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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSQuando descobriram o paradeiro dos filhos, os pais – Olga Forrastal de Carrasco e Antônio Carrasco de Bustilho – que estavam residindono Brasil, pediram ajuda ao consulado boliviano. Alegando que Juan corria risco de vida devido à sua saúde frágil, o cônsul da Bolívia emSão Paulo, Alberto Del Caprio, conseguiu que Juan fosse removido para o Hospital das Clínicas por um tempo, mas ele logo retornou paraa guarda do Exército, no Hospital Militar do Cambuci.Mesmo internado, Juan era submetido a torturas psicológicas. Tiros eram disparados na madrugada e ameaças de assassinato dos pais faziamparte da rotina. Transferidos para o quartel de Quitaúna, em Osasco, os irmãos teriam sido estuprados e queimados com cigarro, sob as ordens doCoronel Albin. Libertados alguns dias antes do ano letivo de 1969, Juan e Jorge retornaram para casa. Jorge conseguiu voltar a estudar e formou-seem Engenharia Eletrônica, passando a trabalhar em Curitiba. Um ano depois, morreu em um acidente de carro.Já abalado física e psicologicamente, Juan entrou em uma sucessão de crises e internações. “Não era mais o mesmo. O moço alegre, otimistae confiante, cedera lugar a outro com graves alterações psíquicas, amedrontado com tudo, não podia ver um militar. Mesmo faltando apenasum ano para terminar o curso de Física Nuclear, não queria mais voltar às aulas nem lecionar conforme fazia antes”, relatou Mary DehezaBalderrama, amiga da família, no depoimento prestado à CEMDP. Depois de passar pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, a família o levoupara a Espanha, na tentativa de recuperá-lo. No dia 28 de outubro de 1972, após 12 dias de internação no Hospital da Cruz Vermelha, emMadrid, entrou em delírio e suicidou-se durante um breve momento em que a mãe havia saído do quarto.Inicialmente, o pedido de reconhecimento do caso de Juan como vítima da ditadura militar ingressou na Comissão, mas nem sequer chegoua ser protocolado, tendo a família sido informada de que a morte por suicídio no exterior, mesmo que resultado de seqüelas de tortura, nãose enquadrava na Lei nº 9.140/95. Com a ampliação do benefício por meio da Lei nº 10.085, em 2004, os pais solicitaram nova avaliação,sendo então o processo protocolado e deferido por unanimidade em sessão do dia 16/2/2006.ANTÔNIO BENETAZZO (1941-1972)Número do processo: 261/96Filiação: Giulietta Sguazzardo Benetazzo e Pietro BenetazzoData e local de nascimento: 01/11/1941 e Verona, ItáliaOrganização política ou atividade: MOLIPOData e local da morte: 30/10/1972, São Paulo (SP)Relator: general Oswaldo Pereira GomesDeferido em: 14/05/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 17/05/1996Natural de Verona, na Itália, foi educado por seus pais no espírito de oposição ao nazismo e ao fascismo que dominavam a Europa quando de seunascimento, em 1941. A família migrou para o Brasil em 1950, quando Benetazzo tinha nove anos. Passou o resto da infância entre as cidades deCaraguatatuba e São Sebastião, no litoral paulista, e cursou o Colegial em Mogi das Cruzes, onde atuou no grêmio de representação estudantil.Ingressou no PCB em 1962 e participou ativamente do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE).Considerado muito inteligente por todos os seus colegas, cursou simultaneamente Filosofia e Arquitetura, ambos na USP, sendo maisconhecido como “Benê”. Foi presidente do Centro Acadêmico do Curso de Filosofia, sendo também professor tanto na disciplina Históriaquanto em Educação Artística. Ensinando em diferentes cursos de preparação para vestibulares universitários, especialmente no CursinhoUniversitário, Benetazzo procurava transmitir a seus alunos uma visão crítica da História e da realidade.Foi um dos idealizadores de um dos primeiros jornais alternativos do período da ditadura militar – O Amanhã, precursor da chamada imprensananica. Mantinha diversificada atividade cultural, tendo participado como ator do filme Menina Moça, de Francisco Ramalho Jr., gravado em super8. Foi cenógrafo de Anuska, Manequim e Mulher, do mesmo diretor, tendo no elenco Francisco Cuoco, Jairo Arco e Flexa, Ruthinéa de Moraes| 315 |

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