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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEEMMANUEL BEZERRA DOS SANTOS (1943-1973)Número do processo: 219/96Filiação: Joana Elias Bezerra e Luiz Elias dos SantosData e local de nascimento: 17/06/1947, São Bento do Norte (RN)Organização política ou atividade: PCRData e local da morte: 04/09/1973, São Paulo (SP)Relator: Oswaldo Pereira GomesDeferido em: 23/04/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 25/04/1996MANOEL LISBÔA DE MOURA (1944-1973)Número do processo: 137/96Filiação: Iracilda Lisbôa de Moura e Augusto de Moura CastroData e local de nascimento: 21/02/1944, Maceió (AL)Organização política ou atividade: PCRData e local da morte: 04/09/1973, em São Paulo (SP)Relator: Maria Eunice PaivaDeferido em: 18/03/96 por unanimidadeData da publicação no DOU: 21/03/96Desde o final de julho de 1973 ocorreu em Recife e em outras cidades da região uma ofensiva dos órgãos de segurança dirigida contra o PCR– Partido Comunista Revolucionário, organização nascida entre 1966 e 1967 como dissidência do PCdoB, cuja atuação se limitou aos estadosdo Nordeste. Foram apontados como fundadores desse grupo o engenheiro Ricardo Zarattini, banido do Brasil em setembro de 1969 emtroca do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, Amaro Luís de Carvalho, o Capivara, assassinado em 1971 na Casa de Detençãode Recife, conforme já relatado neste livro, e Manoel Lisbôa de Moura, um dos três mortos em mais uma operação comandada pelo notóriotorturador do DOPS/SP Sérgio Paranhos Fleury. Pelo que foi possível reconstituir no âmbito da CEMDP, Manoel Lisbôa e Emmanuel Bezerraforam presos em Recife em 16 de agosto, enquanto Manoel Aleixo foi capturado no dia 29 do mesmo mês.Manoel Aleixo da Silva, conhecido como Ventania, veterano militante das Ligas Camponesas e apontado como responsável pelo trabalhorural do PCR, foi preso no dia 29/08/1973, em sua casa, entre Ribeirão e Joaquim Nabuco, na Zona da Mata de Pernambuco. Sua viúva,Isabel Simplícia da Conceição, conta em depoimento anexado ao processo da CEMDP como foi a prisão: “Estava em minha casa, deitada emnosso quarto, quando alguns homens (quatro ou cinco) dizendo ser amigos de Ventania o convidaram para descer o morro e foram em direçãoa um carro. Ainda ouvi quando um deles disse: vista a camisa Ventania e vamos descer, passa aí na frente. O carro estava escondido embaixode uma árvore, e da janela vi eles entrando, era um carro grande e verde, mais escuro que a cana. Deu para ver o carro sim, a casa ficava numalto e dava para ver os homens de costas, eles estavam vestidos de roupas simples, só que um tinha botas de soldado. Foi tudo muito rápido,botaram Manoel no carro e saíram logo, e nunca mais soube dele vivo”.“Os companheiros me disseram que, alguns dias depois, saiu no jornal que aconteceu uns tiros em Ribeirão e que Ventania tinha morrido.Na conversa, soube que os tiros tinham sido trocados com um sargento do Exército, achei estranho pois ele não andava armado. Foi quandocomecei a colocar as coisas na minha cabeça, tudo estava muito estranho e me lembrei que o carro verde parecia uma Veraneio do Exército,era muito verde, diferente do verde da cana. Manoel já tinha sido preso outras vezes, em 69, quando fazia dois anos que a gente tinha casado.Mas só queria ter filhos depois que tudo passasse, só quando muitos camponeses tivessem suas terras, queria justiça no campo. Acho quemataram ele porque era das Ligas Camponesas”, contou Isabel.O inquérito instaurado no DOPS/PE reproduz a versão constante do auto de resistência lavrado por Jorge Francisco Inácio e testemunhadopor outros dois agentes que teriam participado da busca: “às 6h30, em cumprimento à determinação verbal do Diretor do Departamento deOrdem Social, acompanhado das testemunhas abaixo assinadas, depois de me identificar, perante Manoel Aleixo da Silva este, ao receber voz| 350 |

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