ao terem percebido que eram seguidos por agentes da repressão política, Osvaldodesceu do trem em primeiro lugar e Paulo combinou que desceria em outro ponto.| 353 |

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